Altamente n.º 2

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MENTE

Vida e obra de Abel Salazar O médico, o cientista e o artista pág. 4

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O que é a coragem? Chorar é sinal de fraqueza?

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Escola Secundária Abel Salazar

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LÓGICA? veja para que serve e qual a sua importância pág. 6

Consulte o site de Filosofia em www.altamente.org e o blogue dedicado a Abel Salazar em www.alta_mente.blogs.sapo.pt 0.80 mentes

N.º 2 Abril de 2011

Revista de Filosofia, poesia e coisas afins...

Revista de Filosofia, poesia e coisas afins...

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Alta....mente Eutanásia.....................................................................2 Trabalho infantil........................................................2 Coragem? ...................................................................3 Abel Salazar morreu há 50 anos .............................4 Abel Salazar ...............................................................5 Matrix e a filosofia de Descartes ............................6 A importância da Lógica .........................................6 Histórias de vida e arrumadores ............................7 Dia internacional da Filosofia ................................8 Colaboradores desta edição: Beatriz Costa, Cátia Neves, Diogo Caldeira, Francisca Marques,João Soares, Joana Cunha, Joana Matos, Márcia Cavaleiro, Maria João Ferreira, Nelson Santos, Sara Dias e Tatiana Cardoso, Tiago Ribeiro, além dos alunos do 11º B. Coordenação: Maria Luísa Valente

EUTANÁSIA O termo Eutanásia refere-se à prática de dar um fim a uma vida de modo a aliviar a dor e o sofrimento. De acordo com a House of Lords Select Committee sobre Ética Médica, a definição precisa de eutanásia é:”intervenção deliberada feita com a intenção expressa de acabar com uma vida, para aliviar o sofrimento intratável”. A eutanásia é classificada de diferentes maneiras, pode ser: voluntária, não-voluntária ou involuntária, e ainda, activa ou passiva. O termo eutanásia é normalmente usado para se referir à eutanásia activa, neste sentido, a eutanásia é geralmente considerada homicídio culposo, mas a eutanásia voluntária passiva é vista como não-criminal.

TRABALHO INFANTIL “As crianças que são forçadas a trabalhar são despojadas da sua própria infância” Anónimo O trabalho infantil, segundo a UNICEF, é toda a forma de trabalho abaixo dos 12 anos de idade, em quaisquer actividades económicas. Neste sentido, é considerado trabalho infantil, todo o que seja realizado por crianças entre os 12 e os 14 anos, ainda que seja leve, e todo o tipo de trabalho abaixo dos 18 anos, enquadrado pela OIT, nas “piores formas de trabalho infantil”. Este é um problema que afecta a sociedade actual e, por mais esforços que os governantes e as associações mundiais façam para diminuir este flagelo, ele está longe de ser colmatado. Esta prática sempre existiu ao longo da história, tanto em países como o

A polémica acerca da eutanásia está envolta em dúvidas, no entanto, a eutanásia voluntária é caracterizada como “suicídio”. A caracterização do tipo de eutanásia depende de alguns factores como o facto de se considerar “fácil” e “indolor” ou “feliz”. O termo eutanásia parece ter sido usado pela 1ª vez pelo historiador Suetónio, que descreveu a morte do imperador Augusto como “rápida e sem sofrimento nos braços da sua mulher, Lívia”, e experimentou, por isso, a “eutanásia”. Mais tarde, Francis Bacon, no séc.XVII, terá usado o termo num contexto médico, para se referir a uma morte fácil, feliz e sem dor, durante a qual foi “responsabilidade do médico aliviar o “sofrimento físico” do corpo. A morte medicamente assistida sem o consentimento da pessoa, não é considerada eutanásia. João Soares, 12º C E.M.R.C

