Semana Médica

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ARTRITE REUMATÓIDE

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

semana

nº622 • €1,99 • 15 a 28 de Abril 2011

www.semanamedica.com

Professor Mário Lopes SM entrevista o novo Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia

Também nesta edição

……………………… • Especial XXXII Congresso Português de Cardiologia • Workshop sobre dor crónica • Prémio Saúde da Pele 2011 ……………


ĂšNIC

O

Sulfato Sulfato d de eG Glucosamina lucosamina e m comprimido comprimido em

p por or dia d ia Dolenio Do l e nio

ÂŽ

aG Glucosamina luc osamina

m mais ais p prĂĄtica r ĂĄt ic a d de e ttomar omar R RESUMO E SUM O D DAS AS C CARACTERĂ?STICAS A R AC T E R Ă? S T I C A S D DO OM MEDICAMENTO E D I C A M E N TO N NOME OME D DO OM MEDICAMENTO E D I C A M E N TO D Dolenio o l enio 1 1178 178 m mg gC Comprimidos omprimidos rrevestidos e ve s t i d o s p por or p pelĂ­cula e lĂ­cula C COMPOSIĂ‡ĂƒO OMPOSIÇ ĂƒO QUALIQUALI TATIVA QUANTITATIVA Um e ve s t i d o p por or p pelĂ­cula elĂ­cula ccontĂŠm o ntĂŠ m 1 1884,60 8 8 4, 6 0 m mg gd de e ccloreto loreto ssĂłdico Ăł d i co d de e TA ATIVA E Q UANTITA ATIVA U m ccomprimido omprimido rrevestido ssulfato u l f a to d de eG Glucosamina l u co s a m i n a e equiva-lente qui v a - l e n t e a 1 1500 50 0 m mg gd de e ssulfato ulf ato d de eG Glucosamina lu cos amina o ou u1 1178 178 m mg gd de eG Glucosamina. l u co s a m i n a . EExcipiente: xc i p i e nte: 1 151 51 m mg gd de e SSĂłdio. Ăł d i o. F FORMA ORMA F FARMACĂŠUTICA A R M AC ĂŠ U T I C A C Comprimido omprimido rrevestido eve s t i d o p popelĂ­cula. o p e lĂ­cula . C Comprimidos o mp r imi d os b brancos r a n co s a q quase uas e b bracos, r a co s , o oblongos b l o n g os e b bi-convexos, i- convexos, ccom om u uma ma rranhura anhur a n num um d dos os llados. ados. A ranhura ranhura do do comprico m p r i m mido ido d destina-se es tina - s e u unicamente nicamente a ffacilitar acilitar a ssua ua d divisĂŁo, i v i s ĂŁ o, d de em modo odo a aajudar ju dar a d deglutição eglutição e nĂŁo nĂŁo a divisĂŁo divisĂŁo em em d doses oses iiguais. gu ais . CLĂ?NICAS e rap ĂŞ u t icas A AlĂ­vio lĂ­v io d dos os ssintomas into m as d daa o osteoartrose s te o ar tros e lligeira igeira a m modeode IINFORMAÇÕES N F O R M AÇ Ă• E S C LĂ? N I C A S IIndicaçþes n d i c a çþ e s tterapĂŞuticas do Posologia modo de ea administração dminist ração A Adultos: dultos: 1 ccomprimido omprimido p por or d dia. ia . A G Glucosamina l u co s a m i n a n nĂŁo ĂŁo rrada ada d o jjoelho. o e l h o. P osologia e m odo d e estĂĄ stĂĄ iindicada ndic a da n no o ttratamento r a t a m e nto d dos os ssintomas i nto m a s d daa d dor or aaguda. guda. O aalĂ­vio lĂ­ v i o d dos os ssintomas intomas ((principalmente principalmente o aalĂ­vio lĂ­ v i o d daa d dor) or) p pode o de n nĂŁo ĂŁo sser er o observado bser vado aatĂŠ tĂŠ aalgumas lgumas ssemanas emanas aapĂłs pĂłs o iinĂ­cio nĂ­ci o d do o ttratamento r a t a m e nto e e em m aalguns lguns ccasos, asos, aapĂłs p Ăłs u um m p perĂ­odo erĂ­o do d de e ttempo emp o m maior. aior. SSe en nĂŁo ĂŁo h houver ouver aalĂ­vio lĂ­ v i o d dos os ssintomas intomas aapĂłs pĂłs 22-3 3m meses, eses, o ttratamento r a t a m e nto p prolongado rolongado ccom om G Glucosamina l u co s a m i n a d deve eve sser er rreavaliado. e av a l i a d o . O Oss ccomprimidos o mp r imi d os p podem odem sser er ttomados o ma d os d durante urante aass rrefeiçþes e f e i çþ e s o ou u ffora ora d delas. e las . IInformação nf ormaç ĂŁo a adicional dicional e em mp populaçþes o p u l a çþ e s e especiais: speciais: IIdosos: d osos: N NĂŁo ĂŁo fforam oram rrealizados eali z a d os e estudos s tu d os e especĂ­ficos specĂ­ficos n nos os iidodo no entanto, de experiĂŞncia lĂ­ni c a n nĂŁo ĂŁo ĂŠ n necessĂĄrio e ce s s ĂĄ r i o u um m aajuste j u s te p posolĂłgico o s o l Ăł g i co n no o ttratamento r a t a m e nto ssos, os , n oe n t a n t o, d e aacordo cordo ccom om a e xperiĂŞncia cclĂ­nica d de ed doentes oentes iidosos, d os os , q que ue ssejam ejam ssaudĂĄveis. a u d ĂĄv e i s . C Crianças r i a n ça s e a adolescentes: dolescentes: D Dolenio o l enio n nĂŁo ĂŁo ĂŠ rrecomendado e co m e n d a d o e em m ccrianças r ian ç as e aadolescentes dolescentes ccom om iidade dade iinferior nferior a 1 18 8 aanos, n os , d devido evido Ă aausĂŞncia us ĂŞ n cia d de ed dados a d os d de e ssegurança e gur an ç a e e eficĂĄcia. ficĂĄcia. InsuficiĂŞncia InsuficiĂŞncia rrenal enal ee/ou /ou h hepĂĄtica: e p ĂĄ t i ca : N NĂŁo ĂŁo ĂŠ p possĂ­vel ossĂ­vel ffazer a zer u uma ma rrecomendação e co m e n d a ç ĂŁ o d de ed dose os e p para ar a d doentes oentes ccom om iinsuficiĂŞncia nsuficiĂŞncia rrena ena e e/ou /ou h hepĂĄtica, e p ĂĄti c a , u uma ma vvez ez q que ue n nĂŁo ĂŁo fforam or am e efectuados f e c tua d os e estudos s tu d os n nestes e s te s d doentes. o e nte s . C Contra-indicaçþes o nt ra - i n d i c a çþ e s D Dolenio o l enio n nĂŁo ĂŁo d deve eve sser er aadministrado d m inis t r a d o a d doentes oentes ccom om aalergia lergia aao om marisco, a r i s co, u uma ma vvez ez q que ue a ssubstância ubstância aactiva c ti v a ĂŠ o obtida bti da a p partir ar tir d de em marisco. a r i s co. H Hipersensibilidade ipersensibilidade Ă ssubstância ubstância aactiva c ti v a o ou uaq qualquer ual qu e r u um md dos os e excipientes. xc i p i e n t e s . C Crianças rianças aatĂŠ tĂŠ aaos os 2 aanos n os d de e iidade. d a d e. E Efeitos feitos iindesejĂĄveis n d e s e j ĂĄve i s O Oss e efeitos feitos iindesejĂĄveis n d e s e j ĂĄv e i s m mais ais ffrequentemente requentemente associados associados ao ao tratra ttamento amento ccom om G Glucosamina lucosamina ssĂŁo ĂŁo n nĂĄuseas, ĂĄus e as , d dor or aabdominal, bdominal, iindigestĂŁo, n d i g e s t ĂŁ o, o obstipação bs tip aç ĂŁo e d diarreia. iar re ia . A Adicionalmente, d i c i o n a lm e nte, ttambĂŠm ambĂŠm fforam or am d descritos escritos ccefaleias, efaleias, ccansaço, a n s a ço, e erupção rupção ccutânea, utânea, ccomichĂŁo omichĂŁo e rrubor. ubor. G Geralmente e r a lm e nte o oss e efeitos f e i to s iindesejĂĄveis ndesejĂĄveis rreportados epor tados ssĂŁo ĂŁo m moderados oderados e ttransitĂłrios. r a n s i tĂł r i o s . N Naa ttabela abela aao o llado, ado, ssĂŁo ĂŁo llistados istados ttodos o d os o oss e efeitos feitos aaddvversos e r s os d descritos e s c r i to s p por or cclasse lass e d de e ssistema is te m a d de orgĂŁos ≼1/10; ≼1/100 eo rgĂŁos e ffrequĂŞncia requĂŞncia ((muito muito ffrequentes r e q u e nte s ≼ 1/10; ffrequentes r e q u e nte s ≼ 1/10 0 a < <1/10; 1/10; p pouco ouco ffrequentes r e q u e nte s ≼ ≼1/1.000 1/1.0 0 0 a < <1/100; 1/10 0; rraros aros ≼ ≼1/10.000 1/10.0 0 0 a < <1/1.000; 1/1.0 0 0; m muito uito rraros aros < <1/10.000); 1/10.0 0 0); d desconhecie s co n h e c i d do o ((nĂŁo nĂŁo p pode ode sser er ccalculado alcula d o a p partir ar tir d dos os d dados a d os d disponĂ­veis). isponĂ­veis).

Classes Classes de sistemas sistemas de orgãos orgãos segundo a base base de de dados dados MedDRA MedDRA Doenças Doenças do sistema sistema nervoso nervoso Doenças Doenças respiratórias, respiratórias, mediastino ttoråcicas oråcicas e do do m ediastino Doenças D oenças gastrointestinais gastrointestinais

Frequentes Frequentes (≼1/100 a <1/10)

Pouco Pouco frequentes frequentes (≼1/1.000 (≼1/1.000 a <1/100) <1/100)

Cefaleias, Cefaleias, Cansaço Cansaço

D esconhecido ((nĂŁo nĂŁo Desconhecido p pode ode sser er ccalculado alculado partir a par tir dos dados disp disponĂ­veis) onĂ­veis)

-

TTonturas onturas

-

-

A sma / A sma Asma Asma ag gravada agravada

Nåuseas, Nåuseas, Dor Dor abdominal, abdominal, Indigestão, Indigestão, Diarreia, Diarreia, Obstipação

-

V Ăłmitos VĂłmitos

Afecçþes Afecçþes dos tecidos tecidos cutâneos e subcutâneas

-

Erupção cutânea, Prurido, Prurido, Rubor

Doenças Doenças do do metabolismo metabolismo e da nutr ição nutrição

-

-

P erturbaçþes ger ais Perturbaçþes gerais e alt eraçþes no local alteraçþes de administr ação administração

-

-

Angioedema Angioedema UrticĂĄria UrticĂĄria C ontrolo inadequado Controlo da Diabet es mellitus Diabetes HipercolesterolĂŠmia HipercolesterolĂŠmia Edema / Edema Edema Edema perifĂŠrico perifĂŠrico

de HipercolesterolÊmia, HipercolesterolÊmia, Asma Asma agravada agravada e controlo FForam oram rreportados epor tados casos casos de controlo inadequado ina d e qua d o no e ntanto, não não foi foi estabelecida estabelecida a causalidade. causalidade. Dolenio d i a b e te s m ellitus, no Dolenio pode pode provop r ovo daa D Diabetes mellitus, entanto, hepåticas e raramente raramente icterícia. i c te r í c i a . D oentes ccom ccar ar e levação das das enzimas enzimas hepåticas om D iabetes m e llitus elevação Doentes Diabetes mellitus g r av a - s e e m doentes doentes com com diabetes diabetes mellitus. mellitus. Frequência Frequência não O ccontrolo o nt r o l o d licÊmia aagrava-se não conhecida. co n h e c i d a . daa g glicÊmia em I n fo rma çþ e s a dicionais disponíveis disponíveis a pedido pediido | MSRM MSRM | Escalão Escalão de de Comparticipação Co m p a r t i c i p a ç ã o B Informaçþes adicionais B..

/ /DERUDWyULRV $]HYHGRV ,QG~VWULD )DUPDFrXWLFD 6 $ D E R U D W y U L R V $ ] H Y H G R V , Q G ~ V W U L D )D U P D F r X W L F D 6 $ 6 6HGH (VWUDGD 1DFLRQDO $OIUDJLGH $PDGRUD H G H ( V W U D G D 1 D F L R Q D O $ O I U D J L G H $ P D G R U D 6 6HUYLoRV &HQWUDLV (VWUDGD GD 4XLQWD 0DQLTXH GH %DL[R $OFDELGHFKH H U Y L o R V & H Q W U D L V ( V W U D G D G D 4 X L Q W D 0 D Q L T X H G H % D L [R $ O F D E L G H F K H 7 7HO ‡ )D[ ‡ ( PDLO D]HYHGRV#PDLO WHOHSDF SW H O ‡ ) D [ ‡ ( P D L O D ] H Y H G R V # P D L O W H O H S D F S W 0 0DWUtFXOD QD & 5 & GD $PDGRUD &RQWULEXLQWH Qž D W U t F X O D Q D & 5 & G D $ P D G R U D & R Q W U L E X L Q W H Qž ZZZ JUXSRD]HYHGRV FRP Z Z Z J U X S R D ] H Y H G R V F R P


RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO Nome do medicamento: Valdoxan® 25 mg comprimido revestido por película. Composição qualitativa e quantitativa: Cada comprimido revestido por película contém 25 mg de agomelatina. Excipiente: lactose monohidratada. Indicações terapêuticas: Tratamento de episódios de depressão major em adultos. Valdoxan é indicado em adultos. Posologia e modo de administração: A dose recomendada é 25 mg uma vez por dia tomado oralmente ao deitar. Após duas semanas de tratamento, se não houver melhoria dos sintomas, a dose pode ser aumentada para 50 mg uma vez por dia, isto é, dois comprimidos de 25 mg tomados ao deitar. Os doentes com depressão devem ser tratados por um período suficiente de pelo menos 6 meses para assegurar que ficam assintomáticos. Os comprimidos de Valdoxan podem ser tomados com ou sem alimentos. População pediátrica: A segurança e eficácia de Valdoxan em crianças com idade inferior a 18 anos não foram ainda estabelecidas. Não existem dados disponíveis. Idosos: Os dados clínicos disponíveis do uso de Valdoxan em idosos ≥ 65 anos, com episódio depressivo major, são limitados. Assim, a prescrição de Valdoxan, nestes doentes, deve ser feita com cuidado. Doentes com compromisso renal moderado ou grave: Os dados clínicos disponíveis do uso de Valdoxan em doentes deprimidos com compromisso renal moderado ou grave são limitados. Recomenda-se que a prescrição de Valdoxan, nestes doentes, seja cautelosa. Doentes com compromisso hepático: Valdoxan está contraindicado em doentes com compromisso hepático. Descontinuação do tratamento: Não é necessário efectuar desmame na descontinuação do tratamento. Modo de administração: Os comprimidos de Valdoxan podem ser tomados com ou sem alimentos. Contra-indicações: Hipersensibilidade à agomelatina ou a qualquer dos excipientes. Compromisso hepático (isto é cirrose ou doença hepática activa).Uso concomitante de inibidores potentes do CYP1A2 (por exemplo fluvoxamina, ciprofloxacina). Advertências e precauções especiais de utilização: Uso na população pediátrica: Valdoxan não é recomendado no tratamento da depressão em doentes com idade inferior a 18 anos dado que a segurança e eficácia do Valdoxan não foi estabelecida neste grupo etário. Uso nos idosos com demência: Valdoxan não deve ser usado para o tratamento de episódios depressivos graves em doentes idosos com demência. Mania/Hipomania: Valdoxan deve ser utilizado com precaução em doentes com uma história de mania ou hipomania e deve ser descontinuado se o doente desenvolver sintomas maníacos. Suicídio/pensamentos suicidas: Como durante as primeiras semanas ou mais de tratamento pode não se verificar qualquer melhoria, os doentes deverão ter uma vigilância mais rigorosa até que essa melhoria ocorra. De acordo com a prática clínica, em geral o risco de suicídio pode aumentar nas fases iniciais da recuperação. A terapêutica medicamentosa deverá ser acompanhada de uma supervisão rigorosa, em particular nos doentes de maior risco, especialmente na fase inicial do tratamento. Os doentes (e os prestadores de cuidados de saúde), devem ser alertados para a necessidade de monitorização relativamente a qualquer agravamento da sua situação clínica, pensamentos ou comportamentos suicidários e para procurar assistência médica imediatamente, caso estes ocorram. Associação com inibidores do CYP1A2: A associação com inibidores potentes do CYP1A2 é contra-indicada. A prescrição de Valdoxan com inibidores moderados do CYP1A2 (ex. propranolol) deve ser feita com cuidado pois pode resultar num aumento da exposição à agomelatina. Aumento das transaminases séricas: Em estudos clínicos foram observadas elevações das transaminases séricas (>3 vezes o limite superior do normal) em doentes com Valdoxan particularmente com a dose de 50 mg. Quando Valdoxan foi descontinuado nestes doentes, as transaminases séricas voltaram usualmente para os valores normais. Devem ser realizados testes de função hepática em todos os doentes: no início do tratamento, depois periodicamente isto é por volta das seis semanas (fim da fase aguda), das doze e vinte e quatro semanas (fim da fase de manutenção) e sempre que clinicamente indicado. Qualquer doente que apresente aumento das transaminases séricas deve repetir os testes da sua função hepática dentro de 48 horas. A terapêutica deve ser descontinuada se o aumento das transaminases séricas exceder 3X o limite superior do normal e devem ser realizados testes regulares à função hepática até que as transaminases séricas voltem ao normal. A terapêutica deve ser descontinuada se for observada icterícia. Valdoxan deve ser prescrito com precaução a doentes com obesidade/excesso de peso/doença esteatose hepática não alcoólica ou a doentes que consomem quantidades substanciais de álcool ou que estão a ser tratados com medicamentos associados a risco de afecção hepática. Intolerância à lactose: Valdoxan contém lactose. Os doentes com problemas hereditários raros de intolerância à galactose, a deficiência em lactase de Lapp ou má absorção de glucose-galactose, não devem tomar este medicamento. Interacções medicamentosas e outras formas de interacção: Interacções potenciais que afectam a agomelatina: A agomelatina é metabolisada pelo citocromo P450 1 A2 (CYP1A2) (90%) e pelo CYP2C9/19 (10%). Os medicamentos que interagem com estas isoenzimas podem diminuir ou aumentar a biodisponibilidade da agomelatina. Consequentemente, a co-administração de Valdoxan com inibidores potentes do CYP1A2 (por exemplo fluvoxamina, ciprofloxacina) é contraindicada. A associação da agomelatina com estrogénios (inibidores moderados do CYP1A2) resulta num múltiplo aumento da exposição à agomelatina. Deve ter-se cuidado na prescrição de agomelatina com outros inibidores moderados do CYP1A2 (ex. propranolol, grepafloxacina, enoxacina). Medicamentos que se ligam fortemente às proteínas plasmáticas: A agomelatina não modifica as concentrações livres de medicamentos que se ligam fortemente às proteínas plasmáticas ou vice versa. Não existe evidência de interacção farmacocinética ou farmacodinâmica com medicamentos que possam ser prescritos concomitantemente com Valdoxan na população alvo: benzodiazepinas, lítio e paroxetina, fluconasol e teofilina. Álcool: Não é aconselhável a combinação de Valdoxan com álcool. Terapêutica electroconvulsivante (TEC): Não existe experiência do uso concomitante de agomelatina com TEC. Fertilidade, gravidez e aleitamento: No que respeita à agomelatina, não existem dados clínicos sobre as gravidezes a ela expostas. Os estudos em animais não indicam quaisquer efeitos nefastos directos ou indirectos no que respeita à gravidez, ao desenvolvimento embrionário/fetal, parto ou ao desenvolvimento pós-natal. Este medicamento só deve ser receitado a mulheres grávidas com precaução. Não se conhece se a agomelatina é excretada no leite humano. Se o tratamento com Valdoxan for considerado necessário o aleitamento deve ser descontinuado. Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas: Não foram estudados os efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas. No entanto, considerando que as vertigens e sonolência são reacções adversas comums, os doentes devem ter em atenção a sua capacidade para conduzir veículos ou utilizar máquinas. Efeitos indesejáveis: As reacções adversas foram geralmente ligeiras ou moderadas e ocorreram durante as primeiras duas semanas de tratamento. As reacções adversas mais comuns foram náuseas e tonturas. Estas reacções adversas foram normalmente transitórias e não levaram, geralmente, à cessação da terapêutica. As reacções adversas estão listadas abaixo usando a seguinte convenção: Muito frequentes (≥1/10); frequentes (≥1/100, <1/10); pouco frequentes (≥1/1000, <1/100); raras (≥1/10000, <1/1000); muito raras (<1/10000), desconhecidas (não podem ser calculadas a partir dos dados disponíveis). As frequências não foram corrigidas para o placebo. Doenças do sistema nervoso: Frequentes: cefaleias, tonturas, sonolência, insónias, enxaquecas. Pouco frequentes: parestesias. Perturbações do foro psiquiátrico: Frequentes: ansiedade. Frequência desconhecida: Pensamentos ou comportamentos suicidários, Mania/hipomania. Estes sintomas podem também ser devido à doença subjacente, Agitação e sintomas relacionados (como irritabilidade e inquietação). Afecções oculares: Pouco frequentes: visão turva. Doenças gastrointestinais: Frequentes: náuseas, diarreia, obstipação, epigastralgias. Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneos: Frequentes: hiperhidrose. Pouco frequentes: eczema. Raros: erupção cutânea eritematosa. Frequência desconhecida: prurido. Afecções musculosqueléticas e dos tecidos conjuntivos: Frequentes: lombalgia. Perturbações gerais e alterações no local de administração: Frequentes: fadiga. Alterações hepato-biliares: Frequentes: aumentos (>3 vezes o limite superior do intervalo normal) da ALAT e/ou ASAT (isto é 1,1% com agomelatina 25/50 mg vs 0,7% com placebo). Raros: hepatite. Sobredosagem: A experiência de sobredosagem com agomelatina é limitada. A experiência com agomelatina em sobredosagem indica que tem sido reportado epigastralgia, sonolência, fadiga, agitação, ansiedade, tensão, tonturas, cianose ou mal-estar.. Não são conhecidos antídotos específicos para a agomelatina. A resolução da sobredosagem deve consistir no tratamento dos sintomas clínicos e monitorização de rotina. Recomenda-se o seguimento médico em local especializado. MSRM. Regime de comparticipação: Escalão C (RG: 37% - RE: 52%). Para mais informações deverá contactar o representante do titular da autorização de introdução no mercado: SERVIER PORTUGAL – Especialidades Farmacêuticas, Lda. Av. António Augusto de Aguiar, 128. 1069-133 LISBOA – Telefone: 213122000.

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Paula Esteves (Porto) Cátia Vicente (Coimbra) Fotógrafos Rui Velindro Colaboradores Manuel Azevedo (Porto) Bruno Pires (Coimbra) Sérgio Claro (Leiria) Nuno Jesus (Algarve) CONTACTOS E-mail: redaccao@semanamedica.com Tel. 21 358 43 03 Fax. 21 358 43 09 DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE Directora de Publicidade Fátima Lima

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sabilidade das declarações é inteiramente dos autores das mesmas e também que a informação acerca de fármacos é transmitida por laboratórios e órgãos oficiais.

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Novos rostos, novos desafios

A SEMANA MÉDICA tem parcerias com as seguintes estruturas da Saúde:

É com uma edição repleta de novidades clínicas que damos as boas-vindas à Primavera. O novo Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Professor Mário Lopes, lança as primeiras ideias para o mandato que agora inicia, numa edição que dedica várias páginas aos temas da Cardiologia – em particular ao recentemente realizado Congresso Português de Cardiologia –, e da hipertensão. Dermatologia, com destaque para a dermatite atópica e para a Dermatologia experimental, dor crónica, Urologia e Reumatologia, em particular a “emergência reumatológica” que a artrite reumatóide constitui, completam esta SEMANA MÉDICA.

Votos de uma excelente leitura.

Dr. Hernâni Caniço Especialista em Medicina Geral e Familiar

Dr. Jaime Pina Especialista em Pneumologia

Dr. Luís Serra Pinto Especialista em Cardiologia

Sociedade Portuguesa de Neonatologia

Dra. Margarida Gonçalo Especialista em Dermatologia e Venereologia

Prof. Rui Tato Marinho Especialista em Gastrenterologia

4

15 a 28 de Abril.11



Artigo do Dr. Josias Gyll

08

Actualidade Clínica

Flash Congresso Português de Cardiologia

10

Nacional Prémio Saúde da Pele 2011

12

Entrevista ao Prof. Mário Lopes

14

Abertura do Congresso Português de Cardiologia

15

Workshop sobre dor crónica

16

Encontro Nacional das USF

20 Actualidade Clínica

Simpósio do Congresso Português de Hipertensão

22

EAU decorreu em Viena

Internacional 26º Congresso da Associação Europeia de Urologia

26

Em Foco Diagnóstico e tratamento da artrite reumatóide

28

Actualidade Científica

6

Internacional

R&D Transplante de medula óssea com menor risco

34

Formação Aconselhamento em aleitamento materno

35

Medicamento Comissão Europeia aprova Baraclude®

36

Prática Clínica Artigo da SPDV

38

RX da Quinzena Os principais acontecimentos políticos e profissionais na área da Saúde

42

Update Sites, agenda e outras sugestões

44

Livros Propostas de leitura

46

Nutrição Meloa com vegetais

47

A SM esteve em Viena, na Áustria, para assistir ao 26º Congresso da Associação Europeia de Urologia (EAU). Este evento, que reúne anualmente os principais especialistas da comunidade médica da área da Urologia ao nível internacional, contou este ano com cerca de 15 mil participantes, oriundos de mais de 100 países.

P26

Actualidade Científica

Prática Clínica

Eczema atópico na criança O eczema atópico ou dermatite atópica é uma doença crónica de pele, recidivante, que ocorre em qualquer idade, mas com expressão clínica diferente consoante a fase da vida. É sobre esta patologia que versa o artigo de prática Clínica desta edição, com a chancela da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV).

P38

15 a 28 de Abril.11



A propósito do lll Congresso de Psiquiatria e de MGF

Dr. Josias Gyll Médico

1. “Entre o Normal e o Patológico”

A definição de normalidade é imprecisa, simplista, porque não é possível, no Ser Humano a viver a sua existência, determinar a fronteira entre o patológico e o normal

O conceito de “Normalidade e Patologia” deve ser recusado. A avaliação válida do Ser Humano só será possível se o pensarmos na sua dimensão holística – dimensão única e real do ser perturbável, perturbante e/ou perturbado, isto é, do ser Doente (com ou sem doença) - na sua globalidade biopsicossocial, espiritual, histórica e cultural, situado nos espaços e nos tempos desde o início da sua existência e condicionado pela Consciência Teleológica da Espécie contida no Ser-Humano considerado na sua dimensão universal, única e unívoca - conceito unificado e abrangente de todos os seres humanos. A definição de normalidade é imprecisa, simplista, porque não é possível, no Ser Humano a viver a sua existência, determinar a fronteira entre o patológico e o normal (definir é limitar), pelo que os conceitos são confusos ou incorrectos. A noção de “normalidade” não se distingue, por ligeireza, da de habitualidade e é patogénica, é uma normopatia, neurose conotada com a hipocondríase e outras fobias. O ser humano com a sua circunstância é os seus pensamentos e as suas emoções. 2. “Paradigmas do Corpo e da Mente” A noção de “mente” tem-na reduzido à substrutura corporal do Ser; se por um lado a mente e o corpo são referidos como identidades distintas, por outro tem-se confundido a mente com o cérebro ou com a neurofisiologia cerebral, ignorando-se que o cérebro é corpo, órgão, massa protoplásmica, materialidade metabólica e fisiológica. Não tenho dificuldades intelectuais em atribuír veracidade científica ao critério que considera a mente como “Processo Mental”, produto espiritual guardado no inconsciente do Ser Humano, psicodinamismo da essencialidade do Ser que age entre o Ser e o corpo (cérebro).

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XXXII Congresso Português de Cardiologia Fotos Rui Velindro

De 8 a 10 de Abril especialistas portugueses reuniram-se no Centro de Congressos de Lisboa para assistir às muitas mesas redondas, simpósios e conferências do XXXII

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Congresso Português de Cardiologia. O evento médico contou ainda com um momento cultural e uma vasta área de expositores da Indústria Farmacêutica.

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Prémio Saúde da Pele 2011

Trabalho de avaliação de produtos hidratantes distinguido A investigação sobre avaliação de produtos hidratantes, da autoria de uma equipa da Unidade de Dermatologia Experimental da Universidade Lusófona liderada pelo Professor Luís Monteiro Rodrigues, foi reconhecida com o Prémio Saúde da Pele 2011, atribuído pelo Fundo da Pele Vasenol.

Foto Antonb I Dreamstime

Por Vanessa Sena Sousa

Um estudo sobre a relação da sociedade portuguesa com os cuidados de saúde da pele indicou que 77 por cento dos portugueses nunca consultou um dermatologista e que 63 por cento não utilizava qualquer produto de hidratação da pele. Estas conclusões foram um dos estímulos para a criação do Fundo da Pele Vasenol. O Prémio Saúde da Pele 2011, que surge como uma primeira iniciativa de apoio à investigação dermatológica promovida pelo Fundo da Pele Vasenol, foi atribuído ao Coordenador da Unidade de Dermatologia Experimental da Universidade Lusófona, Prof. Luís Monteiro Rodrigues, e à Prof. Catarina Fialho Rosado, no III Congresso Nacional de Ciências Dermatocosméticas, que teve lugar dia 18 de Março em Lisboa. Em declarações à SM os especialistas explicaram que o seu trabalho de investigação, premiado com uma bolsa de três mil euros, teve como objectivo “caracterizar a acção produzida por um creme hidratante na função de barreira cutânea e na hidratação do estrato córneo através de duas abordagens que testam a barreira cutânea: a avaliação da rapidez de per-

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meação de uma molécula vasodilatadora e a avaliação da protecção conferida contra a agressão com laurisulfato de sódio (LSS)”. Esta forma de avaliação da eficácia de produtos hidratantes foi incitada pela “elevada prevalência de xerose”, uma das “patologias cutâneas minor mais frequentes” que aumentam “de incidência nos meses de Inverno ou Verão, quando a humidade ambiental é baixa e as temperaturas extremas” e se tornam “mais pronunciadas com o envelhecimento”, o que faz “dos produtos hidratantes uma das classes de cosméticos mais usados”. Para além destes, “que têm apenas esta função”, afirmam os investigadores, “a reivindicação de promotor da hidratação cutânea faz parte da rotulagem de muitas outras classes de produtos – desde os pro-

tectores solares até aos cosméticos de limpeza”. A abordagem utilizada pelos investigadores, diferente das que “recorrem a métodos que podem ser influenciados pela água contida nas formulações e que apenas produzem dados instantâneos”, permitiu concluir que “a aplicação repetida do produto testado causou, sobretudo, uma acção superficial, que se manifestou no aumento dos níveis de água do estrato córneo e que se encontra ligada aos diferentes componentes higroscópicos e oclusivos que o constituem”. A Prof. Catarina Fialho Rosado e o Prof. Luís Monteiro Rodrigues, também Presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Cosmetológicas, acrescentam ainda que “o facto de não se terem observado diferenças, através das metodologias que avaliam a competência da função de barreira, foi indicador da sua incapacidade em corrigir os desequilíbrios nos processos celulares da epiderme que levam ao aparecimento da pele seca, que são muito mais difíceis de conseguir”. O estudo permitiu também confirmar “a vantagem da aplicação de uma metodologia que desafia a resposta cutânea na caracterização da eficácia de um produto cosmético”.

Projecto social internacional No âmbito do Fundo da Pele Vasenol, desde 2009, foram envolvidos mais de 12 mil portugueses em rastreios de pele, oferecidas centenas de consultas dermatológicas, através da compra de produtos que activavam a oferta, e abrangidos cerca de cinco mil portadores de psoríase, com produtos da marca como auxiliares terapêuticos. Através de uma parceria com a União da Casa

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recta, a cerca de 250 mil doentes no País. Quanto ao trabalho de investigação premiado, a responsável salientou que “a tese vencedora centrou-se no tema Dermatologia Clínica e abordou de uma forma muito completa o processo de cicatrização da pele, apresentando factos, incluindo estudos clínicos e soluções”. Na sua opinião, este projecto reveste-se de “grande importância não só pelas conclusões científicas em si, mas porque demonstra a relevância do apoio a estas iniciativas”.

