2013
A Construção Histórico-Social da Ciência “Existe uma coisa que uma longa existência me ensinou: toda a nossa ciência, comparada à realidade, é primitiva e inocente; e portanto, é o que temos de mais valioso” Albert Einstein
Carlos Tártaro João Mota
“A ciência não é uma ilusão, mas seria uma ilusão acreditar que poderemos encontrar noutro lugar o que ela não nos pode dar” Sigmund Freud
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Índice geral Introdução ……………………………………………………………………………….……
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1. Evolução da ciência……...………………………………………..…………………….…
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1.1. Ciência Antiga……………………………………………………………………..….
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1.2. Ciência Moderna.………………………………………………………..….……..…
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1.3. Ciência Pós-Moderna………………………………………………………….….…
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2. Introdução ao problema filosófico………………………………………………..…....…
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2.1 Problema filosófico………..…………………………….….………………..……..… 13 3. Filosofia, ciência, religião e sociedade.………………………...……………..….......…
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Conclusão ………………………………….………………………...……………..….......…
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Bibliografia………………………………….………………………...……………..….......…
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Índice de figuras Figura 1- Busto de Aristóteles …………………………..…………………………………..
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Figura 2- Nicolau Copérnico……………………………………..…..………………………
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Figura 3- Galileu Galilei ………………………………………..…..…………………...……
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Figura 4- Isaac Newton………………………………………..……………………….….…
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Figura 5- Charles Darwin………………………….……………………………………….…
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Figura 6- Sigmund Freud……..………………………………………………………………
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Figura 7- Albert Einstein……………………..…………………………………………..…..
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Figura 8- Werner Heisenberg….……………………….……………………………………
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Figura 9- Kurt Godel…….……………………..………………………………………….…..
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Figura 10- Ilya Prigogine.……………………..………………………………………….…..
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Introdução O que é a ciência? Como nasceu? O que significa fazer ciência? Como evoluiu ao longo da História? Como é que as sociedades influenciam a ciência e como é que esta se repercute nas sociedades? Porquê abordar a ciência em filosofia? O objetivo deste trabalho não é, de forma alguma, dar respostas a estas ou outras questões, mesmo porque isso seria uma verdadeira pretensão da nossa parte, mas sim tentar adquirir mais conhecimentos no que se refere à evolução da ciência numa perspetiva histórico-social, dar espaço ao conhecimento, ao sentido crítico, à reflexão sobre o tema da construção históricosocial da ciência e, se possível, contribuir para novas reflexões.
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1. Evolução da ciência Numa tentativa de responder à pergunta Quando surgiu a ciência? Somos levados para outra pergunta O que é a ciência? Embora possamos dizer que a ciência se carateriza como uma explicação racional de fenómenos, com vista à resolução dos vários problemas que nos afligem, o seu papel e a sua tomada de posição perante diversos assuntos junto da sociedade, têm variado de época para época, não estando, ainda hoje, completamente definidos. Este facto deve-se à crise que abalou a comunidade científica há cerca de meio século, a transição da chamada Ciência Moderna para a atual Ciência Pós-Moderna.
1.1. Ciência antiga Desde a antiguidade até, aproximadamente, ao século XVI, a ciência não se distinguia da filosofia, formando antes um todo, controlado, praticamente, pela religião. A teoria e os argumentos defendidos por Aristóteles, de que só existia um mundo e que a Terra estava no centro do Universo, foram considerados durante séculos irrefutáveis, sendo ao mesmo tempo corroborados por descrições feitas na própria Bíblia.
Fig. 1- Busto de Aristóteles
Para Aristóteles, a ciência era como “um conhecimento das coisas pelas suas causas”, daí que muitos dos filósofos que lhe sucederam foram, também eles, cientistas, na medida em que procuravam as causas primeiras dos fenómenos naturais. Nesta altura, os filósofos produziam discursos teóricos, sobretudo, sobre a natureza, e deduziam conclusões a partir de princípios, premissas e definições. A ciência encontrava-se ainda num estado meramente teórico. 5
Quando no século V as instituições de ensino romanas começaram a ser substituídas por mosteiros, estes tornaram-se os principais centros difusores do conhecimento, passando o ensino a ser cada vez mais mediado pela interpretação da Bíblia. Nesta altura, as ideias da conceção do mundo e do conhecimento estavam subordinadas à religião e, o Cristianismo, ao tentar contrapor a superioridade da Fé ao saber e à razão, limitava as investigações e, consequentemente, todo o progresso da ciência.
