REGIÃO DO PARQUE VIA NORTE, CAMPINAS: ANÁLISE DE UM BAIRRO A PARTIR DE SUA OFERTA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS | MAREN SONODA
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Agradeço ao meus pais, pelo incentivo e por sempre serem meu suporte. Agradeço aos meus amigos Guilherme Giboshi Grando e Felipe Tricoli Jardim, pela ajuda, conselhos e apoio. Agradeço aos membros do Laboratório FLUXUS, pelos materiais concedidos e discussões. Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Evandro Ziggiatti Monteiro, pela paciência, estímulo, e por ter acreditado no projeto de pesquisa. Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) pela oportunidade e pela bolsa.
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SUMÁRIO: ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES...................................................................................................................05 1. RESUMO....................................................................................................................................................00 2. INTRODUÇÃO........................................................................................................................................00 2.1 METODOLOGIAS DE ANÁLISE....................................................................................00 2.1.1 AVALIAÇÃO ECOSSISTÊMICA: SERVIÇOS AMBIENTAIS..............00 2.1.2. IMAGEM DA CIDADE.....................................................................................00 2.1.3. AVALIAÇÃO ECOSSISTÊMICA: CENÁRIOS DO MILÊNIO.............00 3. MATERIAL E MÉTODO.....................................................................................................................00 4. RESULTADOS.........................................................................................................................................00 4.1. A ÁREA.....................................................................................................................................00 4.2. SERVIÇOS AMBIENTAIS.................................................................................................00 4.3. IMAGEM DA CIDADE.......................................................................................................00 4.3.1. PRIMEIRO PERCURSO...................................................................................00 4.3.2. SEGUNDO PERCURSO...................................................................................00 4.3.3. TERCEIRO PERCURSO..................................................................................00 4.4. CENÁRIOS DO MILÊNIO.................................................................................................00 5. CONCLUSÕES.........................................................................................................................................00 6. REFERÊNCIAS........................................................................................................................................00
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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES: Imagem 1: Influência dos serviços ambientais na saúde humana. Fonte: MA (2005)...................00 Imagem 2: Relações entre serviços ecossistêmicos e bem-estar humano Fonte: MA (2005a, p.50)..................................................................................................................................................................00 Imagem 3: A oferta de serviços ambientais no meio urbano e as dimensões de sustentabilidade. Fonte: Plano Local de Gestão, MZ4, 2012..............................................................................................00 Imagem 4: Relação e influência entre os cenários. Fonte: MA (2005)..............................................00 Imagem 5: Ilustração dos Cenários. Fonte: MONTEIRO, E. 2012..................................................00 Imagem 6: Variações nos serviços ecossitêmicos em porcentagem. Fonte: MA (2005)...............00 Imagem 7: Trade-offs entre biodiversidade e bem-estar humano. Fonte: MA (2005)..................00 Imagem 8: Setorização da área de estudo, de acordo com as características de cada região.......00 Imagem 9: Atividades principais e secundárias da área de estudo.....................................................00 Imagem 10: Percursos realizados na área de estudo.............................................................................00 Imagem 11: Primeiro percurso (fotos realizadas pela pesquisadora)................................................00 Imagens 12: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 13: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 14: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 15: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 16: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 17: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagem 18: Mapa mental do Primeiro percurso: Morador................................................................00 Imagem 19: Mapa mental do Primeiro percurso: Visitante................................................................00 Imagem 20: Primeiro percurso (fotos realizadas pelo visitante): itens presentes na paisagem urbana que lhe chamaram atenção.............................................................................................................00 Imagem 21: Segundo percurso (fotos realizadas pela pesquisadora).................................................00 Imagens 22: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 23: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 24: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 25: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 26: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 27: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 28: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 29: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagens 30: Foto realizadas durante visita de campo..........................................................................00 Imagem 31: Mapa mental do Segundo percurso: Moradora...............................................................00 Imagem 32: Mapa mental do Segundo percurso: Visitante.................................................................00 Imagem 33: Segundo percurso (fotos realizadas pelo visitante): itens presentes na paisagem urbana que lhe chamaram atenção.............................................................................................................00 Imagem 34:Terceiro percurso (fotos realizadas pela pesquisadora)..................................................00 Imagem 35: Mapa mental do Terceiro percurso: Moradora...............................................................00 Imagem 36: Mapa mental do Terceiro percurso: Visitante.................................................................00 Imagem 37: Croqui orquestração global..................................................................................................00 Imagem 38: Croqui mosaioo adaptativo...................................................................................................00 Quadro 1: As dimensões da Sustentabilidade. Fonte: GUIMARÃES, 1997:31-39.......................00 Quadro 2: Levantamento preliminar dos serviços ambientais identificados na área de estudo..00
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1. RESUMO: Este projeto de iniciação científica visou compreender a paisagem e suas influências no bem estar dos cidadãos, a partir das relações e dinâmicas entre dois bairros, localizados na região do Parque Via Norte, em Campinas – SP. O projeto se deu a partir da análise segundo dois conceitos: os serviços ambientais e cenários, presentes na Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM/ONU 2005); e a leitura da paisagem urbana, com o método de análise sequencial de imagem da cidade (KOHLSDORF, M 1996). Os resultados denotam uma forte correlação entre a paisagem local, do bairro, com as forças que moldam a paisagem metropolitana como um todo, representadas pelos cenários: Mosaico Adptativo e Ordem pela Força. PALAVRAS- CHAVES: Serviços Ambientais; Cenários do Milênio; Imagens da Cidade.
