Porqu[L]ê N.º6

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Nº6 | JUNHO |2022

Dedicado a José Saramago no

“Sabemos muito mais do que julgamos, podemos muito mais do que imaginamos”.

centenário do seu nascimento.

José Saramago, El Mundo (La Revista de El Mundo), Madrid, 25 de janeiro de 1998 [Entrevista a Elena Pita]


Índice

P03 | Editorial | P04 | Personalidades | José Saramago | DE MENINO POBRE DE AZINHAGA A NOBEL DA LITERATURA | P06 | Ensino/Educação | Avaliar: como? para quê? | UMA ESCOLA APRENDIZ… AJUDA OS ALUNOS A APRENDER MELHOR |

SABERES DE EXPERIÊNCIAS FEITOS | FOTORREPORTAGEM | MÁRIO AUGUSTO NO AEMM “CINEMA FALADO: A ARTE DE VER” | CIÊNCIA COM ARTE | Testemunho | P14 | Clubes/projetos|Da

oficina de filosofia à filosofia para crianças | 1º Prémio de fotografia - Águas de Portugal | Cidadania e Desenvolvimento | Teatrices na Escola Básica Abade de Mouçós | Ouçam os bons conselhos! | A Caça ao Tesouro está de volta! | P19 | Opinião | LER E VER SARAMAGO. Ensaio sobre a cegueira ou blindness | LER E VER SARAMAGO. A viagem do elefante | LER E VER SARAMAGO. A Jangada de pedra: do romance ao filme | Porqu[LEIO] | Mulheres na literatura | O evangelho das enguias – Patrick Svensson. De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? | António Vieira: Uma mensagem intemporal | COVID-19 e as teorias da conspiração | Palavras de guerra e palavras de paz | Poder com letra grande |O poder das palavras | Os jovens e a política: a difícil conciliação |

Quem não usa as redes sociais? | As redes sociais e a crise de valores | A importância da ética e do civismo para a vida em sociedade | Desigualdade de género | “O homem é o lugar de todas as contradições.” – José Saramago | Como é que a psicologia explica a amizade? | O autoconhecimento: a importância do conhecimento de si próprio

Mitos?

| | P34 | Dar lugar à criatividade | RENEGO AS PALAVRAS | AS MINHAS GAVETAS | O TEMPO | O TEMPO PASSA | P37 | Curiosidades | QUEM É FÃ DOS THE BEATLES? | BIBLIOPEGIA ANTROPODÉRMICA: ARTEFACTO

HISTÓRICO OU CRIME ABOMINÁVEL?

| SIMBOLOGIAS… | P40 | HÁ MAIS VIDA PARA ALÉM DA ESCOLA | CONTO BRILHANTE E PRATEADO | P41 | CONTO BRILHANTE E PRATEADO | P43 | Desporto | Temos árbitro | Alunas do curso técnico de juventude colaboram na realização do encontro regional de boccia.


Editorial

Ricardo Manuel Pinto Montes

Diretor do Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Os Professores, os Técnicos Superiores, os Assistentes

Caríssima comunidade escolar

Técnicos, os Assistentes Operacionais, os Alunos e os Pais e

Esta é a minha primeira intervenção na revista do nosso Agrupa-

Encarregados de Educação são mais-valias que se posicionam

mento de Escolas enquanto Diretor. E nessa qualidade move-me

sempre como facilitadores da mudança e como impulsiona-

um forte espírito de missão, sem categorização de estilo de

dores de estratégias para ultrapassar desafios. E são muitos os

liderança, a não ser aquela que me permita ajustar as decisões

desafios que se adivinham. Alguns serão menos fáceis, mas ao

e as ações, ao contexto, à situação, ao particular e à envolvente.

serem ultrapassados estaremos sempre mais próximos da

Somos um Agrupamento repleto de potencialidades, de profis-

excelência. Uma excelência dificilmente alcançada por sermos

sionais de excelência, de atividades diversificadas e de projetos

ambiciosos. E é essa ambição que não nos deixa nunca baixar

inovadores, que não deixa ninguém indiferente. Abraçamos

os braços.

desafios e apresentamos uma identidade bem vincada, diferen-

É nesta revista que uma pequena parte do espírito “Morgado” é

ciadora, resiliente e que é vista de forma positiva por todos

colocado em papel, que alguns dos nossos sucessos ficam

aqueles que vivem nas nossas escolas. Também somos um

gravados, que mostramos a força de vontade que nos move e a

Agrupamento voltado para o exterior, e reconhecidos por isso,

qualidade de tudo o que fazemos.

não só localmente como internacionalmente.

Sejam felizes e façam os outros felizes.

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Personalidades Teresa Margarida Capela DE MENINO POBRE DE AZINHAGA A NOBEL DA LITERATURA “Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam.” O menino pobre, filho de camponeses de Azinhaga, nascido a 16 de novembro de 1922, julgou chamar-se José de Sousa, como seu pai, até aos sete anos. Uma exigência burocrática para a escola fê-lo descobrir que o seu nome completo incluía o apelido Saramago, alcunha da família paterna. Insólita iniciativa ou mero engano do funcionário do Registo Civil? Da pequena infância e adolescência, vividas entre a aldeia ribatejana e a capital do país, recorda que se viu sem meios para continuar os estudos no liceu e que teve de entrar para uma escola de ensino profissional onde aprenderia o ofício de serralheiro mecânico, mas onde descobriu também a disciplina de Literatura. Sem livros em casa (compraria os primeiros aos dezanove anos, com dinheiro emprestado), começa a frequentar bibliotecas. De serralheiro a empregado administrativo e, posteriormente, editorialista, crítico literário, tradutor, jornalista, várias vezes desempregado, decide passar a dedicar-se integralmente à escrita para tentar perceber o que vale como escritor. Uma desfeita do governo português, em consequência da censura sobre o romance Evangelho segundo Jesus Cristo, vetando a sua apresentação ao Prémio Literário Europeu, levá-lo-ia a rumar a Lanzarote, onde estabelece residência, em 1993, com a jornalista espanhola Pilar del Rio com quem tinha casado em 1988. Escritor de renome, sem diplomas ou atributos académicos, mas detentor duma vasta obra mundialmente celebrada – viria a ser distinguido com o Prémio Camões em 1995 e com o prestigiado e internacional Nobel da Literatura em 1998. A visibilidade que o Nobel lhe confere fá-lo incrementar a sua atividade pública. Começa a envolver-se em ações reivindicativas da dignificação dos seres humanos e do respeito pelos direitos estabelecidos, lutando por uma socieP04

Personalidades

José Saramago – 1922 | 2022

dade mais justa, onde a pessoa seja prioridade absoluta. A criação literária é a forma que encontra de colocar para fora as suas esperanças, as suas ideias, as suas certezas ou as suas dúvidas. O ser humano é a matéria das suas obras, a sua maior preocupação enquanto cidadão e enquanto escritor. O seu coração bateu por noventa e quatro anos, a somar aos nove meses no ventre materno. O coração, de carne e sangue, parou, mas a obra, grandiosa e imortal, continuará a pulsar. Saramago respira no cais eterno desde 18 de junho de 2010.

DA DESCRIÇÃO DA ESTÁTUA À PROFUNDIDADE DA PEDRA

Saramago inicia a sua criação literária pela descrição da estátua. Mais tarde, sente necessidade de escavar a profundidade da pedra. Metáforas de duas etapas, a primeira - a


estátua - representa o jovem escritor (até ao Evangelho); a segunda a pedra - reflete o escritor maduro, mais analítico, mais profundo, mais alegórico, mais cortante também (desde Ensaio sobre a Cegueira). A estátua, construída com palavras, configura o edifício que são os seus livros. É a superfície da pedra, o seu exterior. A certa altura quis conhecer o interior da estátua: então, percebeu que tinha de escavar a pedra com que tinha construído a estátua e fê-lo até encontrar água ou até derramar sangue. Na escavação, entrou no mais profundo de nós mesmos e esbarrou contra o egoísmo e a crueldade. E sangrou. E fez sangrar. Quis abrir os olhos aos cegos que não veem porque não querem ver e escolheu a mulher como a salvadora altruísta duma humanidade à deriva no labirinto que é a vida. Reparou que, ao lado das mulheres, os homens são pequenos aprendizes. É com elas que eles aprendem “o que efetivamente é benéfico (…) em profundidade e humanismo”, porque, nos seus “projetos de mulher” (que talvez só existam no seu querer), imagina a compaixão, o amor, o respeito, o sentido de profunda dignidade na relação com o outro, a compreensão face à debilidade do ser humano.

A o s seus olhos, também as crianças nos salvam. Não concebe nada “tão magnífico e tão exemplar como irmos pela vida levando pela mão a criança que fomos”, o nosso eu inocente (ainda) a quem nunca poderíamos defraudar. “Indo pela vida dessa maneira talvez não cometêssemos certas deslealdades ou traições.” Fantasia de escritor ou filosofia de vida? Quase invariavelmente, as suas obras questionam: “Que temos feito do nosso sentido crítico, da nossa exigência ética, da nossa dignidade de seres pensantes?”. Em constante reflexão sobre a busca do outro e a necessidade urgente de o encontrar (porque nessa busca o eu poderá também encontrar-se a si mesmo), vê a humanidade como um mar que se aproxima em ondas sucessivas. Os homens serão a espuma transportada nessas ondas. Este é Saramago: um ser generoso que partilha com os leitores um “tesouro de sensibilidade” que herdou dum velho pastor rude e analfabeto - o seu avô Jerónimo -, o mesmo que se despediu das árvores e as abraçou antes de, um dia, ir para o hospital (abraçou-as porque o seu mundo estava dentro delas). Esse abraço mostrou ao neto o caminho que vai até ao interior da pedra e por isso esse neto escava fundo nos corações de pedra e por isso escreve até os fazer sangrar.

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Ensino/Educação

Avaliar: como? para quê? Teresa Margarida Capela “Só quando se veem os próprios erros através de uma lente de aumento, e se faz exatamente o contrário com os outros, é que se pode chegar à justa avaliação.” Mahatma Gandhi

A cada dia, em qualquer parte, tendemos a avaliar os outros. Julgamos com facilidade e, por vezes, com alguma leviandade ações de conhecidos e desconhecidos. Fazemo-lo sem solicitação prévia, a propósito de tudo ou nada, sem conhecimento de causa e circunstância. Parece, portanto, que avaliar é tarefa fácil. Será? Neste preciso momento, após um título, uma citação e três linhas de texto, os ilustres e caríssimos leitores já terão formulado algum juízo e, mesmo não o tendo verbalizado (ainda), já comentaram mentalmente as minhas escolhas: da palavra à ideia, do estilo à estrutura. É legítimo. Mas será útil se não chegar até mim? Qualquer feedback de qualidade alavanca o crescimento do indivíduo. Em qualquer circunstância, críticas fundamentadas e construtivas estimulam e guiam a aprendizagem. A avaliação andará, portanto, inevitavelmente, de mãos dadas com a ação: a direita para equilibrar o ensino, a esquerda para firmar a aprendizagem, e ambas, enlaçadas, para sustentar e formar o indivíduo como um todo. Avaliar em contexto educativo não pode ser deixado ao acaso do impulso ou da vontade momentânea de comentar ou não uma ação. Avaliar em contexto educativo tem de assumir contornos específicos, claros, objetivos, programados e alicerçados em documentos orientadores (o PASEO, as AE e a ENEC). Reduzir a avaliação a juízos pontuais, subjetivos ou vagos é pouco profissional. Limitar a avaliação a fins classiP06

ficatórios é pouco pedagógico. Procuremos, portanto, implementar uma avaliação multidimensional e diversificada, com a qualidade desejável para o efetivo progresso das aprendizagens. Para tal, a avaliação deve colocar o aluno no centro da ação pedagógica. Para tal, a avaliação deve integrar uma vertente formativa, para além da sumativa, com elevação da primeira, já que a segunda é mera exigência do sistema. Imaginemos que pretendo que os meus alunos ensaiem uma dança, pouco provável na aula de Português, ou, mais plausível, que treinem a apreciação crítica. Num caso ou no outro, terei de procurar estimular a curiosidade do aluno e a sua vontade de melhorar. Terei de partilhar informações claras e simples sobre os objetivos a atingir e estipular momentos para fazer o ponto de situação. Poderei elaborar rubricas para divulgar critérios e desempenhos esperados e, durante o processo, distribuirei feedback para regular a aprendizagem e reorientar a ação. Darei, sem preconceito nem penalização, tempo e espaço ao erro, à consciência do erro, à correção do erro, recorrendo à autoavaliação e à heteroavaliação. O aluno ficará a saber onde está e por onde deve seguir, antes de ser submetido à avaliação sumativa. Complementares, como as duas faces da mesma moeda, a avaliação formativa e a avaliação sumativa não deixam de ser distintas: a primeira, contínua, sistemática e reguladora, ocorre durante todo o processo com vista ao ajustamento de estratégias para a melhoria das aprendizagens; a segunda, globalizante, deliberada e decisiva, ocorre posteriormente, em momentos pré-determinados, e visa a classificação e a seriação, ainda que possa assumir, também, uma dimensão formativa. Enfim, nem tudo o que propomos em aula deve ser usado para classificar, mas tudo o que propomos em aula deve permitir crescer, progredir, florescer.


UMA ESCOLA APRENDIZ… AJUDA OS ALUNOS A APRENDER MELHOR Maria Deolinda Ferreira (coordenadora do Projeto de Intervenção no âmbito do Projeto MAIA-AEMM)

O desígnio “Uma Escola Aprendiz... ajuda os alunos a aprender melhor” nasce do Projeto de Intervenção (PI) elaborado no âmbito do Projeto MAIA (Monitorização, Acompanhamento e Investigação em Avaliação Pedagógica), aprovado em Conselho Pedagógico no ano escolar de 20192020. A criação deste PI, atualmente em fase de implementação, procura responder a questões como: queremos uma escola centrada numa avaliação classificativa, uniformizadora e cristalizada ou uma escola com práticas de avaliação pedagógica, eminentemente formativa, onde todos podem aprender na diversidade e em tempos diferentes? Queremos uma escola que apresente um “fato” que terá de servir a todos de igual modo ou uma escola que vai “costurando" os tantos “fatos” para os seus tantos alunos? Segundo o Decreto-Lei n.º 55/2018, a avaliação constitui um processo regulador do ensino e da aprendizagem, que orienta o percurso escolar dos alunos, certifica as aprendizagens desenvolvidas e tem por objetivo central a melhoria do ensino e da aprendizagem, baseada num processo contínuo de intervenção pedagógica. Neste sentido, urge perceber a avaliação de um ponto de vista holístico e é neste contexto que surge o conceito de avaliação pedagógica. A avaliação é um processo eminentemente pedagógico primordialmente orientado para apoiar o ensino e as aprendizagens e não essencialmente orientado para atribuir classificações, isto é, avaliar para ensinar e aprender. A avaliação pedagógica é de índole intrinsecamente formativa, implica uma regulação sistemática e contínua do processo de aprendizagem, assim como uma definição clara dos seus objetivos e o conhecimento, clarificação e apropriação dos critérios de avaliação. A avaliação formativa deve ser a principal modalidade de avaliação, mas esta implica alterações nas práticas e no trabalho do professor, dentro e fora da sala de aula. Pretende-se que o feedback seja uma ferramenta que o professor deve dominar, que questione os alunos e os envolva nas aprendizagens, que promova a autoavaliação e a avaliação pelos pares. O Projeto de Intervenção é um processo que deve suscitar uma diversidade de discussões relacionadas com os propósitos da escola e com a sua organização e funcionamento

pedagógico. É igualmente um produto que, no fundo, materializou as ideias e perspetivas que se debateram acerca da avaliação pedagógica e das estratégias que poderão contribuir para melhorar as práticas, tendo em vista a melhoria das aprendizagens dos alunos. Ou seja, o PI é um produto que resultou de um aprofundado debate acerca das questões de interesse para o desenvolvimento de uma avaliação essencialmente orientada para a melhoria das aprendizagens dos alunos. Este PI pretende que se faça uma avaliação para as aprendizagens e não avaliação das aprendizagens; uma escola menos classificativa e mais pedagógica; alunos mais participativos no processo de avaliação; uma aproximação, com maior qualidade, ao perfil de aluno que se deseja à saída da escolaridade obrigatória.

