FOGO. una revista para la gente inconforme by mauricio gravana

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Wagner Pinto Sao Paulo - Brasil

lost Vagner Pinto

illus tra n

Mauricio Gravana

tio

ILUSTRADORES SE PROPAGAN RÁPIDO. Y BUSCAMOS POR EL MUNDO 5 TIPOS MUY INTERESANTES DE TRAZOS QUE HABLAN POR NUESTRO TIEMPO. DE AQUÍ HASTA LA PRÓXIMA REVISTA MUCHOS OTROS SALDRAN A LUZ. ESTAREMOS ESPERANDO.

agner cria o tempo todo. Publicitário y artista plástico em tempo integral

O espaço expositivo se transforma em um terreno fértil e onírico para a mais livre e incomum interpretação. A idéia é trazer para a superfície, para os olhos e sentidos do espectador um universo flutuante onde até ondas de pensamentos ganham ritmo, harmonia, corpo e cor, tornando o invisível visível ao olho humano, dando assim, um novo rumo à arte abstrata.pour ajouter leurs textes dans cette liste et demander ainsi l’aide de la communauté. Sckets de boteco de Wagner. O autor vai escrever pra revista indignado mas designers nunca leem as letras miudas.

09 Revista Fogo

acaba de lançar ”Floating” - tour de 3 exposições na europa (Londres, Barcelona e Milão) - traz desenhos, pinturas e serigrafias inspirados no subjetivo ato de crer e na fusão de diferentes concepções religiosas e folclóricas. Os trabalhos materializam situações imaginárias, impulsos mentais e energias sutís que são representadas pelo vocabulário pictórico do artista com referência nas forças da natureza, mitologia dos orixás, ícones do candomblé e no mistério que ainda circunda a cultura da Ayahuasca. Para o artista esse universo sensorial é uma fonte inesgotável de possibilidades que nutre a imaginação e possibilita uma representação original e sem estereótipos estéticos de um assunto muito explorado da cultura brasileira.

uinze dias antes, Sylvia Faria Marzano, urologista, terapeuta sexual e diretora do Isexp (Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática), a agitação proporcionada por um dia atribulado aumenta a produção de adrenalina no corpo, o que pode prejudicar o sexo. “Esse hormônio está ligado à excitação, mas não ao prazer”, afirma. Ou seja, depois de uma noite de sono bem dormida, o sexo tem muito mais chance de ser gostoso. Isso porque, com a mente livre de preocupações, é mais fácil manter o foco na relação e no parceiro e aproveitar mais. “Além disso, há o cansaço muscular. Depois do sono, o corpo está refeito e mais

PRETTY MEANS Série de ilustraçoes criada para marca de skate na Guatemala

Andres Herrera Sosa Guatemala

CORTES TE

CAEN

BIEN

SÍGUENOS EN FACEBOOK Y PARTICIPA EN TODAS LAS PROMOCIONES.

michael kuntsche Daniela Santi

Peter Den Voltson

visiona

Michael Kuntsche

I LIKE THE IDEA OF THE RENAISSANCE, WHERE THE ARTIST WOULD OFTEN BE AN INVENTOR, A SCIENTIST AND A CRAFTSMAN

ichael Kutsche is an award-winning Conceptual Artist/ Illustrator/ 3d Artist and Fine Artist located in Berlin, Germany who has worked for the film and games industry since 1998. His experiences reach from artdirecting and animating commercials and music videos to lead design for (yet not finished) film projects. Between the paid jobs he keeps track of his own ambitious projects as a fine artist, always remaining true to his path as an autodidact.

15 Revista Fogo

Luchador arriba y ADC characters echo para revista Death Chefes.

Hi Michael. Tell us a bit about what you have been up to lately. I just got back from a week in Miami and am still trying to reaclimatise back to London. Back at work we are beginning our second year of Monocle and looking at how we can develop the design and art direction further for the second volume. How did you come to find yourself working on Illustrations Magazine? After moving to London I targeted a handful of dream design agencies that I wanted to work for. One of them was Winkreative which was owned by Tyler Brûlé, the founder of Wallpaper*. The agency had an amazing body work and a design sensibility that I really admired. Initially, I wanted a break from editorial and to get more corporate identity into my portfolio. I worked on some great international clients for

Winkreative and got to do some really fun jobs but when Monocle began to take shape I got caught up in the excitement and fell in love with editorial again. for Winkreative and got to do some really fun jobs but when Monocle began to take shape I got caught up in the excitement and fell in love with editorial again.

