Lágrimas de Amon Jordan Summers
Jordan Summers
Charlotte Witherspoon está apaixonada… por um retrato. Quando um giro do destino a faz voltar no tempo e ela se encontra cara a cara com o homem que possui seu coração, escolherá ficar e aceitar a promessa de paixão que brilha em seus olhos ou retornar a seu próprio tempo? E o que acontece quando os passos do destino decidem por ela?
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Lágrimas de Amon Jordan Summers
Disponibilização: PRT Revisora: Elisonete Revisão Final: Rafaela Regis Formatação: Dyllan Logo/ Arte: Iara
Projeto Revisoras Traduções
Livro revisado da Lista Global da qual fazem parte os seguintes grupos:
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Lágrimas de Amon Jordan Summers
Capítulo Um Egito, 1925 —Se apresse Charlotte. Não vá tão devagar — Na voz de Vitória Witherspoon ressonou a frustração que a fazia chiar. —Já vou, mãe — respondeu Charlotte Witherspoon, apurando o passo, esperando assim evitar a ira de sua mãe. Charlotte fechou os olhos e apertou os dentes enquanto ocultava seu desgosto. Era a mesma ladainha que sempre tinha escutado, com pouca variação, cada dia desde que tinha lembrança. Vitória, meditou, escavava continuamente seu amor próprio até que a fazia em pedacinhos. Incapaz de suportar a dor, Charlotte bloqueou a ferida em seu interior. Não tinha nenhum sentido estender-se nela. Equilibrando sua bolsa em uma mão, Charlotte recolheu a saia para atravessar os escombros caídos que uma vez tinham sido o grande templo de Karnak. Tinha percorrido alguns metros mais quando seu tornozelo se enganchou entre duas rochas e tropeçou, a bolsa saiu voando de suas mãos quando caiu para frente, justo no momento exato em que sua mãe decidiu dar uma olhada para trás. Charlotte sentiu que o calor subia por seu rosto. —Por compaixão, Charlotte, fique de pé como a senhorita elegante que deveria ser — As mãos de sua mãe foram até seus quadris e sacudiu a cabeça com desaprovação. — Quantas vezes devo lhe dizer isso. —Sinto muito, mãe — ficou em pé, sem fazer caso aos escavadores curiosos que a olhavam fixamente. Não é que queria fazer de propósito, quis dizer Charlotte, mas não se atreveu a olhá-los além de sua mente. Só pioraria as coisas com sua mãe, a perfeita Vitória Witherspoon, que nunca fazia nada errado. Os modos de sua mãe eram impecáveis, seu gosto invejável, e não esperava menos de sua única filha, mas infelizmente Charlotte se parecia com seu pai, Henry, um declarado rato de biblioteca ligeiramente imoral. Apesar de ter dezoito anos, um fato que sua mãe se recusava a reconhecer, Vitória tinha uma forma de tratar Charlotte que a fazia sentir-se como uma menina inadequada e frágil. Ela sacudiu as mãos sobre a saia e pegou a bolsa que tinha deixado cair. Charlotte a abriu e fez um inventário rápido do conteúdo. O livro que tinha tomado emprestado da biblioteca em Londres estava ainda ali, com suas escovas. Conteve o fôlego enquanto examinava as páginas, procurando qualquer sinal de rupturas. Soltou um suspiro de alívio. Graças a sua boa qualidade, estavam intactos. Charlotte não queria receber outro sermão sobre o descuido. Havendo-se assegurado de que não tinha perdido nada, fechou a bolsa e voltou a andar. Seus pais já tinham descido para uma das câmaras deixando Charlotte na entrada respirando o ar antigo. Suas mentes apenas se concentravam em uma coisa quando se encontravam nesse lugar. Provavelmente nem tinham notado a sua falta e esse descuido não era algo novo. Charlotte já estava bem
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Lágrimas de Amon Jordan Summers acostumada para considerá-lo nada mais que uma chateação. Em vez de permitir que ficasse em casa, absorta com um bom livro, sua mãe insistia em que devia estar na escavação. Em vez de lhes seguir, ela se voltou para a luz do sol, piscando devido a claridade. Seus pais passariam ali o resto do dia e provavelmente da noite, procurando rastros. Charlotte suspirou, sabendo que deveria segui-los, mas incapaz de fazê-lo. Estava mais interessada em dedicar-se ao livro que tinha na bolsa. Girou e caminhou ao redor das ruínas junto a uma escadaria recém-desobstruída. Montões de areia abraçavam seus contornos, como um gigantesco relógio de areia que tinha sido vertido até o final, tornando-se um esconderijo perfeito. Charlotte se sentou sobre o degrau mais alto e tirou o livro. Quando abriu a capa, um aroma mofado, indicativo de uma tumba velha saiu a baforadas das páginas. Charlotte se apoiou para frente e inalou profundamente, fechando seus olhos durante um segundo pelo prazer. Havia poucas coisas sobre a Terra que chegavam a sua alma como um bom livro. Metodicamente passou as folhas acetinadas até encontrar seu ponto favorito. Os quadros dos faraós que se deslizavam através das frescas águas do Nilo ganhavam vida ante seus olhos, seus brilhantes cortes de bronze contra o branco linho de suas saias bordadas. O olhar dela acariciou as figuras, focando em um homem em particular. Seu peito estava nu e era excepcionalmente amplo para um egípcio. Seus braços apareciam fortes, inchando-se com os músculos. Os olhos pintados de negro com o Kohl do homem pareceram penetrá-la das mesmas páginas, exigindo sua atenção, atraindo-a para mais perto. Charlotte passou seus dedos sobre o retrato. Imediatamente o pêlo de seus braços se arrepiaram. Sabia que era uma tola, mas por qualquer razão não podia deixar de olhá-lo uma e outra vez. Apaixonou-se por este homem aos quinze anos, isso se fosse possível apaixonar-se por um retrato. Até tinha imaginado sua vida junto a ele, como seria se a sustentasse entre seus braços, pressionando seus lábios contra os seus. Seus lábios seriam firmes ou suaves? Úmidos ou secos? Ela sabia que se tivesse mencionado sua teimosia com o retrato, sua mãe lhe recordaria que tinha que descer das nuvens e encontrar um jovem agradável para assentar a cabeça com ele. Isso faria com que esquecesse todas suas fantasias imediatamente. Realmente Charlotte, às vezes me pergunto onde tem a cabeça… Sua mãe não tinha que estar de pé em frente a ela para que Charlotte fosse capaz de ouvir claramente seu tom de censura em sua mente. Charlotte grunhiu. Sabia que não havia muitas possibilidades de conhecer alguém conveniente em umas escavações de Tebas. Todos os homens elegíveis que tinha levado em consideração estavam muito comprometidos em fazer um próximo grande descobrimento para notar que ela estava ali. Não que Charlotte se preocupasse. Não estava interessada em ninguém, apenas no homem dominante do retrato. —Se fosse real — murmurou suspirando, percorrendo com seus dedos a silhueta. Dirigiu o olhar à data do papiro. O egiptólogo que tinha escrito o livro sugeria que a figura da pintura era o Rei Amasis, mas tinha colocado uma nota explicativa ao lado sobre sua carência de provas eficientes e a incerteza do que o rodeava. —É de pouca ajuda — disse ela à imagem, rindo. Depois de ter lido seu nome, Charlotte sentiu um vago deja vu, mas não pôde entender por que. Quase podia escutar outra vez sua mãe observando-a com desaprovação. Charlotte fechou o livro e o
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Lágrimas de Amon Jordan Summers deixou de lado, recolhendo uma escova em seu lugar. Era hora de trabalhar. Ao menos assim, se sua mãe aparecesse, aparentaria estar ocupada. O ar ao seu redor estava quente e opressivo, enquanto tirava o pó que cobriam as ruínas meio expostas com uma sacudida da escova em sua mão. Tinham passado três anos desde que o Sr. Carter e Lorde Carnarvon tinham vindo a conhecer o achado do século, a tumba de Tutankamon. Ela tinha sido relegada a esta pequena área de Karnak com seus pais, os exploradores menos conhecidos que lutavam só por uma coisa: a preservação da história egípcia. Enquanto isso os verdadeiros egiptólogos eram livres para investigar no Vale dos Reis. Ela ficou em pé, deixando a escova a um lado. Isto não era um concurso. Seus pais já estavam ali tanto tempo como Howard Carter, inclusive mais. Deveriam ter sido eles os que tropeçassem com um grande descobrimento como o de Tutankamon. Charlotte suspirou e voltou a trabalhar, aprofundando na areia, guardando como um tesouro esses pensamentos dentro de sua mente. Após ter feito três varridos sua mão tocou algo duro sob a areia. Conteve o fôlego e o coração começou a pulsar desordenadamente em seu peito. Concentrou o olhar enquanto sua mão ficava imóvel contra o objeto oculto. Com os dedos tremendo, Charlotte limpou a área com cuidado. Os sons ao redor dela deixaram de ouvir-se enquanto desenterrava uma pequena caixinha de madeira. A primeira vista, não parecia grande coisa. Possivelmente um brinquedo esquecido por um menino, ou um instrumento da equipe de um trabalhador, enterrado há muito na areia implacável. Inspecionando-a mais de perto, Charlotte mudou de opinião. Inclinou-se para trás e passou o olhar pelo monte de areia a fim de assegurar-se de que nenhum dos escavadores próximos tinha notado sua descoberta. Todos os olhos estavam postos nas tarefas que levavam a cabo, trabalhando ritmicamente com picos e pás. Charlotte ficou de pé, limpando o pó de suas mãos. Deslizou o objeto na bolsa junto a sua escova e o livro, e se dirigiu para o lago sagrado de Karnak. A área tinha ficado abandonada na manhã anterior. Poderia examinar seu achado antes de informar a seus pais. Possivelmente fosse bastante importante para que eles merecessem um reconhecimento e assim conseguir que lhes atribuíssem uma área mais prestigiosa para escavar. Certamente se Charlotte conseguisse isso, sua mãe finalmente a valorizaria e começaria a amá-la. Soltou um suspiro, antes teria que confirmar sua autenticidade ou sua mãe nunca a permitiria esquecer. Passeando pelas pedras caídas, Charlotte rodeou as colunas com o passar do caminho, com seus saltos fazendo ruído sobre as rochas. Olhou fixamente as ruínas por um momento, desejando que fosse possível ver o templo de Karnak em plena glória. O sol, dourado no céu, refletia-se intensamente sobre a água que havia a sua frente, cintilante e radiante. Esse era o ponto perfeito para verificar seu tesouro. Charlotte observou a superfície parecida com um cristal, protegendo seus olhos, para não tropeçar. A área estava vazia, exceto por um ganso ocasional ou dois que tinham o vale do Nilo por lar. Encontrou um lugar limpo perto da beira da água e se sentou. O suor gotejou por seu pescoço e desceu por sua blusa branca. Seus olhos procuraram de novo a promessa da fria água. O tranqüilo líquido tentador em sua calma chamava-a. Charlotte parou. Não podia nadar no lago sagrado. Proibiam isso. Além disso, provavelmente estava repleto de crocodilos.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Tirou um lenço de sua manga e enxugou a testa. Separou o linho branco com uma mancha de sujeira nele. Charlotte grunhiu. Nada se mantinha limpo no meio do deserto. Guardou o lenço agora manchado em sua manga e tirou a caixa de madeira e sua escova da bolsa. A caixa não era maior que uma fatia fina de pão. Tirou com cuidado a areia que a cobria. O selo estava gasto, mas ainda claramente visível em incrustações de ouro. Charlotte o observou fixamente, maravilhada, girando a caixa de um lado a outro, estudando o artesanato. Sentia a madeira áspera contra seus dedos, por culpa do duro tratamento da areia. Procurou uma abertura, mas não parecia existir. Com certeza não tinha pertencido a um plebeu. Teria caído durante a fuga do ladrão? Não seria a primeira vez que se encontravam artefatos desprezados na areia como lixo. Ela sacudiu a cabeça com repugnância. Recolheu sua escova e se dispôs a tirar os últimos restos de areia até ser capaz de ler a inscrição. Seus olhos se abriram quando as palavras sobre a caixa cobraram vida em sua mente: Pelas areias do tempo Pelo fôlego do faraó Quando as águas se elevem do mais profundo Então os véus desaparecerão Para dois mundos ver Um amor destinado que outra vez deve ser Ele olhará a quem leva as Lágrimas de Amón Continuará governando os reinos do Egito Charlotte quase deixou a caixa cair, quando leu as últimas palavras. Não soava como uma maldição, mas definitivamente parecia sinistro. Deixou a caixa para tomar fôlego. Quem havia escrito e o que eram as Lágrimas de Amón? Nunca tinha escutado nada sobre elas, apesar de que seus pais se encarregaram de lhe ensinar tudo sobre as lendas e os faraós que existiram nos tempos antigos. Tinham-lhe ensinado tudo sobre o povo egípcio, inclusive era capaz de ler e escrever em hierático, demótico e hieróglifos. Charlotte também falava árabe, copto e até um pouco de egípcio antigo, embora não estivesse muito segura de que sua pronúncia nestes dois últimos idiomas fosse correta, já que estavam virtualmente extintos durante mais de mil anos. Recolheu a caixa outra vez para continuar examinando-a, as palavras inscritas sobre a tampa flutuavam em sua mente como uma aparição. Essa presença, uma voz fantasmagórica do passado, falava-lhe. Seus pais a tinham advertido sobre maldições, embora não acreditassem nelas pessoalmente. Charlotte não estava tão segura. Howard Carter tinha perdido vários homens dos que tinham aberto a tumba do Tutankamon. Os sussurros de uma maldição se estenderam como um pavio de pólvora por todos os acampamentos. Charlotte tremeu ao pensar nisso. Ouviu um chapinho quando algo golpeou a água. Charlotte deu um salto, levando automaticamente sua mão ao coração, antes de descobrir o culpado. Um pato nadava ao redor do centro do lago, indiferente
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Lágrimas de Amon Jordan Summers a sua presença, grasnando. Ela riu, o som saiu nervoso, até para os seus próprios ouvidos. Por que estaria tão nervosa? Não era como se tivesse feito algo errado. O suor lhe escorria pela pele. Decidiu aproximar-se da borda da água para molhar seu lenço, ia depositar a caixa no chão quando um fecho que não tinha notado antes se abriu. Um colar de ouro caiu sobre a terra com um som surdo. Conteve o fôlego. O sol cintilou sobre o metal precioso, o vermelho brilhando tenuamente sobre as pedras incrustadas em ouro. Formada com lágrimas carmesins como o sangue. Charlotte ofegou ao ver os rubis. Pousou seus dedos sobre as gemas. As Lágrimas do Amón… Charlotte escutou passos e imediatamente recolheu o colar, colocando ao redor do pescoço antes que alguém pudesse descobri-la. Hanif, um dos trabalhadores, saiu de trás de uma coluna, seu corpo levemente úmido pelo suor. Ele a saudou sorrindo, seus brancos dentes cintilaram contra a pele de bronze. O homem se voltou silenciosamente, como se compreendesse que tinha invadido seu espaço. Outra vez ficou sozinha com seus pensamentos e seu precioso tesouro. A cabeça do Charlotte parecia dar voltas. O ouro e as jóias ao redor de seu pescoço eram pesados, duros. O ouro esquentou sua pele, eclipsando o calor do dia. Enjoada, caminhou para a água, tirando o lenço de suave linho de sua manga, ajoelhou-se perto da borda para molhá-lo no líquido. Incapaz de alcançá-lo, Charlotte se moveu aproximando-se pouco a pouco. Uma rocha perto da borda se esmiuçou, derrubando-a de cabeça no lago sagrado de Karnak. O ar escapou bruscamente de seus pulmões quando bateu na água. O lago estava quente, em calma pela carência de correntes. Enquanto lutava por voltar para a superfície, Charlotte sentiu como se mil mãos a puxassem para baixo, lhe impedindo de buscar o ar necessário. Abriu os olhos. Seus movimentos se acalmaram quando viu como a luz do sol se atenuava e reaparecia uma e outra vez. Certamente sua mente estava lhe pregando peças devido à carência de oxigênio. Piscou, o medo surgiu nela, lhe injetando um empurrão adicional de adrenalina. Charlotte alcançou a superfície, esperneando e tossindo, tentando expulsar a água do Nilo de seus pulmões. Estendendo as mãos se agarrou às ásperas rochas próximas a borda da água. Seu chapéu tinha desaparecido, deixando o castanho cabelo encaracolado caindo até o traseiro. Sua roupa a abraçava como uma segunda pele, passou uma mão sobre o rosto, liberando seus olhos da água. Os gansos grasnaram quando passaram voando por cima dela. Charlotte piscou outra vez enquanto saía do lago o suficiente para sentar sobre uma pedra. Explorou a zona com o cenho franzido. Novamente esfregou os olhos enquanto sua mente lutava por decifrar o que via. As colunas de Karnak estavam alinhadas com intrincadas esculturas na base, não esmiuçadas e desgastadas. Ficou de pé para obter uma melhor visão. As pedras que com cuidado tinha circundado para chegar ao lago sagrado estavam alisadas formando uma passagem de pedestres. Uma parede se elevava por cima na distância marcando a entrada à área do templo. Charlotte beliscou sua mão. —Ouch! Sua carne ficou rosada ante o contato. Bem, ao menos sabia que não sonhava. Era possível que tivesse se afogado? Deu uma olhada ao lago e viu embarcações sobre o Nilo ao longe. Não se pareciam com os navios utilizados pelos egípcios modernos. Pareciam ser mais largos, mais finos. Pessoas de cabelos escuros, vestidos com linho branco tripulavam os navios, navegando pela água negra.