Instituto Cultural Vila do Cabral

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INSTITUTO CULTURAL VILA DO CABRAL

SARAH PEQUENO BARROSO



INSTITUTO CULTURAL VILA DO CABRAL


FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLÓGIAS - CCT ARQUITETURA E URBANISMO

INSTITUTO CULTURAL VILA DO CABRAL

FORTALEZA - CE NOVEMBRO/2019


SARAH PEQUENO BARROSO

INSTITUTO CULTURAL VILA DO CABRAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Ciências Tecnológicas - CCT - da Universidade de Fortaleza - UNIFOR - como requisito à obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientador: Prof. Amando Candera Costa Filho.

FORTALEZA - CE NOVEMBRO/2019


Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza

Barroso, Sarah. Instituto Cultural Vila do Cabral / Sarah Barroso. - 2019 115 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de Fortaleza. Curso de Arquitetura E Urbanismo, Fortaleza, 2019. Orientação: Amando Filho. 1. Cultura. 2. Equipamento Cultural. 3. Arquitetura Bioclimática. I. Filho, Amando. II. Título.


SARAH PEQUENO BARROSO

INSTITUTO CULTURAL VILA DO CABRAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito à obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Aprovada em: ___/___/___.

BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Arq. Amando Candera Costa Filho Orientador ____________________________________ Arq. Alexandre Gomes de Oliveira Professor Convidado ____________________________________ Arq. Ana Luiza Pinheiro Campelo Arquiteta Convidada



‘’Há um gosto de vitória e encanto na condição de ser simples. Não é preciso muito para ser muito.’’ (Lina Bo Bardi)


RESUMO O desenvolvimento de um município acarreta pontos positivos e negativos em diversos parâmetros, um deles é a marginalidade que cresce paralelamente com a falta de investimento em projetos sociais e educacionais, abrindo uma lacuna onde o crime é a porta de entrada para uma juventude ociosa e violenta, tornando-se realidade na vida de muitas famílias. O quadro apresentado pode ser amenizado com a criação de ações sociais intensas que possam retirar das ruas esses grupos marginalizados e integrá-los novamente à sociedade, de forma que suas competências individuais e coletivas sejam exploradas. Esta ascensão traz em si a necessidade de investimentos em instituições de âmbito cultural e artístico, ocasionando na contemplação de áreas potencialmente turísticas e a apropriação do local pela comunidade, gerando dinamismo no espaço. A proposta do projeto refere-se à um instituto cultural, integrado à uma comunidade no meio rural de Aquiraz. A intenção é integrar jovens e adultos e potencializar a formação dos mesmos através do ensino cultural. Adotou-se como estratégia projetual a identidade do local. A visão do projeto é atrair, por meio de uma arquitetura bioclimática, a sociedade para dentro do meio cultural proporcionando-os a vivência na arte e criando uma responsabilidade social para os que frequentam o equipamento. Palavras-chave: Cultura; Equipamento social; Arquitetura bioclimática.


ABSTRACT The development of a city leads to positive and negative aspects in several parameters. One of them is the marginality that grows in parallel with the lack of investment in social and educational projects. It opens a gap where the crime is the entrance door to an idle and violent youth, becoming the life's reality of many families The picture presented can be softened by the creation of intense social actions that can remove those marginalized groups from the streets and integrate them back into society, in a way that their individual and collective abilities would be exploited. This rise brings in it the demand of investments in cultural and artistics institutions, causing the contemplation of potential turistics areas and the community ownership of the location, generating dynamism at the site. The project proposal refers to a cultural institute, integrated to a community at Aquiraz's countryside. The purpose is to integrate young and adults to potentialize their qualiďŹ cation through cultural teaching. It was adopted as the project strategy the location identity. The project vision is to attract, through a bioclimatic architecture, the society to the cultural milieu, providing them the arts experience and creating a social responsibility for those who visit the equipment.

Key words: Culture; Social equipment; Bioclimatic architecture.



AGRADECIMENTOS O sonho de me tornar arquiteta e urbanista passou a ser realidade com o apoio e a ajuda incondicional de pessoas que caminharam e sonharam junto comigo. A eles a eterna gratidão é o mínimo para retribuir tanta força, carinho, amor e gentiliza que foram depositados ao longo destes 5 anos. Primeiramente gratidão à Deus, que esteve comigo em cada segundo e deu forças para me reerguer nos momentos de dificuldades, que me manteve de pé para lutar pela realização dos meus sonhos. Em seguida à a minha mãe, Sueli, que não mediu esforços para me proporcionar a melhor educação, pessoal e academia, renunciando muitas vezes aos próprios sonhos para que eu pudesse realizar os meus, e obrigada por me ensinar a persistir e valorizar todas as pequenas e grandes conquistas. Esta é inteiramente dedicada à senhora com a mais profunda admiração e carinho. À minha avó, Elizabete e a toda a minha grande família, que sempre se fazem presentes com muito amor e união, e por todas as vezes que me apoiaram e torceram pelo meu sucesso. Ao meu namorado, Kim, que exerceu com excelência a função de companheiro e me amparou nos momentos mais estressantes, e vibrou nos momentos mais radiantes nos últimos anos, me incentivando e me fazendo mais feliz ao seu lado. Aos meus amigos de graduação, dos grupos Arquipinks e Realeza, que foram companheiros de batalhas dos últimos anos, e que tornam diariamente esta longa caminhada mais leve e divertida.

Em especial, agradeço a minha amiga e irmã que a vida acadêmica me deu, Giovana, por todo incentivo, apoio, parceria e conexão criados ao longo destes anos. Obrigada pela amizade que levarei para o resto da minha vida. À minha prima e Colab, Trícia, pela disponibilidade e interesse de fazer este projeto se erguer e tomar forma, e por toda a auxilio braçal nos desenhos e ideiais desenvolvidos ao longo do semestre. Às minhas chefes, Juana e Lara, pela oportunidade de trabalhar sob a liderança de vocês, sempre com respeito e igualdade, e aos ensinamentos que fazem de mim uma profissional mais capacitada. Agradeço também aos colegas de trabalho, Luciano, Lucas e Glaydson pelas companhias diárias e por tornarem o ambiente profissional mais prazeroso. Por último, e não menos importante agradeço ao meu orientador, Amando Candeira, pelo suporte e palavras de incentivo que me foram dados neste desafio, e a todo o grupo de professores do curso Arquitetura e Urbanismo da Unifor, pelos ensinamentos e a paixão repassada por esta profissão tão incrível. Sintam-se parte dessa conquista.


LISTA DE FIGURAS Figura 01: Desfile de maracatu. 28 Figura 02: Instrumentos de percussão. 29 Figura 03: Xilogravura. 29 Figura 04: Dança do frevo. 30 Figura 05: Dança do Coco. 30 Figura 06: Manifestações indigenas. 30 Figura 07: Dança de quadrilha. 30 Figura 08: Vista aérea do Dragão do Mar. 34 Figura 09: Projeto Cidade da Gente. 35 Figura 10: Projeto Cidade da Gente. 35 Figura 11: Entrada auditório Tapera das Artes. 36 Figura 12: Entrada Tapera das Artes. 36 Figura 13: Esquema de sombreamento e ventilação. 38 Figura 14: Esquema de ventilação cruzada. 38 Figura 15: Vista aérea Centro de Arte e Cultura de Besançon. 42 Figura 16: Soluções de esquadrias. 43 Figura 17: Placas fotovoltaicas. 43 Figura 18: Corte transversal Besançon. 43 Figura 19: Corte longitudinal Besançon. 44 Figura 20: Planta baixa 2º pav Besançon. 44 Figura 21: Planta baixa 1º pav Besançon. 45 Figura 22: Mapa local Vila das Artes. 46 Figura 23: Ventilação na Vila das Artes. 47 Figura 24: Esquadrias de vidro e madeira. 47

Figura 25: Planta baixa térreo setorizada. 48 Figura 26: Fachada norte - Entrada. 48 Figura 27: Entrada Centro Cultura de Usiminas. 49 Figura 28: Teatro Centro Cultura de Usiminas. 49 Figura 29: Galeria Centro Cultura de Usiminas. 50 Figura 30: Biblioteca Centro Cultura de Usiminas. 51 Figura 31: Foyer Centro Cultura de Usiminas. 51 Figura 32: Jardim interno Centro Cultura de Usiminas. 51 Figura 33: Sala de ensaio Centro Cultura de Usiminas. 52 Figura 34: Croqui implantação Centro Cultura de Usiminas. 52 Figura 35: Localização geográfica Aquiraz. 56 Figura 36: Diagnóstico terreno proposto. 57 Figura 37: Estudo topográfico. 58 Figura 38: Condicionantes ambientais do terreno. 58 Figura 39: Fluxograma. 64 Figura 40: Evolução Projetual. 68 Figura 41: Planta de Situação e Coberta. 69 Figura 42: Setorização. 70 Figura 43: Planta de Implantação. 71 Figura 44: Fachadas Gerais. 72 Figura 45: Cortes Gerais. 73 Figura 46: Estrutura Explodida. 74 Figura 47: Planta Estrutural. 75 Figura 48: Planta Baixa Bloco A. 77


Figura 49: Cortes Bloco A. 78 Figura 50: Perspectiva Bloco A. 79 Figura 51: Planta Baixa Bloco B. 81 Figura 52: Cortes Bloco B. 82 Figura 53: Perspectiva Bloco B. Figura 54: Planta Baixa Bloco C. 85 Figura 55: Cortes Bloco C. 86 Figura 56: Perspectiva Bloco C. 87 Figura 57: Planta Baixa Corredor Literário. 89 Figura 58: Cortes Corredor Literário. 90 Figura 59: Perspectiva Corredor Literário. 91 Figura 60: Planta Baixa Bloco D. 93 Figura 61: Cortes Bloco D. 94 Figura 62: Perspectiva Bloco D. 95 Figura 63: Planta Baixa Arquibancada. 97 Figura 64: Cortes Arquibancada. 98 Figura 65: Detalhes 01 a 05. 99 Figura 66: Detalhes 06. 100 Figura 67: Detalhes 07. 101 Figura 68: Perspectiva Entrada. 104 Figura 69: Perspectiva Formação. 105 Figura 70: Perspectiva Caminho Principal. 106 Figura 71: Perspectiva Exposição. 107

LISTA DE TABELAS Tabela 01: Indicadores urbanísticos. 59 Tabela 02: Programa de necessidades. 63


SUMARIO

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INTRODUCAO 19

1.1. Tema 20 1.2. Justificativa 20 1.3. Objetivos 22 1.3.1. Objetivos Específicos 22 1.3.2. Objetivos Gerais 22 1.4. Procedimentos de Pesquisa 22

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REFERENCIAL PROJETUAL 41

3.1. Centro de Arte e Cultura de Bensançon 42 3.2. Vila das Artes (Instituto Iracema) 46 3.3. Centro Cultural Usiminas 49

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REFERENCIAL CONCEITUAL 25

04

TERRENO 55

2.1. Referencial Teórico 26 2.2. Cultura 26 2.1.1. Cultura de Massa 27 2.1.2. Cultura Erudita 28 2.1.3. Cultura Popular 28 2.1.4. Cultura Corporal 3

4.1. Localização 56 4.2. Condicionantes Físicos 58 4.3. Condicionantes Ambientais 58 4.3. Condicionantes Legais 59

2.1.5. Cultura Material e Imaterial 31 2.1.6. Cultura Brasileira 32 2.1.7. Institutos e Definições 33 2.1.8. Turismo Sustentável 37 2.2. Arquitetura Bioclimática 38


05

PREMISSAS PROJETUAIS 61

5.1. Partido Conceitual 62 5.2. Programa de Necessidades 62 5.3. Fluxograma 64 5.4. Estudo de Zoneamento 65

07

CONSIDERACOES FINAIS 109

06

PROJETO 67

08

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 113

6.1. Conceito e Partido 68 6.2. Planta de Situação 69 6.3. Planta de Implantação 70 6.4. Planta Estrutural 74 6.5. Bloco A 76 6.6. Bloco B 80 6.7. Bloco C 84

6.8. Corredor Literário 88 6.9. Bloco D 92 6.10. Arquibancada 96 6.11. Detalhes 99 6.12. Perspectivas 103



INTRODUCAO

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1.1. TEMA O Instituto de Arte e Cultura Vila do Cabral vem com a proposta de dar continuidade nos projetos semelhantes do estado do Ceará, bem como incluir uma comunidade residente de um distrito de Aquiraz. Desta forma, o tema é justificado com a finalidade de resgatar a valorização da cultura e da cidade de Aquiraz e incentivar a produção de arte na juventude, promovendo um equipamento que comporte um programa de necessidades de acordo com a proposta de formação e lazer.

1.2. JUSTIFICATIVA Município de Aquiraz vem crescendo a cada ano, e com isto o crime organizado também, os homicídios e o tráfico também se fazem presente na cidade de forma significante, já sendo realidade na vida de crianças e adolescentes. O quadro apresentado pode ser amenizado com a criação de ações sociais intensas que possam retirar das ruas esses grupos marginalizados e integrá-los novamente à sociedade, de forma que suas competências individuais e coletivas sejam exploradas. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN em vigor do Ministério da Educação – MEC: [...] Conhecer a arte significa os alunos aproximarem-se de saberes culturais e estéticos inseridos nas práticas de produção e apreciação artística, fundamentais para a formação e o desempenho social do cidadão. Na escola de Ensino Médio,continuar a promover o desenvolvimento cultural e estético dos alunos com qualidade, no âmbito da Educação Básica, pode favorecer lhes o interesse por novas possibilidades de aprendizado, de ações, de trabalho como arte ao longo da vida (PCN – BRASIL, 2000, p. 46).