2. INTRODUÇÃO: O objetivo do estudo foi o de olhar para a paisagem urbana, entendendo-a como a dimensão visível e dinâmica do próprio território, que evidencia a interação social de seus habitantes. O estudo também perseguiu o entendimento da importância da qualidade da paisagem, partindo da ideia de que esta reflete a qualificação do espaço urbano em si. Qualificação que exige espaços coesos - fundamentais ou complementares às edificações - articulados em termos ecológicos, estéticos, culturais, sociais, econômicos e tecnológicos. A leitura e análise da paisagem permite entrever vários dos processos e dinâmicas que constituem a interação entre o espaço e seus habitantes. Com isso, procurou-se identificar os fixos e fluxos presentes no cotidiano, que concebem a paisagem existente. Entender as mudanças e reflexos que trazem, é essencial quando se almeja a sustentabilidade urbana. A pesquisa realizou a análise da paisagem a partir de dois conceitos complementares. O primeiro consistiu da leitura a partir da identificação de serviços ambientais(BOLUND e HUNHAMMAR, 1999:3), e como estes influenciam o ecossistema. O segundo, foi o da percepção da paisagem a partir de trajetos e sucessões de imagens, e como características marcantes, símbolos, métodos de orientação, se refletem. Ambos os conceitos foram estudados a partir de duas visões referenciais: o olhar técnico-científico, especializado em produção espacial; e o do usuário, que é o senso comum, da vivência quotidiana do espaço. O diagnóstico final da área em estudo foi feito a partir da identificação da presença de características relacionadas aos Cenários do Milênio (AEM, 2005), e, portanto, estabelecendo as possíveis consequências futuras, positivas e negativas, da relação entre o território e os seus habitantes.
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2. 1. Metodologias de análise 2. 1. 1. Avaliação ecossistêmica: serviços ambientais Entendendo que o fluxo de serviços ambientais influencia o bem-estar humano, o programa intergovernamental Avaliação Ecossistêmica do Milênio - AEM configurase como um diagnóstico aplicado dos ecossistemas, na medida em que esses propiciam não apenas bem-estar, mas a própria existência e continuidade do ambiente antrópico. Os serviços “(...) são definidos como os benefícios que a população humana obtém, direta ou indiretamente, das funções dos ecossistemas" (BOLUND e HUNHAMMAR, 1999:3), e desse modo, como estes o influenciam o espaço em seus múltiplos elementos. Para a análise da qualidade ambiental e urbana, a AEM identifica quatro aspectos principais ao se tratar do bem estar humano, como pode ser visto na Imagem 1.: suporte, provisão, regulação e cultura (ALCAMO et al., 2003; MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2005). Esses possuem diferentes potenciais e ligações, que influenciam fatores ambientais, econômicos, sociais, tecnológicos e culturais (Imagem 2). O primeiro serviço, de suporte, está relacionado com o que é necessário para a produção dos outros serviços ecossistêmicos. Dessa forma, diferencia-se, pois seus impactos sobre o homem são indiretos e/ou ocorrem a longo prazo. Nesse caso, se tratando de um ecossistema urbano, é constituído pelos elementos que compõe a paisagem física da cidade: O solo urbano, o relevo, as características geotécnicas, a morfologia,a malha hídrica e a fitogeografia. Além disso, também faz parte desta categoria a distribuição socioeconômica da população, e a malha viária. Serviços de provisão é a categoria que contém os produtos obtidos pelo ecossistema, ou seja, infraestrutura de transporte e de saneamento, produção habitacional, entre outros. O terceiro serviço, de regulação, é um dos que fornecem benefícios diretos aos habitantes. É a categoria que trata os benefícios obtidos com a regulação do ecossistema urbano. Exemplos: qualidade da educação, cobertura de saúde, oferta de habitação, saneamento, transporte, segurança e ambiental. Diferente do de provisão, sua avaliação não se dá no nível de produção, mas através de uma análise do potencial do ecossistema, de se regular os serviços. A última categoria, a dos serviços culturais, está intimamente ligada com os valores e o comportamento humano, ou seja, à percepção de diferentes grupos de indivíduos. Diferente dos demais, esse serviço gera benefícios não materiais, como lazer, recreação, identidade, patrimônio e ordem pública. No ecossistema urbano, são espaços e lugares que produzam uma sensação de tranquilidade, pertencimento, memória e bem estar.
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Imagem 1: Influência dos serviços ambientais na saúde humana. Fonte: MA (2005)
Imagem 2: Relações entre serviços ecossistêmicos e bem-estar humano Fonte: MA (2005a, p.50)
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Além disso, entende-se que existe uma relação entre as transformações do meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico. Ao mesmo tempo, existem deficiências decorrentes dessa relação do meio ambiente com o processo de desenvolvimento, o que torna necessário a discussão sobre um "desenvolvimento sustentável". Entretanto, é consenso que a sustentabilidade não se restringe a uma única dimensão. Dentro das propostas, a que será utilizada na pesquisa, será a das dimensões sociais, econômicas e ecológicas e as interações entre elas (GUIMARÃES, 1997) (Quadro 1). Essas dimensões dialogam com os serviços ambientais, como pode ser visto no Imagem 3. A partir desta relação, é possível avaliar quais dimensões da sustentabilidade devem ser privilegiadas, e com isso, propor diretrizes que contribuam para um melhor planejamento da área de estudo.