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —OH, meu… isto não pode ser… não pode ser possível — murmurou. — Devo ter batido a cabeça com algo — Fechou os olhos, apoiando a cabeça entre suas mãos. Possivelmente se ficasse sentada ali o tempo suficiente, o mundo voltaria a ser normal. — Isto é só um sonho, um pesadelo ruim. Uma tosse de uma das colunas próximas fez com que ela voltasse à realidade. —Hanif, é você? — chamou ela. Não houve nenhuma resposta. —Hanif, estou tendo um dia terrivelmente ruim. Por favor, apareça — Sua voz tremeu. Uma mão bronzeada apareceu ao lado da coluna. Charlotte deixou escapar o fôlego que não sabia que tinha estado contendo e esperou que Hanif se mostrasse. Em vez disso, o homem mais assombroso que já tinha visto, saiu de trás da coluna. Ao redor de seus esbeltos quadris, havia uma aba branca de linho com um bordado na parte superior. O tecido pendurava até seus joelhos, deixando expostas suas bem desenvolvidas panturrilhas. Seus escuros olhos, ligeiramente enviesados, estavam perfilados com o Kohl, como os antigos egípcios representados em esculturas durante milhares de anos. Charlotte franziu o cenho. Ele parecia familiar. Seu peito era amplo e musculoso. Braceletes de ouro com escaravelhos reais azuis se fechavam por cima de seus punhos. Um colar de ouro com a forma de três insetos rodeava sua garganta. Seu cabelo, mais negro que a noite, caía até os ombros e estava trançado. Charlotte reconheceu imediatamente o colar como um sinal de riqueza, por que ele o usava? E quem era? Seu rosto era uma obra de arte, finamente esculpida, com maçãs do rosto altos e lábios cheios, que faziam jogo com um firme queixo. Seus olhos negros eram ardentes, intensos. Tinha o olhar concentrado na abertura da blusa dela. Charlotte observava a ascensão e queda do peito dele, hipnotizada com seu ritmo, quando se tornou atenta ao olhar dele. Baixou a cabeça para descobrir o que o mantinha tão cativado. O branco de sua camisa tinha se tornado transparente por causa da água. As Lágrimas do Amón eram claramente visíveis por debaixo do tecido, igual aos seus rosados mamilos, que nesse momento reagiam ao atento escrutínio dele. Charlotte ofegou e cobriu os peitos com as mãos. O olhar dele se manteve um momento mais sobre seu peito antes de subir para seu rosto. Quando seus olhos se encontraram com os dela, ele sorriu. O simples ato a derreteu por dentro. Era o homem de seu livro. O mesmo homem com o qual ela tinha passado incontáveis horas sofrendo como uma colegial com seu primeiro amor, exceto que agora era real. Isso não era possível, não é mesmo? Tinha o desejado com tanta força, que tinha se tornado realidade? Charlotte sentiu como o calor começava a subir dos dedos de seus pés, passando ao longo de suas pernas, sobre seus joelhos, concentrando-se entre suas coxas. Se ele era capaz de fazer isto com apenas um olhar, o que aconteceria se a tocasse? O pensamento traidor cruzou sua mente, provocando, com o calor que fez seu rosto corar. Sabia sem a ajuda de um espelho, que estava ruborizada. O homem de seus sonhos deu um passo à frente. Charlotte não tinha notado a lança que levava na outra mão. Ela olhou por cima de seu ombro para a água. Não havia nenhum lugar para onde escapar. Seus
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Lágrimas de Amon Jordan Summers olhos se encontraram outra vez. Ele fez uma pausa, franzindo o cenho como se lesse seus pensamentos. Charlotte se obrigou a sorrir, disposta a manter-se tranqüila até entender o que ocorria. De acordo, por que sentir pânico porque o homem de minhas fantasias ganhou vida das páginas de um livro? Isso acontece o tempo todo. Sim, claro, e minha mãe acredita que sou a filha perfeita. O homem continuou caminhando lentamente para ela até ficar a apenas um metro de distância. Os detalhes de sua roupa eram inconfundíveis. Charlotte nunca tinha visto nada parecido à exceção dos achados de Howard Carter e do livro que tinha tomado emprestado da biblioteca. Baixou o olhar para a terra onde tinha deixado sua bolsa antes da queda no lago, mas não estava lá. Charlotte voltou a olhar ao homem que estava a sua frente. Uma mudança do vento lhe trouxe seu aroma picante. A comoção atravessou seu corpo. Seus joelhos se debilitaram quando inalou mais profundamente. Seus sentidos ganharam vida, concentrando sua atenção no homem a sua frente. A união entre suas coxas começou a palpitar. Seus mamilos começaram a doer. Era como se sua mera presença a sacudisse até despertar de um profundo sonho. Charlotte lutou contra o impulso de aproximar-se para inalar mais de sua essência. Tocar sua pele de bronze. Era inclusive, mais bonito do que ela imaginou. O retrato não fazia justiça a esta assombrosa figura. Mas o que estava dizendo? Provavelmente esse homem só se parecia com o da imagem. Era impossível que pudesse ser ele. O nome daquele homem era Amasis e tinha vivido fazia mais de dois mil anos. Charlotte jogou para trás a cabeça, passando os dedos por entre suas mechas molhados. Tinha que haver uma ferida em algum lugar. Rendeu-se depois de um momento, incapaz de localizar alguma ferida. Se não estava ferida, então tinha que averiguar onde ele tinha obtido todos os objetos que cobriam seu corpo. Devia autenticar e depois informar seus pais sobre o achado. Charlotte estava segura de que sua mãe teria uma ou duas coisas a dizer sobre seu aspecto, mas isso não poderia ser evitado. Depois de tudo, não tinha planejado nadar no lago sagrado. Foi um acidente, como todas as outras vezes… Ofereceu a mão a ele. —Sou a senhorita Charlotte Witherspoon. O homem olhou sua mão e logo voltou para seu rosto. Como não fez nenhum outro movimento, Charlotte apertou a mão dele. Sua grande palma envolveu a dela, enviando um delicioso zumbido que lhe percorreu o braço. Os olhos dele se alargaram, mas não a soltou. —Prazer em conhecê-lo — continuou ela, antes de soltar rapidamente. Ainda nada. Ela soltou um suspiro e passou a mão pelo cabelo. Charlotte não estava segura do motivo de ele não falar nada. As fantasias não falam, disse uma pequena voz em sua mente. Ela afastou o pensamento com um dramalhão da mão. Tinha que concentrar-se, mas era difícil ante a misteriosa semelhança com o retrato. Possivelmente ele recusasse falar porque pensava que o denunciaria por roubo. Charlotte observou o colar que levava. Para ter algo de mais de dois mil anos, mostrava-se notavelmente pouco desgastado. De fato, parecia quase novo, como a reconstrução do templo, o que era impossível.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Como você se chama? —perguntou ela em sua melhor língua egípcia, as palavras tropeçando em seus lábios. As sobrancelhas dele se franziram e logo se elevaram quando finalmente compreendeu. —Meu nome é Ahmosis — respondeu ele apoiando uma mão sobre seu amplo peito. —Ahmosis — repetiu ela, deixando sair o nome através de sua boca. Charlotte tentou ignorar o modo em que sua firme pele se esticava sobre os duros músculos. — Eu gosto — ela sorriu. Ao menos isso respondia a pergunta que se fazia em sua mente. Ele não era o homem do retrato. Seu nome não era comum no Egito, mas não significava necessariamente algo. Familiar, mas não. Ela deixou de pensar nisso, decidindo examiná-lo mais tarde. Charlotte colocou uma mão sobre o peito, seu ereto mamilo ferroando contra sua palma. Surpreendida pela estranha reação de seu corpo à proximidade do homem, ela engoliu e continuou rezando para que ele não tivesse notado. —Sou Charlotte Witherspoon. Ele a olhou fixamente um momento, seu olhar acariciando as rígidas pontas, como se ainda fossem visíveis. A pele dela picava. Então ele procurou outra vez seus olhos, franzindo os lábios para tentar imitar o que ela havia dito. Bom, um tanto para ele por não render-se… Ela se ruborizou quando repetiu seu nome. —Ch-aaarleete — disse ele tentando imitar o som que ela tinha emitido. Charlotte assentiu lhe respirando. —Charlotte. —Ch-Charlotte — disse ele outra vez. —Sim — Ela sorriu. Charlotte olhou por cima do ombro dele para o templo de Karnak, por que não estava em ruínas? Quando a pergunta passou por sua mente outra vez, a cabeça começou a dar voltas. O templo estava completo, nenhuma pedra fora de seu lugar. Não havia nenhuma ruína à vista. Ela realmente tinha pensado que sua queda na água tinha afetado sua percepção, mas ao compreender que Karnak estava ainda inteiro, Charlotte começou a preocupar-se. Vários homens se precipitaram para onde eles se encontravam, levando armas similares, vestidos exatamente como Ahmosis. Isso era impossível. Não havia maneira alguma de que isto pudesse estar acontecendo. O homem que estava a sua frente não era um sonho. Ela já tinha confirmado. Charlotte negou com a cabeça. Não se encontrava no Egito antigo, não era possível. Ela não podia estar vendo o que via. Ela fixou seu olhar no dele e se balançou. O homem a agarrou entre seus braços. O calor de suas mãos penetrou em sua pele enquanto o mundo se desvanecia na escuridão.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers
Capítulo Dois As pestanas de Charlotte bateram enquanto obrigava a si mesma a abrir os olhos. Sem sentir mais calor, sentiu-se confortável pela primeira vez desde muito tempo. Estirou-se, tentando recordar o ocorrido. Tinha encontrado um colar sentada a beira do lago sagrado em Karnak. Também tinha conversado com o homem mais belo que já tinha visto, e depois tudo ficou escuro. Os olhos dela se abriram de repente. Ele a tinha golpeado? Não, ela não acreditava, não sentia nenhuma dor em sua cabeça. Passeou o olhar ao redor. Encontrava-se no interior de uma espécie de câmara. As tochas se sobressaíam das paredes de cor rosa, iluminando a área. Uma tocha de aspecto cerimonioso pendurava entre duas tochas, seu ouro brilhando com a luz do fogo. Endireitando-se, Charlotte desceu o olhar para seu corpo. Tinham-na deitado sobre um leito construído com tijolos cru, sobre o que tinham colocado várias esteiras de junco e depois a haviam coberto com linho fino. O material era suave contra sua pele. Um aroma de incenso flutuava no ar, seu aroma era relaxante. Ela se virou, permitindo que o tecido escorregasse por seu ombro e sobre o fino pêlo de seu braço como uma sensual carícia. Um leve toque sobre seus mamilos atraiu sua atenção para baixo. Seus olhos se alargaram. Sua roupa não estava lá. Estava nua com as Lágrimas do Amón ao redor de seu pescoço. Seus rosados mamilos apareciam por cima dos cobertores. Confusa, Charlotte pegou os lençóis cobrindo-se e jogou um olhar ao redor do quarto outra vez, assegurando-se de que estava sozinha. Teria sido despida pelo homem parecido como do quadro? Como seria sentir suas grandes mãos sobre seu corpo? Suas palmas seriam ásperas ou suaves? Teria levado algum tempo detendo-se em seus seios, possivelmente acariciando o triângulo de pêlo entre suas pernas? Ela apertou as coxas para deter a dor que tinha começado. Charlotte tentou sentir-se ultrajada, mas só pôde sentir uma insaciável curiosidade. Deixou-se cair sobre as costas e levantou o olhar ao teto enquanto tentava encontrar sentido para a situação. Umas folhas tinham sido intrincadamente pintadas sobre o teto de tijolo cru dando a impressão de encontrar-se no exterior. As paredes eram lisas e pareciam ser grosas, emprestando frescor ao quarto, a luz dando um brilho dourado. Os detalhes eram familiares, mas diferentes. A única vez que tinha visto algo similar estava em uma escavação e ninguém nesses lugares tinha ocupado as moradias há mais de dois mil anos. Isto, simplesmente, não tinha sentido.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Passos descendo pelo corredor foi sua única advertência um momento antes que Ahmosis aparecesse na entrada. Charlotte elevou os cobertores até o queixo, sentindo-se de repente vulnerável e pequena em sua presença. Ele estava tão bonito como antes com sua tez bronzeada beijada pelo sol e seu brilhante sorriso. Sua pele tinha sido azeitada, levando o aroma de mirra. Ele abriu a boca e começou a falar. A ligeira diferença entre esse dialeto e o que ela tinha estudado, tornava difícil entender. Em mais de mil anos ninguém tinha ouvido o egípcio antigo falado em voz alta. E sem importar o que sua mente lhe dizia, Charlotte sabia, além de toda dúvida, que isso era exatamente o que ele estava falando. Durante uns segundos ela se limitou a olhar fixamente maravilhada, escutando as palavras sair de sua boca sedutoramente, sua fantasia feita realidade. Desde suas mais tenras lembranças, Charlotte tinha estado rodeada pelo Egito e as escavações. Seus pais a tinham trazido para sua primeira escavação quando ela mal sabia andar. Tinham lhe falado dos contos do antigo reino e dos grandes governantes e cidades que uma vez tinham existido. O mais íntimo desejo dela tinha sido poder ver as cidades em toda sua glória, exatamente como seus pais haviam descrito. E pelo aspecto que tinham as coisas, tinha se tornado realidade. —Tome cuidado com o que deseja Charlotte Witherspoon — murmurou ela baixo. O homem arqueou uma sobrancelha. —O-onde estou? — Charlotte lutou por falar em seu idioma, pronunciando cada palavra lentamente para assegurar-se de que era compreendida. Seus lábios se franziam enquanto ela envolvia sua língua com o dialeto. Sem haver nunca escutado o egípcio antigo em voz alta era difícil, por não dizer outra coisa. Ele passeou o olhar pelo quarto. —Está em minha casa. —Mas, onde é exatamente isso? — Ela olhou as paredes, depois voltou para rosto dele, mantendose o tempo todo coberta. —A grande capital do Egito, Tebas — As mãos dele se apoiaram sobre seus quadris e seu peito pareceu inchar-se com a proclamação. As sobrancelhas de Charlotte se franziram. Tebas não era a capital do Egito, mas ela não ia dizer isso a ele, sobre tudo com tudo o que estava ocorrendo. Não queria saber, mas não tinha outro jeito, a não se perguntar. —Quem é o líder destas terras? — Os dedos do Charlotte apertaram o tecido contra sua garganta até que seus nódulos ficaram brancos. —O grande Rei Kamosis, meu irmão — respondeu ele, como se ela fosse estúpida. A mente dela se negava a funcionar. O faraó Kamosis governou durante o II Período Intermediário seguido pelo Ahmosis I, quem fundou o Novo Reino. Os olhos dela se fecharam ante isso. Parecia como se não pudesse respirar. Este era o Príncipe Ahmosis, o homem que seria Rei. Ou como os gregos lhe chamaram Amasis, o mesmo homem do retrato de seu livro.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Charlotte levou uma mão à cabeça, tentando deter a onda de vertigem que ameaçava afligindo. —Leva as Lágrimas do Amón — Ele apontou o ponto sob o linho onde as jóias se marcavam. Ela abaixou os olhos para o colar em baixo dos cobertores. —Sabe o que isso significa? — perguntou ele, enquanto cruzava os braços sobre o peito. Charlotte não estava do todo segura, mas tendo em conta a inscrição, fazia uma idéia bastante aproximada. Talvez sim fosse uma maldição, depois de tudo, considerando que se viu atirada através do tempo. Com uma velocidade que ela não tinha previsto, Ahmosis fechou a distância entre eles, levantou o cobertor enquanto ela estava perdida em seus pensamentos. —Espera um minuto — Ela tentou voltar a pegar o cobertor, mas a decisão dele era muito firme. Ele deslizou a mão pelo colar. —Significa que quem fixar o olhar sobre as Lágrimas do Amón governará todos os reino do Egito, com o portador a seu lado. Os olhos dela virtualmente saíram das órbitas. —Não diz isso — sussurrou distraída pelo calor das mãos dele. —A última parte eu mesmo adicionei — ele virtualmente ronronava —. Não me preocupa de onde você veio. Nem que fale minha língua de uma maneira estranha. Só que agora está aqui para ser minha qefent. Charlotte parecia não poder concentrar-se. Devia ter entendido errado. Acabava de lhe dizer que desejava seu sexo? Ela piscou, reconstruindo suas palavras, antes de recordar o outro significado da palavra. Certamente não esperava que ela… se convertesse em seu qefent, sua esposa? O olhar dele ardia ao fixar-se em seus mamilos. O corpo dela respondeu, apesar de sua comoção e a necessidade de proteger sua pureza. Com sua mão livre, Ahmosis deixou cair o colar e estendeu a mão lentamente, dando a ela suficiente tempo para afastar-se, até que as pontas de seus dedos entraram em contato com a arrepiada carne dela. Charlotte ofegou e logo inspirou surpreendida ante a resposta de seu corpo ao calor que irradiavam as mãos dele. Nunca ninguém a havia tocado tão intimamente. Crescer em uma escavação a tinha mantido bastante isolada. Se não tivesse “sido pela leitura da história de minha vida” de Casanova, ela seria uma completa ignorante nesses temas. Como muito, tinha experimentado a sensação de um beijo alguns anos atrás durante seu décimo sexto aniversário. Por sorte para ela, Vitória tinha estado muito ocupada para saber de qualquer um dos dois acontecimentos. Ahmosis acariciou seus mamilos, tirando-a de suas reflexões. Charlotte sabia que deveria afastar a mão dele com um golpe. Mas sua carne tinha começado a estremecer-se, sentindo como se um fogo tivesse sido aceso em baixo da superfície. Além disso, encontrando-se em outra época, coisas como essa não teriam nenhuma conseqüência, não é mesmo? Ele formou círculos com a ponta de seu polegar sobre um dos mamilos, até que ficou duro, rogando por mais. Os seios dela doíam e começavam a palpitar. Ela ardia por ele. Ele beliscou seu mamilo com cuidado e ela gemeu. Sem pensar Charlotte se inclinou para a mão dele, procurando sua abrasadora