Reino Unido, como noutros menos desenvolvidos situados, sobretudo, em África. A razão é sempre a mesma: a pobreza. As famílias são obrigadas a travar uma luta diária pela sobrevivência, contra governos que não dão prioridade à saúde, à educação, nem às camadas sociais mais baixas. Actualmente, uma das grandes preocupações das associações protectoras das crianças, como a UNICEF, são os países africanos, onde os pais vendem os seus filhos aos pescadores a troco de algum dinheiro que, muitas vezes, não chega aos 30 euros. Um destes países é o Gana, onde a venda de crianças é uma prática habitual. É vergonhoso que o governo, devido ao “desconhecimento dos factos”, não faça nada para acabar com este crime horrendo, uma vez que estas crianças trabalham durante anos na pesca e, nesse tempo, são alimentadas com, apenas, uma refeição por dia, não vão ao médico, nem vão à es-

cola e não têm cuidados de higiene. No nosso ponto de vista, além das medidas que já foram tomadas para combater este problema, os governantes dos países desenvolvidos deviam estar mais atentos ao que se passa nos países subdesenvolvidos, de modo a ajudarem estas crianças, a quem a infância é retirada. Achamos inacreditável que, em pleno século XXI, ainda se vendam pessoas, pois cada uma tem um valor intrínseco que não pode ser comprado. Acreditamos que, um dia, as organizações mundiais protectoras das crianças, irão pôr fim ao trabalho infantil mas, para isso, é necessário que haja mais pessoas preocupadas com este problema e que estejam dispostas a ajudar. Joana Cunha e Maria João Ferreira, 10º B E.M.R.C. 2


é um espírito que Para mim, a coragem, para o para o “abismo” como “nos empurra”, tanto nossa a es, vez ias vár É, actos. “topo da montanha” dos para diz s um pontapé” e que no consciência a “dar-nos tal a, nel s mo rar “porta” e ent abrir uma determinada da nto me mo no e rqu uro”, po como “um tiro no esc os tem e o é que a coragem qu acção, não sabemos com de ção liza rea a contribuir para (ou não) vai, ou não, amos o qual, se calhar, não est ra pa , no um acto huma preparados. coragem não é apenas Acho que diria que ter tocar em algo de que ou pegar dizer que conseguimos para nós, que é muito asqueroso temos muito medo, ou medo de tem e qu uma rapariga tal como acontece com jenta e no e a ud pel a nh ma ara segurar ou de tocar nu os cotod aquela cara que nós que, ao fazê-lo, mostra ediacr se eo, tân é algo espon nhecemos. Ter coragem con e qu s mo tar edi os, se acr tar mos em nós mesm a um l, na possível e não é, afi seguimos fazer até o im com , e que nada tem a ver ter os qualidade que dizem ca. ógi col psi ca/ físi a” “aparênci a nossa melhor, ou pior, Diogo Caldeira, 10ºD

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CORA GEM?

Coragem vem do la tim cor qu e significa coração, porque a co ragem tem mais a ver com o coração d o que com a razão.

A coragem é uma forç e moral, u a da alma, ma causa é agente qu bravura e e produz u um poder de acção fí a firmeza, sica m efeito, é o seu contr o mesmo ário é a co que a bardia, ou seja, a fraq A co ueza. e de confian ragem é a justa med ida acerca ça. O med d os sentimen o acontecer ou que pod é a expectativa de al tos de med o go de mau e acontece ceio das co r, que está p embora to isas más co ara das as pesso mo, por ex agem não as tenham emplo, a p está relaci reonada com obreza e a a pobreza doença, a esse tipo d é uma atit core coisas, re ude correc para as ou cear a doen ta, tanto p tras pesso ça ou ara a pesso as. a corajosa como Qual o esta do de cará cter de um a pessoa co rajosa? Uma pesso a corajosa o enfrenta não procu r quando é ra o perig necessário belo fazê-lo o, mas é ca , com firm , enquanto paz de eza, porqu uma pesso radas, da fo e é correc a co rma incorr b ar to e é d e é aq ecta e na al lhe confian tura impró ue receia as coisas er ça, como te p m ri esperança a, a um co medo de tu , enq bar do e esperanço uanto uma pessoa co , é uma pessoa pessi de faltamista e sem sa. rajosa, pel o contrário , é confian te Quais são as qualidad es do hom em de cora gem? Só a exper iê nci corajosa, é por experiê a do perigo permite dizer que ncia, com em tais circ uma pesso efeito, que unstâncias a se sabe qu é capaz de quem não e, em tal lu é possui exp enfrentar gar, o perigo a eriência não “sangue fr pode ser ch io”, amado de corajoso. É verdade que a cora pulso e de gem não p alguma pai rescinde d xão, mas é parte racio e um certo necessário nal da alm ima. que o imp ulso parta da Sara Dias, 11º D 3


