FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
CENTRO DIA pARA O IDOSO
JÉSSICA HOLLANDA GIRÃO MACHADO Orientadora: Profª Me. Lia Costa Mamete FORTALEZA - 2020
CENTRO DIA pARA O IDOSO
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLÓGIAS - CCT ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
CENTRO DIA pARA O IDOSO
Fortaleza - Ceará 2020
JÉSSICA HOLLANDA GIRÃO MACHADO
CENTRO DIA pARA O IDOSO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientadora: Profª. Me. Lia Costa Mamede.
Fortaleza - Ceará 2020
JÉSSICA HOLLANDA GIRÃO MACHADO
CENTRO DIA pARA O IDOSO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Aprovada em: ___/___/___
BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Arq. Lia Costa Mamede Orientadora _____________________________________________ Arq. Rodrigo Porto Oliveira Professor Convidado _____________________________________________ Arq. Raquel Pessoa Morano Arquiteta Convidada
Este trabalho é dedicado às minhas avós Stela e Eugênia, por todo cuidado e amor que sempre tiveram comigo. São quem me inspiram e me fazem querer elaborar um bom projeto, para que os idosos possam aproveitar de forma plena o que conhecemos por “melhor idade”.
RESUMO A presente pesquisa apresenta a fundamentação de um Centro-dia para idosos, estabelecimento privado e situa-se na cidade de Fortaleza/CE, precisamente no bairro de Fátima. A população idosa é visivelmente crescente e com ela vem a necessidade de um equipamento onde eles possam ser acolhidos, acessando das mais diversas atividades, proporcionando lazer e bem estar. Com base nos conceitos do Envelhecimento Ativo, Desenho Universal e Biolia, será criado um espaço amigo do idoso, acessível para atender a todas as possíveis limitações e que favoreça sua saúde física e mental. O projeto consiste em uma edicação com setores de acolhimento, saúde, serviço e administrativo e entre eles estarão espaços livres de convivência para gerar interação. O Centro-dia irá atender 40 idosos, sendo metade no turno da manhã e metade no turno da tarde. Palavras-chave: Centro-dia. Idoso. Fortaleza. Saúde. Envelhecimento ativo. Biolia. Desenho universal.
ABSTRACT This research presents the foundation of a Day Center for the elderly, private establishment and is located in the city of Fortaleza/CE, precisely in the neighborhood of Fatima. The elderly population is visibly growing and with it comes the need for an equipment where they can be welcomed, accessing the most diverse activities, providing leisure and well-being. Based on the concepts of Active Aging, Universal Design and Biophilia, a friendly space of the elderly will be created, accessible to meet all possible limitations and that favors their physical and mental health. The project consists of a building with reception, health, service and administrative sectors and among them will be free spaces of coexistence to generate interaction. The Day Center will serve 40 seniors, half in the morning shift and half in the afternoon shift. Keywords: Day-center. Old. Fortress. Health. Active aging. Biophilia. Universal design.
AGRADECIMENTOS Há quem brinque chamando de “Arquitortura”, tamanhos os desaos que envolvem a formação em Arquitetura. Para mim, mesmo com as incontáveis noites viradas fazendo trabalhos e mais trabalhos, essa trajetória se desenhou com muito mais leveza, sobretudo por causa de pessoas. Antes de chegar a elas, agradeço, primeiramente, a Deus, por ter me dado saúde e foco para trilhar esse caminho até aqui. Quase tão imprescindível quanto saúde e foco, hoje sei, é ter uma base sólida de educação e valores, o que devo ao pai, Jairo, por não ter medido esforços ao proporcionar muito mais do que eu precisava, tendo sido, ainda, o espelho no qual as referências mais bonitas e potentes que carrego em mim/comigo se reetem. Agradeço ao meu lho, David, meu amor maior, por ter feito desabrochar a mulher que sou hoje e por, desde então, ser meu motivo diário para a busca por aprendizado e evolução. Ao meu companheiro e parceiro de vida, Victor, pelo apoio naqueles momentos em que cogitei desistir ou desanimar, por, muitas vezes, acreditar mais em mim do que eu mesma e pela compreensão nos dias atribulados durante todo o percurso da graduação. Não poderia esquecer de externar toda a minha gratidão aos parceiros de sala de aula, principalmente a professora Lia, pelos nortes apontados e pela paciência e disponibilidade na orientação cuidadosa. Sou grata, ainda, aos meus amigos e colegas, dentre eles à Inessa, dupla nas mais variadas disciplinas e cúmplice em cada criação, ideia e sonho. Aos amigos e familiares que me deram apoio nessa jornada e a todos que ajudaram, direta ou indiretamente, ca aqui o registro do meu sincero agradecimento. A cada um, nomeado ou não, mas que eu sei e vocês sabem quem são, a certeza de que essa conquista não é minha. É nossa! Assim como as próximas que, se Deus quiser, virão. Sigamos juntos!
LISTA DE FIGURAS Figura 1. Quesitos pesquisados no projeto cidade amiga do idoso {34} Figura 2. Maquete do projeto Parque Educativo Raíces {48} Figura 3. Pátio externo do projeto Parque Educativo Raíces {48} Figura 4. Pátio externo do projeto Parque Educativo Raíces {48} Figura 5. Sala de ginástica da Cidade Amiga do Idoso, Chapecó-SC {49} Figura 6. Área da piscina da Cidade Amiga do Idoso, Chapecó-SC {49} Figura 7. Sala de musculação Cidade Amiga do Idoso, Chapecó-SC {50} Figura 8. Fotograa do Escritório IT’S Biolia{50} Figura 9. Fotograa do Escritório IT’S Biolia {50} Figura 10. Fotograa do Escritório IT’S Biolia {50} Figura 11. Fotograa do Escritório IT’S Biolia {51} Figura 12. Delimitação do terreno {54} Figura 13. Análise de uso e ocupação do solo {58} Figura 14. Análise de gabarito de altura {58} Figura 15. Análise do sistema viário {59} Figura 16. Análise dos condicionantes climáticos {59} Figura 17. Perl topográco do terreno {60} Figura 18. Setorização {66} Figura 19. Fluxograma {66} Figura 20. Ilustração Pátio Central {67} Figura 21. Estudo solar {68} Figura 22. Diagrama estrutural {69} Figura 23. Telhas onduline clássica {82} Figura 24. Detalhe brises {84} Figura 25. Detalhe pergolado {85} Figura 26. Estacionamento {90} Figura 27. Área externa {91} Figura 28. Pátio central {92} Figura 29. Pátio central {93} Figura 30. Pátio central {94} Figura 31. Refeitório {95} Figura 32. Refeitório {96} Figura 33. Refeitório {97} Figura 34. Área externa {98} Figura 35. Área externa {99} Figura 36. Academia ao ar livre {100} Figura 37. Área externa {101} Figura 38. Área externa {102} Figura 39. Espaço ecumênico {103} Figura 40. Entrada {104} Figura 41. Recepção {105} Figura 42. Recepção {106} Figura 43. Sala de leitura {107} Figura 44. Sala de leitura {108} Figura 45. Sala de leitura {109}
LISTA DE TABELAS Tabela 1. Índices e parâmetros urbanísticos - Macrozona {57} Tabela 2. Classicação de Atividades por Grupo e Subgrupo {57} Tabela 3. Programa de necessidades {65}
LISTA DE gráficos Gráco 1. Pirâmide da população mundial em 2002 e 2025 {20} Gráco 2. Índice de envelhecimento em 1940, 1980, 2018 e 2060 {21} Gráco 3. Manutenção da capacidade funcional durante o curso da vida {27} Gráco 4. Principais causas de morte, em ambos os sexos, 1998, em países de baixa e média renda, por idade {28} Gráco 5. Principais causas de carga de doenças, em ambos os sexos, 1998, em países de baixa e média renda por idade {28} Gráco 6. Os 11 bairros de Fortaleza com mais idosos {55}
LISTA DE MAPAS Mapa 1. Percentual de idosos por regional na cidade de Fortaleza {55} Mapa 2. Valor da renda média por bairros de Fortaleza {56} Mapa 3. Equipamentos voltados para idosos na cidade de Fortaleza {56}
LISTA DE ABREVIATURAS OMS - Organização Mundial da Saúde ONU - Organização das Nações Unidas IBGE - Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística AIVD - Atividades Instrumentais da Vida Diária CE - Ceará DNT’s - Doenças Não Transmissíveis LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas CEO - Chief Executive Ofcer (Diretor geral ou presidente de uma empresa) SER IV - Secretaria Executiva Regional IV IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará ZOP 2 - Zona de Ocupação Preferencial 2 LUOS - Lei de Uso e Ocupação do Solo NBR - Norma Brasileira
SUMÁRIO 01 INTRODUÇÃO {17} 01.01. Tema {18} 01.02. Justificativa {18} 01.03. Objetivo Geral {22} 01.04. Objetivos específicos {22} 01.05. Metodologia {23}
03 REFERENCIAL projetual {47} 03.01. Parque Educativo Raíces {48} 03.02. Cidade do Idoso {49} 03.03.Escritório IT’S Biofilia {50}
02 REFERENCIAL CONCEITUAL {25} 02.01. Envelhecimento ativo {26} 02.02. Políticas públicas no Mundo, Brasil, Fortaleza {31} 02.03. Biofilia {39} 02.04. Desenho Universal {40}
04 REFERENCIAL TÉCNICO {53} 04.01. Localização {54} 04.02. Legislação {57} 04.03. Diagnóstico e seu entorno {57} 04.03.01. Uso do Solo {57} 04.03.02. Gabarito de Altura {57} 04.03.03. Sistema Viário {58} 04.03.04. Condicionantes Climáticos {59} 04.03.05. Topografia do Terreno {60}
05 MEMORIAL DO PROJETO {63} 05.01. Caracterização Centro-Dia {64} 05.02. Programa de Necessidades {64} 05.03. Setorização e Fluxograma {66} 05.04. Partido Conceitual {67} 05.05. Partido Projetual {67} 05.06. Partido Estrutural {69}
07
perspectivas gerais {89}
06 PROJETO {71} 06.01. Situação e Implantação {72} 06.02. Plantas Baixas e Cortes {77} 06.03. Coberta {82} 06.04. Fachadas {84}
08 considerações finais {111} 09 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS {115}
01 INTRODUÇÃO
01.01. tema A presente pesquisa tem como objetivo fundamentar a elaboração de um anteprojeto de um Centro-dia para o idoso no Bairro de Fátima, na cidade de Fortaleza/CE e tem como intuito desenvolver um espaço que promova a inclusão dos idosos, a partir dos 60 anos, no qual se sintam incluídos na sociedade, ao frequentar ambientes para a sua integração social por meio de atividades físicas, lúdicas, produtivas e eventos, trazendo uma maior qualidade de vida para os mesmos. Para tal, o desenvolvimento deste trabalho toma como premissas de projeto os seguintes conceitos: Envelhecimento Ativo, Biolia e Desenho Universal. O Centro-dia é uma unidade de serviços sociais especializados, que tem como objetivo promover a saúde e bem estar de pessoas com 60 anos ou mais, de ambos os gêneros. É um espaço que funciona no período diurno (10 horas por dia) e oferta um leque de atividades, tais como: assistência e cuidados aos idosos, como: atividades físicas, produtivas e lúdicas, com uma equipe multiprossional a m de estimular os aspectos físicos, cognitivos, psicológicos e sociais, além de ofertar uma área de lazer e de convivência. O Centro-dia é um serviço social previsto na Política Nacional do Idoso que atende pessoas com 60 anos que necessitam de cuidados durante o dia e que à noite
voltam para suas casas, mantendo assim os vínculos sociais e familiares. Trata-se de uma estratégia de garantia dos direitos dos idosos, regulada pela Secretaria de Assistência S o c i a l ( S I LVA , 2 0 1 7 ) .