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Lágrimas de Amon Jordan Summers carícia. Os olhos dele estavam fixos sobre o rosto dela como se avaliasse sua reação. Ela avermelhou da cabeça aos pés. Não importava o quanto tentasse lutar contra si mesma, Charlotte parecia não poder pronunciar as palavras para fazer com que ele parasse. Tinha sonhado com este momento junto a ele durante anos. Tudo parecia tão novo e excitante, mas ainda assim tão correto, como se o tivessem feito mil vezes antes. Seria errado desejar experimentar algo tão formoso com o homem que amava desde os quinze anos? Sua mente se negava a acreditar. Charlotte fixou o olhar em sua boca, querendo mais que tudo no mundo sentir seus lábios sobre os seus. O que ele estava fazendo com as mãos a estava deixando louca. Parecia não poder pensar com claridade, concentrada unicamente em sua insistente massagem. A dor entre suas pernas tinha crescido até converter-se em um inferno e ela não tinha idéia de como aliviar aquilo. Ele soltou o mamilo e os lábios dela se abriram. Ahmosis não vacilou, deitou-se sobre ela e capturou sua boca, em um longo beijo. No corpo dela se acenderam todos seus nervos de uma vez. Não podia respirar. Seu coração palpitava tão alto que provavelmente Ahmosis poderia ouvi-lo. Ele tinha sabor de especiarias e mel, em uma combinação perfeita com todo o masculino. Ele era completamente embriagador e estava a afogando em seu abraço. Não era suficiente, de repente havia muita roupa sobre seu corpo. Ela empurrou o lençol, até que ele deixou cair uma de suas mãos sobre o chão. Charlotte se sentou para encontrar seus lábios. No segundo em que seu corpo nu entrou em contato com o musculoso peito dele, seu mundo se abalou. Ela estava ardendo. Pele sobre pele, seus corpos deslizando-se juntos como se estivessem destinados a isso. Ele aprofundou o beijo, afundando a língua, para depois mergulhar, uma vez que ela não retrocedeu. Os dedos dela se estenderam e agarraram os antebraços dele para evitar cair no abismo. Ele aumentou a pressão sobre sua boca, dominante. Um grunhido escapou do fundo de sua garganta, enquanto as mãos dele deslizavam sobre seus seios e ao redor de sua cintura até que pôde tomar seu traseiro. Charlotte ofegou contra sua boca, seus dedos afundando-se em sua pele. Fundiram-se uma vez mais, o beijo tornando-se feroz. Em segundos ela estava sendo gentilmente empurrada outra vez sobre o leito. Uma vez que esteve recostada, ele interrompeu o beijo e se afastou para tirar a saia curta de linho bordado. Esta escorregou de seu corpo. Os olhos de Charlotte ficaram presos no ereto membro que se sobressaía do berço de cachos de ébano situado entre suas pernas. Era tão grosso como seu punho. O calor e a umidade se acumularam entre as pernas dela. A seus pulmões custava respirar enquanto ele se aproximava lentamente do leito e se deitava a seu lado. Cada norma que lhe tinham ensinado sobre a etiqueta apropriada para as jovens damas voou pela janela quando Ahmosis tocou seu mamilo outra vez. A boca dele baixou sobre seu seio e seu mamilo floresceu como uma flor que estivesse um longo tempo em estado latente. Ele sugou e lambeu, provocando que o broto florescesse. Charlotte gritou, levantando seus quadris em um mudo convite. Seus sentidos estavam sobrecarregados e parecia não poder suportar tudo o que estava acontecendo. Ela desejava este homem mais do que qualquer coisa que já tivesse desejado, ainda assim, realmente não o conhecia, só sabia dele. Ahmosis finalmente fez uma pausa, dando a Charlotte um momento para recompor sua confusa mente.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Não deveríamos estar fazendo isto — disse ela ofegando, enquanto ele passeava um dedo ao longo de seu braço. — Não nos conhecemos um ao outro de verdade. —Temos toda uma vida para chegar a nos conhecer — Seu olhar era decidido enquanto o fixava sobre o rosto dela. — Nosso destino foi escrito faz muito tempo. Não pode ser evitado ou ignorado — Sua profunda voz era rouca enquanto falava. Charlotte tentou concentrar-se em suas palavras, para assim poder sugerir um raciocínio viável. Isto estava errado. Estavam equivocados. Ela não devia estar ali, ou sim? Nem sequer deveria estar pensando em ter sexo com este homem. É tudo o que alguma vez havia sonhado, o arbitrário pensamento penetrou em sua mente. Cedo ou tarde teria que voltar para seu próprio tempo. Provavelmente seus pais estariam doentes de preocupação. Se sequer tivessem notado sua ausência, sussurrou a vozinha em sua cabeça. Por que não desfrutar do tempo que passe aqui? Inclusive enquanto esses pensamentos cruzavam sua mente, as mãos dele começavam a lhe fazer coisas estranhas a sua capacidade de discernir. Acariciava-lhe ligeiramente a pele, deixando arrepiada. Sua respiração ficou mais profunda até que harmonizou com a dela, acalmando, tranqüilizando. O olhar dela encontrou seus olhos negros. Eram como lava líquida, brilhantes, fogosos e fervendo de intensidade. A temperatura no quarto pareceu elevar-se por segundos. Charlotte se sentia febril necessitada. Seu sexo dolorido. Ahmosis lhe dedicou um sorriso de entendimento e depois baixou a cabeça sobre o outro seio que não havia tocado antes. As pálpebras dela se fecharam, cores explorando atrás deles. Todo pensamento de negar-se e de voltar para seu próprio tempo abandonou sua cabeça. Seu corpo era dele para que tomasse. Deixou que ele explorasse livremente. Ahmosis registrou todas as curvas ocultas de Charlotte. Parecia que não tinha suficiente da bela visão que tinha surgido do lago sagrado. Sabia que não devia questionar os deuses a respeito de sua sabedoria. Ela chegou levando as Lágrimas do Amón e isso era tudo que ele precisava saber. Seguiria seu destino tal como foi escrito nas estrelas e uniria os reino do Egito de novo. Acariciou seus mamilos, a rosada pele tão suave como as pétalas de uma flor. Seus dedos tremeram enquanto se detinham sobre as suaves curva de seus seios. Ahmosis baixou entre o vale, arrastando o dedo para seu umbigo. Rodeou a sensível zona várias vezes, antes de seguir o mesmo caminho com sua boca. Ela conteve o fôlego enquanto ele deixava cair diminutos beijos sobre sua pele. Ahmosis sentiu sua inexperiência e reduziu sua exploração. Desejava tomar seu tempo para saborear este presente, para render comemoração a sua beleza. Elogiados sejam os deuses. Os quadris de Charlotte corcovearam enquanto ele passeava a mão ao longo de sua perna, arrastando as unhas sobre sua coxa. O olhou por entre suas pestanas, seguindo sua exploração. Ahmosis se maravilhou do contraste entre a brancura da pele dela e o bronzeado de suas próprias mãos. O azeite do corpo dele facilitava o deslizar de suas mãos enquanto seguia seu caminho sobre sua carne, embriagado. Ahmosis se deslizou para baixo até que sua cabeça esteve situada sobre sua feminilidade. O doce aroma da excitação dela flutuava no ar, misturado com a mirra na pele dele e o incenso. Ele inalou profundamente, afundando um dedo em sua umidade. Ela ofegou. Seus olhos se abriram de repente, ficando fixos em seus exploradores dedos.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Tanta beleza — murmurou ele — É mais bela que as flores que crescem com o passar do Nilo — Deslizou o dedo na boca — E muito mais doce. Charlotte se ruborizou. Ahmosis afundou seu dedo de novo, esta vez conectando-se com o molho de nervos escondidos sobre suas dobras. Charlotte acreditou que cairia da cama, seu corpo respondia de forma que para ela eram desconhecidos. Tinha o entristecedor impulso de agarrar-se a algo, só assim não se romperia em um milhão de pedaços. Ahmosis abaixou a cabeça e lambeu o mesmo ponto que acabava de tocar. Charlotte ofegou. —O que está fazendo? —Te amando… O mundo dela se reduziu a insistente boca dele. Nada mais importava ou existia. Ahmosis se moveu outra vez até que seu corpo esteve colocado entre as coxas dela. Mergulhou entre suas pernas, lambendo e empurrando seus clitóris com a língua. Charlotte podia sentir a tensão crescendo dentro dela, ficando mais e mais aguda, como se fosse aproximando-se do fio de uma navalha. Seus quadris se moviam por vontade própria, tentando fazer jogo com a sondagem dele. Charlotte segurou a cabeça dele, afundando os dedos em seu cabelo de ébano enquanto o sexo lhe pulsava com a necessidade. Pareceu ser todo o estímulo que Ahmosis necessitava. Ele acelerou sua carícia, chupando seu centro de mulher, afundando-se em sua molhada vagem. O sangue palpitava tão forte nos ouvidos dela que logo que podia ouvir. —Por favor — rogou ela, insegura do que estava pedindo exatamente. Ela fechou os olhos ante a sensação. Empurrou seus quadris contra a boca dele, querendo, necessitando e desejando algo mais. Ahmosis tomou seus clitóris entre os dentes e ronronou, fazendo vibrar a sensível carne, até que uma presa pareceu arrebentar dentro dela. Charlotte gritou outra vez enquanto caía ao precipício e ao desconhecido. Seu corpo se estremeceu dos pés a cabeça, suas pernas tremiam ao redor da cabeça dele. Charlotte parecia não poder deixar de apertar, enquanto as contrações de prazer a atravessava. Quando Charlotte abriu por fim os olhos e pôde enfocar, levantou o olhar para o rosto sorridente do Ahmosis. Seu sorriso zombador dizia tudo. Estava mais que feliz com sua reação. Na realidade resplandecia. No instante em que Charlotte recordou exatamente o que lhe tinha permitido fazer, abaixou o olhar. Não acreditava ser capaz de voltar a olhar para ele nunca mais. Ele a tinha beijado e ela se transformou em uma verdadeira lasciva entre seus braços, apertando seu sexo contra seu rosto como uma cadela no cio. O que ele devia pensar dela? Como se lesse seus pensamentos, Ahmosis se endireitou, até que seus quadris estiveram acomodados entre as dela. O olhar dela se elevou, encontrando seus olhos. Ela podia sentir a dura evidência de sua excitação, cravada em seu suave ventre. Ele a manteve cativa como se para obrigá-la a reconhecer à mulher em que estava a ponto de se transformar. —Não estou tão segura de poder fazer isto — sussurrou ela. Ele sorriu de novo, seu membro empurrando contra sua pele.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Fomos feitos para isto desde o começo dos tempos, minha preciosa jóia. Confia no que deve ser. Ahmosis moveu os quadris até que seu membro descansou pronto em sua entrada. Tomou cada fibra de seu ser em empurrar para frente e tomar o que era merecidamente dele. Desejava que Charlotte continuasse esta viagem com ele. Deslizou uma mão entre ambos os corpos e começou a esfregar a glande sobre suas dobras escorregadias. Ela inspirou profundamente e logo mordeu o lábio. Ahmosis permitiu que a glande se deslizasse em sua feminilidade… era como o paraíso, apertado, quente e OH… tão prazeroso. Os olhos dela se abriram com surpresa, mas não mostraram medo. Esse fato o fez sentir-se mais orgulhoso do que deveria ser. —Isto doerá, mas apenas por um momento, meu amor — murmurou ele contra sua bochecha enquanto beijava seu rosto. Ahmosis deslizou o membro uns centímetros mais, até que encontrou a magra barreira. Sua aveludada feminilidade ardia enquanto agarrava sua longitude, levando-o mais profundamente dentro dela. Não havia nenhum modo de fazer mais fácil esta primeira união. Ahmosis se inclinou, tomando um mamilo com a boca e se impulsionou para frente ao mesmo tempo. Um ofego cheio de dor escapou dos lábios dela, mas ele continuou abraçando-a, lambendo seu mamilo com doçura. Manteve seu corpo totalmente quieto, os músculos de suas costas e nádegas em tensão, lutando contra o impulso de procurar sua culminação. Charlotte não podia respirar. A dor… a dor que havia sentido fazia uns momentos estava se diluindo e transformando-se em algo mais. Sentia-se completa, e incapaz de mover-se. Ahmosis estava dentro dela, rodeando-a, dominando-a com sua presença. Antes disto, não teria acreditado que esta união fosse possível, mas agora seu corpo estava ajustando-se, aceitando e dando as boas vindas a seu membro como se lhe pertencesse. Lentamente ele liberou seu mamilo. Justo quando Charlotte pensou que as sensações cessariam, ele se moveu um suave impulso a princípio, provando-a. Ela ofegou, mas em lugar de dor, só sentiu prazer. Seus mamilos se arrepiaram com o toque do peito forte, quando ele se elevou apoiando-se sobre os cotovelos. O pequeno movimento o introduziu mais profundamente dentro dela, empurrando sua matriz. As entranhas dela se umedeceram de novo, acomodando-se a seu tamanho. —Está tudo bem? — perguntou ele, pequenas linhas enrugavam seu rosto enquanto a preocupação desfigurava sua testa. —Estou bem. Sinto-me… Ele empurrou outra vez. E a paixão explodiu dentro dela. —Maravilhosa — A palavra saiu em um suspiro. Ele sorriu enquanto aumentava a velocidade. Seu membro aprofundou seu ritmo elevando-a e transportando-a sobre uma onda de desejo. Ele se balançou para os lados, massageando um ponto dentro dela que era quase tão sensível como o pequeno broto do exterior. Charlotte se permitiu perder-se na sensação. Os quadris dele corcoveavam e se elevavam, entrando e saindo mais e mais rápido. As pálpebras dela começaram a fechar-se. —Não — gritou ele — Quero que me olhe quando chegar outra vez ao êxtase - Os músculos em seu pescoço se esticaram. — Quero que saiba quem será seu rei.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Charlotte abriu a boca. Não estava segura se estava a ponto de protestar ou assentir. Ahmosis aproveitou esse momento para afundar sua língua no interior de sua boca, rodeando e brincando com a dela. A agora familiar sensação palpitante começou lentamente em seu ventre. O abraço dela se apertou. Ahmosis a penetrou profundamente uma e outra vez, enfocando seu esforço no mesmo centro dela. Foi tudo o que necessitou para lançar Charlotte a outro orgasmo. Ela se contraiu e gritou todos seus músculos esticando-se de uma vez, sua vagina apertando seu membro. No segundo que sua vagina o apertou tudo acabou para ele e sua semente começou a derramar de seu corpo. A resposta desenfreada a o enviou ao esquecimento. Seus quadris seguiram movendo-se enquanto a última parte de sua essência se esvaziava no núcleo que logo conteria a nova vida. Este maravilhoso presente dos deuses era dele, todo dele e ele não tinha nenhuma intenção de deixá-la ir nunca. Sem pensar duas vezes, Ahmosis decidiu que se casariam antes da celebração de Opet. Charlotte se transformaria em sua princesa e com o tempo, em sua rainha. Charlotte estava vendo estrelas no formoso rosto em cima dela. Ele era tudo o que alguma vez tinha imaginado de um amante e muito mais. Sua paixão tinha sido ilimitada. Ainda estavam unidos, mas o fato já não a envergonhava só a enchia de alegria. Seu coração se acelerou quando o sentiu palpitar em seu interior. Este homem, este príncipe, a desejava, Charlotte Witherspoon, a mulher que se apaixonou por um retrato, quando poderia ter tido qualquer mulher do reino. A idéia era estimulante. Esticou-se e colocou uma acetinada trança sobre o ombro, para poder ver o rosto dele com claridade. Ele sorria amplamente olhando-a, com a posse brilhando em seus olhos. Uma adorável curva se formou nos lábios dela. —Porque esta sorrindo? — O sorriso dele alcançou seus olhos. Ele passou um dedo pelo rosto dela. —Só pensava em quão afortunada sou de ter encontrado alguém como você para ser meu primeiro amante. —– disse ela A expressão dele se obscureceu, nuvens de tormenta encheram seus olhos. Charlotte deixou cair à mão. —Eu disse alguma coisa errada? —Não terá nenhum outro amante de agora em diante. Entregou-se a mim, plantei a minha semente. Parece — Saiu de seu interior e se separou de seu corpo. De repente Charlotte se sentiu fria e vazia. Franziu o cenho enquanto tratava de pensar em suas palavras. —Não pode esperar que fique aqui. Não pertenço a este tempo… —Não escutarei mais nada disso — Vestiu sua curta saia apressadamente. — Você será minha esposa.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Esposa! — Charlotte se sentou, lutando com os lençóis ao mesmo tempo. — Não posso ser sua esposa. Devo retornar. Por um momento uma expressão de confusão cruzou o rosto dele e depois tão rápido como chegou, desapareceu. —Oferecerei presentes apropriados, os que correspondem para alguém que logo vai ser rainha. Diga-me a que povo devo enviá-los e assim será. —Rainha? Povo? — Charlotte estava lutando para entender, primeiro sua esposa, depois sua rainha? As peças da inscrição encaixaram em seu lugar como um fecho de ferro. — Ahmosis, aqui houve um terrível engano. As Lágrimas do Amón não são minhas. Ele a olhou fixamente, horrorizado. —Roubaste-as de sua legítima proprietária? A boca dela se abriu de surpresa. —Nunca. O alívio alagou o semblante dele. —Então está decidido. Casaremo-nos em uns dias, bem a tempo para participar do festival de Opet. Ela se limitou a olhar fixamente, insegura sobre que mais dizer. —Voltarei com um pouco de roupa, já que seus objetos anteriores eram… inapropriados — Ahmosis saiu do quarto antes que ela pudesse responder. Charlotte olhou suas costas afastando-se até que desapareceu por uma esquina. Devia lhe explicar, tentar lhe convencer de suspender as bodas. Seu coração se afundou. Não tinha feito bem em se apaixonar por ele, quando ao final teria que deixá-lo. A quem estava tentando enganar? Apaixonara-se por ele anos atrás quando seu nome era Amasis e só era um retrato em uma página. O pensamento de não voltar a vê-lo desgostava Charlotte mais do que queria admitir. Depois do que havia acontecido hoje, como ia viver sem ele? O pensamento era muito doloroso de considerar.
