Envelopamento autorizado. Pode ser aberto pelo ECT
Editorial A revista Força do Campo é uma publicação bimestral da MídiaMix Comunicação. www.revistaforcadocampo.com.br
facebook.com/revistaforcadocampo @forcadocampo @forcadocampo Diretor José Henrique Chaves Editora / Jornalista Responsável Maria Helena Dias (MTb 4115) Redação - (31) 3504-1139 redacao@revistaforcadocampo.com.br Diagramação Mayra Barros Marketing atendimento@revistaforcadocampo.com.br
Comercial (31) 3396-9145 comercial@revistaforcadocampo.com.br
Projeto Editorial e Conteúdo MHD Comunicação Tiragem: 10.000 exemplares Capa: Sérgio Amzalak Circulação Minas Gerais, Distrito Federal e principais capitais do país Impressão: Gráfica Del Rey A revista Força do Campo não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios e artigos assinados.
Publicação:
www.midiamixcomunicacao.com.br atendimento@midiamixcomunicacao.com.br 31 3396-9145 Rua Sete, 72 - São Sebastião Contagem/MG - Cep: 32150-060
Nós acreditamos na força do agronegócio, na melhoria da produtividade e na expansão das lavouras, e que, ao contrário das notícias desanimadoras divulgadas por algumas instituições e pela mídia em geral, o Brasil terá um 2016 de resultados que entrarão para a história da agroindústria mundial. Em vez de nos apoiar em dificuldades – pois essas todos os setores da economia têm – preferimos ter como comparativos dados que nos entusiasmem. As expectativas com relação ao Brasil são muito grandes, e mesmo num cenário complicado pelo qual passa o país, erguer a cabeça e ‘arregaçar as mangas’ é obrigação de quem quer construir um futuro ainda melhor para o agronegócio. Não podemos nos decepcionar, e muito menos ao mundo, pelo que espera de nós em relação ao combate à fome dos povos. A organização para a Cooperação e Desenvolvimento da Europa (OCDE) e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estão apostando que o Brasil assumirá a liderança das exportações mundiais do setor agrícola em 2024, consolidando, assim, os avanços que o setor registrou no país nos últimos anos. O relatório anual de Perspectivas Agrícolas acredita na continuação do crescimento da safra até 2024, quando as plantações ocuparão uma área total 69,4 milhões de hectares, o que representa um crescimento de 20% em relação à média do período entre 2012-2014 e um aumento anual de 1,5%. Poderia citar aqui vários outros indicadores, principalmente os de Minas Gerais, que mostram que, apesar das barreiras do clima, da economia e da política, o estado vem superando as adversidades. E nesse contexto está o projeto Força do Campo. Em 2015 trabalhamos mais, nos dedicamos mais e chegamos agora a 8ª edição da nossa revista. E em 2016, estamos nos empenhando mais ainda, para consolidar uma etapa ousada e surpreendente do nosso projeto. Você vai gostar. Aguarde! Um abraço,
José Henrique Chaves
Colaboradores Nacional Arnaldo de Sousa é jornalista e palestrante de agronegócios, analista dos mercados de bolsas agrícolas e assessor de imprensa de empresas do agronegócio (CEO da InfoAgroBrasil).
De salto ou de bota Sarah Pardini é empresária, palestrante e consultora em autoestima e motivação.
Gastronomia Flávia Fabíola é chef de cozinha e atua nas áreas de personal chef e confeitaria.
Cooperativismo Geraldo Magela da Silva é administrador, mestre em Estratégia, Inovação e Competitividade, consultor e professor de MBA de Gestão de Cooperativas e Gestão de Negócios.
Bem viver Gabriela Araújo Caixeta é psicóloga clínica, mestre pela Faculdade de Medicina da UFMG (Programa Saúde da Mulher); Pós-graduada em Arteterapia; pós-graduada em Psicomotricidade (Zaragoza, España); fundadora do Instituto Inspirar - Soluções Originais para Saúde, Educação e Arte. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Sumário
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Cartas Programe-se Curtas Nacional
pixabay.com
10 11 12 14
Arnaldo de Sousa
De salto ou de bota
Sarah Pardini
18 Importação exportação 22 24 28
Painel do Setor
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Entrevista Jorge Salum, presidente da
40
Capa
Tecnologia
28 Óleo de abacate evita desperdício 32 Pivô Central de irrigação
ABCCCampolina
Terceirização tem bons resultados
Sérgio Amzalak
CeasaMinas
Cooperativismo
48
Atualidades
54
Sustentabilidade
60
Produto da vez
Geraldo Magela da Silva
pixabay.com
46
Própolis verde amplia mercado
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Turismo
66
Gastronomia
68
Campo motor
70 72
Evento
Carnaval
Flávia Fabíola
Como escolher o trator ideal
Galeria 72 74 75 76 77
Leilão EGB Encontro de Floricultores Lançamento de Comitiva Aniversário da Emater-MG Posse na ABCCCAMPOLINA
80 82
Bem viver Gabriela Caixeta
Causos do campo Burunga
Cartas Sérgio Amzalak
Encantada com a revista Força do Campo! Vocês estão de parabéns! Conheci a revista por ser distribuída no Porcão BH, e não parei mais de acompanhar. Também sigo vocês pelo Facebook e Instagram. Só fico triste com uma coisa: quando acabo de ler a revista que chegou pra mim, tenho de esperar mais dois meses para que chegue a próxima. Ela bem que poderia ser mensal. Pensem nisso, viu? Ângela Maria da Silva – Belo Horizonte Agradeço imensamente o fato de receber a revista Força do Campo em minha residência. Conteúdo de grande importância, leitura agradável, e uma publicação completa. Confesso que não deixo escapar nenhuma página, e quando chego na coluna do Burunga eu me divirto muito. Gostaria de parabenizar a toda a equipe pela publicação. Um abraço. Otacílio Lúcio Ribeiro – Sete Lagoas A equipe da revista Força do Campo está de parabéns por fazer reportagens valorizando os produtos de Minas. Muito boa a notícia que saiu na última edição e que conta sobre o investimento de empresários numa cerveja artesanal. Nunca imaginei que uma cidade como Augusto de Lima tivesse equipamentos tão modernos para a fabricação. Quero experimentar essa cerveja. Espero que os jornalistas da revista descubram mais coisas interessantes como essa em nosso estado. Gostei. Mariana Lima Ribeiro Nunes – Belo Horizonte Mande você também suas considerações sobre Força do Campo: atendimento@revistaforcadocampo.com.br
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FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
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Programe-se
dia
dias
FEVEREIRO
10 13
Feira BioFach 2016 - Estande Brasil Agricultura Familiar Nuremberg - Alemanha Informações: www.mda.gov.br
29
Fórum de Discussão para Jurados
a
Uberaba - MG Informações: (34) 3319.3930 ou abczsaj@abcz.org.br
dias
08 10
Fenicafé 2016
29 01
5ª Femec
a
a
abril
Sérgio Amzalak
dias
MARÇO Pica Pau Country Clube - Araguari - MG Informações: www.fenicafe.com.br
Parque de Exposições do Camaru Uberlândia - MG Informações: www.femec.com.br/
dias
12 14
HortiMinas 2016 Pouso Alegre - MG Informações: http://www.sistemafaemg.org.br
dias
25 29
Agrishow 2016 Ribeirão Preto - SP Informações: (11) 3598-7810 ou atendimento.agrishow@informa.com
dias
ABRIL
28 08
21ª FenaSoja Santa Rosa - RS Informações: (55) 3512-6866, fenasoja@fenasoja.com.br ou www.fenasoja.com.br
a
a
a
maio
feirahortiminas.com
Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Curtas Influenza aviária A partir de 1º de março, as granjas que não estiverem registradas ou com funcionamento autorizado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), atendendo à portaria 1555 de dezembro/15, estarão proibidas de alojar aves, sujeitando-se às sanções previstas em lei. A medida faz parte das ações preventivas contra a influenza aviária (gripe do frango), já que há o risco da entrada do vírus no Brasil. A portaria abrange as granjas de frango e peru de corte e de galinha de postura, além dos estabelecimentos de criação de outras aves como codorna e faisão, destinadas à produção de carne e ovos para consumo humano. Para auxiliar os produtores na adequação e registro desses estabelecimentos, o IMA produziu uma cartilha, intitulada “Registro de Granjas Avícolas Comerciais”, disponível para consulta gratuita no site da instituição, no endereço www.ima.mg.gov.br. Divulgação IMA
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FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
Sérgio Amzalak
Seguro-desemprego O Congresso Nacional manteve o veto à mudança de regras do seguro-desemprego rural, item que constava da Medida Provisória 676/15. De acordo com o governo, as novas regras trariam critérios diferenciados em relação ao trabalhador urbano, “resultando em quebra de isonomia”. As regras vetadas permitiriam o recebimento depois da comprovação de seis meses de salário antes da dispensa, com três a cinco parcelas e desconto da contribuição previdenciária com alíquota de 8% para contar como período de contribuição. No caso do seguro-defeso, uma espécie de seguro-desemprego recebido pelo pescador em época de defeso da pesca, foram vetadas regras que permitiam o recebimento do benefício pelos familiares que apoiam o pescador artesanal. O seguro-defeso é um valor equivalente ao salário mínimo pago ao pescador artesanal registrado no período em que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) decreta a proibição de pesca para preservar a reprodução das espécies. Para o governo, a nova regra “ampliaria inadequadamente as hipóteses de concessão”.
Proteção de cultivares A Lei de Proteção de Cultivares (Nº 9.456/97) está sendo discutida novamente na Câmara dos Deputados, e uma das principais alterações refere-se à semente salva. O deputado Dilceu Sperafico (PP/PR), integrante da Frente Parlamentar da Agricultura, autor do projeto, propõe limitações aos agricultores que planejam reservar sementes para uso próprio, restringindo sua utilização apenas à próxima safra. A Lei de Proteção de Cultivares foi criada para organizar o mercado de variedades de sementes e mudas das diversas culturas e os direitos dos obtentores. Um dos principais benefícios é a liberdade que o produtor tem de comprar a semente (germoplasma), plantar e salvar uma parte delas para os plantios seguintes, independente do número de safras e tamanho da área. O projeto será votado na Câmara e, depois de aprovado pela Comissão Especial, irá para análise do Plenário para, então, tramitar no Senado.
Novo endereço O Sistema Faemg já está em novo endereço, depois de deixar a Av. Carandaí, no centro de Belo Horizonte, onde esteve por 47 anos. A entidade atende agora na Av. Contorno, 1771, na Floresta. O prédio de linhas retas, fachada de vidro e sete andares, distribuídos em 4.991 metros quadrados, foi construído levando-se em conta a necessidade da entidade em expandir suas atividades e facilitar o atendimento ao público. Na parte da frente, foi preservada a casa de 1913, tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal. Os números de telefones de todos os setores e e-mails institucionais permanecem os mesmos. Funcionam no prédio as entidades
que compõem o sistema: Faemg, Senar Minas e Inaes. Divulgação
Segurança no campo Uma das maiores preocupações dos moradores da área rural hoje é com a segurança. Além dos furtos de gado, cavalos e outros animais e bens de valor, há uma crescente escalada de violência com ocorrências de homicídios e agressões. Para agravar a situação, por causa da lei do desarmamento, o produtor tem dificuldade de dispor de uma arma legal para garantir a sua defesa pessoal. Diante disso, o Sindicato dos Produtores Rurais de Curvelo (SPRC) tem se empenhado na luta pela flexibilização da lei do desarmamento e pela organização do meio rural para incremento da segurança. No final do ano passado, foram entregues as cinco primeiras placas da Rede de Proteção Rural. Foi criado um grupo de solidariedade que contribui com um fundo, reforçado pelo SPRC, para financiar despesas operacionais das polícias e fomentar uma rede de informações contra o crime. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Nacional Arnaldo de Sousa afsousa@uol.com.br
Adubação biológica cresce na América Latina A adubação biológica é uma das práticas conservacionistas que atuam diretamente nas causas da compactação do solo, respondendo à biodiversidade característica do ambiente no solo e recuperando boa parte dos processos naturais, como a reestruturação do solo. Por causa dessa reestruturação, produtores brasileiros, paraguaios, uruguaios, argentinos e bolivianos vêm aderindo ao adubo biológico. Assim, as áreas atendidas cresceram mais de 11% de 2014 para 2015, na América Latina. pixabay.com
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FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
O crescimento da adubação biológica está ligado diretamente ao despertar do produtor rural, que deixou de fazer uso intensivo dos solos para a produção agrícola sem a adoção de técnicas conservacionistas. Após anos de prejuízos, o homem do campo passou a adotar, em várias regiões do Brasil e em mais quatro países, a adubação biológica. “É uma evolução verde. Hoje, há necessidade de reestruturação do solo em geral. Com uma adubação biológica
podemos reestabelecer ganhos para a agricultura brasileira em geral, seja orgânica ou convencional”, afirma Leandro Suppia, diretor Comercial da Microbiol, empresa pioneira no sistema de produção com uso de adubação biológica e detentora do produto Microgeo. A produção agrícola vem demandando cada vez mais inputs para que o negócio se mantenha viável. Mas, em contrapartida, os reflexos da má utilização do solo influenciam diretamente nesta demanda de inputs. A compactação dos solos é reflexo direto da não adoção de técnicas conservacionistas e vem cobrando alto dos produtores. A baixa produtividade, problemas no enraizamento, baixa eficiência dos fertilizantes, baixa resistência à seca e o aumento do ataque de pragas e doenças têm origens na compactação do solo. A adubação biológica tem sido a
solução de baixo custo para mais de 4 mil agricultores no Brasil e em estados como no Rio Grande do Sul, com mais de 50 mil hectares adubados com a técnica. De acordo com o agricultor gaúcho Adroaldo Girotto, de Palmeira das Missões, a 320 km de Porto Alegre, o trabalho da Microgeo tem se mostrado eficiente, inclusive com resultado. “Comecei aplicando a adubação biológica em 40% da propriedade há dois anos e, agora, vamos passar para 100% devido à qualidade da terra e do aumento da produção. Tivemos aumento de 10,8 sacos por hectare em relação ao ano anterior”, declarou Girotto. O conceito da adubação biológica produzida com Microgeo é: “Através de uma biofábrica local, trabalha-se a biodiversidade ecológica do solo, trazendo benefícios multifuncionais ao agricultor”. Esses benefícios são provenientes da reestruturação do solo.
Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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De salto ou de bota
Sarah Pardini sarah@sarahpardini.com.br
Douglas Chofih
Viola nos palcos sertanejos Cantora e musicista desde os nove anos, dedicada e envolvida com nossa cultura caipira, a bela Adriana Farias Violeira gravou seu primeiro trabalho com apenas 11 anos, reunindo canções de autoria própria. Usando o nome de Hanayna, se apresentou em clubes e escolas de sua cidade, e abriu shows em circos por todo o Brasil com a saudosa humorista Nhá Barbina, ícone feminino do humor caipira. Nascida no Ipiranga (SP), ela trabalhou com artistas renomados, como Fábio Jr, Wanessa Camargo e Leandro & Leonardo, e foi ganhadora do concurso Garota Sertaneja, da rádio Morada do Sol. Sua elegância e seu charme feminino, unidos a um timbre vocal diferenciado, encantam os palcos sertanejos. Ganhadora do Troféu Galopímetro do SBT, no programa Festival Sertanejo, com Chitãozinho e Xororó, a ex-vocalista e violeira da Banda Barra de Saia segue agora com sua carreira solo por todo o país. Em 2016, a bela lança o cd Beleza Rústica, com canções de sua autoria acompanhadas por sua viola caipira. Vamos aguardar!
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FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
Laço em Dupla “As mulheres estão conquistando um espaço muito importante no mundo do Laço. Exemplo disso são as modalidade Breakaway feminino, já estabelecida no país, e o Team Roping Feminino, que vem ganhando muita força nas grandes provas, desde o final do ano passado.” Foi assim, com a opinião da médica veterinária Lilian D’Almeida Gontijo, de Divinópolis, que começamos um agradável bate-papo. Neta de um dos primeiros tropeiros
Divulgação
Edsinho Costa
do Brasil, conhecido como Zé Capitão, ela praticou Hipismo Clássico, Três Tambores e depois Laço. Atualmente, Lilian pratica Laço em Dupla no Rancho Alegre, de propriedade da família, laçando cabeça com seu cavalo Doc Peptolena EMB. Ela também dá aula e orienta pessoas interessadas em cavalos.
Apaixonada por cavalos Encantada por cavalos, a médica veterinária Amanda Sales, que tem mestrado em Reprodução Animal, começou, aos nove anos de idade, sua experiência no Hipismo Clássico, e, aos 12 anos, já trabalhava profissionalmente como madrinheira de rodeios. Com delicadeza e conhecimento, participou dos melhores rodeios de Minas Gerais. Em 2001, foi Campeã do Ranking da Federação Hípica de Minas Gerais (FHMG), na modalidade Salto. Em 2011, ficou em 1º lugar no Ranking da FHMG na modalidade Enduro Equestre. Atualmente, participa de prova dos Três Tambores e é representante comercial de uma linha de suplementos e vitaminas. Amanda trabalha na área de reprodução equina, atendendo a vários haras na Gande Beagá. Ela também acaba de lançar uma marca própria de camisas e bonés com estampas exclusivas. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Importação
exportação
Agropecuária lidera a economia brasileira Números de 2015 confirmam o crescimento do setor O ano de 2015 fechou com a agropecuária liderando a economia brasileira, apesar das dificuldades conjunturais. O Produto Interno Bruto (PIB) do setor agrícola não teve crescimento, tendo em vista a retração da economia enfrentada pelo país, com inflação em alta, aumento substancial do desemprego e da instabilidade política. Porém, a participação da agropecuária no PIB saltou de 21,4% para 23%. Enquanto os outros setores da economia fecharam 900 mil vagas de emprego, o setor agropecuário manteve os bons índices de produtividade, graças aos elevados conhecimentos tecnológicos utilizados na produção brasileira, que asseguraram saldo positivo de quase 75 mil vagas de emprego, de janeiro a outubro. Estima-se uma colheita de grãos de quase 210 milhões de toneladas, na safra 2014/2015, crescimento de 8,2% em comparação com a safra do biênio anterior, conforme projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, considera que os números demonstram a pujança da agropecuária brasileira. Segundo ele, “o crescimento da produção de grãos no país tem sido uma associação entre o respeito do produtor à preservação do meio ambiente e os elevados 18
FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
Sérgio Amzalak
| O milho destacou-se entre as cadeias produtivas com bom desempenho
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Importação
exportação
Divulgação Epamig
| Com a alta do dólar, a carne bovina brasileira tornou-se ainda mais competitiva no mercado externo
índices de produtividade do setor agrícola brasileiro”. A agropecuária foi o mais dinâmico setor exportador, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo. A desvalorização do real frente ao dólar contribuiu para tornar o produto brasileiro ainda mais competitivo no mercado externo. A expectativa é que o volume de produtos do agronegócio exportado confirme recordes em 2015, com aumento de até 17%. Além disso, a participação do agronegócio nas exportações passou de 43% para 48%, consolidando o setor como o líder nas vendas externas. Produtos florestais, soja e milho destacam-se entre as cadeias produtivas com bom desempenho. Entretanto, a queda nos preços internacionais das commodities tem afetado a receita de comércio exterior do setor. Em 20
FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
2015, as vendas externas do agronegócio brasileiro devem apresentar valor 8% abaixo do verificado em 2014, atingindo US$ 89 bilhões. Para os segmentos como leite, ovos e suínos, por exemplo, a perspectiva é de leve queda. As dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, aliadas à queda nos preços das commodities e à instabilidade da moeda brasileira, são determinantes para essa redução. Contudo, apesar das dificuldades, 2015 foi marcado por significativo avanço no acesso a mercado para alguns produtos. Países de importância econômica como Estados Unidos, Rússia, Argentina, África do Sul e Japão retiraram embargos ou começaram a importar produtos brasileiros, como lácteos, carnes bovina, suína e de frango e farinha de carne, o que reforça, ainda mais, o papel fundamental do setor nas exportações brasileiras.
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Painel do setor ENTRAVES AO CRESCIMENTO Roberto Simões diz que MG tem de ser mais competitiva
O ajuste das alíquotas mineiras de ICMS em relação aos outros estados e a adoção de uma política externa que vise ao desenvolvimento econômico do país foram as recomendações do presidente da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, ao discutir possíveis medidas para recuperar a economia mineira, durante o Ciclo de Debates ‘Retomada do Desenvolvimento Econômico’, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, no final de 2015. “A continuidade do bom desempenho do agronegócio necessita de um estado mais aberto e mais competitivo. Observando a cadeia, no âmbito estadual, é necessário ajustar as alíquotas de ICMS como uma das ações para atrair e manter empreendimentos ou aderir à guerra fiscal. Outra opção é trabalhar pela aprovação da proposta de alíquota única apresentada pela União. O fato é que estamos perdendo investimentos para outros estados. É urgente que Minas corrija esse quadro”, alertou Roberto Simões. E disse mais: “No âmbito federal, há a necessidade de rever a política comercial externa. Precisamos investir em negociações que visem ao desenvolvimento econômico do país e a retomada do crescimento. Enquanto negociamos com países de mercados pequenos, nossos vizinhos entraram no acordo do Pacífico Sul, colocando em risco 22
FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
nosso comércio com a China, principalmente de grãos. O Mercosul é outro entrave que precisa ser revisto. Enfim, corremos o risco de perder espaço no mercado internacional”. Ao detalhar as necessidades do setor agropecuário, o presidente da Faemg enfatizou que a demanda pelos produtos
“Observando a cadeia, no âmbito estadual, é necessário ajustar as alíquotas de ICMS como uma das ações para atrair e manter empreendimentos ou aderir à guerra fiscal” agrícolas é garantida pelo crescimento populacional e disse que há capacidade instalada para aumentar a produção, mas reforçou ser fundamental que a estrutura de apoio seja aprimorada. Segundo ele, dos pontos que necessitam de investimento, a infraestrutura de transporte e armazenamento são prioritários: “Não adianta produzirmos mais se não conseguirmos armazenar e escoar a produção. Não queremos desperdício”.
“Não adianta produzirmos mais se não conseguirmos armazenar e escoar a produção. Não queremos desperdício”. Rafael Motta - Divulgação FAEMG
| Roberto Simões, presidente do Sistema Faemg
O desenvolvimento de tecnologias que aumentem a produtividade também foi apontado como indispensável: “Nosso desejo é produzir sustentavelmente, ampliando a produtividade, mas para isso precisamos de mais pesquisas e inovações, o que requer também investimentos em extensão rural, para que o conhecimento produzido nas academias e nas empresas seja traduzido para o homem do campo”. Outro ponto essencial para continuar aumentando a produção é o estabelecimento
de uma política de crédito agrícola, acessível a todos os produtores e que libere recursos no volume e tempo corretos, bem como a expansão do seguro agrícola: “Nossa vontade de produzir é tanta que plantamos e criamos sem seguro, nos arriscando a perder tudo com chuvas, secas, pragas e tempestades políticas e econômicas. O crédito é outro problema, não sai em tempo nem volume necessários; não chega a todos. Tem produtor usando o cartão de crédito para custear a safra”. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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CeasaMinas Entreposto busca beneficiar agricultor familiar do MLP O Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) poderá ficar mais próximo dos agricultores cadastrados no Mercado Livre do Produtor (MLP) da CeasaMinas Contagem. O tema foi discutido pelo presidente da CeasaMinas, Gustavo Fonseca, e o chefe do Departamento Técnico do entreposto, Wilson Guide, em Brasília, com o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Arnoldo de Campos. O PAA compra alimentos produzidos pela agricultura familiar, sem necessidade
de licitação. Esses alimentos são distribuídos gratuitamente a pessoas ou famílias que precisam de suplementação alimentar, por estarem em situação de insegurança alimentar e nutricional, e também a entidades de assistência social, restaurantes populares, cozinhas comunitárias, bancos de alimentos, entre outros. Os alimentos adquiridos pelo PAA também podem compor estoques públicos estratégicos de alimentos. O secretário Arnoldo de Campos acompanhou uma apresentação sobre o funcionamento do MLP de Contagem,
Divulgação CeasaMinas
| O ministro do MCTI, Celso Pansera, recebeu Gustavo Fonseca e Wilson Guilde, em Brasília.
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FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
onde cerca de 50% dos produtores rurais cadastrados pertencem à agricultura familiar, segundo pesquisa do Departamento Técnico da CeasaMinas (Detec). Dos produtores, 30% foram classificados como muito pequenos, com até dois hectares de propriedade, formando segmento majoritário no MLP de Contagem.
