Projetos Coletivos
Projetos Coletivos Elaboração e Gestão de Projetos Coletivos
Apoio:
Realização:
Tutoria Marcos Carmona Coordenador de Projetos da Rede Mobilizadores
Sílvia Sousa Assessora de comunicação da Rede Mobilizadores
Apresentação
Objetivo
Programação
Curso tem o objetivo de ampliar a capacidade de
. MÓDULO 1
elaboração de projetos coletivos e incentivar a autonomia de comunitários para a captação de apoio a iniciativas locais; e contribuir para que as comunidades e seus representantes possam identificar, planejar, construir, monitorar e compartilhar os resultados de cada etapa de um projeto coletivo.
Planejamento de Projetos Sociais: Etapas e metodologias participativas e as dimensões lógica e comunicativa de um projeto . MÓDULO 2 Um exemplo de proposta técnica para comunidades rurais do Semiárido . MÓDULO 3 Fontes de financiamento Dicas
Apresentação O ponto de partida para que os resultados de um projeto comunitário sejam realmente transformadores das condições sociais locais é garantir a participação da comunidade no processo de desenvolvimento, desde a elaboração e até a etapa de avaliação do projeto. “O sucesso da intervenção, ou seja, a efetividade de sua contribuição para a solução ou melhoria da situação-problema enfrentada, depende da compreensão e do consentimento dos atores sociais envolvidos quanto aos propósitos do projeto e, consequentemente, do empenho dos mesmos na concretização de seus objetivos. Isto só é possível – de uma maneira ética – a partir da participação efetiva dos atores sociais – em especial dos beneficiários – em todo o processo de desenvolvimento do projeto, desde sua elaboração até a avaliação de seus impactos”.¹
A efetividade de toda e qualquer ação transformadora no campo social requer uma visão crítica capaz de questionar a todo o momento o sentido da proposta. “O compromisso ético exige que as nossas ações tenham resultados efetivos; que possam contribuir para a transformação positiva das condições sociais; e que estejam comprometidas com os anseios do público-alvo. Esta é a dimensão ética subjacente aos projetos sociais”.²
O projeto ideal deve ser claro na apresentação do que se pretende transformar e apresentar alternativas viáveis para o enfrentamento. Também deve apontar com objetividade quais são os resultados e impactos esperados.
“A elaboração do projeto deve ser vista como um contínuo processo de construção de consensos e de explicação de dissensos. O projeto ganha consistência com o envolvimento desses atores sociais que, pelo fato de sentirem-se coautores do projeto, se empenharão pelo seu sucesso”.³
A partir destas reflexões iniciais, vamos apresentar técnicas que auxiliam na definição da situação a ser modificada; falaremos sobre a escolha de soluções e de alternativas a partir de questões prioritárias; traremos a estruturação de um projeto a partir de uma Matriz Lógica; e falaremos da etapa comunicativa do projeto a partir de uma proposta técnica que irá estruturar um exemplo de apresentação, passo a passo. ¹ ² ³ CAMPOS, Arminda; ABEGÃO, Luís; DELAMARO, Maurício. O Planejamento de Projetos Sociais: dicas, técnicas e metodologias. (apud “Adaptação do conteúdo programático da disciplina “Técnicas em Projetos Sociais” do Curso de Especialização em Gestão de Iniciativas Sociais do LTDS/COPPE/UFRJ).
Módulo 1
Projeto coletivo: planejar para solucionar
Projeto Coletivo: planejar para solucionar Projetar significa planejar algo que se pretende realizar no futuro, com começo, meio e fim previsíveis e programados. Segundo definição da ONU: Um projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados (apud COHEN; FRANCO, 1999, p. 85).
Entende-se por projeto coletivo o planejamento compartilhado, objetivo e detalhado de etapas para solucionar uma necessidade social, onde se estabelece previamente o público-alvo, ou seus favorecidos, as atividades a desenvolver, os recursos necessários e os resultados esperados – tempo, dinheiro, equipamentos e pessoas.
O melhor ambiente para desenvolver um projeto coletivo é caracterizado pela presença das pessoas que têm alguma influência na situação avaliada ou que sofrem suas consequências. “Além de garantir maior coerência ao projeto, o respeito pela cultura e posição de cada um dos atores envolvidos contribui para uma validação dos resultados esperados e um compromisso do grupo com os objetivos estabelecidos pelo projeto.” ¹
Quanto maior for a participação desses atores sociais no desenvolvimento do projeto, maior a chance de um bom resultado. Para caracterizar a situaçãoproblema é preciso apontar os indicadores, ou seja, agrupar informações que irão auxiliar na construção de um projeto mais preciso e eficiente. ¹ Cadernos da Oficina Social 9. O Planejamento de Projetos Sociais: dicas, técnicas e Metodologias. 2002.
Portanto, reúna sua comunidade e inicie uma conversa que procure responder com clareza às seguintes questões:
1) Quem é o público-alvo do projeto? 2) O que ele pensa? 3) Como ele vive? 4) Quais os seus desejos e as suas necessidades?
Reunião com as comunidades maranhenses de Tanque de Valença (Matinha) e Estiva dos Mafra (Mirinzal). Fonte: Igor Almeida, Blog Outros Olhares
Ciclo de vida do projeto O próximo passo é pensar em conjunto sobre o ciclo de vida do projeto. Este ciclo está dividido em 4 etapas distintas: 1)
ELABORAÇÃO: é o momento da identificação do problema, definição dos objetivos, programação das atividades e composição da proposta técnica do projeto.
2)
ESTRUTURAÇÃO: uma vez decidido que o projeto será realizado, é hora de organizar a equipe executora e mobilizar os meios necessários para executá-lo.
3)
REALIZAÇÃO: é o período quando as atividades previstas são realizadas e acompanhadas, de acordo com o planejado. Por vezes é necessário alterar a programação, em razão de fatos não previstos.
4)
ENCERRAMENTO: ao término do projeto é preciso analisar seus resultados e impactos, comparando-se o que se pretendia originalmente com o realmente alcançado. Caso não haja prosseguimento, também é o momento de cuidar da desmobilização do projeto.
Elaboração Ainda sobre a etapa de ELABORAÇÃO é importante: ♦ Identificar a situação que precisa ser transformada. Reúna-se com os interessados e organize as informações disponíveis sobre a situação. Se houver mais de uma questão a solucionar, é preciso decidir a qual, por sua importância ou pela maior facilidade de solução, vai se dar prioridade. ♦ Pensar em como solucionar a questão e nas ações que poderiam contribuir para a mudança. As diferentes alternativas de solução devem ser analisadas para saber se são viáveis. Em seguida, devem ser comparadas, a fim de se escolher a melhor alternativa, a mais adequada.
c) Escolhida a solução, parte-se para programar em detalhes o que vai ser feito, o que se espera que aconteça como resultado da ação e o que se necessita agenciar e disponibilizar de modo a assegurar a realização do projeto. Em linhas gerais, o projeto deve responder: -
Quem? O quê? Por quê? Como? Quando? Quanto?
(histórico da entidade) (apresentação e objetivo) (justificativa) (estratégias de ação) (cronograma) (orçamento)
Metodologias participativas
Metodologias participativas Planejar de forma participativa um projeto social significa: ♦ Dar voz às pessoas que estão diretamente envolvidas na situação a qual se pretende intervir. ♦ Desenvolver um conhecimento comum sobre a situação, que integre não só os saberes dos especialistas, mas também (e especialmente) os das pessoas comuns. ♦ Eleger alternativas, formular estratégias e tomar decisões em conjunto. É importante manter esta estrutura de decisão coletiva durante todo o desenvolvimento do projeto.
METAPLAN
Metaplan O Metaplan é um método de visualização e de moderação que pode ser utilizado em processos participativos de diagnóstico, planejamento e avaliação. A técnica corresponde à utilização de tarjetas (fichas coletivas) sobre as quais os participantes escrevem as suas considerações e depois as fixam em um mural, para que todos possam lê-las. Diferentes cores e formas de tarjetas podem ser utilizadas para distinguir as informações ou diferenciar as contribuições, fases do trabalho, etc.
A mobilidade das fichas afixadas no mural permite que elas sejam rearranjadas em função de consensos ou tomadas de decisão por parte do grupo. No Metaplan, a coordenação dos trabalhos e a mediação das discussões ficam a cardo do Facilitador, que irá propor ao grupo questões relevantes e encaminhar as discussões a partir das considerações apontadas nas tarjetas. As discussões levantadas conduzirão o grupo a obter um produto final que irá compreender, por exemplo, os indicativos sobre a situação, as alternativas propostas, o plano de ação do projeto.
ZOPP
ZOPP O método ZOPP tem como base a Matriz Lógica, e propõe o planejamento de projetos orientado por objetivos a partir das técnicas de visualização e moderação do Metaplan.