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Capítulo Três Charlotte jazia sobre a cama, saciada, aguardando a volta de Ahmosis. Apesar do quanto tinha gostado de estar aqui com ele, experimentando as sortes de fazer amor, tinha que encontrar o modo de deixar seu tempo e voltar para o dela. Se havia uma forma para chegar aqui, tinha que haver uma forma de voltar. Além disso, se terminasse ficando, a história poderia ser irrevogavelmente alterada. A pergunta era… como voltar atrás. Estava brincando com o ouro que lhe rodeava o pescoço quando Ahmosis voltou. Trazia um delicado tecido de linho, parecido com o que ele mesmo vestia. Também trazia um cofre de madeira, decorado com pedras preciosas e madrepérola, que se dispôs a abrir. Charlotte quase caiu da cama quando viu as jóias e a quantidade de riqueza que lhe mostrou. Só na tumba do Tutankamon existiam jóias como essas. Seu coração deu um pulo quando ele pegou um anel de ouro. Charlotte o olhou fixamente enquanto lhe deslizava o anel no dedo. As lágrimas alagaram seus olhos quando compreendeu que não importava quanto desejasse isto, nunca poderia ser. —Se você não gostar deste, posso conseguir outro — Ele vacilou e depois começou a mexer entre as jóias. Ela secou as lágrimas com o reverso da mão e depois o deteve com um gesto. —Não é isso. O anel é encantador. —Então, por que as lágrimas? — Ele passou o polegar sobre sua bochecha, apagando a umidade.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Sinto-me um pouco aflita — Encolheu os ombros. — Estou muito longe de minha casa e não estou segura de como voltar. Ele sorriu. —Egito tem alguns dos melhores rastreadores da terra. Estou seguro de que eles encontrarão sua casa, se esse for seu desejo. Charlotte riu. Duvidava muito que alguém daqui fosse capaz de encontrar sua casa. Ahmosis voltou sua atenção novamente ao cofre, rebuscando entre vários objetos. Tomou uns brincos de rubis e sorriu enquanto segurava um a cada lado do rosto dela. —Perfeito. Fazem par com as Lágrimas do Amón e o fogo que ilumina seus olhos. Charlotte levou a mão dele a sua boca. Depositou um casto beijo sobre seus nódulos, antes de lhe permitir pendurar os brincos em suas orelhas. Ahmosis a ajudou a vestir-se, mostrando a Charlotte como atar o tecido ao redor do corpo. Quando terminou, sentia-se como uma verdadeira princesa egípcia. Calçou umas sandálias nos pés e logo a conduziu para fora do quarto. Caminharam por um estreito corredor em direção a um pátio. Uma árvore crescia no centro, emprestando sombra contra o ardente sol da tarde. Continuaram caminhando até chegar à entrada principal, onde havia várias mulheres sentadas. —Estas são minhas serventes. Ajudarão você em tudo o que possa necessitar - Ele balançou o braço, indicando cada uma das presentes. —Não estou segura se vou necessitar de tanta ajuda — Charlotte olhou às mulheres, lhes dedicando um sorriso indeciso. Ahmosis lhe apertou a mão. —Assim é como vivo em Tebas. Mais tarde visitaremos o harém de meu irmão. Ele está ansioso para te conhecer. Charlotte imaginou uma casa cheia de mulheres nuas correndo por toda parte e dando uvas para os homens comerem. Sabia que era infantil. Assim era como viviam os antigos egípcios, ao menos os ricos. —Você tem um harém? —perguntou sem pensar. Ahmosis se voltou para ela. —Agora mesmo se encontra nele. As vísceras dela se crisparam. —P… Mas pensei que estas mulheres eram suas faxineiras, não suas esposas — Cravou o olhar em seus rostos de novo, analisando detalhadamente seu aspecto. Ahmosis a segurou pelo queixo que ela olhasse para ele. —Um harém é formado de habitações privadas. Um retiro. Estas mulheres são minhas faxineiras. Você será minha esposa. Charlotte se surpreendeu pelo calor que descobriu em seus olhos. Seu olhar continha tantas promessas, tanto… amor? Sabia que isso não era possível, mas ali estava nas profundezas de seus olhos
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Lágrimas de Amon Jordan Summers negros… o amor. Logo que acabava de conhecê-la. Era impossível que ele tivesse tais sentimentos. Isso não podia acontecer, não permitiria. E o que vai fazer arrancar o coração dele? Esse pensamento a fez encolher-se. Se ficasse ali muito tempo, muito, é o que pode ser que aconteça quando partir. —Vamos, meu amor. Comamos — Ahmosis deu duas palmadas e as mulheres se dispersaram em todas as direções. Em poucos minutos tinham estendido uma toalha sobre o chão e uma área para que jantassem. Tigelas contendo pescado seco, fruta fresca e pão foram colocados sobre a toalha. Trouxeram almofadas cheias com plumas de ganso para que sentassem. As faxineiras serviram uma bebida espessa em duas taças, acrescentaram-lhe tâmaras e mel, revolvendo-a a seguir. Entregaram uma taça a Ahmosis e a outra a Charlotte. Ele sustentou a sua no alto e aguardou que ela fizesse o mesmo. —Por minha futura noiva — Sorriu e tomou um gole. Charlotte lhe devolveu o sorriso e bebeu de sua taça. A bebida era espessa e granulada enquanto descia por sua garganta. Ela tinha lido um pouco sobre esta bebida, mas era a primeira vez que provava a cerveja de cevada. A cor escura e o sabor da cerveja formavam uma combinação bastante forte. Enquanto Charlotte bebia, seus músculos começaram a relaxar. Ahmosis pegou um pouco do pão rangente e entregou com o pescado. —Quanto tempo faz que mora aqui? —perguntou Charlotte, com tom impaciente. Havia tanto que queria conhecer, tanto que desejava ver. —Muitos anos — Ele engoliu o pão que estava mastigando. — Meu irmão e eu nos criamos na cidade de Gurob, perto do oásis Fayum, a beira do deserto. Minha família tem outro palácio ali. Você gostaria de vê-lo algum dia, possivelmente? —Sim, eu gostaria — Charlotte não pôde ocultar o entusiasmo em sua voz. Toda esta experiência parecia um sonho feito realidade. Tinha medo de despertar a qualquer momento e que tudo isto teria desaparecido. O coração dela se contraía em seu peito e por um momento teve que olhar para outro lado, incapaz de sustentar o olhar dele. Depois de uns segundos, recompôs-se o suficiente para continuar com a conversa. —Seria possível ver a cidade de Tebas hoje? — Realmente tinha tempo para fazer turismo? Mas como poderia estar ali e não fazê-lo? Ahmosis a observava atentamente e captou o instante em que seus olhos se ofuscaram. —Acredito que seria possível. Meu carro está nos estábulos junto com meus cavalos. Os olhos verdes de Charlotte se iluminaram de entusiasmo. —Me diga meu amor, de onde é sua família? Charlotte ficou quieta a meio caminho de tomar outro gole de sua taça. Tinha esperado evitar essa pergunta. Deixou a cerveja, mordiscando, preocupada seu lábio inferior. Finalmente deixou escapar o fôlego.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Venho de umas longínquas terras do norte, além do reino do Egito, através dos mares — Começou a brincar com um fio frouxo de sua saia. —Como chegou aqui? — Ahmosis tomou um gole de sua cerveja e depois deixou a taça. Era uma boa pergunta e por sua vida, Charlotte desejou ter a resposta. Não podia soltar sem mais nem menos que pertencia a um tempo diferente. Provavelmente Ahmosis a faria lapidar até a morte. Assim disse uma pequena mentira. —Minha gente me abandonou enquanto viajavam ao sul. As sobrancelhas dele se franziram e a cólera cintilou em seu escuro olhar. —Como puderam abandonar à portadora das Lágrimas do Amón, a alguém tão refinada e formosa como você? Charlotte baixou o olhar a seu colo e logo levantou o rosto. —De onde eu venho as Lágrimas do Amón não têm o mesmo significado. —Como pode ser isso? — Ele meneou a cabeça. — Os deuses não permitiriam. —Minha gente se afastou dos deuses. Não acreditam tanto nisso como os habitantes daqui. Ahmosis ofegou. —Isso não pode ser. É uma blasfêmia — Ele ficou em pé, com as mãos apoiadas nos quadris. — Não entendo a sua gente. Charlotte soltou uma risada. —Se isso te faz se sentir melhor, eu tampouco. —Vamos — Ofereceu sua mão. — Deixa que te mostre Tebas. Charlotte permitiu que Ahmosis a ajudasse a ficar em pé. Ele a conduziu depois do palácio, até chegar a um estábulo. Havia muitos cavalos, de várias cores em um cercado e a seu lado, cinco carros. —São todos teus? — Ela apontou os carros. Ahmosis sorriu amplamente. —Sim, são meus e de minha família. O que está no final é meu favorito. Charlotte pôde adivinhar por que era seu favorito. A frente do carro tinha incrustações de ouro. O revestimento de madeira aos lados tinha sido pintado e esculpido com uma representação de Ahmosis derrotando seus inimigos na batalha. O veículo era tão ornamentado que Charlotte se perguntou se realmente deveriam subir nele. —Vamos — Ele puxou pelo braço, empurrando-a para frente. — Que cor prefere? Ahmosis apontou com a cabeça para os cavalos. O olhar dela se voltou para o grupo de cavalos que brincavam dentro do cercado, chutando a areia. Um garanhäo cinza com pintas que corcoveava e chutava, relinchando muito forte, atraiu sua atenção por cima dos outros. Sua longa e branca crina e cauda brilhavam à luz do sol. Os músculos de seu esbelto corpo se esticavam com uma força desenfreada. Sacudiu a cabeça em direção a ela e soprou.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Ele — Ela apontou o garanhäo. Ahmosis sorriu outra vez. —É meu favorito. O nome dele é Hasani, que significa formoso. Charlotte voltou o olhar ao cercado. —Combina com ele — disse ela, rindo. Ahmosis emitiu três rápidos assobios. As orelhas de Hasani se viraram e depois se esticaram para cima. Ahmosis repetiu o assobio e o cavalo trotou até situar-se a seu lado. —É um grande truque — Assentiu ela observando o cavalo. — Todos fazem isso? Foi a vez dele se por a rir. —Só quando ele gosta, é receoso. Parecem-se muito com as mulheres, não fazem nada a não ser que elas queiram. Charlotte abriu a boca para protestar. Ahmosis lhe piscou um olho, o que imediatamente acalmou sua irritação. O calor se elevou em suas bochechas. Como a tinha tranqüilizado tão facilmente? Meneou a cabeça e pôs os olhos em branco. Ahmosis se inclinou e a beijou na bochecha, depois indicou a seus serventes que preparassem o carro. Momentos mais tarde, o vento açoitava o cabelo de Charlotte enquanto rodavam pelas ruas de Tebas. Várias pessoas se alinharam nas calçadas para ver passar o carro. Os cascos de Hasani e as rodas do carro estralando sobre os paralelepípedos deixavam nuvens de pó atrás deles. Ahmosis levava Charlotte encaixada entre a parte dianteira do carro e seu próprio corpo, seu peso equilibrado atrás dela enquanto dirigia o veículo. Charlotte podia sentir seu membro pressionando contra seu traseiro, sentir como crescia e se endurecia com cada movimento que ela fazia. Sentia-se forte e poderosa, como uma autêntica mulher, não a moça torpe que era quando deixou seu tempo. Rebolou e seu membro cresceu mais, duro e exigente. Ele gemeu, baixando uma mão a cintura dela. De repente ela sentiu um puxão atrás de sua saia e depois a brisa sobre sua pele. Ficou geada. —O que está fazendo? Ele pressionou os lábios contra sua orelha. —Abre suas pernas um pouco mais — A arranhou brandamente com as unhas sobre a pele sedosa, lhe deixando a carne arrepiada. Sem pensar, Charlotte atendeu ao pedido, expondo seu sexo às manipulações dele. Ahmosis se deslizou dentro dela por trás, enchendo-a completamente, antes de recolher novamente as rédeas com ambas as mãos. Com cada sacudida do carro, seu grosso membro se introduzia mais profundamente. Os lentos e tortuosos movimentos a queimavam, estendendo-se por seu corpo como chamas líquidas. Charlotte tentou virar-se para poder olhar para ele. —Não se mova — Seus quadris se apertavam contra ela, sustentando-a contra a frente do carro. A pressão fazia que seu clitóris palpitasse. — Ou alguém pode notar — lhe sussurrou, tomando cuidado de dirigir o carro sobre o caminho pavimentado.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Ela não podia respirar ou pensar, só ficar acirrada ao carro, enquanto ele seguia entrando e saindo de sua vagina molhado. Seus mamilos endurecidos pressionavam contra o linho, raspando. Ahmosis tomou as rédeas com uma mão e alcançou seus clitóris com a outra. Seu polegar esfregava e acariciava, recreando-se na zona com gloriosa atenção. A vagina dela pulsou uma vez e então chegou ao clímax com uma força dilaceradora. Ele a beijou vorazmente, amortecendo e tragando seu grito. Continuou penetrando-a, com embates cada vez mais rápidos como um homem possuído, alcançando seu próprio orgasmo pouco depois. Esse foi um passeio de carro que ela não esqueceria facilmente. Deliciosamente saciada, Charlotte levou uns momentos para dar-se conta de que tinham chegado ao templo de Karnak. A areia lhe ressecava a boca, mas não queria que o passeio terminasse. Aspirou com força, às densas especiarias que provinham das cozinhas próximas e perfumavam o ar. Charlotte quase podia saborear o alimento só com o aroma. Ahmosis reduziu a marcha de Hasani a um trote, o som de seus cascos provocavam eco contra as paredes das lojas e casas que se estendiam por toda Tebas. O sol ficava sobre o horizonte, seus brilhantes raios de cor púrpura, vermelho e rosado se refletiam sobre as velas dos navios que flutuavam no Nilo. Charlotte suspirou e se apertou ainda mais contra o peito dele, com um sorriso plantado em seu rosto. Poderia acostumar-se muito facilmente a este tipo de vida. Essa idéia deveria assustá-la até a última fibra de seu ser, mas não era assim. Retornaram ao palácio quando os últimos raios de luz caíam sobre o horizonte. Ahmosis a ajudou a descer do carro e entregou as rédeas a um dos serventes. —Vamos, é hora de nos retirar para a noite — Ele a guiou com o passar do caminho, com a mão apoiada sobre suas costas. Charlotte podia sentir o calor de seu contato através da roupa como se tivesse colocado um ferro quente contra sua pele. Seu estômago se contraía com antecipação. Ahmosis não a olhava, mas ela poderia assegurar que estava consciente até do seu mais ligeiro movimento. Entraram no palácio, passando pela sala principal, pelo pátio e logo à câmara onde estava a área para dormir. Charlotte não parecia recordar como se andava. Tropeçou com uma pedra e logo com outra, até que Ahmosis a segurou pelo cotovelo, estabilizando-a. Seu ardente contato só serviu para intensificar as emoções que sentia. Sua pele lhe queimava. A combustão espontânea era possível? Nesse momento, Charlotte pensou que sim. Puxou o tecido próximo a seu pescoço. Sentia como se a roupa a sufocasse, cada fibra tecida se unia para incrementar seu desconforto. Olhou pela extremidade do olho e pegou o Ahmosis sorrindo. Ela não acreditava que essa situação fosse graciosa nem um pouco. —Está quente, meu amor? — Ele se inclinou até que seus lábios quase tocaram sua orelha. Charlotte se estremeceu. — Posso te ajudar — Ele quase grunhia—. Possivelmente você gostaria de um pouco de água? — Seus olhos cintilaram no vestíbulo iluminado por tochas. Ela o fulminou com o olhar. Ahmosis nem se alterou. Estava desfrutando do fato de poder embaraçá-la dela. Ele sabia que se encontrava a mercê de seus hormônios. Bom, pois a esse jogo podiam jogar os dois. Charlotte sabia que podia não ter muita experiência, mas se o passeio de carro era uma indicação, não se encontrava totalmente sem recursos.