Kailani

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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE GRADUAÇÃO

Kailani HOTEL-ESCOLA

MARCELLA MORAIS CORREIA TEIXEIRA ORIENTADORA: PROFª. Mª. ANA CAROLINE DE C. LOPES DANTAS DIAS. FORTALEZA - 2020



Kailani HOTEL-ESCOLA

Uma nova experiência em Fortaleza. O hotel-Escola Kailani chega à cidade com uma proposta diferenciada de aliar a sofisticação de uma arquitetura moderna a conceitos de bem-estar, sustentabilidade, aconchego, humanização e excelência, todos aplicados a hotelaria e a educação. Possui o propósito fundamental de proporcionar, através da vivência dos espaços, experiências afetivas únicas e especiais. De origem havaiana, o nome “Kailani” tem como significado “mar e céu”, sendo essa uma das grandes propostas do empreendimento – criar sensações e desenvolver novos sentimentos aos seus usuários, como a paz que só mar oferece, juntamente com a serenidade e a confiança transmitidas pelo céu –, esses unidos ao desejo de integrar-se com o marcante clima praiano da cidade de Fortaleza, bem como no bairro o qual está inserido.


FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLÓGIAS - CCT ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

Kailani HOTEL-ESCOLA

Fortaleza - Ceará 2020


MARCELLA MORAIS CORREIA TEIXEIRA

Kailani HOTEL-ESCOLA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientadoras: Profª. Mª. Ana Caroline de C. Lopes Dantas Dias.

Fortaleza - Ceará 2020



MARCELLA MORAIS CORREIA TEIXEIRA

Kailani HOTEL-ESCOLA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA _____________________________________ Arq. Ana Caroline de C. Lopes Dantas Dias. Orientadora _____________________________________ Arq. Verena Rothbrust De Lima Professora Convidada _____________________________________ Arq. Kaila Mendes Araújo Lima Arquiteta Convidada



‘’ A nossa vida em grande parte compõe-se de sonhos. É preciso ligá-los à ação’’. (Anaïs Nin)


Resumo O hotel-escola Kailani é uma proposta de empresa de cunho pedagógico, que tem como intuito unir teoria à prática, oferecendo assim um empreendimento de qualidade atrelado a um atendimento de excelência, visto que grande parte dos funcionários são formados pelos cursos profissionalizantes fornecidos no centro de ensino presente no local. A arquitetura entra como peça chave para a elaboração de tal projeto, visto a necessidade de atender a duas tipologias diferenciadas, tratando e respeitando as especificidades de cada uma individualmente, tanto na área educacional como hoteleira. Para isso, utiliza-se de espaços planejados e eficientes, que visam a funcionalidade e o bem-estar para o usuário, a fim de atender conceitos de humanização, ambiência, acessibilidade, conforto ambiental, sustentabilidade, eficiência energética, entre outros. Portanto, o terreno escolhido para receber o projeto fica localizado no bairro Praia do Futuro II, tendo ele cerca de 12 mil metros quadrados, possuindo 4 frentes. Para a sua implantação idealizou-se dois edifícios distintos e acessos independentes para cada atividade – ensino, hoteleira e serviços em geral. Já ao centro do terreno, em uma área com visual e ventilação privilegiadas, há um amplo espaço destinado ao lazer. Unidos a isto, as escolhas estéticas que visam trazer conforto e beleza ao local, assim como o uso da vegetação, que entra como aliado para ajudar a transmitir ao usuário a sensação de tranquilidade e acolhimento. Palavras-Chaves: Escola, Hotel, Arquitetura.


Abstract The school hotel Kailani it is a proprosition of a company with a pedagogical nature, that has the purpose of bringing together theory and practice, offering a quality enterprise, attached with a excelent costumer servise, as most part of the employees are being educated by professionalizing classes offered by the school, present in the building. The architecture enters as the main piece in the project, since the necessity of attending both of the different types of projects, treatting and respecting the details of each one individually, both the hotel area and the school area. That being said, using planned and eficient spaces, aiming for its funcionality and the well-being of those who use those spaces, with the purpose of meeting the concepts os humanization, ambience, acessibility, enviromental confort, sustentabilty, energetic efficiency, and others. So, the terrain tha was chosen for this project is located in the Praia do Futuro II neighborhood, with approximately 12 thousand square meters, and 4 fronts. For its implantation, it was thought of two different buildings, with independent acess for each activity – education, hotel and services in general. The center of the terrain, that has a great view and privaleged ventalation, has a wide space destinated for leisure. United with all these strategies, the estetical aspects aim to bring confort and beauty to the project, as the use of vegetation, that enters as an ally to help transmiting to the users the sensation of tranquility and reception. Key words: School, Hotel, Architecture



Agradecimentos Chego ao fim de uma das mais importantes e longas jornadas da minha vida e com isso devo agradecimentos a algumas pessoas essenciais para essa minha conquista. Primeiramente à Deus, por sempre ter estado comigo, me enchendo de garra e persistência para não desistir dos meus sonhos e daquilo em que acredito, e mesmo em tempos difíceis, ter dado a mim e aos meus familiares condições para sempre seguir em frente. À minha família, ao meu pai, Weber, por todo cuidado e torcida, por estar sempre presente, desde as visitas as lojas nos primeiros semestres, até a viagem para visita técnica do meu projeto final, ele com certeza é meu grande parceiro nessa vitória. A minha mãe, Silvia, por ser a calma e acalento nos momentos de cansaço e desespero, com suas palavras brandas e positivas, sempre trazendo esperança e força para dias melhores. E a minha irmã, Isabelle, por toda compreensão e apoio. Devo a eles minha formação, pois sempre apostaram em mim e sempre fizeram o possível e impossível para que eu tivesse uma educação de qualidade. Ao meu namorado, Caio, por todo companheirismo e força, ele que inúmeras vezes acreditou mais no meu potencial do que eu mesma e sempre esteve presente para me alegrar e apoiar, obrigada por todo amor e compreensão. Aos amigos que fiz dentro da faculdade e nos escritórios em que trabalhei, por toda troca

de experiência, opiniões e vivências, sempre dispostos a ajudar e compartilhar conhecimento, além de momentos prazerosos de boas risadas e muita diversão. Em especial a Beatriz e a Amanda, amigas das quais compartilhei todos os anos dessa caminhada e que levo para minha vida, obrigada por toda ajuda e apoio, foram de suma importância para que eu chegasse até aqui, juntamente a um amigo que dividiu essa caminhada de projeto final junto a mim, Vinícius, obrigada por toda troca e partilha. E também as minhas amigas de colégio, que mesmo distante, sempre se fizeram presentes na minha vida. Não poderia deixar de agradecer também aos funcionários incríveis que me receberam na minha visita técnica no Hotel Senac Barreira Roxa, em Natal, juntamente a arquiteta do Senac, Mariana Madruga, que me proporcionou visitas guiadas que foram peça chave para o bom desenvolvimento do meu projeto. Por fim e não menos importante, a Universidade de Fortaleza, pela excelente infraestrutura fornecida aos seus alunos, ao seu corpo docente de extrema qualidade e a minha orientadora, Ana Caroline Dantas Dias, por ser além de uma profissional exemplar, ser também um ser humano ímpar, sempre disposta a ajudar, cedendo seu tempo e a compartilhando tanto conhecimento, meu muito obrigada.


Lista de figuras Figura 1 – Apropriação dos espaços por meio da psicologia ambiental // 41 Figura 2 – Ventilação vertical e horizontal // 43 Figura 3 – Energia Eólica // 43 Figura 4 – Painés solares // 43 Figura 5 – Estratégias de sombreamento // 44 Figura 6 – Orientação solar // 44 Figura 7 – Usina hidroelétrica de Itaipú – Brasil // 45 Figura 8 – Exemplo de arquitetura energética // 46 Figura 9 – Dimensões de deslocamento, valores de referência e área para manobras // 49 Figura 10 – Piso tátil, direcional e de alerta // 50 Figura 11 – Sensores de semáforos // 50 Figura 12 – Grande Hotel Campos de Jordão: setorização // 54 Figura 13 – Grande Hotel Campos de Jordão // 54 Figura 14 – Centro Universitário Senac – Campos do Jordão, com a utilização de painéis solares // 55 Figura 15 – Banheiro adaptado para deficientes // 55 Figura 16 – Recepção do hotel com o estilo Art Nouveau conservado // 56 Figura 17 – Recepção do hotel com o estilo Art Nouveau conservado // 56 Figura 18 – Cozinha pedagógica Grande Hotel Campos de Jordão // 56 Figura 19 – Laboratório de hospedagem - Grande Hotel Campos de Jordão // 57 Figura 20 – Laboratório de alimentos e bebidas - Grande Hotel Campos de Jordão // 57 Figura 21 – Núcleo de Prática Jurídica Unileão // 57 Figura 22 – Planta baixa setorizada e programa de necessidades - Núcleo de Prática // 58 Figura 23 – Jardins criados pelas empenas cegas // 58 Figura 24 – Corte longitudinal FF // 59 Figura 25 – Estratégias utilizadas para ventilação e iluminação natural // 59 Figura 26 – Pátio interno com rasgo longitudinal // 59 Figura 27 – Entrada Núcleo de Prática Jurídica Unileão // 60 Figura 28 – Hotel Senac Barreira Roxa // 60 Figura 29 – Entrada principal Senac Barreira Roxa // 60 Figura 30 – Área de lazer externa Hotel Senac Barreira Roxa // 62


Figura 31 – Planta subsolo setorizada // 62 Figura 32 – Planta térreo setorizada // 62 Figura 33 – Planta anexo setorizada // 63 Figura 34 – Auditório e Sala de Reunião Hotel Senac Barreira Roxa // 63 Figura 35 – Planta cozinha detalhada // 65 Figura 36 – Recepção Hotel Senac Barreira Roxa // 65 Figura 37 – Área de estar entre quartos, Hotel Senac Barreira Roxa // 65 Figura 38 – Decoração regional Hotel Senac Barreira Roxa // 66 Figura 39 – Centro de Ensino Senac Natal // 67 Figura 40 – Cozinha pedagógica - Centro de Ensino Senac Natal // 67 Figura 41 – Planta Centro de Ensino – Andar 1 setorizada // 67 Figura 42 – Planta Centro de Ensino – Andar 0 setorizada // 68 Figura 43 – Carretas-escolas // 68 Figura 44 – Localização do Ceará, Fortaleza e Praia do Futuro II // 72 Figura 45 – Plano Fortaleza 2040 // 73 Figura 46 – Localização do terreno // 74 Figura 47 – Terreno // 74 Figura 48 – Terreno // 74 Figura 49 – Terreno // 74 Figura 50 – Aspectos bioclimáticos // 75 Figura 51 – Tipologia viária // 76 Figura 51 – Uso do solo // 77 Figura 53 – Gabarito // 78 Figura 54 – Zoneamento // 79 Figura 55 – Fluxograma hotel-escola Kailani // 85 Figura 56 – Zoneamento preliminar // 87 Figura 57 – Estudo de formas – hotel // 87 Figura 58 – Estudo de formas – centro de ensino // 88 Figura 59 – Inserção no entorno existente // 91 Figura 60 – Referência cerca-viva // 97 Figura 61 – Referência canteiros piscina // 97 Figura 62 – Referência espelho d'água e passagens // 97 Figura 63 – Fachada principal do hotel // 99 Figura 64 – Referência escada metálica // 101 Figura 65 – Referência divisórias acústicas // 101 Figura 66 – Vista área de lazer voltada para o hotel // 103


Figura 67 – Referência divisórias em vidro temperado // 105 Figura 68 – Revestimento metálico Quadrolines perfurado // 109 Figura 69 – Vista fachada principal e fachada serviço // 111 Figura 70 – Vista entrada quarto tipo 05 // 113 Figura 71 – Vista frontal (cama) quarto tipo 05 // 114 Figura 72 – Vista lateral quarto tipo 05 // 115 Figura 73 – Vista frontal (home) tipo 05 // 116 Figura 74 – Vista frontal (copa) tipo 05 // 117 Figura 75 – Vista circulação (cozinha + closet) tipo 05 // 118 Figura 76 – Inspiração diferença de volumes e beiral com vegetação // 121 Figura 77 – Fachada principal centro de ensino // 123 Figura 78 – Área de lazer hotel conectada a escola // 124 Figura 79 – Proposta de área social para escola // 125 Figura 80 – Proposta de área social para escola // 126 Figura 81 – Inspiração formato e material marquise // 134 Figura 82 – Inspiração beiras varandas com vegetação // 134 Figura 83 – Inspiração beiras varandas com vegetação // 134 Figura 84 – Inspiração brises em madeira // 134 Figura 85 – Laje Bubbledeck // 140


Lista de tabelas Tabela 1: Classificação do hotel-central // 22 Tabela 2 – Programa de necessidades – Grande Hotel Campos de Jordão // 55 Tabela 3 – Programa de Necessidades – Centro Universitário // 56 Tabela 4 – Referências projetuais tomadas como orientação - Grande Hotel Campos de Jordão // 57 Tabela 5 - Referências projetuais tomadas como orientação - Núcleo de Prática // 60 Tabela 6 – Programa de necessidades – Hotel Senac Barreira Roxa // 61 Tabela 7 – Programa de necessidades – Centro de ensino Senac Natal // 65 Tabela 8 – Parâmetros ZO 7 // 79 Tabela 9 – Diretrizes Projetuais // 82 Tabela 10 – Programa de necessidades - Centro de Ensino // 83 Tabela 11 – Programa de Necessidades – Hotel // 85 Tabela 12 – Índices Urbanísticos // 92 Tabela 13 – Dimensionamento lajes BubbleDeck // 140

Lista de gráficos Gráfico 1 – Pirâmide Etária Praia do Futuro II // 72


Sumário 01 Introdução

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01.01. Justificativa // 22 01.02. Objetivos de Pesquisa // 23 01.03. Procedimentos de Pesquisa // 24

02 Turismo

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02.01. Turismo no Brasil // 28 02.02. Turismo em Fortaleza // 29

03 Hotel - Escola

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03.01. Definição // 34

04 Aspectos 04.01. Arquitetura Hoteleira // 38 04.02. Arquitetura Educacional // 40 04.03. Arquitetura Bioclimática // 42 04.04. Arquitetura Sustentável // 45

teoricos projetuais 04.05. Arquitetura Humanizada // 49 04.05.01. Humanização dos espaços // 49 04.05.02. Acessibilidade // 49 04.05.03. Ergonomia // 50

37


05 Referencial projetual

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05.01. Grande Hotel Campos de Jordão // 54 05.02. Núcleo de Prática Jurídica Unileão // 57 05.03. Visita Técnica – Hotel Senac Barreira Roxa // 60

06 Area do projeto 06.01. Localização e terreno //72 06.02. Condições Fisio-Ambientais //75 06.03. Análise Viária //76

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06.04. Uso do solo //77 06.05. Gabarito //78 06.06. Legislação //79

07 Projeto arquitetônico 07.01. Diretrizes projetuais // 82 07.02. Programa de Necessidades e Fluxograma // 83 07.03. Capacidade de Atendimento // 86 07.04. Zoneamento Preliminar // 87 07.05. Projeto // 90 07.05.01. Situação e Coberta // 92 07.05.02. Implantação // 96 07.05.03. Planta Pav. Térreo - Hotel // 100

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07.05.04. Planta 1º Pav. - Hotel //104 07.05.05. Planta Pav. Tipo - Hotel //108 07.05.06. Quarto Modelo - Hotel //112 07.05.07. Planta Térreo - Centro de Ensino //112 07.05.08. Planta de Subsolo //128 07.05.09. Cortes //130 07.05.10. Fachadas //134 07.05.11.Sistema Construtivo //140

08 Considerações finais

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09 Referências bibliográficas

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01 Introdução


01.01. JUSTIFICATIVA As potencialidades turísticas do Ceará, e de Fortaleza, em particular, são há muito conhecidas e exploradas. As belezas naturais: praias mornas, lagoas, dunas e vento propicio às práticas de esportes náuticos, aliadas a uma culinária exótica são alguns desses atrativos. Eventos festivos que acontecem anualmente na região também consolidam o turismo, como o Carnaval, São João e Micaretas. Por volta do século XIX houve a fortificação das práticas turísticas no Brasil, com a criação de novos meios de locomoção, facilitando o acesso de um local a outro. O que antes era para um grupo reduzido de pessoas – as que possuíam altas posições sociais, com a revolução dos transportes, foi se popularizando e tornando-se uma prática frequente e em constante crescimento até os dias atuais. Já na capital do Ceará, desde o ano de 1990, com a inauguração do primeiro programa de desenvolvimento que foi executado na área do turismo, a atividade se intensificou na região. (CEARÁ, 2015) Essa prática turística é de extrema importância para a cidade de Fortaleza, visto a dinamização que gera na sua economia, interferindo em várias áreas como o comércio, vendas, gastronômica e de entretenimento, conforme a Setur (2019). Com a propagação e intensificação do turismo, há uma crescente necessidade de hotéis de qualidade para atender e receber os turistas, que podem vim tanto a trabalho como a lazer. Diante dessa carência, inicia-se o surgimento na hotelaria brasileira de diversas variações no conceito básico e um hotel, atrelando novos conceitos e novas funcionalidades, demandando assim de uma mão 22

e obra qualificada. Em algumas cidades do Brasil essas novas tipologias vêm se popularizando e encontram-se em constante crescimento, como por exemplo o hotel- histórico, hotel-boutique, hotel-fazenda e hotel-escola, o qual atrela a prática hoteleira a um ensino de qualidade e está em sua maioria unido ao Senac, tornando-se assim referência no ramo hoteleiro. No primeiro semestre do ano de 2019, o Ceará foi o estado que mais cresceu em atividades turística em todo o país, indica o IBGE (SETUR, 2019). Enquanto o índice nacional é em cerca de 3%, o índice cearense atinge a marca de 12%. Sendo assim, quando se depara com esse cenário somado à necessidade de mão de obra capacitada na área, consegue-se perceber a imprescindibilidade da construção de um hotelescola na capital do Ceará. Ademais, dados confirmam que o percentual de empregabilidade de alunos que concluem a formação nesse tipo de ensino chega a 85% (GURGEL, 2019), ajudando, na diminuição do número de desemprego na região. Segundo Andrade, Brito e Jorge (2004), que classifica os hotéis de acordo com sua localização, uso e infraestrutura, o projeto em questão de um hotel-escola na cidade de Fortaleza, estaria enquadrado como um hotel central. TIPO

Hotel - H

LOCALIZAÇÃO

Preferencialmente urbana

NATUREZA DA EDIFICAÇÃO

Normalmente, em edificação com vários pavimentos (partido arquitetônico vertical)

CLIENTELA Mista, com executivos e turistas PREFERENCIAL e dependendo da categoria, INFRA-ESTRUTURA Hospedagem infraestrutura para lazer e negócios Tabela 1 – Classificação do hotel-central. Fonte: Andrade, Brito e Jorge (2004)


01.02. OBJETIVOS DE PESQUISA A arquitetura entra como corroborador fundamental para o sucesso do hotel-escola aplicando-se os conceitos de arquitetura bioclimática, eficiência energética, ergonomia, desenho universal e humanização dos espaços, buscando solucionar a complexa dinâmica de um edifício desse porte de maneira funcional e exequível, respeitando a legislação e a normativa existente. Dessa forma, através do projeto, pretende-se trazer tanto aos hóspedes, como para os funcionários, alunos e professores o sentimento de acolhimento, conforto e bem-estar, a partir de um programa de necessidades e planejamento espacial que integrem a infraestrutura educacional ao conceito pré-existente de hotel.

OBJETIVO GERAL Elaborar um projeto arquitetônico de um hotel-escola privado e com fins lucrativos, na cidade de Fortaleza, englobando os conceitos de eficiência energética, ergonomia e humanização, com o intuito de aliar a prática e o ensino de excelência no âmbito de hotelaria, turismo e gastronomia, juntamente com a prestação de serviços, vivência, comércio e lazer para que se possa profissionalizar e capacitar novos trabalhadores no mercado de trabalho.

OBJETIVO GERAL 1.1.1. Entender o contexto do turismo na cidade de Fortaleza, junto à suas demandas e especificidades; 1.1.2. Compreender o conceito de hotelescola e o seu desenvolvimento e importância ao longo da história até os dias atuais; 1.1.3. Estudar, analisar e aplicar as diretrizes arquitetônicas para um projeto na área de hotelaria e ensino; 1.1.4. Investigar os conceitos de projetos de: eficiência energética, arquitetura bioclimática, ergonomia e humanização dos espaços, com o intuito de fundamentar teoricamente a proposta projetual; 1.1.5. Observar projetos de referência, buscando inspirar e compreender as necessidades das soluções a serem adotadas; 1.1.6. Realizar visita técnica em um hotelescola, buscando perceber a arquitetura necessária para um bom funcionamento do edifício; 1 . 1 . 7. E l a b o ra r u m p ro g ra m a d e necessidades e as diretrizes projetais compatível com o uso, para que satisfaça os usuários e 23


01.03. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA funcionários com ambientes funcionais; 1.1.8. Conhecer e realizar visitas à uma área da cidade para que seja possível a escolha de um terreno que justifique a implantação do projeto; 1.1.9. Estabelecer um macrozoneamento da edificação no terreno.

