Comunidad
ades Semi Programa Comunidades Semiรกrido
Construindo caminhos para a cidadania no Nordeste do Brasil
www.coepbrasil.org.br/cidadaniaemrede
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
No 02 Programa Comunidades Semiárido Setembro de 2009 Uma publicação Rede Nacional de Mobilização Social COEP Direção editorial André Spitz Gleyse Peiter Amélia Medeiros Sarita Berson Coordenação-geral Gleyse Peiter e Marcos Carmona Textos e edição Silmara Franco Pesquisa Ana Maria Nogueira Diniz Revisão e padronização Lena Cerqueira
D251
Programa Comunidades Semiárido : construindo caminhos para a cidadania no Nordeste do Brasil / COEP. – Rio de Janeiro : COEP, 2009. 268 p. : il. – (Coleção COEP. Cidadania em rede ; 2) ISSN 1983-9421 1. Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida - História. 2. Programas Comunidades Semiárido. 3. Mobilização social - Brasil, Nordeste. 4. Comunidade - Organização - Brasil, Nordeste. 5. Comunidade Desenvolvimento - Brasil, Nordeste. 6. Cidadania - Brasil, Nordeste. 7. Participação social - Brasil, Nordeste. I. Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida. II. Série. 09-4207.
CDD: 323.609813 CDU: 342.71(812/813)
20.08.09 21.08.09
014519
Fotos Marcelo Valle / Arquivo COEP Concepção e coordenação editorial Flávia Aidar e Januária Cristina Alves www.viainformacao.com.br Projeto gráfico Imaginatto Design Diagramação Laura Klemz Guerrero www.escafandro.net
COEP - Secretaria Executiva www.coepbrasil.org.br Rua Real Grandeza, 219 - Bloco O - Sala 208 Rio de Janeiro, RJ. CEP: 22283-900 Tel.: 21 2528-5700 Fax: 21 2528-3584 E-mail: coep@coepbrasil.org.br Presidente André Spitz
Esta publicação foi produzida por meio do Projeto “Comunidades do Milênio”, financiado pela Finep. A reprodução é permitida desde que citada a fonte.
Secretária-executiva Gleyse Peiter Secretária-executiva-adjunta Amélia Medeiros
Sumário Sumário Parte 1 Construindo caminhos para a cidadania no Nordeste do Brasil | André Spitz, Gleyse Peiter e Marcos Carmona COEP: onde tudo começou
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Parte 2 Rede Comunidades: um Brasil que dá certo
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Rede Comunidades Semiárido: convivendo com a adversidade
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Linha do tempo COEP – Rede Comunidades Semiárido
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A visão dos parceiros
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Uma história de mudança econômica e social | John Saxby
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Parte 3 A metodologia social por trás das ações
72
As tecnologias aplicadas
80
Parte 4 As comunidades do Semiárido
132
Retratos do Brasil: cidadania de cara limpa
194
Parte 5 Uma perspectiva de avaliação sob diferentes olhares | Cirdes Nunes Moreira e Guilherme José de Vasconcelos Soares
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Agradecimentos
244
Como participar do COEP
254
COEPTEVÊ: um programa bem perto de você!
260
Agricultora e seu lote de ovinos
Parte 1
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cidadan Construindo caminhos para a cidadania no Nordeste do Brasil
André Spitz, Gleyse Peiter e Marcos Carmona
O COEP iniciou sua jornada em 1993, quando, mobilizadas por Herbert de Souza, o Betinho, 30 entidades do setor público nacional se reuniram para discutir seu papel na ação de combate à fome e à miséria no Brasil. Fez-se, então, uma rede de entidades comprometidas com o desafio de contribuir para a redução dos altos índices de pobreza, fome e exclusão social, considerados os piores entre os países
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em desenvolvimento. O então Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e Pela Vida atravessou esses 16 anos cumprindo o que tem sido sua grande vocação: mobilizar e articular os vários setores da sociedade em favor do desenvolvimento humano e social no país. Há muito o COEP reúne mais do que entidades públicas. Hoje, também empresas, ONGs, universidades, comunidades e pessoas formam a Rede Nacional de Mobilização Social, que muito tem feito em prol do desenvolvimento. Somos mais de mil entidades, 8 mil pessoas e 120 comunidades trabalhando pelo mesmo ideal. Cumprimos parte de nosso compromisso. Ao longo desses anos, o Brasil
Campo de algodão ao lado da miniusina, em Juarez Távora (PB)
© Marcelo Valle
Depois de preparado o solo, é tempo de semear milho, feijão e algodão
© Marcelo Valle
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avançou, o combate à miséria passou a fazer parte da agenda do governo e da sociedade. Contribuímos com nosso trabalho nesse processo. No entanto, não há dúvida de que o desafio continua grande, ainda somos uma das economias com maior desigualdade social no mundo – o acesso à informação, às novas tecnologias, à educação e à saúde ainda tem de melhorar muito para que alcancemos os patamares pelos quais todos teremos acesso a uma vida digna e com qualidade. Entre as centenas de ações realizadas no âmbito da Rede até hoje, estão as que dão motivo a esta publicação. Sua história começa em 1998, quando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) propôs ao COEP, já envolvido no apoio aos atingidos pela seca no Nordeste e com a formulação de políticas públicas permanentes de convivência com o Semiárido, que fosse desenvolvido um projeto baseado na reintrodução da cultura do algodão na agricultura familiar do Semiárido nordestino. Desde então, a partir de uma experiência-piloto no Assentamento Margarida Maria Alves, município de Juarez Távora, na Paraíba, uma série projetos vem se desenvolvendo. O primeiro, “A cultura do algodão em sistema de produção integrado à indústria”, foi o precursor do “Algodão Tecnologia e Cidadania”, que expandiu a experiência e marcou época – até hoje, para muitos, nosso Programa continua sendo citado como o “Projeto Algodão, do COEP”. Essa associação do nosso trabalho à produção do algodão, claro, nos enche de satisfação, já que esse foi o primeiro passo de uma bem-sucedida caminhada. No entanto, atualmente, o Programa é muito mais abrangente. Ao longo dos anos, surgiram os projetos: Mamona Energia e Cidadania, Polos de Produção de Algodão no Nordeste, Polos de Desenvolvimento Comunitário Integrado, que, além da reintrodução e do beneficiamento do algodão, em parceria com as comunidades, preocuparam-se com outras atividades de convivência com o Semiárido. Foram iniciadas a construção de cisternas e de barragens subterrâneas, a ovinocaprinocultura, introduzidos telecentros de informática comunitários, a formação de Comitês Mobilizadores, a realização de encontros e fóruns de agricultores, entre outros. Toda a ação sempre esteve permeada pela preocupação com a organização
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comunitária, com o envolvimento das comunidades, de forma a protagonizarem as ações, evitando uma relação de dependência com os projetos. Atualmente, o Projeto Comunidades do Milênio, parceria do COEP com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), baliza a atuação. Esse projeto, componente do Programa e fruto da experiência acumulada nesses anos, permitiu que aprofundássemos o trabalho. Conectado com o Projeto Universidades Cidadãs, outra “engrenagem” do Programa, o “Comunidades do Milênio” permitiu a realização de treinamentos, a implantação de miniprojetos geradores de renda a partir de demandas apontadas pelas comunidades, a ampliação do número de telecentros, entre outros pontos. É esse projeto que patrocina o presente livro. O Programa é também fruto do aprendizado histórico do COEP. Os caminhos trilhados nos trouxeram experiências e configuraram circunstâncias favoráveis para que ele emergisse. Fatos, mesmo que não diretamente ligados ao Programa em si, contribuíram para sua realização; a prática de mobilizar nossa Rede em situações de emergência é um exemplo. A ideia, introduzida pelo próprio Betinho, tornou-se um eixo orientador das nossas ações de mobilização e de construção de ações solidárias, como o “Natal sem Fome”, mais tarde transformado em nosso “Natal pela Vida”. Importante, ainda, destacar a participação e o apoio em diversas iniciativas para o fortalecimento da agricultura familiar, estimuladas pela Embrapa e pela Secretaria de Desenvolvimento Rural, através do trabalho de Murilo Flores e de Vicente Guedes; da articulação com universidades, iniciada com o Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares (Proninc), criado em 1994 e que mais tarde inspiraria o trabalho pela formação de uma Rede de Universidades Cidadãs, mobilizada e coordenada pelo professor Guilherme Soares, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Essencial enfatizar, também, todo o esforço realizado, a partir da Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos de Manguinhos (Cootram), com o empenho de Lécio da Costa, do professor Cynamom, de Paulo Buss e de Maria Lúcia Almeida, para fortalecer o cooperativismo e o associativismo – importante instrumento de geração de trabalho e renda e de desenvolvimento comunitário.
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Cisterna bem fechada para manter a qualidade da ĂĄgua
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Aqui, chuva é que é tempo bom
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Em dezembro de 1998, realizamos, no Rio de Janeiro, mais uma das reuniões do Conselho Deliberativo do COEP, que contou com a participação, além de dirigentes das organizações associadas, da conselheira estatutária d. Ruth Cardoso e de convidados como Anna Peliano, então secretária-executiva do Programa Comunidade Solidária. Nesse momento, foi lançado o livro “Caminhos para Mudar o Brasil” e realizado o workshop “Projetos Inovadores para o Polígono da Seca”. caminho é construído passo O livro marcou o início da ação do COEP a passo, de forma coletiva, em uma linha que considerou a transformação de práticas em metodologias que pudessem ser ao longo da jornada disseminadas e reaplicadas. Essa estratégia, que perdura até os dias de hoje, está na origem de um conjunto de iniciativas que desenvolvemos, como as séries de publicações que temos produzido e a criação de um banco de dados de práticas sociais: o Banco de Projetos Mobilização. A publicação “Caminhos...” funcionou como um primeiro balanço dos resultados do processo de mobilização social que começamos em 1993. Iniciativas, tais como a Cooperativa dos Trabalhadores Autônomos de Manguinhos, o Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares, o Programa Xingó, o Canal Saúde, já estavam em pleno funcionamento e tornaram-se inclusive projetos referenciais para políticas públicas. Podemos considerar que nessas realizações já havia um gérmen que definiria a nossa atuação presente, incluindo o Programa Comunidades Semiárido. O workshop visava a mobilizar as associadas ao COEP, a fim de desenvolver atividades para a melhoria da realidade social do Semiárido nordestino. Foi resultado, na verdade, de um processo de mobilização social iniciado por uma reunião de emergência, convocada em maio de 1998, para que discutíssemos possíveis ações das entidades de nossa Rede em solidariedade aos atingidos pela grave situação de seca no Nordeste. A reunião, realizada na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em Recife, reuniu uma série de entidades, e muitas iniciativas tiveram curso a partir dali. Entre elas, cabe destacar as Salas de Situação da Unicef, implementadas com o apoio do COEP, e o próprio
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workshop, que acabou por marcar o lançamento oficial da proposta do então presidente da Embrapa, Alberto Portugal, para que realizássemos o projeto de reintrodução da cultura do algodão no Semiárido. Sem que soubéssemos da dimensão que tomaria, havia nascido o primeiro projeto de nosso Programa. Nessa época, foram muitas as articulações com o pessoal da Embrapa, Renato Cabral e José Mendes e outros técnicos do Centro do Algodão de Campina Grande, e com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf ), em particular, João Paulo Aguiar, e todos os membros de um grupo de trabalho que criamos para materializar o primeiro projeto de reintrodução do algodão.
A prática e o aprendizado O aprendizado renovou nossa prática: construir coletivamente com nossos parceiros e com as comunidades os próximos passos, levando em conta os resultados alcançados, as dificuldades encontradas e as demandas permanentemente revisadas. Posto de outra forma, acreditamos que a ação deve possibilitar a construção de um processo de transformação social, uma “história-sem-fim” que se reajusta e se reinventa ao longo do processo, e não uma intervenção rígida com dia para começar e dia para terminar. Trabalhamos num processo que se constrói da articulação de parcerias e da costura de soluções sob medida, por partes que se somam, complementando-se. O caminho é construído passo a passo, de forma coletiva, ao longo da jornada. Temos alcançado soluções para muitos de nossos desafios, entre eles, o que tínhamos desde o início do COEP: chegar até as famílias, as pessoas, as comunidades, e contribuir para que elas se transformassem em protagonistas do processo de mudança social, e não apenas em beneficiárias de um projeto. Partimos de uma iniciativa geradora de renda, depois incorporamos outras dimensões do desenvolvimento comunitário e articularmos, de forma horizontal, diferentes políticas públicas existentes. Demos dimensão para nossa atividade, englobando, até aqui, 46 comunidades em sete estados do Semiárido nordestino, impulsionados pelo apoio e permanente incentivo do ministro Sergio Rezende, da Ciência e Tecnologia.
Plantio em área da barragem subterrânea, maior rendimento
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Nessa ampliação, partimos de uma comunidade inicial e avançamos para o conceito de polos de comunidades, trabalhando em territórios. Isso permitiu muitos avanços no processo: as comunidades iniciais funcionaram como modelo, mobilizando e estimulando as mais novas, que puderam constatar, na prática, a possibilidade real de conquistas. Esse fato sempre facilitou o rompimento da natural desconfiança provocada pelas eternas e colonizadoras promessas de melhorias feitas por sucessivos governos e muitos “políticos”. A estratégia de reunir as comunidades de um território em polos permite uma rica troca de experiências, potencialidades e capacidades, e traz também benefícios, como a redução de custos do processo, na medida em que potencializa os recursos envolvidos em bens coletivos, e o aproveitamento mais racional do capital humano (agentes de desenvolvimento, supervisores, técnicos etc.), além da vantagem que representa a presença de uma identidade cultural e social entre as comunidades de um território. Ao longo da execução do projeto, formamos agentes de desenvolvimento comunitário, que, inicialmente atuando como técnicos agrícolas, são hoje mobilizadores comunitários com habilidades desenvolvidas para atuar como mediadores e facilitadores de processos de transformação social e promoção da cidadania. A criação dos Comitês Mobilizadores, que você conhecerá na leitura deste livro, foi uma das grandes conquistas do Programa. O Comitê, formado por jovens, mulheres e agricultores, possibilitou um grande salto na participação e no envolvimento da comunidade, aumentou a mobilização, trouxe novas energias e fez surgir importantes lideranças. Ele representa uma instância de interlocução do processo junto ao COEP. A instalação de espaços e bens coletivos tem sido fundamental na construção da identidade e no processo de organização comunitária. O espaço coletivo representa um ponto de encontro da comunidade para discutir, pensar e agir como um grupo, sem perder as características individuais e a autonomia de cada família. A organização comunitária se provou um ponto fundamental no fortalecimento da capacidade de diálogo com os governos e com as políticas públicas. Um eixo que “puxa” todas as dimensões do processo de desenvolvimento, entre as quais se destacam a educação para a cidadania, a geração de trabalho e renda
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e o fortalecimento de processos de cooperação. Ainda, os encontros dos membros dos Comitês Mobilizadores nos fóruns anuais têm sido aspectos-chave no processo de mobilização, capacitação e participação. Os telecentros que temos instalado na região do Semiárido tiveram impacto importante, dando conta de mais um direito básico: o acesso à informação e à comunicação. As comunidades deixaram de ser isoladas e, em muitos casos, provocaram a ida da cidade ao campo e deram um papel comunitário aos jovens. O espaço é construído e gerido por todos, com ampla participação. Acabou se tornando um ponto central e irradiador de energia para todos os aspectos do processo de mobilização comunitária – educação, geração de renda, convivência
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com o Semiárido, construção de capacidades, organização comunitária etc. Entretanto, consideramos que essa importância e o sucesso alcançado pelos telecentros têm a ver com a forma de sua implementação, como um meio que une as demais atividades, e não como um fim em si mesmo. Guardamos, nesse tempo de trabalho, memórias que nos trazem alegrias. Uma delas, muito marcante, foi a cerimônia no Assentamento Margarida Maria Alves para apagar o último candeeiro da comunidade. Essa foi a maneira de comemorar a chegada da energia elétrica, que articulamos, para que fosse possível seguir adiante com as atividades do projeto do algodão. Histórias como essa têm se repetido nesses anos. A trajetória do Programa é longa: são dez anos de trabalho. Apesar disso, acreditamos que estaremos permanentemente no começo de uma nova história, pois, a cada momento, ela se reconstrói, se reconfigura, se reinventa, retroalimentada pelo conhecimento que adquirimos e que construímos juntos – comunidades, universidades, entidades parceiras, equipes envolvidas. Assim, nossa “história-sem-fim”, se mostra como um ciclo de aprendizado, uma espiral de construção da cidadania Este livro tenta ilustrar os aspectos envolvidos no Programa, sua trajetória, a metodologia utilizada, a visão dos participantes. Esperamos que sua leitura seja tão inspiradora quanto para nós é prazeroso vê-lo editado. Esta publicação é mais um passo do caminho para mudar o Brasil, que nós COEP, comunidades e parceiros queremos compartilhar com você.
André Spitz Presidente do COEP Gleyse Peiter Secretária-executiva do COEP Marcos Carmona Coordenador de projetos
começo COEP: onde tudo começou
Não se pode viver em paz em situação de guerra. Não se pode comer tranquilo em meio à fome generalizada. Não se pode ser feliz num país onde milhões se batem no desespero do desemprego, da falta das condições mais elementares
de saúde, educação, habitação e saneamento. Não se pode fechar a porta à consciência nem tapar os ouvidos ao clamor que se levanta de todos os lados. (Movimento pela Ética na Política, março de 1993) Década de 1990. O país assiste a um perturbador e inaceitável quadro de pobreza e
desigualdade social. Surge o Movimento pela Ética na Política, resultado da mobili-
zação da sociedade brasileira na luta pela democracia e justiça social. A partir desse movimento, é criada a Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria, com a for-
mação de milhares de comitês em todo o Brasil. Com os mesmos princípios, mas com o foco nas organizações, em 1993 nasce o COEP – Comitê de Entidades no
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Antônio, na lavoura de milho
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Combate à Fome e Pela Vida, que tem entre seus idealizadores o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. A missão: contribuir para a erradicação da fome, a redução da pobreza e o fim da desigualdade social. No começo, cerca de 30 organizações estavam envolvidas. Ao longo dos anos, em função de sua abrangência em todo o território nacional, o COEP descentralizou-se. Surgem, a partir de 1996, os COEP estaduais e, em 2004, os COEP municipais. Em 2009, passados 16 anos desde sua formação, o COEP traduz-se como um dos principais articuladores junto às mais de 1.100 organizações públicas e privadas, entre empresas, órgãos governamentais, entidades de classe, organizações não-governamentais e universidades, com o interesse genuíno de promover o desenvolvimento social junto às populações de baixa renda, em todo o país. Uma das melhores expressões do trabalho do COEP está na Rede Comunidades, em que, por meio dos projetos de geração de renda, educação, organização comunitária e inclusão social e digital, promove-se, acima de tudo, a cidadania. A Rede conta com 116 comunidades, espalhadas em 26 estados e no Distrito Federal. As ações desenvolvidas são diversificadas, implantadas por meio da análise das principais demandas das comunidades e do potencial da região. Exemplos: telecentros comunitários com acesso à internet; instalação de cisternas; criação de animais; produção comercial de algodão; cursos profissionalizantes; alfabetização de jovens e adultos; saneamento básico; orientação nutricional; padaria comunitária; oficinas de artesanato; reciclagem. Desde 1995, o COEP se articula com instituições governamentais e entidades civis para uma atuação no semiárido nordestino, sensibilizado pelas grandes secas ocorridas na década de 1990. Em 2000, iniciou-se uma ação voltada à geração de renda na agricultura familiar no Assentamento Margarida Maria Alves, comunidade rural do município de Juarez Távora, na Paraíba, que se estendeu para outras 45 comunidades rurais do semiárido nordestino, até 2008. Somente na região do semiárido, no Nordeste brasileiro, atualmente, são 46 comunidades. É aqui que a Rede Comunidades colhe, em todos os sentidos, o que plantou de bom ao longo dos anos. E mostrar isso ao país é a missão deste livro.
A caminho da cidadania
Parte 2
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dá certo Rede comunidades: um Brasil que dá certo
A Rede Comunidades é um dos retratos mais expressivos dos resultados da articulação
desenvolvida pelo COEP. A partir de uma avaliação prévia sobre suas características, demandas e potencialidades, as comunidades são convidadas pelo COEP a ingressar na Rede. É hora de os projetos entrarem em campo, proporcionando não só a geração
de renda, de maneira integrada e sustentável, mas também a inclusão social e digital. Para ser mais exato: a Rede Comunidades constrói cidadania.
Hoje, em 2009, a Rede conta com 116 comunidades, espalhadas em 26 estados
brasileiros e no Distrito Federal. Nessas localidades, o COEP atua por meio de uma metodologia social, baseada num processo participativo em que todos são responsá-
veis. O objetivo é envolver o maior número possível de moradores das comunidades,
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o que fortalece o grupo, estimulando-os a participarem ativamente do seu próprio desenvolvimento. O diálogo entre as comunidades de baixa renda, empresas, organizações do terceiro setor, formadores de opinião, formuladores de políticas públicas, órgãos de fomento e desenvolvimento, organizações governamentais, mídia e sociedade civil torna-se fundamental, assim como o estabelecimento de parcerias. Aqui, o COEP também coloca seu poder de mobilização e articulação a serviço do país.
Agricultores na colheita do algodão
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Uma Rede de Comunidades de olho no futuro
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As Comunidades Região Norte AC (1) – AM (2) – PA (2) – RO (2) – TO (2) Região Nordeste AL (6) – BA (2) – CE (11) – MA (1) – PB (11) – PE (8) – PI (9) – RN (13) – SE (5) Região Centro-Oeste DF (6) – GO (2) – MS (4) – MT (1)
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Com a palavra, o agricultor
Região Sudeste ES (2) – MG (7) – RJ (9) – SP (2) Região Sul PR (4) – RS (3) – SC (1)
Para saber mais Para conhecer todas as comunidades existentes no país, visite o site www.coepbrasil.org.br e confira o trabalho desenvolvido em cada uma delas.
© Marcelo Valle
nvivendo Rede Comunidades Semiárido: convivendo com a adversidade
Dentro da Rede Comunidades, há um grupo bastante peculiar: a Rede Comunidades
Semiárido. Cinquenta e quatro por cento do território do Nordeste brasileiro é
caracterizado pelo clima semiárido. As principais características dessa região são
as altas temperaturas, a irregularidade, a escassez ou a ausência de chuvas. Resultado: frequentes períodos de secas, que dificultam a sustentabilidade da população local. As questões climáticas são apenas uma parte do problema, mas que agravam ainda mais a histórica desigualdade social.
Lavoura de milho do “Seu” Antônio
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Paradoxalmente, é nesse meio ambiente adverso que a Rede Comunidades registra suas maiores conquistas. Em 2009, já são 46 comunidades, espalhadas por sete estados nordestinos, com mais de 4.800 famílias beneficiadas pelas ações e pelos projetos implantados por meio da articulação do COEP. Um dos principais pontos que registram a atuação do COEP nessa região é a reintrodução da cultura do algodão, que enfrentava um significativo processo de declínio desde a década de 1980, em função da abertura nas importações, das secas e das pragas. Contudo, com a aplicação de uma tecnologia adequada, a cultura do algodão mostra-se uma alternativa viável para a recuperação da renda das famílias de produtores, especialmente a produção orgânica/agroecológica, que vem sendo introduzida nas comunidades. Sendo assim, desde 2000, várias iniciativas nesse sentido foram implantadas e, juntamente com projetos de produção de mamona, significaram os pontos de partida para uma série de atividades bem-sucedidas no semiárido, que hoje vai muito além dessas duas culturas. A Rede inclui, ainda, o Projeto Universidades Cidadãs – uma parceria do COEP com cinco universidades federais e uma regional. São elas: Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Universidade Federal do Piauí (UFPI); Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)/PB; Universidade Federal de Sergipe (UFS); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); e Universidade Regional do Cariri (Urca)/CE. Nessas instituições, professores e alunos são incentivados a participar de ações sociais, proporcionando um positivo confronto da teoria da sala de aula com a realidade social do país, fazendo surgir um rico intercâmbio entre todos.