01.02. JUSTIFICATIVA O mundo todo vem sofrendo um processo de envelhecimento de sua população. O número de pessoas com 60 anos ou mais cresce rapidamente, superando o número de qualquer outra faixa etária. Entre 1970 e 2025, é estimado um crescimento de 223%, ou seja, em torno de 694 milhões de pessoas com idade mais avançada. Em 2025 haverá aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos e, até 2050, esse número chegará a 2 bilhões, estando 80% nos países em desenvolvimento (OMS, 2002). Segundo o Banco Mundial (2018), a expectativa de vida no mundo aumentou de 52 anos em 1960 para 72 anos e este fato estimula o grande interesse em pesquisas voltadas ao universo dos idosos, visando proporcionar o bem-estar e envelhecimento ativo de forma a explorar o consumo dessa crescente população. Em termos econômicos, a composição etária de um país, que se refere ao número proporcional de crianças, jovens, adolescentes, adultos e idosos, é um fator importante que deve ser considerado pelos governantes, pois o impacto gerado
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nos espaços e na economia são reconhecidos. Há boas razões econômicas para se apoiar e efetuar programas e políticas públicas que promovam o Envelhecimento ativo, pois, em termos de custos, as pessoas que se mantêm saudáveis até envelhecerem enfrentam menos enfermidades e continuam a ter condições de trabalhar. Quando políticas públicas nos âmbitos sociais de saúde, mercado de trabalho e educação apoiarem o Envelhecimento ativo, os benefícios serão inúmeros. As deciências associadas às doenças crônicas na terceira idade cairão, assim como os gastos com tratamentos médicos, serviços de assistência de saúde e aposentadoria. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que os países se preparem para o envelhecimento populacional e traçam diversas diretrizes que serão abordadas posteriormente. Segundo a OMS (2005), os governos poderão custear o envelhecimento e as questões que ele traz, caso seja implementado políticas e programas para a preparação da sociedade, das cidades e dos ambientes. De acordo com a OMS (2005), a denição de Envelhecimento ativo é o processo de envelhecimento da população e está relacionado tanto com melhoras na saúde quanto à redução da natalidade ao número de crianças e pessoas jovens estar sendo reduzido em relação ao número de pessoas com 60 anos ou mais. Esse
fenômeno acontece por fatores como o controle de natalidade implementado em alguns países, a redução na taxa de fertilidade e também pelo aumento da expectativa de vida dos seres humanos. É possível observar na pirâmide populacional uma mudança, de modo em que a mesma sofre um enlarguecimento comparando entre 2002 a 2025 (ver gráco 1). Observase a brusca queda na taxa de fertilidade em todo o mundo e se estima que, até 2025, 120 países terão taxas de fertilidade abaixo do nível de reposição, onde a média é de 2,1 crianças por mulher. Esse dado representa um aumento preocupante se comparado aos dados levantados em 1975, onde apenas 22 países possuíam uma taxa de fertilidade total menor ou igual ao nível de reposição. Atualmente o número é de 70 países.
¹Banco Mundial | ONU Brasil." https://nacoesunidas.org/agencia/bancomundial/. Acessado em 16 jun. 2020.
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faixa etária 80+ 70-74 60-64 50-54 40-44 30-34 20-24 10-14 0-4 350.000
homens
mulheres
2025 2002
150.000
0 população em milhares
150.000
350.000
Gráco 1: Pirâmide da população mundial em 2002 e em 2025 Fonte: Nações Unidas, 2001
O Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que signica ser cerca de 13% da população do país e esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas (IBGE, 2018). Para conseguirmos proporcionar uma boa qualidade de vida para pessoas com essa faixa etária, é preciso garantir direitos especícos relacionados à saúde, meios de transporte seguros, trabalho, assistência social, educação, cultura, e s p o r t e , h a b i t a ç ã o , l a z e r, acessibilidade e outros. O marco legal para o Brasil acontece com a Política Nacional do Idoso lei nº 8.842 de 4 de janeiro de 1994, e em seguida com o Estatuto do Idoso lei nº 10.741 de 1 de outubro de 2003, que são responsáveis por garantir esses direitos no país. Ambos os documentos devem servir de base para projetos e políticas públicas que visam promover um envelhecimento
ativo e saudável. Segundo dados do IBGE , em 2043, um quarto da população deverá ter mais de 60 anos, enquanto a proporção de jovens até 14 anos será de apenas 16,3%. De acordo com a demógrafa do IBGE (2018), Izabel Marri, a partir de 2047 a população deverá parar de crescer, contribuindo para o processo de envelhecimento populacional. Isso signica que os grupos mais velhos cam em uma proporção maior comparados aos grupos mais jovens da população (ver gráco 2). A relação entre a porcentagem de idosos e de jovens é chamada de “índice de envelhecimento”, que deve aumentar de 43,19%, em 2018, para 173,47%, em 2060 (IBGE, 2018). É possível observar na gura 2, com o passar dos anos, a mudança de formato da pirâmide etária para um formato mais cilíndrico, acompanhando a tendência mundial
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de estreitamento da base e alargamento do corpo. Segundo a demógrafa, as principais causas para esse envelhecimento seria a diminuição
da fecundidade no Brasil, que signica um número de nascimentos menor a cada ano e também o aumento da expectativa de vida do brasileiro.
1940
1980
90+ 75-79 55-59 35-39 25-29 0-4
2018
2060
90+ 75-79 55-59 35-39 25-29 0-4
mulher
homem
Gráco 2. Índice e envelhecimento em 1940, 1980, 2018 e 2060 Fonte: IBGE, 2018
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De acordo com as Tábuas Completas de Mortalidade (IBGE, 2018), quem nasceu no Brasil em 2017 pode chegar, em média, a 76 anos de vida. Dessa forma, quem nascer em 2060 poderá chegar a 81 anos. Desde 1940 para os tempos atuais, a expectativa de vida já aumentou pouco mais de 30 anos. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, 17,3% dos idosos possuem limitações funcionais para realizar as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), que são tarefas básicas do dia-a-dia, como administrar o próprio dinheiro, fazer compras, tomar suas medicações, utilizar meios de transporte, usar o telefone, acessar a internet e realizar os trabalhos domésticos. Essa proporção pode aumentar para 39,2% entre os idosos acima de 75 anos. Uma boa saúde é essencial para mudar esse cenário e é pré-requisito para que essa população esteja inserida no mercado de trabalho até o dia que desejarem. Os censos demográcos feitos em 1980 e 2000, mostram que o crescimento da população de maior faixa etária residente em Fortaleza em 20 anos, foi expressivo, pois comparando com a população total, que teve um aumento de 63%, o número de idosos cresceu cerca de 130%. A população do município de Fortaleza com mais de 60 anos é de 237.775 pessoas, o que representa 9,7% da população total, que é de 2.452.185 habitantes. Não sendo diferente do restante do mundo e do Brasil, Fortaleza tem um crescimento signicativo da população idosa.
A sociedade brasileira cresce de forma acelerada, considerando que em 2010, o número de pessoas com mais de 60 anos já era maior do que o número de pessoas com até 04 anos. Esse quadro de crescimento exige a implementação de políticas públicas para garantir o processo de envelhecimento ativo dos idosos e fortalecer sua importância na sociedade. Com base nas diretrizes nacionais e internacionais, que são sugeridas e implementadas no mundo todo, essa pesquisa irá favorecer a criação de um espaço adequado para os idosos, visando incluí-los na sociedade de maneira produtiva e promover o Envelhecimento ativo.
01.03. objetivo geral A presente pesquisa tem como objetivo fundamentar a elaboração de um anteprojeto de um Centro-dia para o idoso no Bairro de Fátima, na cidade d e Fo r t a l e z a / C E , p a r t i n d o d o s conceitos de Envelhecimento ativo, Biolia e Desenho Universal.
01.04. objetivos especifícos Ÿ Promover a convivência, lazer e bem-estar dos idosos, por meio de atividades voltadas para a terceira idade, a m de evitar o isolamento social dos mesmos; Ÿ Promover saúde, através dos espaços, a esses usuários para que possam se manter saudáveis conforme envelhecem;
² "Tábua completa de mortalidade para o Brasil – 2017 - IBGE." ftp://ftp.ibge.gov.br/Tabuas_Completas_de_ Mortalidade/Tabuas_Completas_de_Mortalidade_2017/tabua_de_mortalidade_2017_analise.pdf. Acessado em 16 jun. 2020.
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Ÿ Conhecer os conceitos de Biolia, Envelhecimento Ativo e Desenho Universal; Ÿ Conhecer a legislação urbana da área de inserção; Ÿ Conhecer as políticas públicas e leis especícas relativa a idosos e suas implicações espaciais.
01.05. METODOLOGIA Com base em livros, artigos, sites da internet e trabalhos cientícos, foram realizadas pesquisas para a elaboração do presente trabalho. Foram levantados dados sobre o perl da população idosa, visitando equipamentos com propostas semelhantes, a m de elaborar um projeto que se adeque e atenda à todas as necessidades dos idosos. Projetos com a mesma temática foram analisados para este m. Após ser realizado todo o levantamento de dados e analisando projetos de referência, foi escolhido a área em que se localizará o projeto. Essa área foi escolhida por meio de estatísticas, número de idosos, renda, equipamentos voltados para a terceira idade e outros. Esses dados foram fundamentais para a elaboração do programa de necessidades do Centro-dia para o idoso, com foco no Envelhecimento Ativo, Desenho Universal e Biolia, para então dar início à elaboração do projeto em si.
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02 REFERENCIAL CONCEITUAL
02.01. Envelhecimento Ativo: Centro-dia e arquitetuRa Com o intuito de tornar o processo de envelhecimento em uma experiência positiva, em 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou o termo “Envelhecimento ativo” para expressar a conquista dessa visão, buscando garantir os principais direitos dos idosos tais como: saúde, integração, segurança, qualidade de vida e outros. Mas anal, o que é “Envelhecimento ativo”? É o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas cam mais velhas (OMS, 2005). Este conceito permite que as pessoas reconheçam o seu valor dentro da sociedade, percebendo seu potencial de inclusão social, mantendo sua saúde física e mental ao longo de toda a vida, visando promover a atuação e participação na sociedade, respeitando suas necessidades e capacidades, contribuindo para a sua segurança e cuidados necessários. A palavra “ativo” não se remete especicamente a fazer parte da força de trabalho no sentido literal, contudo isso vem ocorrendo e as cidades precisam estar preparadas para tal. Na verdade, refere-se à participação contínua e direta em questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis. As pessoas mais velhas, podem continuar participando e contribuindo
ativamente de tarefas do dia-a-dia. O grande objetivo do Envelhecimento ativo é melhorar e aumentar a qualidade e a expectativa de vida da população idosa, mesmo para aqueles que estão mais frágeis e necessitados de cuidados especiais. Denido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o termo “saúde” referese tanto ao bem estar mental quanto ao bem estar físico. Portanto, em um projeto para a melhoria de vida desses usuários, promover a saúde mental e interação social, é tão importante quanto promover a saúde física. Uma meta fundamental do processo do Envelhecimento ativo, é conseguir manter a autonomia e a independência das pessoas na terceira idade e, a participação da família e amigos nesse processo é de extrema importância, pois a ajuda mútua e a solidariedade são uma via de mão dupla. A criança de ontem é o adulto de hoje e o avô ou avó de amanhã (OMS. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005, p.13). A presente pesquisa irá contribuir para a elaboração de um projeto de arquitetura, que possa oferecer atividades que promovam o que o Envelhecimento ativo recomenda. Será de extrema importância para os idosos que irão usufruir, pois poderão aderir hábitos mais saudáveis, por meio de atividades físicas, lúdicas, produtivas e ter acompanhamento prossional e especializado. Dentro do conceito de
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Envelhecimento ativo, há também outros conceitos importantes para esse projeto, para buscar uma melhor qualidade de vida aos idosos. Segundo a OMS (1994), esses conceitos são: Ÿ Autonomia: Autonomia é a capacidade de governar-se, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se quer viver diariamente, de acordo com suas próprias preferências e regras. Ÿ Independência: É a capacidade de viver na comunidade sem ajuda de outrem. Nesse caso, é a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária. Ÿ Qualidade de vida: É “a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito muito amplo que incorpora de uma maneira complexa a saúde física de uma pessoa, seu estado psicológico, seu nível de
VIDA JUVENIL
capacidade funcional
crescimento e desenvolvimento
dependência, suas relações sociais, suas crenças e sua relação com características proeminentes no ambiente”. À medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência. A expectativa de “vida saudável” é, basicamente, uma expressão usada como sinônimo de “levar uma vida sem diculdades físicas”. Ambos os conceitos acima, são de extrema importância para o processo de Envelhecimento ativo, pois é uma conrmação aos idosos sobre a sua importância, armando aos mesmos que não são um peso, mas sim úteis para a sociedade. É importante ressaltar que os idosos não constituem um grupo homogêneo e que essa diversidade se acentua durante o curso da vida (ver gráco 3). Um jovem não possui tantas limitações quanto um idoso, assim como um idoso de 80 anos ou mais, dicilmente, terá o condicionamento físico de um idoso de 60 anos.