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Ensino/Educação

SABERES DE EXPERIÊNCIAS FEITOS - FOTORREPORTAGEM Polete de Carvalho

O ensino profissional valoriza a diversidade de experiências, a aprendizagem na comunidade e em contextos de trabalho, uma partilha de saberes que se realiza fora do ambiente habitual da sala de aula. Assim, desde o início do ano letivo que as turmas destes cursos, no nosso agrupamento de escolas, estiveram envolvidas em ações, palestras e visitas capazes de proporcionarem a aquisição de competências importantes para a sua formação, experiências fantásticas, tais como conhecer cientistas, o que investigam e os seus contributos para o avanço do conhecimento.

WORKSHOP “Técnicas de substituição de roupa de cama com e sem doente” Dinamizado por uma encarregada de educação, Sandra Clemente, Técnica Auxiliar de Saúde do Hospital de Vila Real. | Alunos do 1º ano do Curso Profissional Técnico Auxiliar de Saúde, 13 de janeiro de 2022.

PALESTRA “HIGIENE, SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO” Dinamizada pelo engenheiro Henrique Cunha, com a participação dos alunos do 1º ano do Curso Profissional Técnico Auxiliar de Saúde e da professora Polete Carvalho | 30 de novembro de 2021.

SEMANA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA, em parceria com a UTAD “Isolamento e identificação de bactérias patogénicas”, dinamizada e orientada pelas estudantes de doutoramento Vanessa Silva e Adriana Silva.

SEMANA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA, em parceria com a UTAD Papel da biotecnologia vegetal num futuro mais sustentável”, palestra dinamizada pela Professora Doutora Ana Lúcia Pinto Sintra.

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SEMANA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA, em parceria com a UTAD “Importância da resistência aos antibióticos no tratamento de doenças”: no Laboratório de Microbiologia Médica, os alunos tiveram oportunidade de manipular bactérias e antibióticos in vitro, testaram a resistência ou sensibilidade das bactérias a diversos tipos de antibióticos. (Atividade orientada pelas estudantes de doutoramento de Genética molecular comparativa, Telma Sousa e Carolina Sabença).

SEMANA DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA, em parceria com a UTAD Palestra online denominada “Recursos genéticos: um património para a sustentabilidade mundial”, dinamizada pelos Investigadores do projeto Europeu BRESOV | dia 26 de novembro, alunos do 2º ano do curso Técnico Auxiliar de Saúde e 3º ano do curso Técnico em Animação de Turismo.

VISITA À CASA LAPÃO Alunos do 3ºAno do Curso Profissional Técnico Animação Turística visitaram a fábrica da Casa Lapão de Vila Real, com acompanhamento e orientação da proprietária, Rosa Cramez | 14 de outubro de 2021 História, estratégia turística, confeção e plano de segurança foram os temas abordados.

DIA INTERNACIONAL DAS CÉLULAS ESTAMINAIS Palestra “Células estaminais e a regeneração do sistema nervoso”, pelo Investigador António Salgado, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho.

WORKSHOP “Protocolos de atuação em situações de emergência" – FOTO 8 Atividade promovida pelos professores doutores Carlos Manuel Almeida e António José Almeida, na Escola Superior de Saúde da UTAD |Alunos do 3ºano do Curso Profissional Técnico em Animação de Turismo, 10 de dezembro de 2021.

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Ensino/Educação MÁRIO AUGUSTO NO AEMM - “CINEMA FALADO: A ARTE DE VER”

Fernando Pereira Coordenador do Plano Nacional de Cinema do AEMM

No dia 11 de janeiro, o jornalista Mário Augusto esteve presente no Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus, dinamizando a palestra Cinema Falado: A Arte de Ver. Esta iniciativa inseriu-se nas atividades que integram o Plano Nacional de Cinema do agrupamento e teve como público-alvo uma turma do 8.º ano de escolaridade, habitual colaboradora do PNC, e quatro turmas do Ensino Profissional. Na palestra, Mário Augusto, num primeiro momento, sensibilizou os presentes para a literacia fílmica. Sendo o cinema uma forma de percecionarmos e sentirmos a realidade, o palestrante, utilizando uma retórica cativante, direcionou-nos para o prazer (por vezes oculto) a que o cinema nos transporta, enquanto espelho da realidade, enquanto arte que partilha connosco vidas perfeitamente banais, simples e discretas de personagens de determinadas narrativas. Encaminhando a assistência para a forma do que é transmitido no grande ecrã, Mário Augusto fez alusão a determinadas personagens que nos seduziram, alguns diálogos que recordamos, histórias de filmes que ficaram a “remoer” no nosso subconsciente e que mais tarde lembramos, o que prova que aquilo que percecionámos nos influenciou, transmitiu-nos um determinado sentimento, uma sensação, que em qualquer momento convocamos e transpomos para a realidade, criando similitudes com aquilo que essas histórias nos contaram. Cientes da

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curiosidade que temos em relação a tudo o que nos rodeia, o palestrante foi categórico quando afirmou que o cinema é uma narrativa que permite contar histórias com imagens em movimento e em que a arte se interliga com as nossas emoções e pensamentos. Tendo conhecimento de que a assistência juvenil a quem se dirigia não teria ainda adquirido a atitude consciente de refletir maturamente acerca do que sente e vê, o palestrante habilmente contextualizou-a com os jogos das Playstations e da X-Box, pois também eles têm, na sua génese, pequenas histórias que dão enquadramento a determinadas personagens. Essas histórias, ainda que geridas pelos participantes, no caso do gaming, desenvolvem-se sequencialmente, isto é, têm um princípio, um meio e um fim, tal como terá afirmado o realizador francês Jean-Luc Godard. No entanto, essa sequência de narrativas fílmicas nem sempre nos é contada na ordem cronológica e, às vezes, é no baralhar dessa ordem que as narrativas nos seduzem e nos fazem perceber e querer conhecer melhor determinadas personagens e acompanhar de perto as histórias que as envolvem. Na segunda parte da palestra, o jornalista fez uma breve resenha histórica do cinema, que atualmente tem maior projeção industrial nos Estados Unidos, mas que curiosamente teve início com imigrantes da Europa de Leste que se instalaram na cidade de Nova Iorque e, mais tarde, na Califórnia, fazendo de Hollywood a atual meca do cinema. Os alunos apreciaram bastante, reconhecendo terem ficado a saber que o cinema tem muitas mais histórias do que o que pensavam. Foi igualmente notório o orgulho dos presentes em terem tido a oportunidade de colocar perguntas a alguém de renome, pertencente ao mundo do jornalismo e que cativa ao dar a saber tanto sobre o mundo (mágico) do cinema.


CIÊNCIA COM ARTE Maria Manuel Carvalhais Não há grandeza quando não há simplicidade. Leon Tolstói Só o currículo ocuparia várias páginas, mas não é isso o que mais impressiona em Manuel Sobrinho Simões. O Professor Doutor de tantos estudos e experiências, tantas provas dadas, tanta vida ao serviço da medicina e da investigação, apresenta-se como “Manuel”, um homem afável que se liga facilmente ao auditório através de questões simples sobre assuntos complicados, muitos sorrisos, exclamações de regozijo ou de indignação fingida. Manuel Sobrinho Simões veio falar de cancro ou, melhor dizendo, de pessoas com cancro, de vítimas, de cura, de sobreviventes, aos nossos alunos de dezasseis/dezassete anos. Difícil? Não para o grande comunicador que sabe fazer a descida da simplificação, ser esclarecedor fazer sentido – faz sentido aquilo que eu disse? Pergunta reiterada a par e passo – e cativar para o essencial da sua mensagem. Prevenção primária e secundária, novas formas de tratamento, cura, acompanhamento dos sobreviventes e o grande desafio do presente e do futuro próximo: tratar o número crescente de idosos e as doenças da velhice. Em pouco mais de uma hora e num discurso aparentemente errático – mas que regressa invariavelmente ao foco do assunto no ponto interrompido por um aparte que ameniza, pela piada que prende a atenção –, o Professor traçou um quadro bastante completo que parte dos conceitos essenciais, desenha o mapa das causas, percorre o passado dos tratamentos uniformizadores, chega ao presente do conhecimento sobre a doença e os doentes, aos tratamentos diferenciados, e formula o grande desafio do futuro: tratar todos os que sobreviverão ao cancro e virão a sofrer de demência. Fez sentido, muito, porque passou a barreira das frases enigmáticas, dos termos herméticos, da pose pomposa com que, tantas vezes, nos brindam os sábios nos consultórios ou nos programas de TV. Se à mulher de César não bastava sê-lo, era preciso parecê-lo, aos grandes da ciência não basta saber, é preciso comunicar. Obrigada, Professor!

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Ensino/Educação Testemunho Carolina Alves, 12ºB

Convidados a partilhar a sua experiência com alunos do 6º ano, os jovens do 12ºB deram os seus testemunhos sobre a sua vida escolar. Deste momento de conversa intimista, em que os mais crescidos aproveitaram para aconselhar os mais novos, fica um exemplo: «Sou a Carolina Alves, estou no 12º ano no curso de ciências e tecnologias, ou seja, no meu último ano antes de ir para a universidade, o meu grande objetivo neste momento. Sempre fui uma pessoa muito entusiasta, que queria participar em tudo. Do quinto ao nono ano, para além da escola, andava no Conservatório de Música, no ensino articulado, onde tinha três disciplinas diferentes, frequentava a escola de bailado onde praticava ballet e jazz (…) e andava no Instituto de inglês. Conciliar o empenho na escola com o querer fazer o que realmente adoro fora dela não é fácil, especialmente para uma criança, mas não é impossível ou desgastante quando gostamos do que fazemos. Apesar das várias atividades, nunca me faltou tempo ou espaço para me divertir com as pessoas que mais amo e para conhecer algumas que - sei - me vão acompanhar para o resto da vida. Ainda não estão nessa fase, mas um dia mais tarde vão começar a maçar-vos com a mudança do 9º para o 10º ano, alegando que, de um ano para o outro, tudo é diferente. Há várias opiniões, no entanto eu acho que a diferença não é assim tanta. E é uma transição boa. Vocês acabam por restringir as vossas disciplinas àquelas de que gostam e, como tal, ficam mais interessados. Por isso, não se assustem com essa ideia de uma grande transição. A minha experiência pessoal no secundário foi marcada pela situação que vivemos de momento, a COVID. Sei que há pessoas que afirmam que nós, alunos, aprendemos exatamente o mesmo com ou sem pandemia. Não é verdade. A vida em casa tornou-se uma rotina monótona, fria e solitária. O tempo de maior crescimento e o ganho de maturidade foram-nos retirados das mãos sem podermos fazer absolutamente nada. As esperadas viagens de estudo que tanto ansiamos, nesta idade de busca e descoberta, não se concretizaram. (…) Acabei por amadurecer de formas mais duras e cruéis. Atualmente dou importância às grandes coisas, as que realmente importam.

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Nem tudo foi mau. Com a quarentena, acabei por ganhar coragem para me inscrever no concurso Canção-ciência e acabei por ganhar o primeiro lugar, cujo prémio era um computador. Também me inscrevi, finalmente, numa viagem de Erasmus e fui à Bulgária conhecer novas culturas e pessoas. Foi das melhores experiências que já tive em toda a minha vida. De verdade! Então aconselho-vos, se tiverem essa oportunidade, a participarem num projeto destes. Hoje, continuo apaixonada por música, toco piano, violino, guitarra e ukulele, e continuo a praticar dança. Hoje, no 12º ano, não muito longe do final deste ciclo da minha vida, cá estou eu - estranhamente - a discursar para vocês e a pensar que o tempo passa demasiado rápido. Quem me dera que alguém, quando eu era da vossa idade, me tivesse alertado. Nem tudo foi alto, mas os momentos baixos foram ultrapassados. Estou num momento de pressão, com toda a gente a dar palpites sobre o meu próprio futuro, algo a que vocês também estarão sujeitos um dia. Há pessoas com certezas sobre o que querem seguir e sobre a vida que querem levar. Há pessoas que não fazem a menor ideia. E está tudo bem. Desde pequena que quero seguir medicina veterinária e aparentava estar certa disso. Mas as dúvidas acabam por vir quer vocês tenham uma paixão fixa quer vocês estejam completamente perdidos quanto ao percurso a seguir. Vocês não têm de saber o vosso futuro inteiro, cada passo que vão dar. Às vezes, o engraçado é o mistério envolvido. Se soubéssemos tudo seria demasiado fácil e alcançável. Frustra-me deveras não conseguir dizer tudo o que quero e sinto que vocês precisam de ouvir. Às vezes, simplesmente não há palavras suficientes no dicionário e o tempo presente desvanece muito rápido. Dou-vos, portanto, os últimos conselhos: vivam a vida com tranquilidade. Saiam quando quiserem sair. Esforcem-se e alcancem os vossos objetivos. Sei que se querem ver livres da pressão do estudo, mas um dia terão saudades. Por isso, vivam agora e não depois a memória em fotos esquecidas. A vida é muito longa para cometerem erros e mudarem, mas demasiado curta para ouvirem opiniões alheias e deixarem que elas vos afetem. Atribuam valor ao que realmente importa. e oiçam as pessoas certas. Sigam os vossos princípios. E, acima de tudo, aproveitem, um dia de cada vez.»


Clubes | Projetos |

Programa ERASMUS +, o caminho da internacionalização do Agrupamento Luísa Costa (Coordenadora do projeto ERASMUS) Quer na União Europeia quer no contexto de um mundo cada vez mais global, a internacionalização de uma instituição de ensino é atualmente uma dimensão relevante a que a maioria das escolas europeias tem dedicado especial atenção e investimento. A vivência de diversos quotidianos em países europeus, reconhecendo também as identidades locais e regionais, e as relações de amizade que os intercâmbios e projetos europeus promovem, contribui decisivamente para o conhecimento e para a valorização das múltiplas identidades culturais, das instituições e dos modos de vida dos cidadãos europeus, ao mesmo tempo que reforçam o sentido de pertença e identidade, ao nível regional, nacional, europeu e universal. Por outro lado, desde a adesão de Portugal à Comunidade Europeia, esta lançou diversas medidas que preconizavam ações – visitas de estudo, intercâmbios, atividades escolares – com o objetivo de “dar uma dimensão europeia à experiência dos docentes e dos alunos das escolas primárias e secundárias”. É assim consagrada a necessidade de uma dimensão europeia na educação, o que levou Portugal a criar os Clubes Europeus, iniciativa única na Europa, assinalando assim a sua entrada na Comunidade Europeia. No nosso agrupamento a promoção da dimensão europeia tem raízes profundas, quer através da ação do Clube Europeu, que completou 20 anos de atividade ininterrupta, quer com o Programa Erasmus, com o

primeiro projeto europeu desenvolvido entre os anos 2000 e 2003 e contando este ano com quatro projetos em curso: três parcerias entre escolas e um projeto que financia cursos de formação para docentes em diferentes países. O programa Erasmus tem tido um papel relevante no processo de internacionalização do Agrupamento. São já duas décadas de projetos europeus bem sucedidos e de qualidade, com impactos positivos em todos os alunos e professores envolvidos. Esta experiência foi reconhecida pela Agência Erasmus, ao atribuir ao nosso agrupamento a acreditação Erasmus 2021 - 2027, estatuto privilegiado que permite o acesso simplificado a financiamento para intercâmbios de alunos e mobilidade de docentes. Já ninguém questiona a importância e o potencial educativo da constituição de parcerias com outras escolas europeias, nem os impactos destas ao nível do desenvolvimento das competências para o século XXI. A ligação dos projetos europeus ao currículo; as boas práticas de trabalho colaborativo ao nível europeu com resultados positivos nas aprendizagens dos alunos; a motivação geral dos alunos para este tipo de projetos e a possibilidade de desenvolverem competências essenciais e transversais são fatores que têm contribuído para o aumento considerável do número de escolas a quererem aderir a estes projetos, aumento que tem sido acompanhado de um crescimento considerável do orçamento disponibilizado pela EU.

