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Retomada gradativa das vendas

Cheiro de normalidade no ar

Trânsito na capital começa a se aproximar de parâmetros anteriores aos da pandemia; com o aumento do fluxo, mais vendas para os postos

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Depositphotos

Ao mensurar o fluxo do tráfego em Belo Horizonte, a BHTrans verificou que, pouco a pouco, o trânsito tem voltado à normalidade. Os aplicativos mais usados pelos motoristas confirmam as estatísticas do órgão: de acordo com o Waze e o Google Maps, a média apurada entre 30 de julho e 1º de julho já correspondia a 32,6% do parâmetro considerado normal para a capital mineira. Os maiores volumes, por incrível que pareça, são registrados aos sábados e domingos, em que o percentual médio chega a 101,8% quando comparado ao cenário pré-pandemia. Ou seja, as pessoas estão saindo de casa para trabalhar, mas sobretudo para se entreter nos fins de semana.

Paralelamente à vontade da população de sair do isolamento social de forma gradativa, vão melhorando também os indicadores de vendas dos postos mineiros, principalmente na capital e região Centro-Sul. Grandes redes têm registrado alta de 8% ao mês. Solange Alves Pereira, dona do Posto Wap, em Belo Horizonte, confirma os números. Ela conta que as vendas cresceram 10% ao mês desde junho. “A curva está ascendente”, comemora. Por conta disso, ela, inclusive, estruturou a equipe para que o posto volte a funcionar em regime de 24 horas a partir deste mês, como era antes da pandemia. “Temos visto claramente um aumento do fluxo nas ruas, no entanto acredito que ainda estamos longe do que vínhamos registrando antes da crise. Somente em janeiro ou fevereiro voltaremos aos volumes normais de venda”, projeta a revendedora.

Um ponto importante para o retorno à normalidade seria a volta às aulas. O Governo de Minas já planeja retomar o funcionamento das escolas, a depender do desempenho de cada município no combate ao novo coronavírus e da adesão ao Programa Minas Consciente. Por outro lado, o prefeito da capital, Alexandre Kalil, ainda sinaliza que o retorno só será possível depois que uma vacina estiver disponível. Os postos da região Centro-Sul estimam que entre 10% e 15% do volume total de vendas se deve ao transporte escolar, que inclui veículos próprios e vans que levam alunos aos estabelecimentos de ensino.

Já Felipe Bretas, um dos sócios da Rede Bretas, calcula uma queda ainda maior nos postos da zona Sul da capital por causa da parada das escolas. Segundo ele, 20% de seu volume total depende do público escolar. O prejuízo, entretanto, é amenizado pelos estabelecimentos localizados na periferia e em cidades como Sabará e Contagem, que já atingiram índices iguais aos anteriores à pandemia. Mesmo diante de resultados mais animadores, o empresário aconselha cautela. “Não acredito em uma volta plena antes do ano que vem, principalmente porque as escolas não devem voltar ainda.”

Insegurança na pandemia: como combatê-la

É normal que o empresário tenha sido afetado pelo momento incerto, mas é possível combater a ansiedade e manter a capacidade de liderar

Arquivo pessoal

Simone Demolinari, psicanalista clínica e mestre em anomalia comportamental

Apandemia trouxe instabilidade financeira para o empresariado brasileiro. E, além da insegurança sobre o futuro da economia, é possível perceber um abalo psicológico entre aqueles que buscam saídas para manter seus negócios, em razão do ineditismo da situação e das pressões inerente ao dia a dia de trabalho. Como se isso não bastasse, o revendedor que sai para trabalhar volta para casa receoso diante da possibilidade de contaminar a família – sentimento ainda mais evidente entre os integrantes das equipes que atuam na linha de frente, em contato direto com os clientes. Estes, por sua vez, precisam enxergar no líder a segurança e a firmeza que lhes darão confiança para seguir em frente.

Mas como mostrar para a equipe que se está seguro diante de tantos problemas? “O líder não está isento de medo e insegurança. O que ele precisa, em primeiro lugar, é não se deixar dominar por esses sentimentos. É importante lembrar que, como pai ou mãe de família e empresário, ele sabe que existem muitas vidas sob a sua proteção”, diz Simone Demolinari, psicanalista clínica e mestre em anomalia comportamental. E a chave para isso é a manutenção da saúde mental, de acordo com a especialista.

Antes de elencar algumas dicas, Simone contextualiza a situação vivida pela sociedade brasileira antes da chegada do coronavírus. Segundo ela, a população já estava imersa em uma epidemia de ansiedade. A OMS divulgou, neste ano, dados sobre o problema no mundo. No Brasil, são 18 milhões de pessoas com transtornos de ansiedade, o que representa quase 10% da população. “Ganhamos o rótulo de país mais ansioso do mundo”, reitera a especialista. “Já estávamos sofrendo com as inseguranças normais da vida, que se somaram agora aos efeitos colaterais do isolamento. Ou seja, é preciso cuidar da saúde mental, independentemente do coronavírus.”

Mas como? Esta é a pergunta que tem se repetido nos consultórios. Como manter a saúde mental diante de tantos problemas? Vale lembrar que o revendedor mineiro enfrentou, recentemente, outras situações que potencializaram ainda mais pressão. As chuvas que caíram sobre o Estado no começo do ano e afetaram a rotina de muitos postos, somadas às mudanças constantes na regulação da atividade, são dois exemplos.

A Revista Minaspetro solicitou à psicanalista que listasse algumas ações que podem ajudar na manutenção da saúde mental nestes tempos difíceis. Confira:

ABRA MÃO DO CONTROLE EXCESSIVO

É preciso abrir mão da personalidade controladora. A pandemia ensinou às pessoas que nem sempre estamos em condição de controlar tudo. É preciso aceitar o fato de que as vendas foram abaladas e que vamos conviver com o risco de contágio ainda por algum tempo. Lembre-se: aceitar não é se acomodar. Trata-se de entender que não é possível mudar tudo a toda hora.

EVITE ATRITOS

O isolamento social potencializou os riscos de desentendimentos familiares. Além disso, o ineditismo da situação faz com que a equipe se sinta mais tensionada, e é preciso que o líder entenda o momento. Freud dizia que a maturidade se caracteriza pela troca da raiva pela tristeza. É um bom ponto de partida para fugir de embates desnecessários e fazer com que os colaboradores tenham mais confiança em sua capacidade de gestão.

CERQUE-SE DE PESSOAS POSITIVAS

Em tempos caóticos como o que vivemos, não é necessário estar próximo de pessoas que a todo momento “colocam lenha na fogueira”. Mantenha-se ao lado de quem motiva você a seguir adiante, independentemente do mau momento. E dê preferência a funcionários que agem dessa maneira. Não se esqueça: pessimistas contaminam o outro com palavras, e isso influencia o seu dia a dia.

ACABE COM A PROCRASTINAÇÃO

Seja resolutivo. Se você tinha planos para fazer um curso de inglês, encontre maneiras de fazê-lo. Não use a pandemia como “muleta”. Já estamos em setembro, ou seja, o tempo não parou por causa da pandemia, e você também não deve se sentir paralisado.

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