Vita Vida Outro assunto discutido na reunião foi a possibilidade de apoio do MDS, por meio de linhas de financiamento, ao programa de combate ao desperdício Vita Vida, que foi transferido do governo estadual para a
CeasaMinas, em 2015. A ideia é reativar o programa e integrá-lo ao Prodal Banco de Alimentos, projeto da CeasaMinas que, desde 2002, é responsável por aproveitar os alimentos que não podem ser comercializados no entreposto de Contagem, mas que são apropriados para consumo. Desde o início do programa, já foram doados pelo Banco de Alimentos cerca de 14 milhões de quilos, principalmente de frutas e hortaliças. A fim de tratar de temas como o fomento da agricultura familiar em Minas Gerais, está prevista para fevereiro a visita ao entreposto de Contagem da coordenadora geral de Equipamentos Públicos, Kathleen de Oliveira Machado, e do diretor do
Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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CeasaMinas Sérgio Amzalak
| Os painéis de aproveitamento da luz solar vão complementar a energia fornecida pela Cemig
Departamento de Apoio à Aquisição e à Comercialização da Produção Familiar (Decom), André Machado, os dois do MDS.
E mais A CeasaMinas está buscando apoio do governo federal para implantação de um projeto de geração de energia renovável no entreposto de Contagem. Estima-se que o entreposto possua até 230 mil m2 26
FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
de telhados que poderiam receber painéis de aproveitamento da luz solar, para complementar a energia fornecida pela Cemig. A proposta foi discutida em reunião do presidente Gustavo Fonseca com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Celso Pansera, em Brasília. Os técnicos do MCTI informaram que linhas de financiamento estão sendo avaliadas para fomentar o projeto.
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Tecnologia ÓLEO DE ABACATE EVITA DESPERDÍCIO DE FRUTOS Extração experimental é feita por centrifugação Maria Helena Dias Com a economia brasileira em crise, mudanças climáticas e o déficit hídrico castigando quem depende da natureza para produzir, o melhor mesmo é diversificar a produção, adequar o negócio e buscar novas alternativas que possam garantir e ampliar a renda. É exatamente o que está fazendo o engenheiro agrônomo e produtor José Carlos Gonçalves, que decidiu investir em óleo de abacate. Por enquanto, o produto está disponível apenas para experimentação, mas a expectativa é que o óleo de abacate chegue ao varejo ainda este ano para disputar a prateleira com o azeite de oliva. José Carlos Gonçalves tem cinco propriedades, sendo quatro delas em Minas Gerais, localizadas nos municípios de São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino e Ibiraci. A outra é em Cajuru, São Paulo. Anualmente, ele colhe 10 mil toneladas de café e 3 mil toneladas de abacates, o que lhe garante o posto de maior produtor de abacates do país. A fruta é produzida de maneira consorciada com o café. “A comercialização de abacates atende ao mercado brasileiro, indo de Porto Alegre a Manaus. Eu vendo as variedades Breda e Margarida, de setembro a dezembro, quando termina a colheita de café e é a entressafra do abacate, quando o preço é melhor”, explica. 28
FORÇA DO CAMPO Janeiro/Fevereiro 2016
Marco Aurélio Pessone
| Depois do óleo de abacate, João Carlos Gonçalves quer produzir farinha e cosméticos
No entanto, o produtor, que planta abacates há 30 anos, precisava encontrar uma solução para os frutos que não são comercializados. Foi então que passou a estudar sobre a produção do óleo de abacate. “A implantação da indústria de óleo de abacate é para o aproveitamento dos frutos que não vão para o mercado, cada vez mais exigente em qualidade”. As frutas com deformação, manchas escuras na casca ou amassadas, mesmo estando com a polpa saudável, não têm valor comercial.
“A implantação da indústria de óleo de abacate é para o aproveitamento dos frutos que não vão para o mercado, cada vez mais exigente em qualidade” João Carlos Gonçalves – Engenheiro agrônomo e produtor José Carlos Gonçalves, que pretende comercializar o produto em 2016, disse que já adquiriu alguns equipamentos, inclusive um despolpador de frutos, “todos de fabricação nacional”, para a extração do óleo a frio, mas que ainda não tem ideia do custo total de produção, nem por quanto seria comercializado o óleo de abacate. “Quanto ao investimento total, é difícil calcular nessa fase, mas todos os investimentos estão sendo realizados com recursos próprios”, garante.
Azeitona tropical Para o produtor, investir na extração do óleo da “azeitona tropical” - chamado assim por ele por considerar o óleo de abacate de qualidade superior ao extraído da oliva - é o caminho para alcançar o sucesso na comercialização. Em 2014, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), ele realizou a extração de 100 litros de óleo de abacate para testar o maquinário. Atualmente, João Carlos Gonçalves financia diversos estudos. “Fizemos uma produção experimental, utilizando equipamento para a extração de óleo de oliva. Esse produto está sendo distribuído para experimentação e utilizado para estudos em universidades”, revelou. “O mercado brasileiro tem espaço para o consumo na alimentação de óleo de abacate de qualidade. Nos Estados Unidos é
Adelson de Oliveira - Epamig MG
| O processo inclui o batimento da polpa com aquecimento por água quente Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Tecnologia comum encontrar em supermercados a venda de óleo de abacate, do qual o consumo vem aumentando”, comenta.
Qualidade dos frutos A extração de óleo fino de abacate pelo sistema de centrifugação, o mesmo utilizado no processamento do azeite de oliva, foi feito no Campo Experimental da Epamig em Maria da Fé, no Sul de Minas. A agroindústria do óleo de abacate apresenta boas perspectivas no Brasil, em função dos frutos de algumas variedades cultivadas como Wagner, Hass, Fuerte, Linda e Margarida, apresentarem quantidades consideráveis de lipídios, em média 20% de óleo na polpa úmida. De acordo com o pesquisador Adelson de Oliveira, da Epamig, que coordena estudos pioneiros do óleo de abacate, há a disponibilidade de matéria-prima durante praticamente o ano todo. As variedades mais ricas em óleo têm um período de safra entre os meses de julho a novembro, enquanto as
“No período da safra, geralmente, o preço do fruto no mercado interno atinge valores muito baixos em decorrência do volume produzido, o que sugere o uso do excedente na agroindústria” Adelson de Oliveira – Pesquisador da Epamig 30
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variedades com menor quantidade de óleo na polpa, em média 9% na polpa úmida, têm um período de safra entre os meses de janeiro e junho. “No período da safra, geralmente, o preço do fruto no mercado interno atinge valores muito baixos em decorrência do volume produzido, o que sugere o uso do excedente na agroindústria”, disse. Segundo Adelson de Oliveira, para a elaboração de óleo de abacate de alta qualidade é preciso observar fatores agronômicos que influenciam o resultado final, como a variedade, o manejo da cultura, a colheita, dentre outros. Estudos mostram que as variedades Hass e Fuerte são as que apresentam maior rendimento, de onde podem ser extraídos até 26% de óleo.
Divulgação Epamig
| Para Adelson de Oliveira, uma das vantagens é a disponibilidade de frutos o ano todo
Divulgação Epamig
| Algumas variedades apresentam quantidades consideráveis de lipídios
“O óleo obtido da variedade Breda - a produzida por João Carlos Gonçalves também é interessante, especialmente por apresentar um sabor ligeiramente picante”, informa. Ele explica que é importante, por exemplo, que o fruto apresente maturação concluída, fase em que concentra maior conteúdo de óleo, não podendo, no entanto, estar muito maduro.
Benefícios O abacate é uma fruta rica em minerais como ferro, cálcio e fósforo, fibras solúveis, fitoesteróis e lipídios (gordura). O consumo do abacate auxilia na redução dos níveis do colesterol ruim (LDL) e na elevação do colesterol bom (HDL), diminuindo o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, a vitamina E, um antioxidante natural, somada à vitamina A, torna o óleo um composto capaz de prevenir doenças oftalmológicas, como catarata e cegueira noturna. O produto pode ainda favorecer o emagrecimento, pois auxilia na diminuição da absorção de colesterol pelo intestino. Mas, seu consumo deve ser controlado, pois é um alimento muito calórico. “O óleo de abacate extraído pelo sistema de centrifugação possibilita um produto de altíssima qualidade, disponível
imediatamente para o consumo, após padronização e embalagem para o mercado varejista”, afirma Adelson de Oliveira. Ele explicou que, além da possibilidade de introduzir o óleo de abacate puro, extra virgem, para uso comestível como substituto ao azeite de oliva, poderia ser utilizado também para obtenção do composto, óleo de abacate e azeite de oliva, em substituição às misturas realizadas com outros óleos vegetais, principalmente óleo de soja.
Outros produtos Além do óleo fino de abacate, que pode ser utilizado na culinária e em saladas, José Carlos Gonçalves pretende chegar ao mercado com outros produtos. Segundo ele, o objetivo é aproveitar a polpa da fruta após a extração do óleo para a produção de uma farinha que será empregada na alimentação humana. Mas ele vai além: “O projeto prevê também o aproveitamento do caroço e da casca como antioxidantes naturais em alimentos industrializados”, revelou. Outro segmento que o produtor pretende investir é no mercado de cosméticos a base de óleo de abacate. Segundo ele, os testes já estão sendo realizados. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Tecnologia Pecuária e agricultura com pivô central de irrigação CRP colhe os bons resultados Maria Helena Dias Manter as atividades agrícolas e pecuárias numa mesma propriedade é um desafio para o homem do campo, que precisa garantir a produção em menor espaço e com maior rentabilidade. Para isso, é essencial o investimento em tecnologias que vão facilitar o trabalho e diminuir custos de produção. Localizada em Pompéu, a capital mineira do leite, na região centro-oeste do estado, a tradicional Fazenda Cachoeira do Rio Pardo, a CRP Agropecuária, tem conquistado grandes avanços depois que inseriu a tecnologia em todos os processos Sérgio Amzalak
| São 650 ha de milho irrigados com pivô central
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de produção. A propriedade é familiar, pertence a seis irmãos, mas as tarefas são bem delegadas, com os responsáveis atentos às potencialidades da empresa. Fidel Campos Reis (diretor), Zoraide Campos Reis (vice-diretora) e Zorzale Campos Reis (Compras) cuidam dos negócios da pecuária e agricultura. Os outros irmãos administram as demais atividades do Grupo CRP, também de propriedade da família. Com uma área de 4,6 mil ha, a fazenda tem como carro-chefe a pecuária de leite e as culturas de soja, milho e feijão. No local,
há ainda plantações de eucalipto e cana de açúcar. Mesmo com o tamanho da área e o grande volume de produção, a equipe de trabalhadores é pequena: 26 funcionários.
Pecuária Um dos grandes orgulhos do diretor Fidel Reis é a criação de vacas de leite a pasto, sob pivô central de irrigação, em capim tanzânia. Suas 302 cabeças de girolando em lactação estão divididas em três lotes, de acordo com o que é produzido pelos animais, com rodízio de um piquete por dia, numa área de 27 ha.
Com o sistema, que garante um pasto verdinho e nutritivo o ano todo, a produção de leite, que era de 3 mil litros/dia, está em 5 mil litros/dia, 150 mil litros/mês. Mas o que o pecuarista quer mesmo é alcançar os 15 mil litros/dia. Atualmente, toda a produção é enviada para a Itambé. “Estamos ainda em fase de aprendizado do sistema a pasto com girolando, que foi iniciado há cerca de dois anos e meio. Acredito que precisamos de pelo menos mais dois anos para crescer”. De acordo com Fidel Reis, o sistema aproveita melhor o espaço, a mão de obra e a alimentação do gado, com excelentes ganhos de produtividade por hectare.
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Tecnologia A CRP Agropecuária também mantém animais semiconfinados e vem investimento em genética, por meio de FIV, para melhorar a qualidade do rebanho, que hoje chega a 827 cabeças no total.
Sérgio Amzalak
Agricultura Com a busca da eficiência produtiva e a melhoria contínua da relação custo benefício da produção, a CRP Agropecuária tem como meta quase dobrar a área irrigada até 2017, chegando a 1.300 ha. Atualmente, colhe duas safras e meia por ano, sendo 650 ha irrigados de plantio rotativo de milho e feijão e 240 ha de soja em sequeiro. Nas últimas safras, foram colhidas 50 sacas de feijão/ha. A instalação de quatro pivôs novos, há pouco mais de um ano, beneficiou o aumento da produção. Já a colheita do milho correspondeu a 180 sacas/ha. Em sequeiro, a soja não teve o mesmo desempenho de outros anos, quando plantada em sistema de irrigação. Ao contrário das 66 sacas/ha, fechou com 50 sacas/ha.
