Força do Campo 5ª Edição

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Editorial A revista Força do Campo é uma publicação bimestral da MídiaMix Comunicação. www.revistaforcadocampo.com.br

facebook.com/revistaforcadocampo @forcadocampo @forcadocampo Diretor José Henrique Chaves Editora / Jornalista Responsável Maria Helena Dias (MTb 4115) Redação - (31) 3504-1139 redacao@revistaforcadocampo.com.br

Projeto Gráfico, Diagramação e Web Juliana Neumann Marketing atendimento@revistaforcadocampo.com.br

Comercial (31) 3396-9145 comercial@revistaforcadocampo.com.br

Projeto Editorial e Conteúdo MHD Comunicação Tiragem: 10.000 exemplares Circulação Minas Gerais, Distrito Federal e principais capitais do país Impressão: Rona Editora

A revista Força do Campo não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios e artigos assinados.

Publicação:

www.midiamixcomunicacao.com.br atendimento@midiamixcomunicacao.com.br 31 3396-9145 Rua Sete, 72 - São Sebastião Contagem/MG - Cep: 32150-060

Amigo leitor, Cada vez mais temos a certeza de que estamos no caminho certo. Enquanto outros setores reclamam de estagnação e até queda, o agronegócio caminha a passos largos. E os números confirmam. O setor contribuiu com 33% da pauta mineira de exportações, no acumulado de janeiro a maio deste ano, totalizando US$ 3,02 bilhões e crescimento de 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O índice é considerado recorde, já que o percentual máximo atingido pelo agronegócio nas exportações totais do estado foi de 29%, alcançado em 2009. O grupo “café e derivados” manteve a posição de liderança do ranking de MG entre os principais produtos vendidos para o exterior. As exportações deste segmento, principalmente de café verde, atingiram R$ 1,6 bilhão, o que corresponde a 53,6% da receita do agronegócio estadual. Caminhando lado a lado ao crescimento do setor está a MídiaMix Comunicação com a sua Força do Campo, que agora está no mercado em quatro mídias: revista, rádio, jornal e internet. A parceria mais recente foi com o jornal Hoje em Dia - um veículo moderno e que se destaca pela qualidade e credibilidade das informações - e que veio para selar o sucesso de nossa grande marca. Além da revista bimestral, com 10 mil exemplares distribuídos gratuitamente, Força do Campo conta agora com um caderno de agronegócio semanal no Hoje em Dia. Todas as quartas-feiras você recebe oito páginas no jornal com notícias exclusivas, destacando os principais eventos, bem como entrevistas, artigos e fatos que fazem girar um dos setores que mais crescem em Minas Gerais e no país. Vale a pena ressaltar também o sucesso da parceria com a Rádio Inconfidência. Força do Campo está, de segunda a sexta-feira, no programa ‘Trem Caipira’, que vai ao ‘ar’, de 4h às 7h. São flashes ‘ao vivo’, diretamente da CeasaMinas Contagem, o maior entreposto do estado, com informações sobre preços de mercadorias, produtos, novidades, utilidade pública, variação das mercadorias na Bolsa de Valores e muito mais. O crescimento da marca na internet é outro fator que muito nos motiva a fazer cada dia melhor. Você pode acompanhar Força do Campo por meio do nosso site (www.revistaforcadocampo. com.br) e das redes sociais: facebook.com/revistaforcadocampo); Twitter (@forcadocampo) e Instagram (@forcadocampo). Você verá por esta quinta edição da revista que sempre temos muito mais a oferecer. Informe-se e divirta-se com Força do Campo. Um abraço,

José Henrique Chaves


Colaboradores Nacional Arnaldo de Sousa é jornalista e palestrante de agronegócios, analista dos mercados de bolsas agrícolas e assessor de imprensa de empresas do agronegócio (CEO da InfoAgroBrasil).

De salto ou de bota Sarah Pardini é empresária, palestrante e consultora em autoestima e motivação.

Gastronomia Flávia Fabíola é chef de cozinha e atua nas áreas de personal chef e confeitaria.

Cooperativismo Geraldo Magela da Silva é administrador, mestre em Estratégia, Inovação e Competitividade, consultor e professor de MBA de Gestão de Cooperativas e Gestão de Negócios.

Bem viver Gabriela Araújo Caixeta é psicóloga clínica, mestre pela Faculdade de Medicina da UFMG (Programa Saúde da Mulher); Pós-graduada em Arteterapia; pós-graduada em Psicomotricidade (Zaragoza, España); fundadora do Instituto Inspirar - Soluções Originais para Saúde, Educação e Arte. Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Sumário 10 12 14 16

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Cartas Programe-se Curtas Nacional

Arnaldo de Sousa

Entrevista

João Cruz Reis Filho, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais

De salto ou de bota

Sarah Pardini

Painel do setor

Avaliação do Plano Agrícola e Pecuário

Importação exportação

Os avanços do agronegócio em MG

Saúde animal

Os resultados do tratamento homeopático

34

Capa

42

Tecnologia

Mercado de carnes nobres em expansão

Pecuaristas investem em Leite A2


48

Cooperativismo

50

Atualidades

54

Produto da vez

58

Capacitação

62

Turismo

64

Gastronomia

66

Campo motor

68

Galeria

Geraldo Magela da Silva

É tempo de diversificar

Produção de azeite nacional

Doma racional para equídeos

Delícias de São Tiago

Flávia Fabíola

Ford comemora Série-F

76

Expo Barbacena 2015

68

Exposição Estadual Agropecuária

77

Expo Pará de Minas 2015

70

Convenção Nacional do Campolina

78

Quarto de milha no Mix Garden

71

Leilão de girolando

72

Expo Curvelo 2015

74

Concurso em Divinópolis

80 82

Bem viver Gabriela Caixeta

Causos do campo Burunga


Cartas “Prezados, gostaria de agradecer, em nome do deputado Gustavo Corrêa e sua equipe, pelo envio da revista Força do Campo. Gostaria de dizer que nossas mídias sociais continuam abertas e disponíveis, caso vocês queiram divulgar algumas notícias e utilidades públicas da revista. Deixo novamente o agradecimento. Muito Obrigado. Abraço. Atenciosamente,” Gustavo Aureliano “Li hoje pela primeira vez a revista Força do Campo e venho parabenizar pelo conteúdo valioso que transmite, além de páginas com qualidade. Tenho a certeza que isso e muito mais só vai trazer sucesso ao que se propõe. Parabéns!” João Batista Teixeira (Grupo Super Nosso) “É com imensa alegria que nós, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda), parabenizamos o jornal Hoje em Dia pela iniciativa de criação do caderno Força do Campo, em parceria com a agência de comunicação MídiaMix. O acesso à informação técnica, de qualidade e de interesse público é fundamental para o fortalecimento da agricultura familiar, um dos pilares institucionais da nossa pasta. Saúdo, portanto, este novo canal de expressão da agropecuária mineira. Vida longa ao Força do Campo!” Glenio Martins (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário)

Mande você também suas considerações sobre Força do Campo: atendimento@revistaforcadocampo.com.br

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FORÇA DO CAMPO Junho/Julho 2015



Programe-se

dias

dias

dias

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junho

02 07

Exposição Estadual Agropecuária Parque da Gameleira – BH Informações: www.exposicaoagropecuariamg.com.br

05 07

14ª Festa da Mandioca Almenara – MG Informações: www.almenara.mg.gov.br

08 12

8º Sibanana e 1ª Frutinorte Montes Claros – MG Informações: www.sibanana.com.br ou 31 3261.7004

12 13

8ª Conveção do Cavalo Campolina Tiradentes – MG Informações: www.campolina.org.br ou 31 3372.7478

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e

dias

dias

julho

01 03

Expo Café 2015 Três Pontas – MG Informações: expocafe@cafeeditora.com.br

02 13

41ª ExpoMontes Montes Claros – MG Informações: 38 3222.6969

a

12

a

FORÇA DO CAMPO Junho/Julho 2015


dias

dias

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julho

03 12 a

40ª Expoagro Guaxupé Guaxupé – MG Informações: 35 3551.1602 ou sindicatoruralguaxupe@veloxmail.com.br

12 18

86ª Semana do Fazendeiro Universidade Federal de Viçosa (UFV) Informações: 31 3899.1701 ou semanadofazendeiro@ufv.br

15 25

34ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador Belo Horizonte – MG Informações: 31 3379.6127 ou abccmm@abccmm.org.br

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dias

06 10

48ª ExpoSete Sete Lagoas – MG Informações: www.setelagoas.com.br

26 30

42ª ExpoCláudio Cláudio – MG Informações: www.expoclaudio.com.br

dias

06 08

ExpoCarmo Carmo do Rio Claro – MG Informações: contato@expocarmo.com.br

dias

agosto a

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Curtas Minas Láctea 2015

Prêmio Qualidade do Café

Para os laticínios interessados em colocar à prova a qualidade de seus produtos, estão abertas as inscrições para o 41º Concurso Nacional de Produtos Lácteos, que será disputado durante o Minas Láctea 2015. As inscrições e regulamentos estão no site www. minaslactea.com.br. Serão eleitos os melhores produtos do país, entre queijos de diversos tipos, manteiga, doce de leite, requeijão e ainda o destaque especial: aquele produto lácteo que ainda não chegou ao mercado e que tenha pelo menos uma característica inovadora ou funcionalidade.

Estão abertas e vão até 23 de setembro as inscrições de produtores de todo o Brasil para o 25º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade do Café para Espresso, nas categorias Nacional e Regionais, mas com algumas novidades importantes. Por ser uma edição histórica de 25 anos, a torrefadora distribuirá mais de R$ 220 mil aos melhores colocados nas duas categorias, além do Prêmio Classificador do Ano. Endereço para envio da amostra e inscrição: Experimental Agrícola do Brasil Ltda - Rua Dr. Nicolau de Souza Queiroz, 518 Vila Mariana - CEP: 04105-001 - São Paulo/ SP - e-mail: compras@illy.com pixabay.com

Mais Minas Láctea 2015 O julgamento dos produtos será realizado nos dias 14 e 15 de julho, a partir de 14h, no Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT). A premiação será entregue em solenidade especial no dia 16 de julho, no Expominas Juiz de Fora, marcando o encerramento do Minas Láctea 2015, que engloba outros três eventos: Exposição de Máquinas, Equipamentos, Embalagens e Insumos para a Indústria Laticinista (Expomaq), Exposição de Produtos Lácteos (Expolac) e Congresso Nacional de Laticínios. O Minas Láctea, promovido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), será realizado de 14 a 16 de julho, em Juiz de Fora (MG). Contatos: (32) 3224-7956 ou comissaocientifica@epamig.br. 14

FORÇA DO CAMPO Junho/Julho 2015

Controle de doenças A Embrapa Cerrados lançou na Agrobrasília uma nova cultivar de soja, que possui resistência a três tipos de nematoides. A semente BRS 7380RR já está disponível para o produtor. Ela tem ciclo precoce, de 105 a 110 dias, e é resistente ao herbicida glifosato. O controle da nematoide de galha, de cisto e de lesões é um diferencial no mercado, segundo a Embrapa. A doença é responsável por prejudicar o desenvolvimento da planta, o que interfere na produtividade da soja.


Divulgação Emater-MG

Hortas nas escolas Estimular o hábito da alimentação saudável e a consciência ambiental das crianças. Esses são alguns dos resultados de dois projetos desenvolvidos em Belo Horizonte com orientação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Conjuntamente com a Secretaria Adjunta de Segurança Alimentar e Nutricional de BH, a empresa mantém os projetos Plantio em Espaços Alternativos e Hortas Escolares e Comunitárias, que atenderam, em 2014, a mais de 25 mil pessoas. Por meio do projeto, no ano passado foram realizadas 175 oficinas, beneficiando 2.578 pessoas, e distribuídas 1.815 mudas aromáticas e temperos. Em 2014, foram mantidas 139 hortas escolares, com 11.040 beneficiários, e 50 hortas comunitárias, com 11.488 beneficiários. As escolas ou outras entidades interessadas podem fazer a solicitação pelo endereço eletrônico gapco@ pbh.gov.br , informando o endereço, telefone de contato e o responsável pelo local.