Com base no parágrafo citado acima onde o MEC expõe a importância do ensino da arte, se faz necessária a criação de oportunidades deste meio para conscientizar e preparar jovens para exercer com eficácia seu papel social em suas cidades e no mundo. A integração destes grupos de oficinas diversas podem formar não só profissionais, mas, verdadeiros cidadãos, levando em consideração a Lei de Diretrizes e

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Brasil da Educação nacional 9.394/1996 que reconhece a importância de da inclusão da arte como componente curricular obrigatório da Educação Básica. Sabendo que o Município de Aquiraz contém 72.628 habitantes1 e se estende por 482,6 km², sendo mais extensa que a Município de Fortaleza, pode-se afirmar que é um município em ascensão e com isso pode e deve investir em instituições de âmbito cultural e artístico, visando contemplar áreas de potencial turístico como também a apropriação do local pela comunidade para gerar dinamismo no espaço. Tais dados motivaram a principal escolha do tema, que é o apreço pela comunidade Vila do Cabral e pessoas que lá residem. Este contato iniciou-se através de encontros no âmbito da fé e daí a busca por um equipamento que desse suporte maior para estas reuniões e que levasse a população a aprender mais sobre arte e cultura, como meios de integração social. Considerando então a utilização do meio cultural, artístico e o crescimento espiritual, pretendo desenvolver o projeto arquitetônico de um Instituto de Arte e Cultura Vila do Cabral para todas as classes sociais, mas visando principalmente atender e respeitar a história do local e da população, com cursos que contenham programas curriculares de disciplinas teóricas e práticas ao longo de anos até sua formação e sua inserção no mercado, seja ele no meio da arte ou não. O Instituto tem o intuito de integrar jovens e adultos e potencializar a formação dos mesmos através do ensino cultural. E para atender aos objetivos de um instituto é necessária uma análise para chegar à uma concepção arquitetônica. Esta analise propicia o surgimento de alguns questionamentos fundamentais para a execução do projeto arquitetônico no presente trabalho: Como conceber a arquitetura de um equipamento cultural de forma à inseri-la no em seu entorno? O que se deve considerar da história para que o produto corresponda 1

Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <http://ibge.gov.br/>. Acesso em: 19 de fevereiro de 2019.

com sua proposta? Quais materiais e técnicas construtivas podem ser utilizadas para o melhor aproveitamento dos fatores climáticos e ambientais do local? Tais questionamentos serão a base para o desenvolvimento do projeto, norteando os assuntos a serem pesquisados e abordados aqui, e acredito que o resultado deste trabalho trará contribuições, tanto como engrandecimento pessoal na área acadêmica, como também para o acervo de trabalhos de conclusão de curso da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), norteando futuros projetos com o mesmo âmbito social.

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1.3. OBJETIVOS 1.3.1. ESPECIFICOS Elaborar um projeto arquitetônico de um Instituto de Arte e Cultura destinado a valorização da cultura e de sua potencialidade como meio transformador na vida de jovens e adultos, propondo uma solução arquitetônica que resulte no bem-estar da comunidade e a geração de um dinamismo na renda local.

1.3.1. GERAIS Ÿ Compreender a evolução urbana da cidade de Aquiraz, principalmente do Ÿ Ÿ Ÿ Ÿ

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distrito de Jacundá onde localiza-se a Vila do Cabral; Compreender os conceitos de arte e cultura; Estudar a viabilidade do projeto de acordo com o terreno e legislação urbana de Aquiraz; Conceber um ambiente convidativo, com uma plasticidade que converse com o entorno e que seja produzido com materiais sustentáveis e mão de obra local; Desenvolver programa de necessidades de uma instituição cultural, que comporte cursos, oficinas e exposições de arte.

1.4. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA Os procedimentos de pesquisa utilizados neste projeto são fontes como livros, sites, pesquisas de outros alunos e pensadores da arte para que este trabalho chegue ao objetivo final. Foram utilizados também projetos de referência no âmbito de ter mais conhecimentos acerca do tema escolhido, e facilitar o processo de criação e conhecimento do projeto, tais como CUCA e projetos sociais como Sons das Tribos, que por meio da música incluem crianças na sociedade. O projeto será concebido através de um estudo e chegará à um programa de necessidades acessível e funcional, que atenda bem ao público alvo. Além da pesquisa de campo que foi mais um meio de pesquisa do local e da comunidade do entorno, afim de levantar dados acerca do terreno e de seu entorno, como um diagnóstico que colocará em prática todos os anos aprendizado nas disciplinadas faculdade.


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02

REREFENCIAL CONCEITUAL


2.1. REFERENCIAL TEORICO

2.2. CULTURA

Para dar início ao tema do projeto, que se trata de um Instituto de Arte e Cultura, se faz necessário uma breve introdução sobre o que é arte e cultura, sobre sua história e sua relação com o projeto e a sociedade a ser estudada. Para isso, mostrarei alguns exemplos de como o conhecimento da arte e a cultura são de suma importância para desenvolver um projeto de arquitetura de um Instituto e como esses elementos estão dentro do cotidiano do cearense. A definição de instituto, sua importância para uma sociedade são pontos relevantes para o entendimento do tema do projeto e para sua execução, e assim será feita uma análise de 3 institutos culturais, um no sul do país, outro localizado no SUDESTE brasileiro e outro na capital do Ceará, Fortaleza. Também serão analisados alguns institutos de menor porte localizados em Aquiraz e no Eusébio, região onde se encontra o terreno que receberá o Instituto Vila do Cabral. Outro ponto a ser abordado como referencial teórico é a arquitetura bioclimática, com a finalidade de entender como ela se comporta e quais as melhores maneiras de obter uma edificação que respeite o meio em que se insere e que possa ser aproveitada ao máximo os benefícios climáticos naturais.

O conceito de cultura varia de acordo com os estudiosos e suas teorias, onde podemos encontrar uma de suas primeiras definições, de acordo com Raymond Williams (1992), que o termo “cultura” que está relacionado a um “processo”, baseado no ato de cultivar, que é a criação e a produção de animais e vegetais. Relacionando a este ato, ele associa ao “cultivo ativo” da mente e do pensamento humano, concluindo que “particularmente no alemão e no inglês, um nome para configuração do “espírito” que informava o “modo de vida global” de determinado povo (WILLIAMS, 1992, p. 10). Entretanto, a expressão “modo de vida global' não pode ser entendida como uma forma de vida singular no mundo, é necessária uma expansão desta definição. Segundo Williams (1992), Johann Gottfried von Herder (1784-91), o escritor alemão e filósofo, foi o primeiro a utilizar a palavra “cultura” em seu significado plural: “culturas”, empregando uma definição múltipla ao termo, Herder expandiu a acepção da palavra buscando diferencia-la de seu sentido singular, tornando-a multilinear. Entretanto, tem-se como a definição considerada ultrapassada e genérica de Edward Burnett Tylor (1975), em que o antropólogo britânico acredita no evolucionismo social2, que a cultura humana é única, pois povos de diferentes civilizações sofreriam convergências em suas práticas culturais ao de seu desenvolvimento, abrangendo as práticas de diversos povos como única já que sujeitas à modificações. Por tanto, Tylor diz que cultura é todo o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, moral, leis, costumes e hábitos adquiridos pelo ser humano durante a vida como membro de uma sociedade, como ser pensante e obviamente influenciado pela globalização do seu meio, concordando assim com os pensamentos de Herber (1784-91). 2

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Evolucionismo social - refere-se às teorias antropológicas e econômicas de desenvolvimento social segundo as quais acredita-se que as sociedades têm início em um estado primitivo e gradualmente tornam-se mais civilizadas com o passar do tempo


citados a cima. Dentre os diversos estudos sobre o que é cultura, sua definição foi realizada pelos cientistas sociais Ralph Linton, Leslie White, Clifford Geertz, Franz Boas, Malinowski, entre outros, como a maneira de viver de uma sociedade. De acordo com o livro “Cultura e Personalidade” de Ralph Linton, a cultura funciona como condicionador de postura, criando padrões culturais e de certa forma regrando os membros envolvidos, onde o mesmo tem obrigações sociais e regras à serem seguidas. Desta forma, indo de acordo com “há questões fundamentais quanto à natureza dos elementos formativos ou determinantes que produzem essas culturas características” (WILLIAMS, 1992, p.11). Desta forma, compreende-se que a cultura é responsável pelo modo de agir e expressar de uma sociedade, trazendo uma bagagem de conhecimentos e práticas antigas, como heranças sociais, e sendo passível de mudanças de acordo com o passar do tempo devido a constante troca de informações com diferentes culturas do mundo. Cada país tem uma cultura que é influenciada por diversos fatores e crenças, como, por exemplo, a cultura saudosista brasileira e a cultura oriental, que valoriza acima de tudo os estudos, tornando a intelectualidade sua principal ferramenta de desenvolvimento. Já no Brasil a cultura pode ser vista pela alegria e boa disposição, e isso reflete na música, por exemplo o samba e sua herança cultural. A cultura pode ser caracterizada pelo conjunto de saberes, comportamentos e símbolos, e ser adquirida por gerações posteriores e relações sociais. Esta caracterização pode ser dividida em diversos tipos de cultura que são associados aos valores materiais, espirituais e de convívio, e delas citareis a cultura de massa, erudita, popular, material e imaterial, corporal e organizacional.

2.2.1. CULTURA EM MASSA A cultura de massa é fruto da Indústria Cultural3, que é produzida, não pelas pessoas que à consomem, e sim por aqueles que controlam os meios de comunicação para que seja uma cultura comerciável, em que seja lucrativa para os que a controlam. Desde a Revolução Industrial, a sociedade de consumo alimenta a cultura de massas, e esta passou a ser feita em cadeia, de forma manufatureira para abastecer um número maior de pessoas e assim ter maior lucratividade com a venda de um produto de forma física ou virtual. A teoria de Adorno e Horkheimer diz que a indústria cultural cria padrões de consumo e dissemina notícias, fatos ou acontecimentos que convenham com seus interesses particulares, e assim desenvolvem uma sociedade alienada ao mundo real. Desta forma, a cultura de massa abrange mais a forma de entretenimento e mídias que a sociedade usufrui, como músicas, danças, filmes, programas de TV, esportas e formas de vestimenta. Sendo cada item deste responsável por abranger uma parcela da sociedade e sendo propagada pelos meios intensos de comunicação e a globalização.

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Industria Cultural - Termo criado pelos filósofos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer, fundadores da escola de Frankfurt, instituto de pesquisas sociais, voltado para discussão sobre questões culturais da sociedade atual.

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2.2.2. CULTURA ERUDITA

2.2.3. CULTURA POPULAR

É caracterizada por uma cultura que abrange uma parcela reduzida da população, a alta sociedade, com o uso das artes plásticas, música e literatura. Este acesso é facilitado à aristocracia com o argumento de serem itens de alto valor e de muita pesquisa, utilizado as aplicações acadêmicas como um elemento de defesa para justificar o acesso restrito. Este tipo de cultura funciona muito como uma segregação para o meio social, pois é fato que o valor monetário é agregado em cima deste bens culturais e aqueles de menor poder aquisitivo são excluídos da apreciação desta cultura e de fora dos benefícios sociais e intelectuais que este tipo de cultura traz ao indivíduo.

A cultura popular é uma das mais conhecidas e que abrange mais produtos para serem disseminados para a massa geral. Sem intenções de um público alvo, diferentemente da cultura erudita, ela é transmitida de geração em geração, pela a forma mais antiga, com os ensinamentos da família ou por formas de expressão como imitações, nascida de costumes e tradições de um povo. Suas formas de manifestações culturais são para todos os gostos, como música, dança, encenações teatrais, literatura, jogos, artesanato, culinária tradicional, festas e brincadeiras. No Ceará é comum ver estes diversos tipos de expressões culturais, como os desfiles de maracatu (Figura 01) em pontos turísticos e polos culturais da capital Fortaleza, exposições de produtos locais, comércio de artesanato e culinária tradicional também são exemplos da disseminação desta cultura no Estado do Ceará, muito comumente encontrados nos centros das principais cidades cearenses, como o Centro de Fortaleza, especificamente no Mercado Central.

Figura 01: Desfile de maracatu. Fonte: Site Governo do Estado do Ceará.

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em barbantes, em feiras, mercados praças e bancas de jornais. São publicações populares, geralmente feitas em versos, onde narram histórias de amor, comédia popular, os feitos do cangaceiro Lampião e importantes acontecimentos de interesse público.

Figura 02: Instrumentos de percussão. Fonte: Site Interne Educa.

Atualmente, foi escrito um novo conceito de Cultura Popular pela Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular na 25ª Reunião de Confederação Geral da UNESCO (1989) que diz: “A cultura tradicional e popular é o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural fundada na tradição, expressas por um grupo ou por indivíduos e que reconhecidamente respondem à expectativas da comunidade enquanto expressão de sua identidade cultural e social [...]” (25ª Confederação Geral da UNESCO, 1989, p 02.)

