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Os Nossos Escritores
Coletânea de textos da autoria dos alunos Ano letivo 2014 – 2015 Edição Escola Secundária Morgado de Mateus
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Índice ENSAIO Vera Ribeiro “Para ser grande: sê inteiro” Diana Chaves O amor: a irracionalidade de um objetivo superior CONTO Filipa Domingues Eu já vi mundo Catarina Correia A origem do mundo segundo alguém Joana Pinto Origem do mundo (segundo três gerações) CRÓNICA Patrícia Faceira Livro fantasma Mundos contrários (mas iguais) POESIA Diogo Lousada Receita para ser um bom amigo Romeo Amor Certeza Incerteza Desabafo Luís Pires Poeta é… Filipa Domingues Palavras Carolina Sanches A voz do poeta
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Francisca Gonรงalves Omnis Ana Lopes Vozes Rui Barros Escrita Maria de Fรกtima Lopes Vida Diana Chaves Amor Receita para ser feliz Diana Soares Vamos salvar a รกgua
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Prefácio
Há quem opte pelo papel ou pela tela vazios, pelo silêncio, pela ausência. Essas opções também são significativas. Compreendemo-las, respeitamo-las. Mas que monótono e que triste seria o mundo se todos se recolhessem no mutismo, na cor única, ou na negação de qualquer partilha! Por aqui, escreve-se. No início é a custo que vamos juntando os textos, que tardam. Mas, tal como cerejas, tudo vai do começar. E assim, rapidamente, se enche um novo livro, fruto inesperado de uma vontade que afinal existia e que é diferente em cada um, mas em todos dita a vontade de participar. Há seis anos que editamos uma coletânea de textos dos nossos alunos escritores. Cremos valer a pena. Queremos continuar!
Maria Manuel Carvalhais
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ENSAIO
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“Para ser grande, sê inteiro” O ser humano é muito mais do que um simples esqueleto, com cabeça, tronco e membros. É um ser com experiências vivenciadas, com histórias prontas para contar aos mais próximos, com dificuldades para ultrapassar, com uma barreira que cabe a cada um de nós destruir, para que um dia de desencanto, angústia e desespero, se torne nas mais belas fantasias. Não pode aumentar nada que não lhe pertença, nem excluir nada daquilo que é. Para isso é muito simples. Simples até demais, basta ter garra, persistência, vontade de vencer, dando sempre o máximo, que é uma obrigação, através do esforço, alcançando sempre os objetivos a serem traçados e, acima de tudo, conquistarmos cada passada deste longo caminho, desta curta etapa, desta vida que tanto é pacífica como rapidamente se torna em banal e obscura.
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Marcar a diferença é um dever. Realça a determinação, o empenho em distinguir-se, mas principalmente como alguém que reconhece o seu talento e valor. Desistir?! Que palavra é essa que nunca constou no meu dicionário?! Nada de baixar os braços, novas oportunidades virão, podem ser tardias, mas virão. Talvez seja por isso que a confiança que tenho sempre permaneceu, sim às vezes as circunstâncias não são as melhores, os obstáculos impostos são como que desafiadores, é sempre mais fácil quando acontece aos outros, e quando nos deparamos com a mesma situação agimos de maneira totalmente diferente. Toda a gente deveria ser um todo, integrar-se por completo, ser inteiro, ter mérito, sentir-se orgulhoso por uma boa ação, algo que faz feliz alguém ou até mesmo a própria pessoa e a sua autoestima vai tornar-se muito mais ampla, apenas com um pequeno gesto tão grandioso, algo tão simples de satisfazer, embora os pensamentos que pairam no ar não sejam os mesmos. 10
O ser humano é capaz de lutar, de deixar que o tempo leve as coisas más da vida que toda a gente tem, de realizar sonhos e desejos, de melhorar sempre um pouco de si, de amar, de sentir, de permanecer de pé, quando, por vezes, só apetece estar naquele pavimento frio, sentado, a refletir e à espera que os problemas passem. Mas a vida tem de ser vivida intensamente, é um eterno puzzle, em que cada peça encaixa no momento certo e, por detrás de cada peça há uma história escondida. São essas histórias que tomam conta de cada ser, por isso, sejamos grandes, não fazendo nada pela metade ou apenas uma parte e assim, será um grande passo para nos encararmos como seres inteiros e aptos para as tempestades que ainda estarão para vir ou para os raios de sol que tendem a brilhar como reflexão do dia a dia ou mesmo o impossível, pois na realidade “Tudo é impossível até que seja feito”.
