Minotauro 1 | Espelhos |Novembro/2010

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inotauro espelhos Olhar-se é uma estranha dor, delícia de Bosch, estrutura de Sade. Atravessar nosso próprio corpo, única imagem possível e impossível de nós mesmos. Penetrar no vidro reflexivo, estar ao contrário, invertido. Olhar-se é um estranho prazer. Todo santo dia no espelho do banheiro, do teto, da porta do armário, deixada aberta ontem à noite, preguiça – minha avó diz que deixar armário aberto chama a Morte. Se a porta tiver um espelho, ainda pior. O que fazem nossos reflexos quando fechamos os olhos? Dançam, riem, choram, tentam fugir – permanecem de olhos bem fechados? Desaparecem? Olhar-se é um estranho estranhamento. É necessário rachar as palavras e as coisas, escapar através das micro frestas de um espelho quebrado, enfrentar 7 anos de azar e subverter. Fazer com que Medusa veja seu próprio rosto – nosso pior desejo e mais delicioso medo. “Eu não quero me ver.” Mas o espelho exerce, atrai, exige. Sem a imagem nada somos – corpos que vagam cegos por um mundo de sombras. O reflexo é um jogo de luz, raios, refrações. Estamos condenados ao espelho, Alice, em movimento eterno de entrar e sair – é possível sair do espelho? Desde Narciso vivemos não na Era Clássica, Idade Média, Renascimento, Modernismo ou Contemporâneo: a raça humana está e estará sempre na Existência Através do Espelho. O inferno é, também, uma sala de espelhos.

“O que é um espelho? Não existe a palavra espelho – só espelhos, pois um único é uma infinidade de espelhos. Em algum lugar do mundo deve haver uma mina de espelhos? “ Os Espelhos, Clarice Lispector



mr. interlúdio Quem sou você que me responde do outro lado de mim? Quem é que passa invisível pelo espaço da sala e vai do meu corpo a este outro em emulsão ou emoção instantânea feito como eu mesmo de repente em noite antiga e não perde nessa viagem o tempo que perdi e, no entanto os dias que me fizeram estão ali correndo em suas veias? Entre mim e você que sou eu simultâneo quem sou? O que se fez enfim, nesse intervalo onde minhas coisas todas pousam na poeira do silêncio o segredo de sua carga?

armando freitas filho

Aqui estão os achados e os perdidos o que guardo ou abandono os vários ecos descobertos as minhas sombras que vou deixando como roupas apagadas que despi meus fantasmas de pano e luto e me debato nas paredes pelo quarto tão fechado e escondido como o caderno de rascunho feito de papel e de memória. E nunca estou onde procuro e mesmo agora o que encontro mais de meu é apenas o relógio que marcha e marca a hora fora do meu pulso é a fumaça do cigarro que permanece se movendo é o lugar que pouco antes minha cabeça (ou foi meu sonho) ocupou no travesseiro. E o vento não mais hesita na janela e entra casa adentro no acaso do seu vôo e bate as asas no corredor e bate a porta até então entreaberta.


Quem sou você afinal que me repete do lado de fora de mim? Quando me voltei? Como andei até aí sem desgaste sem me ver e agora me vejo daqui de onde permaneci? O que sou não sei como me fiz ao longe e não me alcanço toda vez quando escapo sem lembrança ou flagrante e vou e vejo em toda parte essa vida que se ergue interina e passeia seu corpo clandestino que é o meu no chão de cada dia. O que sei não sou pois me esqueço tudo o que me fez por dentro: tudo o que está perto todo o avesso tudo o que de cor o coração repete entre relâmpagos e no meio de mim eu não me escuto o pensamento só persegue o que está entre os dois instantes em que me percebi.

