Imóveis e Arquitetura
Ano 5 - Edição 29 NSI
NÚCLEO DE SERVIÇOS INTEGRADOS
CEARÁ
CONSTRUÇÃO
FEICON 2015
A mais prestigiada da América Latina
Poços profundos
Arquitetura
Entrevista
Perfuração precisa ser feita com conhecimento técnico
Bares e restaurantes de Fortaleza investem em bons projetos arquitetônicos
Victor Frota, presidente reeleito do CREA Ceará
Editorial
INOVAÇÃO Conheça os finalistas do Expediente Prêmio Alcoa
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ENTREVISTA Victor Frota, presidente reeleito do CREA Ceará
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POÇOS PROFUNDOS Perfuração precisa ser feita com conhecimento técnico
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ENERGIA SOLAR Alternativa de geração limpa está ficando mais acessível
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MEIO AMBIENTE Empresa desenvolve cimento que absorve poluentes do ar
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WI-FI NAS PRAÇAS Fortaleza começa a ter acesso público e gratuito à Internet
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ARQUITETURA Bares e restaurantes investem em bons projetos arquitetônicos
Sempre há saída O ano de 2015, como sabemos, não tem sido fácil para a indústria da construção civil e não se mostra muito animador em um futuro próximo. Depois de muitos anos de boas vendas, o mercado nacional, influenciado por fatores como os ajustes na economia, por parte do governo, e a falta de capacidade dos compradores, deverá ter um ano mais fraco. A boa notícia, no entanto, é que o setor é amplo e dinâmico, o que sempre abre possibilidade para encontrar saídas. Se há algumas dificuldades para as construtoras, por outro lado a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) espera crescimento real de 6% para 2015. Para a entidade, esse índice será alcançado graças aos resultados obtidos com os ajustes na economia, à participação dos bancos privados no mercado de financiamentos para aquisição de material de construção e aos imóveis já contratados e ainda não construídos ou finalizados, que também demandarão reformas e obras de acabamento. Como se pode ver, a economia brasileira, mesmo vivendo turbulências passageiras, ainda tem grande potencial. É hora de continuar investindo, principalmente em profissionalização e em qualidade. As crises são passageiras, sempre é hora de pensar em um futuro melhor e estar preparado para quando ele chegar.
Diretor: Ariel Ricciardi Jornalista Responsável: Sílvio Mauro Monteiro.- MTB-CE 01448 JP Colaboradores: Claúdio Araújo, Isabel Bandeira, Sérgio Melo e Flávio Portela Diagramação: Marcos Aurelio | Impressão Gráfica Halley Contato para anunciar CONSTRUÇÃO CEARÁ IMÓVEIS E ARQUITETURA: (85) 8824 0222 / (85) 3023 3537 ou através do e-mail: construcaoceara@hotmail.com ou ariel_ricciardi@hotmail.com Fale com a gente, envie e-mail, fotos, notícias para a redação. A sua opinião é fundamental para a melhoria de nosso produto. A revista CONSTRUÇÃO CEARÁ IMÓVEIS E ARQUITETURA é uma publicação bimestral do Núcleo de Serviços Integrados. As opiniões dos artigos assinados não representam necessariamente as adotadas pela revista. Não é permitida a reprodução parcial ou total dos textos.
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Brasil leva seis prêmios em concurso de design O Brasil foi um dos grandes protagonistas do iF DESIGN AWARD 2015, um dos mais conceituados prêmios de design do mundo. No evento, realizado em fevereiro último no Museu da BMW, em Munique, Alemanha, profissionais e empresas brasileiros seis iF Gold Award, a premiação máxima do iF DESIGN AWARD. Os seis vencedores iF Gold foram a loja Camper (categoria Lojas e Showroom), a tipografia Initials (categoria Tipografia), a publicação Palíndromo #3 (categoria Revistas, Impressos e Publicações), a luminária Ani (categoria Iluminação), a livraria Cultura (categoria Lojas e Showroom) e a animação War on Drugo (categoria Filme e Vídeo).
FLC é premiada como líder em vendas
Novo site da Vonder Fabricante de ferragens, ferramentas, máquinas e equipamentos para uso profissional, a Vonder está com novo site, projetado para ser simples, funcional e indispensável para milhares de profissionais. Segundo a empresa, o endereço (www.vonder.com. br) tem mais conteúdo técnico e informações detalhadas de todo o mix com mais de 12 mil itens. Além disso, foi desenvolvido com interface moderna, simples e de fácil navegação. Para facilitar a correlação entre os itens, há ainda indicações dos acessórios adequados e produtos complementares, que facilitam o entendimento de cada uma das linhas/categorias de produtos Vonder.
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A FLC, fabricante de lâmpadas de LED, eletrônicas e halógenas, recebeu mais uma vez o selo de Líder em Venda 2015 na categoria alimentar. A pesquisa é desenvolvida pelo instituto Nielsen e promovida pela Revista SuperHiper, veículo oficial da Associação Brasileira de Super mercados. De acordo com João Geraldo, presidente da FLC, essa premiação reflete a tradição da marca e a confiança dos clientes e consumidores. “Reforça também os principais pilares da companhia, de qualidade, inovação e eficiência na entrega, garantindo que os produtos cheguem ao consumidor com rapidez e no momento certo”, afirmou.
Luminárias à prova de explosão A Tramontina Eletrik, empresa do Grupo Tramontina de soluções técnicas para produtos destinados a instalações elétricas, lançou na Feira Internacional da Indústria Elétrica, Eletrônica, Energia e Automação (FIEE 2015), realizado entre os dias 23 e 27 de março, São Paulo (SP), luminárias para ambientes onde há a presença de atmosferas explosivas. A luminária LED, por exemplo, é fabricada em liga de alumínio e tem acabamento em pintura eletrostática a pó na cor cinza, com proteção à prova de explosão. Em formato redondo, compõe-se de cinco conjuntos de LED alimentados independentemente, com 130W de potência.
Astra expõe banheiro com acessibilidade na Feicon Batimat O Grupo Astra, fabricante de produtos para a construção civil, apresentou, em seu estande na Feicon Batimat 2015, um dos eventos mais importantes da América Latina para o setor de construção que foi realizado em março, em São Paulo, um banheiro totalmente acessível às pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida. O banheiro foi montado com produtos fabricados pela própria empresa, que aposta há mais de cinco anos em uma linha de acessibilidade, com alguns itens exclusivos neste segmento.
BSPAR: 1° lugar em ranking das que mais venderam em 2014 Com o objetivo de reconhecer as construtoras que se destacaram no ano de 2014, a Lopes Immobilis promoveu mais uma edição do Flash Imobiliário, no qual a imobiliária premiou as três empresas com melhor desempenho de vendas no ano. A primeira posição no ranking foi tomada pela idealizadora do BS Design: a BSPAR Incorporações, que há sete anos atua no mercado imobiliário de médio e alto padrão. Dirigida pelo empresário Beto Studart, a incorporadora conquistou a primeira colocação nas categorias Volume de Lançamentos Imobiliários e Volume Geral de Vendas (VGV).
Cascola lança Espuma Expansiva A Cascola, marca de soluções em adesivos e selantes, apresenta o Cascola Espuma Expansiva. Ideal para preenchimento de espaços, o produto é selante e adesivo monocomponente à base de poliuretano. De acordo com a empresa, o diferencial está na cura total do produto em até quatro horas e por expandir três vezes o seu volume inicial, rendendo até 30 litros, com acabamento que garante uma estrutura uniforme e resistente.
Fortaleza irá sediar evento de rochas ornamentais De 5 a 8 de maio será realizada, no Centro de Eventos do Ceará, a Fortaleza Brazil Stone Fair, exposição internacional de mármores, granitos, limestones, pedras laminadas, máquinas, equipamentos e insumos para a cadeia produtiva das rochas ornamentais e de revestimento. Segundo os organizadores do evento, o Nordeste é, hoje, a segunda região com maior volume de produção de rochas ornamentais do Brasil e o Ceará tem se destacado como o principal produtor de granitos e limestones da região.
Ladrilho hidráulico é nova tendência A busca por materiais ecologicamente corretos, práticos e originais está levando ao resgate de técnicas e revestimentos. Um exemplo disso é o ladrilho hidráulico, revestimento artesanal cuja produção não consome energia nem emite gases, evitando prejuízos ao meio ambiente. “Além da questão ecológica, o material surgido ainda no Império Bizantino faz muito sucesso graças a beleza e o colorido que trazem aos projetos”, observa arquiteta Marina Dubal, do escritório DAD Arquitetura e Design. A arquiteta Ivana Seabra enumera os locais em que o ladrilho hidráulico pode ser aplicado: “Esse revestimento cai bem em pisos de varandas, banheiros, espaços gourmet, ambientes externos e espaços mais rústicos”.
Casa do Construtor estreia na Feicon Batimat 2015 A rede da Casa do Construtor, empresa de locação de equipamentos de pequeno porte direcionados à construção civil, fez sua primeira participação na edição 2015 da Feicon Batimat, um dos eventos mais importantes da América Latina para o setor de construção realizado em março, em São Paulo. A empresa foca seus esforços e investimentos em quatro tipos de público: construtoras, empresas, condomínios e pessoas comuns que estejam executando uma obra ou reforma. Estão disponíveis para locação produtos como ferramentas elétricas, rompedores, compactadores, betoneiras e andaimes, além de equipamentos para limpeza e jardinagem.
Cases de sucesso de clientes Ilumi abrem o 9º Encontro Nacional de Vendas A Ilumi, empresa do setor de materiais elétricos, abriu o seu 9º Encontro Nacional de Vendas com três cases de sucesso de clientes parceiros da marca. A convenção aconteceu em São Paulo e reuniu mais de 70 representantes espalhados por o país. A Ilumi reuniu seus representantes durante dois dias (8 e 9 de março) para apresentar a NewIlumi, que traz uma nova visão, valores e missão da empresa. O evento também apresentou as novas campanhas de marketing e estratégias que a empresa trabalhará em 2015 e seu novo catálogo de lançamentos.
Cobrecom Fios e Cabos Elétricos na 21ª Edição da Feicon Batimat A Cobrecom Fios e Cabos Elétricos, empresa do segmento de condutores elétricos, participou pela sexta vez da Feicon Batimat São Paulo e destacou produtos para os lojistas e para o mercado consumidor: o Display Metrocom e os Materiais Encartelados “Medida Certa”. O Display Metrocom é formado por um armazenador e expositor de carretéis e uma máquina de medir que está em conformidade com o Inmetro. Os Materiais Encartelados “Medida Certa” são vendidos em embalagem com 15 metros de Cabo Flexicom Antichama 450/750 V, nas seções nominais entre 1,5 e 6 mm² e nas cores azul, preto, vermelho e verde.
Atlas Schindler: mais espaço para as mulheres As mulheres estão na área técnica e de manutenção de elevadores da Atlas Schindler. Elas visitam empreendimentos, clientes, obras e fazem todo o monitoramento dos equipamentos para que o transporte dos usuários seja sempre tranquilo. Como os principais benefícios de se ter mulheres nesses cargos, a empresa elenca características tipicamente femininas, como mais atenção a detalhes, decisões precisas e eficiência.
Stam Metalúrgica lança nova linha de cadeados Fabricante de cadeados e fechaduras, a Stam Metalúrgica lançou no mercado sua nova linha de cadeados de latão. Os produtos são disponibilizados nos tamanhos 20, 25, 30, 35, 40, 45 e 50 mm, com chave de latão niquelada, trava dupla, contrapino carretel e gancho temperado que confere dureza à superfície, em conformidade com a norma de cadeados NBR 15271.
