Ano 1 | Nº 45 | Junho 2010
Bali - sua segunda lua de mel Para todas as ocasiões: Rio Quente Paris na faixa Viagem exótica: Balões
Sua melhor experiência.
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Sumário Rio Quente 20
Um aosis no meio do sertão Goiano
Paris 27
Uma viagem inesqucível e acessível
Balão 36
Tudo sobre um modo de viajar com estilo
Gramado 52
Aproveite o frio do Sul
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6 Editorial
Uma palavra de nossos editores
8 Agenda
Confira o que acontece durante maio e junho
11 Cartas
Cartas e sugestĂľes de viagens de nossos
12 Entrevista
Amir Klink fala sobre suas viagens e suas aventuras
56 Compras
Coisas Ăşteis que facilitam suas viagens
59 CulinĂĄria
Josimar Melo visita o melhor restaurante de Portugal
62 Poema visual
Josimar Melo visita o melhor restaurante de Portugal
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Caro leitor,
Curso de Graduação em Design com Habilitação em Comunicação Visual e ênfase em Marketing
A
revista Voyage pretende cobrir a crescente demanda por uma revista de viagens voltada a um público que agora está livre e pronto para aproveitar a vida e curtir novas experiências. Procuramos mostrar com clareza e simplicidade a beleza de cada lugar visitado e transmitir as informações de maneira divertida e informativa. Nessa edição, sugerimos uma viagem de balão e esperamos que ela empolgue os leitores e os inspire a tentar esta nova empreitada. Seja em Boituva ou na Namíbia, o voo de balão é seguro e agradável, como nos contou Maria Tereza, de 81 anos, que relatou sua experiência na matéria em questão. O resort Rio Quente é nosso outro grande destaque: o ambiente é ótimo para relaxar e se divertir, seja em família, entre amigos ou a dois. Agora, se uma viagem internacional é o que lhe interessa, então não deixe de conferir nossas matérias sobre Paris, com dicas imperdíveis sobre como aproveitar a cidade da luz, e Bali, dedicada a quem estiver interessado em aproveitar uma segunda lua-de-mel inesquecível. Além disso, nossa seção Agenda traz ainda mais recomendações de eventos culturais no mundo todo. A Voyage possui também uma coluna assinada por Josimar Melo, que todo mês escreve um novo texto abordando suas viagens sob a ótica da culinária. Nesta edição, ainda temos uma imperdível entrevista com Amyr Klink, o mais famoso navegador brasileiro, responsável por diversos livros sobre viagens no mar. Esperamos que você curta esta edição e já sinta vontade de arrumar as malas, afinal de contas, a vida está só começando.
Bon voyage!
Mariana Andrade
Victoria Vieira
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Lilian Kozemekin
Lilian Ogussuko
Fabiana Seto
Projeto Integrado do 3º Semestre Projeto III Prof. Marise de Chirico Lingua Portuguesa III Prof. Regina Ferreira da Silva Produção Gráfica Prof. Antonio Celso Collaro Módulo de Cor Prof. Paula Csillag Marketing III Prof. Vivian Strehlau
Integrantes Fabiana Terra da Silva Seto Lilian Kozemekin Lilian Ogussuko Mariana de Andrade Monteiro Victoria Opatrny Vieira
cartas e fotos dos nossos leitores
Cartas
Hawaii Chile
Excursão de Recife - PE.
Maria Helena e Walter, 60 e 63 anos, Belo Horizonte - MG.
Hawaii Luis e Vanir, 65 anos e 66 anos, Maringá - PR.
Londres
Porto Seguro
Eurico, 71 anos, Curitiba - PR.
Clarice, 64 anos, e Augusto, 67 anos, Salvador - BA.
Vancouver Cecília, 55 anos, Londrina - PR.
Florianópolis
Amsterdã
Mande sua foto para que nós possamos publicá-la e servi-la de inspiração para os leitores!
Virginia, 48 anos, Rio de Janeiro - RJ.
Jeremias, 73 anos, Goiânia - GO.
voyage@gmail.com
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Entrevista
Amyr
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“O navegador, que já foi mais de 20 vezes à Antártica, nos conta um pouco mais sobre suas viagens e de como influenciaram sua vida, seus livros e sua visão.”
