Revista Catálogo Milímetros nº 5

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EDITORIAL Ainda me lembro da primeira edição da Mostra Produção Independente, no tempo em que Carla Osório tinha um programa na TV Assembleia com o mesmo nome, e convidava a nós, realizadores, para dar entrevistas e mostrar filmes feitos no ES. Foi ali que nasceu a Mostra da ABD, hoje em sua décima edição. A cada ano, uma temática eleita e produzida com paixão de cineasta. Uma mostra feita por realizadores, com o olhar de quem faz. Espaço construído com o propósito maior de dar visibilidade à produção local, bem como inseri-la nas discussões e movimentos cinematográficos nacionais, como este ano, em que abordamos o cinema de arquivo, com a bandeira da preservação. Chegamos à décima edição, conscientes do nosso papel e seguros do nosso caminho. A Mostra Produção Independente tornou-se uma das principais ações da ABD Capixaba, referência maior do nosso diálogo com o grande público. Não que as ações da entidade se resumam à realização da Mostra Produção Independente. Temos uma atuação forte em instâncias políticas, sendo um dos representantes do setor audiovisual no Conselho Estadual de Cultura, na Lei Rubem Braga e nos Conselhos Municipais de Cultura de Vila Velha e Vitória, além de termos assento no Congresso Brasileiro de Cinema e no Conselho Nacional de Cineclubes. Mas é nítido e notório que a Mostra traz visibilidade para nossas lutas cotidianas, ao mesmo tempo em que alimenta nosso ideal de um cinema local forte e visível! A cada Mostra realizada crescemos um pouco, inventando novas formas de promover nossa sétima arte. Este ano passamos do limite, rsrs. Além da Mostra Competitiva local, do lançamento do DVD coletânea e da revista Milímetros, estamos realizando a segunda edição da Mostra Obras Raras do Cinema Capixaba, com 20 horas extras de programação, exibindo 72 filmes e vídeos de diversas décadas, gêneros, suportes e propostas. Filmes que expressam, de alguma forma, os modos de vida e as transformações sociais, culturais e ambientais do ES, ao longo de quase 1 século. Através deste inventário, levantamos a bandeira da preservação não apenas audiovisual, mas também de todo nosso patrimônio, seja ele material ou imaterial, nossas pedras, nossos rios, nossas matas, nossas tradições, nossa arquitetura secular. A segunda edição da Mostra Obras Raras quer chamar a atenção da cidade para tudo isso. Que cada filme capixaba exibido nesta mostra seja um espelho desta intenção. Que o presente não destrua o passado. Que o de-

senvolvimento não nos deixe órfãos das nossas referências. Também estamos trazendo a recente produção de longas nacionais montados com imagens de arquivo, todos inéditos na cidade. A X Mostra Produção Independente investe também na área de formação, trazendo um mini curso intensivo sobre cinema de arquivo (orientado por Anita Leandro - documentarista e professora da UFRJ) e uma palestra sobre Memória e Educação, com os professores doutores Gerda Margit Schutz Foerste, Erineu Foerste e Carlos Rodrigues Brandão. A programação da Mostra abre espaço ainda para lançamentos de 3 filmes: FilmeBalão, de Marcos Valério Guimarães (sobre o movimento Balão Mágico), Porto de Cachoeiro, de Fernando Pratti (sobre a colonização europeia no ES) e 6 filmes produzidos durante a oficina de cinema de arquivo (orientada por Silvio Tendler) que o Centro Cultural SESC GLORIA em parceria com a ABD Capixaba realizou em maio de 2015. Também teremos uma exposição de stills e storyboards dos filmes de Luiz Tadeu Teixeira e Margarete Taqueti, os homenageados da X Mostra Produção Independente, que estará aberta à visitação entre 11 e 28 de junho. Outro passo grande foi ocupar novos espaços da cidade, buscando o diálogo com novas plateias. Além do Cine Metrópolis(Ufes – Goiabeiras) estaremos também realizando atividades no Centro Cultural SESC Gloria, no MAES e no Corredor Criativo Nestor Gomes (Centro Histórico de Vitória). Sem falar do Hotel Imperial(Praça Costa Pereira), onde faremos a festa de encerramento da Mostra. Finalizamos o editorial desta publicação com a certeza de termos feito o máximo possível para que, através da programação desta mostra, o audiovisual produzido no Espírito Santo possa encontrar seu lugar ao sol. Não podemos deixar aqui de agradecer as parcerias e apoios que recebemos durante todo o processo de construção deste evento. No receio de esquecer algum nome, prefiro falar para todos aqueles e aquelas que souberam compartilhar nossos sonhos, não nos deixando desistir, quando tudo parecia apontar para este caminho. Ricardo Sá Presidente da ABD do ES Em nome da equipe de realização da X MOSTRA PRODUÇÃO INDEPENDENTE, O LUGAR DA MEMÓRIA.

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ÍNDICE THRILLER por Bernadette Lyra

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A CONTRIBUIÇÃO DE MARGARETE TAQUETI PARA O AUDIOVISUAL CAPIXABA

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por Erly Vieira Jr

DESDE OS TEMPOS DO CINE BARLAN com Luiz Tadeu Teixeira

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MONTAGEM DE ARQUIVOS

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por Anita Leandro

PARAÍSO NO INFERNO, UM FILME MARGINAL por Fabricio Fernandez

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PROJETO DE RESTAURAÇÃO DOS CINEJORNAIS DE JÚLIO CÉSAR MONJARDIM

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por Sergio Dias

LUZ DEL FUEGO, LUZ DO SOL com Agostino Lazzaro

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O RESGATE DE CENAS DE FAMÍLIA

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por Margarete Taqueti

FILOSOFIA DE SONHO E MÁQUINA com Jean Calmon Modenesi

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CATÁLOGO O LUGAR DA MEMÓRIA

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acervo José Tatagiba

THRILLER

Cine Vitorinha

por Bernadette Lyra Imagino se eu pudesse marcar, como fiz tantas vezes, um encontro com Tatagiba. Ele mesmo, o Fernando, que soturnamente caminhava pelas ruas, agarrando-se às lembranças como um musgo se gruda em uma parede velha. Seria na rua Sete, esquina com a 13 de Maio, embora nosso ponto de encontro, a lanchonete Sete, tenha se evaporado no tempo, levando com ela o belo mural de Marian Rabello. Os olhos escuros, miúdos e fundos de Tatá estariam a olhar, com ceticismo e espanto, a cidade em que nos reunimos no final dos anos sessenta, nós dois, como estrangeiros que se encontram em um porto. Ele vindo do sul do Estado e eu, do norte. Vitória estaria brilhando sob o sol desse céu sempre azul. A praça Costa Pereira, ali perto, cheia de barraquinhas de quinquilharias entre as soberbas palmeiras que ninguém quase nota,

uma parafernália de ambulantes a atacar transeuntes e um mar de metal de automóveis se apertando nas curvas estreitas da praça, enquanto a multidão suada prossegue em sua desordenada e destrambelhada corrida, ninguém sabe muito bem para onde. Tatagiba estaria com um copo de caldo de cana em uma das mãos, um pastel de caranguejo na outra, a fitar com nostalgia a cúpula suja e enfumaçada do Glória. O encontro seria para falar de cinema. Que era um assunto comum a nós dois, desde o dia em que nos conhecemos. Isso foi no Festival de Cinema Amador Capixaba, no Jandaia, em dezembro de 67, onde estavam os chamados “jovens rebeldes” da ilha. Eu era apenas uma recém-chegada, voltando de uma temporada no interior, REVISTA MILÍMETROS 3


Acervo: Familia Rocha - Fonte Coleção Cine Memória

Do meu currículo constavam frequências ao Trianon, em Jucutuquara, e ao cine Capixaba. E, além disso, (glória suprema!) eu tinha escutado Ann Blyth, em Rose Marie, no Santa Cecília.

Público aguardando a sessão de inauguração do CINE SÃO LUIZ, com o filme, Aviso aos Navegantes, na rua 23 de maio, 100, Centro, Vitória. Descubra mais fotos de cinemas antigos do ES no link:

http://salasdecinemadoes.blogspot.com.br/search/ label/Vit%C3%B3ria

desconhecida e tímida. Mas trazia orgulhosamente minha iniciação de cinema, que se deu quando ainda balbuciava e era carregada para a sala de projeção de meu avô, o dono do único cine-teatro de Conceição da Barra, onde, sentada no colo de minha mãe ou das tias, comecei a ver as imagens em branco-epreto, na luz. Trazia também, na bagagem, a frequência das matinées, na capital, pela década de cinquenta. Tais matinées, aos domingos, eram seguidas das tardes com milkshake e pasteizinhos de leite, na Pinguim, na Jerônimo Monteiro. Naquela época, tive o deslumbramento de ver Shane, os brutos também amam, e me apaixonar por Alan Ladd, o caubói solitário, na sessão das duas, no Glória. Ainda tive um luxo de assistir a Elizabeth Taylor e Van Johnson em A última vez que vi Paris, no Carlos Gomes, e à sessão inaugural do belo São Luis. O filme foi Carnaval no Fogo, Aviso aos Navegantes ou Carnaval Atlântida, não me lembro bem, todos tinham o mesmo jeito escrachado de music-hall. 4 REVISTA MILÍMETROS

Porém, nada se comparava àquela borbulhante confusão do Festival, no Jandaia, ou à sensação de sentar nas cadeiras duras do Vitorinha, para ver A chinesa. Ah, como então éramos inocentes, cinéfilos e apaixonados. E como aplaudíamos as produções ingênuas de nossos “cineastas” iniciantes como se

fossem fitas premiadas. Desde já, achávamos que Toninho Neves era nosso Jean-Luc Godard e deveria ganhar, se não o Oscar, por que a moda era execrar o imperialismo norte-americano, talvez um prêmio de reconhecimento internacional, o qual chamaríamos Dziga Vertov. Um dia, seríamos todos Paulo Torre ou Ramon Alvarado e faríamos um filme capixaba, um filme de vanguarda, que deixaria a plateia a urrar, delirante de pipoca, esquerdismo e emoção. O tempo é uma câmera implacável, meu querido Tatá, eu diria. Em 1988, você me deu um livrinho, História do Cinema Capixaba, que tinha conseguido fazer com a ajuda da Prefeitura de Vitória, e pouca gente leu. Eu falei que o nome era pretensioso. Mas, você justificou com a necessidade de deixar um singelo pedaço de suas memórias, que, afinal, são as mesmas de nós todos, loucos pelo cinema e que amávamos tanto falar sobre filmes, enfiados em um canto da rua do Rosário, no estranho bar sem nome a que denominávamos bar da Caramboleira.


Nesse encontro imaginário, eu falaria daqueles jovens e audaciosos que acabaram pagando o ingresso às três ades: a idade, as responsabilidades, a sociedade. Eles estão por ai, alguns in memoriam, outros ao vivo. Rondam como fantasmas, tontos e desencontrados, que, até hoje, buscam as luzes dos sets. Uns poucos ainda tentam filmar. Partem para uma briga perdida contra a burocracia da cultura que, nesse país, envolve a realização. Outros, desistiram e se entregaram às atividades prosaicas. Alguns viraram cidadãos respeitáveis, de terno e gravata, embora talvez tenham feito uma embalagem de papel de bombom para os sonhos cuidadosamente guardados entre folhas de um velho roteiro. Eu relataria que ao lado do Odeon e do Juparanã, dos quais nós dois lamentamos o fechamento em torno de um copo de caipirinha, também se findaram o Paz, o Glória, o São Luís, foi embora até mesmo o Santa Cecília. Enfim, não sobrou nenhuma das salas de cinema de rua, ainda que algumas estivessem abertas na época em que você foi fazer companhia a alguns anjos tortos, entre os quais deve estar Ludovico Persici. Quanto a mim, eu confessaria: meu amigo,

até hoje, não vi O Sol no céu da boca, do Roberto Rocha, feito sobre seu conto. E não fiz nem um íntimo curta-metragem, ao contrário do que prometi. Nem sei se vou fazê-lo. Continuo a escrever, por que estou convencida de que a literatura é minha forma de estar nesta nave extraviada, batendo aqui e ali pelas margens. Aliás, ultimamente venho escrevendo muito sobre as décadas passadas. Seria a isso que os céticos alcunham sinais da velhice? Ou será mesmo banzo de uma criatura que está se arrastando por terras estranhas, louca para voltar para as terras dos aimorés do Espírito Santo, as únicas capazes de lhe dar quietude ao corpo e à alma? Que me importa? que me importam se são os anos galopando em vertigem, ou se é a língua da saudade, áspera, a roçar nos ouvidos? O que importa, meu caro Tatagiba, é que as recordações vão brotando. E eu as vou projetando, uma a uma, como um thriller na tela da vida. Texto publicado originalmente no caderno ESCRITOS DE VITÓRIA – 22, da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Vitória – 2002

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A CONTRIBUIÇÃO DE MARGARETE TAQUETI PARA O AUDIOVISUAL CAPIXABA

por Erly Vieira Jr

HOMENAGEADA DA MOSTRA O LUGAR DA MEMÓRIA

Fazer filmes, dar voz a diversas memórias, resgatar e colocar em circulação obras fundamentais, estimular o debate, fomentar novos olhares... São tantas as frentes em que Margarete Taqueti tem atuado no cenário cultural do Espírito Santo nas últimas décadas, que sua contribuição para o audiovisual capixaba apresenta-se tão multifacetada quanto essencial para a formação de algumas gerações de realizadores e espectadores. Nascida em 1954, Margarete começa a se envolver com o movimento teatral universitário já no final dos anos 70. Como cineclubista e pesquisadora, teve importante atuação à frente do Cineclube Penedo e do CELP (Centro de Estudos Ludovico Persici), entidade cultural voltada para o estudo e incremento da atividade audiovisual no Estado, da qual foi presidente durante dois mandatos, no final dos anos 80 e início dos anos 90. Nessa época, fundou o Cineclube Penedo, e esteve à frente de vários projetos, como o jornal cultural Trippé, e os Noitões de Cinema, maratonas

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de exibição que viravam a noite e marcaram época no Centro Cultural Carmélia M. de Souza. É também na década de 80 que Margarete começa a enveredar pela realização audiovisual, primeiro como roteirista e assistente de direção de Amylton de Almeida nos documentários Piúma: Concha (88) e Nasce uma cidade (89), para em seguida estrear na direção com A Lira Mateense (92), centrado na banda musical homônima de São Mateus, que teve à frente, durante muitos anos, o incrível maestro Datan Coelho. Seguese um documentário sobre os vinte anos de cineclubismo na Ufes, Danúbio Azul (1995), além de um registro da festa de Nossa Senhora da Boa Morte e Assunção, em Por quem os sinos dobram (2002). A temática da memória reaparece no médiametragem ficcional O fantasma da Mulher Algodão (1995), que resgata uma lenda urbana fundamental do imaginário capixaba, no contexto dos anos de chumbo da ditadura


militar. Nas palavras da cineasta, em entrevista concedida à revista Y (n. 2, julho/95), “é um filme que fala sobre o medo da privacidade violada e dos tormentos de uma geração de adolescentes, na década de 70, diante da transformação biológica do corpo infantil”. Uma segunda incursão ficcional viria com A passageira (2006), realizado em parceria com Glecy Coutinho, cujo roteiro fora vencedor do V Concurso de Roteiros do Vitória Cine Vídeo, em 2002. “Quase uma história sobre a vida, o amor e a morte”, como diz sua sinopse, o curta, com sua narrativa onírica, receberia ainda o prêmio do Júri Popular, pelo mesmo festival, em 2006.

do cinema com a literatura, teatro e música e mostras como a MUV (Mostra Universitária de Vìdeos), que teve três edições entre 2003 e 2005. Somam-se a isso, diversas ações em todo o interior do Espírito Santo: a MoVA (Mostra de Vídeos Ambientais), que teve cinco edições entre 2004 e 2008, na região do Caparaó; o projeto Sexta Básica, que levava sessões seguidas de debates com cineastas capixabas aos diversos cantos do Estado, numa momento em que praticamente não havia salas de cinema ou cineclubes em atividade fora da Grande Vitória; e a circulação da produção realizada nos diversos municípios capixabas, como os vídeos produzidos pelas oficinas da MoVA, ou o trabalho do núcleo capitaneado em Santa Maria do Jetibá por Martin Boldt, cujos filmes rodados no idioma pomerano tiveram sua primeira exibição na capital dentro do projeto 10 Maes Vídeo.