Edson Gaidzinski Junior é reeleito presidente do Conselho de Administração da ANFACER Em Assembleia Geral Ordinária realizada durante a Expo Revestir, foi reeleito Edson Gaidzinski Junior, presidente da Eliane, como presidente do Conselho de Administração da ANFACER (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres).
Vedacit apresenta novidades na Feicon 2015 A Vedacit, empresa de impermeabilizantes, materiais para a recuperação de estruturas e aditivos para concreto apresentou, na Feicon 2015, uma nova etapa em sua trajetória. A empresa inovou na logomarca, nas embalagens de seus produtos e nos pontos de venda. Durante o evento, a indústria trouxe ainda detalhes da sua terceira unidade fabril, que será inaugurada em junho de 2015, em Itatiba (SP). A iniciativa faz parte da estratégia da companhia para impulsionar seus negócios e oferecer produtos com tecnologia de ponta.
SINDUSCON-CE
Investimento em formação Universidade corporativa do Sinduscon-CE passou por mudança na grade de cursos e tem foco em três abordagens: excelência, aperfeiçoamento e trainee
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Uniconstruir, universidade corporativa do Sinduscon-CE, entra em uma nova fase em 2015, com cursos para o setor da construção civil atualizados para o mercado e suas necessidades. Para marcar essa novidade , o sindicato promoveu uma aula magna no dia 13 de março, no Hotel Gran Marquise, com o tema “Inovação e Desenvolvimento Tecnológico na Construção Civil - Desafios e Oportunidades”, ministrada pelo conselheiro do Green Building Council – Brasil (GBC) e presidente e sócio-fundador da empresa Método Engenharia S/A, engenheiro Hugo Rosa. Com a mudança na grade de cursos, a Unicontruir tem o foco agora em três temas: excelência - técnicas e inovações; aperfeiçoamento - atualização e reciclagem ; e trainee - conhecimento estrutural. O público-alvo é formado pelos profissionais do mercado que precisam de cursos de complementação técnica voltados para a formação prática, vivenciada no dia-a-dia das empresas.
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Para atender a essa demanda, a Uniconstruir terá um calendário anual com a oferta de cursos, oficinas, palestras, workshops e seminários, com professores renomados e parcerias com instituições de ensino. Segundo o presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro, a iniciativa de renovar a universidade segue a tendência de aprimoramento constante do próprio setor, que passa por grandes atualizações e precisa, cada vez mais, de profissionais capacitados, que possam acompanhar a dinâmica do mercado. “Como as organizações precisam que as pessoas aprendam mais rápido, acompanhando a velocidade da geração de conhecimento do mundo atual, elas precisam alinhar as iniciativas de treinamento com suas estratégias, considerando a cultura e o contexto organizacional e as competências essenciais”, comenta André Montenegro. Histórico: criada em março de 2010, a Uniconstruir) surgiu com a
Hugo Rosa
premissa de fomentar o desenvolvimento setorial, estimulando a participação dos associados por meio da ampliação do saber. Ao todo, já ofereceu mais de 50 diferentes cursos e promoveu 32 palestras, seminários e workshops, beneficiando diretamente a um público de cerca de 4 mil alunos, dentre eles empresários, engenheiros, arquitetos e estudantes.
TECNOLOGIA
Mil e uma utilidades do alumínio Veja projetos de inovação que propõem o uso do material em diferentes áreas e mostram o grande leque de opções que ele oferece
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alumínio é conhecido pela versatilidade e pela grande vida útil, entre outras características. Para destacar a variedade de aplicações do material, a multinacional Alcoa promove o Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio, que estimula o desenvolvimento de aplicações entre estudantes e profissionais de todo o País. Veja os interessantes projetos dos finalistas da 12ª edição da iniciativa. Mais informações podem ser obtidas no endereço www.alcoa.com.br
Profissionais AKAIAKÁ LUMINÁRIA URBANA ECOEFICIENTE Luminária urbana e autossuficiente que, por meio de uma plataforma modular, atende diversas demandas com baixo custo e sem a necessidade de instalações elétricas. Autor: Alex Marcos Bedin (Arquiteto - Chapecó/SC)
PORTA INVERSA A ‘porta inversa’ gera a diminuição de 66% na área de abertura, em comparação ao raio de uma porta convencional. Com isso oferece melhor otimização de espaço e mais aproveitamento de áreas internas do ambiente. Autor: Daniel Assuane Duarte (Arquiteto - Marília/SP)
SISTEMA VERTICAL DE SECAGEM SOLAR O projeto visa à criação de nova técnica de beneficiamento de sementes em geral, particularmente as de cacau. Abrange as diversas fases do processo, da fermentação até a ensacagem, além de gerar ar quente para armazenagem via acumulador solar. Outro diferencial é a secagem em torre, com entradas de ar na base e saídas no topo. Autor: Jorge Henrique de Oliveira Sales (Professor e físico - Ilhéus/BA)
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RADIONEBULIZADOR EM ALUMÍNIO O equipamento visa ampliação do diagnóstico de patologias pulmonares em Medicina Nuclear por meio do exame de ventilação pulmonar, e a disseminação do uso da tecnologia SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography). Autor: Paulo Roberto Walter Ferreira (Engenheiro - Porto Alegre/RS)
PROJETO MANTA O projeto manta tem por objetivo a construção de um navio de pesquisa movido a velas em alumínio. Este navio tem grande autonomia e baixo custo operacional e é baseado em princípios de sustentabilidade e em eficiência energética. Autor: Marcos Aurelio Vasconcelos de Freitas (Geógrafo - Rio de Janeiro/RJ)
Estudantes
MOVE UP CURBS Dispositivo para cadeira de rodas que auxilia a mobilidade do cadeirante. É composto por um sistema mecânico, com base em alumínio, que cria uma rampa de acesso quando acionado. Autor: Flávio dos Santos Ferreira Junior (Universidade Braz Cubas, Engenharia Mecânica, Mogi das Cruzes/SP)
QUADRO NEGRO PORTÁTIL O projeto foi desenvolvido para proporcionar mais mobilidade e flexibilidade a um recurso didático que está entre os mais usados nas escolas: o quadro negro. A solução pode ser usada em diversos ambientes e transportada com facilidade, devido às características do alumínio. Autora: Bárbara Sansevero Lima (Universidade Federal de Uberlândia, Engenharia Química, Uberlândia/MG)
ALUVISION O Aluvision é uma alternativa sustentável e barata para os mais diversos dispositivos arquitetônicos da atualidade. Com ele, é possível vedar espaços sem bloquear a visibilidade, mantendo a ventilação, a luminosidade controlada e a privacidade interna. Autor Responsável: Egon Henrique Lugon Santos (Faculdade Ingá, Arquitetura e Urbanismo, Campo Mourão/PR)
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SELF-HEATING PACK Aquecer alimentos instantaneamente em qualquer lugar, essa é a proposta da self-heating pack. A embalagem aquece os alimentos através de uma reação química que envolve um derivado da casca de ovo e água, usando o alumínio para a transferência de calor. Autor: João Pedro Zardo Gonçalves (Universidade Comunitária Regional de Chapecó, Engenharia Química, Chapecó/SC)
TELHA IRRADIANTE-AL A telha irradiante-al oferece a refrigeração de ambientes por meio de tecnologia baseada em alumínio, proporcionando conforto térmico sustentável e diminuição em até 5°C em relação ao meio externo. Como resultado, gera economia energética e redução de custos. Autora: Ludmila Silva Aragão de Almeida (Universidade Federal da Paraíba - Campus João Pessoa, Engenharia de Energias Renováveis, João Pessoa/PB)
MATERIAL
A “farinha” da obra Saiba mais sobre a importância dos diferentes tipos de areia para garantir a segurança e o bom acabamento das construções
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ma das brincadeiras típicas dos nordestinos em relação à farinha da mandioca é que ela faz a “liga” da comida, ou seja, da mais consistência e volume aos pratos. Dá para fazer um paralelo entre esse ingrediente e o papel da areia na construção civil. Esta última tem como uma das funções, junto com outros elementos conhecidos como “agregados”, ajudar a compor as estruturas e fazer vedações e acabamentos. Apesar de, para os leigos, a areia ser um elemento simples, encontrado facilmente em locais não pavimentados, seu uso nos canteiros de obras segue várias normas. Segundo a Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (Anepac), a definição do material é a seguinte: solo constituído por grãos minerais cuja maioria aparente tem diâmetro entre 0,05 e 4,8 mm e textura, compacidade e forma similar. Materiais com grãos maiores que essa dimensão máxi-
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ma são considerados como brita. Parte mais miúda do processo de desagregação das rochas, a areia pode ser gerada por processos naturais, como sedimentos dos leitos de rios, ou artificialmente, através de da britagem mecanizada das pedras. Um detalhe interessante sobre o processo de extração da
natureza é que, de acordo com a Anepac, a areia obtida de praias e dunas litorâneas não apresenta boa qualidade como material para construção civil, devido à presença de sais. As aplicações na construção civil são múltiplas e passam por agregado para artefatos, pré-fabricados e bases de pavimentos de concreto,
Classificação da areia, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas
GROSSA (abaixo de 2 mm e até 1,2 mm)
argamassa, filtros, abrasivos, e asfalto, entre outros. Uma curiosidade interessante sobre a produção de areia para uso na construção civil é que após a extração em forma bruta na natureza, ela não pode ser usada do jeito que foi encontrada: precisa passar por um processo chamado de beneficiamento, para poder atender a especificações de qualidade. Ele é constituído de lavagem, peneiramento/ classificação e secagem. A lavagem pode ser feita pelo jateamento de água em tanques de decantação. Já a classificação é iniciada por um peneiramento, com a retirada do material mais grosso (pedrisco
e cascalho), em grelhas ou peneiras. O material resultante é separado pelo tamanho e tipo dos grãos. Os produtos finais possíveis são areia grossa, média e fina e cascalho. Para saber se uma porção de areia precisa ser lavada, basta verificar se ela suja as mãos a ponto de precisar de uma limpeza nelas depois do manuseio. A cor pode variar, dependendo da rocha que deu origem ao material, É preciso observar, no entanto, se essa coloração não significa a presença de impurezas. Nesse caso, a areia só deve ser usada em aplicações como lastros e enchimentos e nunca na parte estrutural da obra.
MÉDIA (acima de 1,2mm e até 0,42 mm)
FINA (Acima de 0,42mm e até 0,074 mm)
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COOPERCON-CE
João Carlos Lima será o novo presidente da Coopercon-CE Engenheiro foi fundador e primeira liderança da cooperativa, exercendo mandato entre 1997 e 2003
P
or indicação pessoal do atual presidente da Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon-CE), Marcos Novaes, e apoio unânime dos conselhos de administração, fiscal e do Inovacon, o engenheiro João Carlos Sales de Lima deverá assumir a direção da cooperativa a partir de maio deste ano. A mudança será oficializada após a votação dos membros da entidade, que acontecerá durante assembleia geral no fim de abril. “Confio totalmente na competência do João Carlos, que respira a filosofia do cooperativismo e certamente vai continuar fortalecendo o trabalho da Coopercon, dando continuidade ao modelo empresarial e profissional”, afirma Marcos Novaes, que encerra seu segundo mandato em abril de
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2015. João Carlos foi fundador e primeiro presidente da Coopercon-CE, associação de classe que foi a pioneira no Brasil e serviu de modelo para a criação de 13 cooperativas no país. Com mandato entre os anos de 1997 e 2003, ele estabeleceu os alicerces da instituição que hoje reúne 101 construtoras e movimenta mais de R$ 1 bilhão em negócios por ano junto aos parceiros e cooperados. Esse total é alcançado através da captação de crédito bancário para produção, as operações das duas unidades de Corte e Dobra de Aço (CE e RN) e o fornecimento de equipamentos. “Recebi com muito carinho o convite do Marcos Novaes, e sei que será uma administração bastante ousada. Sou adepto da filosofia de que a gente pode envelhecer fisicamente, mas não
mentalmente. Eu me considero uma criança, cheio de gás para assumir este desafio”, declara João Carlos.