A Matriz Lógica trata-se de um instrumento que auxilia não somente na organização lógica dos elementos do projeto, mas que também oferece subsídios para o acompanhamento de sua execução, por meio dos indicadores de desempenho e dos condicionantes externos do projeto.
O instrumental técnico para o planejamento participativo de projetos do ZOOP considera 5 procedimentos de análise na construção da Matriz Lógica: ♦ Análise de Envolvimento ♦ Análise de Problemas ♦ Análise de Soluções ♦ Análise de Viabilidade
♦ Análise de Alternativas
Análise de Envolvimento
Análise de Envolvimento A Análise de Envolvimento, primeiro procedimento para a construção da Matriz Lógica, consiste em realizar um levantamento detalhado dos atores sociais ligados de alguma forma à situação em foco, destacando seus interesses, expectativas e receios, bem como suas potencialidades ou fragilidades no enfrentamento da adversidade em questão.
Para realizar a Análise de Envolvimento, é preciso: ♦ Fazer um levantamento dos atores sociais envolvidos: pessoas, organizações da sociedade civil, empresas, instituições, etc. ♦ Caracterizá-los segundo critérios como: a) categoria ou natureza (indivíduo, associação, ONG, empresa privada, órgão público, etc.); b) papel no contexto analisado (potencial beneficiário, colaborador, opositor, etc.); c) interesses e expectativas; d) dúvidas e receios; e) contribuição para o enfrentamento do problema; f) outros aspectos considerados relevantes.
Análise de Problemas
Análise de Problemas O segundo passo para formar a Matriz Lógica é realizar, sempre em parceria com as pessoas da sua comunidade, a Análise de Problemas, definindo qual é o problema central a ser modificado. Descreva e estabeleça as causas que originam ou agravam a questão identificada como central e a partir dela construa uma Árvore de Problemas, com vários níveis de causas principais. Para a construção da Árvore de Problemas, anote a questão central e abaixo dela, cite suas causas diretas. Abaixo destas, suas causas principais. E assim sucessivamente. Ramifique a árvore até o nível que for passível de mudança.
Para a construção da Árvore de Problemas, a análise das causas pode ser feita respondendo à pergunta “por quê?”. Por exemplo, procure responder junto com a comunidade: Qual a situação atual? Quais as causas da questão identificada? Para quem a situação é percebida como um problema? A questão identificada foi caracterizada em aspectos importantes como social ou econômico? Foram procuradas informações sobre a situação com outras pessoas ou fontes de estudo como livros? Entre os problemas encontrados, esse tem mais importância? Quais os critérios usados para atribuir esta importância?
Em linhas gerais, a técnica de construção de uma “Árvore de Problemas” acontece a partir de uma reflexão coletiva sobre a situação que se pretende modificar, avaliando as reais possibilidades de intervenção.
Árvore de Problemas Problema Central Por quê?
Causa 1
Causa 2
Causa 3 Por quê?
Causa 1.1
Causa 1.2
Causa 2.1
Causa 3.1 Por quê?
Causa 1.1.1
Causa 2.1.1
Causa 2.1.2
Causa 3.2
Análise de Soluções
Análise de Soluções A terceira etapa da Matriz Lógica é construir as possíveis soluções, por meio de uma Análise de Soluções. A participação da comunidade continua sendo essencial, para que se possa pensar coletivamente em diferentes alternativas. A definição dessa análise se dá por meio da Árvore de Soluções. Parte-se de uma possível solução para a questão identificada como central e a comunidade elabora junto uma estratégia para alcançar a situação futura desejada. A partir da solução escolhida relacionam-se as condições principais para se conseguir. Essas condições geram condições secundárias e, desta forma, compõese os diferentes níveis da Árvore de Soluções.
A Árvore de Soluções não pode ser vista apenas como a antítese da Árvore de Problemas. Nem sempre a antítese da causa representa uma condição para a solução, por exemplo, “demora no atendimento” não pode ser simplesmente transposto como “atendimento ágil”. Muitas vezes uma solução criativa e inovadora pode causar maior impacto do que a simples eliminação dos problemas. Portanto procure, junto com a comunidade, identificar várias alternativas de solução que podem contribuir para a melhoria da situação identificada. A perguntachave para montar esta árvore é responder “como?”. E para definir o “como?”, vocês devem propor alternativas viáveis e realistas, como por exemplo:
♦ Definir as condições que permitam afirmar que a questão identificada estaria solucionada em sua totalidade ♦ Elaborar uma estratégia de ação para a solução total da situação ♦ Detalhar a estratégia e os componentes intermediários, que representem soluções para aspectos parciais, porém, essenciais da questão ♦ Estabelecer uma ordem de prioridade pra o componentes parciais em função de sua contribuição para o enfrentamento da situação ♦ Estimar os recursos necessários para a solução de cada aspecto parcial
♦ Comparar os recursos necessários com os meios disponíveis ♦ Selecionar os componentes parciais prioritários compatíveis com os recursos disponíveis ♦ Identificar alternativas de projetos capazes de levar a cabo os componentes parciais selecionados Cada alternativa de solução que se resolva considerar deve ser detalhada em grau suficiente para que possa ser analisada e julgada no Projeto. Esse detalhamento deve ser direto, com breve descrição da metodologia, estimativa do número de pessoas que serão atendidas, custos envolvidos e resultado que se deseja.
Em linhas gerais, a Análise de Soluções baseia-se na construção de uma “Árvore de Soluções” que reflita as condições para que se alcance a situação final esperada.
Árvore de Soluções Situação Final Desejada Como?
Condição A
Condição B
Condição C Como?
Condição A.1
Condição B.1
Condição B.2 Como?
Condição A.1.1
Condição B.2.1
Condição C.1
Análise de Viabilidade
Análise de Viabilidade Na quarta etapa, as alternativas de soluções escolhidas devem passar por uma Análise de Viabilidade, ou seja, uma checagem das potencialidades do projeto antes de sua implementação. A ideia é analisar se a solução escolhida pode ser implementada e se é viável. Os principais aspectos a serem considerados em uma análise de viabilidade são: técnico, operacional, social, financeiro e ambiental.
♦ Viabilidade social: considera as consequências sociais e a relevância para os favorecidos decorrentes dos investimentos realizados ♦ Viabilidade técnica: verifica se as tecnologias/metodologias escolhidas são adequadas e compatíveis com os recursos disponíveis e resultados esperados
♦ Viabilidade operacional: considera a relevância e a justificativa dada pela comunidade, sua capacidade técnica e estrutura organizacional ♦ Viabilidade financeira: analisa os custos envolvidos e a disponibilidade dos recursos para a realização das despesas previstas ♦ Viabilidade ambiental: verifica se há consequências ao meio ambiente e as considera
Análise de Alternativas
Análise de alternativas Na Análise de Alternativas, quinta e última análise dessa série, acontece a priorização das possíveis soluções encontradas na fase anterior, com o objetivo de escolher aquelas que serão desenvolvidas no projeto. Para isto é importante identificar os esforços que vêm sendo realizados para a reversão ou melhoria da situação inicial, pois estas iniciativas podem oferecer indicativos sobre os possíveis caminhos alternativos de ação.
Uma vez determinadas quais alternativas de solução são viáveis, é hora de escolher aquela que será efetivamente proposta. É necessário definir com clareza como vai ser feita a escolha e que aspectos do projeto vão ser analisados e julgados. ♦ Aspectos sociais: facilidade ou dificuldade de aceitação da alternativa proposta ser aceita pelos grupos envolvidos, por questões culturais, de valores ou hábitos ♦ Aspectos técnicos: facilidade ou dificuldade na adaptação à técnica sugerida às condições em que será executado o projeto (principalmente pessoas)
♦ Aspectos de gestão: se o projeto não é complexo demais para ser administrado pela comunidade; se vai fortalecer os envolvidos; se facilita novos apoios ♦ Aspectos financeiros: custos, rendimentos que poderão ser gerados, facilidade de acesso a financiamentos
♦ Aspectos econômicos: sustentabilidade da iniciativa, geração de emprego e renda pelo projeto, tempo de recuperação do capital investido
Resultado das Análises
Resultado das análises Todos esses procedimentos de análise (envolvimento, problemas, soluções, viabilidade e alternativas) devem oferecer como resultado: ♦ Um panorama sobre os atores sociais envolvidos; ♦ A identificação clara do problema alvo de intervenção; e ♦ A definição de alternativas que serão adotadas para o enfrentamento do problema.
Dimensão Lógica e Dimensão Comunicativa
Dimensão Lógica do Projeto A Dimensão Lógica representa o encadeamento entre os elementos do projeto, evidenciando a coerência entre o objetivo geral e os objetivos específicos; entre estes objetivos e os resultados imaginados; e entre os resultados e as atividades relacionadas à concretização dos mesmos. O objetivo “é a situação que se deseja obter ao final do período de duração do projeto, mediante a aplicação dos recursos e da realização das ações previstas”. (COHEN; FRANCO, 1999, P.88)
O objetivo precisa contribuir para solucionar ou amenizar a questão em foco pelo projeto, e deve expressar os interesses da comunidade. Precisa ser verificável, alcançável, realista, específico e adaptado ao tempo.