Carne angus será controlada A carne angus no Brasil terá sua origem rastreada e a procedência genética do animal só poderá ser estampada nas embalagens após passar por controle conduzido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e fiscalização do Ministério da Agricultura. Para o consumidor, essa medida pode significar preço maior. O selo, porém, pretende transmitir confiança de qualidade ao produto. Essa decisão passou a valer depois de uma circular do ministério e da assinatura de um protocolo entre a Associação Brasileira de Angus (ABA) e a CNA. As entidades envolvidas acreditam que o controle atenderá mercados mais exigentes, diferenciará produtos por qualidade e preço nas prateleiras, dará mais qualidade à carne brasileira e trará segurança e transparência na identificação de rótulos e alimentos. Divulgação

Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Nacional Arnaldo de Sousa afsousa@uol.com.br

Cafeicultores mineiros discordam do preço mínimo O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou uma portaria, em maio, de Política de Garantias de Preços Mínimos (PGPM) para o café. O governo manteve o valor que fora publicado no ano passado de R$ 307,00 para o café arábica. Já o preço do conilon ou canephora foi reajustado a R$ 193,54/saca, alta de 7,02% sobre o valor anterior de R$ 180,80. Para contextualizar, de acordo com o governo, o café arábica, considerado na portaria é o tipo 6, bebida dura para melhor, com até 86 defeitos, peneira 13 acima, admitido até 10% de vazamento e teor de umidade de até 12,5%. O preço mínimo do café conilon é válido para o produto tipo 7, com até 150 defeitos, peneira 13 acima e teor de umidade de até 12,5%. Cafeicultores mineiros, detentores de cerca de 50% do café nacional, e suas lideranças estão reclamando que o governo manteve o preço mínimo defasado. Isto porque, se eles tiverem de praticar esse mínimo proposto (R$ 307,00) em leilões de venda do governo, teriam prejuízo muito grande. De fato houve aumento nos custos de produção com repasse da inflação do período aos insumos agrícolas, além de altas nas tarifas públicas de todos os níveis. Para o leitor ter uma ideia, um cafeicultor de Guaxupé (MG), que está distante 16

FORÇA DO CAMPO Junho/Julho 2015

pixabay.com

434 km de Belo Horizonte, representante da média das pequenas propriedades locais com produção de 30 hectares e de produtividade de 25 sacas por hectare em dois anos, para descontar a ‘bienalidade’ da cultura, tem um custo de produção total de R$ 532,38/ha. No custo total da produção estão inclusos os seguintes custos: pessoal interno (14,5%), gastos gerais (12,57%), mecanização (4,5%), insumos (26,73%), colheita e pós-colheita manual (41,68%), além de depreciação de máquinas, equipamentos e custo de capital da terra. Todo esse trabalho foi desenvolvido pelo Centro de Inteligência e Mercados da Universidade Federal de Lavras (Ufla). O medo dos produtores é de que, em condições climáticas normais, a safra de


“Se não houver uma ação para minimizar os riscos da cafeicultura, com um seguro agrícola adequado ao café, renegociação do endividamento em longo prazo e um estudo multidisciplinar envolvendo todas as esferas de governo (federal, estaduais e municipais), teremos um impacto social, ambiental e econômico importante.”

café a ser colhida em 2016 seja acima de 50 milhões de sacas, cinco a seis milhões a mais de sacas se comparada à projeção da safra 2015 (45,3 milhões de sacas), de acordo com números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso poderia causar uma depreciação dos preços no mercado. Há dois problemas que incomodam os cafeicultores mineiros: o alto custo de produção nas áreas de montanha com colheita manual e resolver o passivo de 10 anos dos anos 2000, quando os preços depreciaram, gerando dívida e prejuízo aos produtores. O governo, mantendo o preço mínimo para o café arábica em R$ 307,00, pode gerar uma situação desconfortável para o setor altamente gerador de emprego e renda no campo.

Mais dados: o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e o segundo maior consumidor do produto. Apresenta, atualmente, um parque cafeeiro estimado em 2,256 milhões de hectares. São cerca de 287 mil produtores, predominando mini e pequenos, em aproximadamente 1.900 municípios, que, fazendo parte de associações e cooperativas, distribuem-se em 15 estados. De acordo com a carta de Muzambinho, os preços mínimos propostos pelo Centro de Inteligência e Mercados da Universidade Federal de Lavras (Ufla) seriam da seguinte forma para o café arábica: Custo Operacional Total na produção manual de R$ 499,00/ saca, na produção mecânica não irrigada de R$ 421,00/saca e na produção mecânica irrigada o valor mínimo de R$ 343,00. Os anos de 2014 e início de 2015 estão sendo favoráveis em termos de preços para o café. A valorização do dólar (3x1, praticamente) e o preço caindo em dólar ainda remunera o produtor, dependendo da região e do tipo de cafeicultura, colocando-o ao redor dos R$ 400,00 a saca do produto commodity, negociado em bolsa. A maior preocupação é quanto ao futuro. Porém, se os produtores souberem aproveitar as altas dos preços, suas vendas serão bem remuneradas. Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Entrevista

Divulgação Seapa

| João Cruz Reis Filho, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais

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FORÇA DO CAMPO Junho/Julho 2015


João Cruz Reis Filho Maria Helena Dias O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, João Cruz Reis Filho, após o resultado dos primeiros diagnósticos, já tem uma certeza sobre como encontrou a Seapa: “A situação não é boa”. Com a tranquilidade de quem sabe onde está ‘pisando’ - criador das raças girolando, guzerá e gir leiteiro, formado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa, mestrado e doutorado em Genética e Melhoramento

pela mesma instituição, licenciado do cargo de fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, tendo atuado também como chefe da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura -, ele recebeu a equipe de Força do Campo, quando falou, entre outros assuntos, sobre as prioridades da secretaria e o que pensa do projeto de terceirização que tramita no Congresso Nacional.

Após os primeiros meses de governo, qual a avaliação sobre a Seapa? Fizemos vários diagnósticos da secretaria e de suas vinculadas - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater); Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig) e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) - para conhecer a situação de todas. E a situação não é boa. O último concurso para a Seapa foi em 1993; Emater e Epamig, 2004; Ima, em 2008; Ruralminas; em 1998, e os aprovados já saíram por causa dos baixos salários. Mas a informação mais chocante é que nós produzimos um terço do PIB do estado. O orçamento da Secretaria da Agricultura com Emater, IMA, Epamig e Ruralminas é de menos de 1% do orçamento geral do estado. O diagnóstico revelou isso. Agora, estamos revendo toda a nossa estrutura.

Por onde começar? Temos de ter muita criatividade para evitar retrabalho e duplicação de esforços. O primeiro passo é promover a integração da secretaria com suas vinculadas, que vinham operando completamente desarticuladas. Há muitos exemplos: a Epamig, que tem o melhor rebanho de gir leiteiro do Brasil, não tem animais no Pró-Genética, programa da Epamig. Ela deixa de vender os animais num preço mais alto e o produtor deixa de receber uma genética de uma instituição séria e competente por falta de diálogo entre as vinculadas. Estamos superando isso. Qual é o desafio maior? O desafio maior é conseguir que o produtor rural tenha sucesso em sua atividade, aumente sua renda e consiga permanecer no campo com qualidade de vida, realizando bem a Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Entrevista

“Estamos otimistas com a possibilidade de acesso dos produtos da agricultura mineira aos mercados do país inteiro com menos entraves burocráticos.” sucessão geracional. Para isso, vamos usar todos os recursos que temos de conhecimento e tecnologia e a estrutura da secretaria e das vinculadas para proporcionar condições de o produtor rural permanecer na atividade. Qual a sua avaliação sobre o Plano de Defesa Agropecuária (PDA) 2015/2020? O PDA abrirá mais mercados para os produtos do estado. Ao diminuir a burocracia, o plano facilitará o comércio da produção mineira, além de reduzir custos para os produtores. Esse plano é um sinal muito forte das ações que o Ministério da Agricultura pretende desempenhar. Estamos otimistas com a possibilidade de acesso dos produtos da agricultura mineira aos mercados do país inteiro com menos entraves burocráticos. As medidas também vão proporcionar a redução dos custos de manutenção dos rebanhos e o aumento da qualidade e da segurança dos produtos após o início da produção de medicamentos genéricos para o setor veterinário. O que achou do Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016? É um plano auspicioso, devido ao cenário 20

FORÇA DO CAMPO Junho/Julho 2015

de dificuldades na economia. Tivemos um aumento do valor total de recursos de 20%, passando de R$ 156,1 bilhões para R$ 187,7 bilhões, que mostra que o governo está reconhecendo a importância do agronegócio. Estávamos temerosos com a taxa de juros. Veio mais alto do que o ano passado, mas veio bastante razoável tendo em vista a alta da taxa Selic e da inflação. Há um esforço da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, em negociar diretamente com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Sobre a redução do recurso para investimento, não há o que preocupar, porque o produtor acaba tomando menos recursos. O importante mesmo foi o aumento dos recursos de custeio, por que pela descapitalização dos produtores rurais, o capital de giro é o recurso de custeio.

“A tecnologia é a chave para a permanência do produtor no campo.” Para Minas Gerais, o que se espera do Governo Federal? Já fizemos solicitações específicas a ministra Kátia Abreu relacionadas à questão da estiagem, que assolou MG nos últimos dois anos. Produtores tiveram muitas frustrações nas colheitas e isso implica, sobremaneira, na capacidade de pagamento dos financiamentos contraídos por eles. Desde janeiro estamos agindo. Pedimos a Emater para fazer um levantamento do impacto da estiagem em todo o estado. Preparamos um ofício para a ministra com uma série de medidas, que


pedem, entre outros, dilação de prazos e perdão de dívidas. E o que ela respondeu? Ela disse que está preparando um estudo, juntamente aos órgãos competentes, para comprovar que a estiagem foi abaixo da normalidade histórica, e pedindo ao Ministério da Fazenda para que sejam tomadas as medidas possíveis. As nossas demandas sempre foram atendidas pela ministra. O projeto de lei que regulamenta a terceirização poderia contribuir na redução de custos para tornar os produtos

de MG mais competitivos? Mais do que reduzir custo, ele formaliza e dá segurança jurídica aos produtores rurais para que eles possam continuar suas atividades. O projeto mantém os direitos trabalhistas e consegue formalizar um segmento que já existe e que não está regulamentado. É muito importante e é muito bem-vindo. O prazo de um ano na prorrogação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) é suficiente para regularização das propriedades em MG? Não há como negociar com prazo. A lei determina que é um ano prorrogável por


Entrevista

“Estávamos temerosos com a taxa de juros. Veio mais alto do que o ano passado, mas veio bastante razoável tendo em vista a alta da taxa Selic e da inflação.” mais um. Vamos ter de nos virar em um ano para fazer o que não foi feito no primeiro. Trabalhar para fazer dentro do prazo legal que existe. O produtor não tem culpa de o sistema não funcionar por uma decisão equivocada do governo passado. A situação do CAR em Minas é péssima. Eu trabalhei ativamente na regulamentação do Código Florestal e na assessoria do ex-ministro Antônio Andrade. O governo federal desenvolveu um sistema muito bom, só que MG não aderiu e pagou para fazer um sistema próprio que não funciona. A própria Faemg, com o presidente Roberto Simões, habilitou mais de 30 empresas para irem ao interior fazer esse cadastro. As empresas voltaram para traz frustradas. Como aproximar e facilitar o acesso do produtor rural à inovação? A tecnologia é a chave para a permanência do produtor no campo. Há estudos do Eliseu Alves (Embrapa) de que a receita bruta dos estabelecimentos está muito mais relacionada à adoção de tecnologia do que a forma propriamente dita como fator de produção. Às vezes, propriedades pequenas com alta intensidade tecnológica conseguem ter receita bruta maior do que grandes propriedades com baixa tecnologia. Todo o nosso esforço para 22

FORÇA DO CAMPO Junho/Julho 2015

proporcionar condições para a permanência do produtor no campo passa pela tecnologia. A maior parte da tecnologia agropecuária do país está em Minas Gerais, mas ela tem de chegar ao produtor rural. E como isso pode ser feito? Vamos precisar demais da Emater, o que passa por uma reestruturação profunda dos trabalhos desenvolvidos pela vinculada em MG. Os especialistas estão extremamente envolvidos com atividades burocráticas e cada vez menos se dedicando às atividades finalísticas para assistência técnica ao produtor rural. Vamos ter de fazer um aporte tecnológico grande na Emater, dotar os funcionários de condições para fazerem a extensão rural propriamente dita, reduzir a demanda burocrática, promover a eles e a todos os servidores do sistema da agricultura acesso a conhecimento, cursos, dar condições de trabalho para que essa tecnologia chegue, e desenvolver métodos alternativos de transferência de tecnologia. A Emater está em 93% dos municípios mineiros, mas não dá para atender a todos individualmente. Portanto, vamos precisar de métodos coletivos de assistência técnica e rural para levar a tecnologia ao pequeno, médio e grande produtor.


O LEITE MINEIRO É TÃO BOM, QUE QUEM PRODUZ TAMBÉM FICA MAIS FORTE. O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Emater-MG, oferece assistência completa aos pecuaristas, investindo na qualificação gerencial e técnica das propriedades e gerando ganhos econômicos, sociais e ambientais para o Estado. Isso significa uma produção de leite mais sustentável e um produto cada vez mais forte, tanto para quem consome, quanto para quem produz.

