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VIAGEM CONHEÇA OS ENCANTOS DE PRAGA, A BELA CAPITAL DA REPÚBLICA TCHECA

FOTOGRAFIA MAIS QUE UM ESTILO FOTOGRÁFICO, A LOMOGRAFIA É UMA MANEIRA DIFERENTE DE VER O MUNDO

O MUNDO DE SONHOS DAVE MCKEAN

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SET/ 2013

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EDITORIAL

CRIAR,CRIAR,CRIAR. O mundo, hoje, exige que sejamos criativos, visionários, antenados. Não basta ser o que o mercado quer, você precisa ser mais. Saber abrir o word, fazer uma planilha no excel, ligar um computador, não são mais opcionais, são exigências. Estamos na Era da Comunicação e da Informática, o que é novidade hoje, amanhã é velho, ultrapassado. Os profissionais, principalmente aqueles que lidam com tecnologia, precisam manter-se atualizados. O designer, em especial, necessita estar sempre um passo a frente em seu nicho de mercado. Photoshop, Illustrator, Indesign são apenas uma base, um pontapé inicial. O que a empresa busca atualmente é um profissional multitarefas. O design deixou de ser gráfico, tornou-se web, vídeo e programação. E o que fazer quando o mercado deixou você para trás? Leia, estude, ouça música, conheça novos lugares. Isolar-se em sua área de conforto de nada irá ajudá-lo. Disponha-se a aprender coisas novas. Você gosta de rock? Ouça jazz. Você gosta de filmes de romance? Veja filmes de ação. Adora livros de fantasia? Leia livros policiais, também. Inspire-se. Abra sua mente. Seja novo, seja “fresco”. O Dicionário Aurélio classifica o Novo como sendo um adjetivo de algo que existe há pouco tempo, ou seja, acabado de fazer. Que é dito, tratado, visto pela primeira vez. O novo pode parecer assustador, mas o novo abre um leque de novas possibilidades, ideias, e nada melhor do que ser um profissional criativo quando o mercado está gritando por isso. Esta edição especial da Plus! Magazine está voltada para a inspiração, para a nostalgia e para o novo. Uma seleção de matérias que vão lhe dar um insight frente ao mundo de hoje, o novo mundo!

Michelle Pereira - designer gráfico michellep.designer@hotmail.com

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SUMÁRIO

ESTILO

FOTOGRAFIA

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LIVRO

CINEMA

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ILUSTRAÇÃO

O passado e o futuro se misturam no Steampunk

As páginas de Coisas Frágeis escondem contos feitos de sonho e magia

O analógico está de volta, conheça a lomografia

Os livros estão deixando o papel e ganhando a tela do cinema

Você não conhece Marc Simonetti, mas se frequenta livrarias já viu seu trabalho

MÚSICA

...Like clockword não é apenas mais um albúm de rock

VIAGEM

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Praga é o destino certo para suas próximas férias

CAPA

A atmosfera onírica criada por Dave Mckean em suas obras deixa um gostinho surreal na boca

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EXPEDIENTE | Direção, edição e projeto gráfico - Michelle Pereira [ michellep.designer@hotmail.com ] Redação - Avenida do Contorno 6.203, Funcionários, Belo Horizonte, MG CEP 30150-350 (31) 3217-5000

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ESTILO

O retrofuturismo

do Steampunk Surreal, o Steampunk mistura características da Era Vitoriana e da tecnologia avançada, compondo um estilo versátil, bonito e retrô POR MICHELLE PEREIRA

A expressão Steampunk é derivada do inglês, steam significa vapor e punk faz uma alusão à tribo urbana de mesmo nome, no sentido de ser algo não convencional. O Steampunk é um subgênero da ficção científica, originado na literatura. As histórias ambientadas neste estilo fazem referência a Era Vitoriana, período em que a Inglaterra foi governada pela Rainha Vitória, entre 1837 e 1901. Porém, neste estilo a tecnologia é retratada de forma surreal, mesmo que a mecânica da época seja arcaica, tudo é possível. Aviões, carros, máquinas de guerra, trens, submarinos, robôs, gigantescos dirigíveis que podem abrigar até mesmo uma cidade inteira, tudo isso movido a vapor. A velha tecnologia do Steampunk se

