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| Quarta-feira, 5 de junho de 2013 |
Indústria de blocos de concreto desenvolve ferramenta de sustentabilidade Os fabricantes de blocos de concreto brasileiros integrantes da Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto (BlocoBrasil) estão comprometidos com um projeto pioneiro que permitirá às indústrias aferirem seus índices de eficiência nos processos produtivos, visando à avaliação de parâmetros essenciais sobre a sustentabilidade na fabricação. O projeto, denominado Avaliação de Ciclo de Vida Modular (ACV-m) de blocos e pavimentos intertravados de concreto, teve início neste primeiro trimestre de 2013 e está sendo desenvolvido pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), e é apoiado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e pela BlocoBrasil. A finalidade do projeto é a de coletar dados e quantificar indicadores de produção que auxiliem as empresas a avaliar e gerenciar seus processos, contribuindo com a sustentabilidade no setor da construção civil. Aplicado à indústria de materiais de construção – no caso, aos fabricantes de blocos e pisos de intertravados de concreto -, permitirá às participantes controlar e intervir no processo produtivo com critérios de sustentabilidade. De acordo com a arquiteta Érica Ferraz de Campos, do CBCS, “quantificar o impacto das atividades humanas é o primeiro passo para fundamentar decisões e gerenciá-las corretamente”. Para isso, complementa ela, o primeiro módulo do projeto ACV-m
consiste em levantar os cinco aspectos ambientais mais relevantes e comumente identificados em processos industriais, nos seguintes itens: água, energia, principais matérias-primas, resíduos e emissão de CO2. De acordo com o engenheiro Cláudio Oliveira Silva, gerente de Projetos da ABCP, a ACV-m é uma versão em escopo reduzido da avaliação de ciclo de vida tradicional, metodologia bastante difundida no mapeamento de processos produtivos e que visa a identificar aspectos críticos, desde a aquisição da matéria-prima até a disposição final do produto. A ACV-m garante o alcance da avaliação e permite aos fabricantes iniciarem a prática de levan-
tar internamente os dados da fabricação, analisar o processo e divulgar seus resultados. “Esta é a primeira etapa de uma ACV completa, por isso é modular, e torna a avaliação mais acessível, com prazos e custos reduzidos, permitindo a participação de um número maior de indústrias e garantindo a sua realização numa escala ainda não realizada no Brasil com fabricantes de produtos para a construção civil”, afirma Silva. Nesta primeira fase, 44 fabricantes de blocos e pisos intertravados de concreto de diversos estados do Brasil estão participando da iniciativa conjunta da BlocoBrasil e ABCP. A ACV-m de blocos e pisos intertravados de concreto é composta por três etapas – com término previsto para o final de 2013 -, que serão desenvolvidas também com o apoio da divisão ambiental do Senai-RJ, cujos profissionais farão as auditorias nas empresas. Os dados individuais serão disponibilizados apenas a cada fabricante isoladamente e os dados gerais servirão como parâmetro para que cada indústria verifique seus índices em relação aos valores mínimos, médios e máximos em prática no mercado. “Os fabricantes de blocos e pisos intertravados de concreto que obtiverem os melhores resultados poderão divulgá-los, servindo também como importante peça de marketing”, avalia Silva. Mais informações sobre o Projeto ACV Modular como os benéficos para a cadeia da construção estão em www.acv.net.br
ARTIGO
O nosso meio ambiente Adelino Venturi Quando comemoramos o Dia do Meio Ambiente, é importante que tenhamos a capacidade de realizar uma análise honesta e isenta de emoções sobre o que já podemos chamar de catástrofe ambiental no Brasil. O nosso país é cantado e decantado pela grandeza dos seus recursos naturais. Neste momento, esse apelo serve mais à satisfação da ânsia dos predadores e menos ao desenvolvimento do país. O retrato é cruel e se revela nos números das próprias organizações governamentais. O noticiário do dia é contundente, O desmatamento na Mata Atlântica aumentou 29% de 2011 para 2012, de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica apresentado ontem (4) pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o atlas, houve supressão de vegetação nativa de 23.548 hectares (ha), o equi-
valente a 235 quilômetros quadrados. Destes 21.977 ha correspondem a desflorestamentos, 1.554 ha a eliminação de vegetação de restinga e 17 ha a vegetação de mangue. É a maior área atingida desde 2008. Foram avaliados os 17 estados do bioma, sendo 81% de áreas sem cobertura de nuvens. O levantamento abrange, pela primeira vez, o estado do Piauí, cujos remanescentes florestais totalizam 34% da área original protegida pela Lei da Mata Atlântica. Com a inclusão do Piauí no mapeamento da área de aplicação da lei, a área original restante de Mata Atlântica, segundo a ONG, é 8,5%. Sem o Piauí ficaria em 7,9%. Quando considerados os pequenos fragmentos de mata o bioma chega a 12,5%. Minas Gerais é, pela quarta vez, o estado que mais desmata, sendo o responsável por metade do desmatamento no último ano. Foram perdidos em Minas Gerais 10.752 ha, o correspondente a 70% do desmate, quando comparado com o período anterior. Em segundo lugar vem a Bahia com a perda de 4.516 ha
e o Piauí que, mesmo monitorado pela primeira vez, assumiu o terceiro lugar da lista, com a perda de 2.658 ha. Segundo a diretora de gestão do conhecimento e coordenadora do Atlas pela Fundação SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, com os números em mãos, a SOS Mata Atlântica esteve com o secretário do Meio Ambiente de Minas Gerais, no final do ano passado, para apresentar os resultados, mas como não obteve respostas, decidiu recorrer ao Ministério Público. "É um estado extremamente crítico. Vamos protocolar um ofício na semana que vem e faremos uma apresentação no Ministério Público pedindo uma moratória, para que o governo do estado não dê mais autorização para supressão de vegetação nativa, para qualquer finalidade, e para que seja feita uma revisão de todas as autorizações dadas nos últimos tempos", disse. Nesse contexto, o Paraná sai na frente em termos de responsabilidade com o meio ambiente. E a nossa cidade, São José dos Pinhais, tem tudo a ver com esse mérito: o Paraná abriga o trecho mais bem preservado do importante corredor de biodiversidade do país, a Mata Atlântica. Adelino Venturi é professor, empresário e membro do Conselho Deliberativo da Associação Comercial, Industrial, Agrícola e de Prestação de Serviço (Aciap), de São José dos Pinhais