O MARAVILHOSO FEITICEIRO DE OZ LYMAN FRANK BAUM PATRÍCIA BORBA
Prepara-te para conhecer um Mundo Fascinante e desvendar os seus segredos… pode parecer um sítio imaginário, um lugar de ficção, mas lembra-te das minhas palavras, o que aqui vai acontecer é muito real… Preparado? Então aqui vai…
1
Dorothy vivia no Kansas, lá a sua casa era tão cinzenta e sem brilho quanto tudo o que a cercava. Apenas Toto, um pequeno cão, fazia Dorothy rir, evitando que ela se tornasse tão cinzenta como o que a rodeava. Naquele dia, Dorothy encontrava-se na soleira da porta com Toto. Vindo do norte distante ouviram o vento a gemer baixinho e viram a erva alta a ondular perante a tempestade que se aproximava: - VEM AÍ UM CICLONE! Então, aconteceu uma coisa muito estranha. A casa rodopiou duas ou três vezes, ergueu-se lentamente no ar, e foi levada para quilómetros e quilómetros de distância com tanta facilidade como se fosse uma pena. Apesar do baloiçar da casa e do uivar do vento, passados instantes Dorothy fechou os olhos e adormeceu.
2
Dorothy acordou com um choque repentino e forte, e reparou que a casa já não estava a mover. Correu até à porta e abriu-a… não conseguiu conter um grito de espanto ao olhar em volta para aquela paisagem maravilhosa, e estranha para uma menina que vivera muito tempo em pradarias secas e cinzentas. Reparou então que se aproximava um grupo das pessoas mais estranhas que alguma vez vira, que para além de virem todas vestidas de azul, traziam uns chapéus pontiagudos: - És bem-vinda, nobre feiticeira, ao país dos Munckins. Estamos-te muito agradecidos por teres morto a Bruxa Má do Este e libertado o nosso povo da servidão. - É muito amável, mas deve haver algum engano. Eu não matei ninguém. – respondeu Dorothy. - Mas de qualquer maneira a tua casa matou. – Olhou para a bruxa debaixo da casa e prosseguiu – Ela era tão velha que secou rapidamente ao sol. Este é o fim dela. Mas os sapatos de prata são teus, e podes usá-los, há um encantamento qualquer relacionado com eles; mas nós nunca soubemos qual era. - Podem-me ajudar a encontrar o meu caminho para casa? - Tens de partir para a cidade das Esmeraldas. Talvez Oz te possa ajudar. A estrada para lá está pavimentada por tijolos amarelos.
Depois de ter andado vários quilómetros, pensou que devia parar para descansar. Subiu para cima de uma vedação que se encontrava de um dos lados da estrada e sentou-se. Havia um enorme milheiral para lá da vedação, e não muito longe dali viu um Espantalho, enfiado numa estaca para manter os pássaros afastados do milho. Dorothy desceu da vedação e aproximou-se dele. - Bom dia! – disse o Espantalho. Como está? Eu não me estou a sentir muito bem porque é muito aborrecido estar aqui empoleirado, dia e noite, a espantar corvos. Sem me tirasse desta estaca, ficarlhe-ia muito agradecido.
Dorothy ficou intrigada ao ouvir um homem de palha a falar, mas estendeu os braços e levantou o boneco da estaca. - Como te chamas e para onde vais? – questionou o Espantalho. - Sou a Dorothy e vou para a Cidade Esmeralda, pedir ao grande Oz para me enviar para o Kansas. - Como sou feito de palha não tenho cérebro. Achas que se for contigo Oz me dará um cérebro? E assim foram juntos pela estrada dos tijolos amarelos.
Estavam os amigos a caminhar, quando ouviram um gemido profundo ali perto. Foram ver. Era um Lenhador completamente feito de Lata. Mas ele estava imobilizado. - Foste tu que gemeste? – perguntou Dorothy. - Sim fui eu. Estou a gemer à mais de um ano sem nunca ninguém vir em meu socorro. Podes-me trazer uma almotolia para me oleares as articulações? Estão tão enferrujadas que nem as consigo mexer. – E assim Dorothy fez. – Como é que apareceram aqui? - Vamos a caminho da Cidade de Esmeralda para ver o grande Oz. Eu quero que ele me envie de volta ao Kansas, e o Espantalho quer que ele lhe dê um cérebro. - Achas que Oz me daria um coração? - Acho que sim. Será tão fácil como dar um cérebro ao Espantalho. - Então vamos! – exclamou o Homem de Palha.
O caminho entrava agora por uma densa floresta. Ouviu-se um rugido terrível, e no instante seguinte um enorme leão saltou para a estrada. Este laçou o Espantalho a rodar para a berma da estrada, atingiu o Lenhador e abriu a boca para morder o cão. Dorothy, temendo por Toto, bateu no focinho da enorme fera: - Não te atrevas a morder o Toto! Devias ter vergonha, uma grande fera como tu a morder um pobre cãozinho! Não passas de um cobarde. - Eu sei – disse o Leão, baixando a cabeça envergonhado. – Sempre o soube, e a sua razão é um mistério. Mas como é que o posso evitar? - Nós vamos à procura do grande Oz: eu para pedir que me leve de volta ao Kansas, o Espantalho para pedir um cérbero e o Lenhador de Lata um coração. – disse Dorothy. - Acham que Oz me poderia dar coragem? – perguntou o Leão. - Serás muito bem-vindo na nossa viagem. – respondeu Dorothy.
