5 minute read
Cooperação entre CNI e CNPq estimula a inovação no Brasil
Gianna Sagazio Diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), responsável pela coordenação executiva da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). Membro do Conselho Diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDTC)
Na natureza existe um fenômeno em que diferentes organismos se associam, de modo a que ambos obtenham vantagens. Essa relação ecológica recebeu o nome científico de simbiose. A partir de uma observação biológica, podemos perceber o quanto a cooperação entre indivíduos diferentes pode gerar resultados muito positivos. Nas interações humanas e em suas instituições também existem simbioses. É o caso da parceria histórica construída entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ao longo dos últimos anos.
Advertisement
O elo entre as duas instituições se dá na missão de buscar fortalecer a inovação no Brasil a partir do conhecimento, da ciência e da tecnologia, de modo a melhorar a qualidade de vida da população, diminuir as desigualdades regionais e sociais, aumentar a produtividade da indústria nacional e garantir empregos. Por esse objetivo comum e por pensar que a indústria é um importante espaço de inovação em um país, as instituições firmam convênios, criam programas de incentivos e se unem para construir um ambiente propício ao desenvolvimento da ciência, com financiamento e formação de pessoal qualificado.
Entre as parcerias bem-sucedidas desenvolvidas ao longo dos anos entre o CNPq e a CNI está o programa Inova Talentos, que, desde a sua criação, em 2013, já atendeu 344 empresas, promoveu mais de 1,2 mil projetos e concedeu mais de 2,4 mil bolsas. O objetivo do programa é incentivar a criação de projetos de inovação nas empresas e institutos privados de pesquisa e desenvolvimento. O Instituto Euvaldo Lodi (IEL), ligado à CNI, é responsável por recrutar, selecionar e capacitar profissionais com vivência acadêmica, para levar uma nova visão e acelerar seus projetos de inovação no ambiente empresarial.
A CNI e o CNPq também estiveram juntos na chamada pública da Rede Nagi Digital 1 destinada a selecionar instituições interessadas em aperfeiçoar metodologias de gestão da inovação com foco na transformação digital do setor produtivo e aproximação do Brasil com a indústria 4.0. Além do investimento inicial alocado na seleção e no alinhamento conceitual das entidades participantes, a iniciativa abrange a realização de projetos-piloto em empresas, a fim de testar a metodologia desenvolvida e assegurar o maior sucesso do programa.
Diante da grave crise social, econômica e sanitária causada pela pandemia da covid-19, o CNPq e a CNI também estiveram juntos para estimular a inovação e ajudar no combate à doença. O CNPq lançou chamada pública para oferecer R$ 50 milhões a projetos de pesquisa e inovação destinados ao enfrentamento da covid-192 e contou
1 https://www.portaldaindustria.com.br/cni/canais/mei/programas-mei/ nagi-digital/ 2 https://bit.ly/3l3hBr0
com o apoio da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), coordenada pela CNI, na divulgação e incentivo da iniciativa nos segmentos industriais.
Todavia, seguir na missão pela inovação no Brasil nem sempre é uma tarefa simples. As lutas não são poucas e, por isso, a simbiose institucional ganha relevância. O Brasil ainda é um país que, historicamente não prioriza os investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I). A instabilidade de verba freia o desenvolvimento, porque prejudica a atividade de pesquisa, além de provocar a fuga de cérebros na academia e no setor empresarial.
Porém, mesmo diante de adversidades, a união institucional gera a força necessária para o impulsionamento dos projetos. Recentemente, a CNI e o CNPq estiveram juntos a favor da aprovação da lei que proíbe o contingenciamento da principal fonte pública de financiamento da ciência, tecnologia e inovação no Brasil: o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Com essa lei, o orçamento destinado à CT&I só pode ser utilizado em CT&I e não pode ser bloqueado.
Ao longo de sua história, parte dos recursos do FNDCT foi usada na consolidação e expansão de empresas que simbolizam o potencial científico-tecnológico brasileiro, como a Embrapa e a Embraer, além de beneficiar empresas de todos os portes interessadas em inovar em produtos e processos. O fundo também financia universidades e institutos de pesquisa públicos e privados.
No entanto, há um sério risco de que todo o esforço pela aprovação da lei seja em vão, uma vez que a norma não está sendo cumprida. Isso porque o Governo Federal vem realocando recursos do fundo para outras áreas, sob o argumento de que a alteração legislativa se deu depois da aprovação do orçamento de 20213 .
Não há dúvidas de que o Brasil ainda tem um longo caminho a ser trilhado para consolidar ciência, tecnologia e inovação como pontos-chave para o desenvolvimento da nação. Ainda mais no período pós-pandemia, no qual a inovação se mostrou tão essencial que as nações desenvolvidas estão apostando em aumentar financiamentos e projetos de longo prazo. O Brasil não pode admitir mais cortes na ciência. A CNI tem certeza de que, com parceiros como o CNPq, o Brasil poderá entrar definitivamente na rota global da inovação, aumentar a sua produtividade, tornar-se mais competitivo e oferecer à sua população bem-estar econômico e social.
Segundo lugar no IX Prêmio de Fotografia, Ciência & Arte, edição 2019. Do projeto “Biocomplexidade e Interações FísicoQuímico-Biológicas em Múltiplas Escalas no Atlântico Sudoeste - Proantar 2019”, no navio polar Almirante Maximiano. A autora documentou o trabalho dos cientistas e a vida a bordo. A fotografia foi realizada em uma viagem do bote para levar pesquisadores à base brasileira, da proa do bote, com a mão da autora mergulhando a câmera na água congelante da Antártica.
seção geração q
Nanopartículas aprisionadas – Wendell Karlos Tomazelli Coltro, Universidade Federal de Goiás.
Segundo lugar no VI Prêmio de Fotografia, Ciência & Arte, edição 2016. Da pesquisa “Nanotecnologia, Microfluídica e Bioanalítica: fronteiras multidisciplinares” a imagem mostra a presença de nanopartículas magnéticas incorporadas em uma superfície de celulose (papel), que foi usada como plataforma no desenvolvimento de dispositivos microfluídicos à base de papel, visando melhorar a resposta analítica de leituras colorimétricas. A incorporação das nanopartículas de óxido de ferro assegurou uma notável melhora na resposta analítica. A estratégia resultou em um dispositivo altamente sensível para detecção de glicose.