Atestado de qualidade Coopercon-CE tem a melhor unidade de Corte e Dobra do Brasil, segundo a ArcelorMittal
A
unidade de Belgo Pronto da Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon-CE) em Maracanaú foi a vencedora da Gestão Premiada da Arcelor Mittal 2014, programa de incentivo à qualidade e à gestão de resultados elaborado pela empresa, que é uma das maiores produtoras de aço do mundo. A premiação é um veículo Saveiro. O programa Gestão Premiada da ArcelorMittal analisa os seguintes
critérios durante um ano: comercial (clientes novos, pesquisa de satisfação anual, Open House das unidades), infraestrutura (gestão da qualidade, gestão dos controles de estoque) e corpo técnico. O presidente da Coopercon-CE, Marcos Novaes (cujo mandato encerrou em abril de 2015), comemorou a conquista, disputada por 23 unidades de todo o país: “É um reconhecimento ao trabalho de toda uma equipe que se dedica diariamente
para oferecer produtos e serviços com qualidade”. De acordo com o presidente, em 2014 a unidade produziu mais de 15 mil toneladas de aço, movimentando em torno de R$ 6 milhões, e neste ano a meta é ultrapassar esta quantidade. “O belgo pronto é uma solução em aço para a execução da etapa estrutural de obras de todos os portes, com garantia de qualidade, produtividade e economia”, acrescentou Marcos Novaes.
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GRANDES OBRAS
A nona maravilha do mundo Obra faraônica, o Grande Museu do Egito quer homenagear o passado glorioso da Engenharia e da Arquitetura do país
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ualquer estudante do ensino médio já ouviu dos seus professores de História, pelo menos uma vez, a importância da civilização egípcia para a humanidade. Milhares de anos depois de mostrar do que seus engenheiros foram capazes de fazer, com suas pirâmides monumentais, o Egito quer impressionar o mundo novamente. Dessa vez com um museu gigantesco, que está sendo construído – não por acaso - perto das pirâmides de Gizé. O Grande Museu do Egito, que começou a ser erguido em 2005 e deve ficar pronto este ano, é superlativo em todos os números. Segundo os responsáveis pelo empreendimento, ele terá uma área total de aproximadamente 480 mil m², que será capaz de abrigar mais de 100 mil objetos – 3.500 deles pertencentes ao faraó Tutancâmon, um dos mais
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famosos da história egípcia. Uma das preocupações dos idealizadores do equipamento foi sua interação com o entorno. Das partes superiores de cada nível do prédio, os visitantes terão uma visão panorâmica das três pirâmides de Gizé, sem obstáculos. Além disso, será possível contemplar a cidade do Cairo, capital do Egito. De acordo com o escritório de Arquitetura Heneghan Peng, vencedor do concurso mundial realizado pelo governo egípcio, uma das curiosidades do museu é que ele foi construído sobre uma diferença de nível 50 m, aproveitando o relevo criado ao longo de milhares de anos pelo Nilo, principal rio do Egito. “O projeto do museu usa essa diferença de nível para a construção de uma nova ‘borda’ para o planalto do entorno do rio. É uma superfície de-
finida por um véu de pedra translúcida”, explica a empresa. Esse “véu de pedra” é formado por uma estrutura tridimensional composta de um conjunto de eixos criados em função da visibilidade das pirâmides (de cada um deles, os visitantes podem avistar as estruturas históricas). O complexo do museu conta com 24 mil m² de espaços de exposição permanente (uma área que equivale a quase quatro campos de futebol), salas de conferências e de aula, instalações para crianças, um grande centro de conservação, grandes jardins, biblioteca, acervo de mídias digitais, lojas, cafés e restaurantes. Ao todo, 26 setores formam o equipamento. Outro aspecto interessante do museu é que a luz esculpe e define os seus ambientes. Duas faixas luminosas dividem o local em três faixas: Planalto Baixo, que é a área de infra-estrutura, Planalto Ascendente, a área cultural, e Planalto Superior (parque natural). Ao chegarem ao equipamento, os visitantes encontrarão a seguinte estrutura: Piazza, o
espaço no qual começa a transição do exterior para o interior, o Lobby, que abriga o Parque Nilo, e uma grande escadaria que leva a áreas de exposições especiais, oficinas de conservação e às galerias de exposição permanente, que são organizadas em cinco faixas temáticas. De acordo com os responsáveis pelo Grande Museu do Egito, aproxima-
damente cinco milhões de turistas deverão visitar o local por ano, no primeiro momento. A expectativa é de que esse número aumente para oito milhões em 2020. Para se ter ideia da capacidade do prédio, espera-se que ele resulte em um crescimento de 30% no turismo do Egito, criando demanda para quase 40 hotéis.
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FEICON BATIMAT
Sustentabilidade e milhões em negócios Principal evento da construção civil nacional contou com a participação de duas mil marcas nacionais e internacionais e teve como foco a economia de água e o baixo consumo de energia
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ocada na economia de água, energia e na industrialização do processo da construção civil, a Feicon Batimat – Salão Internacional da Construção, um dos principais eventos do setor da América Latina, superou as expectativas. Fechou a sua 21ª edição com cerca de 118 mil visitantes e gerou negócios em torno de R$ 600 milhões, segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco). A feira deste ano de 2015 contou com a participação de duas mil marcas nacionais e internacionais. A maioria dos expositores apresentou produtos e soluções ligados aqueles que foram os principais motes do salão – economia de água e de energia elétrica –, diante da crise hídrica por que passa o Sudeste brasileiro e outras regiões do País, e os aumentos constantes no custo da “luz” para o consumidor. Uma destas ações foi a batizada “Ilha Sustentabilidade Água”, projeto desenvolvido pelo Sindicato da Indústria de Artefatos de Metais Não Ferrosos no Estado de São Paulo (Siamfesp). O espaço congregou os fabricantes
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de produtos economizadores de água. Eles tiveram como intenção resolver o problema dos desperdícios no consumo de residências e empresas. No espaço estiveram reunidos cerca de 60 produtos de dez empresas (Deca, Docol, Fabrimar, FortLev, Censi, Lorenzetti, Fórusi, Eternit, Stoc e Carneiro Metais).“Foi um local importante, onde se pode apresentar soluções para a economia de água, como chuveiros, torneiras, va-
sos sanitários que ajudam no racionamento, ou seja, nas simples tarefas do dia a dia”, apontou Oduwaldo Álvaro, diretor executivo do Siamfesp. Grande parte do público (57%) visitou a feira interessado em fechar negócios: 27% sócios-proprietários, 19% diretores e 11% gerentes. Os outros 43% foram técnicos, autônomos, assistentes, coordenadores, supervisores, entre outros. Representantes de 31 países compareceram
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ao salão. A maioria presente era da América do Sul, de países, como Paraguai, Uruguai, Bolívia e Argentina. Também vieram visitantes dos Estados Unidos, Itália, Venezuela, Portugal, Chile, Peru, China, entre outros. Água e energia- Entre as soluções apresentadas no que se refere à economia de água estão: Chuveiros - Considerado o vilão quando o assunto é economia de água, o chuveiro ganhou atenção especial na Deca, com lançamentos que aliam design e tecnologia inteligente e garante um banho confortável. Com exclusiva solução que mistura água e ar, ele usa jatos fortes ao mesmo tempo em que economiza até 40%. O chuveiro Acqua Plus com entrada de ar é a opção perfeita para quem quer economizar sem abrir mão do bem-estar. O modelo Dream, que tem design moderno, tem a mesma vantagem e é outra opção interessante para a casa. Ambos os modelos podem ser encontrados nas opções de parede e teto. Já o Grupo Astra apresentou várias novidades, como torneiras, chuveiros, duchas e vasos que funcionam como cisternas (inédito no mercado brasileiro). Também lançou a ducha Safira, que economiza até 91% de energia e conta com LED em torno do espalhador que é cromado. Reservatórios - Com foco em armazenamento de água, a Fortlev apresentou modelos de grande litragem e alternativas para esse período de crise hídrica no país. A empresa mostrou sua linha completa de reservatórios de água, em especial a caixa de polietileno de 10 mil litros e o tanque slim, lançamentos da indústria, bem como o Tanque Modular, produto que permite o armazenamento de milhões de litros d’água e desenvolvido com tecnologia sustentável e parâmetros internacionais de qualidade. Válvula de descarga - Para redu-
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zir o consumo de água em até 65%, a Hydra Select mostrou válvula de descarga, a qual o usuário escolhe entre gastar menos ou mais água, dependo de sua necessidade com o economizador de fluxo, que limita a vazão ao volume escolhido no botão seletivo, podendo variar entre 2 e 6,8 litros. Tratamento de afluentes - A empresa Hydro Z lançou o Sistema Pluvi - para o aproveitamento de água das chuvas -, estação de tratamento de esgotos, sistema separador de água e óleo, caixa de gordura, entre outros. Destaque para o Sistema Ampere, solução apresentada recentemente que permite o reuso da água em ambientes de lavagem automotiva, que oferece automação e dispensa a constante supervisão de um operador para seu funcionamento. A preocupação com a economia de energia elétrica também foi ponto alto desta 21ª edição da Feicon Batimat: Produtos certificados – Empresas líderes no segmento de cabos e fios elétricos, como a Sil e a Cobrecom, além de apresentarem suas novidades em produtos e de fortificarem suas imagens junto ao consumidor direto, mostraram preocupação em relação ao cumprimento, por parte dos fabricantes, das normas regulatórias estabelecidas para o segmento. “Nosso foco no salão e no dia a dia é conscientizar o consumidor e, principalmente o instalador, de respeitar as normas vigentes. Instalação correta é o primeiro passo para se obter economia e segurança”, afirma Rodrigo Morelli, do departamento de Marketing da Sil. Lâmpadas de LED - as lâmpadas de LED duram cerca de 25 vezes mais do que as incandescentes e três vezes mais do que as fluorescentes. Quando se trata de consumo de energia elétrica, a redução chega a 70%, comparado aos modelos incandescentes.