O estudo permitiu também confirmar “a vantagem da aplicação de uma metodologia que desafia a resposta cutânea na caracterização da eficácia de um produto cosmético”

Foto Rui Velindro

das Misericórdias, a Sociedade Portuguesa de Ciências Cognitivas e a Associação Portuguesa de Psoríase (PSO), o Fundo contribuiu para a criação de uma linha de apoio para doentes com psoríase. Segundo a Dra. Maria Oliveira, Skin Cleansing and Care Marketing Category Leader da Unilever Jerónimo Martins, o Fundo da Pele Vasenol “é uma iniciativa de carácter social internacional”, lançada em Maio de 2009, com o objectivo de “consciencializar os consumidores da importância do cuidado de saúde da pele” e melhorar a qualidade de vida de três milhões de pessoas com doenças cutâneas neste ano. Este é o “grande objectivo internacional”, “uma meta sem dúvida ambiciosa mas possível de alcançar”, avançou a responsável. Ajudar quem tem problemas específicos de pele, como a psoríase, eczemas graves, pele muito seca, entre outros, é também um dos objectivos deste projecto, sendo que a meta nacional consiste em apoiar 100 mil pessoas com problemas de pele em três anos. Através de uma parceria com a Associação Portuguesa de Psoríase (PSO), o Fundo da Pele conseguiu chegar, de uma forma indi-

A Dra. Maria Oliveira, do Fundo da Pele Vasenol, revelou à SM que a marca pretende continuar a apoiar o avanço científico na área da Dermatologia. “Quer seja nos moldes actuais quer de uma nova forma, o nosso objectivo continuará a ser a promoção de acções de desenvolvimento da área científica dermatológica em Portugal”, adiantou. em Dermatologia tem um vasto historial” em Portugal e “nomes importantes na clínica dermatológica” no Mundo.

Foto Rui Velindro

Dermatologia Experimental

A Prof.ª Catarina Fialho Rosado, da Unidade de Dermatologia Experimental, doutorada em Tecnologia Farmacêutica na Welsh School of Pharmacy, Cardiff University, no Reino Unido, é também consultora na área de avaliação de segurança de produtos cosméticos e de higiene corporal.

A equipa de investigadores da Unidade de Dermatologia Experimental, que se encontra integrada na CBIOS (Centro de Investigação em Ciências e Tecnologias da Saúde) da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Saúde da Universidade Lusófona, está neste momento a explorar outras áreas da Dermatologia Experimental e, de entre os projectos em curso, destaca “a utilização de nano-sistemas para encapsulação de fármacos para administração transdérmica, a celulose bacteriana como sistema para administração de fármacos ou a aplicabilidade dermocosmética de produtos vegetais”. Noutra perspectiva, os investigadores referem ainda projectos “que vêm estudando o comportamento da pele humana em certas patologias”, como por exemplo a obesidade, “de modo a melhor conhecer a sua fisiologia e fisiopatologia”. Segundo os agraciados, “a investigação

Bolsa de Saúde da Pele A Bolsa Saúde da Pele, atribuída através do Fundo da Pele Vasenol, é uma iniciativa de apoio à investigação dermatológica em Portugal. Nesta edição puderam concorrer trabalhos realizados no âmbito de dois temas – saúde comunitária e consumo (com incidência na caracterização sócio-demográfica e epidemiológica das populações, consumos ou outros, contribuindo para a promoção da saúde cutânea e para a prevenção da doença); ou Dermatologia Clínica, com incidência na caracterização e expressão clínica dos conceitos, atitudes e terapêuticas aplicadas às patologias (major e minor) em que os produtos tópicos cutâneos, incluindo os produtos cosméticos e de higiene corporal, desempenham um papel de interesse reconhecido.

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Entrevista ao novo Presidente da SPC

“As pessoas acreditam na nossa Sociedade” Continuar a desenvolver esta“importante Sociedade científica portuguesa” é a grande ambição do Professor Mário Lopes. À SEMANA MÉDICA, o novo Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) falou dos seus objectivos para o mandato que acaba de iniciar. Texto Vanessa Sena Sousa Fotos Rui Velindro

os efeitos menos positivos de algumas intervenções, de forma a que as pessoas tenham uma fonte credível de informação. É uma área que queremos muito desenvolver, utilizando inclusive as novas tecnologias de informação e comunicação que permitem este contacto muito mais directo do que antigamente, quando usávamos apenas tecnologias clássicas.

“Liderar é ser o rosto da Sociedade, porque as sociedades precisam de ter alguém a quem possamos responsabilizar quando as coisas não correm tão bem, mas é também ter o prazer de partilhar a descoberta do futuro”, afirmou o Professor Mário Lopes, expressando desta forma a sua visão do cargo que acaba de assumir na Sociedade Portuguesa de Cardiologia. O que o levou a assumir este desafio? É um desafio com certeza. Foi principalmente a oportunidade de realizar uma actividade que, em termos profissionais, é francamente compensadora e, por outro lado, a confiança dos colegas, que entenderam convidar-me para este lugar. Tem que ver com a carreira que já fiz na Sociedade e a oportunidade que se criou para eu ter chegado à presidência da direcção. [Assumir este desafio] faz parte da perspectiva de carreira profissional de um cardiologista académico, em Portugal. Por conseguinte, é um pouco a cúpula da nossa actividade; há a actividade universitária, há a actividade hospitalar, e depois, numa outra área, há a carreira, ou pelo menos as actividades ligadas às sociedades científicas, uma área muito importante e complementar das outras.

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Quais são os seus objectivos para este biénio? Os objectivos são continuar a desenvolver as actividades, que são múltiplas, que a Sociedade realiza, ao serviço dos profissionais, cardiologistas, outros médicos e outros membros da equipe de saúde, pois hoje em dia a actividade não é só feita por médicos. Por outro lado, também tencionamos desenvolver actividade junto do público – dos doentes, das suas famílias e do público em geral. As sociedades científicas hoje devem ter uma intervenção muito activa no esclarecimento das pessoas, porque muitas vezes algumas das informações que chegam são um pouco “temperadas” por objectivos de marketing, promocionais. Nós temos a obrigação de, tanto quanto é possível, sermos isentos, pelo menos de dar a informação adequada, equilibrada, sobre os avanços, sobre, muitas vezes,

O que significa para si liderar a Sociedade Portuguesa de Cardiologia? Liderar é ser mais um elemento numa equipe, numa equipe vasta. A nossa direcção tem nove elementos, depois há outros órgãos, há muitos grupos de estudo. Por conseguinte, liderar é ser o rosto da Sociedade, porque as sociedades precisam de ter alguém a quem possamos responsabilizar quando as coisas não correm tão bem, mas é também ter o prazer de partilhar a descoberta do futuro. O futuro acontece todos os dias, amanhã vai ser diferente de hoje e assim sucessivamente; e, nomeadamente neste momento um pouco complexo pelo qual o Mundo todo está a passar, e nós em particular, é exaltante e muito estimulante aquilo que podemos fazer, dentro de perspectivas realistas, como é óbvio. Nesse sentido, quais as suas expectativas? As minhas expectativas são que a Sociedade mantenha o elevado nível de intervenção profissional e junto do público que tem vindo a oferecer. As pessoas acreditam na nossa Sociedade, e espero que nós – não sou só eu, nós, a restante equipe – tenhamos a sensação de que estamos a cumprir os objectivos que atrás referi, que, ao fim e ao cabo, são a grande razão de continuarmos a tentar desenvolver esta importante Sociedade científica portuguesa. 15 a 28 de Abril.11


Abertura do Congresso Português de Cardiologia

No coração da Cardiologia “A arte de bem cuidar do coração” e a arte da música clássica deram as mãos no passado dia 8 de Abril para inaugurar o XXXII Congresso Português de Cardiologia. Texto Paula Ferreira Fernandes Fotos Rui Velindro

O Prof. Manuel Antunes destacou o facto de ter atingido o “clímax” da sua carreira ao presidir nos últimos anos à Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Foi ao som da Orquestra Clássica do Centro que o Professor Manuel Antunes, no momento ainda Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, deu as boas-vindas aos convidados, incluindo ao Presidente da Sociedade Europeia de Cardiologia, Prof. Michel Komajda, ao Director-Geral da Saúde, Dr. Francisco George, em representação da Ministra da Saúde, entre outras figuras re-

levantes da área médica e da sociedade portuguesa, que marcaram presença no maior evento português da especialidade. Com um programa diversificado e reconhecido pela sua importância, a edição de 2011 revestiu-se de maior número de créditos de qualidade do que o congresso antecessor, atribuídas pela entidade europeia responsável pela acreditação. De acordo

com o Prof. Manuel Antunes, que falou à SM antes da cerimónia inaugural, “o congresso está no topo do que de melhor se faz ao nível destes eventos de carácter científico”. “Os convidados internacionais constituem uma das mais-valias” deste encontro, sublinhou ainda o responsável pela organização do encontro. Os resumos, cinco centenas e meia, foram seleccionados, para cerca de dois terços, totalizando 121 comunicações orais e 235 cartazes apresentados. Já os congressistas acorreram em menor número: “esperámos um decréscimo de cerca de 10 por cento, num total de 1800 congressistas face aos 2000 do ano passado”. Este é um dos reflexos da situação nacional, que se estende aos resultados económicos da reunião. “Sabíamos que várias áreas da Indústria tinham reduzido drasticamente nos patrocínios. E sabemos que estes congressos são amplamente patrocinados pela Indústria Farmacêutica”, justifica o Prof. Manuel Antunes. De resto, “temos um bom programa e esperamos um bom congresso”, acrescentou sobre uma edição também marcada pelas eleições para Presidente-eleito, próxima direcção, direcção das associações especializadas, coordenações dos grupos de estudo e núcleos profissionais. O Presidente, que no dia 10 último deixou o mandato, destacou o facto de “ter atingido o clímax” da sua carreira “ao presidir nos últimos anos à Sociedade Portuguesa de Cardiologia”. O “coração” do Professor de Coimbra prepara-se agora para novos desafios.

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Impacto socioeconómico da dor crónica avaliado em estudo

Dor crónica tem de ser tratada A dor crónica afecta 30 por cento da população portuguesa, tem um impacto significativo na qualidade de vida e representa três mil milhões de euros de custos. Estas foram algumas das conclusões do workshop “Dor Crónica – O Impacto Socioeconómico”, que se realizou a 23 de Março, em Lisboa. Texto Vanessa Sena Sousa Fotos Rui Velindro

O evento contou com apresentações de diversos especialistas nacionais e com a moderação do jornalista Pedro Pinto. O workshop “Dor Crónica – O Impacto Socioeconómico”, que teve lugar no dia 23 de Março, no Hotel Vila Rica em Lisboa, contou com a participação de vários especialistas, entre os quais o Dr. Francisco George, Director-Geral da Saúde, o Professor Doutor José Castro Lopes, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o Professor Doutor José António Pereira da Silva, responsável do Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, e o Dr. Duarte Correia, Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor. O Director-Geral da Saúde sublinhou a actualidade do Programa Nacional de Controlo da Dor (PNLCD), que “tem feito o seu

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caminho” mas cujo conjunto de iniciativas previstas “não está completamente esgotado”. Como recordou, o PNLCD “tem como objectivos gerais reduzir a prevalência da dor não controlada”, assim como “melhorar a qualidade de vida dos doentes com dor e racionalizar os recursos que são necessários” para a controlar.

Mulheres mais afectadas Um estudo liderado pelo Professor José Castro Lopes, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e também Coordenador Científico do PNLCD, feito em todo o território português e contemplando 5100 entrevistas (inicialmente feitas por telefone), apurou

que 30 por cento da população “tinha dor que durava há pelo menos seis meses, que estava presente várias vezes por mês e tinha estado presente no último mês”. Na sua apresentação dos resultados do Estudo sobre a Prevalência da Dor em Portugal”, o Prof. José Castro Lopes salientou que a investigação se referiu à dor crónica e que, uma vez que “não há maneira de medir objectivamente a dor”, foi pedido às pessoas que classificassem a sua dor numa escala de zero a 10. O resultado foi que “quase metade daquelas pessoas que tinham dor crónica disse que a sua dor tinha uma intensidade igual ou superior a cinco, o que é entendido pelos padrões internacionais como dor moderada ou severa”. Em números, tal traduz-se em 1 milhão e 200 mil portugueses adultos com dor crónica moderada ou severa. Pelo estudo ficou também demonstrado que a dor crónica parece aumentar com a idade e tem uma maior prevalência no sexo feminino. “No grupo etário dos 50 aos 54 anos de idade, quase 40 por cento das mulheres tem dor crónica moderada a severa”, observou o prelector. A distribuição geográfica também é “curiosa”, apontou o Prof. José Castro Lopes. “Ao longo da faixa litoral, com excepção do Alentejo, a prevalência é inferior em relação ao Interior, com excepção do Vale do Tejo”, o que poderá ser explicado com “a idade da população, que será mais velha no interior do que no litoral” ou com o acesso aos cuidados de saúde, “que

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estão mais desenvolvidos no litoral do que no interior, à excepção do litoral alentejano”. As principais causas da dor crónica são as patologias músculo-esqueléticas, que “vêm claramente à frente”. Artrite ou artrose é a primeira causa, seguida de osteoporose, doenças nos discos vertebrais, patologias na coluna vertebral, entre outras. Numa segunda fase, feita através de entrevistas presenciais ou telefónicas, avaliou-se o impacto da dor na qualidade de vida, através do instrumento SF-36. “Podemos ver que a função física está grandemente afectada pela dor crónica, a vitalidade também”, assim como a própria dor e o estado geral de saúde, referiu o médico. “Quase todos os doentes têm limitações para actividades físicas mais intensas”, como levantar peso e praticar desportos, “quase três quartos tem limitações também para actividades de moderada exigência”, como arrastar uma mesa e aspirar a casa, cerca de 70 por cento “tem limitações em subir escadas” e acima dos 50 por cento referiram que “a dor interferiu de forma moderada ou grave na sua profissão”.

Custos elevados Utilizando como referência as tabelas oficiais praticadas pelo Serviço Nacional de Saúde, em consultas de profissionais de saúde cada doente com dor crónica gasta cerca de 250 euros por ano, o que perfaz um total anual de 610 milhões de euros. Também em termos de terapêutica farmacológica o gasto é considerável. “Quase 80 por cento estavam a tomar medicamentos”, assinalou o Professor. Analisando os custos com base nos dados do Infarmed, conclui-se que cada doente gasta cerca de 300 euros por ano, o que multiplicando pela população com dor crónica totaliza 730 milhões de euros, por ano. Em meios complementares de diagnós-

O Prof. José António Pereira da Silva apontou que “os médicos atribuem ao controlo da dor uma prioridade menor do que os doentes”

tico, os doentes com dor crónica despendem 275 milhões de euros por ano. Analisando a interferência da dor crónica na actividade profissional, verificouse que 11 por cento da população activa

NÚMEROS Perto de 50 por cento dos inquiridos considera que a sua dor interfere de forma moderada ou severa com as actividades domésticas Cerca de um terço referiu interferência da dor nas actividades de lazer Cerca de metade disse que a dor interferia com as actividades laborais Quase um terço das pessoas assume que a dor crónica interfere com o seu comportamento sexual Cerca de um terço queixou-se de interferência moderada ou severa com o sono e o descanso 30 por cento dos inquiridos admite que a dor influencia a sua capacidade de gozar ou sentir prazer na sua vida “sempre ou a maior parte do tempo” 17 por cento destas pessoas tinha um diagnóstico de depressão 4a5 número de vezes, por ano, que os doentes vão ao médico de família devido a dor crónica Cerca de 20 por cento consultam um médico particular ou um especialista

O Director-Geral da Saúde, Dr. Francisco George, sugeriu que, com o envelhecimento da população, devido ao aumento da esperança média de vida, se observassem “relações directas de imputação causal” para averiguar se o “prolongamento da vida tem uma interferência directa na dor”.