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Rede Comunidades Semiárido UF
Município
Comunidade
AL
Água Branca Mata Grande Pariconha
Quixabeira Cacimba Cercada Campinhos
CE
Aurora Barro Mauritis Milagres Missão Velha
Espinheiros Engelho Velho Anauá Oitis Olho D’Água
PB
Alagoa Grande Aroeiras Bonito de Santa Fé Cachoeira dos Índios Cajazeiras Gurinhém Juarez Távora Monte Horebe Remígio São José de Piranhas
Pedra de Santo Antônio Novo Pedro Velho Pereiros Redondo Barreiros Uruçu Margarida Maria Alves Batalha Queimadas Lagoa de Dentro
PE
Cumaru Cumaru Frei Miguelinho Surubim Vertentes
Pedra Branca Pilões Algodão do Manso Furnas São João do Ferraz
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UF
Município
Comunidade
PI
Anísio de Abreu Fartura do Piauí Jurema Paulistana Paulistana São Braz do Piauí São Raimundo Nonato Várzea Branca
Cacimba Baixa do Morro Boa Vista Barro Vermelho Itaizinho Solidão Quixó Pão de Açúcar
RN
Ceará-Mirim Goianinha João Câmara João Câmara Lagoa de Pedra Lagoa Salgada Nova Cruz Pureza Santo Antônio Serrinha Touros Vera Cruz
Canudos Limoal Modelo I Modelo II Mandacaru Recanto II José Rodrigues Sobrinho Bebida Velha Tanques Jacumirim Aracati Araçá II
SE
Canindé de São Francisco Nossa Senhora da Glória Poço Redondo
Cuiabá José Ribamar Fazenda Pioneira
o tempo Linha do tempo – Rede Comunidades Semiárido Vale a pena conferir a trajetória do COEP na formação da Rede Comunidades
Semiárido. A seguir, estão destacados os feitos que, de alguma forma, contribuíram na construção da Rede no Semiárido nordestino. Outros fatos importantes também podem ser vistos no livro “Das ruas às redes”, disponível no portal: www.coepbrasil.org.br
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1993 Criação do Comitê de Entidades no Combate à Fome e Pela Vida (COEP)
1995 Criação da Incubadora de Cooperativas Populares Inserção da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) no COEP Governo federal assume compromisso com entidades civis e setores organizados para uma política pública para a agricultura familiar
1996
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Criação do Projeto de Lei 1.970/96 (apoio à criação de cooperativas populares)
1997 Constituição do Programa Nacional de Incubadora de Cooperativas Populares (Proninc), apoiando CE e PE
Oficina
Participação do COEP no seminário “A agricultura familiar como base do desenvolvimento rural sustentável” – SDR e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Jaguariúna (SP) Apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) a experiências em Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (DLIS) e em empreendimentos autogestionários
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1999
Matrizes de ovinos
© Ana Diniz
COEP e Embrapa discutem atuação conjunta na retomada da cultura do algodão pelo agricultor familiar no Semiárido nordestino
1998 Apoio aos atingidos pela seca no Nordeste, por meio da realização da oficina “Projetos inovadores para o polígono da seca”, com a participação da Embrapa, Rio de Janeiro (RJ) Participação do COEP no seminário “Agricultura familiar: desafios para a sustentabilidade” – SDR e Embrapa, Aracaju (SE) Participação do COEP, junto a organizações da sociedade civil e agências internacionais das Nações Unidas, para formulação de políticas públicas permanentes de convivência com a seca no Nordeste Mobilização de solidariedade aos atingidos pela seca – Sudene (PE)
Fardos de algodão
© Marcelo Valle
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2001 Lançamento do Caderno no 7 da Oficina Social: “Agricultura familiar e o desafio da sustentabilidade” Articulação com a Finep, Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para reaplicação da iniciativa instalada em Juarez Távora (PB), em 2000
2000 Parceria com a Embrapa para o projeto “A cultura do algodão em sistema de produção integrado à indústria”, com ação-piloto no Assentamento Margarida Maria Alves, Juarez Távora (PB)
© Marcelo Valle
Parte da produção de algodão colorido agroecológico
Oficina
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2003 1o Encontro de Agricultores, em Lagoa Seca (PB) Parceria com a Eletrobrás para o projeto “Polos de desenvolvimento comunitário integrado” Parceria com o CNPq para o Projeto “Universidades Cidadãs” Parceria com a Eletrobrás para o projeto “Desenvolvimento comunitário no semiárido do Piauí/mamona e feijão caupi – energia, renda e cidadania”
© Arquivo COEP
Integração da comunidade Cacimba (PI) à Rede Comunidades Semiárido
2002 Convênio com a Finep e a Chesf para o projeto “Algodão: tecnologia e cidadania” (ampliação do projeto “Produção de algodão em sistema integrado à indústria”) Integração das comunidades Boi Torto (PE), Quixabeira (AL), Assentamento José Rodrigues Sobrinho (RN), Lagoa de Dentro (PB) e Engenho Velho (CE) à Rede Comunidades Semiárido
Sementes de mamona
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2004 Instalação dos primeiros telecentros comunitários no semiárido nordestino, por meio da articulação com o Ministério das Comunicações/Governo Eletrônico – Serviços de Atendimento ao Cidadão (Gesac) Convênio com a Finep para o projeto “Polos de desenvolvimento comunitário integrado” Realização do 2o Encontro de Agricultores, em Xingó, Canindé de São Francisco (SE) Inauguração da miniusina de beneficiamento de algodão e do telecentro comunitário em Quixabeira, Água Branca (AL) Convênio com a Finep para o projeto “Polos de produção de algodão no Nordeste” Integração das comunidades de Pilões e Furnas (PE) à Rede Comunidades Semiárido Parceria com a Assessoria do Gabinete da Presidência da República
Jovens no telecentro do Assentamento Margarida Maria Alves: opção de comunicação, educação e entretenimento
2005 Assinatura do termo de cooperação com a Chesf, em apoio ao projeto “Polos de desenvolvimento comunitário integrado” Lançamento do Caderno no 13 da Oficina Social: “A reintrodução da cultura do algodão no semiárido do Brasil através do fortalecimento da agricultura familiar: um resultado prático da atuação do COEP” Inauguração dos telecentros comunitários de Surubim (PE) e Cumaru (PE), com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende Formalização de convênio com: Universidade Federal de Campina Grande (UFCG); Universidade Federal de Sergipe (UFS); Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Universidade Federal do Piauí (UFPI); Universidade Federal do RioGrande do Norte (UFRN); e Universidade Regional do Cariri (Urca), inaugurando novo patamar do Projeto Universidades Cidadãs Integração das comunidades Pedra Branca e Algodão do Manso (PE) à Rede Comunidades Semiárido
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2007 Instalação de mais 15 telecentros comunitários no Semiárido nordestino Seminário “Políticas públicas e o Programa Comunidades Semiárido”, em Brasília (DF)
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1 Fórum do Programa Comunidades Semiárido, em Moreno (PE) com o apoio do Mapa-Denacoop Assinatura do termo de cooperação com o Ministério das Comunicações (MC) para ações de inclusão digital nas comunidades parceiras do COEP Assinatura do termo de cooperação com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) para implantação de mecanismos de inclusão tecnológica e social
Lideranças de comunidades parceiras do COEP apresentam o Programa Comunidades Semiárido à primeira-dama, d. Marisa Letícia Lula da Silva, em Brasília (DF) Criação do Sistema de Mídias e Educação (Sime), plataforma que integra informação, comunicação e educação a serviço do desenvolvimento comunitário Integração das comunidades Anauá, Oitis e Olho D’Água (CE), Redondo, Batalha, Novo Pedro Velho e Queimadas (PB), Baixa do Morro e Pão de Açúcar (PI), Limoal e Mandacaru (RN) e os Assentamentos Cuiabá, José Ribamar e Fazenda Pioneira (SE) à Rede Comunidades Semiárido © Marcelo Valle
Valores
Parceria com a Finep para o projeto “Comunidades do Milênio” Integração das comunidades Cacimba Cercada e Campinhos (AL), Espinheiros (CE), Pereiros, Barreiros, Pedra de Santo Antônio e Uruçu (PB), São João do Ferraz (PE), Boa Vista, Solidão e Quixó (PI), Tanques e Jacumirim (RN) à Rede Comunidades Semiárido
Tecnologia a serviço da cidadania
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2009 Parceria com o Banco do Nordeste (BNB): apoio a ações nas Comunidades Semiárido
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Parceria com o Programa Arca das Letras – Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e instalação das primeiras minibibliotecas
Tecnologia ao alcance das mãos
2008 2o Fórum do Programa Comunidades Semiárido, na Ilha de Itamaracá (PE) Lançamento oficial do Sistema de Mídias e Educação (Sime) Integração das comunidades Itaizinho e Barro Vermelho (PI), Agrovila Canudos, Modelo I, Modelo II, Recanto II, Bebida Velha, Araçá II e Assentamento Aracati (RN) à Rede Comunidades Semiárido Do telecentro à escola
parceiro A visão dos parceiros Sergio Rezende Ministro da Ciência e Tecnologia, no 2o Fórum do Programa Comunidades Semiárido, realizado na Ilha de Itamaracá (PE), em 16 de maio de 2008
Entre 1995 e 1998, fui secretário Estadual de Ciência e Tecnologia de Per-
nambuco, no governo do saudoso Miguel Arraes. Lembro-me que, em uma de nossas primeiras conversas, ele me disse que sabia que a Secretaria cuidaria
bem da área de Ciência no estado, mas meu grande desafio era fazer os doutores das universidades chegarem à população. Não o decepcionei, pois, até o final do
governo, tínhamos posto em execução o Programa Estadual de Difusão Tecno-
lógica, no qual professores e estudantes universitários contribuíram para fazer trabalhadores e pequenos produtores incorporarem tecnologias simples em seus processos produtivos.
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Com a eleição do presidente Lula [Luiz Inácio Lula da Silva], em 2002, fui presidir a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep-MCT) e aquele desafio de Arraes foi novamente colocado, mas, desta vez, com dimensão nacional. Foi quando o presidente do COEP, André Spitz, chegou à Finep e apresentou o Projeto das Comunidades do Semiárido. Na ocasião, o Projeto só tinha em funcionamento o núcleo do município de Juarez Távora, na Paraíba. Em parceria com a Embrapa, o COEP dispunha de sementes de algodão, pessoal para ensinar os agricultores a cultivar, mas queria fazer mais e precisava de mais recursos para ampliar a iniciativa. A Finep, então, passou a dar um apoio maior, e eu já podia dizer que o compromisso que assumi com o doutor Arraes, mais uma vez, estava sendo cumprido. Em 2005, deixei a Finep e assumi o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e pude ampliar bastante o apoio aos projetos do COEP. Quando fui apresentado ao Programa, em 2002, havia apenas uma comunidade COEP; hoje, são mais de 40. Tenho uma satisfação muito grande de ver que o Projeto está crescendo. Acho que estamos indo muito bem, mas eu digo ao André Spitz que precisamos chegar a centenas de comunidades. Uma das dificuldades para isso é que elas estão distantes umas das outras. Algumas delas, que poderiam se organizar, estão a 50, 100 quilômetros de distância das comunidades do COEP e não conseguem perceber com clareza o que está acontecendo. Quando o Programa tiver realmente alcançado todo o Semiárido, a região será totalmente diferente. O Projeto começou com algodão, depois introduziu o caprino, agora tem a mamona, mas é possível ter muito mais. Pode-se ter comunidades para inúmeros objetivos e elas podem se espalhar, trocando informações, experiências, aprendizados e formar uma grande rede no Nordeste. Nesses últimos anos, as universidades ampliaram muito suas atividades de extensão. Isso significa que professores e alunos estão colocando o pé fora da universidade, transferindo conhecimento, ensinando as comunidades de baixa renda. Não faz sentido o país continuar com essa enorme desigualdade em todos
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os campos. Não faz sentido termos gente nas universidades fazendo pesquisa, se comunicando, trocando informações com o resto do mundo, enquanto ao lado há uma comunidade pobre, que precisa apenas de um pouquinho de conhecimento para desenvolver um produto e gerar renda. Felizmente, isso está mudando. As pró-reitorias de Extensão, que fazem essa atividade, estão tendo mais apoio no governo Lula. Hoje, temos condições de envolver muito mais universidades nesse processo. Tenho muita confiança nesse Projeto, porque ele foi abraçado por muita gente preparada e comprometida. E posso falar, com orgulho, que as universidades e o governo chegaram às camadas mais necessitadas da população para contribuir e mudar o curso de sua história.
Heliomar Medeiros de Lima Diretor do Departamento de Serviços de Inclusão Digital – Ministério das Comunicações/ Programa Gesac
Classificamos esse Projeto do COEP nas comunidades rurais como sendo um dos projetos de maior aderência ao espírito e aos objetivos do programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), ao levar inclusão digital para comunidades realmente carentes. No caso dos telecentros, implantados pelo COEP, alguns deles chegaram antes mesmo do “orelhão” [telefone público]. Nesse sentido, ao levar inclusão digital para pessoas excluídas do ponto de vista até de telefonia, vemos o Projeto como ainda mais significativo, com maior retorno para nós. Aliado a isso, está o fato de a iniciativa ter uma boa estrutura de sustentação, de apoio e de capacitação. Por meio de projetos como esse, o Gesac exerce seu papel principal e central, que é levar inclusão digital prioritariamente às comunidades carentes, em regiões em que não há estrutura de telecomunicações, distantes de centros com infraestrutura de comunicação e de banda larga. Esta parceria com o COEP ajuda o Gesac atender a seus próprios objetivos.
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Antena conecta telecentros via satélite
João Paulo Maranhão Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf)
Para falar sobre o projeto, é preciso remontar às origens do COEP, que se apoia nos ideais de Betinho [Herbert de Sousa]. O Nordeste é, junto com o Norte, a região que mais necessita de apoio e ações estruturadoras para quebrar o ciclo de miséria e fome, coisa que o Betinho, desde 1988, batalhava para que acontecesse. O Programa Comunidades Semiárido traz exatamente essas ações estruturadoras para, ao gerar trabalho e renda, difundir conhecimento e transferir tecnologia, possibilitar às comunidades excluídas o acesso à cidadania. Há claras evidências de que as pessoas das comunidades [envolvidas no
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projeto] estão sendo incluídas como cidadãs. Elas ouvem, falam, se fazem ouvir, participam. A Chesf aderiu ao COEP em 1994 e tem procurado – em termos de seminários, reuniões, cursos – dar todo o suporte logístico de que o Comitê necessita nesse trabalho de estimular o exercício da cidadania nessas comunidades. E pretendemos continuar apoiando, enquanto os ideais originais permanecerem.
Maria Ângela Cunico Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
As diversas modalidades de bolsas concedidas pelo CNPq são relevantes instrumentos para a mobilização de professores e alunos das universidades que participam do Projeto Universidades Cidadãs, em parceria com o COEP. Digo isso porque são notórias as dificuldades para agregar profissionais com experiência em desenvolvimento comunitário, em realizar diagnósticos de demandas e de potencialidades locais, ministrar capacitações nos diversos temas, assim como assessorar associações comunitárias e grupos produtivos para a implementação de projetos geradores de trabalho e renda. O Projeto Comunidades Semiárido vem capacitando populações locais e transferindo tecnologia e conhecimento a essas comunidades, visando a solução de seus problemas sociais, econômicos e ambientais, entre outros. E um dos aspectos mais interessantes da iniciativa diz respeito à montagem institucional para o desenvolvimento de tecnologias adequadas e inovadoras, ainda que com certo grau de complexidade, por intermédio de incubadoras de projetos na área social, com potencialidade para serem replicados em todo o país. Acredito que a crescente luta pelo resgate da cidadania no país demanda, cada vez mais, a multiplicação de ações, como as do COEP. Nesse sentido, um dos desafios do projeto, talvez o de maior alcance, seja difundir, entre organizações com propósitos similares, iniciativas de maiores impactos e melhores resultados, obtidos durante os profícuos anos de atuação do Comitê.
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Alexandre Benjamin Eletrobrás
O COEP se destaca pelo pioneirismo e pela capacidade de inovar no campo social. Antes de o movimento de responsabilidade social das empresas ganhar força no Brasil, o COEP já vinha se consolidando como uma ampla Rede de Mobilização Social, envolvendo a sociedade civil organizada, empresas, instituições públicas e privadas em torno do desenvolvimento comunitário e do combate à pobreza. Observando os programas e os projetos desenvolvidos pelo COEP, é possível verificar a implementação de estratégias de mobilização social, como: atuação em rede, articulação institucional e formação de parcerias, as quais hoje são consideradas como fundamentais para assegurar a obtenção de melhores resultados em projetos sociais. A Eletrobrás, desde 2003, através do apoio ao Programa Comunidades Semiárido, vem contribuindo para que o COEP possa realizar suas atividades voltadas para o desenvolvimento comunitário, em especial no Semiárido brasileiro. O investimento social das empresas focado no desenvolvimento local comunitário é, com certeza, o melhor caminho para a promoção da mudança social. Para dar continuidade à sua atuação, o COEP tem desafios pela frente, como estabelecer um sistema de avaliação capaz de medir os impactos gerados pelos programas e proporcionar maior troca entre as tecnologias sociais, desenvolvidas pela rede e suas instituições parceiras.
Waltemilton Cartaxo Analista da Embrapa Algodão
O Programa Comunidades Semiárido é, sem dúvida, uma grande oportunidade para a Embrapa interagir com instituições e, principalmente, de forma mais direta, com os agricultores familiares. Ele possibilita o processo de transferência tecnológica de forma associativa, modular e continuada. Assim,
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facilita a apropriação das tecnologias ofertadas, que são ajustadas passo a passo à realidade local, constituindo-se, na prática, num modelo potencial a ser replicado. O programa permite e amplia o acesso dos agricultores familiares ao acervo tecnológico gerado e disponível na Embrapa e em outras instituições correlacionadas. A principal conquista dessa iniciativa foi estabelecer uma dinâmica de relacionamento produtivo que respeita as regras básicas do saber local e as carências dos agricultores familiares e do lugar, tornando-os protagonistas das ações, o que lhes permitiu apropriar-se de forma partilhada dos ganhos tecnológicos ofertados. Entre muitos exemplos, podemos citar o Projeto de Assentamento Margarida Maria Alves, de Juarez Távora, na Paraíba, que é pioneiro na verticalização do algodão no Brasil. Ele possibilitou à comunidade o acesso à miniusina de descaroçamento de algodão; produção de algodão orgânico e agroecológico; energia elétrica; telecentro; calçamento da agrovila; telefone comunitário; aquisição de trator; cursos de informática; escola; posto médico; caixa d’água; construção de uma capela; além de ter ofertado matrizes e reprodutores de ovinos. Houve, assim, uma combinação do sucesso da cultura do algodão com a pecuária de pequenos animais. Tudo isso somado gerou o retorno da confiança dos agricultores, que passaram a acreditar no modelo. O desafio futuro do projeto é continuar ampliando as parcerias para chegar a muitas comunidades, principalmente aos assentamentos da Reforma Agrária, que, na sua maioria, continuam órfãos de iniciativas que possam modificar suas condições de vida.
Marco Augusto Salles Teles Superintendente da Área de Tecnologia para o Desenvolvimento Social da Finep
A área de Tecnologia para o Desenvolvimento Social (ATDS) da Finep tem por missão fomentar e apoiar programas e projetos de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) em áreas de conhecimento que contribuam para a promoção
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do desenvolvimento social e econômico do país. As ações financiadas envolvem a pesquisa científica e tecnológica, o desenvolvimento de tecnologias sociais e a difusão e popularização da C&T, em áreas urbanas e rurais. É nesse contexto que se enquadra o apoio da Finep ao Programa Comunidades Semiárido. A disseminação e a reaplicação de tecnologias sociais – que efetivamente são portadoras de transformações – nas comunidades atendidas são as principais conquistas do projeto. Podemos citar como exemplo as barragens subterrâneas na melhoria da qualidade de vida. Buscar empoderar essas comunidades, de forma que elas próprias possam ter protagonismo em relação à sua história e, assim, garantir a efetividade e a sustentabilidade do projeto é um dos principais desafios para o futuro.
José Mendes de Araújo Engenheiro agrônomo, coordenador de campo quando em atividade pela Embrapa Algodão
Estamos com o COEP desde o início do Projeto, em 1999. O carro-chefe da iniciativa foi o algodão, depois, fomos sentindo a necessidade de envolver outras ações que não só a cultura do algodão. Passou a ser, então, um Projeto de desenvolvimento comunitário, envolvendo a implantação de telecentros comunitários como forma de inclusão digital, ações de convivência com a seca, criação de pequenos animais (em especial, ovinos e caprinos) e viveiro de mudas para a preservação de meio ambiente. A inclusão do Projeto Universidade Cidadã veio contribuir para o processo de associativismo, para conseguirmos resultados nos projetos de expansão econômica. Fazendo um balanço, percebe-se que as próprias comunidades participantes do Projeto reconhecem que, se não fosse o nosso trabalho, não estariam no pé que estão hoje, com as possibilidades que têm. Por exemplo, temos jovens capacitados em telecentros de comunidades [COEP] tomando conta, gerenciando lan houses em cidades que não tinham oferta desse tipo de mão-de-obra. Uma coisa dessas não tem nem como mensurar! Outro avanço é termos comunidades como Barreiros, Espinheiro e Lagoa de Dentro, que se juntaram para ter
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um volume maior de algodão e obter vantagens na comercialização. Elas produzem seu algodão separadamente, o beneficiam, e se juntam para vender. Há comunidades, também, como Juarez Távora e Quixabeira, que negociam diretamente com a indústria, sem a nossa presença. São resultados que não temos nem como medir.
Renato Cabral Colaborador do COEP, funcionário aposentado da Embrapa
O Programa [Comunidades Semiárido] foi e é importante porque mostrou, em campo, como se faz uma ação de intervenção para o desenvolvimento de comunidades rurais, com poucos recursos, forte parceria e assistência técnica própria. Criou, portanto, metodologia para comunidades rurais pobres, fugindo dos modelos clássicos empregados, em geral, pelos governos. A grande conquista dessa iniciativa foi a capacidade de replicação das ações, mas é preciso enfrentar alguns desafios, como manter a capacidade de sustentação do projeto, sem perda de qualidade, e livrar-se da interferência da baixa política nas diferentes localidades.
José Danilo Lopes de Oliveira Banco do Nordeste do Brasil S. A., gerente de Ambiente de Responsabilidade Socioambiental
O Programa Comunidades Semiárido promove a geração de trabalho e renda, bem como o desenvolvimento local e humano de comunidades do Semiárido nordestino, por meio da produção de algodão ou mamona e da caprino-ovinocultura, inclusão digital, associativismo, entre outras práticas. Nesse sentido, o Programa é importante para o BNB, pois atua na área de abrangência do banco, que são os estados da região Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), o Norte de Minas Gerais (incluindo os Vales do Mucuri e do Jequitinhonha) e o Norte do Espírito Santo.
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Entre as várias conquistas alcançadas pelo Programa, destaca-se a implantação dos telecentros comunitários, os quais promovem a inclusão social e digital de seus usuários, por meio do acesso à internet e às ferramentas de comunicação. Outro importante projeto é a instalação de cisternas, que possibilitam o desenvolvimento das comunidades e o acesso à água, o que ocasiona melhorias na qualidade de vida das famílias, redução das doenças causadas pela ingestão de água contaminada e se constitui numa solução eficaz e econômica para problemas decorrentes das secas. No caso do projeto de instalação das cisternas, destaca-se como um dos principais desafios para o futuro a construção de uma cisterna em cada residência rural no Semiárido brasileiro. Outro grande desafio consiste no desenvolvimento de atividades produtivas competitivas apropriadas ao Semiárido, levando-se em consideração os aspectos de eficiência econômica com inserção nos mercados (interno ou externo), de respeito ao meio ambiente e de inclusão social, atentando-se, ainda, para as particularidades locais e a cultura de cada região.