N
ascido em São Paulo, no dia 25 de setembro de 1955, Amyr Klink é filho de uma mãe sueca e um pai libanês. Economista formado pela USP-Universidade de São Paulo e pós-graduado em administração de empresas pela Universidade Mackenzie. Navegador experiente teve seu interesse pelo mar durante a infância a partir dos livros e já relatou suas experiências em obras como Paratti - Entre Dois Pólos e Mar Sem Fim. Hoje, além de navegador é membro da Royal Geographical Society assim como Assessor
de expedições da revista National Geographic Brasil. É também diretor da Amyr Klink Planejamento e Pesquisa Ltda. e da Amyr Klink Projetos Especiais. Sócio-Fundador do Museu Nacional do Mar - em São Francisco do Sul SC-, Amyr Klink esteve em São Paulo nesta ultima semana para a divulgação de seu mais recente livro LinhaD’Água e recebeu a redação da Voyage para um bate-papo informal no Hotel Blue Tree Faria Lima, em São PauloSP, onde se encontrava hospedado durante este período.
Klink
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Revista Voyage - Ao ter seu nome e rosto estampados em livros e revistas nacionais e internacionais, como você lida com essa exposição na mídia por ter simplesmente seguido um sonho?
R.V. - Como sua família reage em relação as viagens que você tanto faz?
A.K. - Quando eu tive minha independência econômica e fui morar sozinho em Paraty, no Rio de Janeiro, minha Amir Klink - Eu nunca parei para família não sabia de mais nada. Muitas pensara respeito disso. Mas não gosto das viagens que eu fiz minha família só muito de tirar fotos e dar entrevistas, e ficou sabendo depois que terminei. sempre escapo quando posso. Mas tenho também um privilégio de ter uma R.V. - Já aconteceu de você ter sentimenatividade onde fico longe de fotos, tos contrários, como estar no barco e quejornalistas e olhares, posso andar pela- rer estar com a família e vice-versa? do quando eu quero, posso fazer um monte de coisa que outras pessoas não A.K. - Toda hora, principalmente poderiam fazer na presença de outros quando o tempo está ruim. Nessas ho(risos). Mas nunca parei para pensar ras só consigo pensar em terra firme . a respeito, o que posso dizer é que no Isso acontece o tempo inteiro. Eu não final das contas, não incomoda, mas acho que sou um tarado por mar, um também não agrada . O que eu gosto cara que só pensa em barcos. Eu gosto mesmo é de poder estar viajando. da experiência de viajar e um barco é
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“Eu acho que perigo é você ficar à deriva a vida inteira sem fazer o que gosta” uma das maneiras interessantes de se fazer isso. Mas tenho outras também. Viajei muito a pé, adoro viajar a pé. Hoje em dia não têm muitos lugares que a gente possa fazer isso, mas eu passava semanas no mato e eram poucas coisas que carregava, pois naquela época não tinha mochila de marca, óculos, protetor e etc. Eu viajei muito de bicicleta, moto, ônibus, eu gosto mais é da experiência da viagem.
um ente muito mais poderoso e astuto do que você. Você tem que conhecer esse ente, quais são os seus caprichos, até onde você pode ir junto e onde não deve. Eu gosto muito do exercício de navegar por causa dessa negociação, desse entendimento, não é o prazer de vencer mais um desafio. Às vezes é um prazer muito mais prosaico do que isso. R.V. - Todos sabem que navegar é uma É o prazer de não ter ninguém por perprática solitária. Para você, existe prazer to te torrando a paciência, de não ter nenhum gerente de banco te enchendo maior do que uma solidão desejada? o saco, esse é um dos prazeres também, A.K. - Quando se fala em prática so- pode ser... litária, duas ou três pessoas vão pensar um monte de asneira ao ler isso não é R.V. - Qual foi a viagem que você não mesmo? Não, eu gosto da viagem so- consegue esquecer? litária, não é por uma prática ou por prazer, nada disso (risos). Uma viagem A.K. - Toda viagem para o mar, princisolitária é uma atividade muito bonita, palmente para a convergência Antártinão é uma atividade onde você possa ca, ela é muito rica de acontecimentos. brigar com o meio pela força, pela im- A viagem que eu mais gostei de ter feiposição. Você tem que negociar com to foi a viagem do ano passado em que
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eu fui com minhas três filhas e outras crianças para » lá, foi a mais impressionante. Achei que seria legal para as crianças, que elas iriam aprender muito. Foi um experiência muito legal que eu relato no final desse novo livro e que eu quero voltar a fazer. Quebrei alguns conceitos que eu fiz, porque eu não comprei um barco pronto para viajar, não mandei ninguém fazer, eu construir e projetei cada um dos barcos em que viajei. R.V. - Para o Amyr Klink:, o que é perigo?