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Clubes | Projetos |

Da oficina de filosofia à filosofia para crianças.

Manuela Leal Foi no ano letivo de 2015-2016 que o grupo de filosofia, pela mão das professoras Manuela Leal e Deolinda Ferreira (dinamizadoras do projeto), apresentou ao Conselho Pedagógico do Agrupamento um projeto, aglutinador de vários subprojetos, denominado Oficina das Ideias. Na prática este projeto era mais uma Oficina de Filosofia, tendo sido pensada para as crianças e jovens do Agrupamento, sob a alçada da ideia de Lipman de que “fazer filosofia não é uma questão de idades, mas de habilidades em refletir escrupulosa e corajosamente sobre o que se considera importante”, tendo ainda como objetivo institucional permitir o intercâmbio de experiências entre os diferentes níveis de ensino do Agrupamento, assumindo-se como um veículo de operacionalização do Projeto Educativo. A Oficina das Ideias (OI) tinha como finalidades prioritárias educar crianças e jovens para o ser, para o saber e para o fazer, pretendendo ser um espaço originariamente filosófico, pela matriz reflexiva e analítico-crítica que a suportava, mas onde a abordagem teorética dos temas-problemas se complementava com as exigências práxicas que norteiam a sua eficácia. Sublinhe-se que este projeto era também entendido como um tempo para o desenvolvimento de outras competências, designadamente aquelas tidas como basilares para o exercício de uma cidadania ativa e responsável, alicerçadas em princípios ético-morais, sendo de todos e para todos os que perguntam pelo porquê das coisas. O desafio consistia em levar as crianças e os jovens a descobrir alguns dos enigmas mais improváveis da

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ontologia, da ética e da estética, para o que precisávamos da sua imaginação, porque não há respostas certas nem erradas, só ideias novas, criativas e visionárias. Porque todos os jovens são livres de pensar por si, de partilharem as suas experiências e as suas opiniões, decidimos que esta oficina se assumiria como o seu lugar no espaço dos filósofos. Os mais ousados podiam levar e/ou trazer ideias nos bolsos e misturá-las com as suas vidas. Tratava-se de semear o gosto pela filosofia, através de uma abordagem lúdica. Estava lançada a semente e, visto que o projeto foi aprovado por unanimidade, partimos para o terreno. Temos assim nas nossas mãos um projeto ainda criança, pensado para as próprias crianças, para as ajudar no seu processo de crescimento em direção ao Ser e ao Saber. A designação do projeto como Filosofia para Crianças (FpC) acabou por se impor naturalmente. A FpC continua a caminhar no nosso Agrupamento (nos Centros Escolares da Araucária, de Mouçós e do Douro) e a fazer sucesso entre os pequenos/grandes aprendizes do filosofar. Invadidas pelo entusiasmo de sempre as dinamizadoras do projeto continuam nestas andanças do treinamento do filosofar, da prática do diálogo socrático na sua vertente prazerosa das perguntas e repostas, deixando sempre em aberto espaço para novas perguntas. É uma satisfação perceber o interesse, a motivação, a abertura à discussão, demonstrados por aqueles pequenitos, nos quais o espírito crítico começa a despertar! E, no final de cada sessão, fica o contentamento de nos quererem de volta, de nos “obrigarem” a deixar a promessa de que voltaremos, face ao pedido lançado pelos petizes: "voltem amanhã!" .... Amanhã!? Porque não?! Lá iremos num amanhã, que pode não coincidir com o amanhã temporal! No entanto estamos a cumprir a promessa.


Clubes Clubes||Projetos Projetos||

1º Prémio de fotografia Águas de Portugal

Atribuído a uma turma da EB Abade de Mouçós

Conceição Limoeiro Decorreu no dia 10 de fevereiro de 2022 a entrega do primeiro prémio de fotografia “Águas de Portugal”, no ginásio da Escola Básica Abade de Mouçós. Nesta cerimónia os alunos da turma A4 do 3º ano, cantaram e coreografaram uma canção em que o tema foi a água. Estiveram presentes os senhores administradores das Águas do Norte, Fernando Marques e Filipe Araújo, o vereador da educação da Câmara Municipal de Vila Real,

Cidadania e Desenvolvimento

Alexandre Favaios, e dos serviços do ambiente, Mafalda Vaz de Carvalho, o senhor presidente da União de Freguesias de Mouçós e Lamares, Hélder Afonso, o diretor do Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus, Ricardo Montes, a presidente da associação de pais do mesmo agrupamento, Zita Pires, e o representante dos encarregados de educação da turma vencedora, Fernando Fraguito.

o caminho da internacionAna Paula Ribeiro

A Educação para a Interculturalidade pretende incentivar os alunos a conhecer os conceitos de identidade e pertença, a cultura, o pluralismo e a diversidade. Os Países de Língua Oficial Portuguesa estão unidos pela língua comum, apesar das diferenças culturais. A língua não deve ser fator de discriminação e de exclusão, mas de preservação e de proteção. Este será o meio privilegiado para estabelecer pontes e diálogos entre culturas, usos e costumes, em busca de uma convivência mais inclusiva e democrática. Neste âmbito, na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, em articulação com as disciplinas de Português, História e Geografia de Portugal, Educação Visual e Educação Tecnológica foi desenvolvido com a turma do 6.ºD o tema da “Interculturalidade” apresentando à comunidade escolar, o resultado final: Pesquisa e investigação das características e cultura de cada país bem com a respetiva bandeira; Elaboração de uma figura alusiva a cada país constituinte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ombreando um traje característico. Este projeto está exposto na Escola Monsenhor Jerónimo do Amaral.

internacionalização do Agrupamento

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Teatrices na Escola Básica Abade de Mouçós Conceição Limoeiro A equipa da Biblioteca da Escola Básica Abade de Mouçós, nas datas festivas, tem por hábito apresentar à comunidade escolar pequenas peças de teatro originais, que terminam com uma canção. Todos os textos são inéditos, pedagógicos e escritos pelas professoras da equipa da BE. Estes têm como objetivo transmitir conhecimentos e mensagens relativas ao tema, de uma maneira lúdica e humorística. Foi o que aconteceu no Halloween, em que, de uma forma muito divertida e através das personagens alusivas ao tema (bruxas), os alunos tomaram conhecimento e interiorizaram algumas regras a seguir, após a pandemia. A peça intitulou-se “Desconfinamento bruxal”. DESCONFINAMENTO “BRUXAL” Personagens: - bruxa Custódia; - bruxa Corpulosa; - bruxa Cremilde (Cremilde e Corpulosa estão à porta de casa a maldizer a vida por causa do Covid.) Cremilde – Já viste a nossa vida… nem uma manobra de arejamento das vassouras podemos fazer! Corpulosa – Este vírus ainda é mais malvado que nós! Até as vassouras já estão cheias de teias de aranha… (Entra esbaforida a Custdia.) Custódia – Ó minhas desnaturadas não foram ver o e-mail que eu vos mandei com toda a documentação do concílio das bruxas? Cremilde e Corpulosa – Qual mail???? Não vimos nada!!! Custódia – Não me digam que agora acreditam que o “bitcho” se transmite pelo e-mail…. Corpulosa – A bruxa mor Teolinda, deu instruções para ninguém sair de casa, porque estamos todos confinados. Anda por aí um vírus a que chamam “Cobi”, que pelos vistos ainda é mais perigoso que nós, se isso é possível! Cremilde – Estás a ver!!! Nem ao ciber café podemos ir para ver os mails. Tu não vês as vassouras cheias de teias de aranha? Nem as

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temos arejado… Corpulosa – Nem o óleo de que precisamos para nos untarmos e voarmos silenciosas como morcegos veio. Nem pelo Uber nem pelo Glovo. Está tudo em casa. Cremilde – Até o corvo nos fugiu, porque estava farto de estar em casa e disse que já não nos conseguia aturar. Custódia – Mas o concílio que se realizou no Ermo das Bruxas, lá para os lados de Vilar de Perdizes, foi importante e esclarecedor. Cremilde e Corpulosa – E nós aqui sem sabermos de nada. Conta lá o que se passou! (Custódia saca do seu documento e começa a ler.) Custódia – “A partir de agora ficam todas as bruxas, feiticeiras, magos, vampiros e afins, informados do seguinte: 1 - o desconfinamento já chegou. “Por isso, suas bruxas ignorantes, já podem sair de casa… Cremilde – Vamos pôr já as vassouras a arejar e dar uma volta pelos telhados dos vizinhos… Corpulosa – …vamos chamar o corvo e escovar o gato para entrarmos em ação e fazermos as poções mágicas… Cremilde – …apanhar o aipo, a arruda, as urtigas… Corpulosa – …ahh! e não esquecermos de ir apanhar o sapo que anda aí no nosso quintal. Custódia – 2 - “Todas as maroteiras e bruxarias devem ser feitas com a distância social recomendada.” Nada de andarem por aí na mesma vassoura… Corpulosa – … carvão, carvão… Cremilde – … o que dizes?... Corpulosa – … então, há semanas que não comemos nada de jeito. Não vês como estou magrinha? Precisamos já de uma fogueira… Custódia – 3 - “As reuniões só podem ser feitas nas eiras e pátios.” Ou seja, ao ar livre… Cremilde – … e a mascarilha? Continuamos com isto nas fuças?... Corpulosa – … nem podemos mostrar as verrugas em condições… Custódia – Nãããooo… “As máscaras só se usam no terreiro, na clareira ou no ermo das bruxas quando estamos em assembleia ou concílio.” Porque estamos muitas bruxas juntas ou em espaços fechados. Corpulosa – Oba!! Vamos comemorar esse desconfinamento!!! Cremilde – À nossa liberdade!!! Já não aguentávamos esta prisão… Corpulosa – … nem nos aguentávamos uma à outra. Mais um pouco e uma de nós ia parar ao caldeirão. (Custódia fecha/enrola o documento.) Custódia – Então eu declaro que vamos fazer um jantar à boa maneira da bruxaria portuguesa. “Pranta” aí… (Corpulosa vai buscar um papel e caneta.) … Para entrada: unhas de galinha pedrês com baba de caracol. Prato principal… ó Corpulosa diz aí o que fazer… Corpulosa – … aquele borrego chifrudo com tripas e tudo, que já está aí congelado há quase 2 anos, é capaz de ficar bom com abóbora assada e esparregado de labrestos. Cremilde – E para sobremesa, torta de groselhas pretas com bagas de azevinho que eu gosto muito… e o Natal está aí a chegar. Custódia – A bebida tem que ser sangria de lagarto, rabos de rato e ouvidos de morcego. Corpulosa – Credo!!! Depois desse lauto jantar temos que dançar para fazer a digestão, senão as vassouras não levantam. Cremilde – Boa! Vamos então convidar as nossas primas mudas, os lobisomens e os vampiros, porque hoje é sexta-feira e está lua cheia!!! Corpulosa – Yupi… é hoje que vamos arejar os nossos melhores e mais terríficos vestidos.


Clubes | Projetos | Ouçam os bons conselhos!

Quem os dá são os alunos do 11.º D que assim organizaram o seu projeto interdisciplinar sobre “sustentabilidade”. Pequenas ações, grandes impactos. Recusar - “Não preciso, obrigado”, sempre com simpatia. |Colocar autocolante “publicidade não obrigado”. |Contas em versão electrónica. | Tirar fotografia aos cartões de visita. | Ponderar antes de imprimir, utilizar os dois lados e folhas de rascunho. | Antes de comprar, pensar “Preciso mesmo disto?”| Comprar a granel e/ou pacotes familiares. | Comprar frescos não embalados. | Comprar local (e biológico). Embalagens de take-away reutilizáveis. | Talheres reutilizáveis. | Recusar palhinhas (ou optar por reutilizáveis). | Copo de café reutilizável. | Garrafa reutilizável. | Filtrar água em vez de comprar garrafas e garrafões. | Sacos reutilizáveis. | Reciclar (todas as categorias). | Não deitar beatas para o chão e ensinar os outros. | Reduzir o consumo de produtos animais. Reduzir o desperdício alimentar - caixa “consumir primeiro”. | Armazenar os alimentos corretamente. | Planear o menu semanal. | Levar snacks de casa em recipientes reutilizáveis. | Substituir película aderente, alumínio e papel vegetal por tampas de silicone, pano encerado e tapete antiaderente. | Guardanapos e lenços de pano. | Gelo em formas reutilizáveis. | Gelados em cone e sem colher. | Chá em folhas soltas. | Café sem cápsulas. Poupar água. | Armazenar água fria do duche. | Desligar as luzes e aparelhos stand by e optar por tomadas com botão. | Lâmpadas Led. | Pilhas recarregáveis. | Eletrodomésticos de maior eficiência energética. | Secar roupa ao ar livre e não na máquina. | Detergentes ecológicos. | Panos de limpeza com tecidos. | Limpar a casa com utensílios compostáveis. Discos desmaquilhantes reutilizáveis. | Cotonetes bamboo/cartão/reutilizáveis. | Produtos de higiene feminina reutilizáveis. | Preferir sabonetes a produtos de higiene com embalagem. | Escova de dentes de bamboo ou com cabeça substituível. | Pasta de dentes em pastilhas e fio dentário compostável. | Esfoliantes naturais. | Giletes reutilizáveis. | Kit de viagem. Compostar. | Plantar uma árvore. | Reparar em vez de deitar fora. | Doar, vender, trocar roupa sem utilização. | Transformar tecidos. | Trocar ou comprar em segunda mão. | Criar um centro de partilha de bens na escola/comunidade. | Andar mais a pé, bicicleta ou transportes públicos.

“A revolução começa em cada um de nós. Com passos pequeninos. Podemos nunca chegar ao zero, mas vale a pena tentar. É essa a força da utopia. Não interessa por onde começa, como começa, o importante é mesmo isso: começar. Vamos juntos!” Desafio Zero - Eunice Maia

"O que você faz, faz a diferença, e você tem de decidir que tipo de diferença quer fazer.” Jane Goodall

“Não precisamos de poucos ambientalistas perfeitos, a fazer tudo perfeitamente, mas sim que sejamos milhões a fazer pequenas ações, milhões de ambientalistas imperfeitos”. Anne - Marie Bonneau

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A Caça ao Tesouro está de volta!