What were some of the challenges you faced when designing the magazine? As a start up magazine it wasn’t just about the design of the magazine but also the creation of a brand. We had to ensure that all the design for the accompanying elements like the website, stationery, press kits, marketing remained true to the brand. Also, while Monocle is a quite compact format, we also wanted to make the pages feel dense and full of content. One of the trickiest parts for me was working out how to get negative space into page layoutisual relief. I absolutely love the quality of life. The food and lifestyle are developing a great reputation worldwide and whenever I say that I am Australian, I get greeted with an enthusiastic response.

Revista Fogo

Arriba, Kids por Michael Kuntsche, BijingJapan, a esquierda Comming Home y a la derecha el Falso Claw

REFORME

SU BAﾃ前. AHORA

jesus Michael Kuntsche

Eliandro Ramos - blog-saturno-negro.blogspot.com

ha vu

el to MESES DEPOIS, JÁ EM BELÉM DO PARÁ, NASCE NJEH EZUSI,

Revista Fogo

PELAS MÃOS DE UMA PARTEIRA QUE ATENDIA ENTRE O BAR MANJEDOURA E O MOTEL TRÊS REIS.

Stencil fotografado em Sydney

STAMOS NO ANO JUDAICO DE 5740 ( OU 1980

COMO PREFEREM OS CRISTÃOS. O MUNDO, ATÉ ENTÃO DIVIDIDO ENTRE OS BRANCOS JUDEUS DA EUROPA E AMÉRICA DO NORTE E OS PARDOS E NEGROS DA ÁFRICA E ÁSIA, VIVE MOMENTOS DE TENSÃO SÓCIO-POLÍTICA POR CONTA DE GUERRAS ÉTNICAS. A ALTA CÚPULA DA COLIGAÇÃO ARIANO-JUDAICA OCIDENTAL RECEBE UM RELATÓRIO DE ESTUDIOSOS MÍSTICOS DA KABALLAH, ONDE OS ORÁCULOS CITAM PREVISÕES ALARMANTES PARA UM FUTURO PRÓXIMO. ESTE RELATÓRIO AFIRMA QUE, POR VOLTA DO ANO 5769 (O EQUIVALENTE AO NOSSO 2009), UM NEGRO TOMARIA O PODER DA MAIOR POTÊNCIA DO MUNDO OCIDENTAL. EM TEMPOS DE GUERRA, A INFORMAÇÃO FOI A DESCULPA QUE A COLIGAÇÃO PRECISAVA PARA SANCIONAR UM DE SEUS PROJETOS DE GUERRA MAIS CRUÉIS QUE JÁ PROMOVERAM CONTRA AS ETNIAS ORIENTAIS.

5. año

744

Em Angola, um casal de militantes políticos descobre que terão um filho. Os dois fogem para o Brasil, no intuito de promover um futuro menos turbulento para a criança que está para chegar. Meses depois, já em Belém do Pará, nasce Njeh Ezusi, pelas mãos de uma parteira que atendia entre o Bar Manjedoura e o Motel Três Reis. A criança nasce sadia. A pérola negra de Deus, como diria sua mãe.

5. año

752

Jesus (como acaba sendo resumida a alcunha de Njeh Ezusi pela comunidade local) se mostra uma criança muito inteligente e curiosa. Cresce tendo uma vida aparentemente normal, enquanto seus pais levam uma vida dupla, disfarçados de prosaicos pescadores para colher informações preciosas advindas da Coligação. Belém é um ponto estratégico no mapa ocidental. Brasil é um país sem fortes convicções políticas e acaba se tornando uma terra para fugitivos e exploradores inescrupulosos.

año

764

Após anos de estudo, viagens ao redor do mundo e valores fomentados pela educação de seus pais, Jesus percebe que não pode mais ficar calado. Começa então a dar corpo às suas idéias e lança o blog A PALAVRA, onde se mostra um exímio crítico dos governos ocidentais como incentivadores das mazelas que castigam o mundo. Reconhecendo apenas a autoridade de Deus, diante da qual todos os homens são iguais, acaba chamando a atenção de muita gente. Peixes graúdos começam a monitorar de perto os passos de Jesus.

año

767

Jesus, com ajuda de seus apóstolos, consegue ter acesso a documentos restritos que, caso fossem a público, poderiam destruir o império ariano-judaico, depois de mais de cinco milênios de supremacia. Os arquivos se chamam Protocolo Herodes e descrevem o plano de devastação do continente africano através do uso de armas biológicas. A grande verdade cairia como uma bomba: o vírus da AIDS havia sido criado pela Coligação com a intenção de promover uma dizimação em larga escala na África e diminuir as probabilidades das previsões do oráculo da kaballah.