IOR MA TOR DU PRO LEITE DE S PAÍ O D

Saiba mais em www.emater.mg.gov.br e www.agricultura.mg.gov.br


De salto ou de bota

Sarah Pardini sarah@sarahpardini.com.br César Duarte

Desafiando os tambores Gabryelle Fagundes é veterinária, de Divinópolis (MG). Aos 12 anos começou a montar cavalos quarto de milha e se apaixonou pelo esporte. Além dos três tambores, Gaby trabalha com reprodução equina. “Graças ao apoio da minha família consegui alcançar títulos muito sonhados. Sou hexacampeã mineira, campeã da Copa dos Campeões, campeã em rodeios regionais de Contagem, Governador Valadares e Cláudio, finalista 24

FORÇA DO CAMPO Junho/Julho 2015

em Barretos e representei o Brasil nos EUA”. No topo de sua lista de importância está o bicampeonato na DivinaExpo. “O rodeio de Divinópolis sempre foi um sonho para mim e ganhar duas vezes foi uma emoção muito grande. Correr na cidade da gente, onde a família, amigos e vários conhecidos vão te prestigiar, não tem preço. Quando amamos o que fazemos e lutamos por isso, a vitória chega”.


Divulgação

Amor à agronomia Casada com o empresário do ramo de automóveis em Sete Lagoas Leonardo Simões, Tatiane Cristelli Dias formouse em agronomia no final de 2007 pela Universidade Estadual de Montes Claros. Há 5 anos é responsável técnica da Cooperativa Regional de Produtores Rurais de Sete Lagoas (Coopersete). Além disso, a bela é técnica do Projeto Balde Cheio, bem como mobiliza os eventos do Senar Minas na região em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Sete Lagoas. “Sou uma pessoa realizada e amo o que faço. Se preciso fosse escolher novamente, escolheria agronomia, sem pestanejar”.

Pablo Bertolin

Madrinheira do Brasil Divinópolis (MG) vem mostrando todo seu charme com mulheres de grande potencial no mundo do agronegócio. Hélida Seabra é madrinheira há 8 anos, a primeira e única a representar a cidade por todo o Brasil, levando o seu trabalho por mais de 10 estados. Ela está entre as 4 melhores profissionais do ramo, fazendo bonito na pista com o cavalo Apache (Paint Horse). Ganhadora do Troféu Zé Capitão, Madrinheira Destaque 2014, e Revelação 2012 pela revista ‘É Rodeio’, ela participa em média de 20 festas por ano. O sucesso é tanto que Hélida é patrocinada por grandes marcas, como Chiari Profissional, Buphallos Jeans, Master Selas e Paul Western. Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Painel do setor Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016 O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), Roberto Simões, avaliou o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) para a safra 2015/16, anunciado em junho pelo Ministério da Agricultura, em Brasília. Juros “Em volume, o plano praticamente atendeu às solicitações do setor, apesar da queda no item investimento. Entretanto, os juros anunciados ficaram bem acima do esperado. Tendo em vista a forte contribuição do setor para a economia, esperávamos que houvesse maior estímulo para seu crescimento. Já trabalharemos este ano com custo elevado em adubos, defensivos, combustíveis e mão de obra. O acréscimo de juros bastante altos resultará em uma safra substancialmente mais cara que a do ano anterior, o que levanta questionamentos se o produtor encontrará preços compensatórios para continuar seu trabalho”. Crédito rural “Embora os recursos sejam abundantes, os tomadores de crédito encontram dificuldades quando têm problemas na reformulação de seu fluxo de caixa e acabam reclassificados quanto ao risco pelos bancos, que passam a recusá-lo. Pode ocorrer de haver recurso e não termos tomadores, por incapacidade. É um problema que se intensificará a partir 26

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de agora, quando começarão a vencer os compromissos anteriores e, em função da seca, muitos produtores não conseguirão honrar suas contas e cairão na reclassificação”. Custeio e seguro rural “Embora o custeio tenha sido mais contemplado - especialmente em função de sugestões do setor - as operações de précusteio ainda não foram liberadas e não há previsão. Outro ponto fraco diz respeito ao seguro rural. No plano anunciado não houve referência clara aos valores e prazos, ou menção aos valores em aberto do ano anterior”. Plano plurianual “É muito bem-vinda a discussão inicial de um estudo para que o plano passe a ser de longo prazo, com metas, valores e datas bem-definidas. Com um plano plurianual, a exemplo de países muito bem-sucedidos nesta área, o setor seria capaz de um planejamento consistente e realmente eficiente com vistas ao crescimento econômico brasileiro”.

O PAP 2015/2016 O Plano Agrícola e Pecuário 2015/16 prevê a disponibilização de R$ 187,7 bilhões ao crédito rural para as operações de custeio, investimento e comercialização da agricultura


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empresarial. O volume representa alta de 20% em relação ao período anterior, que foi de R$ 156,1 bilhões. Para o financiamento de custeio a juros controlados estão programados R$ 94,5 bilhões, 7,5% a mais em comparação com o período anterior (R$ 87,9 bilhões) e reflete o crescimento dos custos de produção. Já para investimentos, são R$ 33,3 bilhões. Na modalidade custeio houve um incremento de 130%, passando de R$ 23 bilhões para R$ 53 bilhões, provenientes da aplicação dos recursos da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) no financiamento da safra. O Programa de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp) receberá atenção especial

nesta safra e contará com R$ 18,9 bilhões, um incremento de 17% no volume de recursos. São R$ 13,6 bilhões para a modalidade de custeio e R$ 5,3 bilhões em investimento. Taxa de juros As taxas de juros do Pronamp para os médios produtores foram estabelecidas em 7,75% ao ano para custeio e 7,5% ao ano para investimento. Para os empréstimos de custeio da agricultura empresarial, a taxa é de 8,75% ao ano. Já para financiar os demais programas de investimentos, a taxa varia de 7% a 8,75% ao ano, para faturamento até R$ 90 milhões. Fonte - Assessoria de Imprensa da Faemg

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Importação

exportação

Agronegócio contribui com 33% das exportações mineiras O agronegócio contribuiu com 33% da pauta mineira de exportações, no acumulado de janeiro a maio deste ano, totalizando US$ 3,02 bilhões e crescimento de 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O índice é considerado recorde, já que o percentual máximo atingido pelo agronegócio nas exportações totais do estado foi de 29%, alcançado em 2009. A informação é da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) com base em dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Segundo o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura, João Ricardo Albanez, esse indicador evidencia que os produtos do agronegócio mineiro continuam a se destacar no mercado externo. De acordo com o levantamento, o grupo “Café e derivados” manteve a posição de liderança do ranking do estado entre os principais produtos vendidos para o exterior. As exportações deste segmento, principalmente de café verde, atingiram R$ 1,6 bilhão, o que corresponde a 53,6% da receita do agronegócio estadual. Apenas de café verde foram exportadas, de janeiro a maio, 8,07 milhões de sacas. A melhoria no preço médio da saca de café exportada foi responsável pelo crescimento do 12,4% no faturamento. A segunda posição entre os grupos exportadores ficou com o “Complexo soja”. 28

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De janeiro a maio, as vendas externas desse grupo somaram US$ 388,81 milhões. O grupo “Carnes” ocupou a terceira posição com US$ 303,04 milhões. O “Complexo sucroalcooleiro” manteve a quarta posição com uma receita de US$ 252,65 milhões e volume exportado de 733 mil toneladas.

Destino do café A Alemanha continua sendo o principal destino das exportações do café, totalizando US$ 336,56 milhões, seguido de Estados Unidos (US$ 309,28 milhões), Itália (US$ 166,03 milhões) e Bélgica (US$ 160,11 milhões). Levando-se em conta toda a pauta de exportações do agronegócio, a China foi o principal destino dos produtos mineiros nos cinco primeiros meses de 2015, gerando uma receita de US$ 408,86 milhões, representando 13,6% de toda a cesta do setor. O “Complexo soja” foi o principal grupo de produtos exportados para esse país, com US$ 284,07 milhões, que representam 73% de toda a receita adquirida desse segmento e 69,4% das divisas geradas pelas importações chinesas. Sob a perspectiva do ranking estadual de exportadores do agronegócio, Minas Gerais permanece na quinta posição, com um montante de US$ 3,02 bilhões, sendo responsável por 8,8% das exportações do setor em âmbito nacional.


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As exportações do agronegócio mineiro avançaram 33,8% (de US$ 508,66 milhões para 680,74 milhões), em maio, quando comparadas com as de abril. Esse avanço pode ser explicado pelo aumento na geração de divisas dos seguintes produtos: complexo soja (235,1%), totalizando 198,6 milhões; complexo sucroalcooleiro (171,5%), somando US$ 56,8 milhões; couros, produtos de couro e peleterias (60,6%), alcançando

US$ 14,1 milhões; produtos apícolas (131,4%), totalizando US$ 1,4 milhão; e fumo e seus produtos (198,4%), alcançando US$ 163,3 mil. O agronegócio de Minas Gerais manteve o superávit em maio, com saldo comercial de US$ 647,60 milhões (33,8%) e corrente de comércio em US$ 713,89 milhões (30,9%). Fonte: Assessoria de Comunicação Social Seapa

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Saúde animal Os benefícios da homeopatia Pecuaristas optam pelo tratamento alternativo e garantem qualidade e mais rentabilidade Lídia Salazar Problemas como carrapato, mosca de chifre, verminose e mastite no gado de leite estão sendo tratados com homeopatia, uma alternativa que, mesmo estando em projeção e crescimento, ainda não é amplamente conhecida. Apesar de encontrar médicos veterinários que se opõem ao tratamento, pois confiam mesmo é na medicina convencional, os remédios homeopáticos têm alcançado

produtores de todo o Brasil, que buscam, não somente a cura para seus animais, mas também oferecer ao mercado um produto de qualidade e que tenha maior rentabilidade. Na Fazenda Cachoeirão, localizada em Itapagipe (MG), o produtor Hilário Ferreira de Matos Júnior trata seu gado de leite com homeopatia há cerca de quatro anos. A decisão de mudar o tipo de medicação veio

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| Hilário Júnior medica suas 150 cabeças de gado com a homeopatia preventiva

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Sérgio Amzalak

devido à exigência da qualidade do leite por parte das indústrias de laticínios. “Quando decidi mudar, o veterinário não conhecia muito bem os efeitos desse tipo de tratamento e eu também fiquei um pouco receoso no início. Com o tempo, fui vendo os resultados e, hoje, não vejo meu gado sendo cuidado de outra forma”, diz Hilário Júnior. Ele garante que a qualidade do leite produzido por suas vacas é excelente. “Meu gado é perfeito e o leite é muito saudável. Tenho um filho que só toma o leite natural e eu não tenho preocupação nenhuma, porque eu sei que não há resíduos ou antibióticos nele. Além disso, os animais são calmos, eles entram no curral sem estresse, porque sabem que não vão levar agulhadas”, conta.

“Os antibióticos convencionais deixam muitos resíduos no produto e diminuem a qualidade do leite.” Hilário Ferreira de Matos Júnior, produtor

Solução para os problemas Em Martinho Campos, na Fazenda Buriti do Campo Alegre, a 180 km de Belo Horizonte, há cerca de dois anos José Luiz Neto estava muito preocupado com o seu gado de leite 210 cabeças -, que estava com um alto índice de mastite e infestação por carrapatos. Ele conta que começou a pesquisar e a procurar alternativas para a solução dos problemas. Em

| O tratamento homeopático é administrado no próprio alimento, não sendo necessário usar agulhas

uma visita à fazenda de um parente, conheceu a homeopatia. “Meu primo tem um número maior de vacas do que eu e a porcentagem de mastite nos meus animais era muito maior que a dele. Enquanto cinco de cada 60 vacas minhas em lactação estavam com o problema, uma de mil vacas dele tinha a doença. Isso, quando tinha”, conta. José Luiz Neto percebeu, então, a oportunidade de adotar o mesmo tratamento em sua fazenda. Em janeiro de 2014, ele mudou o cenário do pasto com os homeopáticos e, atualmente, sua ação é mais preventiva do que curativa. Segundo ele, a infestação de carrapatos diminuiu bastante, bem como a mastite. Para o produtor, os principais benefícios da homeopatia são o equilíbrio na saúde do animal, a redução de desperdício do leite e o custo com o tratamento do gado, que ficou muito menor, tanto pelo valor gasto com medicamentos quanto pelo ganho com a venda do leite, que passou a ter mais qualidade. “Antes, eu descartava muito leite por causa dos antibióticos e das doenças. Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Saúde animal Sérgio Amzalak

| Para o gado saudável, alguns pecuaristas mantêm o tratamento homeopático como prevenção a doenças

Atualmente, não preciso fazer isso e meu gado está mais saudável. Por isso, pagam mais pela produção”, relata.