Comercialização “O ano de 2015 foi de aprendizado e fechamos com bom desempenho. Os preços das commodities estão bons, e nos ajudam, apesar de os valores dos insumos terem subido muito”, disse Fidel Reis. Ele exemplifica dizendo que 34
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| Fidel Campos Reis quer ampliar a área total irrigada para 1.300 ha
Sérgio Amzalak
| Numa área de 27 ha irrigada com pivô central estão 302 vacas girolando em lactação
Seca “só o adubo, que comprava por R$1.300,00, já está custando R$ 2.000,00. Sem falar no aumento nos preços da energia elétrica. Mesmo nós irrigantes tendo parte da energia elétrica subsidiada, os custos dobraram. E não podemos repassar isso na venda”. A CRP Agropecuária não tem nenhuma dificuldade em escoar a produção, e por isso busca ampliar as colheitas. A safra de feijão é direcionada a embaladores que comercializam na CeasaMinas Contagem. Já as de milho e soja são vendidas para fábricas de ração e granjas da região. Uma parte da produção de soja tem como destino o porto seco de Pirapora, de onde é despachada para a China.
A fazenda está localizada numa região de clima quente, mas é beneficiada pelo Rio Pardo, que atravessa a propriedade. No entanto, Fidel Reis reclama do baixo nível das águas em função da seca, o que obrigou a CRP Agropecuária a abortar alguns projetos. “Isso limitou o nosso crescimento. Se não fosse pela queda do volume de água, nós poderíamos ter mais áreas irrigadas”, lamenta. Medidas foram tomadas para ajudar na solução do problema. Entre elas está a captação de água de chuva, por meio de várias bacias cavadas no solo ao longo da propriedade. Com a medida, além de ser preservada a matéria orgânica da terra, a água da chuva não sai do terreno, sendo filtrada lentamente. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Entrevista
| Jorge Salum, presidente da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Campolina (ABCCCampolina)
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CAMPOLINA ABRE PORTAS NA ALEMANHA E EUA Maria Helena Dias Resgatar e aumentar a presença das famílias nos eventos do cavalo campolina como chave para a expansão das fronteiras da raça. Foi defendendo esse objetivo que Jorge Salum, um engenheiro civil, amante da raça há 40 anos, foi eleito presidente da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Campolina (ABCCCampolina). Criador de campolina há 17 anos, é no Haras Cantagalo,
em Itabirito (MG), que ele passa grande parte do tempo com os animais. Entre as ações defendidas por Jorge Salum juntamente aos 1.200 associados estão o aumento do número de criadores no país e exterior, a melhoria do animal - tanto marcha quanto funcionalidade -, bem como ter sempre as famílias presentes na criação da raça.
É a primeira vez que você preside a ABCC Campolina ? Sim, é a primeira vez, mas já atuava na associação como vice-presidente e diretor Financeiro há 12 anos.
Ceará, Espírito Santo, Amazonas, Mato Grosso, Goiás, Brasília, Alagoas, com alguns polos de animais também em outros estados. O estado de Minas Gerais, que é o berço do cavalo campolina, detém mais de 40% do total de criadores em relação ao Brasil.
Qual o seu objetivo como presidente da entidade e quais as primeiras ações? O principal objetivo é o crescimento da raça nacionalmente, com o aumento de novos criadores, e o aperfeiçoamento do cavalo em morfologia e marcha, com o propósito de o cavalo ser multifuncional em áreas de lazer, esporte e trabalho rural.
É uma raça que tem grande valor de mercado? E nos leilões? A raça campolina passou por várias fases de valorização. Anteriormente, nós demos mais ênfase à morfologia. Com o fortalecimento do cavalo de marcha, o mercado também se fortaleceu. A raça tem grande apelo
Como está representado o cavalo campolina no Brasil? E em Minas Gerais? O cavalo campolina já está em quase todos os estados da União: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Pernambuco,
Investir na raça campolina representa a satisfação pessoal de ter um animal de extrema beleza racial Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Entrevista comercial no Brasil. O cavalo pode ser encontrado em todas as faixas de preços, o que vai depender da morfologia e marcha. Há preços para todos os bolsos, mas em média é um cavalo valorizado no mercado. Prova disso é que os resultados de todos os leilões de campolina são um verdadeiro sucesso. Como está o mercado de sêmen da raça? E a exportação? O mercado de sêmen é muito bom. Todos têm interesse no comércio de sêmen para poder comprar DNA de excelentes garanhões, sem comprometer o bolso dos criadores. Além disso, temos no mercado um grande número de excelente qualidade de garanhões para todos os tipos de cavalo que o criador quiser ter. Quanto à exportação, já temos associação do cavalo campolina no México e estamos verificando condições para iniciarmos os trabalhos também nos Estados Unidos e Alemanha. Por que investir na raça campolina? Investir na raça campolina representa a satisfação pessoal de ter um animal de extrema beleza racial, variando de todas as cores de pelagem, com um andamento de marcha confortável, um animal de índole dócil e manso, tendo um valor de mercado bom. Quem anda no cavalo campolina pode ter a raça do seu animal reconhecida em qualquer lugar que passar. Qual o próximo evento envolvendo a raça? Cada estado e cada município promove as suas exposições agropecuárias, em que, na maioria dos eventos, o cavalo campolina marca presença. Mas a associação tem dois eventos importantes promovidos por ela: Exposição Brasileira, que acontece em sistema de rodízio anual em cada estado, e a Exposição Nacional, que tradicionalmente acontece em Belo Horizonte, no Parque da Gameleira, sempre no mês de setembro. 38
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Capa
Terceirização para uso de biotecnologia tem bons resultados
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‘Barriga de aluguel’ está entre os serviços contratados Maria Helena Dias / Fotos: Sérgio Amzalak Com os altos custos de produção e rentabilidade apertada, um dos maiores desafios do homem do campo é manter os bons resultados, realizando um trabalho eficiente que garanta sua lucratividade. Muitas vezes, gerir todos os processos da fazenda, principalmente aqueles que não estão diretamente ligados ao seu negócio principal, pode acarretar prejuízos. Por isso, uma das opções do produtor é a terceirização de serviços, uma alternativa que tem conquistado cada vez mais adeptos, principalmente quando o assunto é cria e recria de animais. São muitas as vantagens da terceirização, principalmente para o produtor que busca ampliar a produção mas tem, entre outras limitações, o tamanho de sua propriedade. A contratação de um prestador de serviços garante melhor custo benefício. O criador que tem uma excelente vaca leiteira, por exemplo, com a ajuda de quem entende do assunto, pode ter muitas vacas de leite iguais a essa, e ainda melhorar a qualidade de seu rebanho com a cria de bezerras e novilhas. Para isso, ele irá contar com a biotecnologia, que permite que apenas uma vaca produza, acima de 30 crias por ano, utilizando animais como ‘barriga de aluguel’. Em Minas Gerais, na cidade de Inhaúma, a 90 km de Belo Horizonte,
visitamos a Fazenda Querença, fundada há 25 anos e referência na terceirização de serviços agropecuários, especialmente fertilização in vitro (FIV). São 5,2 mil ha, onde o trabalho é dividido em três unidades de negócios: criação de gado brahman para produção e venda de genética; produção de bezerros para comercialização em leilões próprios e criação de gado comercial. As novilhas podem servir como receptoras de embriões ou vendidas para o abate.
Mercado As três unidades de negócios são muito interligadas, mas é na área de biotecnologia que a Fazenda Querença está apostando seu crescimento em 2016. “Com estrutura física, adequada e mão de obra especializada, o objetivo é ampliar o volume de embriões, que, no ano passado, resultaram em 1.200 crias, nascidas na fazenda e entregues aos clientes. O produtor tem aceitado bem os nossos serviços”, revelou o diretor da Fazenda Querença, Moisés Campos. A maioria dos clientes estão num raio de 300 km da fazenda, mas também em outras regiões de Minas, além de a Querença ter dois projetos no Pará para a produção de girolando e brahman. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Capa A contratação dos serviços
Vantagens
Entre os vários modelos de contratação dos serviços terceirizados, existe um mais convencional: “O cliente tem uma matriz com qualidades que ele considera acima da média do seu rebanho, seja em produção leiteira, fertilidade, beleza racial e outros quesitos que ele quer multiplicar. A Querença, através da transferência de embriões, se imcube desta tarefa, produzindo os embriões e transferindo-os em receptoras que servirão de ‘barrigas de aluguel’ responsáveis pela manutenção da gestação das crias”, explicou Moisés Campos. Se o cliente não tem uma doadora e mesmo assim quer melhorar o seu rebanho, a Querença o coloca em contato com outros clientes com boas doadoras ou oferece a ele um de seus animais para a retirada de embriões. O mesmo acontece se ele não tiver a vaca que servirá como ‘barriga de aluguel’. Segundo o diretor, desde 2014, a Fazenda Querença está oferecendo também o trabalho de maneira mais completa: “Grande parte dos clientes não têm estrutura física nem mão de obra que garanta, com tranquilidade e sem nenhum risco de doenças, a permanência em sua fazenda das bezerras de valor agregado, que acabaram de nascer, e que serão suas matrizes e até doadoras no futuro. Diante disso, em vez de apenas fazermos a fecundação e o animal ficar no cliente, nós o garantimos na Querença, onde a bezerra nasce e só é entregue ao cliente depois de 90 dias. Assim, tiramos dele o risco dos abortos, natimortos e de mortes nos primeiros meses de vida. O cliente pagará apenas por cada bezerro saudável que receber”, esclarece.
Moisés Campos garante que as vantagens são muitas para quem opta pela melhoria do rebanho por meio da FIV. Além de a vaca sofrer menos com a técnica utilizada pela Querença - não inclui hormônios -, com apenas uma dose de sêmen podem ser produzidos de 40 a 50 embriões, e o produtor ainda pode escolher, com 90% de assertividade, o sexo da cria, além das características que ele julgar importantes. A aspiração folicular ovariana pode ser realizada de 15 em 15 dias. As raças zebuínas são a melhores na produção de embriões, podendo chegar a 30 embriões por aspiração.
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Com apenas uma dose de sêmen podem ser produzidos de 40 a 50 embriões, e o produtor ainda pode escolher, com 90% de assertividade, o sexo da cria Sérgio Amzalak
| As bezerras nascidas na Querença podem ser entregues ao cliente depois de 90 dias
Sérgio Amzalak
| Moisés Campos: “Por meio de FIV, uma vaca pode ser mãe de todas as bezerras da fazenda”
Sete dias após o oócito ser aspirado, o embrião já está apto a ser colocado na receptora. Após 30 dias, é feito o diagnóstico precoce de prenhez. Com 60 dias já é possível saber o sexo da cria. Após 90 dias, caso queira, o cliente já pode levar a receptora para parir em sua propriedade. O prédio do laboratório onde os procedimentos são realizados fica dentro da própria Querença e reúne nove profissionais. Após o procedimento de Aspiração Folicular Ovariana Guiada por Ultrassom (OPU-Ovum
Divulgação
| Os oócitos passam por três processos: maturação, fecundação e desenvolvimento embrionário inicial
pick-up), realizado por veterinários e técnicos, os oócitos chegam ao laboratório, onde os biólogos e veterinários produzirão os embriões. Uma outra equipe é responsável por transferir os embriões, fazer o diagnóstico precoce e a sexagem. No campo, outros profissionais vão acompanhar a gestação. Moisés Campos faz questão de esclarecer que a transferência de embriões, por si só, não é uma ferramenta de melhoramento genético, mas sim de multiplicação, por isso há necessidade de escolher bem a genética a ser utilizada.
Vantagens da terceirização em FIV 99 Genética diferenciada sem ter de investir em doadora 99 Transferência de embriões sem que seja necessário montar uma estrutura própria 99 Bezerra entregue depois das fases críticas: gestacional e três meses de vida 99 Segurança e previsibilidade de número de animais
99 Reduz custo e permite que o produtor se programe 99 Deixa o produtor tranquilo para focar no negócio principal dele 99 Mais áreas na fazenda para outras atividades 99 Ampliação do plantel com animais de qualidade Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Raízes Rurais
Capa
| Grande campeã nacional girolando 1/2 sangue, a vaca Luanda, da Fazenda Shangrilá, é resultado de FIV
Produção e qualidade A Fazenda Shangrilá, em Sete Lagoas, com 300 ha, é uma das principais clientes da Fazenda Querença. O proprietário Adauto Feitosa busca ampliar a produção de leite e melhorar a qualidade do rebanho. Dos 450 animais de sua propriedade, o pecuarista conta hoje com 40 doadoras, das raças holandês e girolando. “Desde que contratei os serviços da Querença para FIV, já produzimos 400 bezerras. Para cada necessidade, o serviço é feito de uma forma. Às vezes o animal 44
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fica com eles, outras vezes comigo”, conta Adauto Feitosa. Além de buscar a ampliação da produção de leite para 1.500 litros/dia, o pecuarista está investindo e fazendo negócios com cria, recria e comercialização de bezerras e de vacas prenhas. “Meu principal negócio hoje não é leite, é genética. Os profissionais da Querença são grandes parceiros, são fantásticos e garantem um bom resultado”, disse ele.