Cesário Matos Foi com grande alegria que se anunciou o regresso da famosa e lendária “Caça ao Tesouro” da Morgado. Os dois anos que passaram suspenderam, mas não diminuíram, o desejo de aventura, de convívio e de contacto com a natureza. Agora que voltou, foi tempo de esticar as ideias e pôr em movimento um projeto há muito estruturante do plano de atividades da nossa comunidade escolar. Organizado e encabeçado primeiro pelo professor Carlos Gomes, depois pelo professor José Pires, este projeto evidencia uma enorme paixão pelo contacto com o entorno natural - as serranias são o palco privilegiado para um dia de passeio com os colegas e amigos. Na última sexta-feira do mês de maio de cada ano letivo a escola prepara os ténis, os calções, as t-shirts, os bonés e as mochilas com as

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“cenas para matar o bicho”, pois a viagem afigura-se desafiante. Em 2021-2022, o regresso veio pela mão dos alunos do curso profissional Técnico em Animação de Turismo, que tomaram para si o desafio de implementar o nobre empreendimento. Mas não vêm sós, trazem com eles Miguel Torga, homenageando os 25 anos da morte do grande escritor transmontano. A sua obra é o pano de fundo do percurso deste ano Panóias, Garganta, Senhora da Azinheira e Espaço Miguel Torga, lugares que transpiram e evocam as ideias e pensamentos do autor. Repleto de curiosidades, jogos, brincadeiras e de liberdade para a expressão criativa de cada um, o “Caça” manifesta a alegria de estarmos todos juntos outra vez!


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LER E VER SARAMAGO

Ensaio sobre a cegueira ou blindness Joana Jales, 12ºD Ensaio sobre a cegueira é um romance do escritor português José Saramago, publicado em 1995. “Blindness” é a sua adaptação para cinema, um filme de 2008 do realizador brasileiro Fernando Meirelles.

O livro conta a história de uma epidemia de cegueira branca que, aos poucos, atinge toda a população, com exceção de uma mulher (interpretada no filme por Julianne Moore). Aos poucos a cidade torna-se um caos: ninguém segue regras, não há organização nem proteção e, além de todo o mal, um grupo de cegos aproveita-se de outros de forma desumana. Esta cegueira não é real nem fisiológica, antes ficcionada e metafórica, ou melhor, alegórica. A partir duma situação fantasiosa de cegueira generalizada, Saramago mostra que, muitas vezes, as pessoas tendem a não enxergar além do que lhes convém. A cena que mais me marcou foi o abuso coletivo que as mulheres sofreram. Para alguns críticos, essa cena foi suavizada no filme. Para mim, embora algumas passagens relatadas no livro não tenham sido representadas no filme, foi a mais marcante e chocante. Outra das cenas que mais me perturbou no livro foi o momento em que a mulher do médico, a única que manteve a visão, num momento de fraqueza, procurou abrigo numa igreja para recuperar as forças. Ao entrar, viu que todas as imagens dos santos estavam de olhos vendados. Estranhou e perguntou-se quem os teria vendado e com que intenção. Não encontrou nenhuma resposta imediata e, na verdade, a cena poderá ter várias interpretações. Para mim, a que faz mais sentido é que, tendo em conta que a humanidade é vítima de si própria e do seu comportamento cego, o restabelecimento da visão dependeria unicamente da ação e da mudança de cada um. Nem mesmo os céus poderiam interferir, nem mesmo os santos quereriam ver a degradação e o egoísmo, porque nem mesmo eles poderiam salvar cegos que não querem ver. Confesso que este insólito episódio no interior da igreja era uma das cenas que eu esperava ver no filme, pela força que lhe atribuo no livro, mas infelizmente foi pouco explorada. Aprovado pelo autor do romance, o filme apresenta, naturalmente, muitos traços semelhantes. Um deles é que as personagens não têm nome, sendo designadas por determinadas características ou pela profissão, por exemplo: “médico”, “mulher do médico” ou “mulher de óculos escuros”. Quanto ao ritmo, é lento quer na obra quer no filme, apropriado para um ambiente labiríntico em que, cegos, os indivíduos vão sobrevivendo tateando em busca de luz. A meu ver, Fernando Meirelles conseguiu ser fiel ao romance de Saramago. Mesmo sendo uma adaptação, não deixou a essência do livro perder-se, talvez por isso tenha emocionado o Escritor. Seria obviamente impossível transportar o conteúdo literário na íntegra para as telas, em duas horas de filme apenas, mas ainda assim o filme conseguiu o principal: passar uma mensagem de angústia e de revolta face à pequenez e à crueldade do ser humano.

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LER E VER SARAMAGO

A viagem do elefante Filipa Conde, 12.ºD A história passa-se em meados do século XVI, quando D. João III, o Rei de Portugal, decide, juntamente com a rainha, que presente grandioso e distinto poderá oferecer ao seu primo, o Arquiduque Maximiliano da Áustria, pelo seu casamento. A rainha lembra-se de uma grande oferta: Salomão, um elefante, de pouca ou nenhuma serventia. Como o Arquiduque vive em Viena, é necessário

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preparar a viagem do elefante. Monta-se, então, um grande aparato, de forma a garantir que o animal chegue ao seu destino em plena forma, saúde e vigor. É a partir deste facto histórico que Saramago cria um romance ficcionado. Com a sua prodigiosa imaginação, consegue criar uma ficção que se prolonga pelos caminhos da Europa, numa jornada pelos diversos países, que acaba numa ampla metáfora à vida e numa reflexão sobre a natureza humana, pelos olhos de Salomão e pela voz do seu tratador, o cornaca indiano Subhro. Subhro, que inicialmente parecia ingénuo e inocente, mostra-se, no decorrer da história, um homem culto e esperto. Revela uma relação extremamente unificada, empática e íntima com Salomão. Competente, respeitável e obediente aos seus superiores, era um homem simples e humilde que apenas se queria integrar e ser bem aceite. Sobressai por representar a essência do povo, submissa e inocente, mas revelando-se simultaneamente culto, inteligente e autónomo, uma vez que, submetendo-se à vontade dos seus soberanos, nunca deixa de expor as suas ideias. A certa altura, ciente de que era vital para a comitiva, passa a fazer exigências, a impor as suas vontades e até a ridicularizar os seus superiores. Imperfeito como todo o ser humano, deixa-se levar pelos seus interesses próprios e, sempre que pode, usa Salomão para obter lucros e benefícios pessoais. Por sua vez, Salomão representa o poder inoperante do governo. É ele que move a burocracia do Estado que, ineficiente e incapaz de atender às demandas necessárias do povo, passa o tempo a impor regras desnecessárias, cuidando apenas da aparência e das necessidades particulares. Ao longo da história, mostra-se um animal irrequieto e incapaz de abdicar das suas regalias durante a viagem. Era afável e bastante carinhoso, sendo também esperto e perspicaz, comparável a um humano nas suas ações e sentimentos. Salomão morre pouco tempo após esta grande viagem. Que grande metáfora de vida, no seu rumo inevitável até à morte! No percurso, que fantásticas aventuras podem acontecer! Numa aparente simplicidade de escrita, Saramago presenteia-nos com uma viagem existencial. O autor comenta, critica, brinca com as palavras, aproxima a oralidade e a escrita, gera cumplicidade entre narrador, personagens e leitor. Concluindo, eu descreveria A Viagem do Elefante como uma fábula complexa e metafórica, cuja lição de moral partilho: vivamos e aproveitemos a vida enquanto nos é permitido, pois, quando morrermos, seremos lembrados pelo que fomos e homenageados por aquilo que não conseguimos ser.


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LER E VER SARAMAGO

A Jangada de pedra: do romance ao filme Maria Carolina Vieira, 12ºA A Jangada de Pedra, obra de Saramago publicada em 1986, foi adaptada para cinema em 2002, sob a realização de George Sluizer. Inicialmente a leitura do romance não foi fácil: a escrita deste autor é bastante complexa devido ao seu estilo peculiar, com pontuação irreverente (ou a falta dela, em função da norma que conheço) e as muitas metáforas e alegorias que povoam as suas histórias. Nas primeiras páginas, ficava frequentemente perdida na leitura. Neste momento, já me sinto mais capaz de ler a obra

do nosso Nobel da Literatura. A Jangada de Pedra narra a separação da Península Ibérica da Europa, literalmente, em termos geográficos. A história centra-se em seis personagens: Joana Carda, José Anaiço, Maria Guavaira, Joaquim Sassa, Pedro Orce e um cão. Juntos, viajam pela península à deriva e, por diferentes razões, sentem-se culpados pela separação física deste pedaço de terra. Joana, por exemplo, acha que foi o risco que fez no chão com uma vara que separou a península da Europa. Trata-se, naturalmente, de uma alegoria face à unificação da Europa, sugerindo a forma como esta tenta, sem sucesso, resolver os problemas da Península Ibérica. A intenção crítica é nítida: Saramago aponta o dedo à integração de Portugal e Espanha na União Europeia e à forma como esta é vista pelos restantes países da Europa e de outros continentes, mas também ao papel dos EUA que, como sempre, “metem o nariz” nos assuntos do mundo para se aproveitarem politicamente. O filme reproduz a ação do romance: a sequência de um abalo de terra que nenhum sismógrafo registrou. Uma fenda enorme aparece na crosta terrestre ao longo da fronteira entre Espanha e França. Aos poucos, a Península parte à deriva, como uma enorme jangada de pedra, em deslocamento pelo Atlântico, para ir ao encontro de países ou continentes com os quais teria mais afinidades. Joana, como referi anteriormente, traça no solo uma linha que não se apaga; Joaquim lança à água uma pedra enorme, desafiando a gravidade; José é acompanhado para todo o lado por um bando de estorninhos; Pedro é o único que sente a terra a tremer e, da mão de Maria, escapa-se um novelo que nunca termina. Estes acontecimentos conduzem a encontros e reflexões no sentido de se desvendarem vários mistérios. No meu ponto de vista, o filme perde muito para o livro. O realizador aposta demasiado no percurso das personagens, o que a dada altura acaba por se tornar monótono e repetitivo. Senti a falta da contextualização do acontecimento da separação da península e fiquei com a sensação de que a câmara não consegue substituir a visão do narrador, o que me leva a concluir que o que Saramago constrói, o cineasta destrói. Tornou-se bastante desafiante alinhar o que tinha lido no livro com o que vi no filme, para verificar o muito que faltou. Julgo que, se não tivesse lido o romance antes, não teria percebido o filme e considero que ver o filme depois de ler o romance é perda de tempo, visto que, na minha perspetiva, não acrescenta nada à leitura. Concluindo, considero A Jangada de Pedra uma obra muito válida que merece ser lida, não apenas pelo seu contributo literário, mas por se tratar de uma história interessante, principalmente pelo seu significado político e pela crítica que Saramago faz à Europa e às grandes potências.

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Porqu[LEIO]

papel. Ler é sentir saudade de alguém que nunca conhecemos. É amar e compreender alguém que não existe. Ser leitor é encontrar, nos livros, nas personagens e nas histórias, uma família, um lar e um universo; é como viver mil vidas antes de morrer. Por isso leiam! E principalmente leiam aquilo de que vocês gostam porque o ato da leitura deve ser algo bom, que nos transmite emoções positivas. Se isso não estiver a acontecer, deixem de lado, troquem de livro ou de género. Não se sintam obrigados porque se isso acontecer, nunca irão tirar o máximo proveito, o que é pena, porque, ser leitora é um dos maiores privilégios que podemos ter e, para mim, não há nada mais gratificante e honrado. Os livros são os meus melhores amigos.

Filipa Conde, 12.ºD Leitura… Bom. Sei que a muitos de vocês este nome mete medo ou até repulsa: eu entendo, afinal não temos todos os mesmos gostos. Mas, e se me dessem uma oportunidade para explicar o porquê de a leitura e os livros serem algo tão importante e especial para mim? Tal como um telemóvel, um computador ou uma série, livros são coisas que nós usamos para nos entretermos. Ler é uma atividade de lazer como outras. Mas um livro tem uma grande particularidade: enquanto num filme nós vemos uma cena e nada mais, o que pode deixar muito a desejar, num livro nós temos uma margem para imaginar e inventar como seria a cena ou o momento descrito. Nós podemos imaginar tudo da maneira que nós quisermos, pois um livro tem destas coisas, faz-nos viajar e abrir os nossos horizontes de todas as maneiras possíveis e imaginárias, basta nós querermos. Os livros funcionam como refúgios, como escapes que usamos para quando estamos mal. Através das palavras, conseguimos criar um enredo espantoso, cativante e emocionante que nos prende e acaba por ser de tal maneira intenso e vívido, que acabamos dentro da história, a imaginar o nosso próprio mundo. Com apenas frases, diálogos e reflexões, a nossa mente viaja, abrindo um portal na nossa criatividade, refugiando-nos numa história maravilhosa que nos faz ficar com as emoções à flor da pele, despertando em nós os sentimentos mais bonitos e inspiradores. Ler é uma aprendizagem e cada livro ensina-nos uma coisa diferente, aumentando também o nosso vocabulário, expandindo os nossos horizontes e tornando-nos mais empáticos e presentes no mundo. O ato da leitura não é simplesmente ler palavras num

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Mulheres na literatura Liliana Martins, 12ºA Pensar no tema “mulheres na literatura" pressupõe duas linhas de reflexão: mulheres e a literatura que elas escrevem ou a literatura que se escreve sobre elas. Não será novidade para ninguém que as mulheres têm vindo a ser discriminadas tanto social quanto intelectualmente ao longo dos séculos e, ainda que hoje assistamos a uma vincada ascensão de movimentos feministas, essa discriminação deixa marcas profundas nos mais variados setores. A literatura, infelizmente, não é exceção. Mas este facto deixa de ser surpreendente quando refletimos acerca do pouco espaço intelectual e da pouca liberdade criativa que as mulheres tinham até, sensivelmente, inícios do século XX. Não podemos esperar uma forte produção literária de autoria feminina vinda de uma época na qual o único ambiente com o qual as mulheres estabeleciam contacto era


o seu lar. É simplesmente inconcebível. Aliás, basta recuarmos apenas alguns anos para encontrar um período de tempo em que pouquíssimas delas eram sequer alfabetizadas. Tendo tudo isto em conta, menos surpreendente ainda será constatar que, até há bem pouco tempo, as mulheres se sentiam praticamente obrigadas a assinar as suas obras com pseudónimos masculinos. No universo da literatura clássica, temos o exemplo de Emily Brontë, autora de O Monte dos Vendavais, que assinava como Ellis Bell, e, cerca de cento e cinquenta anos mais tarde, a famosa Joanne Rowling, que escreveu a saga Harry Potter usando o pseudónimo J. K. Rowling. Todos estes fatores acabam por culminar num silenciamento da voz feminina e numa invisibilização muito difíceis de contrariar. Contudo, a escassez de representatividade feminina na literatura não para por aqui. Esta torna-se até mais acentuada quando incluímos o fator económico. Não tivessem as mulheres já pouca ou nenhuma liberdade criativa, o problema agrava-se ainda mais quando falamos da liberdade financeira. Ainda que ganhassem o seu próprio dinheiro, o que, diga-se de passagem, seria já suficientemente impressionante, as mulheres nunca eram autorizadas a utilizá-lo da forma que desejavam. Assim, conseguimos perceber que os impedimentos socioculturais impostos às mulheres vinham de todos os âmbitos. Disse Virginia Woolf em “Um Quarto Só Seu” (1929): «A indiferença do mundo que Keats e Flaubert e outros homens de génio tanta dificuldade tiveram em suportar, no caso dela não era indiferença mas hostilidade. O mundo não lhe dizia, como dizia aos homens, "Escreve se quiseres; a mim é-me indiferente”. O mundo dizia, com uma gargalhada grosseira, “Escrever? De que serve escreveres?”». Portanto, fica claro que, ao contrário dos homens, as mulheres eram literalmente desencorajadas da escrita e da literatura em geral. A propósito da segunda via de pensamento, Woolf retoma: “se a mulher não tivesse existência salvo na ficção escrita pelos homens, imaginá-la-íamos uma pessoa de extrema importância. (...) Criaríamos decerto um estranho monstro se lêssemos os historiadores primeiro e os poetas depois”, expondo o flagrante contraste que se instala entre a mulher real e a mulher ficcionada. E chega a ser revoltante observar a maneira como a figura feminina é, por um lado, menosprezada e, ao mesmo tempo, idolatrada. Para concluir, por esta altura penso que será já mais do que óbvio que, se hoje em dia temos a oportunidade de encontrar nomes de escritoras nas grandes livrarias, tal deve-se à persistência de várias mulheres e autoras clássicas. Sendo assim, da nossa parte resta-nos apenas retribuir esse esforço continuando a incentivar e a difundir a literatura de autoria feminina, que tanta qualidade nos oferece.