Cleide Soares Coordenadora Nacional do Programa Arca das Letras, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
Nós [do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)], de certa forma, nos inspiramos na metodologia do COEP de mobilização social, que reúne recursos e esforços, para implantar as bibliotecas Arca das Letras, e a parceria com o Comitê nos ajudou a chegar a comunidades as quais não tínhamos ainda condições de alcançar. Além disso, a utilização do espaço dos telecentros das comunidades COEP para implantar as bibliotecas é muito adequada. Esses espaços ficam dentro das comunidades e atuam muito com o público jovem, que está antenado com as novidades, precisa de livros para avançar nos estudos e tem necessidade
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de conhecer mais e mais do mundo. Os livros e os computadores, ao contrário do que muitos pensam, interagem bem, porque atuam no mundo da informação. Quem cuida do telecentro também é agente de leitura. Enquanto um morador da comunidade espera para usar o computador, fica lendo um livro; outros aproveitam e levam o livro emprestado. Ao passo que nós reunimos livros, inclusão digital, capacitação e gestão social para apoiar o desenvolvimento comunitário, a Rede de Mobilização e os agentes sociais do COEP acompanham as bibliotecas e promovem a integração entre os projetos desenvolvidos em cada local.
Gilberto Carvalho Chefe-de-gabinete pessoal da Presidência da República, em palestra às lideranças comunitárias durante o seminário “Políticas Públicas e o Programa Comunidades Semiárido”, em setembro de 2007
Eu me sinto muito privilegiado por estar aqui nesta tarde. Se alguém tem de agradecer não são vocês, somos nós. É o próprio presidente [da República] que tem de agradecer a vocês pelas iniciativas, pela perseverança, pela garra, pela luta. Ao assistir a esse vídeo [sobre o Projeto], a gente sabe o quanto tem de sacrifício, de persistência, de briga, de dificuldade, por trás. Nós que temos trabalho comunitário há muito tempo sabemos o quanto é importante uma iniciativa como esta. Então, queria, em primeiro lugar, render minha homenagem a vocês por isso que eu chamo de heroísmo, por levar à frente um trabalho dessa qualidade.
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Márcio Portocarrero Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo – SDC – Mapa
Programas como o Comunidades Semiárido, do COEP, são o próprio exemplo de como, com criatividade e compromisso, poderemos fortalecer a justiça social, a preocupação ambiental e a economia solidária. O COEP tem trabalhado para unir os esforços públicos e privados no sentido de oportunizar às comunidades de baixa renda o acesso a informações, tecnologias e mecanismos de mercado. Articular políticas públicas de vários ministérios, aproximar o conhecimento gerado nas universidades e obter o apoio de entidades de sua rede, colocando-as a serviço das potencialidades comunitárias, é uma ação fundamental para o desenvolvimento social.
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mudanç Uma história de mudança econômica e social John Saxby
Esta é a introdução de um Caderno que será publicado pelo COEP no fim de
2009. Esse novo Caderno apresentará uma avaliação do Programa Semiárido, complementando a presente publicação. O estudo foi desenvolvido e coordenado por John Saxby, pesquisador baseado em Ottawa, Canadá,
John Saxby é um associado do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor
Voluntário (CVSRD, na sigla em inglês) da Universidade de Carleton, Ottawa. O COEP e o CVSRD agradecem ao Programa Canadense de Parceria do Centro Inter-
nacional de Pesquisas para o Desenvolvimento (IDRC) pelo apoio para esse estudo1.
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“O Programa Comunidades Semiárido”, dezembro de 2008 Contexto: Uma comunidade rural na zona semiárida do Nordeste brasileiro, dezembro de 2008 Aqui vivem 35 famílias, um pouco mais de cem pessoas, no total. Suas casas de paredes caiadas se espalham ao longo de 500 metros de estrada recentemente pavimentada com pedras extraídas de uma pedreira local. É início da noite e as luzes se acendem. Todas as famílias desfrutam de luz elétrica desde que, há seis anos, uma empresa de eletricidade local instalou uma linha de distribuição2. O telecentro comunitário3 ainda está cheio, mesmo no fim do dia. Seus cinco computadores estão sendo utilizados por uma professora primária e seus alunos, visitantes de uma comunidade vizinha que vêm duas vezes por semana para usar o telecentro durante a tarde. Hoje recebem aulas sobre atendimento primário à saúde, criadas e distribuídas pela Escola Nacional de Saúde Pública. A comunidade tem uma conexão de banda larga via satélite, assegurada pelo Ministério das Comunicações4 em 2005, que transmite o programa por milhares de quilômetros, da escola no subúrbio do Rio de Janeiro, bem longe ao sul, até essa pequena vila que fica a 300 quilômetros do litoral do Nordeste. O telecentro também estará bem ocupado esta noite. Não somente a sessão regular de “alfabetização digital” está marcada para as 20 horas, como também um jovem da comunidade está desenhando uma webpage para outra comunidade vizinha – uma das cinco que fazem parte do Polo de Desenvolvimento Comunitário Integrado5 nesse distrito. Seu projeto será a base de uma oficina de informática com duração de dois dias, a ser realizada na próxima semana. Isso vai incluir participantes de outras comunidades do Polo, assim como algumas pessoas do Polo que fica logo depois da fronteira estadual. A eles se juntarão técnicos do Ministério das Comunicações e instrutores da Rede Universidades Cidadãs6, no Nordeste. Os jovens da comunidade também estarão ocupados com outra reunião hoje à noite. A agenda mensal do Comitê Mobilizador7 inclui um grande problema
1 O original foi escrito em inglês. 2 A empresa de eletricidade regional, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf ), teve aqui um papel muito importante, convencendo as distribuidoras locais a estenderem linhas trifásicas para comunidades rurais como esta. 3 O “centro de telecomunicações comunitário”. 4 Por meio do programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), os Ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia têm um mandato para disseminar o acesso à tecnologia de comunicações nas áreas rurais do Brasil. 5 O “ponto focal do desenvolvimento comunitário integrado”. 6 “Universidades Cidadãs”. Essa rede compreende professores e estudantes de seis universidades públicas do Nordeste. Seu trabalho com essa comunidade é financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), uma agência do Ministério da Ciência e Tecnologia. 7 “Comitê Mobilizador”.
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8 Comitê de Entidades no Combate à Fome e Pela Vida.
enfrentado pela comunidade. O rio que demarca as terras cultivadas da comunidade está gravemente degradado, com margens erodidas e águas poluídas por gado de propriedades vizinhas. Os jovens do Comitê têm sentimentos fortes sobre isso e querem que algo seja feito. O Comitê de seis pessoas inclui duas mulheres e dois jovens, assim como o presidente da Associação Comunitária. É um órgão operacional, encarregado de assegurar um vínculo efetivo entre as iniciativas do COEP e a estrutura formal da comunidade – a Associação. Contudo, com representação no Comitê, tanto os jovens quanto as mulheres assumem um papel crescente nos assuntos comunitários e têm utilizado o Comitê como fórum para debater ideias. A degradação do rio é um problema complexo, que a comunidade não pode resolver sozinha, mas a geração mais jovem quer que a comunidade discuta o problema com os outros agricultores e com as autoridades locais. Isso, em parte, se deve ao fato de que os jovens têm ideias para outros projetos que necessitam de água limpa e um rio saudável. Além do problema imediato, a agenda de hoje à noite inclui uma proposta de turismo rural das mulheres e jovens do Comitê. Eles pretendem construir uma casa de hóspedes, como base de um hotel de férias (resort), para onde as pessoas da cidade vizinha possam trazer suas famílias, a fim de passar o dia ou o fim de semana, desfrutando as caminhadas em trilhas, as trilhas para ciclistas nas colinas, ou simplesmente relaxando num local seguro e tranquilo. Hoje, a comunidade também acolhe uma pequena multidão de visitantes. Tem atraído a atenção como uma das comunidades de um grupo de 46 na zona do Semiárido – um grupo que teve seu início no começo da década de 2000 e vem reconstruindo a produção de algodão no Nordeste, na base da produção familiar, buscando a recuperação incremental de uma indústria que praticamente entrou em colapso na década de 1980. Dois membros da equipe do COEP8, uma Rede de Mobilização Social com sede nacional no Rio de Janeiro, estão visitando todas as comunidades do Polo, juntamente com um especialista em algodão da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Com eles, estão um representante da Finep, uma agência do Ministério da Ciência e Tecnologia que financia
Cisterna garante água no período da seca © Marcelo Valle
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pesquisa aplicada e projetos-piloto, e um técnico do Núcleo de Responsabilidade Social da Chesf, uma empresa de geração de eletricidade do Nordeste do Brasil. Todos os visitantes têm um interesse especial no trabalho da comunidade. O COEP cumpriu um papel central como catalisador e vinculador, garantindo e coordenando a assistência técnica e financeira para projetos de desenvolvimento de um grande número de organizações nesta e noutras comunidades: Chesf e Eletrobrás, as Universidades Cidadãs, Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério das Comunicações, Embrapa e Finep. Assim, entre os visitantes do COEP, estão o membro da equipe responsável pela coordenação-geral dessa assistência e um agente de desenvolvimento, que assessora regularmente a comunidade em assuntos de agronomia, produção de algodão e comercialização e planos de negócio. Seus colegas da Embrapa e da Finep são técnicos. O especialista da Embrapa está organizando uma oficina de dia inteiro sobre a produção orgânica de algodão de cor natural e resistente à seca, uma variedade introduzida recentemente pela Embrapa. A produção orgânica oferece um nicho de mercado potencialmente valioso para os pequenos produtores do Nordeste, que não podem competir com gigantes da agroindústria algodoeira, localizados na região Centro-Oeste do país. Por outro lado, desde o ano 2002, a Finep tem financiado vários projetos em comunidades na zona semiárida, em sintonia com seu mandato público de apoiar projetos-piloto inovadores e em esferas como desenvolvimento econômico comunitário e popularização das tecnologias de comunicação eletrônicas. A Eletrobrás, finalmente, tem ajudado a financiar o cultivo de mamona para a produção de biodiesel em outras partes do Nordeste, assim como estimulado subsidiárias, como a Chesf, a tomar parte ativa no apoio ao desenvolvimento econômico das comunidades marginalizadas. Todos os visitantes estão ansiosos para ver o funcionamento de uma minifábrica construída em 2005, que inclui uma pequena descaroçadeira de algodão, para limpeza e descaroçamento do algodão bruto, e uma prensa para preparar fardos de 100 quilos. Esse algodão, parcialmente processado, obtém um preço na indústria de fiação significativamente mais alto do que o bruto. Os plantadores usam o telecentro para acompanhar os preços. A área plantada pela comunidade
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é modesta: oito hectares de lotes familiares e quatro hectares coletivos. No entanto, as famílias que participam viram sua renda com o algodão duplicar, desde que surgiu a minifábrica e o algodão colorido e resistente à seca. Tanto os agricultores quanto os técnicos estão também interessados em explorar as opções de cultivar e comercializar um produto orgânico certificado.
Plantio de algodão consorciado com milho
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9 O projeto “Um milhão de Cisternas” ou P1MC. A Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede da sociedade civil focada no abastecimento de água e sua conservação. Com apoio do governo, iniciou o P1MC em 2001. A ASA gerencia o projeto, que é financiado por órgãos federais, como o Ministério do Desenvolvimento Social. O P1MC fornece cisternas a famílias do Semiárido que não possuem uma fonte confiável de água potável perto de suas casas. Os critérios para selecionar as famílias são os seguintes: chefiadas por mulheres, com filhos até 6 anos de idade, filhos e jovens na escola, adultos de mais de 65 anos ou mais e pessoas com deficiência física ou mental.
(O interesse no algodão da comunidade não está limitado aos profissionais e às organizações brasileiros que têm ajudado a sustentá-lo. Na semana passada, a comunidade hospedou representantes das associações de agricultores moçambicanos, que faziam uma visita de aprendizado, acompanhados por pessoal de uma ONG internacional, que trabalha para promover a pequena produção de algodão naquele país.) O jantar dos visitantes vai incluir alguns itens que normalmente não estão disponíveis nesta época do ano. As famílias da comunidade agora plantam fava, para melhorar sua dieta na estação seca, antes das chuvas de verão. Ela vem de um terreno na planície aluvial de 2,5 hectares, criada por uma barragem subterrânea que corta um riacho sazonal. A barragem foi construída há seis meses, depois das últimas chuvas, sendo parte de um plano-piloto para melhorar a segurança alimentar, introduzido pelo COEP e seus parceiros. Já demonstrou seu valor. O poço raso (3 metros de profundidade) permaneceu cheio durante a estação seca. Isso tem sido uma vantagem real para as famílias que ainda não têm água encanada. Desde 2002, 28 famílias conseguiram cisternas por meio do projeto “Um Milhão de Cisternas”, um programa da Articulação no Semiárido Brasileiro, em parceria com o COEP9. Atualmente, sete famílias continuam sem cisternas domésticas. Para elas, o poço fornece água potável acessível e segura. A barragem e a planície aluvial também significam novos cultivos, como a fava, e fornecem alimento extra para as famílias nos meses secos, antes da colheita, assim como condimentos, como coentro, que agora cresce durante todo o ano. Além disso, as cerca de 120 cabeças de gado da comunidade agora têm forragem extra para enfrentar a estação seca. Essas colheitas complementam os benefícios de um projeto para melhorar a qualidade e a quantidade de cabras na comunidade. Desde 2005, um fundo rotativo distribuiu 16 cabras reprodutoras para quatro famílias da comunidade, e o rebanho total de cabras melhoradas agora ultrapassa 40. As famílias que receberam as cabras devolveram um número similar de cabritos, para manter o fundo. As cabras são importantes bens vivos – tanto como reserva alimentar quanto como potencial fonte de dinheiro se forem vendidas (a preços muito acima do rebanho tradicional).
Rebanho de caprinos e aprisco Š Marcelo Valle
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A comunidade aqui descrita não existe. Essa breve descrição é de fato uma colagem de vários aspectos da vida comunitária, com partes retiradas de várias comunidades de diferentes locais do Nordeste. Entretanto, todos estes aspectos da vida comunitária existem de fato nas comunidades nordestinas: a chegada da eletricidade, o telecentro, a educação a distância, a presença do Polo de Desenvolvimento, a oficina de treinamento com especialistas de ministérios e universidades, a produção de algodão orgânico e as operações da minifábrica, assim como as medidas para aliviar a seca e promover a segurança alimentar. Todas essas medidas são componentes do Programa Semiárido, iniciativa do COEP há uma década, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento local de comunidades rurais na zona semiárida do Nordeste.
10 Por exemplo, seus membros fundadores incluíam as organizações aqui mencionadas, mas também Furnas, uma grande fornecedora de eletricidade, Banco do Brasil e Petrobras.
O Programa Semiárido, o assunto deste Caderno, é uma iniciativa do COEP, articulada com departamentos governamentais, entidades paraestatais e universidades, cujo objetivo é promover o desenvolvimento social e econômico de comunidades rurais na zona semiárida do Nordeste. O COEP é uma Rede de Mobilização Social criada em 1993, como parte de um movimento popular contra a fome e a pobreza no Brasil. É uma Rede de redes, com atuação nacional, em todos os 26 estados e no Distrito Federal, assim como em 20 municípios. No fim de 2008, possuía mais de 1.100 organizações membros, incluindo agências governamentais, paraestatais, empresas privadas e organizações da sociedade civil10. O COEP é uma organização voluntária, a filiação é voluntária e seus membros decidem como vão participar e que recursos vão comprometer para as ações do COEP. O COEP se descreve como organização voluntária de interesse público, que trabalha para promover uma sociedade justa e inclusiva para todos os brasileiros e brasileiras. Uma organização não-governamental, com membros que incluem entidades públicas e atores substanciais da economia brasileira, que existe na fron-
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teira entre o Estado, economia e sociedade civil. A Rede tem recorrido a diversas estratégias durante seus 16 anos de existência: campanhas para mobilizar apoio público com o intuito de acabar com a pobreza no Brasil; ações para mobilizar seus membros, a fim de comprometer recursos institucionais aos projetos de desenvolvimento; apoio para inovações, como incubadoras para cooperativas, que podem ser assumidas por agências públicas; e documentação e disseminação de lições da prática do desenvolvimento, na forma de projetos de referência, Cadernos e produções audiovisuais11. Esta é a avaliação resumida do Programa Semiárido, baseada na nossa pesquisa: • As comunidades apontam com orgulho para avanços reais. Elas desejam muito trabalhar com o COEP e seus parceiros para construir mais sobre esses êxitos no próximo ano. • O Programa se baseia em parcerias eficazes. As comunidades, por meio de suas associações, têm trabalhado bem com o COEP, que administra o Programa desde seu início. O COEP tem estimulado e mobilizado recursos – conhecimentos, equipamentos, logística, apoio financeiro, moral e político – de suas muitas organizações parceiras. • O “projeto do algodão” original era bem concebido como um investimento numa nova abordagem ao cultivo e à comercialização do algodão, incluindo sua limpeza, descaroçamento e enfardamento, realizados nas comunidades. As famílias conseguiram aumentos significativos de renda; no entanto, a seca continua a ser uma ameaça real e a renda da agricultura é sempre incerta. • A introdução de computadores e da internet, abrigados em telecentros comunitários, trouxe mudanças profundas para a vida, imaginação e esperança das pessoas das comunidades. As equipes das Universidades Cidadãs oferecem às comunidades um recurso essencial para educação e treinamento. • As tecnologias para combater os efeitos da seca têm sido assumidas com crescente entusiasmo: barragens subterrâneas, cisternas e poços, ovelhas e cabras melhoradas.
11 Tudo isso e muito mais pode ser encontrado no website: www.coepbrasil.org.br
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• As pessoas viram mudanças reais, ainda que às vezes intangíveis, nas suas comunidades. Por exemplo: o crescimento da autoconfiança, assim como da confiança e apoio mútuos, e de um senso de identidade comum. A experiência de trabalhar e realizar coisas juntos teve um papel central nesse processo.
Estudando no telecentro
© Marcelo Valle
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• As associações comunitárias mudaram para melhor. O número de membros cresceu e as reuniões e eleições atraem muito mais interesse e participação. Em especial, as mulheres e jovens assumem agora um papel mais ativo nos assuntos da comunidade do que faziam há alguns anos. • Com todos esses avanços, ainda restam desafios reais. A ameaça da seca sempre estará presente. No futuro, as políticas e recursos públicos utilizados para apoiar o Programa podem faltar. Os equipamentos dos telecentros e das minifábricas ficarão depreciados e sua substituição precisará ser financiada. As pessoas procuram educação e treinamento relevantes em muitas áreas da vida comunitária. Existem demandas competitivas para consolidar e expandir o Programa. Essa tensão inclui a questão do novo arranjo para a administração do Programa, inclusive o papel a ser cumprido pelo COEP, comunidades e outros órgãos regionais.
John Saxby Pesquisador canadense
Agricultores e sua produção de algodão na miniusina de beneficiamento
Parte 3
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metodol A metodologia social por trás das ações
Para tornar possível a implementação de iniciativas de promoção do desenvolvi-
mento humano e redução da desigualdade social no país, é preciso mais do que boa vontade. Além de talento e disposição para a articulação com o poder público e formação de parcerias, é necessária uma metodologia, adaptável à realidade de cada
local. Tudo acontece dentro de quatro eixos básicos: Geração de Trabalho e Renda; Educação e Cidadania; Convivência com o Semiárido; Organização Comunitária.
A experiência de ação social adquirida pelo COEP ao longo dos anos foi baseada no
processo participativo, democrático e transparente, com divisão de responsabilidades.
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Isso possibilitou a criação de uma metodologia que vem sendo aplicada na integração das comunidades à Rede Comunidades Semiárido, que consiste em oito etapas principais:
1ª: Seleção de comunidades O primeiro contato com as comunidades, para identificar aquelas que apresentam condições adequadas para o desenvolvimento das ações, é realizado por meio das associações locais, sindicatos rurais, secretarias municipais de agricultura e Na comunidade de Solidão, a máquina batedeira de mamona e feijão facilita o trabalho dos agricultores
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Entre livros e cadernos, jovens estudam na escola pública da comunidade de Quixabeira. O telecentro é uma forma importante de complementar os estudos
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parceiros que já tenham executado ações na região. Durante essa fase, são feitas a observação e a avaliação de uma série de características das comunidades, como perfil social e geográfico. É nesse momento, também, que as comunidades demonstram sua disposição para participar do programa. Alguns dos pontos mais comumente analisados sugerem que a comunidade deve: • ser identificada como rural e de baixa renda; • demonstrar interesse em participar do programa; • estar no zoneamento para o cultivo do algodão ou mamona (requisitos específicos de algumas das ações); • estar próxima do polo existente e das demais comunidades do polo; • apresentar mínima organização comunitária; • apresentar embriões de grupos de interesse, com atividades variadas, ou apresentar potencial econômico-produtivo para fins de apoio à instalação de projetos geradores de renda; • oferecer contrapartidas para possibilitar o encaminhamento das ações; • ter disponibilidade de energia elétrica trifásica, para viabilizar a instalação de máquinas de beneficiamento. A partir disso, as equipes de campo poderão avaliar, de acordo com os critérios estabelecidos, quais comunidades serão integradas ao programa.
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2ª: Intercâmbio entre as comunidades Nessa etapa, representantes das comunidades recém-integradas visitam uma comunidade que já faz parte do programa há mais tempo, a fim de tomar conhecimento das ações realizadas. Essa visita é especialmente importante para que os representantes conheçam o trabalho desenvolvido e as tecnologias aplicadas.
3ª: Compromisso com a parceria Com maior conhecimento sobre as ações do programa, são formalizadas as adesões das novas comunidades, com a assinatura de um termo de parceria. É o “Protocolo de Cooperação”, em que a comunidade se compromete a cooperar com o COEP, e vice-versa, para a concretização das ações. A assinatura se dá por meio de uma Assembleia-Geral Comunitária, após a realização de oficinas nas quais são discutidos valores humanos, princípios e responsabilidades que serão acordados entre as partes.
4ª: Comitê Mobilizador O COEP incentiva a formação de grupos de lideranças locais, que são chamados Comitês Mobilizadores. Reunindo diferentes grupos da comunidade (jovens, mulheres e agricultores), a incumbência dos Comitês é organizar e acompanhar o andamento das ações previstas nos projetos executados pelo COEP.
5ª: Diagnóstico Antes de agir, é preciso diagnosticar a realidade das comunidades, demarcando o contexto social, econômico e político inicial. Por meio do diagnóstico, é possível identificar os recursos disponíveis e quais são as demandas e potencialidades das comunidades e, também, suas prioridades. O diagnóstico é, na verdade, a fonte de dados para a implementação das ações previstas no programa.
6ª: Ação Nessa fase, as ações previstas começam efetivamente a ser implementadas. As comunidades são incentivadas a se mobilizarem, buscando alternativas e criando
A garantia do alimento: sementes de feijĂŁo caupi depois de serem passadas na mĂĄquina batedeira
Š Marcelo Valle
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parcerias locais, a fim de cumprir as demandas estabelecidas. É essa mobilização que faz com que as próprias comunidades protagonizem seu desenvolvimento.
7ª: Avaliação O objetivo dessa etapa é avaliar os impactos resultantes da atuação das equipes e da implementação das ações pelo COEP. O instrumento de avaliação (questionário) foi elaborado com a contribuição de todas as equipes e representantes das
Jovens da comunidade de Solidão, no Piauí: o telecentro como perspectiva de interação com outras comunidades
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comunidades. Durante a avaliação, todos – comunidades, universidades parceiras e equipes do COEP – expõem suas impressões a respeito dos temas abordados. Isso proporciona um olhar mais amplo sobre os resultados, abrindo caminhos para o ajuste de metas e procedimentos e o aprimoramento da qualidade da ação.
8ª: Desligamento das comunidades Essa etapa tem início quando as ações previstas pelos projetos já estão implantadas nas comunidades. O desligamento se dá pelo afastamento natural e gradual das equipes do COEP, à medida que os próprios integrantes das comunidades assumem, efetivamente, o controle e a gestão das ações já iniciadas. Mesmo com o término das ações, a troca de informações não será totalmente cessada. A comunidade continuará a participar da Rede Comunidades, comunicando-se, interagindo e disponibilizando informações e materiais relacionados ao seu desenvolvimento, por meio da internet ou de intercâmbios presenciais. Nas comunidades de um mesmo polo, o contato pessoal é particularmente favorecido, em função da facilidade de acesso. O principal objetivo dessa metodologia social é incentivar o fortalecimento da organização comunitária, promovendo a participação ativa dos moradores das comunidades na busca de realização de suas demandas. Assim, eles serão os agentes transformadores em prol de seu desenvolvimento.
tecnolog As tecnologias aplicadas
Dentro da metodologia social adotada nas ações implementadas pelo COEP, algumas tecnologias vêm sendo consolidadas e aprimoradas, à medida que são aplicadas em cada uma das comunidades, adaptando-se a cada situação.