A Blumenau Iluminação, por exemplo, lançou no salão os anéis de LED que chegam para substituir soquetes e lâmpadas eletrônicas comumente utilizadas nas luminárias, que proporcionam maior luminosidade dos ambientes e menor sombreamento, se comparado às lâmpadas eletrônicas. Além dos anéis, a Blumenau apresenta ainda os spots ultrafinos de LED. Ideais para a composição de projetos modernos e com um estilo clean, as peças estão disponíveis nos modelos de sobrepor (com 22 cm de espessura) e embutir (com 1,5 cm de espessura). Aquecedores solares - a linha SolarTouch, da Ageon, são controladores para aquecimento solar. Possui diversas funções de proteção e agenda de eventos que permite desativação do sistema nos finais de semana, acionamento de até três apoios ou ainda filtragem da água (em piscinas). Já a Aquakent apresentou o Aquakent AK 14/200, aprovado para o programa Minha Casa Mi-
nha Vida. Esse é o único aquecedor solar de tubo a vácuo com selo “A” certificado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (IPT/USP), no Brasil. Além disso, o AK 14/200 oferece uma instalação fácil e prática e reduz em 50% o tamanho da área necessária. Vidros - Chamados também de vidros “inteligentes”, os produtos são capazes de barrar até 70% do calor. Se forem aplicados na versão laminada, os vidros Habitat barram quase 100% dos raios UV, que são prejudiciais à pele e responsáveis pelo desbotamento dos materiais. Outro benefício é a economia de até 30% no consumo de ar condicionado e luz artificial, uma vez que permitem a entrada de luminosidade na quantidade ideal, sem o desconforto do calor ou do ofuscamento. Ao olhar de perto, parecem vidros comuns, mas são fabricados por meio de nanotecnologia para garantir todos esses benefícios com uma estética diferenciada.
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Programa Madeira Legal O programa Madeira legal, uma das atrações da feira, mostrou aos visitantes como é importante revelar para o setor da construção civil as possibilidades existentes no uso da madeira legal e certificada, já que, utilizando de boa origem, os empresários e organizações ajudam na manutenção das florestas brasileiras, e colaboram para a geração de renda de comunidades extrativistas e agregam valor aos produtos. A iniciativa foi promoção do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil); do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT); do SindusCon-SP; do Sindicato do Comércio Atacadista de Madeira de São Paulo (Sindimasp); do WWF-Brasil e Rede Amigos da Amazônia (RAA)/Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da Faculdade Getúlio Vargas (GVceapg/FGV) com apoio da Comunidade Europeia. Segundo Milton Malheiros Filho, a empresa paulista Ecoteto, especializada em soluções em madeira e que em breve tem intenções de inaugurar uma filial em Timon, no Maranhão, para abastecer as regiões Nordeste e Norte, trabalhar com insumo sustentável torna as empresas mais competitivas no mercado. “Escolhemos o Maranhão, pois o estado conta com uma grande reserva de plantação e reposição de eucaliptos, ou seja, uma madeira certificada”, explica o executivo.
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PRODUTO
Escolha o sistema ideal para você Ocupação de espaço, gasto de água e facilidade de manutenção são critérios que podem influenciar a escolha do tipo de descarga
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ocê sabe a diferença entre válvula hydra e caixa acoplada? Esses são os dois principais sistemas de descarga do mercado e é bom conhecer as vantagens, desvantagens e aplicações de cada um. Apesar da válvula hydra ser menos usada, atualmente, porque consome mais água que a caixa acoplada, ela pode ser recomendável em algumas situações específicas. Começando pela explicação dos componentes, a válvula hydra é aquela descarga na qual o sistema de acionamento fica embutido na parede. Era muito comum em construções antigas e foi perdendo terreno por causa da grande vazão. Em cada acionamento, cerca de 1,8 litro por segundo é despejado. Já a descarga acoplada é aquele em que acima do vaso existe um reservatório de louça no qual a água é armazenada. Para efeito de comparação, bastam cinco segundos de acionamento da válvula hydra para que seja gasto um volume 50% maior de água do que o total usado na descarga acoplada.
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Esta última tem vazão máxima de seis litros para descarte de sólidos. E tem a opção de um botão diferenciado para uso em dejetos líquidos, que libera apenas três litros por acionamento. Se for considerado apenas o critério da sustentabilidade, a válvula hydra – mesmo que o mercado já oferece modelos com botão duplo, que prometem 30% a menos de gasto no uso para dejetos líquidos – perde para a descarga acoplada. No entanto, se for considerado o uso do espaço, a primeira opção economiza de 10 a 15 cm, o que pode ser decisivo em
banheiros com a parede frontal muito próxima do usuário. Além disso, a hydra é menos exposta ao risco de quebra do que a descarga acoplada. Já no quesito manutenção, a vantagem fica para a acoplada, na qual todos os componentes são facilmente acessíveis e muitos defeitos podem ser corrigidos até pelos moradores da casa, dispensando um técnico especializado. Agora, analise as vantagens e desvantagens de cada sistema, veja o que mais se adapta às suas necessidades e boa obra!
ENTREVISTA
Gestão aprovada O engenheiro Victor Frota continua à frente do CREA-CE por mais três anos, em uma reeleição inédita nos últimos 30 anos da entidade
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ela primeira vez, desde a instituição das eleições diretas para presidente do CREA-CE, uma gestão é referendada para o segundo mandato. Para Victor Frota, que continua à frente da entidade por mais três anos, a aprovação é fruto principalmente do esforço por modernização, uma demanda dos profissionais e da sociedade. Nessa entrevista para Construção Ceará, ele fala dos desafios do órgão diante de um cenário de pouco crescimento para o setor de construção civil nos próximos anos. A economia do Brasil está vivendo um momento complicado e o setor da construção civil, como é um grande empregador de mão de obra, está sendo muito afetado. Isso, de alguma forma, traz consequências para as atividades do CREA? O empresariado, de forma geral, está em compasso de espera, aguar-
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dando que o cenário se descortine de maneira mais visível, do ponto de vista da economia e da situação política. Na realidade, os empresários ficam receosos de partir para novos investimentos e não terem o retorno desejado, ou que ele seja retardado em função dessa insegurança econômica que estamos vivenciando e que repercute em todas as áreas. Não há dúvida de que a construção civil é muito atingida, porque são demandas que demoram dois, três ou até seis anos, dependendo do tamanho do empreendimento que vai se realizar. Com relação ao investimento público, o próprio governo, em função da situação econômica, está retardando suas liberações de recursos destinados a obras públicas. Então, de um lado ou do outro, dentro do contexto da construção civil, a situação atual está afetando e o CREA. Nos dois primeiros meses do ano, caiu o número de Anotações de Res-
ponsabilidade Técnica (ARTs), que englobam serviços, projetos e obras. É um sinal de que, realmente, caíram os investimentos nas modalidades profissionais abrigadas no sistema CONFEA-CREA. Essa queda foi entre 15% e 17% nestes dois primeiros meses, em relação ao ano passado, e isso é um reflexo do momento político e econômico que está marcando o nosso país e o nosso estado. De que forma o CREA está lidando com isso? Como tem sido a adaptação da entidade? Estamos segurando nossos investimentos em função da queda da receita vinda das ARTs. Da mesma forma que o governo e o empresariado, estamos adiando esses investimentos para que amanhã não comecemos e tenhamos dificuldade para concluir. Com relação à sua reeleição para a presidência do CREA,
esse não é um fenômeno comum na história de entidade. A que o senhor atribui a sua reeleição e qual a sua avaliação desse novo voto de confiança que deram para a atual administração? Primeiro é importante ressaltar que o CREA-CE é o único conselho que faz eleição direta para presidente, porque todos os demais são através de chapas, que têm os membros da diretoria e os conselheiros. Antes dessa eleição ser instituída, há cerca de 30 anos, era feito um rodízio das categorias profissionais no âmbito do plenário. Sobre a reeleição, foi a primeira vez, nestas três décadas, que tivemos uma candidatura única. Isso nos deixou surpresos e, ao mesmo tempo, satisfeitos, porque não foi fruto de acordo nem de acertos políticos, simplesmente não apareceu quem viesse disputar. A leitura que se faz é que eu era tão favorito na disputa que os demais achariam que não seria interessante entrar porque dificilmente iriam obter êxito. Mas nós fizemos por onde merecer isso. No nosso primeiro mandato, implementamos tudo aquilo que estava no nosso projeto apresentado por ocasião na candidatura em 2011, relativo ao triênio 2012-2014. As propostas consistiam basicamente na modernização do conselho e no aumento da sua visibilidade perante a sociedade e os diversos segmentos da economia, na interiorização e no esforço para facilitar a vida dos nossos colegas. O CREA mais do que dobrou as suas inspetorias no interior, fruto de um projeto criterioso. Nas regiões onde foram implantadas as inspetorias, modernizamos a área de Tecnologia da Informação (TI) e o atendimento. No início da nossa gestão, os postos eram superlotados. Hoje implementamos condições para que os profissionais resolvam o máximo possível das demandas nos seus escritórios, nas suas casas,
Acredito que foi uma série de realizações que levou a esta reeleição sem disputa
nos seus locais de trabalho e não precisem estar presencialmente no CREA. Acho que isso deu uma visibilidade muito boa para a nossa gestão e conforto para os nossos colegas. Também ressalto as homenagens que instituímos. Nós disseminamos a cultura de homenagear, imortalizar os nomes de pessoas importantes para o conselho e isso criou uma interação muito grande com as famílias, com os colegas. Acredito que foi uma série de realizações que levou a esta reeleição sem disputa. E o mais importante, que me deixou muito gratificado, foi que mesmo sendo uma candidatura única, eu recebi 20% a mais de votos do que na primeira eleição, quando houve uma grande disputa. O senhor falou de medidas como modernização, interiorização, profissionalização, estes investimentos que o CREA fez e destacou também o aumento da visibilidade do conselho. Na sua avaliação, isso contribuiu para mudar a mentalidade da população sobre a necessidade da obra ter um profissional para fazer avaliação. Para a atual gestão, essa cultura está mudando no Ceará? Acho que sim. Nós observamos que o exercício ilegal da profissão ainda existe, mas temos investido todo ano em treinamento e em melhores condições de trabalho. Nossa fro-
ta de veículos está sendo renovada e equipada, hoje é controlada por GPS, e os fiscais têm tablets para facilitar o trabalho. Também estamos sempre dando condições físicas e treinamento para a fiscalização. Todas essas medidas têm tido como resultado o desestímulo ao exercício ilegal. Como consequência, quem costumeiramente trabalhava de forma irregular está procurando se legalizar. Acho que é por isso, inclusive, que tem diminuído a quantidade de autuações. Sobre os eventos que o CREA tem programado para este ano no Ceará, o senhor poderia falar deles? Nossa gestão também teve esse outro lado: temos procurado interagir nacionalmente com o Conselho Federal e com os demais conselhos. Já no meu primeiro ano como presidente, em 2012, realizamos aqui o Colégio de Presidentes do CREA, que é um órgão consultivo da presidência do Conselho Federal. Reunimos todos os presidentes de CREAs e, no encerramento, nós inauguramos, com a presença do Conselho Federal, a Praça dos Engenheiros, na esquina das avenidas Padre Antonio Tomás e Engenheiro Santana Junior. Foi criado um espaço físico, um reconhecimento em homenagem aos profissionais de Engenharia do nosso Estado que até então não existia. Também realizamos aqui, por duas vezes, a reunião do Colégio de Presidentes dos CREAs do Nordeste, quando assumimos a coordenação em 2013. E agora vamos, pela segunda vez, em abril, realizar a reunião do Colégio de Presidentes dos CREAs entre 22 e 24 de abril. E em setembro vamos realizar a Semana Oficial da Engenharia e Agronomia (SOEA). É a quarta vez que esse evento é sediado no Ceará, sendo que a última foi em 1996. Portanto, ele retorna 19 anos depois. É um en-
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contro que normalmente é disputado pelos 27 CREAs porque dá grande visibilidade. Na semana em que ele é realizado, todas as atenções da Engenharia nacional se voltam para a cidade sede. Agora estamos trabalhando nos preparativos. Existe uma comissão nacional do Conselho Federal - porque a SOEA é uma realização do Conselho Federal junto com o Conselho Regional que está sediando. Existe a CONSOEA (Comissão Nacional de Organização da SOEA) e o coordenador é o próprio presidente do Conselho Federal e o coordenador adjunto é o presidente do Conselho Regional do estado sede, no caso, o Ceará. Já definimos logomarca, convite para lançamento e todo o eixo principal das discussões da SOEA 72 que ocorrerá em setembro. Qual é a expectativa do número de participantes do evento? Estamos estimando mais de 4 mil participantes, com base nos números de anos anteriores. Além da SOEA, vai ser realizado o Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia (CONTECC). O senhor poderia falar sobre esse outro evento? A SOEA é realizada há 72 anos e até a edição de número 70 ela tinha só o viés de palestras. Na de número 71 isso foi corrigido, porque a falta de um viés técnico e científico era muito criticada por um grande número de profissionais, e isso foi assimilado pelo Conselho Federal. A edição passada foi um sucesso, mais de 600 trabalhos técnico-científicos foram apresentados, aproximadamente 400 selecionados e 21 premiados. Vale lembrar que neste ano, além da SOEA e do CONTECC, tere-
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Em linhas gerais, iremos continuar com a modernização do conselho e com o aprimoramento da sua função institucional
mos uma exposição e uma feira de inovações tecnológicas. Dentro do Centro de Eventos do Ceará, vamos disponibilizar 5 mil metros para a realização desta feira. Ao todo, os eventos irão ocupar 13 mil metros quadrados. Esses eventos, na sua avaliação, são uma boa oportunidade para as faculdades de Engenharia do Ceará mostrarem o que estão desenvolvendo em termos de inovação? Não tenho a menor dúvida. Nós, inclusive, mandamos convites para todas as universidades, institutos e faculdades do Estado. A meta é que estas instituições de ensino estimulem seus alunos e professores a participar com trabalhos técnicos. Voltando aos projetos do CREA para 2015, o senhor falou que, por causa das incertezas da economia deste ano algumas ações foram reavaliadas. Dá para dizer o que vai ser mantido e o que está incerto?