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Deslizou a mão com o passar do braço dele, fazendo uma pausa em seu ombro arredondado. Seus músculos se esticaram sob as pontas de seus dedos, mas ele não se moveu. Ela continuou com sua inocente exploração baixando por seu peito, a pele dele lhe queimava a mão. Quando alcançou a pequena protuberância do bico de seu peito, Charlotte o esfregou entre o polegar e o indicador. Ahmosis retinha seu fôlego e seus olhos cintilavam. —Está jogando um jogo um pouco perigoso. Todos sabem que não se deve provocar um leão — Seu sorriso era absolutamente selvagem. O olhou com os olhos totalmente abertos, como querendo indicar que não sabia do que ele estava falando, e deslizou a mão mais para baixo. Os dedos dela deslizaram sobre os firmes músculos do ventre dele. Quando chegou a seu umbigo, ele estremeceu. Isto era divertido. Ter este macho grande e forte a sua mercê era mais agradável do que teria imaginado ser possível. Ela rodeou o umbigo, permitindo que suas unhas arranhassem ligeiramente a pele. Charlotte deslizou a mão ao longo de sua esbelta cintura. Deu uma olhada para baixo e viu a evidência de sua excitação empurrando contra o linho branco de sua aba. Seu membro ficou mais grosso e mais longo enquanto ela o olhava. Finalmente Charlotte não pôde resistir. Deslizou a mão sobre o sexo dele. Ahmosis ficou quieto um segundo e depois empurrou contra a mão dela. Os dedos dela se envolveram ao redor do membro endurecido. A respiração dele era entrecortada. —Esta tentando me enlouquecer? — perguntou com voz rouca. —Não — Charlotte foi retirar sua mão, mas ele a deteve. Ele inspirou profundamente e depois soltou o fôlego com um suspiro. —Tentava ser delicado com você, por ser hoje sua segunda vez. Mas semelhante tortura expulsa todos os pensamentos honoráveis de minha cabeça — Seu corpo tremia sob o contato dela. O olhar dele se cravou em seus lábios. — Rá, me dê forças — Grunhiu e se inclinou, pressionando seus lábios contra os dela. O beijo era doce, sem pressa, como se tivessem todo o tempo do mundo. Ela não acreditava que alguma vez poderia cansar-se de seus abraços. Seus joelhos tremeram quando ele aprofundou o beijo, a boca dele cada vez mais firme enquanto que a dela era cada vez mais suave. A língua dele foi empurrada contra seu lábio inferior, procurando a entrada. Charlotte a abriu para ele, dando as boas vindas a seu sabor picante. As mãos dele subiram para seus ombros. Ele descansou um momento as palmas ali, mas um segundo depois atirou aproximando-a sem que ela afastasse a mão de seu membro. Charlotte o sentia palpitar contra seus dedos. Cuidadosamente deslizou a mão para baixo, insegura do que fazer exatamente. Ele moveu os quadris para incitá-la. Ela investiu na direção e acariciou toda sua longitude para cima. Ahmosis grunhiu contra sua boca. Sentindo-se segura de si mesma, Charlotte o acariciou de novo, esta vez sem fazer uma pausa. O apertão dele sobre seus ombros aumentou, mas não interrompeu o beijo. Ela incrementou a velocidade, desfrutando da sensação de sua grossura na mão. O suor cobriu a testa dele. Tentava com todas suas forças não atirá-la sobre o chão, ali mesmo no corredor. Seus dedos beliscavam o tecido que cobria os ombros dela, tentando encontrar uma âncora contra seu desejo. Ela deslizou seus dedos de seda sobre a glande e apertou com cuidado. Ele esticou a
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Lágrimas de Amon Jordan Summers mandíbula para evitar sua resposta instintiva de empurrar. Se ela continuasse com isto por mais tempo, ia derramar sua essência em sua mão. Incapaz de aguardar um minuto mais, Ahmosis interrompeu o beijo, ofegando. —Mulher, me torturaste por muito tempo. Agarrou sua mão, puxando Charlotte mais energicamente do que teria querido para seu dormitório. Estava soltando os laços que mantinham sua saia unida antes inclusive de que alcançassem a porta. Os lábios dela estavam inchados e vermelhos devido a seus beijos. Ahmosis tomou uma mecha de seu cabelo ondulado e o levou a seu nariz. Ela cheirava a vento e luz do sol. Tinha os olhos muito abertos e brilhantes à luz das tochas. Ele a soltou o tempo justo para fechar a porta. Depois se aproximou até uma pequena terrina que continha mirra e incenso, e esmagou as resinas em suas mãos até que o quarto começou a cheirar a especiarias. Virou-se a tempo para ver Charlotte despindo-se. Ahmosis conteve o fôlego. A pele dela resplandecia como o alabastro. Seus rosados mamilos endurecidos o chamavam. Os escuros cachos entre suas coxas já tinham começado a umedecer-se, brilhando como um farol à luz das tochas. O desejava tanto como ele a ela. Ficou com a boca cheia de água, apenas em pensar em afundar-se entre suas pernas abertas e provar outra amostra de sua generosidade. Saboreando seus sucos no momento em que saíam de seu corpo em êxtase. Seu membro se esticou sob a malha de sua saia, exigindo ser liberado. As Lágrimas do Amón adornavam a garganta dela, uma vez que os pendentes de rubis eram como fogo contra suas orelhas. Ahmosis engoliu com força. Ansiava que o momento durasse para toda esta vida e a seguinte. Apertou as mãos contra seu corpo, para evitar jogar-se sobre ela e tomá-la. Não era como uns que procuravam unicamente sua própria satisfação. Charlotte se removeu inquieta sob o baixo e intenso olhar dele. Em seu interior rugia um fogo que tão somente ele podia apagar. Não sabia o que a possuía, mas meteu um dedo na boca, deu-lhe uma rápida chupada e depois o passou ao redor do mamilo, deixando um rastro de umidade. A aureola se franziu. As asas do nariz dele se alargaram e seu corpo estremeceu, tirou a aba e em uns poucos segundos se equilibrava sobre ela. Desta vez seu beijo foi agressivo, faminto, atacando sua boca ferozmente. Charlotte estava perdida. As mãos dele pareciam estar por todo seu corpo, tateando, beliscando, apertando e acariciando. Ele espremia sua carne, esfregando seu sexo ao mesmo tempo. Charlotte gemeu contra sua boca. Ele introduziu um dedo em sua vagina e começou a empurrar dentro e fora. Quando os quadris dela se compassaram ao ritmo, introduziu outro dedo. A tensão nas vísceras dela foi subindo, aproximando-se mais e mais a sua liberação. Ela apertou os músculos de sua vagina, segurando seus dedos, procurando o alívio que lhe prometia. Unicamente quando ela chegou quase ao limite, Ahmosis interrompeu o beijo e tirou os dedos de seu interior, guiando-a para a cama. Charlotte foi deitar de barriga para cima, mas ele a deteve. Em vez disso a fez virar, colocando a de joelhos e com os cotovelos apoiados sobre as esteiras de cano. O coração dela subiu até sua garganta e conteve o fôlego. As visões do passeio no carro passaram por sua mente, alimentando sua necessidade. Durante uns segundos ela permaneceu quieta, seu traseiro levantado no ar para Ahmosis. Então ela sentiu seu membro esfregando-se contra suas nádegas, duro como o granito, mas ainda assim, suave
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Lágrimas de Amon Jordan Summers como o cetim. Ele não tentou entrar nela, limitou-se a acariciá-la com seu membro, roçando os lábios de sua feminilidade. Charlotte jogou o traseiro para trás para respirar. Ele riu e segurou seus quadris, mantendo-a quieta, inclinou-se e depositou um beijo sobre cada nádega. Charlotte tremeu. Ahmosis se endireitou e depois se inclinou sobre ela. —Você me torturou durante muito tempo — murmurou contra seu cabelo—. Agora é minha vez. A excitação vibrava através dela. Podia sentir os mamilos duros como contas de um rosário, até um ponto doloroso. Sentia seu sexo tão empapado que acreditou que seus sucos não demorariam a deslizar por suas pernas. E nem por um segundo isso importava a Charlotte, unicamente lhe importava o enorme membro que sobressaía entre as coxas dele e a atraente voz que fazia vibrar seus sentidos. Seu clitóris se contraiu quando ele deslizou a glande sobre ele, seu escroto roçando sua perna. Charlotte mordeu o lábio para não gritar, ou pior ainda, para não suplicar. Ahmosis colocou a ponta de seu membro junto à entrada de sua feminilidade, seus dedos se introduziram nela, preparando-a. A torturaria uns minutos mais e logo a devoraria sem compaixão. Ele afastou os dedos e ela choramingou, abrindo suas pernas mais amplamente. —Há algo que queira me dizer, meu amor? Charlotte gemeu. —Não. Ele colocou os dedos uma vez mais, esta vez utilizando a outra mão para lhe massagear o clitóris. Charlotte choramingou a ponto de render-se. Ahmosis tirou os dedos e passou um braço ao redor de sua cintura, elevando-a, balançou-se para frente e para trás, deslizando seu membro pelas dobras de sua feminilidade. Ela se sacudiu em seu abraço, sua vagina implorava seu membro. —Por favor — pediu ela. —Isso é tudo o que queria ouvir — A voz dele era rouca quando a soltou um momento para agarrar seus quadris uma vez mais e mergulhar nela por trás, marcando-a. Charlotte gritou quando o orgasmo atravessou seu corpo, pulsando e palpitando enquanto onda atrás de onda a golpeava. Ela podia ouvir o som que Ahmosis provocava ao entrar e sair de seu interior, seu pesado escroto golpeava contra sua pele. Seus quadris golpeavam seu traseiro, empurrando-a uma e outra vez para frente. Charlotte se inclinou para baixo, tomando mais profundamente em seu interior. Era a vez dele gemer. Ela apertou os músculos ao redor de seu membro, reduzindo a velocidade de seus movimentos. —Charlotte, se fizer isso outra vez, irei mais rápido — Sua voz era tensa. Ela riu, pensou um momento e voltou a apertar. Ahmosis a agarrou com mais força, empurrou uma vez mais e um grito saiu de seus lábios. Seus quadris continuaram agitando-se. Ela pôde sentir sua ardente semente derramando-se em suas vísceras, enchendo sua matriz. Por um momento sentiu pânico, mas então Charlotte compreendeu que se ficasse grávida estaria bem, porque levaria o filho de Ahmosis. —É uma verdadeira feiticeira, meu amor — Ele inspirou com dificuldade. — E dou graças aos deuses porque és minha.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Charlotte apoiou a cabeça sobre o leito. Não estava muito segura de que quando se movesse suas pernas a suportariam. O suor escorreu gotejando por suas costas e seus seios. Os lábios de sua vulva estavam doloridos e inchados. O quarto cheirava a especiarias e a sexo… seu sexo. O ato do sexo com ele possuía o aroma mais doce que alguma vez tivesse inalado. Ahmosis a elevou, colocando-a sobre a cama. Reuniu os enrugados lençóis antes de deitar-se junto a ela e os cobriu, abraçando Charlotte, apertado contra seu peito.
Capítulo Quatro No dia seguinte, Ahmosis tinha o carro preparado aguardando. Iriam se por a caminho para Gurob, ao palácio que sua família possuía ali. A viagem cortava a respiração… férteis campos, o Nilo ao longe. Charlotte fechou os olhos um momento tentando gravar a imagem em sua mente para toda a eternidade. O ar era limpo e ligeiramente aromatizado pelas flores. Ahmosis passou junto a vários templos antigos durante a viagem ao meio do Egito, cada um mais espetacular que o anterior. Indicou-lhe que muitos deles ainda estavam sendo construídos e que seguiria assim durante os anos vindouros, já que honrar aos deuses levava seu tempo. Charlotte desejou poder lhe dizer que esses templos seriam muito valorizados milhares de anos depois. Chegaram ao palácio algumas horas mais tarde. Ahmosis tinha parado durante o caminho para saudar as pessoas, tomando seu tempo para entrar nos campos e dar uma mão onde fosse necessário. Por isso Charlotte pôde comprovar, era muito querido e respeitado por todos, conquistando a todos os que cruzavam em seu caminho. Não estranhou que fosse capaz de unir todos os reino do Egito. Sua admiração e amor por ele se faziam mais intensos a cada minuto que passava. O palácio era menor que sua residência de Tebas, mais caseiro. As árvores do oásis próximo cresciam esplendorosas, suas folhas grossas e densas forneciam sombra à maior parte da moradia, onde se cultivava gordas tâmaras nos campos, dando ao ambiente um aroma adocicado de frutas. Erva da cor das esmeraldas cresciam o suficiente para que Hasani pudesse pastar.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Uma formosa mulher lhes saudou da porta, sua pele era da mesma cor que as amêndoas assadas e possuía um porte régio que só podia ter sido concedido com o nascimento. Seus olhos tinham o mesmo fogo negro que os de Ahmosis. Usava uma peruca de ébano perfeitamente trançada e imaculados linhos brancos cobriam seus escuros mamilos e formas esbeltas. O ciúme passou como um raio por Charlotte e em seu ventre se formou um nó quando imaginou o Ahmosis afundando seu membro no sexo desta formosa mulher. Sua cabeça sepultada entre as coxas estendidas da mulher e lambendo suas inchadas dobras até que ela gritasse. Charlotte apertou suas mãos. —O rei Kamosis não está aqui. Está visitando seus campos. frente.
Ahmosis saudou com a cabeça, beijou a mulher na bochecha e depois empurrou Charlotte para —Tenho o gosto de te apresentar a minha mãe, Ashotep.