Dimensão Comunicativa do Projeto A Dimensão Comunicativa consiste especificamente na proposta técnica do projeto, que tem por função apresentar a relevância deste e a competência dos seus executores em implementá-lo.
A coerência da proposta é fundamental, tanto para a negociação junto aos possíveis parceiros ou financiadores, como para estabelecer uma orientação entre os executores quanto à metodologia, objetivos, produtos e atividades do projeto.
Não existe um modelo padrão para a redação de um projeto. Vários modelos podem ser utilizados. Isso dependerá do tipo de projeto, da sua dimensão e de suas intenções. Também depende a quem estará sendo apresentado o projeto, já que muitos financiadores têm roteiro e formulários próprios, bem como exigências com respeito à documentação que deve ser anexada à proposta. O importante é que o seu projeto comunitário esteja completo, que possa transmitir a quem o lê todas as informações necessárias para que sua proposta seja bem compreendida, não só nos elementos que a compõem, com nas suas inter-relações.
O que vimos até aqui?
ESCOPO DO PROJETO METODOLOGIAS METAPLAN ZOOP ANALISES ENVOLVIMENTO PROBLEMAS SOLUÇÕES VIABILIDADE ALTERNATIVAS
DIMENSÕES LÓGICA E COMUNICATIVA
Como será o Módulo 2?
Para ilustrar o processo de elaboração de um Projeto e suas principais necessidades, vamos construir um documento hipotético, passo a passo.
TÍTULO
SUMÁRIO
HISTÓRICO
• LEVE SEMIÁRIDO. Frutas de quintal.
• (...) capacitar os jovens de Lagoa Clarisse para o beneficiamento de frutas nativas para a produção de doces, geleias e para consumo in natura; e fornecer apoio para a comercialização nas 5 instituições de ensino para pré-vestibulandos localizadas na cidade de Tibério (...)
• (...) A Associação Comunitária de Lagoa Clarisse foi fundada em 25 de setembro de 2012, no município de Maxixe (UB), com 18 famílias agricultoras associadas ao quadro social da associação e 45 jovens entre 17-25 anos. O objetivo da associação é atuar na construção de instrumentos de fortalecimento das condições de renda e de trabalhos coletivos das famílias associadas. (...)
Não perca.
Projetos Coletivos
Projetos Coletivos Elaboração e Gestão de Projetos Coletivos
Apoio:
Realização:
Continuação Como falamos no Módulo 1, entende-se por projeto coletivo o planejamento compartilhado, objetivo e detalhado de etapas para solucionar uma necessidade social, onde se estabelece previamente o público-alvo, ou seus favorecidos, as atividades a desenvolver, os recursos necessários e os resultados esperados – tempo, dinheiro, equipamentos e pessoas. Lembre-se de que todo esse planejamento precisa ser construído, essencialmente, com participação da comunidade. Depois de reunir as informações necessárias para iniciar o projeto (utilizando, por exemplo, os métodos Metaplan e ZOOP), começa a segunda etapa. A partir de agora, no Módulo 2, vamos mostrar um exemplo de proposta técnica na prática.
Módulo 2
Um exemplo de proposta técnica
Um exemplo de proposta técnica Para ilustrar o processo de elaboração de um projeto e suas principais necessidades, vamos construir um documento hipotético, passo a passo. Vamos imaginar que as lideranças jovens da comunidade Lagoa Clarisse¹ vão propor, a partir do beneficiamento de frutas nativas, um projeto que incentive a conscientização crítica e agregue valor econômico às práticas alimentares locais, com foco nos jovens. A ideia é gerar uma percepção sobre a importância do alimento que se tem no quintal de casa, valorizando os aspectos nutricional, econômico, ambiental e cultural do Semiárido; e gerar uma nova alternativa de trabalho e renda. ¹ ATENÇÃO: Comunidade Lagoa Clarisse e as demais denominações que entrarão no exemplo são fictícias. São informações criadas somente a título de ilustração, para exemplificar na prática como se pode construir um projeto real.
1. Título do projeto
1. Título do projeto O título do projeto deve refletir o objetivo geral e causar um impacto positivo no leitor. Dê ao projeto um nome curto, claro e objetivo. Procure um nome que facilite a comunicação e divulgação posterior.
Leve Semiárido
Fruta de quintal, do saber ao sabor. Alimento natural e nutritivo, para jovens da cidade que dão valor à boa alimentação. Produzido por jovens do sertão
[Veja que o título do exemplo utiliza uma frase fantasia e expressa a ideia central no subtítulo]
2. Sumário do projeto
2. Sumário do projeto O sumário (resumo) do projeto é uma parte importante do documento. Traz uma apreciação inicial da proposta ao seu futuro parceiro/financiador. Apresente somente aquilo que é essencial. O resumo deve sintetizar, de maneira eficiente, todas as informaçõeschave relativas ao projeto, não devendo ultrapassar 5 ou 6 parágrafos.
Em 2016 o movimento “Comer pra quê?” revelou que para os jovens das capitais “a falta de tempo, o fácil acesso a produtos ultraprocessados e mais baratos, a influência da mídia, o distanciamento dos familiares na rotina alimentar e a maior necessidade de educação alimentar nas escolas estão entre os obstáculos apresentados pelos jovens para a manutenção de uma alimentação criativa e nutritiva”. Em contrapartida, os jovens agricultores de Lagoa Clarisse aprendem desde cedo sobre os valores de sua herança alimentar, da comida sertaneja preparada em casa, com alimentos in natura, proveniente de seus quintais e da agricultura familiar local. Percebendo essas realidades tão diferentes de pessoas na mesma faixa etária (jovens), a Associação Comunitária de Lagoa Clarisse decidiu elaborar o presente projeto. O objetivo é capacitar jovens comunitários em beneficiamento de frutas nativas para consumo in natura e para produção artesanal de doces e geleias e destiná-las à população jovem da cidade. A ação irá proporcionar a inclusão social dos jovens do interior, por meio do processo produtivo comunitário como alternativa de renda; e também irá levar alimentos saudáveis para outro segmento jovem.
Os alimentos serão comercializadas nas 5 instituições de ensino para pré-vestibulandos da cidade de Goiaba, capital do Estado. As instituições estão sob responsabilidade da Secretaria de Educação local, parceira da Associação. Em acordo feito entre as famílias associadas, os jovens irão beneficiar as frutas na cozinha comunitária industrial, equipada e construída em 2016, na sede da Associação, pelo projeto de estruturação “Mão-na-massa”. Para viabilizar o projeto atual “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor”, constam neste documento plano de ação e custo orçamentário para: a contratação de profissionais para a capacitação técnica dos jovens; a aquisição de um veículo apropriado e despesas com deslocamentos de membros da Comissão Organizadora e jovens agricultores, entre a zona rural e a cidade, em apoio ao processo de comercialização; ações de comunicação para conscientização mútua e troca de experiência; e o financiamento de equipamentos complementares e dos suprimentos necessários para os 2 (dois) primeiros lotes (1000 unidades por lote, 2000 unidades no total) dos produtos finais.
[Note que o sumário apresenta, de maneira bastante objetiva: uma questão central; a(s) alternativa(s) encontrada(s); perspectivas de sustentabilidade; a forma de gestão do projeto; e os investimentos necessários]
3. Apresentação da entidade
3. Apresentação da entidade Informe os dados completos da sua organização comunitária.
DADOS GERAIS DO PROPONENTE Associação Comunitária de Lagoa Clarisse CNPJ Estado Município
Contato E-mail Telefone
2x.0xx.30x/0001-x7 Maxixe Lagoa Clarisse
João Maria joao@xx.org.br (8x) 3424-xx00
ASSOCIADOS Famílias Associadas: 18
Crianças (0-14) 18
Adolescentes/ Jovens (15-29) 25
Adultos (30-59) 35
Idosos (60 e +)
16 Nº total de pessoas: 94
LINHA DE ATUAÇÃO Agricultura Familiar e Segurança Alimentar no Semiárido
COMISSÃO ORGANIZADORA Grupo de Líderes Jovens da Comunidade de Lagoa Clarisse
4. Histórico da entidade
4. Histórico da entidade Fale sobre a criação, o contexto histórico da organização e capacidade técnica. Aborde a missão, os objetivos e as linhas de atuação.
Cite experiências vivenciadas, que guardem relação com o projeto atual. Cite também os principais parceiros e apoiadores.