VIDA ADULTA
manter o mais alto nível e função possível
VELHICE
manter a independência e prevenir deficiências
variação dos indivíddua função os
limiar da incapacidade* reabilitação e garantia de qualidade de vida
idade Gráco 3. Manutenção da capacidade funcional durante o curso de vida Fonte: Kalache and Kickbusch, 1997
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Dessa forma, o projeto deverá contar com diretrizes que assegurem segurança e qualidade para os usuários dessa ampla faixa etária, principalmente através dos conceitos do Desenho Universal. Conforme os indivíduos envelhecem, as doenças não-transmissíveis (DNT's) transformam-se nas principais causas de morbidade, incapacidade e
0-4 anos
5-14 anos
mortalidade em todo o mundo, incluindo os países em desenvolvimento (ver gráco 4). Doenças como hipertensão, diabetes, câncer, derrame, doenças pulmonares, artrite, osteoporose, demência, depressão, cegueira e outras, são as principais enfermidades não-transmissíveis que acometem os idosos (ver gráco 5).
15-44 anos
doenças não transmissíveis
45-59 anos
> 60 anos
lesões
doenças transmissíveis, doenças maternas e perinatais e deficiências nutricionais Gráco 4. Principais causas de morte, em ambos os sexos, 1998, em países de baixa e média renda, por idade. Fonte: OMS (1999) Relatório Mundial de Saúde, Banco de Dados
0-4 anos
5-14 anos
15-44 anos
doenças não transmissíveis
45-59 anos
> 60 anos
lesões
doenças transmissíveis, doenças maternas e perinatais e deficiências nutricionais Gráco 5. Principais causas de carga de doenças, em ambos os sexos, 1998, em países de baixa e média renda, por idade. Fonte: OMS (1999) Relatório Mundial de Saúde, Banco de Dados
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Essas doenças acarretam grandes custos nanceiros aos indivíduos, às famílias e ao Estado. No entanto, muitas dessas enfermidades podem ser evitadas ou adiadas, se aderido alguns hábitos como não fumar, praticar atividades físicas, ter uma alimentação balanceada, entre outros. O Envelhecimento ativo depende de diversos fatores determinantes para a compreensão dos métodos que nos auxilia a elaborar políticas e programas que obtenham sucesso nessa área. Alguns deles são: determinantes econômicos, serviços sociais e de saúde, determinantes sociais, ambiente físico, determinantes pessoais e determinantes comportamentais. Ambos os aspectos merecem atenção, entretanto, para a elaboração deste trabalho, iremos aprofundar em alguns pontos especícos, visando o bom entendimento desse processo. Ÿ Fator cultura e gênero: A cultura é um fator importante para se compreender o Envelhecimento ativo. Podemos dizer que é o que dá sentido e signicado ao mundo que cerca o indivíduo. É uma rede que engloba um conjunto de diversos aspectos, como crenças, valores, costumes, leis, moral, línguas, etc. Os valores culturais determinam como a sociedade lhe dá com as pessoas idosas e o processo de envelhecimento. A cultura inuencia diretamente na convivência com as gerações mais novas e como essa geração pode agregar para melhorar a qualidade de
vida dos idosos. Em países asiáticos, por exemplo, há uma cultura fortemente seguida de valorização de famílias ampliadas e a vida em conjunto em lares com várias gerações da mesma família. Os fatores culturais inuenciam também na busca por hábitos mais saudáveis. Em vários países, incluindo o Brasil, pessoas com mais de 60 anos incluíram, gradativamente, a prática de atividades físicas em suas rotinas e também aboliram o tabagismo de suas vidas. Existe uma diversidade imensa e complexa de culturas espalhadas por diversas regiões do mundo. Diferentes etnias podem trazer uma variedade de valores, tradições e comportamentos e essas diferenças precisam ser entendidas e respeitadas para desmisticar estereótipos ultrapassados, buscando manter valores universais essenciais que transcendem a cultura, tais como a ética e os direitos humanos. Em muitas sociedades as mulheres possuem status social inferior e acesso reduzido à educação, trabalho signicativo e muitas vezes não remunerado e serviços de saúde. Geralmente, o papel dessas mulheres é ser responsável pelos cuidados do lar e da família, frequentemente precisando largar seus trabalhos e isso pode contribuir para um aumento da pobreza e de problemas de saúde à medida em que envelhecem. Algumas nunca terão acesso à remuneração, pois dedicam seu tempo integralmente
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cuidando de seus lhos, cônjuges, pais idosos e netos. De outro ângulo, os homens são mais vulneráveis a lesões irreversíveis ou morte devido à violência, por estarem mais expostos à vida social e aos cargos que costumam ocupar no mercado de trabalho e estão mais sujeitos ao suicídio. Também adquirem comportamentos de maior risco como o consumo excessivo de bebida alcoólica, drogas e tabagismo. O projeto de um Centro-dia irá contribuir de forma positiva ao processo de envelhecimento, almejando uma melhor qualidade de vida para idosos de ambos os gêneros e idades. Os dados apresentados podem cair signicativamente quando os idosos obtêm a oportunidade de vivenciar e praticar as atividades promovidas de um Centro-dia. Ÿ Fator serviços sociais e de saúde: Ter saúde está totalmente ligado ao bem-estar social, mental e físico. Esses são os principais pontos a serem alcançados dentro de um Centro-dia, pois buscar desenvolver programas de relações sociais para os idosos, é tão importante quanto buscar elaborar espaços que promovam a saúde física. Portanto, promover a saúde é um processo que permite que as pessoas possam controlar e melhorar sua saúde e para isso é necessário, além de prossionais capacitados, ambientes que sejam adequados a esse tipo de prática. A prevenção de doenças é também um importante aspecto na vida dos idosos, visto que a maior parte
das enfermidades dessa faixa etária são doenças não transmissíveis e lesões. A prevenção pode ser primária, que está ligada aos hábitos de vida como não fumar, praticar atividades físicas e ter uma alimentação balanceada. A secundária é a triagem para detecção precoce de doenças crônicas e a terciária seria buscar um tratamento clínico adequado, caso detectada alguma doença. Todas as formas são ecazes para a redução de incapacidades dos indivíduos. Os serviços sociais e de saúde precisam sempre estar interligados e coordenados também em termos de custos. Estudos mostram que as estratégias de prevenção de doenças, incluindo as doenças infecciosas, podem poupar gastos em qualquer estágio da vida. A vacinação em idosos contra a gripe, por exemplo, proporciona uma economia de 30 a 60 dólares em tratamento por cada dólar gasto em vacinas (HHS, 1999). À medida em que a população envelhece, cresce o risco de desenvolver alguma enfermidade e à medida em que isso acontece, a busca por medicamentos que retardam e tratem doenças crônicas, aliviem a dor e melhorem a qualidade de vida irá continuar a aumentar. Esse evento demanda a investida da indústria farmacêutica, terapeutas tradicionais, empresas e organizações que representam os idosos, a busca para garantir o acesso aos medicamentos que são essenciais e seguros e a utilização adequada e custo-ecaz desses fármacos. A assistência à longo
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prazo é essencial e abrange uma ampla variedade de serviços como saúde pública, cuidados básicos, tratamento domiciliar, serviços de reabilitação, entre outros. O sistema de atividades empreendidas por cuidadores informais (família, amigos e/ou vizinhos) e/ou prossionais (de serviços sociais e de saúde) a uma pessoa não plenamente capaz de se cuidar, para que esta tenha a melhor qualidade de vida possível, de acordo com suas preferências individuais, com o maior nível possível de independência, autonomia, participação, satisfação pessoal e dignidade humana (OMS, 2000).
Os serviços de saúde mental também são cruciais para o sucesso do processo de Envelhecimento ativo e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) merece atenção especial aos sub diagnósticos de doença mental, especialmente depressão, e às taxas de suicídio entre os idosos (OMS, 2001). Ao contrário do que se pensa, a adoção de hábitos saudáveis é positiva em qualquer idade e um dos mitos do envelhecimento é que é tarde demais para se adotar esses estilos nos últimos anos de vida. O presente projeto irá contribuir para aderir esses bons hábitos, proporcionando bem estar e saúde física e mental aos seus usuários.
02.02. políticas públicas no mundo, brasil e fortaleza-ce No mundo: O envelhecimento da população e a urbanização são duas fortes tendências mundiais que, trabalhando de forma conjunta, representam as maiores forças que envolvem os tempos atuais. À medida em que as cidades crescem, aumenta o número de pessoas com 60 anos ou mais. Os idosos são um recurso para as suas famílias, comunidades e economias, desde que em ambientes favoráveis e propícios (OMS, 2008). A Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda a preparação dos países para que as cidades sejam “amigas dos idosos”, que consiste em preparar os seus ambientes físicos e sociais, para que se permita o envelhecimento saudável. A OMS tem como objetivo, formar uma rede mundial para estabelecer relações entre as cidades que participam dessa corrente, para facilitar a troca de informação e boas práticas, bem como fomentar intervenções apropriadas, sustentáveis e custo-efetivas para melhorar a vida das pessoas idosas, também proporcionando um apoio técnico e capacitação. A OMS considera o Envelhecimento ativo como um processo de vida formado por vários fatores que, separadamente ou em conjunto, favorecem a saúde, a interação e a segurança de idosos. Seguindo as diretrizes de abordagem
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da organização para o Envelhecimento ativo, o objetivo deste é mobilizar cidades para que se tornem mais amigas do idoso, para poderem usufruir do potencial que os idosos representam para a humanidade. Segundo o Guia Global: Cidade Amiga do Idoso (2005), uma cidade amiga do idoso estimula o Envelhecimento ativo ao otimizar oportunidades para saúde, participação e segurança, para aumentar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. Explicando de forma simplicada e direta, uma cidade amiga do idoso é onde suas estruturas são adaptadas e que os serviços sejam acessíveis e promovam a inclusão de idosos com diferentes necessidades e níveis de capacidade. Pa r a e n t e n d e r s o b r e a s características de uma cidade amiga do idoso, é necessário e fundamental ouvir a população mais interessada: os próprios idosos. A OMS trabalhou com grupos focais de 33 idosos, em cidades de todas as regiões do mundo e foi pedido que apresentassem as diculdades e as vantagens possíveis q u e e l e s p u d e s s e m e n c o n t r a r, abordando alguns aspectos da vida urbana. Em grande parte das cidades, foi possível complementar os depoimentos dos idosos com informações obtidas por grupos de cuidadores e prestadores de serviços dos setores público, privado e de voluntários. Com base nas informações obtidas por essas pessoas, foi desenvolvido itens favoráveis aos
idosos, dos quais foram avaliados através de um checklist: Ÿ A seção 1 inicia descrevendo as estatísticas no Brasil e no mundo do rápido envelhecimento da população e o crescimento da urbanização. Além de abordar os obstáculos que as cidades terão que desaar. Ÿ A seção 2 explica o que é conceito de “Envelhecimento ativo” e aponta como um modelo de como deve ser o desenvolvimento de cidades amigas do idoso. Ÿ A seção 3 é um resumo sobre toda a pesquisa e o seu processo, bem como a identicação das principais características de uma cidade amiga do idoso. Ÿ A seção 4 explica de forma detalhada como esse guia deve ser utilizado por pessoas e grupos para incentivar a sua própria cidade a aderir ao programa. Ÿ As seções 5 a 12 debatem as questões e preocupações explanadas pelos entrevistados, em cada um dos oito aspectos da vida urbana. São eles: espaços livres e abertos; participação como cidadão e emprego; comunicação e informação; assistência comunitária e serviços de saúde; transporte; moradia; participação social; respeito e integração social; Ÿ É concluída com um checklist cada seção e são analisadas as mais importantes características amigas do idoso e são feitos relatórios de cidade por cidade.