5. año

769

año

765

O filho de Deus, como Jesus de

Belém fica conhecido no mundo virtual, atinge grande visibilidade. Sua visão de sociedade igualitária, divisão de terras e sustentabilidade ecológica se espalha com enorme velocidade pela web. Jesus alega que informação é alimento e que todos têm direito de saber a verdade. É o milagre da multiplicação do pão através da internet. Ninguém sabe onde encontrá-lo pessoalmente, mas suas idéias estão disseminadas na rede, somando adeptos das mais diferentes etnias e nações.

año

768

Jesus está prestes a divulgar o blog O CÁLICE, onde denunciará a conspiração genocida, desmascarando as reais intenções da Coligação. Seu erro é marcar um encontro real com todos os apóstolos para planejar a divulgação da Verdade. Denunciado por um agente infiltrado, Judas, Jesus é capturado e executado sumariamente. Madalena tem o mesmo destino. O resto dos apóstolos é levado preso a instituições de saúde mental.

Jesus de Belém se torna um mártir, e seus seguidores seguem fervorosos em fóruns de internet, fomentando seus ensinamentos. Surge um movimento para tornar o nascimento de Jesus como o Ano Zero de uma nova era, onde a compaixão dará a tônica para as relações humanas. Muitos acreditam que Jesus voltará. Na América do Norte, Barack Obama ganha as eleições presidenciais, e todos os esforços da Coligação para evitar as previsões do oráculo acabam sendo em vão.

nass

Michael Kuntsche

Gabriel Daudt - no-limbo.blogspot.com

bus can do cu rro

DAS GET NICHT! ATÉ PARECE QUE VOCÊ É O ALEMÃO E EU, O COMEDIANTE JUDEU.

23 Revista Fogo

ue Elvis não morreu todo mundo já sabe. Agora, o que tenho em minhas mãos é nitroglicerina pura! Quem diria, eu, um mero informata, de uma cidade no fim do mundo, que paga as contas arrumando computadores, fosse descobrir a notícia mais bombástica da humanidade? Hitler está vivo! Isso mesmo, Adolf Hitler está vivo, mora aqui mesmo em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, Brasil. E u tenho como provar. Semana passada, um cliente contratou meus serviços para remover um vírus do seu computador. Antes de formatar a máquina, fiz o back-up dos dados. Como de costume, dei uma bisbilhotada, afinal, sempre tem foto de mulher pelada nos PCs que conserto. Sempre. Porém, desta vez achei mais: alguns e-mails trocados por este meu cliente eo ex-chanceler alemão. A reprodução fiel e integral está na próxima página

Manoela Sawitzki - manoelasawitzki.blogspot.com

Valerio Dantas - valeriodantas.com

doutor

dante coman

E VESTI TERNOS BRANCOS E VI NOITE SE CONVERTER EM DIA DE DENTRO DE NIGHT CLUBS. E ME EMBRIAGUEI DE CUBA LIBRE, BRINDANDO À TRAIÇÃO DE FIDEL.