Implantar essas tecnologias requer a integração dos saberes populares aos
conhecimentos técnico-científicos, o conhecimento das habilidades e das condições ambientais locais. Os objetivos são dar condições para a convivência com as
adversidades – em especial as climáticas – e tornar possível a transformação da realidade das comunidades.
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Orgulho de ter uma cisterna
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A estrutura das tecnologias compreende os seguintes tópicos: • Organização comunitária - Comitê Mobilizador - Encontros - Apoio na implementação de políticas públicas - Apoio a processos de gestão comunitária • Diagnóstico socioeconômico para marco zero • Diagnóstico de demandas, recursos e potencialidades • Capacitações - Pelas equipes - Outros eventos de capacitação - Acompanhamento de campo • Geração de trabalho e renda - Produção de algodão e mamona - Criação de caprinos e ovinos - Viveiros de mudas - Instalação de miniprojetos geradores de renda • Captação e armazenamento de água - Cisternas (para consumo) - Barragens subterrâneas (para agricultura) • Inclusão digital - Telecentros comunitários - Site das comunidades - Sistema de Mídias e Educação (Sime)
O algodĂŁo em fardo, depois de beneficiado, pronto para ser pesado
Š Marcelo Valle
Criando oportunidades de renda para manter o jovem no campo
Š Marcelo Valle
Agricultores levando o algodĂŁo para ser beneficiado na miniusina de Lagoa de Dentro
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Novos conhecimentos levam a novas oportunidades: produção de orgânicos em horta caseira
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Organização comunitária A organização comunitária é a peça-chave para o sucesso e a sustentabilidade das ações. Normalmente, as comunidades possuem uma associação minimamente organizada. No entanto, é frequente a necessidade de um intenso trabalho para provocar maior coesão das lideranças e engajamento com outros atores sociais locais, especialmente o poder público. Para isso, a estratégia é promover o fortalecimento da organização comunitária por meio da formação de lideranças, que estimulem a participação coletiva na busca de alternativas para o desenvolvimento, a sustentabilidade e autonomia da comunidade.
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Jovens no telecentro do Assentamento Margarida Maria Alves: opção de comunicação, educação e entretenimento
Comitê Mobilizador A fim de fortalecer as associações comunitárias e o associativismo, incentivando as comunidades nas mobilizações em busca de alternativas para seu desenvolvimento, é estimulada a formação de grupos, que são os Comitês Mobilizadores. Constituídos por lideranças locais, esses Comitês são compostos pelo presidente da associação comunitária local e por mais cinco membros da associação, em que diferentes grupos da comunidade são representados (jovens, mulheres e agricultores). Esses grupos são muito importantes para a organização e implementação dos projetos e para o fortalecimento das associações, pois, além de criar mobilizações
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O criador Paulo e os animais, recebidos através do repasse
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para ações independentes, eles são responsáveis pelo acompanhamento das atividades previstas nos projetos executados pelo COEP nas comunidades. Encontros Com o intuito de envolver os membros das comunidades nas questões relacionadas à execução dos projetos e oferecer um contínuo processo de capacitação para o fortalecimento das lideranças das comunidades, vêm sendo realizados encontros de agricultores das comunidades. Nesses encontros, os agricultores participam de diversas atividades (debates, palestras, oficinas e visitas), possibilitando reflexões, trocas de experiências, discussões e avaliações das ações. Além disso, eles adquirem novos conhecimentos sobre diversos assuntos de interesses das comunidades. Anualmente, são realizados um fórum, que reúne representantes de todas as comunidades integrantes da Rede Comunidades Semiárido, e minifóruns, dos quais participam representantes das comunidades de um mesmo polo. Esses eventos, além de representar um momento de capacitação, servem para promover maior integração entre agricultores de diferentes comunidades e, também, entre estes e as equipes do COEP. Neles, procura-se dar ênfase aos temas de interesse dos agricultores familiares, como organização comunitária, produção de algodão e mamona, tecnologias alternativas de cultivo, políticas públicas, inclusão digital, entre outros.
Vista da barragem subterrânea e área de plantio de arroz
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Apoio na implementação de políticas públicas Através de capacitações e acompanhamento das equipes, procura-se incentivar as mobilizações na busca de políticas que sejam de interesse das comunidades. Nos encontros de agricultores, o tema “políticas públicas” é frequentemente abordado, no intuito de ampliar a vocalização das comunidades diante do poder público, instrumentalizado-as para buscarem as políticas disponíveis para seu desenvolvimento e para maior participação nos veículos de controle social.
Telecentro: agrada a crianças e adultos
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Além disso, o COEP tem atuado como um articulador na implementação de políticas demandadas pelas comunidades, e seu papel é repassá-las aos executores e apoiar sua implementação, especialmente no que diz respeito à mobilização e organização dos agricultores. Isso já vem ocorrendo, por exemplo, por meio de alguns programas: P1MC (Programa um Milhão de Cisternas, do Ministério do Desenvolvimento Social); instalação de cisternas de placa pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA); pontos de presença do Governo Eletrônico –
Campo de plantio de algodão
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Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), do Ministério das Comunicações; e Programa Arca das Letras, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que prevê a instalação de minibibliotecas nas comunidades. Apoio a processos de gestão comunitária Tendo em vista que muitas das tecnologias implementadas são compartilhadas por grupos de interesse comum, é estimulada e orientada a gestão coletiva, como no caso dos telecentros comunitários e das miniusinas de beneficiamento de algodão. Nesse caso, as manutenções físicas e financeiras são de responsabilidade da própria comunidade.
Diagnóstico socioeconômico para marco zero Os objetivos do diagnóstico socioeconômico são: conhecer a realidade das comunidades e demarcar seus contextos social, econômico e político. Os dados coletados nesse diagnóstico contribuem para que, após um período das intervenções, se tenha, de médio a longo prazo, uma referência que auxilie na avaliação dos impactos obtidos. A coleta de dados é feita através da aplicação de três questionários: • Pessoa: para todas as pessoas que fazem parte das famílias selecionadas • Família: para uma amostragem de famílias ligadas às associações comunitárias • Comunidade: para as associações comunitárias Após a coleta de dados, são realizadas a sistematização, a tabulação e a análise dos dados. Com os resultados obtidos, são identificadas algumas demandas, que serão avaliadas junto ao diagnóstico de demandas, recursos e potencialidades.
Diagnóstico de demandas, recursos e potencialidades Aqui, a meta é identificar demandas, recursos e potencialidades locais que possam ser uma fonte de dados para a implementação das ações, especialmente a instalação dos miniprojetos geradores de renda e a realização de capacitações.
Cacho de mamona em desenvolvimento
Š Marcos Carmona pa rt e 3 | 9 5
Poço Amazonas: garantia de água
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Matriz no rebanho de ovelhas e suas crias, prontas para o repasse
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O diagnóstico participativo é realizado com interação das comunidades, nos diversos segmentos (jovens, mulheres e agricultores) e por meio de oficinas, reuniões, visitas e grupos de discussão. Os focos dessa pesquisa são os seguintes questionamentos: • quem somos? • o que temos? • o que queremos? As agendas de prioridades das comunidades também são construídas de forma participativa. São identificadas quais demandas são viáveis de ações por
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meio do COEP e quais podem ser objeto de mobilização para a inserção de políticas públicas, ou, ainda, objeto de outras ações de outros parceiros.
Capacitações A partir da conclusão do diagnóstico de demandas, de recursos e potencialidades, são definidas as capacitações, a fim de oferecer um processo formativo e informativo para as comunidades, por meio de diversos tipos de eventos de capacitação (reuniões, oficinas, cursos, etc.) para atendimento das necessidades levantadas. As capacitações levam em consideração o saber das comunidades, buscando a integração do saber técnico com o saber popular. Para isso, busca-se aprimorar as técnicas e metodologias já utilizadas pelos agricultores, otimizando recursos (financeiros, humanos e ambientais), utilizando técnicas adaptáveis à convivência com a seca e outras adversidades ambientais e contribuindo para o desenvolvimento das atividades da agricultura familiar, agrícolas e não-agrícolas. É também dado um enfoque às questões relacionadas à organização comunitária, trazendo resultados positivos para o desenvolvimento das comunidades, pois coloca os membros das comunidades como protagonistas na busca de alternativas para questões de seus interesses.
Pelas equipes As capacitações realizadas pelas equipes atendem às demandas nas diversas áreas: organização comunitária, educação, cidadania, direitos humanos, segurança alimentar, saúde, inclusão digital, geração de trabalho e renda, entre outras. As capacitações são realizadas pelas equipes do COEP (coordenação e campo) e pelas equipes das Universidades Cidadãs. Outros eventos de capacitação De acordo com a demanda das ações implementadas, são viabilizadas capacitações por instituições especializadas, para formação e informação dos agricultores e equipes de campo para os assuntos de interesse da comunidade. Exemplos: caprinovinocultura, informática, recursos hídricos, entre outros.
O agricultor Paulo e parte de sua produção de algodão colorido agroecológico a caminho do beneficiamento
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Sementes de algodĂŁo colorido
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Agricultores preparando o carregamento do algodão para ser beneficiado
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Acompanhamento de campo Para realizar um processo de acompanhamento e transferência de tecnologia com relação não só à assistência técnica, mas também estimulando o aprendizado dos agricultores, uma equipe em campo mantém visitas periódicas nas comunidades, incentivando a organização comunitária e a organização para o trabalho coletivo. A equipe também orienta as comunidades sobre as questões de beneficiamento e comercialização de produtos, buscando maior envolvimento dos membros das comunidades, o que possibilita a autonomia diante de suas demandas.
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Máquina da miniusina de beneficiamento de algodão na comunidade de Furnas, Surubim (PE)
Geração de trabalho e renda Produção de algodão e mamona Com o intuito de desenvolver um projeto alternativo de geração de renda, o COEP estimulou, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a revitalização das culturas do algodão e da mamona no Nordeste. Esses produtos, que por muito tempo foram importantes para a economia regional, gerando recursos para os agricultores, estavam praticamente extintos da agricultura familiar nordestina.
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Colheita da mamona
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Colheita da mamona
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1 O algodão agroecológico é cultivado em sistemas consorciados com outras culturas, numa mesma área, empregando técnicas de conservação do solo, da água e da biodiversidade, em que as pragas são controladas com protetores naturais, sem o uso de agrotóxicos. Na Rede Comunidades, a introdução do sistema agroecológico encontra-se em fase de transição, adequando-se às questões socioambientais.
A parceria das comunidades com o COEP está viabilizando a estruturação de polos regionais de produção de algodão agroecológico1. A ação envolve a transferência de tecnologia, mobilização dos agricultores e incentivo ao trabalho coletivo, além da implantação de equipamentos que permitem ampliar a atividade produtiva para outras etapas da cadeia produtiva, até então inviáveis. Para a produção do algodão, foram implantadas miniusinas de beneficiamento, que permitem a separação da pluma e do caroço e o enfardamento da primeira. A pluma é vendida pelos grupos de agricultores à indústria e redes de comércio justo. O caroço pode ser utilizado na propriedade para a alimentação animal e, também, para comercialização.
Algodão de qualidade, sem uso de defensivos agrícolas
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O beneficiamento do algodão tem permitido a agregação de valor ao produto. Além disso, a comercialização coletiva da produção tem favorecido a venda a preços melhores do que se fosse realizada individualmente, eliminando, assim, os atravessadores. Hoje, com a introdução do sistema de produção agroecológico, é possível reduzir o impacto ambiental pela eliminação do uso de agrotóxicos empregados no cultivo, agregando valor socioeconômico e ambiental ao produto. Algumas comunidades também aderiram ao cultivo do algodão colorido, trazendo um diferencial ainda maior ao produto. A opção pelo sistema agroecológico de base familiar também viabilizou a certificação da safra (2008) em alguns polos de produção (sertão e agreste da Paraíba), Agricultor faz o controle do bicudo sem uso de agrotóxicos
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2 O algodão orgânico tem certificação concedida por instituições credenciadas – Instituto Biodinâmico (IBD) –, com credibilidade internacional, e orientada por diretrizes que buscam a qualidade do produto aliada à qualidade de vida do trabalhador.
Flor de Algodão
que se enquadrou na categoria “algodão orgânico”2. Essa qualificação garantiu que a pluma beneficiada fosse comercializada com 30% de agregação de valor para algodão branco, e 60% para algodão colorido (rubi, bege, marrom ou verde). Para o cultivo do algodão e da mamona, inicialmente, a equipe de campo utiliza a metodologia de transferência de tecnologia, através de uma produção demonstrativa em área coletiva. Nela, são instalados, em mutirões, os cultivos com demonstrações das práticas para o plantio e manejo de pragas e doenças.
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Fardos de algodão prontos para a venda
A demonstração serve como capacitação para os agricultores, que aplicam as práticas em suas lavouras. A área coletiva possibilita, também, a produção de sementes, que normalmente são divididas entre os agricultores, e o restante é comercializado em comunidades vizinhas. O recurso obtido com a produção nas áreas demonstrativas é normalmente revertido para os agricultores participantes do mutirão e/ou para a associação comunitária.
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Rebanho de caprinos
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Criação de caprinos e ovinos A criação de caprinos e ovinos é uma atividade tradicional na região nordestina, que serve para subsistência e geração de renda para as famílias atendidas. O sistema de criação de caprinos e ovinos é baseado na distribuição de lotes de três ou seis animais matrizes (fêmeas), sem raça definida, às famílias. A cada 24 matrizes é entregue à comunidade, sob a responsabilidade da associação local, um reprodutor de raça (Puro de Origem – PO), para o cruzamento com as matrizes, visando o melhoramento genético do rebanho. Os beneficiários dos lotes de matrizes devem realizar o repasse à associação de suas crias fêmeas, quando essas atingirem uma quantidade exata à das recebidas. À medida que se for alcançando o número mínimo para a formação de um lote de matrizes, a associação realiza um novo repasse, beneficiando mais uma família da comunidade, que se compromete a dar Os animais estão adquirindo continuidade ao processo. referência no mercado, por serem Dessa forma, a criação de animais se esde boa linhagem, o que agrega valor tende a toda a comunidade, até que sejam atendidas todas as famílias interessadas na no momento da comercialização ação. A partir daí, o repasse segue para outras comunidades. Nessa ação, também são instalados nas comunidades os apriscos (construção para abrigo dos reprodutores) e forrageiras (máquinas para corte de plantas que servirão de alimento para os animais). Para atender a todas as comunidades de um mesmo polo, são instaladas máquinas de confecção de telas de arame em cada um deles. As telas de arame são usadas para cercar as áreas de criação dos animais. Essa tecnologia tem mostrado resultados positivos, pois, além de ter se expandido, beneficiando outras famílias (inclusive de outras comunidades), gera aumento na renda das famílias, em virtude da qualidade genética dos rebanhos. Os animais estão adquirindo referência no mercado, por serem de boa linhagem, o que agrega valor no momento da comercialização.
Melhorar a qualidade do rebanho para garantir melhores preços
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Viveiros de mudas Os viveiros de mudas têm a finalidade de atender a diversos cultivos: mudas de espécies vegetais para alimentação dos animais, mudas frutíferas, mudas ornamentais para uso nas propriedades, mudas para florestamento de áreas degradadas, plantas medicinais, entre outros. O viveiro de mudas é comunitário e a atividade é feita coletivamente. Seus resultados são variados, de acordo com a finalidade das mudas (comercialização ou consumo da própria comunidade). Entrega de mudas para o reflorestamento
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Instalação de miniprojetos geradores de renda A instalação dos miniprojetos geradores de renda tem o objetivo de dar início a novas atividades produtivas ou potencializar atividades já desenvolvidas na comunidade. O miniprojeto gerador é definido a partir das demandas apontadas no diagnóstico, e o trabalho coletivo é incentivado. De acordo com as potencialidades locais, o interesse de grupos produtivos e o acesso ao mercado consumidor, é estudada a viabilidade para a instalação de projetos voltados às atividades agrícolas (cultivos e criação de animais) e Preparo de mudas para o reflorestamento
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não-agrícolas, como o artesanato ou outros tipos de produções caseiras, características da agricultura familiar. Algumas propostas já planejadas estão em fase inicial de instalação, com a realização de atividades. Em outros locais, estão sendo preparados espaços físicos para o funcionamento de grupos produtivos, enquanto é aguardada a aquisição de equipamentos e materiais. Alguns dos projetos geradores que estão sendo ou serão instalados: • oficinas de corte e costura e artesanato • casa de farinha • casa de doces • ativação de teares elétricos • criação de caprinos e ovinos • viveiros de mudas • áreas demonstrativas de algodão agroecológico colorido Além da instalação de equipamentos e aquisição de materiais para o início da produção, estão previstas capacitações técnicas, voltadas ao empreendedorismo, a fim de dar sustentabilidade ao grupo produtivo.
Captação e armazenamento de água Em atendimento às demandas de acesso à água para o consumo das famílias e para a agricultura, vêm sendo instaladas nas comunidades tecnologias de convivência com a seca. Cisternas (para consumo) A cisterna é uma tecnologia instalada nas propriedades familiares, que permite o armazenamento de água das chuvas. Durante o período chuvoso, as águas das chuvas são captadas dos telhados das residências e levadas até esses reservatórios, para uso no período de seca. Esse armazenamento é suficiente para garantir água potável a uma família de seis pessoas, se utilizada de forma adequada (beber e cozinhar), por oito meses.
Retirando ågua do poço Amazonas, uma fonte alternativa
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Vista da barragem subterrânea e área de plantio de arroz
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Agricultor e sua nova cisterna: água para toda a família
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Por meio da parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), vem sendo viabilizada a construção das cisternas de placas. A parceria também proporcionou capacitações de membros das comunidades para o uso da tecnologia, captação e cuidados com a água (curso “Gerenciamento de Recursos Hídricos – GRH”), além de cursos dirigidos a pedreiros, para construção das cisternas. A tecnologia vem sendo bem difundida na região e a técnica construtiva torna-se de amplo conhecimento, tendo sido multiplicada pelas pessoas que participaram das capacitações realizadas pela ASA. Isso possibilitou a construção de cisternas em outras comunidades, por meio de recursos de projetos articulados pelo COEP.
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Barragens subterrâneas (para agricultura) A barragem subterrânea é uma tecnologia de convivência com a seca, instalada para favorecer cultivos em épocas em que as chuvas não ocorrem. O sistema funciona com a interrupção do fluxo subterrâneo de água, durante o período chuvoso. A construção da barragem é feita por meio de corte Há aumento da quantidade, qualidade e transversal do solo e aplicação de lona plásdiversidade dos itens produzidos, como tica, de modo a reter a água, tornando uma hortaliças, frutas, batata-doce, milho, parte do terreno mais úmida e possibilifeijão, capim, arroz, entre outros tando a prática de diversas culturas, mesmo em período de seca, com finalidade de alimentação animal e humana. Além da instalação das barragens, os agricultores recebem capacitação para a sua construção e utilização e para a gestão dos recursos hídricos. O aumento do estoque de água das propriedades, através da construção das barragens subterrâneas, e o planejamento para melhor aproveitamento da água contribuem com a segurança alimentar e a geração de renda das famílias agricultoras. Há aumento da quantidade, qualidade e diversidade dos itens produzidos, como hortaliças, frutas, batata-doce, milho, feijão, capim, arroz, entre outros.
Inclusão digital A inclusão digital é de grande importância para a Rede Comunidades Semiárido, pois tem possibilitado ampliar o acesso à informação e à comunicação, através de instrumentos disponibilizados nas comunidades. Além disso, a inclusão tem contribuído para incentivar a participação mais ativa dos trabalhadores rurais em busca de sua inclusão social, por meio de: • fortalecimento da organização comunitária • apoio às atividades escolares • apoio às atividades agrícolas • maior integração entre membros das comunidades • fortalecimento de uma rede entre as comunidades
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• troca de experiências e ideias entre pessoas de diferentes locais, comunidades e culturas • capacitação profissional • acesso a políticas públicas • acesso a membros atuantes da comunidade • articulação com possíveis parceiros
Depois da escola, jovens tiram suas dúvidas na internet
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Telecentros comunitários Uma parceria do COEP com o Ministério das Comunicações (MC), por meio de seu programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), viabilizou a implantação de telecentros comunitários de informática. Os telecentros são compostos por cinco computadores e uma antena, que viabiliza o acesso à internet via satélite.
Em Uruçu, as crianças utilizam o telecentro como extensão das atividades escolares
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Os jovens sĂŁo os principais usuĂĄrios dos telecentros
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Comunicação com parentes que vivem em outros estados
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Além dos equipamentos de conexão fornecidos pelo programa do Gesac, outros são viabilizados por meio dos projetos executados pelo COEP e parceiros (computadores, mobiliário, etc.). Para a instalação dos telecentros, as comunidades viabilizam o espaço físico necessário para os equipamentos. As salas são construídas ou reformadas pelas comunidades, ou por meio de parcerias articuladas pelas lideranças, muitas delas com o poder público local. Sua utilização, bem como a característica dos usuários, é bastante variada. É possível encontrar nos telecentros jovens interessados em realizar pesquisas escolares (o que proporcionou a aprovação de vários deles em vestibulares de
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universidades públicas), obter orientação profissional, conversar com outros jovens por meio de ferramentas de “bate-papo”, etc. Os agricultores utilizam os telecentros para consultar cotações de produtos e condições climáticas, trocar correspondência eletrônica e resolver questões de documentação pessoal, veicular e da propriedade. Além disso, por meio dos recursos da informática, eles controlam a produção e acompanham a criação de animais, através de planilhas criadas nos computadores. Além desses recursos, os telecentros tornaram-se o meio de comunicação mais utilizado nas comunidades. Na maioria dos casos, eles são o único meio de comunicação com parentes que moram em outros estados. Essa tecnologia traz impactos positivos nas comunidades. Além de utilizar os telecentros para suas atividades de educação, agrícolas e de lazer, elas os usam para outros fins: • escolas: em atividades pedagógicas com seus alunos; • agentes de saúde: na busca de materiais referenciais (vídeos, textos, entrevistas) para as famílias e, também, para atualizações e pesquisas; • moradores: no acesso a cursos a distância, inclusive nível superior. As comunidades têm tido acesso, ainda, a instâncias virtuais de controle social, em especial, os sites de instituições governamentais, nos quais são disponibilizadas as políticas públicas, permitindo sua efetiva participação nelas. Site das comunidades Os telecentros também possibilitaram a ampliação da divulgação das comunidades. Algumas já criaram suas próprias páginas na internet, apresentando suas histórias, tradições, potencialidades, demandas e os resultados que têm alcançado. Inicialmente, o site das comunidades (www.comunidadescoep.org.br) foi criado para divulgar informações sobre a rede de comunidades. Para substituí-lo, está sendo criado o “Portal das Comunidades”, que possibilitará maior interatividade entre seus usuários – especialmente os membros das comunidades – e maior integração entre as comunidades.
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O portal é de grande importância para a inclusão digital, pois amplia o acesso à informação e disponibiliza novas ferramentas e meios de comunicação. Sistema de Mídias e Educação (Sime) Com a implantação dos telecentros nas comunidades da Rede Comunidades Semiárido, foi desenvolvido o Sistema de Mídias e Educação. O Sime é uma plataforma da internet que disponibiliza materiais didático-pedagógicos para apoio ao desenvolvimento comunitário.
A jovem Kívia, do Piauí, utilizando o Sime
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Para atender às demandas, são inseridos na plataforma materiais que abordam assuntos de interesse das comunidades, produzidos em diversas mídias (vídeos, cartilhas eletrônicas, animações, programas de rádio etc.), de modo a contemplar os mais diferentes usuários. Todos os temas são selecionados a partir das demandas identificadas, de maneira a formar e informar os agricultores sobre questões de seus interesses: agricultura, meio ambiente, acesso ao crédito, associativismo, telecentros, saúde, saneamento, entre outros. Além de materiais produzidos pelo COEP, outros produzidos por instituições parceiras são disponibilizados no sistema. Tudo pode ser acessado no site do Sime, disponível para acesso público. A visita vale a pena: www.comunidadescoep.org. br/sime.