1 por cento dos doentes tinham ido a uma unidade de dor crónica

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farmacológicas, deslocações”, entre outros. “Somando tudo, dá 3 mil milhões de euros, o que corresponde a 1,7 por cento do PIB”, calculou o Prof. José Castro Lopes, salientando que este valor equivale à compra de sete submarinos, por ano. Não obstante, “apesar deste gasto brutal na dor crónica, quando perguntámos aos doentes se estavam satisfeitos com o tratamento, mais de um terço disse que não”, avançou o Professor, que alerta: “estamos a gastar muito dinheiro e se calhar não estamos a gastar o dinheiro da forma mais correcta”.

Dor é nuclear

“A dor não é importante só porque traduz doença não controlada mas sobretudo porque o doente está a sofrer”, explicou o Prof. Dr. José António Pereira da Silva, já que “a nobreza da Medicina não reside em curar a doença mas em mitigar o sofrimento que ela causa”. tinha perdido o emprego por causa da dor crónica, 9 por cento tinha solicitado baixa prolongada, 6 por cento teve de alterar as funções dentro do próprio emprego, 1 por cento mudou de emprego e percentagem igual de doentes requereu mesmo reforma antecipada. Quanto à população inactiva, número que o orador considerou “muito marcante”, 35 por cento pediram reforma antecipada por causa da dor crónica. “Portanto, mais de um terço dos reformados que entrevistamos tinham-se aposentado antecipadamente por causa da dor crónica”, assinalou o prelector. Fazendo as contas, considerando factores como a remuneração média mensal, o número de dias perdidos por ano, entre outros, os custos perfazem “610 milhões de euros pelo absentismo e 980 milhões de euros com as reformas antecipadas”. O total de custos directos é de 1,6 milhões de euros e o de custos indirectos 1,4 milhões. No entanto, não estão contemplados nestas cifras “gastos com terapêuticas não

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A quantidade de prescrições e de consumo de medicamentos, representados pelos quatro milhões de receitas de antiinflamatórios a cada trimestre e pelos 14 a 16 milhões de receitas de anti-inflamatórios não esteróides por ano, nos últimos três anos em Portugal, são um indicador, de que “há, de facto, muita dor em Portugal”. Quem o afirma é o Professor Doutor José António Pereira da Silva, responsável do Serviço de Reumatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que apresentou um estudo nacional, por que foi responsável, sobre as perspectivas de médicos reumatologistas e doentes. Neste estudo foram incluídos 1870 doentes, dos quais quase 80 por cento eram mulheres, com uma idade média de 57 anos, nível médio de educação de sete anos e um nível médio de SF-36, estado de saúde mental e de dor corporal “bastante baixo” (53 numa escala de 0 a 100). Participaram também 56 profissionais, cerca de 50 por cento do total de reumatologistas portugueses. “Um dos objectivos fundamentais deste estudo era perguntar aos doentes onde é que mais gostariam de ver progresso na sua situação de saúde”, explicou o prelector.

(40 e 45 por cento respectivamente). De notar que “70 por cento dos doentes elegeram dor quando apenas 55 por cento do médicos entendiam que era na dor que eles estavam menos satisfeitos com o apoio que podiam dar aos doentes”, continuou o Prof. José Pereira da Silva. “Pelo contrário, por exemplo, os médicos tinham um grande nível de preocupação com a capacidade de trabalho, o que não pareceu ser uma preocupação especial para o doente”. “Da mesma maneira, as tarefas domésticas pareciam ter um nível mais elevado de prioridade aos olhos dos médicos do que dos doentes; pelo contrário, o médico, habituado a pensar na artrose como sendo sobretudo da coluna e dos joelhos, não dava grande importância nestes doentes à questão da função das mãos e dos braços, enquanto que os doentes se mostram francamente insatisfeitos com esta dimensão”, observou o prelector. Assim, o especialista concluiu: “É preciso diminuir a dor para diminuir o absentismo e o uso de cuidados de saúde, para melhorar a qualidade do sono, o estado

Médicos e doentes divergem Utilizando uma escala com 12 dimensões variadas, nas quais cada doente podia escolher três em que mais gostaria de ver progresso, “Dor do reumatismo” foi a mais escolhida (70 por cento), seguida de “andar e curvar-se” e “função das mãos e dos braços”

O Prof. José Castro Lopes assinalou que “a maior parte dos doentes tem dor crónica há muitos anos, a mediana são 10 anos, e há doentes que dizem que têm dor crónica há mais de 50 anos”.

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emocional, o bem-estar, a qualidade de vida. Sem diminuir a dor dificilmente atingimos muitos outros objectivos, fundamentais para a qualidade de vida e produtividade do doente”.

Barreiras ao tratamento De acordo com o Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), Dr. Duarte Correia, 50 por cento das consultas médicas têm como causa

“Apesar deste gasto brutal na dor crónica, quando perguntámos aos doentes se estavam satisfeitos com o tratamento, mais de um terço disse que não”, avançou o Professor [José Castro Lopes], que alerta: “estamos a gastar muito dinheiro e se calhar não estamos a gastar o dinheiro da forma mais correcta”

O Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor, Dr. Duarte Correia, salientou que a educação para a dor é um pré-requisito essencial para os profissionais de saúde, de modo a que haja sucesso no tratamento. a dor e 65 por cento dos doentes são observados por dois médicos, sendo 70 por cento destes clínicos gerais. O prelector salientou na sua apresentação que 25 por cento dos doentes afirmam que “o médico raramente avalia a dor”, sendo que um em cada 10 pacientes são avaliados através de escalas; um terço acredita que o seu médico não

CONCLUSÕES Os participantes reuniram-se em mesas de trabalho auxiliados por uma tecnologia facilitadora de sessões de trabalho. Após momentos de brainstorming para formulação de respostas para quatro perguntas colocadas, os especialistas digitaram as conclusões, que o sistema reuniu em dois ecrãs disponíveis para um debate entre todas as mesas. Quando questionados sobre a explicação para a prevalência da dor crónica no País, os participantes concluíram que a “dificuldade de os profissionais aceitarem a avaliação da dor como instrumento para a tomada da decisão terapêutica”, a “falta de formação específica na área da dor e falta de formação dos profissionais quanto ao alcance, riscos e limitações dos analgésicos mais potentes”, a “falta de uma rede de referenciação” e a própria “desvalorização” do fenómeno da dor foram algumas das respostas. Os especialistas foram também convidados a propor iniciativas, a desencadear ou fomentar pelo Serviço Nacional de Saúde, que contribuíssem para a diminuição do impacto económico associado à dor crónica. “Melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde” e “criar uma rede de referenciação” foram duas das sugestões, assim como a “promoção de estilos de vida saudáveis” e do “active aging”. A elaboração de guidelines foi igualmente sugerida.

sabe como controlar a dor, dois terços afirmam que “o controlo da dor é inadequado” e dois quintos pedem medicamentos mais potentes. Segundo o prelector, as principais barreiras ao tratamento da dor são os profissionais de saúde, por subestimarem os problemas relativos à dor; e os próprios doentes, pela falta de conhecimentos e conceitos errados e também por aceitarem a dor como parte da sua existência. O tratamento da dor, segundo o Dr. Duarte Correia, “é um direito e um dever”. Nesse sentido, a APED propõe, a par de várias outras propostas, critérios de acesso à competência em Medicina da Dor, que devem consistir numa formação teórica de pós-graduação e numa formação prática de 1200 horas em 18 meses, numa unidade de dor. “A dor crónica tem que ser debatida”, foi uma das considerações finais deixadas pelo Dr. Duarte Correia, presidente de uma das várias instituições que subscreveu a Declaração de Montreal, pelo reconhecimento do acesso ao tratamento da dor como um direito humano fundamental.

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Encontro Nacional das USF

Presenças de peso

Reforma dos CSP analisada pelos profissionais

A Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge, esteve também presente, na cerimónia de encerramento, num evento que, como já vem sendo hábito, contou com a participação de políticos e dirigentes dos CSP ao mais alto nível. O Dr. Vítor Ramos, responsável máximo da Coordenação Estratégica para os CSP, e o Prof. Constantino Sakellarides, Director da Escola Nacional de Saúde Pública e Ex-coordenador do Grupo Consultivo para a Reforma dos Cuidados de Saúde Primários, foram prelectores do Encontro. Na ocasião, a governante reconheceu como peças fundamentais da reforma dos CSP o novo modelo de governação, que permitirá criar novas USF, a autonomia administrativa, a descentralização, a contratualização e a avaliação. Também durante a cerimónia de encerramento o Dr. Bernardo Vilas Boas reconheceu o “muito” que a tutela tem feito em prol da reforma dos CSP, mas salientou que “muito está por fazer e é necessário fazer” para garantir a sua continuidade e sucesso. O 4.º Encontro das USF já está agendado para 2012 e terá lugar na cidade de Guimarães.

Por Vanessa Sena Sousa

Foto Rui Velindro

dinado ao tema “Motivar, inovar, projectar”, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, salientou que os cuidados de saúde primários (CSP) continuam a ser uma prioridade de acção para o Ministério da Saúde e que se não fossem as USF “mais de 400

O Presidente da USF-AN, Dr. Bernardo Vilas Boas, reconheceu que “muito tem sido realizado ao nível da Administração e do Ministério, mas muito está por fazer e é necessário fazer”. As participações superaram as expectativas da organização do 3.º Encontro Nacional das Unidades de Saúde Familiar, que contou com a presença de cerca de 1200 profissionais de saúde para “partilhar novas experiências e aprender novas práticas que permitirão melhorar a sua formação e contribuir para um melhor serviço das USF”, afirmou o Presidente da Unidades de Saúde Familiar – Associação Nacional (USF-AN), Dr. Bernardo Vilas Boas. Na cerimónia de abertura do Encontro, que se realizou no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz, subor-

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A Ministra da Saúde, Dra. Ana Jorge, esteve também presente, na cerimónia de encerramento, num evento que, como já vem sendo hábito, contou com a participação de políticos e dirigentes dos CSP ao mais alto nível

mil portugueses estariam sem médico de família”. O responsável assegurou também que, até ao final de 2011, estarão em funcionamento em Portugal perto de 350 USF. A reforma dos CSP consolida-se, “sendo o próximo passo a descentralização dos Aces [agrupamentos de centros de saúde], uma área mais complexa mas que tem de ser trabalhada com afinco, para podermos continuar a progredir”, adiantou ainda o político.

Foto Rui Velindro

O 3.º Encontro Nacional das USF reuniu cerca de 1200 profissionais de saúde, nos dias 25 e 26 de Fevereiro, na Figueira da Foz. Na cerimónia de abertura, o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, assegurou que até ao final do ano estarão em funcionamento mais de 300 unidades de saúde familiar (USF) no País.

O Secretário de Estado Manuel Pizarro salientou que os cuidados de saúde primários continuam a ser uma prioridade de acção para o Ministério da Saúde.

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Participaram neste simpósio o Professor Doutor Luís Martins, a Professora Doutora Serap Erdine, o Professor Doutor Jorge Polónia e o Dr. José Nazaré.

Simpósio Jaba Recordati no 5.º Congresso Português de Hipertensão

Controlar a hipertensão: quanto mais cedo melhor No âmbito do 5.º Congresso Português de Hipertensão, que decorreu no passado dia 19 de Fevereiro, realizou-se um simpósio organizado pela Jaba Recordati. O encontro teve como objectivo apresentar os benefícios da combinação fixa lercanidipina + enalapril para doentes hipertensos. Texto Vanessa Sena Sousa Texto Rui Velindro

“Da evidência científica à prática clínica” foi o título do Simpósio Jaba Recordati, que se realizou em Vilamoura, dia 19, por ocasião do 5.º Congresso Português de Hipertensão. O evento contou com a participação do Professor Doutor Luís Martins, da Professora Doutora Serap Erdine, do Professor Doutor Jorge Polónia e do Dr. José Nazaré. Ao Prof. Luís Martins, Director do Serviço de Cardiologia do Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira, coube fazer a abertura dos trabalhos e apresentar as conclusões. O especialista começou por abordar

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a questão do aumento dos custos em Saúde. “O crescimento das despesas de Saúde é provavelmente uma das maiores pressões no orçamento de qualquer Governo”, frisou o Prof. Luís Martins, apresentando em seguida alguns dados estatísticos ilustrativos. De acordo com o prelector, em todos os países analisados no último relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), as despesas totais da Saúde aumentaram a um ritmo muito superior ao crescimento económico. Portugal não é excepção, gastando 9,9 por cento do seu produto interno

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bruto (PIB) em Saúde, acima da média europeia. E, na opinião do Professor, tendo em conta o envelhecimento da população, a evolução das tecnologias aplicáveis à Saúde e das expectativas dos cidadãos, “aquilo que nos espera é claramente passar a gastar mais ainda”. Esta problemática relaciona-se intimamente com uma outra – a dos gastos em medicamentos, especialmente importante neste campo da Medicina, dado que os anti-hipertensores representam a “maior fatia” da despesa global com fármacos. Neste particular, o Prof. Luís Martins salienta que “os gastos [com medicamentos em Portugal] não vão para além da média, de acordo com os últimos dados da Organização Mundial de Saúde”.

O paradoxo da hipertensão Tendo sido “um dos maiores progressos das últimas décadas”, graças ao aparecimento de “excelentes fármacos”, e sendo “uma doença que é muito fácil de diagnosticar”, a hipertensão continua a representar um paradoxo, afirma o cardiologista. Isto porque “a principal causa de morte em Portugal é o acidente vas-

O Dr. José Nazaré, Presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, apresentou três casos clínicos de doentes que podem beneficiar do tratamento com a associação lercanidipina + enalapril.

cular cerebral e a segunda é o enfarte do miocárdio”, além disso “temos fármacos que controlam a tensão, mas não a temos controlada”. “O tratamento é fácil, mas estamos a executá-lo mal e temos de assumir a nossa quota-parte nesta questão, porque também temos aqui alguma responsabilidade”, afirmou. Um dos principais problemas continua a ser a difícil adesão dos doentes à terapêutica. “Os doentes abandonam os fár-

“É possível utilizar fármacos com mais efeitos, tendo menos doses e menos efeitos colaterais, e é este o princípio essencial da farmacologia em termos da combinação ou da combinação fixa”, salientou o Prof. Luís Martins macos, todos nós sabemos, e abandonam os fármacos em monoterapia fundamentalmente”, acrescentou. De acordo com o prelector, “66 por cento dos doentes descontinuam a sua terapêutica ou mudam para outras terapêuticas”, fenómeno que tem como principais drivers os efeitos colaterais e, algumas vezes, o controlo inadequado da pressão arterial. A solução, assunto que foi discutido ao longo do simpósio por todos os especialistas participantes, passa pela associação de fármacos que permitam diminuir os efeitos secundários e simultaneamente aumentar o efeito terapêutico. Além disso, as estatísticas mostram que, no caso das associações, a adesão ao tratamento é claramente melhor. O Prof. Luís Martins apresentou resultados de vários estudos, como a metanálise de Law, o LIFE e o ACCOMPLISH, que corroboram estas te-

“A associação lercanidipina + enalapril constitui uma mais-valia muito importante hoje em dia”, afirma o Prof. Polónia, justificando que “se conseguirmos obter os mesmos benefícios com custos mais baixos, acho que, como médicos, podemos ter perfeitamente isso em conta”. ses. “É possível utilizar fármacos com mais efeitos, tendo menos doses e menos efeitos colaterais, e é este o princípio essencial da farmacologia em termos da combinação ou da combinação fixa”, salientou.

Outras vantagens das combinações Depois, o Prof. Luís Martins lembrou que a opção por uma combinação apresenta ainda outra mais-valia. “Quando baixamos a pressão arterial, temos de mexer em mais coisas, e ao longo deste congresso temos visto isso, não é só o valor da pressão arterial que importa”, referiu. Assim, “o valor da pressão arterial é o centro da questão”, mas “se possível, temos que fazer mais”, nomeadamente em termos dos factores de risco, da lesão de órgão-alvo e da prevenção das doenças de risco. E, como frisa o especialista, também neste caso “os antihipertensores não são todos iguais”.