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Sejamos mais confiantes, coerentes, aventureiros e, certamente, a meta do “Para ser grande: sê inteiro” será alcançada.
Vera Ribeiro, 12ºC 12
O amor: a irracionalidade de um objetivo superior Desde sempre o ser humano se tem questionado sobre o que é o amor. Filósofos, poetas e cientistas têm-se debruçado sobre esta questão à procura da racionalidade. A maior parte de nós sabe o que é sentir amor… Mas, tal como todas as sensações, esta também é difícil de ser traduzida por palavras, talvez por ser demasiado bela para ser escrita. Por mais que tentemos, falta sempre algo. Nós, como seres humanos, somos seres sociais, sentimos a necessidade de estar com outras pessoas e de formar um grupo. O amor, tal como a maior parte das nossas emoções, foi e é extremamente necessário para a sobrevivência da espécie. Tudo o que é essencial para este fim, transmite-nos prazer ou medo. Tudo isto está, mais uma vez, ligado ao nosso cérebro. Sem amor e sem prazer, a nossa espécie teria, provavelmente, sido extinta há muitos milhares de anos. No entanto, existem diferentes tipos de amor, que nunca podem ser confundidos. Nós nascemos rodeados de algumas pessoas a quem chamamos 13
família (que pode ser ou não a biológica) e estamos naturalmente destinados a amá-la, sem alternativa, o que não diminui em nada o sentimento. Mas, numa relação amorosa de namoro ou de casamento, por que “escolhemos” aquela pessoa e não outra? A verdade é que nós temos uma espécie de critérios subconscientes com que avaliamos os outros. Estes são baseados, mais uma vez, num objetivo central, a continuação da espécie. A existência destes critérios é a razão pela qual nós tendemos a gostar de pessoas, de uma forma geral, ligeiramente parecidas connosco, quer física quer psicologicamente. Isto significa que podemos ter mais do que um amor na vida (e agora refirome a todos os tipos de amor): condicionais por um lado, porque dependem sempre de algum parâmetro, mesmo que não saibamos especificá-lo, incondicionais, por outro, porque nos predispomos a tudo por ele. Mas, afinal, o que é um amor incondicional? É, a meu ver, estar disposto a tudo dar por uma pessoa, este mundo e o outro, como se costuma dizer. Mas estas palavras são apenas isso mesmo, palavras, tal como milhares de outras que já foram escritas, 14
que podem significar tudo e nada ao mesmo tempo. O amor nunca irá acabar. Pois, por mais que achemos que nunca iremos encontrar a pessoa certa ou que o mundo vai ser destruído por tanta ambição, violência e guerras, o amor irá perdurar, porque amar é um instinto, como comer ou dormir. No momento em que abandonarmos estes instintos, morreremos com eles. Aliás, mesmo vivendo na época da racionalidade, sem a irracionalidade do amor, não saberíamos viver. Na sua essência, o ser humano necessita de poucas coisas. Uma delas é o amor. Por isso, foi criado um dia para nos lembrar o quão importante é amar e ser amado. O dia de S. Valentim não é apenas dos casais, mas, também, da família e dos amigos. Assim, devemos mostrar aos outros o quanto os amamos e o quanto são importantes para nós, não apenas na data assinalada, mas todos os dias da nossa vida…
Diana Chaves, 10ºB
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CONTO
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Eu já vi mundo Podia sentir-me apertado nesta gaveta cheia de recordações, mas é bom não estar sozinho, agora que me arrumaram, pois estou desatualizado. Mas nem sempre vivi junto destas relíquias que tenho como companheiros de gaveta: aqui mesmo ao lado, está o gancho em forma de laço com uma cor ainda brilhante e desejoso de ser utilizado. Passa o tempo a gabar-se que ainda enfeita o cabelo loiro da Tânia, que gosta de brincar às senhoras. Atrás, está o mealheiro em forma de pote, cheio de moedas antigas que ele tanto preza. Oiço-o falar em línguas estranhas, afinal os seus inquilinos são de várias nacionalidades. Eu próprio visitei alguns desses países de onde vieram as moedas que hoje lá estão. Com quem converso menos é com o relógio dourado que passa a maior parte do tempo a dormir. Precisa de corda, por isso os seus movimentos são pouco percetíveis. Ou então é tímido e reservado pois quase 17