A Associação Comunitária de Lagoa Clarisse foi fundada em 25 de setembro de 2012, no município de mesmo nome, à 34 km de distância da capital Goiaba (MX). Conta com 18 famílias agricultoras inseridas ao quadro social da associação, onde estão presentes 25 adolescentes e jovens entre 15 e 29 anos. São objetivos da Associação promover a segurança alimentar e a agricultura familiar no Semiárido; e atuar na construção de instrumentos de fortalecimento das condições de renda e de trabalhos coletivos das famílias associadas. Os 25 jovens da Associação estão inseridos em atividades que incentivam a sua permanência na comunidade. Há uma constante busca de alternativas de combate ao êxodo rural, com o envolvimento direto desses jovens e de suas famílias. Reuniões mensais fazem da Associação um espaço para a troca de informações e para a produção de conhecimento coletivo. Ações planejadas procuram melhorar e valorizar permanentemente a convivência com o Semiárido. Em 2013, no edital de seleção pública de projetos sociais da Empresa TAL, o projeto da associação “Produção sustentável
no Semiárido” foi escolhido entre mais de 3 mil projetos, valorizando três linhas de atuação: juventude e mulheres do Sertão, geração de trabalho e renda, e sustentabilidade. No ano seguinte, a Associação, em parceria com a prefeitura do município de Lagoa Clarisse, melhorou significativamente o aproveitamento dos alunos da rede rural de ensino, reduzindo o número de repetências e desistências. Foi disponibilizado um ônibus novo para o transporte escolar de crianças, adolescentes e jovens da comunidade. A frequência escolar passou de 60% a 98%, com todos os comunitários em idade escolar matriculados. Em 2015, a Associação elaborou o projeto de estruturação “Mão-na-massa” e em parceria com a empresa TAL2, promoveu um mutirão com voluntários e comunidade para construir a primeira cozinha comunitária industrial da região, na sede da Associação, em uma área de 300 m². O espaço, que segue as normas da Anvisa, contém cozinha industrial, sanitário seco, ducha e alojamento. Também foram conquistados, com apoio da ONG TAL3, uma cisterna, um biodigestor e um sistema de compostagem. O lixo útil seco é separado para reciclagem e destinado à Cooperativa TAL4.
[Note que o histórico enumera a evolução da comunidade]
5. Justificativa do projeto
4. Justificativa do projeto A justificativa faz o prognóstico da proposta. É quando se expõem os argumentos e as considerações que justificam sua existência. A justificativa fundamenta o projeto e suas questões prioritárias. Mostra, em uma sequência lógica, a importância de executá-lo e as mudanças que se espera promover.
Inclua dados quantitativos e qualitativos,
especialmente de fontes oficiais ou reconhecidas. É importante que o projeto reflita a visão da comunidade em relação à demanda a ser trabalhada e compreenda a realidade na qual está inserido. De forma objetiva, descreva os resultados esperados, unificados aos objetivos específicos e à execução da proposta (ações).
A alimentação do brasileiro mudou. O Guia Alimentar para a População Brasileira [Ministério da Saúde, 2014] escreve que “as principais mudanças envolvem a substituição de alimentos in natura ou minimamente processados de origem vegetal (arroz, feijão, mandioca, batata, legumes e verduras) e preparações culinárias à base desses alimentos por produtos industrializados prontos para consumo”. Como consequência, há um importante desequilíbrio no consumo de nutrientes e ingestão excessiva de calorias, hoje associada ao ganho de peso, obesidade e doenças crônicas decorrentes. Com os jovens, de modo geral, não é diferente. O consumo de produtos ultraprocessados, de formulação industrial, ocorre com frequência nesta faixa etária. Em 2016 o movimento “Comer pra quê?” revelou que “a falta de tempo, o fácil acesso a produtos ultraprocessados e mais baratos, a influência da mídia, o distanciamento dos familiares na rotina alimentar e a maior necessidade de educação alimentar nas escolas estão entre os obstáculos apresentados pelos jovens para a manutenção de uma alimentação criativa e nutritiva”. Ciente deste cenário alarmante, desde a fundação, há 4 anos, a Associação Comunitária Lagoa Clarisse tem feito um trabalho
de resgate e valorização do alimento regional, cativando na comunidade reflexões sobre sua alimentação original e seus aspectos culturais, especialmente no Semiárido. Crianças e jovens comunitários participam de atividades semestrais para a promoção da Educação Alimentar e Nutricional, tendo como base o Marco de Referências em Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas [Ministério do Desenvolvimento Social/2012], e discutem os aspectos da alimentação adequada e saudável a partir do alimento sertanejo. Receitas de família são resgatadas e repassadas, reproduzidas em suas propriedades rurais e compartilhadas entre os moradores.
No Semiárido, tanto em anos mais secos quanto nos chuvosos as frutas nativas produzem muito bem. Com sensibilização crítica e capacitação, o potencial econômico desses alimentos pode representar uma fonte de renda transformadora. Basta pensar que se no contexto geral os jovens da cidade carecem de informações sobre hábitos alimentares mais saudáveis, e se as filhas e os filhos de agricultores familiares de Lagoa Clarisse aprendem a beneficiar adequadamente as frutas do sertão para transformá-las em geleias, doces e compotas, nasce uma
interessante forma de intercâmbio entre esses jovens, rurais e da cidade, por meio da agregação de valor às frutas nativas da culinária sertaneja. O beneficiamento artesanal de alimentos atende à demanda dos jovens da cidade e seus interesses e, muito melhor, por ser feito com frutas in natura, seu teor difere-se substancialmente do produto industrializado ultraprocessado. Isto valoriza o jovem que o produz e enriquece a alimentação do jovem que opta por este alimento local. Vivem atualmente na comunidade Lagoa Clarisse 25 jovens. Lagoa Clarisse está situada a 34 km de distância de Goiaba, capital do estado, onde há 5 escolas públicas preparatórias para o Ensino Superior que somam atualmente 2,5 mil alunos matriculados (500 alunos em cada unidade). Se o projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal” alcançar 20% desses alunos – meta viável – o foco na juventude deste projeto será bem sucedido, pois seu objetivo primeiro de gerar consciência crítica sobre as práticas alimentares (nas esferas rural e urbana) será alcançado, revelando o valor da alimentação saudável por meio da conscientização do
verdadeiro papel da agricultura familiar. Isto sem falar na geração de renda e no consequente combate ao êxodo rural.
A parceria com a prefeitura, dada por meio de aproximação com a Secretaria de Educação Municipal, está ainda mais forte este ano. Ciente do projeto, o órgão que administra as instituições de ensino para pré-vestibulandos já expressa importante receptibilidade e sensibilização ao exposto. O bom uso da cozinha industrial comunitária já construída na comunidade, somado à oferta de capacitação instrumental e de apoio local para a comercialização, favorecerá nos jovens o desenvolvimento de vínculos sociais e importante convívio.
Serão esses jovens rurais que se encontrarão com os jovens da cidade para falar de suas produções e levar informação sobre o valor das frutas do Semiárido. A aceitação e o consumo consciente na cidade, agregado aos aspectos culturais e sociais que esta ação representa, trazem a alimentação caseira para uma perspectiva muito interessante e agregadora. É um pensar transformador, que passeia corretamente entre o saber e o sabor, e promove educação e Segurança Alimentar.
6. Público alvo do projeto
6. Público alvo do projeto Fale sobre a abrangência do projeto e o público alvo. Neste item você também pode citar os públicos prioritários (mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência, etc. ); linhas de atuação (convivência com o Semiárido, educação, esporte, etc.); e temas transversais (igualdade racial, equidade de gênero, etc.).
ABRANGÊNCIA TERRITORIAL DO PROJETO Estado
MAXIXE MAXIXE
Município Lagoa Clarisse Goiaba (Capital)
Comunidade
Lagoa Clarisse Préuniversitários
Bioma Semiárido Mata Atlântica
PÚBLICO PARTICIPANTE Adolescentes/Jovens (15-29 anos) 25 comunitários 500 pré-universitários
Adultos/Idosos
50 membros da comunidade acadêmica Impacto direto inicial
Nº de pessoas 25 550 575 pessoas
7. Objetivos e metas
OBJETIVO GERAL
7. Objetivos e metas Baseie os objetivos em interesses comunitários. Busque expressar uma situação positiva a ser alcançada.
Descreva o objetivo geral apoiado no diagnóstico realizado; e apresente os objetivos específicos a partir da descrição do que se pretende alcançar concretamente.
Capacitar jovens comunitários em beneficiamento de frutas nativas para consumo in natura e para a produção artesanal de doces e geleias e destiná-las à população jovem da cidade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS -
Promover consciência crítica sobre as diferenças entre os produtos industrializados ultraprocessados e as frutas beneficiadas artesanalmente
-
Favorecer o desenvolvimento de vínculos sociais e o convívio intermunicipal, promovendo o intercâmbio de ideias entre jovens do campo e da cidade
-
Proporcionar inclusão social produtiva de jovens rurais por meio de capacitação em beneficiamento de frutas como alternativa de renda
-
Melhorar os hábitos alimentares dos jovens e incentivar a alimentação saudável de todos os envolvidos
8. Metodologia
METODOLOGIA
8. Metodologia A metodologia é a descrição do caminho escolhido para se atingir os objetivos, para estabelecer uma orientação sobre os procedimentos adotados e para a execução das ações ou atividades previstas. Deve apresentar como o projeto será implementado, quem são os atores envolvidos e qual o nível de participação/responsabilidade destes.