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O que dizem os estudos

EM CONCORDÂNCIA COM AS GUIDELINES O simpósio organizado pela Jaba Recordati contou também com a participação da Professora de Medicina do Departamento de Cardiologia da Universidade de Istambul, Turquia, Serap Erdine, que veio explicar a forma como a combinação fixa lercanidipina + enalapril se insere nas guidelines da Sociedade Europeia de Hipertensão (ESH, na sigla inglesa) e da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla inglesa) lançadas em 2007 e actualizadas em 2009. A apresentação da especialista teve como ponto central o controlo da pressão arterial, o qual deve ser feito o mais precocemente possível. “Está provado que temos de baixar os valores da pressão arterial desde cedo, para prevenir a ocorrência de eventos a longo prazo”, salientou a Professora Doutora Serap Erdine, aquando da discussão de três casos clínicos propostos pelo Dr. José Nazaré (ver caixa “Casos clínicos”). Ao expor os resultados de um estudo conduzido pela ESH na Europa Central e Oriental, o BP CARE Study, a prelectora salientou que, apesar de se saber “que os hipertensos têm um maior risco de eventos cardiovasculares” e que “apesar da importância da tensão arterial elevada no risco cardiovascular” estar demonstrada, “o controlo da tensão está longe de ser bom em todo o Mundo”. Acresce que “o controlo da pressão arterial sistólica é muito mais difícil do que o controlo da pressão arterial diastólica”. Através da observação dos resultados do estudo na Turquia, país onde reside, a especialista afirma que é possível concluir que “quando os valores da pressão arterial são altos é muito mais difícil atingir os objectivos”. De acordo com as guidelines, os valores da pressão arterial não devem ser vistos isoladamente, mas em “coexistência com outros factores de risco, síndrome metabólica, lesão em órgãos, diabetes, doença renal ou cardiovascular estabelecidas”, explicou a prelectora. “Mesmo com valores de pressão arterial normais ou normais-altos, se os pacientes têm mais do que três factores de risco, diabetes mellitus, síndrome metabólico, lesão em órgãos ou doença renal ou cardiovascular estabelecidas, apresentam um risco moderado a muito alto e o tratamento anti-hipertensivo deve começar precocemente”. A especialista explicou também “que as guidelines de 2007 recomendam que os limiares para se começar o tratamento para a população hipertensa em geral sejam valores superiores a 140/90mm Hg e que o objectivo seja atingir menos de 140/90mm Hg, enquanto que, nos doentes de alto risco, o padrão para iniciar tratamento é valores superiores a 130/85mm Hg e o objectivo é atingir menos de 130/80mm Hg”. As orientações clínicas europeias recomendam ainda que se inicie tratamento com monoterapia para doentes de tensão arterial medianamente elevada e baixo risco cardiovascular, enquanto que para os doentes com pressão arterial alta marcada, risco cardiovascular elevado ou muito elevado deve iniciar-se terapêutica com uma associação. Mas, como salientou a oradora, vários estudos, nomeadamente o ACCOMPLISH, evidenciam a vantagem, em termos de eficácia, da associação de duas substâncias activas no controlo da hipertensão. Assim, a proposta da especialista estrangeira vai no sentido de “utilizar uma baixa dosagem de uma combinação fixa”. Desta forma, “podemos atingir uma maior eficácia hipertensiva, uma normalização da pressão arterial precoce e sustentada e a um custo reduzido, garantindo tolerabilidade e simplicidade no tratamento, o que leva à satisfação do paciente, uma melhor adesão a longo prazo – que é um ponto crucial no controlo dos doentes hipertensos – e máxima protecção”, concluiu. A Professora turca referiu-se ainda ao caso dos doentes hipertensos e diabéticos, que também obtêm uma resposta significativamente mais favorável com a associação de um antagonista do cálcio e um IECA. Lembrou, por fim, que é preciso ter em conta os efeitos de longo prazo dos medicamentos, uma vez que estes doentes recebem um tratamento para toda a vida, sendo por isso importante considerar os reduzidos efeitos adversos conseguidos com a opção por esta associação farmacológica.

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Ao encontro deste ponto de vista, unânime no simpósio, foi a apresentação do Professor Doutor Jorge Polónia, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que ao falar sobre a adesão aos tratamentos referiu a importância de uma baixa dosagem inicial, de fármacos de longa duração de acção numa toma única diária e o uso de associações de fármacos, que combinem um efeito terapêutico longo, minimizando os efeitos colaterais. O Prof. Polónia apresentou vários estudos e gráficos comparativos dos efeitos e eficácia dos diversos fármacos anti-hipertensores disponíveis. O orador referiu-se nomeadamente a um estudo que mostra que o enalapril tem os benefícios comprovados de mais longo prazo. “Em termos de associação de antagonistas do cálcio, é com IECA [inibidores da enzima de conversão da angiotensina] que existe a maior parte da evidência científica”, acrescentou. Já quando se compara lercanidipina versus amlodipina é notório o aspecto da maior tolerabilidade e também o efeito mais favorável na microalbuminuria da primeira substância, apesar de o efeito anti-hipertensor ser o mesmo com as duas substâncias. O prelector salientou que a lercanidipina “é o primeiro antagonista do cálcio que tem um efeito não deletério sobre a microalbuminuria e eventualmente tem um efeito protector”. Depois, o Professor procurou desmistificar a ideia pré-concebida que o enalapril tem uma duração de acção mais curta. O médico recordou a história da introdução da molécula no mercado para evidenciar que, do ponto de vista farmacológico,“a semi-vida dos ARA [antagonistas do receptor da angiotensina] e dos IECA que temos é esta: realmente o enalapril tem menos uns minutos, não chega a meia hora, que o perindopril e que o ramipril. Estamos a falar de valsartan, enalapril, perindopril e do ramipril, os chamados fármacos de intervenção no sistema com duração intermédia de acção. E este é um ponto importante porque a diferença, mesmo em relação ao lisinopril, é muito curta. Podemos dizer que estes quatro fármacos têm praticamente a mesma semi-vida de eliminação”.

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Mas, quando falamos de determinadas associações, esta semi-vida de eliminação pode ser aumentada significativamente, por causa da estimulação do sistema renina-angiotensina. “Quando combinamos lercanidipina com enalapril temos um controlo da pressão arterial ao longo das 24 horas com uma relação vale/pico muito alta”, afirmou o Prof. Polónia. E apresentou novos dados estatísticos para frisar que “a questão da curta duração de acção do enalapril deve ser posta de lado”.

Melhor relação custo-benefício A questão dos custos destes fármacos foi igualmente abordada durante o simpósio, tanto pelo Prof. Luís Martins como pelo Prof. Jorge Polónia. O médico do Hospital de São Sebastião salientou a importância de se conhecer o “custo real” das associações disponíveis para o tratamento da hipertensão. E, segundo o Prof. Polónia, os resultados desta análise surpreendem. “Quando esta questão nos foi levantada estávamos claramente convencidos que este tipo de terapêutica

“Quando combinamos lercanidipina com enalapril temos um controlo da pressão arterial ao longo das 24 horas com uma relação vale/pico muito alta”, afirmou o Prof. Polónia

era mais cara do que a terapêutica de associação dos inibidores do sistema renina aos diuréticos ou do que outras combinações de IECA ou ARA com um antagonista do cálcio”, referiu. Mas assim não se verificou, pelo que a associação lercanidipina + enalapril constitui “uma mais-valia muito importante hoje em dia”, afirma o Prof. Polónia, para quem em primeiro lugar está a eficácia terapêutica, em segundo a protecção e só depois o custo. Assim, justifica: “Se com igual

CASOS CLÍNICOS O Dr. José Nazaré, cardiologista e Presidente eleito para o próximo biénio da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, apresentou três casos clínicos de doentes que podem beneficiar do tratamento com a associação lercanidipina + enalapril. É o caso de um doente de 50 anos, com hipertensão de grau 1, síndrome metabólico, sem lesões de órgão-alvo, medicado em monoterapia com lercanidipina 10 mg e com hipertensão não controlada. O segundo caso apresentado referia-se a um doente de 60 anos, com hipertensão de grau 1 não controlada, obesidade, deslipidemia, não medicado, com história de abandono de terapêutica diurética e insuficiência renal. Já o último caso versava sobre um doente de 56 anos, hipertensão tratada com diurético, com enfarte do miocárdio prévio, hipertrofia ventricular esquerda, microalbuminúria e antecedentes familiares significativos. No debate, todos os membros da mesa concordaram que estes doentes deveriam iniciar terapêutica com a associação lercanidipina + enalapril, sendo apenas discutível a dose a utilizar.

eficácia e melhor tolerabilidade temos mais baixo preço, se conseguirmos obter os mesmos benefícios com custos mais baixos, acho que, como médicos, podemos ter perfeitamente isso em conta. E note-se que a redução de custos é significativa”. O Prof. Luís Martins completou a abordagem deste assunto, lembrando que “com o problema de despesas que nós temos na Saúde é bom que não sejamos sempre do contra”. “Raciocinemos sobre aquilo que realmente estamos a fazer, utilizemos mais a racionalidade e não tanto o coração”, sugeriu o clínico. Até porque a evidência mostra que “as associações com diuréticos são mais caras do que as associações com os antagonistas do cálcio” e “estamos de acordo que as associações com inibidor do sistema renina-angiotensina-aldosterona e antagonistas do cálcio são as preferíveis; estamos de acordo que a lercanidipina, dos antagonistas do cálcio, é aquele que tem menos efeitos colaterais e que o enalapril não é assim tão antigo como fármaco neste armamentário”, rematou. No mesmo sentido, foi a intervenção do Professor da FMUP. A junção do antagonista do cálcio lercanidipina, que, segundo o Prof. Jorge Polónia, “é o que apresenta maior tolerabilidade”, com um inibidor da enzima de conversão da angiotensina, o enalapril, que apresenta benefícios provados pelo mais longo período, também de acordo com a apresentação do prelector, faz com que esta seja uma associação ideal para um tratamento de longo prazo.

Em suma, a tolerabilidade, a eficácia, a simplicidade de uma única toma diária e a menor quantidade de efeitos secundários tornam a combinação fixa lercanidipina + enalapril uma solução terapêutica vantajosa, quer do ponto de vista da adesão dos doentes quer do ponto de vista dos custos.

“Estamos de acordo que as associações com inibidor do sistema renina-angiotensina-aldosterona e antagonistas do cálcio são as preferíveis; estamos de acordo que a lercanidipina, dos antagonistas do cálcio, é aquele que tem menos efeitos colaterais; e que o enalapril não é assim tão antigo como fármaco neste armamentário”, disse o Prof. Luís Martins, ao apresentar as conclusões do simpósio.

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Evento reúne cerca de 15 mil participantes na Áustria

EAU discute futuro da Urologia O 26º Congresso da Associação Europeia de Urologia reúne anualmente os principais especialistas da comunidade médica da área ao nível internacional. Durante quatro dias, foram apresentados dados inéditos, partilhadas ideias sobre a inovação urológica e divulgados conhecimentos baseados em relevantes evidências registadas na prática clínica. Texto e fotos Aida Borges, em Viena, Áustria

nária dedicada ao cancro de próstata de alto risco foi seguida por uma série de sessões sub-plenárias, permitindo que os visitantes se distribuíssem pelas palestras que abordassem as áreas do seu interesse. Os tópicos do dia foram a classificação de risco do cancro da próstata, os estádios do cancro da bexiga e o transplante renal. As sessões de apresentação de abstracts decorreram ao longo do dia, na forma de posters e vídeos. A Escola Europeia de Urologia colocou também à disposição dos congressistas os seus vários cursos e formação em laparoscopia. No quarto e último dia do evento, os cursos ESU decorreram durante todo o dia, incluindo a sessão de formação prática, realizada em conjunto com a ESUT. Os temas principais foram ureterorenoscopia e cirurgia robótica.

Urologia em África

O programa científico cobriu os avanços mais importantes dos últimos anos e antecipou as tendências do futuro na área da Urologia. O 26º Congresso da Associação Europeia de Urologia (EAU, na sigla inglesa), considerado, anualmente, um dos maiores eventos científicos de Medicina na Europa, realizou-se nos dias 18 a 22 de Março de 2011, em Viena, Áustria, e contou com a presença de cerca de 15 mil visitantes, oriundos de mais de 100 países. Este ano, ao longo dos quatro dias, foram apresentadas técnicas de revisão inovadoras e avanços científicos no campo da Urologia e suas subespecialidades, revistos os dados mais recentes e abordadas as novas tendências dos estudos. Houve também espaço para a melhoria do conhecimento no que respeita às abordagens baseadas na evidência para o tratamento da doença urológica, novas estratégias de diagnóstico e avaliação de risco na gestão da doença urológica. A prática também não ficou esquecida, foram realizados vários cursos de treino cirúrgico. Os mais recentes desen-

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volvimentos farmacológicos e de tecnologia de ponta também estiveram à disposição dos participantes, nas diversas salas de exposição da Indústria Farmacêutica.

Desenvolvimento de guidelines No primeiro dia do Congresso realizou-se uma série de sessões dedicadas às perspectivas internacionais em Urologia. Houve também espaço para o grupo de estudos da EAU discutir uma série de passos cruciais no desenvolvimento de guidelines. O segundo dia do encontro teve forte adesão dos participantes devido à diversidade do programa científico, do qual se destacaram as “cirurgias ao vivo” da ESUT (EAU Section of Uro-Technology). Nesse dia, foram também entregues os prémios aos melhores trabalhos e ministrados vários cursos da ESU (European School of Urology). O terceiro dia do evento apresentou um programa igualmente abrangente. A segunda sessão ple-

Além dos objectivos estabelecidos anualmente, este ano, o EAU destacou as necessidades e desafios profissionais da experiência urológica em países em desenvolvimento e economias emergentes. Os participantes foram convidados a participar no debate com os representantes das sociedades de Urologia da Ásia Central e do Cáucaso, que foi iniciado no Congresso de Barcelona, no ano passado. Uma sessão conjunta entre a EAU e a PAUSA (Associação Urológica dos Cirurgiões Pan-Africanos) visou alertar para os obstáculos e desafios que os urologistas africanos enfrentam na sua prática clínica. “O quadro epidemiológico das doenças urológicas em países africanos é totalmente diferente do registado na Europa”, comentou o Prof. P. A. Abrahamsson, Secretário-Geral da EAU. “É de extrema necessidade sensibilizar os médicos europeus para o atendimento urológico em África, porque neste campo podemos realmente fazer a diferença”, frisou. No final do encontro, o Secretário-Geral da EAU agradeceu aos participantes do 26º Congresso, referiu que este “foi o maior evento organizado pela EAU com base no número de participantes, no elevado nível científico e nos eventos formativos” e lançou o convite para o próximo encontro em Paris, em 2012.

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Novos critérios ajudam à detecção precoce

Artrite reumatóide: diagnosticar para tratar “A artrite reumatóide é uma emergência reumatológica”, quem o afirma é o Dr. José Saraiva Ribeiro. O reumatologista alerta para a importância da referenciação precoce e apela aos colegas de Medicina Geral e Familiar para que estejam atentos aos primeiros sinais da doença. “A referenciação precoce a um reumatologista constitui hoje um dos principais determinantes do prognóstico” dos doentes com artrite reumatóide (AR), salienta o Dr. José Saraiva Ribeiro, reumatologista e Medical Manager da Roche, que por esta razão considera justificado considerar-se “a AR como uma emergência reumatológica”. Em sua opinião, “ qualquer clínico que se depare com um caso suspeito de ser uma AR deve prontamente referenciá-lo a uma consulta da especialidade”. De forma a facilitar a identificação dos casos possíveis de AR e a sua pronta referenciação a uma consulta de Reumatologia, foi criado, por um grupo de con-

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senso, um conjunto de “Critérios de Referenciação Precoce”, a fim de serem usados por médicos de família e outros especialistas, explica. Assim, três ou mais articulações tumefactas; envolvimento das articulações metacarpo-falângicas/ metatarso-falângicas com compressão combinada dolorosa – “squeeze test” positivo (vide Figura 1); e rigidez matinal maior ou igual a 30 minutos de duração devem merecer especial atenção por parte do médico de família. “A presença de qualquer um destes três critérios deve ser motivo de referenciação a consulta de Reumatologia”, especifica o Dr. José Saraiva Ribeiro.

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envolvimento subsequente de articulações mais proximais, de forma progressiva, destrutiva e deformante. Esta evolução culmina, após 10 a 20 anos de evolução da doença, em particular nos doentes com resposta parcial aos tratamentos instituídos, em algum grau de incapacidade motora.

Diagnóstico

Figura 1 - “Squeeze test” das articulações metacarpofalângicas. Além da sensibilização dos especialistas em Medicina Geral e Familiar para uma rápida referenciação, é também importante a criação, nas diferentes instituições com departamentos de Reumatologia, de “corredores prioritários” para estes doentes, “esforço já realizado nalguns serviços, através de uma triagem cuidada e assídua”, conta o especialista. “Um dos problemas que se coloca a nível mundial prende-se com a dimensão das listas de espera, que se transformam num verdadeiro obstáculo a uma rápida observação, que permitiria diagnóstico e terapêutica adequados precoces”, admite.