O evangelho das enguias – patrick svensson De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? Alexandre Penelas, 11.ºC Desde as civilizações mais antigas, o Homem procura respostas sobre si mesmo, o seu lugar no universo e a história que o trouxe até aqui. Durante a leitura d’O Evangelho das Enguias, do jornalista Patrick Svensson, imergimos no profundo e sombrio mundo das enguias deparandonos com uma relação entre a vida do autor e a vida deste misterioso animal. O Mar dos Sargaços é um mar delimitado pelas correntes quentes e lentas do Oceano Atlântico, a nordeste de Cuba e a leste da costa norte-americana, cuja água é de um azul profundo e límpido onde, à superfície, flutuam enormes tapetes de algas castanhas pegajosas, chamadas de “sargassum”, ou sargaço, dando o nome ao mar onde as enigmáticas enguias nascem e voltam para se reproduzir e morrer. Esta criatura intrigou filósofos, biólogos, escritores, que dedicaram a sua vida a dissecar os seus corpos viscosos ou a navegar mares à procura da sua origem. Aristóteles acreditava que a enguia nascia do lodo, como um sinuoso e misterioso milagre, enquanto Carl Lineu pensava que a enguia se fertilizava a si própria. Já Sigmund Freud, na cidade de Trieste, realizou frustradas experiências em busca dos órgãos reprodutores da enguia. Finalmente, Johannes Schmidt após décadas de teimosia encontrou a origem deste ser enigmático. O autor faz uma breve passagem pela curiosidade que os moveu a todos, a necessidade eterna da busca pela verdade e por compreender de onde tudo vem e o que significa. Podemos encontrar ainda uma menção a Rachel Carson, uma das mais influentes biólogas marinhas do século XX e ao seu primeiro livro Under the Sea-Wind (Sob

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Ensino/Educação o Mar-Vento), onde a autora personificou a enguia para que a pudéssemos compreender melhor, transformando-a em algo mais do que é ou deseja ser. Com este livro, o autor pretende, não só mostrar o mundo maravilhoso das enguias, como também homenagear o seu pai, descrevendo passagens da sua infância e adolescência. Foi o pai que o despertou para o mundo animal e selvagem, que o ensinou a pescar e que o intrigou ao ponto de escrever este livro. Não recomendo este livro a quem não queira, verdadeiramente, saber mais sobre a enguia, o título corresponde literalmente ao conteúdo do livro, não há nenhuma metáfora. E por "saber mais" não me quero limitar apenas à fisiologia e comportamento da enguia: este é um livro especial. O autor expõe-nos tudo o que a humanidade sabe sobre a enguia: aspetos históricos, mitologia, zoologia, gastronomia, filosofia, paleontologia, oceanografia, biologia, ecologia, a influência da enguia em obras literárias e também, infelizmente, a situação atual da enguia que, muito por culpa do Homem, está em vias de extinção. Finalizando, tanto as pessoas quanto as enguias crescem, tornam-se outras, libertam-se, partem e transformam-se, mas em algum momento das suas vidas surge a vontade de voltar às origens.

António Vieira: Uma mensagem intemporal Alexandre Penelas, 11.ºC O autor Padre António Vieira deixou-nos nos sermões, na epistolografia e nos textos proféticos um pensamento fortemente crítico das desigualdades e dos sistemas de opressão, partindo do axioma cristão da igualdade de todos os seres humanos enquanto filhos de Deus.

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Foi, sem dúvida, um visionário, pois todos os assuntos que vigorosamente abordou, num estilo barroco para além do extraordinário, contemplam assuntos perfeitamente ajustáveis aos dias de hoje. Conseguimos facilmente encontrar semelhanças entre as injustiças e desigualdades sociais de hoje e aquelas a que o povo do Maranhão era submetido, tal como podemos pensar na sociedade que ainda se encontra “por salgar” . Esta “terra que não se deixa salgar” reflete-se consequentemente nas diferenças ao nível do padrão de vida e das condições de acesso a direitos, bens e serviços entre indivíduos de uma mesma sociedade. Exemplo atual disto é a desigualdade no acesso à vacinação entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Esta crise no acesso às vacinas mostra a fraqueza fundamental que está no centro do combate à pandemia, que é a falta de solidariedade e partilha global de dados, de informação, de amostras biológicas, recursos, tecnologia e ferramentas. A cada dia que passa, os países do terceiro mundo permanecem desprotegidos. Neles acumula-se a pressão sobre os já frágeis sistemas de saúde e aumenta a má nutrição, nomeadamente a infantil. A pobreza causada pela pandemia ameaça o retorno das crianças à escola, a proteção contra a violência e aumenta o risco de matrimónios precoces. A luta das grandes entidades internacionais, como a OMS e a UE, perante tais problemas mantém-se, portanto, dirigida para os grandes que insistem em “comer” os pequenos. Os grandes que fazem discursos políticos diários, mas que não passam de “roncadores” disfarçados. Roncam, roncam e nada. Os grandes que prometem 1,3 mil milhões de vacinas aos pequenos, mas que não passam de “polvos” disfarçados, corrompidos pelos interesses e pela vaidade. Os grandes que dizem produzir para todos, mas que não passam de “pegadores”, aproveitando-se da riqueza dos que são ainda maiores. Enquanto esses grandes avançam para uma terceira ou quarta dose de vacinação, os pequenos continuam a apresentar taxas de vacinação completas inferiores a 2%. Bem, por este andar, mais vale a essas entidades ir falar também com os peixes, já que os homens não são aqueles que lhes darão ouvidos. Provavelmente, nada disso irá mudar, a sociedade estará sempre desta forma. As injustiças serão sempre cometidas e o discurso de António Vieira será sempre absorvido por todos nós sem nunca ser mudada uma única vírgula e mantendo-se, ainda assim, muito atual.

NOTA: O texto faz referências ao Sermão de Santo António aos Peixes


Fotografia de: Ana Carvalhais

COVID-19 e as teorias da conspiração Bárbara Carvalho, 12ºA Com o aparecimento de uma pandemia no mundo, a COVID-19, surgiram também várias teorias da conspiração, enganosas e nocivas, que se propagaram com muita rapidez, quase tanta como a do contágio por coronavírus. A primeira teoria, mencionada no site da Comissão Europeia, sustenta que o vírus teria sido criado artificialmente, em laboratório, por pessoas com um interesse específico: o de reduzir e controlar a população mundial. O que verificamos é que, de facto, houve muitos óbitos, mas também constatamos que nasceram muitos bebés. Na minha opinião, esta teoria poderá fazer algum sentido na medida em que um vírus destas dimensões não aparece da noite para o dia, a não ser, talvez, que seja criado em laboratório. Outra teoria, por mais bizarra que nos possa parecer, defende que a COVID veio do espaço. Sobrenatural, não? Um professor, membro do Centro de Astrobiologia de Buckingham, afirmou que a fonte mais provável do vírus seria um meteorito que atingira o norte da China em outubro de 2019. Porém, nenhum traço do objeto foi encontrado no local e, como os epidemiologistas mostraram, o novo coronavírus compartilha muitas semelhanças com os vírus da SARS e da MERS. Apesar de muitos apoiarem esta hipótese, parece-me exageradamente fantasiosa. A terceira teoria é das que mais apoiantes reúne, visto que muitos negacionistas acreditam nela. Bill Gates, criador da Microsoft, seria o responsável pela criação e pela difusão do vírus, pois esta seria uma maneira de ele lucrar com a vacina e com softwares de controlo e vigilância. Apesar de, como referi, uma parte da população negacionista defender esta teoria (e até alguma não negacionista), para mim não faz sentido. Quem acredita na ideia de a população

mundial poder vir a ser controlada e vigiada por meio de uma vacina? Por fim, uma outra teoria difundida nas redes sociais alega que a internet 5G estaria associada à rápida propagação do vírus. E como surgiu esta tese? Em abril de 2020, 77 torres de sinal das operadoras do Reino Unido foram queimadas e muitos defendem que o facto da internet 5G ser rápida levou a contágio da doença, também ele rápido, por meio da radiação. Apoiantes desta teoria acreditam que o 5G é capaz de reduzir a imunidade das pessoas. A que vírus estarão a referir-se, afinal? Apesar de ser inegável que o coronavírus se espalhou rapidamente, não foi certamente a rede de internet que o difundiu… Diria antes que se propagou de forma acelerada porque muitos negacionistas ou antivacinistas não acataram as medidas de segurança nem as restrições impostas pelos respetivos Governos. Concluindo, durante a pandemia, talvez porque os indivíduos precisem de encontrar explicações e causas para os seus problemas, os media e as redes sociais divulgaram várias teorias da conspiração, algumas extravagantes. Por isso, nós, jovens, que passamos muito do nosso tempo a pesquisar informação nas redes sociais, temos de ter cuidado com as fontes que selecionamos. Devemos filtrar o que lemos, consultar artigos científicos com factos sustentados, e só mais tarde, com sentido crítico, tirarmos as nossas ilações.

Palavras de guerra e palavras de paz Maria Luís Simão, 12°A "Bellum Sine Bello" é a epígrafe escolhida por Fernando Pessoa para “Brasão”, a primeira parte de Mensagem. Para quem não sabe, esta divisa latina significa “guerra sem guerra”, isto é, uma guerra sem armas, um ideal de paz português. Agora perguntarão: como é possível haver uma guerra sem armas? Inicialmente também me coloquei a

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mesma pergunta, porque pensava que uma ação falava mais alto que uma palavra. No entanto, quando comecei a refletir sobre o poder das palavras, apercebi-me de que estas podem ser tão ou mais poderosas que as ações, e que podemos ganhar muitas batalhas com as palavras certas ou perdê-las com as erradas. Na verdade, as palavras podem levar-nos à ilusão e à decadência tão rapidamente quanto nos levantam e nos salvam. Podem destruir uma pessoa, tão depressa quanto a enobrecem. Para que seja mais fácil de entender, passo a ilustrar com um exemplo cuja protagonista é uma profissão muito importante para a sociedade e que todos nós conhecemos: a de jornalista. Graças a ela, mantemo-nos cidadãos do mundo. Um jornalista tem como principal função mostrarnos a verdade e informar-nos. A sua ferramenta de trabalho é a palavra. Por isso, os jornalistas devem tratá-la com cuidado, escolhê-la a dedo, utilizá-la corretamente. Um argumento errado ou uma palavra fora do lugar pode originar uma autêntica guerra (mesmo sem guerra). Para mim, em qualquer circunstância, as palavras são demasiado poderosas para serem utilizadas sem consciência. Se não tivermos cuidado, podemos acabar por ferir alguém ou ficarmos feridos. No entanto, se as soubermos usar com propriedade, com cuidado e no momento certo, podemos ser muito felizes e evitar uma "Bellum", indesejável mesmo que seja "sine Bello".

modificar a conduta. Poder é potência; não é à toa que as duas palavras têm a mesma origem e significado próximo. Acontece que se começa a perguntar cada vez mais: que influência tem o poder sobre a pessoa que o exerce? Falar sobre poder é lidar, de caras, com uma contradição. Da mesma forma que é desejada, aponta-se esta força como negativa, como a “culpada” das ações absurdas do seu detentor: o familiar que muda de comportamento após subir na vida, o colega de trabalho que se torna hostil depois de ser promovido ou políticos e empresários que narram com extrema naturalidade um esquema de corrupção capaz de deixar de boca aberta um país inteiro. Se muitos o querem, é porque reconhecem as vantagens do poder: ele amplia o leque de possibilidades e de oportunidades. No entanto, já dizia a minha mãe: o poder deve ser como o sal na cozinha, nem a mais, nem a menos. Quando o sal é de mais, a comida não agrada ao paladar: deixamos de gostar. Durante muito tempo, o poder foi representado e mantido por figuras que procuravam conservá-lo por meio da imposição do medo, para que não houvesse tentativas de destituí-lo, usurpando-o das mãos de quem o possuía. Hoje, infelizmente, estamos perante algo retrógrado, triste e humilhante para a sociedade do século XXI, que reflete isso mesmo: abuso de poder. Vladimir Putin, um homem que se encontra no poder há 20 anos (e há 20 anos que o poder caiu nas mãos erradas), personifica cumulativamente a soberba, a ganância, a ira e a inveja. É alguém que não vê para além de si, do seu umbigo e do seu “trono”; alguém que, sem o poder que possui, estaria sentado no sofá a ver as notícias. Em vez disso, está ele a criá-las, dando ordens para bombardearem orfanatos e hospitais, porque, apesar de tudo o que tem, quer algo mais, algo que não é dele. Como este ditador, existem milhares de outros espalhados pelo mundo inteiro, quer homens quer mulheres, com mais ou menos poder, mas alterando sempre a vida daqueles que não conhecem (nem têm interesse algum em conhecer). A verdade é que todos aqueles que abusam e fazem sofrer tanta gente não ficarão impunes. Tarde ou cedo, serão julgados e condenados pelos seus crimes e serão apresentados à humanidade como exemplos negativos: Hitler, Franco, Salazar e tantos outros devem ser lembrados para evitar que o mal que fizeram se repita, pois como afirmou Charles De Gaulle: “Esquecer um facto é estar condenado a vivê-lo de novo”. Desvio de capitais, corrupção, uso da posição hierárquica para assédio sexual ou moral, tudo resulta de abuso de poder… A cada novo escândalo, no setor público ou privado, no campo financeiro ou sexual, há uma pergunta inevitável: aquela pessoa foi sempre assim ou perdeu-se quando chegou ao topo? Dito de outra forma: o poder corrompe ou apenas revela?