Quando eu tinha uns 13 anos comecei a ler em francês, descobri uma coleção de relatos de viagens marítimas e aos poucos fui mergulhando nesse mundo das viagens. A experiência que eu adquirir no mar devo mais ao livros do que aos barcos. R.V. - Para finalizar. Quando e onde será sua próxima viagem? A.K. - Eu tenho ido regularmente à Antártida.A temporada começa em outubro e devo ir no dia 15 de outubro. Só que neste ano quero fazer uma viagem com o fotógrafo Sebastião Salgado, de dezembro até o final de fevereiro do próximo ano. Ele quer terminar um projeto na Geórgia do Sul e eu queria terminar um trabalho em fotografia também que eu estou fazendo há uns 10 ou 12 anos. Conheci o Sebastião ano passado, a gente se deu muito bem e estamos nos preparando para fazer essa viagem o mais breve possível. V
A.K. - Eu acho que perigo é você ficar à deriva a vida inteira e ficar sem fazer o que gosta e eu acho que esse é um perigo monstruoso (risos). Hoje é muito fácil você ficar cego pela correria do dia-a-dia e no final não ter feito nada. Não ter escrito, reclamado, plantado, xingado e etc... O mundo hoje induz a gente a um falso comodismo e desse perigo eu tenho um medo brutal. Tem o perigo óbvio também que é o de perder um dedo ou a vida e desse perigo eu estou bem consciente e não me as- Mais Informações: susta nem um pouco. www.voyage.com.br/entrevista www.amyrklink.com.br R.V. - Como começou sua paixão pelos livros? A.K. - Eu comecei a navegar não por causa do mar, mas devido aos livros.
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A Boa Onda O Rio Quente Resorts, em Goiás, atrai gente de todo Brasil em busca de suas águas termais – com direito a uma praia em pleno cerrado
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ara comemorar suas bodas de diamante, o casal Arno e Geni Pirtousheg, ele com 83 anos e ela com 82, escolheu para a festa um destino de sonho para turma de sua faixa etária: o Rio Quente Resorts, em Goiás, que recebeu mais de 100 mil pessoas com mais de 60 anos em 2008. Uma coisa era certa: não iria faltar espaço, conforto e muito menos diversão para os 47 amigos vindos do Sul do país e de Brasília especialmente para a ocasião. Afinal, o destino é o maior complexo de lazer da América do Sul e foi eleito por seis anos o melhor resort de termas e campos do Prêmio VT. Colocar os pés naquelas águas termais quentinhas e sentir o clima de eterno verão do cerrado com médias de 27° C, foi um alento para os fiéis amigos de Arno e Geni, que enfrentaram uma maratona para comemorar com
o casal a data tão importante. O grupe Pé na Estrada Tchê (penaestradadtche.com.br) – sim, eles têm até nome e site – partiu de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, rodou 5 horas em um ônibus de turismo até o aeroporto de Porto Alegre, pegou um voo para São Paulo e emendou com outra para Caldas Novas. Ainda percorreu mais 28 quilômetros de Estrada para finalmente chegar ao Rio Quente Resorts, onde Arno e Geni já aguardavam os amigos. No encontro, surpresa: uma faixa imensa – que por pouco não foi retida no check-in do aeroporto paulista – parabenizava o casal pela união. “Nos mudamos de Santa Maria há três anos, mas as amizades nunca terminam, e é um prazer poder compartilhar com eles essa data”, diz Arno, emocionado. No mesmo grupo, outros três casais comemoravam mais de 40 anos »
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» de casamento – Cindival e Amélia Nascimento, Hélio João e Célia Belinazo e Carlo e Ilza Moraes – e durante uma semana desfilaram carinhos e inspiraram quem curtia a lua de mel. Os grupos da Terceira idade, como o Pé na Estrada Tchê, se esbaldam principalmente no Parque das Fontes, o parque aquático do complexo, com piscinas calmas e duchas abastecidas com águas que podem chegar a 38 graus de temperatura. Os mais corajosos se juntam à multidão de famílias com crianças que preferem outra atração do Rio Quente Resorts: o Hot Park, maior parque aquático do Brasil, repleto de atrações radicais. Enquanto os filhos e netinhos fazem a festa nos seis toboáguas e no Half Pipe – um escorregador em forma de U -, pais e avós geralmente aproveitam o bares e a tranquilidade das piscinas com boias. Mas há exceções. Na ponte ao lado do Half Pipe, todos param para ver a segunda descida de Cleusa Rocha Matias de Almeida, uma mineira de 59 anos, cabelo curtinho e risadas contagiante. Foi ela quem arrastou a filha, Raimunda, para o brinquedo mais radical do complexo. “Se estamos aqui, temos que aproveitar tudo, não é?”, diz ela, depois da descida. A filha, 25 anos mais nova, solta apenas um riso nervoso, enquanto a mãe se prepara para a tirolesa, uma das atrações pagas à parte.