Glecy também é a parceira (e, por vezes, co-diretora) numa trilogia de sensíveis e instigantes documentários realizados por Taqueti, que resgatam e lançam novas luzes sobre três Realizado no Museu de mulheres icônicas A CONTRIBUIÇÃO DE MARGARETE PARA Arte do Espírito Santo na vida cultural capi(MAES), entre 2003 e xaba em meados do O AUDIOVISUAL CAPIXABA É IMENSA 2005, o 10 Maes Vídeo, século XX: Relicário de que tinha por slogan “A um povo (2003), soE MERECE SEMPRE SER LEMBRADA. arte do vídeo no museu”, bre a escritora Maria foi uma das iniciativas Stella de Novaes; Fesmais importantes desse ta na Sombra (2005), período. Ao promover, pela primeira vez no retrato da poetisa e revolucionária Haydée Estado, a realização de sessões e debates Nicolussi, e Bidart – Lycia De Biase (atualmente que colocavam em retrospectiva a carreira em pré-produção), sobre a vida e obra dessa dos principais videomakers capixabas, davacompositora e instrumentista, que foi uma das se uma visão da amplitude dessa produção, primeiras mulheres a reger uma orquestra no promovendo inclusive o encontro entre Brasil, ainda nos anos 1930. diversas gerações – inclusive de futuros realizadores, então estudantes, que pela Outras parcerias importantes ocorreram no primeira vez tinham contato tanto com campo da videoarte, com os artistas Lobo obras há muito tempo fora de circulação Pasolini (Menestrel, 2001), Ian Prashker quanto com os últimos experimentos de (Dietriste, 2001, melhor vídeo no 9º Vitória Cine nossos realizadores. Dos experimentos da Vídeo) e César Cola (Ter + Ver + Comer, 2003). Canalhada, Balão Mágico e Éden Dionisíaco e os vídeo-documentários de Amylton e Clóves E, claro, há a inestimável contribuição decorMendes nos anos 80 à geração que na virada rente de sua atuação, durante toda a década do século colocou o Estado no circuito dos passada, primeiro na Coordenação e depois festivais e mostras de videoarte (Jean R., na Subgerência de Audiovisual da SecultLobo Pasolini, Mirabólica, Joel Vieira, Elisa ES, onde promoveu uma série de iniciativas Queiroz): praticamente todo mundo passou importantíssimas: do restauro e digitalização pelo 10 Maes Vídeo –ressaltando mais uma vez de obras raras “ (como o filme Cenas de Família, o papel de Margarete na formação de acervos realizado por Ludovico Persici na década de 20), e preservação de obras fundamentais para o às oficinas e seminários – como o Cinemaes: audiovisual capixaba. Debate (2003), que explorava as interfaces

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Por essas e tantas outras iniciativas, e por sua generosidade tanto em produzir e fazer circular imagens e memórias da vida cultural capixaba, quanto em abrir espaço para novos olhares e debates, além de abordar temas fundamentais em seus filmes, a contribuição de Margarete Taqueti para o audiovisual capixaba é imensa e, por isso mesmo merece sempre ser lembrada e homenageada. E que venham mais e mais projetos e filmes, para deleite do público capixaba! Erly Vieira Jr é cineasta, curador do Festival de Vitória e professor do Departamento de Comunicação Social e dos programas de pós-graduação em Artes (PPGA) e Comunicação (POSCOM) da Ufes.

FILMOGRAFIA A PASSAGEIRA 35 mm. Ficção/ES/09’/2006

Pietra de Lima Cortelletti, José Augusto Loureiro, Cilmar Franceschetto, Willer Vilaças, Gilson Moraes Martins, Nardo de Oliveira.

Sem diálogos, o filme é quase uma história sobre a Vida, o Amor e a Morte. • Direção e Roteiro: Margarete Taqueti e Glecy Coutinho. • Prêmio: “Melhor Roteiro”- 10º Vitória Cine Vídeo, 2002. • Prêmio: “Melhor Filme” - Júri Popular - 13° Vitória Cine Vídeo, 2006. • Produção Executiva da Galpão Produções • Direção de Produção: Gustavo Morais e Leandra Moreira - Direção de Arte: Elisa Queiroz - Montagem: Fran de Oliveira e Wagner Mazzega - Edição de Som: Paulo César Nascimento - Trilha Sonora: Gilberto Garcia, Moacyr Barros e Incidental de Fernando Rueda. • Elenco: Mariângela Pellerano, Janine Corrêa,

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O CICLO DA PAIXÃO 35 mm. Ficção/12´/ES/2000 • Direção: Luiz Tadeu Teixeira • Empresa Produtora: Galpão Produções • Assistência de Direção e Produção de Finalização: Margarete Taqueti

EU SOU BUCK JONES 16 mm. Ficção/15’/1997 Baseado em fato real, acontecido no interior do Estado do Espírito Santo no início dos anos 40, o filme retrata a paixão desmedida de um


menino com o herói das matinês dos seriados do cinema americano, trazendo trágicas consequências para a sua realidade. • Direção e Roteiro: Glecy Coutinho • Produção Executiva e Pós- Produção: Margarete Taqueti • Prêmio Especial do Júri – Melhor Ator Mirim (João Vitor Marangoni) – Festival Vitória Cinevídeo. • Prêmio Incentivo Kodak - Festival Vitória Cine Vídeo. • Empresa Produtora: Ecran Filmes

VIDEOGRAFIA BIDART/ LYCIA DE BIASE Doc em fase produção • Direção e Roteiro: Margarete Taqueti e Glecy Coutinho • Empresa Produtora: Lataqueti filmes.

FESTA NA SOMBRA

• Música Original: Augusto Links - Fotografia: Tião Fonseca – Montagem: Vera Freire

Doc/30’/ES/2005

O FANTASMA DA MULHER ALGODÃO

• Direção e Roteiro: Margarete Taqueti e Glecy Coutinho

16 mm. Ficção/ 35’/ 1995 Acumulando as funções de mãe e professora a severa Dª Leda (Alcione Dias) enfrenta os conflitos com o filho Marx (André Azevedo) quando assume o cargo de diretora da escola. Livre associação do fantasma que aparecia nos banheiros escolares na década de 70, com os tormentos de uma geração de adolescentes diante da transformação biológica do corpo infantil • Direção: Margarete Taqueti • Roteiro: Margarete Taqueti e Tião Sá • Produção Executiva: Antônio Claudino de Jesus • Produtores Associados: Verve Produções, Sky Light Cinema e CTAv FUNARTE • Fotografia: Tião Fonseca - Direção de Arte: Antônio Chalhub - Música: Lazlo Boglar Jr e Jaceguay Lins - Assistência de Direção: Ricardo Sá - Continuidade: Glecy Coutinho • Elenco: Alcione Dias, Paulo Fernandes, Geisa Ramos, Márcia Mendes, Vera Rocha, Analice Lima, Caroline Mercandelli, André Azevedo, Rosângela Domingues. Participação Especial: Branca Santos Neves e Luiz Tadeu Teixeira.

Um passeio lúdico sobre a vida e a obra da escritora, poeta e revolucionária, Haydée Nicolussi.

• Pesquisa: Margarete Taqueti, Francisco Aurélio Ribeiro e Ivone Amorim • Produção Executiva: Glecy Coutinho • Direção de Arte: Jean R - Edição: Marcos Barbosa • Participações Especiais: Marien Calixte e Flávia Pretti Moraes

RELICÁRIO DE UM POVO Doc/ES/56’/2003 Não apenas uma reconstrução sobre a vida e a obra de Maria Stella de Novaes, mas também um certo olhar sobre a memória espíritosantense através do arquivo pessoal da escritora. • Pesquisa e Roteiro: Juçara Luzia Leite e Margarete Taqueti • Direção: Margarete Taqueti • Produção Executiva: Glecy Coutinho e Margarete Taqueti • Música: Lycia Debiase Bidarte - Direção de arte: Jean R - Edição: Marcos Barbosa

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TER+ VER + COMER

A LIRA MATEENSE

Videoarte/ 2003

A Musicalidade de Um Povo – Doc/52’/ES/1992

Performance de César Cola • Direção de Arte e Câmera: Margarete Taqueti • Roteiro e Produção: César Cola • Edição: Murilo Abreu

POR QUEM OS SINOS DOBRAM Doc/ES/15’/2002 Marcado pelas badaladas dos sinos de bronze, o documentário acompanha os bastidores do ritual da cerimônia católica de Nª Srª da Boa Morte e Assunção, realizado na Igreja histórica de São Gonçalo, na cidade alta , Centro de Vitória, capital do ES.

A história da Banda Musical Lira Mateense, fundada em 1909. • Roteiro e Direção: Margarete Taqueti • Produção Executiva: TVE-ES

NASCE UMA CIDADE Doc/57’/ES/ 1989 Documentário que aborda a ocupação de Itanhenga, novo bairro de Cariacica. • Assistente de Direção: Margarete Taqueti • Direção: Amylton de Almeida

• Realização: Margarete Taqueti

• Produção Executiva: TVE-ES

DIETRISTE

PIÚMA: CONCHA

Videoarte/2001

Doc/55’/ ES/1988

Performance de Ian Prashker • Direção de arte, Câmera e Produção Executiva: Margarete Taqueti

A identidade cultural do município de Piúma, no litoral sul do ES, através do seu artesanato de conchas.

• Prêmio: “Melhor Vídeo” - 9º Vitória Cine Vídeo

• Direção: Amylton de Almeida • Roteiro e Assistência de Direção: Margarete Taqueti

MENESTREL Videoarte/2001 Performance de Lobo Pasolini. • Direção de Arte, Câmera e Produção executiva: Margarete Taqueti

DANÚBIO AZUL Doc/ES/15’/1995 20 Anos de Cineclubismo da UFES • Direção e Roteiro: Margarete Taqueti

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• Direção de Produção: Adélia Maria de Souza • Realização: Centro Cultural de Piúma • Pesquisa: Josephina Guimarães • Câmera: José Lúcio Campos. • Produtores Associados: MinC, DEC/Sedu, Governo do Estado do ES. Executiva: Centro Cultural de Piúma.


Além de Margarete Taqueti, a Mostra O LUGAR DA MEMÓRIA homenageia Luiz Tadeu Teixeira, um dos maiores nomes do cinema capixaba. Nos anos 60, ainda um teenager, realizou o mítico “Ponto e Vírgula”, tido como uma das obras mais instigantes da nossa cinematografia. Como ator, trabalhou com diretores locais e nacionais em mais de 20 filmes. No teatro, destacou-se em peças escritas e dirigidas por ele mesmo, mas também contracenando com nomes de peso como Paulo Autran em Coriolano, entre outros espetáculos realizados com o Mestre. De uma entrevista concedida à Revista Simbiótica1 retiramos alguns trechos sobre a infância e adolescência deste artista, que a quase 6 décadas insiste em sonhar com cinema e arte,

Acervo pessoal de L. T. Teixeira

desde os tempos do Cine Barlan

HOMENAGEADO DA MOSTRA O LUGAR DA MEMÓRIA Eu nasci em Castelo em 1951. Fui para Vila Velha em 56 e comecei a ter um primeiro contato com as atividades artísticas. Inicialmente com o circo, que passava lá na cidade, eu brincava no quintal da minha casa tentando fazer igual ao que eu via no circo. Fazia malabarismo, andava em arame, (que era o varal de roupas), botava pó de serra no chão e fazia uma arena, brincava com a molecada da rua e organizava uma farra

lá. Aí no Marista, no colégio onde eu estudava, no primário, eu tive uma participação num espetáculo teatral, fazia um moleque que entrava correndo, gritava que o canavial estava pegando fogo e saía correndo. Quando eu subi no palco a plateia veio abaixo, eu falei sob as gargalhadas e ninguém ouviu o que eu disse. Foi o meu primeiro contato com o público.

(1)Revista Simbiótica - Universidade Federal do Espírito Santo - Núcleo de Estudos e Pesquisas Indiciárias. Departamento de Ciências Sociais

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Foto Ricardo Sá

Quando eu tinha 06 ou 7 anos, ganhei de um primo um pequeno projetor que utilizava filmes desenhados em papel vegetal e os projetava na parede, usando uma lâmpada comum. Era o chamado Cine Barlan. Guardo esse cine Barlan e alguns desses filmes em papel vegetal até hoje. Há mais de 50 anos...

Com uns dez anos comecei a escrever as tiras com títulos e horários dos filmes que passavam no cinema da cidade e um pouco depois eu vim a trabalhar num serviço de autofalante como locutor, fiquei lá até uns quatorze anos de idade. Lá pelos 12 anos comecei a atuar como DJ no Serviço de Auto Falantes da Congregação Mariana de Vila Velha, que era ligada à Igreja do Rosário, onde eu já atuava como coroinha. Era uma rádio poste com três cornetas espalhadas pelo centro de Vila Velha. Eu e outros (bem mais velhos) locutores nos revezávamos colocando músicas bem comportadas e mandando avisos, principalmente notas de falecimento e missas de sétimo dia, porque estas rendiam um dinheiro para quem “cornetava”. Com 16 anos eu descobri o jornalismo, comecei a fazer critica de cinema num jornal do Marista e, no mesmo ano, entrei no Diário, um jornal que existia aqui em Vitória e que era concorrente da Gazeta na época, também para fazer crítica de cinema. Eu fiquei pouco tempo lá. Três meses depois fui para o Jornal A Gazeta, editar o Caderno 2 (que na época se chamava AG2). Aí me enturmei com o pessoal da área cultural de Vitória, fiquei amigo do pessoal

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que fazia teatro, cinema... Eu fiz meu primeiro curta antes de montar a primeira peça, em 69. Esse curta concorreu ao Festival JB que, na época, era o único festival nacional de cinema amador. Eu tinha 17, 18 anos. E o filme se chamava Ponto e Vírgula, tinha fotografia de Paulo Torre e Milson Henriques como o ator, tentando entrar nas portas que se fecham. Eu fazia o torturador de baratas...