gole rápido. Então se despedem, às vezes cravando as unhas, às vezes me bolinando de leve. “Hay que endurecer, Dotô Argentino!”, balbucia, debochada, Edinara, negra imensa, antes de se enganchar no gringo quase albino que passa. Logo penso em Cuba. Penso que Cuba me esqueceu. Peço a última caipirinha, fumo meu charuto ordinário, penduro a conta e me arrasto pela avenida Atlântica. Os passos encurtam um tanto mais a cada dia – a cada dia é como se fosse para mais longe, ainda que me sente na mesma mesa há quarenta anos. É o imperialismo do tempo. A luta continua de esquina a esquina. Ninguém me segue nem me acompanha. À noite acordo sem ar. Em sonho, me vejo estirado sobre uma maca imunda. Os olhos abertos e imóveis olham para não sei o que no alto enquanto camponeses e guardas estrangeiros me velam. Estou morto. Volto a dormir e é a minha cara que vejo em camisetas de jovens barbudos iguais ao jovem barbudo que fui ou em biquínis minúsculos de mulheres magras como as magras mulheres do Congo. O inconsciente tem mãos pesadas e não perdoa. Tornei-me um carioca. E fui feliz ao sol do Arpoador. E vesti ternos brancos e vi noite se converter em dia de dentro de night clubs. E me embriaguei de Cuba Libre, brindando à traição de Fidel. E freqüentei a Lapa, cantei marchinhas e amei tantas mulheres que já não posso contá-las. As chicas de Copa me ensinaram a resposta do oprimido: arrancar dólares dos gringos por trepadinhas de galo que teriam feito de graça.

Na orla e nas ruelas por onde passo, gritam-me das bancas de revista, dos botequins, das janelas mais baixas, me mostram suas feridas, descrevem-me dores e a todos atendo de graça. Sou o Doutor Comandante, o amigo das putas, o médico da praça. E a quem sugere que cedi ao inimigo e fugi da batalha, respondo calmamente que venci o maior de todos. A perigosa, a ditadora, a escravocrata: La Muerte.

27 Revista Fogo

stamos em maio o sol se põe mais cedo e a orla parece uma ninfeta vestida pra sua primeira festa noturna. Mais cedo também as putas emergem de suas tocas e desfilam trepidantes pela calçada. Cruzam por mim, piscam e sorriem cheias de malícia e dentes: “Não tá com fome hoje, não, Comandante?!”. Retribuolhes a generosidade da oferta com copos de cerveja que bebem em pé, num

Patricia Vilocq

los adultos siempre preguntan

a los ni単os

lo que quieren ser cuando grandes porque estan

buscando ideas

Ana Eva de Jesus

Bruno Torturra Nogueira

amarante

grande

juega a lo

NÃO PERCO MEU TEMPO DUVIDANDO DE MIM. AGORA TENHO MAIS CALMA PARA ENTENDER QUE SEI FAZER MÚSICA”

O que mudou na sua cabeça desde a última vez que nos falamos, em 2003? Fazendo um retrospecto, acho que naquela época eu estava muito mais confuso. Ainda tinha dúvida em relação, vamos dizer assim, ao que eu servia. É mesmo? É, por incrível que pareça, apesar de eu já estar trabalhando como músico há muito tempo, sempre quis ter feito faculdade de cinema, fiz de jornalismo, mas aí eu não gostei nada, migrei para filosofia e letras. Quando a gente lançou o Ventura eu ainda achava que ia desenvolver meu trabalho com gravuras, que hoje faço de onda mesmo. Minha carreira não parecia uma coisa séria, eu realmente não acreditava em nada. Era a fase que os astrólogos chamam de retorno de Saturno, quando você tem 27, 28 anos, e fica naquela maluquice, não sabe direito o que vai acontecer. Agora você já se convenceu de que é músico? É. Eu não deixo de fazer nada do que estava fazendo, mas não perco meu tempo duvidando de mim tanto quanto eu ficava. Ainda duvido um pouco, mas agora eu tenho mais calma para entender que eu sei fazer música. Seja boa ou ruim, pelo menos eu posso continuar fazendo isso.

ACHO QUE SORTE É PRODUTO DO PENSAMENTO, DO SONHO. EU ACHO QUE O PENSAMENTO É UMA FORMA DE AÇÃO ÀS VEZES MAIS EFICAZ DO QUE A FALA. PORQUE A FALA É PERVERTIDA DEMAIS.