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Praia do Cerrado
Mas, no Rio Quente, quem rouba a cena, mesmo, é a Praia do Cerrado, na verdade a maior piscina com ondas da América do Sul, também no Hot Park. Com protetor solar e canga nas bolsas de plástico, Havaianas nos pés e boné na cabeça, um grupo de 18 turistas de Campinas (SP), nenhuma com menos de 50 anos, se apronta para ir lá em uma sexta-feira de inverno. Detalhe: com céu azul e mais de 28 graus de temperatura. Tudo vai bem, mas, no caminho, uma delas comenta: “Tenho medo do mar, tenho medo de mergulhar a cabeça”. A amiga logo acalma: “Você pode ficar na parte das crianças. Quase não tem ondas lá”. Não é preciso ter medo. Na Praia do Cerrado, tudo é programado: a água é doce e quente, as ondas chegam a no máximo 1,20 metro, sempre quebram no mesmo ponto e cessam a
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cada meia hora. A inconstância desse “mar”não desanima as mais de 2 mil pessoas que passam o dia na areia branquinha. Esse número pode triplicar nos fins de semana e, mesmo com lugar para até 15 mil banhistas, é bom chegar cedo para conseguir seu lugar à sombra. Sol, esse, sim, é uma constante – há, em media, 109 dias de céu aberto por ano em Rio Quente. Mesmo a 1200 quilômetros do oceano, a rotina na praia do Cerrado lembra em muito a do litoral brasileiro. Cedinho vão chegando as famílias, com baldinhos, boias, bolas e todo o equipamento necessário para manter a garotada distraída até a hora do almoço. Antes de fincar o pé na areia, porém, elas precisam superar as lojinhas do caminho, que vendem tatuagem, tererê e sorvete, produtos típicos do comércio praiano. E também doce de »
Caldas Novas
“Mesmo a 1200 quilômetros do oceano, a rotina na praia do Cerrado lembra em muito a do litoral brasileiro”.
Praia do Cerrado
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» baru e casca de laranja, esses, sim, delí-
cias locais. Com a chegada desse público, o “mar” muda e começam as ondas conhecidas como “diamante, mais fracas do que as transversais. “é a preferida do público”, diz Manoel Carlos Cardoso, diretor de marketing e vendas do Rio Quente Resorts. “Já testamos nove tipos e esse teve a melhor aceitação. Os hóspedes de um dos seis hotéis do Rio Quente Resorts podem ainda migrar para uma área privativa, à direita da praia. Nesse setor reservado, as cadeiras não são de plástico, mas de madeira e tela, e há dois bares exclusivos. Quem achar pouco aluga um balé-balé: as cabanas típicas da Indonésia, com cama e almofadas, mexem com o imaginário dos hóspedes. “São superconfortáveis. É muito luxo! Você se sente uma estrela”, diz Ana Lúcia Molina, 50 anos, de Santa Maria. Para aproveitar as melhores, cercadas com mesinha, guarda-sol, geladeirinha, garçom particular e kit com bebidas e snacks, é preciso desembolsar R$200 por dia. Salgado, mas dá status no cerrado. No Poço do Governador, onde a água brota a 38 graus, relaxam em meio à natureza. “É maravilhoso poder mergulhar à noite, nadar vendo as estrelas e aproveitar essas águas mágicas”, diz Delcide Rosset, 66 anos, de São Caetano (SP). Outros casais preferem dar uma volta no complexo e, de mãos dadas, sob o céu do cerrado, relembrar os 5, 10, 20... ou, como Arno e Geni, 60 anos de casados.