Dimensões de Sustentabilidade SIGNIFICADO Relação direta com os problemas que extrapolam as fronteiras do Estado-nação, referindo-se especificamente à necessidade de reversão dos processos globais de degradação ecológica e ambiental Sustentabilidade ecológica do Refere-se à base física do processo de crescimento e desenvolvimento objetiva a conservação e uso racional do estoque de recursos naturais incorporados às atividades produtivas Sustentabilidade ambiental do Está intimamente relacionada com a manutenção da desenvolvimento capacidade de carga dos ecossistemas, ou seja, a capacidade da natureza para absorver e recuperar-se das agressões antrópicas. Sustentabilidade demográfica do Revela um aspecto particular das sustentabilidades desenvolvimento ecológica e ambiental, relacionado com a capacidade de suporte da natureza. Neste sentido, a sustentabilidade demográfica problematiza as duas anteriores ao incluir como critério de política pública os impactos da dinâmica demográfica tanto nos aspectos de gestão da base de recursos naturais como de manutenção da capacidade de carga ou de recuperação dos ecossistemas. Sustentabilidadecultural do Reconhece que a base do desenvolvimento reside na desenvolvimento manutenção da diversidade em seu sentido mais amplo e se dirigem, portanto, à integração nacional ao longo do tempo. Sustentabilidade social do Vincula-se estreitamente ao processo de construção da desenvolvimento cidadania e busca garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento. Esta se resume, em seus aspectos micro, na democratização da sociedade, e macro, na democratização do Estado. Sustentabilidade política do Projeta no próprio desenho das instituições que regulam desenvolvimento a sociedade e a economia as dimensões sociais e políticas da sustentabilidade em seus conteúdos macros DIMENSÃO Sustentabilidade planetária do desenvolvimento
Quadro 1: As dimensões da Sustentabilidade. Fonte: GUIMARÃES, 1997:31-39
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Imagem 3: A oferta de serviços ambientais no meio urbano e as dimensões de sustentabilidade. Fonte: Plano Local de Gestão, MZ4, 2012.
Considerando qualquer processo de planejamento que seja minimamente centrado na melhoria das condições ambientais que propiciam maior qualidade de vida, e ao mesmo tempo preocupado com a conservação e manutenção, tanto dos recursos naturais, como dos valores paisagísticos, históricos e culturais, a utilização da AEM pode ser valiosa como instrumento de análise. Uma radiografia dos serviços ambientais da área de estudo, identificando de que forma eles interferem na vida dos cidadãos, e quais as eventuais deficiências e conflitos no seu oferecimento, podem indicar eventuais diretrizes de planejamento urbano.
2. 1. 2. Imagem da cidade Uma outra forma de análise físico-espacial será utilizada como forma de enriquecer a leitura da paisagem urbana. A região também será estudada com base no método de análise da imagem da cidade, que, segundo Maria Elaine Kohlsdorf (1996), apresenta-se como análise sequencial. Esse método distingue a percepção da paisagem urbana em dois olhares: o técnico-científico, especializado em produção espacial; e o do usuário, que é o senso comum, e o consumo espacial. E, a partir deles seriam definidos diferentes trajetos, a serem captados por uma sucessão de retratos da paisagem. Com isso, é possível “(...) observar as características configurativas dos espaços incidentes na noção de localização dos indivíduos, em termos de orientação e identificação.” (KOHLSDORF, M. e KOHLSDORF, G. 2005), no intuito de analisar diversos pontos de vista, e como eles se traduzem na paisagem. AGOSTO DE 2015
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Objetivando criar uma imagem topoceptiva do lugar, ou seja, uma representação mental da noção básica de lugar, oferecida por essa área para os indivíduos. Sendo um dos indicadores de qualidade ambiental, ela mostra a capacidade de informar sobre onde estamos, e como nos deslocamos. A metodologia utilizada, para de certas hipóteses desenvolvidas por Kohlsdorf, 1986, 1993, 1995 e 1996: a) A topocepção implica orientação e identificação da spessoas nos lugares e participa da formação das nossas estruturas cognitivas básicas; o desempenho topoceptivo de logradouros, bairros e cidades refere-se a suas possibilidades de informar aos que frequentam sobre sua localização em certo recinto em relação a outros. b) Na realização topoceptiva, a percepção da forma física dos lugares é fundamental, e nisso atua principalmente nosso sistema visual. c) A percepção pertence a processos cognitivos interagindo com a imagem mental e com o nível das operações lógico-matemáticas, este último utilizado nos projetos urbanísticos. d) A imagem mental é um nível cognitivo de representação de experiências vivenciadas na percepção, que foram elaboradas pela memória e demais insumos reflexivos. Significa, portanto, nova forma do reflexo senorial, a qual não se confunde com a percepção mas que trabalha a partir de seus produtos. e) A decodificação topoceptiva compõe-se de várias esferas de abrangência, desde aquela pessoal até a genética (universal); logo, incidem na topocepção tanto características de significado individua quanto outras, de caráter universal, as quais revelam-se mais úteis no processo de planificação, onde lida-se com grupos sociais, econômica e culturalmente heterogêneos. f) Em termos universais no desenvolvimento cognitivo, a qualidadetooceptiva dos lugares depende do equilíbrio harmônico entre unidade e diversidade de elementos e relações morfogólicas, bem como da clareza de tais composições. Dessa forma, entende-se que a abordagem topceptiva deve estabelecer pontes entre a maneira com que o espaço se apresenta, com os diversos níveis cognitivos, sendo o 1° nível cognitivo, o da percepção, que mostra as condições para orientação e identificação. O 2° nível cognitivo é a imagem mental, que é a capacidade ampliada pelo tempo e pela memória. E por fim, o 3° nível cognitivo, dos códigos utilizados em planos e projetos. Esse método foi aprimorado a partir do método clássico de Lynch (1960), já que aquele não solucionava por completo o papel do olhar técnico-científico, ao trabalhar com a imagem mental dos cidadãos, além de propor uma série de novas categorias de análise (funcional, simbólica, bioclimática, copresencial, econômica, estética, topoceptiva).