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Ÿ A seção 13 soma o apurado de acordo com as perspectivas do Envelhecimento Ativo sugerido pela OMS e dá destaque às fortes ligações entre as mais diversas áreas amigas do idoso. Elas mostram os principais aspectos que deveriam caracterizar uma cidade amiga do idoso ideal e demonstra como melhorar, mesmo que seja em apenas um dos tópicos, o que pode levar a um grande impacto positivo em todos os outros temas. Movidas pela promessa de um maior número de voluntários nas comunidades amigas dos idosos, as cidades que colaboram com a OMS estão elaborando premissas para que a pesquisa realizada se transforme em modelos para outras cidades que ainda não aderiram ao programa. Esse é um movimento em crescente demanda e o principal ponto de partida é esse guia. A participação dos idosos nesse guia é recomendado pelas Nações Unidas e é fundamental, por dar voz aos mesmos e lhes permitir contribuir para a sociedade e participar de processos de tomada de decisões que implicam em seus próprios interesses. Como os idosos são os protagonistas e os principais interessados em suas próprias vidas, a OMS e seus parceiros envolveram os idosos como participantes integrais do projeto. Os líderes do projeto buscaram a experiência de primeira-mão dos idosos. Foram feitos questionamentos como: quais são as características favoráveis aos idosos nas cidades em
que eles habitam? Quais problemas eles encontram no dia-a-dia? O que falta na cidade para melhorar a sua saúde, segurança e participação? Os grupos foram divididos por idosos a partir de 60 anos, de classe social baixa e média. Foram 158 grupos focais, com 1.485 participantes, de setembro de 2006 até abril de 2007. Em todas as 33 cidades nas quais os grupos foram formados, os idosos foram a principal fonte de pesquisa. Para conseguir ter uma visão daqueles idosos que, por decorrência de alguma incapacidade física ou mental, são impedidos de contribuir diretamente para a pesquisa, a maioria das cidades também formou grupos com cuidadores, que falaram da sua experiência com os idosos que cuidavam. Pa r a c o m p l e m e n t a r a s informações dos idosos e cuidadores, a maioria das cidades também realizou grupos com prestadores de serviços dos setores público e voluntários. Foram ouvidos 250 cuidadores e 490 prestadores de serviço, no total. Eles zeram suas observações com base na sua relação ou contato com os idosos. Os cuidadores e prestadores de serviço conseguiram fornecer algumas informações não relatadas pelos idosos, mas as informações desses dois grupos foram, sempre, de acordo com a visão expressada pelos idosos. Os primeiros tópicos a serem investigados foram: prédios públicos e espaços livres, moradia e transporte. Esses são os mais importantes aspectos do ambiente físico de uma cidade. Eles
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respeito se reetem na acessibilidade de edifícios e espaços públicos e no leque de oportunidades que a cidade oferece para os idosos em termos de participação social, entretenimento ou emprego. A participação social inuencia a inclusão social e o acesso à informação. A moradia afeta as necessidades aos serviços de suporte à população, que depende da acessibilidade e da segurança dos espaços abertos e edifícios públicos. O transporte, comunicação e a informação se interligam com as outras áreas, pois sem transporte ou meios adequados de informações e telecomunicações que permitam as pessoas se encontrarem e se conectarem, outras facilidades urbanas que ajudariam a proporcionar o Envelhecimento ativo são simplesmente inacessíveis. A gura 1 mostra os pontos que estão inclusos na pesquisa da cidade amiga do idoso.
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Cidade amiga do idoso
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possuem uma grande inuência sobre a mobilidade pessoal, que está totalmente ligado à segurança contra quedas e lesões, segurança em relação à criminalidade e o comportamento em relação à saúde e à participação social. Também há outros tópicos que reetem os diferentes aspectos do ambiente social e da cultura que tem impacto sobre a participação e o bemestar mental, que é tão igualmente importante quanto o bem-estar físico. A participação social diz respeito ao engajamento dos idosos em atividades educacionais, espirituais, recreativas, sociais e culturais. A participação ativa do idoso na cidade, traz oportunidades de cidadania e no mercado de trabalho, seja ele voluntário ou remunerado, e estão relacionados aos determinantes econômicos do Envelhecimento ativo. Os últimos tópicos são sobre comunicação e informação, apoio comunitário e serviços de saúde e envolvem ambientes sociais e determinantes de saúde e serviços sociais. Os determinantes do Envelhecimento ativo de cultura e gênero foram incluídos apenas indiretamente neste projeto, pois sua inuência sobre esse conceito vai muito além da vida urbana. Em virtude da grande abrangência de sua inuência, estes determinantes merecem diretrizes especialmente para eles. Assim como os determinantes do Envelhecimento ativo, esses aspectos da vida urbana se sobrepõem e se interligam. A inclusão social e o
Figura 1. Quesitos pesquisados no projeto Cidade Amiga do Idoso Fonte: Guia global: Cidade Amiga do Idoso, 2019
As informações colhidas pelos grupos de idosos e voluntários, foram todas divididas em tópicos. Em cada um desses tópicos está escrito as características favoráveis ao idoso, as barreiras e as falhas existentes e as sugestões de melhoria manifestadas por eles. Os temas descritos em cada cidade foram registrados para mostrar o que era mais relevante para todos, de uma maneira geral, e para as diferentes regiões e cidades. De acordo com esses temas, um checklist das principais características de uma cidade amiga do idoso foi feito para cada uma das áreas da vida urbana. O checklist é um resumo dedigno das visões expressadas pelos participantes dos grupos em todo o mundo. O objetivo desse guia é proporcionar que as cidades consigam enxergar sob a visão dos idosos, com o intuito de identicar onde e como elas podem ser mais favoráveis aos mesmos. O guia descreve, para cada área da vida urbana, as vantagens e os problemas que os idosos encontram em cidades com diferentes níveis de desenvolvimento. O checklist apresentado das mais importantes características que beneciam os idosos, se aplica tanto às cidades menos desenvolvidas quanto às mais desenvolvidas. Sua preocupação é poder proporcionar um padrão universal para uma cidade amiga do idoso. O checklist das características favoráveis aos idosos não é um sistema para classicar quanto uma cidade é mais amiga do idoso que outra. Na verdade, se trata
de um instrumento para que uma cidade possa se autoavaliar e um mapa para avaliar a sua evolução. Nenhuma cidade é tão má desenvolvida que não possa fazer melhorias signicativas (OMS. Guia Global: Cidade Amiga do Idoso, 2008). Essas pequenas intervenções podem ser feitas através das diretrizes do guia da cidade amiga do idoso. Também é possível fazer muito mais do que se pede o checklist e várias cidades apresentam características que vão além do mínimo sugerido. Essas boas práticas proporcionam ideias que outras cidades podem se inspirar e adotar. De qualquer forma, nenhuma cidade apresenta um “padrão ideal” em todas as áreas. O checklist das características urbanas favoráveis aos idosos não são diretrizes exatas ou desenhos técnicos. Mas existem documentações técnicas que estão disponíveis para orientar e ajudar a implementação de mudanças que podem ser necessárias em determinadas cidades (OMS. Guia Global: Cidade Amiga do Idoso, 2008). O guia deve ser utilizado pelos grupos interessados em tornar sua cidade mais amiga do idoso, como governos, organizações de voluntários, o setor privado, grupos de cidadãos e os próprios idosos. Portanto, o mesmo princípio seguido no desenvolvimento do guia, se aplica à sua utilização, ou seja: envolver os idosos como parceiros diretos em todas as etapas. Na avaliação dos pontos
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positivos e negativos de cada cidade, os idosos devem descrever como o checklist das características reete nas suas próprias experiências e atividades do cotidiano. Eles podem e devem sugerir mudanças e também participar na realização de projetos de melhorias. A opinião dos idosos, que fazem a base dessa pesquisa, fornece informações essenciais, que devem ser ltradas e analisadas por especialistas em gerontologia e tomadores de decisão no desenvolvimento e adaptação de intervenções e políticas. Nas etapas de acompanhamento das ações locais “favoráveis ao idoso”, é imprescindível que os idosos continuem a ser envolvidos no monitoramento da evolução da cidade e devem atuar como defensores e conselheiros das cidades amigas do idoso. Segundo o Guia global: Cidade Amiga do Idoso (2008), os edifícios públicos e espaços abertos têm um impacto importante na mobilidade, independência e qualidade de vida dos idosos e afetam sua capacidade de “envelhecer no seu próprio lugar”. Nas pesquisas para o projeto da OMS, os idosos e aqueles que convivem com eles, descrevem várias características do cenário urbano e do ambiente construído que são amigáveis aos idosos. Os temas mais abordados em cidades de todo o mundo são a qualidade de vida, interação e segurança. Melhorias que foram ou estão sendo feitas nas cidades, em qualquer nível de desenvolvimento, são muito valorizadas por aqueles que foram entrevistados.
A primeira assembleia internacional que tratou sobre o tema do envelhecimento ocorreu em 1982. O plano de ação resultante dessa reunião, do qual o Brasil foi participante, focou nas áreas de saúde e nutrição, proteção ao consumidor, família, bem-estar social, moradia e meio ambiente, previdência social e por m trabalho e educação. Partindo disso, surgiu o conceito de “Envelhecimento ativo” que defende a manutenção e inserção do idoso na sociedade, em suas diversas esferas, tais como econômica e familiar, da qual já foi falado anteriormente. Essa primeira reunião citada, teve seu assunto voltado principalmente para os países desenvolvidos, pois estes já vinham experimentando um aumento em sua população idosa mais cedo, mais precisamente desde os anos 50. O segundo encontro, aconteceu em 2002, porém as discussões foram voltadas para países em desenvolvimento, onde se enquadra o Brasil. Nessa reunião foi elaborado um plano de ação internacional para o envelhecimento no século XXI. O documento que tratava da América Latina destaca temas como educação, moradia, cobertura integral dos serviços de saúde e acesso à renda. Diversas iniciativas ao redor do mundo foram desenvolvidas com a abordagem do envelhecimento. A partir de 2003, e novamente em 2007 e 2012, ocorreram as Conferências Regionais Internacionais Governamentais sobre o Envelhecimento na América Latina e no
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Caribe que tiveram como objetivo implementar o plano internacional de 2002. Nesta última reunião em 2012, foi desenvolvida a Carta de São José que trata dos direitos dos idosos da América Latina e do Caribe. No Brasil: O Brasil já havia se interessado pelos assuntos sobre a terceira idade desde épocas anteriores à atual Constituição de 1988. Nela se assegurou no art. 203 a assistência social e a garantia de um salário mínimo mensal quando o indivíduo comprove “não possuir meios de prover à própria manutenção ou de têla provida por sua família, conforme dispuser a lei” (BRASIL, 1988, p.122) para os idosos. O art. 230, inserido no Capítulo VII que trata da família, da criança, do adolescente, do jovem e do idoso, armou que “a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida” (BRASIL, 1988, p.133). Além disso, informou que os programas de amparo deverão ser, preferencialmente, realizados nos lares dos indivíduos e que a gratuidade nos transportes coletivos é destinada a todos os indivíduos de idade superior a 65 anos (BRASIL, 1988). Um dos desdobramentos da Constituição de 88 foi a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS (Lei nº 8.742 de 7 de dezembro de 1993) que dispõe sobre a organização da
Assistência Social. Esta lei, em seu art. 2, informa que a assistência social objetiva a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, além de garantir o benefício mensal de um salário mínimo à pessoa portadora de deciência e ao idoso que não possuir meios para se sustentar. Além disso, a LOAS tem como alguns de seus princípios a universalização dos direitos sociais, o respeito à dignidade do cidadão e a igualdade de direitos no acesso ao atendimento (BRASIL, 1993). A Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842, de janeiro de 1994, além de criar o Conselho Nacional do idoso, “tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade” (BRASIL, 1994, p.5), como assim fala o seu art. 1º. As diretrizes descritas na lei buscam assegurar os direitos da população idosa à cidadania, bem-estar e dignidade, sem que haja nenhum tipo de discriminação, seja ela de cunho social, econômico, regional ou etário, determinando também diretrizes e ações governamentais (BRASIL, 1994). Outra consequência da lei de política nacional do idoso foi a criação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, que tem como objetivo recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse m, em consonância
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com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Todo e qualquer cidadão e cidadã brasileiros, com 60 anos ou mais, é assistido por essa lei (BRASIL, 2006, p.2). Além dessas leis, existem outras políticas públicas que buscam valorizar a população idosa, como a promoção do envelhecimento ativo e saudável, o apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas, estímulo à participação e fortalecimento do controle social e o provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa. Um dos desdobramentos da política nacional do idoso, foi a portaria 702 do Ministério da Saúde, que buscava também cumprir com os ordenamentos constitucionais de proteção aos direitos dos idosos de dignidade, cidadania, bem-estar e à vida, uma vez que as doenças afetam majoritariamente indivíduos na terceira idade. Outro objeto importante de política pública para o idoso é o Estatuto do Idoso instituído pela Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003. A lei tem como premissa regulamentar os direitos garantidos aos idosos e deixa claro em seu artigo 1º que a condição de idoso é dada aos indivíduos acima de 60 anos de idade (BRASIL, 2003). O Estatuto do Idoso determina como direitos fundamentais destes indivíduos o direito à vida, liberdade, respeito, dignidade, alimentos, saúde, educação, esporte, cultura, lazer, prossionalização, trabalho, aposentadoria, assistência social,
habitação e transporte. O Estatuto do Idoso também determina medidas favoráveis a essa população, como vagas exclusivas em estacionamento dedicadas a eles, prioridade em embarque e desembarque em transportes coletivos, além de passagens gratuitas garantidas nos mesmos. Em Fortaleza: O Plano Fortaleza 2040, elaborado em 2016, determina estratégias a serem implementadas para a melhoria da cidade de forma geral em curto, médio e longo prazo. Possui em um de seus volumes, o projeto “Vida Comunitária, acolhimento e bem-estar ”, um segmento dedicado à população idosa, crianças e adolescentes, pessoas com deciência, mulheres, população LGBT e plano de igualdade racial. O Plano traça diretrizes e estratégias para contribuir com a formulação de políticas que assistam e garantam as prioridades básicas no envelhecimento dos indivíduos e da população. As recomendações para a adoção de medidas organizam-se em três direções prioritárias: os idosos e o desenvolvimento; a promoção da saúde e do bem-estar até a chegada da velhice; a criação de ambientes propícios e favoráveis. A estratégia de Envelhecimento ativo e saudável contemplada no Fortaleza 2040 é parte integrante do Plano de Ação sobre a S a ú d e d a s Pe s s o a s I d o s a s d a Organização Pan Americana da Saúde (OPAS, 2009), no que se refere às necessidades de saúde cada vez
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maiores da população que está envelhecendo rapidamente na América Latina e no Caribe.