O Brasil é um país rico da Cultura Popular, sendo conhecido mundialmente pelas suas expressões culturais e sendo elas patrimônio da cultural imaterial do IPHAN e reconhecidos pela UNESCO. Alguns destes patrimônios culturais ficaram famosos e disseminaram-se no Nordeste do país, tais como: Literatura de cordel (Figura 03) que se trata de folhetos vendidos pendurados

Figura 03: Xilogravura. Fonte: Guten Newa.

Entretanto, esta tradição popular não é de origem brasileira, mas chegou ao brasil por meio de um balaio de colonizadores portugueses que se instalaram inicialmente na Bahia e a partir daí se irradiou para os demais estados no Nordeste, tornando-se um ícone da cultura nordestina. Frevo (Figura 04) utiliza-se de coreografias, poesia e música para se expressar, e foi densamente enraizada de Recife e Olinda, no Estado de Pernambuco. Surgiu no Carnaval, no final do século XIX, em um momento de mudanças e agitação social, como uma forma de expressão popular das classes mais humildes e de baixo poder aquisitivo, configurando espaços públicos e relações sociais nessas cidades.

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Esta dança veio de influências indígenas das tribos Tupis e dos batuques africanos (Figura 06), onde apresentavam uma variedade de formas. De lá veio também a utilização das palmas, para gerar os sons da dança, e também os instrumentos de percussão, que são utilizados até hoje e que estão presente em diversos projetos de integração social para crianças e adolescentes por meio da música.

Figura 04: Dança do Frevo. Fonte: Forrozeiros PE.

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Cocos do Nordeste ou dança do coco (Figura 05) caracterizada como uma dança típica das regiões praieiras, se originou da cantiga das pessoas que tiravam o coco, o que virou, em seguida, um ritmo dançado. Os participantes formam rodas ou filas onde batem os pés no chão e respondem aos sons do coco quando batidos em outro coco e batem palmas marcando um ritmo característico. Assim como outras danças culturais nordestinas, o Cocos do Nordeste conta com a presença de um mestre que puxa as cantorias já conhecidas ou improvisadas.

A dança de quadrilha (Figura 07), se assemelha muito a dança do coco nos movimentos e nos sons que regem a dança. Entretanto, estas duas representações culturais são diferenciadas pelas cores das vestimentas e pelas letras das canções.

Figura 05: Dança do coco. Fonte: Agência Alagoas.

Figura 07: Dança de quadrilha. Fonte: Agência Alagoas.

Figura 06: Manifestações indígenas. Fonte: Blog Cultura e Lazer.


2.2.4. CULTURA CORPORAL

2.2.5. CULTURA MATERIAL E IMATERIAL

A cultura corporal pode ser entendida como a forma que o indivíduo se comporta na sociedade, considerando a cultura de seu povo e relacionando as práticas de movimento, como danças, jogos, atividades, comportamento sexual e festividades. Para melhor exemplificar, comparo a forma de se portar de um brasileiro, que é despojado, alegre e convidativo, com povo da cultura árabe, que tem suas festividades alegres, mas que tem seu modo mais reservados ao se portar em sociedade e utilizam- se de vestimentas mais cobertas e não cultuam o corpo como forma de demonstração, e sim preservação, diferente da cultura brasileira.

Os elementos materiais da cultura são representados por construções e feitos, como obras de arte, museus, monumentos, vestuários, artesanatos entre outros. Já os elementos imateriais vêm dos saberes e valores que são carregados ao longo dos anos com seu povo, como hábitos, costumes e manifestações culturais, que são considerados uma arte. Afim de exemplificar estes dois tipos de elementos culturais, cito aqui o uso do chapéu de couro como elemento material da cultura nordestina, que durante anos foi utilizado por cangaceiros e virou um marco reconhecido por todo o Brasil mesmo sem ser utilizado nos dias atuais, e as festividades de São João, no mês de junho, como elemento cultural imaterial do Nordeste, com danças típicas da região trazidas desde a antiguidade. Este tópico é de suma importância para alcançar o objetivo do projeto arquitetônico do Instituto de Arte e Cultura Vila do Cabral, que é conceber uma arquitetura de valor cultural e que seja reconhecida e considerada pela população local, e que agregue e interaja com o entorno que será inserido.

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2.2.6. CULTURA BRASILEIRA O Brasil é conhecido mundialmente por suas manifestações culturais, tanto materiais como imateriais. A forma espontânea e alegre do brasileiro é reconhecida tanto no seu comportamento como em suas manifestações culturais, como danças, músicas e apresentações teatrais. Esta disseminação da cultura brasileira pelo mundo se deu desde sua colonização, quando os portugueses encontraram os índios no território brasileiro e se relacionaram, de forma que trocaram conhecimentos, hábitos e materiais nacionais e estrangeiros, tais como diversas especiarias naturais e elementos da flora brasileira. Desde a colonização, o brasileiro vem aprendendo novos costumes e sendo influenciado diretamente em seu conhecimento e em sua cultura, gerando a mistura de raças e etnias de três grandes grupos: índios, europeus e africanos que foram escravizados e trazidos por navios negreiros como mercadoria para o Brasil. A cultura indígena é comumente vista em expressões artísticas como as danças, os ritos indígenas, os cantos e as vestimentas, que são parte da cultura popular do nordeste brasileiro. Como já foi mencionado anteriormente, a influência desse povo gerou costumes, sendo eles mais simples, e determinadas crenças em uma parcela da população. Isto pode ser visto claramente ao analisar comunidades de pequeno porte em alguns interiores do estado do Ceará, onde a cultura popular é mais fiel aos costumes antigos, visto que são cidades menores na escala da globalização do que as do meio urbano. A cultura africana é outro grande influenciador perceptível no Nordeste do pais, onde posso citar o estado da Bahia como um grande polo expositor da junção da cultura

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africana com a indígena. Marcada pela alegria e dinâmica da capoeira, os baianos trazem até hoje as marcas dessa cultura que demonstra superação e alegria de um povo que muito sofreu e trabalha até hoje para reaver suas origens. Dentre os três grupos responsáveis pelo surgimento de uma civilização no Brasil, os europeus foram os principais influenciadores da formação da cultura brasileira, principalmente os portugueses. Durante séculos, o país foi habitado e colonizado por portugueses, e pode-se notar essa influência direta pela vinda da corte portuguesa de D.. João VI, onde iniciou-se um tempo de grandes implicações políticas, econômicas e culturais nos dois países. A maior e mais evidente herança portuguesa deixada para o povo brasileiro foi a língua portuguesa, principal linguagem de comunicação no Brasil. A introdução do catolicismo também foi decorrente da colonização e, através desta religião, o Brasilherdou as tradições do calendário católico, onde posso citar duas das mais importantes festas comemoradas pelos brasileiros, o carnaval e o são joão. No que se trata de cultura erudita, a cultura portuguesa foi responsável pela introdução de grandes movimentos da arte e arquitetura europeia, tais como o renascimento, o barroco, rococó e o neoclassicismo. Após a breve análise da influência externa que o povo brasileiro obteve para caracterizar sua própria cultura, é necessário entender a relação da cultura local com a arquitetura, e como esta união pode ser abraçada pelo meio que será inserida, para que percebam que o projeto arquitetônico terá cuidado e trará a valorização da cultura dos indivíduos que irão utilizá-lo, criando uma responsabilidade afetiva pelo local. Para a criação do incentivo social pelo o meio inserido, a UNESCO cita a importância de integrar e implementar os elementos culturais na sociedade, tanto na sua


concepção como na prática de desenvolvimento de forma pensada e minuciosa, para garantir o envolvimento da população local e garantir que o efeito desta implementação resulte satisfatoriamente no desenvolvimento comunitário. Desta forma, a introdução da cultura na sociedade funciona como uma revitalização urbana, que promove incentivo ao uso e valorização do espaço público, ao turismo sustentável e as indústrias culturais, que fazem parte tanto deste desenvolvimento comunitário como funcionam como subsetores econômicos da população, podendo gerar empregos verdes4, e incentivando e estimulando este desenvolvimento.

2.2.7. INSTITUTOS E SUAS DEFINICOES Como já foi citado anteriormente, a formação de um indivíduo decorre de uma série de influencias sociais, familiares e culturais. Esta formação também é resultado da vivencia de várias fases da vida humana, e como parte desta vivencia, a contribuição do ensino vem como elemento formador intelectual e cívico do indivíduo, iniciando este ciclo na pré-escola, ensino fundamental, ensino médio e posteriormente ensino superior. Além destes equipamentos de formação básica, um instituto de arte e cultura atua como elemento agregador intelectual e cultural nesta formação, e se faz necessário para o produto deste trabalho entender a importância deste tipo de equipamento cultural na sociedade, como ele pode proceder juntamente com os ensinos básicos para a criação de uma sociedade rica de valores culturais, sociais e artísticos. Esta formação do indivíduo é produto de uma gama de informações responsáveis pelo fenômeno cognitivo individual e pelo fenômeno social, onde existe a priorização da informação coletiva, estruturando uma memória sociocultural que se deseja abordar, resgatar e incentivar em um instituto de arte e cultura. Luciene Ramos (2007) explica a importância da preservação da informação no meio social e comprova a ligação direta desta informação com instituições. “A preservação de informações e o acesso às mesmas estão na ordem do dia de instituições, órgãos governamentais e empresas; a importância da informação para o mundo atual e as transformações provocadas na sociedade pelas tecnologias de informação são, pois, questões que têm merecido a atenção de cientistas em todo o mundo. ” (RAMOS, LUCIENE 2007, p. 28)

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Um emprego verde é, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, "trabalho na agricultura, manufatura, pesquisa e desenvolvimento, administração, e atividades de serviço que contribuem substancialmente para preservar ou recuperar a qualidade ambiental.

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Estes tipos de equipamentos sociais devem ser implementados principalmente pelo poder público, pois é decorrente de incentivos governamentais que se alcança a visibilidade de outros públicos e aumenta a atenção para o investimento privado em ações e equipamentos como estes, que promovem a informação à arte e cultura, deixando de ser conteúdos conhecidos apenas pela alta sociedade e passando a ser conhecida pelos menos privilegiados social e financeiramente. Atualmente, a cidade de fortaleza conta com 16 institutos culturais com atividades de arte, cultura e ensinos de práticas estrangeiras, como cursos de idiomas, bem como cursos técnicos para formar a população tanto de forma privada como pública. Dentre os institutos encontrados na capital cearense, o Instituto Dragão do Mar recebe um destaque maior por ser a primeira Organização Social (OS)5no Brasil que aborda a cultura como base para as realizações internas do instituto. Juntamente com a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, o Instituto gerencia oito equipamentos culturais dentro do estado cearense, sendo eles o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, a Escola Porto Iracema das Artes, o Centro Cultural Bom Jardim, Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho, o Cineteatro São Luiz e o Teatro José de Alencar, em Fortaleza, e o Memorial Cego Aderaldo, em Quixadá, e Vila da Música, no Crato. Os equipamentos citados acima atuam na disseminação da cultura brasileira tanto em suas formas institucionais como na arquitetura, criando uma identidade do equipamento com o local. É necessário identificar esta identidade e a relação que estes edifícios tem com seu entorno, e para isto farei uma breve analise do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, por ser o maior equipamento do Instituto Dragão do Mar, pela sua importância ao centro de Fortaleza e por sua dimensão arquitetônica, urbanística e cultural. 5

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Organização social (OS) é uma qualificação, um título, que se outorga a uma entidade privada, sem fins lucrativos, para que ela possa receber determinados benefícios do poder público (dotações orçamentárias, isenções fiscais etc.), para a realização de seus fins, que devem ser necessariamente de interesse da comunidade. Com esse título, é possível celebrar um contrato de gestão, um modelo de administração pública que pretende ser mais eficiente.

Situado em um dos bairros mais boêmios e históricos de Fortaleza, a Praia de Iracema, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Figura 08) recebe cerca de 1,5 milhão de visitantes por ano6, sendo um ponto turístico da capital cearense e um centro de cultura e arte de referência nacional. Equipado com um amplo programa de necessidades, o centro abriga o Museu da Cultura Cearense, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará e uma Multigaleria que recebe exposições durante todo o ano, assim como um teatro e um anfiteatro por onde já passaram grandes nomes da música brasileira, um auditório, um cinema, uma biblioteca e uma ampla área de lazer. Com este complexo programa de necessidades é imprescindível fazer uma análise do entorno e saber como projetar a relação do equipamento com o ambiente inserido, e os arquitetos responsáveis, Delberg Pnoce de Leon e Fausto Nilo,conseguiram adaptar os espaços, criando fluxos, gentilezas urbanas e gerando uma arquitetura dinâmica e distribuída pelo espaço, onde a ventilação percorre pelo edifício e o indivíduo que está no seu interior consegue se relacionar com o entorno. A baixo podemos ver o Centro Dragão do Mar e seu entorno.

Figura 08: Vista aérea do Dragão do Mar. Fonte: G1- Globo. 6

Dado coletado do site do próprio centro dragão do mar. http://www.dragaodomar.org.br/institucional.


Recentemente as algumas vias e edifícios próximos ao Centro Dragão do Mar fizeram parte de uma intervenção artística de revitalização do Projeto Cidade da Gente da Prefeitura de Fortaleza (Figuras 09 e 10), em que busca incentivar os variados usos que uma via pode ter e novas maneiras para ocupar o espaço.

