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Memórias, lacunas e oportunidades para
Memórias, lacunas e oportunidades para uma política de divulgação científica para o CNPq
Mariana Galiza de Oliveira Analista em C&T do CNPq Coordenadora de Comunicação Social do CNPq
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Suzane Margaret Frank-de-Carvalho Analista em C&T do CNPq - Coordenação do Programa de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais do CNPq
Guilhermo Silveira Braga Vilas Boas Analista em C&T do CNPq - Coordenação do Programa de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais do CNPq
Denise de Oliveira Analista em C&T do CNPq - Coordenação do Programa de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais do CNPq
Arquimedes Belo Paiva Coordenador da Coordenação do Programa de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais do CNPq Embora enfrentem desafios para sua consolidação, as práticas de divulgação científica no CNPq vêm ganhando contornos mais sólidos desde as iniciativas que institucionalizaram o fomento à pesquisa na área, o apoio a projetos de popularização da ciência e a inserção transversal da divulgação científica em diversas ações. A partir de um esforço interno para o aprimoramento organizacional, pretende-se criar e estabelecer uma cultura de divulgação científica que possa fornecer os subsídios necessários para a construção de uma Política de Divulgação Científica em nível institucional.
Quando da criação do CNPq, em 1951, o Brasil registrava pouco mais de uma centena de pesquisadores. Até então, não havia nenhuma estrutura central de apoio sistemático à ciência e tecnologia. Assim, podemos considerar que o CNPq é o embrião da organização do atual Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia e, ainda hoje, é a instituição federal que gere o fomento nacional às pesquisas científicas e tecnológicas. Atualmente, há cerca de 195 mil pesquisadores-doutores cadastrados na Plataforma Lattes, sistema criado e gerido pelo CNPq, que integra bases de mais de 7 milhões de currículos, de grupos de pesquisa e de instituições.
Diante desse protagonismo, da dimensão e da capilaridade da atuação do CNPq, celebramos neste ano de 2021 seus 70 anos de criação, seu papel na articulação, realização e fomento à divul-
Diante desse protagonismo, da dimensão e da capilaridade da atuação do CNPq, celebramos neste ano de 2021 seus 70 anos de criação, seu papel na articulação, realização e fomento à divulgação científica, que é primordial para a ciência brasileira e suas instituições.
gação científica, que é primordial para a ciência brasileira e suas instituições.
Desde 1978 é editado anualmente o Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica1 que, em 41 edições, tem premiado instituições e veículos de comunicação, jornalistas, pesquisadores e escritores que divulgam a CT&I para o grande público. Posteriormente, o CNPq criou o Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica2 (2003) e o Prêmio de Fotografia – Ciência & Arte3 (2011).
O CNPq também fomenta ações voltadas para a pesquisa em Divulgação Científica e à projetos de popularização da ciência, bem como ações próprias de divulgação científica, sempre embasadas na aderência à missão do Conselho e em consonância com a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) em vigência. Especificamente em relação à educação científica e popularização da ciência, está reafirmada a estratégia de “promoção da melhoria da educação científica, a popularização da C&T e a apropriação social do conhecimento”4 como parte do Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação em Ciências e Tecnologias Sociais, vinculado à Estratégia Nacional de Ciência Tecnologia e Inovacao (ENCTI) 2016-2022.
No apoio a projetos de popularização da ciência, um marco histórico está relacionado à política de popularização da ciência da então Secretaria de Inclusão Social (Secis/MCT), destacando-se o fomento regular a três chamadas públicas anuais:
1 http://premios.cnpq.br/web/pjr 2 http://premios.cnpq.br/ 3 http://premios.cnpq.br/web/pfca 4 https://bit.ly/3nPbGb6 (Página 100) para a realização de Olimpíadas Científicas5, desde 2002; para realização da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia6, desde 2004; e para a realização de Feiras e Mostras Científicas7, desde 2010. Embora com menor regularidade, mas com expressivo volume de recursos, é importante destacar também as chamadas para Museus e Centros de Ciência8 ocorridas no período de 2006 a 2013.