Sem agulhas e sem estresse O médico veterinário Jarbas Caetano Amâncio, proprietário do laboratório Pecnew, localizado em Vera Cruz de Minas, distrito de Pedro Leopoldo (MG), atua no desenvolvimento de medicamentos homeopáticos para bovinos, equinos e caprinos desde 2009. Segundo ele, a homeopatia individualiza o tratamento de cada organismo, considerando as particularidades dos animais. Na atuação de rebanhos, a análise é feita na observação do grupo como único organismo, levando-se em conta a raça, o temperamento, ocorrência geográfica, entre outros. “Quem opta pela homeopatia busca 32

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qualidade em seus produtos e presa pela saúde do gado ou rebanho. É um tratamento livre de resíduos tóxicos. O leite e a carne provenientes dos animais são mais puros dos que os tratados pelo método convencional”, afirma Jarbas Amâncio. Ele explica ainda que existem algumas indústrias que premiam os produtores de leite sem toxinas, pagando mais por cada litro, e penalizam aqueles que levam o produto com muitas impurezas. De acordo com o veterinário, outro ponto positivo é a redução do estresse do animal. “A aplicação do remédio alopático pode, muitas vezes, ser desgastante para o gado. Eles têm de se submeter a um processo demorado e doloroso com vacinas e agulhas”, explica. Jarbas Amâncio afirma ainda que, financeiramente, pode ser mais econômico para o produtor devido à diminuição de mão de obra, já que a medicação é dada junto ao alimento, não precisando de nenhum processo que exija muitos profissionais. “O valor dos homeopáticos é mais barato. No caso de descontaminação de parasitos, o gasto anual com o gado de leite é de R$ 50/animal. Já na alopatia seria em torno de R$ 250/animal. O custo anual no gado de corte é de R$ 15/animal com homeopatia e R$ 25/animal com alopatia”, compara. A homeopatia trabalha com uma regra de ‘dose resposta’. Isso significa que nos três primeiros meses é dada uma dose maior e, por isso, a melhora é rápida. Com o passar do tempo, as doses vão sendo diminuídas e também os efeitos das patologias no sistema de produção e da infestação dos parasitas nos animais. “Algumas doenças que o tratamento convencional não consegue solucionar são


Pamella Vieira Arcanjo

curadas pela homeopatia. É o caso da mastite, que tem 80% dos casos resolvidos com os homeopáticos, contra 20% da alopatia”, garante Jarbas Amâncio, que pretende lançar também medicamentos para suínos, aves e pet.

Tratamento e tipos de homeopatia Parasitário - Estimula as defesas do organismo em nível de pele e mucosa digestiva, reduzindo as infestações por carrapatos, bernes, moscas e vermes gastrintestinais, com a ausência de resíduos na carne e meio ambiente;

| Jarbas Amâncio explica que as principais demandas são de medicamentos para mastite, parasitos e casco dos bovinos, equinos e caprinos

Mastite clínicas e subclínicas Melhoram a qualidade do leite e reduzem o custo de produção, evitando o prejuízo com o descarte; reduzem a Contagem de Células Somáticas (CCS) e estimulam o sistema imunológico, aumentando a resposta do úbere às infecções; Papilomatose - Estimula as defesas naturais do organismo do animal promovendo a queda das verrugas e a regeneração da pele, reduz o estresse promovendo o equilíbrio orgânico; Pododermatite Promove a recuperação dos cascos por meio da regeneração dos tecidos locais, reduzindo as claudicações. Fonte: Pecnew

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Capa

Mercado de carnes Pecuaristas investem em raças como wagyu e senepol Maria Helena Dias Não há brasileiro que resista a uma novidade no paladar, mesmo que ela chegue em meio a crise. Comer bem sempre foi uma das prioridades. E é por isso que as carnes nobres, embora tenham preços ‘salgados’, ganham cada vez mais mercado. Atentos a essa crescente demanda, alguns pecuaristas têm investido em melhoria genética para garantir mais maciez e suculência à carne de boi. Os produtos prime do momento são das raças wagyu e senepol, que, mesmo sendo disponibilizados em quantidades muito pequenas, já são encontrados para comercialização. Para atender a um público refinado, as fazendas Alegria (Funilândia), Cachoeira (Caeté) e do Lago (Furnas), criadoras da raça pura wagyu, se uniram para incrementar a venda de kobe beef em Minas. Para o proprietário da Fazenda Alegria, Evando Neiva, a expectativa é que sejam realizados bons negócios com o wagyu, raça com maior predisposição genética do mundo para o marmoreio. A carne tem a gordura distribuída entre as fibras musculares, formando desenhos similares ao mármore - daí o nome marmoreio - que são indicadores da qualidade do produto e responsáveis pelo altíssimo Sérgio Amzalak

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Wagyu


nobres em expansão sabor e maciez. A classificação, que segue a tabela japonesa, feita por meio de medição de percentual de gordura da carcaça, varia de 1 a 12, sendo que a partir de três já é considerada uma carne diferenciada. “Na Fazenda Alegria a nossa média é 5. Avaliação excelente”, garante. Além do sabor, a carne do wagyu também ganha a clientela por reunir benefícios à saúde: possui gordura semelhante à insaturada, rica em ômega 3, a mesma encontrada no salmão e azeite.

Ouro em carne Evando Neiva acrescenta que os principais clientes de wagyu são da gastronomia de luxo. “Por ser considerado um produto prime, uma peça de contrafilé (cerca de 25 kg) do wagyu no Brasil chega a custar entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. Em alguns restaurantes, um bife de 300 g pode ser vendido a R$ 300,00”, conta. São muitos os motivos que fazem a carne do wagyu ser especial. De acordo com Evando Neiva, no Japão, o wagyu é criado de forma diferente: toma cerveja, é massageado com saquê e ouve música clássica. No Brasil, o tratamento também é especial. “A dieta é balanceada com o objetivo de potencializar o marmoreio, desde a gestação. O animal não pode ficar estressado e deve permanecer num ambiente seco, limpo e confortável, com sombreamento adequado. O touro tem de ser castrado no momento certo e o bezerro

Beto Oliveira

Senepol


Capa Sérgio Amzalak

| Os criadores Ellos Nolli, Fabio Camargos e Evando Neiva se uniram para oferecer kobe beef

recém-nascido tem de mamar o colostro da vaca”, explica o produtor. Outra iniciativa inédita no trato com o gado kobe é a ultrassonografia de carcaça realizada para identificar o nível do marmoreio no rebanho. Segundo Evando Neiva, com essa tecnologia é possível distinguir o ponto certo de abate e ainda determinar os animais que permanecerão no rebanho para melhoramento genético, ou seja, animais que passarão sua linhagem adiante. Outra especificidade é que tanto a fêmea quanto o macho dessa raça têm o mesmo valor, diferente das demais em que o macho tem o preço superior no mercado de corte.

Senepol

| Gilmar Goudard explica que o objetivo é abastecer o mercado brasileiro com a carne de senepol

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Outra carne que aos poucos vai ganhando mercado é a da raça senepol, considerada também um produto nobre, mas ainda comercializada em pequenas quantidades e por encomenda. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Bovino Senepol (ABCB Senepol), Gilmar Goudard, por ser uma raça nova no Brasil ainda não há volume de carne para ser vendida. “Senepol foi a segunda raça europeia, no ano passado, que mais vendeu sêmen no Brasil. Foram 248 mil doses, o que indica que em breve estaremos atendendo ao mercado em escala”, acredita. Ele explica que a associação está atenta à necessidade do mercado brasileiro de carne, sendo esse um dos objetivos dos criadores. Gilmar Goudard, que já considera o senepol como parte do cenário da pecuária de corte nacional, destaca como diferenciais da raça “a precocidade reprodutiva, o


SISTEMA FAEMG. A NOSSA UNIÃO FAZ A FORÇA DO CAMPO.

Quando as pessoas se juntam, conseguem grandes realizações. Com o SISTEMA FAEMG também é assim. Ele reúne os parceiros certos que ajudam a melhorar o agronegócio em Minas. Fazem parte do SISTEMA FAEMG a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR MINAS), o Instituto Antônio Ernesto Acesse: www.sistemafaemg.org.br

de Salvo (INAES) e mais de 385 Sindicatos de Produtores Rurais do Estado. Com programas, pesquisas e capacitações, as entidades apoiam mais de 500 mil produtores rurais, melhorando a qualidade de vida no campo e desenvolvendo o agronegócio, o que garante alimentos de qualidade na sua mesa.

A UNIÃO E A FORÇA DO CAMPO

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Capa Além da docilidade da raça, o senepol pode ser criado em qualquer região do Brasil, sob climas quentes, úmidos ou áridos, e sob climas frios. Por gostar de sol, pasta durante as horas mais quentes do dia. Os touros trabalham durante todo o dia, com uma genética que produz e reproduz facilmente sob elevadas temperaturas ambientais.

acelerado ganho de peso, adaptabilidade e capacidade de cobrir a vacada a campo, o que permite produzir mais em menos tempo”. O senepol encurta o ciclo do boi gordo e agrega valor à carne. Segundo explicou, um animal da raça senepol, ou fruto de cruzamento senepol x zebu, chega a 18 arrobas em um período médio de 18 a 22 meses, com alto rendimento de carcaça e carne de qualidade. “Ao contrário da carne de wagyu, a de senepol tem baixo marmoreio, ou seja, pouca gordura entremeada nas fibras, o que faz dela uma carne mais saudável”, garante o diretor de Marketing e Eventos da ABCB Senepol, Ricardo Magnino. A genética da raça imprime a característica de carne magra e saudável.

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“A carne de senepol é de 20 a 22% mais macia que a de angus.” Ricardo Magnino, diretor da ABCB Senepol

Comercialização Enquanto não são comercializadas em grande escala, poucas são as oportunidades para quem quer saborear as carnes de wagyu e senepol. Por enquanto, quem quiser conhecer o sabor da carne de wagyu poderá experimentar o tempero do chef Marcus Grossi, um dos sócios do Grupo MAR, responsável pelo Dorival Bar & Parrilla, no Vila da Serra, e Djalma Mercearia Gourmet, no Belvedere, e que fechou parceria com os pecuaristas mineiros para a venda do prato pronto aos clientes. “Como essa carne é rara, a intenção é trazer os cortes e fazer festivais nos nossos estabelecimentos para consumo ou venda”, revelou Marcus Grossi. Já a venda da carne de senepol está sendo feita, inicialmente, somente em Uberlândia, apenas para atender a uma demanda de encomendas. “É ainda um mercado em teste”, conforme explicou Gilmar


Goldard. A ABCB Senepol firmou, este ano, um convênio com o Frigorífico Real para a valorização sobre o preço da arroba para todos os animais 50% de sangue da raça em cruzamento com as demais. No momento do abate, os animais com até quatro dentes e com 3 mm de gordura com acabamento

uniforme de carcaça serão bonificados da seguinte forma: machos, a partir de 16 arrobas, terão adicionados 3% a mais sobre o preço da arroba de boi do dia do abate; e fêmeas, de 12,5 arrobas, terão adicionadas 5% a mais sobre o preço da arroba de vaca do dia do abate.

Sergio Amzalak

Mais prime Há cerca de quatro anos, o Grupo Super Nosso chegou a oferecer cortes de wagyu nas prateleiras, mas a falta de conhecimento sobre o produto e o preço elevado graças ao seu alto valor agregado pesaram na baixa procura, o que fez com que o supermercado retirasse o kobe beef do mix de produtos nobres. “Fomos os primeiros a chegar ao mercado com a carne de wagyu, inclusive oferecendo o sushi de wagyu”, conta a diretora de Planejamento, Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Super Nosso, Rafaela Nejm. Andrea Guimarães

| O chefe Marcus Grossi oferece o prato pronto de wagyu em suas casas

| A carne de wagyu é facilmente identificada pelo marmoreio Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Capa

A novidade agora fica por conta da carne de búfalo, que será comercializada em breve. “Acredito que, como a aceitação dessas carnes diferenciadas está sendo maior nos últimos tempos, ela será muito bem recebida pelo público mineiro, principalmente, por se tratar de um produto de qualidade e bem saboroso”, revelou. A comercialização de produtos nobres tem grande representatividade entre as demais carnes no grupo: cerca de 40% das vendas de carne. O Super Nosso trabalha com as linhas Angus, Bassi, Picanha Argentina e Friboi Reserva, dos principais frigoríficos do Brasil como Marfrig e do Grupo JBS Friboi. “Todas essas linhas representam carnes de alta qualidade e procedência”. Rafaela Nejm conta que as mais procuradas na rede são as da linha Angus, com destaque para os cortes de cordeiro, pato e marreco. “Nos últimos meses, tem aumentado a procura por essas carnes exóticas. Por isso, temos ampliado nossos espaços dedicados a elas e, ainda, destacado esses produtos no folheto e investimos em degustação, para que nossos clientes tenham a chance de conhecer e apreciar esses produtos antes mesmo de realizarem a compra”, revelou. Bem diferente dos preços do wagyu, a linha Angus (picanha) pode ser encontra por cerca R$ 70,00 o quilo. Já a linha Bassi, em torno de R$ 60,00 o quilo. 40

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“Fomos os primeiros a chegar ao mercado com a carne de wagyu, inclusive oferecendo o sushi de wagyu.” Rafaela Nejm, diretora do Grupo Super Nosso Sergio Amzalak

| Rafaela Nejm conta que o Super Nosso também terá carne de búfalo


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Tecnologia Lactose não será mais problema Laboratórios estudam leite do gado zebu para separar as proteínas A1 e A2 Maria Helena Dias Tomar leite de vaca todos os dias é um hábito de milhares de brasileiros. No entanto, o consumo dessa importante fonte de cálcio e proteína animal vem sendo apontado como a causa de diversos problemas de saúde, principalmente os ocasionados pela reação imunológica do corpo às proteínas lácteas. Diante disso, alguns criadores da raça zebu estão investindo em estudos que possam identificar os animais que produzam um tipo de leite não alergênico e oferecer ao mercado um produto garantido e de alto valor agregado. Presente na 55ª Exposição Estadual Agropecuária, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte, o presidente da Associação Mineira dos Criadores de Gir Leiteiro (AMCGIL), Luciano de Araújo Ferraz, destacou as pesquisas realizadas pela Embrapa Gado de

Leite, juntamente com a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), que revelam que o leite da raça gir contém proteína que não causa alergia aos humanos, sendo esse conhecido como Leite A2. Segundo ele, Sérgio Amzalak

| De acordo com Luciano Ferraz, após o mapeamento dos touros em progênie, será iniciado o mapeamento das fêmeas

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o melhoramento da raça gir leiteiro, aliado à exploração de sólidos - gordura e proteínas - e substâncias benéficas à saúde presentes no leite, é um dos principais focos dos pecuaristas.