O carro de boi ainda ĂŠ um importante meio de transporte na comunidade de Cacimba Cercada
Parte 4
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semiรกrid As comunidades do Semiรกrido
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Alagoas Comunidade: Quixabeira (Associação Rural dos Moradores da Quixabeira e Covões de Cima) UF: AL Município: Água Branca No de famílias na comunidade: 72 Ano de ingresso no Programa: 2002 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de caprinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • produção de algodão • miniusina de beneficiamento • tear elétrico • construção experimental de fogão de queima limpa • instalação de miniprojeto gerador de renda para atividade com tear • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras
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Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: abóbora, algodão, batata-doce, capim, feijão, macaxeira, mandioca, milho e palma forrageira • fruticulturas: cajá, caju, mamão, melancia e umbu • criação de aves (galinhas), animais de tração (bovinos), caprinos, ovinos e suínos • tecelagem e trabalhos manuais (bordado, crochê e pintura em tecido) • apicultura Alguns resultados e destaques na comunidade: • telecentro construído pela comunidade • construção da sede da associação comunitária • reforma da igreja • arborização e arruamento da agrovila • construção do prédio para instalação da miniusina de beneficiamento do algodão • construção do prédio para instalação do tear • parceria com a prefeitura para ativação do tear (capacitação e matéria-prima) • articulação com o poder público para construção e instalação da oficina de corte e costura • obtenção de esteira rolante para levar o algodão até a miniusina, através de articulação da parceria com empresa local
Comunidade: Cacimba Cercada (Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Sítio Cacimba Cercada) UF: AL Município: Mata Grande No de famílias na comunidade: 45 Ano de ingresso no Programa: 2006
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de caprinos e ovinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • produção de algodão • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: abóbora, batata-doce, feijão, mandioca, milho e palma forrageira • fruticulturas: caju, fruta-do-conde e melancia • criação de aves (galinhas), animais de tração (bovinos), caprinos, ovinos e suínos Alguns resultados e destaques na comunidade: • adequação de espaço, doado por membro da comunidade, para instalação de telecentro, com apoio do poder público local visando a aquisição de materiais • iniciada articulação com o poder público local para uma parceria, visando a construção de sede da associação comunitária e novo espaço para o telecentro
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Comunidade: Campinhos (Associação Comunitária Rural Nossa Senhora das Dores) UF: AL Município: Pariconha No de famílias na comunidade: 270 Ano de ingresso no Programa: 2006 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • produção de algodão • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, caju (fruta e castanha), feijão, mandioca, melancia, milho e palma forrageira • criação de animais de tração (asininos e equinos), bovinos e ovinos • artesanato (em algodão e confecção de esteira com palha da bananeira) • presença de aldeia indígena para confecção de esteiras, chapéus e vassouras • trabalhos manuais (bordado, crochê e pintura em tecido)
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Alguns resultados e destaques na comunidade: • formação de grupo produtivo para pintura em tecido • construção da sede da associação comunitária com apoio do comércio e poder público locais para aquisição de materiais • articulação do Comitê Mobilizador com o poder público local para realização de curso de corte e costura
Ceará Comunidade: Espinheiros (Associação Comunitária Santo Antônio) UF: CE Município: Aurora No de famílias na comunidade: 160 Ano de ingresso no Programa: 2006 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de caprinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • construção de barragem subterrânea
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• construção de cisterna em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) • produção de algodão • instalação de miniprojeto gerador de renda para área demonstrativa de algodão agroecológico e viveiro de mudas (previsão) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como direitos humanos, organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, arroz, feijão de sequeiro, feijão irrigado e milho • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinhas), bovinos e caprinos • potencial para bovino de leite • apicultura • trabalhos manuais (confecção de tapetes e pintura em tecido) • piscicultura (a comunidade possui dois açudes e o rio do Açude dos Prazeres) Alguns resultados e destaques na comunidade: • telecentro construído pela comunidade, em mutirão, com recursos da associação comunitária • a comunidade participou da limpeza de riacho em município vizinho (Barro), que atende a diversas localidades da região • curso de fabricação de tapetes, resultado da articulação com o poder público local • articulação com instituição local para compra do mel produzido
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• venda de cabritos com melhores preços, em virtude de agregação de valor genético • produção de algodão orgânico colorido certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP • articulação da comunidade com a prefeitura para manutenção do telecentro comunitário (parceria)
Comunidade: Engenho Velho (Associação Comunitária São Vicente de Paulo) UF: CE Município: Barro No de famílias na comunidade: 107 Ano de ingresso no Programa: 2002 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de caprinos • construção de aprisco • construção de barragem subterrânea • produção de algodão • miniusina de beneficiamento • tear elétrico • construção experimental de fogão de queima limpa • instalação de miniprojeto gerador de renda na área de confecção e tecelagem, com ativação do tear elétrico (previsão) • diagnóstico socioeconômico
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• diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como direitos humanos, organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão (atividade já tradicional), feijão e milho • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinhas), bovinos e caprinos Alguns resultados e destaques na comunidade: • instalação do maquinário da miniusina de algodão e da sala para telecentro comunitário, com galpão doado pela prefeitura • mobilização para aquisição de uma extratora de óleo das sementes do algodão • mobilização para parceria que está viabilizando a construção dos prédios que abrigarão a máquina de beneficiamento de algodão, tear e o novo telecentro comunitário • a comunidade recebeu 53 unidades sanitárias ligadas à fossa séptica • produção de algodão orgânico colorido certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP
Comunidade: Anauá (Associação Comunitária de Anauá) UF: CE Município: Mauritis
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No de famílias na comunidade: 220 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • produção de algodão • instalação de miniprojeto gerador de renda para área demonstrativa de algodão agroecológico (em implantação) e criação de caprinos (previsão) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão) • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão, mandioca (grande potencial) e milho • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinhas) e bovinos • a comunidade possui casa de farinha semi-industrial • a comunidade possui sítio arqueológico com pinturas rupestres • potencial para turismo rural • potencial para apicultura Alguns resultados e destaques na comunidade: • articulação para construção de um Centro Cultural, em função da presença do sítio arqueológico • telecentro construído pela comunidade, em mutirão, com recursos da associação comunitária
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Comunidade: Oitis (Associação Comunitária de Oitis) UF: CE Município: Milagres No de famílias na comunidade: 65 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • produção de algodão • instalação de miniprojeto gerador de renda para criação de ovinos (previsão) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão) • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, fava, feijão e milho • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinhas) e bovinos • apicultura • a comunidade possui casa de farinha rústica • potencial para cultivo de frutas • trabalhos manuais (bordado, corte e costura e crochê) Alguns resultados e destaques na comunidade: • telecentro construído pela comunidade, em mutirão, com recursos da associação comunitária • produção de algodão orgânico colorido certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP
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Comunidade: Olho D’Água (Associação Comunitária do Sítio Olho D’Água Comprido) UF: CE Município: Missão Velha No de famílias na comunidade: 90 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • produção de algodão • instalação de miniprojeto gerador de renda para criação de ovinos (previsão) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão) • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, feijão e milho • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinhas) e bovinos • proximidade com sede do município, atraindo moradores para trabalho na área urbana Alguns resultados e destaques na comunidade: • instalação de telecentro, em espaço cedido por membro da comunidade, com materiais adquiridos pela associação comunitária • produção de algodão orgânico colorido certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP
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Paraíba: Polo Agreste Comunidade: Pedra de Santo Antônio (Associação Pedra de Santo Antônio) UF: PB Município: Alagoa Grande No de famílias na comunidade: 66 Ano de ingresso no Programa: 2006 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • construção de cisterna em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) • produção de algodão • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, artesanato, entre outras
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Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: abóbora, fava, feijão, macaxeira e milho • criação de animais de tração (bovinos), aves (galinha caipira) e ovinos Alguns resultados e destaques na comunidade: • construção da sede da associação comunitária, onde foi instalado o telecentro (atualmente em fase de ampliação, com construção de sanitários e cisterna) • uso da informática para acompanhamento de atividade agrícola. • recebimento de mudas frutíferas e ornamentais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) • capacitação, pelo Ministério das Comunicações/Governo Eletrônico – Serviços de Atendimento ao Cidadão (Gesac), para as comunidades do polo • construção de dez casas com recursos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
Comunidade: Novo Pedro Velho (Associação dos Atingidos pela Barragem de Acauã) UF: PB Município: Aroeiras No de famílias na comunidade: 500 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão)
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• capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, criação de animais, cabeleireiro, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • a comunidade possui a Barragem de Acauã (que deu origem ao assentamento), com potencial para turismo e piscicultura, com proposta da prefeitura para criação de parque aquático Alguns resultados e destaques na comunidade: • mobilização do Comitê Mobilizador com a prefeitura para construção de novo espaço para o telecentro comunitário, com realização de curso de formação de pedreiro
Comunidade: Uruçu (Associação dos Produtores Rurais de Uruçu) UF: PB Município: Gurinhém No de famílias na comunidade: 200 Ano de ingresso no Programa: 2006 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • construção de cisternas familiares pelo COEP – comunidade localizada em área não atendida pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) • instalação de miniprojeto gerador de renda na área de artesanato (em implantação) • produção de algodão • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades
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• capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, artesanato, recursos hídricos, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, batata-doce, fava, feijão, macaxeira e milho • criação de aves (inclusive galinha caipira), bovinos, ovinos e suínos • potencial para turismo rural • a comunidade faz parte de roteiro turístico ecológico do “Anda Brasil”, organização não-governamental apoiada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) • recuperação de mata ciliar • programa de reciclagem de lixo Alguns resultados e destaques na comunidade: • criação da homepage da comunidade pelos próprios moradores (www.comunidadescoep.org.br/urucu) • formação de grupo produtivo para artesanato e bijuterias • mobilização para construção da sede da associação comunitária, com centro de formação e oficina de corte e costura • mobilização da comunidade para obter curso de associativismo, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) • uso da informática para acompanhamento de atividade agrícola. • participação no projeto “Espaço da água”, resultado da articulação com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), PB • mobilização para recuperação das nascentes de água e conservação e melhoria da oferta de água na comunidade • mobilização para coleta, destinação e tratamento de lixo gerado na comunidade • elaboração de projetos relacionados ao turismo rural e artesanato • resgate da cultura local
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• mobilização para inclusão da comunidade em roteiro do “Anda Brasil”, organização não-governamental apoiada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) • instalação de unidade de produção de mudas, com reutilização de embalagens plásticas de alimentos (arroz, feijão, farinha, etc.) • recebimento de mudas frutíferas e ornamentais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) • construção de 45 unidades sanitárias • produção de algodão agroecológico • articulação para a participação do grupo produtivo de artesanato em curso de corte e costura, promovido pela prefeitura e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) • participação de membros das comunidades em curso de ecoturismo, promovido pelo “Anda Brasil”, organização não-governamental apoiada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário • reforma de espaço, cedido por membro da comunidade, para instalação de telecentro • quatro professoras da comunidade estão se graduando em Pedagogia, elaborando monografias sobre assuntos de interesse da comunidade (controle de doenças endêmicas, principalmente vinculadas ao lixo, manejo hídrico e educação ambiental em comunidade rural)
Comunidade: Margarida Maria Alves (Associação dos Assentados Margarida Maria Alves I) UF: PB Município: Juarez Távora No de famílias na comunidade: 48 Ano de ingresso no Programa: 2000 (é a primeira comunidade integrante do Programa Comunidades COEP)
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos • construção de aprisco • construção de cisterna coletiva pelo COEP • construção de barragem subterrânea • produção de algodão • miniusina de beneficiamento • tear elétrico • construção experimental de fogão de queima limpa • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, artesanato, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, fava, feijão, mandioca e milho • trabalhos manuais (bordado em labirinto) • criação de animais de tração (bovinos), aves (inclusive galinha caipira), bovinos, ovinos e suínos Alguns resultados e destaques na comunidade: • criação de homepage da comunidade pelos próprios moradores (http://margaridamariaalves1.googlepages.com) • recebimento de mudas frutíferas e ornamentais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) • pavimentação da agrovila • construção de capela
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• aumento de oportunidades de empregos, a partir de capacitação em informática • produção de algodão orgânico certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP • ampliação do espaço da associação comunitária para instalação de telecentro • cultivo de algodão em área coletiva com resultados significativos, sendo os recursos obtidos com a produção revertidos em benefícios para a comunidade • mobilização para construção de caixa d’água coletiva (em conclusão) • realização do “Dia de Campo de Algodão Orgânico” (out/2008), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e COEP • expansão do cultivo de algodão agroecológico para comunidades circunvizinhas • articulação do Comitê Mobilizador com a associação comunitária para substituição de ônibus de transporte escolar • recebimento de visitas de intercâmbio – comitivas da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/AM), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/GO) e comitivas africanas – para apresentação do plantio e beneficiamento do algodão orgânico, além de outras visitas de empresários franceses e canadenses
Comunidade: Queimadas (Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Queimadas) UF: PB Município: Remígio No de famílias na comunidade: 106 Ano de ingresso no Programa: 2007
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • produção de algodão • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão) • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, batata-doce, fava, feijão, milho, palma forrageira e algumas frutíferas • criação de animais de tração (bovinos), aves (galinha caipira) • criação de bovinos e ovinos • apicultura (potencial para ampliação) • a comunidade possui uma “Escola Participativa do Algodão”, instalada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Coopenatural e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), onde são feitos experimentos com algodão agroecológico, com participação de produtores locais Resultado e destaque na comunidade: • produção de algodão orgânico certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP
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Paraíba: Polo Sertão Comunidade: Pereiros (Núcleo de Integração Rural Sítio Pereiros) UF: PB Município: Bonito de Santa Fé No de famílias na comunidade: 38 Ano de ingresso no Programa: 2006 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • construção de cisterna em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) • construção de barragem subterrânea • produção de algodão • instalação de miniprojeto gerador de renda para área demonstrativa de algodão agroecológico (previsão) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como direitos humanos, organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras
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Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, cana-de-açúcar, capim, feijão e milho • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinhas), bovinos e ovinos • piscicultura (a comunidade possui açude) Alguns resultados e destaques na comunidade: • telecentro construído pela comunidade, em mutirão, com parceria do poder público para aquisição de materiais • instalação de horta comunitária • pavimentação da via de acesso à comunidade, com ligação à sede do município • produção de algodão orgânico colorido certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP
Comunidade: Redondo (Associação São José dos Pequenos Produtores do Sítio Redondo) UF: PB Município: Cachoeira dos Índios No de famílias na comunidade: 40 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • produção de algodão • instalação de miniprojeto gerador de renda para criação de ovinos (previsão)
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• diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão) • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, arroz, feijão e milho • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinhas e perus) e bovinos • potencial para instalação de horta comunitária • a comunidade possui grupo musical de sanfoneiros • piscicultura (construção de açude em fase final) Alguns resultados e destaques na comunidade: • articulação do Comitê Mobilizador junto ao comércio local para aquisição de materiais para construção de telecentro comunitário • destaque para o alto poder de mobilização e organização do Comitê Mobilizador • destaque na produção de algodão em 2008 (7.200 kg em rama), considerando-se que a comunidade não trabalhava mais com esse cultivo • produção de algodão orgânico colorido certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP
Comunidade: Barreiros (Associação Comunitária do Sítio Barreiros) UF: PB Município: Cajazeiras No de famílias na comunidade: 55 Ano de ingresso no Programa: 2006
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • construção de barragem subterrânea • produção de algodão • instalação de miniprojeto gerador de renda para intensificação da criação de animais (previsão) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como direitos humanos, organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, amendoim, feijão e milho • criação de animais de tração (equinos), aves (galinhas), bovinos e ovinos • artesanato (couro, confecção de chapéus de palha) e trabalhos manuais (bordado, crochê e pintura em tecido) • a comunidade possui açude Alguns resultados e destaques na comunidade: • mobilização do Comitê Mobilizador para adequação do espaço para instalação de telecentro (em área da associação comunitária) e aquisição do mobiliário, ventilador e aparelho de filtragem e resfriamento de água, além de um fundo financeiro para manutenção do local • construção de igreja (em andamento) • realização de oficina de informática pelo Ministério das Comunicações/ Governo Eletrônico – Serviços de Atendimento ao Cidadão (Gesac), com participação das comunidades do Ceará e do polo do sertão da Paraíba
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• parceria com a prefeitura para capacitação de monitores para o telecentro comunitário • produção de algodão orgânico colorido certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP
Comunidade: Batalha (Associação de Desenvolvimento Comunitário dos Produtores Rurais do Sítio Batalha) UF: PB Município: Monte Horebe No de famílias na comunidade: 20 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • produção de algodão • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão) • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: batata-doce (destaque), capim, feijão, feijão-de-arranca, mandioca, milho e seriguela (exportação para outros estados)
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• criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinha d’angola [guiné e capote]) e bovinos • a comunidade possui casa de farinha rústica em atividade Resultado e destaque na comunidade: • articulação do Comitê Mobilizador para adequação de espaço (escola local desativada) para instalação de telecentro comunitário
Comunidade: Lagoa de Dentro (Associação de Desenvolvimento Comunitário do Sítio de Lagoa de Dentro) UF: PB Município: São José de Piranhas No de famílias na comunidade: 105 Ano de ingresso no Programa: 2002 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • construção de cisterna coletiva pelo COEP, e também de outras, em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) • construção de barragem subterrânea • viveiro de mudas • produção de algodão • miniusina de beneficiamento
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• tear elétrico • construção experimental de fogão de queima limpa • instalação de miniprojeto gerador de renda para corte e costura, com ativação do tear elétrico (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como direitos humanos, organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, arroz (destaque), feijão e milho • criação de animais de tração (equinos), aves (galinhas), bovinos e ovinos • trabalhos manuais (bordado, crochê e confecção de roupas e acessórios) • olaria • a comunidade possui pequeno açude Alguns resultados e destaques na comunidade: • articulação com poder público local para doação do prédio onde estão instalados o tear e a miniusina de beneficiamento de algodão • telecentro construído pela comunidade, em mutirão • formação de grupo produtivo para confecção de roupas • utilização do telecentro comunitário pela prefeitura (o Censo Escolar do município foi realizado nele) • utilização do telecentro comunitário, instalado em área rural, também por moradores da sede do município • produção de algodão orgânico colorido certificado pelo Instituto Biodinâmico (IBD), SP
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Pernambuco Comunidade: Pedra Branca (Centro de Assistência Social de Pedra Branca) UF: PE Município: Cumaru No de famílias na comunidade: 146 Ano de ingresso no Programa: 2005 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário • criação de caprinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • construção de cisterna em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) • construção de barragem subterrânea • produção de algodão • construção experimental de fogão de queima limpa • instalação de miniprojeto gerador de renda para corte e costura (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, artesanato, corte e costura, entre outras
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Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: batata, feijão, milho e palma forrageira • criação de animais de tração (equinos), aves (galinhas, patos e perus), bovinos, caprinos e suínos • apicultura • proximidade com polo produtivo de confecções, com perspectiva de inserção da comunidade nesse mercado • a comunidade possui grupo de agroecologia voltado ao reflorestamento, preservação do solo, captação de água e plantio de plantas forrageiras (alimentação animal) • existência de banco de sementes Alguns resultados e destaques na comunidade: • formação de grupo produtivo para customização de roupas • telecentro comunitário construído em parceria com a prefeitura • membro da comunidade foi eleita a melhor professora do “Mova–Brasil” (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos), PE, 2007 • reativação de posto de saúde
Comunidade: Pilões (Associação Bioecológica dos Jovens Rurais de Cumaru/Abioeco) UF: PE Município: Cumaru No de famílias na comunidade: 70 Ano de ingresso no Programa: 2005
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de caprinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • construção de cisterna coletiva pelo COEP • produção de algodão • tear elétrico • instalação de miniprojeto gerador de renda para corte e costura (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, artesanato, corte e costura, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: batata, feijão, macaxeira e milho • criação de aves (galinhas), bovinos, caprinos, equinos e suínos • potencial para trabalhos manuais (bordado, crochê e corte e costura) • proximidade com polo produtivo de confecções, com perspectiva de inserção da comunidade nesse mercado • a comunidade possui fábrica de laticínios (desativada) Alguns resultados e destaques na comunidade: • construção de galpão para instalação de tear, agregado ao telecentro, pela comunidade • formação de grupo produtivo para customização de roupas • mobilização da comunidade para ativação do tear (já instalado)
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Comunidade: Algodão do Manso (Associação Comunitária Santa Terezinha) UF: PE Município: Frei Miguelinho No de famílias na comunidade: 120 Ano de ingresso no Programa: 2005 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • produção de algodão • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, artesanato, corte e costura, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, feijão e milho • criação de aves (galinhas e perus), bovinos, ovinos e suínos • trabalhos manuais (corte e costura – facção – e customização de peças) • proximidade com polo produtivo de confecções, com perspectiva de inserção da comunidade nesse mercado
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Alguns resultados e destaques na comunidade: • formação de grupo produtivo para customização de roupas • articulação do Comitê Mobilizador com a prefeitura para reforma de espaço, cedido por membro da comunidade, para instalação de telecentro
Comunidade: Furnas (Associação Beneficente dos Agricultores de Furnas) UF: PE Município: Surubim No de famílias na comunidade: 250 Ano de ingresso no Programa: 2005 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de caprinos e ovinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • construção de cisterna em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) • produção de algodão • miniusina de beneficiamento • instalação de miniprojeto gerador de renda para corte e costura (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades
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• capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, artesanato, corte e costura, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, batata, capim, feijão, jerimum, mandioca, milho e palma forrageira • fruticulturas: abacaxi, acerola, banana, caju (com comercialização da castanha), goiaba e manga • criação de aves (galinhas e perus), bovinos, caprinos e ovinos • proximidade com polo produtivo de confecções, com perspectiva de inserção da comunidade nesse mercado • trabalhos manuais (corte e costura e customização de peças) Alguns resultados e destaques na comunidade: • implantação de posto de saúde • implantação do programa “Mova–Brasil” (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos) • formação de grupo produtivo para customização de roupas • utilização do telecentro comunitário pela rede local de ensino (estudos e pesquisas)
Comunidade: São João do Ferraz (Associação dos Produtores de São João do Ferraz) UF: PE Município: Vertentes No de famílias na comunidade: 10 Ano de ingresso no Programa: 2006
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de caprinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • produção de algodão • instalação de miniprojeto gerador de renda para corte e costura (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, artesanato, corte e costura, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, batata, feijão, macaxeira e milho • criação de aves, bovinos, caprinos, equinos e suínos • proximidade com polo produtivo de confecções, com perspectiva de inserção da comunidade nesse mercado Alguns resultados e destaques na comunidade: • formação de grupo produtivo para customização de roupas • mobilização da comunidade para obter curso de alfabetização de jovens e adultos • adequação de espaço, cedido pela associação comunitária, para instalação de telecentro • aquisição de animais (bovinos) por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf A), através da articulação do Comitê Mobilizador e da associação comunitária
