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Qual o manejo correto de água para o tomate?

MANEJO CORRETO DE ÁGUA PARA O TOMATEIRO

Jéssica E. R. Gorri

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gorrijer@gmail.com

Maria Clezia dos Santos

mariaclezia.stos@gmail.com

Flávia Galvan Tedesco

flaviagtedesco@gmail.com

Rodrigo Donizete Faria

rdfaria13@gmail.com

Roque de Carvalho Dias

roquediasagro@gmail.com Doutorandos em Proteção de Plantas – UNESP/Botucatu

Oobjetivo do produtor de tomate é aumentar a produtividade da sua lavoura, visando a quali dade, sustentabilidade do negócio e satisfação do cliente. Dentre os vários fatores que podem influenciar uma boa lavoura de tomate, destaca-se o mane jo da água. Durante o estágio inicial da planta, a falta de água, sobretudo após o transplantio, pode proporcionar a morte das mudas e diminuir o desenvolvimen to das plantas.

Por outro lado, o excesso de água ocasiona maior incidência de doenças e podridões de raízes. Para conduzir um bom estande da cultura, recomenda-se realizar o transplante das mudas em solo previamente irrigado com irrigações di árias, procurando-se manter a umidade na camada superficial do solo até o total estabelecimento das mudas.

Após o pegamento das mudas e an tes da maturação, o tomateiro exige a máxima demanda de água. Já no está dio de maturação há a necessidade de uma considerável redução do uso de água pelas plantas.

Alerta

Irrigações em excesso prejudicam a coloração do fruto, reduzem o teor de sólidos solúveis e a acidez dos frutos. Para contornar esses problemas, as ir rigações devem ser realizadas adotando-se um turno de rega mais espaçado do que durante o estádio de frutifica ção e serem paralisadas vários dias antes da colheita.

É prática comum cessar a irrigação do tomateiro entre duas e quatro sema nas antes da colheita, com o objetivo de

Waldir Marouelli

maximizar os teores de matéria seca no fruto e minimizar a compactação do solo durante a colheita.

Equilíbrio

No estádio vegetativo (antes da formação dos frutos), a deficiência moderada de água, principalmente no início, favorece o aprofundamento do sistema radicular, permitindo maior eficiência futura na absorção de água e de nutrien tes pelas raízes.

Essa estratégia resulta em menor crescimento das plantas, mas tal carac terística tem pequeno efeito na produção de tomate, desde que o suprimento de água no estádio de frutificação seja adequado.

De forma a submeter o tomateiro a condições de déficit hídrico moderado, as irrigações, durante o estádio vegeta tivo, podem ser realizadas considerando uma tensão-crítica de água no solo en tre 100 - 200 kPa, nos casos da irrigação por aspersão e por sulco. No caso do gotejamento, irrigar considerando uma tensão-crítica entre 30 - 70 kPa.

Para executar essa estratégia, vários equipamentos podem ser utilizados para a medição da tensão de água no solo (tensão-crítica) por agricultores, com destaque para o tensiômetro, blocos de resistência elétrica ou sistemas rela cionados.

Dessa maneira, para colocar a estra tégia de redução de água no início do estádio vegetativo em prática, será ne cessário o acompanhamento de equipamentos e profissionais da área de manejo de água no solo capacitados, para não conduzi-la de maneira incorreta.

Muitos produtores que utilizam o sistema por gotejamento têm seguido o critério de manejo recomendado para tomateiro irrigado por aspersão. Ado tam a estratégia de promover déficit hídrico durante o estádio vegetativo, com turnos de rega de sete a 12 dias, com o objetivo de obter maiores rendimentos.

Gotejo

O sistema de gotejo é composto por tubos gotejadores com espaçamento di mensionado e vazão controlada. É adotado tanto para o cultivo do tomate de mesa como industrial. Possui alta efi ciência de distribuição de água, sendo possível também realizar a aplicação de fertilizantes. É uma técnica de grande custo, porém, exige pouca mão de obra e vai muito bem no tomate tutorado.

Irrigação por sulcos

Muito empregada no cultivo do tomate de mesa, pois a água corre lentamente entre as fileiras das plantas. Embora este sistema tenha um custo de implantação pequeno, ocorre desperdício de água e exige muita mão de obra.

Irrigação por aspersão

Pode ser adotada tanto para o cultivo do tomate de mesa (geralmente feito por aspersores convencionais) quanto para o tomate com fins industriais, que também pode ser feito por pivô central.

Para o tomateiro tutorado, os méto dos de irrigação que têm sido mais empregados são por sulco e a microirrigação (microaspersão), sendo que a cultura ras teira se adapta à aspersão, principalmente em regiões onde a umidade relativa do ar é baixa.

Produtividade

O manejo adequado de água é um dos aspectos responsáveis por influenciar diretamente no plantio e na produção dos tomates. Tanto a falta quanto o ex cesso de água podem ser prejudiciais à produtividade e qualidade dos frutos.