A mulher sorriu e se precipitou adiantando-se para abraçá-la, empurrando Ahmosis a um lado. O desconforto de Charlotte desapareceu imediatamente, substituindo-se pela vergonha. E pensar que ela tinha pensado em estrangular a mulher. Ashotep tomou as mãos de Charlotte, guiando-a ao interior e a afastando do ardente sol do meio-dia. —Ahmosis enviou uma missiva comunicando que sua escolhida tinha chegado, mas não acreditei até que te vi com meus próprios olhos — disse a mãe dele, sorrindo gratamente. Charlotte não esteve muito segura de como reagir ante o que acabava de dizer Ashotep. Quando tinha tido Ahmosis tempo para enviar essa mensagem? —Não é todos os dias que um filho traz para casa a sua futura esposa — continuou dizendo Ashotep, sua voz elevando-se com o entusiasmo. Ela olhou por cima de seu ombro para Ahmosis, entrecerrando os olhos. Ele levantou suas sobrancelhas com gesto de inocência. —É um prazer conhecê-la. Apertou as mãos da mulher antes de soltar. Charlotte tentou imaginar sua mãe na mesma situação. Vitória daria a boa vinda entusiasmada ao Ahmosis como seu futuro genro? Duvidava. Não a menos que chegasse com uma pilha de antigas relíquias de ouro e, é obvio e as chaves do Egito. O sorriso de Ashotep se fez mais amplo. —Comeremos um pouco e depois poderá nos contar tudo sobre ti. Há muito por preparar em tão pouco tempo. Charlotte franziu o cenho. —Deve estar excitada por suas bodas — disse emocionada Ashotep. No estômago de Charlotte se fez um nó, uma massa de nervos. Realmente poderia continuar com isso? Desejaria passar toda sua vida com o Ahmosis, sem sentir-se culpada por não haver dito a seus pais sequer um adeus. Se ao menos pudesse voltar para seu próprio tempo…
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Lágrimas de Amon Jordan Summers A conversa foi bastante animada enquanto jantavam. A mãe de Ahmosis lhe contou histórias dos problemas que ele tinha ocasionado quando era pequeno. Charlotte o observou por debaixo de suas pestanas. Não era difícil imaginar um jovem Ahmosis com aqueles grandes olhos negros e cabelo como o ébano. Provavelmente se livrava dos castigos. Seus filhos seriam cópias exatas dele. Seu coração se contraiu ante o pensamento do Ahmosis com filhos. Seria um pai bom, paciente e carinhoso, mas firme. Ela engoliu o pedaço de pão que estava mastigando e custou passá-lo por sua garganta. Para que pensar nessas coisas. Uma vez que ela partisse, ele continuaria em frente, encontraria uma noiva egípcia e governaria o Egito. Por lógica Charlotte sabia que assim era como deveria ocorrer, mas não importava quantas vezes tentasse de convencer-se, ainda assim não podia imaginar o Ahmosis com outra pessoa, a não ser com ela. Pensar que outra mulher receberia seus abraços, a destroçava. Umas horas mais tarde, despediram-se. Ashotep prometeu ajudar com os preparativos do casamento e assegurou Charlotte que se casava com um homem excepcional. Ninguém tinha que convencer Charlotte disso. Ahmosis era tudo que alguma vez poderia desejar em um marido. Tinha sabido desde o primeiro olhar. Retornaram ao palácio de Tebas enquanto o sol ficava pelo horizonte. Os familiares sons dos lares flutuavam pelo ar nas ruas, vozes e risadas que se elevavam na noite. O ar das cozinhas se estendia em qualquer parte. —No que pensa? — sussurrou Ahmosis perto de sua orelha. —Penso em que maravilhoso lugar é o Egito e em quão excepcionais são suas gente — Ela sorriu. Uma terra que ela mesma tinha ajudado a desenterrar das areias do tempo e que agora se elevava orgulhosa como uma sentinela montando guarda ante as portas do paraíso. Se ao final acabasse retornando ao seu tempo, ninguém acreditaria se contasse… certamente seus pais não acreditariam. Charlotte sabia sem dúvida nenhuma que nunca seria capaz de dizer uma palavra sem medo a ser encerrada sob chave. Essa noite Ahmosis foi especialmente romântico, em sua maneira de fazer amor. Lubrificou seu corpo com azeite perfumado de mirra, vertendo de uma vasilha gasta de Síria. Suas mãos eram suaves enquanto estendia o líquido sobre seus ombros e por seus braços, evitando cuidadosamente seus mamilos e seu sensível clitóris. Esfregou o azeite sobre suas pernas e nádegas, as amassando com firmeza para depois subir por suas costas. Ahmosis esfregou até que o último de seus nós de tensão desaparecesse. Ela virtualmente rebolava ante a necessidade de que as palmas dele entrassem finalmente em contato com seus mamilos. Ele roçou com as pontas de seus polegares sobre os bicos e estes ficaram rígidos de desejo. A respiração dela se tornou mais difícil. Ele continuou brincando com seus seios plenos, massageando-os e lhes dando forma. A feminilidade de Charlotte se empapou e ela gemeu. Moveu-se para aliviar a sensação, mas isso só acrescentou mais fricção. Quando Ahmosis se inclinou e passou sua língua sobre os bicos, ela quase chegou ao clímax. Ele chupou um mamilo, puxando com os lábios e depois com os dentes. Quando ela acreditava que não poderia agüentar mais, Ahmosis se moveu para dedicar-se ao outro mamilo. Lambeu avidamente, lhe
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Lágrimas de Amon Jordan Summers dando ligeiros golpezinhos com a língua, capturando-o uma e outra vez como se essa fosse a última vez que estariam juntos. Ela gemeu. Ele a empurrou para a cama sem romper o contato. Seus mamilos estavam inchados quando ele a deixou sobre o bordo da superfície de cano. A respiração do Charlotte se fez ainda mais agitada. Seus peitos palpitavam e zumbiam como se o calor avançasse a toda velocidade por sua pele azeitada, centrando-se na união de suas coxas estendidas. Ahmosis caiu de joelhos ante ela, depois passou as mãos por debaixo de seu corpo e a puxou para frente até que sua vagina esteve ao mesmo nível que a boca dele. Ele a olhou por entre suas longas pestanas e sorriu. O gesto era totalmente carnal, dizendo a Charlotte sem palavras que estava a ponto de comê-la viva. Seu clitóris palpitou. Ahmosis se inclinou para frente e inalou. —Seu aroma me torna selvagem. Sinto-me como um animal quando está perto. Os fluxos dela gotejaram dos suaves cachos que havia entre as pernas separadas, o convidando a beber profundamente. Ela cheirava a almíscar e excitação, o azeite de mirra só tinha acrescentado mais encanto, mordeu o lábio quando ele aproximou mais a cabeça e soprou brandamente em sua carne acalorada. Charlotte tremia, seus mamilos se sobressaíam como uma fruta amadurecida pronta para ser colhida. Ahmosis levantou uma de suas pernas e a colocou sobre seu ombro, logo repetiu a ação com a outra, inclinando o sexo dela para seu rosto. —Sabe quanto desejo te saborear e te tocar? — grunhiu ele do fundo de sua garganta. — É tão formosa, surpreende-me que Rá não tenha vindo te reclamar para ele. Ele sorriu outra vez, deixando Charlotte ver o fogo que ela tinha acendido em seu interior, a paixão que o queimava sem cessar, a necessidade gritava desde seu membro e o amor que sentia em seu coração. Ela era sua e ele dela. Assim era como deveria ser. Ahmosis se inclinou para frente, golpeando com sua língua as inchadas dobras. Charlotte se estremeceu e fechou os olhos. Ele podia sentir a tensão de seu corpo, o desespero subjacente, e o total desejo oculto em suas profundezas. —O alimento nunca será igual deste dia em diante. Já que nunca poderá comparar-se com a ambrósia entre suas coxas. Ele a lambeu outra vez, rodeando sua quente vagina úmida, brincando com a língua. A sensível carne dela respondeu umedecendo-se e inchando-se mais. Ahmosis, intoxicado por seu aroma, cambaleou embriagado por sua resposta, mergulhou de novo, desentupindo a jóia escondida que jazia em baixo suas quentes dobras. As unhas dela se cravaram em seus ombros quando ele chupou introduzindo o broto na boca e mordiscando-o brandamente com os dentes. Ela ofegou incapaz de tomar fôlego. —Ahmosis… — gemeu. Ele rodeou seus clitóris com a língua, deslizando de lá para cá imitando uma serpente. Foi tudo o que necessitou para levá-la ao limite. —Deusss…
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Sua vagina jorrou, molhando o queixo dele, que continuou chupando e lambendo, recolhendo até a última gota de sua liberação. Charlotte jogou a cabeça para trás e gritou. Seu corpo se convulsionou quando o orgasmo se abateu sobre ela. O rosto dele seguia sepultado entre suas pernas, devorando-a. Ela não podia controlar os estremecimentos que atormentavam seu corpo. Sua visão se nublou e piscou para clarear seus sentidos. Sentia sua pele viva e palpitante enquanto espasmo atrás de espasmo a sacudiam. Permaneceu arremessada sobre o leito aguardando que sua respiração voltasse à normalidade. Ahmosis permaneceu entre suas pernas, depositando suaves beijos sobre suas coxas. Charlotte levou vários minutos para poder formar uma oração coerente. Quando pôde, endireitou-se, apoiando-se sobre os cotovelos e o olhou com ousadia. leito.
—Minha vez — ronronou ela, lambendo os lábios. O puxou até o ter recostado a seu lado sobre o
Ahmosis ficou deitado de barriga para cima, com os braços cobrindo seus olhos. Seu membro o suficientemente duro para moldar o ouro. Não acreditava que jamais pudesse se cansar de se alimentar do poço inesgotável de Charlotte. Ela era uma ambrósia, mais doce que os vinhos mais finos do Egito e mais apreciada que todo seu ouro e pedras preciosas reunidas. Seu sabor fervia a fogo lento em sua boca, tentando seu apetite. A respiração dela finalmente se reduziu a um ronrono de satisfação. Ahmosis era feliz pelo fato de que tinha sido capaz de agradá-la como nenhum outro. Sorriu amplamente e estava a ponto de voltar-se para dizer-lhe quando sentiu a suavidade de seus lábios sobre a ponta de seu membro. O ar pareceu congelar-se em seus pulmões. Incapaz de ofegar ou falar esperou. Seu contato foi lento a princípio, uma lambida rápida seguido de uma chupada suave. Ahmosis se manteve quieto como se estivesse morto, obrigando-se a conter-se de empurrar. Quando finalmente foi capaz de tomar um pouco de ar, este saiu como um gemido estrangulado. —Gosta assim? — A voz dela tremia ao falar tão perto de sua glande. Ahmosis abriu seus olhos e a olhou. —Parece como se mil diminutas mariposas tivessem posado sobre meu sexo. Charlotte lambeu um dos testículos até em cima e outra vez para baixo. —Você gosta quando te chupo? Ahmosis gemeu. —Não faz nem idéia. Ela o tomou em sua boca e começou a chupar. Os músculos dele se apertaram e ele apertou os lençóis. Ela formou redemoinhos de sua língua sobre a sensível glande e depois a deslizou ao redor de toda sua longitude. A pressão de sua boca aumentou, coincidindo com a pressão que havia no interior dele. Ele sentiu seu escroto esticar-se, preparado para a liberação. Os dedos dela rodearam a base de seu membro e começou a movê-los ao mesmo ritmo que a boca. A combinação da umidade de sua boca com a suavidade sedosa de sua pele foi muito para ele. —Deve para — disse ele com os dentes fortemente apertados.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Ela negou com a cabeça sem deixar livre sua presa, aumentando a velocidade em cada um de seus movimentos. —Não posso me conter. Ele ofegou, os músculos em seu abdômen se contraíram. —Mmm — ronronou ela em seu membro. Ahmosis quase caiu da cama. Agarrou seu sedoso cabelo, ao tempo que empurrava em sua abrasadora boca. O candente calor combinado com a pressão ao chupar enviou descargas por todo seu corpo. Ele sacudiu e empurrou uma vez mais, descarregando sua semente diretamente em sua boca e sua garganta. Charlotte não tentou afastar-se, saboreando toda sua essência. Ahmosis tremia e se estremecia, ficando finalmente exausto. Puxou Charlotte para colocá-la a seu lado. —É assombrosa. Ela se ruborizou. —Pensa isso de verdade? Ele retirou uma mecha de seu cabelo de seu rosto e a beijou. —E claro que sim. Os dias passaram rapidamente, até a chegada do festival de Opet, no qual o faraó renasceria. A celebração também assinalaria a volta de Sopdet, uma brilhante estrela no horizonte, marcando o Ano Novo egípcio. O dia do casamento de Charlotte tinha chegado. Estava tão profundamente apaixonada, que tinha decidido que se ainda tinha a oportunidade de retornar a seu próprio tempo, não tomaria. Sua vida, seu coração e sua futura felicidade estavam ali com Ahmosis. Que logo ia ser seu marido e tinha estado entregando presentes simbólicos cada dia desde que ela tinha chegado ali. Seus abundantes presentes, assim como seu amor, eram intermináveis. Ahmosis não pedia nada em troca. Ainda assim Charlotte não podia aplacar a culpa que sentia por sua incapacidade de dar de presente algo a ele. Ela sabia que o ato de dar presentes fazia parte da grande cerimônia de união. Ela passou suas mãos sobre as Lágrimas do Amón e um calafrio a atravessou. Desprezou rapidamente a sensação atribuindo-a aos nervos prévios às bodas. A cidade de Tebas estava abarrotada pelo festival. As preparações tinham começado a princípios da semana e culminavam agora. Essa noite, o povo do Egito se amontoaria no templo do Karnak, tirariam as estátuas do Amón, sua esposa Mut e seu filho Khonsu em barcos sagradas. Depois seriam levados em procissão ao longo da rota que limitava com a esfinge que unia o Karnak com o Luxor. Os adoradores acreditavam que no templo do Luxor, no santuário interior, Amón se uniria ritualmente com a mãe de Ahmosis de maneira que ela pudesse dar a luz outra vez a um K real. Quando a cerimônia acabasse o Rei Kamosis entraria no santuário, fundindo-se com seu “recémnascido” K. Ele reapareceria mais tarde, coberto de poder divino, como filho de Amón-Rá. O rei Kamosis