Poder com letra grande Ensino/Educação Mariana Alves, 12ºA

Há centenas de definições acerca do que é o poder. Um dos denominadores comuns passa por destacar a influência de quem manda sobre os seus “subordinados”: a capacidade de os influenciar, de lhes mudar a vida, de tomar decisões sobre assuntos que lhes dizem respeito, de lhes

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Conferência Nacional


O poder das palavras Liliana Martins, 12ºA O ser humano é, por natureza, um ser sociável: carece de interações, depende de outros indivíduos e busca pela integração. E que difícil seria essa socialização sem a palavra! Seja ela falada, escrita ou gesticulada, a palavra é o mecanismo universal que potencia a comunicação e nos confere o estatuto de civilização. Antes de qualquer outra coisa, a palavra é o reflexo de emoções, opiniões e pensamentos interiores. Assim, usar a palavra é comunicar, libertar, impactar. E esse impacto reside não só na interpretação da palavra, mas também e sobretudo na sua expressão. Para além disso, as palavras podem ainda funcionar como uma eficiente ferramenta geradora de importantes discussões e debates. Sendo elas parte integrante e fundamental da argumentação, as palavras permitem o confronto de ideias tão importante na ultrapassagem de obstáculos, no alcance de objetivos e na resolução de tensões. Contudo, seria inconcebível, talvez utópico até, falar apenas da influência positiva das palavras. De facto, uma má utilização das palavras pode conduzir a uma série de mal entendidos e conflitos motivados por uma comunicação deficiente. Para concluir, é inegável o poder que as palavras têm no mundo. Sendo assim, é nosso dever como sociedade usá-las com consciência e desenvolver o sentido de responsabilidade que nos permita calcular e antecipar os seus efeitos. No fundo, é nosso dever sermos empáticos com os recetores das nossas palavras.

Os jovens e a política: a difícil conciliação Francisca Martins, 11.ºA A política é composta pelas ações ligadas à organização, direção e administração das nações. Nos regimes democráticos, tal como o regime vigente em Portugal, é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos através do voto e militância. A vida política de um indivíduo não começa, ao contrário do que é muitas vezes dito, a partir do momento em lhe é concedido o direito do voto, mas sim quando este começa a interessar-se e a formular opiniões sobre os assuntos políticos. No entanto, estudos recentes demonstram que a taxa de abstenção por parte de jovens eleitores e a taxa de desinteresse político pelos jovens de todas as idades têm vindo a aumentar nos últimos anos. Questões de representatividade, prioridades que não encaixam nos seus ideais ou mesmo falta de interesse são algumas das razões dadas para estes factos. Porém, tendo em conta que os jovens de hoje em dia vão ser os decisores e governadores do futuro, que poderão realizar mudanças, não será importante cativá-los para a vida política? Eu considero que sim, é importante cativá-los, no entanto, também considero que muitas vezes esta abstenção por parte das gerações mais novas, não é apenas fruto de desinteresse, mas também de um sentimento de impotência

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perante um sistema que parece ser gerido por um grupo restrito de indivíduos. A ideia de que a administração de estados, organizações e instituições é feita por um grupo de indivíduos, por um partido ou assembleia é desmotivadora para muitos jovens, que consideram, assim, que os esforços para defender os seus ideais e princípios e para realizar uma mudança são inúteis perante as opiniões de indivíduos mais experientes. Desta forma, é importante transmitir aos jovens que serem ativos politicamente, através da formulação de opiniões e a sua discussão, respeitando sempre pontos de vista contrários, é benéfico não só para o indivíduo como para a sociedade. Os seus pontos de vida e perspetivas são favoráveis para a construção de uma sociedade mais justa e correta para todos os cidadãos. Concluindo, na minha opinião os jovens devem envolver-se na vida política, de modo a defenderem aquilo em que acreditam e que consideram ser correto, de modo a construirmos uma sociedade mais justa e inclusiva.

Quem não usa as redes sociais? Cátia Cruz, 12ºA O nosso mundo mudou e temos de nos adaptar a esta nova realidade, virtual. O aparecimento da Internet e, por sua vez, das redes sociais e aplicações, fez com que a maneira como comunicamos se alterasse, tornando-a mais prática, rápida e eficiente. De facto, através de um simples click, estamos instantaneamente em contacto com o mundo. Se, por um lado, as redes sociais nos permitem a comunicação fácil e a criação de uma maior rede de contac-

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tos, por outro, se forem usadas de forma descontrolada ou abusiva, poderão levar ao isolamento social, ao sedentarismo, à diminuição do rendimento escolar e a dificuldades em estabelecer relacionamentos. Aliás, alguns autores introduziram termos como a “depressão do facebook” (tristeza ou angústia profundas pela falta de contacto constante com os outros) ou o “toque fantasma” (sensação de estar a ouvir o telemóvel a tocar ou a vibrar quando na realidade não está) para descrever novos sintomas ou patologias derivadas do uso excessivo das novas tecnologias. Vivemos na Era da Tecnologia e a procura pelas redes sociais e por formas mais rápidas de comunicação é natural, não devendo ser encarada como um problema social desta geração, a não ser em caso de uso excessivo ou de dependência. Um exemplo claro da influência das redes sociais na nossa vida é a trend that girl, em português “aquela rapariga”. É óbvio que não é a rotina de nenhuma rapariga em particular, mas sim um modelo vago de bem-estar que ganhou popularidade no TikTok desde abril de 2021. Tudo o que ela faz é esteticamente muito agradável: acorda cedo, medita num tapete de ioga de frente para o sol, come de forma saudável, estuda, faz exercício, mantém a sua casa limpa e organizada e a lista poderia continuar. Em suma, esta rapariga romantiza a vida. Os hábitos saudáveis que propõe são realistas e motivadores? Ou estabelece padrões tóxicos e irrealistas? Definitivamente, sou culpada por ficar horas a ver vídeos no TikTok ou no YouTube sobre rotinas matinais e “o que eu faço num dia”: mostram-me a vida perfeita que eu gostaria de ter. Às vezes, quando vejo esses vídeos, tenho uma explosão de motivação para limpar e organizar toda a casa, desde fazer a cama a limpar o frigorífico. Mas outras vezes começo a pensar: “Por que é que a minha vida não é assim? Por que é que não posso ser aquela rapariga?”. Ficamos presas à estética, e queremos fazer comida extremamente “saudável”, e caímos na cultura da dieta tóxica de contagem de calorias e restrições alimentares, e precisamos de ter dinheiro suficiente para comprar organizadores fofos e roupas de ginástica fantásticas… E também precisamos de muito tempo para conseguir replicar tudo, o que, para nós que estudamos, é difícil ou mesmo impossível. Nem temos tempo para respirar, quanto mais para agendar tantas atividades! Nem parece a vida real. Enfim, nem só de redes sociais vivem os jovens, nem só na vida dos jovens cabem as redes sociais. Dos oito aos oitenta, elas têm forte impacto, por isso devemos aprender a usá-las com sabedoria, a nosso favor, sem nos tornarmos escravos delas.


causas; o facto de haver uma enorme adesão a este tipo de “corrente”, revela que o nosso sentido de solidariedade não está extinto. O simples facto de termos acesso a muita mais informação promove não só a educação em si, como também permite educar socialmente qualquer um, já que com um simples click podemos obter dados sobre qualquer cultura, o que, do meu ponto de vista, nos confere uma mente mais aberta, mais conhecedora de outras realidades. A isto acresce o facto de podermos contactar com muitas mais pessoas, quer estejam perto quer longe, do mesmo país ou de conti-

As redes sociais e a crise de valores Inês Gonçalves, 11.ºC

nentes diferentes, o que acredito favorecer e estimular a empatia e o respeito mútuo. No entanto, tal como tudo, também as redes sociais têm duas faces da moeda: penso que o respeito entre pessoas é fortemente abalado, no sentido em que o ódio se difunde muito mais facilmente (o cyberbullying é um exemplo disso mesmo), e, visto que nos escondemos atrás de um ecrã, passamos a não nos preocupar nem ter noção do impacto que as palavras que escrevemos têm no outro; considero que também a empatia sai destabilizada uma vez que, apesar de

A sociedade em que vivemos tornou-se mais aberta

as redes sociais nos possibilitarem relacionarmo-nos com

e intercultural, uma sociedade que, de facto, aceita melhor as

mais pessoas, poucos são os que verdadeiramente conhe-

diferenças, em muito devido à globalização que as redes

cemos e aqueles em quem confiamos. Se a solidariedade é,

sociais nos vieram trazer. No entanto, toda esta partilha de

por um lado, promovida acredito que, por outro, sai parcial-

informação, tornou-nos também mais inseguros, repressivos

mente vencida, já que o abuso da mesma e as burlas são cada

e, de certa forma, violentos, levando-nos a suprimir alguns

vez mais frequentes. Também o nosso sentido de justiça é

valores, à partida invioláveis. Neste contexto, surge então a

afetado, posto que somos extremamente rápidos a julgar

questão: qual a relação entre as redes sociais e a crise de

qualquer notícia, qualquer comportamento que nos chegue,

valores humanos com que nos deparamos? Pergunta à qual

tendo apenas acesso a um lado da história, o que nos leva a

respondo afirmando desde já que as redes sociais não só são

fazer julgamentos injustos e precipitados. Como nos preocu-

parte da causa, como também vieram ajudar a difundir essa

pamos cada vez mais em parecer do que em ser, estamos a

mesma crise de valores.

perder honestidade. O exibicionismo é algo extremamente

Antes de mais, o que é isto de valores e a sua crise?

presente neste mundo online, mostrando que a humildade

Os valores são os princípios morais que orientam a conduta

está a desvanecer-se. Por não nos serem mostradas as reais

das pessoas. Esses mesmos valores constituem uma espécie

consequências de alguns atos, passamos a ser imprudentes e

de regras para uma convivência saudável dentro de uma

a acreditar que não haverá repercussões para nós, acres-

sociedade. A expressão crise de valores faz referência a um

centando que cada um publica o que quer sem sofrer as

cenário em que alguns valores tradicionais perdem

devidas consequências por isso, evidenciando que a respon-

importância e, portanto, deixam de ser reconhecidos pela

sabilidade está, em parte, arruinada.

maioria da comunidade.

Assim, e para concluir, considero que é inegável a

É verdade que as redes sociais nos vieram trazer

crise de valores que enfrentamos, crise essa enormemente

inúmeros benefícios que, de certa forma, mostram que os

potencializada pelas redes sociais, hoje em dia usadas por

ditos valores tradicionais não estão totalmente perdidos,

qualquer um. Há uma diminuição dos padrões éticos: hoje

quando, por exemplo, através de partilhas de publicações

tudo é admissível e confunde-se liberdade com permissivi-

online, é possível angariar fundos para apoiar algumas

dade.

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as pessoas, quando põem os pés e seguidamente o seu corpo na rua, se esquecessem dos preconceitos que existem nos seus corações e fossem boas. O segredo do mundo, a meu ver, é esse. Realmente, a bondade que oferecemos às pessoas faz a diferença. A nossa educação é fundamental, tal como o respeito e a igualdade. Guardarmos os nossos olhares julgadores e termos um pouco de bom senso é suficiente para tornar a sociedade um lugar melhor no qual eu me possa, algum dia, orgulhar de viver. Não há muito mais que eu possa dizer. Explico: civismo e ética foram-me incutidos desde muito cedo. É algo demasiado normal para mim para que eu possa comentar. E como compreendo que nunca compreenderei o porquê de a sociedade não compreender, continuo perdendo tempo, pensando e repensando como alguns tratam esta nossa sociedade injusta de “evoluída e delicada”.

A importância da ética e do civismo para a vida em sociedade Carolina Alves, 12ºB “Sociedade evoluída e delicada” – eles dizem. “Todos nos tratamos justamente da mesma maneira civilizada.” – eles dizem. “Nunca me faltou educação quando abordo alguém!” – eles dizem. Com toda a certeza e ignorância. Uns segundos depois, estão a discriminar tudo e todos em meros e ridículos pormenores da nossa vida. Sigo perdendo tempo, pensando e repensando como a vida seria eficaz e bonita, como o mundo seria fácil e ridiculamente descomplicado se houvesse respeito mútuo, se

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Fotografia de: Ana Carvalhais

Desigualdade de género Bruna Campos, 12ºA Ainda muito pequenos já começamos a lidar com as expectativas que a sociedade deposita sobre cada um de nós. Já na infância, entramos em contacto com uma lista de opções, afazeres e tarefas específicas construídos socialmente como “coisa de meninos” ou “de meninas”. Eles gostam de azul, de futebol e de brincar com carros. Elas gostam de cor-de-rosa, de bonecas e de dançar. Essas


diferenciações, entretanto, não são naturais, mas socialmente e historicamente construídas, a partir de padrões normativos do que é ser homem e do que é ser mulher. A sociedade diferenciou mulheres e homens e, depois, atribuiu maior valor às características masculinas e acentuou a desigualdade: colocou os homens em posições superiores e atribuiu-lhes melhores salários e posições de liderança. Para que equilibremos a balança, tudo isto precisa de ser desconstruído, permitindo que as mulheres desenvolvam o seu pleno potencial e desfrutem das mesmas oportunidades. Apesar de ter havido algum avanço, a discriminação das mulheres mantém-se: são julgadas pelo que vestem, pelo que fazem, pelo que são. Se um homem vai à discoteca e se excede no álcool, não tem problema, está só animado; se uma mulher tocar numa gota de álcool, é uma bêbeda. Se uma mulher der um sermão a um homem, este acha que não merece ouvi-lo e que ela não pode julgá-lo. Mas, e quando um homem levanta a mão a uma mulher? Espera que ela perdoe? O feminismo é um dos grandes precursores da luta no combate à desigualdade de género. O conceito surge muitas vezes relacionado com o de machismo, numa relação de equivalência. Contudo, enquanto o machismo prega a ideia de que os homens são superiores às mulheres, o feminismo não defende que as mulheres sejam melhores que os homens ou que tenham mais direitos que eles. Na verdade, a luta da revolução feminista é pelo direito à igualdade em questões políticas e sociais. Muitos dos direitos adquiridos pelas mulheres, como o direito ao voto, são resultados da luta feminista. Ao longo dos últimos anos abriram-se novas oportunidades de carreira para as mulheres, espelhadas não só no aumento da sua participação no mercado de trabalho, mas também na crescente diversidade de funções. No entanto, é nos cargos de liderança que esta evolução tem vindo a revelar-se mais lenta. Segundo Françoise Giroud, “A mulher será realmente igual ao homem no dia em que uma mulher incompetente for nomeada para um cargo importante”. Esta frase reflete o meu pensamento e o de muitas pessoas que acreditam que muitos cargos importantes são atribuídos aos homens pelo simples facto de serem homens, independentemente do seu valor profissional. Enquanto as pessoas não se mentalizarem de que a mudança tem de partir de todos nós e que não podemos simplesmente fechar os olhos e esperar, nunca alcançaremos a tão almejada igualdade. Por isso, a luta pela igualdade de género, que promete durar, ainda, uns bons anos, terá de continuar.

Fotografia de: Ana Carvalhais

“O homem é o lugar de todas as contradições.” – José Saramago Maria Rita Azevedo, 12ºC Recordo-me de, algures no segundo ciclo, ter lido A contradição humana de Afonso Cruz e de gargalhar face às hipocrisias comuns do quotidiano – já não me lembro de quais em concreto, mas algo como ir à missa aos domingos de manhã e às tardes de domingo falar mal da nora. Agora, com uns parcos dezassete anos e uma ligeira bagagem filosófica, sinto-me atrevida o suficiente para refletir sobre a contradição do Homem mais… abstratamente. Começo por mencionar o desejo pessoano (explorado nas aulas de Português) de ser conscientemente inconsciente. Pensar é o nosso maior ofício – e o nosso maior flagelo. Eis a contradição humana que inspira inúmeros artistas: a dor da consciência: do Mal, do Mundo, de Nós. Foi a capacidade de raciocínio que nos levou mais longe, imitando e manipulando a Natureza; e, talvez, por causa disso mesmo, é o raciocínio que nos confere sofrimento – não no corpo, mas na alma. Por outro lado, é também na nossa cabeça que reside a liberdade. Podemos estar fisicamente trancados num quarto, num escritório, numa guerra – a nossa habilidade para imaginar, para sentir, permite-nos viajar para outro estado sem ser o aqui e o agora – aquilo a que o mundo material reduz a nossa experiência da realidade. Concluindo, ser humano é estar aprisionado num corpo e, mesmo assim, não ter barreiras de espaço nem de tempo. E, se Deus é infinitamente presente e infinitamente sábio; se Deus é o Universo; diria que somos uma contradição divina – seres finitos, finitamente sábios, mas com uma conceção presente do infinito: uma maneira do Universo (de Deus?) de se experienciar a si próprio.