A gente imitava o que via. No ano seguinte ao Ponto e Vírgula eu participei como ator de um espetáculo musical montado em Vitória com vários artistas, chamado Ensaio Geral. Foi


Acervo pessoal de L. T. Teixeira

um espetáculo proibido, um momento forte, pois apresentamos assim mesmo, desafiando a repressão no Teatro da Escola Técnica de Jucutuquara. Um elenco enorme: Milson, Amylton, Arlindo, Aprygio , produção de Antonio Alaerte e direção de Rubinho Gomes.

Leia o restante da entrevista em: http://www.periodicos.ufes.br/simbiotica/ article/viewFile/6132/4479

FILMOGRAFIA CURTA/SUPER-8MM

Direção: Margarete Taqueti. Média, ficção. Vitória, ES, 1994.

• “Castelo, Corpus Christi” - fotógrafo, montador, roteirista, diretor. Documentário. Vitória, 1978 – 92. Finalizado em vídeo.

• “Gringa Miranda” - ator, co-roteirista. Direção coletiva. Ficção. Vitória, ES, 1996.

CURTAS/MÉDIA - 16MM E 35MM

• “Mundo Cão” – ator. Direção: Sáskia Sá. Ficção. Vitória, ES. 2002

• “Ponto e Vírgula” - ator, roteirista, montador, diretor. Ficção. Vitória, ES, 1969 - 86. Finalizado em vídeo.

• “O Homem Que Sonhava Fotogafia” - ator - direção Sebastião Ribeiro Filho (Tião Xará) Ficção - Vitoria/ES - 2007.

• “Variações para um Tema de Maiakovski” - ator, roteirista, montador, diretor. Ficção. Vitória, ES, 1971 - 86. Finalizado em vídeo

• “Vento Sul” - ator - Direção Sáskia Sá. Ficção Vitória/ES- 2009

• “Receita Artesanal”- narrador. Direção: Douglas Lynch. Prêmio melhor documentário em 16 mm no FestRio. Documentário. Vitória, ES, 1985. • “O Fantasma da Mulher Algodão” - ator.

• “Eu Sou Buck Jones” - ator. Direção: Glecy Coutinho. Ficção. Vitória, ES, 1997.

• “A Maldição do Caipora” - voz boneco/ narrador -DireçãoJulianoEnrico - Ficção VItória/ES - 2012 • “Dos Reis Magos aos Tupiniquins” - narrador. Direção: Orlando Bomfim Neto. Curta, documentário. Vitória, ES,1987.

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• “Flora” - ator. Direção: Marcel Cordeiro. Curta, ficção. Vitória, ES,1996.

LONGAS - 35MM

• “Olhos Mortos” - ator. Direção: Carlos Augusto. Curta, ficção. Vitória, ES,1997

• “Eu Transo, Ela Transa” - ator. Direção: Pedro Camargo. Produção: Roberto Farias. Longa, ficção. Rio de Janeiro, RJ, 1972.

• “ O Ciclo da Paixão” – Ator, roteirista, produtor e diretor. Ficção. Vitóira/ES. 2000. • “A Sabotagem da Moqueca Real - ator. Direção: Ricardo Sá. Curta, ficção. Vitória, ES. 2003 • “Lály e Lally”. Ator. Direção: Sérgio Medeiros. Curta, ficção. Vitória, ES. 2004 • “O Observador” – Ator. Direção Alexandre Serafini. Curta. Ficção. Vitória. ES – 2005 • “Linhas Paralelas”. Ator. Direção Orlando Bomfim Netto. Curta. Ficção. Vitória, ES – 2010 • “Graçanaã” – Ator, roteirista, produtor, diretor. Ficção. Vitória/ES – 2006

• “Vagas Para Moças de Fino Trato” – ator e assistente de direção. Produção. Gláucia Camargos. Direção: Paulo Thiago. Longa, ficção. Vitória, ES, 1991. • “Lamarca” – ator e casting. Produção: Marisa Leão. Direção: Sérgio Resende. Longa, ficção. Vitória, ES,1993. • “Fica Comigo” - ator. Produção. Cacá Diniz e Heraldo Born. Direção: Tizuka Yamazaki. Longa, ficção. Vitória, ES,1996. • “A Morte da Mulata” – ator. Direção Marcel Cordeiro. Longa, ficção. Vitória, ES, 2000 . • “Copa de Elite” - ator -Direção Victor Branot - Ficção- Rio de Janeiro/RJ - 2014.

PREMIAÇÕES • Melhor ator no Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa (PR) – 1981 por Terror e Misérias do II Reich, de Bertolt Brecht.

• Melhor Iluminação, Melhor Cenografia e Co-direção em O Estranho e o Caveleiro, de Michel de Ghelderode, no Festival de Teatro de Teresina (PI) – 2005. • Prêmio especial do júri no VII Vitória CineVídeo, por O Ciclo da Paixão. – • Premio reconhecimento por contribuição ao cinema capixaba Festival de Vitória/VItoria Cine Video - 2012. • Premio reconhecimento por contribuição ao teatro capixaba pelo Festival de Teatro de Vitória/ Prefeitura de Vitória – 2014

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Acervo pessoal de L. T. Teixeira

• Melhor ator no Festival Nacional de Teatro de Guaçui por Queima de Arquivo (Diálogo Noturno com um Homem Vil), de F. Dürrenmatt. 2000


MONTAGEM DE ARQUIVOS QUESTÕES PARA O DOCUMENTÁRIO CONTEMPORÂNEO

por Anita Leandro1 As inovações tecnológicas do século XXI proporcionaram a salvaguarda e a difusão de um grande volume de imagens de arquivo, utilizadas com frequência cada vez maior não apenas em documentários, mas também em filmes de ficção, reportagens, teatro, dança e instalações. O acesso aos arquivos e a necessidade de compreensão da história fazem com que a montagem cinematográfica apareça no espaço contemporâneo como um paradigma dos tempos atuais. A manipulação da massa documental proveniente do nosso passado, atividade antes reservada aos historiadores, acontece, agora, na mesa de montagem, o que atribui ao cinema – e, em especial, ao documentário – grande responsabilidade no tratamento de uma matéria prima importante para os processos de construção de memória coletiva. Em que medida o documentário é capaz de revezar com a historiografia, propondo uma outra forma de escrita da história que passa pela valorização dos documentos visuais e sonoros de nosso tempo? Embora, na história do cinema, a montagem de arquivos já fosse praticada desde os primórdios

(A vida de um bombeiro americano, Edwin Porter, 1903), foi o campo do documentário que desenvolveu as potencialidades dessa técnica de composição, inaugurando novas formas de interação com as imagens do passado. Nos anos 1920, na Rússia, período das experimentações construtivistas, os documentaristas Dziga Vertov e Esther Schulb deram início a uma abordagem dos arquivos em sua materialidade documental, por meio de uma montagem valorizadora da singularidade do plano, em detrimento da continuidade narrativa ou, mesmo, do choque dialético proposto por Eisenstein. Numa outra direção, Vertov mostrou o intervalo entre as imagens, fazendo da montagem o lugar de um inventário de dados documentais (2008, p. 264), de treino para o olho humano no aprendizado das técnicas de seleção, triagem, isolamento dos planos ou, ao contrário, de associação entre eles. Ao ver no intervalo a “matéria prima da arte do movimento”, que deve ser mostrada enquanto tal, Vertov chamava a atenção para o “entre dois” (VERTOV apud SADOUL, 1973, p. 62). Entre duas imagens, há o espectador, um ser histórico, que interage com o que vê.

1 Professora de cinema da Escola de Comunicação da UFRJ, coordenadora do projeto de pesquisa “Arquivos da ditadura”, no âmbito do qual realizou o documentário Retratos de identificação (Brasil, 2014, 71 min.), feito a partir dos arquivos fotográficos das agências de repressão brasileiras do período militar.

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A montagem de arquivos recém inventada vinha, assim, atender às necessidades mais prementes daquele período entre guerras e que ainda são as nossas: interrupção do progresso (a criação do intervalo entre os planos) e ligação entre passado e presente (a restituição da continuidade narrativa).

Foto Divulgação

A montagem de arquivos diversificou-se no espaço contemporâneo em diversos documentários de Jean-Luc Godard, Chris Marker, André Labarthe, Rithy Panh, Sergei Loznitsa, Haroun Farocki, Susana de Sousa

Dias, Claudio Pazienza ou Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucci, sem esquecer as experiências radicais de Guy Debord ou de Artavazd Pelechian, determinantes para a reflexão sobre a apropriação das imagens existentes. A lista é extensa e mencionamos, aqui, apenas alguns dos cineastas mais conhecidos. Na mesma linha de Vertov e em sintonia com a chamada Nova História, voltada para a materialidade documental dos arquivos, esses documentaristas souberam abordar as imagens como seres singulares, carregados de sentido e vinculados ao contexto histórico de

sua produção. Seus filmes propõem uma verdadeira política do arquivo para o mundo de hoje e descobrimos, neles, o valor dos vestígios do passado. A mesa de montagem aparece em primeiro plano, como um lugar de restauração de ruínas e de resgate de sobrevivências. Abordadas como seres vivos, as imagens, em seus filmes, testemunham sobre o passado, da mesma forma que os entrevistados. Yervant Gianikian et Angela Ricci Lucci, por exemplo, dois dos maiores montadores de arquivo da atualidade, cujos trabalhos ainda são inéditos no Brasil, dedicaram toda a sua obra à busca de filmes desaparecidos, que eles retomam, na montagem, sem nenhuma entrevista, apostando apenas na força da imagem. O casal de cineastas reuniu, nas últimas décadas, um grande volume de filmes anônimos, de diferentes bitolas. São imagens deterioradas, filmes mudos, que eles reproduzem fotograma por fotograma, com alterações de velocidade do movimento e reenquadramentos,

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produzindo o que eles chamam de uma “decomposição analítica” do gesto dos homens do passado, estratégia de montagem informada na cartela de abertura de um de seus filmes mais importantes, feito a partir de imagens amadoras de turistas ingleses na Índia dos anos 1920, Imagens do Oriente. Turismo vândalo (GIANIKIAN-RICCI LUCCI, 2001). O método de montagem de Gianikian e Ricci Lucci traz à superfície da imagem o detalhe imperceptível, oferecendo ao presente uma resignificação do acontecimento filmado. O close no fotograma e o slow motion acentuado desvendam enunciados secretos e gestos fugazes, dissimulados no naturalismo das imagens amadoras. Outros documentaristas, embora não se interessem pelo reemprego das imagens de arquivo e evitem utilizá-las em seus filmes, como é o caso Claude Lanzmann, constituíram, com suas obras, arquivos para o futuro. Lanzmann filma lugares de memória, sobreviventes da história, testemunhas, monumentos. Em Shoah (LANZMANN, 1985), filme de nove horas e meia de duração, sem nenhuma imagem de arquivo, mas rodado em sítios históricos, com sobreviventes do genocídio dos judeus, o passado comparece, no entanto, graças a uma relação diferenciada que o filme estabelece com o tempo e com a duração. Mesmo que Shoah relativize nossa crença na capacidade das imagens de arquivo de tornar presente o irrepresentável, o filme não perde de vista a dimensão eminentemente histórica, o caráter de ruína, mesmo, de cada testemunho e de cada lugar filmados por Lanzmann.2 Por outro lado, sabemos que, em entrevistas com pessoas em situação de perigo ou de dor, como acontece geralmente com os sobreviventes da história, nem tudo pode ser dito. É assim que, no lugar desse testemunho

impossível, as imagens de arquivo podem aparecer no set de filmagem como um elemento desencadeador e organizador da fala. A mediação do documento e sua associação à fala do entrevistado estão na origem de testemunhos que seriam impossíveis de outra maneira, como os dos antigos carcereiros, torturadores, chefes de polícia e sobreviventes do genocídio cambojano, filmados por Rithy Panh em Bophana (1996), S21, a máquina de morte Khmer Vermelho (2003) e Duch, o mestre das forjas do inferno (2011). É também o caso das falas de prisioneiros da ditadura Salazar, recolhidas por Susana de Sousa Dias, em 48 (2009), ou, ainda, no registro oposto, as falas por demais seguras de militares e juízes israelenses, confrontadas a imagens da ocupação palestina que estremecem o relato oficial, como acontece no filme de Ra’Anan Alexandorwicz, The Law in these Parts (2014).3 Enfim, a retomada dos arquivos no cinema não se limita ao vão exercício da ilustração ou da representação descritiva e totalizante do passado, como pode sugerir a reserva de Lanzmann em relação às imagens. A montagem contemporânea inventa memórias a partir da própria falta de arquivos e do silêncio das imagens que restaram. O cinema de montagem é, hoje, um “lugar de memória”, como dizem os historiadores (NORA, 1997), um espaço de ressonância do que restou do passado. Uma experiência da falta espreita o montador que se volta para os arquivos. Antes mesmo das primeiras experiências cinematográficas com as imagens de arquivos, o historiador da arte Aby Warburg, recentemente editado no Brasil (WARBURG, 2013), já propunha, a partir de uma técnica de montagem, uma antropologia do gesto histórico que sobrevive nas imagens. Com seu atlas Mnemosyne, colagem de imagens de diferentes origens e épocas, com a qual ele ambicionava estabelecer uma outra história

2 - Sobre a polêmica em torno dos arquivos suscitada pelo filme de Lanzmann, ver Images malgré tout, de Didi-Hubermann (2003). 3 - A mesma técnica de mediação de documentos da história para obtenção da fala é desenvolvida em Retratos de identificação, acima citado, filme em que o sistema de perguntas e respostas foi substituído pela presença das fotografias no set de filmagens. Isso permitiu às testemunhas uma margem de negociação consigo mesmas e com o filme no difícil processo de exposição de sua tragédia pessoal.