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1.1.1. Levantamento bibliográfico, através de artigos, monografias, livros e produções científicas, com o intuito de fundamentar teoricamente o projeto a ser realizado. 1.1.2. Levantamento documental baseado em notícias de sites de jornais, normas e legislações referentes à localização do terreno, junto aos critérios adotados de eficiência energética, ergonomia, acessibilidade e conforto ambiental. 1.1.3. Análise de projetos de referência no Brasil a fim de compreender e determinar as diretrizes e base para o projeto arquitetônico, auxiliando para montar um programa de necessidades completo e funcional. 1.1.4. Visita técnica a um hotel-escola já existente com a finalidade de vivenciar a prática do local, entender seus fluxos e demandas, conhecer seus usuários e funcionários e perceber suas necessidades e opiniões.


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02 Turismo


02.01. TURISMO NO BRASIL O turismo, tem seu conceito definido pela OMT – Organização Mundial de Turismo (2015), como um conjunto de atividades que pessoas realizam durante viagens de curto período de tempo, seja com fins de lazer, negócios, entre outros. Essa ação se consolidou no século XIX com a criação de barcos a vapor e trens, que vieram a facilitar e diminuir o tempo de percurso de um local a outro. Entretanto, no início era apenas para um grupo seleto de pessoas, devido ao seu alto custo, e que tinham como objetivo um aprimoramento dos seus conhecimentos, com intuito de educar e refinar os costumes sociais. "O turismo, ou seja, viajar com o objetivo de apreciar a viagem e nenhuma outra finalidade, começou durante o período do romantismo, no final do século 18." (SPODE, 2015) Com a evolução dos meios de transporte, essa pratica foi se popularizando cada vez mais e se tornando mais acessível e disponível também para as classes médias, tornando-se marca de posição social realizar viagens pelo menos uma vez ao ano. É difícil marcar o início dessa atividade no Brasil, pois desde os primórdios existiam viajantes para fins comerciais. Todavia, no período colonial, momento o qual ocorreu a abertura dos portos, juntamente com a presença da corte e com a chegada de imigrantes em território brasileiro, começava então a mudar o contexto de viagens e de hábitos, surgindo assim construções de hotéis, restaurantes, criação de ferroviais e busca por infraestrutura local. (QUEIROZ, 2012) Os primeiros locais a receber turistas foram Campos do Jordão, Petrópolis e Poços de Caldas. Mas, no ano de 1907, segundo Queiroz (2012), o 28

o Brasil recepcionou a primeira excursão internacional e a partir dessa iniciativa e dos bons retornos trazidos, começou-se a receber incentivo nas construções de hotéis, como o Grande Hotel de São Paulo, local histórico construído desde 1878, transformado em uma grande rede de hotéis-escola junto ao Senac e que se encontra em funcionamento até hoje. No ano de 1923 houve uma das primeiras iniciativas para alavancar a atividade turística em prol da comemoração de 100 anos de independência e esta foi realizada pela sociedade brasileira de turismo, que visava promover o país para o mundo. Já no ano de 1950, com a atividade mais consolidada, a Confederação Nacional de Comércio lança campanhas para oficializar a prática e cria o Conselho do Turismo. (QUEIROZ, 2012) Eventos marcantes como a descoberta do petróleo, a copa de 1950, os títulos mundiais e a construção de Brasília fizeram com que os olhos se voltassem para o Brasil e em seguida, desse início a Comissão Brasileira de Turismo e leis que regulamentassem essa atividade. (QUEIROZ, 2012) A partir desses marcos na história a prática turística foi se expandindo e ganhando mais força e importância na economia nacional. De acordo com o Ministério do Turismo (2018), no ano de 2017, as atividades turísticas foram responsáveis por 163 bilhões de reais nos cofres brasileiros, equivalente a quase 8% do PIB do país, índice que só tem estimativa de crescimento para os próximos anos. Ademais, citando a geração de emprego, o turismo é encarregado de empregar 7 milhões de postos de trabalho, tornando-se o 6º maior gerador de ofícios, sejam eles diretos ou indiretos. Para fins de planejamento, criaram-se


02.02. TURISMO EM FORTALEZA derivações no setor do turismo, podendo assim diferenciar as práticas e motivos pelos quais as pessoas buscam tal passeio e/ou viagem. Dentre as várias classificações podemos ver, por exemplo, o turismo sol e praia, cultural, social, rural e ecoturismo, sendo cada um deles mais predominante dependendo da região do país. Como no caso do Nordeste, onde há preponderância de suas belezas naturais, sol intenso e ventos fortes, tudo isso junto à culinária diferenciada e eventos festivos, faz com que a região se torne extremamente atraente ao público que procura o turismo de sol e praia.

A capital do estado do Ceará, um núcleo receptor de turistas, vem se tornando cada vez mais um destino procurado pelos turistas, tanto internacionais como nacionais. A região conta com muitos atrativos turísticos, muito deles proporcionados pelo clima local e suas belezas naturais, entre elas as praias mornas, lagoas, dunas e ventos fortes que proporcionam a prática de esportes náuticos. Aliados a isso, uma culinária exótica chama a atenção dos visitantes. Ademais, a cidade conta com uma vida noturna agitada e diversificada, como festas que possuem todos os tipos musicais e bares para os turistas desfrutarem de boas bebidas e comidas. Some-se a isso os eventos festivos como Carnaval, São João e Micaretas, que acontecem anualmente e também fortalecem e consolidam o turismo local, trazendo visibilidade para capital. O ano de 1990 representa um marco na história do turismo no Ceará, devido à implantação do Primeiro Programa de Desenvolvimento na área. Após esse acontecimento a atividade apenas cresceu na região, pelo fato de ser o maior formador de PIB do estado, desde 1995 (CEARÁ, 2015). A partir disso, é traçada uma missão governamental, que tem como objetivo transformar o Ceará em um destino turístico consolidado, utilizando estratégias de marketing, melhoria na infraestrutura local, reestruturação econômica e especialmente, com qualificação e capacitação de mão de obra especializada. Percebe-se a importância do turismo quando se nota a dinamização que essa atividade exerce em diversos setores da economia, como por exemplo: transporte, venda de produtos locais, alimentação, entretenimento, entre outros, 29


movimentando assim o capital de trabalhos formais e informais (SETUR, 2019). De acordo com o Ministério do Turismo (2019), Fortaleza é o segundo destino mais procurado pelos turistas no Brasil. Essa vocação turística da região tem resultado em muitos investimentos na rede hoteleira e em vários setores que derivam do turismo, como restaurantes, barracas de praia, clubes, boates e muitos outros. Atualmente, com o início da operação HUB, que é uma parceria entre as companhias aéreas GOL e Air France (linha área francesa), a qual já trouxe no seu primeiro ano de implantação mais de 2,5 milhões de passageiros de destinos domésticos e internacionais para o Nordeste, afirma Menezes (2019). Com esse HUB, a capital torna-se a terceira cidade com maior número de voos semanais para o exterior, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Após todas essas modificações, o Ceará teve o maior crescimento de turistas europeus no ano de 2019. O esforço do poder público se dá no sentido de manter esse crescimento a fim de fomentar um impacto e o desenvolvimento no estado. Com essa mudança no cenário cearense, as redes hoteleiras devem se preparar para um aumento na média de ocupação nos meios de hospedagem, que, no ano de 2016, já havia atingindo 69,6%, sendo desses 74% em hotéis. “Devemos ter aumento sim no fluxo turístico, e isso vai aquecer o ânimo dos investidores em construir mais hotéis” (MEDEIROS, 2019). Esse cenário não só justifica, como demanda em curto prazo, um esforço no sentido da capacitação e profissionalização da mão de obra local, nos mais diversos setores da hotelaria – 30

serviços em geral, gastronomia, gestão e marketing. Isto implica no surgimento de espaços de ensino e prática dessas atividades, como, por exemplo, um hotel-escola. Essa formação seria fundamental para a prestação de um bom serviço, e, principalmente, para o incremento da geração de emprego e renda em âmbito local.


Chego ao fim de uma das mais importantes e longas jornadas da minha vida e com isso devo agradecimentos a algumas pessoas essenciais para essa minha conquista. Primeiramente à Deus, por sempre ter estado comigo, me enchendo de garra e persistência para não desistir dos meus sonhos e daquilo em que acredito, e mesmo em tempos difíceis, ter dado a mim e aos meus familiares condições para sempre seguir em frente. À minha família – ao meu pai, Weber, por todo cuidado e torcida, por estar sempre presente, desde as visitas as lojas nos primeiros semestres, até a viagem para visita técnica do meu projeto final, ele com certeza é meu grande parceiro nessa vitória. A minha mãe, Silvia, por ser a calma e acalento nos momentos de cansaço e desespero, com suas palavras brandas e positivas, sempre trazendo esperança e força para dias melhores. E a minha irmã, Isabelle, por toda compreensão e apoio. Devo a eles minha formação, pois sempre apostaram em mim e sempre fizeram o possível e impossível para que eu tivesse uma educação de qualidade. Ao meu namorado, Caio, por todo companheirismo e força, ele que inúmeras vezes acreditou mais no meu potencial do que eu mesma e sempre esteve presente para me alegrar e apoiar, obrigada por todo amor e compreensão. Aos amigos que fiz dentro da faculdade e nos escritórios em que trabalhei, por toda troca de

Aos amigos que fiz dentro da faculdade e nos escritórios em que trabalhei, por toda troca de experiência, opiniões e vivências, sempre dispostos a ajudar e compartilhar conhecimento, além de momentos prazerosos de boas risadas e muita diversão. Em especial a Beatriz e Amanda, amigas das quais compartilhei todos os anos de ensino e que levo para minha vida, obrigada por toda ajuda e apoio, foram de suma importância para que eu chegasse até aqui. E também as minhas amigas de colégio, que mesmo distante, sempre se fizeram presentes na minha vida. Não poderia deixar de agradecer também aos funcionários incríveis que me receberam na minha visita técnica no Hotel Senac Barreira Roxa, em Natal, juntamente a arquiteta do Senac, Mariana Madruga, que me proporcionou visitas guiadas que foram peça chave para o bom desenvolvimento do meu projeto. Por fim e não menos importante, a Universidade de Fortaleza, pela excelente infraestrutura fornecida aos seus alunos, ao seu corpo docente de extrema qualidade e a minha orientadora, Ana Caroline Dantas Dias, por ser além de uma profissional exemplar, ser também um ser humano ímpar, sempre disposta a ajudar, cedendo seu tempo e a compartilhando tanto conhecimento, meu muito obrigada.

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Figura 1 – Apropriação dos espaços por meio da psicologia ambiental Figura 2 – Ventilação vertical e horizontal Figura 3 – Energia Eólica Figura 4 – Painés solares Figura 5 – Estratégias de sombreamento Figura 6 – Orientação solar Figura 7 – Usina hidroelétrica de Itaipú – Brasil Figura 8 – Exemplo de arquitetura energética Figura 9 – Dimensões de deslocamento, valores de referência e área para manobras Figura 10 – Piso tátil, direcional e de alerta Figura 11 – Sensores de semáforos Figura 12 – Grande Hotel Campos de Jordão: setorização Figura 13 – Grande Hotel Campos de Jordão Figura 14 – Centro Universitário Senac – Campos do Jordão, com a utilização de painéis solares Figura 14 – Banheiro adaptado para deficientes Figura 15 – Recepção do hotel com o estilo Art Nouveau conservado Figura 16 – Recepção do hotel com o estilo Art Nouveau conservado Figura 17 – Cozinha pedagógica Grande Hotel Campos de Jordão Figura 18 – Laboratório de hospedagem - Grande Hotel Campos de Jordão Figura 19 – Laboratório de alimentos e bebidas - Grande Hotel Campos de Jordão Figura 20 – Núcleo de Prática Jurídica Unileão Figura 21 – Planta baixa setorizada e programa de necessidades - Núcleo de Prática Figura 22 – Jardins criados pelas empenas cegas Figura 23 – Corte longitudinal FF Figura 24 – Estratégias utilizadas para ventilação e iluminação natural Figura 25 – Pátio interno com rasgo longitudinal Figura 26 – Entrada Núcleo de Prática Jurídica Unileão Figura 27 – Hotel Senac Barreira Roxa Figura 28 – Entrada principal Senac Barreira Roxa Figura 29 – Área de lazer externa Hotel Senac Barreira Roxa


Figura 30 – Planta subsolo setorizada Figura 31 – Planta térreo setorizada Figura 32 – Planta anexo setorizada Figura 33 – Auditório e Sala de Reunião Hotel Senac Barreira Roxa Figura 34 – Planta cozinha detalhada Figura 35 – Recepção Hotel Senac Barreira Roxa Figura 36 – Decoração regional Hotel Senac Barreira Roxa Figura 37 – Área de estar entre quartos, Hotel Senac Barreira Roxa Figura 38 – Centro de Ensino Senac Natal Figura 39 – Cozinha pedagógica - Centro de Ensino Senac Natal Figura 40 – Planta Centro de Ensino – Andar 1 setorizada Figura 41 – Planta Centro de Ensino – Andar 0 setorizada Figura 42 – Cozinha pedagógica - Centro de Ensino Senac Natal Figura 43 – Localização do Ceará, Fortaleza e Praia do Futuro II Figura 44 – Plano Fortaleza 2040 Figura 45 – Localização do terreno Figura 46 – Terreno Figura 47 – Terreno Figura 48 – Terreno Figura 49 – Aspectos bioclimáticos Figura 50 – Tipologia viária Figura 51 – Uso do solo Figura 52 – Gabarito Figura 53 – Zoneamento

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Hotel - escola


03.01. DEFINIÇÃO Entende-se por hotel um estabelecimento com recepção e alojamentos temporários, que podem ser alugados mediante ao valor de uma diária, contendo ou não uma área para alimentação, segundo o Ministério do Turismo (2019). Este deve ser equipado para atender as necessidades básicas dos seus hóspedes, com cama, armários, banheiro e muitas vezes um frigobar. Com o crescimento dessa atividade, esse conceito básico vem se inovando e modernizando, trazendo ao ambiente novas vivências. Atualmente, o mercado hoteleiro tem ganhado força na economia brasileira. Hoje em dia as pessoas costumam investir muito mais em viagens do que há alguns anos e por esse motivo, o público tem se tornado muito mais exigente na hora da escolha de um local para se hospedar. (ALENCAR, 2014) A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) junto ao Ministério do Turismo se utilizam de estrelas para classificarem o tipo de hotel, podendo ele receber de no mínimo uma estrela e no máximo cinco, fato que influencia diretamente nos serviços ofertados e no valor da sua hospedagem. Para as necessidades básicas, todos devem contar com requisitos como infraestrutura adequada, serviços de qualidade e sustentabilidade. Porém, para cada estrela recebida o hotel deve atender a inúmeras condições adicionais que diferenciam essas categorias entre si e o fazem crescer nesse patamar. Sendo assim, os hotéis buscam diferenciar-se através de uma ampla oferta de espaços e serviços, e passam a ser além de um ambiente para descanso, buscando proporcionar 34

uma experiência emocional aos seus hóspedes, trazendo conforto, bem-estar e acolhimento, criando assim, uma identificação de estilo de vida. Diante disso, começaram a surgir “derivações” no ramo de hotelaria, como por exemplo hotéis fazendas, hotéis históricos, hotéis-escola, entre outros, os quais demandam mão de obra de qualidade e extremamente profissionalizada. A tipologia de hotéis-escola, ainda muito recente e entrelaçada às instituições privadas com fins lucrativos, vêm se expandindo e já existe em grandes cidades, como São Paulo e Natal, sendo estes serviços de referência que juntamente ao Senac, atrelaram formação teórica e prática direcionadas à hotelaria, turismo e gastronomia. Mais especificamente, entende-se por hotel-escola (GRANDE HOTEL, 2019) uma empresa com cunho pedagógico, que tem como intuito de fornecer aos alunos uma realidade profissional com uma metodologia diferenciada e de qualidade, para que o mesmo consiga desenvolver conceitos de trabalho em equipe, qualidade, ética, profissionalismo, entre outros. Dessarte, esse conceito hoteleiro juntamente ao ensino, configura-se em um ambiente dinâmico entre alunos, professores e funcionários, compartilhando o saber, a experimentação, e aprendendo com as potencialidades e fraquezas no ramo de hotelaria, turismo e gastronomia, com isso fortalecendo uma nova compreensão de ensino e aprendizagem. “Uma das principais vantagens da instituição é que os estudantes já saem da graduação com um diferencial a mais no currículo, pois a prática é realizada no hotel em pleno funcionamento, em que os alunos se deparam com todos os tipos de situação,


boas e ruins, e podem ter a certeza de que quando entrarem no mercado de trabalho terão a segurança de que podem conduzir todo tipo de questão referente á hospitalidade e a área gastronômica,” (CROTTI, 2011).

Assim, os hóteis-escola, como afirma Crotti (2011), são grandes empreendimentos que aliam a função pedagógica, fazendo com que o aluno passe por situações reais de trabalho onde o mesmo consegue manejar teoria e prática em pleno equilíbrio, se aperfeiçoando cada vez mais. Para isso, as instituições já existentes procuram manter os estudantes em constante contato com profissionais de destaques pelo mercado em palestras e eventos tanto nacionais como internacionais, deixando-os também alinhados às novas tecnologias. Os alunos, de fato, desfrutam do cotidiano que irão vivenciar ao finalizar sua formação, sendo eles tutoreados por profissionais já formados e sempre próximos aos hóspedes, que também tem um papel fundamental em todo o processo de ensino. Sendo assim, o corpo discente passa por todas as áreas de cuidado com os visitantes, área administrativa, comercial e alimentação. Segundo Alencar (2011), de início os alunos são colocados para conhecer o “background” por trás da estrutura organizacional, aprendendo sobre o sistema operacional e as necessidades de gestão de cada setor/atividade. Em seguida, os mesmos passam para o contato direto com os hóspedes, que devem seguir por três vertentes de hospitalidade, sendo elas a privada, social e comercial, e é nesse momento em que devem buscar conquistar e agradar quem está se hospedando. A FAJ – Faculdade de Jaguariúna,

localizada no interior de São Paulo, devido ao curso de turismo, mantém um acordo de cooperação educacional com a Hotelaria Brasil, que é uma administração hoteleira nacional, para que seus alunos desfrutem de aulas práticas no hotel Matiz Jaguariúna, estando em constante convivência com os docentes. Esses também desenvolvem cursos sociais de capacitação para comunidade local com o objetivo de incrementar as oportunidades de trabalho para os moradores do consórcio das águas paulista, influenciando diretamente no estilo de vida e no índice de empregabilidade e renda. Outra instituição de ensino que se utiliza dos métodos de hotéis-escola é o Centro Europeu na cidade de Curitiba, que possibilita aos alunos a convivência com os funcionários do local e com os os hóspedes, conforme Alencar (2011). “A interação e compreensão dos diferentes comportamentos são essências para o sucesso, ou fracasso do profissional hoteleiro. Nesse aspecto, o hotelescola é de extrema importância na formação do aluno.” (GOBBI, 2011) Nessas instituições de aprendizado que atrelam o saber e a prática é fundamental que haja em sua constituição, além dos ambientes comuns visto em um hotel, como lobby, quartos, restaurantes, entre outros, ambientes que proporcionem as atividades educacionais, como salas de aula, laboratórios de pratica e pesquisa, cozinha experimentais, áreas para estudo, biblioteca e etc. Com isso, percebe-se a diversidade e complexidade de um programa de necessidades para a constituição de um hotel-escola, que tenha infraestrutura de qualidade para unir os requisitos de estudo e a técnica. 35