1.2. Ciência Moderna A grande rutura com a ciência antiga ocorreu apenas em meados do século XVI, com o renascimento, quando as sociedades ocidentais e a igreja se viram confrontadas com a importância das descobertas feitas no campo da astronomia e da física, nomeadamente as de Nicolau Copérnico, Galileu, Newton e Descartes. Contrariando a teoria geocêntrica vigente, Nicolau Copérnico colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, tendo sido considerada uma das hipóteses científicas mais importantes de todos os tempos, constituindo o ponto de partida para a astronomia moderna.
Fig.2- Nicolau Copérnico
Fig. 3- Galileu Galilei
Galileu, com as suas descobertas, constituiu um marco na revolução científica. Apresentou provas concludentes a favor da teoria heliocêntrica e, ao defender um método empírico, contribuiu para o aparecimento do método científico, pois a ciência assentava até aí numa metodologia aristotélica. Apesar de ser condenada pela Igreja, esta nova conceção do universo era aceite por uma vasta comunidade científica.
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A criação do cálculo infinitesimal, desenvolvido por Descartes e Leibniz, mas que só Newton soube aplicar, foi o instrumento matemático que lhe serviu para muitas das suas descobertas, incluído a Lei da Gravitação Universal, a qual era a prova que faltava para que pudesse ser assumida como uma teoria científica.
Fig.4- Isaac Newton
Charles Darwin com a teoria da evolução das espécies, um processo através do qual os mais aptos sobreviviam e os menos aptos eram progressivamente eliminados, provocou uma verdadeira revolução, perdendo-se desta forma a presunção do homem ter sido criado diretamente por Deus ou por geração espontânea.
Fig.5- Charles Darwin
Sigmund Freud com a descoberta de que a causa profunda do nosso comportamento estava no inconsciente, o qual nos “dirige” desde que nascemos, influenciou todas as ciências, sociais e humanas. As suas ideias permitiram-nos perceber que os verdadeiros motivos que nos levam a agir, não são necessariamente os que afirmamos ou temos consciência, fazendo com que o Homem se tornasse mais do que nunca um enigma para ele próprio.
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Fig.6- Sigmund Freud
Todas estas descobertas fizeram diminuir progressivamente o controlo da religião sobre a ciência, permitindo que esta se tornasse numa entidade autónoma e independente, fazendo assim surgir uma profunda revolução científica que transformou os conceitos e as ideias fundamentais da Natureza, do Homem e do Universo- a ciência moderna. A ciência moderna assentava em dois grandes pressupostos. O primeiro era a rejeição absoluta da experiência imediata, defendendo que esta era útil para o conhecimento vulgar, mas que iludia e induzia em erro o conhecimento científico, sendo a experiência apenas importante como ponto de partida para uma investigação ou como confirmação das teorias criadas, pois o conhecimento científico avançava pela observação descomprometida e livre, sistemática e mais rigorosa dos fenómenos naturais. O segundo pressuposto baseava-se na matemática, pois a ciência moderna só considerava verdadeiro o que era quantificável “o rigor científico, só poderia assentar nos aspetos quantificáveis dos objetos e, por consequência, no rigor das medições”. Assim, tudo o que não podia ser traduzido em números, utilizando a matemática, era cientificamente irrelevante. Esta ciência encarava o universo como uma máquina, cujos resultados eram previsíveis através das leis da física e da matemática. Este modelo, conhecido como modelo mecanicista, baseavase em três premissas: na homogeneidade da matéria, na regularidade cíclica dos acontecimentos e na causalidade ou racionalidade do universo, traduzindo assim uma ideia de que existia ordem e estabilidade no mundo e que os acontecimentos do passado se repetiam no futuro, sendo assim possível a sua previsão, e que o mundo era racional. Desta forma, a ciência moderna proporcionava uma nova visão do mundo e da vida opondo-se à visão aristotélica da ciência e do mundo: graças a Copérnico, o nosso planeta já não era o centro do universo, graças a Darwin, a vida afinal não surgia de geração espontânea, ou graças a Freud, a causa profunda do nosso comportamento estava no inconsciente.