Referenciação Por estas razões, a qualidade da informação veiculada na referenciação assume um papel determinante na triagem efectuada pelo especialista. Os Critérios de Referenciação Precoce referidos permitem uniformizar a avaliação a realizar e a informação a veicular pelos médicos de família, de forma a enfatizar a suspeita diagnóstica que justifica a referenciação.

A forma mais típica da doença (AR “clássica”) caracteriza-se por um início gradual, existindo como sintomas predominantes a dor articular, a rigidez articular, em particular de manhã ao acordar (rigidez matinal), e o edema de várias articulações, tipicamente das pequenas articulações das mãos e pés – articulações metacarpo-falângias, interfalângicas proximais – e punhos, podendo também estar envolvidas outras articulações dos membros superiores e inferiores, como cotovelos, ombros, joelhos e tíbio-társicas. Como explica o Dr. José Saraiva Ribeiro, a rigidez matinal pode durar minutos a horas e a sua duração é uma medida da actividade da doença. Na verdade, esta pode ser uma forma de o médico distinguir a AR de patologias afins. “A rigidez matinal ou após períodos de repouso mais ou menos prolongados é definida como lentidão ou dificuldade na mobilização articular dos dois lados do corpo (simétrica) e que melhora com o movimento. A rigidez matinal, ou após inactividade, pode acompanhar virtualmente todas as artropatias e miopatias inflamatórias. No entanto, uma rigidez matinal de duração superior a uma hora reflecte uma gravidade de inflamação articular que raramente ocorre noutra doença que não a AR”, salienta.

Outra característica da AR que pode ajudar o médico no diagnóstico são as deformações articulares das mãos. “O diagnóstico da AR evoluída é realizado, pelo reumatologista e outros clínicos com experiência na observação destes doentes, de forma imediata e ‘à entrada do consultório’, a partir de uma rápida perscrutação das mãos, que apresentam deformações articulares típicas. De facto, as mãos de um doente reumático oferecem tanta informação em relação à sua doença que muitas vezes se usa

A presença de artrite das articulações metacarpo-falângicas e interfalângicas proximais de ambas as mãos constitui a característica clínica mais típica dos estadios precoces, sendo altamente sugestiva de AR a expressão de P. Hench: ‘as mãos são o cartão de visita do doente reumático’”, afirma. Constituem, no entanto, verdadeiros desafios diagnósticos as formas precoces e iniciais da doença e as formas atípicas, sublinha o médico. Depois, e uma vez que não existe um único teste clínico, radiológico ou serológico que permita o diagnóstico de certeza de AR, este é realizado a partir da conjugação da clínica (sinais e sintomas e sinais característicos), bem como de dados

Manifestações clínicas A AR é uma doença reumática inflamatória sistémica, de etiologia desconhecida e de evolução crónica, que envolve primariamente as articulações. Nos casos clínicos típicos manifesta-se sobre a forma de uma poliartrite (definida pelo envolvimento de três ou mais articulações), bilateral (afecta articulações nos dois lados do corpo) e simétrica (afecta as mesmas articulações dos dois lados do corpo) de predomínio distal, com

CRITÉRIOS DE REFERENCIAÇÃO PRECOCE • três ou mais articulações tumefactas; • envolvimento das articulações metacarpo-falângicas/ metatarso-falângicas com compressão combinada dolorosa – “squeeze test” positivo (Figura 1); • rigidez matinal maior ou igual a 30 minutos de duração. • A presença de qualquer um destes três critérios deve ser motivo de referenciação a consulta de Reumatologia.

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DIAGNÓSTICO Em Setembro de 2010 foram publicados os critérios do ACR/EULAR para a classificação da artrite reumatóide. Estes novos critérios de diagnóstico substituem os critérios do ACR de 1987 e estão adaptados para o diagnóstico da AR precoce. Segundo esta publicação, para o diagnóstico na prática clínica devem utilizar-se os seguintes critérios: • duas ou mais articulações edemaciadas; • rigidez matinal, de duração superior a uma hora, nas últimas seis semanas; • factor reumatóide e anti-CCP podem confirmar o diagnóstico. Um teste negativo não exclui o diagnóstico.

laboratoriais e radiológicos. “Deve ser realizada uma história clínica completa, com atenção particular ao exame articular e aos componentes dor, rigidez e incapacidade funcional. Uma anamnese cuidada deve incluir pesquisa de derrame e sinovite articular, limitação da mobilidade articular e manifestações extra-articulares de AR, bem como alguns sinais de doenças que entram no diagnóstico diferencial com esta patologia”, acrescenta.

Exames a pedir

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O recurso a testes laboratoriais dependerá da duração dos sintomas. “Para quadros clínicos com duração inferior a seis semanas, devem

“É hoje possível, com um diagnóstico precoce e tratamento adequado, minorar enormemente as outrora inevitáveis repercussões na vida de relação e laboral, resultando desta última prolongados períodos de absentismo ao trabalho ”, afirma o Dr. Saraiva Ribeiro.

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ser pedidas serologias para infecções virais (p. ex vírus da hepatite B e C e parvovírus B19), bem como anti-CCP, FR, ANA. Para doenças com duração superior a seis semanas podem ser dispensados os testes virais, excepto se existirem sinais de doença hepática. Nos casos de monoartrite ou poliartrite febril, devem ser realizadas hemoculturas, a fim de excluir artrite séptica, a qual constitui uma urgência reumatológica. Deve ser ainda feita uma avaliação basal das funções hepática e renal, uma vez que podem potencialmente ser afectadas por algumas terapêuticas usadas no tratamento da AR. Devem ainda ser radiografadas em dois planos as articulações com queixas, a fim de serem detectadas alterações, cuja ocorrência é determinada pelo tempo de evolução da doença e/ou para avaliação basal do estado das articulações. Na presença de um derrame intra-articular e nos casos de dúvida diagnóstica sobre a sua etiologia inflamatória, a detecção de proliferação sinovial por ecografia músculo-esquelética é diagnóstica. Ainda nestes casos, a aspiração e exame do líquido sinovial (contagem celular diferencial e total, proteínas, LDH, glicose, exame bacteriológico directo e cultural e pesquisa de cristais) permite a exclusão de artrite microcristalina (gota e pseudogota) ou infecciosa”, refere. E mais acrescenta: “No entanto, em alguns casos de poliartrite não é possível estabelecer, mesmo após exames laboratoriais e radiológicos, o diagnóstico de certeza, admitindo-se, nestes casos, o diagnóstico de poliartrite crónica. O dinamismo clínico da AR, como de outras doenças reumáticas, permite que a dada altura da sua evolução surjam sinais ou sintomas que

permitam o correcto diagnóstico. No caso da AR, alguns dos seus aspectos têm um valor diagnóstico particular, por fazerem parte dos critérios ou por serem altamente sugestivas, como poliartrite periférica simétrica, rigidez matinal, nódulos reumatóides, alterações laboratoriais típicas e erosões radiológicas”.

Classificação dos doentes Os critérios de classificação da American Rheumatism Association (ARA) (vide Quadro 1), para os quais foram publicados uma actualização recente, foram desenvolvidos para classificar os doentes como AR, para efeitos da sua inclusão em estudos epidemiológicos e ensaios clínicos, sendo, contudo, também utilizados para diagnóstico na prática clínica diária. No entanto, estes critérios não foram desenvolvidos para este fim, mas sim para agrupar doentes com doença estabelecida

“A rigidez matinal ou após períodos prolongados de inactividade é característica de todas as artropatias inflamatórias e miopatias. Contudo, uma rigidez matinal de duração superior a uma hora só está presente nos caos de AR, pois reflecte uma magnitude de inflamação articular que raramente estará presente noutra doença”, frisa o médico no diagnóstico de AR. Desta forma, a maior parte dos doentes nos estadios precoces da doença não satisfarão estes critérios, apesar de virem depois a desenvolver um quadro clínico típico de AR. Por outro lado, alguns doentes que satisfazem inicialmente os critérios diagnósticos poderão evoluir para outras doenças, como artrite psoriásica, LES, síndrome de Sjögren primário, esclerodermia,

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doença mista do tecido conjuntivo, artrite microcristalina, entre outros. Em suma, a presença de artrite das articulações metacarpo-falângicas e interfalângicas proximais de ambas as mãos constitui a característica clínica mais típica dos estadios precoces, sendo altamente sugestiva de AR. No entanto, uma poliartrite periférica pode também estar presente noutras doenças reumáticas referidas no parágrafo anterior, não devendo ser usada isoladamente para o diagnóstico de AR. Nos casos de apresentação monoarticular, que se podem manter por longos períodos, ocorre envolvimento de uma única articulação, em regra uma grande articulação, como o ombro ou o joelho, dependendo nestes casos o diagnóstico de testes laboratoriais, radiológicos ou da evolução da doença com envolvimento de outras articulações típicas de AR. E o especialista volta a frisar: “A rigidez matinal ou após períodos prolongados de inactividade é característica de todas as artropatias inflamatórias e miopatias. Contudo, uma rigidez matinal de duração superior a uma hora só está presente nos caos de AR, pois reflecte uma magnitude de inflamação articular que raramente estará presente noutra doença. Os nódulos reumatóides, uma das manifestações extra-articulares da AR, apresentam um elevado grau de especificidade para o diagnóstico de AR. Contudo, a sua utilidade na prática clínica é limitada, uma vez que estes só aparecem em cerca de 30 por cento dos doentes e em regra na doença evoluída, altura em que o diagnostico é óbvio. Deste modo, a ausência de nódulos nos estadios iniciais da doença não deve ser interpretada como um dado não sugestivo do diagnóstico” (vide Quadro 1).

Novos critérios Em Setembro de 2010 foram publicados os critérios do ACR/ EULAR para a classificação da artrite reumatóide. Estes novos critérios de diagnóstico substituem os critérios do ACR de 1987 e estão adaptados para o diagnóstico da AR precoce. Estes novos critérios de diagnóstico, publicação conjunta do Colégio Americano de Reumatologia e da EULAR, estabelecem um sistema

Quadro 1 - Revisão de 1987 dos Critérios da American Rheumatism Association15 para a classificação da artrite reumatóide Critério

Definição

1. Rigidez matinal

Rigidez matinal nas articulações ou à volta destas, com duração de pelo menos uma hora, antes da melhoria máxima.

2. Artrite em pelo menos 3 regiões articulares

Pelo menos três regiões articulares (interfalângias proximais – IFP, metacarpo-falângicas – MCF, punho, cotovelo, tíbio-társica, metatarsofalângicas – MTF) direitas ou esquerdas, envolvidas simultaneamente, apresentando edema de partes moles ou intra-articular observado por um médico.

3. Artrite das articulações mãos

Pelo menos uma área edemaciada, como descrito em 2., das seguintes: punho, MCF ou IFP.

4. Envolvimento articular simétrico

Envolvimento simultâneo, da mesma área articular, como descrito em 2 dos dois lados do corpo (envolvimento bilateral de IFP, MCF ou MTF, sendo aceitável a ausência de simetria absoluta.

5. Nódulos reumatóides

Nódulos subcutâneos sobre proeminências ósseas, superfícies extensoras ou regiões justa-articulares observados por um médico.

6. Presença no soro de factor reumatóide

Demonstração de quantidades anómalas de factor reumatóide por um método em que os resultados tenham sido positivos em menos de 5% dos controlos normais.

7. Alterações radiológicas

Alterações radiológicas típicas na radiografia postero-anterior da mão e punho: erosões ou descalcificação óssea inequívoca localizada na superfície articular ou mais marcadamente adjacente às articulações afectadas.

Para efeitos de classificação um doente tem artrite reumatóide se pelo menos 4 destes critérios forem satisfeitos, sendo que os critérios 1 a 4 têm de estar presentes durante pelo menos 6 semanas

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de pontos entre 0 e 10, sendo que um doente com uma pontuação de 6 ou superior é inequivocamente classificado como tendo AR, desde que tenha sinovite em pelo menos uma articulação e que não exista outro diagnóstico que a possa justificar. São consideradas quatro áreas para o diagnóstico: envolvimento articular – dependendo do tipo e número de articulações atingidas, até um máximo de 5 pontos; marcadores laboratoriais, incluindo factor reumatóide e anti-corpos anti-CCP (proteínas cíclicas citrulinadas), até um máximo de 3 pontos, em função do título dos anticorpos; reagentes de fase aguda: 1 ponto para elevação da velocidade de sedimentação (VS) ou elevação da proteína C-reactiva (PCR); duração da artrite: 1 ponto para sintomas com duração superior a 6 semanas ou superior. “Os novos critérios adaptam-se ao melhor conhecimento da doença e a melhoria no diagnóstico e tratamento. Nestes novos critérios, os critérios laboratoriais serológicos e de auto-imunidade têm um peso preponderante, uma vez que o anti-CCP é um marcador serológico apropriado para um diagnóstico precoce da doença antes do aparecimento de destruição articular. São excluídos critérios radiológicos (Quadro 1), que assumiam papel de destaque nos critérios de 1987, uma vez

FACTOS E NÚMEROS • A artrite reumatóide (AR) é a doença inflamatória articular mais frequente, afectando mais de 20 milhões de pessoas em todo o Mundo. • A prevalência da doença não é uniforme, existindo uma variação geográfica considerável, com percentagens muito variáveis, de 0,5 a 1 por cento na Europa, América do Norte, Ásia e África do Sul. • Em absoluto contraste, a AR é excepcionalmente rara em indivíduos de raça negra das áreas rurais africanas, bem como nos chineses das áreas rurais e urbanas. • Com um impacto económico comparável ao da doença coronária, a AR é também em Portugal a doença reumática inflamatória mais prevalente, afectando cerca de 0,3 a 0,4 por cento da população portuguesa. • Segundo os resultados do Censos de 2001 do Instituto Nacional de Estatística, a população residente em Portugal nesta data era de 10 356 117 habitantes, sendo 5 355 976 mulheres. Desta forma, em 2001, existiriam 31 068 a 41 424 doentes com AR em Portugal.

que o objectivo do tratamento é evitar este dano”, acrescenta o Dr. Saraiva Ribeiro. Contudo, à semelhança dos critérios anteriores, estes também não são apropriados para o diagnóstico clínico, sendo mais adequados para a classificação dos doentes com o objectivo de investigação. Assim, o especialista defende que, para o diagnóstico na prática clínica, devem utilizar-se os seguintes critérios: duas ou mais articulações edemaciadas; rigidez matinal, de duração superior a uma hora, nas últimas seis semanas; factor reumatóide e anti-CCP podem confirmar o diagnóstico. Um teste negativo não exclui o diagnóstico.

Foto Sebastian Kaulitzki I Dreamstime

Armas terapêuticas disponíveis

“Três ou mais articulações tumefactas; envolvimento das articulações metacarpo-falângicas/metatarso-falângicas com compressão combinada dolorosa – “squeeze test” positivo (vide figura 3) e rigidez matinal maior ou igual a 30 minutos de duração” são os três critérios que devem ditar uma referenciação à Reumatologia, explica o Dr. José Saraiva Ribeiro.

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Cerca de 80 por cento dos doentes com AR com menos do que dois anos de evolução tem erosões articulares e a destruição articular observada radiologicamente é mais rápida nestes doentes. A destruição articular progride depois a um ritmo contínuo ao longo da evolução da doença, sendo responsável por cerca de 25 por cento da incapacidade. Ora, como conta o reumatologista,“a terapêutica precoce com fármacos modificadores da doença (DMARD – Disease Modifiing Anti-Rheumatic Drugs) atrasa a progressão da destruição articular, melhorando o prognóstico e qualidade de vida dos doentes”. Novas armas terapêuticas estão hoje ao serviço da Medicina e dos doentes. “Com o melhor conhecimento da fisiopatologia da AR e a disponibilidade de novas terapêuticas, em particular os agentes biológicos (terapêutica com anticorpos anti-TNF, anti-IL-6, terapêu-

tica anti-células B e T), entrámos numa nova era na abordagem terapêutica destes doentes. Esta consiste no controlo agressivo da inflamação desde o início da doença, através da instituição precoce de terapêutica com DMARD, de forma a evitar a destruição articular. Existe, desta forma, uma ‘janela de oportunidade’ terapêutica, na qual ocorre uma melhor resposta ao tratamento e em que uma terapêutica agressiva instituída nesta fase tem maior probabilidade de sucesso do que se for aplicada mais tarde na evolução da doença”, assegura. O objectivo final do tratamento é o atingimento de remissão clínica e, na impossibilidade desta, a prevenção da lesão articular que é causa de dor e disfunção funcional. A abordagem terapêutica agressiva constitui, assim, o caminho para atingir este fim. “Pelo exposto, depreende-se que, hoje em dia, os médicos especialistas no tratamento da AR dispõem de um enorme potencial terapêutico que permitirá evitar que esta doença seja sinónimo de uma situação que inevitavelmente causará sofrimento e inexoravelmente progredirá para a incapacidade”, refere. Desta forma, conclui o clínico, “é hoje possível, com um diagnóstico precoce e tratamento adequado, minorar enormemente as outrora inevitáveis repercussões na vida de relação e laboral, resultando desta última prolongados períodos de absentismo ao trabalho e culminando em reforma precoce, com avultados custos socio-económicos directos e indirectos”.