A irrigação por déficit (DI) tem sido usada como uma técnica de irrigação para economia de água na produção. O DI implica em dar menos água a toda a zona de raiz das plantas do que a evapo transpiração predominante. Dependendo da extensão do déficit hídrico, o DI reduz o status da água nas plantas juntamen te com uma redução das trocas gasosas, levando a um fraco rendimento comer cializável, como observado em tomateiro.

A irrigação parcial da zona de raiz (PRD) é uma técnica relativamente nova de economia de água, em que a cada ir rigação apenas uma parte da rizosfera é umedecida com a parte restante deixada para secar até um nível pré-determina do de teor de água no solo.

Espera-se que o estado da água da planta se equilibre com a parte mais úmi da da rizosfera e, portanto, mantenha um alto potencial hídrico foliar semelhante ao das plantas bem regadas.

Ao contrário do DI, o PRD poderia manter um status semelhante da água da planta em comparação com as plan tas totalmente irrigadas, sem efeitos deletérios no rendimento.

Pesquisas

Estudos mostram que as plantas em curso de irrigação parcial da zona da raiz (PRD) tinham uma folha semelhante à das plantas com irrigação convencional. Portanto, não houve efeitos adversos no crescimento das plantas, no peso fresco total dos frutos, no peso seco total dos frutos e no índice de colheita nas plan tas de PRD.

Assim, o PRD não apenas melho rou a eficiência do uso da água de irrigação em 83%, mas também economizou água em 50%. O PRD pode ser uma es tratégia de irrigação mais viável do que a irrigação por déficit na produção de tomates processados. Pode ser imple mentado em áreas secas onde a irrigação é necessária para atender a produção comercial de tomate.

Orientações

O manejo da água por irrigação é re

S h u t t e r s t o c k

alizado de forma inadequada por grande parte dos produtores por ignorarem pa râmetros da cultura, clima, solo e o sistema empregado.

Os erros frequentes são:

Sistema de irrigação mal dimensionado;

Não utilizar medidores para avaliação da umidade do solo.

Não adotar turno de rega;

Água em excesso/escassez;

Irrigação por déficit ou parcial sem acompanhamento técnico;

Falta de manutenção do sistema de irrigação.

Para realizar o manejo correto da água na cultura do tomateiro é fundamental sa ber o momento certo de irrigar e a quantidade de água a fornecer. O produtor deve procurar assistência técnica espe cializada para a escolha correta do sistema e o seu dimensionamento.

A quantidade de água necessária para a irrigação do tomateiro depende das condições climáticas, sistema de pro dução e irrigação. Os métodos de verificação da tensão da água do solo e balanço hídrico permitem o controle preciso da irrigação, evitando o excesso e a falta de água para as plantas.

No entanto, recomendações para o manejo de água com base em turno de rega devem ser determinadas para con dições específicas, com base na necessidade hídrica para cada estádio da cultura.

Para manter o bom funcionamen to da irrigação e a distribuição de água de forma correta, é importante a manu tenção adequada que visa manter o sistema de irrigação operando com eficiência máxima durante todo o ciclo da cultura. Cultivos que utilizam fertirri gação exigem maiores cuidados, pois os fertilizantes podem causar problemas de entupimento de gotejadores, desgaste de tubos e conexões.

Resultados práticos

As grandes regiões produtivas de tomates para as indústrias apresentam solos profundos, bem drenados e topografia plana, facilitando a implantação do cultivo mecanizado e instalação de sis temas de irrigação.

Entretanto, são escassos estudos nes sas regiões quanto às necessidades hídricas e aos efeitos do déficit hídrico na produ ção do tomateiro, tendo em vista a otimização da produtividade e o teor de sólidos solúveis, a redução de doenças, lixiviação de nutrientes no solo e eficiência no uso da água.

Em estudos conduzidos em ambien te protegido, foi observado que as plantas de tomate submetidas ao déficit hídrico aumentam os níveis de massa seca e fresca, caule e raízes para algumas cul tivares.

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Em outros estudos, foi constatado que a redução no intervalo de irrigação da cultura favoreceu o aumento de sóli dos solúveis totais e melhorou a qualidade nos frutos.

Custo

Possíveis investimentos a serem feitos:

Aquisição de tensiômetro e/ ou instalação de um tanque clas se A para leitura e conhecimento de quando se deve irrigar;

Mão de obra especializada para implantar o sistema, exemplo: pro fissionais qualificados da área de manejo de água no solo e/ou irri gação;

Caso a resposta à estratégia não seja favorável, haverá queda na produtividade e qualidade de frutos, ocorrendo possivelmente prejuízo e investimentos para re verter os danos.

Possível retorno:

Economia de energia;

Economia na utilização de água e custos relacionados;

Incrementos de produtividade e melhoria da qualidade dos fru tos.

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