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Sexta-feira, 24 de junho de 2011 |

Fumantes com predisposição genética têm 30 vezes mais chances de desenvolver a doença, que danifica ossos e articulações

A herança genética é responsável por 30% a 50% da suscetibilidade para adquirir AR. Se a pessoa for fumante, o problema se agrava ainda mais

Cigarro: pior para quem tem artrite Que o cigarro é causador de inúmeros malefícios à saúde, todo mundo sabe. Porém, poucas pessoas estão atentas para o fato de que este vício pode deixar doenças já existentes ainda piores e até diminuir a efetividade dos tratamentos, comprometendo a autoestima, a qualidade de vida, enfim, a saúde como um todo. Este é o caso de quem sofre de artrite reumatoide (AR), doença inflamatória crônica causada por uma disfunção do sistema imunológico, que acomete ossos e articulações. Quem tem artrite reumatoide convive com dores, inchaços, deformações e dificuldade para realizar os movimentos mais simples como levantar, andar e abrir as mãos. Para se ter uma ideia, cerca de 450 milhões de pessoas sofrem de AR no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo Ivânio Alves Pereira, reumatologista da Universidade Federal de Santa Catarina, sabe-se que a herança genética é responsável por 30% a 50% da suscetibilidade para adquirir AR. Se a pessoa for fumante, o problema se agrava ainda mais. Estudos recentes mostram que na Suécia (um país caracterizado por uma baixa frequência do tabagismo), 20% dos casos de AR e 33% dos casos de AR ACPA-positivo (que apresentam um anticor-

po específico, o anti-citrullinated peptide antibody), não teriam ocorrido em uma sociedade livre de fumo. “O tabagismo é um vício tão nocivo, que os fumantes com histórico familiar de artrite reumatoide têm 30 vezes mais chances de desenvolver a doença”, informa. “Por isso, sempre recomendamos que o paciente pare de fumar imediatamente”, alerta o especialista. O cigarro provoca a modificação da estrutura de algumas proteínas no corpo, como no pulmão, que desencadeia uma resposta do sistema imunológico do próprio indivíduo contra estas proteínas modificadas. Daí iniciase a doença autoimune, que é a artrite reumatoide. Mas quem pensa que os problemas acabam por aí, está enganado. Segundo estudo sueco divulgado este ano, o tabagismo também está associado a não-resposta para o tratamento da doença com o emprego de medicamentos, como o metotrexato, e de terapia anti-TNF (Fator de Necrose Tumoral). A pesquisa durou dez anos, colheu dados clínicos de 1.430 pacientes com idades entre 18 e 70 anos, que foram divididos em dois grupos: um recebeu metotrexato e o outro, com terapia anti-TNF – medicamentos comumente utilizados no tratamento da AR. Resultados indicaram que, depois de três meses em tratamento com metotrexato, pacientes fuman-

tes tinham menor probabilidade de obter uma boa resposta em comparação com aqueles que nunca fumaram (27% contra 36%). O mesmo ocorreu com aqueles tratados com inibidores de TNF (29% contra 43%). Também foi verificado que apenas 14% dos fumantes que não utilizaram tratamento padrão modificador da doença alcançaram resposta positiva depois de três meses, comparado com 34% dos pacientes com AR que nunca fumaram. Tendo em vista esses dados, segundo Pereira, o cigarro, além de ser fator de risco para o aparecimento da AR, também impede que o tratamento amenize os efeitos da doença. “Ou seja, são evidências que justificam a inclusão de programas para cessação do fumo como parte do tratamento para AR”. Geralmente, o surgimento dos sintomas da AR é lento. Uma ou várias articulações podem ser acometidas desde o início, sendo que a dor e o inchaço não melhoram com o repouso. Por isso, somente um médico pode indicar o tratamento adequado aliado a mudanças no estilo de vida, em que se inclui o abandono definitivo do hábito de fumar. Mesmo sem uma cura definitiva, os pacientes podem lançar mão de diferentes abordagens farmacológicas, como analgésicos, anti-inflamatórios, corticóides e medica-

mentos modificadores do curso da doença (DMCD) - como os agentes chamados de biológicos - que podem retardar o dano articular. Um deles é o Enbrel (etanercepte), que atua bloqueando uma espécie de proteína que estimula e perpetua o processo inflamatório (Fator de Necrose Tumoral Alfa -TNF alfa). “A partir do momento em que a artrite reumatoide é diagnosticada, abandonar o cigarro é essencial para a eficácia do tratamento, contribuindo para que a doença se mantenha sob controle”, ressalta Ivânio. Também é recomendado que o paciente inclua em sua rotina exercícios como alongamentos, atividades aquáticas e treinos físicos de baixo impacto, “pois eles fortalecem ligamentos e músculos, aliviando a sobrecarga das articulações – que são um dos maiores alvos da AR”, conclui.

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Usuários de planos de saúde têm prazo máximo para receber atendimento Beneficiários de planos de saúde passam a contar com prazos máximos para acessarem serviços e procedimentos contratados. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou norma com as novas regras nesta semana. As mudanças entram em vigor em noventa dias. As operadoras deverão garantir que os beneficiários tenham acesso aos serviços e procedimentos definidos no plano, no próprio município ou nas localidades vizinhas, desde que estes sejam integrantes da área geográfica de abrangência e de atuação do plano. O prazo para agendamento de consultas pode variar entre sete e vinte e um dias úteis, de acordo com a especialidade e recomendações médicas. Nos casos de ausência de rede assistencial a operadora deverá garantir o atendimento em prestador não credenciado no mesmo município ou o transporte do beneficiário até um prestador credenciado, assim como seu retorno à localidade de origem. Nestes casos, os custos serão pagos pela operadora. Em municípios onde não existam prestadores para serem credenciados, a operadora poderá oferecer rede assistencial nos municípios vizinhos. Urgência e emergência - Casos de urgência e emergência têm um tratamento diferenciado e a operadora deverá oferecer o atendimento no município onde foi demandado ou se responsabilizar pelo transporte do beneficiário até o seu credenciado mais próximo. A garantia de transporte estende-se ao acompanhante nos casos de beneficiários menores de 18 anos, maiores de 60 anos e pessoas com deficiência mediante declaração médica. Estende-se também aos casos em que seja obrigatória a cobertura de despesas do acompanhante. Reembolso - Caso a operadora não ofereça as alternativas para o atendimento deverá reembolsar os custos assumidos pelo beneficiário em até 30 dias. Nos casos de planos de saúde que não possuam alternativas de reembolso com valores definidos contratualmente, o reembolso de despesas deverá ser integral. De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a meta é “garantir a todos que são usuários do plano de saúde parâmetros de acesso e qualidade”. Padilha lembrou ainda, que a norma pretende estimular as operadoras a oferecerem pelo menos um serviço ou profissional em cada área contratada. Os prazos para cada agendamento estão disponíveis na página eletrônica www.ans.gov.br. O cidadão pode apresentar denúncias pelo telefone 0800 701 9656.


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