nunca o ouço. Aliás, o que mais se ouve é a minha voz a contar a minha história de vida. Sempre fui exuberante e agora resta-me recordar o passado, até o vizinho da prateleira de baixo me mandar calar e eu reconheço que ele tem razão. Não, não sou um papagaio, sou um par de óculos. É verdade, já corri o mundo, já vi os mais belos lugares que se possam imaginar. Participei em acontecimentos importantes e até secretos. Sim, a minha vida foi curta mas muito movimentada. Na cara da minha querida Francisca eu presenciei muitas histórias mas há uma que não me canso de contar, acrescentando sempre pormenores para que seja mais emocionante. Tudo começou na minha primeira ida à Amazónia. A Francisca tinha terminado o curso de Biologia e os pais ofereceram-lhe essa viagem pois era o seu grande sonho. O nervosismo era muito porque, tendo já visitado a Europa, nunca nos aventuráramos sozinhos para um local tão distante. Não conseguimos dormir 18
apesar da viagem decorrer durante a noite. Lembro-me que vimos o filme “Romeu e Julieta” e “Uma aventura na selva” e comemos uma pizza divinal. Tivemos que apanhar mais dois aviões para chegarmos finalmente ao Maranhão. O calor era insuportável, por isso, quando finalmente chegámos ao quarto do hotel, a banheira pareceu o sítio perfeito para passar a hora seguinte. Eu fiquei a observar a paisagem que a janela me oferecia. O verde dominava mas sobressaía o laranja dos frutos, o amarelo das flores e o azul que alguns pássaros deixavam no ar. Estas foram as imagens que ainda hoje recordo, mais até do que a beleza do rio Amazonas com a sua diversidade. A viagem pelo rio decorreu no dia seguinte e ficámos deslumbrados com a quantidade de pássaros coloridos que voavam de ramo em ramo, os cheiros das flores e aromas de frutos exóticos e as águas ora brilhantes ora mais turvas deste rio gigante. Estivemos junto de uma tribo que falava uma língua estranha e nos encheu 19
de flores. Depois, passámos a noite num acampamento onde se assou um boi que todos devoraram e por último dançou-se à volta da fogueira. Resultado, borbulhas no corpo todo da Alice que era alérgica aos mosquitos e não tinha levado o seu repelente. - Já te calavas, ó Chanel… - Okay, já percebi, está na hora do descanso. Também hás de querer conversa e eu não te ligar. É assim a minha reforma, passada entre memórias e companheiros rezingões, mas amigos.
Filipa Domingues, 10ºC
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A origem alguém
do
mundo
segundo
Conta-se que em tempos antigos, a Via Láctea era um enorme universo e, como em todos os universos, existiam reinos. Um deles era o reino de um rei com oito mulheres, um rei chamado Sol. De todas as suas oito esposas, havia uma de quem Sol mais gostava. O seu nome era Terra. Terra era diferente das outras. Mercúrio e Vénus eram mulheres quentes, demasiado fogosas e explosivas. Já Marte, Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno eram mulheres frias e rudes, sem pingo de amor ou compaixão. Terra era a única das esposas de Sol com todas as características que ele mais prezava e consequentemente, a única das esposas de Sol em que as outras sete concentravam a sua inveja. Sol nunca se preocupou em esconder a sua preferência e, para demonstrar o seu amor por Terra, decidiu que nela iriam habitar todos os seres palpáveis e todos os sentimentos bons. Decidiu que Terra, pelas 21
suas qualidades perfeitas, e por ser diferente das outras, que eram feitas de pedra ou ocas e gasosas, seria a única das suas esposas com verdadeira vida. E assim, demonstrou da forma mais verdadeira o seu amor. Fez de Terra, o seu mundo, o mundo de todos os seres. Nela reuniu todos os sentimentos bons mas, claro que houve falhas. Os oceanos frios que afastam as pessoas umas das outras representam a inveja e o ódio que as outras mulheres de Sol nutrem por Terra e essa mesma inveja e ódio estão presentes nos corações de quem a quer receber, cegos pelo desejo do poder, assim como Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno estavam cegas pelo poder e pela ganância de um dia se tornarem rainhas. Mas cabe a cada um carregar e acolher em si esses sentimentos de maldade ou receber a luz do Sol no seu coração!