“Ou as cooperativas e laticínios criam uma linha de produção voltada para receber o Leite A2 ou nós, criadores, vamos buscar uma forma de valorizar o leite do nosso animal.” Luciano Ferraz , presidente da Associação Mineira dos Criadores de Gir Leiteiro (AMCGIL)

Em sua fazenda, em Itapecerica, no centro-oeste mineiro, Luciano Ferraz cria 150 cabeças de gir leiteiro e já colhe os benefícios dos resultados dos estudos já divulgados. Segundo ele, por ser um produto com melhor qualidade, os laticínios pagam mais pelo leite que ele fornece. “Precisamos conseguir apoio governamental e de institutos de pesquisa em prol da política de valorização do leite e da qualidade que ele apresenta. Só com esses apoios conseguiremos dar continuidade aos estudos para, finalmente, colocarmos no mercado um leite com essas características e livre da proteína que causa a alergia”, afirma. Guzerá Ele revela que outras raças zebuínas, como o guzerá, também apresentam leite de boa

Sérgio Amzalak

| Assim como o gir, a raça guzerá também oferece leite com qualidade para quem tem intolerância à lactose Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Tecnologia qualidade, mas que somente o gir tem estudos mais avançados com comprovação de testes. “Já há consenso entre os pecuaristas que temos um produto com grande diferencial de mercado. Nosso desafio agora é produzir leite com animais puros A2A2, com alta frequência desse alelo A2”. Sobre as características da raça, o presidente da AMCGIL destaca a versatilidade, que serve tanto para produção de leite quanto para comercialização de animais, frutos de cruzamento com gado europeu (holandês, jersey e pardo suíço). Ele explica que é um gado lucrativo e cita, como exemplo, a vida útil da vaca e o número de crias que o produtor consegue obter. “Não é incomum a vaca parir até os 17 anos”. Segundo Luciano Ferraz, a média de preços por animal em leilões varia

entre R$ 8 mil e R$ 15 mil. “Mas existem animais que já foram comercializados por mais de R$ 1 milhão, como o touro Jaguar do Gavião e as vacas Profana de Brasília e Fécula Mutum”. A maior concentração da raça gir está no município de Arcos, no centro-oeste de Minas, e de guzerá nas cidades de Curvelo, Governador Valadares e Uberaba.

Evandro Fiuza

Melhoramento genético

| A seleção dos puros A2A2 irá garantir a melhor utilização dos touros nos acasalamentos que visam à produção de leite com valor agregado

Para o coordenador do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL), André Rabelo, a expectativa é que, nos próximos cinco anos, o Brasil já esteja comercializando o Leite A2. O programa, que está completando 30 anos, busca promover o melhoramento genético da raça gir por meio da identificação de seleção de touros geneticamente superiores para as características de produção - leite, gordura, proteína e sólidos totais -, conformação e manejo. Em maio, foi apresentado o Sumário Brasileiro de Touros, onde foram divulgados os resultados do Teste de Progênie, a principal prova zootécnica do programa, que incluiu o genótipo para a caseína A2. “Por enquanto, estamos apenas em fase de estudos, mas já há muitos produtores investindo no gado com projetos para

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Tecnologia “Mesmo sendo consumido por quem não tem alergia, o Leite A2 previne algumas doenças, como diabetes e arteriosclerose.” André Rabelo, coordenador do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL) Divulgação

| “Gir leiteiro pode agregar valor ao leite por transmitir em baixa proporção o alelo A1”, diz André Rabelo.

comercialização do leite”, revelou André Rabelo. De acordo com ele, alguns produtores brasileiros já fizeram a identificação das vacas que produzem caseína A2 e já estão investindo numa linha de produção própria, totalmente voltada para esse mercado. Um deles é o pecuarista e veterinário Eduardo Falcão, da Estância Silvânia, que está montando uma unidade de beneficiamento em Caçapava (SP). Outros estudos Pesquisadores de várias partes do mundo tentam, há anos, separar no leite as proteínas A1 e A2. Uma pesquisa da Unesp Jaboticabal, 46

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ABCGIL e Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA) constatou que o gir leiteiro produz leite com praticamente 100% de beta caseína A2, a que não causa alergia. O estudo foi realizado pelo médico veterinário Aníbal Eugênio Vercesi Filho, coordenador técnico da ABCGIL. Outra raça que produz Leite A2 é a guernsey, que tem um rebanho muito pequeno no Brasil. As raças leiteiras europeias mais conhecidas, como a holandesa e a jersey, produzem leite com 50% e 75% respectivamente com proteína A2, sendo seu consumo contraindicado a quem tem alergia. As caseínas respondem por 80% das proteínas do leite de vaca. A beta caseína tem sido muito estudada por ter o alelo A1 associado a doenças em humanos, principalmente cardiovasculares e diabetes tipo 1. O alelo A1 é uma mutação do alelo A2. A proteína que causa alergia, a beta caseína A1, passou a ser produzida após uma mutação genética ocorrida há 10 mil anos em vacas de origem europeia.


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Cooperativismo Geraldo Magela da Silva geraldomsilva@ig.com.br

Sustentabilidade e Empreendedorismo O cooperativismo agropecuário mineiro, acompanhando as tendências globais, vem investindo em projetos inovadores. Tal posicionamento se deve em muito ao esforço empreendido pelo Sistema Ocemg - Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais – que, por meio de programas e ações em parceria com diversas instituições nacionais e internacionais, estimula as cooperativas mineiras a conhecerem o que há de mais moderno e inovador mundo a fora. A entidade tem organizado inúmeras missões técnicas nos últimos anos a diversos países. Tais missões têm levado dirigentes e técnicos das cooperativas a visitarem renomadas organizações cooperativas e do agronegócio internacional, bem como tem oportunizado a participação das cooperativas em feiras e eventos tecnológicos de ponta. Ação empreendedora, investimento acertado, que traz retorno a médio e longo prazos, já começa a dar resultados e vai construindo a sustentabilidade do cooperativismo agropecuário mineiro. O presidente da Ocemg, Ronaldo Scucato, grande entusiasta de tais iniciativas, ressalta constantemente a importância de se conhecer culturas e projetos cooperativistas internacionais de modo a desenvolver nossa capacidade de assimilação de novas tecnologias e também de reforçar a necessidade do aprimoramento constante. Cooperativas de produtores de café, de leite, de grãos, da agricultura familiar, enfim, de toda a cadeia produtiva do setor vêm se 48

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conscientizando e valorizando o investimento em inovação e capacitação com vistas a sua modernização e a de seus cooperados. Como exemplo singular, a Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, em parceria com a empresa MSD Saúde Animal, lançou, em abril, um projeto inovador e único na pixabay.com


pixabay.com

região do Vale do Rio Doce: a Universidade do Leite. O projeto visa qualificar os cooperados e seus colaboradores, objetivando a prestação de serviços diferenciados, focados na melhoria da qualidade e no aumento da produtividade da propriedade rural leiteira. A Universidade do Leite já nasce com o reconhecimento da Universidade Corporativa da MSD Saúde Animal e, assim, seus alunos, após o término da capacitação, serão certificados. Tive a honra de ministrar, por meio do Sistema Ocemg, a aula magna no lançamento do projeto que ocorreu na sede da Faculdade de Administração de Governador Valadares (FAGV), para uma plateia de mais de 200 produtores rurais, seus familiares e técnicos que lotou o auditório. Naquela oportunidade, o presidente da cooperativa, Guilherme Olinto Resende, disse acreditar que o projeto trará muito conhecimento aos cooperados. Ainda segundo Guilherme Resende, “o grande benefício da Universidade do Leite é o de aumentar a qualificação da mão de obra e a tecnificação das propriedades da região, pois

os alunos serão os funcionários das fazendas e os cooperados daquela cooperativa. Assim, informações sobre a importância da higiene, conforto animal, manejo reprodutivo, controle de mastites e o manejo de bezerras, entre outros assuntos importantes para a produção leiteira, serão levados aos alunos. É mais um projeto que cumpre a missão da cooperativa no sentido de levar desenvolvimento tecnológico aos cooperados”, explicou. Outra cooperativa que aposta na inovação é a Cooperativa Agropecuária Ltda de Uberlândia (Calu). A Calu realiza anualmente o evento Intercalu que, a cada edição, tem procurado a inovação e, neste ano, no mês de maio, promoveu o Encontro Tecnológico, uma maneira de mostrar diretamente do campo as novidades para a pecuária da região, segundo o gerente do Departamento de Apoio ao Cooperado (DAC), o técnico agrícola Robin Rodrigues. Assim, sem sombra de dúvidas, podemos afirmar que o cooperativismo é sustentabilidade e empreendedorismo. Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Atualidades

DIVERSIFICAÇÃO EM TEMPO DE CRISE Produtores ampliam negócios e mudam atividades para viabilizar a propriedade Lídia Salazar A economia brasileira em crise, mudanças climáticas que castigam quem depende da natureza, estiagem. O país parece estar de cabeça para baixo. Pelo menos é o cenário que alguns produtores enfrentam. Durante anos, trabalhar apenas com um tipo de produto era suficiente para sustentar a família e ainda ter algumas regalias, mas, atualmente, essa não tem sido uma realidade. Muitos estão tendo de diversificar as atividades na área rural e ampliar os negócios para sobreviver. É o caso de Domingos Ferreira Rios, que desde pequeno acompanhava o pai nas colheitas de café na Fazenda Pernambuco, em Caputira, Minas Gerais. O sustento da família sempre veio da venda das sacas de café. Com o passar dos anos, os custos aumentaram e a família também. Somente a lida com o café não foi mais suficiente para manter a qualidade de vida. “Comecei com a produção de queijo em agosto de 2013. Tirávamos leite na fazenda e, precisando complementar a renda familiar, resolvi ampliar a atividade e abrir um minilaticínio”, conta Domingos. Para iniciar a produção, ele fez um curso oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). “Aprendi a fazer vários produtos e também descobri quais seriam mais rentáveis. 50

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Carlos Franco Silva

| Domingos Ferreira Rios fabrica 250 kg de queijo por mês


Marcílio Martins

| Produção de café na Fazenda Pernambuco, em Minas Gerais

Comecei produzindo queijo minas padrão e bebida láctea fermentada, depois incluí queijo frescal, morbier, doce de leite pastoso e pão de queijo”. Domingos relata que teve dificuldades na implantação da nova atividade. O negócio precisou de investimento em equipamentos e, estrutura para produção. No início produziu os queijos nas panelas e fogão que já tinha e, na medida em que os produtos foram sendo aceitos no mercado, ele foi ajustando um local próprio com equipamentos específicos para a fabricação. “Um dos momentos mais difíceis é quando você programa a produção de acordo com as vendas anteriores e não

consegue vender. Além disso, a burocracia e o preço dos selos da Vigilância Sanitária também dificultam muito o processo de registro para quem está começando”, afirma Domingos Rios. Atualmente, o produtor já tem um colaborador que o ajuda fabricação e, com isso, ele consegue manter uma regularidade nas vendas. “Apesar de estar indo bem com o laticínio, não posso abrir mão do café porque ainda é minha fonte principal de renda. Os produtos têm sido um bom complemento e, quem sabe, no futuro possam representar uma fatia maior do faturamento na propriedade”, anseia ele. Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Atualidades