Rio Quente Resorts Para maiores informações: (11) 3512-4830 0800 9400 818 (exclusivo para RJ e MG) http://www.rioquenteresorts.com.br/
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No Mundo Deslize no ar a atĂŠ mil
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dos Balões metros de altura
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oar de balão é um passeio daqueles que a gente guarda para sempre na memória. A experiência é como deslizar no ar –a uma distância de até mil metros do solo, a uma velocidade que varia de 5 a 10 km/h, apenas observando a paisagem, onde quer que você esteja.
Seja em Boituva, interior de São Paulo (a 120 km da capital), ou na Capadócia, na Turquia, a sensação de tranquilidade sempre vem. Nesta edição, reportagens revelam como é a experiência em um voo de balão turístico, que, de acordo com a CBB (Confederação Brasileira de Balonismo), está em “franca expansão no país”. Uma das vertentes que está fazendo com que a prática aumente no país é o número de competições nacionais. Até 2008, disputava-se aqui quarto provas. Para este ano, a previsão é de que haja 12 campeonatos. Outro fator que mostra o crescimento do balonismo no Brasil é a quantidade de pilotos que se formaram no ano passado: oito. Ok, o número é pequeno, mas, se colocado no universo total de pilotos que trabalham atualmente no Brasil, oito é um número bem representativo –o país possui 50 pilotos. Esses profissionais atuam em voos turísticos e em campeonatos.
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Balões coloridos enfeitam o céu do interior de São Paulo
Os de passeio ocorrem, segundo a CBB, em São Paulo (principalmente em Boituva e Piracicaba), no Rio de Janeiro (na capital e em Seropédica), em Minas Gerais (em São Lourenço), no Rio Grande do Sul (em Torres) e no Paraná (em Maringá). Nossa equipe esteve em Boituva e aproveitou o dia para conhecer a cidade, já que os passeios de balão, que normalmente incluem um café da manhã, costumam acabar cedo. Às 10h você já fez o que o levou à cidade. Mas, aproveite que já estará lá para dar uma esticada para conhecer Boituva. Os balões só saem se as condições climáticas estiverem favoráveis -ventos brandos e céu limpo. Quando o passeio é cancelado, a agência liga para o cliente para desmarcar. “O balão voa sem propulsão própria”, diz Ricardo Martins, dono da Céu Voo de Balão. “Então,
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quando não dá, não tem jeito. Melhor achar ruim o cancelamento no solo do que se arrepender lá em cima.” No Brasil, balão mais comum é o de oito ou 12 pessoas. Algumas empresas já têm aeronaves que comportam 16 passageiros, mas não são tão normais. O tamanho não interfere no preço, mas possibilita o passeio de grupos maiores. Quem tem medo, pode ficar despreocupado. “O balão é a menos perigosa das aeronaves”, afirma Edson Romagnoli, presidente da CBB. Não há por exemplo, restrição a pessoas com problemas cardíacos. As empresas de balonismo consultadas pela Voyage proíbem a entrada de grávidas. “Na hora do pouso, o balão pode virar e, nessa hora, uma pessoa vai para cima da outra”, diz Martins. “Imagina só se caem em uma grávida? É perigoso.”