02.03. BIOFILIA É fato que o ambiente em que o homem vive interfere diretamente em seu desenvolvimento, desde o dia em que nascemos. Esse ambiente continua a exercer inuências nesse indivíduo a todo momento em que é utilizado. De acordo com Lent, o sistema nervoso humano é capaz de alterar a sua função ou a sua estrutura em resposta às inuências que os atingem no meio ambiente (LENT, 2008). O sistema nervoso dos seres vivos é formado desde o desenvolvimento do embrião e logo após o nascimento, de acordo com cada espécie, sendo capazes de se modular a partir de várias inuências, entre elas, as características físicas, sociais e culturais do ambiente (MENDES, 2012) Quando pensamos em ambiente agradável, logo nos vem em mente a conexão com a natureza. A presença de vegetação, o uso de materiais e iluminação naturais e até mesmo o som de água correndo. Esses e outros aspectos são utilizados na concepção de projetos que possuem o conceito de Biolia. De acordo com Wilson, o conceito de Biolia corresponde à nossa tendência inata de termos nossa atenção atraída por seres vivos e por processos da natureza (WILSON, 1985). Já Stephen Kellert, outro autor sobre o assunto, dene Biolia como a inclinação humana inata para se
relacionar com sistemas e processos naturais (KELLERT, 2007). Wilson e Kellert, em comum acordo, deniram o termo como a “tendência humana para se relacionar com a natureza”, que mesmo nos tempos atuais, continua sendo de extrema importância para a saúde física e mental do indivíduo (WILSON E KELLERT, 1993). Em outras palavras, podemos denir o conceito de Biolia, ao que se refere à tendência do ser humano de ser inuenciado pela presença da natureza e dos seres vivos no ambiente inserido. A hipótese biofílica, promove uma série de estudos desde muitos anos. Até o momento, foi constatado que o contato com o ambiente natural promove signicativas reduções de níveis de estresse, bem como é capaz de baixar a pressão sanguínea, minimizar sensações de dor, auxiliar na recuperação após doenças, além de acelerar o processo de recuperação. Também melhora o ambiente de trabalho, reduzindo o número de conitos e melhorando a performance dos usuários. Conhecendo mais sobre o conceito de Biolia, podemos compreender a importância do design biofílico para os projetos de arquitetura. Segundo Kellert, o termo “design biofílico”, é denido pela intenção deliberada de traduzir para o ambiente construído a inclinação inata do ser humano em se sentir bem em contato com a natureza (KELLERT, 2007).
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Esse design tem como objetivo projetar espaços que promovam a saúde, o bem estar e a qualidade de vida dos usuários. O conceito biofílico não é um luxo, pois o ambiente natural é parte da necessidade fundamental para promover a saúde física e mental do homem contemporâneo (KELLERT, 2007). O projeto a ser apresentado irá adotar as premissas da Biolia como um dos conceitos fundamentais, a m de promover um ambiente aconchegante, acolhedor, familiar e funcional, buscando proporcionar saúde e bem-estar aos seus usuários.
02.04. desenho universal A expressão Desenho universal ou Universal design foi utilizada pela primeira vez nos Estados Unidos, pelo arquiteto Ron Mace. Ele foi o responsável por articular e inuenciar a mudança de paradigmas dos projetos de arquitetura e design. Segundo Ron, o Desenho universal é responsável pela elaboração de ambientes ou produtos que podem ser usados pelo maior número de usuários possível. O principal ponto de partida desse conceito, é que ele deve atender a qualquer pessoa. Esse conceito não é novo. Desde o início da década de 1960, já se sabia que a capacidade funcional das pessoas aumentava quando as barreiras ambientais eram removidas (BEDMAR, 1977). Baseado nisso, surgiu a ideia de que era necessário
considerar aspectos mais amplos e universais que envolvem as necessidades ambientais para todos os usuários. Seguir esse conceito de forma correta, não é uma tarefa simples, pois, para tal, é imprescindível possuir total conhecimento das necessidades e diculdades humanas, para que haja soluções ecientes para os projetos. Existem muitas expressões que trazem o sentido de Desenho universal: projetos de longevidade, respeito pelas pessoas, projetar para todos, design para a diversidade e arquitetura inclusiva ou sem barreiras. Porém, o termo “Desenho universal” ou “Projetar para todos” são os que mais transmitem uma visão que abrange de forma geral o assunto e garantem menor receio em sua aplicação. Dessa forma, não se aplica os benefícios somente a uma parte dos usuários e sim ao maior número de pessoas possível. O conceito do Desenho universal, originalmente, surgiu como consequência das reivindicações de duas classes distintas: as pessoas com deciência, que sentiam suas necessidades deixadas de lado pelos prossionais das áreas de construção civil e arquitetura e, por iniciativa de alguns arquitetos, designers e urbanistas que pretendiam adotar uma visão mais ampla e a democratização na criação dos projetos. Em um ambiente acessível, seja ele urbano ou uma edicação, todos os usuários podem entrar, circular e utilizar todos os ambientes e não somente parte deles, pois a essência do
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Desenho universal é poder estabelecer acessibilidade integrada a todos, sejam decientes ou não. Desta forma, o termo acessibilidade representa ampla inclusão. Somente por meio da inclusão será possível obter progressos signicativos na remoção das barreiras que atualmente impedem os cidadãos com algum tipo de deciência ou com mobilidade reduzida de participar de forma equitativa, como aqueles que não apresentam algum tipo de deciência ou mobilidade reduzida (CAMBIAGHI, S. Desenho Universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São Paulo: Senac, 2012, p.75).
Com o intuito de levar o conceito de Desenho universal para o maior número possível de projetos, incluindo os projetos urbanos, o Center For Universal Desing - centro de pesquisa, informação e desenvolvimento tecnológico para avaliar, desenvolver e promover iniciativas que tenham como meta o Desenho universal, com sede na Escola de Design da Universidade da Carolina do Norte (Schooll of Design of North Carolina State University), nos Estados Unidos - elaborou sete princípios para a incorporação do Desenho universal em outras instituições de ensino. Alguns desses princípios e suas diretrizes serão aplicadas neste projeto de Centro-dia para o idoso. São eles: evitar segregar ou estigmatizar
qualquer usuário, exibilidade no uso (adaptável), facilitar o manuseio e a precisão dos usuários, oferecer adaptabilidade ao usuário (visto que serão idosos de diferentes idades e condições físicas), uso simples e objetivo, simplicando o entendimento (independente da experiência do usuário), disponibilizar informações de forma fácil e visíveis na sua ordem de importância, isolar e proteger elementos de risco, minimizar o esforço físico, diminuindo a fadiga, tornando a utilização de forma confortável, projetar espaços que possam ser utilizados por pessoas com qualquer condições físicas, como cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. O Desenho universal garante que o usuário possa desfrutar de ambientes sem precisar de tratamento discriminatório por suas condições ou características físicas pessoais, pois à medida que envelhecemos perdemos força e resistência, os sentidos cam menos aguçados, a memória sofre deterioração e isso reete na capacidade de interação com o mundo ao nosso redor. As pessoas idosas, por exemplo, que podem apresentar capacidade de reação mais lenta, visão e audição decientes em relação ao usuário médio, são mais suscetíveis a sentir os efeitos negativos de uma concepção inadequada dos produtos e serviços. Isso porque suas capacidades motoras e sensoriais costumam sofrer
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redução gradual (CAMBIAGHI, S. Desenho Universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São Paulo: Senac, 2012, p.43)
Muitas pessoas com deciência ou mobilidade reduzida sofrem discriminação ocasionado por um projeto negligente e inadequado. Geralmente, as pessoas de cadeira de rodas são as que mais sofrem nesses ambientes, por se depararem com barreiras ambientais criadas como: sanitários, portas com dimensão pequena, plataformas elevadas, entradas com portas giratórias, falta de calçadas adequadas, com rebaixos e rampas de acesso. Os idosos são mais vulneráveis às inuências do ambiente, como variação de temperatura, cores, formas, luminosidade. Portanto, é muito importante que seu local de permanência seja o mais adequado possível. É recomendado que o indivíduo que convive com o idoso se adeque ao ambiente feito para este do que o contrário. A ergonomia e a antropometria são de grande importância para nortear a concepção de um projeto para esses usuários, para que sejam ecientes e ecazes. A ciência e a tecnologia são grandes aliadas ao envelhecimento, buscando proporcionar condições para a longevidade. Porém, para isso, é um fator fundamental a participação dos idosos de modo ativo na sociedade. Segundo Cambiaghi (2012), é inaceitável uma existência prolongada sem assegurar as melhores condições
de qualidade de vida para os anos vividos. Os idosos vivem diversas situações que os colocam em perigo em seus lares, e isso está totalmente ligado a projetos inadequados. Caso o idoso se torne uma pessoa em cadeira de rodas, na maior parte das vezes, ele estará impossibilitado de habitar em sua própria residência. Essas barreiras ambientais são ocasionadas pelas falhas na criação dos projetos, onde os prossionais acabam negligenciando a necessidade de mudanças nos usos à medida que o indivíduo envelhece. Po d e m o s l i s t a r a l g u m a s relevantes diculdades - para a presente pesquisa - que são encontradas na vida cotidiana pelos idosos: Ÿ Transitar em entroncamentos de corredores; Ÿ Andar por pisos desenhados, com contraste forte de cores entre o claro e o escuro, ou pisos reexivos, muito lisos ou irregulares; Ÿ Permanecer em ambientes com monotonia de cores ou excesso de padronagens; Ÿ Utilizar algum aparelho que precisem de sintonia na (como controle remoto ou aparelhos eletrônicos); Ÿ Levantar de assentos baixos, como sofás e vasos sanitários; Ÿ Transitar em rampas muito íngremes e descer ou subir escadas sem guarda-corpo ou corrimão; Ÿ Efetuar movimentos amplos com