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da arte, uma história visual, sem texto, Aby Warburg, cujo método é muito comentado na atualidade, percorreu toda a história da arte em busca da memória arquivada nas imagens e da possibilidade de acessá-la, pela montagem. Seu procedimento já antecipava, por exemplo, em vários aspectos, a montagem associativa de Jean-Luc Godard nas História(as) do cinema (1988-1998), uma das experiências mais ousadas de compilação do conjunto de imagens do século XX.4 Uma nova estilística da montagem pode, hoje, ser recenseada nos documentários de arquivo, assinalando, com o gesto de montagem, uma proximidade entre imagem, história e memória. Reenquadramentos de fotogramas, interrupções de movimento, variações de velocidades, associações, sobreposições, repetições, produção de intervalos diversos, uso da tela preta, de cartelas, reconstituições sonoras, são algumas formas recorrentes dessa escrita singular história, que passa pela retomada das imagens do passado. Não se trata de uma mera estilística ou, menos ainda, de uma técnica, mas de respostas da montagem a uma necessidade do presente. As novas políticas da montagem de arquivo no documentário valorizam as imagens em sua materialidade, evitando reduzi-las à ilustração de conteúdos, como é de praxe na televisão. A intervenção do cinema na elaboração de uma memória coletiva é um trabalho que os documentaristas brasileiros já haviam começado a formular durante a ditadura, no exílio. Em 1971, ao chegar ao Chile, o cineasta carioca Luiz Alberto Sanz, banido do Brasil, depois de quase um ano preso, filma cinco de seus companheiros. Não é hora de chorar, feito por ele e pelo chileno Pedro Chaskel, reunia os primeiros relatos da resistência à ditadura no Brasil, expondo marcas ainda visíveis da tortura. Embora o filme tenha um breve prólogo informativo, com imagens de cinejornais e da imprensa, o arquivo mais importante dessa obra pioneira era a fala viva dos exilados, suas vozes embargadas e

os esgares de seus rostos maltratados, que Sanz filma de frente, rente à câmera, obtendo testemunhos tão difíceis quanto corajosos, para os dois lados da câmera. Na ausência total de imagens comprobatórias dos crimes da ditadura brasileira naquele momento, Sanz produzia, com esse documentário, um importante arquivo de testemunhos para o futuro. Algumas das pessoas entrevistadas por ele em 1971 já morreram e suas falas constituem um importante legado da resistência para o cinema. As falas de Maria Auxiliadora Lara Barcellos, por exemplo, foram utilizadas no filme seguinte de Sanz, Quando chegar o momento (Dôra), feito na Suécia, em 1978. Recentemente, essas mesmas falas reapareceram em dois outros documentários sobre a ditadura, Retratos de identificação, já citado, e 70, de Emília da Silveira que, além do testemunho de Maria Auxiliadora, retoma também as falas de Carmella Pezzuti, outra exilada filmada por Sanz e já falecida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGAMBEN, G. “Le cinéma de Guy Debord”. In: Image et mémoire. Hoëbeke, 1998. DIDI-HUBERMAN, G. Images malgré tout. Paris: Minuit, 2003. DIDI-HUBERMAN, Georges. L’Image survivante. Paris: Les Éditions de Minuit, 2002. NORA, P. Les Lieux de mémoire. Gallimard, 1997. RICŒUR, P. Temps et récit. Tome 3. Le temps raconté. Paris: Seuil, 1985. SADOUL, G. Dziga Vertov. Paris: Champ Libre, 1971. VERTOV, D. “Extrato do ABC dos Knocks (1929). In: XAVIER, I., org. A experiência do cinema. São Paulo: Graal, 2008. WARBURG, A. A renovação da Antiguidade pagã. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.

4 - Sobre a montagem warburguiana e seus desdobramentos no espaço contemporâneo, ver Giorgio Agamben (1998) e Georges Didi-Huberman (2002).

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REFERÊNCIAS FÍLMICAS ALEXANDORWICZ, R. The Law in these Parts, Israel, 2014. DA SILVEIRA, E. 70, Brasil, 2013.

LANZMANN, C. Shoah, França, 1985. LEANDRO, A. Retratos de identificação, Brasil, 2014. PANH, R. Bophana, França, 1996.

DE SOUSA DIAS. S. 48, Portugal, 2009.

PANH, R. S21, a máquina de morte Khmer Vermelho, França, 2003.

GODARD, J.-L. História(s) do cinema, 8 episódios, França, 1988-1998.

PANH, R. Duch, o mestre das forjas do inferno, França, 2011.

GIANIKIAN-RICCI, Y. & RICCI LUCCI, A. Imagens do Oriente. Turismo vândalo, Itália, 2001.

SANZ, L. A. e CHASKEL, P. Quando chegar o momento, Chile, 1971.

OUTROS TEXTOS SOBRE CINEMA DE ARQUIVO DA AUTORA >> DESVIOS DE IMAGEM http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/769/569

Desviar as imagens já existentes de sua função original e utilizá-las em novos contextos, de forma a potencializar o alcance político da montagem e a transformar o cinema num lugar de troca de experiências: era esse o projeto de Guy Debord, retomado, hoje, sob novas bases, por cineastas que trabalham com imagens de arquivo. Através dos filmes e textos de Debord, esse artigo analisa a técnica do desvio e avalia a atualidade da proposta do cineasta situacionista, estabelecendo vínculos entre seu método de montagem e o de Eduardo Coutinho, em Um dia na vida.

>> FALKENAU: A VIDA PÓSTUMA DOS ARQUIVOS http://www.revistas.usp.br/significacao/article/view/68116

Quarenta e três anos depois do fim da Segunda guerra mundial, Samuel Fuller vê as imagens que registrou durante a liberação do último campo de concentração. Em seu filme, Falkenau, visão do impossível (1988), Emil Weiss capta a emoção de Fuller na descoberta de marcas ainda vivas do passado, sedimentadas nos arquivos e nos lugares históricos.

>> A VOZ INAUDÍVEL DOS ARQUIVOS http://socine.org.br/livro/XIII_ESTUDOS_SOCINE_V1.pdf

Análise da proposta estética de Natureza morta (2005), segundo filme da cineasta portuguesa Susana de Sousa Dias, construído na mesa de montagem, sem nenhuma entrevista ou comentário, tendo como matéria-prima fotografias de identificação de presos políticos produzidas pelo regime de Salazar entre 1926 e 1974.

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Dentre as obras raras do cinema capixaba há de se destacar PARAÍSO NO INFERNO, longa metragem de 1977 escrito, interpretado e dirigido por Joel Barcellos, capixaba que fez sucesso como ator no Rio de Janeiro. A cópia em 35 mm encontra-se hoje em situação “inexibível”, conforme laudo da Cinemateca Brasileira. Urge um projeto pela restauração do negativo do filme. No artigo abaixo, Fabricio Fernandes tenta decifrar os enigmas de uma obra que nos leva a uma viagem por Vitória na década de 70, deslumbrada com a chegada dos grandes projetos industriais que mudariam por completo seu perfil de cidade presépio do Brasil.

PARAÍSO NO INFERNO, UM FILME MARGINAL

Foto de Divulgação do Filme

por Fabricio Fernandez

Importante registro da produção audiovisual realizada no estado, “Paraíso no Inferno” (1977) tem como ponto de partida um atropelamento e uma morte. A da esposa de um casal de empregados de uma casa onde moram sonhadores jovens artistas e burgueses. Esse acontecimento introduz a narrativa com intenções experimentais no longa-metragem dirigido pelo ator e cineasta Joel Barcellos.

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Atuando no filme como o personagem Brasa, o diretor escolhe como cenário a cidade de Vitória, em meados dos anos 1970. A câmera (em 35mm) registra espectralmente cenas urbanas, como a Praia da Camburi e o centro. Captura descampados e entulhos em vazios pré-aterros. Cenas de pescadores sequenciamse com movimentos industriais de um progresso siderúrgico em expansão. “O barulho


de mar misturado ao som das máquinas”, diz um dos personagens. Em um tempo de contracultura, a exemplo do Balão Mágico, conhecida pelo comportamento pouco convencional, Joel Barcellos, após retornar do exílio na Itália (ditadura militar), vem a Vitória onde se insere no movimento de cinema amador local. A trama de “Paraíso no Inferno” vai se inspirar no poema Uma temporada no inferno, de Arthur Rimbaud. No filme, um empresário mafioso quer firmar um contrato artístico de exclusividade com Edu (Ney Sant’Ana). A ideia é torná-lo um astro de rock internacional “e ganhar muito dinheiro” (sinopse). Edu, o herói-edipiano angustiado e indeciso, reluta se aproximar do sucesso fácil: quer preservar sua liberdade idealizada. Riza (Ana Maria Nascimento Silva, estreando como atriz no cinema), é a amante de Brasa e tenta convencer Edu a aceitar tal proposta.

No dia do show de Edu, onde quem está no palco do lotado Teatro Carlos Gomes é o andrógino cantor Aprigio Lyrio, interpretando a canção “Daqui a 200 anos”, tema do longametragem, o poeta decide abandonar o teatro. Ele vai trabalhar como operário em uma mineradora. Mas a negação de Edu o faz andarilho pela cidade de Vitória, angustiado e cabisbaixo. Ele se põe errante por entre botecos românticos da cidade, como o Britz, ruas e circos com ares quase-parisienses. A voz de Aprígio segue o corpo em movimento de Edu, que caminha pela cidade reflexivo: “Mas eu vou lhe contar o mundo/Daqui a 200 anos/Dinheiro vai ser plantado/Quem planta 20 centavos/Colhe dinheiro empacotado”. O empresário mafioso toma banho de piscina, enquanto decide manda matar Edu na saída da mineradora, mas os matadores assassinam um amigo que o acompanhava. Edu foge. Abandona o trabalho. Riza está trabalhando como cantora de boleros em uma casa noturna. Ao se encontrarem, ela comunica que

Foto de Divulgação do Filme

Uma festa setentista acontece num casario antigo de Vitória. É tempo de mescalina e LSD, rock progressivo, glam e punk rock’s: “é só adicionar água e mecher” (David Bowie, sobre seu estrelato instantâneo). Durante a badalação, um homem para a música e propõe às mulheres um concurso de calcinhas. Ao final

da noitada, Edu aceita as promessas advindas do contrato profissional, desde que Riza fuja com ele.

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Foto de Divulgação do Filme

está grávida dele, porém Edu decide abandoná-la. Após essas experiências traumáticas, Edu sai para beber cachaças com Brasa. Num bar nos fundos de um estreito corredor, sem portas romanticamente abertas para as ruas ainda bem cuidadas da cidade, Edu flagra indivíduos cujos corpos parecem reinaugurar o sujo, o imundo da experiência na cidade: ele escuta, quase negaceando, a voz de um outro jovem poeta que encena a embriaguez e diz em voz alta, com a cabeça recosta nos ladrilhos, o olhar mirando o teto: “a palavra mais bonita de todas é nada, absolutamente nada”. Edu é morto, sem tempo para festejar. Fabricio Fernandez é cineclubista, escritor e mestrando em Comunicação e Territorialidade pela Ufes

REFERÊNCIAS: TATAGIBA, Fernando. História do cinema capixaba. Prefeitura Municipal de Vitória, 1988 MURTA, Ana. O Cinema Capixaba Existe, blog Overmundo: http://www.overmundo.com. br/overblog/o-cinema-capixaba-existe Sinopse retirada do registro na página da Cinemateca Brasileira: http://www.cinemateca.gov.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.

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PROJETO DE RESTAURAÇÃO “ DOCUMENTOS DO NORTE DO ESTADO – OS CINEJORNAIS DE JÚLIO CÉSAR MONJARDIM “ por Sergio Dias O Arquivo Público do ES tem desempenhado um papel importante na guarda e restauração de obras da nossa filmografia. Um dos exemplos é o trabalho feito com os filmes de Julio Cesar Monjardim, produtor de cine jornais e um dos únicos registros audiovisuais da realidade do ES durante os anos 50 e 60. Neste artigo, Sérgio Dias, Coordenador de Preservação do Acervo do APPES relata como foi o processo de restauração da obra de Julio Cesar Monjardim

O seu reconhecimento público como realizador de cinejornais teve início entre os anos de1965 e 1969, com a produção de filmes para o “Jornal da tela”, quando seus documentários foram exibidos nas salas de cinema do Estado antes da projeção dos filmes de longa-metragem do circuito comercial, nos anos em que se instaurava no país a ditadura civil-militar que perdurou até1985.

Frames do Filme de Júlio César

Entre a metade da década de 1950 e início dos anos de 1980, o diretor e produtor Júlio César Monjardim é o principal expoente do filme documentário no Espírito Santo, segundo historiadores do cinema capixaba que integram o Catálogo de Filmes com 81 anos de cinema no Espírito Santo1.

Júlio César Monjardim foi o proprietário da maior e mais duradoura produtora profissional de filmes no Estado, a empresa Espírito Santo Filmes, por meio da qual registrou fatos marcantes ocorridos no Espírito Santo, como a primeira extração de petróleo em São Mateus (Jornal 11x72), a urbanização de Vitória com o início das obras da Avenida Beira-Mar, do aterro da Enseada do Suá e da construção do Porto de Capuaba em Vila Velha. “O produtor entendeu o papel do cinema no processo político e ao documentar com sua câmera as ações desenvolvimentistas capixabas, conseguiu mobilizar opiniões e promover os trabalhos governamentais.” (Ribeiro, 2007, pp. 44 e 45 ).

1 - ABD CAPIXABA, 2007. RIBEIRO, Luiz Cláudio, Os cinejornais de Júlio Monjardim. In: OSÓRIO, Carla (Org.). Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espirito Santo, VItória: ABD&C/ES, 2007. p. 40 - 45.

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Acervo APEES

A repercussão do seu trabalho como diretor de documentários no estilo de reportagem jornalística levou-o até a Casa Branca em Washington, onde registrou o encontro dos presidentes Emílio Garrastazu Médici e Richard Nixon e a documentar também outros fatos marcantes da vida brasileira como a Cavalhada (encenação da luta entre mouros e cristãos) realizada durante os festejos do Divino Espírito Santo, na cidade bicentenária de Pirenópolis no Estado de Goiás (O Brasil em Notícias) e a Festa do Círio de Nazaré em Belém do Pará. Ainda, segundo o Catálogo da ABD Capixaba, na década de 1980, o diretor fixou residência em Brasília, distanciando-se do cinema e da política capixaba. Se olharmos no aqui-agora, o cinema do diretor, distante do mero enfrentamento político e ideológico do seu tempo alioutrora, permanece como um dos raros registros de imagens em movimento acerca das transformações ocorridas no Estado, quando foram implantados os grandes projetos desenvolvimentistas voltados para a industrialização da economia capixaba, reformas estas, que iriam alterar não somente a paisagem da capital e de municípios do interior do Espírito Santo, como também os rumos da sociedade local.

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Parte da obra cinematográfica de Júlio César Monjardim encontra-se sob a guarda do APEES - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, instituição com mais de 100 anos de existência, que se dedica a preservar documentos de múltiplos suportes, contando em seu acervo de imagens em movimento com aproximadamente 7.000 títulos. Este acervo do cineasta e produtor, formado por 64 filmes de 16mm e 22 filmes de 35mm, provém em sua maioria, do recolhimento de documentos para guarda, que foram feitos à SECOM - Secretaria de Comunicação do Governo do Estado do Espírito Santo, e também, de recolhimentos em outras instituições, além de depósito feito por intermédio de pessoas interessadas em conservar os filmes que estavam sob a sua guarda particular. Como parte do programa de digitalização do acervo audiovisual, nos propusemos a catalogar, recuperar, conservar e promover o acesso aos documentos audiovisuais, para atender a demanda por parte dos consulentes que procuram a instituição, principalmente os produtores e os diretores interessados em imagens de arquivo referentes ao Estado do Espírito Santo, para inserção nos seus filmes, bem como, para os estudiosos que se utilizam destas fontes como objeto de estudo para seus projetos acadêmicos.