Sem picos de andrenalina, voo propaga tranquilidade Sabe quando uma criança está segurando um balão de gás hélio e, ao soltá-lo, o balão voa até ser perdido de vista? É essa a sensação ao voar de balão. Assim que o cesto é desconectado do solo, o aeróstato sobe em questão de segundos. Quando o piloto para de ligar o maçarico que emite gás propano que faz com que o artefato vá para cima-, você já está, quase sem perceber, a 700 metros do chão. E então o balão começa a voar horizontalmente. O piloto vai comandando a altura, que na maior parte do voo não passa de cem metros, limite considerado bom para observar a paisagem. Nada de susto ou de grandes picos de adrenalina -tanto é que não há nenhuma contra indicação para pessoas cardíacas. Voar de balão é uma atividade contempla-
tiva”, afirma o piloto Renato Gonçalves, que comandou o voo feito pela reportagem, em Boituva. Já lá em cima, tirando o calor emitido pelo fogo do maçarico, tudo é maravilhoso. A vista do alto é de tirar o fôlego. Quando o balão passa em cima de um centro urbano, a paisagem não é lá das mais bonitas, mas, quando sobrevoava plantações, lagos e matagais... “Aqui [no ar], dá uma paz, uma tranqüilidade”, diz a advogada Cristina Cazotto. É essa sensação de calmaria que faz com que os problemas do dia a dia sejam deixados no solo. Mas a fixação por fotos acaba fazendo com que muitos passageiros não aproveitem tanto a paisagem, perdendo detalhes como os cachorros enlouquecidos latindo para o alto, ou os pontinhos amarelos no meio de uma plantação de laranja.
Passeio de balão vira presente de 80 anos Rafting no rio Ganges, voo de helicóptero no monte Everest. Mergulho autônomo em Maceió, passeio em uma galeria no Alasca… depois de fazer tudo isso, a aposentada Maria Tereza Marcondes de Souza, mãe de oito filhos, resolveu que a nova experiência seja voar de balão. Tanto quis que os amigos do bairro – Butantã (zona oeste de São Paulo) – presentearam-na com um passeio em Boituva, quando ela completou 80 anos, há um ano e meio. “Gostei daquilo viu? Não tive medo nenhum e achei uma experiência muito interessante”, diz. “Fiquei lembrando quando, muito tempo atrás,
eu ia de São Paulo a Assis [a 434 km de São Paulo] num aviãozinho que voava bem baixo”, conta. Com problemas na coluna, precisou da ajuda dos filhos para entrar no cesto – que não tem portinhola. Uma vez lá dentro, só quis saber de aproveitar a vista. “Nossa, é lindo tudo lá de cima”. Depois de cerca de 45 minutos, o balão pousou em um pasto. Para sair, o piloto ajudou a carregá-la. Com tantas aventuras no currículo, há uma que Maria Tereza quer muito, mas ainda não fez. “Gostaria de saber a sensação de saltar de pára-quedas.”
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Na Capadócia, cenário tem aspecto lunar Cinco da manhã: toca o despertador e, da janela, o nascer do sol apenas se enuncia em Uçhisar, na Capadocia. Hora de acordar e de esperar o transporte para o local onde o balão é inflado antes de decolar. Meia hora depois, o jipão já rola na estrada, ainda com os faróis acesos, para a ronda que pega turistas em hotéis. Seis horas e, na base improvisada no sopé de curiosas formações rochas características dessa região da Turquia, a equipe enche o “envelope” do balão com um maçarico potente; no entorno, despontam outros balões inflados com ar quente. Na Capadócia, muitas empresas fazem passeios aéreos panorâmicos desse tipo, como revela o site www.turkeybaloons.com/index2.html. Na Sky Way Baloons (www.skywaybaloons. com) o vôo de balão custa €150 –e o passeio dura uma hora. Neles, embora a segurança seja quase total, não se sabe ao certo onde o balão vai pousar após voar ao sabor dos ventos. O resgate, feitopor caminhonetes, costuma ser rápido e, nas instruções que antecedem a decolagem, o piloto mostra aos passageiros onde ficam as cintas de couro a serem usadas em casos extremos. Eventualmente, a cesta pode tombar depois de quicar no solo durante a última fase de aterrissagem. Por volta das 6h30, depois de meia hora no ar, são diversos os balões ao redor, tocados por diferentes ventos. A paisagem tem aspecto lunar e a geologia, peculiar, serviu de cenário para as filmagens de “Guerra nas Estrelas”, de George Lucas. O sol já ilumina fracamente a terra pálida, as plantações aqui e ali, e, às 7h da manhã, os montes de pedra em cujo interior foram construídas moradias e igrejas insólitas ficaram para trás. Dependendo do vento, o monte Erciyes, de 3.916 m, estará no horizonte.