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Piauí Comunidade: Cacimba (Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade de Cacimba) UF: PI Município: Anísio de Abreu No de famílias na comunidade: 59 Ano de ingresso no Programa: 2003 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos (em implantação) • instalação de forrageira (em implantação) • construção de aprisco (em andamento) • produção de algodão (em implantação) • produção de mamona • batedeira para beneficiamento de mamona • instalação de miniprojeto gerador de renda para casa de farinha e área demonstrativa de algodão agroecológico, consorciado com outras culturas (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades
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• capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, cultivo de algodão, cultivo de mamona, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão, mamona, mandioca e milho • criação de aves (galinhas), bovinos e suínos • apicultura • extrativismo de umbu para consumo das famílias • a comunidade possui tradição na produção de mandioca Alguns resultados e destaques na comunidade: • instalação de telecentro comunitário em prédio cedido pela prefeitura • construção de igreja (previsão) • construção de prédio para instalação da casa de farinha, em mutirão, com fabricação dos tijolos pela comunidade e parcerias para aquisição de materiais de construção • instalação de rede de abastecimento de água • construção de 19 pequenas barragens • instalação de orelhão (telefone público) • formação de grupo produtivo para casa de farinha e área demonstrativa de algodão agroecológico • utilização do telecentro comunitário para atividades com professores e alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) • membro da comunidade aprovada em concurso para agente de saúde • membro da comunidade aprovada em vestibular da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), sucesso proporcionado também pelo acesso ao telecentro
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Comunidade: Baixa do Morro (Associação de Desenvolvimento Comunitário dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade de Baixa do Morro) UF: PI Município: Fartura do Piauí No de famílias na comunidade: 56 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • criação de caprinos (em implantação) • instalação de forrageira (em implantação) • construção de aprisco (em andamento) • produção de algodão (em implantação) • produção de mamona • instalação de miniprojeto gerador de renda para área demonstrativa de algodão agroecológico • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, cultivo de mamona, entre outras
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Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: banana, cana, capim, coco, feijão, leucena, mamona, mandioca, manga, milho e palma forrageira • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinha d’angola [guiné e capote]), bovinos e suínos • potencial para apicultura (em atividade) • artesanato (vassouras, chapéus de palha de carnaúba, cestos de cipó e esteiras de fibra de bananeira) • trabalhos manuais (bordado e crochê) • fabricação caseira de doces (cocada), peta (biscoito de polvilho) e linguiça de caprino • a comunidade possui casa de farinha rústica em atividade • extrativismo da palha da carnaúba em áreas nativas e cultivadas Alguns resultados e destaques na comunidade: • construção da sede da associação comunitária, onde foi instalado o telecentro, com tijolos produzidos pela comunidade e parceria com o poder público local para aquisição de materiais • mobilização da comunidade com o poder público local para recuperação da escola, instalações de bomba d’água e posto de saúde • formação de grupo produtivo para área demonstrativa de algodão agroecológico • reforma da igreja • construção de posto de saúde • instalação de posto telefônico • membro da comunidade aprovado em vestibular da Universidade Federal do Piauí (UFPI), sucesso proporcionado também pelo acesso ao telecentro
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Comunidade: Boa Vista (Associação de Moradores do Povoado Boa Vista) UF: PI Município: Jurema No de famílias na comunidade: 76 Ano de ingresso no Programa: 2006 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de caprinos (em implantação) • instalação de forrageira (em implantação) • construção de aprisco (em andamento) • construção de cisterna em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) • produção de algodão (em implantação) • produção de mamona • instalação de área demonstrativa de algodão agroecológico (em implantação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, cultivo de mamona, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: abóbora, feijão, hortaliças, mamona, mandioca, melancia e milho • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinha d’angola [guiné e capote] e perus), bovinos e suínos
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• apicultura • extrativismo de umbu para consumo das famílias • expressiva produção de milho, com perspectiva de beneficiamento para produção de ração e massa para cuscuz • trabalhos manuais (bordado, crochê, fuxico e confecção de colchas) • confecção de utensílios através de reciclagem de materiais • produção de requeijão e doces caseiros • olaria e marcenaria Alguns resultados e destaques na comunidade: • telecentro construído pela comunidade, em mutirão, com parceria do poder público local para aquisição de materiais de construção • instalação de rede de abastecimento de água • premiação de alunos nas “Olimpíadas de Astronomia”, evento proporcionado pelo acesso ao telecentro comunitário • formação de grupo produtivo para área demonstrativa de algodão agroecológico • casa de mel com equipamentos básicos e colmeias • utilização do telecentro comunitário pela rede local de ensino (estudos e pesquisas) • membro da comunidade aprovado em vestibular da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), sucesso proporcionado também pelo acesso ao telecentro
Comunidade: Barro Vermelho (Associação de Desenvolvimento Comunitário Rural de Barro Vermelho) UF: PI Município: Paulistana No de famílias na comunidade: 280 Ano de ingresso no Programa: 2008
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • criação de ovinos (em implantação) • instalação de forrageira (em implantação) • construção de aprisco (em andamento) • produção de algodão (em implantação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • instalação de área demonstrativa de algodão agroecológico (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão) • capacitações em áreas como organização comunitária, projeto gerador de renda, telecentro, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: capim, feijão e milho • criação de bovinos • a comunidade está sendo contemplada, por meio de política pública, com a instalação de uma casa de mel com colmeias, para o desenvolvimento da apicultura • o município possui uma usina de beneficiamento de algodão • extrativismo de umbu para consumo das famílias Alguns resultados e destaques na comunidade: • formação de grupo produtivo para área demonstrativa de algodão agroecológico • a associação comunitária faz parte de um consórcio para produção do algodão agroecológico • mobilização da comunidade para reforma de espaço para instalação do telecentro
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Comunidade: Itaizinho (Associação de Desenvolvimento Comunitário Agrícola e Educacional dos Moradores e Trabalhadores Rurais de Data Itaizinho I) UF: PI Município: Paulistana No de famílias na comunidade: 83 Ano de ingresso no Programa: 2008 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • criação de ovinos (em implantação) • instalação de forrageira (em implantação) • construção de aprisco (em andamento) • produção de algodão (em implantação) • instalação de área demonstrativa de algodão agroecológico (em implantação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão) • capacitações em áreas como organização comunitária, projeto gerador de renda, telecentro, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão e milho • criação de bovinos • extrativismo de umbu para consumo das famílias • trabalhos manuais (bordado e crochê) • a comunidade possui grupo musical de forró
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Alguns resultados e destaques na comunidade: • formação de grupo produtivo para área demonstrativa de algodão agroecológico • a associação comunitária faz parte de um consórcio para produção do algodão agroecológico • articulação da comunidade em busca de parcerias para obter mobiliário para o telecentro • mobilização da comunidade para reforma e instalação de telecentro, em espaço cedido pela prefeitura
Comunidade: Solidão (Associação de Desenvolvimento Comunitário dos Pequenos Produtores do Povoado Solidão) UF: PI Município: São Brás do Piauí No de famílias na comunidade: 55 Ano de ingresso no Programa: 2006 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de caprinos (em implantação) • instalação de forrageira (em implantação) • construção de aprisco (em andamento) • construção de cisterna coletiva, em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) • produção de algodão (em implantação) • produção de mamona
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• instalação de miniprojeto gerador de renda para casa de doces e área demonstrativa de algodão agroecológico (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, cultivo de mamona, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão, mamona, mandioca e milho • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinhas), bovinos e suínos • apicultura • extrativismo de umbu para consumo das famílias • tradição na fabricação caseira de doces (batata e coco) Alguns resultados e destaques na comunidade: • reforma de espaço, cedido pela prefeitura, para instalação de telecentro comunitário • construção da casa de doces, em mutirão, com tijolos confeccionados pela comunidade • formação de grupo produtivo para casa de doces e área demonstrativa de algodão agroecológico • a comunidade possui horta comunitária • instalação de rede elétrica • equipamento e casa de bomba para poço coletivo, obtidos por meio de mobilização com o poder público local • melhorias na via de acesso à comunidade
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Comunidade: Quixó (Associação dos Moradores da Localidade Lagoa de Quixó) UF: PI Município: São Raimundo Nonato No de famílias na comunidade: 54 Ano de ingresso no Programa: 2006 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos (em implantação) • instalação de forrageira (em implantação) • construção de aprisco (em andamento) • produção de algodão (em implantação) • produção de mamona • miniusina de beneficiamento de mamona • instalação de miniprojeto gerador de renda para corte e costura e para área demonstrativa de algodão agroecológico (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, cultivo de mamona, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão, hortaliças, mamona, mandioca, melancia e milho • criação de aves (galinhas), bovinos e suínos • apicultura • potencial para trabalhos manuais (corte e costura)
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Alguns resultados e destaques na comunidade: • instalação de telecentro comunitário, em prédio cedido pela prefeitura, em parceria com o comércio local para aquisição de materiais • construção de prédio para instalação da oficina de corte e costura, em mutirão, em parceria com o poder público local • formação de grupo produtivo para oficina de corte e costura e área demonstrativa de algodão agroecológico • instalação de posto de saúde • instalação de rede elétrica da sede da associação comunitária • instalação de consultório odontológico • melhorias na via de acesso à comunidade • reativação da casa de mel • utilização do telecentro por jovens de comunidades vizinhas, com resultados positivos no desempenho escolar
Comunidade: Pão de Açúcar (Associação de Desenvolvimento Comunitário da Localidade de Pão de Açúcar) UF: PI Município: Várzea Branca No de famílias na comunidade: 86 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • criação de ovinos (em implantação) • instalação de forrageira (em implantação)
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• construção de aprisco (em andamento) • produção de algodão (em implantação) • instalação de miniprojeto gerador de renda para área demonstrativa de algodão agroecológico • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades (previsão) • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, cultivo de algodão, cultivo de mamona, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: capim, feijão, hortaliças, leucena, mandioca, milho e palma forrageira • criação de animais de tração (asininos e equinos), aves (galinha d’angola [guiné e capote]), bovinos e suínos • potencial para apicultura • existência de grupo musical de forró, formado por jovens • trabalhos manuais (crochê) Alguns resultados e destaques na comunidade: • mobilização da comunidade para construção de telecentro, com tijolos produzidos pela comunidade, e materiais adquiridos por meio de parcerias com o poder público local e entidades particulares • formação de grupo produtivo para área demonstrativa de algodão agroecológico • membro da comunidade aprovado em vestibular da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), resultado de incentivo pela equipe do COEP
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Rio Grande do Norte Comunidade: Canudos (Associação dos Produtores Rurais da Agrovila Canudos) UF: RN Município: Ceará-Mirim No de famílias na comunidade: 40 Ano de ingresso no Programa: 2008 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • a comunidade participa de polo de tilapicultura, com 12 tanques • a comunidade possui 30 hectares de agricultura irrigada por gotejamento com culturas perenes (mamão, banana e macaxeira) e de ciclo curto (feijão, melancia e jerimum) • ovinocultura Comunidade em processo de integração.
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Comunidade: Limoal (Associação dos Moradores de Limoal) UF: RN Município: Goianinha No de famílias na comunidade: 37 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão e mandioca • criação de aves (galinha caipira) e bovinos • piscicultura (a comunidade possui uma barragem), com potencial para ampliação • potencial para turismo ecológico, lazer e apicultura • potencial para cultivo de hortaliças Resultado e destaque na comunidade: • mobilização da comunidade para instalação do telecentro, já em atividade
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Comunidade: Modelo I (Associação Comunitária do Assentamento Modelo I) UF: RN Município: João Câmara No de famílias na comunidade: 78 Ano de ingresso no Programa: 2008 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão, girassol, mandioca e milho • a comunidade participa de polo de tilapicultura, com seis tanques • a comunidade possui galinheiro para criação de aves (galinha caipira) Comunidade em processo de integração.
Comunidade: Modelo II (Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Santa Luzia – Modelo II) UF: RN Município: João Câmara No de famílias na comunidade: 79 Ano de ingresso no Programa: 2008
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão, girassol, mandioca, milho e sorgo (grão) • a comunidade participa de polo de tilapicultura, com seis tanques • a comunidade possui horta comercial • beneficiamento de caju (fruto e castanha) • confecção de roupas Comunidade em processo de integração.
Comunidade: Mandacaru (Associação dos Agricultores Familiares e Moradores da Comunidade Mandacaru) UF: RN Município: Lagoa de Pedra No de famílias na comunidade: 21 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades
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• capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: caju, feijão, mandioca, milho e palma forrageira • criação de bovinos e ovinos • artesanato (esteiras, vassouras, cestos e chapéus com palha de carnaúba) Resultado e destaque na comunidade: • mobilização da comunidade para construção da sede da associação comunitária, onde foi instalado o telecentro, com espaço para capacitação, escritório, sanitários e cozinha
Comunidade: Recanto II (Associação de Desenvolvimento Rural Sustentável da Comunidade de Recanto 2) UF: RN Município: Lagoa Salgada No de famílias na comunidade: 31 Ano de ingresso no Programa: 2008 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação)
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Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: caju, feijão, mandioca e milho • beneficiamento de caju (fruta e castanha) • pecuária • potencial para turismo Comunidade em processo de integração.
Comunidade: José Rodrigues Sobrinho (Associação do Projeto de Assentamento de Reforma Agrária José Rodrigues Sobrinho) UF: RN Município: Nova Cruz No de famílias na comunidade: 75 Ano de ingresso no Programa: 2002 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos • construção de aprisco • produção de algodão • miniusina de beneficiamento • tear elétrico • construção experimental de fogão de queima limpa • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico
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• diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, informática, telecentro, criação de animais, piscicultura, cultivo de algodão, música, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: algodão, cana-de-açúcar, capim-elefante, feijão e milho • criação de animais de tração (bovinos e equinos), bovinos e ovinos • a comunidade possui casa de mel • cultivo de hortaliças orgânicas irrigadas, com potencial para ampliação Alguns resultados e destaques na comunidade: • formação de grupo musical de sopro, com apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) • instalação da miniusina de algodão e telecentro comunitário, em galpão reformado pela prefeitura • participação de representantes da comunidade em eventos (seminários, minicursos e palestras), realizados pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos municípios de Natal e Nova Cruz
Comunidade: Bebida Velha (Associação dos Produtores Agrícolas de Bebida Velha – Apabev) UF: RN Município: Pureza No de famílias na comunidade: 300 Ano de ingresso no Programa: 2008
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: banana (destaque), caju, coco, manga, mangaba • beneficiamento de caju (fruto e castanha) • confecção de roupas Comunidade em processo de integração.
Comunidade: Tanques (Associação dos Produtores Rurais da Comunidade de Tanques) UF: RN Município: Santo Antônio No de famílias na comunidade: 65 Ano de ingresso no Programa: 2006 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • criação de ovinos • instalação de forrageira • construção de aprisco • produção de algodão • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico
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• diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: fava, feijão e milho • criação de ovinos • comercialização de sacolas de náilon em feiras livres Alguns resultados e destaques na comunidade: • telecentro construído pela comunidade • mobilização da comunidade com a prefeitura para ampliação do telecentro e utilização de monitores para aplicação de cursos de informática destinados a comunidades rurais vizinhas • participação de membros do Comitê Mobilizador no Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário • mobilização da comunidade com a prefeitura para obter abastecimento de água (perfuração de poço com caixa d’água e distribuição da água tratada e encanada)
Comunidade: Jacumirim (Associação Francisco Cardoso da Silva) UF: RN Município: Serrinha No de famílias na comunidade: 35 Ano de ingresso no Programa: 2006
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet • produção de algodão • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, criação de animais, cultivo de algodão, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: fava, feijão, jerimum e milho • criação de animais de tração (bovinos e equinos), bovinos e ovinos Resultado e destaque na comunidade: • telecentro construído pela comunidade
Comunidade: Aracati (Associação dos Moradores do Assentamento Aracati) UF: RN Município: Touros No de famílias na comunidade: 113 Ano de ingresso no Programa: 2008 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda
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• diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: girassol, mandioca (destaque) e pinhão-manso • a comunidade participa de polo de tilapicultura, com 18 tanques • potencial para criação de aves (galinhas) • beneficiamento de caju (fruto e castanha) • produção de embutidos de peixe (linguiça, surimi e fishburger) Comunidade em processo de integração.
Comunidade: Araçá II (Associação dos Moradores do Araçá II) UF: RN Município: Vera Cruz No de famílias na comunidade: 80 Ano de ingresso no Programa: 2008 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda (em implantação) • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades
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Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: acerola, caju, feijão e mandioca • beneficiamento de caju (fruta e castanha) • artesanato (doces caseiros, licores, jarros ornamentais e quadros de palha de bananeira) • a comunidade possui casa de farinha Comunidade em processo de integração.
Sergipe Comunidade: Cuiabá (Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Cuiabá) UF: SE Município: Canindé de São Francisco No de famílias na comunidade: 280 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, entre outras
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Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: abóbora, algodão, feijão, melancia, milho e quintal produtivo • criação de aves (galinha caipira), caprinos e ovinos • potencial para criação de bovinos • potencial para apicultura (em atividade) • existência de 11 mandalas (hortas em forma de círculo) para cultivo de hortaliças, com aviário para galinha caipira • existência de grupo produtivo para cosméticos (xampu e sabonete) à base de mel, leite de cabra e palma forrageira Alguns resultados e destaques na comunidade: • mobilização da comunidade, por meio do Comitê Mobilizador, para reforma de espaço e instalação de telecentro • Comitê Mobilizador ativo com a associação comunitária, conquistando diversos benefícios para a comunidade: reforma de casas por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra); assistência técnica aos agricultores dada por veterinário do Instituto Xingó; compromisso da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para adquirir os produtos produzidos na mandala (horta em forma de círculo)
Comunidade: José Ribamar (Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento José Ribamar) UF: SE Município: Nossa Senhora da Glória No de famílias na comunidade: 35 Ano de ingresso no Programa: 2007
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Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão, milho e palma forrageira (destaque na alimentação animal) • trabalhos manuais (corte e costura e crochê) • criação de animais de tração (asininos e bovinos), aves (galinhas), bovinos (destaque na produção de leite), caprinos, ovinos e suínos • potencial para criação de aves (galinha caipira), bovinos e ovinos, cultivo de algodão e quintal produtivo • potencial para piscicultura e apicultura • a comunidade possui horta comunitária • miniusina de fabricação de queijo (em atividade) Alguns resultados e destaques na comunidade: • Comitê Mobilizador ativo com a associação comunitária, conquistando diversos benefícios para a comunidade: adequação de espaço para telecentro, por meio de parceria com o comércio local para aquisição de materiais; reforma da igreja; construção de centro de formação (em andamento)
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Comunidade: Fazenda Pioneira (Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Pioneira I) UF: SE Município: Poço Redondo No de famílias na comunidade: 35 Ano de ingresso no Programa: 2007 Ações implementadas e em implementação pelo COEP: • telecentro comunitário com acesso à internet (em instalação) • identificação de demandas para instalação de miniprojeto gerador de renda • diagnóstico socioeconômico • diagnóstico de demandas e potencialidades • capacitações em áreas como organização comunitária, políticas públicas, projeto gerador de renda, telecentro, entre outras Outras atividades desenvolvidas e potencialidades locais: • principais cultivos: feijão, milho e palma forrageira • criação de animais de tração (bovinos), aves (galinha caipira), bovinos, ovinos e suínos • apicultura • potencial para cultivo de algodão e quintal produtivo • produção de leite escoada para pequenas indústrias do município Alguns resultados e destaques na comunidade: • Comitê Mobilizador ativo com a associação comunitária, conquistando diversos benefícios para a comunidade: reforma de espaço do telecentro; atendimento pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab); maior participação em Conselhos Municipais; capacitação de grupo produtivo de mulheres em avicultura para produção de carne e ovos; construção de apiário
retratos Retratos do Brasil: cidadania de cara limpa
Mostrar ao país as ações que vêm, ao longo desses anos, combatendo a fome e a
miséria é importante. Mas, para se ter a real dimensão da grandeza e do ineditismo do trabalho feito, é preciso ouvir as pessoas que tiveram suas vidas trans-
formadas por meio dos projetos articulados pelo COEP – suas histórias, com suas próprias palavras.
Para muitos moradores das comunidades, a atuação do COEP significa o reco-
nhecimento como cidadãos, a valorização da vida, o incentivo para mudar suas reali-
dades, preciosidades jamais recebidas – e percebidas – antes. Nem sempre os impactos resultantes das ações são perceptíveis fisicamente, mas podem ser percebidos pela
s
fala das pessoas envolvidas. A grande transformação está na elevação da autoestima, que impulsiona as comunidades na busca de melhorias na qualidade de vida e amplia o diálogo com o poder público e instituições que atuam nas comunidades. Nos depoimentos, a seguir, um retrato do nosso país. Sem retoque algum. É a cidadania de cara limpa.
Luzenira Bezerra, agricultora Comunidade Pedra Branca – Cumaru (PE)
O COEP, na minha vida, fortaleceu um trabalho de liderança comunitária que eu fazia desde há muito tempo. Com a formação e preparação para isto eu me senti mais preparada, a capacitação foi muito rica e hoje consigo trabalhar melhor... As dificuldades são grandes, é sem remuneração, é para ajudar a todos da comunidade, e depois da capacitação, a gente se sente obrigado a ajudar. Pra mim, ampliou e fortaleceu os conhecimentos. O COEP deu uma contribuição em nível nacional: o ser humano aprendeu e nunca vai esquecer como fazer mobilização social, e, se hoje o COEP sair da comunidade, a gente segue em frente, não deixa morrer o movimento. Eu quase desisti de lutar e o COEP foi a água que regou a planta. Meu desejo é que o COEP nunca saia da comunidade. A doação de computadores com internet, a troca de experiências – tudo isto é fundamental para a comunidade. O telecentro é tudo para os filhos dos agricultores, porque não têm condições de ter acesso à informação. Com isso, o que eu não tive, meus filhos terão.
Vandeilson Pedro dos Santos, integrante da equipe de campo Polos de Comunidades de AL, PE e SE
Estou no COEP há cinco anos. Sou filho e neto de agricultor, me identifico com o trabalho com animais. Juntei o plantio do algodão com a criação dos animais (cabras). Eu amo o que faço. Trabalhar com o povo é gratificante, mudou minha vida pessoal, profissional; trabalhando com gente, a gente aprende
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muito, aprende a lidar com as pessoas. O COEP é uma boa parte do que faço hoje na minha vida. Nas comunidades, eu vejo as pessoas se colocando, falando deles mesmos, que hoje se entendem como cidadãos... e eles nem falavam direito quando eu cheguei lá! Tinham medo da gente. Hoje temos credibilidade, a confiança da comunidade. Difícil é trabalhar com vários universos; o maior desafio é a própria comunidade, que às vezes critica. O objetivo do COEP está sendo alcançado: boa agricultura, melhoria da renda,
Um novo Brasil em nossas mãos
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cultivo das hortaliças, trabalhamos na cadeia produtiva, cadeia alimentar. Hoje, sabemos como o nosso trabalho é importante, fundamental. Daqui a 15 anos, desejo que as comunidades sejam autônomas, busquem seus direitos, lutem, se desenvolvam e sejam independentes.
Manoel Soares de Souza (“Sr. Nelson”), agricultor Comunidade Lagoa de Dentro – São José de Piranhas (PB)
Ser cidadão é adquirir conhecimentos e lutar pelos nossos direitos. O COEP ajudou a gente a ser mais cidadão. Sonho em ver os meus filhos bem, dar a eles o que eu não pude ter, que eles tenham mais coisas, recursos, que estudem, que tenham vida com cidadania. A comunidade precisa deles. COEP chega na comunidade: é como se fosse amigo de infância, um amigo da família. O COEP não tinha preconceito conosco, não. Ao contrário, eu é que tinha preconceito com os técnicos, e eles me ensinaram muito. Os programas do COEP nos ajudam a ficar bem com o corpo e com a alma.
Sólon Alexandre Moraes, estudante Universidade Regional do Cariri (Urca) – Crato (CE)
Desde o final de 2005, já trabalhava com comunidades na igreja. É o que eu gosto de fazer... Solidariedade é o que mais aprendi neste trabalho do COEP. Quero dar uma devolutiva à sociedade, ela investiu em mim, cheguei à Universidade, e isto é muita coisa. Quis retornar este conhecimento que adquiri, dar uma devolutiva, levar um conhecimento que as pessoas das comunidades não têm, repassar o conhecimento e não ficar com ele. Tenho cinco comunidades, vou lá duas vezes no mês. Faço capacitação, palestra, oficina. Os melhores resultados são ver as pessoas se colocando de maneira tão clara. Há um desenvolvimento social/intelectual que é visível. É emocionante ver como as pessoas se desenvolveram, o antes e o depois tá na cara deles.
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Não é só a questão profissional que é importante para as pessoas da comunidade, eles nos consideram como “família”, um outro membro da comunidade. Este projeto do COEP, para mim, quebra o paradigma de que o conhecimento científico é maior do que a experiência. Não existe um conhecimento melhor ou pior, eles são diferentes, a interação do conhecimento gera isso que estamos vivendo aqui. Falta um olhar mais humano e social para a Universidade sair dos seus meios de transmissão de conhecimento: ensino – extensão – pesquisa. O conceito de desenvolvimento sustentável precisa sair do papel, e isso está ocorrendo aqui, no projeto do COEP. É bonito e importante ver o desenvolvimento social das pessoas, elas criando autonomia para irem atrás do que querem e precisam. Saio daqui com um novo olhar, e seremos multiplicadores desse olhar para a sociedade.