Se você analisar meu plano de trabalho para a segunda gestão, ele é uma continuação da primeira. Foram dez itens na primeira gestão e outros dez na segunda, mas que dão continuidade às ações já implementadas. Em linhas gerais, iremos continuar com a modernização do conselho e com o aprimoramento da sua função institucional, equipando melhor as inspetorias - desta vez serão 17, ao invés das oito iniciais. Isso vai ser a tônica da nossa gestão, e há um ponto alto que quero deixar como marca: todos os processos tramitando eletronicamente, ou seja, vamos acabar com a tramitação física, de papel. Essa é minha grande meta para os próximos três anos. Então as metas são para toda a gestão. Todas as metas são para o triênio. Se vamos implementar logo ou não, vai depender da situação do conselho em termos financeiros e isso decorre do contexto econômico-financeiro do país. De imediato, estamos, por exemplo, concluindo a instalação da inspetoria da Região Metropolitana II, em São Gonçalo. A meta é inaugurar o prédio em maio ou junho. Também estamos também concluindo o projeto da inspetoria de Quixadá, que hoje funciona em um prédio alugado que já está deixando muito a desejar. Vamos, nesse ano, iniciar sua construção. Em outra ação, assinamos uma escritura de terreno para outra inspetoria em Tianguá. E temos outro projeto para uma inspetoria nova em Juazeiro do Norte. Resumindo, há essas três novas inspetorias no nosso planejamento. Não posso dizer se vão começar a ser construídas ou serão concluídas no ano de 2015. Posso dizer que irei fazer neste triênio.
FORTALEZA EM FOTOS
O primeiro telefone de Fortaleza Modernidade causou comoção na capital cearense e foi até notícia em jornal, no fim do século XIX Por Fátima Garcia
A
capital cearense falou pela primeira vez ao telefone no dia 11 de fevereiro de 1883. Aquele dia amanheceu com um alvoroço incomum, nas ruas não se falava de outra coisa. A Casa Confúcio, pertencente a Confúcio Pamplona, situada na rua Major Facundo n° 59, estava apinhada de gente. Entre os convidados, comerciantes, autoridades e muitos curiosos que para lá se dirigiram para assistir a inauguração solene do primeiro telefone que Fortaleza ia ter. O sistema já havia sido testado e apresentado resultados satisfatórios. O instalador e técnico da engenhoca, complicadíssima para a época, era o holandês John Peter Bernard, que andava atarefado de um lado para outro, dando os últimos retoques para que nada falhasse. O outro aparelho estava instalado na praia, na residência de José Joaquim Farias, no Largo
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da Alfândega. O centro telefônico era na Praça do Ferreira. À hora aprazada deu-se a primeira ligação. Foi um sucesso indescritível, a emoção era grande entre todos os assistentes. Os comentários eram os mais disparatados, e não havia quem não quisesse experimentar o invento maravilhoso. E foi uma troca interminável de felicitações através dos
fios, que durou a manhã inteira. O aparelho telefônico, de construção bem primitiva, com um formato descomunal, pregado à parede, causou admiração a todos. O som das campainhas e a nitidez da voz distante constituíram o assunto predominante das conversas. A Gazeta do Norte, referindo-se ao mesmo, classificou-o de “aparelho muito moderno e que funciona com uma perfeição admirável”. E prosseguindo nos comentários, adiantava que era “um grande melhoramento para a capital e muito aproveitaria ao público, especialmente ao comércio”. Tão grande melhoramento Fortaleza ficou a dever ao comerciante Confúcio Pamplona, cearense de visão, proprietário da primitiva empresa de telefonia. A novidade do telefone trouxe para Fortaleza uma série de confusões humorísticas e um infindável repertório de piadas acerca do uso do aparelho. Contava-se que certo dia, o comerciante Jesuíno Lopes, ao comunicar-se com a Casa Boris, a
fim de informar-se se havia pregos à venda, tivera o seguinte diálogo com o vendedor da loja: - Vocês têm prego? - perguntara - De que tamanho? - interpela o caixeiro. - Deste tamanho aqui - respondera Jesuíno do outro lado da linha. A empresa de telefonia de propriedade de Confúcio Pamplona progrediu e aumentou o número de assinantes, que subiu para 60. Em 10 de setembro de 1891, quando se constituiu em sociedade autorizada pela Intendência Municipal, sob a denominação de Pamplona, Irmão e Cia, já possuía 120 assinantes. Além do telefone, Confúcio Pamplona trouxe para Fortaleza outras novidades, como a primeira varanda de ferro, colocada em sua residência na Praça do Ferreira. Mas a Intendência não concordou com a inovação e cassou-lhe a licença que já havia sido concedida. A alegação foi de que cegos que andassem pelas calçadas poderiam esbarrar e ferir-se naquelas grades de ferro.
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MATERIAL
Sérgio Melo é consultor da SM Consultoria Empresarial www.smconsultoria.com.br
Tributação no segmento da construção civil Iguais na atividade, mas desiguais na carga tributária
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segmento da construção civil, como também o fazem outros segmentos, busca copiar procedimentos praticados por outras empresas da sua área de atuação. E é aí que mora o perigo! Antes de copiar o que a outra empresa do mesmo setor está fazendo em relação à tributação (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS), é necessário ser feita uma avaliação cautelosa das condições intrínsecas da própria empresa e decidir pela melhor opção. O cardápio de alternativas é variado: SPEs, SCPs, Patrimônio de Afetação com ou sem o RET, Lucro Presumido, Lucro Real. O grande problema, e muito provavelmente o que deve gerar grandes autuações do fisco federal, está na captação de recursos para implantar empreendimentos imobiliários atra-
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vés de SCP - Sociedades em Conta de Participação. Agora mais ainda após a obrigatoriedade do CNPJ e SPED. Para cada uma dessas possibilidades há que se fazer um exame dos efeitos tributários sob pena da opção escolhida parecer ser a melhor alternativa, mas, de fato, ao final do ano-calendário, ficar comprovado que a escolha não se mostrou ser a mais eficiente. E o pior é que, em muitos casos, além da escolha não ter sido a melhor, a empresa passa a ter um conjunto de contingências e muito provavelmente, no futuro, se verá diante de autuações por parte do fisco federal. A princípio, as transações imobiliárias com permutas de terreno é algo muito comum no segmento da construção civil, mas, na prática, a tribu-
tação pode diferir de empresa para empresa. Permutas com financiamento da obra, por exemplo, podem ter tratamento tributário diferente se o empreendimento for feito com recursos próprios. Outro cuidado que se deve ter é com os termos e cláusulas da contratação, quando a venda das unidades imobiliárias é feita ainda na planta para entrega futura. Dependendo do contrato e da opção pela tributação do IRPJ/CSLL, os tributos poderão ser legalmente postergados, aliviando o fluxo de caixa das construtoras/incorporadoras. Cada caso é um caso. Em resumo, o que parece igual entre empresas construtoras/incorporadoras, pode ser muito diferente. Por isso não copie, mas avalie o seu caso particular.
TECNOLOGIA
A vida que vem do chão A extração de água do subsolo é uma das alternativas para enfrentar a escassez do recurso no Ceará. Mas ela precisa ser feita de forma criteriosa e com supervisão técnica
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m uma terra árida como o Ceará, o uso de águas subterrâneas para abastecimento é um expediente bastante comum, principalmente no interior do Estado. Para quem pensa em recorrer ao recurso, no entanto, é preciso deixar claro que perfurar um poço não é uma tarefa simples. Na verdade, é uma obra de Engenharia que precisa de vários cuidados para evitar não só o prejuízo de fazer um
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considerável investimento e não encontrar água em quantidade suficiente, mas também de causar danos ao solo ou acidentes. Segundo o geólogo José Vitoriano de Brito, sócio-proprietário da Consultoria e Geologia de Campo (Cageo) e presidente da Associação Profissional dos Geólogos do Ceará (APG-CE), poços até 20 metros são mais simples e podem ser escavados ma-
nualmente. A partir daí, são usadas máquinas que, dependendo do tipo, são capazes de chegar a grandes profundidades. “Alguns equipamentos trabalham com até dois mil metros”, afirma. Ele lembra, no entanto, que no Ceará as perfurações mais expressivas ficam, no máximo, a 800 metros. O especialista ressalta que vários cuidados precisam ser tomados no processo de perfuração de um
poço. O primeiro deles é contar com um geólogo ou um engenheiro de minas. Ele irá emitir a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), documento que atesta a legalidade do processo. É através da análise do profissional especializado que será possível determinar a profundidade para garantir uma vazão mínima e um processo de escavação que considere as características do solo, evitando o risco de incidentes como desabamentos, por exemplo. Sobre a vazão, Pedro Demes, proprietário da PHD Geotécnica e Construções, informa que esse é um parâmetro importante e que deve ser respeitado sempre. A capacidade de fornecimento de água do poço
leva em conta o volume disponível e a reposição através das chuvas. Se a retirada for maior que a recomendada, o poço pode secar. Ele lembra que, no Ceará, por conta da escassez e da irregularidade das chuvas, as vazões não são muito altas. “Para um poço valer a pena, considera-se um mínimo de 3 m³ por hora”, afirma José Vitoriano (cada m³ equivale a mil litros). Mas ele explica que nas zonas rurais do Ceará, por causa da necessidade, até reservatórios com 1 m³ por hora são usados. Depois de definida a vazão ideal do poço, a bomba usada para puxar a água precisa ser regulada para trazer apenas até o limite determinado. Um cuidado importante, depois
do poço em operação, é garantir a qualidade da água. Edvando Pinto de Moura, operador de máquina da Só Poço Perfurações, destaca que se o proprietário do terreno precisar fazer uma fossa, ela precisa ficar a pelo menos 100 metros de distância da fonte de água, para evitar risco de contaminação por coliformes fecais. Sobre o investimento necessário para cavar um poço, José Vitoriano dá valores por metro perfurado e afirma que a variação é considerável: começa em R$ 60,00 e pode chegar a até R$ 500,00. Tudo vai depender de parâmetros como tipo do solo, profundidade, qualidade do trabalho da empresa perfuradora e máquinas usadas. Na zona litorânea, por exemplo, o piso é mais arenoso. Já no Sertão Central, predominam as rochas. Para cada situação, as técnicas são diferentes. Apesar dessa grande variação, Edvando dá um valor médio, com base na experiência cotidiana da empresa: para um poço de 60 a 70 metros de profundidade, o custo fica entre 15 mil e 17 mil reais.