Entre as ações desenvolvidas para o aperfeiçoamento da qualidade de conservação dos filmes, firmamos acordos de cooperação técnica com a Cinemateca Brasileira e participamos como instituição afiliada, da ABPA-Associação Brasileira de Preservação do Audiovisual. Na busca por parcerias com a finalidade de digitalizar e recuperar os filmes, concorremos ao edital do Banco do Nordeste do Brasil de 2009, que aprovou o “Projeto de Restauração de Documentos do Norte do Estado” do APEES, o que nos possibilitou a digitalização de documentários com registros de imagens de alguns municípios do Norte do Espírito Santo. Cinco filmes do diretor Júlio César Monjardim foram incluídos no projeto: “Jornal – Júlio César Monjardim “ - Filme original em 35 mmm, 00:06:40, p/b. “Atualidades – Jornal 18 x75” , filme original de 35 mm, 00:08:01s., colorido e p/b. “Atualidades” - Variedades, realizações dos governos estaduais e do governo federal. “Simpósio sobre os problemas do Espírito Santo” – Filme 35 mm, 00:06:40 s., p/b. “Brasil em notícias” (Jornal 146x72). Filme 35mm, 00:06:23 s., p/b. “Jornal 11 x 72” – Filme 16 mm, 00:07:09 s., p/b. Cada filme contém registros de imagens de municípios do Norte capixaba, além dos registros de diversas solenidades com integrantes da política no Espírito Santo, de inaugurações e de andamento de obras públicas dos governos, de potencialidades turísticas e econômicas, de eventos de caráter filantrópico, de festas e eventos culturais da sociedade capixaba e de outros estados do país. Os cinejornais foram telecinados nos Estúdios Mega em São Paulo, sob a supervisão de técnicos que analisaram o seu estado de conservação e definiram quais seriam os procedimentos necessários para a conversão digital. Este tratamento para digitalização

incluiu a troca das pontas de segurança inicial e final de cada rolo, a troca das emendas existentes, a análise de risco ou sujidades, em um rigoroso processo de avaliação para a sua conservação. Os filmes foram submetidos ao processo de lavagem em máquina de ultrasom, que realizou a limpeza das sujidades do filme, retirando todas as impurezas decorrentes do seu manuseio. No telecine, também foram realizados ajustes para a correção de ruídos de som. Os filmes depois de limpos foram embalados em sacolas de polietileno e acondicionados em caixas plastificadas para a sua proteção durante o transporte para Vitória. De acordo com as normas internacionais de preservação, o procedimento correto seria a produção de um novo negativo e de novas cópias dos filmes em seus formatos originais, já que o meio digital é mais perecível e implica em riscos de perdas e de defasagem tecnológica, devido às constantes mudanças de formatos. No entanto, devido ao alto custo da confecção das cópias em película, optamos por fixar a matriz do telecine em fitas Beta Digital, para posteriormente transferirmos os filmes para um HD externo. O projeto permitiu a visualização dos originais. Preservouse a integridade física dos suportes e das imagens, com a confecção de novas cópias para os consulentes e permitiu a exibição de títulos que antes só existiam em uma cópia de preservação em película. Através da digitalização dos cinejornais de Júlio César Monjardim, tivemos como propósito contribuir para um maior reconhecimento da produção audiovisual capixaba, ao tornar mais acessível ao público estes raros documentos audiovisuais, com sua temática tão diversa em um conturbado período histórico, e também proporcionar a sua melhor fruição lúdica com o aproveitamento integral da sua obra cinematográfica.

Sergio Dias é Conservador de Bens Culturais Móveis - Coordenador de Preservação do Acervo APEES

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Outra pérola guardada no Arquivo Público do ES é o filme A NATIVA SOLITÁRIA, documentário com encenações dirigido por Francisco de Almeida Fleming e protagonizado por Luz Del Fuego. Segundo Sergio Dias, coordenador de Preservação do Acervo APPES, “o filme se encontrava no DEC - Departamento Estadual de Cultura que posteriormente veio a ser extinto com a criação da SECULT-ES. Alcione Dias, então coordenadora da Divisão de Memória, localizou o filme e fez a restauração da película. Quando o DEC foi extinto, o seu acervo foi recolhido para o APEES. Em 2013 fizemos a digitalização do filme, que agora pode ser assistido em DVD.” Numa conversa na casa da atriz Letícia Braga, Agostino Lazzaro fala sobre sua percepção a cerca dessa mulher que foi para muitos, uma das pessoas mais corajosas deste país.

LUZ DEL FUEGO, LUZ DO SOL

Foto acervo APEES

com Agostino Lazzaro

Luz Del Fuego, o próprio nome artístico dela já sintetiza a concepção de mundo dessa mulher. Um nome que simbolizava toda essa energia , uma energia telúrica. Ela era uma mulher profundamente conectada ao planeta Terra, ao cosmos... por isso ela tinha esse equilíbrio, essa ligação, ela era a própria natureza.

da Itália que foi colonizada pelos gregos. A família dela veio de Basilicata, no centro sul da Itália. E são mulheres de temperamento forte, corajosas, mulheres que participaram até de resistências em guerrilhas do século XIX, e que andavam armadas se fosse necessário. A Luz tinha isso nela.

Por que é um problema da nossa civilização, considerar o ser humano fora da natureza. Ainda mais em um país solar, tropical como o Brasil em que você tem tudo para trabalhar essa energia, que os chineses entendem como a energia vital.

A vida dela foi um ritual, e ela foi até o fim nesse ritual.

Ela era uma mulher de origem mediterrânea por parte da família Vivacqua, de uma região

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Transcrição das falas: Monica Nitz Edição de texto: Ricardo Sá O filme A Nativa Solitária será exibido no MAES no dia 14 de junho às 16h30.


Como resgatamos “Cenas de Família”, de Ludovico Persice Por Margarete Taqueti O filme Cenas de Família, com duração aproximada de 19 minutos, de Ludovico Persice, foi restaurado com recursos da Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Espírito Santo. Esse processo foi encaminhado pela subgerência audiovisual a partir do projeto Cine Memória, na época sob minha coordenação. Esse material original foi localizado e identificado pelo pesquisador José Eugênio Vieira, durante o trabalho de levantamento de fontes primárias para elaboração do seu estudo histórico sobre o município de Castelo. O original era um negativo reversível próprio para o Cinematógrafo Guarany que o cineasta/inventor construiu e patenteou no Arquivo Nacional. Me lembro ainda que o material encontrado parecia um tijolo, dentro daquela lata retorcida, depositada sobre a minha mesa de trabalho na Secretaria de Estado da Cultura. Tentamos puxar uns fotogramas que lembravam uma renda de Hilal. Estávamos todos, eu Glecy Coutinho e José Eugênio, muito emocionados com o achado, Ao mesmo tempo, eu estava temerosa de dar um passo maior do que a distância que poderíamos percorrer no serviço público. O que estaria contido ali dentro? Seria mesmo do Ludovico? Com o projeto Cinema e Censura, apresentamos o nosso material para os técnicos de restauração da Cinemateca Brasileira e do Arquivo Nacional, mas nenhuma daquelas instituições tinha disponibilidade para realizar esse trabalho. Havia uma fila imensa de títulos clássicos na nossa frente. Ao mesmo não tínhamos tempo para aguardar. Decidimos buscar um Laboratório particular. A Labocine aceitou o serviço, mas não garantia um bom resultado. Mesmo assim apostamos. O trabalho de restauração foi iniciado no ano de 2005 e teve a duração de aproximadamente dois anos. Ao término desse período foram produzidos um master e um internegativo para a realização da cópia final em 16mm. Essa cópia foi digitalizada e posteriormente, junto com o internegativo, doada para o acervo do Arquivo Público do Espírito Santo. Como não possuía ficha técnica, o filme recebeu dos técnicos do laboratório de restauração o título CENAS DE FAMÍLIA, após a observação dos primeiros quadros da obra, que retratavam cenas de um cotidiano familiar. A primeira exibição do filme ocorreu em agosto de 2008 no Palácio Anchieta na ocasião do lançamento da segunda edição do livro História do Estado do Espírito Santo de José Teixeira de Oliveira. Para essa exibição foi utilizada uma cópia digital sonorizada com uma coletânea de músicas de jazz, sob a coordenação do Gabinete da Secretaria de Estado da Cultura do ES. A segunda exibição foi projetada em película, cópia muda original, acompanhada pelo músico instrumentista Mirano Schuler, na abertura do Projeto Mova Caparaó, realizado pela Secult-ES no município de Alegre no ano de 2009, sob a minha coordenação.

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O sonho e a máquina, um filme sobre a obra de Ludovico Persici. “Este filme é um testemunho da ausência de memória no ES. Justamente por que o filme realizou um movimento através do qual tirou o Ludovico do esquecimento, e, no entanto, o próprio filme acabou caindo nesta amnésia contra a qual ele lutou. É o resgate do resgate, nesta luta feroz contra a amnésia, que, infelizmente, se abate contra nossa cultura.” Palavras de Jean Calmon Modenesi (foto abaixo), filho do produtor do filme O SONHO E A MÁQUINA, o capixaba Ney Modenesi. Algumas semanas antes da Mostra O LUGAR DA MEMÓRIA Jean recebeu o editor da Revista Milímetros, Ricardo Sá, para um bate papo em seu apartamento no Centro Histórico de Vitória.

Ricardo – E seu pai achava que o filme havia alcançado o objetivo de tirar o Ludovico do esquecimento? Jean - Ele achava que sim. Até a década de 80, o filme O SONHO E A MÁQUINA ainda estava na memória das pessoas. A propósito, construíram o Centro Cultural Carmélia, onde havia um cinema com o nome de Ludovico Persici. Então de certa forma o filme atingiu o objetivo de resgatar a memória dele. Mas o tempo passou e o próprio Carmélia foi esquecido, desprezado. E aos poucos, mais uma vez, a amnésia se instalou. É uma luta permanente esta. Se não se trabalha, se não se luta, a tendência é o esquecimento vencer a lembrança. Ricardo – E pra voce, o que é o Aparelho Guarany, esta máquina inventada por Ludovico Persici? Jean – Uma máquina quase onírica, que tem um caráter de sonho, porque, de algum modo, remete a uma máquina absolutamente autônoma, que faz lembrar aquela máquina divina pensada por Aristóteles, o Deus Ex Machina, a máquina perfeita, que consegue se auto constituir, se auto produzir, produzir seu próprio movimento, que tem em si o principio do movimento que, de algum modo, é o principio do cinema também. O cinema nasce assim numa tentativa de imprimir movimento às imagens... Por que esta máquina reúne as 3 funções técnicas do cinema: filmar, revelar e projetar. Portanto esta máquina tem também este aspecto filosófico. De algum modo, ela remete aquilo que alguns pensadores conceberam, que é a imagem em si mesma, pressupondo uma máquina que tenha este caráter de auto funcionamento, funcionamento que dispensaria o próprio ser humano, a medida em que ela faria tudo. Ela faria a si mesma e ela faria o outro, que é a imagem produzida a partir dela. Esta máquina que se constitui como condição de possibilidade máxima, quase transcendental, desta imagem pura, isto é, que não é a imagem de alguma coisa, é uma imagem sem referente, sem objeto, de algum modo, talvez uma imagem até kantiana ou, mais modernamente, uma imagem deleuziana, a imagem-tempo. Que se contrapõe a imagem-movimento, que depende do referente, depende do objeto, a imagem não poética, a imagem da coisa, ao passo que esta outra imagem, a imagem pura, se relaciona ao sentido maior desta máquina inventada por Persici, que é uma imagem poética, uma vez que ela é uma imagem que produz significado, que consegue criar uma pletora, uma multiplicidade de significados como faz a própria poesia. Portanto, há este isomorfismo estrutural entre a imagem pura, que tem por trás esta maquina maravilhosa, e a poesia. * O filme O SONHO E A MÁQUINA será exibido no dia 13 de junho, às 19 horas no Centro Cultural Sesc Gloria, em cópia 16 mm.

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A COR DO FOGO E A COR DA CINZA Wagner vive na favela e desde os 7 anos de idade é proprietário da Rede Metror, um canal de televisão feito de papel e lápis de cor. Após 11 anos e mais de 70 novelas transmitidas, Wagner dirige pela primeira vez atrizes reais.

Gênero: Documentário Duração: 25’19” Ano de Produção: 2014 Município: Vitória/ES Formato de captação: HD Roteiro e Direção: André Félix Assistente de direção: Isabel Veiga Direção de Produção e Produção Executiva: Vitor Graize Assistente de produção: Carolini Covre e Nayra Girelli Empresa Produtora: Pique-Bandeira Filmes

Direção de Fotografia: Igor Pontini Som Direto: Vitor Graize Direção de Arte (maquiagem e figurino): Ana Carolina Félix Elenco: Wagner Lombardi e Na Cláudia Cristo e Milena Bessa (e as atrizes da novela Raios de Sol) Montagem: André Félix Edição de Som: Constantino Buteri Mixagem: Dionísio Ferreira Classificação Indicativa: Livre

A PRÓPRIA CAUDA Uma casa, um homem, uma mulher e o bicho que existe em cada um de nós.

Gênero: Ficção Duração: 15’01” Ano de Produção: 2015 Município: Vitória/ES Formato de captação: 4K Roteiro e Direção: Virgínia Jorge Direção de Produção: Bob Redins Produção Executiva: Bob Redins, Virgínia Jorge e Clarisse Rodrigues Direção de Fotografia: Ursula Dart

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Som Direto: Hugo Reis Direção de Arte: Joyce Castelo Elenco: Higor Campagnaro, Fabiola Buzim, Alê Bertoli, Gustavo Sampaio Silva e Benicio Jorge Rodrigues Montagem: Rafael Balducci, Herbert Pablo, Alessandro Danielli e Lucas de Barros Trilha sonora, edição de Som e Mixagem: José Claudio Castanheira Classificação Indicativa: 14 anos


AMOR MASCARADO A história de um amor adolescente que mistura o Carnaval de Máscaras e o Congo, duas tradições da região.

Gênero: Animação Duração: 7’06” Ano de Produção: 2013 Município: Cariacica Formato de captação: HD Direção, roteiro e direção de produção: Alunos da Escola do Campo e Estação de Ciências Margarete Cruz Pereira Produção Executiva: Andréia Ramos

Empresa Produtora: Instituto Marlin Azul Direção de Arte e de Fotografia: Rosaria Som Direto: Nildo Neves Elenco: Os alunos Montagem: Ariane Piñeiro e Marinéia Anatório Edição de Som e Mixagem: Nildo Neves Trilha Sonora: Banda de Congo Taquaruçu e Pedro de Alcântara Classificação Indicativa: Livre

AS ONDAS DA TERRA Estórias do rádio no Espírito Santo, contadas por seus criadores, astros e estrelas.

Gênero: Documentário Duração: 29’07” Ano de Produção: 2014 Município: Vitória/ES Formato de captação: minidv - hd Roteiro e Direção: Mauro Petersem Domingues Direção de Produção e Produção Executiva: Paulo Roberto Fabris

Empresa Produtora: Instituto Geração Direção de Fotografia: Francélio Cristóvão de Oliveira Som Direto: Alessandra Toledo Montagem: Francinardo Luis de Oliveira Edição de Som e Mixagem: Lucas Bonini Trilha Sonora: diversos Classificação Indicativa: Livre

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Coisa de Menino Descobertas. Perdas. Um abismo entre pai e filho. De forma sensível, o curta metragem “Coisa de Menino” retrata a história de João, um menino de 10 anos, que após a morte da mãe viu a relação com o seu pai, Olavo, se tornar cada vez mais distante. Buscando preencher o vazio, João cria em suas brincadeiras um universo de expectativas, medos, ansiedades e desejos. Gênero: Ficção Duração: 17’29” Ano de Produção: 2014 Município: Vitória/ES Formato de captação: HD Direção: Bipe Couto e Dayana Cordeiro Roteiro: Bipe Couto Direção de Produção e Produção Executiva: Adryelisson Maduro Direção de Fotografia: Dayana Cordeiro

Som Direto: Geraldo Pereira Jr e Jailson Mendes Jr Direção de Arte: Cyntia Andrade Elenco: Kauã Kubbe; Karina Americano; Ernesto Charpinel e Renata Souza. Montagem: Bipe Couto, Dayana Cordeiro e Raphael Sampaio Trilha Sonora: Cristiano Martins, Deyvid Martins, Geraldo Pereira Jr, Jailson Mendes Jr e Joaquim Costa Classificação Indicativa: Livre

Eu, Zumbi! Coisas de Bar ou Passa a Régua e Traz a Conta Proximidade com o real em uma realidade absurda. Cotidiano, cinema, violência e zumbi. As disparidades de uma situação inesperada a partir de dois pontos de vista. Uma assumida ficção com propósito de realidade.