ABEL SALAZAR MORREU HÁ 50 ANOS Era uma vez um jovem universitário. Mandava fazer os fatos na Alfaiataria Londres, no Porto, e usava gravatas caras. Apesar disso, os seus hábitos eram simples e a sua generosidade imensa. Nas aulas fazia caricaturas dos professores. Simples actos como esses, pequenos sinais de irreverência, depressa deram lugar a outros, de independência e rigor intelectual e moral. Intolerado, injustiçado, incompreendido, Abel Salazar foi considerado pelo regime um “revolucionário”. À imagem do homem da Renascença, ora pelas directrizes do seu pensamento, ora pela sua criatividade, o multifacetado cidadão Abel Salazar destacou-se como professor universitário, ensaísta, filósofo, pintor, escultor, cientista, democrata crítico e demófilo Os seus valores visavam direcções distintas das visadas por outro Salazar, o ditador e responsável do regime. Mas, além do nome, os dois homens, e as suas inteligências, eram inteiramente opostas: do lado do ditador a tacanha obstinação que isolou o país na cauda da Europa civilizada; do lado de Abel Salazar a “open mind” e o total desprendimento que, aliás, tem vindo a dificultar a inventariação do seu legado cultural -, ao mesmo tempo que uma imensa curiosidade intelectual e uma inteireza moral à prova de todos os sacrifícios. Abel Salazar tinha também um grande sentido de humor, que funcionava como atenuante aquando das perseguições e do ambiente asfixiante e retrógrado que lhe travava os passos e o saber. A sua sede de saber, que o levou a investigar diversos (e, às vezes, contraditórios) domínios, traduziu-se numa vasta bi bliografia de temáticas tão diversificadas que fazem dele um dos raros espíritos renascentistas. Além disso, orientou cursos, participou em inúmeras conferências, apresentou dezenas de comunicações científicas e colaborou nos mais importantes jornais e revistas do país, e em muitas publicações estrangeiras. O clericalismo foi um dos alvos preferenciais das críticas de Abel Salazar, contra o qual se ergueu a favor da teologia crítica, do culto do belo e da religião do sentimento. Com argumentos da citologia e da sociologia moleculares em punho, combateu, de igual modo, o dogmatismo e o autoritarismo da sociedade, a começar pelas instituições de ensino que, em seu entender, deveriam ser centros irradiadores de cultura crítica e de cidadania. “Nunca fui político (...), - afirmou um dia Abel Salazar num manuscrito -, mas tenho deveres sociais a cumprir, que cumprirei conforme os ditames da ética científica”. Como a maioria dos intelectuais seus contemporâneos, também Abel Salazar distinguiu os conceitos de instrução e educação, associando o primeiro à reunião mnésica de conhecimentos e o segundo ao desenvolvimento intelectual. Encaradas pelos poderes constituídos como “prejudiciais”,

académica e socialmente, as teorias pedagógicas de Abel Salazar chocaram frontalmente com as instituições de ensino que, segundo o mestre, continuavam a preferir a instrução à educação, bem como a informação à formação, e nas quais o verdadeiro critério pedagógico - que, para Abel Salazar, “consistia em ensinar o menos possível e educar o mais possível, isto é, limitar o número de noções a adquirir a um mínimo e polarizar todos os esforços no desenvolvimento intelectual do aluno” - era inteiramente pervertido. O “escândalo” que essas teorias suscitaram nos meios do ensino testemunhou à evidência a razão de Abel Salazar. Abel Salazar sempre se mostrou adepto da responsabilização do estudante pela sua formação e da interdisciplinaridade - de que ele próprio foi um exemplo -, e sempre condenou a passividade do saber. Na escola, de facto, como Abel Salazar observava, os alunos “passeavam em rebanhos pelos corredores (...) dizendo amem à incompetência, à indiferença, à apatia e ao reaccionarismo dos mandarins togados que em pirâmide lhes cavalgavam o lombo”. Para Abel Salazar, o aluno submisso e acomodado levaria inevitavelmente a uma estagnação da própria ciência Abel Salazar diagnosticou outro mal no sistema de ensino ditatorial: “O catedrático hierático e rígido, olímpico e burocrata, fóssil e pré-histórico, endeusado na sua mediocridade e incensado pelo sabugismo do estudante (...) que cadaverizava o ensino, cadaverizava-se a si mesmo e cadaverizava a mocidade”. A solução, para si, residia na implementação de uma «escola nova», na linha também parti lhada por Dewey, Claparède e Kilpatrick. A espontaneidade e liberdade assumiam-se, nesta Mercado da Ribeira “escola nova”, como critérios destinados a fomentar o “autodidatismo” e “self government”. Como exemplo de autodidatismo, não há melhor do que o próprio Abel Salazar, cuja formação estética se fez independentemente de escolas artísticas. Liberdade e rigor técnico caracterizam a sua obra plástica, particularmente no domínio onde se evidencia a realização do artista como tal: a experimentação. Se, por um lado, o conteúdo dos seus quadros era explícito - fazendo lembrar Daumier e até mesmo Rafael -, a sua estética era silenciosa e muda. Aparentemente, “subrepticiamente”exprimindo-se em traços, luzes e sombras, rigores e indefinições, mais do que em grandes explanações teóricas. Hoje, a casa de S. Mamede de Infesta, que albergou Abel Salazar durante quase 40 anos, transformada em Museu, é um símbolo reminescente do legado artístico do autor de “O que é Arte?” (1940), fazendo parte do património da Universidade do Porto. Doada pela Fundação Calouste Gulbenkian, a 19 de Julho de 1975, a Casa-Museu foi inaugurada com a exposição “A Mulher no Tra4 balho”, unicamente composta por obras do artista.