04 Aspectos teรณricos projetuais


04.01. ARQUITETURA HOTELEIRA Como já visto anteriormente, hotéis são locais que as pessoas buscam para se hospedar por um curto período do tempo, esperando achar nos mesmos conforto e bem-estar. Sendo assim, a maneira assertiva para isso é investir em uma arquitetura de qualidade e um bom planejamento dos ambientes, trazendo a estes a estética desejada e a funcionalidade necessária para um bom funcionamento dos espaços. Por conseguinte, os hotéis devem seguir um programa de necessidade básico, contando com as seguintes áreas, como afirma Andrade (2004): 4.1.1. Área de hospedagem – são os pavimentos-tipo do hotel, sendo eles apartamentos ou suítes. Estes são a parte mais importante dos hotéis, devido a consumirem de 65 a 85 por cento de sua área total (NELSON, 2014). Esse andar-tipo é repetido inúmeras vezes, definindo assim a volumetria do prédio e podem variar de acordo com a necessidade e padrão de cada hotel e por seu grau de importância, normalmente é uma das primeiras fases a ser definida. 4.1.2. Áreas sociais – muitas vezes contam com lobby, que é o primeiro contato do cliente com o local, devendo ele transmitir confiança ao mesmo, salas de estar e de leitura, restaurantes e bares, esses na maioria dos casos são abertos ao público, e por fim, espaço para eventos de maior porte. 4.1.3. Áreas administrativas – recepção, salas para a gerência, marketing e reservas. 4.1.4. Áreas de serviço – composta por lavanderia, governança, manutenção, depósitos de materiais e limpeza, espaço para recebimento e triagem de produtos e também para locais para os funcionários, como vestiários e refeitório. 4.1.5. Áreas de alimentos e bebidas – essas 38

são formadas por locais destinados para recebimento das mercadorias, dispensas, câmaras frigoríficas e a cozinha, que deve ser devidamente planejada e preparada para um grande fluxo e preparação de alimentos, contando com maquinas modernas, pisos, paredes e bancadas de fácil manutenção e limpeza, para se manter sempre um ambiente higienizado. 4.1.6. Áreas de equipamentos – quadros de medição, casa de bombas, centrais de águas, entre outros. 4.1.7. Áreas recreativas – esses espaços são o que tornam os hotéis mais atrativos ao público, desde o que viaja a turismo mas quer se manter em forma e procura um local com uma boa academia, como também para o turista que procura lazer e se interessa por piscinas, quadras para esportes, sala de jogos e videogames, entre outros. Além do vasto programa de necessidades que é preciso para um bom funcionamento nos hotéis, algo que está cada vez mais marcante e indispensável, é a arquitetura de interiores e o design dos ambientes. Afirma Otto (2016) que a decoração de espaços internos na área hoteleira constrói uma identidade para o local, tornando assim um diferencial, seguindo três palavras de ordem que devem constar na sua ambientação: conforto, estímulo e interatividade. Ainda conforme Otto (2016), antigamente, nos anos de 1970, a arquitetura hoteleira era bastante repetitiva, sempre se baseando nos padrões internacionais e os reproduzindo. Entretanto, felizmente, essa tendência anda decaindo, visto a necessidade de trazer características locais, próprias e únicas de cada região com o intuito de envolver o hóspede ao local,


trazendo elementos da cultura e gastronomia, abandonando gradativamente a ideia de uma decoração impessoal e monótona. Nos dias atuais percebe-se o aparecimento dessa individualidade em cada edifício, trazendo cada vez mais o design para seu interior, como por exemplo em bares temáticos, salas de eventos interativas e restaurante exclusivos, aumentando e fortificando a tendência de ambientes sensoriais. O intenso e constante uso das redes sociais por toda a população ajuda e fortalece essa prática de designers diferenciados e chamativos, que podem ser com o uso de materiais sofisticados, texturas exóticas e ambientes com “self-points”, que atrai o olhar do usuário para o registro de imagens. Afinal, o conceito de hotel vem se transformando e tornando-se mais acolhedor, trazendo ao hóspede uma ideia de extensão do seu lar, onde o mesmo pode desenvolver sensações de acolhimento e sentir-se sempre à vontade, tanto com o ambiente, como com os funcionários do local.

acolhida e fazendo com que o mesmo desenvolva afeto pelo lugar por meio de uma arquitetura que envolva o usuário ao ambiente, da decoração, da gastronomia, entre outros. “Acreditamos que o empreendimento deve ser aberto para a cidade, possibilitando a troca entre o habitante local e os hóspedes. Os viajantes não querem mais comente conforto, querem viver o local. A hotelaria precisa seguir as mudanças de comportamento os seus consumidores, incluir novos usos e anseios e ter mais interesse pelo local onde está inserido. (STRAUSS, 2019 apud OLIVEIRA, 2019).

Portanto, retifica-se a importância e necessidade de um projeto arquitetônico bem planejado e elaborado, indo desde a implantação do edifício no terreno – respeitando o cenário urbano já existente, e indo até a fase de ambientação dos seus espaços internos, com o uso de cores e materiais que destaquem o local, chamem a atenção do usuário e tragam ao mesmo o sentimento de conforto e pertencimento.

“Assim, a arquitetura contemporânea hoteleira, procura, na atualidade, não apenas projetar espaços que permitam fluxos organizados de serviço, funcionalistas extremados, mas que sejam, em especial, capazes de gerar hospitalidade, conforto e bem-estar. ” (OLIVEIRA et al., 2016, p.193).

Essa noção de hospitalidade está ligada a ideais de sustentabilidade, conforme Oliveira et al. (2016) traz que um ambiente sustentável deve considerar todo o seu entorno e deve envolver o terreno que está localizado, preservando e conservando o ambiente que está envolvido e trazendo aspectos de sua cultura e regionalismo, o que acaba ocasionando ao hóspede o sentimento de 39


04.02. ARQUITETURA EDUCACIONAL Há muitos anos existe a discussão sobre os conceitos de ensino e como o meio influência na absorção de informações. No Brasil, infelizmente, o investimento em novas práticas de aprendizagem ainda é bastante escasso. Entretanto, conforme Souza (2018), é com o espaço que as pessoas se identificam e criam laços, sendo assim fator importante na elaboração de um projeto de cunho educacional, que é uma das maiores responsabilidades do arquiteto: criar experiências necessárias e trazer funcionalidade ao local. Em se pensar na constituição da arquitetura escolar, tem-se um padrão seguido há cerca de 200 anos, formado por salas de aula, corredores, setores administrativos, entre outros (SOUZA, 2018). Entretanto, o que faz com que isso não se torne um modelo sempre repetido é a preocupação com a adaptabilidade ao local que o mesmo é inserido, considerando o posicionamento da implantação do edifício, a disposição interna, os objetivos que almejam ser alcançados dentro do meio de ensino, a faixa etária que desejam atingir, entre diversos outros fatos que influenciam diretamente no projeto arquitetônico, originando assim um programa de necessidades único e particular de cada construção. É por meio do projeto de arquitetura que há a constituição do espaço físico. (KOWALTOWSKI, 2011). “Em arquitetura, o programa de uma edificação é o conjunto de necessidades que um projeto deve contemplar e o roteiro de como os requisitos funcionais devem estar dispostos em um novo prédio. No caso específico da tipologia escolar, o “programa” define o número de salas de aula e quais serão os outros ambientes de ensino, como, por exemplo, biblioteca, quadras, 40

laboratórios, etc., além de estabelecer as características desejadas a tais ambientes e as respectivas disposições na edificação. “ (KOWALTOWSKI, 2011, p. 64).

No Brasil, por mais que a qualidade dos projetos educacionais não atinja a qualidade dos projetos em países desenvolvidos, conforme Kowaltowski (2011), há muitos exemplos de instituições que incorporam elementos arquitetônicos locais, trazendo a questão da regionalidade ao projeto, sendo fator muito positivo para o mesmo, com o uso de materiais e técnicas construtivas que representam e identificam a cultura e o contexto sócio econômico local. Nesse sentido, as questões econômicas, local de implantação e seu público-alvo influenciam diretamente nos níveis funcionais dos ambientes e no conforto adequado para atender as necessidades dos usuários, que devem ser atreladas a metodologias de ensino e que possibilite a dinamização dos espaços, proporcionando assim, atividades mútuas em um mesmo lugar, tanto individualizadas como em grupos. Ainda segundo Souza (2018), trabalhar com arquitetura vai além da criação de espaços, sendo importante levar sempre em consideração os ocupantes de tal local, compreender suas necessidades e comportamentos. Para isso, realiza-se estudos a respeito da psicologia ambiental, que trata sobre a análise do ser humano como indivíduo e como o mesmo percebe e se relaciona com o meio que o cerca. (MOSER, 1998) Entendendo um pouco sobre essa psicologia é possível perceber a importância da relação do homem com o meio, pois existem trocas contínuas entre esses dois fatores, que se interrelacionam e modificam um ao outro


constantemente, tanto em ambientes naturais como em ambientes construídos. São por essas trocas e vivências que se desenvolvem sentimentos como apropriação, apego e identidade, tendo assim o arquiteto ou design um papel imprescindível nesse momento, pois aspectos como forma, cores, temperaturas, sons e iluminação influenciam diretamente na relação pessoa-espaço. (SOUZA, 2018). PROCESSOS MENTAIS

expectativas, crenças, conhecimento, memória, linguagem, motivação

REAÇÃO criação de respostas

definição da resposta

IDENTIFICAÇÃOAPROPRIAÇÃO

COGNIÇÃOINTERPRETAÇÃO análise

PERCEPÇÃOSENSAÇÕES

processos sensoriais

organização e profundidade

ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA

ESTÍMULOS AMBIENTAIS Figura 1 – Apropriação dos espaços por meio da psicologia ambiental. Fonte: Souza (2018).

“O corpo participa ativamente no processo de conhecimento, principalmente pela constante adaptação ao meio em que vive e com o qual interage. ” (OKAMOTO, 1996, apud SOUZA, 2018). Portanto, essa percepção ambiental que as pessoas vivenciam os espaços é influenciada não só pelo ambiente, mas também por aspectos culturais, históricos e sociais em que estão inseridas. Ainda seguindo os princípios da psicologia ambiental, um espaço com significado genérico só passa a ser considerado de fato um lugar quando há apropriação por parte do homem, criando no mesmo identidade e atribuindo valores de vivência e

sentimentos de liberdade, segurança e autonomia, que só são possíveis de serem sentidos quando as pessoas se sentem parte de algo e passam a ter controle do ambiente físico. Entretanto, a constante evolução das tecnologias, tornando o mundo cada vez mais digital, interfere também a forma com que as pessoas vivem e se relacionam com o meio, ou seja, influenciam diretamente na interação homemlugar. Em âmbitos escolares, onde o uso de ferramentas tecnológicas vem crescendo e se atualizando, a visão dos alunos pelo ambiente é afetada e compreender esse cenário é importante. (SOUZA, 2018) L eva n d o e m c o nta to d a s e s s a s considerações, pode-se concluir que o objetivo da arquitetura e da criação de lugares ultrapassa a função de apenas abrigar e recepcionar a população e deve atender ao desejo de estabelecer ligações afetivas com o meio que os cerca, influenciando diretamente na aprendizagem e modificando os espaços educacionais. Grande parte das escolas públicas brasileiras enfrentam problemas educacionais, por falta de infraestrutura e equipamentos de ensino, porém, uma das maneiras de superar essa deficiência é construindo novos ambientes de ensino, proporcionado aos alunos que desenvolvam seu lado humano, científico, cultural e tecnológico e consigam se adaptar à sociedade contemporânea. (MIRANDA; PEREIRA; RISSETTI, 2016) A ausência de um local adequado para a docência, como falta de iluminação, ventilação e acústica, pode interferir diretamente no aproveitamento didático e até na saúde dos alunos, sendo imprescindível os cuidados com conforto ambiental, que inclui os 41


04.03. ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA aspectos luminosos e térmicos. Essas relações do lugar com o homem em âmbitos escolares vai desde creches até escolas profissionalizantes e faculdades, interferindo no aprendizado do ser humano em toda sua vida, independente da sua faixa etária. “Neste contexto, a educação profissional tem como objetivos não só a formação de técnicos de nível médio, mas a qualificação, a requalificação, a reprofissionalização para trabalhadores, em que se busque estabelecer uma formação politécnica.” (MIRANDA; PEREIRA; RISSETTI, 2016) Por conseguinte, com a criação do elo das pessoas com os espaços, unidos a recursos didáticos oferecidos pelos meios de aprendizagem, os professores devem ter objetivos claros de ensino, dando ao aluno a oportunidade de se envolverem nas práticas de uma educação ativa que intensifiquem as trocas de sentimentos e vivência entre os mesmos.

Com o constante crescimento das cidades e de suas construções, atrelados à necessidade de soluções inteligentes para melhorar a relação do homem com o meio ambiente, tornou-se fundamental buscar estratégias eficientes, harmônicas e adequadas à natureza e aos métodos construtivos, originando assim em meados do ano de 1960 a ideia de arquitetura bioclimática. Segundo Almeida (2018) o conceito acima consiste em uma vertente da arquitetura que busca a harmonização entre as construções e o meio ambiente, unindo o meio interno e externo, com o intuito de otimizar o uso de recursos naturais existentes, como o vento, a vegetação e a luz solar, gerando conforto e minimizando os impactos ambientais. As técnicas adotadas para executar esse pensamento bioclimático variam com a região que irá ser feita a intervenção, portanto é necessária uma pesquisa aprofundada do local – incluindo estudo e direção dos ventos, orientação da edificação de acordo com o sol, entre outros – fazendo assim com que as estratégias utilizadas sejam únicas de cada construção. “O conhecimento do clima e da geografia local é um importante auxílio para todo profissional executar um bom projeto arquitetônico. Com isso, pode utilizar-se dos recursos naturais, que atendam às exigências de conforto do usuário, criando uma situação de sustentabilidade do ambiente e de satisfação do homem. ” (NUNES; CARREIRA; RODRIGUES, 2009)

No Ceará, região de clima semiárido e com constante incidência de sol e ventos, costuma-se adotar estratégias de ventilação cruzada e vertical, com o uso de janelas, portas e aberturas no telhado 42


circule e refresque o ambiente, perdendo assim a necessidade do uso de recursos artificiais como ventiladores e ar condicionados, ou seja, diminuindo os custos de obra e manutenção do edifício.

Figura 3 – Energia eólica. Fonte: Jornal O Povo (2019).

Figura 2 – Ventilação vertical e horizontal. Fonte: Grupo MB (2019).

Devido a essa forte ventilação na região do Ceará e por este ser um fator climático quase que ininterrupto no decorrer de todo ano, faz-se uso da energia eólica. Esta consiste na utilização de grandes cataventos, que são movimentados através desses fortes ventos, rotacionando assim as turbinas que acionam os geradores, transformando a energia cinética em energia elétrica sem emitir nenhum poluente para o meio ambiente. (PENA, 2019) Para a instalação dessas hélices, que por terem um tamanho bem considerável, é necessário um espaço amplo e na maioria das vezes próximo às praias, onde a ventilação é mais constante. Conforme Damasceno (2019) para o Jornal O Povo, o estado do Ceará concentra as melhores condições climáticas, ambientais e estruturais para essa prática no Brasil. Atualmente na região há 80 parques instalados e uma capacidade total de cerca de 2 mil megawatts e com potencial de crescimento, visto que há especulações de grandes investimentos de empresas europeias para aumentar esse modelo de geração de energia no pais e consequentemente no Ceará.

Além disto, com a forte e constante incidência dos raios solares na região, pode-se fazer proveito da iluminação natural, abrindo um pouco o ambiente interno para o externo e aproveitando a luz do sol, minimizando o gasto energético e uso de iluminação artificial com lâmpadas. Outro fator importante para usar o sol como aliado é a utilização de painéis solares convertendo a radiação solar e gerando energia para a edificação. Como por exemplo fazendo uso de painéis fotovoltaicos, que normalmente estão localizados nos telhados dos edifícios e absorvem os raios solares convertendo-os em energia para o local.

Figura 4 – Painéis solares. Fonte: Wise (2017).

Entretanto, como fator negativo, se muitas forem as aberturas feitas na edificação com o sol intenso, resulta-se em aquecimento dos ambientes internos. Por isso são utilizadas técnicas de sombreamento natural, como por exemplo: brises, 43


marquises e plantio de árvores – que auxiliam no controle da temperatura e na iluminação que entra no local.

Figura 5 – Estratégia de sombreamento. Fonte: Tablóide Arquitetura (2012).

Ademais, uma das maiores preocupações de uma arquitetura bioclimática é com a orientação do edifício em relação ao seu terreno, para que a mesma receba a quantidade de vento necessária e reduza a incidência solar, dependendo da sua região. Também é fundamental citar a importância do uso correto de materiais nesse processo, com o intuito de trazer qualidade ao projeto e minimizar seus impactos com o meio ambiente e seu entorno.

Figura 6 – Orientação Solar. Fonte: ProjetEEE (2019).

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“Percebe-se assim que um edifício bioclimático não tem que envolver despesas acrescidas visto não precisar de complicados dispositivos tecnológicos. Assim, o seu sucesso depende apenas da experiência, dos conhecimentos e da criatividade do seu projetista. ” (LANHAM; GAMA; BRAZ, 2014)


04.04. ARQUITETURA SUSTENTÁVEL Em paralelo ao assunto tratado acima, diante de diversos impactos negativos que o ser humano vem causando no meio ambiente com constantes desmatamentos e queimadas, a preocupação com o desenvolvimento consciente, que tem como objetivo atender a todas as necessidades da população atual, porém sem comprometer os recursos para as gerações futuras, vem se intensificando. Com isso, segundo o Cerbras (2019) nos anos de 1970 surge o conceito de arquitetura sustentável, também conhecida como arquitetura verde ou eco-arquitetura, que estabelece a utilização de materiais naturais com o intuito de minimizar os danos ao meio ambiente, reduzindo a emissão de gases, poluição e desperdícios. “Assim, para praticar arquitetura sustentável é fundamental entender as edificações como sistemas e pensar os critérios de sustentabilidade de forma integrada.” (BARASSI, 2019) Dentre os princípios a serem seguidos para a qualidade da arquitetura verde, deve-se fazer uso sustentável do terreno escolhido, otimizando o local em que o edifício será implantado para que se possa conseguir a maior quantidade de área de solo permeável possível. Além disso, há também a preocupação com o reaproveitamento de água, podendo ser implementado juntamente ao projeto um o sistema de captação, tratamento e reuso da água das chuvas, de chuveiros e máquinas de lavar. Essas águas que serão reaproveitadas podem ser utilizadas em ações diárias como lavar louça e para limpeza do ambiente. Quando se trata do aproveitamento de água, pode-se citar também a energia hidrelétrica,

visto que a mesma se utiliza das águas de rios para a geração de energia limpa. Entretanto para que seja possível, é necessário a construção dessas grandes áreas de rio e é fundamental o estudo prévio do local de implantação para que não cause alagamentos e mudanças tão radicais na paisagem natural existente.

Figura 7 – Usina hidroelétrica de Itaipú – Brasil. Fonte: VEJA (2011).

Ainda tratando sobre métodos para viabilizar a sustentabilidade, em edifícios de grande porte, como os hotéis, que há muita produção de lixo, é fundamental a implantação de um sistema de reciclagem com a separação desses resíduos, possibilitando assim a conscientização tanto dos seus funcionários como dos hóspedes. Juntamente a esses critérios, há também a eficiência energética, que por sua vez está cada vez mais conectada à arquitetura sustentável, com o intuito de gerar conforto térmico, acústico e visual, segundo Lamberts, Dutra e Oscar (2014), visto que é uma atividade para melhorar o uso das fontes de energia, usando-as de modo eficiente. (ABESCO, 2019) De acordo com Lamberts, Dutra e Oscar (2014), as fontes de energia que abastecem o Brasil são hídrica, petróleo, gás, lenha, oléo diesel e óleo combustível. No ano de 2011 a energia ofertada foi em torno de 531,76 TWh (terawhatt-hora) e no mesmo ano o consumo das edificações chegou a 45


46,7%, sendo o setor residencial o maior consumidor dessa porcentagem, chegando a 23,3%. Com isso, atribuindo ao conceito hoteleiro que muito se assemelha ao conceito de residência e que está em funcionamento 24 horas por dia, possuindo diversos ambientes que são extremamente consumidores de energia, como por exemplo: chuveiros elétricos, geladeiras, lâmpadas, computadores, ar condicionados, entre muitos outros, torna-se imprescindível um planejamento prévio por parte do arquiteto responsável por tal construção para propor a melhor localização da edificação no terreno para o mesmo possa se adequar a iluminação, insolação e ventilação mais apropriada e propor fontes de energia limpas e inteligentes. “As decisões de projeto influenciam fortemente o desempenho térmico, visual e energético da edificação. O arquiteto deve considerar a adequação do seu projeto ao clima local utilizando diversas estratégias de uso da luz natural, resfriamento e aquecimento passivo dos ambientes. O projeto também pode incluir o uso de fontes alternativas de energia, como a eólica, a biomassa e a solar, sendo esta última tanto através da geração e armazenamento de energia elétrica como do aquecimento solar de água.” (LAMBERTS; DUTRA; OSCAR, 2014, p. 17).

Visando esses fatores, entra como auxílio para a iluminação do edifício as luzes artificiais que vem complementar a iluminação natural e iluminar ambientes que não são atingidos pela luz solar, tornando possível o uso da edificação em período noturno, favorecendo o conforto lumínico.

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Figura 8 - Exemplo de arquitetura energética. Fonte: Eficiência Energética na Arquitetura (2014).