Gênero: Experimental Duração: 8’13” Ano de Produção: 2011 Município: Vitória/ES Formato de captação: HD Roteiro e Direção: Alexander S. Buck Direção de Produção: Magno Santos

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Empresa Produtora: Onírios Produções Direção de Fotografia: Caio Perim Elenco: William Lannart, Erik Martincues, Samya Peruchi, Ormando Neto, João Barros, Caio Perim, Alexandre Brunoro, Magno Santos Montagem e Edição de Som: Ormando Neto Trilha Sonora: Catacumba Classificação Indicativa: 16 anos


GUERRA FRIA É igual no teatro. O personagem precisa morrer para outro nascer. E o ator se aproxima de si mesmo.

Gênero: Ficção Duração: 17’16” Ano de Produção: 2014 Município: Vitória/ES Formato de captação: 4k Roteiro e Direção: Paulo Sena Direção de Produção: Anderson Bardot Produção Executiva: Paulo Sena Empresa Produtora: CABELOSECO Soluções Culturais

Direção de Fotografia: Lourenço Diniz Som Direto: Alessandra Toledo Direção de Arte: Joyce Castello Elenco: Tiago Melo, José Augusto Loureiro, Eldon Gramlich, Daniel Boone, Lorena Lima e Elaine Vieira Montagem: André Rios Edição de Som e Mixagem: Bernardo Uzeda Classificação Indicativa: Livre

Invisível Poucos em meio à multidão: torcedores de dois dos principais times de futebol do Espírito Santo são minoria mesmo jogando em casa.

Gênero: Documentário Duração: 23’28” Ano de Produção: 2015 Município: Cariacica Formato de captação: HD Direção e Roteiro: Diego de Jesus Direção de Produção: Maria Grijó Simonetti

Produção Executiva: Diego de Jesus e Maria Grijó Simonetti Empresa Produtora: Ventania Direção de Fotografia: Willian Rubim Som Direto: Marcus Neves Montagem: Diego de Jesus Edição de Som e Mixagem: Marcus Neves Classificação Indicativa: 10 anos

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JUDAS Sábado de aleluia é dia de malhar o Judas... você tem coragem?

Gênero: Ficção Duração: 10’36” Ano de Produção: 2015 Município: São Paulo Formato de captação: HD Roteiro e Direção: Joel Caetano Direção de Produção: Mariana Zani Produção Executiva: Mariana Zani, Joel Caetano Empresa Produtora: RZP FILMES

Direção de Fotografia: Danilo Baia Som Direto: Fabiana Garcia Direção de Arte: João C. SIlva Elenco: Richard Rodrigues, João Caetano, Crispin Thomas, Evelin Daniela Montagem, edição de som e mixagem: Joel Caetano Trilha Sonora: Tiago Galvão Classificação Indicativa: 10 anos

Meu nome é Fulano! “Bom dia! Boa tarde! Boa Noite! Meu nome é Fulano. Eu poderia estar fazendo outra coisa, mas estou aqui dentro deste coletivo e gostaria de vender essas maravilhas pra vocês!”. Vendedores ambulantes, conheça o cotidiano de quem vive sem o amparo da lei.

Gênero: Documentário Duração: 15’06” Ano de Produção: 2014 Município: Vitória/ES Formato de captação: HD Roteiro e Direção: Naiara Bolzan Direção de Produção e Produção Executiva: Naiara Bolzan Direção de Fotografia: Cássio Siquara

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Som Direto: Lygia Machado Direção de Arte: Naiara Bolzan Elenco: Gerson Luis Fugulim Rodrigues, Simone Rodrigues, Tarcísio Ramires Montagem, Edição de Som e Mixagem: Naiara Bolzan Trilha Sonora: Deyvid Martins e João Machado Classificação Indicativa: Livre


O que Bererico Vai Pensar? Um registro dos reflexos da “Ação Integralista Brasileira” numa pequena vila no interior do Espírito Santo, onde a relação de duas famílias de imigrantes italianos, cujos patriarcas eram grandes amigos, é abalada seriamente por divergências ideológicas e políticas.

Gênero: Documentário Duração: 27’38” Ano de Produção: 2012 Município: Cachoeiro de itapemirim Formato de captação: HD Direção: Diego Scarparo Roteiro: Diego Scarparo e Marcelo Grillo Direção de Produção: Paulo Paraízo e Villinevy Koppe Robbi Produção Executiva: Lourenço Campodell’orto Diniz Empresa Produtora: Global Village Creative+Executive Direção de Fotografia: Paulo Paraízo de Lima Som Direto: Villinevy Koppe Robbi

Direção de Arte: Diego Scarparo Elenco: Cléria Perim, Antônia Perim, Higyno Dardengo, Irene Santolim, nna Perim, Flamínio Gava , Taís Gava, José Pontes Schayder, Marcelo Grillo, Pedro Ernesto Fagundes, Theonila Gava, Neném Fassarella, Magdalena Fassarella, Maria Fassarella Grillo, Aline Moulin Dardengo e Alair Grillo Gava Montagem: Paulo Paraízo de Lima , Villinevy Koppe Robbi, Diego Scarparo e Marcelo Grillo Edição de Som: Paulo Paraízo de Lima e Villinevy Koppe Robbi Mixagem: Paulo Paraízo de Lima, Villinevy Koppe Robbi e Diego Scarparo Trilha Sonora: Wanderson Lopes e Mirano Schuller Classificação Indicativa: 14 anos

Ogunhê O documentário apresenta o culto sagrado a Ogum, depoimentos e o dia a dia no terreiro de candomblé. Mostra de maneira precisa os costumes e preceitos da casa, bem como as funções dos adeptos; trazendo à tona mitos e verdades sobre a religião.

Gênero: Documentário Duração: 12’17” Ano de Produção: 2014 Município: Vitória Formato de captação: HD Roteiro e Direção: Lucas Araujo e Vinicius Vasconcelos Direção de Produção e Produção Executiva: Lucas Araujo e Vinicius Vasconcelos Empresa Produtora: LV Filmes

Direção de Fotografia: Lucas Araujo e Vinicius Vasconcelos Som Direto: Lucas Araujo e Vinicius Vasconcelos Direção de Arte: Lucas Araujo e Vinicius Vasconcelos Elenco: Jorge Ferreira, Thiago Damacena, Washington Marin e Lua Rodrigues Montagem, Edição de Som e Mixagem: Lucas Araujo e Vinicius Vasconcelos Classificação Indicativa: Livre

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Oito Ventos Oito Ventos conta histórias reais de conflitos e medo causados pelo maior amor do mundo: o amor de mãe, que também é responsável pelas mais belas histórias de reconciliação.

Gênero: Videoclipe Duração: 7’48” Ano de Produção: 2015 Município: Vila Velha Formato de captação: HD Roteiro e Direção: Luiz Eduardo Neves Direção de Produção: Simone Patrocínio

Produção Executiva: Luiz Eduardo Neves Empresa Produtora: Panela Audiovisual Direção de Fotografia, Som Direto e Direção de Arte: Rodrigo Pisy Elenco: Sandra Chagas e Danilo Andrade Montagem e Edição de Som: Rodrigo Pisy Trilha Sonora: Aliado Jota Classificação Indicativa: Livre

Pássaro de Papel Um fotógrafo passa por um momento reflexivo e busca em si lembranças do passado, decidindo voltar ao antigo vilarejo onde morava com o pai. Lá, além de recordações de momentos que ainda parecem vivos e latentes, ele captará imagens de pessoas comuns do lugar que, aos poucos, passam a fazer parte de sua memória fotográfica. Gênero: Ficção Duração: 20’00” Ano de Produção: 2014 Município: Muqui Formato de captação: 4k Roteiro e Direção: Léo Alves Direção de Produção: Luiza Lubiana e Ériton Berçaco Produção Executiva: Ériton Berçaco Empresa Produtora: Independente Direção de Fotografia: Léo Merçon Som Direto: Expurgação/ Fepaschoal e Huemerson Leal Direção de Arte: Cláudia Puget

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Elenco: Ulysses Ferraz, Rafael Prúcoli, Ricardo Lemos, Reiner Tenente, Victor Barros, Douglas Petino, Lourdes Puppim, Letícia Malavolti, Lenitha Lima, Maurílio Prúcoli, Jofre Prúcoli, Lara Lima, Tunica Britto, Lindson Fernandes, Élida Maria, Eliana Fernandes, Ana Raquel Cypriano, João Thomé de Siqueira, José Luiz Azarias, Tutu, Osvaldo de Oliveira, Brilhantino, Gilmar Couto, Cezar Caçadini e Afonso Magnago Montagem: Lucas Bonini Edição de Som e Mixagem: Peu Trilha Sonora: Chico Chagas Classificação Indicativa: Livre


PELA JANELA Após ouvir a briga dos vizinhos, jovem começa a descobrir que a sua vida talvez não seja como ela imagina.

Gênero: Ficção Duração: 20’00” Ano de Produção: 2014 Município: Vitória/ES Formato de captação: 4k Roteiro e Direção: Diego de Jesus Direção de Produção: Maria Grijó Produção Executiva: Vitor Graize Empresa Produtora: Pique Bandeira Filmes Direção de Fotografia: Igor Pontini

Som Direto: Hugo Reis Direção de Arte: Diana Klippel Elenco: Paula Molina, Margareth Galvão, Othoniel Cibien e Babi Chagas Montagem: Thiago Ricarte Edição de Som: Cons Buteri Mixagem: Marcus Neves Trilha Sonora: Marcus Neves Classificação Indicativa: Livre

Planície Pedro e Daniel tem forte amizade. Entre eles, há apenas um segredo.

Gênero: Ficção Duração: 15’09” Ano de Produção: 2015 Município: Vitória (BR) e Porto (PT) Formato de captação: 4k Roteiro e Direção: Gabriel Perrone Direção de Produção: Pedro Gaia Produção Executiva: Pedro Gaia e Marcelo Altoé

Empresa Produtora: Amora Filmes e Verve Produções e Consultoria Direção de Fotografia: Miguel Teixeira Som Direto: Carlos Peixoto Direção de Arte: Gabriel Perrone Elenco: Rafael Trigueiro e Pedro Basco Montagem: Gabriel Perrone Edição de Som e Mixagem: Guilherme Moreira Classificação Indicativa: 12 anos

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Raspage “...raspar esse senso de domínio sobre o corpo do feminino: corpo animal corpo de infância, corpo de fêmea irmã, mulher, puta, mulher macho, freira, mãe, nordestina, lorinha, neguinha, heroína, índia, “mulher de papai”, travesti, madalena (inclusive a de Putiri ou do Jucú), a virgem, drag queen, independente, coitada, empregada, estuprada, mulher da cerveja, feminista, terra, estuprador, que abortou!” Gênero: Videoarte Duração: 3’42” Ano de Produção: 2014 Município: Vitória/ES Formato de captação: HD Direção: Felipe Lacerda e Isabela Faria Roteiro, Produção Executiva, Direção de Fotografia, Som Direto e Direção de Arte: Andressa Riguête Pereira, Bárbara Galvão, Bruno Oliveira de Morais, Carolina Borges Caetano, Dennys Leal, Ester Neves Mendes, Felipe Martins de

Lacerda, Fernando Silva, Igor Sily, Isabela Faria, Larissa R. Celeste, Maraya Keetlin, Murilo Paolini da Rocha, Mylla Chyst R. do Couto, Pietro Tancredi, Sâmila Candeia, Samira Ribeiro Neto e Tamyres Batista Costa Direção de Produção: Laíssa Gamaro Elenco: Tamyres Batista Costa, Gessé Paixão e Artur Moretto Montagem, edição de Som e Mixagem: Laíssa Gamaro Trilha Sonora: Meta Meta; mixagem de diversos sons de tambor e instrumentos experimentais Classificação Indicativa: Livre

Repolho Camadas de folhas fibrosas aglomeradas em uma cabeça vegetalmente sólida.

Gênero: Experimental Duração: 8’06” Ano de Produção: 2015 Município: Vitória/ES Formato de captação: 4k Direção: Alexander S. Buck Roteiro: Alexander S. Buck, Eder Formigoni Direção de Produção: Magno Santos, Thiago Lins, Éder Formigoni Produção Executiva: Magno Santos Empresa Produtora: Finordia Produções Direção de Fotografia: Andre Rios Direção de Arte: William Lannart, Thiago Lins, Éder Formigoni

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Elenco: Maria Alice, Roberta Gatti, Antonio Gatti, Ricardo dos Santos, Glauco Gomes, Josianne Andrade, Camila Formigoni, Ana Paula Lins, Nunah Alle, Rev. Gordoroth Vomit Noise, Felipe Campos, Leonardo Magalhaes (Foca), Eduardo Tob, Euso Formigoni, William Lannart, André Prando, Helio Góes, Éder Formigoni, Roseanna Mendonça Lima, Tiago Folador, Edna Formigoni, Edmara Formigoni, Bárbara Ribeiro, Andre Rios, Magno Santos, Monique Rocha, Gilmon Batista, Markus Konka, Moa Freitas, Jenner Regniero e Alex Buck Montagem: Alexander S. Buck, Gustavo Senna Edição de Som: Alexander S. Buck Mixagem: Arthur Navarro Trilha Sonora: Alexander S. Buck, Alexandre Barcelos Classificação Indicativa: 16 anos


Revelações de um cineasta canibal Denílson sempre quis ser um cineasta consagrado e estar sob os holofotes. Mesmo apoiado pelas suas companheiras, a falta de recursos, ou talento, conduzem o trio por um caminho obscuro saturado por práticas medonhas. Gênero: Ficção Duração: 14’23” Ano de Produção: 2015 Município: Guarapari Formato de captação: HD Roteiro e Direção: Rodrigo Aragão Direção de Produção: Kika Oliveira e Mayra Alarcón

Produção Executiva: Hermann Pidner Empresa Produtora: Fábulas Negras Produções Artísticas Ltda. Direção de Fotografia: Marcelo Castanheira Som Direto: Thiago Amaral Elenco: Tiago Ferri, Kika Oliveira, Margot Benatti, Mayra Alarcón Montagem: Rodrigo Aragão Classificação Indicativa: 16 anos

Ritmo e Poesia Videoclipe do single Ritmo e Poesia, do grupo de rap Conceito Periférico, gravado na comunidade de Vila Garrido, em Vila Velha.