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A metodologia do projeto de pesquisa baseia-se, portanto na fusão destes dois métodos de leitura paisagem urbana: a percepção da paisagem, através do olhar técnico da pesquisadora, e a partir da visão dos moradores, através de entrevistas. E sua análise, a partir da Avaliação Ecossistêmica. Utilizando tanto o olhar mais gráfico e teórico, como o dos que vivenciam o espaço no dia a dia.
2. 1. 3. Avaliação ecossistêmica: cenários do milênio Um segundo conceito presente na “Avaliação Ecossistêmica do Milênio”, além daquele dos quatro tipos de serviços ambientais, é a existência de quatro cenários globais, batizados de “Cenários do Milênio”. Segundo o estudo, a evolução dos serviços ambientais resultam nos “Cenários do Milênio”. Nestes são exploradas as diversas mudanças futuras, causadas pelos impactos nos serviços no bem-estar humano, a partir do contexto de um desenvolvimento sustentável. Estes cenários são todos "histórias plausíveis" de como poderia ser o futuro do ecossistema em estudo. Dessa forma, eles não são projeções, previsões ou recomendações, e sim, consequências de ações de indivíduous, direta ou indiretamente. A probabilidade de um desses cenários se tornar o próprio futuro é muito pequena. Haveria uma mescla destes, onde, dependendo da situação, um ou mais teriam maior influência (Imagem 4).
Imagem 4: Relação e influência entre os cenários. Fonte: MA (2005)
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Os quatro “Cenários do Milênio” são os seguintes: Orquestração Global: Sociedade globalmente conectada, focada no comércio global e liberalização econômica, que assume postura reativa em relação aos problemas ambientais, mas que também caminha a passos largos em direção à redução da pobreza e da desigualdade e ao investimento em bens públicos como infraestrutura e educação Ordem pela Força: Mundo regionalizado e fragmentado, preocupado com segurança e proteção, que enfatiza primariamente os mercados regionais, destina pouca preocupação com os bens públicos e assume postura reativa em relação aos problemas ambientais. Mosaico Adaptativo: Os ecossistemas na escala das bacias hidrográficas regionais são o foco da atividade econômica e política. Instituições locais são fortalecidas e as estratégias de gestão dos ecossistemas locais são comuns; sociedades desenvolvem uma postura fortemente proativa em relação à gestão dos ecossistemas. Jardim Tecnológico: Mundo globalmente conectado e fortemente dependente de tecnologias ambientais consistentes, usando ecossistemas altamente manejados, quase sempre tecnificados, como forma de geração de serviços ambientais, e que assume postura proativa em relação à gestão dos ecossistemas num esforço de se evitarem problemas.
Imagem 5: Ilustração dos Cenários. Fonte: MONTEIRO, E. 2012
Todos os quatro cenários possuem vantagens, e desvantagens, que ocorrem devido a forma com que se apresentam no ecossistema em estudo. Entretanto, também é possível inferir que dois deles, o Mosaico Adaptativo, e o Jardim Tecnológico, apresentam melhores condições para a manutenção do oferta dos serviços ambientais.
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(Imagens 6 e 7). Entender como ocorrem permite que, a partir de mudanças significativas no papel da política, de instituições, ou de práticas realizadas no dia-a-dia, seja possível atenuar algumas das possíveis consequências negativas dos impactos sobre o ecossistema. Assim como os outros itens da AEM, os cenários foram pensados sobre uma escala global, mas a aplicação deste, e dos outros temas abordados, poderiam se ater a uma escala urbana.