Facilidades de crédito Os produtores que percebem a necessidade e a importância de melhoria do rebanho para garantir o aumento da produção estão atentos às ofertas do mercado. Trinta deles acabaram de ser beneficiados pelas facilidades de pagamento - juros de 8,75% a.a oferecidas por meio da Cooperativa de Crédito de Livre Admissão da Região de Varginha (Sicoob Credivar). Da encomenda de 250 animais, a Fazenda Querença já entregou a eles, por meio da cooperativa, 40 bezerras. Com 15 mil associados, sendo 12 mil produtores rurais, e a maioria produtores de leite e café de 16 municípios, a Sicoob Credivar já planeja encomendar cerca de mais 250 animais este ano. “Nossa preocupação é oferecer ao produtor facilidades que garantam a ele sucesso na atividade. São vários os programas oferecidos. Um deles é voltado para acelerar o melhoramento genético dos rebanhos de produtores de leite”, informou o assessor em Gestão de Negócios da cooperativa, Jairo Márcio Faria. As bezerras, encomendadas no final de 2014, são entregues com quatro meses de idade. A dívida do produtor pode ser quitada em dois anos, com início do pagamento após a entrega do animal. Entre os produtores, há os que adquiriram dois animais, como os que compraram 20. “Quando o produtor começar a pagar, a vaca já poderá estar com cria e já produzindo leite, com um preço de mercado valendo em média R$ 8 mil”, disse o assessor.
Sérgio Amzalak
Inseminação artificial no Brasil 99 14 milhões de doses comercializadas em 2014 99 2009 a 2014: crescimento de 59% para o gado de corte e 34% para o gado de leite 99 Apenas 11% das vacas são inseminadas 99 Vantagens da técnica: mais econômica, de fácil manipulação e os resultados superiores à monta natural
Fonte: Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Cooperativismo Geraldo Magela da Silva geraldomsilva@ig.com.br
MG SUPERA AS ADVERSIDADES DA ECONOMIA BRASILEIRA Segundo dados oficiais e com base na avaliação dos principais analistas econômicos, podemos afirmar que estamos vivenciando um dos piores períodos da economia brasileira, especialmente da economia mineira. Porém, de acordo com os números do Anuário de Informações Econômicas e Sociais do Cooperativismo Mineiro, editado e lançado pelo Sistema Ocemg, no mês de dezembro/2015, o setor cooperativista apresentou, em diversos aspectos, um crescimento significativo, tomando-se como base os resultados apurados no anuário de 2014. Merece destaque o número de pessoas envolvidas com o setor. O cooperativismo fechou o ano de 2015 com 35.699 empregados (+ 3,2%) e 1.282.665 associados, o que representa um aumento de 4,7% de pessoas que aderiram ao setor. Também, digna de registro é a participação das mulheres, que subiu de 17,3% para 19,1% no quadro social das cooperativas e, no quadro funcional, o crescimento foi de 3,1%. Minas Gerais já ocupa a 4ª posição no ranking nacional em termos de quantidade de pessoas associadas em cooperativas, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os ramos agropecuário, crédito, transporte e saúde apresentaram o maior 46
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número de cooperativas, totalizando 86% do total. Em número de associados, destaque para os ramos crédito, agropecuário e consumo, com 95%. Em número de empregados, destacaram-se os ramos agropecuário, saúde e crédito, com 90% do total.
Minas Gerais já ocupa a 4ª posição no ranking nacional em termos de quantidade de pessoas associadas em cooperativas
pixabay.com
Mais uma vez, o cooperativismo mostra sua representatividade na economia do estado. A participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) foi de 6,4% em 2014, com movimentação econômica de R$ 32,9 bilhões. Já o indicador de renda, que mede o valor médio do PIB per capita do cooperativismo mineiro, foi de R$ 25.649,47, ante os R$ 24.581,79 do PIB por habitante em Minas Gerais. No PIB do agronegócio mineiro em 2014, as cooperativas agropecuárias representaram 8,3% do total. Os produtos de cooperativas que tiveram maior participação foram o café e o leite, responsáveis por 61,7% e 30,5% da produção do estado. A preocupação do cooperativismo mineiro com a sociedade também foi destacada no anuário. De acordo com os dados, o setor contribuiu, no ano passado, com R$ 1,9 bilhão em investimentos diretos em meio ambiente, nas comunidades e em cultura e lazer. O valor corresponde a um aumento de 54% em relação a 2013 e também a 8,5% das receitas das cooperativas no período.
No ramo agropecuário, a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé Ltda (Cooxupé) ocupa o primeiro lugar nas categorias de cooperativas com maior número de associados, ativos totais, patrimônios líquidos, receitas totais e empregados. Não podemos deixar de destacar a enorme importância das cooperativas de produtores de leite para a produção e comercialização dos lácteos em nosso estado e no país, e ainda as cooperativas de pequenos agricultores da agricultura familiar, que vem desempenhando importante papel na produção de alimentos que contribuem significativamente para a melhoria da segurança alimentar em nosso estado. É importante ressaltar o trabalho vigoroso, de natureza institucional, política, de capacitação, treinamento e de promoção social desenvolvido pelo Sistema Ocemg, sob a liderança do Dr. Ronaldo Scucato, que vem contribuindo diretamente para que o setor possa se destacar, cada vez mais, por meio da competência, ética, dos seus valores e princípios, gerando resultados positivos para os sócios das cooperativas e para as comunidades impactadas pelas mesmas. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Atualidades QUEIJOS NADA CONVENCIONAIS Um mercado que cresce mais de 11%/ano Lídia Salazar Apostando na diversificação para atender a todo tipo de consumidor, o mercado de queijos tem oferecido uma rica oportunidade de opções. No Brasil são fabricadas inúmeras marcas, diferenciadas pelo tipo de leite, bem como a região e forma de fabricação. É um mercado que vem aumentando a produção, rendimento e crescendo em variedades. De acordo com a Mintel, uma das principais agências de inteligência de mercado do mundo, de 2006 a 2013, o segmento de queijos no Brasil cresceu 9,4% ao ano em volume e 7,7% ao ano em faturamento total, devendo aumentar seu ritmo de crescimento até 2017. A projeção é que os volumes de queijos vendidos cresçam, em média, 11,4% ao ano entre 2014 e 2017, e os valores anuais de venda 11,1% ao ano. O mercado deverá atingir R$ 20 bilhões em vendas em 2017. O perfil de consumo de queijos no país é ainda muito baseado nos ‘convencionais’, feitos com o leite de vaca, como a muçarela, Divulgação
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o queijo prato e o requeijão, sendo que esses representam quase 70% do volume consumido, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq). E nesse cenário, 50% da produção nacional de queijos industrializados e artesanais estão concentradas em Minas, onde teve início a história do queijo no país. Atualmente, os queijos não convencionais, especialmente os fabricados com leite de búfala e cabra, têm ganhado espaço e conquistado paladares. Pesquisa da Mintel apontou, numa amostra de 1.500 adultos (acima de 16 anos), percentuais consideráveis de entrevistados que já tinham consumido outros tipos de queijos, além da muçarela, prato e requeijão. Vinte e cinco por cento já havia experimentado o camembert e o brie, 49% o provolone, entre outros tipos. Com esses dados, concluiu-se que há muitas oportunidades de crescimento de mercado para diferentes tipos de queijo e do consumo daqueles com maior valor agregado.
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| O nome mozzarela só pode ser atribuído ao queijo produzido exclusivamente com leite de búfala
Mozzarela O queijo do leite de búfala, chamado de mozzarela, é mais branco e doce que o produzido com leite de vaca. O produtor precisa de um selo de garantia para certificar a pureza do produto. O nome mozzarela, original da Itália, só pode ser atribuído ao produto que seja elaborado exclusivamente com leite de búfala. Maurício Lapertosa, proprietário da Fazenda Belcon, em Esmeraldas, a 60 km de Belo Horizonte, tem 750 cabeças entre búfalos e búfalas numa área de 350 hectares, que comporta uma produção de mozzarela de 300 kg/dia. “Tenho búfalas que produzem até 25 litros de leite por dia”, conta Maurício Lapertosa, que há mais de 30 anos trabalha com a raça murrah. O produtor revela que já exportou animais para a Colômbia, Venezuela e Argentina, já que, segundo ele, essa é a raça mais procurada para a produção de leite. Na Fazenda Belcon, a cada cinco litros de leite é possível fazer um quilo de mozzarela. Vale ressaltar que para produzir a mesma quantidade com leite de vaca seriam necessários entre 10 e 12 litros. “Costumo
“Costumo dizer que a mozzarela de búfala é boa para o bolso de quem cria e para o coração de quem consome” Maurício Lapertosa – Produtor em Esmeraldas
dizer que a mozzarela de búfala é boa para o bolso de quem cria e para o coração de quem consome. A qualidade e o sabor são excelentes, tem muita vitamina A, 56% menos colesterol, o dobro de cálcio e não tem sal”, pontua ele. Maurício Lapertosa vende para supermercados e restaurantes de Belo Horizonte. O preço médio de comercialização é de R$ 30 o quilo. A apresentação mais da mozzarela é em bolas acondicionadas em soro, podendo ser encontrada também na forma de tranças, palitos, nozinho, bola recheada, cerejinha, mauta defumadas, drenadas e também em blocos para fatiar. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Mario Nelson
Atualidades
| Para produzir um queijo de leite de cabra de 500 gr são necessários 6 litros de leite
Queijo de leite de cabra Os queijos de leite de cabra podem ser encontrados em diversas variedades de sabor e formato, sendo classificados de acordo com a consistência da massa e o processo de cura, que irão determinar o aroma e o sabor. Marli Alves, proprietária do laticínio Capril Santa Cecília, localizado na Fazenda Papagaios, em Itaguara, é produtora de queijo de cabra e alguns derivados. Ela possui 50 cabeças em lactação e consegue uma produção diária de 50
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20 quilos de queijo, com variação de acordo com a produção do leite que cada animal fornece por dia. Na produção, são necessários seis litros de leite para um queijo de 500g. Segundo Marli Alves, o principal desafio na comercialização é vencer o preconceito que existe em relação ao odor do produto. “Nós temos o cuidado de deixar as cabras e os bodes separados, porque quando eles são criados
“Nós temos o cuidado de deixar as cabras e os bodes separados, porque quando eles são criados longe um do outro, o leite não tem cheiro forte”
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Marli Alves – Produtora de queijos em Itaguara
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longe um do outro, o leite não tem cheiro forte. E ainda colocamos as cabras na direção contrária ao vento. Infelizmente, a maioria dos produtores não faz isso, o que deixa o queijo com um aroma ruim, prejudicando a fama do produto”, lamenta. Apesar disso, a produtora tem sua fabricação como um bom negócio e pretende continuar investindo na qualidade do queijo. Marli Alves garante que os benefícios são muitos para quem consome o produto. “O queijo de cabra é de fácil digestibilidade, tem grande parte de suas moléculas de gordura em tamanho reduzido, o que facilita a quebra e contribui para a absorção dos nutrientes”. Além disso, ela explica que problemas digestivos, úlcera e gastrite, podem ser amenizados com o consumo de leite de cabra, pois devido a sua composição, diminui a acidez e contribui para a cicatrização das paredes do estômago.
| Carlos Alves e Marli Alves separam as cabras dos bodes para evitar o odor no leite
Barbacena Quem também investe em queijo de leite de cabra é Luiz Carlos de Oliveira, da Capril Santa Fé, em Barbacena, que retira 150 litros de leite por dia. “Tenho 30 cabras, entre jovens e adultas. Para complementar a minha produção de queijo, conto com cinco produtores que me fornecem o leite”, revela. Com a ajuda dos outros rebanhos, ele consegue produzir cerca de 30 quilos de queijo por dia. O preço do seu queijo varia entre R$ 25 e R$ 40, e ele comercializa em supermercados e mercados de Belo Horizonte. Uma curiosidade é que a França é um país de grande tradição na produção desses queijos de leite de cabra. No entanto, pode haver na produção mistura de leite de vaca e de ovelha. A palavra chèvre, cabra em francês, estampada nas embalagens de produtos comercializados, mostra que o queijo é feito somente com leite do animal. Se for feito com 50% de leite de cabra e 50% de outro tipo de leite é chamado de mi-chèvre. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Atualidades Nem tão tradicionais assim Outro queijo que vem ganhando mercado é o produzido com leite de vaca da raça gir. Apesar de estar entre os tradicionais produtos feitos com leite de vaca, o queijo de gir tem conquistado o consumidor por suas qualidades nutricionais. “O leite do gir é nobre na Índia, onde é usado como remédio contra várias doenças. No Brasil, é considerado não alérgico para quem tem problemas com lactose, por possuir a proteína beta caseína A2”, explicou Túlio Madureira da Silva, produtor na região do Serro, em Minas Gerais. A marca de produto artesanal Queijo do Gir está no mercado há 10 anos. A fazenda possui 45 ha divididos em 60 piquetes rotacionados. “Temos 22 vacas em lactação o que garante uma produção de 30 peças de queijo/dia, com cerca de 210 litros de leite/ dia”. A marca é comercializada no Mercado Central, em Belo Horizonte; no Rio de Janeiro M. Cordeiro
| O queijo de leite de vaca gir tem a beta caseína A2
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e em breve estará em São Paulo. A venda também é feita pela internet. O preço do Queijo do Gir está condicionado ao tempo de maturação, que é mínima de 45 dias, variando de R$ 50 a R$ 150. “Tudo é feito de maneira muito artesanal e extremamente cuidadosa, pois não vendemos somente queijo, mas a cultura e a nossa história”, diz o produtor.