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FIQUE LIGADO
Márcio Alcântara Pinto é Gerente de Relacionamento da distribuidora SV Elétrica
Feitos de história
“O
lhando para as velhas lápides, não posso deixar de reconhecer que vidas inteiras estão agora diante de mim, reduzidas a duas datas por um pequeno traço. Algumas placas incluem fatos ou citações, versículos bíblicos ou lembranças tocantes, mas a vida de cada pessoa consistiu na verdade naquilo que aconteceu entre aquelas duas datas. Resume-se ao eu abrange o traço. Olho para o traço da lápide de uma pessoa em particular e penso: “Pelo que ela viveu? Quem ela amou? Quais foram suas paixões? Quais foram seus maiores erros e principais arrependimentos?”. Quando paramos para pensar, vemos que não temos controle sobre muitas coisas na vida. Não decidimos onde iríamos nascer, quem seriam nossos pais ou em qual período histórico ou cultura viveríamos. Tampouco decidimos as datas colocadas em nossa lápide. Não sabemos quando nosso tempo aqui acabará. Pode ser na semana que vem, no próximo ano ou daqui a muitas décadas. Somente Deus sabe. Nossa vida está nas mãos dele,
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mas há uma coisa sobre a qual temos bastante controle. Precisamos decidir como vamos usar nosso traço.” Trecho do Livro “Um mês para viver” de Kerry & Chris Shook A vida nos propõe desafios diários onde precisamos nos desdobrar para finalizarmos cada etapa com o “caixa positivo”. No entanto, muitas dessas missões estão ancoradas em fatores e situações incontroláveis e sobre as quais não temos sequer possibilidade de interferência a nosso favor. Não somos, por outro lado, agentes passivos, solitários de um barco sem rumo em alto mar. Embora dependamos de muitas outras pessoas e circunstâncias, atuamos de forma livre e influente em cada empreendimento. Deve ser por isso que Martin Luther King Jr. disse certa vez que “nós não somos fazedores de história. Nós somos, sim, feitos de história”. A incerteza, embora nos pareça à primeira vista algo desnorteador, nos instiga a fazer tudo com o máximo de perfeição possível para que acreditemos ter maior segurança de que a
probabilidade irá, por fim, nos ajudar. Cada dia de novas experiências forja nosso caráter e nos define como pessoa e profissional. E “não fazer agora, é como economizar sexo para fazê-lo na velhice.” (Cláudio Tomanini) Precisamos de senso de urgência aliada ao senso de responsabilidade e uma boa pitada de equilíbrio. A prosperidade, dentro de limites razoáveis, é a obrigação moral de todo homem; que ele tenha como meta melhorar um pouco mais até o final de cada ano e, nesse sentido, se esforce. A decisão de como usar nosso “traço” é somente nossa e o esforço disciplinado nos conduzirá à recompensa. É-nos lícito e premente trabalhar com afinco e com a certeza que estamos fazendo o melhor de nós mesmos e para nós mesmos. Essa excelência redundará, fatalmente, na primazia dos serviços oferecidos aos clientes e tão desejados por todo inteligente empregador. A criação de significado por si só não virá. Afinal, “as pegadas na areia não são deixadas por quem fica sentado.” (Berberes) Façamos, portanto, a nossa parte!
TECNOLOGIA
O futuro está no sol Com custo decrescente dos equipamentos, a energia solar começa a ficar cada vez mais viável no Brasil, mesmo com os poucos incentivos que recebe no País
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nquanto na Alemanha, país europeu de clima gelado e pouca insolação, a energia solar já corresponde a 10% da matriz energética, o Brasil, com luz de sobra praticamente o ano inteiro, ainda patina nessa fonte renovável. A boa notícia, no entanto, é que mesmo aqui, onde tudo é mais caro e difícil que no resto do mundo, a eletricidade gerada a partir do sol começa, aos poucos, a se consolidar.
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Construção Ceará procurou três empresas especializadas em energias renováveis para saber como anda o mercado no Estado. De acordo com todas elas, a energia solar tem se mostrado cada vez mais viável. Não só pelo barateamento dos componentes, mas também por causa dos sucessivos aumentos de preços que a eletricidade nacional, vinda de hidrelétricas e usinas térmicas, tem registrado. “Com esses aumentos e as bandei-
ras tarifárias, ela ficou ainda mais vantajosa, tanto para residências quanto para indústrias”, afirma Francisco Bastos, diretor administrativo financeiro da Satrix. Ele lembra que além do custo mais alto no preço do kilowatt hora (kWh), o Governo Federal também autoriza elevações periódicas na conta de acordo com as despesas do sistema em cada mês – expediente que ganhou o nome de bandeiras tarifá-
Saiba mais
rias, às quais o executivo se refere. Atualmente, de acordo com Bastos, uma residência com uma família de quatro pessoas ou um pequeno comércio consegue tirar o investimento no sistema solar em um período que varia entre cinco e sete anos. “O custo tem caído de 10% a 15% por ano”, afirma. Ele também ressalta que existem linhas de financiamento exclusivas para energias renováveis, o que permite aos compradores usar a economia com a conta de energia tradicional para pagar as prestações. Para quem tem curiosidade sobre o custo de um sistema de energia solar, Juan Rapetti, diretor da Ener, informa que ele gira em torno de 12 mil reais para uma família com consumo médio de 180 kWh por mês (não sabe qual o consumo da sua casa? Basta olhar na conta, um gráfico mostra os valores). “Há cincos anos, o preço era o dobro”, diz Juan, para destacar como os custos vêm caindo consideravelmente. Segundo ele, o município do Eusébio, da Região Metropolitana de Fortaleza, tem sido o principal mercado consumidor dos equipamentos. Ele acredita que há muito potencial para crescimento no Ceará. Principalmente se forem retirados entraves burocráticos ainda existentes, como a cobrança de ICMS sobre a energia
excedente gerada pelos usuários e que pode ser negociada com as concessionárias. “Alguns estados já não cobram esse imposto”, conta. Segundo Davi Vieira, vendedor da Eco Energia, a implantação de um sistema de energia solar tem muitas vantagens. Para uma família que gasta cerca de 200 kWh por mês, depois de um investimento de R$ 15 mil a redução na conta de energia pode chegar a até 90%. “O sistema produz em seis horas o suficiente para o dia inteiro”, afirma, lembrando que o resto pode ser negociado com a concessionária em forma de créditos.
Um sistema de energia solar precisa, basicamente, de um conjunto de painéis e um equipamento chamado inversor (que converte a corrente gerada, contínua, em alternada, necessária para fazer funcionar os aparelhos elétricos). A área necessária para os painéis vai depender da necessidade de cada residência, mas o mínimo gira em torno de 12 m². Os painéis têm vida útil média de 25 anos e a manutenção é simples: basta fazer uma lavagem a cada seis meses apenas com água. Já o inversor precisa dos mesmos cuidados de um equipamento eletrônico doméstico.
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DICAS
É possível economizar Com a eletricidade custando cada vez mais, que tal conferir dicas de um especialista para diminuir o consumo e aliviar um pouco o bolso? Confira as instruções fornecidas por Nelson Volyk, gerente de engenharia de produto da SIL Fios e Cabos Elétricos
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uais as medidas mais simples e imediatas para economizar energia em uma residência? As ações mais básicas são reduzir o tempo dos banhos com chuveiros elétricos, sempre apagar as luzes quando sair de algum ambiente, não ligar todas as luzes de só vez nos cômodos com mais de um circuito de iluminação, manter portas e janelas fechadas quando usar o ar condicionado, abrir e fechar rapidamente a geladeira e evitar ligar o ferro para passar apenas uma peça. Também não podemos esquecer o estado da instalação elétrica. Sem manutenção, ela pode conter pontos de perdas, nos quais há consumo de energia mesmo sem uso. Em instalações elétricas velhas, a simples manutenção não resolve, é necessário fazer a troca de todos os fios e cabos elétricos, principalmente para garantir a capacidade de fornecimento da energia necessária nos dias atuais. Antigamente, o consumo de energia elétrica em uma residência era bem
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menor do que hoje. Os primeiros chuveiros elétricos tinham menos de 3.000W de potência e hoje é normal encontrar esses equipamentos com 7.500W. Que aparelhos consomem mais energia e como fazer para que eles reduzam o consumo? Aparelhos que possuem resistência elétrica como chuveiros e torneiras elétricas, secadora de roupas e ferro de passar roupas são os maiores consumidores de energia elétrica em uma residência. Depois temos produtos que não possuem o funcionamento baseado em resistência elétrica, mas ficam ligados por um longo período, fazendo com que se tenha um consumo significativo, como aparelhos de ar condicionado, geladeiras e freezers. Para estes últimos, é recomendável trocar os antigos ou desatualizados por modelos mais novos e eficientes. É vantajoso investir em lâmpadas de LED, mesmo sendo mais caras
que as comuns? Esse investimento inicial se paga rapidamente? Existe ambientes onde a iluminação fica ligada o dia inteiro ou a noite inteira. Nesses casos, é fundamental trocar lâmpadas convencionais pelas que têm tecnologia de LEDs. É possível regular eletrônicos com tela (computadores e TVs) para que eles gastem menos energia? A mudança no brilho implica em redução substancial? A redução do brilho de uma tela de monitor diminui o consumo, mas isso pode ser insignificante, considerando o gasto de energia total do aparelho. É possível, no entanto, fazer a regulagem do chuveiro elétrico e dos aparelhos de ar condicionado. Isso traz uma excelente economia de energia. O chuveiro não precisa estar na máxima potência. Já o ar condicionado pode ser regulado em uma temperatura agradável. Assim as pessoas não passam frio e se gasta menos energia elétrica.
MEIO AMBIENTE
SELVA DE
Tecnologia de construção promete compensar o impacto ambiental da invasão do concreto sobre o verde com material que consegue absorver a poluição atmosférica
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om um mundo cada vez mais habitado e a pavimentação tomando o lugar da vegetação, seria possível amenizar o impacto ambiental do progresso com materiais de construção que conseguissem ajudar a despoluir o ar? A empresa italiana Italcementi Group trabalhou para que a resposta a essa pergunta fosse sim. Para isso, ela desenvolveu o cimento branco i.active Biodynamic, produto que, segundo a fabricante, tem a capacidade de retirar poluentes da atmosfera.