Entre os dois instantes a distância é a mesma da folha de um livro para a outra que se segue: de mim para mim na falha desse espaço onde só cabe a lâmina de uma faca o que se passa? Que existência é essa que avança e pergunta a cada linha de vida conseguida? O que faço ali vestido de outro ao contrário de mim pois o coração bate sob a pele da camisa no lado oposto do meu? Como cheguei lá se o pé não se fez passo se o breve ar que me separa é, somente, o de uma respiração para outra que chega e embaça e apaga uma possível ponte que a imaginação fabrica e não sustenta a estrutura em preto e bruma que vai desmoronando suas impossíveis pedras de algodão nessa pausa mínima entre mim e você que escreve com a mão esquerda o que não sei o que, com certeza, não escrevo e nem jamais escreverei aqui?



desencontro henrique balthazar


espelho, espelho meu

flavio colker

O espelho criou a imagem, o simulacro da criação. Narciso seduzido em seu reflexo, indiferente aos desejos do mundo sobre sua carne. A imagem é lugar seguro e a natureza é perigosa. Perscrutamos a imagem e os espelhos indefinidamente, perguntando: ser ou não ser? O olhar do caçador, contaminado de barulhos, de cheiro, do vento lambendo seu rosto. Esse momento, da caça, desapareceu. O caçador ficou aprisionado na sala de espelhos, cercado de imagens. O espelho d’água de Narciso foi a primeira prisão. A imagem separou o olhar das outras percepções e criou a contemplação. A imagem atraiu a consciência para fora do tempo real, para a virtualidade, aonde o tempo dos raios, tempestades e animais selvagens, desapareceu. O espelho, com suas bordas e limites, isola do olhar, o fluxo perigoso da vida. Desde que nos olhamos no espelho, começamos a exigir liberdade. A imagem diminui o tamanho da coisa refletida, enquadrada, limitada. O reflexo é menor do que o original. Invertido. O pensamento, complacente, desfaz a inversão e nisso, o olhar da ação ficou para trás. O espelho retardou a consciência, a vida acelerou então e nós ficamos para trás, perdidos na contemplação. Bruce Lee, em “Enter the Dragon”, é atraído para uma sala de espelhos pelo arquivilão, para anular a velocidade do seu Kung Fu nas imagens multiplicadas. Desde o instante em que o homem se olhou no espelho d’água, passou a correr atrás do tempo perdido. O espelho desmaterializou o perigo da existência, mas aprisionou o homem em imagem. Tarkovsky, o cineasta que busca uma epifania, uma verdade da vida dentro dos limites da imagem, desacelera tudo em slow motion. No entanto, a verdade da imagem, o que sustenta a aparência e produz beleza é uma estrutura abstrata, geométrica. Dionísio e a carne suada, materializada, desfrutável, está em outro lugar, cheio de vida, às gargalhadas. O espelho d’água é arcaico, mitológico. Caravaggio representou a contemplação. A câmara obscura da renascença isolou a imagem. O fotografo materializou essa imagem solta em pedaços de papel, paredes, outdoors, telas de cinema. A imagem ocupou o horizonte e começou a substituir a vida, cada vez mais. A natureza escapou às gargalhadas, por entre dedos, trocando a existência pelo reflexo cintilante.