Durante 2 meses (8 finais de semana, 1 para cada curso), os 25 jovens da comunidade de Lagoa Clarisse serão capacitados em: Segurança Alimentar na convivência com o Semiárido; Resgate histórico das frutas do Sertão; Técnicas básicas e avançadas de beneficiamento de frutas: in natura, geleias e doces; Conservação de alimentos; Controle higiênico sanitário; Rotulagem de alimentos artesanais; Administração orçamentária da renda proveniente do trabalho coletivo. No terceiro mês será colocado em prática a produção, o armazenamento e a rotulagem do primeiro lote, com 1000 unidades. As práticas, tanto no primeiro quanto no segundo lote, serão acompanhados/orientados por mulheres da comunidade, profissional de nutrição, engenheiro de alimentos e professoras de cozinha artesanal. Sob responsabilidade da Comissão Organizadora, com participação de todos os jovens produtores e com apoio da Secretaria de Educação, a etapa seguinte será a realização de 2 mostras: uma para sensibilizar a comunidade acadêmica; e a 2ª para sensibilizar os jovens estudantes pré-universitários.
Após a divulgação direcionada e sensibilização, inicia-se a comercialização, com participação da Comissão Organizadora, apoio da Secretaria de Educação e revezamento entre os jovens produtores, a partir de uma agenda organizada semanalmente.
Após o primeiro mês de comercialização, reúnem-se a Comissão Organizadora e os jovens participantes para discutir os resultados alcançados, planejar ajustes (se necessário), promover o reinvestimento e o compartilhamento da renda. Em seguida, inicia-se o seguindo mês de comercialização, repetindo-se, ao término do mês, a reunião mensal. Uma reunião geral é realizada par compartilhar com todos os associados os resultados dos primeiros meses do projeto, desde a capacitação aos resultados até o momento. Reinicia-se um novo ciclo, da produção à comercialização. E assim sucessivamente. [Note que a Metodologia procura expor as estratégias que serão utilizadas para a concretização dos objetivos]
9. Plano de ação
9. Plano de Ação O plano de ação é um desdobramento da Matriz Lógica. Toma-se a linha de produtos e atividades na matriz e os apresenta em uma planilha, indicando o início e o fim de cada uma delas. Se possível, nomeie os responsáveis pela condução de cada atividade.
PLANO DE AÇÃO
PRODUTO A) Capacitar 25 jovens de Lagoa Clarisse
Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” ATIVIDADES RESPONSÁVEL 1 2 1. Segurança Alimentar na Nutricionista com especialização em convivência com o Semiárido SAN no Semiárido 1 2 2. Resgate histórico das frutas do Engenheiro Agrícola com Sertão especialização em Convivência com o Semiárido 1 2 3. Controle higiênico sanitário Especialista em Nutrição e Saúde 1 2 4. Técnicas básicas para o Mulheres da comunidade Lagoa beneficiamento de frutas: in natura, Clarisse + Nutricionista geleias e doces 5. Técnicas avançadas para o beneficiamento de frutas: in natura, geleias e doces 6. Conservação de alimentos artesanais 7. Rotulagem de alimentos artesanais 8. Administração orçamentária da renda proveniente do trabalho coletivo
MESES (1 a 12) 3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Engenheiro de alimentos + Nutricionista + Assistente técnico
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Especialista em Alimentos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Especialista em Alimentos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Especialista em Economia Solidária
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
PLANO DE AÇÃO
PRODUTO B) Produção de frutas Lote 1
Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” ATIVIDADES RESPONSÁVEL 1 2 1. Adquirir insumos para Comissão Organizadora com embalagem, armazenamento e orientação de engenheiro de alimentos rotulagem dos alimentos e de publicitário
2. Colheita, higienização e armazenamento adequado de frutas
Comissão Organizadora com orientação de homens e mulheres da comunidade e engenheiro de alimentos
3. Beneficiamento das frutas: in natura, doces e geleias (inclui preparo, embalagem, rotulagem e armazenamento adequado)
Comissão organizadora com orientação de mulheres da comunidade, profissional de nutrição, engenheiro de alimentos e professoras de cozinha artesanal
1
2
MESES (1 a 12) 3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
PLANO DE AÇÃO Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” PRODUTO ATIVIDADES RESPONSÁVEL 1 2 C) 1. Apresentar produtos à Secretaria de Comissão Organizadora Ativar Educação com o objetivo de garantir sensibilização apoio para transporte adequado de do poder pessoas da comunidade e de público local alimentos 1 2 e instituições 2. Realizar 2 mostras na Instituição Comissão Organizadora + Jovens de ensino de Ensino: 1 para corpo técnico e 1 Comunitários para estudantes pré-universitários D) Comercializa ção dos alimentos beneficiados
MESES (1 a 12) 3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1. Comercialização nas 5 unidades de ensino, em 2 dias da semana (terças e quintas-feiras) 2. Reunião para discutir resultados e planejar ajustes (se necessário)
Comissão Organizadora + Jovens do Semiárido (escala)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Comissão Organizadora + Jovens Comunitários
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3. Reunião para discutir reinvestimento e divisão de lucros
Comissão Organizadora + Jovens Comunitários
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
PLANO DE AÇÃO
PRODUTO E) Avaliação de resultados com a Comunidade e novo ciclo (Lote 2)
Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” ATIVIDADES RESPONSÁVEL 1 2 1. Reunião com comunitários Comissão Organizadora + Jovens associados para apresentar Comunitários resultados do projeto 1 2 2. Reinício de um novo ciclo, da Comissão Organizadora + Jovens produção à comercialização Comunitários + Associados
MESES (1 a 12) 3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
[Os produtos e atividades do Plano de Ação foram retirados do Marco Lógico. Este, deve ser anexado ao projeto no final]
10. Orçamento
10. Orçamento Faça um detalhamento dos recursos envolvidos na implementação do projeto. Estime os valores monetários e distribua, por elementos de despesa, os custos envolvidos. Especifique as fontes de recursos para cada elemento de despesa.
ORÇAMENTO Período: 01/01/2018 a 20/12/2018
Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor”
Itens de Despesa
Agência financiadora RECURSOS HUMANOS Profissionais para capacitação e apoio técnico 50.000,00 Mulheres da comunidade Contrapartida do proponente Comissão Organizadora Contrapartida proponente Secretaria de Educação do Município de Lagoa Clarisse Apoiador logístico INVESTIMENTOS Veículo adaptado (VAN) para transporte de pessoas e alimentos 120.000,00 Utensílios complementares 3.000,00 DESPESAS OPERACIONAIS Embalagens, armazenamento e rotulagem 10.000,00 Ações de comunicação e divulgação 10.000,00 Alimentação dos participantes 20.000,00 Combustível 2.000,00 VALOR TOTAL SOLICITADO
Total 50.000,00 120.000,00 3.000,00 10.000,00 10.000,00 20.000,00 2.000,00 215.000,00
[O orçamento deste plano de ação está bastante simplificado, mas dá uma ideia de como organizar os itens de despesas. É importante guardar a memória de cálculo que deu origem aos valores discriminados no orçamento]
11. Sistema de acompanhamento
11. Sistema de acompanhamento Descreva como será acompanhado o projeto, apresentando indicadores de desempenho e apresentando procedimentos de avaliação dos impactos do projeto. Indique os responsáveis pelo processo de avaliação.
SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” Avaliação de efetividade (Impactos e efeitos) Objetivo da avaliação Indicadores Troca de experiências Melhorar os hábitos alimentares dos jovens e incentivar a alimentação saudável de todos os envolvidos Favorecer o desenvolvimento de vínculos sociais e o convívio Troca de experiências intermunicipal, promovendo o intercâmbio de ideias entre jovens do campo e da cidade Adesão, participação e Proporcionar inclusão social produtiva de jovens rurais por permanência dos comunitários meio de capacitação em beneficiamento de frutas como alternativa de renda Avaliação da eficácia e eficiência Objetivo da avaliação Indicadores Capacitação dos jovens em beneficiamento de frutas Participação nos cursos Estratégias de comunicação Aceitação Qualidade do produto Comercialização Produção Estoque Comercialização Estoque Alimentação dos comunitários Qualidade do serviço prestado Transporte dos comunitários Qualidade do serviço prestado Satisfação da comunidade Adesão, participação e permanência dos comunitários
Meios de verificação Questionário de avaliação Questionário de avaliação
Verificação in loco e registro em Ata
Meios de verificação Frequência e aproveitamento Questionário de avaliação Pesquisa de satisfação Verificação in loco e registro em Ata
Pesquisa de satisfação Pesquisa de satisfação Pesquisa de satisfação Verificação in loco e registro em Ata
12. Anexos
12. Anexos Nos anexos, você deve colocar a documentação comprobatória da organização proponente (da Associação, por exemplo), e informações que mereçam ser apresentadas, como a Matriz Lógica do Projeto, ou cópia comprobatória de uma seleção anterior (como, no nosso exemplo, da cozinha comunitária construída em um projeto anterior).