Com o intuito de aumentar a eficiência energética, mantendo sempre a qualidade de iluminação, é primordial compreender a complementaridade entre a luz natural e artificial para que não se torne um ambiente de luz excessiva, que traz incômodo à vista. Sendo assim, uma das principais fases do projeto de iluminação é essa associação entra as luzes de dentro do edifício e fora dele. “O projetista precisa considerar a integração entre os dois tipos de fontes de luz e, para isso, é fundamental o conhecimento básico tanto da luz natural quanto dos tipos de equipamentos de iluminação a serem utilizados na arquitetura. ” (LAMBERTS; DUTRA; OSCAR, 2014, p. 233) Com essa necessidade à tona, atrelada a ideia de eficiência energética, surgiram as luzes de LED, substituindo as lâmpadas incandescentes e halógenas que se tornaram obsoletas. Dentre as vantagens trazidas pelo os leds, conforme Lamberts, Dutra e Oscar (2014), há a variedade de cores, tamanhos mais reduzidos, resistência a choques e vibrações, pequena dissipação de calor e o mais importante, sua durabilidade e vida útil que pode atingir até cem mil horas.


Além do mais, para possibilitar o conforto térmico em regiões como o Ceará, que há épocas do ano bastante quentes e secas, utiliza-se a climatização artificial que devem ser consideradas desde o início do projeto. “Nem sempre é possível tirar partido apenas

Chego aodosfimrecursos de uma naturais das maispara importantes promover o e longas jornadasconforto da minha e com Em issofunção devodo térmicovida dos usuários. agradecimentosclima a algumas essenciais local e dapessoas própria função a que se para essa minha conquista. destina a arquitetura, é muitas vezes inevitável o uso de sistemas artificiais de Primeiramente à Deus, por sempre ter climatização como ventiladores, estado comigo, me enchendo de garra e aquecedores e ar condicionado. ” persistência para(LAMBERTS; não desistir meus2014, sonhos DUTRA;dos OSCAR, p. 243).e daquilo Em em ambientes que acredito, e mesmo em tempos comerciais e públicos, como difíceis, ter dado a mim e aos meus familiares o caso de um hotel, é praticamente imprescindível a condições sempremeios seguirdeemresfriamento frente. utilizaçãopara desses do À minha meucom pai,desconforto Weber, por ambiente, visto família que um– ao local todo cuidado sempre térmico podee torcida, resultarpornaestarperda de presente, clientes. desde as visitas as lojas anosimportância primeiros semestres, Portanto, nota-se de ter até a viagem para do meu desde projetoo conhecimento dessevisita fatotécnica e considera-lo final, ele certeza é meu grande nessade início docom projeto, evitando assim parceiro desperdício vitória. Ae minha mãe, locais Silvia,para por ser a calma de e energia já prevendo a instalação acalento nos de cansaço e desespero,e centrais de momentos resfriamentos mais conhecidas com suas palavras e positivas, utilizadas, que são obrandas ar condicionado de sempre janela – trazendo e força para dias–melhores. Ea visto maisesperança em prédios residências minicentrais minhaminicentrais irmã, Isabelle, toda compreensão e Split, do tipopormultisplit, self contained a eles minha formação, pois sempre eapoio. chillerDevo e fan-coil. apostaram e sempre e Porem fim,mim entrando nos fizeram critériosodepossível conforto impossívelsegundo para que Oliveira, eu tivesseRibas uma (1995) educaçãolocais de acústico, qualidade.em interstícios urbanos, como é o caso de situados um hotelAocentral, incidência deCaio, grandes meu anamorado, porruídos todoé constante, devidoeaoforça, intenso de atividades companheirismo ele fluxo que inúmeras vezesna região, devendo alguns princípios obter acreditou mais noacatar meu potencial do que eupara mesma ae qualidade sonora. sempre esteve presente para me alegrar e apoiar, conceito de hotel ao educacional, obrigadaUnindo por todoo amor e compreensão. fortifica-se necessidade um projeto acústico Aos aamigos que fizpor dentro da faculdade e nos escritórios em que trabalhei, por toda troca de

de qualidade, devido ao fato que se os elementos que funcionam como barreiras acústicas forem usados de forma errônea, não se atentando aos índices de absorção, pode prejudicar a comunicação entre aluno e professor, por exemplo. isso, que a escolha e a damaneira que ese AosComamigos fiz dentro faculdade os materiais dependem da desua nosdispõe escritórios em que utilizados trabalhei, por toda troca finalidade,opiniões seja elae vivências, para diminuir, experiência, sempreeliminar dispostosou tipo deconhecimento, ruído. Segundo a corrigir ajudar equalquer compartilhar alémCatai, de Penteado eprazerosos Dalbello (2006), essesrisadas materiais podem momentos de boas e muita ser considerados convencionais, que são osamigas de uso diversão. Em especial a Beatriz e Amanda, construçãotodos civilos– anos como blocos ede dascomum quais na compartilhei de ensino madeira, vidro, outrose – quecerâmica levo parae concreto, minha vida, obrigada porentre toda ajuda e podem tipo não convencionais, que eusão apoio, foramserdedosuma importância para que considerados inovações o mercado e deque chegasse até aqui. E tambémparaas minhas amigas geralmente tambémdistante, possuem sempre vantagens colégio, que mesmo se térmicas, fizeram estes podem ser lãvida. de vidro ou de rocha, espumas presentes na minha elastoméricas, vermiculita, fibras de coco, paredes Não poderia deixar de agradecer também de dry-wall e gessos acartonados. aos funcionários incríveis que me receberam na Dentro todos esses seguimentos, desde minha visita técnica no Hotel Senac Barreira Roxa, fatores bioclimáticos, aspectos sustentáveis e em Natal, juntamente a arquiteta do Senac, eficiência energética, pode-se constatar a Mariana Madruga, que me proporcionou visitas indispensabilidade de um estudo prévio altamente guiadas que foram peça chave para o bom completo antes da construção do edifício, desenvolvimento do meu projeto. analisando todos os materiais a serem utilizados, as Por defimsombreamento, e não menos aimportante, maneiras localização ada Universidade de Fortaleza, pela outros excelente construção no edifício, dentre muitos pontos infraestrutura aos seus alunos, que devem fornecida ser considerados para aoo seu bom corpo docente dee extrema qualidade e oa sucesso minha funcionamento consequentemente orientadora, Ana Caroline Dantas Dias, por ser além dessa edificação. de uma profissional exemplar, ser também um ser humano ímpar, sempre disposta a ajudar, cedendo seu tempo e a compartilhando tanto conhecimento, meu muito obrigada.

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04.05. ARQUITETURA HUMANIZADA 04.05.01. HUMANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS No pós-modernismo, segundo ARC (2016), surgiu o questionamento a respeito do impacto que os locais têm nos seres humanos e como ambientes frios e impessoais influenciavam em seus comportamentos. Em resposta a isso, originou-se o ideal de humanização, que muito é visto quando se fala sobre saúde e em âmbitos hospitalares, porém este também se aplica na arquitetura e aos seus espaços, sejam eles naturais ou construídos. Para o arquiteto, humanizar um ambiente significa pensar também no lado humano e como interferir de forma positiva na experiência que as pessoas terão ao usufruir do local. Segundo Crízel (2019), tanto a arquitetura como o design de interiores são meios conformadores da apropriação do espaço, sendo eles fundamentais para proporcionar essa humanização, indo além do lado estético, pensando principalmente em fornecer qualidade de vida e gerando bem-estar nos usuários. “A arquitetura dos espaços pode expressar sentimentos, além de cumprir sua função básica de abrigar. ” (BESTETTI, 2014) É por meio dessa prática, de humanizar espaços, que se atinge conceitos como a hospitalidade, citada anteriormente. Para isso, o alvo dos projetos deve ser o público que o mesmo deseja atingir e o uso devido do local, visto que o conceito de um ambiente aprazível é relativo, o que é agradável para residências, não é para uma boate, e nem agrada a todas pessoas, dependendo da sua cultura e história. (CRÍZEL, 2019) Portanto, estabelecendo esses dois fatores, os usuários e a função, o arquiteto consegue definir diretrizes projetuais, desde elementos que determinem ventilação, iluminação 49

e acústica, até o uso de cores, mobiliários, entre outros. Assim, melhorando não apenas a visual, mas intensificando também as relações de convivência. Com a evolução desse conceito de humanizar espaços, surgiu o termo ambiência, que conforme Bestetti (2014), tem como significado meio ambiente, porém abrange muito mais que isso. Ambiência não trata apenas do meio material que se vive, e sim do efeito moral que o meio físico causa no comportamento dos indivíduos. Com isso, para a ideia de humanização e ambiência dos espaços ser possível, há questões complementares, que são a acessibilidade e ergonomia, assuntos os quais serão abordados a seguir.

04.05.02. ACESSIBILIDADE No ano de 2010, o censo constatou que cerca de 24% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, podendo ser visual, motora, mental ou auditiva. Entretanto, por mais que seja um grande número de pessoas, raramente percebese a presença delas em locais públicos, devido as péssimas ou inexistentes condições de acessibilidade. (BESTETTI, 2014) “Acessibilidade refere-se à possibilidade de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações e equipamentos. Chama-se barreira arquitetônica qualquer elemento natural, instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no espaço ou equipamento.” (BESTETTI, 2014).

Para se falar sobre acessibilidade, ainda em concordância com Bestetti (2014), é imprescindível tratar também sobre desenho universal, sendo este a maneira que se concebe espaços e produtos que


serão úteis para um amplo espectro de usuários, seja eles crianças a idosos ou pessoas com mobilidade reduzida temporariamente ou permanente. De forma resumida, o desenho universal tem como intuito promover um formato de qualidade que atenda tanto os requisitos estéticos como os de funcionalidade, com fácil entendimento, além de garantir segurança e conforto para todos seus usuários. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) constituiu no ano de 2004 a norma NBR 9050, que estabelece todos os preceitos que devem ser seguidos em relação a acessibilidade, tanto em edifícios, como em equipamentos urbanos e mobiliários. Nesta há a regularização de tamanhos, padrões e dispositivos que devem ser seguidos e que asseguram o desenho universal. Como por exemplo, determina as dimensões

necessárias para o deslocamento de pessoas em pé e em cadeira de rodas, medidas que precisam nas vagas de carro, as alturas dos mobiliários, entre muitos outros. Como auxílio para a execução de projetos, essa norma determina inúmeros fatores que são indispensáveis, como a área necessária para rotas de fuga, dimensionamento de rampas, escadas, corrimãos, guarda-corpos, banheiros acessíveis, corredores, faixas de trânsito elevadas e até elevadores, escadas rolantes e plataformas elevatórias. É basicamente um guia de projeto que engloba e determina muitas condições projetuais a serem seguidas e que estão cada vez mais presentes no dia a dia, se expandindo e permitindo que pessoas de mobilidade reduzida desfrutem dos meios que estão disponíveis na cidade, tanto os meios públicos como privados.

Figura 9 - Dimensões de deslocamento, valores de referência e área para manobras. Fonte: NBR9050

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A título de exemplo, pode-se ver o uso de Com essas inovações, que já estão em uso piso tátil, que, de forma gradativa, vem se tornando em algumas cidades do Brasil, é possível perceber mais comum de se encontrar. Este direciona e que a preocupação e o interesse com essa parcela sinaliza as pessoas com deficiência visual. da população está aumentando, tendo como intuito de fazer deles participantes ativos da sociedade e permitir que desfrutem da suas cidades.

04.05.03. ERGONOMIA

Figura 10 - Piso tátil, direcional e de alerta. Fonte: WAT (2019).

Além dos pisos táteis, há também os sensores de semáforos, que já estão em vigor em cidades como Curitiba. Com a utilização de um cartão, o tempo dos sinais fica mais longo, possibilitando a travessia de idosos e deficientes. Outra tecnologia que auxilia no deslocamento de pessoas com mobilidade reduzida é o Vii Bus, um sistema de pontos de ônibus para pessoas com deficiência visual, esse sistema traduz em braile e em áudio todas as informações dos transportes públicos. (CASADAPTADA, 2017).

Figura 11 - Sensores de semáforos. Fonte: Casadaptada (2017).

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Juntamente a esses conceitos falados anteriormente, há também a ergonomia, definida pela Associação Internacional de Ergonomia como uma disciplina científica que aborda sobre a interação dos seres humanos com outros elementos de um sistema, seja em seu âmbito profissional ou no seu momento de lazer. Essa ciência trata sobre o sistema homem-máquinaambiente. Segundo Iida (2005), seu surgimento se deu após a 2° Guerra Mundial, com a intensificação das jornadas de trabalho que o taylorismo estava impondo, deixando os trabalhadores oprimidos em seus locais de trabalho que eram insalubres. Hoje, é um conceito muito estudado e sua aplicabilidade está em vários pontos da vida do ser humano, presente desde no seu ambiente de trabalho até dentro da sua residência, sendo esse termo subdivido em ergonomia física – que estuda a anatomia do corpo humano, adaptando maquinas e mobiliários a essas medidas; ergonomia cognitiva – que trata sobre processos mentais de percepção, memória e raciocínio; e por fim, a ergonomia organizacional, que abrange a otimização dos sistemas sócio-técnicos. Conforme Abrahão e Patterson (2008), a ergonomia e a arquitetura se conectam através de um planejamento e uma investigação das


atividades, espaços e funções necessárias para um edifício. Essa análise das peculiaridades e necessidades de cada ambiente é imprescindível para o seu dimensionamento, com o intuito de tornar esse local o mais adequado e confortável possível, para que o mesmo consiga desenvolver as práticas destinadas a ele, sendo assim fator determinante para a elaboração de um programa de necessidades bem executado. Portanto, ao unir o conceito de ergonomia com o projeto de um hotel-escola, constata-se que é fundamental que um esteja atrelado ao outro, pois tanto um hotel como um ambiente escolar são locais que exigem mobiliários confortáveis e planejados, que atendam às necessidades tanto do dia a dia de longas jornadas de trabalhos hoteleiros como nos lugares destinados ao estudo, como salas de aula, bibliotecas, cozinhas experimentais, entre outros. Dessa forma, com a associação dessas diretrizes de humanização, acessibilidade e ergonomia, fica claro a imprescindibilidade da presença desses conceitos no projeto arquitetônico, visando a harmonização dos espaços, mantendo a funcionalidade dos mesmos e gerando nos seus usuários sentimentos de conforto, acolhimento e apropriação.

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05 Referencial projetual


05.01. GRANDE HOTEL CAMPOS DO JORDÃO

Localizado no interior de São Paulo, em um bairro nobre da região, o Grande Hotel Campos de Jordão é um verdadeiro complexo que faz proveito do clima e da tranquilidade presentes no local. Sendo esses unidos ao luxo e sofisticação da arquitetura do hotel, incluindo também extensas áreas de lazer e infraestrutura adequada tanto para os hóspedes como para os funcionários. A sua transformação em hotel-escola iniciou-se 1982, quando suas instalações (que estavam desativadas há cerca de duas décadas), foram aproveitadas em uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, juntamente ao Senac, que, vendo o potencial do lugar, assinaram uma parceria para a fundação do complexo hoteleiro/educacional. Portanto, no ano de 1987 se inicia uma grande reforma, mas conservando ainda algumas características do antigo hotel, revitalizando e trazendo vida novamente ao estabelecimento.

se a formação de um verdadeiro complexo que inclui diversas atividades de lazer, esportivas, entretenimento para todas as idades e áreas destinadas à palestras e eventos. Sendo o hotel marcado pela a presença do ecoturismo, que aliado ao potencial paisagístico e natural do local, criou trilhas de caminhada e passeios para a cascata e para o mirante. O setor hoteleiro do Grande Hotel Campos de Jordão configura-se em um edifício com 4 pavimentos que conta com quartos de 27 a 54 metros quadrados, variando-os de categorias, indo desde quartos duplos, triplos e quádruplos, com ou sem varandas e dependendo também da vista que o quarto oferece.

Figura 12 - Grande Hotel Campos de Jordão: setorização. Fonte: Grande Hotel Campos de Jordão (2019).

Figura 13 - Grande Hotel Campos de Jordão. Fonte: Grande Hotel Campos de Jordão (2019).

Observando a implantação e o vasto Ademais, o hotel dispõe de serviços de bar, programa de necessidades listado acima, percebe- restaurante, piscinas com bar – podendo elas 54


serem climatizadas e cobertas – espaços de spa, massagens, sauna e ambientes compartilhados como sala de televisão, “business center”, loja para presentes e lavanderia. Além de ofertar babás para crianças, sendo este um serviço diferenciado para os hóspedes. PROGRAMA DE NECESSIDADES - HOTEL BAR RESTAURANTE PISCINAS SPA SAUNA SALA DE TELEVISÃO BUSINESS CENTER LOJA PRESENTES LAVANDERIA Tabela 2 - Programa de necessidades – Grande Hotel Campos de Jordão. Fonte: Produção autoral.

Agora, analisando as diretrizes de projeto traçadas anteriormente, no quesito ecoeficiência, o Senac busca promover uma responsabilidade social e ambiental no local, inserindo medidas de preservação ao meio ambiente e com programas educacionais destinados aos funcionários para que haja redução de poluição durante a realização das atividades no hotel. Junto a isso, há também um programa de reciclagem do lixo produzido nesse complexo, que são doados a coorporativas locais que reciclam o mesmo e revendem os materiais.

Mantendo essa preocupação ambiental, foram adotadas reguladores de vazão nas torneiras de todos os quartos do hotel, reduzindo assim cerca de 33% no consumo de água e também realizaram a instalação de um sistema elétrico que racionaliza as fontes de energia não naturais, afirma a administração do local. Ademais, há ações que monitoram o consumo de água, energia, papel e copos descartáveis. Juntamente a isto, também estão em desenvolvimento programas de gestão ambiental, como a precaução com resíduos perigosos como lâmpadas fluorescentes, óleos de cozinha, pilhas, baterias, plantio e replantio de vegetações, análise da potabilidade da água e adoção do papel com certificação FSC. (GRANDE HOTEL, 2019) A respeito da acessibilidade, há cadeiras de rodas disponíveis na recepção do hotel, além de quartos adaptados a hóspedes com mobilidade reduzida e também elevadores adaptados para que os mesmos consigam transitar e se locomover de forma confortável e segura por todo o hotel.

Figura 15 - Banheiro adaptado para deficientes. Fonte: Grande Hotel Campos do Jordão (2019).

Figura 14 - Centro Universitário Senac – Campos do Jordão, com a utilização de painéis solares. Fonte: Grande Hotel Campos do Jordão (2019), editado pela autora.

Considerando os critérios de humanização e ambiência, percebe-se que os espaços do Grande Hotel priorizaram esses aspectos, visto que, por se tratar de uma revitalização em uma arquitetura já 55


existente, o mesmo buscou conservar o estilo original, fazendo com que os edifícios não destoem do seu entorno e unindo os novos ambientes ao meio. Além disso, o hotel preservou e aumentou as áreas verdes, criando assim atividades abertas para a natureza, como as trilhas de caminhadas, academias, playgrounds ao ar livre, mirante, cascata, entre outros. Já nos ambientes internos percebe-se o cuidado com a ambientação, oferecendo lounges e amplas circulações para receber o hóspede e, ao mesmo tempo, transmitir uma atmosfera caseira e acolhedora.

Figura 16 - Recepção do hotel com o estilo Art Nouveau conservado. Fonte: Booking (2019)

Figura 17 - Recepção do hotel com o estilo Art Nouveau conservado. Fonte: Booking (2019)

Já em se tratando do setor educativo, o Centro Universário Senac – Campos do Jordão oferece cursos de gradução, pós-graduação, extensão universitária e qualificação profissional nas áreas de gastronomia, turismo, hotelaria, lazer 56

e eventos. Este conta com uma moderna infraestrutura que possibilita aos alunos contato direto com tecnologias utilizadas em seus respectivos meios, como laboratórios de governança, de alimentos e bebidas, de hospedagem de recepção e de informática. Contando também com outras espaços como: biblioteca, cozinha pedagógica, restaurante, bar e salas de administração. PROGRAMA DE NECESSIDADES -CENTRO UNIVERSITÁRIO LABORATÓRIOS DE GOVERNANÇA LABORATÓRIOS DE ALIMENTOS E BEBIDAS LABORATÓRIOS DE HOSPEDAGEM RECEPÇÃO SALA DE INFORMÁTICA BIBLIOTECA COZINHA PEDAGÓGICA RESTAURANTE BAR SALAS ADMINISTRATIVAS Tabela 3 - Programa de necessidades – Centro universitário. Fonte: Produção autoral.

Figura 18 - Cozinha pedagógica - Grande Hotel Campos de Jordão. Fonte: SENAC São Paulo (2019).