Do gado de leite para o de corte Em Carmo da Mata, a 160 km de Belo Horizonte, João Edson de Souza passa por situação semelhante. O produtor, que há oito anos trabalhava com gado de leite, está migrando sua atividade para gado de corte. São cerca de 200 cabeças, entre bezerros e vacas, distribuídas em três fazendas na região, que João de Souza pretende negociar para a troca. Para ele, as principais dificuldades de se trabalhar com o gado de leite, atualmente, são a mão de obra cara e com pouca qualificação; custo alto de produção e preço baixo do leite; falta de acesso às tecnologias para o pequeno produtor, consequentemente concorrência desleal; e pouco incentivo do governo. Além do gado, ele tem outra fonte de renda que não está diretamente ligada ao campo. Há anos, o produtor escreve livros e já tem três registrados: Sabedoria Diária, Inspiração de um Camponês e Alcance. O último será lançado em julho. São cerca de cinco mil exemplares confeccionados para cada publicação e distribuídos nas livrarias e bancas de Belo Horizonte. João de Souza não escreve os livros como uma forma de vencer a crise. “Escrevo porque tenho um dom. Falo sobre sabedoria, justiça, honestidade, fidelidade, entre outros valores que para mim estão faltando na sociedade”, explica. Apesar disso, em tempos de crise, uma fonte de renda a mais é sempre bem-vinda. 52

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Sérgio Amzalak

| O pecuarista João Edson de Souza também é escritor


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Produto da vez Aumento da produção de azeite anima olivicultores Maria Helena Dias A expectativa de chegar a 2017 com uma produção de 400 mil litros de azeite extravirgem empolga os produtores da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assolive). O bom ânimo surgiu após o sucesso da última safra colhida em abril nos municípios da Serra da Mantiqueira (nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro) e circuito Estrada Real (MG), que aumentou 150% em relação ao ano anterior. De 10 mil litros de azeite em 2014, a produção alcançou 25 mil litros. O resultado surpreendeu até mesmo o presidente da associação, Nilton Caetano de Oliveira, que esperava chegar a 20 mil litros. Para 2016, a projeção é produzir 50 mil litros de azeite extravirgem. O número ainda é pequeno, quando comparado ao consumo anual de azeite no Brasil, que é de cerca de 70 mil toneladas. Entretanto, a produção nacional possui um viés mais gourmet, com enfoque gastronômico e destaca-se pela qualidade sensorial e frescor, uma vez que o intervalo entre extração, envase e chegada ao mercado consumidor é mais curto que o de azeites importados. A Assolive, que representa 45 produtores de 41 municípios da região da Mantiqueira, sabe que a briga com os importados será difícil. Para isso, a entidade busca conseguir um selo IG (Indicação 54

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Geográfica) para os produtos e elaborar um manual de Boas Práticas de Produção, para garantir maior competitividade. Samantha Mapa Epamig

| Moacir Nascimento e Maria de Lourdes Lenna estão satisfeitos com a primeira colheita na Estância dos Pinheiros, em Catas Altas da Noruega.

Primeira safra O aumento na produção de azeite de oliva é uma realidade para as olivicultoras Isabel Carneiro e Ângela Duvivier, que iniciaram o cultivo há cinco anos e, atualmente, têm uma área de 5.300 plantas em uma propriedade em Aiuruoca (MG). “Essa é nossa primeira


Erasmo Reis Epamig

safra para comercialização. No ano passado, extraímos apenas 25 litros e este ano chegamos a cerca de mil litros”. De acordo com Ângela Duvivier, a ideia surgiu de uma necessidade em reflorestar e manter uma reserva ambiental. “É maravilhoso produzirmos um produto precioso, que traz benefício a nossa saúde e ainda reflorestarmos com um lindo bosque de oliveiras a nossa propriedade”, ressalta. As olivicultoras comercializam essa primeira produção para restaurantes, chefs de cozinha e bistrôs. Além da região da Mantiqueira, o azeite está seguindo a rota da Estrada Real. Na Estância dos Pinheiros, em Catas Altas da Noruega, Moacir Nascimento e Maria de Lourdes Lenna iniciaram, em 2010, o plantio de três variedades de oliveira, em uma área inclinada, com altitude de 900 metros. “Este ano processamos azeite, pela primeira vez, em nossa máquina extratora, após cinco anos de cultivo”, comemoram. A primeira extração de azeite extravirgem nacional foi realizada em fevereiro de 2008, no Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Maria da Fé (MG), na Serra da Mantiqueira. A Epamig é pioneira em pesquisa agropecuária em olivicultura, já tendo desenvolvido tecnologias de cultivo, manejo, produção de mudas e extração de azeite, registrando também cultivares brasileiras de oliveiras: Maria da Fé, Grappolos e Ascolano.

Além das regiões da Serra da Mantiqueira e circuito Estrada Real, alguns municípios da região Sul do Brasil também estão envolvidos na produção do azeite extravirgem nacional.

Café com oliveira A novidade, apresentada no Campo Experimental da Epamig, é o cultivo de café e oliveira na Microrregião do Planalto de Araxá. De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura da Epamig, César Elias Botelho, ainda é cedo para afirmar quais as cultivares de café mais se adaptam ao clima e solo da região, porém, por meio da pesquisa realizada pela empresa, já é possível identificar as que apresentaram melhor adaptação. Em Araxá são estudados o comportamento de 10 cultivares de oliveira para avaliar a adaptação e a produtividade na microrregião. Para que seja confirmada como apta para a cultura da azeitona, a região deve apresentar no mínimo 200 horas acumuladas durante o ano com temperatura abaixo de 12 graus, pois o frio é um indutor floral desta cultura. O município de Tapira é um dos que oferece as condições climáticas mais próximas às adequadas ao cultivo de oliveira. O Campo Experimental de Araxá foi criado há cerca de quatro anos em parceria com a Associação dos Municípios da Microrregião do Planalto de Araxá (Ampla) e a Prefeitura Municipal. Outros municípios associados à Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Produto da vez Ampla e inseridos nas pesquisas são: Campos Altos, Ibiá, Medeiros, Pedrinópolis, Perdizes, Córrego Danta, Pratinha e Tapira.

Sérgio Amzalak

Importação Enquanto o país não é autossuficiente em azeite e azeitona, sem o produto para comercialização em escala - os plantios no país ainda são muito jovens -, a saída para abastecer o mercado é mesmo a importação. O Brasil compra azeite principalmente de países membros da União Europeia (EU): Portugal (57%); Espanha (25%); Argentina (9%); Itália (6%); Chile (2%); Grécia (1%) e demais países não pertencentes ao Bloco Europeu (Líbano, Marrocos e Tunísia, com 1% das importações). A AliMinas, atacadista que atende a supermercados, restaurantes e food service, Sérgio Amzalak

| Joel Machado, da AliMinas, reclama da burocracia na importação de azeite

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| A primeira produção de azeite nacional foi comercializada para restaurantes, chefs de cozinha e bistrôs, para uso na culinária

com loja na CeasaMinas Contagem, trabalha com dois tipos de azeite no atacado e varejo. Da argentina, importa o Villefrut, que vem da cidade de Bahia Blanca. Já o azeite português Casa Portuguesa é adquirido em São Paulo. Os produtos, de 500 ml, são repassados aos clientes, em sua maioria supermercados e empórios, com o preço reajustado em cerca de 30%. A burocracia e as dificuldades na importação são problemas enfrentados por quem vende o produto. “Para importar o azeite da Argentina há algumas restrições. Uma delas é que a quantidade mínima exigida para importação é de 26 barris de mil litros cada. Como a média de vendas de azeite pela AliMinas gira em torno de 8 barris, isso acaba gerando encalhe de mercadoria. Para não perder o produto, ele acaba sendo vendido por um preço bem abaixo do praticado


pelo mercado. O mesmo acontece na concorrência”, explicou o supervisor operacional da AliMinas, Joel Machado. Este ano, a AliMinas já registra queda nas vendas de azeite em comparação com o ano passado. “As vendas estão entre 12% e 16% menores. Este está sendo um ano mais difícil de mercado, um ano de recessão”, afirma. Ele acrescenta que os melhores meses de venda para o azeite são novembro e dezembro e período da quaresma. Em contrapartida, os meses de junho, julho e agosto são considerados os mais fracos.

Produção de azeite extravirgem nacional Região da Serra da Mantiqueira e Circuito Estrada Real: 40 municípios nos estados de MG, SP e RJ Olivicultores: 45 na Assolive Safra 2014: 80 toneladas de azeitona e 10 mil litros de azeite Safra 2015: superior a 200 toneladas de azeitona e 25 mil litros de azeite.

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Capacitação Doma racional ensina a amansar sem maltratar Curso surpreende alunos que ganham animais mais dóceis Lídia Salazar Depois de criar por 25 anos cavalos campolina e dar assistência nos principais haras do Brasil, Marco Antônio Chaves desenvolveu diversas técnicas de doma racional e criou o curso Doma Divina. A vida ao lado dos cavalos de diversas raças, mulas e éguas despertou no professor a habilidade de compreender a capacidade de cada animal e também a responsabilidade de repassar seu conhecimento para outros domadores.

“A maioria das pessoas que trabalham com a doma de cavalos adota métodos agressivos e de imposição ao animal. Não conhecem alternativas sem violência por não terem tido a oportunidade de estudar”, explica Marco Chaves. Há quatro anos, o domador ministra o curso Doma Divina em haras, fazendas e parques de exposições em todo o Brasil. A primeira parte do aprendizado é uma palestra para o aluno sobre a importância

| Marco Antônio Chaves, da Doma Divina, mostra a técnica de flexicionamento com o cavalo

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Divulgação

| Fernando Quintão já na etapa final do curso depois de amansar a mula

da mudança de hábitos e o relacionamento familiar, autoestima e comportamento diante do animal. Marco Antônio Chaves acredita que é preciso ter um bom relacionamento dentro de casa e conviver bem com as pessoas para, então, saber lidar com o animal. “O domador precisa confiar no trabalho que realiza e em sua capacidade, para transmitir essa confiança e ganhar o respeito do cavalo que está domando”, completa. Sistema nervoso A segunda fase, já com o animal, é a contenção sem uso de agressividade e o início de massagens nos pontos de ligamento do pescoço com a cabeça, trabalhando o sistema nervoso do cavalo, mula ou égua. “Depois

vamos para a fisioterapia com alongamentos na lateral do pescoço e nuca e, após o relaxamento total, ensino a fazer a troca de mãos, postando-se ao lado do animal com uma mão no cabresto e outra na cernelha”, conta. Após esse processo, monta-se no equino em pelo e repete a troca de mãos usando suavemente a rédea da focinheira e perna no antebraço do lado oposto. “Neste ponto é possível ver se está confirmada a aceitação e, então, iniciar um passeio a passo e no andamento natural do animal”. Os domadores que fazem o curso mudam de hábitos e passam a entender e a respeitar os limites do cavalo. Na Doma Divina não são usadas Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Capacitação

| O domador precisa transmitir confiança para ganhar o respeito do animal

| “Fiquei maravilhado com a forma de lidar com os cavalos, e isso foi o que me chamou mais a atenção”, disse Marco Meuer

esporas, chicotes ou pressão. A condição para evoluir é o tempo e o tratamento que é dado. “O mercado de trabalho da equideocultura moderna exige uma mão de obra qualificada para que os animais sejam dóceis sem nenhum trauma, com técnicas que foram estudadas durante anos para alcançar com eficácia a doma racional”, afirma. Marco André Meuer fez o curso da Doma Divina com sete cavalos no Rancho Santa Fé, em Goianá, Minas Gerais. “Durante cinco dias fiquei maravilhado com a forma de lidar com os cavalos, e isso foi o que me chamou mais a atenção”, conta Marco Meuer. Segundo ele, cada dia era feito um tipo de exercício com os cavalos. Em cada fase era testada a defesa de cada um e suas particularidades. “Tinha cavalo bravo, que não deixava colocar nem o cabresto. Todos ficaram mansinhos, sem pular e dar coice.

A Doma Divina relaxou os animais e eles se tornaram dóceis”, concluiu.

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Outra experiência Em Nova Era, a 140 km de Belo Horizonte, Fernando Quintão fez o curso com Marco Antônio Chaves em uma mula. “Foram dois dias em que consegui a confiança do bicho como se eu já estivesse com ele há mais de 30 dias”, conta. Impressionado com a eficácia das técnicas, Fernando Quintão enfatiza que o trabalho com mulas é mais difícil que em cavalos. A primeira surpresa com a doma foi que em 30 minutos de ensino já era possível montar no pelo do animal. “Quem lida com essa espécie sabe como é difícil montar no pelo. Um dos maiores benefícios foi a preservação da boca, porque o bicho te aceita sem você precisar ser violento. Não há necessidade de machucar o animal para domar”, afirma.