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Como é que a psicologia explica a amizade?

dar nada, não lhe devemos nada, não há compromissos. Os verdadeiros amigos não ficam zangados e amuados se não pudermos estar com eles. Os verdadeiros amigos compreendem isto e respeitam as nossas escolhas e liberdades. Este espaço de aceitação é muito benéfico para permitir tal renovação emocional. As relações familiares e conjugais são frequentemente um espaço de pressão e exigência: ser um bom marido/mulher/pai/mãe/filho/filha. A amizade deve ser um espaço de liberdade e de aceitação. (…) Temos de celebrar a amizade, de nos reunir com os nossos amigos e pedir-lhes para trazerem outros amigos que não conhecemos! Desta forma nascem novas amizades, e a novidade é algo altamente estimulante de um ponto de vista psicológico.

Cristiana de Azevedo, 11.ºB Por definição, a amizade é um laço ou relação emocional entre duas ou mais pessoas que é governada por valores essenciais tais como confiança, lealdade, amor, generosidade incondicional, sinceridade, empenho e compromisso. Psicologicamente, os amigos atuam como catalisadores do nosso bem-estar emocional. Sem amigos, cairíamos na saturação emocional. As nossas emoções precisam de renovação, e esta renovação ocorre quando encontramos pessoas com quem estabelecemos relações próximas, íntimas e cúmplices, com as quais já temos muitas relações, experienciamos e partilhamos momentos diferentes. Quando vemos estas pessoas, acedemos quase imediatamente a este mundo de memórias, e estas memórias levam-nos a certos estados emocionais a fim de renovar e reciclar outras emoções já saturadas. Nas nossas vidas somos alvo de várias situações que alteram os nossos estados emocionais e conduzem a estados de ansiedade mais ou menos moderados, estados de stress, e instabilidade emocional. Por vezes, vivemos relações familiares e conjugais em que existem elevados níveis de saturação, discussões contínuas que conduzem a sintomas depressivos. Os amigos são frequentemente a "lufada de ar fresco" que nos permite respirar de novo e reencontrarmo-nos. Quando estamos com amigos, revisitamos e redescobrimos memórias de bons tempos passados e entramos imediatamente e mudamos o nosso estado emocional, a nossa tensão torna-se mais leve, o sorriso volta, as piadas, o bom humor e a energia. Há algo absolutamente fundamental na amizade, no sentido da liberdade que ela promove: um verdadeiro amigo não nos cobra nada, não exige nada de nós, não temos de lhe

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O autoconhecimento: a importância do conhecimento de si próprio Cláudia Gache, 11.ºB O autoconhecimento, como a própria palavra indica, é o conhecimento que uma pessoa tem de si mesma. É a investigação individual que procura identificar as características que mais nos definem, os nossos gostos, inclinações, padrões de comportamento e sentimentos que vivenciamos. Noutras palavras, quer dizer que uma pessoa tem clareza no que toca à sua personalidade, às suas atitudes e emoções perante as adversidades que enfrenta ao longo da sua vida. Isso pode favorecer o desenvolvimento da autoconfiança para efetuar escolhas ou tomar decisões, planear o


futuro e definir objetivos ou metas de forma eficiente. Sócrates até considerava o autoconhecimento o princípio

PASSATEMPOS

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para qualquer conhecimento. Quando uma pessoa conhece pouco a respeito de si própria tende a tornar-se incapaz de lidar com determinadas situações, sujeitando-se a elevados níveis de estresse e ansiedade e a não possuir critério para tomar atitudes que lhe façam bem e às pessoas ao seu redor. Muitas vezes acabam a ser conduzidas por regras impostas pela sociedade sem ter em conta os seus sentimentos, desejos e aspirações, levando à sua frustração. Contudo, conhecer-se melhor ajuda-a no controlo de emoções, tanto negativas quanto positivas. Dominá-las é uma forma de evitar problemas de autoestima, instabilidade emocional, entre outras dificuldades psicológicas. Portanto, o autoconhecimento passa a ser uma habilidade que promove a saúde mental do indivíduo. Também nos ajuda a entender as nossas habilidades e interesses, assim como explora os elementos que não nos são tão favoráveis, as nossas fragilidades. Desta forma, é possível procurar ocupações e cursos mais adequados às nossas competências e desejos profissionais. Com isto, vemos que o autoconheci-

Soluções: Página 37

Quiz - José Saramago

mento é benéfico tanto no âmbito pessoal como no profissional. Quando a pessoa se conhece, ela é capaz de usar as suas aptidões de maneira inteligente e estratégica em diversas áreas de vida, assim como sabe amenizar os efeitos das suas fraquezas, e como trabalhá-las. O autoconhecimento dá-se através da prática constante de análises e reflexões dos nossos pensamentos e ações. Os especialistas sugerem que sejam feitas anotações. Escrever pensamentos e emoções ajuda a fixar na nossa mente o que sentimos e permite uma análise posterior da sua evolução. Essas respostas devem ser dadas o mais honestamente possível de acordo com o que a pessoa é ou sente e não como gostaria de ser. Por isso é que também é um processo de autoaceitação. Depois do autoconhecimento é possível fazer ajustes e melhorias para alcançar o indivíduo que gostaríamos de ser, mas sem mudar a nossa essência. E é por isso que conhecermo-nos é tão importante. Ter a consciência de quem somos permite-nos saber os aspetos que podem ser melhorados, desenvolver o nosso máximo potencial e alcançar sucesso e realização pessoal. Também é um caminho que pode vir a surpreender-nos bastante acerca de nós mesmos e através dessas descobertas possibilita-nos novas experiências e aprendizagens.

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Soluções: 1-a; 2-b; 3-a; 4-b; 5-c; 6-c; 7-a; 8-b


Dar lugar à criatividade RENEGO AS PALAVRAS

Luísa Dias, 12ºB Reneguei as palavras! Deixei de escrever, de falar e até de ouvir! Reneguei as junções de letras que produzem algum som ou sentimento! Reneguei usá-las, recebê-las ou exprimi-las! Quando dei por mim, tinha renegado a vida! Viver sem usar palavras? Como, se tudo aquilo que pensamos tem um nome? A vida é uma palavra; ser humano, duas; gosto de ti, três; e de quatro, cinco, seis, se faz outra parte do mundo. Se a vida é uma guerra, palavras são espadas de dois gumes, e nós, soldados, que tanto as usamos para atacar como para defender. E é aqui, neste campo de batalha, que surge o verdadeiro dilema das palavras: elas não nasceram cravadas a um significado, nós é que lhes damos o signifi-

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cado pelo qual são conhecidas. Os palavrões não nasceram palavras más, bonita não surgiu como virtude, nem burro como insulto. As palavras são aquilo que fazemos delas, são movidas por interpretações e, inevitavelmente, geradoras de discussões. Há palavras que edificam, outras que destroem, umas que trazem calma e outras, tristeza. Cada expressão causa, em quem a escuta, uma ressonância interna própria, acende imagens e pensamentos, forja emoções e sentimentos. Por isso é que palavras fora da boca são como pedras fora da mão. Independentemente do seu significado, a maneira como são ditas distorce-lhes completamente o sentido. Transformam-se ofensas em afeição, conselhos em ordens e elogios em julgamentos. Pedras atacam o físico, palavras, o psíquico! Não há arma mais letal neste mundo! Feridas externas, o tempo sara-as, mas a mossa causada por algumas sílabas pode ser incurável!


AS MINHAS GAVETAS

Luísa Dias, 12ºB Guardo memórias desfocadas, Que desvanecem com o tempo Guardo imagens pouco claras, De quem hoje já não conheço. Desde o dia em que me lembro De ser gente e viver, Guardo nestas gavetas O que jamais quero esquecer. Nestas pequenas caixas, de madeira a ranger, Guardo sonhos de uma vida, que um dia hão de ser.

Trancada a sete chaves, Sem que alguma a possa a abrir, Deixo, naquela gaveta do canto, Outrora, o meu motivo de sorrir. Há aquelas que eu fechei E as que se fecharam a mim, Não fosse o coração Abri-las, só porque sim, Soltar o que penso E todos os meus devaneios, Ver vaguear, sem retorno, Meus segredos, amores e receios. Mas, com o tempo, vi fechaduras vacilar Vi rodas enferrujadas mexer, sem eu mandar, E assim se abriram gavetas trancadas À espera de quem as viesse ocupar.

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Dar lugar à criatividade O TEMPO

Lara Taveira, 12ºA

Rita Bessa, 12º A

Tudo o que temos Um dia vai além. Porém sempre recordarei O que comigo levarei.

O tempo passa, Feliz como a criança. É tão lento que não magoa, Então dou-lhe a minha confiança.

O tempo não se vê. Por muito difícil de crer, Não dá para remediar, Mas dá para superar.

O tempo passa Como a maré avança, Rápido como uma tempestade E altivo como uma majestade.

Há males que vêm por bem, Não menosprezo ninguém, O tempo dirá quem é quem.

Inexorável, o tempo passa. As experiências acabam, As músicas param, As luzes apagam.

Ele não nos ajuda pelo que somos, Mas diz como e quem fomos. Dirão que estou a perder Tempo, Mas quantas vezes perdemos E saímos a ganhar?! Só o tempo pode dizer Se os sonhos se vão concretizar.

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O TEMPO PASSA

E agora magoa, Agora dilacera, rasga e corta e come, Protestante e revoltado, É assim que me consome. Tempo, a quarta dimensão, De mãos dadas, o humano e a sua invenção… Caminho até lá para todo o meu sempre, Mas o melhor será pensar no presente.


John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr são nomes que andaram e andam nas bocas do mundo, sempre que se falava ou fala de música. The Beatles será a banda mais importante da história da música, não só por ter criado o rock progressivo, mas também por ter levado o rock puro à radio. Mas de que forma é que eles mudaram a música? Tudo começou em 1959, quando John Lennon - que integrava a banda “The Quarrymen” - conheceu Paul McCartney, um músico guitarrista e vocalista. Mais tarde, juntaram-se George Harrison, um jovem prodígio guitarrista, e Ringo Starr na bateria. Com todos os membros integrados, precisavam de um nome. Como estava na moda as bandas usarem nomes que fizessem referência a animais, surgiu a ideia do nome “The Beetles”, e depois

ano, apresentam diferenças tremendas de som, muito pela fase experimental pela qual estavam a passar. Seguem-se “Revolver” de 1966 e “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band” de 1967, e estes dois (principalmente o último) mudaram a forma como se produziam álbuns. Seja pela arte seja pela sonoridade, eles serão sempre um ponto de viragem na história da música, talvez muito pela criação do género Rock Progressivo, que mais tarde inspirou bandas como Pink Floyd e Yes. Em 1969 e 1970, temos respetivamente “Abbey Road” e “Let it Be”, álbuns que dispensam apresentações com músicas menos psicadélicas e trazendo uma sonoridade mais pop rock, com mais hits de sucesso. Em suma, estes rapazes de Liverpool ficaram para a história, conhecidos por muitos como a melhor banda de todos os tempos. E não é para menos, pois eles conseguiram mudar o que conhecemos hoje como música, para sempre.

CURIOSIDADES

João Gonçalo Morais, 12ºB

QUEM É FÃ DOS THE BEATLES?

Fotografia de: Ana Carvalhais o nome “The Silver Beetles”, mas a banda acabaria por chegar a um consenso: fazer um trocadilho com as palavras “besouro” e “batidas” e assim ficou: “The Beatles”. Agora imaginemos que estamos em 1963 e que somos adolescentes americanos que apenas têm acesso à rádio como meio de comunicação. Do nada, chegam estes meninos com sons nunca antes ouvidos, capazes de enlouquecer qualquer tipo de jovens da altura e gerando um fenómeno conhecido por “Beatlemania”, um delírio total dos mais novos fãs da banda. Por efeito bola de neve, deu-se a “Invasão Britânica”, nada mais nada menos que a chegada de bandas britânicas aos Estados Unidos, como “The Rolling Stones” e “The Animals”. Mas, voltemos à questão inicial: de que forma é que The Beatles revolucionaram a música para o que hoje conhecemos? Na verdade a resposta é muito simples: êxito atrás de êxito, atrás de êxito. Aliás, em 1964, no top 5 da Billboard, constavam apenas músicas dos The Beatles. Passando para a discografia deles, temos o seu álbum de estreia “Please Please Me” de 1963, o “Hard Day’s Night” de 1964, “Help” e “Rubber Soul” de 1965 que, apesar de serem do mesmo

Soluções: Página 33

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CURIOSIDADES

da prisão. Walton pediu que o seu livro fosse encadernado com a sua própria pele e oferecido ao único homem que alguma vez lhe resistiu

Rita Bessa, 12ºA

durante um roubo, o que lhe terá mudado a perspetiva de vida. Neste caso, o livro antropodérmico não simboliza morte ou crime (como

A bibliopegia antropodérmica é a arte de

encadernar livros, completa ou parcialmente, em pele humana.

poderíamos julgar), mas adquire um valor sentimental, como uma relíquia que celebra uma vida.

Existem dezoito exemplares confirmados e a maioria destes livros

O terceiro motivo que leva à bibliopegia antropodérmica

data dos séculos XVIII e XIX, mas estima-se que haja mais em

prende-se com a ascensão da medicina clínica no séc. XIX. Nesta

coleções privadas.

época, o corpo humano era o material supremo na investigação e,

Movida pela curiosidade sobre este assunto, resolvi

com a dissecação, era possível desvendar os seus mistérios e desco-

pesquisar sobre este tipo de bibliopegia, na tentativa de encontrar

brir doenças e curas. Os médicos, alguns com gosto pelos livros,

alguma explicação que não rotule categoricamente esta prática de

tinham acesso privilegiado a corpos não reclamados de pessoas

desumana e cruel. Destacarei as três razões mais relevantes que

pobres e doentes. Os mais sinistros puderam realizar o desejo

levaram alguém a fazer um livro de pele humana.

extravagante de terem um livro antropodérmico. (…)

The dance of death, encadernado em pele humana Hans Holbein, 1889. Este livro é considerado o mais bonito dos livros antropodérmicos, por ser decorado, ao contrário de outros que têm o aspeto de um livro comum.

Burke's skin pocket book (o livro encadernado com a pele de William Burke – 1830)

Dark Archives: A Librarian's Investigation Into the Science and History of Books Bound in Human SkinMegan Rosenbloom,

BIBLIOPEGIA ANTROPODÉRMICA: ARTEFACTO HISTÓRICO OU CRIME ABOMINÁVEL?

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A primeira, a mais básica de todas e direcionada a coleciona-

Com origem numa época em que não existia o consentimento

dores, visa adicionar valor a um livro. Pessoas com livros raros ou

(conceito com o qual estamos, hoje, completamente familiarizados),

antigos na sua posse terão achado digno utilizar o material de

a maior parte foi feita sem ele. As pessoas morreram sem saber o que

encadernação mais raro do planeta - a pele humana.

lhes ia acontecer, o que constitui – a meu ver - um crime hediondo.