42
o pescoço e tronco, como abaixar-se ou alcançar armários muito altos ou baixos demais. Além dessas diculdades, existem os riscos de acidentes domésticos no momento em que vão utilizar o banheiro, tomar banho ou vestir-se sem contar com apoio, sofrer alguma fratura em decorrência da instabilidade de superfícies, acidentarse por causa de degraus ou objetos pelo chão que são despercebidos e colidir com algum objeto, como quinas de mobiliários, por conta da reduzida percepção espacial. Como aponta Cambiaghi (2012), alguns idosos podem apresentar desconforto ao estarem em ambientes muito ruidosos, com múltiplos usos, como lugares para assistir televisão, conversar e praticar atividades, os desencorajando-os a fazê-los ou isolando-os. Desta forma, é imprescindível que esses ambientes sejam separados e projetados de forma adequada. De acordo com as análises de algumas das diculdades encontradas pelos idosos no livro Desenho Universal de Silvana Cambiaghi (2012), pessoas com deciência física ou mobilidade reduzida para utilizarem os ambientes, é recomendado, baseado nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para um dimensionamento adequado dos espaços, dos mobiliários e equipamentos, seguindo os aspectos ergonômicos, o uso de algumas diretrizes projetuais. - Em todos os ambientes é necessário: 43
Ÿ A instalação de pisos antiderrapantes; Ÿ Evitar degraus e desníveis entre os ambientes; Ÿ Prever ambientes com portas de 0,80 metros de largura e uma área de giro de no mínimo 1,50 metros nos cômodos (área necessária para que uma pessoa em cadeira de rodas possa entrar e sair de frente de um ambiente); Ÿ Instalação de campainhas de segurança em quartos e banheiros; Ÿ Instalação de dispositivos de alerta para incêndios e vazamento de gás; Ÿ Construir vãos de janelas e terraços com visão para o exterior, onde o peitoril de alvenaria tenha no máximo 0,60 metros de altura do piso; Ÿ Localizar alturas de tomadas, comandos de eletricidade, gás e outros, maçanetas de portas, balões e janelas, caixas de luz entre 0,40 metros e 1,20 metros do piso; Ÿ Instalação de sensores de presença para iluminação em áreas de circulação e banheiros; não fazer o uso de tapetes em circulações; Ÿ Evitar os; Ÿ Evitar mobiliário em excesso, garantindo rota de circulação livre de obstáculos; Ÿ Prever a disposição dos móveis de forma que evitem movimentos de rotação, especialmente em banheiros;
- Nas áreas externas e salas: · prever local para caminhada com largura suciente para que duas pessoas quem lado a lado, corrimãos e piso adequado para o uso em dias chuvosos; · Projetar portas com no mínimo 0,80 m de largura e maçaneta do tipo alavanca com fechaduras na face superior; eliminar os desníveis maiores que 0,005m; · Projetar as soleiras com rampas e com inclinação inferior a 8,33%; · Utilizar materiais aderentes ao piso, como o capacho; · Propor a colocação de cadeiras com braços, de poltronas e banqueta para elevar os pés, de sofás com apoio para a cabeça, e equipamentos automáticos, sempre que possível; · Planejar móveis com cantos arredondados; · Evitar tampos de vidro. Nas rampas e escadas: instalação de pisos antiderrapantes; · Prever patamares para descanso; · Instalar corrimãos contínuos e de boa empunhadura; · Construir degraus com alturas e pisos iguais, demarcando com piso diferenciado seu início e término; · Instalação de iluminação de segurança nas escadas e rampas; · Instalação de interruptores próximos ao início e término de escadas; - Nos banheiros: · Projetar banheiros em locais de fácil e rápido acesso, em todos os pavimentos da edicação;
· Instalação de iluminação permanente e por sensor no percurso do quarto ao banheiro; instalação de barras de apoio e assentos na área do chuveiro, bem como ducha de comando manual para adequar a temperatura; · Instalar pias com barras para apoio; · Planejar armários entre 0,40 metros e 1,2 metros de altura do piso; · Instalação de vasos sanitários a 0,46 metros de altura do piso e instalar duchas de água para higiene íntima e barras de apoio. Para a elaboração desse projeto, será adotado o maior número possível de instruções sugeridas pela autora do livro Desenho Universal - Métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas, que foram baseadas nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e aspectos da ergonomia.
44
45
01 03 INTRODUÇÃO REFERENCIAL projetual
03.01. parque educativo raíces Localização: Guatapé, Colômbia Arquitetos: Taller Piloto Arquitectos Área: 653m² Ano do projeto: 2015
Os espaços livres e exíveis adequados para o encontro, formados a partir de pátios e jardins, permitindo estender duas atividades ao espaço comum. A paisagem como matéria prima faz parte integral da construção espacial, criando jardins, pátios e praças e, assim, proporcionar o encontro.
Figura 2. Maquete virtual do projeto Parque Educativo Raíces Fonte: ArchDaily Brasil, 2017
Figura 3. Pátio externo do projeto Parque Educativo Raíces Fonte: ArchDaily Brasil, 2017
Figura 4. Pátio externo do projeto Parque Educativo Raíces Fonte: ArchDaily Brasil, 2017
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O projeto apresenta um contexto natural de modicação do urbano e rural. Por isso é construído a partir de materiais e acabamentos aparentes, onde a própria estrutura é o acabamento nal e propõe texturas e aspectos simples e tons neutros, que dão o maior protagonismo ao estilo natural, se transformando em ambiente que remete à beleza da vegetação. A presença de vegetação no projeto, traz a sensação de tranquilidade. O sombreamento possibilita que seus usuários possam realizar caminhadas sem desconforto térmico. O ponto de encontro central é o ponto chave que queremos apresentar ao projeto do Centro-dia, sabendo da tamanha importância da interação entre os idosos, que gera bem-estar e possibilita trocas e vivências sociais.
Figura 5. Sala de ginástica da Cidade Amiga do Idoso, Chapecó-SCFonte: Prefeitura Municipal de Chapecó, 2018
O espaço tem capacidade para atender mais de 1.800 idosos. Visa trazer qualidade de vida aos idosos em um espaço pensado e direcionado para eles, com atividades físicas e troca de experiências. O horário de funcionamento é das 08 às 12 e das 13 às 17 horas.
03.02. CIDADE DO IDOSO Localização: Chapecó, Santa Catarina Área: 561m² Ano do projeto: 2008
Figura 6. Área da piscina da Cidade Amiga do Idoso, Chapecó-SC Fonte: Prefeitura Municipal de Chapecó, 2018
A Cidade do Idoso é um espaço pensado para atender pessoas com mais de 60 anos, buscando trazer qualidade de vida, bem estar e atendimento especializado para a população idosa.
Os usuários têm acesso à ocina de informática, sala de vídeo, sala de dança, ginástica, musculação, pilates, grupo vocal, caminhada orientada, hidroginástica, Hora Cultural, Shows de Talentos, Campeonatos, Palestras Educativas, jogos de mesa (canastra, dominó, sinuca, três sete) e de bocha. Eles podem participar ainda do curso
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de alfabetização para idosos e recebem atendimento na área da saúde. Além disso, está instalada na Cidade do Idoso a Cozinha Comunitária.
Figura 8. Fotograa do Escritório IT'S Biolia Fonte: Archdaily Brasil, 2019
Figura 7. Sala de musculação da Cidade Amiga do Idoso, Chapecó-SC Fonte: Prefeitura Municipal de Chapecó, 2018
O Centro - dia proposto no presente trabalho, contará com salas e equipamentos semelhantes aos do projeto acima apresentado, priorizando sempre o “movimentar-se” e a saúde.
Figura 9. Fotograa do Escritório IT'S Biolia Fonte: Archdaily Brasil, 2019
03.03. escritório it’s biofilia Localização: Itaim Bibi, São Paulo, Brasil Arquitetos: IT'S Informov Área: 350m² Ano do projeto: 2019 O diferencial desse projeto é a aplicação do design biofílico, que integra elementos da natureza ao ambiente de trabalho com o objetivo de elevar a produtividade e a sensação de bem-estar dos usuários. A Biolia vai além de incluir plantas no escritório.
Figura 10. Fotograa do Escritório IT'S Biolia Fonte: Archdaily Brasil, 2019
O design biofílico faz uso de elementos da natureza, como iluminação, ventilação, texturas, cores e formas para compor um ambiente
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que promova a interação e contribua para o conforto. A aplicação da Biolia é uma das principais propostas da IT'S de realizar projetos humanizados, com foco nas pessoas. Segundo Breda CEO da IT'S, “É essencial considerar o aspecto humano em cada etapa do planejamento e da execução da obra, colocando as pessoas que de fato irão usufruir do espaço como protagonistas”.
Figura 11. Fotograa do Escritório IT'S Biolia Fonte: Archdaily Brasil, 2019
O Centro-dia proposto irá contar com os materiais em sua forma natural, utilizando-se de espaços multifuncionais que se integrem trazendo a sensação de natureza, por meio da utilização de madeira e muita vegetação.
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04 REFERENCIAL tÉcnico
04.01. LOCALIZAÇÃO O terreno escolhido ca localizado no bairro De Fátima, na Rua Mário Mamede e Travessa Vicente de Aguiar. Atualmente o terreno se encontra vazio. Segundo o censo de 2010, o bairro de Fátima possui 23.309 habitantes. Desse número, 2.611 são idosos, tornando-o o 11º bairro com a maior população idosa de Fortaleza
(ver gráco 6). O bairro se encontra na SER IV (Secretaria Executiva Regional), que apresenta o segundo maior percentual de idosos do município (ver mapa 1). Apesar de ser considerado uma centralidade, o bairro tem predominância residencial, com fácil acesso a transporte, podendo conectar-se facilmente com localidades vizinhas.
TV. VICENTE DE AGUIAR
N
R. MÁRIO MAMEDE
Figura 12. Delimitação do terreno Fonte: Imagem Google Earth Pro adaptada pelo autor, 2020.
A SER IV (Secretaria Executiva Regional), onde o bairro de Fátima se encontra, apresenta também o valor de renda per capita alta - a segunda maior entre as regiões - que se torna fator determinante para a escolha do projeto, por ser um equipamento
privado (ver mapa 2). A área também não apresenta nenhum equipamento semelhante ao Centro-dia, outro fator relevante, pois a falta de equipamentos como esse podem gerar isolamento e segregação dos idosos (ver mapa 3).