Catarina Correia, 8ºB
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Origem do mundo (segundo três gerações) Desde pequena que tento descobrir qual a verdadeira origem do Mundo. A minha avó e a minha mãe têm duas versões, mas não sei qual a mais certa. A minha avó contou-me que, no início, o Mundo não era gigante como o conhecemos,
existiam
apenas
quatro
pequenas bolas saltitonas e dentro de cada uma estava cada um dos quatro elementos: terra, água, luz e ar. Um dia, elas juntaram-se, e o Mundo começou a crescer, a crescer, até ficar enorme, tal como hoje o conhecemos. Passados uns anos, um cometa atingiu a Terra. Do impacto causado pelo cometa surgiram as primeiras formas de vida.
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A minha mãe, por sua vez, conta que, no início apenas existia o Sol, palácio do deus do mesmo nome, o qual teve oito filhas: a Mercuriana, muito conhecida por ser bastante quente e explosiva; a Vénus,
que
era
reconfortante
mas
também muito fria quando estava triste ou zangada; a Terra, única e muito natural e genuína; a Martina, risonha e muito corada; a Jupiteriana, generosa e a mais alta das oito; a Saturnarina, vaidosa; a Urania, sufocante e carinhosa; e a mais nova, Neptuna, que era muito reservada e gélida. No dia em que Neptuna completou dezoito anos, Sol ofereceu a cada uma delas um
palácio e um reino para
governar.
Cada
uma
delas
podia
escolher o nome do seu reino, o que nele iria habitar e quantas luas teria. Os reinos
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ficaram posicionados pela ordem de idades das suas donas, da mais velha para a mais nova. E assim apareceram os reinos,
os
quais
agora
chamamos
planetas, Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno. A deusa Terra decidiu que no seu reino iria habitar a deusa Natureza, Mãe de toda a vida aí existente. Natureza tornou o reino Terra no mais belo reino de todos os reinos. Ora, as duas versões parecem-me suficientemente
certas,
tal
como me
parecem razoavelmente erradas, e, como não consigo decidir por nenhuma, pensei criar a minha realidade acerca da origem do Mundo. Era uma vez um quadro que tinha muitas manchas, e ninguém gostava dele, pois diziam ser apenas feito de manchas
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pintadas ao acaso por alguém sem talento para fazer uma obra de arte melhor. Mas havia uma menina que achava que aquele quadro era especial, o mais belo que alguma vez veria! Um dia, quando procedia à sua limpeza, leu o papel que dizia: “Todos veem nele um borrão| Mas tu tens coração| Na arte de amar| Nem todos
podem
vingar|
Quem
me
encontrar| Um Mundo irá criar!” E num colapso de luz tudo desapareceu e começou a aparecer o Universo. Numa galáxia
chamada
Via
Láctea,
apareceram as estrelas, em volta da estrela Sol apareceram oito planetas, e no planeta Terra apareceu a vida!