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Sustentabilidade HORA DE REPENSAR O MÉTODO PRODUTIVO Custo alto e práticas sustentáveis exigem alternativas para insumos Maria Helena Dias Diminuir os custos de produção passou a ser um dos maiores desafios do produtor rural, que tem amargado, dia a dia, a redução de sua rentabilidade nas atividades agrícolas. Com a desvalorização cambial do real, principalmente em relação ao dólar, o homem do campo vem sofrendo, entre outros, com o reajuste nos preços dos insumos. São frequentes os incrementos nos valores dos fertilizantes, inseticidas, fungicidas e sementes, além dos aumentos dos combustíveis e energia elétrica, que afetam a economia como um todo e que impactam fortemente nos custos de toda a cadeia produtiva. Para ofertar produtos com preços mais competitivos ao mercado, muitos produtores estão economizando na compra de fertilizantes e corretivos. Isso se comprova por meio dos últimos indicadores do Produto Interno Bruto (PIB), que, em relação a 2014, registraram retração acumulada em volume de 7,28% ao ano e elevação de 11,7% nos preços, uma vez que o segmento utiliza matérias-primas importadas. A queda nas vendas de fertilizantes e demais insumos é uma constatação ruim, conforme avaliou a coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Aline 54
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Sérgio Amzalak
| Uma saída sustentável é substituir os produtos químicos pelo uso de extratos de plantas e óleos essenciais para o controle de pragas e doenças
Veloso: “Essa retração sinaliza a redução de investimentos dos produtores mineiros em tratos culturais para a próxima safra, o que poderá, inclusive, impactar negativamente o volume de produção no estado em alguns meses”. Buscando driblar os impactos dos altos custos, manter a margem de lucro da atividade e garantir uma safra de qualidade, o produtor rural tem sido obrigado a repensar o seu modo de produção. Para isso, tem incluído manejos alternativos que promovam não somente o
Cafeicultura equilíbrio financeiro, mas também atendam ao mercado que demanda produtos livres de contaminações e produzidos de forma menos agressiva ao ambiente, garantindo culturas com mais valor agregado e promovendo a sustentabilidade. Para diminuir o uso de adubos e defensivos químicos, em algumas culturas, como a de hortaliças, o produtor tem buscado a adubação verde, consorciação e rotação de culturas, plantio direto, uso de cobertura morta para o manejo de plantas espontâneas, uso de dejetos de animais e compostos orgânicos na adubação e uso de caldas, extratos de plantas e óleos essenciais para o controle de pragas e doenças.
Como em outras atividades, a cafeicultura também vem tendo majorado os seus custos de produção. Frente ao atual quadro econômico, o pesquisador da Epamig Sudeste, Marcelo de Freitas Ribeiro, alerta para as medidas que o cafeicultor deve tomar, lembrando que valem também para outras culturas. “São, pr imeiramente, mais importantes os ajustes tecnológicos decorrentes da nova paridade do preço dos insumos. É preciso rever paradigmas consagrados. Tecnologias que tinham uma relação benefício custo favorável passaram a representar perdas”, afirmou.
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Sustentabilidade De acordo com ele, há algumas informações tecnológicas de incentivo a práticas alternativas, tais como a adubação orgânica substituindo em parte, ou no todo, os adubos químicos, e o monitoramento de pragas e doenças para que seja realizada uma aplicação mais direcionada no momento em que os danos econômicos se justificarem. Marcelo Ribeiro afirma que podem ainda ser indicadas tecnologias mais intensivas em trabalho, em vez daquelas que consomem produtos químicos, além das medidas de economia de energia e combustível, que passam a ser aconselhadas com maior ênfase. “Para favorecer o preço do produto, são recomendadas tecnologias utilizadas no processo de pós-colheita, visando melhorar a qualidade do café produzido, o que se reflete em maior renda, com impacto mínimo no custo de produção”. As atividades associativas também são medidas eficientes num momento econômico difícil, como o atual. “A compra em comum, em que os produtores se organizam para adquirir insumos em grupo, passa a ser uma alternativa que representa grande redução nos preços decorrentes do volume adquirido e da racionalidade de transporte.” Segundo Marcelo Ribeiro, as medidas associativas também podem ocorrer na comercialização do café, quando a massa crítica negociada representa ganhos de escala na venda conjunta da produção. São indicadas tecnologias mais intensivas em trabalho, em vez daquelas que consomem produtos químicos, além das medidas de economia de energia e combustível, que passam a ser aconselhadas com maior ênfase. 56
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“É preciso rever paradigmas consagrados. Tecnologias que tinham uma relação benefício custo favorável passaram a representar perdas” Marcelo Ribeiro - Pesquisador da Epamig
Reúso da água A escassez hídrica, que obriga o produtor a novos investimentos para salvar a safra, merece também atenção nesse momento de alta dos custos. Algumas iniciativas que já mostraram ser sucesso podem ser implementadas nas propriedades rurais. Para economizar, alguns produtores iniciaram o reaproveitamento da água por meio de um sistema de limpeza desenvolvido em parceria pela Epamig, Embrapa Café e Incaper, e que é de baixo custo, podendo ser construído pelo próprio cafeicultor. O sistema é constituído por caixas e peneiras e possibilita o reaproveitamento da água utilizada na lavagem dos grãos de café. De acordo com o pesquisador da Epamig Sammy Fernandes, após a remoção de parte dos resíduos, a água pode ser reutilizada em novos processos de lavagem e descascamento do café, e também na irrigação de lavouras. “Essa água residuária é rica em material orgânico, que inviabiliza o seu descarte simples. Por outro lado, pode ser reaproveitada na nutrição de variadas espécies agrícolas”, informou. O cafeicultor Eric Abreu, da Fazenda Parreiral, em Três Pontas, implantou o sistema de baixo custo para filtragem, decantação e bombeamento da água reutilizada no processo de descascamento. “Uso 60% de água reaproveitada e 40% de água limpa na produção do meu café, que é comercializado nos mercados interno e externo”, conta. Já o cafeicultor João Carlos Pieroni, que tem propriedade em São Sebastião do Paraíso, no sul de Minas, faz uma economia de 70% com a instalação das caixas de água. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Sustentabilidade Associativismo As ferramentas de gestão dos custos e novas alternativas de produção também devem ser adotadas pelo produtor de leite, caso não queira ver sua atividade minguar. Para conviver com essa situação de alta de preços de insumos, rações, entre outros, uma boa gestão da propriedade, que começa pelo registro das despesas e receitas, é fundamental. “É pequeno o número de produtores que fazem gerenciamento de custos. E sem esse adequado gerenciamento, dificilmente se consegue reduzir os custos”, afirmou o pesquisador da Epamig, Djalma Ferreira Pelegrini. Segundo ele, a partir do controle das entradas e saídas de recursos, o produtor
“A compra coletiva de rações e medicamentos, por exemplo, pode ser uma alternativa para a redução dos custos efetivos da propriedade” Djalma Pelegrini - Pesquisador da Epamig rural poderá identificar com mais facilidade os pontos onde deverá agir. “A partir daí, é possível promover melhorias em seu sistema de produção, com base na combinação de medidas técnicas e administrativas, que resultem em redução do custo de produção e aumento das receitas”.
Samantha Mapa Epamig
| O pesquisador Djalma Pelegrine orienta o produtor Luiz Batista para o controle de receita e despesa
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Sammy Fernandes Epamig
| Com a falta de água, tornou-se obrigação reduzir gastos por meio de sistemas como este: simples e baratos
Ele conta que, no Sítio Quilombo, em Monte Alegre de Minas, o produtor Luiz Silva Batista, aprendeu a fazer, diariamente, as anotações de ordenha, aplicação de medicamentos e manejo de 24 vacas de leite. Luiz Batista passou a registrar receitas e despesas para saber sua margem líquida, obtida com a venda da produção, podendo ter melhor controle e realizar com mais
segurança os investimentos necessários. Djalma Pelegrini disse ainda que é preciso que o produtor perceba a importância do gerenciamento dos custos e a necessidade do associativismo e do cooperativismo na atividade. “A compra coletiva de rações e medicamentos, por exemplo, pode ser uma alternativa para a redução dos custos efetivos da propriedade”, explica. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Produto da vez PRÓPOLIS VERDE AMPLIA MERCADO Minas é o principal produtor do país Lídia Salazar A própolis verde, nome que faz referência a cor esverdeada da substância, tem ganhado cada vez mais mercado, sendo um excelente investimento para os apicultores de vários municípios mineiros. A onda mundial de resgate aos produtos naturais e busca cada vez maior por uma alimentação e estilo de vida saudável têm favorecido os negócios. Produzida a partir da resina de uma planta nativa do cerrado brasileiro, a vassourinha-do-campo - arbusto também conhecido pelo nome de alecrim-do-campo e que, por anos, foi considerado um invasor de pastagens -, a própolis verde revolucionou o mercado. Alguns pesquisadores brasileiros e japoneses constataram que na substância
produzida a partir da resina da vassourinha há todos os compostos químicos da própolis tradicional e outros ainda desconhecidos e importantes para a prevenção de doenças. Além de fortalecer o organismo contra gripes, resfriados e bronquites, a substância pura também contribui para a prevenção do câncer, na cura da osteoporose e do diabetes tipo 2. Muitos estudos ainda estão sendo realizados no Brasil e no exterior, especialmente no Japão, que já utiliza a própolis verde pura para a cura de algumas doenças. No Brasil, já são encontrados em lojas produtos a base da substância.
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| As tiras de própolis podem ser retiradas, em média, de oito em oito dias
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| A própolis verde é produzida pela abelha-europeia, a mesma que produz o mel para comercialização
Liderança Perdendo apenas para a China, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de própolis. Das 700 a 800 toneladas consumidas anualmente no mundo, o país responde por 150 a 170 toneladas, atendendo, entre outros clientes, 80% da demanda do mercado japonês. Minas Gerais é o principal produtor. Em se tratando da própolis verde, o Brasil é responsável pela produção de 100 toneladas. Minas Gerais responde por 80% da produção nacional. Um dos municípios que mais produzem a substância é Bambuí, na região do Médio São Francisco. Somente a Cooperativa Nacional de Apicultores (Conap), com sede em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte,
tem catalogados 102 municípios na produção de própolis. Os produtos dos cooperados são comercializados dentro e fora do Brasil. Atualmente, cerca de 70% da produção é exportada para países da Ásia, como Japão, Coréia do Sul e Taiwan. Para o produtor rural que busca investir numa atividade, a própolis verde tem se apresentado como boa opção. De acordo com o presidente da Conap, Cristiano Carvalho, o custo de produção é baixo. Segundo ele, apenas no inverno é necessária a alimentação artificial das abelhas, visto que nessa época, o pólen e o néctar na natureza tornam-se escassos. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Produto da vez
Cristiano Carvalho explica que o retorno do investimento varia bastante porque depende do número de colmeias e do foco de produção. Para um iniciante, ele dá a seguinte orientação: “É aconselhável, primeiramente, matricular-se em um curso de apicultura, mapear a região para definir o tipo de produto a ser produzido e calcular o valor do investimento necessário. É importante dizer que, não somente a própolis verde, mas todos os produtos apícolas são aproveitáveis e de bem fácil comercialização”. O valor atual da própolis verde no mercado gira em torno de R$ 160 o quilo.