54
Aldeota - 5.169 Meireles - 4.623 Barra do Ceará - 3.476 Vila Velha - 4.451 Messejana - 3.168 Mondubim - 3.118 Centro 3.082 José Walter - 3.075 Joaquim Távora - 2.861 São João do Tauape - 2.732 Fátima - 2.611
6.000 4.000 2.000 0 Gráco 6. Os 11 bairros de Fortaleza com mais idosos Fonte: Censo de 2010 - Elaborado pela autora, 2020
N
Regional 2 - 9,17% Regional 4 - 8,46% Regional 3 - 7,12% Regional 1 - 6,85% Regional 5 - 5,01% Regional 6 - 4,87%
0 1,6 3,2 4,8km
Mapa 1. Percentual de idosos por regional na cidade de Fortaleza Fonte: Censo 2010 - Elaborado pela autora, 2020
55
N
CLASSE
0 1,6 3,2 4,8km
R$ 239,25 - 500,00 500,01 - 1000,00 1000,01 - 1500,00 1500,01 - 2000,00 2000,01 - 3659,54
Nº DE BAIRROS (36) (53) (14) (06) (08)
Mapa 2. Valor da renda média por bairros de Fortaleza Fonte: IPECE - Elaborado pela autora, 2020
N 10 12
15
8 14 2
11
5 1
6 13 9 3
4 7
0 1,6 3,2 4,8km
1 - Lar Francisco de Assis 2- Lar três irmãs 3- Lar dos idosos Buttellis 4- Girassol residencial para idosos 5- Res. da terceira idade Flor de Lótus 6- Lar de amparo ao idoso Aconchego de Santa Terezinha 7- Res. para idosos Recanto Verde 8- Cada Tom Creche para idosos 9- Casa de repouso Novo Lar 10- Lar Torres de Melo 11- Cada de Nazaré 12- Cada de repouso para idosos São Camilo 13- Sociedade abrigo dos idosos São Pedro Julião Eymard 14- Associação Cearense Pró-Idosos 15- Unidade de abrigo dos idosos
Mapa 3. Equipamentos voltados para idosos na cidade de Fortaleza Fonte: Google Maps - Elaborado pela autora, 2020
56
04.02. LEGISLAÇÃO Por estar situado no Bairro de Fátima, o terreno encontra-se na Zona de Ocupação Preferencial 2 (ZOP 2) e cam estabelecidos os seguintes parâmetros urbanísticos: Parâmetros Urbanísticos da ZPO 2 Taxa de permabilidade (%) Taxa de ocupação (%)
30 60 60
Solo Subsolo
Índice de aproveitamento
2,0
Altura máxima da edicação (m)
72
Dimensões mínimas do lote (m)
Testada (m)
comércios e uso misto nas vias locais. Os grandes comércios se concentram mais na Avenida 13 de Maio. O entorno também conta com uso institucional, como instituições nanceiras, educacionais, de segurança e religiosa, como o Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Há alguns terrenos vazios, provindos de demolições e áreas livres, como a Praça Manuel Dias Branco e a Praça Nossa Senhora de Fátima.
04.03.02. GABARITO de altura A área é predominada por um gabarito baixo (0 a 3 metros), com muitas residências unifamiliares, com 1 ou 2 pavimentos. Também se observa alguns edifícios mais altos, que são de residências multifamiliares.
5,00
Profundidade (m) 25,00
Área mínima (m²) 125,00 Tabela 1. Índices e parâmetros urbanísticos Macrozona Fonte: LUOS, elaborado pela autora, 2020
Grupo: Serviços - Subgrupo: Saúde - SS 2
Código
Estacionamento
85.20.02
1 vaga /100m² A.C.C.
Porte (m²)
Área do Terreno
Recuo (m)
FT LT FD 215 a 1.000 1.600 m² 5,00 3,00 3,00 Tabela 2. Classicação de Atividades por Grupo e Subgrupo. Fonte: LUOS, elaborado pela autora, 2020
04.03. diagnóstico e seu entorno 04.03.01. uso do solo Ao analisar o uso e ocupação do entorno, pode-se observar que há predominância de uso residencial. Há também o uso de diversos pequenos 57
N
Terreno Residencial Comercio / Serviço Uso misto Institucional Vazio Urbano Áreas Livres Recursos Hídricos
Figura 13. Análise de uso e ocupação do solo Fonte: Google Earth, 2020 - Elaborado pela autora
N
Terreno 0 a 3 metros 3 a 6 metros Acima de 6 metros Vazio
Figura 14. Análise de gabarito de altura Fonte: Google Earth, 2020 - Elaborado pela autora
04.03.03. sistema viário Área que possui vias arteriais I, como a Avenida 13 de Maio e Avenida Aguanambi, com bastante movimentação de veículos. Pode-se encontrar a Avenida Eduardo Girão, que é uma via arterial II e via coletora, que é a Avenida Deputado Oswaldo Studart, da qual coleta o tráfego da
Avenida 13 de maio, distribuindo para as demais vias ainda não mencionadas da área, que são classicadas como vias locais, onde está localizado o terreno do projeto. Há boa distribuição de pontos de ônibus, que é um benefício para facilitar o acesso ao local.
58
N
Terreno Via Arterial I Via Arterial II Via Local Ponto de ônibus Sentido da via
Figura 15. Análise do sistema viário Fonte: Google Earth, 2020 - Elaborado pela autora
04.03.04. condicionantes climáticos Pa r a g a r a n t i r o c o n f o r t o ambiental do equipamento, foram analisados os condicionantes climáticos, analisando a insolação e a ventilação predominante da área do projeto. Pode-se observar que não há nenhum edifício obstruindo ou desviando a ventilação do terreno
escolhido e serão adotadas medidas que possibilitem um sombreamento adequado e estratégias para um melhor aproveitamento dessa ventilação. Essa análise é fundamental para a elaboração do uxograma e para a denição da implantação.
N
Terreno Nascente Poente Ventilação predominante
Figura 16. Análise dos condicionantes climáticos Fonte: Google Earth, 2020 - Elaborado pela autora
59
04.03.05. TOPOGRAFIA TERRENO O terreno possui um pequeno desnível de cerca de 1 metro ao seu centro (ver gura 17). Para evitar que os idosos façam algum esforço físico mais intenso, foi denido que o terreno seria
10m
nivelado, colaborando para que os mesmos não se cansem demasiadamente no momento em que estiverem usufruindo das áreas externas.
10m
9m
0.0% 9.74m
0m
5m
10m
15m
20m
25m
30m
35m
Figura 17. Perl topográco terreno. Fonte: Google Earth, 2020 - Elaborado pela autora
60
40m
45m
48.7m
61
05 MEMORIAL DO PROJETO
05.01. caracterização centro-dia Ÿ Público-alvo: O Centro-dia será privado e poderá atender idosos, de ambos os gêneros, com idade a partir de 60 anos, com necessidade de cuidados especiais ou não, que desejem usufruir das atividades que o Centro-dia oferece, buscando bem-estar, saúde e lazer; Ÿ Capacidade: 40 idosos e 25 funcionários. Ÿ Período de funcionamento: o Centro-dia irá funcionar das 8:00h às 18:00h, de segunda à sexta (com exceção dos feriados), podendo se estender em dias que terão eventos. O espaço também poderá funcionar eventualmente aos sábados. Ÿ Quadro de funcionários: o quadro de funcionários do Centro-dia será composto por uma equipe m u l t i d i s c i p l i n a r, q u e e n v o l v e prossionais da área da saúde como educadores físicos, sioterapeuta, técnico de enfermagem, terapeutaocupacional e especialista em gerontologia. A equipe administrativa irá contar com 1 coordenador, para gerenciar as atividades e 1 cuidador para cada grupo de 10 idosos. O setor de alimentação e limpeza contará com 1 cozinheiro, 1 auxiliar de cozinha e 3 auxiliares de limpeza. Ÿ Saúde: para ingressar no Centrodia, o idoso deverá apresentar atestado médico informando seu grau de dependência e/ou
comorbidades, se houver. Para o uso de medicamentos, os mesmos devem ser prescritos por um médico e poderão ser ministrados pelo técnico de enfermagem, nos dias e horários orientados na receita. Para situações que necessitem de atendimento médico emergencial, esses deverão ser encaminhados para unidades públicas de saúde mais próximas. Ÿ Atividades do Centro - dia: as atividades oferecidas no Centro-dia deverão ser planejadas de acordo com o conhecimento dos pers dos usuários.
05.02. PROGRAMA DE NECESSIDADES Com base nas análises feitas até o presente momento, bem como o entendimento do funcionamento de um Centro-dia, apresenta-se o programa de necessidades proposto dimensionado deste equipamento, sua setorização e uxograma. A edicação terá capacidade para receber 40 idosos e 25 funcionários. Ÿ Atividades recreativas: os usuários terão salas de leitura, espaço ecumênico, local para descanso e local para eventos temáticos (de acordo com o calendário regional), exposições (de trabalhos produzidos por eles), saraus, coral etc. Ÿ Atividades físicas: os idosos terão
64
academia ao ar livre, sala de dança e ginástica, sala para prática de pilates e local para caminhada. Ÿ Atividades produtivas: Salas multiusos para atividades manuais como costura (crochê, bordado, tricô), artes plásticas (pintura, escultura, modelagem, origami) e artesanato. Os idosos também terão uma horta para que possam plantar e cuidar. Ÿ Serão utilizados os parâmetros dos
conceitos de Envelhecimento ativo, Biolia e Desenho universal, que buscam promover a inclusão e a participação dos idosos nas atividades do dia-a-dia, bem como o bem-estar físico e mental dos mesmos, através de ambientes acessíveis, aconchegantes, funcionais e trazendo elementos naturais como grande aliado para a promoção desse estilo de vida mais saudável.
SETOR ADMINISTRATIVO
SETOR ACOLHIMENTO
AMBIENTE
QNT.
ÁREA (m²)
ÁREA TOTAL (m²)
AMBIENTE
QNT.
ÁREA (m²)
ÁREA TOTAL (m²)
Diretoria + WC
01
14,11
14,11
Recepção
01
54,87
54,87
Secretaria
01
15,72
15,72
Lavabo (Fem e Masc)
04
6,44
25,76
01
46,31
46,31
Financeiro e Departamento pessoal
01
10,60
10,60
Sala de Leitura + Varanda
Marketing
01
12,47
12,47
01
36,98
36,98
Estar Funcionários
01
6,99
6,99
Sala Ativ. Manuais e Costura
Sala de Reunião
01
27,36
27,36
Descanso Clientes + Varanda
01
46,51
46,51
Arquivo
01
4,86
4,86
Enfermaria
01
12,12
12,12
Vestiário Func. Fem. e Masc.
02
34,75
69,50
Sala de Ginástica/Dança
01
52,58
52,58
DML
01
5,59
5,59
Pilates
01
42,06
42,06
Copa Funcionários
01
13,85
13,85
DML
01
4,86
4,86
Vestiário Clientes
02
14,56
29,12
Espaço Ecumênio
01
-
-
Academia ao ar livre
01
-
-
Horta
01
-
-
Estacionamento (vagas)
10
-
-
Área total setor = 191,38 m²
SETOR SERVIÇO AMBIENTE
QNT.
ÁREA (m²)
ÁREA TOTAL (m²)
Copa de Apoio
01
11,82
11,82
Refeitório
01
53,19
53,19
Despensa
01
3,46
3,46
DML
01
3,09
3,09
Lixo
01
4,00
4,00
Área total setor = 351,17 m²
TOTAL AMBIENTES = 618,11m² TOTAL EDIFÍCIO = 811,60m²
Área total setor = 75,56 m²
Tabela 2. Programa de Necessidades. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
65
05.03. setorização e fluxograma
RU A
MÁ
RIO
Serviço Acolhimento Administrativo
O NT E M
A
N IO C STA
MA
ME
R IA U G EA
E
DE
A VE CES ÍC SO UL O S
ED
SO E ES STR C A DE PE
.V TV
IC
T EN
ATIVIDADES FÍSICAS
REFEITÓRIO
ATIVIDADES PRODUTIVAS
PÁTIO CENTRAL
RECEPÇÃO
SERVIÇOS ACESSO PEDESTRES Figura 19. Fluxograma Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
66
ESTACIONAMENTO
Figura 18. Setorização. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
05.04. partido conceitual A partir da análise do terreno escolhido, foram utilizadas diretrizes para nortear todo o processo do projeto do Centro dia para o idoso. São elas: Ÿ Aplicação do conceito de Envelhecimento Ativo, com a concepção de espaços que promovam a convivência, a interação e que proporcionem saúde e bem-estar aos usuários; Ÿ Aplicação do conceito do Desenho Universal, que é responsável pela criação de ambientes que possam ser usados pelo maior número de pessoas possível, ou seja, deve atender a qualquer pessoa, independentemente de suas condições físicas. Ÿ Aplicação do conceito da Biolia, que tem como objetivo promover saúde, bem-estar e qualidade de vida aos usuários, através de elementos naturais introduzidos nos ambientes construídos; Ÿ Va l o r i z a ç ã o d a s o c i a l i z a ç ã o , fazendo uso do pátio central, no qual é o ponto chave buscado para esse projeto. Os idosos precisam de interação, pois gera bem-estar e possibilidade de trocas e vivências sociais, evitando a sensação de solidão, isolamento e consequentemente a depressão. O Centro dia tem como objetivo assegurar os direitos dos idosos, buscando promover a integração dos usuários, trazer autonomia e a
participação efetiva dos mesmos na sociedade. Os idosos terão a oportunidade de trocar experiências, por meio de convivência em grupo entre pessoas da mesma faixa-etária. N
Terreno Edifício Pátio Central Ventilação Predominante
Figura 20. Ilustração Pátio Central. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
05.05. partido PROJETUAL O projeto foi pensado de forma que a edicação formasse o espaço para o pátio central e, a partir dele, os outros ambientes se conectariam. A intenção é que o edifício remeta ao lar convencional das pessoas, com alguns elementos como janelas de madeira e vidro e telhado com formato que remete a uma casa. Para valorizar a ventilação dos ambientes, foram escolhidos brises móveis em locais estratégicos, como nas fachadas que recebem a maior insolação, dos quais também proporcionam a entrada de iluminação natural e possibilita um maior controle da entrada de luz solar. 67
Para a elaboração e locação dos ambientes dentro do edifício, foi feito um estudo solar, possibilitando a visualização da incidência do sol em vários horários e épocas do ano (ver gura 21). Para a pavimentação externa foi escolhido o material Drenopav, que é um material que possui 97% de permeabilidade, impedindo
alagamentos e possibilitando a reutilização de águas pluviais. Também é um material antiderrapante, resistente à impactos e tem alta resistência ao tempo. Para melhor conforto das pessoas em cadeira de rodas, foi escolhido a granulometria de 2 a 4 milímetros, evitando a vibração durante o contato das rodas com o piso.