Gênero: Videoclipe Duração: 3’26” Ano de Produção: 2014 Município: Vila Velha – ES Formato de captação: HD Roteiro e Direção: Luiz Eduardo Neves Empresa Produtora: Panela Audiovisual

Direção de Fotografia: Luiz Eduardo Neves Direção de Arte: Thiago Rocha Elenco: John e JR Conceito Montagem: Thiago Rocha Trilha Sonora: Conceito Periférico Classificação Indicativa: Livre

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Ucaminhodubem Com um refrão de pegada soul “o caminho do bem é você quem faz”, a música fala sobre o amor, o bem, o mal e a escolha que cada pessoa faz. Os rappers Ficore, Fredone Fone, Ren e Jack da Rua também cantam no clipe, em meio aos meninos que andam de skate. O clipe é uma homenagem ao Anderson Borges - Garcia Gam, falecido em 2011. Gênero: Videoclipe Duração: 4’47” Ano de Produção: 2014 Município: Vitória/ES Formato de captação: HD Direção: Fábio Moraes Roteiro: Fábio Moraes, Glauber Lopes, Rafael Rodrigues

Direção de Produção e Produção Executiva: Fábio Moraes Empresa Produtora: Fábio Moraes Direção de Fotografia: Hebert Simmer Elenco: Glauber Lopes, Juan Ally, Diones Venceslau, Ficore Cabeleira, Fredone Fone, Jack da Rua e Renato Ren. Classificação Indicativa: Livre

Última Esperança Numa realidade próxima, o músico André Prando enfrenta o caos de uma cidade em chamas para vencer a burocracia e colocar as mãos em seu novo disco.

Gênero: Videoclipe Duração: 4’27” Ano de Produção: 2015 Município: Vitória/ES Formato de captação: 4k Roteiro e Direção: Gustavo Senna Direção de Produção: Tatiana Mancebo Produção Executiva: Lorena Louzada Empresa Produtora: Expurgação

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Direção de Fotografia: Alexandre Barcelos Direção de Arte: Mayara Durães Elenco: André Prando, Bruno Massa, Henrique Paoli, Wanderley Reis, Tiago Cardoso Melo, Daniel Berbeth, Maria Malaquini, Luara Zucolotto, Alexander Alexander S. Buck, Magno Santos, Éder Formigoni, Arthur Navarro e Sr. Pedro. Montagem: Gustavo Senna Trilha Sonora: André Prando Classificação Indicativa: 18 anos.


Comissão de seleção da X Mostra Produção Independente O LUGAR DA MEMÓRIA Bob Redins Graduado em Rádio e TV pela FAESA com pós-graduação em Linguagens Audiovisuais e Multimídia pela UFES. Trabalhou na produção de mais de 20 curta-metragens capixabas além de trabalhar como diretor de produção nos longas-metragens capixabas “As Horas Vulgares”, “Punhal”, “Entreturnos”, “Teobaldo Morto, Romeu Exilado” e “Os Incontestáveis”. Klaus Bragança Professor pesquisador do curso de Cinema e Audiovisual da Ufes, doutorando em Estudos de Cinema e Audiovisual pelo PPGCom da UFF. Desde 2005 realiza diversos vídeos documentais, videoclipes e ficções para a Quase sendo exibidos em mostras e festivais cinematográficos, emissoras televisivas como a MTV Brasil e no canal do YouTube “TV Quase”. Marcos Valério Guimarães Cineclubista, montador e realizador, graduado em Artes Visuais / UFES, pesquisador em cinema e educação. Diretor dos curtas “Pedras Pretas”, “Objetos” e “ Melodiário - Sobre a Obra de Jaceguay Lins”

Jurados da Mostra Competitiva Bernadette Lyra Fez Mestrado em Comunicação na Escola de Comunicações (ECO) da UFRJ/RJ. Fez Doutorado em Cinema na Escola de Comunicações e Artes (ECO) da USP/SP. Tem um pós-doutorado em Cinema pela Université René Descartes, Paris V, Sorbonne, França. Foi professora do curso de pós-graduação no Departamento de Cinema, Rádio e Tevê, da ECA/USP. Atualmente, é professora do Mestrado em Comunicação Audiovisual da Universidade Anhembi Morumbi/ SP. É sócia Fundadora da Sociedade Brasileira de Cinema e Audiovisual (Socine). Foi várias vezes eleita Membro do Conselho Deliberativo e Membro do Comitê Científico da SOCINE. Criou o termo Cinema de Bordas para caracterizar um modelo de cinema periférico com orçamento baixo e poucos recursos técnicos, realizado em todo o Brasil. Curadora de Mostras de Cinema em várias cidades do Brasil, em especial, das seis Mostras de Cinema de Bordas do Itaú Cultural, em São Paulo (2009, 2010, 20122, 2012, 2013, 2015). Fez parte do júri da Mostra de Cinema Aurora (2015), em Tiradentes e outras mostras de todo o país. Tem livros e capítulos de livros e artigos sobre cinema e audiovisual, publicados no país e no exterior. É colunista do jornal A Gazeta, de Vitória, ES. Carla Osório Brasileira , fotógrafa, mestre em comunicação social, mídia e cultura. Sócia proprietária da Empresa Distribuidora Livres Filmes. Atua como curadora e produtora executiva de filmes, mostras e festivais no Brasil e no exterior. Tem uma forte atuação junto às entidades do movimento audiovisual brasileiro. Renato Rosati (Renno) Cineasta, Editor e cervejeiro artesanal. Especialista em direção audiovisual e streaming para espetáculos teatrais, trabalhou com diversas companhias de teatro de São Paulo, entre elas o Teatro Oficina Uzyna Uzona, o Teatro Promíscuo, Satyros e Atelier de Manufactura Suspeita. Realizou o documentário para o projeto Embaixada do Teatro Brasileiro, que percorreu 16 países latinoamericanos, entrevistando artistas, dramaturgos e companhias teatrais. Estudou cinema pela Universidade Federal Fluminense.

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LANÇAMENTOS DE DOCUMENTÁRIOS filmeBalão - 30 minutos - 2015

09JUN

Direção, pesquisa, roteiro e montagem: Marcos Valério Guimarães - Pesquisa, roteiro e supervisão acadêmica: Cleber Carminatti - Produção Executiva: Cleber carminatti - Fotografia: originais em VHS, com autorias indeterminadas - Patrocínio: Lei Rubem Braga de Vitória com o apoio cultural da Arcelor Mittal

Lugar de efervescência política e cultural nos anos 1970, em meados da década seguinte a Universidade Federal do ES estava vi21h vendo sob um apagão criativo, cultural e político, e uma reitoria de inspiração reacionária. Um grupo de estudantes e professores Cine Metrópolis instala-se neste vazio e rapidamente o transborda com ações políticas em arte, ciência, pesquisas, formulações e intervenções que atravessam a academia em sua paralisia, incomodando e provocando reações. Na TV, reinava a Turma do Balão Mágico, um programa infantil, com crianças peraltas. Da ironia de um professor, o grupo assimila o apelido de Balão Mágico. Uma de suas principais ferramentas de ação foi o nascente e revolucionário vídeo doméstico, VHS e Beta, usado como arma de agitação e formulação de um novo mundo e modo de ideias. O desafio deste projeto “filmeBalão” é, usando exclusivamente o material da época, responder à pergunta: O que era o novo, o mutante?

Porto do Cachoeiro – 60 minutos - 2015

14JUN 16:00

Roteiro e Direção: Fernando Pratti - Edição: Benevides Correia Direção de Produção: Fernando Pratti - Direção de Fotografia: Benevides Correia - Produção Executiva: Marta Villela Locução: Mara Loureiro - Edição de som: Teco Fuchs, Benevides Correia - Mixagem: Teco Fuchs - Trilha sonora: Teco Fuchs (direitos autorais concedidos) - Assessoria Técnica- Roteiro: Cilmar Franceschetto, Ricardo Sá - Patrocínio: Lei Rubem Braga de Vitória - Apoio Cultural: Arcelor Mittal

O documentário resgata a história e os remanescentes étnicos, culturais e arquitetônicos originários da colonização europeia através da hidrovia do rio Santa Maria da Vitória, percorrendo os municípios de Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Santa Teresa, interior do ES.

SESC Glória

11 a 28 de junho, no MAES, exposição de stills e storyboards de filmes de Margarete Taqueti e Luiz Tadeu Teixeira Visitação das 10 às 18h - terça a sexta e das 10 às 17 h - sábado e domingo

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DOS A D I V S CON A G N LO


exibição 10 de junho, 20:30 no Cine Metrópolis

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SABOTAGE MAESTRO DO CANÃO Ele é chamado de “Garrincha” da rima, “Che Guevara” do Rap e comparado a artistas como Bob Marley e Chico Science. Através dos depoimentos colhidos para o documentário “Sabotage - Maestro do Canão”, sentimos a potência e a força deste verdadeiro artista brasileiro. Participam do documentário a família, amigos, parceiros e artistas, entre eles o INSTITUTO, Mano Brown, Rappin’ Hood, Sandrão, Helião, Paulo Miklos, Hector Babenco, Beto Brant, Rodrigo Brandão, Thaíde, Andreas Kisser, BNegão, João Gordo e o ator Ailton Graça, entre outros amigos e familiares. Em certo momento do filme o cantor Paulo Miklos pergunta: “Quer saber o que é Rap Nacional? Sabota-

ge. O cara mais esperto, a poesia mais cortante, mais brilhante que você vai poder encontrar. Vai estudar que você vai ver”. Todo esse talento e carisma levaram SABOTAGE para além da música, tendo uma forte atuação no cinema em filmes como “Carandiru” e “O Invasor”. Em pouco mais de 2 anos de carreira e, um único disco lançado, conseguiu deixar uma marca profunda na história e uma legião de fãs e seguidores. Dez anos se passaram após sua morte, vitima de assassinato, e cada vez mais o seu nome figura entre os grandes da música brasileira.

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exibição dia 11 de junho - 21 horas - Cine Metrópolis

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Ressurgentes um filme de ação direta Ressurgentes, de Dácia Ibiapina, acompanha a trajetória de movimentos sociais autônomos no Distrito Federal entre 2005 e 2013. Depoimentos de militantes desses grupos alternam-se com imagens gravadas em lutas como o Fora Arruda e Máfia, que contribuiu para a derrocada do ex-governador José Roberto Arruda; Santuário não se move, contra a implantação do bairro Noroeste no Plano Piloto de Brasília em território indígena; e as ações do Movimento Passe Livre por um transporte público gratuito e de qualidade. Ao acompanhar ações diretas, o filme revela novas maneiras de fazer política, criadas por estes movimentos, compostos em sua maioria por jovens, que contrapõem formas tradicionais de mobilização social, como por exemplo, as adotadas pelo movimento estudantil universitário ou aquelas enraizadas na lógica de atuação dos partidos políticos. Em uma cultura política de protesto, não propriamente nova, porém

ressurgida com esses movimentos, a ocupação enquanto disputa territorial e de espaço de ação política assume o centro da narrativa. A obra insere habilmente o espectador no cotidiano dessas ações, ora com gravações próprias, ora com a recuperação de arquivos e filmes de momentos simbólicos como os enfrentamentos no Santuário dos Pajés (2011) e as mobilizações na rodoviária do Plano Piloto (2005 e 2006). Essas ações, guiadas por princípios que repensam a participação social, como horizontalidade, autogestão e poder popular, criam um mosaico que nos faz refletir sobre a própria ideia de mobilização política nos dias de hoje, para além das cômodas (e recorrentes) polarizações. Em outras palavras, nossa memória recente é provocada com o olhar de Dácia sobre as lutas sociais dos últimos anos no DF, em que retoma a ideia central de outro filme de sua autoria, a de que “O Gigante Nunca Dorme”.

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exibição 12 de junho - Cine Metrópolis - 21 horas


Retratos de identificação, um filme de arquivos Durante a ditadura, os presos políticos eram fotografados em diferentes situações: investigações, atos de prisão, tortura, exames de corpo de delito, processos de banimento, inquéritos e necropsias. Esses retratos de identificação policial, produzidos com o objetivo de controle dos prisioneiros, ressurgem agora num documentário brasileiro como provas de crimes e atos violentos perpetrados pelas Forças Armadas e pela Polícia Civil. Retratos de identificação, de Anita Leandro, resultado de quatro anos de pesquisa junto aos arquivos públicos, traz à tona um conjunto importante de documentos textuais e iconográficos da história da ditadura militar, material até então desconhecido. A documentação mostrada no filme refere-se, especificamente, à prisão de quatro pessoas, todas barbaramente torturadas. Uma delas foi assassinada sob interrogatório na PE da Vila Militar do Rio de Janeiro e duas outras foram banidas do território nacional em 13 de janeiro de 1971, em troca da vida do embaixador suíço Giovanni Bucher. No filme, os dois únicos sobreviventes desse grupo se deparam, pela primeira vez, com documentos e fotografias relativos a esses acontecimentos. Antônio Roberto Espinosa, na época, comandante da organização VAR-Palmares, testemunha sobre o assassinato de seu amigo Chael Schreier. Reinaldo Guarany, do grupo tático armado de outra organização, a Ação Libertadora Nacional, relembra a vida no exílio, sem documentos, e o suicídio de sua companheira Maria Auxiliadora Lara Barcellos, em Berlim. Alguns documentos revelados pelo filme, como as fotos de Chael Schreier, comprovam que ele não foi ferido em combate na noite da prisão, como pretende

um documento forjado por um de seus torturadores, o capitão Celso Lauria. As fotografias, provenientes dos acervos de diferentes agências de repressão, como o DOPS da Guanabara e o Serviço Nacional de Informação, encontram-se, hoje, sob a guarda do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, Arquivo Nacional e Superior Tribunal Militar. - De onde surgiu o desejo e a possibilidade de fazer RETRATOS DE IDENTIFICAÇÃO? O desejo de fazer esse filme vem da urgência de construção de uma memória coletiva no Brasil sobre o período da ditadura. Os torturadores ainda não foram julgados, os militares não deram a contribuição esperada aos trabalhos da Comissão da Verdade, não há consenso em relação ao número de mortos, bem como nenhuma informação precisa sobre o que foi feito com os desaparecidos. A ignorância quase total sobre o período faz com que os crimes contra a humanidade se perpetuem no Brasil, levando às ruas muitas pessoas desinformadas, com bandeiras fascistas, pedindo o retorno da ditadura e a redução da maioridade penal. Não sou cineasta de profissão, mas professora. Fiz esse filme porque ninguém o havia feito e era preciso fazê-lo. Retratos de identificação foi realizado com o apoio dos arquivos públicos, mediante autorização dos sobreviventes e familiares dos mortos, cuja história é contada no filme. O documentário é fruto de uma pesquisa universitária e sua finalização foi possível graças à assinatura de um termo de cooperação entre a UFRJ e a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (projeto “Marcas da memória”).