05.02. NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA UNILEÃO Localizado no nordeste brasileiro, no estado de Paraíba, o Núcleo de Prática Jurídica Unileão é mais uma instituição de ensino que também atrela educação à prática. Para que isso fosse possível, foi assinado um convênio com a Defensoria Pública do Ceará, que teve como finalidade fazer com que o núcleo de prática jurídica passasse a ser um polo de atendimento credenciado Figura 19 - Laboratório de hospedagem - Grande Hotel Campos de Jordão. Fonte: SENAC São Paulo (2019). pela defensoria, permitindo assim que os estudantes tenham a oportunidade de vivenciar os casos de processos e atender os assistidos pela defensoria. Além disto, passou-se a haver também no local as realizações de mediações extrajudiciais que contam com a participação de alunos dos cursos de direito e psicologia, estes acompanhados por um professor-orientador. Figura 20 - Laboratório de hospedagem - Grande Hotel Campos de Jordão. O edifício, que teve sua obra concluída no Fonte: SENAC São Paulo (2019). ano de 2016, conta com uma área construída de Tendo em vista a proposta de hotel-escola aproximadamente 1.310 metros quadrados, dividida na cidade de Fortaleza, idealizou-se um programa em 4 blocos e com um volume central que une todos de necessidades mais enxuto, priorizando a área de eles. hospedagem e de ensino. Entretanto, incluiu-se áreas destinadas ao lazer e aos esportes como playground, academia e piscinas. Ademais, para os ambientes voltados para eventos e palestras, foi pensado em espaços dinâmicos que pudessem ser modulados de acordo com as necessidades e quantidades de pessoas presentes no local. REFERÊNCIAS PROJETUAIS ESTRATÉGIAS ADOTADAS PARA E ECOEFICIÊNCIA VALORIZAÇÃO DO ENTORNO JÁ EXISTENTE DIMENSIONAMENTO DOS QUARTOS DISPOSIÇÃO E CONFIGURAÇÃO DOS LABORATÓRIOS DE PRÁTICA Tabela 4 - Referências projetuais tomadas como orientação - Grande Hotel Campos de Jordão. Fonte: Produção autoral.

Figura 21 - Núcleo de Prática Jurídica Unileão. Fonte: ArchDaily (2019).

O programa de necessidades foi setorizado de acordo com os usos, sendo necessárias área para atendimento ao público, pedagogia, institucional e auditório com foyer para realização de eventos. 57


SERVIÇOS AUDITÓRIO ÁREA ACADÊMICA 01

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11 - SANITÁRIO (A=25,00m²) 01 - AUDITÓRIO (A=61,95m²) 12 - SALA DE DEFENSORIA (A=14,12m² 02 - SALA DE PRÁTICA SIMULADA (A=54,00m²) 13 - COORDENAÇÃO (A=14,12m²) 03 - SALA DE ESTUDOS (A=83,25m²) 14 - SECRETARIA DE PROCESSOS (A=21,00m²) 04 - FOYER (A=61,95m²) 15 - ARQUIVOS (A=7,00m²) 05 - CHEGADA COBERTA 16 - SALA DO PROFESSOR 06 - RECEPÇÃO/ATENDIMENTO (A=56,63m²) 17 - SALA DE PRODUÇÃO DE PEÇAS (A=44,10m²) 07 - LAVATÓRIO } (A=11,00m²) 18 - DML (A=21,40m²) 08 - SANITÁRIO ADAPTADO 19 - COPA (A=6,00m²) 09 - TRIAGEM (A=3,84m²) 20 - PÁTIO INTERNO (A=318,65m²) 10 - SALA DE CONCILIAÇÃO (A=10,27m²) Figura 22 - Planta baixa setorizada e programa de necessidades - Núcleo de Prática. Fonte: ArchDaily (2019) editada pela autora.

Por se tratar de um edifício localizado no nordeste brasileiro, que tem um clima quente e seco, foi de suma importância adotar de técnicas que proporcionassem a ventilação natural no prédio e o protegesse da forte insolação. Para isso, segundo os a empresa responsável pelo projeto – Lins Arquitetos

Associados –, nos volumes brancos, onde estão os principais usos do edifício, utilizou-se de uma empena cega, que são paredes sem aberturas que barram completamente o sol. Essas empenas estão afastadas do corpo do edifício, permitindo a criação de uma câmara de ar e de um jardim, que retardam a transmissão de calor e auxiliam no resfriamento do ar.

Figura 23 - Jardins criados pelas empenas cegas. Fonte: ArchDaily (2019).

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Além disso, utilizou-se de esquadrias de vidro incolor com bandejas de luz para o fechamento do edifício. Estas possibilitam a captação da iluminação zenital rebatendo a mesma para o interior do ambiente, diminuindo o uso de

iluminação artificial. Devido a essas medidas, a necessidade por uma climatização artificial é reduzida sem dispensar o aproveitamento da luz natural, contribuindo assim para o conforto térmico dos usuários.

Figura 24 - Corte longitudinal FF. Fonte: ArchDaily (2019).

Figura 25 - Estratégias utilizadas para ventilação e iluminação natural. Fonte: ArchDaily (2019) editada pela autora.

Já no volume central amarelo, há uma laje jardim que funciona como isolante térmico absorvendo o calor externo. Nessa mesma laje há também um rasgo longitudinal preenchido por cobogós que permite a captação da luz zenital, dessa forma amenizando a temperatura na área de convivência dos alunos e garantindo a permanência dos mesmos nos ambientes.

Figura 26 - Pátio interno com rasgo longitudinal. Fonte: ArchDaily (2019).

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Ademais, além das preocupações internas com o edifício, respeitou-se também o paisagismo, fazendo uso de espécies que se adaptassem ao clima e que conversassem com o contexto préexistente do local. Os materiais utilizados na construção, como o concreto aparente, piso industrial, elementos vazados e o uso de uma cor vibrante, trazem destaque ao edifício sem fazer com que o mesmo destoe dos demais, trazendo um ar rústico porém também sofisticado ao prédio.

05.03. VISITA TÉCNICA - HOTEL SENAC BARREIRA ROXA

O hotel-escola Barreira Roxa fica localizado na capital do Rio Grande do Norte – Natal, e foi reinaugurado no ano de 2019, sob a administração do Senac, sendo está uma empresa privada com fins lucrativos. O hotel-escola de Natal é o quarto e o mais novo da instituição, juntamente a dois localizados em São Paulo e outro em Vitória.

Figura 28 - Hotel Senac Barreira Roxa. Fonte: Portal do Mar (2019).

Figura 27 - Entrada Núcleo de Prática Jurídica Unileão. Fonte: ArchDaily (2019).

REFERÊNCIAS PROJETUAIS VALORIZAÇÃO DA ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO NATURAL SETORIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DIMENSIONAMENTO DOS AMBIENTES ESTÉTICA - MATERIAIS, CORES E ELEMENTOS VAZADOS DISPOSIÇÃO DOS BLOCOS Tabela 5 - Referências projetuais tomadas como orientação - Núcleo de Prática. Fonte: Produção autoral.

Figura 29 - Hotel Senac Barreira Roxa. Fonte: Portal do Mar (2019).

Desde o ano de 2013, o hotel vem passando por obras de reforma e ampliação, criando novos 60


espaços, modernizando os existentes e construído tornando-se possível ainda a ampliação nos uma escola de hotelaria, turismo e gastronomia, ambientes voltados para administração. “O principal será a independência entre que, a partir de então, ficou separada do hotel. Essa escola e o hotel. Atualmente os alunos têm separação se deu por questões de necessidades de sua parte prática nos próprios quartos do mais espaços. hotel, e agora com a escola teremos uma Anteriormente a esta reforma, a área estrutura exclusivamente voltada para eles; voltada a escola ficava localizada no subsolo do um bar, um ambiente de camareira, edifício, juntamente com algumas das áreas recepção, tudo simulado para que os alunos administrativas. Entretanto, sentiu-se a possam realizar o curso por lá e mais a frente, necessidade de aumentar a infraestrutura voltada quando estiverem perto da formação, aí sim para o centro de ensino e também da criação de uma eles participem da estrutura de fato.” (PAIVA, área de lazer mais generosa e completa para o hotel, 2011).

01- LAVANDERIA 02- GOVERNANÇA 03- CPD 04- GERÊNCIA 05- ALIMENTOS E BEBIDAS 06- CONTROLADORIA 07- SALA DE DESCANSO 08- WS MASC. FEM. (PNE) 09- WC MASC. FEM. 10- MANUTENÇÃO 01- LOBBY 02- RECEPÇÃO 03- CAIXA RESTAURANTE 04- RESTAURANTE 05- ADEGA 06- MONITORAMENTO

PROGRAMA DE NECESSIDADES - HOTEL ANDAR 0 11- REFEITÓRIO 12- DEPÓSITO 13- COPA 14- LOUÇARIA 15- SALA DE JOGOS 16- SALÃO DE GINÁSTICA 17- BAR PISCINA 18- BEBIDAS

19- VESTIÁRIO MASC. FEM. 20- PORTARIA 21- DOCAS 22- SALA ALMOXARIFE 23- DML 24- DESCARTÁVEIS 25- DESPENSA 26- LAVAGEM HORTALÍÇAS 27- CÂMARA FRIA (HORTALIÇAS/PEIXE/CARNE) 28- PRÉ PREPARO CARNES

TÉRREO 07- MALEIRO 08- SECRETÁRIA 09- WC. MASC. FEM. 10- WC. MASC. FEM. (PNE)

11- QUARTOS 12- APOIO QUARTOS 13- BAR 14- BAR DECK 15- ÁREA COZINHA 16- PISCINA

TÉRREO - ANEXO 01- HALL DE ENTRADA 02- FOYER 03- COPA GARÇONS 04- COZINHA

05- DEPÓSITO 06- COORDENAÇÃO DE EVENTOS

07- WC. MASC. FEM. 08 - WC MASC. FEM. (PNE) 09- AUDITÓRIO 10 - SALA DE REUNIÃO

1º PAVIMENTO 01- QUARTOS Tabela 6 - Programa de necessidades – Hotel Senac Barreira Roxa. Fonte: Produção autoral.

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O hotel, que possui 3 pavimentos com 52 unidades habitacionais que se configuram em até 150 leitos, conta com uma infraestrutura completa, desde estacionamento privativo, serviço de quarto 24 horas, áreas de recepção, espaço kids, baby copa, salão de jogos, piscina e academia.

Figura 30 - Área de lazer externa Hotel Senac Barreira Roxa. Fonte: Produção autoral. 27

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PRESTAÇÃO DE SERVIÇO/SOCIAL ADMINISTRATIVO

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Figura 31 - Planta subsolo setorizada. Fonte: Produção autoral. COZINHA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO/SOCIAL ADMINISTRATIVO QUARTOS PISCINA

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Figura 32 - Planta térreo setorizada. Fonte: Produção autoral.

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Além disso, conta-se com uma grande área destinada a eventos: palestras, seminários e até mesmo festas, onde se encontra um grande auditório para receber eventos de maior porte assim

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como espaços moduláveis com capacidade de 20 a 40 pessoas, interligados por amplos foyers, salas de apoio e banheiros exclusivos para essas eventualidades.

SERVIÇO

08

07

10

ADMINISTRATIVO/SOCIAL

08

EVENTOS 10

06

09

10

07 07

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04

03

01

05

Figura 33 - Planta anexo setorizada. Fonte: Produção autoral.

Figura 34 - Auditório e Sala de Reunião Hotel Senac Barreira Roxa. Fonte: Arquivo pessoal.

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No quesito acessibilidade, o hotel-escola conta com livre acesso para portadores de necessidades especiais, tanto nos apartamentos como nas áreas sociais do edifício e nos banheiros, possibilitando a estes a circulação plena por todos os ambientes. Em visita técnica realizada nos dias 30 e 31 de outubro de 2019, constatou-se que é real a preocupação e cuidado do hotel e do centro de ensino para com os hóspedes e alunos que possuem mobilidade reduzida, desde as áreas comuns como nas áreas voltadas para os funcionários, incluindo piso tátil, placas com o sistema Braille, barras de apoio e vagas para cadeirantes. Além disto, há uma equipe preparada para atender hóspedes que necessitem se comunicar através de libras. Já em relação à sustentabilidade, há por parte do hotel uma preocupação com esse assunto, adotando medidas que possam reduzir o impacto do mesmo ao meio ambiente, entre elas: coleta seletiva do lixo, quartos com sistema de economia de energia, campanha para trocas consciente de enxovais e toalhas dos quartos – evitando o consumo excessivo de água, energia, emissão de poluentes e reaproveitamento de água para a irrigação da área verde do local. Além disso, pensando a respeito do conforto ambiental, incluindo preocupações com acústica e iluminação, as salas destinadas para eventos e palestras possuem isolamento, condicionamento acústico e iluminações flexíveis, tanto para a iluminação geral como para a iluminação em foco de LED. Atestou-se também durante a visita técnica que grande parte do forro que foi colocado no hotel e no centro de ensino contam com isolamento acústico de lã 50 64

milímetros. Quanto à área destinada a hospedagem, os apartamentos são de 22 a 54 metros quadrados, podendo variar sua localização e número de pessoas, todos amplos e confortáveis, oferecendo a possibilidade de cama extra ou berço e também de serem adaptados a hóspedes com mobilidade reduzida. Na visita ao local foi possível constatar que o motivo pela variação do tamanho dos quartos foi devido ao fato que a construção do edifício que hoje é o hotel, a princípio foi realizada para ser a casa do governador no início dos anos 80, contudo, com forte a crítica e a pressão vinda da imprensa popular, o mesmo cedeu sua residência para tornarse um hotel-escola. Com isso, não foi pensado em uma modulação para o tamanho dos quartos, o que seria ideal, tanto estruturalmente como funcionalmente, já que é algo que viria a facilitar quando se vai montar o quadro de reservas e valores. Em conversa com a arquiteta responsável pelo projeto do Hotel Barreira Roxa, um ponto desafiador foi a elaboração da cozinha. Por se tratar de um ambiente de bastante complexidade, que precisaria atender ao restaurante, cafeteria e bar, foram fundamentais muitas pesquisas e entrevistas com chefes de cozinha para que houvesse uma orientação na montagem e distribuição dos materiais e utensílios necessários. Outro ponto importante é a área destinada a confeitaria e panificação, que diferentemente dos outros hotéis que já adquirem a parte de pães prontas, no Barreira Roxa, há a própria confecção desses, devido a existência de uma cafeteria no local e também por se tratar de um hotel-escola, onde os alunos da gastronomia vão colocar em prática o que foi aprendido e devem se deparar com


Figura 38 - Decoração regional Hotel Senac Barreira Roxa. Fonte: Arquivo pessoal.

01- COZINHA PEDAGÓGICA 02- VESTIÁRIO MASC. FEM. 03- VESTÁRIO MASC. FEM. (PNE) 04- COZINHA PANIFICAÇÃO O1- SALAS DE AULA 02- WC MASC. FEM. 03- WC MASC. FEM. (PNE) 04- LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA 05- LABORATÓRIO DE ALIMENTOS E BEBIDAS 06- VESTIÁRIO MASC. FEM.

No que se refere à área destinada à educação, o novo centro de ensino profissional do Senac tem cursos de formação técnica bem práticos, dando ao aluno a possibilidade de exercer, ao final de sua formação, tudo que foi aprendido nas aulas teóricas. Para isso, contam com estruturas diferenciadas, modernas e profissionais bem instruídos e qualificados. Dentre os ambientes destinados a essas práticas, podemos ver um laboratório de panificação e confeitaria, duas cozinhas pedagógicas, bar-laboratório, seis salas de aulas convencionais, biblioteca, laboratório de informática e laboratório de alimentos e bebidas. Para o setor administrativo, foram destinados ambientes específicos para os professores, para o setor pedagógico, para a recepção, para a gerência e sub-gerência, para o financeiro e para a central de atendimento.

PROGRAMA DE NECESSIDADES - HOTEL ANDAR 0 05- COZINHA OLÍMPICA 09- NÃO RECICLÁVEIS 06- BAR OLÍMPICO 10- CÂMARA FRIA (LATICÍNIOS, CARNES E MARISCOS) 07- TRIAGEM 11- DEPÓSITO 08- LOUÇARIA 12- DML TÉRREO 07- VESTIÁRIO MASC. FEM. (PNE) 13- RECEPÇÃO 08- BIBLIOTECA 14- PEDAGÓGICO 09- CENTRAL DE ATENTIMENTO 15- SALA DOS PROFESSORES 10- FINANCEIRO 16- LANCHONETE 11- GERÊNCIA 17- COPA 12- SUB-GERÊCIA 18- T.I. 19. CONVIVÊNCIA/ REFEITÓRIO

Tabela 07 - Programa de necessidades – Centro de ensino Senac Natal. Fonte: Produção autoral.

66


separação dos setores educacional/hospedagem em edifícios distintos um do outro. Dessa forma, os alunos só passam a ter acesso às atividades práticas no final do curso, quando já passaram por toda a teoria no centro de ensino e começam a exercer funções reais no hotel. Para isso, eles utilizam uma vestimenta diferenciada dos demais funcionários e estão sob a responsabilidade de tutores qualificados que os direcionam e os dão assistência.

Figura 39 - Centro de Ensino Senac Natal. Fonte: Arquivo pessoal.

Diferentemente do que devesse imaginar ao pensar em um hotel-escola, não se vê os alunos transitando constantemente nas áreas do hotel e em contato com os hóspedes a toda hora. Sendo essa, uma característica que é reforçada pela 01

01

01

Figura 40 - Cozinha pedagógica - Centro de Ensino Senac Natal. Fonte: Arquivo pessoal.

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06

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01

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09 10

11

12

13 14

SERVIÇO ADMINISTRATIVO/SOCIAL ENSINO

15

Figura 41 - Planta Centro de Ensino – Andar 1 setorizada. Fonte: Produção autoral.

67


o cenário ideal para a execução e comercialização do seu trabalho. Os ambientes voltados para essa área, de alimentação, foram pensados e planejados desde o seu recebimento até o preparo final da refeição, visto que ao chegarem ao local devem passar

primeiramente pela parte de limpeza e depois irem até a armazenagem em dispensas de frutas ou hortaliças e no caso das carnes, que são guardadas e seladas em sacos a vácuos com a quantidade certa para cada prato conservadas em câmaras frias. TAPIOCAS E MASSAS

DEPÓSITO BEBIDAS

GUARDA LOUÇAS

LAVAGEM

ENTRADA E SAÍDA DE GARÇOM

COZINHA

CONFEITARIA

LAVAGEM PANELAS PANELAS DESPENSA

GARDE MANGER

DML

ESTOQUE (PADARIA CONFEITARIA)

PADARIA

Figura 35 - Planta cozinha detalhada. Fonte: Produção autoral.

Em relação à ambiência, podemos ver que o hotel é extremamente agradável e aconchegante, a partir do uso de cores neutras mescladas a poucas cores fortes pontuais da decoração, para que a paisagem natural da Via Costeira recebesse todo o destaque. Percebe-se a utilização de materiais modernos, como o cimento queimado, juntamente a rusticidade da madeira, trazendo o regionalismo local para dentro do hotel, com o uso de fibras, palhas, crochês e vegetação. Um fator interessante que vem reafirmando o regionalismo e a valorização pela cultura e arte local é a utilização de quadros e decorações de artistas da terra (todos os quadros utilizados no interior dos quartos são fotografias de artistas locais formados pelo Senac), como também a homenagem feita através do restaurante, bar e cafeteria, que receberam o nome de grandes personalidades potiguares.

Figura 36 - Recepção Hotel Senac Barreira Roxa. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 37 - Área de estar entre quartos, Hotel Senac Barreira Roxa. Fonte: Arquivo pessoal.

65


Figura 42 - Cozinha pedagógica - Centro de Ensino Senac Natal. Fonte: Produção autoral.

Durante a visita técnica ao centro de ensino, tomou-se conhecimento a respeito do programa PSG – Programa Senac de Gratuidade, que, em parceria com alguma empresa (que deseja qualificar seus funcionários) ou com algum órgão que deseja levar educação a população e a pessoas de comunidades locais, o Senac fornece cursos de formação profissional gratuitos, para quem não tem condição de pagar por eles. Como por exemplo, a comunidade de Mãe Luiza, que é próxima ao Barreira Roxa, já teve diversas pessoas formadas, dessa forma, tornando-as capacitadas a se incluírem no mercado de trabalho através dessa iniciativa. Outro programa desenvolvido pelo Senac junto ao centro de ensino, que tem como objetivo preparar as pessoas para se inserirem no mercado, são as carretas-escolas. Estas são ônibus que levam a cidades menos favorecidas, cursos profissionalizantes de curta duração, que na maioria das vezes são financiados pelo governo do local. Um ponto importante que deve ser considerado no projeto do centro de ensino é a área destinada a triagem, local onde fica guardado os alimentos e suprimentos que serão necessários 68

Figura 43 - Cozinha pedagógica - Centro de Ensino Senac Natal. Fonte: Arquivo pessoal.

durante os preparos de alimentos dos cursos de gastronomia. Sendo este um ambiente pequeno, que deve ser refrigerado devido as câmaras frias e conta com carrinhos e prateleiras. Aliado ao projeto do local, há também um rigoroso planejamento e controle que é feito antes e durante as aulas, para que minimizem o máximo possível as sobras e desperdícios dessas comidas. Tendo como por exemplo, a planilha desenvolvida pela coordenação do curso, que determina o que será necessário para cada aula e para cada aluno no decorrer de todo o curso, fazendo com que não necessite de um espaço tão amplo para a reserva desses materiais, visto que só terá em estoque o que será usado naquela semana. Como fator dificultador encontrado e atestado no Hotel Senac Barreira Roxa foi a


escassez de linhas de transporte público no entorno imediato do hotel-escola, sendo este ponto negativo, visto que muito dos estudantes e funcionários se utilizam desse meio para se locomover e precisam fazer grande parte do percurso a pé. Constatou-se também que o período mais intenso de uso é no horário noturno, sendo esse o horário que há mais procura de cursos, o que volta a retificar a importância de um sistema de transporte público eficiente e seguro. Por fim, pode-se registrar de grande valia e importância para o desenvolvimento do projeto em curso a visita técnica realizada no Hotel Escola Senac Barreira Roxa, fornecendo informações valiosas sobre a dinâmica e o funcionamento dos dois setores – hotelaria e educacional, bem como ilustrando os ambientes necessários e soluções para sustentabilidade, ambiência e acessibilidade que serão certamente norteadoras das decisões projetuais futuras.