A moradia mantém ainda os móveis e os aposentos na disposição original, desde as salas com trabalhos científicos, ao quarto repleto de pertences pessoais, passando pelo “atelier”. A complementar todo este espólio, podem ainda ser apreciadas na Casa-Museu de Abel Salazar colecções de pinturas, quadros e esculturas de bronze cinzelado, um complexo e colorido universo contrastante com a austeridade dos livros da biblioteca. Nesta encontram-se obras doados por Ruy Luís Gomes e livros do próprio Abel Salazar como é o caso de “Ensaio de Psicologia Filosófica” (1915), “Recordações do Minho Arcaico” (1939) e a sua obra-prima científica: “Hematologia - Ideias e factos novos”

ABEL SALAZAR Abel de Lima Salazar nasceu em Guimarães a 19 de Julho de 1889 e morreu em Lisboa em 1946. Foi conhecido como pintor, médico, professor Catedrático e investigador. Filho de Adolfo Barroso Pereira de Salazar, secretário, bibliotecário, professor liceal de Francês e de Adelaide da Luz Silva Lima Salazar que apenas completou os estudos primários. Abel Salazar completa a escola primária e parte do liceu no Seminário – Liceu de Guimarães em 1903, altura em que vem para o Porto e ingressa no Liceu Central, em S. Bento da Vitória, onde conclui a 7ª classe de Ciências. É nesta altura que, junto com um pequeno grupo de colegas publica um jornal escolar republicano, chamado “Arquivo”, que já deixava transparecer quer o interesse pelos novos ideais políticos, quer a sua capacidade para a arte, através das caricaturas de estudantes e professores. Depois de completar o seu curso liceal, prepara-se para entrar na escola Médico-Cirúrgica do Porto, onde, em 1915, termina o curso de Medicina com uma nota final de 20 valores e uma tese intitulada “Ensaio de Psicologia Filosófica”. Com apenas 30 anos é nomeado Professor Catedrática de Histologia e Embriologia, ano também em que funda e dirige o Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que apesar de modesto, devido à falta de recursos, Abel Salazar consegue realizar uma série de notáveis trabalhos de investigação. Como investigador desenvolve pesquisas sobre a estrutura e evolução do ovário criando o célebre método de coloração tano-férrico, de análise microscópica. É entre os anos de 1919 e 1925 que o seu trabalho passa a ter uma visão internacional e é publicado em várias revistas científicas internacionais. Ao fim de 10 anos de um trabalho árduo, Abel Salazar é obrigado a parar, devido a um esgotamento. Esta paragem teve uma duração de quatro anos. Em 1935 é afastado da vida académica à semelhança de outros professores académicos. Nesta altura desenvolve uma produção artística variada tanto na temática como na expressão plástica, como gravuras, pinturas, pin-