31 Revista Fogo

ex-Los Hermanos se abre: Little Joy, a ralação nos EUA, a separação de Camelo, filhos... Um ano e meio depois do repouso do Los Hermanos, Rodrigo Amarante foi bem além do clichê “projeto pessoal”. Resolveu dedicar-se ao que faz melhor: sonhar. Arrumou as malas e foi à Califórnia. Resultado: aditivou a banda de Devendra Banhart. Fez uma fértil parceria com Fabrizio Moretti, o baterista dos Strokes, que resultou na banda Little Joy. Trip pegou Amarante no meio de um tour pelo underground dos EUA. Divulga o disco sem roadie, produtor ou cachês decentes. Feliz e calmo, ele está de volta ao básico. De onde, na verdade, nunca saiu. Não se iluda com a fama, anônimo leitor. O show business não passa de um sonho ornado de aplausos. Veja o caso de Rodrigo Amarante. Há dois anos estava lá — no auge. Hordas gritavam seu nome em shows abarrotados. Era um dos hemisférios criativos da maior banda de seu país, os venerados Los Hermanos. Mas o mundo gira, meu amigo. Hoje ele tá aí, olha só. Na sarjeta. No sentido concreto, é bom que se diga, assim como o repórter. Ambos sentados no meio-fio de um bairro de poucos recursos em Oklahoma City para a entrevista a seguir. Rodrigo acabou de passar o som em um clube de rock honesto, porém fuleiro. Vai tocar daqui a uma hora e meia com seu novo grupo, Little Joy.

observação das coisas. Há quem discorde? Paciência.

“VOCÊ SE JUNTA COM AMIGOS, CARREGA AMPLIFICADOR, SE ESFORÇA PORQUE NO FIM QUER VER A PESSOA NA Fabrízio Moretti, baterista do Strokes, Amarante e Binki Shapiro na California

Revista Fogo

Até porque toda banda que você se meteu foi para a frente. É. Mas eu sou muito sortudo. Todas as bandas, essa de agora, a Orquestra, o Los Hermanos. Eu lembro de não ter pedido nada pra ninguém. Foi meio que a circunstância, o acaso, sorte. O que você acha que é sorte? Acho que sorte é produto do pensamento, do sonho. Eu acho que o pensamento é uma forma de ação às vezes mais eficaz do que a fala. Porque a fala é pervertida demais. A gente fala pra tudo. A maior parte do dia, a gente passa falando qualquer coisa ou jogando conversa fora. E aí tem uns momentos de iluminação, de franqueza. Mas o pensamento é uma conversa interna, a gente é muito mais franco e muito mais contundente no pensamento. Então, eu só tenho a opção de acreditar que o pensamento tem um poder de ação muito incrível. E que o sonho, no sentido mais amplo, no sentido do desejo, no sentido do afeto e no sentido literal do sonho, de dormir e sonhar, eu só posso acreditar que isso tenha um papel fundamental na construção do destino, ou seja, no caos, no acaso. Explica melhor. Eu tenho consciência de que isso é uma afirmação bastante perigosa, mas eu

PLATÉIA SE SENTINDO PRESENTEADA”

não me importo. Quando digo que eu tenho sorte, tenho que ser franco e dizer: “Pô, quantas coisas que eu sonhei se tornaram realidade?”. Coisa que sonhei no sentido amplo, não só no sentido direto de desejar ser músico, de desejar ter uma banda. Mas desejar ter amigos fiéis, entendeu? Lembro aquele filme Waking Life, do Richard Linklater. Tem uma cena em que uma criança brinca um joguinho, ela fala um número e puxa um pedaço de papel que tem uma cor, ou um número, ou não sei quê. o que interessa é que ela escolhe um dos lados e está escrito “Sonho é destino”. Aquilo me tocou como um ensinamento. Porque acho que as coisas mais banais têm um poder oracular. Eu não sei se eu me divirto fazendo isso, e aí funciona pra mim, ou se realmente é uma coisa que deve ser levada a sério.

Na verdade é uma questão de escolha. Se aquilo é de fato um oráculo ou se você escolheu ver assim. que diferença faz? Exatamente. Voltando ao que a gente falou, uma das coisas que mudaram em mim foi justamente eu me sentir mais à vontade pra falar desse tipo de coisa. De não ficar mais preocupado em qual é a forma de pensamento estabelecida e desenvolver minha própria forma de pensamento, minha própria realidade e