Figura 09: Projeto Cidade da Gente. Fonte: Verdinha online.

Figura 10: Projeto Cidade da Gente. Fonte: Unifor online.

Voltando o olhar para o local de estudo do presente trabalho, foi feita uma análise nos institutos existentes na Cidade de Aquiraz e a forma que os mesmos

trabalham o institucional. Para esta analise foram estudados 2 institutos de abordagens diferentes, porem ambos com grande importância para o desenvolvimento da população de Aquiraz. O Instituto Tecnológico e Vocacional (ITEVA), localizado ao sul do centro de Aquiraz, próximo à CE-040, trabalha com o objetivo do desenvolvimento humano, socioeconômico e profissional de jovens e adolescentes de escolas da rede pública. O Iteva se trata de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)7voltado para a qualificação e capacitação social e tecnológica da sociedade. O Iteva visa a inovação em suas atividades, desenvolvendo ao longo de 20 anos programas e projetos científicos, tecnológicos e técnicos para qualificar a vida dos que lá frequentam, resultando na transformação da vida através da descoberta de potenciais e interações que os inserem no mercado de trabalho e ensino superior, evitando assim a marginalização destes jovens. Foi focando justamente neste resultado que escolhi mencionar o Iteva, pois mesmo sem ser um instituto de abordagem cultural ele consegue agir como um formador de cidadãos legais, e acredito que o caráter deste instituto formaria uma proveitosa interação com o Instituto de Arte e Cultura Vila do Cabral, proposto neste trabalho. Para expandir as linhas de conexões de informação e apoio, cito a Associação Tapera das Artes, que, como o equipamento citado anteriormente, é sólido no meio com quase 26 anos de atuação no meio cultural. A Associação surgiu com o objetivo de prestar serviços dedicados à terceira idade, e com 13 anos de atuação voltou sua atuação para os projetos culturais direcionados ao desenvolvimento social de crianças e jovens de baixa renda, assim como o Iteva, como projetos característicos da educação para a arte, como elemento 7 “OSCIP é uma qualificação jurídica atribuída a diferentes tipos de entidades privadas atuando em áreas típicas do setor público com interesse social, que podem ser financiadas pelo Estado ou pela iniciativa privada sem fins lucrativos. Ou seja, as entidades típicas do terceiro setor. A OSCIP está prevista no ordenamento jurídico brasileiro como forma de facilitar parcerias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos (federal, estadual e municipal) e permite que doações realizadas por empresas possam ser descontadas no imposto de renda”

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transformador na vida destes jovens. O novo programa possibilitou a abertura de novos capitais de investimentos e assim o crescente número de alunos e uma maior demanda de espaços que hoje comporta 458 alunos8 e conta com salas de aulas, mini anfiteatro, cantina e um auditório em que são realizadas as apresentações dos alunos. A arquitetura do local se deu através das necessidades e financiada por investimentos públicos, resultando em uma forma simples e na utilização de materiais mais acessíveis para sua construção. Abaixo as figuras 11 e 12 retratam o edifício que comporta o auditório, com banheiros e foyer.

estrutura metálica e lona, para proteger a extremidade do edifício.

Figura 12: Entrada Tapera das Artes. Fonte: Lázaro Medeiros.

Outro ponto muito usado neste projeto, cuja autoria é desconhecida, é a utilização das cores vibrantes. Como o objetivo é dedicado à jovens e crianças, a arquitetura deve se comportar de forma mais lúdica, criativa e alegre, para despertar a curiosidade e o desenvolvimento através da arte.

Figura 11: Entrada auditório Tapera das Artes. Fonte: Lázaro Medeiros.

Neste bloco a ventilação é feita de forma climatizada artificialmente, e por isto a forma fechada e a utilização de esquadrias de vidro com alumínio. Já na imagem abaixo observa-se uma arquitetura com soluções mais vernaculares, com fechamentos em esquadria de madeira e persianas para a passagem da iluminação e ventilação natural, coberta com telha colonial e uma coberta, que possivelmente é mais recente, de 8

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Dado retirado do site da Associação Tapera das Artes.


2.2.8. TURISMO SUSTENTAVEL No que se trata de responsabilidade, é importante citar a responsabilidade do cidadão para como o meio em que ele reside ou visita. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o Brasil é um dos 40 países mais visitados do mundo, recebendo em média 6 milhões de turistas por ano. Podemos observar o aumento de 0,52% dos gastos de turistas estrangeiros no Brasil, captando cerca de 2 milhões de dólares a mais no período de um ano, e este dado comprova a crescente demanda de turistas no país (Gráfico 01). Gastos de turistas no Brasil (US$)

380 379 378 jan/17

jan/18 Série 1

Gráfico 01: Gastos de turistas no Brasil. Fonte: Produção Autoral.

Ao observar a escala estadual, o Ceará está entre os estados mais procurados para o turismo, e pode-se comprovar isto devido ao aumento significativo de voos diretos para a capital cearense, que triplicou de 2017 para 2019. De acordo com Ministério do Turismo (2018) a frequência de voos semanais chegando à Fortaleza era de 14 ligações chegando de 8 origens diferentes, e até o final de abril de 2019 essa frequência chegará à 48 por semana.

Para atender esta demanda os governantes precisam de ações e instrumentos que previnam a cidade tanto em sua integridade física como cultural, para que não aconteça o turismo predatório, que pode levar ao esgotamento dos recursos naturais, a descaracterização cultural e o desequilíbrio social. Através desta necessidade surgiu o termo Turismo Sustentável, que se embasa nos mesmos pilares do Desenvolvimento Sustentável9, que são a eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica, e funciona gerenciando todos os recursos decorrentes das atividades turísticas, atendendo as necessidades econômicas, sociais e ambientais, referentes aos três pilares, de forma que possam ser satisfatórias e de acordo com a cultura do local, respeitando a integridade ecológica e a diversidade da fauna e da flora existentes. A visão desta forma de promover o turismo é a busca pelo fortalecimento da atividade turística a longo prazo através da preservação ambiental e cultural que qualificam e atraem a vinda de turistas, gerando assim renda, empregos, valorização do local e outros benefícios sociais permanentes. Para alcançar esta visão se fez necessário traçar um objetivo para atender tanto às necessidades turísticas como as comunidades receptoras, de forma que proteja e amplie as oportunidades para o futuro e promova a movimentação e desenvolvimento dos cidadãos locais. Portanto é de suma importância avaliar os danos de uma construção de cunho social para seu entorno, e buscar os possíveis potenciais que a implementação de um Instituto de Arte e Cultura pode trazer para a sociedade e como ele pode atrair visitantes de fora para possam agregar o valor turístico ao equipamento, sem agredir a sociedade e o meio ambiente. 9

Desenvolvimento Sustentável – é o desenvolvimento que visa suprir as necessidades das gerações recentes, buscando não comprometer as futuras gerações no que se trata de recursos. É um desenvolvimento que funciona de forma planejada e reconhecendo os recursos naturais, levando em consideração que são finitos, e não esgota estes recursos para o futuro.

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2.3. ARQUITETURA BIOCLIMATICA A arquitetura bioclimática consiste no desenho dos edifícios tendo em consideração as condições climáticas, utilizando os recursos disponíveis na natureza para minimizar os impactos ambientais e reduzir o consumo energético, de forma mais sustentável e econômica, propondo projetos que harmonizem totalmente o ambiente externo ao interno, passando por técnicas que aproveitem melhor as condições climáticas de cada lugar. Ao desenhar um edifício deve-se considerar três aspectos: o sol, a chuva e o vento. A construções devem existir de forma que não esquentem umas às outras pelo reflexo dos raios solares, é preciso evitar o calor excessivo causado pelos raios. Claro que toda edificação esquenta, porém umas mais que outras, e implantar aparelhos para esfriar custa caro e consome muita energia. Deve ser pensado onde o calor não pode entrar, e quando for inevitável, deve-se pensar como este calor pode sair, partindo do princípio de que o ar quente sobe. Ao se projetar uma edificação é de extrema importância fazer anteriormente o estudo do local, bem como a orientação, incidência do sol, direção dos ventos, macroclima e microclima. Ter essa preocupação antes da execução do projeto acarretará em um ambiente energeticamente eficiente. Para uma edificação em um lugar de clima quente e úmido, as soluções são quase sempre as mesmas, havendo, é claro, variações dependendo da sua localização. Estratégias como a ventilação natural para o resfriamento do ambiente e a integração do edifício com o clima e contexto local trarão um melhor conforto térmico e a redução no uso da refrigeração artificial.

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Definindo o clima quente e úmido com temperaturas moderadamente altas e relativamente constantes, umidade constantemente elevada, céu encoberto e chuvas frequentes, sobretudo em uma parte do ano, radiação sempre intensa, porém difusa devido elevada nebulosidade, foram feitos ao longo dos anos estudos para haver o conforto térmico em edificações localizadas dentro desses aspectos climáticos. A umidade elevada é um dos principais fatores de desconforto térmico, por aumentar a sensação de calor no ambiente. Sendo assim estratégias básicas devem ser adotadas, como a redução da absorção da radiação solar através do sombreamento e da refletância, para favorecer a penetração dos ventos dominantes pela ventilação natural, proteção contra as chuvas e seu escoamento rápido, além da baixa inércia térmica das vedações externas, já que o calor acumulado durante o dia não se dissipa a noite. Outra estratégia é a proteção contra a incidência direta e difusa da radiação solar, evitando grandes fachadas na direção oeste, e mecanismos de sombreamento para proteger as aberturas, tanto externas quanto internas, usando brises, soleil, pergolados, cobogós, e beirais. Já o telhado deve ser de material leve e refletor, pois pode receber até dois terços da radiação solar total que incide na construção. A vegetação ao redor também deve facilitar as trocas de calor entre o ambiente e o meio, servindo como sombreamento (Figura 13), já que a ventilação natural è a estratégia bioclimática mais eficiente nesse tipo de clima. Pensando em tais benefícios, foram implementadas algumas destas técnicas no projeto.


Figura 13: Esquema de sombreamento e ventilação. Fonte: Alexandre Marques.

saindo pela cobertura, através de lanternins, aberturas zenitais ou exaustores eólicos. Brises são exímios mecanismos à garantia de ventilação natural, que além do controle lumínico e solar, se designados e posicionados corretamente em união às situações solar e dos ventos locais, podem garantir excelente qualidade térmica interna. Permitem ainda controle, se móveis, ou mesmo em caso de elementos vazados (cobogós, chapas perfuradas, muxarabis, entro outros) ocasiona ventilação direta com a possibilidade de cálculo em porcentagem pela dimensão das aberturas.

A ventilação natural cruzada (Figura 14) é aquela cujas aberturas em um determinado ambiente ou construção são dispostos em paredes opostas ou adjacentes, permitindo a entrada e saída do ar. Indicado às construções em zonas climáticas com temperaturas mais elevadas, o sistema permite trocas constantes do ar dentro do edifício, renovando-o e ainda, diminuindo consideravelmente a temperatura interna.

Figura 14: Esquema de ventilação cruzada. Fonte: Alexandre Marques.

Já a ventilação pelo efeito chaminé, no qual o ar frio exerce pressão sob o ar quente forçando-o a subir, assim como na ventilação induzida. Porém, neste caso, áreas abertas pelo centro do projeto ou torres permitem que o mesmo circule pelo ambiente,

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REREFENCIAL PROJETUAL


3.1. CENTRO DE ARTE E CULTURA EM BESANCON Situado no leste da França, o centro de arte e cultura de Besançon foi construído as margens do rio Doubs, na região de Franche Comté. A capital regional tem cerca de 122.000 habitantes, e apresenta um clima característico de quente e temperado, onde existe uma pluviosidade significativa ao longo do ano. Com cerca de 11.390 m² de área, o Centro de arte e cultura de Besançon foi projetado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma e sua equipe com a intenção de conceber um projeto que unisse a história do lugar com a arquitetura, o rio com as luzes, a cidade com a natureza, através de um edifício que contribua para o meio ambiente devido as estratégias construtivas adotadas pelos arquitetos. O projeto tinha como desafio integrar uma nova arquitetura ao armazém existente de tijolo aparente, e com isto tomar partido para propor o link da cidade com o rio Doubs. Podemos perceber como o edifício foi inserido no local, entre colinas (Figura 15). o centro cultural encontra-se em um vale as margens do rio e se compreende em uma paisagem uniforme, em que o projeto respeita as alturas das demais edificações e se conecta com a mesma linguagem de gabarito e cores, sem tirar a beleza da cidade e sim valorizar os diversos planos que pode-se ver nesta imagem.

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Figura 15: Vista aérea Centro de Arte e Cultura de Besançon. Fonte: Nicolas Waltefaugle.

A grande área livre que o rio permite na frente da entrada do edifício propicia uma vasta área de contato com a insolação e entrada de ventilação natural já que o edifício se comporta como o rio, de forma longitudinal. E afim de fazer o controle incidência solar as superfícies horizontais e verticais que envolvem o centro foram trabalhadas com aberturas intercaladas com vidro, madeira e ferro, criando cheios e vazios, áreas de sombras e areais de incidência solar. Esta solução também faz com que o visitante, mesmo no interior do prédio, observe seu entorno e o lugar situado, e permite uma fluidez visual para a paisagem, integrando estes dois ambientes. Esta solução permite uma maior autossuficiência ao edifício, permitindo que ele seja iluminado naturalmente por grande parte do dia (Figura 16).