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GENÉTICA

Foto Hanna DereckaI Dreamstime

Primeiro bebé “seleccionado” em Espanha

Espanha deu o primeiro passo na autorização da selecção de embriões para travar a transmissão genética de uma doença grave.

O bebé que nasceu no final de 2010 em Espanha recorrendo à procriação medicamente assistida para evitar uma mutação genética relacionada com o cancro da mama, que afecta a sua família há gerações, tem agora fracas possibilidades de desenvolver a doença. Após a autorização prévia para a primeira selecção de embriões feita no país, foram fecundados in vitro vários óvulos e efectuado o diagnóstico genético pré-implantacional aos embriões, de forma a excluir os portadores do BRCA1, gene responsável pelo cancro da mama da família. Saliente-se que este indivíduo não está livre de ter um cancro,

dado que apenas foi feita a selecção para um gene. No entanto, deverá ter menor probabilidade de desenvolver cancro da mama, ovário ou pâncreas. O caso não é inédito e intervenções semelhantes já foram levadas a cabo em diversos países. Para a concretização deste desejo, o casal espanhol que deu à luz a criança “seleccionada” recorreu ao Programa de Reprodução Assistida de Puigvert-Sant Pauy de Barcelona. Por ser o primeiro no país, o caso teve de passar pela chancela da Comissão Nacional de Reprodução Assistida espanhola. PFF

IMUNOLOGIA

Contribuir para reduzir a taxa de mortalidade entre os doentes transplantados da medula óssea é a principal consequência de uma investigação internacional, que envolve a Universidade do Minho, e que acaba de ser premiada. Os cientistas concluíram que uma variante genética da proteína Dectin-1, envolvida na resposta imunológica desta intervenção, aumenta o risco de infecções fúngicas. Desta feita, é possível direccionar intervenções profiláticas de forma a minimizar o risco de infecção, uma das principais causas de mortalidade entre estes transplantados. O Prémio Jon J. van Rood distinguiu o melhor artigo publicado em 2010 na área de imunogenética/imunologia do transplante hematopoiético, cuja autoria pertence aos Profs. Fernando Rodrigues e a Agostinho Carvalho, do Instituto de Ciências da Vida e da Saúde da Universidade do Minho, em co-parceria com investigadores do Instituto Pasteur, em França, e da Universidade de Perugia, em Itália. PFF

MEDICINA SEXUAL

Excesso de peso afecta função eréctil É a conclusão de um estudo desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP): “quanto mais obesos formos, pior o funcionamento vascular do nosso pénis”. O Prof. Nuno Tomada, investigador principal deste estudo publicado no Journal of Sexual Medicine,

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Foto Alexey Fedorov I Dreamstime

Transplante de medula óssea com menor risco

Contribuir para a diminuição do risco de infecção e da taxa de mortalidade entre os transplantados da medula óssea é o objectivo da investigação da Universidade do Minho premiada internacionalmente.

revela ainda que “a percentagem de gordura corporal é o único factor clínico independente associado à alteração da função hemodinâmica do pénis”. O trabalho, que contou com a colaboração do Hospital S. João e do Instituto de Medicina Molecular e Celular (IBMC), avaliou 212 doentes assistidos em Urologia. As conclusões apontam ainda para a importância de outros factores de risco associados à disfunção eréctil, provocados pela obesidade, como a doença cardiovascular, síndrome metabólica, índice de massa corporal e percentagem de gordura corporal. PFF

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Aconselhamento em aleitamento materno

Crédito CHS I DR

O Serviço de Obstetrícia/Ginecologia e o Serviço de Gestão da Formação do Centro Hospitalar de Setúbal promovem mais um Curso de Aconselhamento em Aleitamento Materno, nos próximos dias 17 de Maio e 2, 3, 8 e 9 de Junho. A formação inclui uma vertente teórica e outra prática, num total de 40 horas, preenchidas entre as 9.00 e as 18.00 horas dos dias referidos. A cargo das enfermeiras Benvinda Bento (Enfermeira-Chefe do Paupério) e Célia Magro, certificadas pela OMS/UNICEF, este curso pretende ajudar a desenvolver competências sobre a temática do aleitamento materno, melhorar os conhecimentos sobre a fisiologia do aleitamento materno e dos desvios patológicos, tendo em vista uma orientação eficaz nesta vertente. Os interessados podem efectuar a sua inscrição até ao dia 9 de Maio, tendo a formação um custo de 150 euros. Mais informações através da Secretaria-Geral do Centro Hospitalar de Setúbal, pelo nº 265 549 084. •

Curso de Tuberculose na Criança e Adolescente Foto Sergeitelegin I Dreamstime

Organizado pela Unidade de Pneumologia do Departamento da Criança e da Família do Hospital de Santa Maria, o Curso de Tuberculose na Criança e Adolescente realiza-se nos próximos dias 6 e 7 de Maio. Desde a perspectiva histórica, epidemiologia, diagnóstico à imagiologia, situações especiais, vacinas e terapêuticas são diversas as abordagens que constituem o conteúdo programático do curso. Destinado sobretudo a pediatras, as temáticas aqui apresentadas podem ainda interessar a outros médicos cuja actividade se relaciona com a tuberculose. A formação tem disponibilidade para cem participantes, que se podem inscrever até 26 de Abril, por 35 euros, ou depois dessa data por 50 euros. A inscrição inclui textos de apoio, certificado de avaliação e almoço de trabalho. O Anfiteatro 58, no Edifício Egas Moniz, da Faculdade de Medicina de Lisboa será o espaço de formação. Mais informações através do endereço electrónico pedpneumo@gmail.com •

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Medicamento para a doença hepática descompensada

Baraclude® aprovado na Europa O medicamento Baraclude®, cuja substância activa é o entecavir, indicado para o tratamento da hepatite B crónica desde 2006, foi recentemente aprovado pela Comissão Europeia para a doença hepática descompensada. Estudos demonstram maior supressão viral resultante do entecavir em relação ao adefovir.

num estudo multi-cêntrico, randomizado, aberto, que comparava a eficácia e segurança do entecavir (1.0 mg uma vez ao dia) com adefovir (10.0 mg uma vez ao dia) administrada em doentes positivos para AgHBe ou negativos para o HBC com evidência de descompensação hepática. Os resultados revelaram que o entecavir consegue uma maior supressão viral, em comparação com o adenovir, nas semanas 24 e 48 após o início do tratamento. Às 48 semanas, uma maior proporção de doentes em entecavir atingiu uma carga viral indetectável, 57 por cento, enquanto que a proporção de doentes em adefovir a atingir esse resultado foi de 20 por cento. Adicionalmente, a normalização da ALT foi atingida por um número mais elevado de doentes tratados com Baraclude ® , comparativamente aos doentes tratados com adefovir.

Foto Woodooart l Dreamstime

Perfil de segurança

Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou a indicação do Baraclude® para o tratamento da doença hepática descompensada em Outubro de 2010. A Comissão Europeia aprovou, em Fevereiro passado, o medicamento Baraclude ® (entecavir), da Bristol-Myers Squibb, para o tratamento da hepatite B crónica (HBC) em adultos com evidência de doença hepática descompensada, tornando assim possível a sua comercialização nos 27 países da União Europeia. De acordo com um comunicado enviado às redacções pela empresa farmacêutica, o medica-

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mento já tinha sido aprovado na Europa, em Junho de 2006, para o tratamento da infecção do vírus da hepatite B crónica (VHB) em adultos com doença hepática compensada e evidência de replicação viral activa, níveis séricos persistentemente altos de alanina aminotransferase (ALT) e evidência histológica de inflamação activa e/ou fibrose. A aprovação deste fármaco é baseada

Segundo o comunicado da BristolMyers Squibb, o Baraclude ® foi em termos gerais bem tolerado e os resultados de segurança foram comparáveis entre os grupos de estudo e consistentes com os anteriormente relatados para a população com doença hepática descompensada. Como é sabido, a doença hepática descompensada é caracterizada pela falência do fígado em manter a sua função, normalmente devido a danos severos, o que conduz a fibrose e ou cirrose causada por inflamação crónica do fígado, o estádio final da hepatite. Dados estatísticos apontam para que a taxa média de sobrevivência em pacientes descompensados é de dois a três anos, com 28 por cento dos pacientes a sobreviverem mais de cinco anos. Quando a doença hepática progride ao estádio de descompensação, o transplante de fígado torna-se normalmente necessário.

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Dermatologia

Eczema atópico na criança – como reconhecê-lo nas suas diferentes formas Leonor Castendo Ramos Interna Complementar de Dermatologia

Dra. Margarida Gonçalo Chefe de Serviço, Serviço de Dermatologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Todas as fotos deste artigo foram fornecidas pelas autoras

Artigo em parceria com:

Se quiser enviar-nos um caso clínico para publicação contacte-nos através do e-mail: redaccao@semanamedica.com

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O eczema atópico ou dermatite atópica (DA) é uma doença crónica de pele, recidivante, que ocorre em qualquer idade, mas com expressão clínica diferente consoante a fase da vida. Em mais de metade dos casos inicia-se na infância, sobretudo nos primeiros anos de vida, mas pode persistir até à idade adulta ou surgir apenas nessa altura. Associada à DA existe, frequentemente, história pessoal e/ou familiar de atopia (DA, asma, rinite alérgica), elevação dos valores de IgE e eosinofilia periférica. Além dos factores genéticos e imunitários, factores ambientais podem contribuir para o agravamento das lesões. Na DA, a barreira epidérmica sedeada no estrato córneo é deficitária, tanto nos corneócitos como nos lipídeos intercelulares, o que torna a pele susceptível a agressores externos, químicos (detergentes e aeroalergenos) e biológicos (Staphylococcus aureus e vírus), e com reduzida capacidade de reter água (maior perda transepidérmica de água), originando-se uma pele xerótica (seca, áspera e com tendência a abrir fissuras). A DA tende a melhorar no Verão (efeito benéfico dos raios UV), agrava no Inverno (maior exposição a roupa de lã e ar seco) e sob efeito de stress.

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Figura 1. Lesões de eczema subagudo dos mamilos e flexuras em jovem de 13 anos. De notar, ainda, na parede abdominal eczematides acromiantes e pápulas foliculares características da queratose pilar.

Figura 2. Eczema com fissura crónica e recidivante retroauricular em criança de seis anos.

Apresentação clínica O prurido, sempre presente, agrava tipicamente durante a noite e é exacerbado pelo calor e contacto com irritantes (p. e., roupas de lã). Se intenso, pode levar a escoriações (com aspecto linear), à liquenificação e a infecções secundárias. As crianças podem estar inquietas, interferindo o prurido com o sono ou com a aprendizagem. O eczema pode apresentar-se sob formas agudas, com pápulas ou papulo-vesículas eritematosas, vesículas com exsudação, escoriações ou crostas, ou sob formas crónicas, com liquenificação. Cerca de 85 por cento das lesões de eczema atópico surgem no primeiro ano de vida, após os dois meses de idade. No lactente, estas lesões são mais agudas (placas eritematosas e vesiculosas, exsudativas ou escoriadas) e localizam-se sobretudo na face (bochechas, fronte e mento), couro cabeludo e superfícies extensoras dos braços, antebraços ou coxas. Na infância, após o primeiro ano de vida e durante a idade escolar, as lesões tornam-se subagudas e crónicas (placas eritematosas com superfície seca e descamativa, liquenificadas, com hipo ou hiperpigmentação), localizando-se às flexuras (fossas antecubital e po-

Figura 3. Eczema dos lábios (Lip-lick cheilitis) e perioral com algumas crostas melicéricas na comissura labial e narinas, traduzindo sobreinfecção por Staphylococcus aureus, em criança de sete anos.

plítea), pálpebras, pescoço, mamilos (Figura 1), punhos, dorso dos pés e mãos e zona auricular, sendo muito típica a dermatite infra e retroauricular fissurada (Figura 2). Além da xerose praticamente constante, existem outras manifestações cutâneas “minor” muito características, que acompanham a atopia e que podem contribuir para o correcto diagnóstico da DA: – prega infra-orbitária dupla na pálpebra inferior (linha de Dennie-Morgan); – proeminência mais exuberante e eritematosa dos folículos pilosos nas faces laterais das coxas, braços e nádegas (queratose pilar) (Figura 1); – manchas hipopigmentadas de limites imprecisos na face ou superfície de extensão dos braços ou coxas (eczematides acromiantes ou pitiríase alba) (Figura 1), que surgem em particular no fim do Verão e não devem ser confundidas com vitiligo (lesões mais brancas e de limites mais nítidos) ou pitiríase versicolor (infecção fúngica rara na infância e nestas localizações); – queilite e eczema perioral (Figura 3) são também frequentes nas crianças com eczema atópico e são exacerbadas pelo hábito constante de “lamber” os lábios (Lip-lick cheilitis); – hiperlinearidade das palmas.

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Figura 4. Moluscos contagiosos na axila em criança de quatro anos com eczema atópico.

Figura 5. Eczema herpeticum da face em jovem com eczema atópico.

Complicações

tametasona, etc…). Devem ser aplicados até à resolução das lesões (7 a 15 dias) e depois efectuado o seu desmame progressivo. Os inibidores da calcineurina (tacrolimus e pirolimus) estão aprovados para o tratamento do eczema atópico em crianças com mais de dois anos de idade. Têm a vantagem de não causarem atrofia cutânea. São particularmente indicados na DA das pálpebras, face e áreas intertriginosas (onde a atrofia cutânea após dermocorticóides é mais problemática) e nos doentes com agudizações frequentes. Os anti-histamínicos orais sedativos (hidroxizina, oxatomida, p. e.), usados ao deitar, reduzem o prurido, o acto de coçar e escoriações secundárias.

As crianças com DA têm maior risco de infecções cutâneas, que podem, por sua vez, exacerbar o eczema. O S. aureus coloniza não só as lesões mas também a pele normal, devendo suspeitar-se de infecção, se surgirem crostas melicéricas (cor de mel) e pústulas. Nestes casos, é necessário recorrer a antibióticos (tópicos ou sistémicos, consoante a gravidade). Das infecções virusais, destacam-se as verrugas vulgares, plantares e planas por HPV, o molluscum contagiosum (Figura 4) e as infecções por HSV (herpes simples recidivante) que pode atingir grandes superfícies cutâneas e causar o eczema herpeticum (lesões vesiculosas e crostosas nas áreas eczematizadas e, posteriormente, no restante tegumento, com temperaturas febris) (Figura 5). A utilização diária de corticóides tópicos pode provocar atrofia cutânea (pele fina, equimoses, estrias, telangiectasias, dificuldade na cicatrização), rosácea e dermatite perioral ou, mais remotamente, síndrome de Cushing iatrogénico.