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mostra com tanto potencial quanto a tecnologia atual. O único diferencial é seu design retrô. Possui uma estética própria, uma combinação de roupas e estilo do século XIX e a alta tecnologia criada na ficção. Com o tempo mais estilos foram se agregando ao Steampunk, como o gótico, o sobrenatural e o medieval, demonstrando assim sua versatilidade e flexibilidade. A palavra mais utilizada atualmente para denominar esse subgênero é o retrofuturismo. O termo Steampunk tornou-se mais conhecido no final da década de 1980, nos Estados Unidos. Inicialmente, era uma ramificação do Cyberpunk, também uma vertente da ficção científica, uma realidade tecnológica altamente avançada em um universo


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paralelo, no qual a máquina de vapor não é o essencial. Os principais autores deste estilo viveram durante o período vitoriano, dentre eles estão Júlio Verne, autor de Viagem ao centro da Terra e H.G.Wells, autor de A máquina do tempo. A popularização do Steampunk fez com que este subgênero invadisse outras mídias. No cinema a referência estética fica clara em As loucas aventuras de James West ( 1999 ), Van Helsing ( 2004 ), Sucker Punch ( 2011 ) e João e Maria: Caçadores de Bruxas ( 2013 ). O mesmo vale para animes como SteamBoy, Fullmetal Alquimist e Steam Detectives e games como Bioshock, Dishonored e Alice: Madness Returns. O Steampunk segue a mesma ideologia do Cyberpunk, uma crítica ao capitalismo exacerbado proporcionado pela Primeira Revolução Industrial. A ideia de que se o capitalismo continuar progredindo da maneira como está, em um futuro não muito distante o caos tecnológico e social tomará conta da humanidade. Nas narrativas, a qualidade de vida da população mundial é terrível, as belezas naturais estão desaparecendo e as grandes metrópoles estão em constante crescimento, cada vez mais poluídas e violentas.

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LIVRO

Essas coisas frágeis O escritor inglês Neil Gaiman passeia com maestria pelos reinos das histórias fantásticas e encanta cada vez mais leitores. Conheça um pouco mais dos contos escondidos nas páginas de Coisas Frágeis POR MICHELLE PEREIRA

Casado com a polêmica cantora americana Amanda Palmer, não é de hoje que Neil Gaiman é aclamado mundialmente por seu talento em contar histórias. A série de quadrinhos, Sandman, lançada em 1989, pelo novo selo de quadrinhos adultos da DC Comics, Vertigo, é ainda uma das mais comentadas graphic novels de todos os tempos. Mas nem só de quadrinhos vive Gaiman, o escritor assina junto com Roger Avary, o roteiro do filme Beowulf, de 2007, estrelado por ninguém mais, ninguém menos que Angelina Jolie, Anthony Hopkins e John Malkovick. Seus livros Stardust e Coraline já viraram filmes, enquanto seu mais recente trabalho, O oceano no fim do caminho, teve seus direitos vendidos antes mesmo da publicação e se tornará um longa metragem em breve. O mesmo caminho é trilhado por O Livro do Cemitério que já tem o projeto em desenvolvimento. Lugar Nenhum foi concebido primeiramente como uma série de TV de seis capítulos transmitida pela BBC inglesa em 1996 e só depois a história virou livro, um sucesso imediato. Há ainda boatos de que seu premiado romance, Deuses Americanos, será adaptado para a TV pela HBO. Ufa! E isso é só um pouco da carreira de Neil Gaiman.