Figura 16: Soluções de esquadrias. Fonte: Nicolas Waltefaugle.

No que se trata de autossuficiência, o projeto além de aproveitar a luz natural para a economia em lâmpadas artificiais, conta também com placas fotovoltaicas (Figura 17) em sua coberta, que captam os raios solares e transformam a energia solar em uma energia limpa, que serve para iluminar o centro nos horários e épocas de pouca incidência solar.

Figura 17: Placas fotovoltaicas. Fonte: ArchDaily.

Além das placas que captam energia solar, o telhado também conta com módulos de captação e escoamento de água com a utilização de uma laje verde, que é a utilização de um canteiro que capta a agua pluvial e à deixa em reserva para que possa ser reutilizada em diversos fins e funções no edifício, como para a agua dos banheiros e para regar os jardins. Segundo a equipe de projeto Kengo Kuma & Associados “A cobertura cria uma ligação entre o edifício e seu entorno, tornando o projeto mais marcante. Simboliza o encontro entre cidade e natureza, cidadão e a margem do rio, o público e cultura’’. Para entender mais a questão da ligação do edifício com o rio, o corte abaixo demonstra como a proximidade da arquitetura com o rio e a forma como esta conexão foi feita. Levando em consideração a topografia as margens do rio, nota-se um declive e uma possível alteração no terreno com movimentação de terra para que o mesmo ficasse plano para receber o edifício (Figura 18). Por ser um terreno já acima do nível topográfico, o arquiteto trabalhou bem em não aumentar sua edificação, usando um gabarito que ficasse no nível das colinas posteriores a ele.

Figura 18: Corte transversal Besançon. Fonte: ArchDaily.

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Como podemos ver no corte longitudinal (Figura 19) esta conexão funciona também com o antigo edifício, respeitando sua altura e utilizando a mesma linguagem,

permitindo que o antigo tenha destaque ao novo e se comportando como um edifício contínuo.

Figura 19: Corte longitudinal Besançon. Fonte: ArchDaily.

No que se trata do programa de necessidades, o Centro Bensançon conta com uma gama de ambientes que promovem a interação dos visitantes e disseminam arte e cultura. Muito focado em nas expressões de artes, o projeto é constituído por três salas de exposição, salas de dança, salas de música, salas de teatro, foyer, mezanino, teatro e um auditório.

A separação das salas se comportam de maneira diferente do convencional, com paredes irregulares que não seguem um alinhamento. Solução para promover uma maior dinamicidade ao edifício e sua forma, mas também tem sua função projetual de promover uma maior disseminação dos sons nas salas de música, pois podemos perceber que as tipologias das divisórias inclinadas acontecem apenas nestes ambientes.

Figura 20: Planta baixa 2º pav Besançon. Fonte: ArchDaily.

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Figura 21: Planta baixa 1ยบ pav Besanรงon. Fonte: ArchDaily.

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3.2. VILA DAS ARTES (INSTITUTO IRACEMA) O Vila das Artes é um equipamento cultural pertencente ao Instituto Iracema, e é responsável por ministrar aulas de dança, teatro e áudios visuais para crianças e adolescentes da rede pública. A inserção destes jovens é feita através de uma seleção para avaliar suas capacidades e o nível em que serão inseridos. Localizado na Rua 24 de Maio, Centro histórico da capital cearense, Fortaleza, o projeto se divide em 3 blocos com atividades especificas. Seu principal bloco é abrigado por um Casarão de 1954 onde foi minimamente adaptado em seu interior para comportar o programa de necessidades. Outros dois imóveis próximos também fazem parte da composição do projeto, onde um deles é a Casa do Barão de Camocim, que foi construído em 1870 e é um edifico tombado por ser uma das obras arquitetônicas mais antigas da cidade. O projeto é inserido em uma área muito movimentada do centro, com intenso fluxo de carros e pessoas e bem servida de transporte público, já que é uma área em que o comercio prevalece como principal atividade econômica (Figura 22). Tendo em vista o alto índice de degradação e abando da população que se priva de frequentar as ruas, praças e imóveis devido ao baixo fluxo de pessoas decorrente do horário de funcionamento destes comércios, a Vila das Artes, juntamente com outros equipamentos como o SENAC10 e Cepep11 criaram uma área de ensino e cultura para movimentar e trazer uma nova forma de ocupação do espaço público, diversificando suas funções e dinamizando o local.. 10

SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. É uma instituição brasileira de educação profissional aberta a toda a sociedade. Cepep – Instituição particular de ensino técnico e profissionalizante na área tecnológica, focando na inserção de jovens e adultos no mercado de trabalho. 11

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Figura 22: Mapa local Vila das Artes. Fonte: Google Maps.

Por se tratar de um edifício antigo inserido em uma região quente e úmida, e de alta densidade construtiva, o traçado urbano se torna o principal condutor de ventilação natural, levando em consideração a porosidade deste traçado em meio a rugosidade dos edifícios. Para melhor exemplificar, segundo Costa Filho (2017, p. 49) “[...] a porosidade como análise dos afastamentos e a rugosidade como a variação de altura”. Portanto, o edifício analisado encontrasse em uma área em que é privilegiado de ventilação natural em suas fachadas nordeste e sudeste, tendo em vista o sentido predominante dos ventos de Fortaleza vindos do Leste e seu considerável afastamento e gabarito em relação aos edifícios de seu entorno, propiciando o escoamento do mesmo pelas vias.


Figura 23: Ventilação na Vila das Artes. Fonte: Produção autoral.

O fator bioclimático é também analisado pelas formas de vedações utilizadas no edifício e os elementos que o protegem da insolação. Por se tratar de uma edificação da década de 50, e considerando a adequação do mesmo para os dias atuais, suas aberturas externas são trabalhadas em venezianas de madeira e esquadrias de vidro e ferro, facilitando a permeabilidade do vento pelas persianas e a insolação pelo vidro e as aberturas de madeira. Em seu interior a solução executada se deu por meio de cobogós, que funcionam como uma espécie de tijolinhos vazados e que neste caso é de vidro pristal, deixando permear a insolação e respeitando particularidade de cada ambiente.

Figura 24: Esquadrias de vidro e madeira. Fonte: Produção autoral.

No que se trata da caracterização dos ambientes, o projeto analisado conta com 4 salas de dança, sendo uma delas ao ar livre, 2 salas de aulas, sala de ateliê com computadores para as turmas de áudios visuais, biblioteca, sala de reunião, um setor de administração juntamente com a secretaria, e salas de espera. Estes ambientes são conectados por corredores e uma escada da década de 50, que leva o visitante para os 2 pavimentos seguintes, como podemos ver ao analisar sua planta baixa. Em sua forma podemos considerar que, por se tratar de um edifício antigo, de uma classe social mais favorecida, os ambientes e suas aberturas são amplos o suficiente para contribuir para o conforto ambiental interno. Os beirais e as sacadas formam áreas de sombra juntamente com o paisagismo implantado e respeitado em seu entorno, fazendo com que o ambiente quente e úmido se torne mais agradável com a junção de ventos e sombra e determinados horários do dia.

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Figura 25: Planta baixa térreo setorizada. Fonte: Produção autoral.

Desta forma, a referência deste edifício da década de 50 que abriga um centro de artes corporais, tecnológicas e musicais engrandece este trabalho de conclusão de curso com exemplos de que as construções antigas prezavam por grandes cobertas e áreas livres inseridas no interior do prédio, favorecendo a ventilação cruzada , possibilitando que o uso de ventilação artificial seja opcional (Figura 26). Outro ponto que chama a atenção são os materiais e suas soluções adotados no projeto, como por exemplo o uso do ferro nas esquadrias e nas sacadas, quem além da segurança, traz uma beleza única e deixando a ventilação natural permear no interior do edifício.

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Figura 26: Fachada norte - Entrada. Fonte: Produção autoral.


3.3. CENTRO CULTURAL USIMINAS Situado na cidade de Ipatinga, interior de Minas Gerais, com população de 263.410 habitantes, está o Centro Cultural Usiminas (Figura 27). Foi construído em 1998 e tem o diferencial de estar integrado a um shopping. Com um terreno de 23 mil m², e 5,6 mil m² construídos, localiza-se na Rodovia BR 381 Km 206, permitindo fácil acesso através das vias de escoamento do tráfego que atendem Ipatinga e demais localidades do Estado.

região do Vale do Aço. O local é dotado de um moderno e avançado sistema de instalações e equipamentos, que tem como objetivo disponibilizar e promover atividades educativas, artísticas e culturais, de predominância e projeção regional, nacional e internacional, destacando a região como um polo cultural no estado de Minas Gerais. Em 2005, o Centro Cultural Usiminas recebeu a certificação Herity, organização mundial para a certificação de Qualidade de Gestão do Patrimônio Cultural. O Teatro do Centro Cultural Usiminas (Figura 28) foi inaugurado em 31 de outubro de 2002 com apresentações da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, do ator Stênio Garcia, da cantora Sílvia Klein e da Cia. de Dança de Minas Gerais. O espaço, com 724 lugares, foi projetado e construído sob a supervisão de vários consultores especializados e assessoria técnica de empresas renomadas. Considerado um dos mais modernos do Brasil, o Teatro é dotado de equipamentos cenotécnicos e de sonorização permitindo a encenação de espetáculos de dança, peças teatrais, concertos, óperas e grandes montagens.

Figura 27: Entrada Centro Cultura de Usiminas. Fonte: Site Instituto Usiminas.

O Centro Cultural é composto de Teatro, Foyer, Galeria de Arte Hideo Kobayashi, Biblioteca Central de Ideias e Jardins. Os espaços foram desenvolvidos para satisfazer as expectativas de artistas, produtores e do público em geral. O complexo possui programação permanente e simultânea em todos os seus espaços, o que contribui para a formação de público e consolida um mercado cultural na

Figura 28: Teatro Centro Cultura de Usiminas. Fonte: Site Instituto Usiminas.

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O espaço é climatizado e possui 724 lugares, sendo 486 de plateia (1º piso) e 238 balcão (2º piso). Possui também saídas de emergência sinalizadas, portas com trava anti-pânico e gerador para iluminação de emergência. Cadeiras preferências reservadas para pessoa com deficiência, idosos e gestantes. O palco em estilo italiano tem piso de madeira clara e possui uma área total de 480 m². O palco também possui o Fosso da Orquestra, com área de 39,67m². O espaço possui quatro camarins climatizados (2 coletivos e 2 individuais) sendo três deles, com frigobar. Em 24 de setembro de 1998 foi concluída a primeira etapa das obras do Centro Cultural Usiminas com a inauguração da Galeria de Arte Hideo Kobayashi (Figura 29). Com capacidade para receber cerca de mil pessoas diariamente, a Galeria foi inaugurada com a exposição internacional “Brasil – Japão”, que comemorou os 90 anos da imigração japonesa no Brasil. O espaço já recebeu grandes exposições como: a retrospectiva do Giramundo Teatro de Bonecos, a coletiva dos artistas plásticos José Alberto Nemer, Fernando Velloso e Mário Zavagli ou “Raridades obras e edições literárias”, com livros raros e edições de luxo do acervo da Biblioteca Luiz de Bessa. A Galeria de Arte Hideo Kobayashi possui uma área expositiva de 400m². O espaço é totalmente climatizado, permitindo a instalação de obras de grandes dimensões. O espaço possui acabamento nas paredes e teto na cor branco gelo, piso em granito branco Ceará. É composta de parede de alvenaria (6m de altura) e de MDF. O espaço é amplo e pode ser facilmente adaptado de acordo com o projeto museográfico. Possui área para carga e descarga. Possui rampas de acesso para portadores de necessidades especiais.

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Figura 29: Galeria Centro Cultura de Usiminas. Fonte: Wikipédia.

A Biblioteca Central de Ideias (Figura 30), que está localizada na entrada do Centro Cultural Usiminas, é mais um espaço que promove a interface da cultura e educação de forma descentralizada e acessível. A Biblioteca foi inaugurada em 28 de abril de 2005 como um presente para a cidade de Ipatinga que, neste mesmo mês, faz aniversário. Hoje o acervo é composto por aproximadamente 9 mil títulos entre arte, literatura, parapsicologia, história, administração, best selleres e outros. Os associados chegam a 13 mil pessoas. A Biblioteca também disponibiliza acesso gratuito à internet.


Figura 30: Biblioteca Centro Cultura de Usiminas. Fonte: Site Instituto Usiminas.

O Foyer do Centro Cultural Usiminas (Figura 31) foi inaugurado juntamente com a Galeria Hideo Kobayashi, antes da conclusão das obras do Teatro do Centro Cultural Usiminas. O local é destinado para os espectadores aguardarem o início de uma apresentação, ou tomar drinques nos intervalos. O Foyer já recebeu diversos espetáculos de grupos locais, de Minas Gerais e do Brasil.

Figura 31: Foyer Centro Cultura de Usiminas. Fonte: Site Instituto Usiminas.