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Foi esse vulcão extinto que forjou a paisagem quando, há 30 milhões de anos, cobriu de lava uma área de 20.000 km² que, com o tempo, foi erodida pelo vento e pelo clima até formar aquela paisagem. Durante o percurso, sob o balão, um e outro riozinho intermitente é avistável –e o sobrevoo revela arbustos e árvores metidos entre rochas, vegetação que só se vê do alto. O vento bate no envelope multicolorido do balão, lembrando um barco a vela. As pessoas se deslumbram com a vista e se exasperam com o balonista, que coloca o fogo do maçarico à toda, evitando suavemente uma colisão com os imensos cogumelos de rocha. O passeio, programado para acabar em uma hora, continua ainda por minutos – e é aí que se nota ter perdido a noção do tempo. Exceto pelo frenesi das câmeras fotográficas, tudo parece se mover bem lentamente: a paisagem, os demais balões, o horizonte mutante e surreal. Hábil, aos 50 minutos de sobrevôo, o piloto já havia falado ao rádio com o resgate. Às 7h05, ele inicia a
descida. Aterrissa, depois de uma hora e 15 minutos, quase dentro do reboque. As pessoas desembarcam e, ato contínuo, recebem uma taça de espumante e até ganham um diploma. Nessa modalidade de passeio turístico que ganha adeptos em todo o mundo, uma hora e pouco de vôo pacato resulta em memórias para toda a vida.
Taxa por peso do passageiro gera debate Voar por cerca de uma hora no Brasil –a média varia entre 40 minutos e uma hora e 20 minutos –custa cerca de R$ 310. “O preço é um pouco alto porque o balão e a logística que um vôo envolve são caros”, afirma Feodor Nenov, 47, um dos primeiros a fazer vôos com passageiros no Brasil e dono da Balonismo Brasil (www.balonismobrasil. com.br), que faz passeios em Piracicaba e águas de São Pedro. Um balão para 16 pessoas, por exemplo, custa cerca de R$ 150 mil.
O deserto da Capadócia é formado por lava esculpida pelo vento
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Nossa equipe de volta do estacionamento de balóes
Mas, em alguns casos, o passageiro além de pagar o preço normal, têm de pagar um valor extra para poder voar. Isso porque algumas empresas, como a Terra Mater (www. terramater.com.br), que opera em Boituva, cobram uma taxa extra para passageiros com mais de cem quilos. “Temos de cobrar, pois essas pessoas ocupam o lugar de dois passageiros”, diz Célia Fajtlowicz, dona da agência. De acordo com ela, a Terra Mater trabalha “com flexibilidade”. “Calculamos entre 70 a 80 quilos por passageiro, mas ele pode pesar até cem quilos que não haverá cobrança de taxa”, afirma. Acima disso, diz Célia, é cobrado um valor extra. Ela exemplifica: se o vôo custa R$ 300 por pessoa, quem pesar entre cem e 125 quilos pagará R$ 350 –R$ 50 a cada 25 quilos sobre cem. Mas a questão da cobrança por peso gera discussão no mundo do balonismo. “Não acho certo cobrar mais porque a pessoa pesa mais”, afirma Ricardo Martins, dono da Céu Vôo Balão (www.voodebalao.com.br), que sai
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em Sorocaba. “Não temos essa restrição, só precisamos saber o peso antes para não haver nenhum contratempo, pois o balão tem uma capacidade máxima [na empresa dele, o de 12 suporta até 960 quilos].” Então, não se surpreenda se a agência perguntar quanto você pesa quando estiver fechando o pacote. “Acho deselegante cobrar mais para determinado passageiro”, diz Feodor Nenov, da Balonismo Brasil. A tática de Nenov é limitar a 16 a quantidade máxima de pessoas em um cesto onde cabem 18 passageiros.
Sem portas Pessoas muito acima do peso podem ter dificuldade para entrar no balão, assim como idosos. O cesto não possui portinhola, só um buraquinho onde o passageiro deve enfiar o pé para se impulsionar e pular para dentro. Se a pessoa se sentir à vontade, a própria equipe pode ajudá-la a entrar. V
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Agenda os eventos mais interessantes do mundo nos próximos dias! Big Band Jazz Festival
27 a 29 Maio
Antes do início da Copa, esse festival fundado em 1999, com duração de três dias na cidade de Cape Town, África do Sul, reúne estudantes de música Jazz e os apóia para torná-los futuros artistas do ramo.