O aviso do Senhor foi ignorado. Ele advertiu que no principio era o verbo, deveria continuar sendo verbo e através do verbo dominaríamos a natureza. Freud descobriu a natureza enquanto verbo, o inconsciente. A imagem foi domada por ele como signo, sinal da palavra. A palavra atinge o inconsciente e liberta a natureza recalcada. Breton afirmou também que a palavra, o poema era a instancia da liberdade e a imagem, signo. A liberdade acontece quando uma narrativa destrói as salas de espelhos, onde o pensamento está enredado em um tempo parado. O humor acelera. Interrompe a contemplação muda, contrita da imagem. A cópia bem humorada do mundo quebra o espelho e a hipnose do fluxo contínuo de imagens. A piada nos devolve ao tempo presente e veloz. Através de Brecht e de Walter Benjamin, aparece a teoria de uma arte para recuperar nossa ação. O artista interrompe a representação com uma piada mordaz e a essência da vida não está mais isolada no palco; está é conosco, nossas bundas sentadas nas cadeiras do teatro, as gargalhadas. Benjamin descobre que a indústria da fotografia, o cinema, é uma maquina de ilusão aonde o artista é empregado para criar uma sala de espelhos cada vez maior aonde a autonomia para usufruir do mundo em sua plenitude é trocada por moral envolvida em beleza. Ele ensina: debater a moral apenas é criar mais um espetáculo para as linhas de montagem. A liberdade está em um aparelho de arte simples, portátil em que a contemplação é substituída pela interpretação esperta do detetive, pelo riso. A diversão está em derrotar a ilusão e quebrar o espelho, como Bruce Lee. O artista inventa a imagem crítica para escapar do emprego na linha de montagem. Sua máquina simples, original, precária muitas vezes, não é captura. É uma maquina para desmontar armadilhas. Não é a toa que Godard fez questão de encomendar a Aaton uma câmera só para ele. A imagem crítica copia as cópias do mundo. Faz do clichê seu aparelho crítico. De Almodóvar, John Waters, Godard a fotografia de Cindy Sherman e seus autoretratos irônicos. A cópia da cópia produz um sorriso de Sherlock Holmes. A farsa desvenda a farsa como no teatro dentro do teatro, do Hamlet. Sacode a gente e diz: sorria, você está sendo filmado. Thomas Ruff cria imagens ausentes de vida; os retratos imensos em que nenhuma identidade é estabelecida, as cópias de fotos pornô e catástrofes ampliadas em tamanho gigantesco onde os pixels são mais evidentes que o assunto ou as imagens derivadas de fórmulas matemáticas. Assim como ele, Jeff Wall, Lorca di Corcia, Mohamed Borouissa. Imagem apenas, para desconfiar da imagem, aquele malandro que não engana mais ninguém. De volta ao Antigo Testamento.



fantasmas de si mesmo marta egrejas


eu tento roubá-la, você se furta de mim. qual de nós é o ladrão?

não sei se é mais difícil roubar um beijo ou roubar um sim. a boca que beija e a boca que fala: as duas você cala e sorri assim, assim sorriso em forma de não.

luciano trigo

ladrões


O remo entrava aqui na água e saía ali mais a frente empurrando para trás o mar avançando, sem sair do lugar naquele poço mastodonte infinito de pele negra petróleo fechado num círculo de horizonte redondo, a toda a volta o veleiro como a formiga perdida a lutar pela vida no meio do vinho tinto no cimo do barril, cheio e depois o homem de sorriso fácil a vê-la afundar desistida distraído aquela desperdiçada energia perdida, mais perdido ele na sua tonta e pequenina perspectiva sem sequer ver que era dele aquele lento esvair aquele tonto perder aquele corpo na água suja a afundar

jorge emanuel espinho

espelho tinto


entre cacos kelly lima


o reflexo marĂ­timo do pĂĄssaro de ferro bruno moreschi



amĂŠlia isabela lira


do outro lado do espelho

cassiano viana

O que você vê quando olha no espelho? Óptica geométrica, retina, um monstro, números, um labirinto Um reflexo do abismo. O passado imperfeito. Hoje. Ainda. O avesso do espelho. Água viva. O cão que descobriu que é cão e não gente E entrou em desespero. Falso jogo de espelhos. Um buraco. Espelho cego, sem reflexo. Um trouxa (às vezes é bem melhor ser o cão). Dente doente carne podre boca rota estaca sangue verde. Na parede, o rosto inchado, a boca rasgada por dentro não pára de sangrar. Uma parte considerável da gengiva está inflamada, talvez infeccione: pus. (Escarro solitário no banheiro um misto de vergonha e indignação). Alguém se debruça para escavar a própria imagem refletida na água, sem saber que Os objetos estão mais próximos do que parecem / refletidos / do outro lado do espelho. Empunho meu espírito e destruo meus espelhos, Espelho. Зеркало. Speculum. Um espelho é apenas um espelho. Superfície que produz imagens E nada mais.