Tratamento O tratamento consiste em aliviar o prurido, controlar a inflamação e prevenir e combater a xerose cutânea. Os emolientes são uma pedra angular no tratamento, devendo ser aplicados após o banho. Os banhos devem ser curtos, com água tépida, utilizando loções de limpeza menos desengordurantes da pele e eventualmente loções anti-sépticas, em fases de sobreinfecção bacteriana. Deve ser preferida roupa de algodão. Os testes cutâneos de leitura imediata raramente são úteis na DA, mas em doentes sensíveis a ácaros, pólens e pêlos de animais pode ser útil a evicção destes aeroalergenos. Os corticóides tópicos são a primeira linha no tratamento farmacológico na DA, devendo ser escolhidos de acordo com a idade da criança e numa formulação e potência adequadas ao tipo de eczema e à sua localização. Na face e zonas intertriginosas (axilas, virilhas), deverão utilizar-se corticóides menos potentes (hidrocortisona) e, em especial, em creme, enquanto nas lesões mais secas e liquenificadas, nas mãos e pés, devem utilizar-se pomadas e moléculas mais potentes (aceponato de metilprednisolona, furoato de mometasona, propionato de fluticasona, butirato de hidrocortisona, valerato de be-

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Prognóstico A DA é uma doença com exacerbações e remissões cuja evolução é difícil de prever. A maioria das crianças melhora com a idade e tem a DA controlada na adolescência. A tendência para a xerose cutânea permanece, pelo que a utilização de emolientes é essencial. Cerca de um terço dos doentes desenvolve rinite alérgica e/ou asma, num período mais tardio da infância ou na idade adulta (“Marcha atópica”).•

Eczema atópico – Pontos chave • Prevenir e tratar a xerose cutânea • Banhos tépidos rápidos, com loções de limpeza apropriada e sem fricção • Usar roupa de algodão • Evitar irritantes (detergentes, lã, pós e poeiras) • Usar corticóides ou outros imunossupressores quando há lesões Reduzir o prurido

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Por Vanessa Sena Sousa

ACONTECIMENTO

Hospital pede medicamentos a familiares de doentes

No Dia Mundial da Saúde, cujo tema este ano é a resistência microbiana, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para a crescente resistência aos antibióticos, que poderá dar origem à próxima “crise global”. “Na ausência de acções correctivas e protectivas urgentes, o Mundo caminha para uma era pós-antibiótica, na qual muitas infecções que hoje são comuns deixarão de ter cura”, alertou a Directora-Geral da OMS, Dra. Margaret Chan, num comunicado citado pelo Jornal de Notícias. O Presidente da Apifarma, Dr. João Almeida Lopes, aponta para a necessidade de “uma abordagem multidisciplinar” que “deverá incluir profissionais de saúde e doentes, mas também decisores políticos e autoridades reguladores”, diz em comunicado. Em Portugal, segundo o Infarmed, nos últimos cinco anos foram gastos, em média, por ano, mais de 100 milhões de euros em produtos antibacterianos, noticia o Diário Digital. Os dados de 2009 indicam também que as comparticipações do SNS foram superiores a 62 milhões de euros e, no total, foram compradas mais de sete milhões de embalagens de antibióticos por mês, o que coloca o País em sexto lugar na lista de países europeus com maior consumo deste tipo de medicamentos. Contudo, segundo o Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR) da Associação Nacional das Farmácias, o consumo de antibióticos em DDD (Dose Diária Definida) por mil habitantes/dia em ambulatório apresenta uma tendência de redução (menos 1,5 por cento) entre 2007 e 2010.

Internos ultrapassam limite de horas extraordinárias

As principais queixas são relativas a erros médicos que resultaram em infecções, lacerações acidentais, reacções a transfusões sanguíneas, traumas de nascimento, complicações nas anestesias, corpos estranhos deixados no organismo, quedas de macas e erros nas prescrições de medicamentos, revela notícia do Sol, dia 10. As acções judiciais interpostas pelos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), investigadas pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), resultam num total de 26 milhões de euros em indemnizações exigidas. As especialidades médicas de que os utentes mais se queixam são a Cirurgia e a Ortopedia, seguidas da Obstetrícia e da Medicina Interna. Nesta auditoria, que vem no seguimento de um outro levantamento feito em 2008 sobre o erro médico e as acções judiciais por deficiente assistência médica, concluiu-se que desde esse levantamento pouco tem mudado e que os pedidos indemnizatórios e o número de processos em tribunal, quase 140, mantêm-se elevados.

NÚMERO

Fim de medicamentos a crédito na Madeira

62 por cento

O Presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), Dr. João Cordeiro, anunciou que a partir de Maio os utentes do SNS da Madeira terão de pagar os medicamentos na íntegra, uma vez que a dívida do Governo Regional à ANF ultrapassa os 116 milhões de euros e o seu crescimento, ao ritmo de três milhões de euros por mês, coloca em causa a sobrevivência das farmácias madeirenses, segundo a TSF, dia 6. O Presidente do Governo Regional remeteu o assunto para o Secretário Regional das Finanças.

Foto Mirusiek l Dreamstime

Dia Mundial da Saúde dedicado aos antibióticos

É a percentagem da redução da mediana do tempo de espera para uma cirurgia nos últimos cinco anos (Fonte: Ministério da Saúde)

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O caso foi denunciado pelo Diário de Notícias, dia 14. O Hospital de Cascais solicitou a familiares de doentes a compra de medicamentos que disse não ter disponíveis. A notícia relata o caso de uma doente internada devido a um problema cardíaco, cuja família tinha sido obrigada a levar um dos medicamentos que esta toma habitualmente para as artroses, porque o hospital disse que não o tinha na farmácia. Apesar de a Administração ter assumido que a restrição tinha sido feita por critérios clínicos, sindicatos e utentes denunciam mais queixas de doentes a quem os medicamentos foram também pedidos.

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) alerta que há profissionais que já no primeiro trimestre do ano cumpriram o limite de 200 horas extraordinárias fixado por lei para o ano todo. A Vice-Presidente do SMZS, Dra. Pilar Vicente, afirmou à TSF que as administrações têm obrigado os internos a fazer horas extraordinárias ameaçando-os com a não celebração de contratos no final do internato. O Presidente do Conselho de Administração da Maternidade Alfredo da Costa, Dr. Jorge Branco, admitiu ao I que muitos dos profissionais chegam a fazer o dobro das horas extraordinárias previstas. O representante dos administradores hospitalares, Dr. Pedro Lopes, reconheceu que a situação se agravou nos últimos tempos, segundo o Diário Digital, mas diz ter dificuldades em acreditar que os hospitais estejam a impor mais horas aos internos. Recentemente, a própria Ministra da Saúde afirmou à imprensa que nada é imposto aos clínicos. A situação referente à falta de médicos, segundo o Dr. Pedro Lopes, não deverá estabilizar antes de 2014.

Gastos 26 milhões de euros em acções judiciais contra o SNS

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FRASE

Prescrição de medicamentos por substância activa gera polémica O PS e o PSD chumbaram a generalização da prescrição de medicamentos por denominação comum internacional, com as restantes bancadas a acusar os sociais-democratas de ceder aos interesses da indústria e da Ordem dos Médicos, noticia o Jornal de Notícias, dia 6. A deputada Clara Carneiro, do PSD, afirmou que este partido não concorda com um diploma que deixe de fora os doentes crónicos, defendendo que não devia ser necessária justificação do médico para mudar a terapêutica nestes doentes. Já antes deste “chumbo”, o Bastonário da Ordem dos Médicos, Prof. José Manuel Silva, tinha estranhado a pressa em aprovar no Parlamento uma legislação sobre substituição de medicamentos nas farmácias, tendo afirmado que haverá tempo na próxima legislatura para discutir a questão.

Acordo para compra de medicamentos permite redução do preço O acordo dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde com uma empresa farmacêutica para a aquisição de medicamentos antirretrovirais e antifúngicos permitiu reduções de 15 e 18 por cento no seu preço, noticia o Diário Digital, dia 5, mas os hospitais só recorrerão a estes medicamentos se o entenderem. Os serviços centralizados mostram-se também disponíveis para encetar negociações com outros fornecedores, em especial da área da sida e da Oncologia. Segundo a Rádio Renascença, no ano passado, o Estado gastou mais de 200 milhões de euros em medicamentos para a sida.

“É expectável que aconteça [o corte das famílias], sobretudo nas consultas de Pediatria em consultórios privados, que implica um dispêndio económico maior, comparativamente aos serviços do SNS” Deolinda Barata, Presidente da Secção de Pediatria Social da Sociedade Portuguesa de Pediatria, sobre um possível acréscimo do número de crianças a recorrer ao SNS (In Diário Digital /Lusa)

PERSONALIDADE

Foto Rui Velindro

Foto Rui Velindro

Francisco George

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, anunciou a 1 de Abril a vinda de 50 médicos estrangeiros para Portugal. Este anúncio, que não indica a origem dos médicos, vem no seguimento de meses de negociações que envolveram profissionais de saúde de vários países da América Latina.

Mais de duas dezenas de médicos recebiam duas vezes do SNS A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) tem em mãos 22 casos de médicos a trabalhar em empresas de prestação de serviço, pagas pelo Estado, mas que deviam estar a trabalhar em exclusividade para o SNS, noticiou o Diário de Notícias, dia 4. A IGAS instaurou 14 processos disciplinares a 14 médicos e está também a decorrer um inquérito que será aplicado a outros oito casos. As penas, em conjunto com a devolução da totalidade das verbas auferidas ilicitamente, serão ainda definidas, podendo ser de repreensão, suspensão ou demissão.

O Director-Geral da Saúde, Dr. Francisco George, recebeu o galardão de Personalidade do Ano 2010 da Fundação Portuguesa do Pulmão, distinção que tem como razão, segundo comunicado daquela Fundação, a “atenção permanente que dedica aos problemas das doenças respiratórias em Portugal e que se traduziu, entre outros, no acompanhamento activo dos programas nacionais da Asma, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica e Tuberculose”. À imprensa, o Dr. Francisco George afirmou considerar que a distinção se refere sobretudo aos resultados positivos obtidos pelos três primeiros anos de desenvolvimento da Lei do Tabaco e que uma das medidas mais eficazes para reduzir a prevalência do tabagismo é o aumento do preço do tabaco.

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www.jaba.pt A Jaba Recordati renovou o seu site, que se apresenta agora com uma imagem mais dinâmica, possibilitando uma maior facilidade de navegação e permitindo ao utilizador ter acesso a um conjunto de informação sobre patologias e novidades no campo da Saúde. Para além de uma secção com acesso exclusivo mediante uma password atribuída, os profissionais de saúde poderão aceder, à semelhança do que já existia na versão anterior, ao sistema RIMA – Rede Informática de Medicina Avançada. É também possível visualizar o portefólio de fármacos comercializados pela Jaba Recordati, bastando um clique na imagem de cada produto para entrar automaticamente num microsite com a respectiva informação clínica detalhada.

AGENDA II Jornadas de História da Psiquiatria e Saúde Mental Datas: 28.04.2011 e 29.04.2011 Local: Secção Regional de Coimbra da Ordem dos Farmacêuticos Organização: Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra-CEIS20 (Grupo de História e Sociologia da Ciência) Contactos Úteis Secção Regional de Coimbra da Ordem dos Farmacêuticos Rua Castro Matoso, n.º 12A 3000-124 Coimbra Tel.: 239 851 440 Tlmv.: 965 243 754 Fax: 239 851 449 E-mail: jornadas.hpsm@gmail.com I Jornadas da Unidade de Cuidados Paliativos do CHBM Data: 29.04.2011 Tema: Cuidar em paliativos Local: Auditório do Hospital de Nossa Senhora do Rosário, Barreiro Organização: Unidade de

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Cuidados Paliativos do Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM) Contactos Úteis CHBM Tel.: 212 147 377 Fax: 212 149 056 E-mail: comunicacao@chbm.min-saude.pt www.chbm.min-saude.pt

IV Jornadas Nacionais sobre Tecnologia e Saúde Data: 29.04.2011 Tema: investigação e tecnologia aplicada à saúde Local: Instituto Politécnico da Guarda Organização: Instituto Politécnico da Guarda Contactos Úteis Instituto Politécnico da Guarda Av. Dr. Francisco Sá Carneiro n.º 50 6300-559 Guarda

Tel.: 271 220 162 / 271 220 111 Fax: 271 222 690 E-mail: gic@upg.pt www.ipg.pt/tecnologia-saude2011

58.º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial Datas: 05.05.2011 a 08.05.2011 Local: Herdade dos Salgados Resort – Albufeira (Algarve) Organização: Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (SPORL) Rua Augusto Macedo, 12-D Escritório 2 1600-503 Lisboa Tel.: 217 120 778 /79 Tlmv.: 917 611 427 Fax: 217 120 204 E-mail: secretariado@sporl.net www.sporl.net

16as Jornadas de Cardiologia na Clínica Geral da Zona Sul Datas: 13.05.2011 e 14.50.2011 Tema:“A Clínica Cardiovascular em Diálogo com a Medicina Geral e Familiar” Local: Hotel Vila Sol, Algarve Organização: Prismédica Contactos Úteis Prismédica Av. Miguel Bombarda, 61 - r/c esq. 1050-161 Lisboa Tel.: 213 584 380 Tlmv: 918 494 468 Fax: 213 584 389 E-mail: congressos@prismedica.pt VI Congresso Internacional de Neurociências e Educação Especial PsicoSoma Datas: 13.05.2011 e 14.05.2011 Tema: Neuroeducação em crianças, adultos e idosos Local: Auditório do Centro Sócio-Pastoral da Diocese de Viseu Organização: PsicoSoma Contactos Úteis Pcisosoma Tel.: 232 431 060 Fax: 232 431 059 E-mail: viseu@psicosoma.pt www.psicosoma.pt

15 a 28 de Abril.11



A verdade e a mentira da saúde

Por uma melhor saúde e qualidade de vida. Este livro responde, com verdade científica, às dúvidas suscitadas pelos leitores de revistas como a Notícias Magazine,

Nas Margens da Medicina Álvaro Carvalho Âncora Editora 342 pags, 22 €

Anotações, notas soltas, crónicas, relatos de situações vividas e momentos marcantes de quem exerce Medicina, mas sobretudo de quem tem um olhar de certa forma “privilegiado” sobre a “complexa vida social em que se insere”. Nestas páginas, estão registados alguns passos de uma trajectória pessoal e profissional do médico Álvaro Carvalho, tendo como fio condutor a sua prática médica. Desde a chegada à cidade e a formação médica à prática clínica. Mas só de

forma indirecta e indelével ela é relatada, porque se revela imbuída em histórias, algumas com graça, sobretudo envolvidas em momentos de convívio, à volta de uma mesa ou de um bom repasto. Muito fidedigno, este relato tão depressa nos fixa nos hospitais de Lisboa como nos transporta para o meio rural, onde se encontram muitos dos laços do autor. Além da Medicina, as crónicas têm em comum a facilidade de leitura que proporcionam.

Pais & Filhos e Crescer, que em mais de dez anos foram enviando para estas redacções. E, chegados ao fim, tantas outras questões ficam por responder. Hoje é fácil procurar informação, o difícil é que seja credível. Este é fruto de um longo trabalho de pesquisa em livros, artigos científicos e outros. De um modo lúdico e desvendando algum sentido de humor, as perguntas e respostas são oferecidas por temas: Alimentação; Higiene e Corpo; Sexualidade; Dia-a-Dia; Lazer e férias; Tecnologias; Crianças e Jovens e Sintomas e Doenças.

Sobre o autor Mário Cordeiro é médico pediatra e Professor na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Foi Presidente da Secção de Pediatria Social e Comunitária da Sociedade Portuguesa de Pediatria, fundador e Presidente da Associação para a Promoção da Segurança Infantil. Foi membro das comissões nacionais de Saúde da Mulher e da Criança, Direitos da Criança e Boas Práticas em Lares. É presença regular nos meios de comunicação social e autor de diversos livros para pais e adolescentes e também de obras de ficção e poesia.

Consultório Médico Mário Cordeiro Clube do Autor 375 pags, 15,95 €


Meloa com vegetais 2 Pessoas Com um elevada percentagem de água, a meloa é um excelente alimento para hidratar no Verão, depois de um dia de praia. Pode incluí-la em vários pratos, desde os salgados e as saladas ou como sobremesa.

Ingredientes

Confecção

Sabia que...

3 folhas de alface 50 g couve-roxa 1 cenoura grande 1 manga 1 embalagem pequena de queijo creme magro ou um iogurte magro de aroma 50 g de fiambre em cubos 1 meloa pinhões

Corte a alface e a couve-roxa em juliana e rale uma cenoura. Descasque a manga e corte-a em pequenos pedaços. Coloque numa taça o queijo creme ou o iogurte. Junte todos os outros ingredientes e o fiambre cortado em cubos. Misture muito bem. Abra as meloas ao meio e retire-lhes as grainhas. Distribua a mistura pelas meloas. Polvilhe com pinhões.

a meloa é uma boa fonte de vitamina C?

Título: Todos para a mesa! Autora: Helena Cid Editora: Bertrand 200 pags, € 17,67



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