Em 2007, a divulgação científica foi reconhecida como uma das áreas do conhecimento pelo CNPq, com a criação de um Comitê Assessor em Divulgação Científica (CA-DC) e disponibilização de cotas de bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) para os pesquisadores de destaque na área. A partir de então, os postulantes a recursos e bolsas do CNPq podem apresentar propostas vinculadas ao campo específico Divulgação Científica da Tabela de Áreas do Conhecimento do CNPq. Atualmente o CNPq possui 30 pesquisadores bolsistas PQ em Divulgação Científica. Em 2012, criou-se uma nova aba no Currículo Lattes - “Educação e Popularização da Ciência”, valorizando e fortalecendo a atuação dos pesquisadores nessa área.
E mais: atuando como indutor da divulgação científica, o CNPq passou a exigir aos projetos submetidos em chamadas temáticas - em especial da área ambiental, em parcerias com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversi-
5 https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/popularizacao-da-ciencia/olimpiadas-cientificas 6 https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/popularizacao-da-ciencia/semana-nacional-de-ciencia-e-tecnologia 7 https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/popularizacao-da-ciencia/feiras-e-mostras-de-ciencias 8 https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/popularizacao-da-ciencia/museus-e-centros-de-ciencia
dade (ICMBio)9 e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais renováveis (Ibama)10 - e em grandes programas, como os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), o Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota-Brasil)11, Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD)12 e o Programa Antártico Brasileiro (Proantar)13 , um Plano de Divulgação Científica, preferencialmente em articulação com especialistas, grupos e instituições atuantes nas áreas de educação formal e não formal. Em 2020 o CNPq formalizou uma parceria (covid-19 DivulgAção Científica14), com o INCT de Comunicação Pública em Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), para combater as fake news relacionadas à pandemia de covid-19. Além disso, a criação de modalidades de bolsas específicas, como as de Apoio à Difusão do Conhecimento (ADC), também fortaleceram o fomento à área.
Já no âmbito da atuação direta na realização de ações de divulgação científica, destacam-se iniciativas da Coordenação de Comunicação Social do CNPq; a elaboração de programas e projetos do CNPq, como o Pioneiras da Ciência15, com sete edições lançadas, que busca dar visibilidade à história das mulheres pesquisadoras que participaram e contribuíram de forma relevante para o desenvolvimento científico e para a formação de recursos humanos para a ciência e tecnologia no Brasil; a criação e atuação do Centro de Memória do CNPq16, em busca de preservar a história institucional do CNPq; ações de capacitação institucional, com cursos e oficinas, fortalecendo uma cultura de divulgação científica na instituição e, mais recentemente, a criação desta REVISTAq, importante iniciativa de disseminação do conhecimento gerado a partir da atuação do CNPq no fomento à pesquisa científica e tecnológica do país.
Por último, é preciso lembrar que o CNPq tem
9 https://www.gov.br/icmbio/pt-br 10 https://www.gov.br/ibama/pt-br 11 https://www.gov.br/cnpq/pt-br/acesso-a-informacao/ acoes-e-programas/programas/sisbiota 12 https://www.gov.br/cnpq/pt-br/acesso-a-informacao/ acoes-e-programas/programas/peld 13 https://www.marinha.mil.br/secirm/proantar 14 http://coronavirusdc.com.br/1.9.2 15 https://bit.ly/3DXZQ3Z 16 http://centrodememoria.cnpq.br/cmemoria-index.html como missão “promover e fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico do país e contribuir na formulação da Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (PNCT&I)”, e tal missão não poderia ser concebida sem ter em mente o ato de se “divulgar ciência”. Inclusive é possível destacar dentre os objetivos elencados para a consecução de sua missão institucional o de “divulgar e disseminar os conhecimentos gerados, criando melhores condições de desenvolvimento e inclusão social para a população brasileira”, indicando que a divulgação científica almejada se constitui também como uma maneira inclusiva e democrática de se transformar as bases e estruturas da toda a sociedade. Nesse sentido, em seus 70 anos o CNPq encontra-se diante do desafio de somar esforços em busca da construção de uma Política de Divulgação Científica que reflita os anseios dos diferentes públicos que compõem a sociedade brasileira.
Foto: Centro de Memória CNPq