Imagem 6: Variações nos serviços ecossitêmicos em porcentagem. Fonte: MA (2005)
Imagem 7: Trade-offs entre biodiversidade e bem-estar humano. Fonte: MA (2005)
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3. MATERIAIS E MÉTODOS: O levantamento bibliográfico, centrado nos conceitos da Avaliação Ecossistêmica do Milênio e de metodologias de analise perceptiva da Paisagem Urbana permitiu o aprofundamento teórico necessário para o delineamento de uma metodologia de estudo do local. Assim, utilizaram-se dados, testes, documentos e pesquisas já realizadas a cerca deste mesmo tema; materiais do acervo da Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP); além de materiais produzidos na área de estudo, pelo Laboratório FLUXUS da UNICAMP. Após a construção dessa base teórica, foram realizadas as visitas aos bairros. Inicialmente em caráter de levantamento, visando conhecer melhor o objeto de estudo, e identificar suas características principais, sendo observados os seguintes aspectos: renda dos moradores; uso do solo; áreas de uso público; e características próprias de cada região. Em seguida, buscou-se identificar a presença dos serviços ambientais, e de que forma estão presentes na área de estudo. A identificação de tópicos relacionados aos quatro tipos de serviços ambientais permitiu a definição dos melhores trajetos a serem percorridos – trajetos que fossem mais ricos no sentido de conterem exemplos de cada um dos quatro tipos. Com isso foram realizados esses percursos, em primeira instância pela pesquisadora (leitura técnica individual), e posteriormente com usuários do espaço, tanto visitantes como moradores (imagem coletiva). Os dados obtidos pelos passeios foram complementares entre si, e sua fusão permitiu uma melhor leitura dos bairros, gerando o mapa-síntese, e assim, a identificação dos cenários presentes. Por fim, a partir da identificação destes cenários, foi possível analisar as consequências positivas e negativas de cada um deles, e como elas impactam sobre a área de estudo.
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4. RESULTADOS: 4. 1. A área Antes de "descer" à microescala, o trabalho procurou compreender a dinâmica metropolitana que os envolve: a análise de bairros que refletem a história, identidade e a funcionalidade presentes na cidade como um todo. Localizada em Campinas, região metropolitana de São Paulo, a área de estudo é composta por dois bairros: o Parque Via Norte e o Vila Boa Vista.
Estes são delimitados pelas rodovias Anhanguera, Adalberto Panzam e Jornalista Franco Aguirre Proença. A escolha desta área se deu justamente pela existência dessas barreiras, que isolam os bairros. A partir de uma análise das características presentes nas paisagens e em seus serviços, a área em estudo foi setorizada em três áreas:
Imagem 8: Setorização da área de estudo, de acordo com as características de cada região.
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1: Área de uso residencial e industrial. A região norte da área de estudo possui residências de média/baixa renda, e poucas atividades comerciais. Sendo, em sua maioria, composta por galpões e conjuntos de serviços e indústria. 2: Área predominantemente residencial. A maior parte da área de estudo é composta por residências de média/baixa renda. Além de pequenas atividades comerciais, sendo algumas realizadas na própria habitação. Existem algumas áreas verdes públicas, contendo mobiliários – parquinho, e academia ao ar livre. É interessante notar que não é permitido construções nas esquinas do lado sudoeste desta área (destacado em verde na Imagem 8), sendo estas destinadas a pequenas áreas verdes, que conformam um passeio interessante, e destoante da área de estudo. Após este limite verde, existe ainda uma área industrial, isolada. 3: Área predominantemente industrial e particular. São regiões delimitadas por vias, e de acesso restrito, sendo cercadas. A área contém indústria de grande porte, além do centro de treinamento, pertencente ao Jóquei Club de Campinas, e da Faculdade Anhanguera. Visando uma síntese dos principais serviços, tendo em vista a qualidade de vida de seus habitantes, foram identificadas as principais atividades que ocorrem dentro da área, representados na Imagem 9, sendo estas: serviço (verde), industriais (vermelho), privadas (roxo), educação (cinza), lazer e comércio (amarelo). E também atividades menores, que compõe aspectos significativos para a infraestrutura urbana.
Imagem 9: Atividades principais e secundárias da área de estudo
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Atividades principais: 1: Getra Ambiental (Gestão ambiental, especializada em gerenciamento de resíduos e serviços ambientais). 2: Incotela 3: Bosch 4: Jóquei Club de Campinas 5: Faculdade Anhanguera Campinas – Unidade 2 6: Mix shopping (Atividades comerciais centralizadas em uma área de lazer, à céu aberto). Atividades secundárias: a: Biotecnia hospitalar b: Igreja Batista El Shaddai c: Igreja Nazareno Distrito Sudeste Paulista d: Prefeitura Municipal e: Centro de Saúde Boa Vista
4. 2. Serviços ambientais Após a o levantamento das características principais da área em estudo, os conceitos existentes no programa de trabalho da ONU foram aplicados, visando identificar os serviços ambientais que estão presentes, tendo em vista a qualidade de vida de seus habitantes. Em linhas gerais, o Quadro 2 apresenta os itens a serem observados dentro das categorias de serviços ambientais (suporte, provisão, regulação e cultural). Além de uma síntese de serviços ambientais proporcionados na área de estudo, que foram previamente identificados.
\Serviços de Suporte
Relevo
Colinoso suavemente ondulado, de acordo com o Plano Diretor da Macrozona 4 de Campinas
Sistema Viário
Rodovia Anhanguera, Rodovia Adalberto Panzan e Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (estradas que delimitam a área)
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Hidrografia
Córrego do Piçarrão, esse córrego atravessa a área de estudo, formando um lago ao sul.
Fitogeografia
Cerrado e Floresta estacional semidecidual predominam, de acordo com o Plano Diretor da Macrozona 4 de Campinas
Uso do Solo
O uso do solo é variável, dependendo da região, apresentando principalmente foco em Serviços e Residência em uma, e Residência e Comércio em outra.