Síntese final do Módulo 2
Compreensão do contexto no qual se pretende atuar; Participação ativa de todos os atores envolvidos de alguma forma no projeto; Definição clara da questão a ser abordada e dos objetivos para efetivação; Apresentação de soluções consistentes e inovadoras;
Análise de viabilidade; (...continua...)
Análise de viabilidade;
Conhecimento dos pressupostos; Definição dos indicadores de desempenho e dos meios de verificação; Concatenação lógica de todos os elementos que compõem o projeto; Elaboração de uma proposta coerente, completa e não muito extensa.
Como será o Módulo 3?
No último Módulo deste curso vamos falar sobre fontes de financiamento e trazer as dicas finais.
Projetos Coletivos
Projetos Coletivos Elaboração e Gestão de Projetos Coletivos
Apoio:
Realização:
Continuação Como falamos no Módulo 1, entende-se por projeto coletivo o planejamento compartilhado, objetivo e detalhado de etapas para solucionar uma necessidade social, onde se estabelece previamente o público-alvo, ou seus favorecidos, as atividades a desenvolver, os recursos necessários e os resultados esperados – tempo, dinheiro, equipamentos e pessoas. Lembre-se de que todo esse planejamento precisa ser construído, essencialmente, com participação da comunidade. Depois de reunir as informações necessárias para iniciar o projeto (utilizando, por exemplo, os métodos Metaplan e ZOOP), começa a segunda etapa. A partir de agora, no Módulo 2, vamos mostrar um exemplo de proposta técnica na prática.
Módulo 2
Um exemplo de proposta técnica
Um exemplo de proposta técnica Para ilustrar o processo de elaboração de um projeto e suas principais necessidades, vamos construir um documento hipotético, passo a passo. Vamos imaginar que as lideranças jovens da comunidade Lagoa Clarisse¹ vão propor, a partir do beneficiamento de frutas nativas, um projeto que incentive a conscientização crítica e agregue valor econômico às práticas alimentares locais, com foco nos jovens. A ideia é gerar uma percepção sobre a importância do alimento que se tem no quintal de casa, valorizando os aspectos nutricional, econômico, ambiental e cultural do Semiárido; e gerar uma nova alternativa de trabalho e renda. ¹ ATENÇÃO: Comunidade Lagoa Clarisse e as demais denominações que entrarão no exemplo são fictícias. São informações criadas somente a título de ilustração, para exemplificar na prática como se pode construir um projeto real.
1. Título do projeto
1. Título do projeto O título do projeto deve refletir o objetivo geral e causar um impacto positivo no leitor. Dê ao projeto um nome curto, claro e objetivo. Procure um nome que facilite a comunicação e divulgação posterior.
Leve Semiárido
Fruta de quintal, do saber ao sabor. Alimento natural e nutritivo, para jovens da cidade que dão valor à boa alimentação. Produzido por jovens do sertão
[Veja que o título do exemplo utiliza uma frase fantasia e expressa a ideia central no subtítulo]
2. Sumário do projeto
2. Sumário do projeto O sumário (resumo) do projeto é uma parte importante do documento. Traz uma apreciação inicial da proposta ao seu futuro parceiro/financiador. Apresente somente aquilo que é essencial. O resumo deve sintetizar, de maneira eficiente, todas as informaçõeschave relativas ao projeto, não devendo ultrapassar 5 ou 6 parágrafos.
Em 2016 o movimento “Comer pra quê?” revelou que para os jovens das capitais “a falta de tempo, o fácil acesso a produtos ultraprocessados e mais baratos, a influência da mídia, o distanciamento dos familiares na rotina alimentar e a maior necessidade de educação alimentar nas escolas estão entre os obstáculos apresentados pelos jovens para a manutenção de uma alimentação criativa e nutritiva”. Em contrapartida, os jovens agricultores de Lagoa Clarisse aprendem desde cedo sobre os valores de sua herança alimentar, da comida sertaneja preparada em casa, com alimentos in natura, proveniente de seus quintais e da agricultura familiar local. Percebendo essas realidades tão diferentes de pessoas na mesma faixa etária (jovens), a Associação Comunitária de Lagoa Clarisse decidiu elaborar o presente projeto. O objetivo é capacitar jovens comunitários em beneficiamento de frutas nativas para consumo in natura e para produção artesanal de doces e geleias e destiná-las à população jovem da cidade. A ação irá proporcionar a inclusão social dos jovens do interior, por meio do processo produtivo comunitário como alternativa de renda; e também irá levar alimentos saudáveis para outro segmento jovem.
Os alimentos serão comercializadas nas 5 instituições de ensino para pré-vestibulandos da cidade de Goiaba, capital do Estado. As instituições estão sob responsabilidade da Secretaria de Educação local, parceira da Associação. Em acordo feito entre as famílias associadas, os jovens irão beneficiar as frutas na cozinha comunitária industrial, equipada e construída em 2016, na sede da Associação, pelo projeto de estruturação “Mão-na-massa”. Para viabilizar o projeto atual “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor”, constam neste documento plano de ação e custo orçamentário para: a contratação de profissionais para a capacitação técnica dos jovens; a aquisição de um veículo apropriado e despesas com deslocamentos de membros da Comissão Organizadora e jovens agricultores, entre a zona rural e a cidade, em apoio ao processo de comercialização; ações de comunicação para conscientização mútua e troca de experiência; e o financiamento de equipamentos complementares e dos suprimentos necessários para os 2 (dois) primeiros lotes (1000 unidades por lote, 2000 unidades no total) dos produtos finais.
[Note que o sumário apresenta, de maneira bastante objetiva: uma questão central; a(s) alternativa(s) encontrada(s); perspectivas de sustentabilidade; a forma de gestão do projeto; e os investimentos necessários]
3. Apresentação da entidade
3. Apresentação da entidade Informe os dados completos da sua organização comunitária.
DADOS GERAIS DO PROPONENTE Associação Comunitária de Lagoa Clarisse CNPJ Estado Município
Contato E-mail Telefone
2x.0xx.30x/0001-x7 Maxixe Lagoa Clarisse
João Maria joao@xx.org.br (8x) 3424-xx00
ASSOCIADOS Famílias Associadas: 18
Crianças (0-14) 18
Adolescentes/ Jovens (15-29) 25
Adultos (30-59) 35
Idosos (60 e +)
16 Nº total de pessoas: 94
LINHA DE ATUAÇÃO Agricultura Familiar e Segurança Alimentar no Semiárido
COMISSÃO ORGANIZADORA Grupo de Líderes Jovens da Comunidade de Lagoa Clarisse
4. Histórico da entidade
4. Histórico da entidade Fale sobre a criação, o contexto histórico da organização e capacidade técnica. Aborde a missão, os objetivos e as linhas de atuação.
Cite experiências vivenciadas, que guardem relação com o projeto atual. Cite também os principais parceiros e apoiadores.
A Associação Comunitária de Lagoa Clarisse foi fundada em 25 de setembro de 2012, no município de mesmo nome, à 34 km de distância da capital Goiaba (MX). Conta com 18 famílias agricultoras inseridas ao quadro social da associação, onde estão presentes 25 adolescentes e jovens entre 15 e 29 anos. São objetivos da Associação promover a segurança alimentar e a agricultura familiar no Semiárido; e atuar na construção de instrumentos de fortalecimento das condições de renda e de trabalhos coletivos das famílias associadas. Os 25 jovens da Associação estão inseridos em atividades que incentivam a sua permanência na comunidade. Há uma constante busca de alternativas de combate ao êxodo rural, com o envolvimento direto desses jovens e de suas famílias. Reuniões mensais fazem da Associação um espaço para a troca de informações e para a produção de conhecimento coletivo. Ações planejadas procuram melhorar e valorizar permanentemente a convivência com o Semiárido. Em 2013, no edital de seleção pública de projetos sociais da Empresa TAL, o projeto da associação “Produção sustentável
no Semiárido” foi escolhido entre mais de 3 mil projetos, valorizando três linhas de atuação: juventude e mulheres do Sertão, geração de trabalho e renda, e sustentabilidade. No ano seguinte, a Associação, em parceria com a prefeitura do município de Lagoa Clarisse, melhorou significativamente o aproveitamento dos alunos da rede rural de ensino, reduzindo o número de repetências e desistências. Foi disponibilizado um ônibus novo para o transporte escolar de crianças, adolescentes e jovens da comunidade. A frequência escolar passou de 60% a 98%, com todos os comunitários em idade escolar matriculados. Em 2015, a Associação elaborou o projeto de estruturação “Mão-na-massa” e em parceria com a empresa TAL2, promoveu um mutirão com voluntários e comunidade para construir a primeira cozinha comunitária industrial da região, na sede da Associação, em uma área de 300 m². O espaço, que segue as normas da Anvisa, contém cozinha industrial, sanitário seco, ducha e alojamento. Também foram conquistados, com apoio da ONG TAL3, uma cisterna, um biodigestor e um sistema de compostagem. O lixo útil seco é separado para reciclagem e destinado à Cooperativa TAL4.