69



06 A รกrea do projeto


06.01. LOCALIZAÇÃO E TERRENO O hotel-escola de Fortaleza será localizado no bairro Praia do Futuro II, no intuito de contemplar os vários fatores envolvidos e essenciais para o seu funcionamento, como: infraestrutura, demanda social, existência de público alvo e atrativos turísticos. Mediante ao objetivo de integrar as atividades de profissionalização, comércio e lazer, unidos a importância do turismo no Brasil, buscou-se na cidade de Fortaleza uma área que unisse essas múltiplas funções e houvesse um atrativo turístico para despertar o interesse dos hóspedes. Ademais, é imprescindível que o local onde o hotel-escola será construído seja provido de toda infraestrutura adequada para receber um empreendimento de grande porte, como estações de esgoto, abastecimento de água e coleta de lixo, garantindo assim o saneamento básico. Além de preocupar-se com os meios de transporte ofertados, sendo a área abastecida de paradas de ônibus, próxima a um terminal e futura estação de VLT, contando também com uma ciclovia e ciclofaixa, assegurando assim a mobilidade urbana do local. N

Figura 44 - Localização do Ceará, Fortaleza e Praia do Futuro II. Fonte: Grande Hotel Campos de Jordão (2019).

Juntamente aos fatores citados a cima, foi fundamental para a escolha do bairro um espaço que tivesse residentes em idade ativa – como podemos ver a baixo no censo de 2010 realizado pelo IBGE – para que esses possam usufruir dos cursos profissionalizantes e ingressem no mercado de trabalho. Em conjunto a isto, considerou-se também a proposta de distribuição de emprego realizada no plano Fortaleza 2040, que classifica o bairro como um polo gerador de renda.

100 ou mais 95 a 99 anos 09 a 94 anos 85 a 89 anos 80 a 84 anos 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 69 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 15 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos 600

400

200

0

0

200

Homens

Gráfico 1- Pirâmide Etária Praia do Futuro II. Fonte: IBGE (2010) editado pela autora.

72

400 Mulheres

600


Figura 45 - Plano Fortaleza 2040. Fonte: Fortaleza em mapas (2019) editado pela autora.

Ademais, sua localização estratégica foi o que de fato determinou a escolha, unindo os maiores atrativos turísticos da cidade de Fortaleza, o mar e o sol, junto a barracas de praia que trazem ao local grande fluxo de pessoas diariamente e também uma grande variedade de entretenimentos e gastronomia, atraindo cada vez mais aos turistas. Simultaneamente a isso, há também uma estrada recentemente realizada que liga a praia do Porto das Dunas, local onde está localizado uma das grandes atrações do Nordeste, o parque aquático Beach Park, à Praia do Futuro, sendo este mais um fator a ser considerado pelos hóspedes. Por esses motivos, escolheu-se um terreno no bairro Praia do Futuro II, estando ele na Regional II (SER II) que é formada por 20 bairros com população correspondendo a 13,50% da população da capital, segundo a Prefeitura de Fortaleza. O mesmo está inserido em uma localização privilegiada que tem acesso por uma das principais avenidas da cidade (Avenida Santos Dumont) e

próximo a grandes polos geradores de viagem, como o shopping Rio Mar, a Barraca de praia Terra do Sol e o hotéis Vila Galé e VG Fun Beach. O mesmo se estende por um quarteirão, com área aproximada de 12.080 metros quadrados e tendo acesso por quatro vias, Rua Grito do Ipiranga, Avenida Clóvis Arrais Maia, Rua Salustiano de Pinho e Avenida Dioguinho. Sendo assim, o hotel-escola poderá atender da melhor maneira os turistas que vem a cidade, fornecendo a esses um local de qualidade, servido de infraestrutura adequada e mobilidade urbana, facilitando o acesso e o transporte, além de oferecer uma ótima e agradável visual para a orla marítima de Fortaleza. Já o centro de ensino tem como objetivo levar educação profissional à comunidade existente no bairro, aumentando e incentivando os comércios locais e inserindo cada vez mais pessoas no mercado de trabalho, influenciando diretamente na economia da cidade. 73


UMO OS D T N A AV. S

NT HOTEL VG FUN BEACH

BARRACA TERRA DO SOL

HOTEL VILA GALÉ TERRENO

PONTO DE VISTA FOTOGRAFIAS

POLOS GERADORES DE VIAGEM

TERRENO

Figura 46 - Localização do terreno. Fonte: Google Earth, editado pela autora.

Figura 47 - Terreno. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 48 - Terreno. Fonte: Google Earth.

Figura 49 - Terreno. Fonte: Google Earth.

74


06.02. CONDIÇÕES FISIO-AMBIENTAIS

AV. DIOGUINHO

R. SALUSTIANO DE PINHO

R. EDMUNDO FALCÃO

R. JOÃO ALENCAR

AV. CLÓVIS ARRAIS MAIA

R. GRITO DO IPIRANGA

R. ANTÔNIO ATULAPA RODRIGUES

Como visto anteriormente os conceitos necessários para um projeto arquitetônico, constatamos que os aspectos de eficiência energética e questões climáticas são de suma importância, sendo imprescindível uma análise a respeito das condições físico-ambientais do ambiente em que o mesmo será inserido. Visto que isso influencia diretamente em diversas escolhas projetuais, como a na posição que o edifício ocupará e na distribuição e localização de seus ambientes. Percebe-se no terreno estudado, que a ventilação predominante vem da região leste e sudeste, sendo ela mais fraca na porção sul. Sendo o a região do leste também privilegiado nas questões de incidência solar, com o sol nascente. Discorrendo a respeito da topografia e curvas de nível, em visita realizada para conhecer e analisar o terreno em questão, constatou-se que devido ao seu uso atual – utilizado como estacionamento – a topografia original do mesmo foi alterada, estando ela atualmente planificada. Um ponto negativo encontrado nas proximidades do terreno foi a utilização de um vazio urbano como depósito de lixo a céu aberto por meio da população, enfraquecendo assim o potencial paisagístico e ambiental de região. N L

O

R. IP ARE M

AV. SANTOS DUMONT

I

TERRENO

SOL NASCENTE

CURVAS DE NÍVEIS ORIGINAIS

SOL POENTE

BRISA MARÍTIMA

ORIENTAÇÃO SOLAR

DIREÇÃO DOS VENTOS

LIXO EM LOCAL INAPROPRIADO

Figura 50 - Aspectos Bioclimáticos. Fonte: Google Earth (2019), editado pela autora.

75


06.03. ANÁLISE VIÁRIA

* *

R. IP ARE

R. SALUSTIANO DE PINHO

R. GRITO DO IPIRANGA

R. EDMUNDO FALCÃO

R. JOÃO ALENCAR

AV. DIOGUINHO

R. ANTÔNIO ATULAPA RODRIGUES

Tratando-se de um equipamento que trará muito movimento ao bairro, visto seus diversos tipos de uso, como hotelaria, institucional e lazer, realizar uma análise viária é de suma importância para garantir que o mesmo terá a infraestrutura necessária para atender tanto aos hóspedes, alunos, funcionários e clientes. A partir desse estudo pode-se afirmar que o bairro é provido de diversos modais, desde ciclofaixas e ciclovias nas suas principais avenidas e uma boa distribuição de paradas de ônibus por toda a avenida Dioguinho. Além disto, a grande maioria de suas vias são classificadas como locais, que recebem o fluxo de grandes vias arteriais e coletoras, como a Avenida Santos Dumont, que liga a parte leste a parte oeste da cidade. N

*

AV. SANTOS DUMONT

MI

*

*

VIA LOCAL

VIA COLETORA

VIA ARTERIAL I

VIA PAISAGÍSTICA

CICLOVIA

CICLOFAIXA

Figura 51 - Tipologia Viária. Fonte: Google Earth (2019), editado pela autora.

76

ROTA DE ÔNIBUS

*PARADA DE ÔNIBUS

TERRENO


06.04.USO DO SOLO Analisando as diversas tipologias de uso do solo presentes no bairro, percebe-se a predominância de residências menos favorecidas mescladas a pequenos comércios locais. Já as residências de maior porte, como prédios e condomínios de casa, estão em menor quantidade no entorno imediato do terreno. Pode-se constatar também muitos vazios urbanos que são utilizados de forma inapropriada, como por exemplos, grandes terrenos que servem como estacionamentos para atender o fluxo das barracas de praia. A parte destinada ao lazer é satisfatória, visto a presença de uma grande praça de qualidade, que oferece um bom mobiliário urbano e é bem conservada. Juntamente a diversas opções de entretenimentos encontrados na praia. Já os hotéis existentes se intitulam de uso misto, dado que a uma diversificação de uso, tanto hoteleiro como de lazer.

AV. DIOGUINHO

R. SALUSTIANO DE PINHO

R. EDMUNDO FALCÃO

R. JOÃO ALENCAR

AV. CLÓVIS ARRAIS MAIA

R. GRITO DO IPIRANGA

R. ANTÔNIO ATULAPA RODRIGUES

N

R. IP ARE M

AV. SANTOS DUMONT

I

VAZIOS

RESIDENCIAL/COMÉRCIO

LAZER

USO MISTO

RESIDENCIAL

TERRENO

Figura 52 - Uso do Solo. Fonte: Google Earth (2019), editado pela autora.

77


06.05. GABARITO

AV. DIOGUINHO

R. SALUSTIANO DE PINHO

R. GRITO DO IPIRANGA

R. EDMUNDO FALCÃO

R. JOÃO ALENCAR

AV. CLÓVIS ARRAIS MAIA

R. ANTÔNIO ATULAPA RODRIGUES

Em relação ao gabarito do entorno imediato do terreno, nota-se a predominância da horizontalidade com construções mais baixas, sendo elas em sua maioria de até 2 pavimentos. Já os edifícios residenciais verticais ocorrem de forma mais pontual e, devido à grande quantidade de vazios presentes na região é possível que ocorra a permeabilidade da ventilação natural do local. N

R. IP ARE

AV. SANTOS DUMONT

MI

1 A 2 PAVIMENTOS

3 A 4 PAVIMENTOS Figura 53 - Gabarito. Fonte: Google Earth (2019), editado pela autora.

78

> 4 PAVIMENTOS

TERRENO


06.06. LEGISLAÇÃO

AV. DIOGUINHO

R. SALUSTIANO DE PINHO

R. EDMUNDO FALCÃO

R. JOÃO ALENCAR

AV. CLÓVIS ARRAIS MAIA

R. GRITO DO IPIRANGA

R. ANTÔNIO ATULAPA RODRIGUES

Seguindo a normativa da Lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza, definida no Plano Diretor como a lei complementar de número 236 no ano 11 de agosto de 2017, onde determina que a área destinada para o projeto do hotel-escola está inserida no trecho da Zona de Orla VII, da Praia do Futuro.

R. IP ARE M

AV. SANTOS DUMONT

I

ZEIS 3

ZO 7

ZIA

TERRENO

Figura 54 - Zoneamento. Fonte: Google Earth (2019), editado pela autora.

Portanto, classificou-se o mesmo para atividades de hospedagem (H) e ensino profissionalizante (SE), estando estes na classe PGV1 devido ao seu porte, e sendo assim aprovados para a construção. Logo a baixo é possível identificador os parâmetros estabelecidos para a Zona de Orla, trecho VII. PARÂMETROS URBANOS DE OCUPAÇÃO - ZONA DE ORLA - TRECHO VIII (ZO7)

SOLO: 50 SUBSOLO: 50 BÁSICO: 2.00 MÍNIMO: 0.10 ÍNDICE DE APROVEITAMENTO (IA) MÁXIMO: 2.00 TESTADA (m): 8.00 DIMENSÕES MÍNIMAS DO LOTE PROFUNDIDADE (m): 25.00 ÁREA (m²): 200.000 40 TAXA DE PERMEABILIDADE (%) 36.00 ALTURA MÁXIMA DA EDIFICAÇÃO TAXA DE OCUPAÇÃO

Tabela 8 - Parâmetros ZO 7. Fonte: Produção autoral.

79



07 Projeto arquitetĂľnico


07.01. DIRETRIZES PROJETUAIS Entende-se como diretrizes projetuais as estratégias que serão adotadas para definir e serem base para o projeto arquitetônico que será elaborado. Elas também são princípios norteadores para criar soluções de projeto e garantirem o bom funcionamento do edifício a ser construído. Devido a isso e com base nos conceitos anteriormente analisados e nos projetos de referências estudados, determinou-se como diretrizes para a elaboração do hotel-escola Kailani localizado em Fortaleza os conceitos citados logo abaixo. DIRETRIZES

AÇÕES

ACESSIBILIDADE E ERGONOMIA

PROJETAR ESPAÇOS UTILIZÁVEIS E ADAPTÁVEIS PARA TODOS OS TIPOS DE PESSOAS

PENSAR E PROJETAR ESPAÇOS PARA RAMPAS E ELEVADORES; PRIORIZAR E ENFATIZAR O DESENHO UNIVERSAL TANTO NOS ESPAÇOS COMO NOS MOBILIÁRIOS; FAZER UM PROJETO DENTRO DAS NOMEAS DA NBR 9050; UTILIZAR SINALIZAÇÃO EM BRAILE E PISO TÁTIL; PROJETAR CIRCULAÇÕES GENEROSAS E COM FLUXO DE PESSOAS BEM DEFINIDO

CONFORTO AMBIENTAL

ASSEGURAR QUE OS AMBIENTES PROJETADOS SEJAM ABASTECIDOS DE BOAS SOLUÇÕES DE CONFORTO LUMÍNICO, TÉRMICO E ACÚSTICO

FAZER USO DE MATERIAIS QUE PROPORCIONEM BOM ISOLAMENTO ACÚSTICO; UTILIZAR-SE DE DIRETRIZES PROJETUAIS QUE PROPORCIONEM VENTILAÇÃO E ILUMINAÇÃO NATURAL; USO DE VEGETAÇÕES ADEQUADAS AO CLIMA LOCAL QUE AUXILIEM NO SOMBREAMENTO DO EDIFÍCIO E FUNCIONEM COMO UMA BARREIRA SOLAR

ASPECTOS TEÓRICOS PROJETUAIS

HUMANIZAÇÃO E AMBIÊNCIA

HUMANIZAÇÃO E AMBIÊNCIA

PENSAR EM ESPAÇOS DESTINADOS AO LAZER E EM ÁREAS AO AR LIVRE; UTILIZAR DA METODOLOGIA DAS CORES PARA PROPORCIONAR TORNAR OS AMBIENTES SENTIMENTO NOS USUÁRIOS; AGRADÁVEIS E ACOLHEDORES PARA PROJETAR UM EDIFÍCIO QUE NÃO DESTOE DA PAISAGEM URBANA JA TODOS OS USUÁRIOS EXISTENTE; UTILIZAR-SE DOS ESPAÇOS DE ENSINO PARA PROPORCIONAR NOVAS EXPERIÊNCIAS E CONHECIMENTO AOS ALUNOS; PROJETAR ESPAÇOS FUNCIONAIS PARA FUNCIONÁRIOS, ESTUDANTES E HÓSPEDES

TORNAR OS AMBIENTES AGRADÁVEIS E ACOLHEDORES PARA TODOS OS USUÁRIOS

UTILIZAR DE MATERIAIS COM SELOS VERDES QUE NÃO AGRIGAM O MEIO AMBIENTE; FAZER O USO DE ENERGIAS LIMPAS E RENOVÁVEIS COMO ENERGIA SOLAR; USAR ILUMINAÇÕES ARTIFICIAIS MAIS ECONÔMICAS; UTILIZAÇÃO DE SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO E REUSO DE ÁGUAS; REALIZAR COLETA SELETIVA DO LIXO E ASSOCIADAS AS CAMPANHAS DE CONSCIENTIZAÇÃO PARA HÓSPEDES E FUNCIONÁRIOS; DESTINAR UMA ÁREA DO PROJETO PARA RECEBER MÁQUINAS DE LAVA-LOUÇA QUE REDUZ O USO DE PAPEL PARA SECAGEM DOS EQUIPAMENTOS

Tabela 9 - Diretrizes Projetuais. Fonte: Produção autoral.

82


07.02. PROGRAMA DE NECESSIDADES E FLUXOGRAMA

SERVIÇO

ADMINISTRATIVO

ÁREA COMUM

ENSINO

Tomando como referência o Hotel Senac Barreira Roxa, onde foi realizado a visita técnica e atestado o bom funcionamento do local, juntamente com a disposição e setorização dos ambientes, idealizou-se o programa de necessidades do hotel-escola a ser desenvolvido na cidade de Fortaleza. Para isso, separou-se setores, sendo eles: administrativo, serviço, hospedagem e áreas comuns/lazer, estes voltados a atender os hóspedes do hotel. E para a parte educacional, para atender os alunos do centro de ensino, dividiu-se também em administrativo, serviços, ensino e áreas comuns. Possuindo como um dos objetivos projetuais trazer para o hotel uma área de lazer mais enxuta, contando apenas com salas para ginásticas e jogos, juntamente a áreas para convívio social, como restaurante, bar e piscina, visto que a própria localização do terreno já conta com atrativos turísticos, como as barracas de praia, o mar e a facilidade de acesso ao parque aquático Beach Park. AMBIENTE

ÁREA (m²)

QT.

PANIFICAÇÃO SALA DE AULA LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA COZINHA PEDAGÓGICA COZINHA OLÍMPICA BAR OLÍMPICA BIBLIOTECA VESTIÁRIO CIRCULAÇÃO VERTICAL REFEITÓRIO CIRCULAÇÃO GERAL ÁREA SOCIAL ENTRADA/PORTARIA CENTRAL DE ATENDIMENTO FINANCEIRO SUB GERÊNCIA GERÊNCIA PEDAGÓGICO SALA DOS PROFESSORES RECEPÇÃO SALA DE MONITORAMENTO LANCHONETE/COZINHA VESTIÁRIOS + PCD BANHEIRO PCD TRIAGEM LOUÇARIA NÃO RECICLÁVEIS CÂMARA FRIA (CARNES) CÂMARA FRIA (HORTALÍCIAS) DEPÓSITO/DML CIRCULAÇÃO SERVIÇO CIRCULAÇÃO SERVIÇO (EXTERNA)

105,8 52,9 66,9 104,8 33,4 32,65 52,2 52,4 35,35 68,25 162,3 67,5 68,25 32,1 19,1 10,65 11,15 51,25 52,9 19,28 11,67 68,25 22,6 2,55 34,4 7,95 7,95 13,7 13,7 11,67 39,05 172,17

01 06 01 02 01 01 01 02 03 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 02 02 01 01 01 01 01 01 01 01

ÁREA TOTAL (m²) TOTAL SETOR (m²) 105,8 317,4 66,9 209,6 33,4 32,65 52,2 104,8 106,05 68,25 162,3 67,5 68,25 32,1 19,1 10,65 11,15 51,25 52,9 19,28 11,67 68,25 45,2 5,01 34,4 7,95 7,95 13,7 13,7 11,67 39,05 172,17

817,95

508,9

276,35

419,14

Tabela 10 - Programa de necessidades - Centro de Ensino Fonte: Produção autoral.

83


ÁREA COMUM/LAZER HOSPEDAGEM ADMINISTRATIVO 84

AMBIENTE

ÁREA (m²)

QT.