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Lágrimas de Amon Jordan Summers receberia então às massas. Os bailarinos atuariam e se fariam grandes oferecimentos de carne e se cozeria o pão. Uma vez apresentado e por último desfrutado pelos deuses, esta generosidade seria distribuída ao povo. Charlotte estava muito excitada pela celebração, mas o temor se cravou em seus ossos como uma âncora, abatendo-a apesar de seu entusiasmo. Ashotep tinha trazido um vestido especial de Gurob para ela e tinha criado uma peruca elegante para a cabeça de Charlotte. Assegurou-se de que Charlotte estivesse preciosa e logo a escoltou para o pátio do palácio onde Ahmosis a esperava. Charlotte conteve o fôlego quando divisou Ahmosis. Tão formoso tão régio. Ele se encontrava de pé perto de uma figueira com uma pequena coroa de ouro sobre sua peruca. Ahmosis usava uma saia curta, bordada esquisitamente com pedras preciosas costuradas nela. Um escaravelho de ouro adornava seu dedo anelar. Suas mãos estavam ao lado de seu corpo. Apesar de seu aspecto depravado, seus ombros pareciam tensos. Seus olhos procuraram os seus, possessivos, confirmando que ela realmente estava ali e só então pôde relaxar. A cerimônia, que foi um equivalente a segurar as mãos e a declaração das intenções por parte de cada um, acabou em breves minutos. Quando tinham terminado, Charlotte estava enjoada. Não sabia se era pelo medo ou o regozijo. Já fora uma coisa ou a outra, acabou-se e nada se interporia entre eles. Charlotte se virou para seu marido e depositou um casto beijo sobre seus lábios. —Lembre-se sempre disto, eu te amo. Os dedos dele tremeram quando os levou até seu rosto. —Agora não tem nada que temer. É um fato. Charlotte deixou escapar um suspiro de alívio, tentando não fazer caso ao persistente temor que estava à espreita como uma sombra atrás de sua mente. Pareceu crescer em intensidade, como uma tormenta no horizonte, movendo-se rapidamente, dizimando tudo em seu caminho. Charlotte tentou ignorá-lo e sorriu para Ahmosis. Era apenas nervosismo pelas bodas. Finalmente se extinguiriam e ela poderia esquecer-se deles e desfrutar do festival de Opet essa noite. Ashotep partiu para preparar-se para sua parte nos rituais. Ahmosis puxou Charlotte até tê-la entre seus braços e a beijou profundamente. —Agora é minha, minha e ninguém pode te levar — sussurrou ele contra seus lábios, balançando a de um lado para outro. Finalmente apoiou sua cabeça sobre a dela. Charlotte podia sentir a tensão em seus músculos. —Você também sente, não é mesmo? Seus músculos se esticaram, abraçando-a com força. —Não sinto nada mais que felicidade neste dia. Apesar de suas palavras de segurança, Charlotte sentiu que ele parecia pouco disposto a soltá-la.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers
Capítulo Cinco O festival era um acontecimento de júbilo. Charlotte se uniu a Ahmosis e a sua família no séquito real enquanto foram de Karnak ao templo de Luxor. O humor era alegre, embora tranqüilo. Deveria ser o dia mais feliz de sua vida, mas não tinha o ânimo de divertir-se. Ahmosis passeava silencioso ao seu lado, sua mão amparando a sua. A força emanava dele em ondas enquanto lhe enviava seu apoio em silêncio. Charlotte se manteve perto, temerosa de lhe soltar, por medo de que o sonho desaparecesse. O que era ridículo… já havia se passado quase uma semana ali. Não tinha descoberto a maneira de voltar para seu tempo, nem queria retornar. A multidão estava reunida no exterior do templo, suas vozes sussurrantes cantando ao uníssono. A mãe de Ahmosis já estava há várias horas dentro do santuário, convivendo com os deuses. Seu irmão, o Rei Kamosis deu um passo à frente e entrou no templo. A lua cheia brilhava amarela no céu, sua abundante luz brilhante, fazia o uso de tochas desnecessário. Uma hora depois um vibrante Rei Kamosis emergiu. A multidão saiu de sua letargia, aclamando e precipitando-se rapidamente para fazer suas oferendas.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Com os deuses apaziguados, o ânimo se tornou eufórico. O vinho fluiu livremente, junto com cerveja de cevada. Pão, pescado, carne de gazela e gansos circularam por toda parte para que todos os provassem. Ahmosis serviu comida para eles e logo se afastou com Charlotte da multidão. Colou a sua boca em sua orelha esquerda. —Sou egoísta. Quero-te apenas para mim. Retornaram para o templo de Karnak, cruzando com pessoas celebrando a festa com o passar do caminho. A luz da lua brilhava sobre as águas do Nilo. Na distância, as nuvens se agrupavam sobre o horizonte, anunciando uma tormenta. A brisa aumentou, levando em sua esteira erva de cipreste e o aroma do azeite perfumado. Unidos pelas mãos caminharam em silêncio. Ahmosis levou Charlotte ao redor do templo até que se encontraram em frente ao lago sagrado. —Queria retornar ao lugar onde te vi pela primeira vez, para poder oferecer meu agradecimento aos deuses — disse ele enquanto a atraía contra seu peito e envolvia os braços ao redor de sua cintura. Charlotte se estremeceu quando uma gota de água molhou seu rosto. —Este lugar também terá sempre lembranças agradáveis para mim — acrescentou ela lhe apertando as mãos. — É onde conheci homem que sempre amei. Não teve que ver que ele franzia o cenho, pôde sentir. A tensão em seu corpo aumentou. —Como pode ter me amado durante anos, quando faz apenas umas saídas de sol que a conheci? Charlotte virou em seus braços até ficar em frente a ele. A lua era tão brilhante que podia distinguir facilmente seus traços, inclusive com as nuvens formando redemoinhos. —O que importa é que nos encontramos e que estamos apaixonados. —Emoldurou seu rosto entre as mãos e ficou nas pontas dos pés para lhe beijar uma vez mais. —Você é meu amor — disse ele quando ela se afastou. — Meu único amor. Charlotte mordeu o lábio e logo sorriu. —Há algo que quero te dar. Ahmosis deteve suas mãos quando estas se elevaram até seu pescoço. —Isso não é necessário, Charlotte. Você é presente suficiente — Levantou o queixo dela e começou a mordiscar os lábios. —Não posso pensar quando faz isso, você sabe. Ele riu. —Esse é o objetivo. —Ahmosis… — Ele continuou beijando sua boca. — Ahmosis, por favor. Ele se deteve. Um relâmpago iluminou na distância, seguido pelo estrondoso som dos trovões. Charlotte olhou cautelosa a iminente tormenta, antes de voltar a olhar para Ahmosis. —Me deu tanto. Quero te mostrar o quanto significa para mim. Ele franziu o cenho um momento e logo suspirou.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Se isso for o que desejas, aceitarei seu presente. Charlotte alcançou o broche das Lágrimas do Amón. Demorou um momento antes de abrir-se. Ahmosis se virou para que pudesse colocar o colar, quando o ar ao redor deles se tornou elétrico. Virando-se outra vez para ela, lhe perguntou. —O que acha? Estou seguro de que luzem melhor em ti. Charlotte sorriu e no segundo seguinte uma onda de vertigem a envolveu. —Você am… aaaah! — O grito saiu de suas vísceras. A dor a envolveu e não pôde enfocar, como se uma estaca estivesse cravando-se em seu cérebro. A chuva começou a cair. Charlotte podia ver que os lábios de Ahmosis se moviam e que seus olhos estavam cheios de medo. Ele lutava para segurá-la, mas não podia. O anel de ouro de suas bodas lhe caiu do dedo. A tormenta arremeteu contra eles. O formoso rosto dele se desvaneceu frente a seus olhos. Em um minuto estava ali. E no seguinte já não estava. —Näoooo… — gritou Charlotte, mas era muito tarde. Um relâmpago apareceu perto, lhe fazendo chiar os dentes. Estava caindo. Caindo para a água. De retorno ao lago sagrado. —Ahmosis, eu te amo! —grito uma vez mais, rezando para que suas palavras chegassem a ele. Charlotte emergiu na superfície, cuspindo, com a boca cheia de musgo. O sol brilhava intensamente e levou uns segundos para poder ver com claridade. Seu cabelo estava grudado em sua cabeça, sem a peruca que tinha estado usando. Ela sabia sem olhar que Ahmosis não estava com ela, limpou o rosto e saiu da água. Seu coração e corpo lhe doíam como se os estivessem rasgando em pedaços. —Onde esteve, senhorita? — perguntou uma voz atrás dela. Charlotte fechou os olhos e tomou ar antes de virar-se para olhar sua mãe. O sol brilhava intensamente, esquentando o ar como se fosse um forno. Seu coração lhe doía como se estivesse a ponto de estalar. —O que fez com seu vestido? —O olhar no rosto de sua mãe teria murchado as flores e parecia fazer-se mais sério a cada segundo. — Que diabos têm feito? É positivamente escandaloso. Charlotte baixou o olhar e descobriu que ainda usava a saia egípcia. Seu corpo não levava jóia alguma, parecia que o metal precioso não podia sobreviver à viagem no tempo. À exceção das Lágrimas do Amón. —Me alegro de ter decidido vir te buscar quando não apareceu para ajudar. Só Deus sabe o que teríamos encontrado se não tivéssemos feito isso. Charlotte arqueou as sobrancelhas. —O que quer dizer? —Não se faça de tola comigo, Charlotte Constance Witherspoon — Sua mãe deu um passo à frente e logo se deteve, seus olhos estreitando-se sobre a frente do traje de Charlotte.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Charlotte baixou a vista de novo e soltou um ofego. Sua blusa era quase transparente de novo, à exceção de que agora não levava nada debaixo para cobrir sua nudez. O som de várias pisadas chamou sua atenção. Os trabalhadores se aproximavam, o murmúrio de suas vozes crescia conforme se aproximavam. —Por Deus… — Disse sua mãe quando olhou por cima do ombro. — Henry, desça aqui neste instante! E Por Deus, me dê sua camisa. Sua filha está vestida como… como… uma qualquer! — Vitória estalou os dedos e Henry saltou apressadamente. —Posso perguntar o que esteve fazendo, menina? — perguntou, entregando sua camisa a Charlotte, seu rosto avermelhando sob seu chapéu. Vitória pigarreou. —Eu sei o que parece que esteve fazendo — Arqueou uma magra sobrancelha, sem incomodar-se em baixar a voz. Vitória tirou um lenço de sua manga, levando-o até sua boca para cobrir seu desdém. Charlotte olhou ao grupo de trabalhadores sussurrando com os olhos abertos como pratos. Lentamente tomou a camisa que seu pai lhe oferecia, envolvendo-a ao seu redor. Vários calafrios percorreram seu corpo. —Sinto muito, papai — Baixou o olhar, incapaz de lhe olhar nos olhos. Os olhos de Henry se suavizaram por um momento e depois pigarreou. —Não quero ouvir. Não quero ouvir — Desprezando com um gesto de mão qualquer explicação que Charlotte tivesse que dar. — Não posso, te dizer o quão decepcionado estou. Explicar… Como poderia, quando ela mesma não entendia o que tinha acontecido? Sua semana cheia de amor e felicidade tinha sido só umas horas em seu tempo. Charlotte segurou a dolorida cabeça. Seu mundo se pôs de cabeça para baixo e ela tinha aterrissado no lado equivocado. As Lágrimas do Amón tinham desaparecido perdidas no tempo. Já que ela as tinha colocado no pescoço do Ahmosis, não havia nenhuma possibilidade de obtê-las de novo. A dor dessa compreensão a golpeou profundamente. Charlotte começou a soluçar. Estava realmente presa aqui. Seus dias transcorriam como em uma névoa. A vida com seus pais tinha voltado para seu ritmo normal, com uma exceção. Charlotte não tinha permissão de viajar sozinha sem sua escolta. A aguda dor que Charlotte tinha sentido ao compreender que não poderia voltar para seu verdadeiro amor, converteuse em uma surda e contínua dor. Seus olhos estavam avermelhados permanentemente e o inchaço se negava a diminuir. Certamente, não ajudava que parecesse que ela não podia deixar de chorar. Charlotte estava convencida que com as lágrimas que tinha derramado poderia alagar o Vale do Nilo. Pensava em Ahmosis. Doze longos dias tinham passado desde que havia pousado seus olhos nele por última vez. Em seu mundo ela tinha desaparecido faz quase três meses. Tinha desistido de encontrá-la? Já a tinha esquecido? Esperava que ela retornasse? Tinha encontrado alguém mais? O último pensamento quase tinha feito seu coração sai do peito.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers De volta em seu mundo, Charlotte parecia não poder agüentar os dias. Seguia as formalidades nas festas às que assistiu com seus pais. Fazia o papel da filha perfeita. E todo o tempo com o estômago revolto. Parecia como se Charlotte não fosse capaz de reter o alimento no estômago desde que tinha retornado. Essa noite a arrastavam a outra aborrecida reunião. Lady Alexandra Stuart lhes tinha convidado para jantar, o que a Vitória parecia uma grande honra. A mãe de Charlotte tinha estado especialmente diligente ao observá-la para preparar-se para o jantar, até o ponto de escolher um vestido para ela. Mas Charlotte não podia reunir a energia suficiente para se importar. O jantar resultou ser absolutamente horrível. Vitória tinha esperado emparelhá-la com o filho de Lady Alexandra Stuart. Charlotte se encolheu ao recordar os úmidos dedos do Robert em sua mão. O fígado cru era mais atrativo. O contato de Ahmosis tinha sido tão morno, firme e gentil em comparação. Charlotte despediu do Robert sem cerimônia alguma. Para quando a noite terminou e eles alcançaram seu Modelo T, Vitória estava que muito irritada. —Por que não quer vê-lo outra vez? Porque seu contato não me põe em chamas, nem faz com que meus mamilos se endureçam e que meu sexo palpite. —É inadequado, mãe. E ele sente o mesmo que eu, isso eu lhe asseguro. Vitória a olhou fixamente. —Deve ter interpretado errado. Robert é de boa família, muito boa. Ele não pensaria tal coisa. —Ache o que quiser mãe — Charlotte não se incomodou em ocultar a exasperação de sua voz. As feições de Vitória se endureceram. —Não me surpreende que pense tais coisas, com os rumores que correm na cidade. Sua virtude está em discussão. Charlotte riu, não pôde evitar. Sua virtude já não existia. Imaginou Ahmosis em cima dela, empurrando seu grosso membro dentro de seu disposto corpo. Charlotte sabia que não tinha feito nada errado, mas de todos os modos o remorso de arrastar o sobrenome da família pela lama a atravessou. Estava pensando em desculpar-se, quando de repente seu estômago se revolveu e deu um tombo. —Por favor, para o carro — rogou com desespero. —Não faremos isso — respondeu sua mãe. Charlotte agarrou a portinhola. —Vou vomitar — Abriu a portinhola e tirou a cabeça bem a tempo para devolver todo o conteúdo de seu estômago. Depois, Charlotte se endireitou novamente em seu assento, cravando o olhar na noite. —Por Deus, Charlotte, o que é o que você tem? — Vitória tomou seu lenço e o sustentou contra seu nariz com repugnância. — Acredito que amanhã de manhã chamarei o doutor Williams.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Não! —Charlotte voltou para a vida. Tinha uma idéia bastante clara de que era o que tinha e não necessitava que o doutor Williams confirmasse. As coisas já estavam bastante mal entre ela e seus pais. Eles não precisavam saber que levava em seu ventre o filho de um faraó de fazia mais de dois mil anos. Recompôs-se o bastante para olhar para sua mãe nos olhos—. O que quero dizer é que não será necessário, mãe. Já estou me sentindo muito melhor. Acredito que só peguei algum vírus. Vitória a olhou com desconfiança. —Ah, Por Deus, Vitória, deixa estar — se queixou Henry. Charlotte sorriu timidamente a seu pai. Ele piscou um olho e logo olhou para frente como se nada tivesse ocorrido.