Após um longo caminho percorrido, com várias adversidades pelo meio onde tiveram de demonstrar a sua inteligência, bondade e bravura, os amigos viram um belo brilho verde no céu mesmo à sua frente. - Aquela deve ser a Cidade Esmeralda – disse Dorothy. No fim da estrada de tijolos amarelos, encontrava-se um portão grande. Havia uma campainha ao lado do portão, e Dorothy premiu o botão. Perante eles, surgiu um homem baixo, todo de verde, e até a sua pele tinha uma tonalidade esverdeada.
- O que é que desejam da Cidade Esmeralda? - Viemos para ver o Grande Oz. – respondeu Dorothy. - Sou o Guardião dos Portões, e já que vocês me pedem para ver o Grande Oz, tenho de os levar até ao seu palácio. O Guardião dos Portões conduziu-os pelas ruas até chegarem a um edifício enorme, o palácio de Oz.
Os amigos entraram à vez na sala do trono para fazerem os seus pedidos, aos quais Oz respondeu: - Se querem ver os vossos desejos realizados, terão de o merecer. Se desejam que eu utilize o meu poder mágico, terão de matar a Bruxa Má do Oeste. Ficou assim decidido que os amigos iriam iniciar a sua viagem em busca da Bruxa no dia seguinte, para que os seus desejos se realizassem. De manhã bem cedo, começaram então a andar em direção a Oeste. Ao final do dia, já cansados de tanto andar, deitaram-se na relva a descansar. Ora, a Bruxa Má do Oeste só tinha um olho, mas esse era tão poderoso como um telescópio, ela podia ver tudo, e assim avistou os amigos. Estes estavam a uma grande distância, mas a Bruxa Má ficou muito zangada por os encontrar no seu país. Como tal tentou várias vezes destruí-los através da sua matilha de lobos, do seu bando de corvos, do seu enxame de abelhas negras, e dos seus escravos, os Winkies, contudo todas estas tentativas foram em vão. Os amigos conseguiram derrotar todos estes exércitos. A Bruxa viu-se agora obrigada a utilizar o seu último recurso, o seu chapéu dourado que permitia fazer um pedido aos Macacos Alados. Ordenou-lhes então que destruíssem os companheiros, e assim eles fizeram. Exceto a Dorothy e a Toto, pois Dorothy estava protegida pelo Poder do Bem, e os Macacos nada podiam atentar contra esse poder. A menina foi apenas levada para o palácio da Bruxa.
Nem a Bruxa Má do Oeste poderia atentar contra Dorothy, por esta estar protegida pelo Poder do Bem, então limitou-se a torna-la sua escrava. Dia após dia a menina se sentia mais triste e cansada de tratar das lides domésticas da Bruxa. E dia após dia, crescia na Bruxa a vontade de roubar os sapatos prateados de Dorothy, apoderando-se da sua magia. Uma tarde, a Bruxa conseguiu roubar um dos sapatos à menina. Isso deixou-a tão zangada que pegou num balde de água que se encontrava ali perto e atirou-o à mulher malvada, molhando-a dos pés à cabeça. A Bruxa soltou um grito de medo muito alto e depois, enquanto Dorothy a olhava admirada, começou a encolher e caiu. - Vê bem o que fizeste! – gritou – Dentro de um minuto vou ficar toda derretida e tu vais ficar com o palácio só para ti. Sempre fui muito malvada, mas nunca pensei que uma menina como tu alguma vez fosse capaz de me derreter e acabar com os meus feitos maléficos. Atenção… aí vou eu! Após a queda da Bruxa, Dorothy foi, com o auxílio dos Munkins, salvar os seus amigos.
Quando reunidos de novo, os amigos partiram para a Terra de Oz, para que o Feiticeiro cumprisse as suas promessas. Voltaram assim à sala do trono, mas desta vez todos juntos, e… acabaram por descobrir que afinal… Oz não passava de um intrujão. Era um homenzinho de Ohama que um dia subira a um balão que, tal como a casa de Dorothy, fora levado para muito longe. Oz tinha passado todo aquele tempo a enganar o seu povo com ilusões que o levava a acreditar no seu grande poder, e vivia amedrontado pelas Bruxas Más, dado que estas possuíam verdadeira magia. Por essa razão fez aquelas promessas aos amigos, para garantir que nunca mais teria de viver com medo. Contudo, mesmo tendo-se revelado um intrujão, os viajantes fizeram Oz prometer-lhes uma solução. No dia seguinte, o “feiticeiro” arranjou um cérebro de fardo para o Espantalho, que o fez sentir-se inteligente; um coração de seda e serradura para o Homem de Lata, que o fez sentir-se bondoso; e um líquido verde de coragem ao Leão, que o fez sentir-se corajoso. Todos estes desejos concedidos, não passavam de engodos, todavia, os três amigos passaram a sentir as qualidades que queriam em si. Como? Porque já as tinham, apenas não acreditavam ter.
O único que desejo que não conseguiu ser concedido foi o de Dorothy, o que levou a menina, acompanhada dos seus amigos, até ao país do Sul, para visitar Glinda, a Bruxa Boa do Sul. Foi ela que revelou a Dorothy o poder dos seus sapatos prateados, afinal ela podia ter voltado a casa no primeiro dia em que a sua casa tinha aterrado nestas terras, bastava ter batido com os seus sapatos três vezes um no outro, e dizer-lhes para onde queria ir. Sabendo deste poder, a menina despediu-se dos amigos, bateu com os sapatos e regressou alegremente a casa.
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