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1.3. Ciência Pós-Moderna Foi então que todo este conceito de ciência moderna, ao ser posto à prova, falhou, dando lugar à ciência pós-moderna. O primeiro a contribuir para esta crise foi Albert Einstein ao criar a noção de que não existia simultaneidade universal, contrariando assim a conceção de tempo e espaço absolutos de Newton, fazendo surgir uma nova ideia de tempo e espaço e com a ela a noção de relatividade de fenómenos.
Fig. 7-Albert Einstein
Por outro lado, as leis de Newton ao provarem-se relativas, influenciaram o Princípio da Incerteza de Werner Heisenberg, segundo o qual “não se podem reduzir simultaneamente os erros da medição da velocidade e da posição das partículas; o que for feito para reduzir o erro de uma das medições aumenta o erro da outra”, ou seja, o sujeito interfere no objeto observado, e desta forma o nosso conhecimento é limitado, podendo apenas conseguir resultados aproximados, e neste sentido as leis da física são apenas leis probabilísticas, inviabilizando assim a hipótese mecanicista.
Fig.8- Werner Heisenberg
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Outro contributo para a crise da ciência moderna foram as investigações de Kurt Godel que vieram demonstrar que o rigor matemático também carecia de fundamento, pondo assim em causa o rigor das leis da natureza. Ao questionar o rigor da matemática, o principal alicerce da ciência moderna desmoronava-se.
Fig.9-Kurt Godel
Ilya Prigogine descobriu que, em sistemas abertos, a evolução não era previsível, pois explicavase por variações de energia que desencadeavam reações que tornavam o sistema instável e o conduziam a um novo estado macroscópico, irreversível, inviabilizando assim o pressuposto da regularidade cíclica e previsível das alterações do universo, defendido pela ciência moderna, levando a que, juntamente com outros avanços do conhecimento, surgisse uma nova conceção da matéria e da natureza, o que fez alterar ou mesmo substituir a forma como determinados princípios eram vistos. Assim, “em vez de eternidade, a História; em vez de determinismo, a imprevisibilidade; em vez de mecanicismo, a interpenetração, a espontaneidade e a autoorganização; em vez da reversibilidade a irreversibilidade e a evolução; em vez da ordem a desordem; em vez da necessidade, a criatividade e o acidente”
Fig.10- Ilya Prigogine
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Com a ciência pós-moderna passou a entender-se que as leis, para além de serem uma simplificação da realidade, tinham um caráter meramente probabilístico e provisório; a ideia de que a matemática podia abranger tudo, e de que tudo era quantificável, constituiu apenas uma limitação para o conhecimento e apreensão da realidade; passaram a utilizar-se vários métodos para estudar a realidade; já não se considerava a separação entre sujeito e objeto, entendendose antes que o objeto era uma continuação do sujeito; a incerteza já não era considerada como uma limitação técnica, mas antes um elemento fundamental para se entender o mundo; não existiam ciências exatas nem absolutas e o senso comum era aceite pela comunidade científica, tendo em conta que foi visto como “sabedoria da vida”. Esta nova forma de encarar o conhecimento surgia assim menos arrogante, podendo revelar-se útil no entendimento de alguns aspetos do mundo. Entretanto, o fim da ciência moderna foi acelerado e marcado pela Segunda Guerra Mundial, levando a comunidade científica a questionar-se sobre a questão da ética referente ao lançamento das bombas, provando, que para além de não serem verdadeiros os pressupostos da ciência moderna, a ausência de valores humanos nesses mesmos pressupostos tinham levado às consequências nefastas que se verificaram. No entanto, a crise do paradigma da ciência moderna também se explica por condições sociais. A industrialização da ciência conduziu, quer nas sociedades capitalistas como nas sociedades socialistas de Leste, a um compromisso com o poder económico, social e político, os quais passaram a ter um papel decisivo na definição das prioridades das investigações científicas. Exemplo disto foi o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, concretamente com as investigações científicas para a bomba atómica. A industrialização da ciência acentuou o fosso entre os países ricos e os países pobres ao nível da investigação científica, devido às dificuldades em adquirir material por parte dos mais pobres e conduziu à estratificação da comunidade científica, tornando as relações de poder entre os cientistas desiguais e autoritárias, sendo muitos deles praticamente reduzidos ao interior dos laboratórios e centros de investigação. Os séculos XX e XXI trouxeram um confronto de valores e ideias pautadas nas incertezas e imprevisibilidades, uma reflexão sobre os valores que permeiam a ciência de hoje. Atualmente parece haver uma maior consciencialização da fragilidade da ciência, dos seus limites. Fruto dos avanços tecnológicos e biotecnológicos a ciência evoluiu de tal forma que colidiu com questões éticas, sociais e legais. Atualmente, vivemos numa sociedade dominada pelas inovações tecnológicas, pelas comunicações, pela interatividade e pelo receio da eminência de catástrofes ecológicas ou de 11