O Jardim interno foi inaugurado em 1998, juntamente com a Galeria Hideo Kobayashi e Foyer. A área recebe vários eventos ao ar livre, como o Circuito Usiminas de Cultura e o tradicional Salão do Livro do Vale do Aço. Já o jardim externo foi inaugurado em 2012 juntamente com o projeto revitalização da entrada do Centro Cultural Usiminas. O Jardim interno é um espaço integrado ao estacionamento do Shopping e propício para eventos abertos, pois é um espaço convidativo e com circulação de pessoas, é gramado e está integrado à charmosa entrada do Centro Cultural Usiminas.Os jardins são uma ótima opção para eventos ao ar livre. Cada um tem capacidade para 200 lugares. O Jardim Interno tem piso coberto de granitina. Possui três decks em madeira com área total de 600m². Já o Jardim Externo é todo gramado e fica localizado na entrada do Centro Cultural Usiminas. É uma área aberta de 1200m² e possui um grande fluxo de circulação de pessoas.

Figura 32: Jardim interno Centro Cultura de Usiminas. Fonte: Site Instituto Usiminas.

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A sala de ensaio foi inaugurada juntamente com o Teatro do Centro Cultural Usiminas, em outubro de 2002. O espaço é mais uma opção para realização de oficinas, palestras e encontros. O espaço possui barras laterais, espelho, piso emborrachado e é climatizado. Possui as seguintes dimensões: 9,75 x 5,7 e uma área total de 55,5 m².

Figura 33: Sala de ensaio Centro Cultura de Usiminas. Fonte: Site Instituto Usiminas.

Todos estes ambientes são locados de forma a permitir a conexão entre si e o livre fluxo de circulação com seu externo, por meio de seus jardins (Figura 34). Possui rampas de acesso para portadores de necessidades especiais

Figura 34: Croqui implantação Centro Cultura de Usiminas. Fonte: Trícia Monteiro.

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04

TERRENO


4.1. LOCALIZACAO O terreno escolhido está localizado no município de Aquiraz (Figura 35), situado no bairro de Jacundá, e pertencente à Área Urbana de Expansão Controlada segundo o zoneamento de Aquiraz. Sua delimitação viária se dá pela Estrada Vila do Cabral, que é a continuação da Estrada do Fio.

BRASIL

CEARA

Figura 35: Localização geográfica Aquiraz. Fonte: Produção autoral.

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AQUIRAZ


O terreno escolhido está localizado no município de Aquiraz, situado no bairro de Jacundá, e pertencente à Área Urbana de Expansão Controlada segundo o zoneamento de Aquiraz. Sua delimitação viária se dá pela Estrada Vila do Cabral, que é a continuação da Estrada do Fio. O terreno tem uma área com cerca de 11.120m² e é cercado por uma vila residencial e áreas livres. O bairro em que é situado apresenta uma característica rural, considerando que em um raio de 500 metros foram diagnosticados apenas edificações de uso residencial, lotes de práticas agrícolas e uma extensa área verde (Figura 36). O Instituto de Arte e Cultura Vila do Cabral possui um caráter institucional e social, mas além disso, tem como característica um espaço que fomentará o lazer e a apropriação do espaço público, portanto, além do proposto edifício, também será previsto a requalificação do local, a pavimentação de sua rua de acesso principal e a transformação do entorno com o novo equipamento. Após a análise de escolha, constatou-se fatores que auxiliam a escolha do terreno: Ÿ Carência de um equipamento cultural num raio de 2km. Ÿ Localização em área de intenso contato com a natureza e seus recursos hídricos e eólicos. Ÿ Possibilidade de possível conexão com outros equipamentos institucionais do município. Ÿ Necessidade de um equipamento que dê suporte à comunidade local Além dos fatos mencionados anteriormente, o local do terreno está inserido em uma área em que o poder aquisitivo é reduzido e que vive à margem da sociedade causada

pelos grandes condomínios horizontais cercados da classe média alta. Comisso, o intuito do instituto é a inclusão social e a estimulação à inserção da arte e da cultura para que se tornem interesses da população em geral. O bairro em que é situado apresenta uma característica rural, considerando que em um raio de 500 metros foram diagnosticados apenas edificações de uso residencial, lotes de práticas agrícolas e uma extensa área verde, como podemos ver no diagnostico abaixo. Considerando esta análise, constata-se que a localização ainda é muito precária e necessitada de uma maior infraestrutura, tendo em vista que dentro de 8 anos a área cresceu e sua infraestrutura urbana não acompanhou. É possível identificar pontos de transporte público e instituições de ensino apenas a partir de 1km do terreno, o que não é considerado confortável para estas comunidades mais afastadas, tendo em vista que o ideal é um raio de 300m possibilitando uma caminhada do usuário a pé.

TERRENO ESCOLHIDO ÁREA DE VEGETAÇÃO ADENSADA ÁREA DE VEGETAÇÃO MEDIANA ÁREA DE VEGETAÇÃO ESCASSA ÁREA DE CULTIVO ÁREA RESIDENCIAL EDIFICAÇÕES ESTRADA DE TERRA Figura 36: Diagnóstico terreno proposto. Fonte: Produção autoral.

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4.2. CONDICIONANTES FISICOS

4.3. CONDICIONANTES AMBIENTAIS

O terreno é localizado próximo ao rio pacoti e mais ao leste à vertente marítima, que torna-o mais privilegiado em relação à ventilação natural e recursos hídricos. Portanto, por existir esta proximidade à um rio, o terreno conta com um desnível de 2 metros que se torna razoável nos seus 150 metros, aproximadamente, no sentido nortesul, e apresenta um declive maior na orientação leste-oeste, de 2 metros também, porém com uma distância menor, de 70 metros de largura. Estes dados podem ser conferidos nos desenhos a seguir, em que se pode vê- lo em planta baixa e os desníveis em corte.

A vasta área verde que o rodeia é um ponto forte para o fator bioclimático do terreno, gerando sombras, ventilação e insolação natural. O desenho a seguir demonstra bem como estes fatores atuam no local.

TERRENO ESCOLHIDO EDIFICAÇÕES EXISTENTES SOL POENTE SOL NASCENTE VENTILAÇÃO PREDOMINANTE

Figura 37: Estudo topográfico. Fonte: Produção autoral.

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Figura 38: Condicionantes ambientais do terreno. Fonte: Produção autoral.


4.4. CONDICIONANTES LEGAIS Como já foi mencionado anteriormente, a área que receberá o projeto do instituto é caracterizada como Área Urbana de Expansão Controlada – AEC, segundo o zoneamento disponibilizado pela prefeitura do Município de Aquiraz. De acordo com o Capítulo I – Do Zoneamento do Município, Seção II – Da Área Urbana de Expansão Controlada: “Art. 8º. Área Urbana de Expansão Controlada – AEC são aquelas de ocupação rarefeita e limítrofe à cidade e aos distritos e núcleos adensados do município, onde os usos adequados ao meio urbano podem acontecer em meio a atividades compatíveis com o meio rural, criando áreas de transição entre essas áreas. ”

Desta forma, pode-se ver que o bairro condiz com os objetivos traçados pelo zoneamento municipal, onde a área rural é intensificada e urbanização exacerbada é afastada do meio. Entretanto, em suas diretrizes, incentivam a criação de áreas que possibilitam a transição do meio rural para o urbano, como por exemplo a requalificação das vias locais e a implementação de um equipamento social. Para restringir e controlar a expansão urbana nesta área, o Artigo 9º da mesma seção cita a caracterização dos tipos de usos permitidos para construção, como edificações residenciais, de uso misto, comercio e serviços, industrias de pequeno e médio portes e edifício de hospedagem. Foi identificado que um Instituto não se enquadra em nenhum destes usos, e sim nas Atividades Especiais, por se tratar de uma categoria de usos variados e sociais. Segundo o Capítulo III – Das Categorias De Atividades e Grupos de Uso, Art. 72 o projeto

deste tipo de atividade deve passar por uma análise de orientação prévia pelo órgão municipal responsável, o Conselho Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente – COMUM. Esta previa análise deve ser feita para que o equipamento tenha sua construção autorizada sem danificar ou comprometer seu entorno. Portanto, com a ausência de indicadores urbanísticos à serem seguidos, a continuação deste trabalho se dará com base na média dos outros tipos de uso damesma zona, buscando respeitar e privilegiar o entorno do terreno escolhido. Os parâmetros à serem seguidos são: ÁREA URBANA DE EXPANSÃO CONTROLADA CSC

L.A

GABARITO

T.P. (5%)

1,50

1,50

05

40

T.0. (%) T.0. SUBSOLO (%) 40 40

Tabela 01: Indicadores urbanísticos. Fonte: Prefeitura Municipal de Aquiraz.

De acordo com o mesmo capitulo, Seção I – Dos Indicadores Urbanísticos para Ocupação, Art. 79 – I. os indicadores construtivos para a Área Urbana de Expansão Controlada deverão regulamentar a ocupação de acordo com a carência de infraestrutura básica, dos serviços de transporte público e das condições ambientais. Para nortear o projeto, o plano diretor do município de Aquiraz taxa tamanho mínimos para os lotes desta zona, tais eles como área mínima de 150 m², a testada de 6 m e, devido ao uso à ser implementado, o número de vagas a serem construídas no terreno para comportar o Instituto Vila do Cabral será objeto de estudo referente à demanda de utilitários.

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05

PREMISSAS PROJETUAIS


62

5.1. PARTIDO CONCEITUAL

5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES

Como já citado anteriormente, o projeto arquitetônico do Instituto Cultural Vila do Cabral “nasce” da necessidade de um equipamento voltado para comunidades que vivem à margem da sociedade, através de uma arquitetura e paisagismo com potenciais inclusivos proporcionando o acolhimento e produzindo afeto pelo local. A reintegração e equidade social são os principais pontos que este equipamento visa promover para aqueles que o frequentarem. Portanto, embasado no objetivo principal, foram pensadas as premissas e diretrizes projetuais, sendo elas: 1. Interação 2. Permeabilidade 3. Conforto 4. Lazer 5. Conexão 6. Leveza Estes pontos apresentados acima, surgiram da proposta de tornar o ICVC (Instituto Cultural Vila do Cabral) um local projetado para que todos possam interagir e aprender de forma prazerosa.

De acordo com os projetos analisados anteriormente nos estudos de caso, foi possível ter uma base maior das necessidades que um centro cultural tem, dos ambientes contidos nele e a forma como eles se conectam. Outro ponto fundamental para o desenvolvimento deste instituto é a leitura prévia dos arquivos que a prefeitura do município de Aquiraz disponibiliza, como o uso do solo, código de obras e posturas e o código ambiental. Portanto, para que esta elaboração seja satisfatória e dentro das leis apresentadas, o programa de necessidades foi criado com a mesclagem de três bases de conhecimento, sendo elas o código de obras e posturas de Aquiraz, onde ele cita os ambientes que não podem faltar em uma instituição de ensino, como salas, setores de serviço e alimentação, a análise dos outros centros culturais que, devido as três escalas de níveis projetuais, foi possível diagnosticar soluções arquitetônicas para mesclar ambientes e tornar o edifício mais funcional, e por último o conhecimento pessoal, desde a identificação das necessidades de um bailarino ou um músico em um ambiente cultural, bem como um visitante, até a propriedade de escolha de alguns materiais construtivos no que desrespeito às salas de dança, de música e auditórios. Com isto o programa de necessidades se deu desta forma (Tabela 02), divido por ambientes em quatro setores de acordo com seus usos. As áreas e as quantidades foram definidas de forma que atenda a necessidade do usuário, e a descrição dos ambientes já é a idealização de como eles irão se comportar e como serão utilizados.


ADMINISTRATIVO Setor/Função Recepção Sala do diretor Coordenação pedagógica Sala de reunião Sala dos funcionários Vestiário PNE Vestiário feminino Vestiário masculino

Qt. Área (m²) 01 21,36 01 10,54 01 10,54 01 21,36 01 14,00 01 5,38 01 23,21 01 23,21

SERVIÇO

Descrição Área para recepcionar visitantes, informações e matrículas Sala restrita ao diretor do instituto Sala para orientação pedagógica Área para reunião do grupo Área para descanso de funcionários Área para troca de roupa de funcionários e professores Área para troca de roupa de funcionários e professores Área para troca de roupa de funcionários e professores

Setor/Função Qt. Área (m²) Sala de manutenção 01 35,17 DML central 01 15,52 Almoxarifado 01 8,48 Primeiros socorros 01 18,67 Cozinha 01 38,52 Refeitório 01 101,90

LAZER E EXPOSIÇÕES

Setor/Função Foyer / Galeria

FORMAÇÃO Setor/Função Sala de artes 01 e 02 Sala de artes 03 Sala de música 01 Sala de música 02 Vestiário feminino Vestiário masculino Vestiário PNE unissex Salão literário

Qt. Área (m²) 02 41,80 01 28,37 01 44,00 01 34,77 01 22,45 01 22,45 01 5,37 01 415,00

Descrição Área de ensinamento de práticas artísticas Área de ensinamento de práticas artísticas Área para percurssão, canto e história da música Área para percurssão, canto e história da música Área para troca de roupa de alunos e frequentadores Área para troca de roupa de alunos e frequentadores Área para troca de roupa de alunos e frequentadores Área aberta para acervo de livros comunitários

Descrição Manutenção de materias que precisem de reparos Depósito de materiais de limpeza Depósito de materiais Sala de curativos Área de preparação de alimentos Área para alimentação de funcionários e alunos

WC feminino WC masculino WC PNE unisex Espaço de eventos Sala de som Anfiteatro/Quadra Área infantil Horta Vila do Cabral

Descrição Qt. Área (m²) 01 120,00 Área livre para lazer e exposições de artes, que serve de entrada para o espaço de eventos 01 3,00 Banheiro para visitantes e frequentadores 01 2,50 Banheiro para visitantes e frequentadores 01 3,00 Banheiro para visitantes e frequentadores portadores de necessidades especiais 01 358,92 Local para apresentações artísticas 01 7,77 Local onde é feito o controle de som e iluminação do espaço de eventos 01 714,71 Local para atividades esportivas e apresentações artísticas ao ar livre 01 *1 Área para recreação de crianças 01 *2 Área para cultivo de alimentos do instituto *1 sem área limitada para estimular a criatividade da criança com os diversos usos que o terreno pode proporcionar. *2 sem área limitada para estimular o crescimento da horta comunitária

Figura 36: Programa de necessidades. Fonte: Produção autoral.