O processo funciona mais ou menos da seguinte forma: quando recebe a luz direta do sol, o princípio ativo do cimento, batizado pela Italcementi de TX Active, captura gases derivados da reação química do oxigênio com o nitrogênio. Um desses gases é o dióxido de nitrogênio (NO2), elemento químico tóxico, formado a partir do monóxido de nitrogênio (NO) - este último vindo da queima de combustível no motor de carros ou em fornos industriais. O cimento especial tem duas grandes
aplicações que merecem ser citadas. Uma delas é o Palazzo Italia, espaço de exposição do país na Milan Expo 2015, evento mundial de nutrição e sustentabilidade que será realizado de 1º de maio a 31 de outubro de 2015. A outra é um trecho de aproximadamente 3 km de pavimentação na cidade americana de Chicago. No Palazzo Italia, segundo o escritório de Arquitetura Nemesi, responsável pelo projeto, um dos objetivos foi implementar um design com tecnologia inovadora e abordagem sustentável. Ele se baseia no conceito de uma “floresta urbana”, com o revestimento externo “ramificado”. A trama de linhas cria um jogo de luz, sombra, cheios e vazios, e gera uma espécie de edifício-escultura que lembra a forma de galhos e folhas. Além da aplicação do i.active Biodynamic, 80% da argamassa usada no prédio é composta de agregados reciclados, sendo que parte deles são pedaços de mármore da cidade italiana de Carrara, que é usado há séculos (a estátua “David”, do escul-
tor Michelangelo, por exemplo, foi feita com esse mármore) e conhecido mundialmente pela qualidade. Graças a isso, de acordo com o escritório de Arquitetura, o resultado final no Palazzo Italia oferecerá mais brilho que cimentos brancos tradi-
cionais na estrutura externa. Já a aplicação nos Estados Unidos é na Blue Island Avenue e na Cermak Road. Ambas compõem um trecho que a prefeitura de Chicago chama de “rua mais verde da América”. O cimento ecológico está na superfície da faixa de rodagem, que remove óxidos de nitrogênio, através de uma reação química desencadeada por raios ultravioleta da luz solar. Seu uso faz parte de um conjunto de medidas ambientais em todo o espaço que também incluem eliminação do uso de água potável para irrigação e uso de energia solar na iluminação pública, entre outras.
Saiba mais O TX Active é um princípio fotocatalítico que, segundo a Italcementi, pode ser incorporado a materiais de construção e tornar o ar dos centros urbanos consideravelmente mais limpo. A empresa garante, por exemplo, que a cidade italiana de Milão, metrópole com mais de 1,3 milhão de habitantes, seria capaz de reduzir em cerca de 50% a sua poluição atmosférica, caso 15% de sua superfície fosse coberta com revestimentos contendo o TX Active.
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PERSPECTIVA DE MERCADO
2015: fazer mais, melhor e por menos!
Por Flávio Portela flavio.portela@globo.com
Flávio Portela é executivo e palestrante, atua no mercado nacional e na América latina há 25 anos. É formado em Administração de Empresas com MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral-SP, pós-graduado em Relacionamento Sustentável com Clientes pela FGV-SP e pós-graduado em Excelência no Atendimento pela UFPE e em Mídias Digitais pela FGV-SP.
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atual cenário econômico e político é muito preocupante em nosso país, com seguidos escândalos que ganham cada dia mais presença nos noticiários e, que seguem aumentando a instabilidade interna refletindo na diminuição da credibilidade dos investidores em relação ao Brasil. A Petrobrás está perdendo a cada dia
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o seu valor de mercado, aumento de juros como nunca vistos para “segurar” a incontrolável inflação, crises energéticas e hídricas provocadas por falta de investimentos, enfim ...mais uma difícil etapa para os brasileiros enfrentarem, que com certeza já esta fazendo parte de uma fase negativa da nossa história. Bom, com este cenário não temos alternativas a não ser o que fazemos sempre como bons brasileiros, nos momentos mais complexos da nossa história, precisamos “arregaçar as mangas” e trabalhar ainda mais... precisamos de “trilhas e não de trilhos”, precisamos buscar alternativas com muita criatividade e comprometimento para continuarmos a fazer este país retomar o crescimento, para fazer as nossas empresas continuarem a crescer, caso contrário, teremos que sentar na calçada e chorar, e não combinamos com esta postura, correto? Vamos fazer mais, melhor e por menos ... isto é fazer a nossa parte. Nas próximas eleições, não vamos esquecer os nomes de quem “sangrou” este país. Chegou a hora de pensarmos como empreendedores, precisamos ver oportunidades onde outros vêem somente problemas e dificuldades. Precisamos ser perseverantes e ao mesmo tempo flexíveis para corrigirmos as rotas na hora certa. Em 2015 irá mais longe quem pensar como empreendedor, quem pensar
positivamente, quem buscar oportunidades. Pensar positivo não é ser ingênuo ou alienado, é fazer o melhor possível com os recursos que temos nas mãos. Este é o momento de pensar diferente, com o dinheiro mais curto, as empresas ficam atentas a profissionais que conseguem propor inovações (principalmente que envolvem redução de custos). Se a tendência é de diminuição de faturamento, precisamos aumentar a produtividade. Precisamos explorar o nosso talento para contribuirmos com este momento delicado de mercado. Não será a primeira vez que o Brasil passará por uma situação mais difícil, muito pelo contrário. Neste momento precisamos buscar profissionais mais experientes em crise para poder entender os caminhos que podemos utilizar. Em um mundo que está saindo de uma crise internacional, existem casos de superação por toda parte. E não podemos ser mais um grande exemplo? Mantenha a sua motivação pensando no futuro ... crises passam! Mantenha o foco no presente, pois é normal que a pressão aumente neste momento e que alguns ânimos se exaltem. Nos momentos de desânimos, evite pensamentos negativos e pessoas que te contagiam negativamente. Seja mais produtivo e improvise .... o Brasil, sua empresa e sua família precisam de você!!
NOVO OLHAR
Claudio Araujo claudioaraujo@secrel.com.br Êxito Consultoria www.exitotreinamento.com.br
Líder bilíngue A consolidação de um modelo de negócio eficiente passa pelo investimento na profissionalização dos gestores
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ano de 2015 iniciou-se conturbado em meio a tantas denúncias de corrupção no Governo e à necessidade urgente de elevar a arrecadação para equilibrar o fluxo de caixa do país. Diante disso, já é certo que a maior parte desse impacto recairá sobre a iniciativa privada. Neste momento a temática “eficiência operacional” vem à tona como estratégia para enfrentar o atual cenário da economia. Os sinais de crise já apontam para a redução de margem, elevação de juros e queda de consumo, logo,cabe ao gestor estabelecer o modelo de negócio com eficiência operacional e eficácia estratégica. A criação de modelo de negócio passa pela condição de profissionalizar os negócios, afinal, independente do porte ou ramo da empresa, somente as organizações com uma eficiente gestão estarão aptas a sobreviver. Quando falo em gestão, quero reforçar a necessidade de a empresa ter um planejamento mensurável e promover avaliações contínuas de seus resultados, permitindo a validação ou estabelecimento de suas estratégias. Quanto maior o nível de exigência
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provocado pelo mercado, maior a velocidade de preparação das empresas, fato este que tem sido observado nas dezenas de consultorias realizadas em pequenas e médias empresas do estado do Ceará. Um integrante necessário para o sucesso dos negócios é o líder operacional, ou seja,o profissional que faz o link entre a direção da empresa, onde são traçados os objetivos e estratégias, e a base da pirâmide, onde a equipe operacional faz acontecer frente ao cliente. A elaboração de um excelente plano estratégico não garante o sucesso do negócio, pois existe uma etapa crucial, que é levar as ideias do papel para as veias dos colaboradores, isso de forma alinhada e motivadora e, neste momento, é o líder operacional quem faz a diferença. A posição do líder operacional na pirâmide organizacional é de intermediário, o que reforça o seu papel principal, repassar as informações e garantir o bom retorno desta comunicação, ou seja, o bom líder necessita ser “bilíngue”, sim, ele necessita falar duas línguas. A primeira língua é para tratar de
forma técnica os conceitos, ferramentas e sistemas junto aos empresários, afinal hoje é imprescindível que um líder operacional entenda de estratégia, plano de negócio, viabilidade econômica e financeira, logística, mercado. A segunda língua é a do operacional, tratar de forma prática a tradução dos conceitos técnicos, fazer o operacional realmente entender, mas sem ter que “complicar” a linguagem. Caso não seja feita esta tradução, o colaborador operacional tende a criar uma resistência por achar que seja uma ação complexa. Experiências recentes vêm provando o diferencial de um Líder bilíngue na condução de planejamentos na prática; a velocidade e a credibilidade de implantação e correção do plano se multiplicam, isso faz com que a empresa ganhe em produtividade e rentabilidade. O Líder bilíngue ganha credibilidade e confiança da Direção e do Operacional. Veja no seu time como anda o tratamento de cada linguagem e fação investimento para uma efetiva adoção deste novo conceito.
CONSUMO
Quando o sonho começa no chão Comprar imóvel na planta exige alguns cuidados. Saiba como se prevenir para assegurar uma negociação tranquila e financeiramente viável
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reço um pouco mais em conta e expectativa de rápida valorização do bem, possibilidade de planejar melhor o orçamento, flexibilidade na negociação das parcelas. Essas são algumas das possíveis vantagens de comprar um imóvel na planta – ou seja, que ainda não foi construído. Essa prática, no entanto, demanda alguns cuidados para que o “sonho da casa própria” não se transforme em decepção. Inicialmente, é preciso saber que o comprador de um imóvel na planta precisa se familiarizar com a burocracia e a legislação que envolvem o setor imobiliário no Brasil. O primeiro conceito que ele deve aprender é o do “memorial de incorporação”. Trata-se de um documento obrigatório que prova a obediência
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da empresa que está negociando os imóveis de que ela atendeu as exigências da lei federal 4.591/64 (Lei do Condomínio). Emitido por um cartório de registro de imóveis, o memorial de incorporação é uma garantia de que a empresa não tem pendências jurídicas, débitos de tributos e de que o terreno não é motivo de nenhuma disputa judicial (uma partilha de herança, por exemplo). Ele é a garantia de que os compradores não terão problemas futuros – se a incorporadora tiver impostos não pagos, por exemplo, o terreno pode entrar na lista de bens da incorporadora que serão leiloados para quitar a dívida. Outro cuidado essencial é com o financiamento do saldo devedor. Ao longo do processo de construção
do prédio, os compradores negociam diretamente seus pagamentos com a incorporadora. Depois dele pronto, a diferença entre o preço do imóvel e o que já foi pago precisará ser financiada por um banco. E o dinheiro só é liberado se a instituição financeira aprovar o cadastro do comprador, considerando principalmente a renda mensal dele. Se o financiamento não sair, restará ao comprador desistir da compra, perdendo parte do que pagou (geralmente, 25% do dinheiro fica retido para cobrir custos administrativos, sendo devolvidos os 75% restantes), ou negociar o que deve diretamente com a incorporadora. Nesses casos, as taxas de juros são bem mais altas que as do financiamento bancário, resultando em uma prestação mais pesada.