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Coisas Frágeis ( Fragile Things ) é uma coletânea de contos e poemas publicada no Reino Unido em 2006. No Brasil, a publicação foi dividida em duas partes, sendo que a primeira foi lançada em 2008 pela Conrad, por ocasião da participação de Gaiman na Feira Literária Internacional de Paraty ( FLIP ). E a segunda parte em 2010 pela mesma editora. Coisas Frágeis 1 reúne nove contos, dentre eles: Um estudo em esmeralda, que recebeu o Prêmio Hugo de Melhor Conto em 2004, uma história que une o universo de Sherlock Holmes e as narrativas de terror e alienígenas do escritor norte -americano H.P.Lovecraft. Golias, um conto ambientado em Matrix, é inspirado no roteiro original do filme. Já em O problema de Susan, Gaiman buscou inserir a protagonista de As Crônicas de Nárnia em uma história real, cotidiana. Coisas Frágeis 2 traz os 15 contos e 9 poemas remanescentes da primeira publicação, alguns deles são: Meninas Estranhas, conto que teve origem nas canções do álbum Strange Little Girls, de Tori Amos. Pó Amargo, uma mistura de lendas urbanas e dos estudos de Zora Neale Hurston sobre cultura negra e vodu. Cachinhos, é um conto inspirado no clássico “Cachinhos Dourados e os Três Ursos” e escrito em forma de poema para a pequena filha de Gaiman, Maddy. Em ambos os livros há um prefácio em que Gaiman conta um pouco da gênese de cada conto e poema, incrustados de beleza, sonho e magia. E ainda fala um pouco sobre essas tais coisas frágeis: “Enquanto escrevo isto, me ocorre que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é o modo como elas são, na verdade, fortes. (…) Histórias, assim como pessoas, borboletas, ovos de aves canoras, corações humanos e sonhos, também são coisas frágeis, feitas de nada mais forte ou duradouro do que 26 letras e um punhado de sinais de pontuação. Ou então são palavras no ar, composta de sonhos e ideias – abstratas, invisíveis, sumindo no momento em que são pronunciadas -, e o que poderia ser mais frágil do que isso? Mas algumas histórias, pequenas simples, sobre gente embarcando em aventuras ou realizando maravilhas, contos de milagre e de monstros duram mais que todas as pessoas que as contaram, e algumas duram mais do que as próprias terras onde elas foram criadas.” Em suas narrativas, Gaiman faz o leitor mergulhar no realismo e na fantasia de suas histórias, recheadas de criatividade e encantamento. Sem dúvida alguma, Neil Gaiman merece figurar em sua estante de livros.

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ILUSTRAÇÃO

MARC

SIMONETTI Você pode dizer que nunca ouviu falar das ilustrações dele, mas certamente já viu muitas delas estampadas por aí nas livrarias POR MICHELLE PEREIRA

O francês Marc Simonetti é o artista responsável por belíssimas capas de livros, dentre elas estão: O nome do vento e O temor do sábio, de Patrick Rothfuss, as novas capas da trilogia Dragões de Éter, do escritor brasileiro Raphael Draccon e as incríveis capas de As Crônicas de Gelo e Fogo, Wild Cards e outros livros do aclamado escritor George Martin. Simonetti estudou na Escola de Belas Artes de Annecy por nove anos. Desistiu da arte para se tornar engenheiro, mas dois anos depois voltou novamente para o setor criativo. Estudou desenho e 3D por um ano na Emile Cohl School e se tornou modelador de backgrounds 3D na indústria dos games. Mesmo assim o artista ainda não tinha habilidade necessária para fazer ilustrações, por isso trabalhou duro todas as noites para melhorar. Dois anos depois trabalhava como ilustrador freelancer fazendo artes de capa na França. A Leya Brasil, editora responsável por trazer As Crônicas de Gelo e Fogo para o país, tomou conhecimento das capas desenhadas por Simonetti para as edições francesas da coleção e trouxe-as para as edições nacionais. Inclusive, a capa do quinto livro, A Dança dos Dragões, foi feita especialmente para o Brasil. Marc fez ainda outros trabalhos para a editora, como O Trono do Sol, A Morte da Luz, As Crônicas de Ivi – A Fada e o Bruxo. Confira nas próximas páginas uma amostra dos trabalhos do artista francês.