Antônio Fernandes Neto, agricultor Presidente da Associação de Espinheiros, Comunidade Santo Antônio – Aurora (CE)
Quero dizer pra vocês, como presidente da associação, que a gente tem muita vontade de ter um bocado de coisa aqui, como o projeto do engenho, projeto da apicultura, que a gente já tem, projeto de fruticultura, projeto de caprino e ovino. Nós temos vontade de ter muita coisa aqui, mas nós temos um pessoal que é meio esvanecido, só acredita nas coisas, vendo. Até agora nós estamos com um projeto da criação de caprino, com quatro produtores, inclusive eu como presidente, Joaquim Cardoso, Joaquim José da Silva e Nivaldo. E vamos pedir a Deus que no inverno, quando as cabras derem cria, nós podemos repassar para algum produtor que queira. Nós estamos precisando também de muita união em nossa associação, porque aqui tem um pessoal que está meio desacreditado das coisas, mas vamos ver o que é que a gente faz.
Na espera Š Marcelo Valle
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A falta de água é uma das dificuldades enfrentadas na comunidade de Cacimba Cercada, no sertão de Alagoas
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Manoel Soares de Souza (“Sr. Nelson”), agricultor Comunidade Lagoa de Dentro – São José de Piranhas (PB)
Comecei a trabalhar com 8 anos de idade. Tenho quatro anos de COEP. O COEP me deu oportunidade de conhecer e trabalhar com a tecnologia – planto algodão. O telecentro deu oportunidade para a pesquisa de preços do algodão, a comunicação ficou mais fácil. O telecentro atende um grupo de jovens com 50 pessoas. Eu também tenho mel para vender, e isso tudo ajuda. Antes, era mais difícil viver aqui, o agente orientou melhor para a gente ganhar Vaquejada
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mais, trouxe outros produtos, técnicas diferentes. Conseguimos mais gente para o projeto e, hoje, temos umas 20 cisternas, duas barragens subterrâneas, e no plantio do algodão, na agricultura, o Sebrae também ajuda. Tudo começou com as palestras com técnicos da Emater [Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural]. Eu tinha interesse e acompanhei. Hoje, temos sementes selecionadas. Temos também criação de animais de pequeno porte, e plantamos algodão. O COEP beneficia a comunidade com os equipamentos – fazemos uma comercialização com o preço melhor. Até o caroço do algodão a gente aproveita, ele serve para alimentar o gado.
Escola rural em Quixabeira: telecentro como atividade complementar
Š Marcelo Valle
Escola rural em Quixabeira: telecentro como atividade complementar Š Marcelo Valle
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João Bezerra da Silva Neto, agricultor Comunidade São João de Ferraz – Vertente (PE)
O COEP trouxe os telecentros, a criação de caprinos, tudo isso ajudou a melhorar a renda. Eu não uso o telecentro, mas para a comunidade faz toda a diferença. Para os próximos 15 anos, eu queria que a comunidade se unisse mais; se todo mundo se unir, a gente consegue mais coisa.
João Batista, agricultor Sobre os telecentros comunitários Comunidade Cacimba – Anísio de Abreu (PI)
...Porque, os mais velhos, geralmente eles reagem de uma maneira diferente do que os mais jovens, né? Só que os mais jovens são a maioria, a gente vai driblando eles e vai botando eles no caminho que é de ser.
Antônio Pedro Bezerra de Farias, agricultor Comunidade Pilões – Cumaru (PE)
Eu senti que, na minha comunidade, ajudou muito em termos de associativismo. Depois que o COEP chegou lá, o pessoal começou a interagir mais, se aglomerar. Principalmente os jovens, que estavam meio afastados. Agora estão voltando, com o COEP lá, isso está se renovando.
Livânia Frizon, agricultora Presidente da Agência Regional de Comercialização (Arco) de Mato Grande – Ceará-Mirim (RN)
Nós somos produtores de alimento. E o ser humano, obrigatoriamente, para sobreviver quando nasce, precisa se alimentar, respirar e tomar água. Então, a nossa tarefa é fornecer alimento. É uma das coisas mais dignas, e que a população vai aumentando e que todo mundo come todo dia, então,
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um agricultor não vai ser substituído. Nunca. E a agricultura familiar é onde mais se fornece o alimento. É que nós temos que começar a olhar a agricultura com os olhos diferentes. Não querer mudar a profissão; enxergar ela diferente. Não é apenas a vida dos moradores das comunidades que se transforma. As pessoas envolvidas com os projetos também veem suas vidas modificadas. Para melhor. Mulheres voltando do trabalho na roça
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Parte da produção é consumida em casa e o excedente, vendido nas feiras
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Francisco Weggles L. Araújo, integrante da equipe de campo Polos de Comunidades do CE e PB (sertão)
Estou no COEP há cinco anos. Trabalho com as comunidades do Polo Paraíba/ Ceará. Agora estou como supervisor. Para mim, é um trabalho de grande valor, eu amo o que faço, sempre gostei da terra e dos bichos. Encontro satisfação nas comunidades, pois eles têm muita consideração com a gente. Uma grande satisfação: um agricultor que trabalhava só com produtos químicos e hoje faz agricultura orgânica – eu mostrei a ele os dois lados da moeda e ele começou a ver como a terra se acabava com os produtos químicos e mudou a conduta. O foco é na geração de renda das comunidades: elas melhoraram muito (este é, de fato, um real combate à miséria). Participar de reuniões ajudou a eles se expressarem (e a mim também), agora eles não têm mais vergonha, é como se tivessem aprendido a falar numa língua que a gente também entende. Trabalhar para escolas do município mais precárias seria bom, como colocar computadores nas escolas, por exemplo. A professora levou os alunos no telecentro, mas ela não sabia como mexer no computador. Se a gente também ensinasse essas coisas na escola, seria muito interessante. Eu aprendi tudo o que sei em informática no COEP. Agora eu me encontro com pessoas que fizeram curso de informática e hoje são professores de informática, gerente de banco, gente que faz até filmagem... Eu me orgulho de ter feito isso por eles. O COEP não divulga o que faz. Deveria divulgar mais. Para os próximos 15 anos, desejaria que Deus continuasse abençoando o COEP.
Guilherme Soares, engenheiro agrônomo Coordenador regional do Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Estou no COEP há nove anos. Atuei como organizador social das comunidades, viajando no território onde o COEP atuava. Dei cursos, palestras, apresentei conceitos de projetos. Em 2006, foi criado o Projeto Universidades
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Cidadãs, que eu ajudei a conceituar e fiz os contatos, costurando as parcerias. Coordeno o projeto na UFRPE [Universidade Federal Rural de Pernambuco], e também a equipe local da Universidade Rural, em parceria com o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Tenho aprendido muito com a diversidade de realidades que tive oportunidade de conhecer. A realidade é diferente do que a Universidade imagina no semiárido. Penso contribuir na formação dos alunos da Universidade. O trabalho da Universidade é diferenciado. O ganho dos alunos com este projeto é ter mais elementos contextualizadores, ancorados na realidade, pois trabalha conceitos e temas no universo que eles vão lidar. O resultado é consistente e visível: eles têm mais segurança para escrever artigos, papers, participar de seminários e congressos, têm mais experiência. A convivência Universidade/ agricultor é muito rica e fundamental para ambos. Os universitários são elitistas/tecnicistas e ao se depararem com a experiência do agricultor aprendem muitas coisas importantes. Eles “enxergam o boi e não enxergam quem o cria”. Não é culpa deles, e sim do sistema no qual estão inseridos. O agricultor se expressa com dificuldade, e o aluno tem que respeitar. O agricultor acha que às vezes não tem nada para ensinar, e a convivência vai mostrando o contrário. No início, havia conflitos entre as equipes universitárias e as instituições que já estavam nas comunidades; já com as comunidades, sempre foi mais tranquilo. O COEP é o combate à fome. É mais visível hoje com a ampliação das atividades/ações. O telecentro ampliou isso decisivamente. Saber compreender e atuar de forma consciente é o desafio. O objetivo do projeto está sendo alcançado a partir dos quatro eixos do trabalho do COEP, que são: a organização social, a geração de trabalho e renda, a educação e a convivência com a seca. Sou otimista, o COEP amadureceu muito, a relação é mais horizontalizada, há mais parceiros. O trabalho poderá expandir, e o desafio é expandir com qualidade (o tempo das instituições não é igual ao tempo de vida da terra, da realidade). É preciso entender que verticalizar é também crescer
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(aprofundar é necessário), desdobrar as ações do telecentro em outras ações, outras ações produtivas a partir do que está sendo feito. Os resultados não são só números!
Núbia Dias dos Santos, professora Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal de Sergipe (UFS)
É uma relação de troca muito forte. Eu digo que “nada do que foi será do jeito que já foi um dia”. Nós não somos mais as mesmas pessoas. A nossa sensibilidade fica maior, a nossa compreensão de ser humano, de gente, de profissional muda; a nossa prática em sala de aula, a nossa prática com as outras pessoas... Porque há uma sinergia muito grande, é uma troca muito grande. A humanização deles acaba sendo transferida também para nós. O fortalecimento das comunidades e a união dos agricultores criam novas oportunidades para quem vive no campo
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Carro de boi no transporte da água e da produção
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O algodão já foi comparado ao ouro, pela riqueza que gerava no Nordeste. Era o “ouro branco”. Após um longo período de decadência, o algodão chegou a ser desacreditado. Por meio dos projetos implantados com o apoio do COEP, o cenário tem se revertido, principalmente com relação à cultura do algodão agroecológico, que atende à demanda por produtos ecologicamente corretos. É uma ótima alternativa para o agricultor familiar.
Lourival Manoel da Silva, agricultor Comunidade Quixabeira – Água Branca (AL)
A gente beneficia nosso próprio algodão. Antes, a gente vendia o algodão aos atravessadores, que não valorizavam nosso produto. A gente vendia aqui a R$ 0,80, R$ 0,70 o quilo, enquanto hoje a gente beneficia o algodão e vende a R$ 3,00 o quilo da pluma3 e ainda ficamos com o caroço, que vendemos, também, a R$ 0,50. Aqueles que não vendem, ainda beneficiam com a própria ração para os animais.
Manoel Soares de Souza (“Sr. Nelson”), agricultor Comunidade Lagoa de Dentro – São José de Piranhas (PB)
3 Como referência para atualização dos valores, atualmente (2009), o valor de comercialização do algodão em pluma pode chegar a R$ 5,00 o quilo (algodão orgânico branco) e R$ 6,00 o quilo (algodão orgânico colorido). O algodão convencional, em rama, é comercializado a R$ 0,90 o quilo.
Eu me criei plantando e colhendo o algodão. E com esse problema que houve, das pragas, né, a gente tava num intervalo de mais de 15 anos sem produzir algodão. E com esse projeto, implantado agora, nós tivemos a oportunidade de receber dos órgãos que vieram aqui fazer parceria conosco, e nós ficamos bastante eufóricos, né. E estamos resgatando o cultivo do algodão aqui na nossa comunidade, e eu estou vendo que tem futuro. O Projeto Universidades Cidadãs conta, atualmente, com cinco universidades federais e uma regional. Trata-se de uma ideia, que coloca, lado a lado, alunos, professores e moradores das comunidades, cujos objetivos são diagnosticar demandas locais e promover ações de formação e informação. Os dois lados são beneficiados.
O agricultor ZÊ Maria, voltando da roça
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Ana Dubeux, professora Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
O Projeto Universidades Cidadãs começa com uma perspectiva de democratização do saber que é produzido no interior da Universidade, na direção desses grupos, mas não é apenas numa perspectiva unidirecional, em que a gente vai lá [nas comunidades] e leva alguma coisa para os grupos, mas numa perspectiva bilateral.
© Marcelo Valle
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Guilherme Soares, engenheiro agrônomo Coordenador regional do Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
A metodologia sempre parte de conhecer o contexto dessas comunidades através de diagnósticos, de sondagens, enfim, de tentar buscar, de forma participativa, entender a dinâmica local. E propõe, a cada comunidade, um conjunto de intervenções, na linha da formação, da capacitação, como também na linha do assessoramento, da orientação, utilizando as mais diversas técnicas: palestras, oficinas pedagógicas, mesas-redondas, discussões coletivas, intercâmbios. É um trabalho em rede, um trabalho de construção coletiva. No Projeto Universidades Cidadãs, na verdade, existem coordenações locais, em cada universidade, com professores e professoras coordenando equipes de alunos da graduação e, também, da pós-graduação.
Fernando Garcia, professor Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), PB
A partir desse diagnóstico, então, junto com as comunidades, numa metodologia bastante participativa, nós estabelecemos as prioridades dessas comunidades.
Thompson Fernandes Mariz, reitor Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), PB
Você imagina o que é um jovem agricultor de 14 a 17 anos, que deveria estar terminando o ensino médio, e, sem nenhum acesso a processos de educação formais, se depara, de repente, com pessoas que estão vindo lhe ensinar técnicas, e ele tem contato com pessoas que têm culturas diferentes, que estão ensinando coisas diferentes, o despertar: ele acorda para um mundo novo.
A seca e a falta de oportunidades para quem vive no campo acabam gerando a saĂda dos agricultores
Š Marcelo Valle
Agricultor da Comunidade de Cacimba Cercada
Š Marcelo Valle
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Núbia Dias dos Santos, professora Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Nós aplicamos questionários e desenvolvemos uma metodologia com os componentes das comunidades – homens, jovens, mulheres. Utilizamos três perguntas básicas: quem somos, o que temos e o que queremos.
Francisco Carlos Gândara, professor Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal do Piauí (UFPI)
O fato de a gente poder levar esses alunos para uma vivência direta com o dia-a-dia dessas comunidades nos traz um ganho fundamental de conhecimento. É muito mais, é muito mais efetivo do que seriam aquelas exposições teóricas, clássicas, de sala de aula...
Sheila dos Santos Nascimento, estudante Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Na sala de aula, você só mastiga o que o professor fala, às vezes você nem mastiga, só engole. Aqui, você tem chance de confrontar aquilo que o professor fala e aquilo que é realidade, que é diferente demais daquilo que você vê na TV e aquilo que você vê em sala de aula. É diferente você vir para a comunidade e conhecer as pessoas como realmente são, como elas realmente vivem.
Antônio Aderson dos Reis, pró-reitor de Extensão Projeto Universidades Cidadãs, Universidade Federal do Piauí (UFPI)
A Universidade também ganha com os professores. Cada professor que participa do projeto já começa também a lecionar, a ensinar, mesmo os alunos que não participam, os que ficam aqui, a ensinar diferente.
Os jovens são os que mais utilizam os telecentros à procura de informação e entretenimento
© Marcelo Valle
Paulo Campos, agricultor Comunidade Quixabeira – Água Branca (AL)
A comunidade que decidia que tema queria ser trabalhado: Que temas vocês querem que sejam trabalhados? Um tema sobre cidadania, sobre justiça. A comunidade escolhia o tema e no próximo mês ia ser trabalhado em cima daquilo, entendeu?
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A cena: um caminhão estaciona em frente a uma casa, em uma comunidade do semiárido nordestino. Sobre a casa, uma antena parabólica. Os moradores estão eufóricos. Do caminhão saem caixas com um conteúdo precioso, carregadas com orgulho ímpar: são os microcomputadores para o telecentro – os centros comunitários de informática. Os telecentros são frutos da parceria da comunidade com o Governo Eletrônico – Serviços de Atendimento ao Cidadão (Gesac), um programa de inclusão digital do governo federal, criado em 2003, para promover o acesso à internet em localidades menos favorecidas economicamente, em todo o país. A conexão é fornecida por satélite. Detalhe: o local onde é instalado o telecentro é, em muitos casos, construído pelos próprios moradores, em esquema de mutirão. Quando não, é resultado do diálogo da comunidade com o poder público, que faz a doação do imóvel.
Carlos David, agricultor Comunidade Campinhos – Pariconha (AL)
A ansiedade é grande, que tem aqui o telecentro, porque isso aí vai incentivar muito a gente a estudar aqui, e vai melhorar a situação financeira também, porque a gente pra se deslocar daqui pra outro município não tem condições, entenderam? Então, aqui tendo o telecentro, vai ser uma boa. E a situação aqui é precária mesmo, porque tem muito jovem, jovem é muitos sem estudar, às vezes desiste porque não tem condições, tendo aqui, é outra coisa!
João Sobrinho (“João Fino”), agricultor Assentamento José Rodrigues Sobrinho – Nova Cruz (RN)
A gente quer saber o preço de uma mercadoria que nós trabalhamos com ela. Por exemplo, o algodão. Você quer saber: alguém plantou? Plantou. Quero saber que preço tá o algodão na rama, lá em Fortaleza, lá no Ceará. Então, o cara faz essa pergunta via internet e depois recebe a resposta, rapidinho. Então, é uma coisa que é rápida, eficiente. Tem cinco computadores, todos
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são ligados direto, via internet, e o pessoal se comunica com quem quer, de acordo com a necessidade e a precisão, a hora que quer. Então, é uma coisa muito importante, significativa do COEP, aqui. Foi uma coisa muito eficaz, é muito útil, porque hoje os computadores estão desenvolvendo a criançada. Vou passar a estudar à noite e vou começar, se Deus quiser, a fazer alguma coisa lá, a aprender.
Lourival Manoel da Silva, agricultor Comunidade Quixabeira – Água Branca (AL)
Eu faço faculdade hoje aqui, a Fatec, faculdade a distância, que a sede fica na Bahia. Faço licenciatura em Matemática, e todas as minhas pesquisas eu faço aqui.
Diálogo das crianças em telecentro comunitário Comunidade Quixabeira – Água Branca (AL)
– E você, já usou pra quê? – Pra jogar... – E você? – Joguei... Escrevi também!
Carlos Roberto do Vale, agricultor Comunidade Pedra de Santo Antônio – Alagoa Grande (PB)
Tá todo mundo animado com o projeto na comunidade, principalmente os jovens, com a questão do telecentro. Acompanhamos o trabalho em Juarez Távora, na Paraíba, e o povo se animou muito. Estamos todos unidos e vamos trabalhar para conseguir. Quem vem aqui no Fórum [2o Fórum do Programa Comunidades Semiárido] tem mais gosto na vida, dá milhares de passos na frente e chega totalmente renovado com as experiências passadas aqui.
Na comunidade de Campinhos, o telecentro ajuda na solução de problemas Š Marcelo Valle
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Amália Rodrigues, estudante Comunidade Uruçu – Gurinhém (PB)
Isso foi uma coisa que, quando participamos do primeiro fórum, a gente viu que coisa maravilhosa, né? A zona rural ser beneficiada com um projeto desse, vendo que a cidade, a cidade tão pertinho, não tinha isso, né? E a zona rural estava sendo beneficiada, as pessoas carentes estavam sendo beneficiadas, e que podem utilizar isso de uma forma boa... Que bom que já chegou, já vai ser instalado pra comunidade usufruir, do que ela pode oferecer pra gente. Pegou a gente até desprevenido. A gente vinha sempre falando, sempre falando, que iam chegar a qualquer momento os computadores, e hoje chegaram. Que bom!
Robervânia do Nascimento, estudante Assentamento Margarida Maria Alves – Juarez Távora (PB)
Eu consegui um trabalho, graças a esse curso, eu também tive curso aqui, pra cá veio curso de internet. A pessoa viu que eu tinha um bom desempenho, assim, com internet, aí me chamou pra trabalhar lá, e eu trabalho numa “lan house”.
Claudjane Gonçalves de Sousa, estudante Comunidade Lagoa de Dentro – São José de Piranhas (PB)
Para os jovens, a melhor coisa que o COEP fez foram os telecentros, tem a fonte na comunidade. Se não fosse por isso, não conheceria o computador, nem eu nem meus três irmãos. Pra mim, a vinda do COEP, dos telecentros, tudo isso facilitou a comunicação com a minha família, melhorou a relação na comunidade. Quero estudar Agronomia para depois trabalhar na comunidade e ajudar todo mundo a melhorar. O COEP trouxe mais conscientização na comunidade. Hoje, a gente sabe o que fazer com o lixo, como salvar o rio, fazer reflorestamento. O pessoal da universidade ensinou muita coisa.
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Kívia Ribeiro de Souza, monitora de telecentro Comunidade Cacimba – Anísio de Abreu (PI)
A gente aqui dá aula pros idosos, sabe, Brasil Alfabetizado. E agora a gente resolveu trazer eles pra cá, à noite. © Marcelo Valle
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Maria Aparecida, agricultora Assentamento José Rodrigues Sobrinho – Nova Cruz (RN)
Pra mim assim, era como se fosse um bicho-de-sete-cabeças. Quando chegava no telecentro, eu ficava logo nervosa e ia embora pra casa. Às vezes, eu ainda tentava com as meninas que ficavam no telecentro, eu ainda tentava falar pra elas “me ensina um pouquinho”, só que quando eu pegava, começava a ficar nervosa, aí eu desistia e ia embora. Devagarzinho, fui me colocando na frente do computador, eu fiquei nervosa ainda, um pouquinho, mas foi passando meu medo, foi passando, e agora eu tenho certeza que estou pronta pra começar a usar o telecentro.
Pedro Rodrigues, agricultor Sobre os telecentros comunitários Assentamento José Rodrigues Sobrinho – Nova Cruz (RN)
[O telecentro serve]... Pra gente fazer recadastramento do CPF. A gente faz aqui, não paga nada, a menina já sabe fazer. Aí não precisa também ir para a cidade, aqui mesmo a gente resolve o problema. É bom. Já é uma utilidade, né? Tenho 49 anos e vou fazer 50 esse ano que entra, vou fazer um aniversário aqui, e aí eu vou, através do computador, convidar ao menos umas 50 pessoas lá do Rio de Janeiro!
Elma Lima, estudante Comunidade Cacimba – Anísio de Abreu (PI)
Tenho muito que agradecer ao COEP por ter implantado este telecentro. Aqui nem sonhávamos em ver um computador e hoje estou sendo aprovada no vestibular [Universidade Estadual do Piauí (Uespi)], graças à existência dele. Estudava na escola e em casa, mas a internet me ajudou muito também. Só tenho a agradecer ao COEP e ao Gesac [Governo Eletrônico – Serviços de Atendimento ao Cidadão] e aos outros parceiros.
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Buscando água no açude
Maria Aparecida, agricultora Sobre os telecentros comunitários Assentamento José Rodrigues Sobrinho – Nova Cruz (RN)
...Pra fazer palestras pra comunidade, que eu vi que tem muitos temas construtivos, que a gente pode se juntar na comunidade e esclarecer dúvidas, como o lixo, como a dengue, sobre os jovens, e vários outros temas que a gente pode aproveitar na comunidade.
© Marcos Carmona
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Uma ideia simples, mas de fundamental importância para a sustentabilidade das famílias do semiárido nordestino: a instalação de cisternas, resultado da parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA). Uma alternativa que aproveita a chuva, proporcionando o abastecimento de água durante os períodos de seca.
Dario da Silva, agricultor Comunidade Quixó – São Raimundo Nonato (PI)
Eu trabalho de roça. Sou lavrador. A gente planta feijão, milho, mandioca... E a luta da gente é essa aí. Trabalho na roça, capinar, cuidar de algum bichinho que a gente cria... E a vida continua assim, dura, porque os invernos são fracos, as chuvinhas são poucas, as dificuldades são grandes para o pessoal do campo.
Carlos Roberto do Vale, agricultor Comunidade Pedra de Santo Antônio – Alagoa Grande (PB)
A vida sem a cisterna aqui era meio ruim. A mulher tinha que buscar era na cabeça, nos açudes. Uma légua, duas léguas. E agora, não. Todo mundo contente. Só é abrir a portinha da cisterna, botar o baldinho...
José Adalberto Meira, agricultor Comunidade Lagoa de Dentro – São José de Piranhas (PB)
Aqui, a gente tinha dificuldade de água para o consumo, de beber, como cozinhar, porque no período da seca, como se diz, que aqui são mais ou menos sete meses, a gente tinha dificuldade de água para consumir, para beber, cozinhar, então essa cisterna foi muito boa para a minha família.