Outros cuidados importantes para garantir uma boa compra de um imóvel na planta • Além do memorial de incorporação do terreno e do futuro imóvel, também é recomendável pesquisar o histórico da incorporadora, para saber se ela já atrasou a entrega em outras obras, ou se tem muitas queixas registradas em órgãos de defesa do consumidor • Geralmente as empresas se dão um prazo de 180 dias de possível atraso na entrega. Não há legislação que dê respaldo para esse período. Por isso, se o atraso acontecer, os compradores podem questiona-lo na incorporadora, buscando compensações, ou na justiça, caso não haja acordo • Durante o processo de construção, o ideal é tentar amortizar ao máximo o saldo devedor, através de adiantamentos. Além de facilitar a aquisição do financiamento bancário, a medida também ajuda a obter uma prestação mais baixa • Guarar todo o material publicitário sobre o futuro imóvel também é uma medida aconselhável. Ele pode valer como prova em questionamentos judiciais, caso o que for entregue seja diferente do que foi prometido • Tanto o contrato quanto as taxas cobradas pela incorporadora merecem ser cuidadosamente analisados, para que eventuais ilegalidades sejam questionadas. O ideal é consultar um advogado, antes da assinatura • É importante checar as informações sobre as áreas privativa, comum e total da unidade, assim como as medidas da garagem e os critérios de medição usados pela incorporadora.
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URBANISMO
Adeus à feira Cultivar horta no apartamento pode ser uma boa alternativa para fugir dos altos preços dos alimentos e garantir uma alimentação mais saudável
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ara quem tem costume de comer muitas verduras e aprecia alimentação natural, a inflação alta e os agrotóxicos usados na agricultura brasileira são dois motivos para pensar na possibilidade de cultivar em casa sua própria horta. Mas no espaço limitado das cidades, com a maioria das pessoas morando em apartamento, isso é possível? Fomos conferir com adeptos do cultivo de alimentos em pequenos ambientes
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e, pelos relatos, podemos dizer que, com um pouco de disposição, todo mundo pode ter sua plantação caseira, independentemente de onde viva. Segundo a jornalista e padeira Kerla Alencar, a experiência de cultivar a horta começou após a mudança para um apartamento de quase 200 m², em dezembro de 2013. “Ele tem uma varanda ampla e ensolarada”, afirma ela, lembrando que no imóvel onde morava antes não tinha conse-
guido cultivar as plantas por falta de sol. Segundo Kerla, o espaço não é a principal dificuldade para os agricultores urbanos. “A questão é ser uma horta doméstica em meio à louca vida urbana que levamos. Ela precisa de dedicação e tempo para regar com a frequência correta, observar e eliminar pragas e podar quando necessário”, explica. Uma prova de que o imóvel não precisa ser grande para que a horta dê
certo é a plantação da jornalista Wânia Caldas. Morando em um apartamento de 70 m², ela cultiva uma quantidade considerável de vegetais: manjericão, salsinha, cebolinha, hortelã, boldo, alecrim e pimenta. Para isso, usa a varanda e duas janelas. Satisfeita com o resultado, ela aconselha a experiência para qualquer pessoa que viva em imóveis compactos. “Exige certa dedicação, como tudo na vida, mas vale muito a pena. O apartamento fica mais bonito e ainda tem o fato de não estragar o alimento que sobra quando compramos no supermercado”. Frankin Maia, paisagista e socio-proprietário da empresa Ambiental Design, garante que só existem vantagens na prática de cultivar a horta caseira. Segundo ele, além de não precisar de espaço, ela também representa um investimento inicial baixo. As plantas podem ser colocadas em vasos de cerâmicas, canos de PVC ou vasilhas plásticas. “Também pode-se abusar da criatividade e reciclar elementos como latas de leite, caixas de suco e pneus pendurados”, diz ele, destacando que tudo vai depender da configuração do espaço disponível e do gosto pessoal. Os outros elementos, explica Franklin, são o adubo e as sementes. Essas últimas, de acordo com ele, custam de 50 centavos a cinco reais por unidade, o que também não re-
presenta um grande gasto. Depois de montada a horta, o paisagista ressalta que não é preciso ter varanda, necessariamente, para o cultivo. “Dependendo da luminosidade, até na bancada da cozinha é possível manter”, diz ele. Sobre os vegetais que podem ser cultivados, a lista é bem extensa e inclui cebolinha, coentro, pimenta de cheiro, pimenta dedo de moça, salsa, tomate, pimentão, orégano, tomilho, alecrim e alface. Para quem leu tudo isso e ainda não criou coragem, os entrevistados por Construção Ceará têm uma opinião unânime: é só começar e ter persistência. Tendo cuidado com a fertilidade do solo, a irrigação e a quantidade ideal de luz, as plantas respondem bem. “Erra-se muito até aprender a lidar com elas, a gente acha que está fazendo tudo errado, quando vê a plantinha morrer. Já recomecei minha horta diversas vezes,
mas não desisto. É muito bom ver a planta crescer, poder utilizá-la na sua comida, sentir o frescor e o cheiro”, garante Kerla.
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TECNOLOGIA
s e d a d i C
s a d a t c cone
Fortaleza começa a investir no acesso público e gratuito à Internet. O serviço é usual em grandes metrópoles mundiais e está aos poucos chegando ao Brasil
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om cada vez mais pessoas conectadas através de dispositivos móveis, as cidades têm investido no acesso público e gratuito da rede através de wifi. Já usual em metrópoles mundiais como Nova York, Hong Kong e Paris, o serviço começa a se disseminar pelo Brasil. Em Fortaleza, ele passou a funcionar em dezembro do ano passado. A iniciativa é da Prefeitura de Fortaleza e está sendo implantada através da Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação (Citinova). Hoje, o acesso está disponível em seis locais da cidade (veja quadro abaixo). Para se cadastrar, o usuário
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pode acessar de casa (se já tiver seu acesso próprio à Internet) o endereço wifi.fortaleza.ce.gov.br e, após fornecer o e-mail durante o cadastro, recebe uma mensagem com um link para ativação. Se já estiver na praça, ele precisa procurar a rede “Fortaleza_WiFi” na lista que aparece no celular ou tablet e fazer o login, se já for registrado, ou fazer o cadastro na hora. Segundo o presidente da Citinova, Vasco Furtado, o projeto está em fase de análise de cobertura e os termos de uso do serviço ainda estão sendo definidos. Quem quiser dar sugestões, inclusive, pode faze-lo
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através do Fortaleza Participa, espaço criado pela Prefeitura de Fortaleza para estimular a participação pública em projetos de interesse social. O endereço para receber as colaborações é participa.fortaleza. ce.gov.br/home. “Hoje, o tempo de uso é ilimitado, mas a meta é estabelecer um limite, para que o serviço seja usado pelo maior número possível de pessoas”, explica Vasco. Ele ressalta que um dos objetivos do wifi gratuito é beneficiar moradores de Fortaleza e turistas. O serviço faz parte do projeto Fortaleza Inteligente, conjunto de iniciativas que pretendem criar um ambiente fa-
vorável na cidade para que o acesso e a produção de informações contribuam para melhorar a qualidade de vida da população.
Locais com wifi gratuito em Fortaleza Passeio Público Praça da Estação Praça José de Alencar Praça do Ferreira Parque das Crianças Praça Coração de Jesus
ARQUITETURA
MOLESKINE
Cuidados com os detalhes Para atender fregueses atentos e exigentes, proprietários de bares e restaurantes de Fortaleza têm se preocupado cada vez mais com a decoração e o projeto arquitetônico dos locais
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ara cativar os clientes, um restaurante ou um bar só precisa ter bom serviço e produtos de qualidade, certo? Na verdade, essa equação não é tão simples e hoje os empreendedores que querem ser bem sucedidos em seus negócios de entretenimento precisam se esforçar um pouco mais. Além de fazer questão de serem bem atendidos, os frequentadores desses locais também querem ambientes agradáveis, bem decorados e confortáveis. Isso tem causado aumento da procura pelo trabalho de empresas e profissionais especializados. Segundo o arquiteto Marcos Mon-
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teiro, ele tem registrado, em sua rotina, a demanda maior por projetos de decoração de estabelecimentos comerciais. “O público está mais exigente”, explica ele, que foi responsável por um projeto relativamente recente: o Moleskine Gastrobar, aberto ano passado. Com 600 m² e cinco ambientes, o espaço foi projetado, de acordo com o profissional, para combinar sofisticação e rusticidade na medida certa. “A proposta foi criar um ambiente descolado, para um público jovem que viaja muito e tem referência de bons lugares em outros países do mundo”, afirma Marcos. Ele desta-
VIGNOLI
COUNTRY VILAGE
ca o uso de aço e tijolos aparentes, sofás feitos de jeans recortado e luminárias feitas de forma artesanal como exemplos dessa preocupação. Tudo, no entanto, sem comprometer o conforto e a funcionalidade. Essa busca por diferenciação, com o cuidado de chamar a atenção dos visitantes, também tem relação com os novos tempos de interação via redes sociais, na avaliação da arquiteta Claryanne Aguiar. “As pessoas, quando chegam nos locais, gostam de tirar fotos do local e postar, destacando a beleza ou a singularidade dos ambientes”, lembra ela.
A profissional foi responsável pelo projeto do Country Village, bar e churrascaria temático que foi projetado tendo como referência os saloons do Velho Oeste dos Estados Unidos. Nesse caso, o trabalho foi uma combinação do conhecimento de Claryanne com a preferência do proprietário Tarciso Alencar, fã declarado desse universo. Segundo Tarciso, o resultado final e o comportamento dos clientes comprovam o que a arquiteta afirmou. O local, com muita madeira – material pouco usual nas construções cearenses – chama a atenção das pessoas.
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DELITALIA
“Os clientes ficam fascinados com a decoração, batem fotos”, afirma ele. Além da vantagem de criar um ambiente com mais identidade, o cuidado com o projeto do bar também pode resultar em ganho de tempo e objetividade. Segundo Régis Nobre, Um dos sócios do Coppa Bar, isso foi essencial para garantir o bom resultado do espaço, que foi construído em uma antiga residência, com área total de aproximadamente 570 m². “A ideia era aproveitar o que já existia, fazendo o mínimo de intervenção possível e tirar a imponência e o luxo da casa, para não passar a ideia de um lugar caro ou sofisticado demais”, explica ele. Para isso, a prioridade foi criar um ambiente com elementos simples, mas aconchegantes. O resultado do trabalho do escritório Trê Arquitetura e Design, na avaliação de Régis, foi o esperado. “Recebemos elogios dos clientes, que perguntam quem fez o projeto”, afirma. Além do auxilio de profissionais, o projeto do estabelecimento pode contar com as habilidades artísticas do proprietário. Esse foi o caso da rede de restaurantes da Pizzaria Vignoli. Segundo o departamento de
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marketing da empresa, o chef Cláudio Vignoli, fundador do estabelecimento, é colecionador de antiguidades. E seu acervo ajuda a compor os ambientes. Vale ressaltar, ainda, que é Cláudio é artista plástico. “Usamos peças como máquinas fotográficas, bicicletas, instrumentos musicais, telefones, rádios, vitrolas, além das placas com mensagens publicitárias”, informa a empresa. O resultado é um alinhamento da paixão do proprietário por peças antigas com o objetivo de dar um ar mais acolhedor e intimista para os restaurantes.
A experiência de investimento em um bom projeto também pode garantir outro benefício: a longevidade. A Empório Delitália, por exemplo, fez o seu em 2002 mas, segundo o diretor comercial do estabelecimento, Eduardo Albuquerque, o trabalho do arquiteto Racine Mourão foi tão bem sucedido que até hoje não precisou de mudanças. “Fizemos o projeto para que durasse muito tempo”, explica Eduardo, ressaltando detalhes como o pé direito alto, que dá imponência ao local, e a estrutura metálica aparente.
COPPA