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Poder destrutivo da septoriose no tomateiro
SEPTORIOSE
TODO CUIDADO É POUCO NO TOMATEIRO
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Mariane Gonçalves Ferreira Copati
marianegonferreira@gmail.com
Françoise Dalprá Dariva
fran_dariva@hotmail.com Doutorandas em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Francielle de Matos Feitosa
Doutoranda em Genética e Melhoramento – UFV franciellefeitosa@gmail.com
Das doenças que incidem sobre a cultura do tomateiro, a septorio se, ou mancha-de-septória, vem ganhando destaque, principalmente pelo seu alto poder destrutivo, que pode gerar perdas de até 100% à produção. Ademais, essa doença apresenta ampla distribui ção geográfica, com relatos de ocorrência na maioria das regiões produtoras do Brasil e do mundo.
O fungo Septoria lycopersici, agente causal da septoriose, coloniza as folhas da planta, tendo os estômatos como princi pal porta de entrada. Os sintomas iniciais da doença incluem a presença de inúmeras manchas de formato circular a elíptico, medindo de 2,0 a 3,0 mm de diâmetro, e com pontuações negras, que são as estruturas de reprodução do pa tógeno observadas nas folhas mais velhas, logo após a formação do primeiro cacho.
Com o progresso da doença, as man chas adquirem coloração marrom-acinzentada no centro, com bordas escuras e um halo amarelo ao redor, que pode atingir até 5 mm de diâmetro se as con dições forem favoráveis ao desenvolvimento da doença.
Em estágios mais avançados, as man chas coalescem e provocam crestamento (ou queima intensa), com posterior des folha da planta e exposição dos frutos à queimadura pelo sol. Como o patóge no destrói inicialmente as folhas baixeiras, a “queima da saia” é tida como sintoma chave da doença. Apesar de afetar predominantemente a folhagem, ataques severos causam lesões, geralmente me nores e mais escuras, nas hastes, pedúnculo e cálice.
Epidemias da doença são comuns em condições de temperaturas amenas, em torno de 20 a 25ºC, alta umidade relati va do ar e chuvas constantes, observadas no cultivo de verão na maioria das regi ões produtoras de tomate estaqueado.
Nos cultivos de inverno, a septorio se é problemática em sistemas de cultivos irrigados via aspersão. Nos últimos anos, esta doença também tem se torna do bastante destrutiva para as lavouras de tomate industrial irrigadas via pivô central, na região centro-oeste do País.
Um levantamento das doenças do tomateiro publicado pela Embrapa em 2013 apontou a septoriose como a do ença fúngica de maior ocorrência, tanto
no segmento de tomate de mesa como tomate indústria, com ocorrência regis trada em cultivos comerciais nos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo, Minas Gerais, Ceará, Goiás e Distrito Federal.
Estratégias de manejo
No mercado sementeiro, ainda não existem cultivares de tomate resistentes à doença disponíveis para comercialização. Dessa forma, o tomaticultor pode utili zar múltiplas estratégias de controle antes e durante o plantio a fim de garantir o controle eficiente nas lavouras.
Antes do plantio, pode-se utilizar o controle preventivo, o qual tem a fina lidade de reduzir as fontes de inóculo inicial na cultura. Dentre as principais formas de controle preventivo, podemos destacar a rotação de culturas com plan tas de outras famílias; destruição ou remoção dos restos culturais da cultura ou plantas daninhas hospedeiras logo após a colheita da área; plantio de sementes e mudas livres do patógeno e evitar plan tios próximos de lavouras mais velhas ou infectadas.
No viveiro, recomenda-se a elimina ção das mudas contaminadas logo após a identificação do patógeno.
No manejo da cultura, deve-se evitar o sistema de irrigação por aspersão, que promove o molhamento foliar e cria um
Foto Daniel Lage
Sintomas da septoriose no tomateiro
microclima favorável para a infecção do patógeno. A adubação deve ser equili brada para possibilitar o pleno desenvolvimento da cultura e, consequentemente, maior resistência em suportar a doença.
Controle
Quando forem identificados focos da doença no campo, deve-se proceder o controle químico, que ainda é o método mais empregado para tal. No tomateiro, para combater essa doença pode-se apli car fungicidas foliares de contato ou sistêmicos.
No Ministério da Agricultura, Pecu ária e Abastecimento (MAPA) existem cerca de 89 produtos registrados para seu controle, como cúpricos, triazóis, isof talonitrila, ditiocarbamatos, estrubilurinas e inorgânicos. No entanto, vários erros são cometidos durante o controle, os quais comprometem a eficiência no con trole do patógeno.
Os erros mais comuns cometidos pelos tomaticultores são a utilização do controle químico quando a doença já se encontra amplamente instalada em plan tio de cultivares suscetíveis e a utilização de fungicidas de contato em lavouras com sistema de irrigação por aspersão e/ ou em épocas chuvosas.
Esses erros podem ser evitados por meio de aplicação preventiva de fungi cidas protetores quando observadas condições climáticas favoráveis ao patógeno e aplicação de fungicidas sistêmicos em lavouras que utilizam a irrigação por aspersão.
Ademais, para maximizar o controle é necessário evitar irrigações frequentes e realizá-las pela manhã, para permitir a secagem das folhas antes do anoitecer.
Novidades
O sistema de previsão da doença
Fotos Ricardo Pereira
também tem sido utilizado para o con trole da septoriose nas lavouras de tomate, o qual visa o uso racional de agrotóxicos, reduzindo o número de aplicações e aumentando a eficiência no controle.
Com a utilização desse sistema, o produtor saberá qual é o momento exa to da aplicação do fungicida na lavoura por meio do monitoramento da tempe ratura e umidade.
Atualmente, o controle por meio da utilização de softwares que quantificam a área foliar da planta afetada por meio de imagens digitais vem ganhando espaço dentre as técnicas de controle da doen ça, uma vez que proporciona maior precisão na identificação e quantificação da doença no campo.
Utilizar o controle integrado da sep toriose nas lavouras de tomateiro é a melhor estratégia de manejo, uma vez que proporcionará melhores resultados no controle, sem onerar o custo de produ ção para o produtor.