[Note que o histórico enumera a evolução da comunidade]
5. Justificativa do projeto
4. Justificativa do projeto A justificativa faz o prognóstico da proposta. É quando se expõem os argumentos e as considerações que justificam sua existência. A justificativa fundamenta o projeto e suas questões prioritárias. Mostra, em uma sequência lógica, a importância de executá-lo e as mudanças que se espera promover.
Inclua dados quantitativos e qualitativos,
especialmente de fontes oficiais ou reconhecidas. É importante que o projeto reflita a visão da comunidade em relação à demanda a ser trabalhada e compreenda a realidade na qual está inserido. De forma objetiva, descreva os resultados esperados, unificados aos objetivos específicos e à execução da proposta (ações).
A alimentação do brasileiro mudou. O Guia Alimentar para a População Brasileira [Ministério da Saúde, 2014] escreve que “as principais mudanças envolvem a substituição de alimentos in natura ou minimamente processados de origem vegetal (arroz, feijão, mandioca, batata, legumes e verduras) e preparações culinárias à base desses alimentos por produtos industrializados prontos para consumo”. Como consequência, há um importante desequilíbrio no consumo de nutrientes e ingestão excessiva de calorias, hoje associada ao ganho de peso, obesidade e doenças crônicas decorrentes. Com os jovens, de modo geral, não é diferente. O consumo de produtos ultraprocessados, de formulação industrial, ocorre com frequência nesta faixa etária. Em 2016 o movimento “Comer pra quê?” revelou que “a falta de tempo, o fácil acesso a produtos ultraprocessados e mais baratos, a influência da mídia, o distanciamento dos familiares na rotina alimentar e a maior necessidade de educação alimentar nas escolas estão entre os obstáculos apresentados pelos jovens para a manutenção de uma alimentação criativa e nutritiva”. Ciente deste cenário alarmante, desde a fundação, há 4 anos, a Associação Comunitária Lagoa Clarisse tem feito um trabalho
de resgate e valorização do alimento regional, cativando na comunidade reflexões sobre sua alimentação original e seus aspectos culturais, especialmente no Semiárido. Crianças e jovens comunitários participam de atividades semestrais para a promoção da Educação Alimentar e Nutricional, tendo como base o Marco de Referências em Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas [Ministério do Desenvolvimento Social/2012], e discutem os aspectos da alimentação adequada e saudável a partir do alimento sertanejo. Receitas de família são resgatadas e repassadas, reproduzidas em suas propriedades rurais e compartilhadas entre os moradores.
No Semiárido, tanto em anos mais secos quanto nos chuvosos as frutas nativas produzem muito bem. Com sensibilização crítica e capacitação, o potencial econômico desses alimentos pode representar uma fonte de renda transformadora. Basta pensar que se no contexto geral os jovens da cidade carecem de informações sobre hábitos alimentares mais saudáveis, e se as filhas e os filhos de agricultores familiares de Lagoa Clarisse aprendem a beneficiar adequadamente as frutas do sertão para transformá-las em geleias, doces e compotas, nasce uma
interessante forma de intercâmbio entre esses jovens, rurais e da cidade, por meio da agregação de valor às frutas nativas da culinária sertaneja. O beneficiamento artesanal de alimentos atende à demanda dos jovens da cidade e seus interesses e, muito melhor, por ser feito com frutas in natura, seu teor difere-se substancialmente do produto industrializado ultraprocessado. Isto valoriza o jovem que o produz e enriquece a alimentação do jovem que opta por este alimento local. Vivem atualmente na comunidade Lagoa Clarisse 25 jovens. Lagoa Clarisse está situada a 34 km de distância de Goiaba, capital do estado, onde há 5 escolas públicas preparatórias para o Ensino Superior que somam atualmente 2,5 mil alunos matriculados (500 alunos em cada unidade). Se o projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal” alcançar 20% desses alunos – meta viável – o foco na juventude deste projeto será bem sucedido, pois seu objetivo primeiro de gerar consciência crítica sobre as práticas alimentares (nas esferas rural e urbana) será alcançado, revelando o valor da alimentação saudável por meio da conscientização do
verdadeiro papel da agricultura familiar. Isto sem falar na geração de renda e no consequente combate ao êxodo rural.
A parceria com a prefeitura, dada por meio de aproximação com a Secretaria de Educação Municipal, está ainda mais forte este ano. Ciente do projeto, o órgão que administra as instituições de ensino para pré-vestibulandos já expressa importante receptibilidade e sensibilização ao exposto. O bom uso da cozinha industrial comunitária já construída na comunidade, somado à oferta de capacitação instrumental e de apoio local para a comercialização, favorecerá nos jovens o desenvolvimento de vínculos sociais e importante convívio.
Serão esses jovens rurais que se encontrarão com os jovens da cidade para falar de suas produções e levar informação sobre o valor das frutas do Semiárido. A aceitação e o consumo consciente na cidade, agregado aos aspectos culturais e sociais que esta ação representa, trazem a alimentação caseira para uma perspectiva muito interessante e agregadora. É um pensar transformador, que passeia corretamente entre o saber e o sabor, e promove educação e Segurança Alimentar.
6. Público alvo do projeto
6. Público alvo do projeto Fale sobre a abrangência do projeto e o público alvo. Neste item você também pode citar os públicos prioritários (mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência, etc. ); linhas de atuação (convivência com o Semiárido, educação, esporte, etc.); e temas transversais (igualdade racial, equidade de gênero, etc.).
ABRANGÊNCIA TERRITORIAL DO PROJETO Estado
MAXIXE MAXIXE
Município Lagoa Clarisse Goiaba (Capital)
Comunidade
Lagoa Clarisse Préuniversitários
Bioma Semiárido Mata Atlântica
PÚBLICO PARTICIPANTE Adolescentes/Jovens (15-29 anos) 25 comunitários 500 pré-universitários
Adultos/Idosos
50 membros da comunidade acadêmica Impacto direto inicial
Nº de pessoas 25 550 575 pessoas
7. Objetivos e metas
OBJETIVO GERAL
7. Objetivos e metas Baseie os objetivos em interesses comunitários. Busque expressar uma situação positiva a ser alcançada.
Descreva o objetivo geral apoiado no diagnóstico realizado; e apresente os objetivos específicos a partir da descrição do que se pretende alcançar concretamente.
Capacitar jovens comunitários em beneficiamento de frutas nativas para consumo in natura e para a produção artesanal de doces e geleias e destiná-las à população jovem da cidade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS -
Promover consciência crítica sobre as diferenças entre os produtos industrializados ultraprocessados e as frutas beneficiadas artesanalmente
-
Favorecer o desenvolvimento de vínculos sociais e o convívio intermunicipal, promovendo o intercâmbio de ideias entre jovens do campo e da cidade
-
Proporcionar inclusão social produtiva de jovens rurais por meio de capacitação em beneficiamento de frutas como alternativa de renda
-
Melhorar os hábitos alimentares dos jovens e incentivar a alimentação saudável de todos os envolvidos
8. Metodologia
METODOLOGIA
8. Metodologia A metodologia é a descrição do caminho escolhido para se atingir os objetivos, para estabelecer uma orientação sobre os procedimentos adotados e para a execução das ações ou atividades previstas. Deve apresentar como o projeto será implementado, quem são os atores envolvidos e qual o nível de participação/responsabilidade destes.
Durante 2 meses (8 finais de semana, 1 para cada curso), os 25 jovens da comunidade de Lagoa Clarisse serão capacitados em: Segurança Alimentar na convivência com o Semiárido; Resgate histórico das frutas do Sertão; Técnicas básicas e avançadas de beneficiamento de frutas: in natura, geleias e doces; Conservação de alimentos; Controle higiênico sanitário; Rotulagem de alimentos artesanais; Administração orçamentária da renda proveniente do trabalho coletivo. No terceiro mês será colocado em prática a produção, o armazenamento e a rotulagem do primeiro lote, com 1000 unidades. As práticas, tanto no primeiro quanto no segundo lote, serão acompanhados/orientados por mulheres da comunidade, profissional de nutrição, engenheiro de alimentos e professoras de cozinha artesanal. Sob responsabilidade da Comissão Organizadora, com participação de todos os jovens produtores e com apoio da Secretaria de Educação, a etapa seguinte será a realização de 2 mostras: uma para sensibilizar a comunidade acadêmica; e a 2ª para sensibilizar os jovens estudantes pré-universitários.