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pedaços de

vidro

fred coelho

I Olhava-se no espelho e via o reflexo telecoteco da vida. Faxina. O espelho flutuava no espaço e nada se movia pela lente. A porta, invertida. Assim, o que era saída virava entrada e o que era entrada virava saída. Um caos proporcionado pelos raios luminosos. Pelo excesso de luz. Pelo perfeito dobro de sua falência. A busca da salvação no cerne do oco da vista. Um gosto de calmaria se abate: o filósofo afirma que o vidro é inimigo do mistério. Alívio translúcido. O vidro vaza o mundo para os olhos e engole o reflexo. O vidro anula esconderijos e derruba paredes onde penduramos o espelho. O vidro, enfim, traz paz. Mas há um barulho delicado e insistente. Sãos os raios de luz. Fica no escuro. O espelho negro por testemunha. O espelho não é o vidro. Afinal, dois olhares vezes dois são quatro olhares. Nada atravessa o espelho. Olhares multiplicados são devolvidos imediatamente. Não se foge de um espelho. Ele até dorme conosco. Só funciona quando o confrontamos. Fora de nossas vistas, o espelho é morto. O vidro, não. Vive ativo, não se cala nem no escuro. Nos exibe mesmo que queiramos anonimato. O vidro é implacável e friamente cruel. Se ao menos tudo estivesse definitivamente ali dentro, contido no jogo de imagens, seria mais simples dobrarmos a vida. Pois quem dobra se afeta. E quando se afeta, cria amor por si mesmo e pelo mundo. Sem compromissos. Sem mistérios. Sem vidros. Entre dentres, entre grades, entrementes balbucia Eis aí o espelho flutuando na parede estática. Eis a liberdade do mentiroso. Eis a descoberta do próprio e do outro. Todas as portas estão se abrindo. Renuncia ao vidro. Fecha as janelas. O fim da solidão. Todos os portos vazios. Todas as imagens dobradas. Todos os corpos rachados. Todos as gragalhadas liberadas. Todos, de alguma forma, prontos para alucinar. Pois todos merecem o melhor. Basta um espelho vazio. Um espelho com o reflexo abraçando suas cores opacas de pura canção de ninar.


mĂŁo espelhada fred coelho


II A distância entre a imagem e o objeto arremessa o olhar aos picos da razão. Isto é. Mas não é. Isto está. Mas não está. Rio de sentidos. Perversão da bidimensão. Ponto de fuga contra a opacidade da vida. Há no mundo o amor, por isso há o espelho. Ver a si mesmo. Amar-se amando um outro. Duplicar-se infinitamente na certeza de ser mais do que seu corpo de carne e movimento. Seus olhos representam a representação na superfície do eco. Porque o reflexo flutua dentro do mundo invertido como um baixo perdido num dub chapado. Mergulhados no esquadro pendurado na parede, revirados no jogo físico do dentro que é fora, somos a chance de ser um outro. III Entrou no espelho e disse: daqui não saio daqui ninguém mentira. IV Parado: espelhado invertia esperado inventava alegria e esperneando desesperado parado pedia: espero do reflexo um terno abraço mesmo que corrido (pois lá se vai mais um dia). Dentro do vazio refletido. Dentro do silêncio espelhado estilhaço da vista. Apaixonado por um quadrado de vidro na parede, ele espera por você. Calado e conformado. Como uma imagem refletida. Como foto guardada. Ou clima de despedida. V Estava fora ou dentro? Justificado ou centro? Um fora espelhado ou fora borrado, cinzento? Estava atrasado ou estava progressista a contento? A imagem é o indício viciante e o texto é só condimento? Livros e lutas foram empregados para transformar o fora em espaço vazio, porém ocupado, como uma sala de espelhos, em que tudo que vemos é mero reflexo do que não existe de fato. O fora engana e diz que é dentro, o fora transtorna o literato e o entrega de bandeja ao abandono da linguagem. O envolve no dá ou desce em que não há negociação: não se cria por reflexos, não se arremessa distante do porto seguro da língua lambendo suas próprias memórias. Assim como não somos nós dobrados no espelho, não somos nós no derrame de letras e linhas. Há um fora para além do reflexo. Um fora que se protege do rancor do vidro (o vidro é quase espelho, mas não pode sê-lo). Não se pega o reflexo, não se explica a literatura, não se beija o lábio refletido. Se lambe, isso sim, o traço gilete gelado da superfície de alumínio e vidro. VI Não há vida após o espelho.


espelho

sylvia plath

Sou prata e exato. Sem preconcepções.