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A produção A própolis verde é fabricada pela apis mellifera, conhecida pelo nome popular de abelha-europeia, ou africanizada, a mesma usada pelos produtores na comercialização de mel. Mais de 60 mil abelhas podem formar uma colmeia. Durante o dia, elas trabalham sem parar na coleta de néctar e pólen para fabricar seus alimentos. Algumas operárias são destacadas para extrair resinas medicinais produzidas pelas plantas. Foi nessa etapa que própolis verde foi descoberta. As abelhas mergulham nos brotinhos novos da vassourinha para alcançar as glândulas internas da planta. O presidente da Conap explica que o apicultor deixa partes da colmeia (melgueiras) com frestas para que as abelhas as cubram com a própolis. “O preenchimento total de cada fresta ocorre em 62
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| Cristiano Carvalho diz que só no inverno é necessária a alimentação artificial das abelhas
oito dias, em média. Após o preenchimento de cada fresta pelas abelhas, o apicultor já pode retirar as tiras de própolis para comercializálas ou utilizá-las na produção de extratos. Oito dias depois, já pode fazer nova retirada das tiras. Hoje, o método de coleta mais utilizado é o de coletor de própolis inteligente (CPI), que aumenta a produção”. Para ter sucesso, a produção da própolis verde precisa contar com alguns
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80%
da produção nacional de própolis verde é de MG
| De acordo com a Conap, o valor da própolis verde no mercado gira em torno de R$ 160/Kg
fatores: altitude, clima e presença do alecrim do campo, principalmente. O clima ideal é o de montanhas, encontrado em várias regiões do estado. A temperatura deve ser amena e o local escolhido para o posicionamento dos apiários deve ser sombreado. Quem produz própolis não pode retirar o mel, pois ele vai servir de alimento para as abelhas.
Apoio A Conap, que hoje tem 250 cooperados dentro e fora do estado, apoia o trabalho desde o contato inicial do apicultor com as abelhas até o processamento e comercialização de seus produtos, promovendo cursos de capacitação, contato com o mercado externo, exposição em feiras
nacionais e internacionais. “Essas ações agregam diversos produtores apícolas que depositam sua esperança no cooperativismo, acreditando ser ele um instrumento capaz de lhes dar garantia de vida digna”, reforça Cristiano Carvalho. Para fazer parte da Conap e adquirir os benefícios de cooperado, o produtor deve requerer sua filiação preenchendo um formulário de adesão com as informações básicas de sua atividade apícola, enviar os documentos solicitados e quitar a taxa de adesão de R$ 500. “Deferido o pedido de filiação, o novo associado estará apto a operar com uma das mais importantes cooperativas de apicultura do Brasil”, incentiva o presidente da entidade, afirmando que a Conap dá segurança ao apicultor com garantia das vendas de seus produtos, já que ela absorve toda a produção dos cooperados. Outras informações sobre a Conap: http://conap. coop.br. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Turismo CARNAVAL É CANCELADO EM ALGUNS MUNICÍPIOS Mas o folião que procurar vai encontrar festa
Na capital O tradicional carnaval de rua perderá alguns municípios de Minas Gerais este ano. Por causa da crise econômica que se espalhou pelo país, a previsão é que falte dinheiro para a organização das festas. Em Lagoa Formosa, no Alto Paranaíba, a cerca de 370 km de Belo Horizonte, o prefeito José Wilson Amorim atribuiu o cancelamento do carnaval à queda na arrecadação municipal e diminuição no repasse.
Diante dos cancelamentos das festas no interior e do dinheiro curto para viagens maiores, ficar em Belo Horizonte pode ser uma ótima opção, já que a folia promete ser uma das maiores que a cidade já promoveu. A programação inclui blocos de ruas, desfiles das escolas de samba, concursos e bailes, que, a cada ano, estão atraindo mais jovens, crianças, adultos, idosos e pessoas de todas as idades, tanto da capital como do interior.
Também por causa da instabilidade econômica, o município de Lavras, a 250 km de Belo Horizonte, cancelou a festa dos foliões. A prefeitura não realizará o carnaval oficial, bem como não será feito o repasse dos subsídios aos blocos. Mais perto de BH, a 186 km, está o município de Prados, que também não terá o tradicional carnaval. No entanto, a prefeitura garantiu o repasse da subvenção para os blocos UCA e Gato Preto, além da infraestrutura para que eles possam desfilar.
Nem tudo está perdido
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O samba enredo vai tocar, os blocos vão cantar, pular e dançar, e os confetes e serpentinas serão lançados para colorir o céu e o chão. Apesar do cenário, vai ter muita festa entre os dias 5 e 9 de fevereiro nas cidades de Minas Gerais. A tradição carnavalesca está atraindo foliões de todo Brasil, com diversos municípios já no clima do feriado mais animado do ano.
Divulgação Prefeitura Ouro Preto
Daniele Campos
Ouro Preto - A cidade histórica de Ouro Preto, além das suas belezas naturais e históricas, é também reconhecida por seu carnaval de rua, com desfiles de agremiações carnavalescas e blocos caricatos. Estarão presentes na festa blocos como o ‘Bandalheira folclórica’, ‘Do mato’, ‘Zé Pereira do Clube dos Lacaios’, ‘Balanço da cobra’, entre outros.
Tiradentes - O que não falta em Tiradentes são os blocos de carnaval: ‘Amor e cana’, ‘Bloco das domésticas’, ‘Insanidade’, ‘Malas’, ‘Vira copos’, ‘Ver-te cana’, ‘Palhaçada’, ‘Unidos da ponte’ e muitos outros. A cidade histórica é uma das opções mais tradicionais do carnaval de rua em Minas.
Assessoria Prefeitura de Pompéu
Daniele Campos
Pompéu - A cidade de Pompeu, na região central de Minas, com cerca de 30 mil habitantes, promete um carnaval alegre durante os 4 dias de folia. O bloco ‘Reduto’, o grupo ‘Jeito Moleque’, Gusttavo Lima, Mc Delano e outras bandas vão animar os carnavalescos em Pompéu.
Diamantina - Os tradicionais blocos caricatos garantirão alegria e muito colorido para as ruas de Diamantina: ‘Sapo seco’, ‘Chica da Silva’, ‘Me ampara se não eu caio’, ‘Chega chegando’, entre outros. Bandas confirmadas: ‘Bartucada’, ‘Bat caverna’, ‘Molejo’ e ‘Tianastácia’. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Gastronomia Flávia Fabíola flaram@hotmail.com
BISCOITO DE QUEIJO Ingredientes
Modo de preparo
500 gramas de polvilho doce 4 ovos 200 gramas de queijo canastra 1 xícara de óleo 1 xícara de leite 1 xícara de água Sal a gosto
Em uma vasilha, coloque o polvilho, o leite fervido, água e óleo. Escalde o polvilho. Misture até esfriar. Coloque os ovos, sal e o queijo. A massa deve ficar grudando um pouco na mão. Unte as mãos com óleo e enrole os biscoitos. Asse em forno préaquecido a 200º por 30 minutos. Dica da chef - Coloque um pouco de ricota defumada. Dará um sabor bem especial!
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Campo motor COMO ESCOLHER O TRATOR IDEAL? Nos últimos anos, com as constantes evoluções tecnológicas das máquinas agrícolas, o produtor rural brasileiro tem ao seu alcance uma grande variedade de equipamentos. Por isso, alguns cuidados devem ser tomados no momento da escolha da nova frota de tratores. De acordo com profissionais da Massey Ferguson, marca líder no mercado nacional de tratores há 54 anos, fatores como o tamanho
da propriedade rural, tipo de cultura que será produzida e até os implementos utilizados no local são fundamentais para definir o produto mais adequado e que supra todas as necessidades no campo. A potência do motor também é fator que deve ser ajustado de acordo com o uso e a topografia da propriedade rural. Em pequenos terrenos, de 30 hectares, por exemplo, onde se produz fumo, hortifrutigranjeiros,
Divulgação Massey Ferguson
| Para utilização acima de 500 hectares, onde é possível produzir cana de açúcar e algodão, os tratores recomendados são os modelos superiores a 130 cv
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suinocultura, avicultura e pecuária leiteira, tratores de 50 a 75 cv atendem à necessidade. Enquanto para médias propriedades, de 100 a 500 hectares, é necessário utilizar máquinas de até 130 cv para culturas de soja, arroz, milho, trigo e pecuária de corte. Para utilização acima de 500 hectares, onde também é possível produzir cana de açúcar e algodão, os tratores recomendados são os modelos superiores a 130 cv, que compõem as linhas MF 7100 e MF 7000, da Massey Ferguson. “Além da escolha do trator ser primordial para as aplicações, é muito
importante ressaltar que o trabalho seja realizado com o implemento correto. Se isso não ocorrer, qualquer atividade poderá ficar comprometida e a produtividade da lavoura será afetada. A escolha errada também pode afetar a vida útil do trator, aumentar a necessidade de manutenção, a fadiga do operador e ainda ampliar o consumo de combustível”, explica Éder Pinheiro, coordenador de marketing do produto tratores da Massey Ferguson. A assistência técnica da marca, custo da manutenção, disponibilidade de peças de reposição, consumo de combustível e o valor de revenda também são aspectos que devem ser observados na hora da compra de um trator. Outro ponto que deve ser levado em consideração é o design do produto. E não é somente pelo visual, mas pela ergonomia e conforto operacional, o que influencia diretamente o desempenho do operador. Um exemplo é o modelo de trator MF 4275, o mais vendido do Brasil, que recentemente apresentou novo design com nova grade frontal e faróis em linha, na parte superior frontal do capô, que proporcionam maior profundidade e amplitude lateral, o que acarreta em melhoria na eficiência do sistema, tornando a operação mais confortável e segura durante os períodos noturnos. Além do redesenho, incluem itens antes opcionais. Sua cabine permite que o operador trabalhe longas jornadas protegido das intempéries e defensivos agrícolas, tornando o trabalho mais prazeroso e seguro.
O tamanho da propriedade, tipo de cultura e os implementos utilizados são fundamentais na definição do trator mais adequado Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Evento Investimento em pesquisa agropecuária A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) recebeu, até janeiro, as propostas ao 9º edital de 2015, destinado a incentivar estudos e incrementar a qualidade das pesquisas desenvolvidas na área de agropecuária. O edital “Apoio ao desenvolvimento dos projetos da Epamig, selecionará propostas que contribuam para revitalizar a infraestrutura de apoio à pesquisa e à transferência de tecnologias da empresa pública mineira. Em Minas Gerais, o agronegócio representa 30% do Produto Interno Bruto (PIB), impulsionando a economia, sendo uma das principais fontes de renda no estado. O edital foi resultado de uma audiência pública que aconteceu na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em agosto de 2015. “Os benefícios das pesquisas são inúmeros para a agricultura, e isso se dá por meio do empenho dessas instituições. A Fapemig apoia projetos de natureza científica, tecnológica e de inovação de instituições ou de pesquisadores individuais, que sejam considerados relevantes para o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social do estado. Vamos incentivar e fazer o que for possível para o desenvolvimento da agricultura e pecuária em Minas”, destacou o deputado João Alberto. Está previsto o investimento de R$ 4 milhões nas propostas selecionadas. No entanto, se o número de projetos qualificados 70
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Guilherme Dardanhan
| Para o secretário João Cruz (Seapa), o edital é a materialização de uma parceria que poderá render muitos frutos
“O edital é fundamental para incentivar pesquisas de alta qualidade e vem atender a uma demanda reprimida” João Cruz Reis Filho – Secretário de Agricultura de Minas Gerais
Pollyanna Maliniak
variedades de soja, 25 variedades de feijão, entre outros. Para ele, o trabalho está apenas começando e a meta é apresentar boas propostas para utilizar todo o recurso previsto. Já o secretário de Agricultura, João Cruz Reis Filho, enfatizou que o lançamento do edital é a materialização de uma parceria que ainda pode render muitos frutos. “O edital é fundamental para incentivar pesquisas de alta qualidade e vem atender a uma demanda reprimida. O diálogo com a ALMG, através do deputado João Alberto, teve início com a audiência pública. Este anúncio dá força e endossa o trabalho desenvolvido pelas instituições”, destacou.