Há quem discorde que dois mais dois são quatro. Claro, graças a Deus. Por isso, em vez de me sentir inseguro em falar e pensar sobre isso eu me divirto, entendeu? Não tenho problema em talvez ser contraditório na minha percepção das coisas, porque sinto que tô investigando, não estou encontrando a verdade. Esse era o problema antes, “será que eu estou certo?”, não, eu não tô certo, eu tô em percurso. Você falou de sonho. E me parece que a gente tem vivido uma época que mais pessoas estão começando a acordar para o fato de que montamos uma sociedade baseada em uma ficção, um sonho fadado a terminar. Você está preocupado com a crise, está vendo isso como? Em um sentido imediato eu deveria estar mais preocupado. Até porque, pra falar da crise geral, o meu ponto de vista é um ponto de vista particular, como o de todo mundo. Eu me lancei em um negócio que não tinha a menor idéia no que ia dar. Vim pra Los Angeles gravar com o Devendra Banhart, depois voltei pra cá para fazer músicas com o Fabrizio, ficar umas duas semanas. Fiquei seis meses. Hoje você mesmo viu que é outro percurso. E não estou ganhando dinheiro. Quando digo que deveria estar preocupado, falo da minha própria crise financeira. Mas não é pra isso que estou nessa. Já aprendi que, no meu caso, não adianta correr atrás de dinheiro. E, no caso da crise do mundo, é a crise do dinheiro, da ordem do dinheiro. E, pra mim, enquanto dinheiro não for dividido, não vai dar certo. Mas enfim sei que não tenho gabarito para fazer nenhuma análise que vá prestar agora. Entendo que não está ganhando bem hoje, mas você fez uma boa grana com o Los Hermanos, não? Não, cara. Não fiz, não! Não tenho nada, não tenho casa, meu carro é um Fusca.

Revista Fogo

Pera aí, se a maior banda do Brasil não faz dinheiro, quem faz? Pois é, exatamente isso é que deve ser explicado pras pessoas. Tem o lado que ajudei muito a minha família com a grana que ganhei. Desde o comecinho eu tinha que pagar todas as minhas contas, pagar seguro-saúde não só pra mim, mas pras pessoas em minha volta, ajudar pessoas da minha família que precisavam. E esse fato de nos últimos quase dois anos eu não estar ganhando dinheiro. Eu fiz turnê com o Devendra aqui e ali, mas muito poucos shows pra me manter. E aqui nos Estados Unidos eu moro de favor, morei com o Devendra um tempão, agora tô ficando principalmente com o Fabrizio. Estou vivendo de dinheiro emprestado. E vou indo, porque sei que estou onde tenho que estar. Nunca cheguei perto de ser rico, apesar de eu me sentir rico. Porque faço o que quero fazer, tenho dinheiro pra comer, tenho roupa pra me proteger do frio, tenho bons amigos. A vida é boa. Confesso que fico surpreso. Você passou anos em uma banda que vendia muito disco e lotava todo show que fazia. Claro que eu fiz dinheiro, mas nunca o suficiente para comprar uma casa. Nunca, nunca. E eu não sou gastador, não. Mas é porque escolhi usar o dinheiro da forma como achei melhor. E foi melhor mesmo, eu não me arrependo, acho que tá indo certo. Claro que, se o Los Hermanos estivesse em

turnê, se eu tivesse lançado um quinto disco, talvez agora eu tivesse dinheiro pra comprar um apartamento. É que as pessoas imaginam: “Ah, ele tá morando em Los Angeles, passeando com as estrelas de Hollywood”. Nada disso, vida de músico é matar um leão por dia mesmo! É ganhar dinheiro saindo de casa com sua malinha e indo tocar.

Percebe-se. É curioso ver você e o Fabrizio, das bandas mais do que bem-sucedidas em seus países, montando o palco, tocando em barzinho, carregando a van. Muita gente me pergunta por que fazemos isso. Mas a nossa condição é a de uma banda nova, e a gente não tem ilusão. A forma como essa turnê é possível — e a gente queria fazer uma turnê, tocar, mostrar nosso som — é essa. Então, vamos fazer assim. Eu tô achando bom você ter vindo pra cá, porque aí todo mundo vai entender. Até gente da minha família deve achar que eu sou rico. “Ah, você apareceu na televisão? Então é rico!” Adoraria estar ganhando muito dinheiro, poder alugar apartamento em Los Angeles. Nem isso eu posso. Fico na casa de um e de outro, e

San Francisco acima Ensaios para primeiro disco e Cidreira abaixo

Daniela Santi

if you

Uncredited - Index Book, 2007

¿A QUIEN NO LE MOLAN UNOS BUENOS TÍTULOS DE CRÉDITO? ¿A ALGUIEN NO LE HA ENCANTADO LA GENIAL ANIMACIÓN QUE ABRE LA PELÍCULA ATRÁPAME SI PUEDES? Y POR SI ACASO NO TE CONVENCES TODAVÍA, INTENTA NO PONER LA PIEL DE GALLINA MIENTRAS ASISTES A LA CARRERA INICIAL DE TRAINSPOTTING AL SON DE LUST FOR LIFE DE IGGY POP A TODA VÍA. CONFIESA: LA PELÍCULA MAL EMPEZÓ Y YA ESTÁS ATRAPADO.