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5.3. FLUXOGRAMA Após estabelecer o programa de necessidades, o fluxograma surge para entendermos melhor a hierarquia dos ambientes e fluxos.

cozinha refeitório sala de manutenção acesso funcionário

setor de serviço

carga e descarga

primeiros socorros

estacionamento acesso visitante

DML central almoxarifado

setor administrativo

setor de formação

setor lazer e exposição

recepção

sala de funcionários

sala de música 02

sala de funcionários

anfiteatro/quadra

horta comunitária

sala do diretor

vestiário PNE

sala de música 01

vestiário PNE

área infantil

foyer + galeria

sala da pedagogia

vestiário feminino

sala de artes 03

vestiário feminino

WC feminino

WC masculino

sala de reuniões

vestiário masculino sala de artes 01 e 02

vestiário masculino

WC PNE

espaço de eventos sala de som

Figura 39: Fluxograma. Fonte: Produção autoral.

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5.4. ZONEAMENTO Afim de obter uma noção de como o espaço será dividido de acordo com os ambientes apresentados no programa de necessidades, é imprescindível fazer um estudo de zoneamento das atividades no terreno, que ilustra melhor como seria a setorização. Este estudo é interessante para analisar os usos no decorrer do terreno, quais serão mais privilegiados em relação a insolação e ventilação natural e quais terão que ficar mais afastados de forma que não fique prejudicados. A área de 11.120m² é espalhada por um terreno longitudinal, cuja lateral sudeste possui maior comprimento, sendo assim um fator positivo em relação a sua posição no que desrespeito às condições climáticas, pois é a face que recebe maior ventilação einsolação, considerando que os ventos predominantes do Estado do Ceará vêm do Sudeste, e o sol nasce no Leste e se põem no Oeste. Portanto, a permeabilidade do vento no terreno é satisfatória, podendo permear nos poros das edificações que vem logo em seguida. Para isso, dois estudos de zoneamento foram feitos afim de saber qual terá uma setorização que aproveita melhor o terreno, considerando sua área, topografia e fatores climáticos. Por ser um setor de maior atividade, o administrativo e o serviço foram colocados nas extremidades, e o setor de formação de forma mais central, já que será o bloco mais utilizado no instituto. Os setores de lazer e exposição foram trabalhados de forma mais dinâmica no espaço, para que assim como a cultura, eles possam disseminar no terreno como um todo. O local de estacionamento foi pensando também nas duas extremidades do terreno, para que não seja uma barreira visual e nem física para os visitantes do centro cultural.

Figura 40: Estudo de zoneamento das atividades. Fonte: Produção autoral.

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06

PROJETO


6.1. PARTIDO PROJETUAL

Três conceitos regem as decisões assistidas no projeto, são elas o conforto, a fluidez e a conexão. O conforto para viabilizar um ambiente que proporcione um convívio e permanência de qualidade aos frequentadores, utilizando dos agentes naturais que as condições bioclimáticas dispõem. A fluidez para conceber uma arquitetura que permita a livre passagem de pessoas, e proporcione um visual de dentro para fora e de fora para dentro, se tornando uma edificação leve que respeite seu entorno. Diante disso, a conexão entra para reproduzir a relação física do ambiente interno com o externo, como também para produzir a ligação do indivíduo com a arte através da arquitetura. Tais conceitos condizem com a localização do projeto, considerando a distância de grandes centros urbanos, e a escassez de equipamentos semelhantes no raio de 1km. Como seu clima por proporcionar a aplicação de estratégias bioclimáticas que intensifiquem locais de sombra e ventilação natural, respeitando a vegetação existente. A arquitetura concebida no projeto do Instituto Cultural Vila do Cabral é a junção de um desenho moderno com elementos vernaculares, ressaltando as características culturais do lugar com a utilização de materiais e soluções projetuais da região. Blocos cerâmicos aparentes, cobogós e brises se unem com estruturas metálicas para compor a identidade o equipamento. ÁREA TOTAL DO TERRENO: 9.612 m² ÁREA CONSTRUÍDA: 2.995m² TAXA DE OCUPAÇÃO: 31,15% TAXA DE PERMEABILIDADE: 45,30% ÍNDICE DE APROVEITAMENTO: 0,31 GABARITO: 4,60m

68

Figura 40: Evolução Projetual. Fonte: Produção autoral.


6.2. PLANTA DE SITUACAO E COBERTA

Figura 41: Planta de Situação e Coberta. Fonte: Produção autoral.

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6.3. PLANTA DE IMPLANTACAO A implantação do edifício resultou em um corredor cultural que é demarcado pelo desenho diferenciado de sua coberta única, respeitando o caminho das arvores existentes. Este corredor cultural se demarca na implantação ao longo do terreno, com blocos de atividades diferentes que favorecem um fluxo de livre transição pelo terreno, em áreas internas e externas. A separação dos blocos faz com que todo o espaço tenha um uso dinâmico e permite que a ventilação e a insolação natural privilegiem todos os ambientes. O estacionamento conta com bicicletário e 15 vagas para visitantes e 7 vagas para funcionários.

Figura 42: Setorização. Fonte: Produção autoral.

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NÚM. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11

AMBIENTES IMPLANTAÇÃO SALA DE MANUTENÇÃO DML CENTRAL ALMOXARIFADO PRIMEIROS SOCORROS COZINHA RECEPÇÃO SALA DO DIRETOR COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA SALA DE REUNIÃO SALA DOS FUNCIONÁRIOS VESTIÁRIO PNE

LEGENDA NÚM. 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

AMBIENTES IMPLANTAÇÃO VESTIÁRIO FEMININO VESTIÁRIO MASCULINO SALAS DE ARTES REVERSÍVEIS SALA DE ARTES SALA DE MÚSICA 01 SALA DE MÚSICA 02 VESTIÁRIO FEMININO VESTIÁRIO MASCULINO VESTIÁRIO PNE CORREDOR LITERÁRIO FOYER + GALERIA ESPAÇO DE EVENTOS


Figura 43: Planta de Implantação. Fonte: Produção autoral.

71


Figura 44: Fachadas Gerais. Fonte: Produção autoral.

72


Figura 45: Cortes Gerais. Fonte: Produção autoral.

73


6.4. PLANTA ESTRUTURAL Afim de dar leveza ao elemento de continuidade no terreno, a coberta é estruturada por lajes caixão, onde tem nervuras internas e uma laje em cima e outra no inferior, que é amarrada por vigas faixas que preenchem essas nervuras garantindo a sustentação do vão da laje que se sustenta nos pilares metálicos de 30 centímetros de diâmetro. O piso foi utilização a fundação radier, por promover a continuidade, e ao final do edifício, em que a topográfica fica mais inclinada, foi utilizada o baldrame de 5 em 5 metros e pedras brutas para promover a sustentação.

Figura 46: Estrutura Explodida. Fonte: Produção autoral.

74


8.00

8 .0 0

8 .0 0

04

19.90 9.00

05

12 0

9.00

06

0 0.

1

3.46

07

9.

08

15.27

10 18

09

13

8.

A

51

11

0 .9

02

9.00

14

03 01

5.11

00 5.98

17 14 16 15

11.23

26.99

B

01 MALHA ESTRUTURAL ESCALA

1/500

Figura 47: Planta Estrutural. Fonte: Produção autoral.

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6.5. BLOCO A

Três conceitos regem as decisões assistidas no projeto, são elas o conforto, a fluidez e a conexão. O conforto para viabilizar um ambiente que proporcione um convívio e permanência de qualidade aos frequentadores, utilizando dos agentes naturais que as condições bioclimáticas dispõem. A fluidez para conceber uma arquitetura que permita a livre passagem de pessoas, e proporcione um visual de dentro para fora e de fora para dentro, se tornando uma edificação leve que respeite seu entorno. Diante disso, a conexão entra para reproduzir a relação física do ambiente interno com o externo, como também para produzir a ligação do indivíduo com a arte através da arquitetura. Tais conceitos condizem com a localização do projeto, considerando a distância de grandes centros urbanos, e a escassez de equipamentos semelhantes no raio de 1km. Como seu clima por proporcionar a aplicação de estratégias bioclimáticas que intensifiquem locais de sombra e ventilação natural, respeitando a vegetação existente. A arquitetura concebida no projeto do Instituto Cultural Vila do Cabral é a junção de um desenho moderno com elementos vernaculares, ressaltando as características culturais do lugar com a utilização de materiais e soluções projetuais da região. Blocos cerâmicos aparentes, cobogós e brises se unem com estruturas metálicas para compor a identidade o equipamento.

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NÚM. 01 02 03 04 05 06 07

CÓD P1 P2 P3 P4 P5 P6 J1 J2 J3 J4 J5 J6 J7 J8 J9 J10 J11 C1

LARG. ALTURA 0.60 2.10 0.70 2.10 0.80 2.10 0.90 2.10 1.00 2.10 1.20 2.10 1.20 1.14 1.76 0.57 0.88 1.45 2.40 1.04 2.40 0.83 3.96 0.83 3.96 0.44 4.80 0.83 0.88 0.58 1.32 0.58 3.80 1.16 1.76 1.26

LEGENDA AMBIENTES BLOCO A - SERVIÇO SALA DE MANUTENÇÃO DML CENTRAL ALMOXARIFADO PRIMEIROS SOCORROS COZINHA LAVA PRATOS REFEITÓRIO

QUADRO DE ESQUADRIAS PEITORIL MATERIAL MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA 1.05 MADEIRA COM VENEZIANA 0.95 MADEIRA COM VENEZIANA MADEIRA COM VIDRO 0.58 1.16 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 1.76 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 1.74 MADEIRA COM VIDRO 1.74 MADEIRA COM VIDRO 1.16 MADEIRA COM VIDRO COBOGÓ CERÂMICO 0.44

FOLHAS TIPO ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 2 ABRIR 2 CORRER 2 PIVOTANTE 1 PIVOTANTE 4 PIVOTANTE 4 PIVOTANTE 6 PIVOTANTE 6 PIVOTANTE 8 BASCULANTE 1 BASCULANTE 1 FIXO FIXO -


Figura 48: Planta Baixa Bloco A. Fonte: Produção autoral.

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Figura 49: Cortes Bloco A. Fonte: Produção autoral.

78


Figura 50: Perspectiva Bloco A. Fonte: Produção autoral.

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6.6. BLOCO B NÚM. 01 02 03 04 05 06 07 08

O setor administrativo é a entrada principal do instituto e em sua fachada foram utilizados cobogós e jardins verticais para amenizar a insolação leste. Este é o setor contém uma recepção que recebe as matrículas dos alunos, e contém um corredor interno que dá acesso às salas de direção, pedagógica, reuniões, funcionários e vestiários.

CÓD P1 P2 P3 P4 P5 P6 J1 J2 J3 J4 J5 J6 J7 J8 J9 J10 J11 C1

80

LARG. ALTURA 0.60 2.10 0.70 2.10 0.80 2.10 0.90 2.10 1.00 2.10 1.20 2.10 1.20 1.14 1.76 0.57 0.88 1.45 2.40 1.04 2.40 0.83 3.96 0.83 3.96 0.44 4.80 0.83 0.88 0.58 1.32 0.58 3.80 1.16 1.76 1.26

LEGENDA AMBIENTES BLOCO B - ADM RECEPÇÃO SALA DO DIRETOR COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA SALA DE REUNIÃO SALA DOS FUNCIONÁRIOS VESTIÁRIO PNE VESTIÁRIO FEMININO VESTIÁRIO MASCULINO

QUADRO DE ESQUADRIAS PEITORIL MATERIAL MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA 1.05 MADEIRA COM VENEZIANA 0.95 MADEIRA COM VENEZIANA MADEIRA COM VIDRO 0.58 1.16 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 1.76 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 1.74 MADEIRA COM VIDRO 1.74 MADEIRA COM VIDRO 1.16 MADEIRA COM VIDRO COBOGÓ CERÂMICO 0.44

FOLHAS TIPO ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 2 ABRIR 2 CORRER 2 PIVOTANTE 1 PIVOTANTE 4 PIVOTANTE 4 PIVOTANTE 6 PIVOTANTE 6 PIVOTANTE 8 BASCULANTE 1 BASCULANTE 1 FIXO FIXO -


Figura 51: Planta Baixa Bloco B. Fonte: Produção autoral.

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Figura 52: Cortes Bloco B. Fonte: Produção autoral.

82


Figura 53: Perspectiva Bloco B. Fonte: Produção autoral.