Guilherme Dardanhan
| “O nosso estado possui potencial nas áreas da ciência e tecnologia, sendo preciso fomentar grandes projetos para avançarmos”, disse o deputado João Alberto
- com mérito e relevância para o estado - for grande, é possível que esse valor receba um acréscimo. Participaram do evento o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Cruz Reis Filho; o presidente da Epamig, Rui Verneque; o chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes), Marcelo Velloso; o presidente de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) da Fapemig, Evaldo Vilela, e o diretor de CT&I da Fapemig, Paulo Beirão. O presidente da Epamig, Rui Verneque, destacou o potencial da instituição e lembrou alguns resultados já obtidos, como o lançamento de 15 variedades de café, 21
| Rui Verneque: “O trabalho está apenas começando e a meta é apresentar boas propostas para utilizar todo o recurso previsto”. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Galeria LEILÃO EGB EM CORDISBURGO Enir Barbosa abriu a Fazenda José Henrique Pedra Preta, em Cordisburgo, para o ‘5º Leilão de Girolando e Gir Leiteiro EGB e Convidados’ e inauguração das novas instalações, uma superestrutura que não deixou de contemplar os banheiros para portadores de necessidades especiais. A recepção dos 250 convidados foi impecável. O evento contou com a participação de 12 vendedores convidados e 20 compradores de Minas Gerais, que demonstraram a força e a união dos criadores do estado. Com trabalhos de Júlio Martins (Terra Leilões), o leilão teve assessoria técnica de Lilico Rabelo (Gir 33) e o comando do leiloeiro Cláudio Gasperini. Foram vendidos sete animais girolando, com média de R$ 6.600,00, e 20 animais gir leiteiro, com média de R$ 8.910,00. Vale ressaltar que houve liquidez de 100%. | As novas instalações da Fazenda Pedra Preta José Henrique
| O pecuarista Enir Barbosa com a família no dia do leilão
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Sérgio Amzalak
José Henrique
| Joselio Ribeiro, Ermelindo Rocha e Enir Barbosa
| Byron, Orlando, Marco Paulo, Luciano e João Vicente
Sérgio Amzalak
Sérgio Amzalak
| Lilico Rabelo, Enir Barbosa, Paulo César, João Guilherme e Luis Eduardo
| André Andrade, Cláudio Gasperini, Marcos Paulo Quirino Costa, Enir Barbosa e Luiz Gonzaga
José Henrique
José Henrique
| Alberico, José Afonso Bicalho, Luis Afonso e Ronaldo Santiago
| Um dos exemplares da raça gir leiteiro em leilão
José Henrique
José Henrique
| José Rodrigues, Gil Gomes, Daniel, Marco Antonio e Newton Ronaldo
| André Moura, Luciano Ferraz, Mario Paulo Diniz e Moisés Campos Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Galeria ENCONTRO DE FLORICULTORES EM IGARAPÉ Governo, produtores e empresas avaliam o setor O 1º Dia de Campo Cultivo de Flores e Folhagens Minas Flor, realizado no Sítio Mangueiras, em Igarapé (MG), de propriedade da Minas Flor Distribuidora, contou com as presenças de 120 pessoas da RMBH, Vertentes, Oeste, Caparaó e Sul de Minas, além de Bragança Paulista e Holambra (SP), que se atualizaram sobre o mercado de floricultura. Foi a primeira vez que governo, empresas e profissionais do setor se reuniram para falar sobre a força do segmento e as medidas necessárias para ampliar a participação da floricultura mineira no cenário nacional. A iniciativa foi da Minas Flor Distribuidora. Fotos: Sérgio Amzalak
| Erivelton Resende, Georgeton Silveira, Flávio Vieira, Carlos Alberto, Mariana Moreira, Márcio Araújo, Mário Raimundo e Wagner Araújo
| Superintendente de Desenvolvimento Agropecuário (Seapa), Lucas Carneiro: “O evento marca uma nova etapa da floricultura mineira”
| Márcio Araújo (Minas Flor), Roberto Berganton (Ball), Wagner Araújo (Minas Flor) e Paulo Rosa (Ball)
| Os palestrantes da Minas Flor: Márcio Araújo, Leandro Lyra, Ernesto Rodrigues e Assis Francisco Ferreira
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LANÇAMENTO DE COMITIVA EM BH ‘De salto ou de bota’ é formada por 17 mulheres Com o apoio da revista Força do Campo, a comitiva ‘De salto ou de bota’, formada por 17 mulheres, foi lançada em Belo Horizonte, em grande estilo, pela colunista Sarah Pardini. O evento, que reuniu cerca de 100 convidados, aconteceu na Cervejaria Don Joaquim, no bairro Coração Eucarístico. A comitiva ‘De salto ou de bota’, que estampa no uniforme a marca Força do Campo, tem, entre outros objetivos, estar presente nos grandes eventos do setor agropecuário e criar encontros beneficentes para apoio a instituições.
| A festa contou com shows de Alê Marques, Thiago de Paulo e Thiago Lins
| ‘De salto ou de bota’ reúne 17 mulheres, todas devidamente uniformizadas e caracterizadas
| Juliana Barbosa, Basílios Romanez, Mariana Melo, Leandro Saborido e Michel Marques
| A colunista Sarah Pardini com os pais Pedro Marques de Oliveira e Ângela Pardini
| Adriano Frois, Marcílio Santos, Humberto Simões, Roque Neto e Alex Silva.
Fotos: Carolina Hespanha
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Galeria Os 67 anos da Emater-MG
Participaram representantes de Minas e do Brasil Fotos: Alexandre Soares O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Amarildo Kalil, comemorou os 67 anos da empresa reunindo cerca de 300 pessoas, entre elas representantes de diversas instituições ligadas à agropecuária de Minas e do Brasil. Primeira empresa pública do setor a ser criada no país, a Emater está presente em 790 municípios e realiza, | Durante a solenidade, a Emater-MG concedeu a Medalha por ano, o atendimento a 400 mil do Mérito Rural ao Ministério do Desenvolvimento Agrário agricultores. (MDA) pelos 20 anos do Pronaf
| Amarildo Kalil, destacou as ações da empresa para o fortalecimento do meio rural
| Funcionários-destaque receberam prêmios das mãos do diretor técnico, João d’Angelis
| “A Emater-MG transformou o setor da agricultura em Minas e em todo o país”, disse João Cruz Reis Filho (Seapa)
| Funcionários da Emater-MG, instituições e produtores foram homenageados durante o evento
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Posse na ABCCCampolina Em solenidade realizada na sede da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Campolina (ABCCCampolina), no Parque de Exposições da Gameleira, em Belo Horizonte, tomou posse a nova diretoria da entidade para o triênio 2016/2018. A chapa vencedora nas eleições foi Avante Campolina, que tem Jorge Salum como presidente e Nelson Grassi Melo Franco como vice-presidente.
Fotos: Eduardo Henrique Rodrigues
| O novo presidente da ABCCCampolina, Jorge Salum, assumiu o compromisso até 2018
| A nova diretoria para o triênio 2016-2018
| Antes da solenidade de posse, a nova diretoria reuniu os integrantes da Avante Campolina
| Os funcionários da ABCCCcampolina prestigiaram a posse
| Nelson Grassi Melo Franco tomou posse como vice-presidente da ABCCCampolina
| Emir Cadar, ex-presidente e membro do conselho, falou no lugar do presidente da gestão 2015, Luiz Roberto Pinto, que não estava presente Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Bem viver Gabriela Araújo Caixeta gabriela@inspirarfazbem.com.br
365 DIAS PARA MUDAR A cada ano nos são dados mais 365 dias para decidirmos o que vamos mudar, repetir, abandonar ou aprimorar. E confesso que, às vezes, fico impressionada como algumas pessoas optam por viver os próximos 365 dias novos da mesma forma que vivenciaram o ano anterior. É como se grande parte da humanidade estivesse sedada, ou embriagada em um sono profundo de repetição. Uma repetição de comportamentos, medos, desculpas, tarefas, ilusões, obrigações e emoções. Repetimos rotinas e ideias com tanta facilidade que nem parece que dentro de nós há um imenso desejo por uma vida pixabay.com
A mesma pessoa a cada ano. O mesmo ano para a mesma pessoa. 80
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diferente. Há inclusive muitas pessoas que acreditam que são livres repetindo vícios anos após anos. É incrível. Verdade seja dita. Os vícios atuais são, em sua maioria, atraentes, prazerosos, camuflados, e lentamente letais: o estresse, a solidão e o isolamento, o trabalho, as compulsões orais, sexuais, químicas, emocionais e verbais não parecem vícios mas roubam lentamente a saúde em nossas vidas. Muitas pessoas acham normal como vivem: comem mal, trabalham mal, transam mal, relacionam-se mal, portamse mal, aplicam mal a ética e amam pior ainda. E optam por manterem a saúde integral da
Mas a verdade é que, em sua vida, os 365 dias são seus. Essencialmente seus. Você tem um ano todo para mudar ou para se manter como o mesmo figurante em sua história. mesma maneira que fizeram no ano anterior: abandonada, estagnada, ou absolutamente, disfarçadamente, igual. Se compararmos a vida com a terra, tem gente que irá tratar a terra da mesma forma que fez no ano passado: irá plantar as mesmas sementes, desmatará da mesma forma, gastará a água e o solo do mesmo jeito e, é claro, queixar-se-á de que nada muda. E atribuirá a culpa à economia, ao patrão, ao vizinho, à politica, à família, ao passado, à idade, ou até a Deus (que com certeza desejou do fundo de seu amoroso e misterioso silêncio que as coisas continuassem assim, sempre)... Eu quero um ano realmente novo. Por isso, estou a me analisar. A reforma será árdua. Há muito o que melhorar. Mas se em 2016 eu tiver os mesmos comportamentos, rotina e pensar, e, portanto, obter uma colheita exatamente igual à de 2015, será apenas a mim mesma a quem poderei responsabilizar. Para ajudar, comecei janeiro buscando em campo novas respostas educacionais, alternativas e integrais para a vida. Teorias há muitas. Mas os exemplos práticos iluminam. Sou apaixonada por possibilidades reais. Comecei o ano conhecendo pessoas que se uniram voluntariamente para colocar em prática uma forma de viver mais consciente, integral, verdadeira e prática. Todos produzem, trabalham, comem, educam e vivem juntos de maneira justa e igualitária. Todos se sacrificam e se esforçam para uma vida comunitária consciente. E cultivam tamanho respeito para com os mistérios do universo, que sou obrigada a respeitar com toda discrição os seus mistérios também. Lá,
as pessoas têm a mesma atenção e carinho com a terra e a comida que têm com a mente e a convivência. Sim, a horta e a comida são orgânicas e a convivência é diaa-dia aprimorada com imensa luta interior. Há muitas dificuldades e diversos desafios também, mas há a noção de saúde integral sendo aplicada. Há pessoas mundo afora com a coragem e a ação concreta para mudar. Eu quero esta visão de saúde integral em BH e em Minas Gerais. Saúde integral significa alimento saudável, planeta saudável, corpo saudável, afeto saudável, finanças saudáveis, relações saudáveis, mente em aprendizado saudável, ambiente saudável, espiritualidade saudável e ética real. Quem sabe esta repetição não pega? Olhe para suas mãos. Olhe para sua face. Olhe para sua família. Olhe para sua alma. Quem lidera sua vida? A inércia, o medo, as desculpas, a repetição inconsciente ou a alma em ação dinâmica, consciente, aberta, inteligente e persistente? Qual a saúde integral que você quer em 2016? A mesma de 2015? Então, qual ação é necessária para você começar a mudar? Existe um abismo gigante entre querer algo e concretizar. Comecei o ano observando pessoas a concretizar. E ainda acredito que a grande diferença entre sonhar e realizar se encontra exatamente entre este texto e a sombra do seu corpo. A grande diferença entre uma vida imaginária, repetida e uma saúde mais integral em 2016 chama-se você. Janeiro/Fevereiro 2016 FORÇA DO CAMPO
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Causos do campo Se cabra falasse... Um ventríloquo foi passear na roça. E lá foi andar na carroça de um matuto, numa tarde gostosa, cheia de silêncio. De repente, como o silêncio era tanto que estava até dando paz demais, o ventríloquo resolveu tirar um sarro com o capiau: - Escuta, companheiro, você sabia que o seu cavalo fala? O matuto não acreditou. Mas foi só o tempo de não acreditar e levar o maior susto. O cavalo danou a conversar com ele, e o matuto ficou maravilhado. Aí passou um boi, e o boi falou. E passou uma vaca, e a vaca falou. E logo em seguida, o que é que vinha vindo lá? Uma cabrinha muito sestrosa, balançando as ancas, que parou bem ao lado da carroça. Parou e ficou olhando. E já ia “dizer” alguma coisa, quando o matuto se virou e disse: - Não acredita nela não. Ela é mentirooooooosa!
Doente nada Era uma vez uma enfermeira muito boa, mas muito boa mesmo. Aí o médico falou pra ela: - Você está proibida de atender aquele mineirinho do quarto 12. - Por que, doutor? - Porque toda vez que você entra lá, arrebenta os pontos do rapaz. - Ah, doutor, perdão - disse a enfermeira. Eu não sabia que ele tinha sido operado de fimose. 82
FORÇA DO CAMPO Setembro/Outubro 2015
Burunga
Macho ou fêmea? Mineirinho entra numa loja de ferragens e pede uma tomada. E o vendedor pergunta: - O senhor quer tomada macho ou tomada fêmea? E o mineiro: - Ô, moço, acho que tanto faz. Nós qué uma tomada é pra acender a luz e não pra fazer criação.
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