Poente
Nascente
Figura 21. Estudo Solar. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
68
Ventilação Predominante
05.06. partido ESTRUTURAL Por ser uma edicação de gabarito baixo, terá um sistema estrutural simples, sem tecnologias diferenciadas e inovadoras, composto por pilares de 20cm x 15cm e vigas de 60cm x 15cm, 50cm x 15cm e 40cm x 15cm, ambos de concreto, assim possibilitando vãos maiores e disposições de ambientes variadas. A laje será a Volterrana, que tem como vantagem a redução de mão de obra e
materiais e possui praticidade na instalação. Esse tipo de laje oferece alta resistência e atende edifícios de até 5 pavimentos. A laje Volterrana consegue vencer grandes vãos, sem necessitar que sua espessura seja muito grande. A espessura utilizada será de 12 centímetros. Na cobertura será utilizado a estrutura de madeira maçaranduba, com inclinação de 27%.
01
02
03
04
Figura 22. Diagrama Estrutural. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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06 PROJETO
06.01. SITUAÇÃO E IMPLANTAÇÃO A implantação foi estudada para favorecer o encontro e o convívio social dos idosos, por meio de um pátio central e áreas de convivência. Ao lado esquerdo superior do terreno se encontra o espaço ecumênico, um ambiente para que os idosos possam exercer sua fé, hábito que costuma ser muito importante na vida das pessoas com essa faixa etária. Para promover a acessibilidade total, há pavimentação em quase todos os locais, exceto nas áreas para canteiros de árvores e nos jardins. No revestimento de piso foi utilizado o Drenopav, material que é 97% permeável, porém possui uma alta
resistência e possibilita a caminhabilidade e a acessibilidade às pessoas com mobilidade reduzida e em cadeiras de rodas. O piso utilizado nas calçadas e no estacionamento é o bloco intertravado retangular, apenas com tonalidades diferentes. A paginação de piso é a mais simplicada possível, marcando apenas algumas áreas de convivência e com poucas diferenciações de cores, evitando que os idosos se sintam confusos. O Centro dia é bem arborizado e possui jardins para contemplação, trazendo a sensação de conforto e relaxamento.
ÍNDICES DO PROJETO
REVESTIMENTO DE PISO Ref. Legenda
Descrição Bloco intertravado retangular natural 10x20x06
Área total do terreno
1.600m²
Área do pav. térreo
405,80m²
1
Área pav. superior
405,80m²
2
Bloco intertravado retangular camurça 10x20x06
Área total construída
811,60m²
3
Drenopav 2 a 4 mm vermelho
Taxa de ocupação
25,62%
4
Drenopav 2 a 4 mm bege
Índices de aproveitamento
0,5
5
Piso vinílico Injoy Papoula 19,2x123 cm
Taxa de permeabilidade
56,12% 6
Porcelanato esmaltado mediterrâneo 58,5x58,5 cm Artens
Gabarito
11,64m
72
65
73
QUADRO DE ESPÉCIES ÁRVORES E PALMEIRAS CÓD.
Nome Cientíco
Nome Popular
QNT.
Porte
AUXON
Auxemma oncocalyx
Pau-branco
8
07 m
ATTDU
Attalea dubia
Indaiá
7
15 m
WODBI
Wodyetia bifurcata
Rabo-de-raposa
24
6,75 m
LICTO
Licania tomentosa
Oiti
1
11,5 m
BAUFO
Bauhinia forticata
Pata-de-vaca
10
04 m
MANGL
Manihot glaziovii
Maniçoba
4
12,5 m
GODDA
Godmania dardanoi
Chifre-de-bode
3
5,5 m
MYRUR
Myracrodruon Urundeuva
Aroeira
2
10 m
ARBUSTO CÓD.
Nome Cientíco
Nome Popular
QNT.
Porte
HEMHY
Hemerocallis dybrida
Emerocalis-vermelha
15
0,90 m
ALPPU
Alpinia purputata
Alpinia-vermelha
43
1,20 m
CLUFL
Clusia uminensis
Clúsia
22
1,50 m
FORRAÇÃO CÓD.
Nome Cientíco
Nome Popular
QNT.
Porte
CYMCI
Cymbopogon citratus
Gramíneas
-
-
ARAPI
Arachis repens
Amendoin Rasteira
-
-
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75
76
06.02. plantas baixas e cortes A seguir serão apresentadas as plantas baixas dos pavimentos térreo e superior. No térreo se encontram as salas de atividades físicas e manuais, recepção e banheiros, além de um refeitório integrado com o exterior do edifício. O pátio central tem total integração com o interior da edicação, tanto visual quanto em relação aos acessos. No pavimento superior se encontra todo o setor administrativo, projetado para ter uma maior privacidade, para que os clientes passem por ele e não percebam que o mesmo está ali. No canto direito do desenho, se encontra uma área de descanso para os idosos, além de uma enfermaria e uma sala de leitura
aconchegante com varanda. A tipologia do edifício foi idealizada para promover a caminhabilidade e a integração dos idosos, por meio do pátio central, onde eles possam socializar, num ambiente de natureza, bem arborizado e ao som da água caindo na fonte. A coberta foi projetada para remeter a uma casa, para trazer a sensação de lar aos idosos. Os ambientes que possuem níveis distintos estão acessíveis, de acordo com as regras da NBR 9050. Foi levado em consideração as premissas do Desenho Universal e da Biolia, trazendo uma edicação que propõe aos idosos um uso adequado e confortável.
QUADRO DE ESQUADRIAS Código
Dimensões
Peitoril
Tipo
Material
P1
2,00 X 2,10
-
Correr
Alumínio e Vidro
P2
0,80 X 2,10
-
Abrir
Madeira
P3
1,80 X 2,10
-
Correr
Madeira e Vidro
P4
0,90 X 2,10
-
Vai e Vem
Madeira
P5
0,60 X 2,10
-
Abrir
Madeira
P6
0,60 X 2,10
-
Abrir
Alumínio
P7
2,50 X 2,10
-
Correr
Madeira e Vidro
J1
1,80 X 0,40
1,80
Cobogó
Concreto
J2
1,20 X1,20
0,90
Correr
Madeira e Vidro
J3
0,50 X 0,40
1,80
Cobogó
Concreto
J4
1,20 X 0,50
1,80
Cobogó
Concreto
J5
2,50 X 1,90
0,30
Correr
Madeira e Vidro
J6
5,10 X 2,2
0,30
Correr
Madeira e Vidro
J7
1,80 X 0,40
1,80
Abrir
Madeira e Vidro
J8
1,90 X 2,20
0,30
Pivotante
Madeira
J9
4,00 X 2,20
0,30
Pivotante
Madeira
J10
3,10 X 2,20
0,30
Pivotante
Madeira
J11
4,85 X 2,20
0,30
Pivotante
Madeira
77
78
79
80
81
06.03. COBERTA A cobertura da edicação será com telhas Onduline na cor marrom. A dimensão das placas é de 2,00 metros X 0,95 metros X 3 milímetros. Por ser um material leve, a estrutura para receber essas telhas consome pouca madeira e pode ser instalada rapidamente. Além de serem sustentáveis e possuir alta durabilidade, esse tipo de cobertura oferece conforto térmico quando utilizada a inclinação de 27% e o uso de manta térmica (ver gura 23).
Figura 23. Telhas Onduline Clássica. Fonte: Mundo das Telhas, 2018.
82
83
06.04. FACHADAS Os materiais escolhidos para compor as fachadas foram placas de porcelanato 11x120cm com textura e cor de madeira, para marcar o volume que salta da edicação. Elementos vazados nas janelas altas 20x25 para proporcionar constantemente a troca de ventilação e trazer a iluminação natural. Pa r a a s p a r e d e s d a fachada foi escolhido a tinta Jardim Botânico, um tom bege claro, para não “brigar” com o tom escuro das esquadrias de madeira, janelas essas que irão receber cabos de aço nos para serem aplicadas vegetações para a composição da fachada e promover a proteção solar dos ambientes internos. Para um maior controle da entrada de luz solar, foram escolhidos brises móveis de madeira (ver gura 24). Para marcar a entrada do Centro-dia, foi utilizado um pergolado de madeira acima da porta principal (ver gura 25).
Figura 24. Detalhe Brises. Fonte: Elaborado pela Autora, 2020.
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Figura 25. Detalhe Pergolado. Fonte: Elaborado pela Autora, 2020.
85
86
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08 PERSPECTIVAS GERAIS
Figura 26. Estacionamento Fonte: Elaborado pela autora, 2020..
90
Figura 27. Ă rea externa. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
91
Figura 28. Pรกtio central. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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Figura 29. Pรกtio central. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
93
Figura 30. Pรกtio central. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
94
Figura 31. Refeitรณrio. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
95
Figura 32. Refeitรณrio. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
96
Figura 33. Refeitรณrio. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
97
Figura 34. Ă rea externa. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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Figura 35. Ă rea externa. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
99
Figura 36. Academia ao ar livre. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
100
Figura 37. Ă rea externa. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
101
Figura 38. Ă rea Externa. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
102
Figura 39. Espaço ecumênico. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
103
Figura 40. Entrada. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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Figura 41. Recepção. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
105
Figura 42. Recepção. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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Figura 43. Sala de leitura. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
107
Figura 44. Recepção. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
108
Figura 43. Sala de leitura. Fonte: Elaborado pela autora, 2020.
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07 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve como objetivo realizar um projeto de um Centro-dia, que atenda às necessidades do idosos, p r o p o r c i o n a n d o s a ú d e , l a z e r, socialização e bem-estar. Como apontado, essa população vem tendo um crescimento considerável e acelerado no mundo todo e com ela surge a necessidade de equipamentos voltados para a terceira idade. Para fundamentação deste trabalho, foram feitos estudos sobre os conceitos de Envelhecimento ativo, Biolia e Desenho universal. Foi estudado também sobre políticas públicas no mundo, no Brasil e em Fortaleza-CE. Foram escolhidos projetos de referência, para uma melhor elaboração do programa, de acordo com todas as necessidades dos idosos, baseados nos conceitos acima mencionados. Após a escolha dos projetos de referência, foi escolhido a área do projeto e foram feitas análises sobre as inuências espaciais e os condicionantes climáticos pertinentes à pesquisa, para uma setorização e um uxograma adequados. Não existe fórmula certa para que o processo de envelhecimento se dê de forma boa e saudável, mas pesquisas e projetos voltados para esse tema são de extrema importância para a saúde física e mental dessa população. Apesar de serem caminhos complexos e diversos, o intuito é
promover a qualidade de vida e melhorar o bem-estar dos mais velhos.
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09 referĂŞncias bibliogrĂĄficas
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MOOV studio grรกfico