Serviços de Provisão Habitação
Residências de classe média/baixa, em sua maioria
Saneamento
A bacia do Ribeirão Piçarrão possui tratamento de esgoto, realizado pela ETE Piçarrão. No local, nas margens do córrego existe uma vegetação natural preservada. Além disso, a área possui a Cooperativa de Reciclagem (Havilá)
Saúde
Foi localizado o posto de saúde Centro de Saúde Boa Vista
Educação
Foi localizado a Faculdade Anhanguera Campinas, além de pequenas escolas de ensino fundamental e médio
Serviços de Regulação
Vegetação Natural
Área de vegetação natural protegida, localizada as margens do córrego. Além disso, existem áreas verdes públicas.
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Infraestrutura e Transporte
Foram identificados as seguintes linhas de ônibus presentes no Parque Via Norte e/ou Vila Boa Vista: 253, 253.1 e 255.
Serviços Culturais Patrimônio
Não há nenhum patrimônio registrado no CONDEPACC
Recreação e Lazer
As seguintes atividades de recreação e lazer foram identificado na área de estudo: Parquinhos, Academia ao ar livre e Centro de comércio e lazer
Quadro 2: Levantamento preliminar dos serviços ambientais identificados na área de estudo
4. 3. Imagem da cidade Visando um melhor estudo, a partir da paisagem urbana, foi aplicado os conceitos de análise sequencial de Maria Elaine Kohlsdorf (1996). A identificação dos serviços ambientais, e a setorização da área de estudo, permitiu a determinação dos percursos a serem percorridos:
Imagem 10: Percursos realizados na área de estudo
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Percursos: Área de uso residencial e industrial 1: Rua João D. Agostino Área de uso predominantemente residencial 2.1: Rua Maria Edna Vilagelin Zakia; Rua das Acácias 2.2: Rua Maria Edna Vilagelin Zakia; Rua das Acácias; Rua dos Ipês Roxos; Rua dos Jequitibás Área de uso industrial e particular 3: Rua Pedro Gianfranscisco; Rodovia Anhanguera Sendo um em cada área, foi determinado um percurso cujas atividades existentes refletissem suas características mais marcantes. Em geral as vias de automóveis são asfaltadas e bem cuidadas. Com exceção de alguns trechos, onde a via é estreita. Em compensação, existem maiores problemas nas vias de pedestres, com calçadas estreitas e obstruídas. Em grande parte da área de estudo, se não em sua totalidade, não há uma real acessibilidade, e nem acesso para ciclistas. Por ser uma área delimitada por vias, e cortada por córregos, é interessante notar que isso se reflete nos percursos. Para o estudo, os percursos foram realizados a partir de três visões diferentes, que produziram materiais diferentes: o olhar da pesquisadora, de moradores e de um visitante. Pesquisadora: a análise dos percursos objetivaram criar uma imagem topoceptiva do lugar, fotografando locais que, por observação, permitiriam informar e identificar localizações e características de cada área. Moradores: os mesmos percursos foram registrados em um mapa mental, por um morador, o que permitiu identificar quais são as características presentes no cotidiano. Entretanto, é importante ressaltar que houve certa dificuldade em pedir para que eles se juntassem a atividade proposta. Com isso, foi escolhido um morador para cada percurso, e não um mesmo que percorreria os três, como fora inicialmente proposto. Visitante: visando complementar as visões, e promover um melhor estudo, um visitante que nunca fora a este bairro, foi convidado para registrar fotos de características da paisagem urbana que chamassem sua atenção, e posteriormente, também desenhar um mapa mental. Além disso, foram realizadas algumas perguntas após os trajetos, a cerca de características, orientações, relações e comparações entre os espaços visitados.
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4. 3. 1. Primeiro percurso
Imagem 11: Primeiro percurso (fotos realizadas pela pesquisadora)
Primeiro percurso (área de uso residencial e industrial): Partindo de uma barreira, que é a rodovia Anhanguera, devido a própria proximidade com essa via de acesso, a paisagem é composta praticamente apenas por áreas industriais e de serviços. Com muros altos, sempre cercadas e fechadas, com pouca movimentação nas ruas (Imagens 12 e 13). Apenas a partir da metade, existem pequenos comércios como restaurantes e bares. Neles, é interessante notar a atividade dos próprios moradores em criar infraestruturas como a caixa d’agua adaptada (Imagem 14) e a pequenas praça AGOSTO DE 2015
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entre os comércios (Imagem 15). Por fim, existem residências de classe média, com canteiros e áreas verdes feitas pelos habitantes (Imagem 16), que percorrem até o córrego, cercado por uma área de proteção permanente e sem uma infra-estrutura ou qualidade de ambiente (Imagem 17).
Imagens 12, 13 e 14: Fotos realizadas durante visita de campo
Imagens 15, 16 e 17: Fotos realizadas durante visita de campo
Imagem 18: Mapa mental do Primeiro percurso: Morador
Imagem 19: Mapa mental do Primeiro percurso: Visitante
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Imagem 20: Primeiro percurso (fotos realizadas pelo visitante): itens presentes na paisagem urbana que lhe chamaram atenção
Palavras do visitante: “O primeiro percurso era mais “fechado”, tinha muitos galpões e pequenas industrias, sem muitas áreas verdes, e as casas tinham muros altos. Não existiam quase pessoas na rua, o ambiente não incentivava atividades. (...) Espaços muito “quadrados”, nos quais não parecia existir nenhum tipo de relação entre os moradores e o entorno, isso principalmente perto das rodovias.”
