O pai, o filho e o comboio
Na situação referenciada no filme, eu não sei o que decidiria, mas também não condeno a decisão daquele pai. O amor por um filho deve ser algo grandioso. Eu não tenho a verdadeira noção do quão grandioso é, pois tenho apenas 15 anos, mas presumo que seja incondicional e, de tal forma incondicional, que se será capaz de chegar ao ponto de dar a vida por um filho, incondicional ao ponto de matar por um filho. Certos atos do ser humano são questionados e criticados. Neste caso, todos perguntamos: “Como foi ele capaz de matar o filho?”. Com certeza foi uma decisão momentânea, não era algo que ele poderia prever; além disso, para além de pai, ele era também responsável pela vida de todas as pessoas que iam no comboio. Certamente pessoas que tinham família, pessoas que também tinham filhos. Seria uma atitude egoísta deixar que todas aquelas pessoas morressem para salvar o seu filho e, se o fizesse, certamente ia preso. Salvava o filho, mas não o via crescer. E quem garante que o salvava? A criança caiu, a queda podia ter sido fatal. Tal como referi anteriormente, foi uma decisão momentânea, não houve tempo para pensar em amor ou responsabilidade, houve apenas tempo para puxar ou não a alavanca; não houve tempo para pensar em coisas mínimas como prisão, diria até que, neste caso, o facto de ir preso seria irrelevante. Aquele pai viverá sempre com a culpa do que fez, questionar-se-á sempre se o que fez foi certo; como foi capaz? E se tivesse feito o contrário? Certamente continuaria a haver o sentimento de culpa e também se iria questionar. A salvação de todos custou-lhe a vida do filho, mas o seu sofrimento trouxe esperança para o futuro de outros, como por exemplo a mulher toxicodependente que viajava no comboio que deu um novo rumo à sua vida, depois de ver o pai desesperado sem o filho, que outrora tinha visto feliz.
Situações como esta implicam decisões difíceis de tomar e explicações difíceis de dar. Rute Araújo, 10ºA nº27