(1945). Fonte inspiradora de grande parte da sua bibliografia foram as suas viagens ao estrangeiro, permitindo-lhe edificar dissertações sobre artistas por si admirados. Destacando-se “Uma Primavera em Itália” (1935), “Paris em 1934” (1938) e “Um estio na Alemanha” (1935). Literatura de viagens intensa, descritiva e viva. Trabalho realizado por Joana Matos, 11º A

tura mural, aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobres martelados. A sua obra plástica atingiu grande reconhecimento a partir das suas exposições realizadas em 1938 em Lisboa e Porto. Além da sua aptidão para a Medicina era também um homem ligado à Filosofia. Em 1941, a convite do Ministro da Educação Nacional da altura Prof. Mário de Figueiredo, é chamado para assumir a direcção de um Centro de Estudos Microscópios. Um ano depois vai trabalhar para o Instituto Português de Oncologia, onde publicou vários trabalhos científicos. Foi considerado por Nuno Grande (Director do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar) como “Personalidade mais plurifacetada da cultura portuguesa” e de “Espírito original, imaginativo e rigoroso, como não há paralelo na história cultural portuguesa”. Durante a sua vida Abel Salazar escreveu vários livros científicos e de outras temáticas, como Hematologia Ideias e factos novos ,Ensaio de Psicologia Filosófica , O Que é Arte? , Notas de Filosofia de Arte. Após a sua morte, vários trabalhos foram publicados sobre a sua vida pessoal e profissional, como por exemplo, Abel Salazar – Retrato em movimento, de Luísa Garcia Fernandes, Porto, 1998 e Abel Salazar, de Alberto Saavedra, Porto, 1956. Cátia Neves, 11ºD, n.º5

E... O pai de Abel Salazar desempenhou funções de bibliotecário na Sociedade Martins Sarmento, foi professor de francês, na Escola Industrial de Holanda, e escrevia na “Revista Guimarães” e no Jornal “O Entusiasta” e desenvolveu, também, a actividade política autárquica. Abel Salazar, quando veio para o Porto, ingressou no Liceu Central na área de ciências. Neste Liceu, juntamente com outros colegas e pensando no novo espírito político em curso, publica um jornal de escola republicano, “O Arquivo”, revelando já as suas aptidões artísticas, ao apresentar caricaturas de professores e de alunos. Participa na representação de estudantes contra a lei que limita a liberdade de imprensa, acabando por aderir à greve académica. Sara Dias, 11º D 5


MATRIX e a filosofia cartesiana Matrix é o filme que retrata o mundo no final do próximo século. Neste filme parece haver uma certa confusão entre o sonho e a realidade. Durante a visualização do filme percebe-se que a realidade, do ponto de vista de Morpheus, um dos personagens principais, é bastante diferente da realidade, do “real” para a maioria das pessoas. O real, para Morpheus, é a vida nas navese o imaginário, o sonho, é o controlado pelo sistema informático, pelo Matrix. Tal como na perspectiva de R. Descartes, torna-se difí-

ncia da A importâ

cil para Neo, o herói do filme,distinguir o sonho da realidade. Neo precisa de compreender como é possível ser baleado e não morrer, saborear a comida sabendo que não está a comer ou, até, ressuscitar depois de baleado. Se o conseguir, tornar-se-á “The one”, o tal, o salvador da humanidade, à semelhança de Jesus Cristo. Neste filme coloca-se em dúvida a existência do mundo real, à semelhança do filósofo René Descartes quando, num dos níveis de aplicação da dúvida, afirma que não podemos ter a certeza da informação proveniente dos sentidos. Eu penso que o mundo imaginário é melhor do que o real, tudo é mais bonito, mais simples e, apesar de ser controlado por máquinas, eu preferia viver com o “veú da ignorância”, a viver a dor e a provação do mundo real. Tatiana Cardoso, 11º A