DECK PISCINA PISCINA INFANTIL CIRCULAÇÃO VERTICAL LAVABO PDC + FAMÍLIA LOBBY RECEPÇÃO LAVABO PCD AUDITÓRIO FOYER BANHEIROS + FAMÍLIA SALA DE REUNIÃO (TIPO 1) SALA DE REUNIÃO (TIPO 2) ESCADA ENCLAUSURADA RESTAURANTE CIRCULAÇÃO SALA DE JOGOS ACADEMIA CIRCULAÇÃO + ÁREA DE ESTAR CIRCULAÇÃO EVENTOS CIRCULAÇÃO VERTICAL QUARTO PCD QUARTO TIPO 01 QUARTO TIPO 02 APOIO QUARTOS QUARTO TIPO 03 QUARTO TIPO 04 QUARTO TIPO 05 QUARTO TIPO 06 SALA DE MONITORAMENTO SECRETARIA COORDENAÇÃO DE EVENTOS CENTRAL DE ÁUDIO E VÍDEO DESPENSA GERAL DESPENSA AUXILIAR DEPÓSITO DE BEBIDAS GERAL DEPÓSITO DE BEBIDAS AUXILIAR RECURSOS HUMANOS DESCARTÁVEIS SALA ALMOXARIFE PORTARIA + ENTRADA DE FUNCIONÁRIOS SALA CHEFE DE COZINHA SALA NUTRICIONISTA ALIMENTOS E BEBIDAS + CONTROLADORIA GERÊNCIA + CPD ESTOQUE (PADARIA E CONFEITARIA) GOVERNANÇA + MANUTENÇÃO

1863 1002 102 25,7 4,00 348,8 27,75 3,6 257,56 147,7 20,7 24,32 33,5 31,65 600 125,35 32,1 46,9 440 44,8 31,1 46,75 47,77 47,00 13,65 27,3 47,25 74,35 67,5 9,00 9,00 6,04 6,25 47,00 6,9 19,7 11,6 9,7 11,6 11,6 13,65 11,32 11,32 43,9 44,35 11,6 23,75

01 01 01 04 04 01 01 07 01 01 04 01 02 04 01 01 01 01 02 01 06 02 10 02 02 14 10 06 06 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01

ÁREA TOTAL (m²) TOTAL SETOR (m²) 1863 1002 102 102,8 16,00 348,8 27,75 25,2 257,56 147,7 82,8 24,32 67,00 126,6 600 125,35 32,1 46,9 880 44,8 186,6 93,5 477,7 94,00 27,3 382,2 472,5 446,1 405 9,00 9,00 6,04 6,25 47,00 6,9 19,7 11,6 9,7 11,6 11,6 13,65 11,32 11,32 43,9 44,35 11,6 23,75

5.509,28

2.398,3

308,33


SERVIÇO

AMBIENTE

ÁREA (m²)

QT.

DML E MALEIRO COZINHA EVENTOS + COPA GARÇONS REFEITÓRIO MONTA CARGA VESTIÁRIOS DML 1 DML 2 VESTIÁRIO PCD LAVANDERIA RECEBIMENTO MERCADORIA CÂMARA FRIA (FRUTOS DO MAR) CÂMARA FRIA (CARNES) CÂMARA FRIA (HORTALÍCIAS) LAVAGEM HORTALÍCIAS PRÉ-PREPARO CARNES CIRCULAÇÃO SERVIÇO 1 CIRCULAÇÃO SERVIÇO 2 CORREDOR LIXO 1 CORREDOR LIXO 2 ADEGA PRAÇA GARÇONS LAVAGEM E ARMAZENAMENTO (LOUÇA LEVE) LAVAGEM E ARMAZENAMENTO (LOUÇA PESADA) GARDE MANGER/FRIOS ÁREA DE PREPARO PADARIA CONFEITARIA TAPIOCAS E MASSAS BAR

5,6 47,95 40,95 1,2 46,7 7,5 6,9 9,85 37,15 32,67 7,4 7,66 7,66 23,65 27,00 190,00 172,1 448,00 52,3 13,3 23,34 47,95 29,00 23,4 94,35 46,9 23,5 24,00 23,5

01 01 01 06 02 01 01 02 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01 01

ÁREA TOTAL (m²) TOTAL SETOR (m²) 5,6 47,95 40,95 7,2 93,4 7,5 6,9 19,7 37,15 32,67 7,4 7,66 7,66 23,65 27,00 190,00 172,1 448,00 52,3 13,3 23,34 47,95 29,00 23,4 94,35 46,9 23,5 24,00 23,5

1.180,23

Tabela 11- Programa de necessidades - Hotel. Fonte: Produção autoral.

Portanto, com o programa de necessidades bem definido é possível estabelecer e visualizar através de um fluxograma como os ambientes se relacionam entre si, quais setores tem contato direto, quais tem contato indireto e os que não se relacionam. Fazer um estudo preciso para alinhar as necessidades do empreendimento, entender as suas demandas e com isso desenvolver um fluxograma bem planejado é fundamental para garantir a funcionalidade dos espaços e dos fluxos. 308,33 ESCOLA

HOTEL ÁREA COMUM/LAZER

HOSPEDAGEM

ÁREA COMUM

ENSINO

ADMINISTRATIVO

SERVIÇO

SERVIÇO

ADMINISTRATIVO

Figura 55 - Fluxograma hotel-escola Kailani. Fonte: Produção autoral.

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07.03. CAPACIDADE DE ATENDIMENTO Para o projeto do hotel-escola Kailani, por se tratar de um equipamento de uso misto – hospedagem e ensino – a maneira de atendimento varia entre esses dois usos, tendo o hotel um funcionamento integral, aberto em todas as épocas do ano e com capacidade de 50 quartos, atendendo a no máximo 150 hóspedes. O mesmo conta também com áreas abertas a todo público, como um grande restaurante e a parte destinada a realização de eventos, como o auditório com capacidade de 191 pessoas e salas de reunião que variam sua capacidade. Esses espaços designados para eventos se utilizam de divisórias acústicas móveis, que proporcionam ao local uma maior versatilidade, podendo receber eventos de grande porte como casamentos e festas, como também algo mais reservado. Já o centro de ensino funciona nos turnos manhã, tarde e noite, durante 5 dias na semana, de segunda-feira a sexta-feira e conta com 6 salas de aulas convencionais, com capacidade máxima de 35 alunos e 5 laboratórios de prática, que atendem por volta de 20 alunos. Além de áreas como biblioteca e sala de informática, que serão disponibilizadas durante todo o funcionamento do local para que os alunos possam usufruir desses espaços para seus estudos.

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07.04. ZONEAMENTO PRELIMINAR A partir da elaboração do programa de necessidades e da divisão dos setores por atividades é possível montar um estudo de massas espaçados pelo terreno escolhido, definindo assim um zoneamento preliminar que posteriormente determinará a implantação do hotel-escola. De início idealizou-se edifícios que seriam separados de acordo com o seu uso e sobrepostos a estes estariam os quartos destinados a hospedagem. Entretanto, com o avanço do projeto, estudos de formas e zoneamentos, essa ideia inicial foi alterada.

.

Figura 56 - Zoneamento preliminar Fonte: Produção autoral.

Como pode-se ver logo a baixo com o estudo de formas realizado para o hotel, seria projetado dois blocos, um destinado para uso mais social, como lobby e auditório e o outro destinado a parte administrativa e de serviço. Posteriormente, visando a funcionalidade e o fluxo entre os ambientes, optouse por unificar esses blocos retangulares, tendo como resultado um grande edifício em formato de “L”, onde continuaria seguindo a premissa de setorizar e separar os seus usos. Juntamente a isto, a área destinada aos quartos do hotel estaria também localizada nesse grande e único bloco, resultando em um edifício de 4 pavimentos.

Figura 57 - Estudo de formas - hotel. Fonte: Produção autoral.

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Agora tratando a respeito do zoneamento do bloco destinado ao centro de ensino, sendo este um edifício extenso e retangular, realizou-se alguns estudos formais com o objetivo de propor circulações horizontais mais largas, como forma de quebrar um pouco a verticalidade do mesmo. Entretanto, com a evolução desses estudos e prevendo um fluxo contínuo, setorizado e organizado, originou-se um edifício com circulações retilíneas, tanto horizontais como verticais e que diferenciam suas larguras conforme a prioridade de cada fluxo, além da criação de áreas de convívio entre elas.

Figura 58 - Estudo de formas - centro de ensino. Fonte: Produção autoral.

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07.05. PROJETO A partir do embasamento teórico desenvolvido ao longo de toda essa pesquisa, juntamente aos referenciais arquitetônico e projetuais elencados à demanda e funcionalidade, concebeu-se o projeto do hotel-escola Kailani na cidade de Fortaleza. O acesso ao empreendimento se dá por 3 vias distintas, resultando em entradas exclusivas para cada tipo de atividade, seja paras hospedes, para os funcionários, para os alunos e para carga e descarga de mercadorias. Ademais, a sua localização estratégica oferece esse acesso por diferentes tipos de modais, como carros, bicicletas e ônibus, além da proximidade à atrativos turísticos da cidade e de polos geradores de viagem, como shopping centers. Desta maneira, foram criados dois grandes blocos distintos, um para o hotel – com 4 pavimentos – e outro para o centro de ensino – sendo esse um edifício térreo –, cada um atendendo todas as necessidades e demandas dos seus usos, deste atividades de lazer, social, ensino, serviços e administrativas. Além disto, foi necessário também a execução de um subsolo para suprir as demandas do equipamento, que além de receber os hóspedes, alunos e funcionários, recebe também o fluxo do restaurante e da área destinada a eventos. Todos os conceitos estudados e apresentados anteriormente, como acessibilidade, humanização, conforto ambiental, ergonomia e eficiência energética foram aplicados da mesma forma para os dois edifícios e foram de extrema importância para determinar e justificar todas as escolhas projetuais, como a localização dos ambientes, a disposição dos blocos no terreno, os materiais utilizados, entre outros. Na imagem ao lado é possível observar a relação do hotel-escola Kailani com o entorno que o mesmo foi inserido. Como o bairro Praia do Futuro II possui um gabarito mais baixo – devido ao fato da legislação de zona de orla VII permitir edifícios com no máximo 36 metros de altura – e pela predominância de muitas residências e pequenos comércios, o empreendimento proposto segue a horizontalidade existente no local. Ademais, pode-se perceber também a utilização de uma paleta de cores claras e suaves – que conversam com a logo idealizada para o hotel-escola – e que tem como intuito fazer com que o prédio não se destoe da paisagem original da praia e do mar, trazendo ao local sensações de calma, aconchego e pertencimento. Sendo assim, alguns pontos de cor aparecem em locais específicos, como o uso da madeira, paredes verdes, montantes e marquises em ACM preto. Outro ponto importante há ser ressaltado foi a utilização de uma extensa pele de vidro no edifício do hotel. Ela se deu por uma premissa projetual de integrar os ambientes internos com os externos e privilegiar as vistas da piscina e da orla marítima. Para que isto fosse possível e não prejudicasse o conforto térmico do edifício, a mesma foi localizada em uma área privilegiada de ventilação natural e que recebe pouca insolação. Juntamente a esses fatores, criou-se também marquises nas varandas dos quartos que funcionam como um beiral para protegê-las de fortes insolações, possuindo também o próprio edifício do centro de ensino como barreira física para ocasionar sombras. A seguir será apresentado o projeto arquitetônico do hotel-escola Kailani, incluindo as perspectivas do equipamento, desenhos técnicos de cada edifício – como as plantas baixas, fachadas e cortes – e discorrendo também a respeito dos elementos utilizados na concepção do hotel-escola, assim como a escolha dos seus materiais. 90


Figura 59 - Inserção no entorno existente. Fonte: Produção autoral e finalização Shaiane Viana.

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07.05.01. SITUAÇÃO E COBERTA O projeto do hotel-escola Kailani, localizado na cidade de Fortaleza e inserido no bairro Praia do Futuro II, se estende por um quarteirão, estando em um lote com 4 frentes e com 12.080 metros quadrados de área. Como tratado anteriormente, o equipamento é dividido em dois grandes blocos, um para o hotel e outro para o centro de ensino, onde aplicou-se estratégicas semelhantes para a suas cobertas. Foram utilizadas nos dois edifícios lajes bubble deck, estas possuem excelentes isolamentos acústicos e térmicos, além de serem impermeabilizadas. Unidos a essa laje, também houve o uso de placas solares. Para isso, utilizou-se de um simulador de energia solar, fornecido pela marca “Neosolar”, onde foi necessário estimar o consume de energia dos edifícios para resultar na quantidade de placas solares que seriam necessárias. Dessa forma, na coberta do hotel há a presença de 245 placas solares e na coberta do centro de ensino há 160, todas voltadas para o norte e com dimensões de 0,90x2,00 metros. Houve também a utilização de vazios nas duas cobertas para a entrada de iluminação natural e para que fosse possível uma ventilação natural vertical. Já no centro de ensino, além da laje buble deck e das placas solares, há também um teto verde, estratégia utilizada para ajudar no microclima do local e como forma de tornar a visual agradável das varandas dos quartos, onde é possível ver a coberta da escola, visto que se trata de um edifício térreo. Por fim, está também localizada na coberta as caixas d'águas responsáveis por abastecer os blocos, assim como a casa de máquina dos elevadores. PARÂMETROS URBANOS DE OCUPAÇÃO - ZONA DE ORLA - TRECHO VII (ZO7) TAXA DE OCUPAÇÃO (%)

SOLO SUBSOLO

ÍNDICE DE APROVEITAMENTO (IA)

1,2

TAXA DE PERMEABILIDADE (%)

5,7

Tabela 12 - Índices Urbanísticos. Fonte: Produção autoral.

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38 35


93


95


95


07.05.02. IMPLANTAÇÃO A planta de implantação é considerada um dos principais fatores na elaboração de um projeto arquitetônico, pois é nela em que é determinado como o edifício vai se comportar em relação ao terreno e aos espaços livres de convivência, porém sempre tendo como foco a funcionalidade para atender o programa de necessidades proposto. Como tratado anteriormente, existem 4 acessos independentes ao equipamento. O primeiro deles se dá pela rua Grito do Ipiranga, onde se localiza a entrada de pedestres ao hotel, assim como o embarque e desembarque destinado ao mesmo – este foi pensado e dimensionado para atender carros convencionais e também a micro-ônibus, que podem ser necessários para levar os hóspedes a passeios. Juntamente a isto, na mesma rua, na região mais oeste do edifício, encontra-se a saída de veículos de serviço e saída do estacionamento (subsolo). Já na avenida Dioguinho, por se tratar de uma via arterial I, não é permitido a entrada e saída de veículos para não gerar trânsito em vias de tráfego intenso. Por essa razão, localizou-se apenas a duas entradas de funcionários, uma destinada ao hotel e outra ao centro de ensino. Na região sudeste do terreno, a rua Salustiano de Pinho recebeu o acesso de pedestres do centro de ensino e o embarque e desembarque também destinado ao mesmo. Nessa mesma via, mais ao sul do terreno, localizou-se também a entrada de veículos ao empreendimento, seja para acessar ao subsolo – que pode ser feito tanto para hóspedes, alunos, funcionários e clientes do restaurante e da área de eventos – como também para a carga e descarga de mercadorias. Para a avenida Clóvis Arrais Maia abriu-se apenas um acesso exclusivo para os hóspedes, onde o mesmo pode optar por sair da área de lazer do hotel (deck e piscina) e ir diretamente para a orla marítima. Outro ponto importante presente na implantação do hotel-escola Kailani foi o formado dos seus caminhos, que foram inspirados na logomarca do empreendimento, seguindo formas bem fluidas e orgânicas, que se assemelham ao movimento dos corais. Além disto, fez-se o uso de caminhos mais curvilíneos como estratégia para romper e contrastar com as formas retilíneas dos edifícios. Estas formas curvas não foram apenas aplicadas nos canteiros de dentro do edifício, foram também propostas para estarem presentes nos canteiros dos passeios, criando uma circulação mais harmônica e humanizada para o pedestre. Juntamente a isto, idealizou-se um paisagismo que não destoasse do entorno pré-existente, sendo isso algo marcante no projeto, a utilização de vegetação nativa como palmeiras e coqueiros, como também a utilização de grama bermuda, vedélias, arbustos e herbáceas, resultando assim na existência de muitas áreas verdes, tanto nos canteiros e caminhos, como também em elementos de fachada, como paredes verdes – localizadas na fachada principal e na área do bar do hotel –, fachadas ventiladas com brises e vegetação e a utilização de beirais com vegetação nas varandas do hotel. Essas áreas verdes, além dos inúmeros benefícios de ventilação, sombreamento e criação de um microclima para o local, aparecem como estratégia projetual para tornar o edifício vivo na paisagem, estando em total sintonia com um cenário praiano e vibrante. 96


Além disso, vale ressaltar a utilização da cerca viva em conjunto com o muro de vidro, que funcionam como barreiras físicas, mas sem comprometer e limitar a visual para a praia. Pensou-se também na criação de um espelho d'água, que aparece em todo o contorno do hotel, que além de ajudar no microclima do local, é uma ótima escolha estética para o projeto, trazendo sensações de leveza e bem estar. Por fim, utilizou-se em toda a área externa do projeto piso fulget resinado, uma inovação do mercado para os pisos naturais. Este confere ao ambiente em que é aplicado um aspecto natural e homogêneo – já que o piso dispensa o uso de emendas –, combinando com a proposta praiana do hotelescola. Ademais, o mesmo oferece diversas vantagens como por exemplo: é um piso drenante e antiderrapante, sendo ele totalmente permeável, sustentável, de fácil aplicação e manutenção.

Figura 60 - Referência cerca-viva. Fonte: Revista Axxis (2020).

Figura 61 - Referência canteiros piscina. Fonte: Sandals hotel (2020).

Figura 62 – Referência espelho d'água e passagens. Fonte: Casa Claudia (2015).

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Vista do acesso principal ao edifício do hotel, destacando os montantes e marquises em ACM preto, um grande pórtico em cimento queimado que emoldura as varandas dos quartos, mesclados a um porcelanato tipo amadeirado e outro calacata, que aparece logo à frente na fachada unidos a uma extensa parede verde, que reafirma a utilização de vegetação em todo o projeto. Figura 63 – Fachada principal do hotel. Fonte: Produção autoral e finalização Shaiane Viana.

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07.05.03. PLANTA PAVIMENTO TÉRREO - HOTEL Para bloco destinado ao hotel, que possui 1.998 metros quadrados de área, foi proposto para o seu pavimento térreo áreas de uso comum, administrativas e de serviços. A entrada principal se dá pela rua Grito de Ipiranga e ao acessar o hotel o usuário é recepcionado por um amplo lobby, com pé direito quádruplo de 15,50 metros de altura, sendo ele envolvido por uma pele de vidro reflecta bronze e brises amadeirados, que resultam em um grande ambiente com ventilação e iluminação natural que se conectam à área de lazer do hotel, através de acessos secundários, marcados por uma circulação com piso amadeirado e grandes portas em vidro. Já os elevadores e escada localizados no lobby, além de funcionar como circulações verticais, funcionam também como elementos estéticos, visto a utilização de elevadores panorâmicos e uma grande escadaria metálica, com o intuito destacar a visual para a praia e reforçar o design imponente do lobby. Há também no projeto outros dois meios de circulação vertical, com escadas enclausuradas, atendendo a norma NBR 9077, que determina um raio de 45 metros para rotas de emergências. Para a área destinada a eventos, que conta com um foyer extenso emoldurado por uma pele de vidro – proporcionando ao mesmo uma visibilidade a uma área privilegiada do projeto – como também com um auditório com capacidade de 191 pessoas, além de salas de reunião com tamanhos e layout variados. Para isso, foi proposto o uso de divisórias acústicas móveis, para que o mesmo se tornasse um local bem versátil, podendo se adaptar para a necessidade de cada evento individualmente. Na área mais abaixo da planta, localizado no sudoeste do terreno, por ser a localização mais desprivilegiada do empreendimento, tanto por possuir uma visual que dá diretamente para avenida Dioguinho como em questões bioclimáticas de ventilação e insolação, localizou-se nessa área a parte destinada a serviços, administrativo, entrada de funcionários e recebimento de mercadorias. Por fim, como estratégia estética para compor com a fachada do hotel, na parte horizontal do edifício que dá para a área de piscina, por se tratar de ambientes de serviços e administrativos, era indispensável o uso de esquadrias para ventilar e iluminar tais ambientes. Sendo assim, utilizou-se brises fixos com vegetações, funcionado como uma fachada ventilada. Dessa forma, foi possível gerar uma visualização bonita e agradável da área externa do prédio, fazendo com que os hóspedes estão usufruindo da piscina não possuam contato visual com a área de serviço e sem prejudicar as condições climáticas de cada ambiente.

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Figura 64 – Referência escada metálica. Fonte: J House (2015).

Figura 65 – Referência divisórias acústicas. Fonte: Ark Formas (2020).

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Vista da área de lazer do hotel-escola Kailani, onde é possível observar a utilização da pele de vidro reflecta na cor bronze e sua composição com os brises amadeirados presentes na área do lobby. Ademais, a utilização dos brises fixos com vegetação cria uma fachada ventilada, que além de ser uma excelente estratégia climática para os ambientes, funciona também como estratégia estética para a fachada voltada para a piscina do hotel. Figura 66 – Vista área de lazer voltada para o hotel. Fonte: Produção autoral e finalização Shaiane Viana.