uma guerra nuclear, atravessando um período de extrema complexidade e transição. Até que seja definido o paradigma para a ciência pós-moderna, o mundo científico está em crise. No entanto, esta crise não impede o progresso científico, bem pelo contrário, pois a ausência de paradigma também proporciona uma maior liberdade. Talvez o que esteja a faltar seja a capacidade de formular perguntas simples, perguntas capazes de aguçar o espírito humano perante obstáculos e problemas difíceis de entender e contrariar o ceticismo, procurando respostas que não suscitem a menor dúvida para a sociedade, atingindo o cerne da questão de uma forma mais simples. Questionar se todo este conhecimento científico que possuímos traz algo de favorável ou desfavorável para a nossa felicidade, reivindicando de um regresso ao indivíduo tendo em conta as suas necessidades de conhecimento para o seu progresso moral e intelectual.
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2. Introdução ao problema filosófico Se entendermos que a filosofia diz respeito à atividade própria daqueles que amando ou desejando o saber, se envolvem na descoberta do conhecimento da realidade, o qual é um processo pelo qual a realidade se reflete e se reproduz no pensamento humano, procurando alcançar a verdade, e que a ciência é uma forma de conhecimento que pretende não apenas descrever a realidade, mas também explicá-la de modo racional e objetivo, facilmente podemos perceber que o percurso da ciência tenha sido influenciado pelas várias conceções filosóficas que foram surgindo.
2.1. Problema filosófico A ciência e a filosofia parecem constituir dois modos diferentes de tentar solucionar vários dos problemas que nos afligem, serão as fronteiras entre estes dois tipos de conhecimentos, de saberes, assim tão indestrutíveis? Sendo ambos uma forma diferente de conhecimento, como se relacionam? Como interagem entre si e com o mundo?
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3. Filosofia, ciência, religião e sociedade Apesar de a ciência sempre ter recebido influências filosóficas que datam da antiguidade, é a partir do século XVI, quando se dá uma rutura hegemónica religiosa e a quebra do modelo geocêntrico, que os valores filosóficos ganham mais influência na produção do conhecimento científico. Com a queda feudal representada pelo Absolutismo, que se dá entre os séculos XVI e XVIII, surgem as sociedades capitalistas, onde as classes burguesas iniciam um processo de valorização da ciência, imputando-lhe a incumbência de construir novos instrumentos de trabalho. Neste novo cenário histórico capitalista, surge a necessidade de fazer convergir os interesses económicos, políticos e ideais de racionalidade, e com eles uma ciência marcada por valores como a quantificação, a racionalidade, consolidando-se uma das correntes filosóficas mais influentes na construção científica até ao século XXI, o positivismo. A natureza torna-se descritível por meio matemático, passando a ser percebida como uma espécie em laboratório. Neste contexto o homem liberta-se da conceção medieval voltada para a vida após a morte, para a mera contemplação da valorização do Homem e da Natureza, passando a dar mais importância a uma objetividade que o leve à compreensão dos fenómenos e das leis que constituem o cosmos, sendo para isso fundamental a experiência, a descoberta da suas leis através de um método eficiente- o método experimental. Deste modo, as ideias e atitudes predominantemente instrumentalistas de Galileu e Descartes são substituídas por uma perspetiva mais realista, passando o conhecimento científico a ser um conhecimento confiável por ser objetivamente comprovado, no qual as teorias científicas deveriam ser derivadas, de maneira rigorosa, através da obtenção dos dados da experiência, adquiridos por observação e experimentação. No século XIX (1798-1857), este positivismo consolida-se com Comte ao defender a substituição