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Acima, a ilustração Lords and Ladies para Terry Pratchett, ao lado, Lamentation para Ken Scholes e abaixo, Dance with Dragons ( A Dança dos Dragões ) para George R.R. Martin.

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Diablo’s horned tower, ilustração premiada em um concurso de arte em 2006.

La mort et le bucheron, ilustração inspirada em uma fábula de Jean de La Fontaine. Plus! Magazine | Setembro - 2013

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FOTOGRAFIA

Um olhar cotidiano Lomografia: a cor vibrante, a saturação, a simplicidade e a vida POR MICHELLE PEREIRA

A lomografia nasceu na Rússia em plena Guerra Fria. Tudo começou em 1982, quando o general Igor Petrowitsch Kornitzky, Ministro da Indústria e da Defesa Soviética, ficou encantado com a pequena câmera japonesa Cosina SX2. O general solicitou que a fábrica LOMO, Leningradskoye Optiko Mechanichesckoye Obyedinenie (União de Óptica Mecânica de Leningrado ) produzisse, em grande escala, câmeras pequenas, baratas e fáceis de usar. E então nasceu a Lomo Kompact Automat. Porém, diferentemente das câmeras japonesas, as LOMO eram de péssima qualidade, com lentes de plástico e infiltrações indesejadas de luz no corpo da câmera. No entanto, as vendas ainda assim foram satisfatórias. A popularização da LOMO veio anos mais tarde. Em 1991, jovens austríacos de férias em Praga, República Tcheca compraram algu-

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mas câmeras para fazer o registro da viagem, fotografando tudo ao seu redor, sem se preocupar com técnicas, enquadramentos, nem nada específico. Quando revelaram os filmes se depararam com fotos coloridas, cheias de luz, forma e movimento. A paixão que surgiu daí, espalhou-se pelo mundo e levou a criação da Sociedade Lomográfica, em 1995, que tinha por objetivo a divulgação da utilização das câmeras e do estilo, e ainda, tentar impedir o desaparecimento das máquinas, que já não eram mais produzidas. Apesar de todos os “defeitos” da LOMO, ela produz fotos nítidas, sem deformação e sem utilizar flash, com sua alta sensibilidade e a longa exposição, no geral. As imagens geradas têm cores vibrantes e muito saturadas e efeitos de movimento. Em uma época que o retro é moda, a lomografia vem se tornando uma mania mundial.

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Existem diversos tipos de câmeras, com diversos efeitos e funções. Máquinas como a fisheye ( olho de peixe ) deixam uma fotografia com uma moldura circular em volta. Outras podem registrar duas ou até mais fotografias de uma só vez, com suas lentes múltiplas. Hoje, a lomografia se tornou uma espécie de movimento artístico em que não há regras na hora de fotografar, o importante é fazer um registro cotidiano. O foco central é a simplicidade, transformada em algo único e especial pelas cores e efeitos da lomo.

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As 10 regrinhas da lomografia: 1 – Leve sua câmera para todo lugar; 2 – Use a toda hora – dia ou noite; 3 – Lomografia não é uma interferência em sua vida, ela é parte dela; 4 – Tente fotografar de todas as maneiras; 5 – Se aproxime dos objetos, sua câmera lomografia deseja isso; 6 – Não pense; 7 – Seja rápido; 8 – Você não precisa saber de antemão o que fotografou; 9 – Depois muito menos; 10 – Não ligue para regra alguma;