EM JULHO, O MAIOR EVENTO MANGALARGA MARCHADOR DO BRASIL, EM BELO HORIZONTE. AGUARDE

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Turismo

As delícias de São Tiago Quem gosta da tradição mineira de tomar um cafezinho com biscoito não pode deixar de ir ao município de São Tiago, a cerca de 200 km de Belo Horizonte. Uma ótima opção para levar os filhos no período de férias escolares. Lá, eles vão conhecer um pouco mais das histórias que fazem parte da Estrada Real e da Trilha dos Inconfidentes, além de experimentar as famosas torradinhas de queijo, alho, cebola, orégano, pimenta, pizza, parmesão e os biscoitos doces, como as rosquinhas de nata e os casadinhos. Quem passa por lá é sempre recebido calorosamente com um cafezinho e uma variedade de quitandas, feitas pelos próprios são-tiaguenses. A tradição veio quando o lugar, ainda arraial, era ponto de parada de tropeiros e viajantes que transitavam rumo ao Triângulo Mineiro e Goiás. Os comboios se hospedavam nas casas dos moradores e eram

servidos com mesas fartas e uma culinária riquíssima de forno e fogão. São Tiago fica bem próximo dos municípios de Tiradentes, Prados, Resende Costa e São João del-Rei. Com 63 anos, é rica historicamente por ter passado por períodos de transição, tendo sido distrito de São João del-Rei, depois de Bom Sucesso, para só em 1949 ser emancipada. Festival As crianças, e também os adultos, vão se encantar com a hospitalidade dos moradores e vão querer voltar para a festa que atrai turistas de todos os cantos do país, o Festival Café com Biscoito. O evento, que será realizado em setembro, torna conhecidas as tradições locais e a cultura regional. O reconhecimento é tanto que a produção dos quitutes cresceu e hoje existem mais de 40 fábricas de biscoitos na região.

Como chegar: A 200 km de Belo Horizonte. Partindo de Belo Horizonte, siga pela BR 381. Passará por São Joaquim de Bicas, Igarapé, Itaguara, depois entre na BR 494 (saída 620 da BR 381). Seguindo na BR 494, entre à direita na Rua José Gaudêncio Júnior, continue na Rua Bonfim até a Avenida Governador Magalhães. Fique atento às placas de sinalização.

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Prefeitura Municipal de São Tiago

| Festival do Café com Biscoito atrai visitantes de todos os cantos Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Gastronomia Flávia Fabíola flaram@hotmail.com

Bolo salgado de milho verde O milho verde é um ingrediente muito presente e marcante na culinária mineira, sendo usado em diversos pratos. Com ele podemos fazer várias sobremesas e pratos salgados. Resolvi escolher o milho para mais uma receita fácil e saborosa.

Ingredientes

Modo de preparo

3 ovos 2 ½ xícaras de farinha de trigo 1 ½ xícara de leite ½ xícara de óleo 1 colher de sopa de fermento em pó Sal a gosto 1 lata de milho 1 cenoura ralada 1 lata de atum Cheiro verde a gosto Azeitona fatiada a gosto Queijo parmesão ralado a gosto

Bata no liquidificador os ovos, leite, óleo, milho, farinha de trigo, sal e fermento em pó. Misture em um recipiente a cenoura ralada, azeitonas, atum e o cheiro verde. Misture com a massa batida no liquidificador e junte o queijo ralado. Coloque para assar em forno pré-aquecido a 200 graus por 40 minutos ou até dourar. Dica: Use o recheio de sua preferência.


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Campo motor Sucesso com Série-F Ford comemora as vendas de um dos caminhões mais tradicionais do mercado Com mais de 50 anos de presença no mercado, a Série-F possui a linha de caminhões de maior longevidade no mercado brasileiro. Sinônimo de robustez, durabilidade, resistência, confiabilidade, conforto e economia, a Série-F representou a Ford no segmento de caminhões durante anos e contribuiu para sedimentar a imagem da marca no mercado (“Pense Forte. Pense Ford”). Os modelos F-350 e F-4000 somaram mais de 170 mil veículos vendidos no país. Um ponto forte da série é o fato de que os proprietários dos modelos mantêm um lado emocional com os produtos, aumentando a fidelização à marca. Por ocasião da saída de mercado da Linha F, houve uma profunda insatisfação do mercado, que sempre pediu o seu retorno. A Ford optou por protelar o relançamento até que tivesse um novo carro. Em setembro de 2014, no lançamento, foram vendidos mais de 800 unidades em prévenda, tamanha era a demanda reprimida do modelo. Com a volta da Série-F ao Brasil, tanto para a F-350 como para a F-4000, um dos principais equipamentos é o Novo Motor Cummins de 150cv de potência que entrega melhor performance e maior economia de combustível. Além disso, os produtos trazem uma nova transmissão de 5 velocidades, que proporciona mais conforto ao dirigir. Como itens de série se destacam o ar condicionado 66

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para contribuir ainda mais com o conforto da cabine e freios ABS com EBD aumentado ainda mais a segurança dos ocupantes do veículo. Pontos Fortes Podemos destacar como os principais pontos fortes da Série-F: Posição de dirigir carlike - similar ao carro de passeio; Maior facilidade ao entrar e sair do veículo; Baixo nível de ruído interno; Teto baixo, desejado por aplicações específicas como eletricitários e aeroportuários; Especificamente em relação a F-350, o chassi é mais forte quando comparado à concorrência; Para o uso no agronegócio, é mais resistente do que a concorrência e possui menor custo de manutenção, maior valor de revenda, menor valor de seguro e maior rede de concessionárias.

Ford Caminhões A Forlan é a distribuidora que mais vende a marca Ford em Minas Gerais. Mas mais do que números de vendas e clientes, a Forlan também oferece qualidade de atendimento e excelência em seus serviços. Tanto é que em abril deste ano a Forlan Caminhões conquistou o certificado Serviço Total Caminhões (STC) da


Ford, que exige alto padrão de atendimento, instalações, processos e sistemas. Foram cinco anos trabalhando para conquistar o STC e, assim, mostrar o compromisso com o melhor atendimento, os melhores produtos, serviços de qualidade e um pós-venda impecável. A Forlan Caminhões fica na BR381, na saída para São Paulo, a 1 km do Carrefour Contagem, em Contagem, Minas Gerais.

Ford Caminhões no Brasil A primeira filial brasileira da Ford Caminhões abriu suas portas em 24 de abril de 1919 com um capital de U$ 25.000. A marca apostou em um país com grande capacidade de desenvolvimento e que havia se tornado uma república há apenas um pouco mais de 20 anos. O primeiro caminhão produzido no Brasil, em 1957, se chamava FORD F-600, com motor V8 e 167cv. Mais tarde, a Ford lançou a primeira picape brasileira, a F-100. Esses lançamentos contribuíram para o crescimento da marca, que em 1958 abriu em Osasco a fábrica de motores Ipiranga e a fundição da companhia. Foi lá que nasceu o primeiro caminhão com motor nacional à gasolina: o F-350. Em 1964, a Ford comemorou 100 mil caminhões fabricados no Brasil, um marco para a empresa! Depois disso, o crescimento foi exponencial. A inovação da Ford levou a empresa a inserir direção hidráulica e freio a ar no modelo F-750 e o motor a diesel nos modelos F400 e F-4000, além do terceiro eixo nos modelos F-7000 e FT-7000. Todas essas inovações levaram a Ford a inaugurar, em 1978, na cidade de Tatuí,

interior de São Paulo, o Campo de Provas e Centro de Desenvolvimento da Ford no Brasil. Foi lá que o Ford Traçado, F-22000 6x4, com câmbio de 5 marchas foi desenvolvido. Em 1980, a Ford se une com a Volkswagen e forma uma nova empresa, a Autolatina. Em 1990, a Ford alcança 1 milhão de veículos vendidos no Brasil, número que continua crescendo até hoje! Atualmente, a Ford tem uma das linhas de montagem mais flexíveis do mundo, com capacidade de montar um veículo a cada três minutos! E tods esses modelos produzidos você encontra na Forlan Caminhões, que tem orgulho de ser parceira Ford. Fonte: Marketing Grupo Jorlan BH

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Galeria Exposição Estadual Agropecuária Em junho, o Parque da Gameleira recebeu os principais representantes do agronegócio mineiro na 55ª Exposição Estadual Agropecuária. Além de apresentar cerca de 1.400 animais - 12 raças entre bovinos e equídeos -, o evento contou com os julgamentos de 800 cavalos das raças mangalarga marchador, árabe, campolina, jumento pêga, pampa, piquira e pônei brasileiro. No julgamento de pôneis, destaque para a campeã Pretinha, da Fazenda Inharé (Santa Cruz - RN), vendida logo após a premiação. No gir leiteiro, o grande campeão foi Gabarito Ávila, de 14 meses, o mais novo entre os concorrentes. A fêmea da raça girolando Atual Rhoeland, de 36 meses, de Sete Lagoas (MG), conquistou os prêmios nas categorias Três Anos Júnior e Úbere Jovem Fêmea ½ Sangue.

LEILÕES

Divulgação

Sérgio Amzalak

| O criador Omar Medeiros, da Fazenda Inhoré (RN), vendeu Pretinha para João Inácio Coelho, da Fazenda Tuyti (RS)

| MG possui o maior plantel de equídeos, com 758 mil animais, e é berço das raças mangalarga marchador, campolina e jumento pêga

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Os leilões movimentaram cerca de R$ 1 milhão durante a Exposição Agropecuária, com a venda de 101 lotes em três pregões. De acordo com os organizadores, foram comercializados 38 lotes da raça campolina marchador, que resultaram em R$ 350 mil, uma média de R$ 10 mil por animal. O leilão de pônei fechou em R$ 246 mil, com a comercialização de 35 lotes, média de R$ 7 mil por exemplar. O maior comprador foi o sertanejo Cesar Menotti. Já o leilão de jumento pêga ofereceu 28 lotes dos estados do Paraná, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Goiás, além de Minas Gerais, gerando negócios de R$ 377 mil, uma média de R$ 13,4 mil por animal. Destaque para o jumento pêga de Uberaba (MG), que teve metade da sua propriedade vendida no leilão por R$ 50 mil.


Sérgio Amzalak

| Renato Alves, presidente do Núcleo dos Criadores do Cavalo Campolina de BH, e Laila Ladeira

| Os criadores Silvia Lopes Durães e Marcos Michelini, do Haras Engenho Novo

| Mendelssohn de Vasconcelos, José Afonso Bicalho, Márcio Botelho, João Cruz Reis Filho e Luciano Ferraz

| Luiza Soares, Daniela, Liano e Leonardo Moreira, do Haras Amizade, em Esmeraldas

| Áurea Marques Gardingo e Luizinho Gardingo, do Haras São João

| Gilmar Goudard e Rodrigo Debossan, da Fazenda Paraíso, com a raça senepol, que fez sua estreia na exposição

| Antônio Lage, Helena Carneiro e José Luiz Santos, do Haras Aporã

| João Muzzi Filho e João Muzzi, da Fazenda Segredo, em noite de leilão na Gameleira Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Galeria CONVENÇÃO NACIONAL DO CAMPOLINA A cidade histórica de Tiradentes (MG) recebeu, em junho, a 8ª Convenção Nacional do Cavalo Campolina Marchador, encontro realizado pela Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Campolina (ABCCCampolina) e considerado o mais importante no calendário técnico da raça. O evento foi no Centro Cultural Yves Alves, no Sesi, e abordou tudo relacionado ao campolina e o esporte. Iniciação, adestramento, equipamentos e nutrição foram temas de palestras e aulas práticas. O presidente da ABCCCampolina, Luiz Roberto Horst Silveira Pinto, evidenciou o crescimento da raça e a busca de novos mercados explorando ainda mais a funcionalidade do cavalo campolina.

| A orientação sobre adestramento básico foi dada pelo professor Cristiano Gonzaga Jayme

Augusto Salles

| O professor Alexandre Augusto Gobesso, da USP, falou sobre a alimentação especial para os animais

| O professor Paulo Roberto Ribeiro ministrou o tema Selas e Embocaduras

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| O presidente da BCCCampolina, Luiz Roberto Horst Silveira Pinto, ressaltou o crescimento da raça

| O evento reuniu 65 criadores de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco


Galeria Leilão de girolando O 7º Grande Leilão Anual de Girolando da Fazenda do Riacho (Matozinhos – MG) foi realizado no final de maio, no restaurante Panela de Pedra, em Pedro Leopoldo. O evento foi considerado um sucesso absoluto, pois obteve 100% de liquidez - todos os lotes vendidos - e faturou R$ 1.462.200,00 com 214 fêmeas jovens girolando, distribuídas em 70 lotes, uma média de R$ 6.833,00 por animal.

| No leilão foram oferecidas ao público vacas jovens em início de lactação e novilhas prenhes