Lógica

b u sca hecimento n o c o e u gica é nto, e q nsar”. conhecime Assim, a ló ento do pe . o a d m d u o a tr ã tr s ç n n o ta “i c is n um é a manife quais ating o ssa se r e s p to A lógica é lo n ta e e s p m e a is e s u ra n ue o pe s para q dos e ge mas regra Uma vez q essos váli u c lg ro a p r e e c d le o estabe o estud , é preciso o objectivo m o filósofos c m te a verdade que ez que os v a fi a o s m u lo fi , ia a d portânc lmente. uma área grande im o universa m ir e te d . a a e d ic rd a g e v ló rd é ae a mos a ve entre lógic à filosofia aquilo que a o o it ã rt e ç e tr la c s e re m o Em a relaçã va d a considera e apenas dada a ele ade há um , e rd s d e o a v c ti rd a á e r v m a a ente mate ra encontr procuram ntos vergica procu ão, geralm s ló s a o conhecime o ic g r m a o ló tr c s n , o o , c im o n s ã e s A ática. ta relaç ica para p e sa r d e s e a matem erve a lóg a s ic sã o e g s ló e u a q filosofia. A e entr ão a estes ç ão de a it is la e c re tr re s p m e E e o e cínios. os ma relaçã tecnicidad utiliza racio ciocinar, a a ra por isso, u ic , e g d te ló is to x a a E e . ad cerca do dadeiros ntrar a verd ológicas a ic s p s Para enco e õ ç ma considera missas e u ciocínios. quaisquer re ra p is s e s o v a d á u s d a n , e disp posições ssa a form erem de por três pro enas intere p o a d a s o issas estiv rm ic m g fo re ló é p s io a ín ado. se Um racioc de signific ão válidos o s p ti s r to e n u e lq m cia, u ua ma inferên ios ou arg não tem q u ín e a c . d o io o d c ta ã li s le ra á p v lu s co n c lógica o (…) com to é cínio é in ferências. o argumen rio, o racio Segundo a in á e tr s s n a r o d a c o in o ã s ç sã o , ca a avalia ara determ m a conclu rítica para utilizada p c r e e d s s e o d d o acordo co np to da consciê e a lógica ce-nos mé e re to s li n fe á e o n m a a u ic a rg g “A ló -la num a ões como iocínio. as aplicaç transformá tr l u e o ív s ta s tes de rac n o s e p n s te o é re s lm p o a a e S a ritmética e a lógic ão”. W.C da verdad tação da a n válido ou n e ra u m c a d ro n p fu ça s, a Além da das senten e s li á 11º A n a a mas, na Matos a te o is J s e d cia

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HISTÓRIAS DE VIDA E ARRUMADORES Num destes dias, no decurso de uma semana mais descansada, uma vez que não havia testes para os quais tinha que estudar, vi uma notícia no jornal que me deixou a pensar. Permitam-me que a parti-lhe convosco: “Rui Rio tinha um sonho. Ele queria ser o Presidente de Câmara de uma cidade com ruas imaculadas, livres de arrumadores de automóveis. Queria e dizia que podia: "Não posso acabar com a prostituição, porque é um problema que dura há séculos. Mas com os arrumadores de carros, sim", disse Rio em 2002, quando o programa Porto Feliz, que pretendia retirar os arrumadores das ruas enquanto lhes oferecia tratamento para a toxicodependência, já começava a desenhar-se. Dois anos depois, em Lisboa, Santana Lopes apresentou uma estratégia diferente: propôs que os arrumadores passassem a precisar de uma licença, celebrando com eles contratos de prestação de serviços. O objectivo era confinar a área de acção ao mesmo tempo que controlava o número de pessoas nesta actividade. Foi no Porto e em Lisboa que surgiram os primeiros arrumadores de automóveis do país, os inventores da fórmula, no início da década de 90. E é lá que continuam a notar-se mais, porque são os sítios onde o tráfico de heroína e cocaína é mais expandido. Mas o "fenómeno" foi-se estendendo um pouco por todo o país e hoje, os homens da moedinha, são uma preocupação para quase todas as autarquias e ganham dimensão de problema social aos olhos de muitos automobilistas. Luís Fernandes, psicólogo e estudioso do assunto, acabou agora um estudo para a Câmara de Guimarães. Pediram-lhe que fizesse uma análise aos consumos problemáticos de drogas na cidade, e o investigador esbarrou nos arrumadores de carros. Não quer dizer que os toxicodependentes sejam todos arrumadores, mas grande parte dos arrumadores são toxicodependentes. Esmagadoramente homens, portugueses e imigrantes clandestinos, oriundos de famílias desestruturadas, com passagens por vários empregos precários. É este o perfil que o psicólogo traça. A droga é quase sempre a vida deles e a heroína e a cocaína não se coadunam com um emprego "As ressacas são fortes, um indivíduo não acorda a horas para ir trabalhar", explica Luís Fernandes. Um dia, já sem saída, "perdem a vergonha e dizem que precisam fazer-se à vida. É uma forma de obter dinheiro para as drogas por uma via pacífica”, nota. O que ninguém sabe explicar é onde termina a liberdade de estar na rua a arrumar carros e começa a liberdade do automobilista de recusar a ajuda. Em Portugal não há uma estratégia global para conviver com este fenómeno, para além do Decreto-Lei n.º 310/2002, que tenta disciplinar a actividade, atribuindo às autarquias a competência de licenciar os arrumadores, dando-lhes dísticos anuais e definindo zonas de trabalho. A eficácia da medida não está provada - e está longe de gerar consenso. A cidade do Porto Feliz No Porto não há um único arrumador licenciado. Com o programa Porto Feliz, em parceria com o Ministério da Saúde, Rio deu um veredicto aos arrumadores. Falou em acção social, em tratamento contra