83


6.7. BLOCO C NÚM. 01 02 03 04 05 06 07

A fim de garantir a promoção da cultura, o bloco C é destinado para a salas de artes nas modalidades de aulas de dança, música, artes marciais e aulas teóricas sobre arte e cultura. As esquadrias altas marcam as fachadas deste bloco, para permitir que a ventilação cruzada entre nos ambientes. Foram utilizados brises solares de madeira que descem da laje para proteger o corredor leste do bloco. Seu acesso se dá por dois corredores paralelos nas laterais, e um interno que dá acesso às salas de música e permitem a livre transição pelo edifício. CÓD P1 P2 P3 P4 P5 P6 J1 J2 J3 J4 J5 J6 J7 J8 J9 J10 J11 C1

84

LARG. ALTURA 0.60 2.10 0.70 2.10 0.80 2.10 0.90 2.10 1.00 2.10 1.20 2.10 1.20 1.14 1.76 0.57 0.88 1.45 2.40 1.04 2.40 0.83 3.96 0.83 3.96 0.44 4.80 0.83 0.88 0.58 1.32 0.58 3.80 1.16 1.76 1.26

LEGENDA AMBIENTES BLOCO C - FORMAÇÃO SALAS DE ARTES REVERSÍVEIS SALA DE ARTES SALA DE MÚSICA 01 SALA DE MÚSICA 02 VESTIÁRIO FEMININO VESTIÁRIO MASCULINO VESTIÁRIO PNE

QUADRO DE ESQUADRIAS PEITORIL MATERIAL MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA 1.05 MADEIRA COM VENEZIANA 0.95 MADEIRA COM VENEZIANA MADEIRA COM VIDRO 0.58 1.16 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 1.76 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 1.74 MADEIRA COM VIDRO 1.74 MADEIRA COM VIDRO 1.16 MADEIRA COM VIDRO COBOGÓ CERÂMICO 0.44

FOLHAS TIPO ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 2 ABRIR 2 CORRER 2 PIVOTANTE 1 PIVOTANTE 4 PIVOTANTE 4 PIVOTANTE 6 PIVOTANTE 6 PIVOTANTE 8 BASCULANTE 1 BASCULANTE 1 FIXO FIXO -


Figura 54: Planta Baixa Bloco C. Fonte: Produção autoral.

85


Figura 55: Cortes Bloco C. Fonte: Produção autoral.

86


Figura 56: Perspectiva Bloco C. Fonte: Produção autoral.

87


6.8. CORREDOR LITERARIO O corredor literário foi pensado a partir da preservação de duas árvores de grande. Com isto, para incorporar o ambiente à ela, duas paredes sinuosas demarcam um corredor e comportam grandes armários de livros, que podem ser abertos e fechados com portas de enrolar de madeira vazada, e bancos fixos. A intenção deste ambiente é promover a intensificar o uso da literatura como incentivo educacional social e cívico do indivíduo, facilitando o acesso a leitura por meio deste espaço que interliga os blocos e faz parte do setor de formação.

88


B

N ESTANTES DE LIVROS COM ESTRUTURA METÁLICA E PORTAS DE ENRROLAR DE MADEIRA.

.60

61°

1

32 3

1.32

1.32

1.29

3 1.2

2

1.2

1.50

9 1.1

9 1.1

1.19

1.18

.89

.95

1.12

1.11

9 .1

.4

0

1.0

75°

1.0 6

70°

1.89 CANTEIRO

B

19 1.

1.1 1

8

1

A

4.

4.2

A

98

9

1.3

1 1.2

2.9

1.

3 1.2

°

63°

62

.6 0

3 4.7

BANCO DE BLOCO ESTRUTURAL REVESTIDO COM MADEIRA

CANTEIRO PARA ÁRVORE EXISTENTE

Figura 57: Planta Baixa Corredor Literário. Fonte: Produção autoral.

01 PL. BAIXA CORREDOR LITERÁRIO ESCALA

1/125

89


90

Figura 58: Cortes Corredor Literário. Fonte: Produção autoral.


Figura 59: Perspectiva Corredor Literário. Fonte: Produção autoral.

91


6.9. BLOCO D Ao final do extenso corredor cultural, o Bloco D dispõe de um espaço para representações artísticas ensinadas no instituto, como também reuniões da comunidade. Por ser um grande espaço e estar localizado ao nível mais baixo do terreno, ele tem suas paredes de blocos cerâmicos estruturais e é sustentado por uma estrutura de baldrames e pedras.

NÚM. 01 02 03 04 05 06

CÓD P1 P2 P3 P4 P5 P6 J1 J2 J3 J4 J5 J6 J7 J8 J9 J10 J11 C1

92

LARG. ALTURA 0.60 2.10 0.70 2.10 0.80 2.10 0.90 2.10 1.00 2.10 1.20 2.10 1.20 1.14 1.76 0.57 0.88 1.45 2.40 1.04 2.40 0.83 3.96 0.83 3.96 0.44 4.80 0.83 0.88 0.58 1.32 0.58 3.80 1.16 1.76 1.26

LEGENDA AMBIENTES BLOCO D - LAZER E EXP. FOYER + GALERIA WC FEMININO WC MASCULINO WC PNE ESPAÇO DE EVENTOS SALA DE SOM

QUADRO DE ESQUADRIAS PEITORIL MATERIAL MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA MADEIRA 1.05 MADEIRA COM VENEZIANA 0.95 MADEIRA COM VENEZIANA MADEIRA COM VIDRO 0.58 1.16 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 1.76 MADEIRA COM VENEZIANA 2.37 MADEIRA COM VENEZIANA 1.74 MADEIRA COM VIDRO 1.74 MADEIRA COM VIDRO 1.16 MADEIRA COM VIDRO COBOGÓ CERÂMICO 0.44

FOLHAS TIPO ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 1 ABRIR 2 ABRIR 2 CORRER 2 PIVOTANTE 1 PIVOTANTE 4 PIVOTANTE 4 PIVOTANTE 6 PIVOTANTE 6 PIVOTANTE 8 BASCULANTE 1 BASCULANTE 1 FIXO FIXO -


Figura 60: Planta Baixa Bloco D. Fonte: Produção autoral.

93


94

Figura 61: Cortes Bloco D. Fonte: Produção autoral.


Figura 62: Perspectiva Bloco D. Fonte: Produção autoral.

95


6.10. ARQUIBANCADA O esporte é um marco cultural do brasileiro e se faz necessário projetar um local que agregue e incentive esta prática para os visitantes. Por tanto, a quadra poliesportiva com arquibancadas pode ser acessada pelas duas entradas principais, como também pela modificação feita no terreno, que cria uma elevação no terreno em que os visitantes podem subir, além de ter acesso visual a toda a quadra.

96


3.00

10.32

8.36

10.32

29.00

1

3.00 1

1

2.10 1

2.10

2.10

1

2.10

1

75

°

3.11

1 1

3.00

1

2.10

2.10

2.10

2.10

B

N

1

02

24.00 2.10

1

01

2.10

39.20 2.10

35.00

GRAMADO INCLINADO

ARQUIBANCADA

QUADRA

2.10

B

2.10

3.00

1

18.00

28.20

A 18.00

A

Figura 63: Planta Baixa Arquibancada. Fonte: Produção autoral.

01 PL. BAIXA ARQUIBANCADA ESCALA

1/200

97


98

Figura 64: Cortes Arquibancada. Fonte: Produção autoral.


6.11. DETALHES 10

10 2 7

12 7

11

50

3 21 2 21 3

30 27

9

2 11 2

50

AMARRAÇÃO COM FERROS PREENCHIMENTO DE CONCRETO CANALETA ESTRUTURAL CERÂMICA 14X9X44 ALVENARIA DE BLOCO ESTRUTURAL CERÂMICO 14X19X44

3 21 2 21 3 CALHA METÁLICA

02 DET. 02 - CALHA

166

Figura 65: Detalhes 01 a 05. Fonte: Produção autoral.

2

.0

0

1/20

1/12.5

.1

11 10 5 10 5 10 5 10 5 10 5 10 5 10 5 10 5 10 5 10 5 10 6

410 67 4

ESCALA

15 4

04 DET. 04 - JARDIM VERTICAL ESCALA

03 DET. 03 - CINTA DE AMARRAÇÃO

1/20

1.30 .09.10.10.10.10.10.10.10.10.10.10.10.10

ESCALA

1/20

67

ESCALA

20 4

01

DET. 01 - COBOGÓ

.10

05 DET. 05 - BRISE ESCALA

1/20

99


CHAPIM

6

2

19

TELHA METÁLICA COM ISOLAMENTO TERMOACÚSTICO INCLINAÇÃO 5%

61

65

67

RUFO

TERÇA

200

25

NERVURA INTERNA DA LAJE LAJE CAIXÃO PERDIDO

10

45

10

PLATIBANDA

194

PILAR METÁLICO. D=0.30

30

01 DET. 06 - ESTRUTURA COBERTA ESCALA

100

Figura 66: Detalhes 06. Fonte: Produção autoral.

1/20


PISO BLOCO D

9

CINTA DE AMARRAÇÃO ESTRUTURAL

100 BLOCO ESTRUTURAL CERÂMICO

200

161

PREENCHIMENTO EM PEDRA

10

20

BASE DE CONCRETO

10 10

20

10 10

60

02 DET. 07 - BALDRAME ESCALA

Figura 67: Detalhes 07. Fonte: Produção autoral.

1/20

101



PERSPECTIVAS GERAIS


104

Figura 68: Perspectiva Entrada. Fonte: Produção autoral.


Figura 69: Perspectiva Formação. Fonte: Produção autoral.

105


106

Figura 70: Perspectiva Caminho Principal. Fonte: Produção autoral.


Figura 71: Perspectiva Exposição. Fonte: Produção autoral.

107



07

CONSIDERACOES FINAIS


Muito se discute sobre o combate da marginalização e como a educação pode influenciar diretamente nisto. A partir deste contexto, foram demonstrados através de estudos aqui apresentados, os conceitos de arte e cultura, e como a criação de um equipamento cultural pode contribuir para o resgate de jovens marginalizados para um meio social mais adequado, além de proporcionar e disseminar arte e cultura, conhecimento e práticas artísticas para uma parcela da população que tem acesso limitado devido as condições sociais em que estão inseridas. Foram analisados projetos de referência, pesquisas do meio cultural e sociológico e estudos sobre como este tipo de equipamento pode introduzir os jovens no meio social, assim como a Arquitetura Institucional pode potencializar a utilização do edifício por ser um elemento atrativo e dinâmico na paisagem, fugindo da representação usual de escolas do Estado do Ceará. Portanto, para a finalização da primeira etapa do Trabalho de Conclusão de Curso busca-se prosseguir com as diretrizes projetuais apresentadas nesta pesquisa, afim de projetar um instituto que auxilie todas as necessidades consideradas aqui, para o melhor desempenho da função de um centro cultural, e que também possa enriquecer e disseminar a cultura para os jovens, e que os mesmos possam, através do aprendizado, expandir a cultura cearense para o mundo.

110


111



08

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS


e-MEC – Sistema de Regulação do Ensino Superior. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br>. Acesso em: 17 de fev. 2019.

WILLIAMS, Raymond. Cultura. 2ª edição. São Paulo, Editora Paz e terra, 2000.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://ibge.gov.br>. Acesso em: 17 de fev. 2019.

VAN LENGEN, Johan. Manual do arquiteto descalço. 1ª edição. São Paulo, B4 Ed.,

BARBOSA, A.M. (Org.) Inquietações e mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2003. 184p. GONÇALVES, T.; BRIONES, H.; PARRA, D.; VIEIRA, C. Docência – Artista, do Artista – Docência: Seminário Dança Teatro Educação. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2012. PREDES, B. Semana da Arte Moderna. 2002. Disponível em: <https://pt.scribd.com/document/94972002/Semana-Da-Arte-Moderna>. Acesso em: 08 de fev. 2019. SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez, 1986. AQUIRAZ. Uso e ocupação do solo. Lei nº 947, de 22 de dezembro de 2011. ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA. INFOESCOLA. Disponível em: <https://www.infoescola.com/arquitetura/arquitetura-bioclimatica/>. Acesso em: 12 mai. 2019. ARQUITETURA E MEIO AMBIENTE: UMA EXPERIÊNCIA PROJETUAL A PARTIR DE PARÂMETROS DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL. ELECS 2007. Disponível em: <http://www.elecs2013.ufpr.br/wpcontent/uploads/anais/2007/2007_artigo_031.pdf. Acesso em: 13 maio. 2019. GUYOT, Jean-Louis. Arquitectura bioclimática. Barcelona, 1980.

114

WILLIAMS, Raymond. Cultura e sociedade. São Paulo, Editora Nacional, 1969. 2014. NEVES, Leticia de Oliveira. Arquitetura bioclimática e a obra de Severiano Porto: estratégias de ventilação natural. 2006. Dissertação (Mestrado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006. doi:10.11606/D.18.2006.tde-03012007-232857. Acesso em: 02 junho 2019. GIVONI, Baruch. Climate Considerations in Building and Urban Design. New York: Van Nostrand Reinhold, 1998. ROMERO, Marta Adriana Bustos. Princípios bioclimáticos para o desenho urbano. 2ª ed. São Paulo: Pro E, 2000.


115


MOOV studio grรกfico


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