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4. 3. 2. Segundo percurso
Imagem 21: Segundo percurso (fotos realizadas pela pesquisadora)
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Segundo percurso (área de uso predominantemente residencial): O percurso se inicia a partir do Córrego do Piçarrão, uma das barreiras dentro do próprio bairro, que divide e setoriza suas características. Este segundo percurso pode ser dividido em quatro partes (A ao B); (B ao C); (C ao E); (E ao H) e (E ao J), cada um com suas características e assim, sua paisagem urbana. (A ao B): A primeira parte do trajeto são áreas amplas e descampadas, com pouca movimentação e atividades ao redor (Imagem 22). (B ao C): Este começa a adensar, e concentrar pequenas residências e comércios locais, terminando em outra das barreiras, que é uma via. (C ao E): De um lado áreas verdes adensadas, que isolam a via da indústria Incotela (Imagem 23), do outro são esquinas verdes, com ruas estreitas de residências. Apesar de não conter uma infraestrutura adequada, com calçadas e ciclovias, é um trajeto em que circulam muitas pessoas à pé, e contém atividades como bares (Imagem 24). O percurso termina no centro desta área em um centro comercial, o Mix Shopping (Imagem 25). (E ao H): Via de grande movimento, de um lado indústrias e do outro áreas abertas, desemboca na rodovia Jornalista Francisco Aguirre. Ainda assim, por pertencer a uma área predominantemente residencial, nesse trecho existem intervenções como autoconstruções para atividades comerciais, e parquinhos (Imagem 26). (E ao J): Adentrando ao bairro existem vários parques e praças espalhados entre as residências (Imagem 27), sempre de classe média/baixa em ruas estreitas. Contém algumas infraestruturas como escolas, postos de saúde, igrejas (Imagem 28) e áreas de lazer e esporte, além de pequenas atividades comerciais (Imagens 29 e 30). E o percurso termina novamente no Córrego do Piçarrão, ainda cercado pela área de proteção permanente, porém com uma qualidade de ambiente melhor que a da primeira área estudada.
Imagens 22, 23 e 24: Fotos realizadas durante visita de campo
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Imagens 25, 26 e 27: Fotos realizadas durante visita de campo
Imagens 28, 29 e 30: Fotos realizadas durante visita de campo
Imagem 31: Mapa mental do Segundo percurso: Morador
Imagem 32: Mapa mental do Segundo percurso: Visitante
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Imagem 33: Segundo percurso (fotos realizadas pelo visitante): itens presentes na paisagem urbana que lhe chamaram atenção
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Palavras do visitante: “O segundo percurso era mais aberto, principalmente por causa da linha de eletricidade e das áreas verdes, ao redor dessas áreas tinham muitas residências, alguns pontos de comércio e um grande fluxo de pessoas. Já se viam crianças na rua, ou espaços próprios para a interação da comunidade. (...) A orientação era meio confusa. Aonde tinha praças, grandes avenidades, fios elétricos ou aquele comércio (pequeno shopping) dava para ter alguma referência, mas aprofundando no bairro ficava mais difícil situar. (...) Achei que existiam tentativas de criar espaços para atividades da comunidade (pequeno shopping e pracinhas), algumas efetivas e outras não pareciam plenamente aproveitadas, estavam vazias.”
4. 3. 3. Terceiro percurso
Imagem 34:Terceiro percurso (fotos realizadas pela pesquisadora)
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Terceiro percurso (área de uso predominantemente industrial e particular): O percurso se inicia, também, a partir do Córrego do Piçarrão, entretanto do lado oposto ao do segundo caminho. Este também possui duas paisagens urbanas completamente distintas, sendo as seguites: a primeira com áreas residências de classe média de um lado, e o Jóquei Club, que se apresenta como uma barreira, do outro. Sempre cercado por muros ou grades altas, impede qualquer tipo de visibilidade de suas atividades. A segunda paisagem é composta pela Faculdade Anhanguera e pela indústria Bosch. Com isso, vias sem infra-estrutura para mobilidade à nível do pedestre, e sem muitas áreas verdes. O trajeto termina na rodovia Anhanguera, novamente em uma barreira.
Imagem 35: Mapa mental do Terceiro percurso: Morador
Imagem 36: Mapa mental do Terceiro percurso: Visitante
Palavras do visitante: “O terceiro percurso já não era tão integrado quanto o segundo. Parecia ter crescido de forma desorganizada e sem nenhuma lógica, misturando espaços residenciais, comerciais e de lazer.”
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4. 4. Cenários do milênio A partir da análise dos serviços ambientais, e da imagem da cidade, foi possível identificar dois cenários predominantes na área de estudo: Ordem pela Força e Mosaico Adaptativo.
Imagem 37: Cenários predominantes
1. Ordem pela Força: cenário predominante das áreas 1 e 3 (área industrial e residencial; área industrial e particular). Caracteriza-se pelo enfoque em serviços e comércios, sempre de forma fechada e isolada, o que é visivelmente presente na paisagem. Apresenta grandes investimentos em áreas privadas, com galpões de acesso restrito, cercados por muros altos, cercas elétricas, entre outros. Em compensação, poucos investimentos nas áreas públicas, refletindo na falta de infra-estruturas desde calçadas adequadas a áreas de educação e saúde. Cenário: “Focado na segurança e proteção, são ambientes fragmentados, onde a paisagem urbana e as áreas públicas são vistas e tratadas como secundárias.”
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2.