Estate Romana
27 Maio a 8 Ago
Por dois meses, é possível desfrutar do verão italiano aproveitando com muita cultura, comida, dança e música o Verão Romano, que todos os anos é realizado às margens do Rio Tibre (Tibério), na Itália. Gratuito e acessível à todos os públicos.
Festival do Atlântico
5 a 26 Junho
Criado em 2002, o evento que acontece todo mês de junho em Portugal (Madeira). O principal show é o concurso de fogos de artíficio entre quatro países que “dançam” harmoniosamente com a música.
Festival de Atenas
Jun a Set
O evento é realizado no antigo teatro Odeon (Acrópole) em Atenas, Grécia. Todos os anos, entre junho e setembro, o festival conta com peças dramáticas de teatro, ballet, ópera, música clássica, entre outros. Ainda não está disponível o programa oficial desse ano de 2010.
Fête de la Musique
21 Junho
Festival de vários gêneros de música para todo tipo de público que ocorre no mesmo dia em vários países. A dica vai para a França, durante o solstício de verão, que foi por lá que se deu início esse festival em 1982.
NAIDOC
4 a 11 Julho
Evento de uma semana que ocorre na Austrália. Tratase de um evento que acontece a cada ano numa cidade diferente da Austrália (este ano em Melbourne) que comemora a história, cultura e realizações dos povos aborígenas do país.
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Culinária p or Josimar Melo
Foto: Marija Silva
Passado moderno
Direto da terrinha, o restaurante mais antigo de Portugal e seu chef moderninho
U
ma nuvem cinza de fuligem ainda cobria a Europa e enchia os aeroportos de gente e apreensão no início desta semana. Mas, em Portugal, país em que a nuvem passava ao largo e não teve fechado seu tráfego aéreo, o tempo estava radiante. O sol banhava as ladeiras da bela e singela Lisboa, onde eu, na incerteza de encontrar ou não voos para Paris e Londres, meus próximos destinos, flanava entre portinhas de um comércio antepassado, enquanto procurava a discreta, porém nobre, entrada do restaurante mais antigo do país: o Tavares. Falar em coisa antiga em Portugal é quase redundância. E o Tavares, talvez o segundo mais velho restaurante da Europa, faz jus à sua idade provecta: fundado em 1784, mantém o essencial de sua arquitetura inalterado, bem como a pompa dos seus tempos de glória. Mas, nos últimos anos, nem sempre foi assim. A novidade é que, hoje, seus majestosos espelhos bisotados, seus lustres imponentes, suas louças de época não testemunham mais uma cozinha do passado, envelhecida e cansada. Depois de um período de lenta (e que parecia inexorável) decadência, o restaurante foi adquirido por investidores que resolvera lhe devolver o brilho, por meio de um meticuloso trabalho de restauração, concluído há dois anos; e, tam-
bém, repetindo propositadamente as palavras, conferir novo brilho à sua restauração - agora no sentido gastronômico. Para trazer novos ares a uma cozinha como a portuguesa, que tem sua principal força na tradição, foi chamado um jovem chef, José Avillez, que, aos 30 anos, parece resumir em si mesmo a empreitada que assumiu em janeiro de 2008: membro de uma família tradicional - a cara do Tavares, depois de ter um restaurante próprio, ele vinha trabalhando seu aprendizado em estágios com chefs modernos, inclusive o mais vanguardista de todos, Ferran Adrià, do restaurante El Bulli, na Catalunha. Esse bafejo dos novos tempos - em um restaurante que, nos últimos 200 anos, é personagem da literatura de autores como Eça de Queirós não deixou de ser um passo arriscado. A gastronomia portuguesa é aferrada às tradições, e nem sempre o público aceita novas experiências. Mas, pouco a pouco, o espaço se abre, e o prestígio de uma casa como o Tavares ajuda a vencer resistências - especialmente agora que recebeu uma estrela do guia Michelin na sua edição de 2010, conferindo-lhe visibilidade internacional. (Detalhe: não há em Portugal nenhum restaurante com duas ou três estrelas.). V Maio 2010 Voyage | 59
Poema visual
62 | Voyage Maio 2010
Ano 1 | Nº 45 | Junho 2010
Bali - sua segunda lua de mel Para todas as ocasiões: Rio Quente Paris na faixa Viagem exótica: Balões
Sua melhor experiência.