a toxicodependência e oportunidades de emprego, mas avisou: "Não podemé andar na rua a perturbar os outros." Foram cerca de cinco anos de programa, entre 2002 e 2007. Houve quem falasse em repressão - "Foi um despesismo e uma perseguição a estas pessoas", diz Luís Fernandes -, mas a autarquia reclama ter conseguido retirar cerca de 500 pessoas da rua.” Ora, esta notícia deixou-me a pensar: afinal, quem são estes “homens da moedinha”? A acreditar no que é relatado neste excerto, os “homens da moedinha”, a grande preocupação dos automobilistas, normalmente são pessoas oriundas de famílias desintegradas, muitas vezes, excluídos das relações sociais, da sociedade. Têm uma história de vida que os levou a seguir este caminho de toxicodependência, este modo de viver com o que lhe colocam na mão. Os arrumadores de carros, de facto, não têm ninguém que lhes arrume a vida. Vivem sem nunca ter esperança de vingar na vida, de viver de novo os dias em que beijavam a sua mulher e acariciavam os filhos. Por trás daquele ar carregado, esconde-se, muitas vezes, um homem sensível e frágil que quer, de novo, VIVER de verdade. Há quem viva na rua por opção, gostam de não saber o que vai acontecer a seguir, onde vão dormir, se vão comer… dizem que preferem viver livres, sem obrigações, sem deveres… Mas, como é óbvio, este interesse pela liberdade ou, noutros casos, pela adrenalina, vai escasseando à medida que se torna difícil sobreviver neste meio. Também existem mulheres, todavia, como parecem não vingar como arrumadoras, tomam outros caminhos, como a prostituição. Este é o último recurso a que estas pobres mulheres recorrem, pois as opções escasseiam e, desta maneira, “lutam” pela vida. Este “trabalho” é a coisa mais suja, vergonhosa e assustadora que alguém pode fazer. De certeza que estas mulheres também se sentem assim… No entanto já existem soluções para ajudar estas “pessoas da rua”, o projecto “A cidade do Porto feliz”, é um deles. Do meu ponto de vista estes projectos deviam ser aclamados e apoiados por todos a nível

nacional, ou mesmo internacional, pois este parece ser um problema de todas as regiões. Deviam existir leis que delineassem de forma clara e evidente, quando é que um arrumador está a invadir a privacidade dos cidadãos; e, com a implementação de leis, estes arrumadores estariam legalizados. Projectos como o “A cidade do Porto feliz” são um bom começo, e podem ter vantagens, quer a nível económico, quer a nível social, ou ainda político ou mesmo a nível estético, se pensarmos na contribuição para a ”arrumação” das áreas cosmopolitas. Em suma, na minha opinião, os ideais do projecto “A cidade do Porto Feliz”, deviam expandir-se por todo o país, pois a miséria e a desgraça, os “sem-abrigo” e os problemas que conduzem a esta forma de vida, não são exclusivos das grandes cidades. Beatriz Costa, 11º A

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ilosofia o nal de F io c a n r analisad Dia Inte ção problema os servám – situa omo ob