A segunda razão, por mais contraditória que pareça, aponta

Enfim, colocam-se algumas questões: devemos considerar

este tipo de encadernação como forma de celebrar a vida das

estes livros um artefacto histórico ou um objeto que simboliza um

pessoas cuja pele é utilizada. Aqui entra a história de George

crime abominável? Será melhor tratá-los e analisá-los ou, pelo

Walton (pseudónimo de James Allen). Walton foi abandonado pelo

contrário, destruí-los ou enterrá-los como restos humanos que são?

pai e, depois da morte da mãe, dedicou-se ao crime e assaltou várias

Pessoalmente, penso que são pedaços de história que não devem ser

pessoas. Apesar de ter sido preso várias vezes, conseguiu sempre

destruídos, pois revelam eras e pessoas que, por mais obscuras que

escapar. No final da sua vida, preso uma última vez, arrependeu-se

sejam ou nos pareçam, já não podemos alterar. Esta é a minha

das suas ações e dedicou-se a escrever a sua biografia com o diretor

opinião, deixo-vos a refletir sobre a vossa…


CURIOSIDADES SIMBOLOGIAS… Verónica Amado, 12ºA Ferraduras, trevos de quatro folhas e a

árvore da vida são alguns dos símbolos associados à sorte e às boas energias. Mas nem todos os símbolos são de significado geral e, tal como significam coisas boas, podem também despertar um sentimento de angústia ou até traumático para quem os vê. A simbologia é um fator muito importante em sociedade e comigo não é exceção. A maior simbologia presente na minha vida é o mar (e tudo o que ele engloba), pois, apesar de morar no interior, nasci no litoral e sempre me acalmou ir ver o mar e entrar nas suas ondas salgadas. Na simbologia geral, o mar simboliza o dinamismo da vida, o nascimento, as transformações, morte e, até, renascimento. Tal como a antítese do mar significa tanto a vida como a morte, esse mesmo símbolo pode significar conforto (como no meu caso) ou,

pelo contrário, trauma, devido às violentas tempestades e aos terríveis desastres. Apesar de estar relacionada com o mar e com as marés, a lua tem outro significado para mim. Não me proporciona apenas conforto, é também a prova de que podemos dar a volta por cima, pois, mesmo desaparecendo por alguns dias, volta sempre, brilhante e iluminada. Para mim, a lua relembra que a vida é feita de fases e que toda a gente tem sempre um lado que nunca vemos. Simbolizando a feminilidade, a passividade, a fertilidade, a periodicidade e a renovação, não me espanta que sempre tenha sido importante para mim, já que desde pequena me sinto fascinada pela deusa Vénus e por tudo o que a engloba. Concluindo, os símbolos que mais impacto têm na minha vida estão, de certa forma, relacionados com a água, a vida e a feminilidade. Acreditar em simbologia faz-nos, na minha perceção, levar a vida com mais leveza.

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HÁ MAIS VIDA PARA ALÉM DA ESCOLA

HÁ MAIS VIDA PARA ALÉM “Somos mais que um grupo de indivíduos que leva o seu instrumento musical e toca a peça colocada na estante à sua frente,

Maria Manuel Carvalhais

somos um grupo que passa pelas mais extraordinárias e divertidas experiências que podem existir na vida. Somos uma família com inúmeras recordações cantadas na mente” – confessa Alexandre

Nem só de escola e de estudo vivem os nossos alunos e são muitos os que se dedicam a atividades que, mais ou menos lúdicas,

Penelas, músico da Banda de Mateus, que reserva o seu fim de semana para a prática musical.

completam as suas vidas, lhes dão prazer e força para crescerem e serem pessoas melhores. A música, o desporto e o escutismo têm um lugar destacado no leque de escolha das ocupações “para lá da escola” e o tempo que lhes é dedicado oscila entre uma vez por semana e os treinos diários! Quanta dedicação!

Para Maria Carolina Eira “a natação representa uma segunda família que estará sempre lá para mim, independentemente do que acontecer. É uma atividade que me faz esquecer de tudo; à minha volta só existe água, mais nada!”. A Maria Carolina treina sete vezes por semana e considera a conciliação com a vida escolar muito difícil, “mas quando queremos muito alguma coisa esforçamo-nos ao máximo para consegui-la. Normalmente estudo em todos os tempos livres que conseguir e aproveito os fins de Por que o fazem e como conciliam estas atividades com as escolares? “É um jogo, uma viagem de descoberta, um modo de vida” – afirma Carolina Ribeiro, praticante de escutismo; para Rita da Silva, ser escuteira “é uma maneira de descontrair, de passar tempo e socializar”. Esta atividade ocupa-lhes algumas horas ao sábado e articula-se bem com as tarefas escolares.

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semana”.


CONTO BRILHANTE E PRATEADO Diego Dinis, Débora Dinis, 7º D

M DA ESCOLA Francisca Martins considera o voleibol um passatempo,

“mas também algo que me dá muito gosto. Neste momento é mesmo uma das minhas prioridades”. Por isso, procura organizar bem o seu cronograma, planeando o que tem de fazer de forma a conseguir ir sempre aos treinos e jogos, o que ocorre umas quatro ou cinco vezes por semana. O mesmo acontece com Beatriz Gonçalves, praticante do mesmo desporto e a quem o voleibol proporciona “um sentimento de satisfação enorme” pois é “uma paixão”. O estudo vem depois do treino.

Estes e muitos outros, que não ouvimos ou não quiseram ser nomeados, trilham este caminho de práticas que os completam, os ensinam a gerir o tempo, a fazer escolhas, a serem solidários, a respeitarem o grupo, a terem sentido da responsabilidade, a transformarem em gosto os sacrifícios, a divertirem-se de forma saudável: tudo aprendizagens importantes para a vida que a escola, só por si, não consegue, muitas vezes, proporcionar. Merecem admiração!

Ali para os lados de Trás-os-Montes, mas não numa vila, numa das aldeias por ali, vivia um burro. Desde sempre, desde que se conhecia como burro, a sua função era ajudar o dono nas tarefas agrícolas. De sol a sol, a chover… ou a nevar… não havia descanso! Mesmo sem nunca ter sido amarrado com corda ou corrente, sentia-se prisioneiro naquela vida de miséria…. E agora, velho e sem forças, ainda tinha que aguentar o mau humor do dono que passava o tempo a esbravejar: – Besta velha e cansada! Já nem com a albarda pode! Raios partam a besta excomungada! – repetia o homem vezes sem fim. Foram anos de fiel serventia àquele patrão, por isso o nosso amigo burro achou que não merecia tamanha ingratidão. Passou dias e dias a matutar no assunto, até que tomou uma decisão: – Se já não sirvo para mais nada aqui, vou-me embora em busca de um novo dono. O pobre animal esperou a calada da noite e saiu porteira fora, em busca de melhor destino. Marchou quilómetros sem parar, com receio que o antigo dono viesse à sua procura. Passou rios, vales e montanhas… sentia-se exausto e o desânimo tomou conta de si: – Será que fiz a escolha certa? Agora nem dono, nem casa, nem sei para onde ir. – lamentava-se o pobre animal. Ainda pensou em retornar à antiga vida, mas foi só lembrar os maus-tratos pelos quais havia passado que decidiu seguir em frente. O tempo ia passando e nada mudava. O burro continuava triste, sozinho e a sentir-se inútil. Resolveu parar em baixo de uma frondosa árvore à beira de um ribeiro. Já nem dava pelas horas quando sentiu um barulho ao pé de si. Despertou muito assustado e ficou ainda mais espantado com o que acabara de ver… Um burro com óculos! – Que susto! Pensei que estavas morto! – disse o burro de óculos. – Eu? Morto? Logo agora que comecei a gozar a minha reforma? Nem pensar! – retrucou o outro. – Bem, antes de mais, vamos às apresentações – continuou o burro de óculos. Eu chamo-me Brilhante. Deram-me este nome não por causa da cor do meu pelo, mas porque, eu, de burro, não tenho nada! Eu gosto de ler e dar lições às gentes que encontro. E tu, como te chamas? – Não sei. O meu antigo dono passou a vida a chamar-me de “besta”. Talvez este seja o meu nome…. – Que nada! Besta é sinónimo de burro. Então, se não tens nome, podemos arranjar-te um depressa. Que tal: Cometa? Ou Júpiter? Ou Manso? – Não me agradam muito…. – Já sei… Eu sou o Brilhante… e tu serás o Prateado! Deste, já gostas? – Sim, ótima ideia! Adorei! – O que fazes aqui, amigo Prateado? – perguntou o Brilhante. -– Ando há dias, sem parar, a fugir do meu antigo dono. Fartei-me da vida que tinha: anos de sofrimento, muito trabalho e, agora, que estou velho ainda pior. – lamentou-se.

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lições de vida… A vida é um eterno combate. Já dizia o grande filósofo alemão Johann Goethe: “Apenas é digno da vida aquele que, todos os dias, parte para ela em combate!” Então, vamos a isso, companheiro! Não fujas à luta! – encorajou o Brilhante. – As tuas palavras são muito bonitas, mas de nada me adiantam… não vão resolver o meu problema. O burro Brilhante percebeu que o amigo Prateado estava a passar por um momento muito delicado… e foi aí que, mais uma vez, fez justiça a seu nome: teve uma brilhante ideia… – E se viesses comigo para o circo? – Eu? No circo? O que iria fazer lá? Ainda se soubesse ler como tu… - disse o Prateado. – Nada disso! Ainda me roubarias o lugar… - riu-se o Brilhante. Tu poderias servir de montaria para as crianças. No intervalo dos espetáculos, ia saber-lhes bem dar uma voltinha de burro. – Achas que vão aceitar-me lá? – duvidou o Prateado. – Nem duvides disso! Ou não me chamo Brilhante! E lá foram os dois burros rumo àquele que seria o novo lar do Prateado. Ele foi logo aceite pela família circense e, naquela mesma noite, estreou-se no mundo dos espetáculos… Depois da apresentação de mágicos, trapezistas, contorcionistas e palhaços, entrou no picadeiro o burro Brilhante. A pequenada adorava o Brilhante… e, a partir daquele dia, também passou a fazer a alegria do Prateado. Ele levava-as a passear pelo circo, parava para tirar fotos com elas… Nunca tinha sido tão feliz! Quando achava que tudo havia perdido, a sua vida ganhara um novo sentido. Tudo graças ao seu amigo Brilhante… Os dois formaram uma dupla inseparável e imparável. Iam de aldeia em aldeia a divertir miúdos e graúdos. E agora, podeis estar a perguntar: Burros que falam? Que pensam? Que usam óculos? Que sabem ler?... Bem, se isso foi verdade ou não, não sei… só sei que foi assim…

[“Desafios Lá P´ra Casa” atividade de escrita articulada entre

– Que horror! Nem quero imaginar o que é viver assim. Quando era pequenino fui oferecido a um rapazinho que gostava muito de livros. Com ele, aprendi a ler e hoje conto histórias e piadas para as crianças no circo. – orgulhou-se o Brilhante. – Sorte a tua! Ainda hoje tens serventia e fazes algo de que gostas…. Já eu… pobre de mim… a minha vida acabou. Nem para onde ir tenho! – resmungou o Prateado. – Meu caro novo amigo, se lesses como eu, ias aprender muitas

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Português e a Biblioteca Escolar pelos alunos das turmas 7º D, 7º G e 8º E, coordenada pela professora Salete Valente, visa promover o gosto pela leitura, criar hábitos e desenvolver a competência de escrita em família, aproximar e promover o diálogo entre o aluno e a família, de modo a que esta se envolva no processo de ensino/aprendizagem dos seus educandos. Desafio: Tema do MIBE 21 “Era uma vez… contos tradicionais de todo o mundo”; Ponto de partida: Recolha de vocabulário próprio desta tipologia textual. Palavras sorteadas pela biblioteca a utilizar na elaboração de uma história real ou imaginária: burro, prisioneiro, miséria, combate e delicado.

]


DESPORTO

Alunas do curso técnico de juventude colaboram na realização do encontro regional de boccia

Elsa Alves No dia 11 de maio decorreu, no Pavilhão dos Desportos de Vila Real, o regional de Boccia do Desporto Escolar. A professora Carla Alves e as alunas do Curso Técnico de Juventude colaboraram na organização deste grande evento desportivo, que contou com atletas da modalidade de Boccia do Desporto Escolar,

Temos árbitro!

oriundos das coordenações locais dos distritos de CLDE de Braga (EBS Vale do Tamel, Barcelos, ES D. Sancho I, Vila Nova de Famalicão, EB Frei Caetano Brandão, Braga, e EB Gonçalo Nunes de Barcelos); CLDE de Bragança (EBS Vila Nova de Foz Côa); CLDE de Entre Douro e Vouga (EBS Dr.º Manuel Laranjeira,

Elsa Alves

Espinho, EBS Soares de Basto, Oliveira de Azeméis, EB Loureiro, Oliveira de Azeméis e EB de Escariz, Arouca); CLDE do Porto (EBS D. Dinis, Santo Tirso, EBS Campo, Valongo ES Valongo e

Rúben Fernandes, aluno do 12º D, esteve presente no

EBS Vallis Longus, Valongo); CLDE do Tâmega (ES Lousada, EB

regional de Futsal que decorreu em São João da Madeira, atingindo

Marco de Canaveses, ES Resende, EB Eiriz, Paços de Ferreira e AE

o nível 4 do Plano Nacional de Formação de Juízes Árbitros

Lousada Oeste); CLDE de Viana do Castelo (EB Darque, Viana do

Escolares.

Castelo, EBS Paredes de Coura); CLDE de Vila Real (ES Latino Após a realização de várias etapas de formação, como

Coelho, Lamego e EB Diogo Cão).

árbitro de futsal do Desporto Escolar, o Rúben estreou-se no

O Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus, mais

Campeonato Nacional da modalidade, que decorreu em Viana do

uma vez, mostrou o grande empenho e profissionalismo dos seus

Castelo, nos dias 19, 20 e 21 de maio.

alunos dos cursos profissionais.

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Informações ES Morgado de Mateus (sede) Morada: Agrupamento de Escolas Morgado de Mateus Rua Dr. Sebastião Augusto Ribeiro 5004-011 Vila Real Telefone: 259 325 632 Fax: 2593 325 939 Página Web: http://www.aemm.pt email: direcao@aemm.pt Coordenadas de localização do agrupamento Latitude: 41º 17´ 68´´ - Norte Longitude: 7º 43´ 29´´ Oeste

Ficha técnica Coordenação: Maria Manuel Carvalhais Editoras: Teresa Capela, Manuela Leal e Maria Manuel Carvalhais Design: José Armando Ferreira

Outras escolas do agrupamento EB 2/3 Monsenhor Jerónimo Amaral (tel. 259325052) EB Vila Real nº7 (tel. 259327284) EB Abade de Mouçós (tel. 259356547) EB do Douro (tel. 259321441) JI de Ponte (tel. 259374397) JI de Mateus (tel. 259325689) JI de Torneiros (tel. 259374691) JI de Vila Meã (tel. 259929172) Horário dos serviços administrativos (escola sede) Das 8.00h às 16.45H

Departamento de Línguas do Agrupamanto de Escolas Morgado Mateus

Publicação financiada:

Apoio

AGRUPAMENTO

DE ESCOLAS

MORGADO

DE MATEUS Vila Real


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