Ta m borzão Te x t o R i c a r d o S c h i e s a r i C r u z Fo t o s L u c i a n a W h i t a k e r
Na ponta dos pés: dançarinos do grupo Malha Funk mostram alguns passos da dança
vez é fácil. “A briga fica feia, né cara”, explica Geléia. “Existe muita concorrência entre grupos querendo emplacar a próxima novidade. Quem sobrevive do funk do bem é porque consegue dar conta do recado”. Os passinhos do frevo funk vão ganhando mais pés dançantes a cada novo baile. “Essa é a nossa música eletrônica, essa é a nossa mistura de ritmos”, resume o líder do Malha Funk. E ele, que não é bobo, anuncia como quem não quer nada: “no DVD que gravaremos em Santa Catarina, dia nove de outubro, vamos misturar o funk com sapateado!”. Será que pega?
com
sombrinha Acrobacias, agilidade com os pés e requebradas de cintura são algumas características do frevo funk, o novo ritmo que virou febre nos morros cariocas. 52 setembro 2009
A
primeira vista pode parecer estranho. O que o pancadão do funk tem em comum com o frevo pernambucano? Quase nada, mas tem coisa que bate. “O compasso do frevo coincide com o ritmo do tamborzão do funk”, explica Geléia, vocalista do grupo Malha Funk, um dos precursores da nova onda. A mistura deu certo e agora seu ritmo embala a dança que está dominando os bailes e vielas dos morros do Rio.
A maior diferença entre esta modalidade e o funk convencional, que é mais erotizado, é a popularidade entre as crianças. As letras do frevo funk são leves, o que importa é a batida e quem não sai dela e inova na forma de dançar, ganha destaque. Os melhores frevo funkeiros aparecem em diversos vídeos postados na internet. Um deles postado no Youtube, que mostra uma garotada requebrando, chegou a ser visto mais de três milhões de vezes. O compositor João Brasil foi uma das pessoas que ficaram sabendo da febre pela internet, “conheci através do Youtube”. Para ele essa mistura inusitada www.mixmag.com.br
ainda tem bastante lenha para queimar: “acho que ainda pode rolar muito mais frevo no funk. O funk está pedindo”, dá risada. Se engana quem acha que esse tipo de música só faz sucesso no Rio de Janeiro. “O Rio funciona como uma vitrine para o resto do país”, conta Geléia. “Agora, por exemplo, estamos em turnê pelo Sul. A receptividade é imensa”. Assim como acontece nos clubs, para seguir tocando nos bailes funk exige criatividade. As modas são substituídas o tempo todo e perder a www.mixmag.com.br
setembro 2009 53