c e, onde ltruístas ações a va Iorqu u o it N s e m d pelas Existe metro anhado p ada no m z o li c a a re nha, situação rtagem da mari m uma o o c n na repo u ra ro te has do depa sley, ve a nas lin enas se ír u a Mr. We q c e s p o s 0 an po para as filha em de 2 em tem m S suas du o . h to n m obre o ome ersa. U ca-se s lo nesse m o controv c ra e ia a linha pensar desm para a ar, sem a lv metro e lt a a s s o y e e apeva d Wesle ínimo d a tentati m n pensar, o te ç n a ie p le es consc , naque jovem in e corria u q . s 20 mino ra c erca de de altu nos ris c s o o tr tr e e ele m lhes que centím ixo daqu e dizernas 60 a u b g cíe e d s a n co Fic nt, o prin chorar e a de Ka a ri o s o a te m lh o fi a c mos ssa ve as o, apoia e intere utos, ou s id d o e ã c n u hor m. sar o s , o sen está be de anali rmina. ra te caso s e Depois e a dete n mpo pa u , q is a o p im r, x temos te á re e m e as rt u d a o q n n u m o s g al d ou de apena om se s a c a id a v m pio form , im e o ít çã av to d o da ac salvou momen A Assoc propósit o herói e num u e q u sado q rá iação d e rá S nha pen s? Se e Profe te a s s y ores de r? n le e e s r v p e e te sm d W e o c d lo e Filosofia e u re to p q c z m ra fa e fe a o r p o a h é r, abitualm propõe, pens o pô soas, rá que rã is s e v e e s d p e s u o n a e p O te d lh , a reali s? s fi cês çao de sível zaa que a intençõe r s que vo um trab ero pos ão queri alho no qualque ior núm n hipótese a In a s is m a o te m d p o u rn , a r s ra a e e a c b õ io p Um e ç c n e n a d l da Filo dia ra re as inte (na terc r felicida sofi feito pa o segund e -l ir tê m a na maio o é 5 c o ª feira d a mê s d e jovem . Outra sses m o e o d ic o g d m á . N a u tr a ovembro o salv tão fam nenh ano pro ). Este breviver, e obter cidente giu por o d a a s jo o e m p e ã d u ô s n o e y sem esle pelo d ém no cas de um tr s a realização W , u u r. g o ra in M a a n p s o , n e abalho só o, sta reflexivo recomp ua vida a opiniã luanto e sobre u iscar a s m prob Na noss ida de a erante q rr v p a s a e r ia s a ir e lv le d m a ma étic é s o O u o tã tr lg a a a ra o balho d o. rópri a altu rá que o 11º B artido p o. Num d p ã o . tivos. Se s u i N foi um o o s g ró ? e s e a jo le c h io o c c m o fí c tr e s io e s n m tá n o e e s ados n e isso, foi rar b ter algo o s, que o também ar em ti publicad , por las após referimo ssa vida ra pens e o o no s já a n d n p a u o a o re ra , m s á o o ferida a p zê-l em ar, c ó pen ssociaç ite m pens Pode vê ois, ao fa iu que s do o jov é it p a b ão. lv m m m a d é s a ta u g -lo em: os nha , ele Podem http://w s porém ue ele te a q lh l fi e v s w á a w .apfiloso rov ão s du fia.org tanto, n pouco p nas sua u, no en to, será pensou ti n a n a e m rt u m o r p m ; te e e to m n m o e o . sac eoh salvam o verem taríamo nsar qu erdade. filhas nã sofia, es derá pe o lo p fi dizer a v a m te para as e n tá e s s g go, o e a m it m e Mu entir. Lo home prend stá a m como a u que o e l o v ta m , ro e o p g m o ém as, lo que o h : "Ningu há prov provou como orância n m é ig u a g d in r dever, falácia ente po r" ou "N ti que lm n e ia ã ic m stá a acç o age in te le n ". e e e d r, Logo, e lm a e rd cção r rea ntend izer a ve para a a m avalia nosso e e o s ã m , ç s e a está a d , e c o õ li justiexp tenç Contud quase in undas in em uma l, g d e e e ív s p s n e m se l, mas pree do lh a Kant, credíve te, quan o, incom o ri n it p e u ró m afirmav rm p e o c ri le e, poste nos pare e para e ill. ia fazer que não , inclusiv Stuart M s o o ã e ç d esley d a to e c fi d ti ra a s a id p ju c s, Mr. W , li a o é fe m m r u á io que ta a rm n fi m e a da le apres l como já rincípio ver. ficável, e s que, ta tro ao p to do de o n n o m e c n ra m e e ri p e id s d m i n u a o c v c , o d que isto lecção, princípio Por tudo após se ado pelo , in e u rm q te 11º B enas de nos do sofia. agiu ap elos alu p s de Filo o id re o lv s o s v n fe e ro s eP o o de ciação d Trabalh s e Tiag da Asso n Santo o e it ls s e ir o N e , n Rib o. leiro licado ia Cava rc foi pub á M , s ue ca Marq : Francis s re to la Re

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