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PORTFÓLIO

O magnífico e o onírico O sucesso de Dave Mckean como designer consolidou-se com Sandman, contudo seu portfólio vai muito além do Mestre do Sonhar POR MICHELLE PEREIRA

Dave Mckean é o aclamado criador das capas da HQ Sandman, da arte de Batman - Asilo Arkham e de tantos outros trabalhos espetaculares. Seu nome é sempre relacionado a seu amigo e parceiro de longa data, Neil Gaiman. O sucesso da dupla consolidou-se com seu primeiro trabalho, Violent Cases, em 1987. Na época, Mckean ainda era estudante de arte na Berkshire College of Art Design, enquanto Gaiman era um jovem jornalista. A ideia dos dois era criar uma história que fugisse do padrão publicado na época: super-heróis, ficção científica e terror. Violent Cases é narrada a partir da perspectiva de Gaiman, e a história retrata um lembrança de sua infância, em que seu pai o leva a um osteopata. O médico conta a ele histórias fantásticas de seu antigo empregador, o mafioso Al Capone. A realidade e a fantasia se misturadas nestas lembranças tornam a narrativa um estudo sobre a natureza da memória. Violent Cases foi escrita por Neil Gaiman e ilustrada por Dave Mckean, ambos indicados ao Prêmio Harvey, e ganhou o conceituado prêmio Eagle em 1988 como Melhor Graphic Novel. A estética usada neste, e em todos os seus trabalhos, confere à sua arte uma atmosfera onírica e surreal. Sua base é mistura de ilustração, fotografia, colagem, tipografia e os mais variados materiais recursos técnicos. Em uma era pré-photoshop, Mckean executava trabalhos geniais, sobreponto camadas de tecidos, papéis e objetos, criando texturas magníficas e por vezes, destruindo para construir, trabalhos queimados e fotografados para dar vida a uma arte composta por sonhos e sentimentos.

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O ápice de sua carreira certamente é a concepção das capas de Sandman, o Mestre dos Sonhos. Dave Mckean foi responsável por todas as capas das 75 edições desta série, criadas entre 1988 e 1996. O primeiro arco das histórias de Sandman teve as capas ladeadas por pequenas prateleiras, como uma estante, com suas lacunas preenchidas com objetos diversos e no centro um retrato. A capa da edição número quatro, por exemplo, representa Lúcifer. Como base foi utilizada uma fotografia de David Bowie ainda jovem, antes do sucesso, para retratá-lo. A combinação das cores e tipografia transmite a ideia de fogo e calor do inferno. E para finalizar, a estante foi preenchida com pedaços de papel queimados. Em outras capas de Sandman, Dave utilizou tanto materiais simples e usuais, como nanquim, pastel à óleo, tinta acrílica e grafite, quanto materiais incomuns, como um peixe ( de verdade ), penas de pavão, correntes, cadeados, uma maçaneta de porta, uma tesoura enferrujada, pedaços de lata... e muito mais. Embora Sandman seja sua obra de maior reconhecimento, Dave Mckean possui um leque de trabalhos enorme. Em 1989 produziu com Grant Morrison a HQ Batman – Asilo Arkham, a graphic novel mais vendida da história dos quadrinhos nos EUA. Coringa comanda uma rebelião do Asilo Arkham, o hospício onde todos os inimigos de Batman esperam que ele se junte a eles. Mckean ilustra o homemmorcego e seu arqui-inimigo com maestria.

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“A estética usada neste, e em todos os seus trabalhos, confere à sua arte uma atmosfera onírica e surreal.”