Engulo o que vejo imediatamente Tal como é, sem névoa de amor ou antipatia. Não sou cruel, apenas fiel – O olho de um pequeno deus, com quatro cantos. Quase sempre medito sobre a parede oposta É rosa, com nódoas. Eu a olho há tanto tempo Que acho que faz parte do meu coração. Mas ela oscila Rostos e escuridões nos separam repetidamente.

Agora sou lago. Uma mulher se debruça em mim, Busca em minha extensão o que realmente é. Então se volta praquelas mentirosas, velas ou a lua.

marina della valle

tradução:

Eu a vejo de volta, e a reflito fielmente. Ela me recompensa com lágrimas e mãos agitadas. Pra ela sou importante. Ela vai e volta. A cada manhã é o rosto dela que substitui a escuridão. Em mim ela afogou uma jovem menina, e em mim uma velha Se levanta pra ela dia após dia, feito um peixe terrível.


corrosivo marcone moreira


fric cheak pedro koblitz


sala dos espelhos kraftwerk O rapaz entrou na sala dos espelhos Descobriu ali um reflexo de si mesmo Mesmo as maiores estrelas se descobrem ao espelho Mesmo as maiores estrelas se descobrem ao espelho As vezes ele viu seu próprio rosto E às vezes havia um estranho no seu lugar Mesmo as maiores estrelas vêem seu rosto no espelho Mesmo as maiores estrelas vêem seu rosto no espelho Ele se apaixonou pela própria imagem E de repente a imagem se distorceu Mesmo as maiores estrelas se detestam ao espelho Mesmo as maiores estrelas se detestam ao espelho Ele inventou a pessoa que ele queria ser E se transformou nessa nova persona Mesmo as maiores estrelas se transformam ao espelho O artista vive no espelho Entre os ecos de si mesmo Mesmo as maiores estrelas vivem no espelho Mesmo as maiores estrelas se encaram ao espelho Mesmo as maiores estrelas se encaram ao espelho Mesmo as maiores estrelas vivem no espelho Mesmo as maiores estrelas vivem no espelho

tradução:

sergio werner



Clarice Lispector Armando Freitas Filh lho Henrique que Balthazzar henriq iq ique que u balthazar@ya yaho h o. o com.br Flávio io o Col o ker flav a io oco colker.com.br Ma Egrejas Marta g j flickr fl k .com/photos/maart rtae ae egr grej ejas ass Luciano Trigo g lucianotrigo.blogspo pot. t co com m Jorge g Emanuel Espinh nho o avidaelarga.com Kellyy Lima flickr.com/photos/kellylima Bruno Mo M reschi brunomoreschi.blogspot.com m Isabela Lira isabela@lira.art.br Cassiano Viana cassianoviana.blogspot.com o Julio Silveira vinte5.com Guilherme Kato guilkato@uol.com.br Bárbara Magri g flickr.com/barbaramagri Fred Coelho objetosimobjetonao.blogspot.co om Sylvia y Plath Tradução ç de Marina Della Valle loucanosotao.wordpress.com Marcone Moreira lurixs.com Pedro Koblitz pedrokoblitz.com.br Kraftwerk Tradução ç de Sergio Werner aji2000.free.fr


“Let´s pretend the glass has got all soft like gauze, so that we can get through. Why, it´s turning into a sort of mist now, I declare! It´ll be easy enough to get through – She was up on the chimney-piece while she said this, though she hardly knew how she had got there. And certainly the glass was beginning to melt away, just like a bright silvery mist.”

“– Em que espelho ficou perdida a minha face?” Cecília Meireles, Retrato

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Lewis Carroll, Through the Looking-Glass

Minotauro Número 1 - Espelhos Rio de Janeiro - Novembro de 2010 Editores Cassiano Viana & Diego Paleólogo Projeto Gráfico Diego Paleólogo Agradecimentos Anna Iannini, Mariana Amaral e Galeria Lurixs Impressão Walprint Gráfica e Editora Tiragem 500 exemplares minotauro.revista@gmail.com



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