32 em Movimento São Paulo, 31 de Dezembro de 2.011
"Do culto da epopéia máxima surge das trincheiras do tempo o Jornal 32. Celebrando nossos mortos São Paulo estará mais vivo do que nunca." Paulo Bomf im
Edição número 12 - Sociedade Veteranos de 32 - MMDC
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Com a palavra, O Presidente de Honra por Cap. Gino Struffaldi
A canção italiana, “Quando m' innamoro”, de autoria de Emilio Pericoli e cantada por Gigliola Cinquetti, cuja letra reproduzo parcialmente a seguir, em dois idiomas, diz: Dicono che non só trovare un f iore E che non hó mai niente da regalare Dicono che c'e un chiodo dentro Il mio cuore E che per questo non puó palpitare. Dizem que não sei achar uma flor E que nunca tenho nada para presentear Dizem que tenho um prego em meu coração E que por isso não pode palpitar. Nas palavras seguintes, a cantora desmente o que dizem as más línguas e declara que sabe retribuir o amor que lhe dedicam.- Gigliola Cinquetti, quando lançou a canção era, além de ótima cantora, uma linda adolescente que tinha gentileza até no nome, pois Gigliola deriva-se de 'Giglio' que é a flor símbolo da pureza. No entanto, há no mundo muitas pessoas que respondem perfeitamente à descrição contida no início da canção. A maioria por não ter recebido ensinamentos adequados de parte dos pais, em geral pessoas que também não receberam qualquer informação a respeito desse importante assunto. Incluo-me nesta última categoria. Em 1930,
adolescente, fui levado para a Itáiia, onde já havia morado, porque minha mãe estava muito doente e lá veio a falecer em 1931. Durante meses, ao levantarme pela manhã, saía de meu quarto e atravessava um hall de uns 4 metros para ver minha mãe, acamada com doença grave que a castigava com dores terríveis. Buon giorno mamma, come stai? – Dizia isso já pensando em sair e, após uns dois ou três minutos, descia para o café da manhã e só aparecia no dia seguinte para o mesmo procedimento. Não me lembro quantos meses isso durou, pois fui estudar numa cidade a 30 quilómetros de minha casa, em co l é g i o i n te r n o , o n d e me encontrava quando ela faleceu. Muitos anos mais tarde aprendi que as pessoas idosas, especialmente as doentes, precisam
de atenção, contato, apôio e carinho. Uma simples telefonada pode tirar um doente de grande sufoco emocional. Não pensem que eu esteja carente: embora idoso e com problemas sérios de saúde, tenho toda a assistência de meus familiares, f ilho, f ilhas, netos, netas, nora e genros, maridos e esposas de netas e netos e, especialmente, de minha querida esposa com quem estou casado há mais de 72 anos. O que sinto é um grande arrependimento por não ter f icado mais tempo com minha mãe, mesmo sem ter qualquer tipo de obrigação a cumprir fora de casa. Se fosse hoje, após o café, subiria para o quarto dela e f icaria horas curtindo minha mãezinha, procurando amenizar-lhe o sofrimento, contando-lhe estórias da minúscula aldêia de montanha onde vivíamos, nos apeninos toscanos, ou da ensolarada cidade de Santos, onde nasci e havíamos morado durante 10 anos. Meu sobrinho médico, que dirigia um departamento de oncologia do hospital de uma universidade federal, disse-me haver lutado muito até conseguir uma seção para idosos, o que não existe em grande número de hospitais, ao passo que em muitos deles há departamentos exclusivos para crianças. Como vemos, o idoso é ainda um ser descartável. Não é incomum vermos idosos mal vestidos, sujos e mal a l i m e n ta d o s re s i d i n d o em quartinhos desconfortáveis nos fundos de residências luxuosas e cujos f ilhos estão bem de f inanças. Questão de informação, de mentalidade, de bom senso e de altruísmo.