Os cenários soturnos e as cores fortes, mesclam-se à história sombria com louvor. A duradoura parceria com Neil Gaiman resultou em diversos trabalhos. Orquídea Negra foi primeiro trabalho da dupla para a DC Comics. Nesta HQ banhada de tons lilases e verdes, contam a sombria história da personagem-título e sua busca pelo autoconhecimento. Depois vieram Mr. Punch, Sinal e Ruído, Coraline, Os lobos dentro das paredes, O dia em que troquei meu pai por dois peixinhos dourados e Cabelo Doido. Mckean também produziu suas próprias HQs. Entre 1990 e 1996, ilustrou e escreveu Cages, premiada com Harvey Award de Melhor Revista Nova de 1992. Cinco anos depois, veio Celluloid e Pictures That [Tick]. Este último, lançado no Brasil em 2012, traz uma coletânea de histórias curtas produzidas pelo artista principalmente na década de 1990, e premiada pelo Victoria & Albert Museum. Dave ilustrou, fotografou e projetou mais de 150 capas de CDS, para artistas como Alice Cooper, Tori Amos e Dream Theater. No cinema estreou dirigindo os curtas The Week Before ( 1998 ) e N[eon] (2002 ), vencedor do primeiro prêmio no Clermont –Ferrand Film Festival, e o longa MirrorMask, produzido juntamente com Neil Gaiman. Criou campanhas publicitárias para Kodak, Nike, BMW Mini e Smirnoff. Trabalhou no design de produção de Harry Potter e a Câmara Secreta e Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, e criou o material promocional de Alien 4 e Blade. Ilustrou o livro Wizard and Glass de Stephen King e ainda é sócio do selo de jazz Feral, juntamente com o mestre do saxofone Iain Ballamy. E ainda compôs e cantou algumas canções na rádio BBC. Recentemente, em uma parceria com Richard Dawkins, Dave ilustrou A Magia da Realidade, livro que explica cientificamente questões comuns, como “De que são feitas as coisas?”, “Quando e como tudo começou?” e “Existe realmente vida em outros planetas?”. Atualmente, em comemoração aos 25 anos de Sandman, Mckean está trabalhando na arte das capas de The Sandman Overture, um arco de novas histórias que precedem os acontecimentos da série original. A primeira edição está prevista para outubro deste ano, e é escrita por Neil Gaiman e ilustrada por J.H. Williams III.




CINEMA

Do papel para a tela Sucesso nas livrarias, agora os best-sellers estão invadindo o cinema POR MICHELLE PEREIRA

Não é de hoje que grandes sucessos literários estão sendo adaptados para o cinema. Ícones como Harry Potter e O Senhor dos Anéis são notáveis exemplos de como roteiros baseados em livros podem conquistar o público. Para o leitor, o longa-metragem é uma forma de imersão na obra. Ali, na tela, seus personagens favoritos ganham rostos, vozes e cores. Ganham vida

fora de sua imaginação. Embora as histórias sejam “compactadas” devido à duração do filme, nada melhor do que ver Harry Potter ou Gandalf passeando em seus distintos mundos. Em 2013, diversos livros foram levados para a telinha e preparamos para você, uma lista com cinco Best-sellers que passaram ou passarão pelos cinemas ainda este ano.


Warm Bodies ( Meu namorado é um zumbi ) R é um jovem zumbi em uma crise existencial. Após vivenciar as memórias enquanto comia o cérebro de um adolescente, R desenvolve um estranho afeto por Julie, a namorada de sua vítima. Ela é uma explosão de cores em sua vida cinzenta, e sua decisão de protegê-la desencadeará uma transformação não apenas nele, como em todos os seus amigos zumbis. Sangue Quente fala sobre estar vivo, estando morto, e a tênue linha que os separa.