Kill Bill vol. 1 (2003, Quentin Tarantino) Diseñador de títulos: Quentin Tarantino

37 Revista Fogo

on este corto relato empieza Uncredited: diseño gráfico y títulos de crédito (Index Book, 2007), libro de Gemma Solana y Antonio Boneu, que a lo largo de más de 300 páginas ilustran y desvendan los más espectaculares títulos de créditos cinematográficos de todos los tiempos. Defensora de un Oscar dedicado exclusivamente a esta categoría, FOGO hace aquí una muy particular selección de sus títulos de créditos preferidos. Elije tu butaca y disfrútalo.

lasmada en blanco y negro, labios brillantes, cabellos al viento, conduciendo un lujoso coche deportivo sin capota, Beatrix Kiddo mira fijamente a la cámara que se acerca y anuncia: “I’m gonna kill Bill”. Es así que Tarantino nos recuerda, en el principio de su película – por si acaso nos olvidamos de la rodaja que le ha quitado La Novia (Uma Thurman) a la cabeza de O-Ren Ishii (Lucy Liu) en el vol. 1 –, la insaciable sed de venganza que tiene su triple-nombrada Black Mamba. Relato potente, verdadero épico pop, empieza antes mismo de los títulos créditos. Nos mola.

Kill Bill vol. 2 (2004, Quentin Tarantino) Diseñador de títulos: Quentin Tarantino

ay muy poco que decir de esta brillante y galardonada abertura con títulos de animación. Los creadores – Olivier Kuntzel y Florence Deygas – son dos animadores franceses que sólo han hecho en su vida dos secuencias de créditos: esta y Pink Panther (2006, Shawn Levy). Como dicen Solana y Boneu en su libro, los créditos de esta película “recuerdan a muchas cosas pero no se parecen a ninguna”, quizás solamente a Pink Panther mismo. Memorable.

Catch me if you can (2002, Steven Spielberg) Diseñadores de títulos: Olivier Kuntzel y Florence Deygas.

Kiss Kiss Bang Bang 2 interesting title sequence indeed, which is created by, none other, Danny Yount

Revista Fogo

l maestro de la nouvelle vague dedica 30 segundos de su inolvidable película a la aparición del título: una a una, lentamente, surgen las letras de BANDE À PART, mientras una acelerada superposición de imágenes de los tres personajes que forman “la banda” compone la lúdica – y casi infantil – portada de esta película, más bien melancólica y dulcemente trágica. Un encanto.

AL CINE… COMPRÉ LA ENTRADA Y CORRÍ HACIA LA SALA DE PROYECCIÓN… MIENTRAS EL ACOMODADOR LA CORTABA LE PREGUNTÉ: ‘¿HA EMPEZADO LA PELÍCULA?’ ‘NO, SÓLO HAN SALIDO LOS TÍTULOS DE CRÉDITO’, ME CONTESTÓ… (JOSEPH SALES )

Bande à part (1964, Jean-Luc Godard) Diseñador de títulos: Jean-Luc Godard

37 Revista Fogo

LLEGABA TARDE

o guay de los títulos de créditos iniciales de Trainspotting es que en vez de la ficha técnica y artística de la película, lo que se nos muestra es una cautivante y divertida presentación de los personajes. En una escena inicial de alta voltaje, dos de ellos corren por la calle huyendo de policías al son de Lust for Life de Iggy Pop, mientras la voz del adicto Renton (Ewan McGregor) deshila un discurso pro-heroína inolvidable: “Elije la vida…” Genial.

Trainspotting (1996, Danny Boyle) Diseñador de títulos: Simon Taylor Tipografía: Tomato Films Ltd.

perdona

Peter

45 Revista Fogo

a no corpo, o que pode prejudicar o sexo. “Esse hormônio está ligado à excitação, mas não ao prazer”, afirma. Ou seja, depois de uma noite de sono bem dormida, o sexo

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