Sérgio Amzalak

| Adriano Paiva e Valentino Rizzioli, proprietário da Fazenda Pantanal

| O gerente da Fazenda do Riacho, Lúcio Machado, recebeu convidados de diversas regiões do país

| Arthur Souto Maior Filizzola e Mendelssoh de Vasconcelos não perderam nenhum lance

| Ana Carolina, Denise, Rogério e Mariana Teixeira, do restaurante Panela de Pedra

| Adauto Ribas e Roberto Zica, de Curvelo; Eduardo Lage, de Matozinhos; e Paulo César, de Santana de Pirapama Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Galeria Expo Curvelo 2015 A 72ª Exposição Agropecuária e Industrial de Curvelo e na 12ª Exposição Nacional do Guzerá, que movimentaram o Parque Antônio Ernesto de Salvo, em maio, registraram um crescimento de 20% em relação ao ano passado. Foram expostos cerca de 1.100 animais das raças mangalarga marchador, nelore, guzerá, gir e seus cruzamentos, de várias regiões do país. A presença de animais das raças sindi e senepol foram as grandes novidades. Nos vários leilões realizados, foram comercializados cerca de 3 mil bezerros de corte, um faturamento aproximado de R$ 4 milhões, valor 20% superior ao apurado em 2014. Em todo o evento, a Associação Mineira dos Criadores de Zebu (AMCZ) apurou uma movimentação em negócios em torno de R$ 15 milhões, mais que os R$ 12 milhões registrados em 2014. Sergio Amzalak

| A técnica agrícola Aline Silva Carvalho, gerente da Fazenda Estiva

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| O secretário de Agricultura de Minas Gerais, João Cruz Reis Filho, abriu os trabalhos na Expo Curvelo 2015


Sergio Amzalak

| Gustavo Pitangui de Salvo, Antônio Eustáquio Alves de Souza, o cantor Leonardo Chaves e Enir Gomes Barbosa

| Roberto Ribas, árbitro e presidente do Núcleo dos Criadores de Mangalarga de Curvelo

| Guzerá, uma das raças que se destacaram nos leilões | A raça senepol foi uma das novidades na exposição

| Apresentação de vacas da raça guzerá

| A raça gir e seus cruzamentos foram de grande peso na exposição Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Galeria Concurso em Divinópolis A 45ª Divinaexpo 2015, realizada no final de maio, no Parque de Exposições do Sindicato Rural de Divinópolis, teve como uma das atrações o concurso de marcha da raça campolina. Com a participação de sete municípios da região, o concurso contou com 50 cavalos, que chamaram a atenção pela evolução da qualidade dos animais. A exposição também contou com exemplares de muares, mangalarga marchador e quarto de milha. Divulgação

| A alta qualidade dos animais da raça campolina chamaram a atenção dos jurados

| Em desfile, num cavalo campolina, a princesa da Divinaexpo, Rafaela Cristina

| Helton Carneiro, Evando Lara, Eduardo Muzzi, Oswaldo Diniz, Tonhão Mendonça (homenageado), Fabiano Tolentino, Osmar Vaz, Gledson Carneiro e Denis Fagundes

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Divulgação

| Um dos destaques da Divinaexpo: a égua campeã de marcha

| Os criadores Helton Carneiro, Evando Lara, Denis Fagundes e Adelton Moraes acompanharam o julgamento dos animais

| O concurso da raça campolina foi acompanhado por criadores de todo o oeste mineiro Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Galeria Expo Barbacena 2015 O clima frio da cidade deu ainda mais charme a 48ª edição da Exposição Agropecuária de Barbacena, que reuniu, em maio, criadores de várias raças, em especial da campolina, que fez uma exposição considerada consagrada. A Exposição de Barbacena é uma previa da Semana Nacional do Cavalo Campolina Marchador, que será realizada em novembro. Com 250 animais em exposição, foi uma das mostras mais concorridas da raça, com criadores de diversas regiões dos pais, com destaque para Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Também foram julgados animais das raças holandesas e jersey, que participaram do Torneio Leiteiro.

| Paulo Mariotti, Norival Siqueira, Getulio Feres e Nelson Feres

Divulgação

| Carlos Plínio Siqueira, Joel Garcia e Mônica Castilho

| A beleza da raça campolina sendo apresentada em Barbacena

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FORÇA DO CAMPO Junho/Julho 2015

| Julgamento concorrido com a presença de animais de qualidade


Galeria Expo Pará de Minas 2015 Durante a Expo Pará de Minas 2015, em maio, que reuniu em uma das mais expressivas exposições da raça campolina cerca de 100 animais, foi realizado, no Patafufo Country Club, em Pará de Minas, o leilão de cavalos campolina, organizado pelo Haras Dona Flor, do criador Nelson Grassi Melo Franco. O leilão contou com a participação de criadores de várias regiões do país, como Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Distrito Federal, São Paulo, além de Minas Gerais. Os 42 lotes, que incluíram machos castrados, doadoras de embriões, potras e potros, além de óvulos de matrizes consagradas da tropa “Campeoníssima Nacional”, do Haras Dona Flor, foram vendidos a pouco mais de R$ 1 milhão, acima da média de R$ 25 mil. Cerca de 700 pessoas acompanharam o leilão.

| Foram oferecidos cerca de 100 cavalos da raça campolina

| O compradores arremataram machos castrados, doadoras de embriões, potras e potros, além de óvulos de matrizes consagradas da tropa “Campeoníssima Nacional” | Nelson Grossi, do Haras Dona Flor e família, durante o evento em Pará de Minas

| Mais de 700 pessoas acompanharam o leilão que contou com criadores de campolina de diversas partes do país

| Os 42 lotes foram arrematados por valor acima da média Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Galeria Quarto de milha do haras Imperial O leilão de cavalos da raça quarto de milha, realizado pelo Haras Imperial (Inhaúma – MG), no Mix Garden, em Belo Horizonte, no final de maio, foi encerrado com aplausos. Foram comercializados 86 animais, que geraram negócios de R$ 7,4 milhões. Sérgio Amzalak

| O Haras do Lay compareceu com a família reunida: Juliano, Cláudia e José Paulino Pires

| Rogério Araújo, André Costa e João Geo Filho

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| Cerca de 500 pessoas de várias partes do país participaram do leilão, que teve o preço médio por animal de R$ 117 mil


Sérgio Amzalak

| Rodrigo Gontijo, proprietário do Haras Imperial, homenageou alguns criadores

| Daniel Roberto, gerente do Haras Imperial, foi presença importante no leilão

| Rogério Araújo e Joyce Araújo, do Haras Geo, grandes compradores de quarto de milha

| Adriano Guimarães e João César Guimarães, do Rancho Veneza (BA), um dos grandes compradores do leilão, presenteando o filho com os animais

| Rafael Aguiar, Camila, Marcos e Malu Araújo, toda a família do Rancho Vale da Serra Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Bem viver Gabriela Araújo Caixeta gabriela@inspirarfazbem.com.br

A TRISTEZA POSITIVA E A TRISTEZA QUE PARALIZA No dia a dia é frequente ouvir as pessoas dizerem que estão deprimidas. Mas é raro encontrar alguém que de fato busque entender o que é a depressão e o que é a tristeza. Você sabia que tristeza é uma temperatura de cor, ou seja, uma emoção normal dentro do espectro de emoções-cores da vida? Sabia que ela é uma estação importante da nossa natureza? Já dizia Caetano: “A tristeza é senhora, desde que o samba é samba é assim. A lágrima clara sobre a pele escura. A noite e a chuva que cai lá fora...” Mas existe um abismo enorme entre tristeza e depressão. Todas as vezes que perdemos algo que nos é significativo, é normal sentir tristeza. Ela é um sentimento que nos permite perceber que uma mudança desagradável aconteceu. Sem ela não nos daríamos conta das transformações sobre as pessoas que amamos ou sobre as coisas que desejamos. Quando reconhecida e amparada, a tristeza fluida nos modifica internamente, faz amadurecer e crescer. Ela encerra e troca etapas 80

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“Quando reconhecida e amparada, a tristeza fluida nos modifica internamente, faz amadurecer e crescer. Ela encerra e troca etapas da vida.” pixabay.com


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da vida. Por isso é inteligente atualizar o paradigma “não se pode chorar” para “pode-se chorar, acolher-se, enxugar as lágrimas, aceitar-se e depois reerguer-se”. E como as águas de março que fecham o verão, ela nos liberta e nos ensina a sermos seres mais sensíveis e humildes. O sofrimento - compreendido com sabedoria - desenvolve o ser humano, por dentro e por fora. Sim, a tristeza é natural. E pede acolhimento e cuidado. Mas quando a tristeza não vai embora, e gera um desencanto sobre tudo ao redor, então a depressão pode estar presente. Diagnosticamos uma pessoa como deprimida quando ela apresenta vários sintomas após um considerável espaço de tempo. Se ela apresentar ausência de variações emocionais, de prazer, de capacidade de concentração ou produtividade, perda do apetite, insônia ou demasiada sonolência, fadiga, culpa excessiva e pensamentos negativos recorrentes, pode estar de fato deprimida (DSM-V, 2013). Depressão é a tristeza que não cede, paralisa e incapacita. E requer, sim, ajuda profissional, medicamento correto e atendimento psicoterápico adequado. O problema é que muitas pessoas vão sofrer em silêncio, sem jamais ousarem pedir ajuda. O pesquisador P.H.D. norte-americano Stephen Ilardi (TEDxEmory, 2013) nos lembra que trata-se de uma doença mundial. Afirma

que a baixa qualidade de vida, o estresse crônico e a conjectura urbana estimula o aumento da incidência mundial da depressão. “Nós nunca fomos projetados (nem geneticamente, nem biologicamente, e nem psicologicamente) para uma vida sedentária, urbana, socialmente isolada, baseada em uma alimentação fast-food, com alta privação de sono e marcada por ritmo hiperativo” (Ilardi, 2013). Então, para ele, se formos mais atenciosos com alguns comportamentos, além das intervenções medicamentosas e psicoterápicas, podemos diminuir esta realidade mundial. Os “comportamentos antidepressão” são ações que eram realizadas com frequência por nossos antepassados rurais: a prática regular de atividade física; o consumo significativo de ácidos graxos ômega-3; a exposição regular à luz do sol para organizar os ritmos circadianos do corpo; a rotina de sono saudável; a prática de atividades antirruminativas (atividades que não favorecem os pensamentos negativos e repetitivos mas, sim, engajamento com outras pessoas) e o encontro frequente com grupos de suporte social. Sim, comer melhor, suar, banhar-se de sol, dormir bem, não remoer, não ruminar ideias negativas e cultivar amizades trata e evita muitíssimo a depressão. (Ilardi, 2013) Melhor que isso só cafuné de avó! Ou “as águas de março fechando o verão...” Junho/Julho 2015 FORÇA DO CAMPO

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Causos do campo A sutileza do mineirim O mineirinho telefonou de madrugada para o patrão: - Alô, dotô Zé! Aqui é o Anésio, seu caseiro. Tudo bem aí, dotô? - Pô, Anésio! Isso é hora de ligar? - Disculpa aí, dotô! É qui aconteceu uns imprevistu aqui na fazenda, dotô, e aí tô ligando. - E o que foi dessa vez, Anésio? - Sabe o seu papagaio de estimação, dotô, o tagarela? - O que tem o tagarela, Anésio? - É que ele morreu, dotô. - O quê? Você tá brincando comigo, Anésio! O meu tagarela morreu? Como foi que isso aconteceu? - É que o tagarela intoxicô com fumaça, dotô. - Fumaça? Que m* de fumaça é essa, Anésio? - A fumaça é que o seu cavalo campeão, o furacão, num guentô e quebrou as perna, carregando as barrica d’água lá do açude até aqui em casa. - O meu furacão quebrou a pernas carregando água prá quê, Anésio? Vou ter que sacrificar o meu furacão? Você quer me matar do coração, Anésio? O que está acontecendo na minha fazenda? - Intão, dotô, é que nóis tava acendendo umas vela na sala e bateu um vento e uma delas incostô nas cortina, e aí aconteceu um começo de incêndio qui foi aumentando... - Incêndio? Que incêndio, Anésio? Para que acender velas, Anésio? Acabou a 82

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Burunga

luz? - Não, dotô Zé. É qui nóis tava fazendo os preparo pro velório... - O quê? Você está maluco, Anésio? Que conversa é essa, Anésio? Velório? - Intão, dotô Zé, é que a patrôa, a senhora sua mãe, passou por aqui de supetão prá almoçá, mas aí ela teve um infartu furminante mesmo, dotô, e meus pêsame, viu dotô.

O sucídio Mineiro respeitado cometeu suicídio. O compadre vai ao velório, desconsolo completo. Encosta na viúva e puxa assunto: “Onde se viu? Logo o compadre tão sério e ajuizado, fazer uma besteira dessas...” Viúva, chorando: “Pois é, pois é, quem podia esperar uma desgraça dessas?” Cumpadre: “O que ele bebeu, comadre? Formicida?” Comadre: Não, veneno de rato!” Compadre: “Bãããããõ, tamém!”


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