Beautiful Creatures ( Dezesseis Luas ) Ethan é um adolescente normal, que vive em uma cidadezinha de interior e está louco para se mudar de lá. Nos últimos tempos ele é atormentado por pesadelos com uma garota que nunca conheceu. Até que ela aparece em sua escola. Lena Duchannes, a garota complicada que luta para esconder seus poderes e uma maldição que atormenta sua família há décadas. Mais que um romance entre eles, há um segredo decisivo que pode vir à tona. The Host ( A Hospedeira ) No futuro, a raça humana tornou-se hospedeira de alienígenas. Eles tomam nossas mentes e fingem viver como nós, em uma evolução pacífica da sociedade, por assim dizer. Mas Melanie Stryder não quer desaparecer. Na busca por outros humanos “selvagens”, Peregrina, a alma invasora, investiga seus pensamentos e memórias. Entretanto, ela acaba se apaixonando pelo mesmo homem que Melanie. Quando as circunstancias unem Melanie e Peregrina, ambas partem em busca uma busca perigosa pelo homem que amam.

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The Mortal Instruments – City of Bones ( Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos ) Clary Fray é testemunha de um assassinato em uma boate, só que ninguém mais consegue ver os assassinos, jovens com estranhas tatuagens. É a partir daí que sua vida muda completamente: Sua mãe é raptada e ela descobre a existência dos Caçadores das Sombras, guerreiros cuja missão é proteger o mundo de demônios. Querendo ou não, Clary se envolve em um mundo de criaturas místicas e poderosas na busca por sua mãe. Catching Fire ( Jogos Vorazes: Em Chamas ) Katniss e Peeta venceram os Jogos Vorazes. E essa improvável vitória despertou revoltas em toda Panem. Na turnê da vitória, uma confusa Katniss se vê forçada a fingir que ama Peeta enquanto pensa cada vez mais em seu melhor amigo, Gale. O governo, temendo a influência exercida sobre a população por Katniss e Peeta, tem planos especiais para mantê-los sob controle: trazê-los de volta aos Jogos Vorazes.

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MÚSICA

ROCK PARA TODOS AGRADAR TODO MUNDO É DIFÍCIL, MAS O QUEENS OF THE STONE AGE CONSEGUE POR MICHELLE PEREIRA

O rock é, certamente, um dos gêneros com maior número de vertentes no universo musical. E essa quantidade enorme de subdivisões faz com que haja desavenças entre um e outro grupo, e ainda mais certo, é que é impossível agradar a todo mundo sendo somente uma banda de rock. O rock’n’roll puro e simples. Poucas são as bandas que conseguem tal feito heroico nos dias de hoje. E uma delas é Queens of the Stone Age. O som direto e garageiro da banda californiana, mistura na medida certa o peso das guitarras e da bateria e a voz melodiosa de Josh Homme, conseguindo assim ter um público mais abrangente, indo do punk ao indie. “... Like Clockwork”, sexto álbum de estúdio da banda é tudo isso. Um trabalho sonoro e memorável. ... Like Clockwork nasceu depois que o líder da banda, Josh Homme, ficou quatro meses em recuperação, após uma complicação em uma cirurgia no joelho. Esse tempo o fez pensar em como a vida é curta, refletir sobre suas crenças e sentimentos e os relacionamentos ao seu redor. É por este motivo que o álbum marca o amadurecimento da banda, com canções mais densas e sombrias.

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O álbum conta ainda com diversas participações de peso. A começar por Dave Grohl, do Foo Fighters, que assumiu as baterias em seis das dez músicas, após a saída de Joey Castillo da banda.Em Fairweather Friends, riffs de guitarra estilo anos 70 são misturados a uma miscelânea de vocalistas: Trent Reznor ( Nine Inch Nails ), Nick Oliveri ( ex-baixista da banda ), Mark Lanegan ( Screaming Trees ) e Elton John, que é responsável pelo piano que pode ser ouvido durante toda a música. Alex Turner, vocal do Arctic Monkeys, participa do single If I Had a Tail. A faixa de abertura, Keep Your Eyes Peeled, que conta com a parceria de Homme e Jake Shears, vocalista do Scissor Sisters nos vocais, é bom resumo do disco em si, o som marcante do baixo acompanhado de guitarras arrastadas, seguindo seu ritmo. E é com esse mesmo estilo que ...Like Clockwork segue até o fim, com cada canção deixando um sabor interessante para trás. A marca do álbum é, com certeza, o poder sedutor e envolvente, a começar pela capa, um vampiro seduzindo e quase mordendo sua vítima. Canções como Smooth Sailing e The Vampyre of Time and Memory tem todo um apelo sensual, com sua melodia envolvente e o ritmo lento de guitarras, sintetizadores e bateria. ...Like Clockwork é um forte candidato à melhor do ano e não é atoa. O Queens of the Stone Age criou um álbum ao mesmo tempo denso e envolvente, cheio de estilo, único e hipnótico.