Após a divulgação direcionada e sensibilização, inicia-se a comercialização, com participação da Comissão Organizadora, apoio da Secretaria de Educação e revezamento entre os jovens produtores, a partir de uma agenda organizada semanalmente.
Após o primeiro mês de comercialização, reúnem-se a Comissão Organizadora e os jovens participantes para discutir os resultados alcançados, planejar ajustes (se necessário), promover o reinvestimento e o compartilhamento da renda. Em seguida, inicia-se o seguindo mês de comercialização, repetindo-se, ao término do mês, a reunião mensal. Uma reunião geral é realizada par compartilhar com todos os associados os resultados dos primeiros meses do projeto, desde a capacitação aos resultados até o momento. Reinicia-se um novo ciclo, da produção à comercialização. E assim sucessivamente. [Note que a Metodologia procura expor as estratégias que serão utilizadas para a concretização dos objetivos]
9. Plano de ação
9. Plano de Ação O plano de ação é um desdobramento da Matriz Lógica. Toma-se a linha de produtos e atividades na matriz e os apresenta em uma planilha, indicando o início e o fim de cada uma delas. Se possível, nomeie os responsáveis pela condução de cada atividade.
PLANO DE AÇÃO
PRODUTO A) Capacitar 25 jovens de Lagoa Clarisse
Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” ATIVIDADES RESPONSÁVEL 1 2 1. Segurança Alimentar na Nutricionista com especialização em convivência com o Semiárido SAN no Semiárido 1 2 2. Resgate histórico das frutas do Engenheiro Agrícola com Sertão especialização em Convivência com o Semiárido 1 2 3. Controle higiênico sanitário Especialista em Nutrição e Saúde 1 2 4. Técnicas básicas para o Mulheres da comunidade Lagoa beneficiamento de frutas: in natura, Clarisse + Nutricionista geleias e doces 5. Técnicas avançadas para o beneficiamento de frutas: in natura, geleias e doces 6. Conservação de alimentos artesanais 7. Rotulagem de alimentos artesanais 8. Administração orçamentária da renda proveniente do trabalho coletivo
MESES (1 a 12) 3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Engenheiro de alimentos + Nutricionista + Assistente técnico
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Especialista em Alimentos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Especialista em Alimentos
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Especialista em Economia Solidária
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
PLANO DE AÇÃO
PRODUTO B) Produção de frutas Lote 1
Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” ATIVIDADES RESPONSÁVEL 1 2 1. Adquirir insumos para Comissão Organizadora com embalagem, armazenamento e orientação de engenheiro de alimentos rotulagem dos alimentos e de publicitário
2. Colheita, higienização e armazenamento adequado de frutas
Comissão Organizadora com orientação de homens e mulheres da comunidade e engenheiro de alimentos
3. Beneficiamento das frutas: in natura, doces e geleias (inclui preparo, embalagem, rotulagem e armazenamento adequado)
Comissão organizadora com orientação de mulheres da comunidade, profissional de nutrição, engenheiro de alimentos e professoras de cozinha artesanal
1
2
MESES (1 a 12) 3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
PLANO DE AÇÃO Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” PRODUTO ATIVIDADES RESPONSÁVEL 1 2 C) 1. Apresentar produtos à Secretaria de Comissão Organizadora Ativar Educação com o objetivo de garantir sensibilização apoio para transporte adequado de do poder pessoas da comunidade e de público local alimentos 1 2 e instituições 2. Realizar 2 mostras na Instituição Comissão Organizadora + Jovens de ensino de Ensino: 1 para corpo técnico e 1 Comunitários para estudantes pré-universitários D) Comercializa ção dos alimentos beneficiados
MESES (1 a 12) 3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1. Comercialização nas 5 unidades de ensino, em 2 dias da semana (terças e quintas-feiras) 2. Reunião para discutir resultados e planejar ajustes (se necessário)
Comissão Organizadora + Jovens do Semiárido (escala)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Comissão Organizadora + Jovens Comunitários
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3. Reunião para discutir reinvestimento e divisão de lucros
Comissão Organizadora + Jovens Comunitários
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
PLANO DE AÇÃO
PRODUTO E) Avaliação de resultados com a Comunidade e novo ciclo (Lote 2)
Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” ATIVIDADES RESPONSÁVEL 1 2 1. Reunião com comunitários Comissão Organizadora + Jovens associados para apresentar Comunitários resultados do projeto 1 2 2. Reinício de um novo ciclo, da Comissão Organizadora + Jovens produção à comercialização Comunitários + Associados
MESES (1 a 12) 3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
[Os produtos e atividades do Plano de Ação foram retirados do Marco Lógico. Este, deve ser anexado ao projeto no final]
10. Orçamento
10. Orçamento Faça um detalhamento dos recursos envolvidos na implementação do projeto. Estime os valores monetários e distribua, por elementos de despesa, os custos envolvidos. Especifique as fontes de recursos para cada elemento de despesa.
ORÇAMENTO Período: 01/01/2018 a 20/12/2018
Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor”
Itens de Despesa
Agência financiadora RECURSOS HUMANOS Profissionais para capacitação e apoio técnico 50.000,00 Mulheres da comunidade Contrapartida do proponente Comissão Organizadora Contrapartida proponente Secretaria de Educação do Município de Lagoa Clarisse Apoiador logístico INVESTIMENTOS Veículo adaptado (VAN) para transporte de pessoas e alimentos 120.000,00 Utensílios complementares 3.000,00 DESPESAS OPERACIONAIS Embalagens, armazenamento e rotulagem 10.000,00 Ações de comunicação e divulgação 10.000,00 Alimentação dos participantes 20.000,00 Combustível 2.000,00 VALOR TOTAL SOLICITADO
Total 50.000,00 120.000,00 3.000,00 10.000,00 10.000,00 20.000,00 2.000,00 215.000,00
[O orçamento deste plano de ação está bastante simplificado, mas dá uma ideia de como organizar os itens de despesas. É importante guardar a memória de cálculo que deu origem aos valores discriminados no orçamento]
11. Sistema de acompanhamento
11. Sistema de acompanhamento Descreva como será acompanhado o projeto, apresentando indicadores de desempenho e apresentando procedimentos de avaliação dos impactos do projeto. Indique os responsáveis pelo processo de avaliação.
SISTEMA DE ACOMPANHAMENTO Projeto “LEVE SEMIÁRIDO. Fruta de quintal, do saber ao sabor” Avaliação de efetividade (Impactos e efeitos) Objetivo da avaliação Indicadores Troca de experiências Melhorar os hábitos alimentares dos jovens e incentivar a alimentação saudável de todos os envolvidos Favorecer o desenvolvimento de vínculos sociais e o convívio Troca de experiências intermunicipal, promovendo o intercâmbio de ideias entre jovens do campo e da cidade Adesão, participação e Proporcionar inclusão social produtiva de jovens rurais por permanência dos comunitários meio de capacitação em beneficiamento de frutas como alternativa de renda Avaliação da eficácia e eficiência Objetivo da avaliação Indicadores Capacitação dos jovens em beneficiamento de frutas Participação nos cursos Estratégias de comunicação Aceitação Qualidade do produto Comercialização Produção Estoque Comercialização Estoque Alimentação dos comunitários Qualidade do serviço prestado Transporte dos comunitários Qualidade do serviço prestado Satisfação da comunidade Adesão, participação e permanência dos comunitários
Meios de verificação Questionário de avaliação Questionário de avaliação
Verificação in loco e registro em Ata
Meios de verificação Frequência e aproveitamento Questionário de avaliação Pesquisa de satisfação Verificação in loco e registro em Ata
Pesquisa de satisfação Pesquisa de satisfação Pesquisa de satisfação Verificação in loco e registro em Ata
12. Anexos
12. Anexos Nos anexos, você deve colocar a documentação comprobatória da organização proponente (da Associação, por exemplo), e informações que mereçam ser apresentadas, como a Matriz Lógica do Projeto, ou cópia comprobatória de uma seleção anterior (como, no nosso exemplo, da cozinha comunitária construída em um projeto anterior).
Síntese final do Módulo 2
Compreensão do contexto no qual se pretende atuar; Participação ativa de todos os atores envolvidos de alguma forma no projeto; Definição clara da questão a ser abordada e dos objetivos para efetivação; Apresentação de soluções consistentes e inovadoras;
Análise de viabilidade; (...continua...)
Análise de viabilidade;
Conhecimento dos pressupostos; Definição dos indicadores de desempenho e dos meios de verificação; Concatenação lógica de todos os elementos que compõem o projeto; Elaboração de uma proposta coerente, completa e não muito extensa.
Como será o Módulo 3?
No último Módulo deste curso vamos falar sobre fontes de financiamento e trazer as dicas finais.