Uma janela para o sertĂŁo
Š Marcelo Valle
Banda de pífano em Covões de Cima: valorizando a cultura e as raízes locais
Parte 5
© Marcelo Valle
perspect Uma perspectiva de avaliação sob diferentes olhares
Cirdes Nunes Moreira e Guilherme José de Vasconcelos Soares
O Comitê de Entidades no Combate à Fome e Pela Vida, através da Coordenação da Área de Projetos, empreendeu importante iniciativa no sentido de realizar uma
avaliação do Programa Comunidades COEP – Semiárido/Universidades Cidadãs. Para tanto, movimento de sondagem, que presume avaliação como algo processual, foi executado em relação às ações realizadas num determinado momento e situação, considerando contextualizações que guardam estreita relação com aspectos do tempo
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e do espaço. Sob esse pressuposto, essa trajetória de interação entre as instituições COEP, Embrapa e universidades com as comunidades beneficiárias sinalizou para a necessidade de se avaliar o executado em sua complexidade, isto é, a partir do conjunto de ações e de seus resultados, da qualidade das relações institucionais e, por fim, uma avaliação do próprio processo, ou seja, uma “avaliação da avaliação”.
Agricultora e sua criação de ovelhas
© Marcelo Valle
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A indicação precípua que aponta para essa necessidade é dada pelo fator tempo. A presença das instituições remete a períodos variando de dois a oito anos. Então, considerando os princípios da gestão de projetos, tal temporalidade já seria mais que suficiente para desencadear uma avaliação dos processos e dos resultados até então alcançados. Nesses termos, foi proposta uma metodologia de avaliação que se fizesse de forma participativa, orgânica e processual, abrangendo todos os segmentos envolvidos nos projetos, desde a discussão de sua concepção até a discussão dos resultados obtidos. Embora o exercício de avaliar tenha estado presente na trajetória dos diferentes projetos, durante anos de uma caminhada, as avaliações até então realizadas se davam de maneira pontual, visando sondar como essas ou aquelas iniciativas estavam sendo recebidas e processadas, o que gerava dados fragmentados e insuficientes para o exercício de uma análise articulada, capaz de agregar diferentes variáveis. Foi proposta uma metodologia de A iniciativa, que resultou no processo de avaliação ora apresentada, é a primeira oporavaliação que se fizesse de forma tunidade na qual todas as ações e instituições participativa, orgânica e processual envolvidas nos projetos executados em parceria com o COEP – voltados às Comunidades do Nordeste do Brasil, conhecidas como Comunidades do Semiárido – são submetidas a uma sondagem, com um grau de sistematização maior, que possa gerar uma análise focada no conjunto, considerando, para tanto, as diferentes variáveis envolvidas no processo como um todo. Tal avaliação, pelas peculiaridades da magnitude de ações, número de pessoas, instituições, processos e diferentes realidades envolvidas, não se propõe conclusiva em si, mas indica importantes eixos temáticos que podem alimentar aprimoramentos, através de discussões, reflexões e avaliações futuras, que poderão ser feitas à luz das indicações alcançadas nesta presente avaliação/sondagem, enquanto processo de construção coletiva. Ou seja, o processo de avaliação realizado dará origem a uma outra publicação, em fase de editoração final pelo COEP, que elucida impressões e um exercício de sistematização de uma reflexão sobre
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Aprendendo a utilizar a internet
© Arquivo COEP
os resultados alcançados até então, que servirá de base para novas e instigantes discussões e, como tal, (re)leituras. Dessa maneira, o COEP mantém acesa a chama de retomar sempre a prática de refletir sobre o dito, sobre o feito, sobre o conquistado, mas também, de igual maneira, refletindo sobre o não-dito, sobre aquilo que não foi feito e sobre aquilo que não se conseguiu conquistar. Para esse exercício, a avaliação sistematiza tal processo, socializando-o junto a um número ainda maior de pessoas interessadas (comunitários e suas lideranças, pesquisadores e estudantes), trazendo elementos importantes para todas essas pessoas nas temáticas relacionadas ao desenvolvimento local, à inclusão social e à sustentabilidade no Nordeste Semiárido.
Cisterna: garantia de ĂĄgua para beber e cozinhar
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1 No período da avaliação ora referida, as comunidades localizadas no Estado de Sergipe ainda não faziam parte do conjunto de comunidades assistidas pelo Programa.
As ações avaliadas são fruto da parceria entre o COEP, algumas comunidades localizadas no Nordeste Semiárido do Brasil e equipes de professores, técnicos e alunos da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Regional do Cariri (Urca), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Universidade Federal de Sergipe (UFS), que constituem o Projeto Universidades Cidadãs. Na concepção metodológica da avaliação realizada, consideraram-se, muito fortemente, os diferentes olhares sobre os processos relacionados ao Programa Comunidades COEP – Semiárido/Universidades Cidadãs, o que, aliás, não deveria ser diferente, visto tratar-se de uma construção coletiva. Cumpre destacar que, desde a implantação da sua experiência-piloto, em 1999 – quando o COEP, em parceria com o Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (CNPA-Embrapa), iniciou, no Assentamento Margarida Maria Alves, em Juarez Távora, Paraíba, suas ações no Nordeste Semiárido –, o processo ora avaliado tem alcançado significativos índices, abrangendo hoje sete estados da região: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, um total de 24 comunidades rurais, atendendo diretamente 2.140 famílias, ou seja, algo em torno de 10 mil pessoas, o que, por si só, já é um grande resultado. Do ponto de vista metodológico, o presente processo foi concebido a partir de um direcionamento que contemplasse duas vertentes avaliativas: uma de caráter institucional, realizada pelos vários representantes das instituições – universidades, COEP, Embrapa etc. –, e outra, que seria realizada pelas comunidades – não exatamente pelos Comitês Mobilizadores, mas pelos segmentos de jovens, mulheres e homens agricultores de cada uma das comunidades envolvidas. Tal direcionamento trouxe como resultantes, entre outros aspectos, a disponibilidade de uma avaliação institucional, agregada de contribuições de todas as equipes institucionais dos seis estados1, e, de outro lado, as avaliações pelas comunidades dos vários polos. O confronto de tais conjuntos avaliativos permitiu a discussão de diretrizes e encaminhamentos operacionais, a partir de elementos de avaliação construídos de forma coletiva.
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Era preciso, portanto, elaborar um instrumento avaliativo que permitisse abordar todos os aspectos julgados importantes de serem avaliados pelos diferentes segmentos envolvidos e numa linguagem que pudesse atender a todas as partes, bem como num formato que facilitasse a sistematização da sua análise. Nesse sentido, a primeira iniciativa era averiguar tudo aquilo que deveria fazer parte do processo, como objetos a serem avaliados. Para tanto, foi aproveitada a ocasião do 4o Encontro de Agricultores com as comunidades parceiras do COEP e Universidades Cidadãs, realizado em setembro de 2007, em Brasília (DF). Ali foram sinalizados os primeiros elementos que deveriam fazer parte do instrumento de avaliação, tais como diagnóstico; capacitações; conexão das ações com as necessidades das comunidades; envolvimento da comunidade com as ações; forma como as ações vêm sendo implementadas; resultados até agora atingidos com as ações implementadas; relação estabelecida entre comunidades e instituições, entre outros elementos propostos O Encontro deu início à construção pelos participantes daquele evento. do processo de avaliação das ações do O Encontro deu início à construção COEP e suas parcerias, inclusive com do processo de avaliação das ações do COEP e suas parcerias, inclusive com o o Projeto Universidades Cidadãs Projeto Universidades Cidadãs, do qual deveriam participar todos os agricultores, mulheres e jovens das comunidades assistidas, supervisores, agentes locais, equipes das universidades envolvidas e do COEP Nacional. Durante o ano de 2008, foi desenvolvido o processo de avaliação em si, com a realização de minifóruns em todas as comunidades, para que os agricultores e seus familiares respondessem a questionários – instrumentos de avaliação. Em seguida, realizou-se, na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, o 2o Fórum do Programa Comunidades Semiárido (correspondente ao 5o Encontro de Agricultores), no qual foram apresentados os resultados consolidados das avaliações feitas pelos diferentes envolvidos no processo.
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Agricultor e seu campo de algodão
© Marcelo Valle
Com os dados apresentados nesse Encontro – inclusive aqueles inseridos numa exposição de banners, organizada pelos agricultores, em que cada comunidade apresentou os seus principais destaques em relação à avaliação das ações do Programa COEP/Universidades Cidadãs, e das demais contribuições disponibilizadas –, partiu-se para sua sistematização e a elaboração de uma publicação que sintetiza todo o processo. A reflexão sobre os resultados alcançados nessa avaliação precisa estar apoiada numa contextualização dos diferentes aspectos que permeiam as particularidades de cada caso, levando-se em conta, entre outras, as especificidades dos locais e dos processos sociais envolvidos. De toda sorte, o material tentará dar conta, em
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detalhes, dos aspectos positivos destacados pelas comunidades. No que se refere, por exemplo, à aceitação e satisfação das famílias com as ações de repasse de ovinos e caprinos, além da pertinência e adequação das barragens subterrâneas e cisternas de placas, esses foram temas avaliados de maneira bastante positiva pelas famílias. Igualmente, as várias formas de contrapartida que as comunidades têm assumido para a concretização das suas conquistas, junto aos projetos desenvolvidos pelo COEP e pelas Universidades Cidadãs, foram aspectos positivos destacados no processo avaliativo e que, juntamente a outras análises, estarão sendo mais bem abordadas na publicação dos resultados finais dessa avaliação. Por outro lado, algumas dificuldades, como, por exemplo, aquelas referentes à gestão dos telecentros – manutenção dos equipamentos e das instalações dos mesmos –, foram destacadas e são também objetos de análises de profundo interesse para os que se envolvem com esse tipo de abordagem. A expectativa é de que, a partir dessa sistematização, comunidades, equipes das universidades, agentes locais e supervisores e equipe do COEP Nacional possam ter elementos que sirvam de base para discussões e reflexões, pós-Fórum de Itamaracá, alimentando, dessa maneira, um processo de avaliação, que deve ser uma prática contínua na estruturação e reestruturação das iniciativas das instituições parceiras nas comunidades, alcançadas pelo grande Programa que o COEP vem desenvolvendo na região.
Cirdes Nunes Moreira Engenheiro agrônomo, mestre em Extensão Rural e Desenvolvimento Local. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Educação, Recife (PE) – cirdesnm@gmail.com Guilherme José de Vasconcelos Soares Engenheiro agrônomo, mestre em Administração e Comunicação Rural. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Educação, Recife (PE) – gvsoares@yahoo.com.br
agradec Agradecimentos
São muitos os que contribuíram de alguma forma para a existência e o sucesso do
Programa Comunidades Semiárido. Gostaríamos de agradecer a todos que estiveram conosco ao longo dessa jornada e aos que seguem nos apoiando. A lista a seguir inclui colaboradores e ex-colaboradores das entidades parceiras.
Em meio a tantos nomes, tantos parceiros e amigos de nossa Rede, eventualmente, podemos omitir algum. Caso isso aconteça, sintam-se agradecidos e nos informem, para que possamos atualizar na versão on-line. Muito obrigado!
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Um caminho construído por muitos braços. Impossível agradecer a todos... ASA João Amorim Naidison Baptista
BNB José Danilo Lopes de Oliveira José Sydrião de Alencar Junior Roberto Smith
Chesf Apolônio Guilherme Costa de Melo Dilton da Conti Oliveira Jailson Lucio Santos João Bosco de Almeida João Luiz Mascarenhas Leite Filho João Paulo Maranhão Kleyton Cavalcanti Luna Maria do Socorro Nunes Gouveia Marileide Silva Barbosa Moisés de Aguiar
CNPq José Roberto Drugowich de Felício Marco Antônio Zago Maria Ângela Cunico
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Eletrobrás Alexandre Farias Benjamim Heda Maria de Almeida José Antonio Muniz Lopes Manoel Agnaldo Guimarães Márcia Alexandre Simão Teresa Cristina Rosendo Pinto
Embrapa Alberto Duque Portugal Clayton Campanhola Clóvis Guimarães Eliane Maria de Oliveira Francisco de Brito Melo Hoston Tomás Santos do Nascimento José Mario Cavalcanti de Oliveira José Mendes de Araújo José Renato Figueira Cabral Marenilson Batista Napoleão Esberard de Macedo Beltrão Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva Pedro Antônio Arraes Pereira Pedro Carlos Gama da Silva Quirino José de Azevedo Rodrigues Robério Ferreira dos Santos Silvio Crestana Valdemício Ferreira de Souza Vicente Guedes Waltermilton Cartaxo
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Equipe do COEP Nacional Alessandro Santana Amélia Medeiros Ana Maria Diniz Carlos Henrique Neri Carlos Matias Cícero Alves Ferreira da Silva Cícero Cordão Terceiro Edmilson Gomes da Silva Francisco Pereira Cordão Sobrinho Francisco Weggles de Araújo Guilherme Selles José Aderaldo Trajano José Murilo Siqueira Leila Vogel dos Santos Lenilson Alves Lindemberg Figueiredo Marcelo Valle Márcia Albuquerque Mariane Lopes Patrícia Marques Pedro Halbritter Rafael Campos Pereira Reginaldo Júnior Costa da Silva Sarita Berson Vandeilson Pedro dos Santos Wilson Leite de Souza
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Finep Carlos Eduardo Sartor Celso Alves da Cruz Fernando de Nielander Ribeiro Luis Manuel Rebelo Fernandes Márcio Vicente de Carvalho Marco Augusto Salles Telles Maria Lucia Horta de Almeida Maria Teresa Simpson Patrícia Retz Rodrigo Fonseca Rossandro Ramos
Fundação Coppetec/Coppe Andrew H. Bott Ângela Uller Beatriz Fernandes Telles Dora Porto Fábio de Paula Guerra Fernando Peregrino Francisco Elias Trajano da Silva Ipotyara Damiana Alves Ribeiro Jaime Xavier Luiz Pinguelli Rosa Madalena Fernandes Marcos Cavalcanti Maria do Carmo Vilas Porto Real Neusa Fernandes Vilas Porto Oswaldo Luiz Marques de Carvalho Rafael Marinelli Ricardo Pereira
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Sandra Nogueira Leão Segen Farid Estefen Tina Down
Gabinete da Presidência da República Gilberto Carvalho Lécio Lima da Costa Selvino Heck
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Márcio Portocarrero
Ministério da Ciência e Tecnologia Joe Valle Ministro Sergio Rezende
Ministério da Educação André Lázaro
Ministério das Comunicações Ariane Maciel Fátima de Figueiredo Heliomar Medeiros de Lima Pedro Jaime Plínio Aguiar Roberto Pinto Martins Sinara Neves Toni Klaus Bochat
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Ministério do Desenvolvimento Agrário Adhemar Lopes de Almeida Adoniram Sanches Peraci Arnoldo de Campos Cleide Soares Hercílio Matos
Universidades Cidadãs – Professores Ana Dubeux Gervais Anna Christina F. de Carvalho Bernardo Melgaço Camilo de Lelis Gondin Medeiros Celso Donizetti Locatel Cirdes Nunes Moreira Deusimar Freire Brasil Fábio Campos Fernando Garcia Francisco Carlos Gândara Genival Barros Júnior Guilherme José Vasconcelos Soares Magda Guilhermino Núbia Dias dos Santos Osmar de Sá Pontes Junior
Universidades Cidadãs – Estudantes Adelli Carla Silva Adriana Ribeiro Melo Adriano S. Silva Alcidézia Maria de Almeida Allan Cruz Mesquita Alvanira Ribeiro Melo
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Ana Maria Salviano Leite Andrea Julião R. Sales Antonia Adonis Callou Sampaio Antoniele Silvana M. Souza Aurélia P. C. Albuquerque Benizário Correia de Souza Júnior Carla Mirella Moisés N. A. Ribeiro Carlos Eduardo Santos Moraes Carolina Amazonas Santoianni Cecílio Machado da Silva Filho Clarice Guilherme Barreto Clius Macleiton Lucio G. da Costa Daniel Judson Gomes de Oliveira Daniel Santiago Camara Demósthenes A. T. Silva Edjane Fragoso de Santana Edla Moraes Monteiro Elias dos Santos Batista Emanoely Cristina M. de Souza Fábio Mota Feitosa Felipe Sousa Moura Gabriela Mafra Dantas Gilmara Barros Lacet Gizélia Guedes de Paula Glaydson Alves da S. Santiago Gleise Campos Pinto Hilca Maria Honorato dos Santos Ivana Milena S. R. Vasconcelos Jéssica Cássia Barbosa João Paulo Flores Torres José Amilton Santos Júnior
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José Genildo Reges de Sousa Joseida Maria Silva Josivaldo Ramos dos Santos Junia Marise Matos de Sousa Kenia Sayonara Freire Lea Soares da Silva Lorene Kássia Barbosa Luis Auriclelson Antas Miguel Maria Conceição T. Bezerra Márcia Gabriel de A. Morais Miguel Everaldo da Cruz Fonseca Paulo Luiz Silva de Lima Priscilla Kelly Bezerra Rafael Norberto de Oliveira Rafaella A. Silva Raoni Dantas Brandão Marinho Raul Marques Neto Rayane de Moura Santos Regimare Dias de Oliveira Rejane Meyson Vieira de Sousa Rodrigo Campos Santana Roosevelt T. de Paula Sandra Maria e Silva A. Adolpho Sheila dos Santos Nascimento Solon Alexandre de Morais Stela Antas Urbano Thiago Lincka de Sousa Valdemir dos Santos Valmir de Souza Lima
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Agradecemos ainda a: Ascendino Flávio Dias e Silva (Cepen) Gilberto Martins (Unimep) Igor Basto Cabral João Pedro Kaempf (Ibraes) José Aglailson Miro Teixeira Pedro Ivo Dapper (Ibraes) Pedro Jorge Bezerra (Esplar) Ronaldo Melo (Inst. Xingó) Zedu Diniz
E a nossos parceiros internacionais: Canadian Partnership Program of the International Development Research Centre (IDRC) Centre for Voluntary Sector Research and Development (the CVSRD) at Carleton University in Ottawa John Saxby
particip Como participar do COEP
Muitas pessoas têm uma sincera vontade de fazer alguma coisa pelo país, pela
cidade, pelo bairro, pela comunidade, pela rua onde moram. Você já sentiu isso, pelo menos uma vez na vida, não? Vontade de viver num Brasil mais justo, onde todos tenham oportunidades. Vontade de ver seus filhos crescerem em um país
onde ninguém passe fome. Mas a vontade quase sempre acaba esquecida, porque
a maioria das pessoas não sabe como fazer isso. “Quem procurar?”, “Por onde começar?”, “O que eu posso fazer?”, “Minha vida é tão corrida...” e por aí vai.
Que tal começar agora? Você pode ajudar, sim, a construir um país sem desi-
gualdade social, sem pobreza. Veja neste livro o que já se conseguiu mudar. E ajude a mudar o que ainda falta.
Você pode participar do COEP de várias formas. Basta escolher uma.
p Š Marcelo Valle
Escola rural, em Quixabeira: jovens utilizam o telecentro como atividade complementar
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Como pessoa jurídica Coloque sua organização na era definitiva da responsabilidade social. Associe-se ao COEP e veja como é possível ajudar a mudar, para melhor, a realidade brasileira. Acesse: www.coepbrasil.org.br ou envie e-mail para coep@coepbrasil.org.br
Como pessoa física Por meio da Rede Mobilizadores O que é A Rede Mobilizadores, criada em 2003, a partir de uma iniciativa do COEP, é um espaço de incentivo e qualificação para a prática cidadã. Decorridos cinco anos de atuação, a Rede já conta com mais de 8 mil participantes, distribuídos em cerca de 600 municípios brasileiros, em 26 estados e no Distrito Federal, e também no exterior. Como funciona Em um ambiente virtual, todas as pessoas interessadas na transformação da realidade social podem se capacitar e interagir, trocar experiências, articular parcerias e se organizar para a atuação em iniciativas sociais. A participação se dá por meio de oficinas on-line, fóruns, chats e pelo acesso a informações de referência, notícias, textos, artigos, entrevistas e links. O conteúdo do site é organizado em temas, e novos assuntos podem ser incorporados, conforme o interesse das pessoas da Rede. Temas em destaque: • Meio ambiente, mudanças climáticas e pobreza • Mobilização social: direitos, participação e promoção da cidadania • Combate à fome e segurança alimentar
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Traçando novos rumos
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Promoção da educação Promoção da saúde Gênero, combate à discriminação e grupos populacionais Geração de trabalho e renda Fortalecimento comunitário
Como participar A Rede é aberta a todos. Para participar, basta se cadastrar: www.mobilizadores.org.br
© Arquivo COEP
Com o êxodo dos jovens à procura de oportunidades, idosos cuidam das roças
© Marcelo Valle
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Por meio do Banco de Projetos Sociais – Mobilização O que é O Banco de Projetos Sociais – Mobilização, criado em 2000 pelo COEP, é um acervo de ações e ideias na área social, geradas por instituições – sejam elas públicas ou privadas, organizações da sociedade civil e outras, incluindo pessoas físicas. É um espaço democrático, para o qual pode-se encaminhar um projeto social e compartilhá-lo, ao mesmo tempo que representa uma importante fonte de pesquisa social. O Banco traz informações sobre a viabilidade de cada projeto, identificando objetivos e recursos necessários para colocá-lo em ação. Isso faz com que ocorra uma positiva e fundamental sintonia entre o que pode ser feito e quem está disposto a fazê-lo. Decorridos nove anos, já são mais de 2.300 projetos cadastrados com iniciativas nas mais diversas áreas, como agricultura familiar, segurança alimentar e nutricional, cooperativismo, meio ambiente, educação, inclusão digital, arte e cultura, promoção da saúde, e muitas outras. São ideias voltadas para a construção da cidadania, que podem ser replicadas. Quem acessa esse rico acervo acaba por ter duas certezas: que há, neste país, pessoas e organizações seriamente interessadas em promover o desenvolvimento social e determinadas a se dedicar a isso, e que nunca foi tão possível mudar. Encaminhe seu projeto social para o Banco de Projetos. Pode ser um projeto seu, ou da organização à qual você pertence. No Banco, poderá conhecer outras pessoas com os mesmos interesses que você, dispostas a formar parcerias e colocar seu projeto em ação. Como participar Para pesquisar e encaminhar seu projeto social, ou de sua empresa, acesse www.coep brasil.org.br, busque o banner do Banco de Projetos Mobilização e mãos à obra! No COEP, cada um participa do seu jeito, no seu tempo, de acordo com as suas possibilidades. Junte-se a nós. O Brasil e os brasileiros agradecem.
program COEPTEVÊ: um programa bem perto de você!
Atendendo a uma constante demanda por informação e comunicação das ações realizadas pelo COEP e seus parceiros, surge a COEPTEVÊ, uma ferramenta para veicular pela internet iniciativas de caráter educacional e informativo.
Através da COEPTEVÊ, podem-se assistir a diversos vídeos, produzidos no
âmbito do Programa Comunidades Semiárido.
Š Marcelo Valle
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Projeto Universidades Cidadãs O Projeto Universidades Cidadãs tem entre seus objetivos valorizar a participação das universidades públicas na implementação de projetos de desenvolvimento comunitário e promover a cidadania através de ações que elevem a qualidade de vida e de recursos em comunidades de baixa renda.
Jovem grava imagens na comunidade
© Marcelo Valle
Produção e beneficiamento de algodão agroecológico colorido Na busca de melhorias da qualidade de vida e da geração de renda, agricultores familiares vêm produzindo algodão agroecológico colorido através do Programa Comunidades Semiárido, desenvolvido pelo COEP e seus parceiros em sete estados nordestinos.
Vídeos são feitos também por jovens das comunidades
© Marcelo Valle
Telecentros As Comunidades Coep do Semiárido participam de um projeto de inclusão digital, resultado de uma parceria com o Ministério das Comunicações (MC). Através do programa Gesac, é disponibilizado o acesso à internet de banda larga, permitindo a criação de telecentros comunitários. Esse vídeo conta um pouco da história do Projeto e de seus desdobramentos.
De volta ao telecentro Em abril de 2007, presenciamos a chegada do primeiro computador na comunidade de Uruçu, município de Gurinhém, Paraíba. Um ano depois, voltamos ao local e, em parceria com seus moradores, realizamos esse vídeo. O que mudou desde então?
Programa Comunidades Semiárido O vídeo apresenta um panorama geral do Programa Comunidades Semiárido, suas ações e seus desdobramentos.
Para saber mais www.coepbrasil.org.br/coepteve
Š Marcelo Valle
Parceiros do Programa Comunidades Semiรกrido