de uma especulação racional da filosofia pelos dados positivos da ciência. Esta corrente tinha como modelo as ciências naturais, defendendo que todo o conhecimento estava restringido à ciência, pelo que para poder ser considerado cientifico, todo o saber tinha que obedecer aos mesmos métodos destas ciências. Com o Circulo de Viena, desenvolvem-se vários aspetos desta visão da ciência, unindo os métodos da lógica à postura empirista. Esta corrente promulgada pela Igreja pelos positivistas lógicos consistia no método hipotético-dedutivo e na verificação, a qual, por meio de sucessivos testes, era considerada o melhor critério para determinar o quanto poderia ser valida uma teoria. Caso os testes confirmassem a teoria, então dir-se-ia que ela havia sido verificada. No entanto, 14
embora a verificação fortalecesse muito as teorias, o método de a validar pela sua verificação levou, muitas vezes, ao que posteriormente mostrou ser uma teoria errada. O século XX surgia assim fortemente marcado pela visão positivista e reducionista do mundo, separando o conhecimento em campos especializados: a teoria da prática, a ciência da ética, a razão do sentimento e a mente do corpo. Ao mesmo tempo deteta-se a retoma de alguns aspetos da tradição iluminista. Entre eles o facto de considerar os factos empíricos como a única base do conhecimento, a fé na racionalidade científica como solução dos problemas da humanidade e uma confiança não crítica e superficial na estabilidade e no crescimento sem obstáculos da ciência. Outras das características do positivismo baseia-se na ideia de que a ciência é progressiva e cumulativa na aquisição de conhecimentos científicos, e neste sentido, distinta e superior a qualquer outro tipo de conhecimento. Na segunda metade do século XX os critérios de certeza, da validade dos métodos da ciência e a sua relação com a realidade começam a ser questionados e reavaliados. Na Biologia, as conclusões do Projeto Genoma Humano (PGH), possibilitaram o despertar para as limitações da ciência, para as inquietações pelas implicações éticas, sociais e legais que esses conhecimentos poderiam gerar. Vivemos num mundo tecnológico, capitalista, que valoriza uma cultura de excesso, onde a ciência e a técnica são força produtiva. Se por um lado surge na sociedade uma consciencialização da fragilidade da ciência e dos seus limites, por outro, o mundo onde vivemos é completamente dominado pelas comunicações, pela ilusão e pelo consumo, sem ideal de espírito, onde a técnica e a ciência parecem desenvolver-se sem saber muito bem para onde vão.
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Conclusão Ao longo da História a ciência foi evoluindo de acordo com a importância dos conteúdos das descobertas que iam sendo feitas, pelas revoluções científicas e pelos paradigmas que iam surgindo. Sendo a ciência construída pelo Homem e para o Homem, e estando o mundo em constante mudança, ela foi avançando numa relação histórico-social, religiosa, politica, económica, ética e moral com as sociedades. Muitas vezes consciente, outras, talvez, inconsciente, a ciência sofreu influências filosóficas que influenciaram de forma determinante o conhecimento científico; influências histórico-sociais, que a empurraram muitas vezes por um caminho a seguir; influências religiosas, constituindo muitas das vezes um entrave ao conhecimento científico, e influências político-económicas, que se revelaram determinantes para o avanço tecnológico, e consequentemente, para a ciência. No entanto, se parece ser consensual que a ciência foi ao longo dos tempos naturalmente influenciada, também nos parece que em muitos momentos foi ela a influenciar a História, o comportamento, a vida nas sociedades. Vivemos num período dominado pelo consumo, pelas inovações tecnológicas, pelas comunicações, pela fragilidade da ciência no que diz respeito aos seus limites, pelo receio da eminência de catástrofes ecológicas ou de uma guerra nuclear, fortemente dominado por questões de ética resultantes dos avanços tecnológicos. É urgente questionar se de facto todo o conhecimento científico que possuímos trás mais ou menos valias para a nossa felicidade e neste sentido, questionar e agora? Para onde vamos? Qual é o futuro para a ciência e para o Homem?
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Bibliografia afilosofia.no.sapo.pt www.flacso.org.br pt.wikipedia.org www.tigweb.org www.boaventuradesousasantos.pt PAIVA, Marta; TAVARES, Orlanda; FERREIRA BORGES, José. Contexto- Filosofia 11º ano; 2011; Porto Editora; Maia.
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