Joana Pinto, 8ºB 26
CRÓNICA
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Livro fantasma A vida, é como um livro, inicialmente com folhas brancas, sem linhas, sem título, sem número de páginas, sem índice. Mas ao longo do tempo é escrito, bem ou mal, começam a aparecer letras, palavras e frases, que vão descrevendo o tempo que decorre desde o nascimento até à morte. É nesse período de tempo que aprendemos, crescemos, amamos, odiamos, que vivemos. Mas será assim tão fácil a vida? É simplesmente isto? Claro que não. No entanto, todos têm uma perceção da vida diferente. Todos têm objetivos e fantasias diferentes. Uns precisam de lutar para ter o que querem, outros têm tudo de mão-beijada. E é isso que muda a orientação da vida das pessoas. A vida é feita de lágrimas, frustrações, alegrias, sentimentos, emoções, entusiasmos, romantismos, prazer, sofrimentos, rebeldia, divertimento, 28
entre outros. Mas é isto tudo que nos faz viver e ter um rumo. Nada seríamos se não tivéssemos amigos, principalmente amor, é ele que nos faz dar pulos de alegria. É com todo o prazer que digo que a minha vida é feita disto tudo, mas se não fosse o amor, talvez as minhas pernas não aguentassem o peso do meu corpo. É ele quem me dá a força, a energia e a sustentabilidade que me faz ser feliz. O meu livro todos os dias é escrito, porque todos os dias tenho momentos diferentes, fantasias diferentes, ambições e projetos diversos. Esse livro também tem os meus pensamentos todos, tudo o que já passei, imaginei. Tudo! Com dezasseis anos e tal, este livro já tem imensas páginas, mas as folhas não irão acabar e só vai ser terminado no dia da minha morte, quando já não restar um único suspiro, um respirar, um único olhar, quando não restar nada. Nessa altura o livro se fechará a sete chaves para sempre, e tudo o que eu fui, e entretanto serei, ali estará 29
guardado, num livro preenchido do princípio ao fim. E talvez nesse momento, já tenha um título, um índice e números a marcarem as páginas. Assim será a vida de toda a gente, seja rico, pobre, bonito, feio, negro ou branco. Aprendemos que nenhum minuto deve ser desperdiçado, todos os segundos são válidos e têm de ser aproveitados na escrita da nossa vida.
Patrícia Faceira, 12ºA
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Mundos contrários (mas iguais)
O mundo está lá fora, e eu aqui, sem poder sair. Como se prisioneira estivesse. Sinto-me sozinha, como se nada existisse. Meus olhos nada vêm, nem querem ver por ser sempre igual. E agora que faço? Esta já não sou eu! A alegria já não me invade, já não quer saber de mim. É por isso, que quero sair daqui, deste meu castelo que me aprisiona. A pessoa que em mim agora habita é triste, resmungona, nostálgica, cega, sem vontade de sentir ou ouvir. Porém, no passado, era alegre, lutadora, feliz, simpática e amorosa. Mas este meu mundo não me quer deixar ir, quer-me aqui presa só para ele. Não me deixa comunicar com o outro mundo, aquele onde tudo acontece, aquele onde se vive com alegria. Aqui só a natureza me atura e já nem ela me aguenta, suas forças estão-se a esgotar.
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Este castelo que dantes parecia coisa linda, cheia de brilho, de cor, de suaves aromas, que tinha tudo para ser perfeito, tornou-se, agora, um castelo assombrado, sem vida, tudo a preto e branco, as ervas daninhas a crescerem como nunca antes visto, o Sol a quase não passar por entre a folhagem! Com um movimento, olho a janela e vejo uma sombra nunca dantes apercebida. Aproximo-me mais e vejo uma figura de pessoa. Sem saber como, o meu príncipe encantado está ali, vai levar-me, estou livre! Mas algo me prende ainda, não consigo sair dali sem me despedir. Apesar de aquele sítio, nestes últimos tempos, me sufocar, já tinha passado imensos momentos bons naquele lugar. O meu coração abriu-se para esse mundo a abandonar e explicou-lhe que já estava na hora de me deixar abrir as asas e voar, com a promessa de um dia regressar, de um dia voltar às origens. De agora em diante seria aquela que sempre fui, que esteve escondida, mas nunca apagada, só esperando o 32
momento certo para se poder revelar outra vez, aquela pessoa boa, alegre, feliz, cheia de amor. Graças ao meu príncipe, poderei ir àquele mundo que tanto ambicionei e desejei.