Mosaico
Adaptativo:
cenário
predominante
da
área
2
(área
predominantemente residencial). Diferente das outras, esta apresenta como foco a vivência dos moradores, com áreas de lazer e comércio. Entretanto, a partir de autoconstruções, desde uma área com bancos e parques, à adaptações para comércios locais. Além disso, é notável a boa relação entre os habitantes, com uma gestão local de suas atividades. Ainda assim, existe muito a ser feito, devido a falta de infra-estrutura pública, e falta de uso e apropriação em alguns locais. Cenário: “A partir de pequenas ações locais, presentes no dia-a-dia, são geradas soluções e incentivos, que se refletem na paisagem urbana.”
Imagem 38: Croqui do cenário Ordem pela Força
Imagem 39: Croqui do cenário Mosaico Adaptativo
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5. CONCLUSÕES: É evidente que um bairro sempre é parte de um todo, que é a cidade, e nesse sentido não há como ele ter uma paisagem totalmente diversa..Entretanto, o estudo evidencia sempre essa interdependência territorial e temporal, reproduzindo elementos, formas e funções espaciais, socioculturais e econômicas da paisagem metropolitana. Por ser uma região delimitada por rodovias é uma área de fácil acesso para caminhões e outros meios de transportes de carga, o que resulta na grande quantidade de áreas de serviços e industriais, contendo importantes focos econômicos como a Incotela e a Bosch. A existência dessas áreas, e suas consequências, impactam na paisagem urbana. Da mesma forma em que a formação histórica de Campinas se reflete no tipo de moradores, suas residências e atividades, as áreas predominantemente residenciais apresentam compensações à deficiências das infra-estruturas públicas, tanto pela autoconstrução como pelas apropriações e melhorias feitas pela própria comunidade nas áreas de lazer. Por outro lado, áreas públicas como saúde e educação, existem, mas não em quantidade e estrutura suficiente para comportar os bairros. E, por ser esta área cercada por barreiras apresenta dificuldades de locomoção, que não seja por meio de automóveis. Ambas as áreas, industrial e residencial, apresentam características marcantes, e a orientação é facilitada pelas rodovias e pela existência do Córrego do Piçarrão, que corta o objeto de estudo em três áreas. Com isso, a paisagem urbana apresenta particularidades que permitiram a definição dos cenários presentes na área de estudo: (1) Ordem pela força, um ecossistema focado em questões de segurança e mercado, com pouca atenção aos bens públicos, sendo apenas reativo às questões ambientais. E (2) mosaico adaptativo, um ecossistema em que a gestão local e regional predomina. O primeiro cenário reflete a necessidade de pequenas ações de integração e convivência, para que a segurança particular não seja o principal foco. Além de uma melhor distribuição das áreas de serviços, de modo que não continuem como áreas isoladas, de pouca movimentação e humanização. Ou seja, os defeitos desse tipo de cenário precisam ser neutralizados para melhorar a oferta dos serviços ambientais. Enquanto o segundo, necessita de maiores incentivos para que prospere e se expanda.
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Ter encontrado cenários opostos, tanto do ponto de vista da sua natureza ativa ou reativa para questões sustentáveis, ou pela sua natureza ligada à escala local ou não, evidencia, ao mesmo tempo, um conflito e uma oportunidade. Significa que há bairros da cidade que não estão de todos imersos uma insustentável primazia do encastelamento privado e das forças de mercado, mas que são ricos em vida local, cooperativa e pública.
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6. REFERÊNCIAS: ANDRADE, D. Serviços ecossistêmicos e sua importância para o sistema econômico e o bem-estar humano. Campinas, 2009 ECHEVERRIA, T. M. Cenários do amanhã: sistemas de produção de soja e os transgênicos. Tese apresentada à Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2001. GIORDANO, A. La evaluación de paisajes: tres casos de estúdio. Revista Labor & Engenho. Volume 6, N° 1, 2012. GUIMARÃES, R. Desafios na construção de indicadores de sustentabilidade. Campinas, 2009 GUIMARÃES, R. P. Desenvolvimento Sustentável: da retórica à formulação de políticas públicas. In: BECKER, B. K.; MIRANDA, M. (Orgs.). A Geografia Política do Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997. Laboratório FLUXUS, da Universidade Estadual de Campinas. Plano Local de Gestão – Macrozona 4. Campinas, 2012 KOHLSDORF, M. E., A imagem topoceptiva do setor comercial sul de Brasília. 1997 KOHLSDORF, M. E.. A apreensão da forma da cidade. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996. LYNCH, K. A Imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1982. MATOS, R. S. A reinvenção da multifuncionalidade da paisagem em espaço urbano – reflexões. Tese apresentada à Universidade de Évora. Évora, 2010. MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT (PROGRAM). Ecosystems and human well-being: scenarios: findings of the Scenarios Working Group, Millennium Ecosystem Assessment (S. R. Carpenter, Org.), The Millennium Ecosystem Assessment series. Washington, DC: Island Press, 2005. RODRIGUES, E. A reserva da biosfera do cinturão verde da cidade de São Paulo como marco para a gestão integrada da cidade, seus serviços ambientais e o bem-estar humano. São Paulo, 2006. VAN BELLEN, H. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. Florianópolis, 2002. VICTOR, R. Avaliação ecossistêmica do milênio. Ecossistemas e bem-estar humano. Instituto florestal de São Paulo. São Paulo. Plano Diretor de Campinas, 2006. Prefeitura de Campinas.
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