Capítulo Seis No dia seguinte Charlotte se levantou cedo, obrigando-se a comer umas torradas. Sua menstruação não tinha chegado, confirmando seu pior temor e sua maior esperança… provavelmente estava grávida. De algum jeito, apesar das circunstâncias e embora parecesse incrível, Ahmosis e ela iriam ter um bebê. Charlotte estava encantada de que uma parte dele ainda existisse em seu interior, embora estivesse aterrorizada ante a reação de seus pais. Charlotte franziu o cenho, incapaz de pensar em uma solução para esse futuro problema.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Seus pensamentos retornaram a Ahmosis e à vida que crescia em seu interior, colocou uma mão sobre o abdômen. A idéia de que Ahmosis não chegasse a conhecer seu filho provocou novas lágrimas em seus olhos. Não era justo. Seu amor não devia terminar assim. Imaginou seu rosto. A tristeza que havia sentido retornava de novo. Charlotte engoliu com força. —Tenho que ser forte por você — disse, esfregando o ventre. Quase uma hora depois seus pais entraram na sala. Sua mãe e seu pai se dirigiriam ao museu do Cairo logo que terminassem de tomar o café da manhã. —Recolha suas coisas, Charlotte, você virá conosco — declarou Vitória entre uma dentada de sua torrada e um gole de chá. —Mãe… — Vacilou Charlotte. — Tinha pensado em ficar em casa e pôr em dia meus estudos. Vitória se deteve metade da ação de morder sua torrada e a olhou atentamente. Deu uma olhada ao prato vazio de Charlotte e depois em seu rosto. —Comeu, por isso está melhor. Dadas as circunstâncias te fará bem tomar um pouco de ar — Vitória fez uma pausa, estreitando um pouco os olhos. — A não ser que não se sinta melhor, em cujo caso irei chamar o doutor Williams. Charlotte olhou seu prato e depois levantou a cabeça para olhar para sua mãe. Era uma discussão inútil. —Estou melhor — mentiu. —De acordo, então está decidido, se prepare, partiremos dentro de uma hora — disse Vitória limpando os lábios com o guardanapo. — Além disso, aprenderá bem mais no museu do que poderia conseguir com um desses livros. Não é certo, Henry? Seu pai pigarreou, elevando suas entupidas sobrancelhas, como tentando adivinhar do que falavam. Olhou para Charlotte e logo para sua esposa. Charlotte continuava olhando-a. O cenho de sua mãe dizia tudo. —Certo — declarou. Charlotte se levantou da mesa e se dirigiu a seu quarto para trocar-se. À hora seguinte estavam fora de casa e a caminho. O passeio pelo Cairo resultou tão poeirento como de costume. Sua mãe e ela tiveram que deixar os chapéus pendurados de quão forte era o vento. A invisível brisa levou em suas asas o aroma da comida, desencadeando as lembranças de Charlotte. Ruborizou-se recordando a última vez que tinha cheirado esse particular aroma. Ahmosis estava de pé atrás dela no carro, seu duro membro enchendo sua faminta vagina, enquanto percorriam as ruas de Tebas. Os saltos lhe tinham levado profundamente a seu interior, até que realmente tocou seu útero. Seria naquela ocasião que tinha ficado grávida? Charlotte cruzou as pernas, tentando aliviar a familiar dor que começava a sentir. Sentia falta do musculoso corpo dele elevando-se sobre ela, seu peito forte roçando seus inchados mamilos e seus quadris empurrando seu membro dentro e fora de sua úmida feminilidade. As lágrimas alagaram seus olhos ante o pensamento de não voltar a experimentar essas sensações com Ahmosis. Eram tão recentes e maravilhosas que não podia imaginar uma vida sem elas. De igual maneira, compartilhar seu corpo com outra pessoa era
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Lágrimas de Amon Jordan Summers algo inadmissível. A simples idéia era repulsiva. Seu contato e unicamente seu contato era o que necessitava. O céu estava claro e azul à exceção de uma escura nuvem que se atrasava no horizonte. Dado que era a estação das inundações, não era especialmente incomum. Quando chegaram ao museu estavam totalmente cobertos de pó. Charlotte agitou sua saia e sacudiu o chapéu para retirar o pó. Voltou a dar uma olhada no horizonte. A escura nuvem tinha mudado, aproximando-se em vez de desaparecer na distância. Charlotte colocou o chapéu sobre a cabeça, protegendo rapidamente seus olhos do sol. A longínqua mancha não deveria ter chegado tão perto dada à posição que tinha quando saíram. Reprimiu um tremor e depois olhou ao longe. Só é uma tormenta. Um calafrio percorreu seu corpo quando a lembrança de uma tormenta similar apareceu em sua mente. Não seja tola. Charlotte não fez caso da pele arrepiada que lhe cobriu os braços e seguiu seus pais que entravam no museu, além da entrada, o museu se abria a uma grande sala. Já tinha situado o Tutankamon em sua própria área privada junto com os objetos que foram descobrindo diariamente. —Vamos, Charlotte — a chamou sua mãe, virando-se para o olho do Tutankamon. Charlotte se manteve uns passos atrás deles, notando em alguns artigos que lhe eram familiares. Ahmosis havia possuído potes como aqueles. Suas vibrantes cores e desenhos ainda eram impressionantes depois de tantos anos de existência sobre esta terra. Charlotte teve a tentação de acariciar as cerâmicas e pentes, de maneira que pudesse se sentir mais perto de Ahmosis e o mundo que tinha perdido. Um puxão em sua mão atraiu sua atenção ao momento atual. —Vamos, Charlotte, tenho que segurar sua mão para que possamos continuar? —Sua mãe a olhava, meneando a cabeça. — Estou a ponto de me dar por vencida. Possivelmente devesse voltar com a tia Edna para Surrey, se for tão difícil para você permanecer aqui. —Não! Não é isso, eu gosto do Egito. Este é meu lar — Charlotte oprimiu a mão de sua mãe tentando fazer com que a compreendesse. Por um momento os traços de Vitória se suavizaram, mas rapidamente retomou sua dura máscara. —Bom, então continuemos — disse, puxando Charlotte para que a seguisse. Terminaram de examinar os achados do Howard Carter e continuaram por outras salas. Estavam menos ordenadas, uma incongruência de artefatos egípcios, uns etiquetados e outros não. O museu ainda estava na etapa de crescimento e, portanto ainda tentava encontrar seu lugar no mundo. Várias das exposições representavam umas tumbas. Charlotte as percorreu, lendo os letreiros de informação. Os guardas se mantinham nas entradas de cada uma das salas que visitavam. Morenos, com uns bigodes que escureciam seus rostos, vigiavam para que ninguém roubasse nenhum dos artigos. No Egito o castigo era brutal. Apenas há uma semana, um homem tinha perdido a mão por roubar umas moedas de um rico xeque. A prática era absolutamente bárbara, mas servia como uma boa solução contra o crime. Sua mãe tinha pensado em protestar contra o governo egípcio, mas seu pai a dissuadiu. Charlotte sorriu quando recordou aquela anedota. Tinha sido a única vez em que sua mãe cedeu ante seu pai. Uma vitória que seu pai entesouraria por toda a vida.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Vagando sem olhar por aonde ia, Charlotte se encontrou em uma sala menor. A atmosfera nessa sala ainda era silenciosa e com certo aroma de mofo, como se ninguém tivesse entrado ali em muito tempo. Deu uma olhada por cima do ombro. Seus pais não se viam por nenhuma parte. Sua mãe não estaria muito contente quando descobrisse sua ausência. Um forte som retumbou por cima da exposição. Os guardas da entrada trocaram olhares inquietos. Charlotte observou atentamente a seu redor tentando localizar o foco do ruído. Outro estrondoso rangido rompeu a quietude. Os pêlos de seus braços se arrepiaram. Viu uma área escura que um momento antes refletia a luz do sol. Agora estava em sombras. Obviamente a tormenta que tinha visto no horizonte estava sobre eles. Charlotte não fez caso da tensão de seus ombros e continuou. Observou várias filas de papiros, lendo as histórias que contavam. Sua mente retornou ao passado. O sorriso das pessoas, a felicidade que lhes proporcionava a vida que levavam. Fechou os olhos tentando lembrar em sua mente aqueles momentos felizes. Escutou-se outro estrondo. Charlotte saltou quando o relâmpago se escutou tão perto que sacudiu as colunas do edifício. Um dos guardas se precaveu de seu movimento e agora a seguia com o olhar, afastou-se tentando lhe ignorar. A voz de sua mãe ressonou quando seus pais entraram na sala contínua a que ela estava. —Viu você por aqui uma senhorita de cabelo preto e encaracolado? Charlotte se virou a tempo de ver sua mãe interrogando o guarda que tinha estado olhando-a. Ele lentamente levantou a mão e apontou com o dedo indicador em sua direção. Com isto terminava seu momento de calma. Sua mãe se dirigia para ela com Henry a reboque. Parou ao alcançá-la. —Acreditei ter dito que permanecesse conosco. —Fiz isso, mãe. Não me dei conta de que não estava até uns minutos — Charlotte manteve seu mesmo tom de voz. O som se transmitia facilmente pelo interior do museu, do mesmo modo que se tivesse estado em uma tumba. —Então seu pai e eu somos tão insignificantes que você não nota se estivermos ou não com você — Vitória colocou as mãos nos quadris. Sua voz se elevou de tal maneira que atraiu a atenção dos guardas que a tinha estado olhando começou a aproximar-se. —É obvio que não, mãe — sussurrou Charlotte, olhando por cima do ombro de sua mãe ao curioso guarda. Vitória seguiu seu olhar. Charlotte observou como os passos do guarda vacilavam. —E bem, para onde íamos? — perguntou sua mãe, sabendo perfeitamente que tinha sido a última coisa que havia dito. — Já decidi, Charlotte falei com seu pai e ele também pensa que é uma boa idéia, não e verdade, Henry? —Verdade, verdade — confirmou seu pai antes de olhar para outro lado, incapaz de sustentar o olhar interrogativo de Charlotte. —Qual é essa idéia tão boa? — Charlotte sentiu um nó na garganta quando se obrigou a dizer essas palavras.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Irá com a tia Edna logo que possamos reservar uma passagem. —Mas, mãe, já não conversamos sobre isso faz um momento — Charlotte sentiu como se sufocava quando a dor a alagou, enroscando-se em sua garganta até que foi incapaz de respirar. Sua mãe não entendia o que estava pedindo. Vitória soprou. —Mudei de idéia. O frio a atravessou, do mesmo modo em que o tivesse feito com uma faca afiada, lançada fundo até seu coração. —Mudado… de idéia… mas não pode. Expliquei quanto eu gostava de estar aqui — suplicou. —Não provoque uma cena — vaiou Vitória, olhando em direção ao guarda. — Já sei o que disse antes, mas o Egito não é um lugar apropriado para uma senhorita. Enganei-me quando a trouxe aqui. O caráter definitivo das palavras de sua mãe caiu de repente na consciência de Charlotte, igual a uma armadilha de aço. Como podia acreditar que tê-la trazido ao Egito era um equívoco? Tudo de bom que ocorreu em sua vida tinha acontecido aqui, nesta terra. Não tinha nem a menor idéia do que faria em Londres. O lugar lhe parecia frio e inóspito. A chuva cobria a cidade como um manto de cor cinza perpétua. Tremeu só de pensar. —Agora termina aqui e poderemos nos pôr em caminho — Vitória recolheu a saia e se encaminhou para a porta. Henry a seguiu. Mas em vez de afastar-se, detiveram-se para esperar Charlotte. Charlotte pôde sentir como se esticava seu estômago, do mesmo modo que se tivesse recebido um murro. A tormenta aumentava no exterior, enquanto sua tormenta interior se acalmava. Já não havia lugar para as palavras. Sua mãe tinha decidido. Seria empacotada e enviada a Londres em uns dias. E Egito? E Ahmosis? Não poderia suportar permanecer longe de nenhum dos dois. Charlotte não estava segura do que ia fazer. Seus olhos olharam sem ver a exposição que tinha a sua frente, enquanto percorria a sala. As lágrimas se acumularam, ameaçando transbordar. Estava a ponto de virar e unir-se a seus pais quando um sarcófago situado em um canto chamou sua atenção. Jogou uma olhada sobre o ombro. Seus pais ainda permaneciam na entrada, mas agora conversavam com o guarda. Seus olhos negros como os do Ahmosis, mantinham-na vigiada. Charlotte voltou a observar o sarcófago. O cristal lhe rodeava formando uma jaula. A pele de seu couro cabeludo se esticou. Não havia nenhum nome escrito na placa, apenas uma nota que informava que os egiptólogos acreditavam que o homem de seu interior poderia pertencer à realeza, possivelmente inclusive ser um faraó, e tinha sido achado na zona do Deir o-Bahari. Segundo os antigos hieróglifos encontrados junto ao corpo, nunca tinha se casado depois que sua amada desapareceu perto das sagradas águas do Karnak. Seu peito se contraiu quando o significado do que lia se esclareceu em sua mente. Olhou-lhe sem poder acreditar como podia seguir respirando. O olhar de Charlotte se fixou nos pés da múmia, continuando por suas pernas, sua murcha cintura e se deteve em seu peito. Sua vista estava velada pelas lágrimas não derramadas, sendo incapaz de limpá-la. Inspirou tristemente e piscou tentando clarear sua visão.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers Não podia ser. Não era possível. Seria ele? Por favor… Como um brilhante arco íris dourado, as Lágrimas do Amón cintilaram na débil iluminação ao aproximar-se. O coração de Charlotte parou. Seu olhar voou para o rosto da múmia… e a seus olhos sem vida. Era Ahmosis. Uma ardente dor atravessou seu coração, enquanto se rompiam seus últimos rastros de prudência. Sua mente sumiu em um torvelinho. O que ia fazer? Olhou para seus pais, que nesse momento a observavam. Sua mãe segurou o relógio de bolso de seu pai e deu ligeiros golpezinhos, impaciente. Charlotte exalou o ar de seus pulmões. Sua mente percorria quilômetros em um minuto. Se havia funcionado uma vez, faria de novo? Não havia maneira de saber. E que aconteceria se depois de colocar as Lágrimas do Amón ao redor do pescoço não funcionasse? Sem dúvidas seria detida. Provavelmente lhe cortariam a mão e a condenariam a morte por considerar isso como um crime. Mas se não tentasse se encontraria de novo em Londres com sua tia Edna, criando sozinha seu bebê. Charlotte fixou os olhos sobre o colar, seus músculos se negavam a obedecê-la. Escutou o golpe que sua mãe fez com o pé quando sua paciência chegou a seu fim. Em uns segundos sua mãe viria ate ela e a afastaria dali. Charlotte deu um passo adiante com as idéias claras. Preferia sofrer as conseqüências, que viver sua vida olhando para trás e perguntando-se o que teria acontecido. Sem pensar mais, seus olhos se cravaram sobre o objetivo, levantou um punho e rompeu o cristal cortando-se no processo. O sangue gotejou no chão como lágrimas carmesim. Suas mãos se fecharam sobre o colar. Abrindo o broche, separou-o do Ahmosis. Na distância escutou o grito de sua mãe. Houve uma grande agitação de pés, mas não pareceram sossegar o batimento de seu coração, colocou de novo em seu pescoço o pesado colar das Lágrimas do Amón. O ar crepitou quase tanto como as explosões de trovões no céu. Charlotte se virou para ver a cena que se desenvolvia ante ela. Seu pai tratava de impedir que o guarda se precipitasse atrás dela, enquanto sua mãe pressionava as mãos contra suas bochechas em uma congelada amostra de ultraje. Suas vozes se elevaram embora não pareceram alcançar seus ouvidos, enquanto Charlotte observava, esperando que algo acontecesse. O guarda finalmente conseguiu se desviar de seu pai e se precipitou para ela. Não ocorria nada. Estava a ponto de ser detida por roubar no Museu do Egito e não havia nada que pudesse fazer. —Sinto muito, papai… amo você — gritou Charlotte a seu pai, que a olhava fixamente, esperançado. Os movimentos do guarda se reduziram até que pareceu que se movia ao reverso. Charlotte observou fascinada como deixava seus pais para trás. Pareceu como se o mundo inclinasse seu eixo e então Charlotte começou a cair… cair. Charlotte suspirou e abriu os olhos. Piscou duas vezes incapaz de confiar no que via. Abriu-os de novo e agora sim esteve bastante segura de que era a sorridente cara do Ahmosis a que se inclinava sobre ela. —Acreditei que a tinha perdido para sempre — lhe murmurou o tom de sua voz sofrida de dor e de uma repentina alegria. Charlotte sorriu e olhou a seu redor. Encontrava-se em seu palácio de Tebas.
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Lágrimas de Amon Jordan Summers —Como cheguei aqui? — disse rouca, com a garganta seca, como se tivesse estado ali deitada durante dias. —Um de meus criados a encontrou no Cairo — aproximou uma taça de seus lábios, oferecendo-lhe para que bebesse. — Quando desapareceu, enviei em sua busca toda a gente disponível — Engoliu, com seus olhos escuros empanados. — Quase tinha perdido a esperança. —Eu também — disse sufocada. — Deveríamos ter recordado a inscrição que havia sobre a caixa. Se o tivéssemos feito, não teríamos duvidado que voltaríamos a estarmos juntos. Ele riu e a beijou. —Possivelmente tenha razão. Deveria ter recordado que nosso amor estava destinado e devia continuar — Pressionou os lábios contra os dela de novo, acendendo um fogo em seu interior. Charlotte se agarrou a seus ombros, o atraindo para mais perto, até que o peito dele encostou-se a seus doloridos mamilos. Gemeu incapaz de conseguir absorver calor suficiente. Ahmosis aprofundou o beijo. Ela deslizou a mão sob sua aba e começou a acariciar seu membro, deleitando-se com a sensação que lhe produzia sua acetinada dureza. Seus dedos se enredaram em seu cabelo enquanto a beijava ferozmente. Todas suas frustrações e medos culminaram nesse momento. Tinham que sentir um ao outro fisicamente, demonstrando-se que estava acontecendo de verdade. Charlotte agarrou o cinturão dele e o retirou, enquanto com a outra mão continuou lhe dando prazer. A aba caiu ao chão. Ahmosis segurou o linho que a cobria e o retirou, revelando o esplendoroso corpo nu de Charlotte. Liberou seus lábios e se afastou o suficiente para poder embeber-se dela, antes de riscar as aureolas de seus mamilos, que se endureceram sob a palma de suas mãos. —Em todas as terras do Egito, não há uma beleza como a sua — Sua voz enrouquecida estava impregnada de emoção. —Vamos — disse ela ofegante. — Me mostre isso. Ahmosis não vacilou, deslizou-se entre as coxas dela, colocando-se sobre sua úmida vagina. Ele fechou os olhos e gemeu. —Temo não poder esperar muito mais, meu amor. Preciso estar em seu interior. Charlotte inclinou seus quadris para lhe acomodar. —Meu corpo espera apenas a ti. Ahmosis situou a cabeça de seu membro em sua entrada e empurrou. Ambos gritaram ante a deliciosa tortura. —Sonhei com este momento desde o dia que desapareceu — disse entre dentes. —Meu corpo teve saudades de seu contato — ofegou ela. —Bom, não esperarei mais — Com isto Ahmosis empurrou de novo, alcançando suas profundezas. Charlotte se elevou para encontrar cada profundo deslizamento, enquanto seu sexo o segurava em um íntimo abraço. Ele penetrou em seu calor, mergulhando com possessividade enquanto entrava e saía,
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Lágrimas de Amon Jordan Summers fundindo-se com ela como só um homem e uma mulher podiam. Com um único movimento, cálida carne sobre cálida carne, guiando um ao outro em uma viagem de consumação. Uma familiar dor começou brandamente em seu corpo, aumentando pouco a pouco. Charlotte não podia aproximá-lo suficiente ou lhe sentir o suficiente em seu interior para satisfazer sua infinita necessidade. Depois de temer não voltar a estar com ele desta maneira, sua necessidade era desesperada. Balançou os quadris contra cada um dos embates de seu membro, até que a sensação se tornou insuportável. Charlotte gritou na culminação ante a explosão de um ardente êxtase. Ahmosis a seguiu na descida ao esquecimento, sacudindo com força os quadris quando derramou sua semente no corpo dela. Deitaram juntos durante vários minutos, desfrutando de sua intimidade. Quando finalmente retornaram à realidade, Ahmosis se inclinou e a beijou meigamente. —Eu gostaria de te apresentar a alguém — sussurrou ela contra sua boca. Ahmosis se apoiou sobre um cotovelo, com gesto interrogativo. Charlotte agarrou sua mão. Lentamente a colocou sobre seu ventre plano. Ahmosis franziu o cenho, mas depois de um momento deixou escapar um sorriso que podia ter sido visto do céu. —Traz-me uma grande alegria, meu amor — disse radiante. — Somente te peço que me prometa uma coisa — Ahmosis segurou sua mão e deslizou o anel de ouro que ela tinha deixado cair no Karnak. —O que? O sorriso dele se fez mais amplo. —Que ficará ao meu lado e governará comigo os reinos do Egito. —Prometo — riu Charlotte, enquanto rodeava seu pescoço com seus braços. —De seus lábios — a beijou de novo — até os ouvidos de nosso filho Amenhotep — Ahmosis baixou seus lábios até apoiá-los sobre o plano ventre. Ela já se encontrava em casa.
Fim
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