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07.05.04. PLANTA 1º PAVIMENTO - HOTEL O primeiro pavimento do bloco correspondente ao hotel continua a seguir a mesma disposição de atividades do térreo, agregando setores como áreas comuns, lazer, serviço e administrativo. Um dos ambientes mais predominantes nesse pavimento é o restaurante, com 600 metros quadrados de área e capacidade de atender até 200 clientes, o mesmo é composto por uma ampla pele de vidro reflecta, que o oferece um visual extraordinário, tanto para a piscina do hotel, como para a orla marítima, seguindo assim o conceito de um design imponente, aconchegante e moderno. Como este restaurante é aberto ao público, pensou-se em localizar a sala de jogos do hotel próximo ao mesmo, para que ela conseguisse atender tanto aos hóspedes e seus filhos, como também dá suporte para o restaurante, que precisa de uma área de recreação para as crianças. Dessa forma, tanto a sala de jogos como a academia, se utilizaram de divisórias em vidro temperado, integrando assim os ambientes a circulação e ao vazio existente. Já as áreas destinadas aos serviços e administrações, é composta em sua grande parte pela cozinha do restaurante, que atende todo o hotel, inclusive aos pedidos exclusivos dos quartos. O projeto da cozinha industrial, assim como a distribuição dos seus espaços, foi de suma importância no programa de necessidades do mesmo, visto que ela precisa estar em perfeito funcionamento para que os alunos vindos do centro de ensino se deparem com o cenário de trabalho ideal. Além disto, a visita técnica realizada no Hotel Senac Barreira Roxa foi indispensável para compreender os fluxos que devem haver no local, e pensando-se a respeito disso, como os alimentos limpos não devem ter contado com o lixo produzido, criou-se um corredor exclusivo para a circulação desses resíduos, que se repete no térreo e no primeiro pavimento, e que ocorre através de um monta carga, saindo da área das áreas de preparo diretamente pro lixo externo do hotel. Este corredor fica localizado na fachada sudoeste do edifício e como forma de deixa-lo mais humanizado, utilizou-se de um elemento de fachada vazado com ripas de alvenaria, permitindo ao ambiente, mesmo que estreito, iluminação e ventilação natural. Além do monta carga destinado para o lixo, há outros três, dois deles fazem o transporte de alimentos e bebidas do térreo para o primeiro pavimento e o outro faz o transporte do primeiro para o segundo e terceiro pavimento, atendendo dessa forma os quartos do hotel e aos hóspedes que desejam um serviço mais exclusivo. Unidos a essa área destinada a cozinha, há também a parte administrativa. Foi necessário que essas duas áreas estivessem próximas umas as outras para que os responsáveis pelo funcionamento do local e do restaurante, como por exemplo um gerente, tenha acesso direto as áreas de trabalho e também caso o mesmo seja solicitado para atender clientes ou resolver problemas que surgem no dia a dia de trabalho.

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Figura 67 – Referência divisórias em vidro temperado. Fonte: Barmer (2020).

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07.05.05. PLANTA PAVIMENTO TIPO - HOTEL Agora, referindo-se sobre o pavimento tipo do hotel que se repete duas vezes, no segundo e terceiro pavimento, resultando assim em 50 apartamentos no total, tendo 25 quartos por andar e com capacidade de receber até quatro pessoas, variando de acordo com sua metragem e vista. Essa variação de quartos resultou em 7 tipos diferentes, atendendo a todo tipo de usuário, indo desde o que viaja com amigos aos que viajam com grandes famílias. Os quartos projetados para portadores de deficiência ficam logo no início do corredor, priorizando e facilitando o acesso, e variam de metragem e visual, atendendo assim quem busca por um quarto tamanho família, como também os que viajam com apenas um acompanhante. Já o quarto tipo 01, é o quarto intermediário, que conta com uma boa metragem, varanda particular, marquises com vegetação e vista para a rua Grito de Ipiranga. O quarto tipo 02 é uma variação do tipo 01, a diferença é que a varanda do mesmo é inteiramente integrada com o quarto e revestida com um elemento de fachada metálico perfurado, que possibilita a ventilação e iluminação ao ambiente. Tratando a respeito do quarto tipo 03, como falado anteriormente, ele está localizado na fachada mais desprivilegiada do edifício e por isso, para ajudar no microclima do local, proteger o ambientes da insolação indesejada e proporcionar uma visual agradável aos hóspedes, utilizou-se de brises fixos com vegetação na fachada, gerando uma fachada ventilada. Os quartos tipo 04, 05 e 06 são os mais completos e sofisticados do hotel, com direito a varanda particular, marquises com vegetação, vista para a orla marítima, para a piscina, além de receberam maior incidência de ventilação natural. Eles variam de metragem para conseguir atender todos os tipos de clientes. Abordando também sobre as áreas de circulação e áreas de estar para os hóspedes, como estratégia para romper com a forma retilínea do corredor de acesso aos quartos, criou-se pequenas áreas de convívio, como também locais para a instalação de maquinas que servem comidas, bebidas e cafés. Além desses espaços, idealizou-se também uma área para um pequeno jardim que receberá iluminação e ventilação vertical. Por fim, há uma área destinada ao apoio dos quartos, onde só funcionários tem acesso e lá ficam armazenados os utensílios necessários para as limpezas diárias dos cômodos, assim como o recebimento de alimentos vindos diretamente da cozinha através do monta carga para o atendimento exclusivo aos quartos.

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Figura 68 – Revestimento metålico Quadrolines perfurado. Fonte: Hunter Douglas (2020).

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Vista vindo da Av. Santos Dumont pela Av. Dioguinho, onde pode-se ver a utilização do revestimento metálico perfurado na fachada, estando o mesmo mais alto do que os demais, sendo está uma forma de romper a horizontalidade e retilineidade do edifício. Observa-se também a utilização fachada ventilada nos quartos, com brises e vegetação, assim como os corredores destinados ao lixo com elementos vazados de ripas de alvenaria. Figura 69 – Vista fachada principal e fachada serviço. Fonte: Produção autoral e finalização Shaiane Viana.

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07.05.06. QUARTO MODELO - HOTEL Como falado anteriormente, a arquitetura de interiores é de extrema importância para o resultado final de um projeto, visto que é atrás de escolhas estáticas que os sentimentos de aconchego surgem, influenciando diretamente nos conceitos de humanização dos espaços, desenho universal, ergonomia e ambiência. Além disso, o mercado hoteleiro vem intensificando a busca por um design diferenciado, devido ao fato de os hóspedes estarem cada vez mais exigentes por espaços de qualidade e esteticamente agradáveis e confortáveis. Para isso, projetou-se também a ambientação de interiores de um modelo de quarto a ser seguido, repetindo o mesmo padrão de materiais, cores e formas para os demais. Optou-se por projetar a suíte master do hotel (tipo 05 – 74,35m²), com capacidade de receber até 4 pessoas, contendo um banheiro com espaço generoso para banho tanto de banheira como de chuveiro, uma área de estar, copa para refeições e varanda com vista privilegiada para a orla marítima e para a piscina. Dessa forma, utilizou-se de materiais e cores que conversassem com a proposta de todo hotel – uma arquitetura imponente e moderna, mas sem perder a rusticidade da praia. Sendo assim, mesclou-se materiais nobres como o quartzito perla santana à materiais modernos como o espelho fumê, vidro canelado, tons de preto e dourado, como também à materiais que remetessem a rusticidade do local, como os tons e ripas amadeiradas, seguindo uma paleta de cores neutras com a presença de pontos de cores específicas. Também vale ressaltar a preocupação de propor layouts com móveis soltos, fáceis de serem reajustados de acordo com a necessidade de cada hóspede.

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Figura 70 – Vista entrada quarto tipo 05. Fonte: produção autoral.

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Figura 71 – Vista frontal (cama) quarto tipo 05. Fonte: produção autoral.

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Figura 72 – Vista lateral quarto tipo 05. Fonte: produção autoral.

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Figura 73 – Vista frontal (home) tipo 05. Fonte: produção autoral.

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Figura 74 – Vista frontal (copa) tipo 05. Fonte: produção autoral.

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Figura 75 – Vista circulação (cozinha + closet) tipo 05. Fonte: produção autoral.

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07.05.07. PLANTA TÉRREO - CENTRO DE ENSINO Agora, abordando sobre do centro de ensino, um edifício térreo e retangular de 2.262,70 metros quadrados, com duas formas de acesso, uma exclusiva para alunos e outra para a entrada/saída de funcionários e recebimento de mercadorias. Algo interessante no projeto do centro de ensino é a sua total independência do hotel, possuindo seus próprios setores de serviço, administrativo, áreas comuns e áreas de ensino. Para isso idealizou-se uma entrada ampla, onde já se avista o refeitório do local, assim como uma bem definida circulação do fluxo dos usuários, mescladas a áreas comuns de convívio localizadas em frente a salas de aulas e no refeitório. Em relação aos meios de ensino, por se tratar de uma centro técnico – que já prepara o aluno para o meio de trabalho – além de contar com ambientes de ensino convencionais, como as seis salas de aula, sala de informática e biblioteca, tem-se também áreas de práticas ativas, como cozinhas pedagógicas, cozinha de panificação, bar olímpico e cozinha olímpica. Com isso, o corpo discente já é preparado com inúmeras aulas dinâmicas, simulando a realidade que eles encontrarão no estágio final do curso que é quando os mesmos passam a exercer tal função no hotel. Para as escolhas estéticas destinadas a escola, as mesmas conversam diretamente com as propostas para o hotel, trazendo a todo o empreendimento uma identidade única. Utilizou-se na fachada principal o mesmo revestimento metálico citado anteriormente, mas sem ser perfurado, pois a entrada de ventilação e iluminação aos ambientes acontece por outra esquadria. Juntamente a isto, fez-se o uso do porcelanato calacata gold – presente nas varandas dos quartos –, este foi mesclado com a presença de um muxarabi amadeirado, que entra como estratégia visual para compor com a fachada, além de ser uma ótima maneira de proteger o edifício da insolação indesejada e também funcionar como uma barreira física para camuflar a área destinada ao vazio do subsolo. Além disto, como forma de romper com a retilineidade do edifício, idealizou-se o uso de diferentes alturas de platibanda, assim como a criação de um beiral com vegetação que contorna todo o edifício, trazendo uma arquitetura verde também para o centro de ensino e protegendo-o da forte insolação presente em Fortaleza. Outra estratégia utilizada tanto no hotel como também na escola, foi a criação de uma marquise em pintura de cimento queimado, está emoldura o edifício, destacando a sua entrada e trazendo uma arquitetura imponente ao local. Ademais, como no hotel, que foi necessário a criação de um corredor exclusivo para o fluxo de lixo e resíduos sujos – para que os mesmo não tenham contado com os alimentos limpos – também foi necessário no centro de ensino, gerando assim uma extensa circulação voltada para esse setor de serviço, tendo também os alunos acesso a mesma. Como é essa a fachada que se abre para o hotel, utilizou-se de um canteiro com arbustos mais altos, servindo como barreira visual. Discorrendo sobre a conexão do hotel e da escola, que são totalmente independentes um ao outro, possuindo apenas a área destinada aos serviços em comum, visto que os alunos vão ao hotel como funcionários do local. Entretanto, como a área de piscina e deck está localizada no centro do terreno, entre os dois edifícios, idealizou-se uma maneira de gerar uma barreira física, onde o hóspede não tem acesso a 120


escola e o aluno não tem acesso direto ao hotel, mas que não fosse uma barreira visual tão sólida e segregadora, optando assim por o elemento vazado de ripas de alvenaria. Por fim, outro ponto importante que vale destaque é a área que está no bloco do centro de ensino, entretanto atende ao hotel. Voltada para a área de lazer do mesmo, ela oferece os ambientes de áreas comuns da piscina e do deck, como o bar, cozinha e vestiários.

Figura 76 – Inspiração diferença de volumes e beiral com vegetação. Fonte: Casa de Valentina (2019).

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Vista da Av. Salustiano de Pinho, onde é possível observar a entrada de veículos ao empreendimento, assim como a fachada principal da escola, que se utilizou de materiais e elementos de fachada semelhantes ao hotel, para que fosse possível criar identidade visual a todo projeto. Além disto, também é possível observar a proporção dos dois edifícios, sendo o hotel mais alto que a escola. Figura 77 – Fachada principal centro de ensino. Fonte: produção autoral e finalização Shaiane Viana.

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Na imagem acima destacou-se a área de lazer do hotel, assim como a demarcação do piso amadeirado, o espelho d'água proposto e uma ampla área de piscina. Sendo o ponto principal o elemento vazado de ripas de alvenaria, que dividem o centro de ensino do hotel sem ocasionar uma barreira visual muito forte e sólida, criando assim um relação harmônica entre os dois edifícios. Figura 78 – Área de lazer hotel conectada a escola. Fonte: produção autoral e finalização Shaiane Viana.

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Para as áreas de convívio social do centro de ensino, foi proposto um piso vinílico amadeirado, por se tratar de um material resistente e de fácil manutenção, além de trazer ao local a rusticidade e aconchego necessários para estar em harmonia com o clima praiano existente no local, mesmo se tratando de um ambiente de estudo. Aplicou-se também a pintura de cimento queimado, presente nas fachadas e no hotel, como também se fez o uso de cores que remetem a logomarca do empreendimento, fortificando a identidade visual e levando um toque de cor mais vibrante para o extenso banco – que serve também como jardim – e para a laje, que é mesclada com cobogós vazados que permitem a entrada de iluminação e ventilação natural Figura 79 – Proposta de área social para escola. Fonte: produção autoral.

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Já para as salas de aulas convencionais, onde os alunos são introduzidos a parte teórica de seus cursos, idealizou-se locais de ensinos integrados ao grande jardim de inverno existente nas áreas de convívio. Além disto, seguiu-se nas salas de aula o padrão de cores seguido em toda a escola – pintura de cimento queimado com um toque de tons terrosos para trazer cor e vida aos ambientes. Figura 80 – Proposta de área social para escola. Fonte: produção autoral.

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07.05.08. PLANTA DE SUBSOLO Como falado anteriormente, pela dimensão do empreendimento e pela sua grande capacidade de atendimento, para suprir tal demanda, foi necessário a elaboração de um projeto de subsolo, local onde tanto hóspedes, alunos, funcionários e clientes podem ter acesso a vagas. Dessa forma, originou-se um subsolo com 4.223 metros quadrados, que respeitou o formato e contorno dos edifícios e com capacidade de 103 vagas para carros, sendo 6 delas para portadores de deficiência física e estando priorizadas perto de elevadores, assim como vagas para idosos e gestantes. Ademais, há 33 vagas destinadas a motocicletas. Também localizados no subsolo do edifício, está a casa de máquinas para atender a piscina do hotel, assim como os geradores que suprem todo o empreendimento, tanto a parte hoteleira como a de ensino. Por fim, com a alta permeabilidade de piso utilizado em toda a área externa do projeto, fez-se necessário realizar no subsolo um sistema de drenagem e reaproveitamento da água que vem do piso.

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07.05.09. CORTES Para melhor compreensão do projeto arquitetônico proposto para o hotel-escola Kailani, foram determinados quatro cortes, sendo dois deles transversais (corte AA e corte BB), que abrangem os dois edifícios e os outros dois longitudinais, onde o corte CC passa pelo hotel e o DD pela escola. Além dos cortes, houve também a ampliação de alguns detalhes construtivos relevantes ao projeto, como as paredes verdes, o muxarabi, o espelho d'àgua e teto verde.

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07.05.10. FACHADAS Tratando-se de um empreendimento com dois blocos distintos, fez-se necessário a realização de quatro fachadas para cada edifício, trazendo o máximo de realidade e fidelidade possível aos materiais da edificação. Nas imagens a seguir é possível observar as inspirações buscadas para as estratégicas estéticas e funcionais para a produção das fachadas.

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Figura 81 – Inspiração formato e material marquise. Fonte: It Arquitetura e Engenharia (2020).

Figura 83 – Inspiração beiras varandas com vegetação. Fonte: Pinterest (2020).

Figura 82 – Inspiração beiras varandas com vegetação. Fonte: Pinterest (2020).

Figura 84 – Inspiração brises em madeira. Fonte: HomeDSGN (2020).


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07.05.11. SISTEMA CONSTRUTIVO O sistema estrutural proposto para o hotel-escola Kailani é formado por pilares em concreto armados, pilares metálicos e lajes bubble deck, uma nova tecnologia que surgiu no mercado que veio para revolucionar as construções.

Figura 85 – Laje Bubbledeck. Fonte: Cimento Itambé (2013).

Segundo o site Going Green (2018), com a crescente busca pela sustentabilidade nos canteiros de obra, surgiu a laje bubble deck que se utiliza de esperas plásticas reutilizáveis e dispensa o uso de cimento, o qual é responsável por altas emissões de CO2 na atmosfera. Além do quesito sustentável, essa inovação trás também aumento de produtividade a obra, já que é um processo industrializado que diminui a quantidade de mão de obra e que não interfere nas demais etapas de construção, além de reduzir até 35% no peso da laje convencional maciça. Outras vantagens que podemos verificar na utilização das lajes bubble deck são a possibilidade de aumento nos vãos, a ausência de vigas – possibilitando o maior aproveitamento do pé direito do edifício –, excelente isolamento acústico, baixa condutibilidade térmica e apresente uma boa relação à exposição ao fogo. Devido ao fato dessa nova tecnologia dispensar o uso de vigas, tem-se como resultado lajes mais grossas do que as convencionais utilizadas em lajes maciças. Segundo Silva (2011), esse pré dimensionamento feito para as lajes depende do vão existentes entre os pilares, sendo então a laje proposta para o hotel de 23 centímetros de espessura e a do centro de ensino de 34 centímetros. TIPO ESPESSURA DA LAJE (mm) DIÂMETRO DAS ESFERAS (mm) BD 230 BD 280 BD 340 BD 390 BD 450

230 280 340 390 450

Ø180 Ø225 Ø270 Ø315 Ø360

VÃO (m) 7 a 10 8 a 12 9 a 14 10 a 16 11 a 18

CARGA [PP] (kg/m²) CONCRETO (m³/m²) 370 460 550 640 730

0,10 0,14 0,18 0,20 0,25

Tabela 13 – Dimensionamento lajes BubbleDeck. Fonte: Lima (2011)

Agora tratando a respeito da malha de pilares, a mesma foi idealizada de forma diferente nos dois edifícios, estando espaçada aproximadamente de 7 em 7 metros no hotel – que conta também com pilares metálicos para garantir a sustentação do pé direito quádruplo existente no lobby – e de 13 e 8 metros na escola, que por se tratar de um edifício térreo, contou com um número menor de pilares. A elaboração dessas malhas foi de suma importância para o desenvolvimento do projeto, visto que a partir dela que foi lançado a disposição dos ambientes. 140


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08 Consideraçþes finais


O estudo realizado durante um ano teve como objetivo tomar conhecimento e compreender de forma aprofundada a respeito do tema escolhido, um hotel-escola a ser elaborado na cidade de Fortaleza, no Ceará. Diante a análise feita a respeito da influência que o turismo tem no Brasil e na cidade em questão, constatou-se como essa atividade vem cada vez mais tomando força na economia do país, exigindo assim mão de obra capacitada e qualificada, retificando a importância do projeto. A partir da fundamentação teórica foi possível obter informações de como a arquitetura afeta o desempenho dos espaços tanto em ambientes hoteleiros, como em ambientes educacionais, fomentando mais uma vez a indispensabilidade de um planejamento projetual nas áreas de humanização, ergonomia, acessibilidade, sustentabilidade, aspectos bioclimáticos e eficiência energética. O projeto arquitetônico elaborado é caracterizando por priorizar o desempenho dos ambientes e de suas funções, garantindo assim o funcionamento do todo. Visando sempre atender ao programa de necessidades proposto e garantir a setorização de atividades, formando fluxos organizados e planejados. Além disso, o projeto é marcado por uma arquitetura viva, com o uso da vegetação, de tons claros, linhas retas e caminhos orgânicos, fazendo com que o edifício se encaixe na paisagem natural pré-existente e convide ao usuário a se sentir parte dele. Por fim, esse trabalho é encerrado com a extrema satisfação do equipamento proposto, que reafirma constantemente a sua necessidade na cidade de Fortaleza, e pela abordagem e 144

aprofundamento em assuntos indispensáveis para uma arquitetura de qualidade. O hotel-escola Kailani conclui-se como uma contribuição social, por se tratar de um equipamento diferenciado na cidade, que, além da sua importância econômica, há também suas preocupações projetuais, o que o tornam um espaço mais humano, agradável, sensível e seguro para receber e acolher seus usuários.


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09 Referências bibliográficas


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