VIAGEM

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A charmosa

Praga Com o título de uma das mais belas cidades européias, Praga mostra o encantador e o fascinante em uma arquitetura que mistura clássico e moderno de forma impressionante POR MICHELLE PEREIRA

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Na fotografia acima, Karluv Most ( Ponte Charles ), ao lado, fotografia de Staré Mesto ( Centro Antigo ).

Praga ( Praha, no idioma local ) é a encantadora capital da República Tcheca, na Europa Central. Considerada uma das mais belas cidades da Europa, Praga está na lista de patrimônios históricos da humanidade da UNESCO. Possui uma arquitetura rica que mescla gótico, renascimento e art-noveau. Quase não danificada pela Segunda Guerra Mundial, a cidade permanece com suas construções clássicas, que hoje dividem espaço com edifícios modernos, como a Casa Dançante. Tančící dum, como é chamada, foi construída entre 1994 e 1996 e lembra vagamente um par de dançarinos. Praga foi construída para ser admirada aos poucos, e a pé. A Praça Central, ou Staromestke Námesti, em Staré Mesto, o centro antigo, é o ponto de partida ideal para conhecer a cidade. É nesta praça que está localizado o Relógio Astronômico, uma construção de geometria complexa em que a cada hora marcada um boneco representando a morte aciona um carrilhão por onde desfilam bonecos de

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doze apóstolos seguindo São Pedro. A oeste da praça fica a Ponte Charles ( Karluv Most ), construída em 1357 sobre o rio Vltava. De arquitetura gótica, a ponte é exclusiva para pedestres e liga a cidade à colina de Hradycani, onde está situado o Castelo de Praga ( Prazsky hrad ), um dos maiores castelos da Europa. Construído no século IX, hoje o castelo é a sede do governo do país e residência oficial do presidente. Ao norte da praça fica o bairro judeu Josefov, com seis das mais antigas sinagogas da Europa e o Antigo Cemitério Judeu de Praga ( Starý židovský hrbitov, em tcheco ), com cerca de 12 mil lápides aglomeradas e sobrepostas, um dos cemitérios mais tumultuados do mundo. Praga é uma cidade vibrante, cheia de vida, música e arte. Os turistas podem aproveitar os pequenos shows de artistas de rua na Praça Central, beber uma deliciosa cerveja de trigo nos pubs e bares ou fazer uma pausa nos lindos cafés de


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arquitetura art-noveau. O circuito turístico compreende Staré Mesto ( Centro Antigo ), Malá Strana ( Pequeno Bairro ) e Nové Mesto ( Centro Novo ). É lá que está situada a casa de Franz Kafka, aclamado escritor nascido na cidade, o Museu do Comunismo, uma dura lembrança de tempos passados e também a elegante Alameda Parizka, onde se encontram grandes grifes como Ermenegildo Zegna, Boss e Prada. O clima não costuma ser um grande obstáculo para os turistas. Mesmo com neve forte em parte do inverno, o frio não chega a ser insuportável, atingindo -5°C. No verão a temperatura é amena, ficando entre 15°C e 25°C.

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Acima, o inverno em Praga, abaixo, a cúpula do Museu do Comunismo, ao centro, o Relógio Astronômico. Na página ao lado, acima, escultura na Catedral de São Vito, abaixo, lápides amontoadas em no bairro Josefov.

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