Patrícia Faceira, 12ºA
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POESIA
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Receita para ser um bom amigo Pega-se num sujeito Que dentro do seu peito Tenha carinho para dar Sem nunca te enganar. Que saiba rir uns bons bocados Mas da amizade não se esqueça E que quando estivermos desorientados Seja o nosso GPS. Um quilo de honestidade Mas nunca demasiado Pois deve-se dizer a verdade Mas sempre com muito cuidado. Mete-se no forno a 200 graus Para manter a amizade quente E que todos os sentimentos maus 35
Nos deixem permanentemente. Depois é só ter calma E ver o preparado a crescer E se tudo for feito com alma Esta receita dura até morrer. Assim se é um bom amigo Que sempre nos vai acompanhar E na felicidade ou no perigo Estar sempre presente sem nunca se fartar.
Diogo Lousada, 10ºB
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Amor Nem sei como te dizer Nem sei como te contar Sei que te queria beijar Sim, agora e eternamente Mas sei que não é possível E paira o sonho na mente Se quisesse escrever Da tua beleza, Minha flor, Apaixonei-me Pelo teu interior Disso tenho a certeza Hoje ganhei coragem Para te contar
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Que na minha carruagem Só entra quem eu amar A tua resposta Deixou-me tão confuso Como um peixe a dar à costa. Fico que nem um parafuso Atrás de uma nova resposta Se eu pudesse Ficava todo o tempo contigo Mas assim sinto-me perdido Só sinto uma dor No meio desta tempestade E esse sentimento, É amor de verdade! Romeo, 2015 38
Certeza Cada vez mais gosto de ti No encanto dos teus cabelos Simplesmente me perdi, Tenho vontade de voltar a vĂŞ-los Te prometo respeitar Nisso podes ter certeza, Seja na Terra ou no Mar Te amo, Princesa Essa voz linda como um rouxinol Deixa o meu dia mais bonito Quer esteja da cor do sol Ou da cor do granito
Romeo, 2015
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Incerteza Tudo o que escrevo Parece-me incerto Tal como encontrar um trevo No meio do deserto Tento usar palavras Que mostrem o que sinto Mas tudo parece pouco Juro, não minto. Procuro confiança, Vivo na esperança. De que a Princesa Não apague a chama Que se encontra ainda acesa Romeo, 2015 40
Desabafo Tristeza ou Alegria Amor ou Amizade Sonho com a tua companhia N達o com a tua saudade
Romeo, 2015 41
Poeta é… Ser poeta é não ter medo das palavras A vida implora que solte as amarras Poeta é nome de guerreiro Talvez um dia eu seja um homem honesto e aventureiro Até agora faço o melhor que posso. Longas estradas, longos dias, do nascer ao pôr do sol. O tempo passa e o futuro está na tua mão Nos teus olhos eu vejo a fome e o grito desesperado que rasga a noite escura Vê os jovens lutando, As mulheres chorando, Os jovens morrendo. 42
Vê o ódio que estamos a criar, O medo que estamos a alimentar, As vidas que estamos a guiar As mãos do poeta estão atadas E a guerra continua com o orgulho das mentes lavadas. O poeta não pode acreditar na liberdade, Quando ela não está nas suas mãos. Quando o mundo está a lutar, Por uma terra prometida de igualdade. Todos estes sonhos são deixados de lado E a história carrega as cicatrizes das nossas guerras Vê os líderes que estamos a seguir
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As mentiras que estamos a engolir E eu não quero ouvir mais nada. Eu não preciso de mais uma guerra.
Luís Pires, 10ºC 44
Palavras O poema faz-se com palavras: Palavras de amar, que beijam Palavras de ódio, que agridem Palavras de sonho que libertam Palavras que renascem da esperança O poema faz-se com palavras: Palavras azuis, amarelas e verdes Palavras doces, amargas sem sal Palavras escuras, claras e brilhantes Palavras… Que o vento traz Que o vento leva… Que vão e voltam Sempre com a mesma força Sempre com o mesmo encanto. Para quem as usa 45
Para quem lhes dรก voz A voz dos poetas.
Filipa Domingues, 10ยบC 46
A voz do poeta A voz dos poetas é a voz de todos, Os que lutam pelo bem comum… São vozes que trazem a esperança e a graça ao mundo, São canções que tocam na alma de cada um.
Carolina Sanches, 10ºC 47
Omnis Há uma voz de um poeta Num álbum de recordações Nas memórias incandescentes Nas ruas e nas esquinas Do outro e do depois Há uma voz de um poeta Nos vales dos murmúrios Onde já existiram segredos Que permaneceram por ali Outros, ali, se esboroaram Há uma voz de um poeta Em tudo o quanto é vida Em tudo que se move Em tudo que respira e suspira Em tudo o que provoca dor Em tudo de bom Em tudo de mau que existe na vida 48
Que
se
abatam
os
montes
e
as
montanhas Se na paixão fogosa e ardente Não existir a voz de um poeta.
Francisca Gonçalves, 10ºC 49
Vozes A voz dos Poetas é graciosa Estão em todo o lado Mas só ouve quem consegue Soa como a brisa entre as árvores E sente-se como uma tempestade. Nela percebe-se o amor e a dor Em cada palavra dita Em cada verso aclamado. É nessas vozes que nos vemos É nessas vozes que nos reinventamos São elas que nos dão sentido São elas que nos dão vida.
Ana Lopes, 10ºC
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Escrita Um poeta nรฃo tem voz Fala com a escrita Com uma escrita silenciosa.
Rui Barros, 10ยบC
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Vida…. Nesta pequena viagem pela vida O ser humano é constantemente Perseguido por uma chama Intensa, que provoca o seu contentamento, E ao mesmo tempo faz crescer Um estranho desejo, Que nos corrói a alma E acelera o coração entusiasmante e sofredor.
de
um
jeito
Por mais linhas que se escrevam, Por mais tinta e papel que gastemos, Nunca chegaremos a entender esta mistura de emoções Que difere de alma para alma. O tão desejado frio, por momentos toma conta de nossos atos Ao mais pequeno deslize. 52
Faz o ser humano transpirar de desejo E um contentamento descontente Que jamais iremos entender. A cada rompimento da carne Nos sentimos desamparados, Por mais preparos que tenhamos Nunca conseguiremos Proteger ou evitar O rasgo sarado de nossos corações Que ardem perdidos no meio de Um oceano de sentimentos Iluminados unicamente pela incerteza.
Maria Fátima Lopes, 8º D 53
Amor Amor é dependência De querer estar preso e livre de julgar. Amor é violência Pelo querer imposta ao pensar. Amor é como estar embriagado Por uma vontade enfraquecida. Amor é não ter um destino determinado, É a ambição de uma memória esquecida. Amor és tu, minha fraqueza, Amor és tu, minha incerteza.
Diana Chaves, 10ºB 54
Receita para ser feliz Um Homem com uma luz interior Com um sonho por realizar A verde esperança, um lutador Uma chávena de brilho no olhar E uma pitada de sal para temperar Mexer tudo bem mexido, sem pavor Dois trevos, uma flor Três dedos de testa, um pouco de loucura Nunca colocar escuridão Cobrir a massa e esperar pela levedura Levar ao forno para aquecer o coração E assim se faz uma vida de paixão
Diana Chaves, 10ºB
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Vamos salvar a água
Todos nós sabemos O que está a acontecer, Estamos a ficar sem água E o planeta a morrer.
Animem-se meus amigos Eu tenho uma solução, Basta ouvirem os conselhos E fazê-los com dedicação.
Tenham muita atenção Com torneiras e mangueiras Não deitem água para o chão E não encham as banheiras.
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Para regar as flores, Temos que aproveitar A água de lavar os legumes, Que elas até vão gostar.
Para lavar as mãos e os dentes A torneira devemos fechar, Vamos ser inteligentes Porque assim estamos a poupar.
Há pessoas a morrer E nós a desperdiçar Isto que está a ocorrer Só dá vontade de chorar.
Esta problemática Tem que acabar, 57
Vamos fazer uma tรกtica Para a รกgua poupar.
A tรกtica pode ser Os conselhos que aprendemos, Vamos todos defender O planeta que temos!
Diana Soares, 7ยบE 58
Vila Real Junho de 2015 59