Anita Leandro - Diretora

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exibição 13 de junho, 20 horas no SESC GLORIA

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Depoimento do diretor do filme, Candé Salles, sobre Caio F.de Abreu Aos 17 anos conheci a obra de Caio Fernando Abreu através de seu mais famoso livro, Morangos Mofados. ”A Caetano Veloso pq ele existe”, começa assim o livro. Enquanto meus amigos queriam jogar futebol e ouvir rock eu seguia quieto pelos cantos, lendo Caio e ouvindo Caetano em fita k7. Fiquei muito impressionado como Caio conseguia definir em palavras os sentimentos e as sensações que tenho dentro de mim. Queria mais, então fui ler O ovo apunhalado, livro que considero o meu favorito. Depois do ovo não parei... Li todos. Eu sempre fui um amante da literatura e apesar de ser um cara animado, que adora sair , gosto também de ficar em casa lendo. E com os livros de Caio comecei a me entender por dentro, fundo. Me senti exposto ali. Tenho a impressão que todos que leem Caio se sentem assim, parece que ele escreve pra você. Fiquei dos 17 aos 18 numa espécie de mergulho dentro da obra literária de Caio. Decorava os textos que eu mais gostava e comecei uma busca por tudo que podia encontrar dele, crônicas de jornais , matérias de revistas, fotos, entrevistas... E me apaixonava a cada descoberta por esse escritor maravilhoso. Escolhi cinco contos que eu mais gostava de livros diferentes e fiz um roteiro para o teatro com esses textos. Consegui o telefone de Caio e liguei pra ele me apresentando...”Caio Fernando? Tudo bem? Meu nome é Candé, moro no Rio, tenho 18 anos e peguei 5 contos seus e adaptei para o teatro e queria pedir pra vc autorizar eu montar”. Do outro lado Caio ria de mim e dizia... 18 anos?. Eu disse a ele... “ Porque você não lê o que eu fiz e depois você vê se ri ou não?” Caio concordou e me passou o endereço do bairro Menino Deus, em Porto Alegre, onde morava. Mandei pelo correio.Passou muito tempo,1 mês , e Caio me ligou perguntando se fora eu mesmo q tinha feito a adaptação e se eu tinha 18 anos? Foi a minha vez de rir. Perguntou também se eu conhecia o diretor Gilberto Gawronski, gaúcho que mora no Rio. Dizia ele: “Se Gilberto aceitar dirigir eu autorizo a montagem”. Gilberto aceitou e com Natalia Lage, Suzana Pires, Mauricio Branco e Henrique Farias o elenco estava formado. Caio veio ao Rio no inicio de 94 e ficou 1 semana com a gente, assistiu aos ensaios dando opiniões a Gilberto. Eu ficava olhando pro Caio agradecido por estar trabalhando com ele. E pensei que se eu fizesse o meu trabalho com dedicação, a vida me aproximaria de meus ídolos. Era isso que tinha acontecido. Depois fomos estrear a peça em Fortale-

za. Caio foi junto. Ficamos perto. Dividimos almoços, jantares , pegamos sol na piscina do hotel e falamos de vida, arte, música e de Caetano. Caio era louco nele. Quem não é? Pensei... um dia ainda vou conhecer esse cara. De Fortaleza Caio voltou pra Porto Alegre e seguimos com a peça viajando pelo Brasil. No inicio de 95 fizemos uma temporada no teatro Augusta em SP. Caio ia sempre ao teatro e saía pra jantar com a gente. Ríamos muito. Caio era engraçado e delicado. Nos tratava sempre com muito carinho, chegou a escrever uma crônica dizendo que éramos como filhos não tidos dele. Depois disso Caio adoeceu e acabou por nos deixar, vítima da AIDS, em 96. No dia de sua morte fomos à Praia do Arpoador rezar por ele. Caio partiu me deixando um vazio por dentro. No ano seguinte fui estudar cinema e descobri que era isso que eu queria pra minha vida. Comecei a trabalhar numa produtora e conhecer as pessoas do meio cinematográfico. Numa festa do diretor Cacá Diegues acabei conhecendo Caetano. Nos tornamos amigos. Em 98 Caetano fez uma festa de aniversario e me convidou. Fui e levei pra ele um exemplar de Morangos Mofados. Acho que Caio gostou que fiz isso. E pensei que depois que conheci Caetano essa dor ,da falta de Caio,amenizou-se. É da natureza da dor parar de doer, diria Caio. Hoje, eu com 39 anos, diretor de cinema, lanço um documentário sobre Caio, Para sempre teu Caio F. baseado no livro de mesmo nome que Paula Dip escreveu. E é com muito amor que conto a historia desse escritor que a vida colocou, e tirou tão rápido, de perto de mim. Vou com o filme rodar os cinemas do Brasil e depois ele passará na TV. Espero que voces vejam, torço pra que gostem e fiquem afim de ler um livro dele. Candé Salles é formado em cinema, diretor de programas de TV e curtas metragens. CAIO F DE ABREU é seu primeiro longa-metragem.

Caio e Candé em 1994

Candé Salles filmando

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formação PALESTRA “Lugares de Memória: parceria museus e escolas“

10JUN

A presente mesa discute o conceito de memória na relação passado, presente e projeção de futuro (LeGoff,, Velho, Ciavatta). Dimensiona espaços de cultivo de memórias coletivas (Halbwachs). Problematiza os silenciamento e “esquecimento” dos saberes locais provocados pela falta de registro, preservação e divulgação de acervos. Resgata práticas de cultivo de memórias na parceria entre museus e escolas. Analisa práticas de professores na perspectiva da mediação imagética no cultivo da memória.

16:00

Mini bio dos palestrantes CARLOS RODRIGUES BRANDÃO Possui graduação em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1965), mestrado em antropologia pela Universidade de Brasília (1974) e doutorado em ciências sociais pela Com o Prof. Dr. Carlos Universidade de São Paulo (1980).Tem experiência na área de antropologia, Rodrigues Brandão, Prof. Dr. com ênfase em antropologia rural, atuando principalmente nos seguintes Erineu Foerste e Profa. Dra. temas: cultura, educacao popular, religiao e educacao. É Comendador do Gerda Margit Schütz Foerste Mérito Científico pelo MCT, Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás, Professor Emérito da Universidade Federal de Uberlândia. consultar em www.sitiodarosadosventos.com.br. ERINEU FOERSTE Graduou-se na Licenciatura Plena em Letras (1985). Pós-graduou-se no mestrado em Educação pela Universidade Federal de Goiás (1996) e doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2002). Foi professor visitante estrangeiro na Universität-Siegen na Alemanha (2011). Coordena convênios internacionais com a Univeristät-Siegen na Alemanha, com a Universität-Giessen na Alemanha e com a Universidade de Sassari na Itália. Temas de pesquisa: sociolinguística (bilinguismo, contatos linguísticos, trabalho com literatura), Pedagogia Social (educação do campo, povos e comunidades tradicionais, ação comunitária). é professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo/UFES e membro do colegiado do Programa de PósGraduação em Educação/PPGE/UFES. GERDA MARGIT SCHUTZ FOERSTE Possui graduação em Licenciatura Plena Em Educação Artística (1986), mestrado em Educação pela UFG (1996) e doutorado em Educação pela UFF (2002) e Pós-Doutorado na Universidade de Siegen-Alemanha. Atualmente é professora assistente IV da Universidade Federal do Espírito Santo. Desenvolve pesquisas nos seguintes temas: arte-educação, leitura de imagens, educação do campo, formação de professores, culturas e infâncias.

Cine Metrópolis

MINI CURSO Cinema de Arquivo A partir de trechos de vários filmes que encontram nos arquivos sua matéria prima, o minicurso “Cinema de Arquivo” propõe estudar como cineastas que inovaram a abordagem da montagem fizeram esse tipo de apropriação das imagens por meio das técnicas do desvio, slow motion, sobreposição, freeze frame etc.

13JUN

09 às 17 horas Cine Metrópolis

Com a Profa. e Pesquisadora Anita Leandro

Sobre a orientadora do mini curso Professora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde dá aulas de montagem, estética e história do cinema, Anita Leandro também já lecionou na Université Bordeaux 3, onde coordenou o máster profissional “Realização de documentários e valorização dos arquivos”. Sua pesquisa recente em torno dos acervos fotográficos das agências de repressão deu origem ao filme Retratos de identificação (2014), que será exibido como filme convidado na X Mostra Produção Independente – O Lugar da Memória, e às instalações sonoras da exposição Arquivos da ditadura (Centro Cultural Justiça Federal do Rio Janeiro, agosto-setembro de 2014).

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PROGRAMAÇÃO do CENTRO CULTURAL SESC GLóRIA 10/06 12 h

11/06 12 h

12/06 12 h

13/06 15:30h

13/06 19h

14/06 14h

14/06 15h

SESSÃO AUGUSTO RUSCHI AUGUSTO RUSCHI GUAINUMBI - de Orlando Bomfim Neto – documentário 11’ – 1979 - LIVRE CASO RUSCHI - de Tereza Trautman – documentário 23’ – 1977 - LIVRE Exibição seguida de debate SESSÃO MEMÓRIA MUSICAL UM SAMPAIO TEIMOSO - de Nayara Tognere – documentário 12’ 33” – 2012 –LIVRE GOLIAS E MESSIAS - de Marcos Veronese - documentário 45’ – 2009 - LIVRE MESTRE PEDRO DE AURORA - de Orlando Bomfim Netto – documentário 10’ – 1978 - LIVRE PROCURANDO MADALENA - de Ricardo Sá – documentário 26’ – 2010 - LIVRE MAURÍCIO CAPIXABA DE OLIVEIRA, O PESCADOR DE SONS de Cloves Mendes – documentário, 30’ – 2007 - LIVRE SESSÃO MEMÓRIA DA DITADURA JUVENTUDE DE RAIVA E MUITO AMOR de Antonio Carlos Neves documentário 30’- 1985 - LIVRE A HISTÓRIA OCULTA - de Orlando Bomfim Netto – documentário 30’ – 2012 - LIVRE BASEADO EM ESTÓRIAS REAIS - de Gustavo Moraes – documentário 15’ – 2002 - 10 anos Projeção seguida de debate SESSÃO MEMÓRIA DA CIDADE ASPECTOS TURÍSTICOS DE VITÓRIA de Júlio Cesar Monjardim - documentário 10’ – 1950 LIVRE COSTA PEREIRA - de Cloves Mendes - ficção 35’ – 1995 - LIVRE CINELÂNDIA CAPIXABA – de Bruno Lima – documentário 15’ – 2014 - LIVRE BAIA DO ESPÍRITO SANTO - de Claudino de Jesus – documentário 15’ - 2014 - LIVRE Projeção seguida de debate com os realizadores SESSÃO MEMÓRIA PERCISI CENAS DE FAMÍLIA - de Ludovico Percisi – 19’ – 1926 - LIVRE (com acompanhamento do quarteto musical ZABUMBA PEROÁ, sob a coordenação do maestro Fernando Secomandi) O SONHO E A MÁQUINA – direção de Alex Viany e produção de Ney Modenesi – 10’ - 1974 - LIVRE SESSÃO MEMÓRIA DA ANIMAÇÃO CAPIXABA Filmes com curadoria de Gabriel Albuquerque LIVRE SESSÃO MEMÓRIA EM 16 MM BEM VINDOS AO PARAÍSO – de Marcos Figueiredo – Ficção 14’ –1998 - 14 ANOS A LENDA DE PROITNIER – de Luiza Lubiana – Ficção 17’ – 1995 - 14 ANOS O FANTASMA DA MULHER ALGODÃO – de Margarete Taqueti – Ficção 30’ – 1995 - 14 ANOS

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PROGRAMAÇÃO do maes - museu de arte do es 11/06 16h

12/06 15h

13/06 14h

Sessão homenagem a Tadeu e Margarete PONTO E VÍRGULA - de Luiz Tadeu Teixeira – ficção 06’- 1969 – LIVRE GRAÇANAÃ - de Luiz Tadeu Teixeira – ficção 15’ – 2006 - LIVRE CICLO DA PAIXÃO – de Luiz Tadeu Teixeira - ficção 15’ – 1998 – 14 ANOS GRINGA MIRANDA – de Valentina Krupnova (coordenação) - Ficção 12’ – 1995 - LIVRE KAPUT - de Paulo Torre - Ficção 12’ – 1967 - 12 ANOS EU SOU BUCK JONES – de Glecy Coutinho – Ficção 20’ – 1997 - 12 ANOS Sessão Memória da TV TRILHOS DE SANGUE – de Toninho Neves e Ricardo Conde –teleconto 55’ – 1985 - 14 ANOS SÃO SEBASTIÃO DOS BOÊMIOS - de Amylton de Almeida - documentário - 39’ – 1976 - 14 ANOS TV RECICLADA - Arlindo Castro e Ronaldo Barbosa – vídeo arte 27’ – 1992 - 12 ANOS Sessão Memória da Literatura FESTA NA SOMBRA – de Glecy Coutinho e Margarete Taqueti – documentário 30’ – 2005 – LIVRE RELICÁRIO DE UM POVO – de Margarete Taqueti - documentário 56’ – 2003 - LIVRE Sessão memória da video dança CRIAÇÃO DO HOMEM’ - de Magno Godoy - vídeo dança 33’ – 1991 - LIVRE Sessão memória dos movimentos culturais A PEDRA QUE O ESTILINGUE LANÇA - de Ana Murta – documentário 20’ - 2009 – LIVRE PACÍFICOS E RUIDOSOS - de Tati Rabelo, Rodrigo Linhales, Larissa Machado e Cristiano Vidal – documentário 12’ – 1999 – LIVRE FILMEBALÃO – de Marcos Valério Guimarães – documentário 30’ – 2015 - 10 ANOS

14/06 14h

Sessão Memória da video arte C.3.3 - OSCAR WILDE - de Jean R – vídeo arte 10’ – 1999 – Livre BRASIL REDUX - de Lobo Pasolini – vídeo arte 10’33” - 2008 - Livre TRIP – de Orlando da Rosa Farya e Wagner Wasconcelos – vídeo arte 2’ – 2001 - Livre VINGADOR – de Tati Rabelo e Rodrigo Linhales – vídeo arte 5’ – 2004 - Livre GRAÚNA BARROCA – de Ronaldo Barbosa - vídeo arte 19’22” – 1989 - Livre

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TODAVIA, CONTUDO, ENTRETANTO, EMBORA- de Veruska Almeida – vídeo arte 7’30” - 2003 - Livre LITA - de Gui Castor – vídeo arte 2’ – 2005 - Livre EU QUE NEM SEI FRANCES - de Erly Vieira Jr – vídeo arte 6’16” – 2008 - 10 anos EVERYBODY’S BIOGRAPHY - de Lobo Pasolini – video arte 11’20” – 2003 - 12 anos ANEXO – de Gabriel Perrone – vídeo arte 12’ – 2003 - 14 anos INSTRUÇÕES PARA SUICÍDIO DOMESTICO - de Fabricio Coradello – vídeo arte 5’ – 2003 - 14 anos Sessão memória do humor EM BUSCA DE GLAMOURÂNCIA – de Bob Redins – ficção 13’ – 2006 - 10 anos A MALDIÇÃO DA CASA DE VANIRIM – de Seu Manoelsinho - ficção 26’ – 1989 - 12 anos A SABOTAGEM DA MOQUECA REAL – de Ricardo Sá - ficção 14’ – 2004 - 14 anos Sessão Memória da Luz A NATIVA SOLITÁRIA – de Francisco de Almeida Fleming – documentário 15’54” –1954 - 16 anos

Programação do Corredor Criativo Nestor Gomes 13/06 17h

SESSÃO CINE EXPURGA Festa do Bolinha - de Tatiana Rabelo e Rodrigo Linhares - clip 3’ – 14 anos Everybody’s biography - de Lobo Pasolini - vídeo arte 11’20” – 14 anos Todavia, Contudo, Entretanto, Embora - de Veruska Almeida vídeo arte 7’30” - livre Lita - Gui Castor – vídeo arte 2’ - livre Acervo Vivo - Memória - de Gabriela Gro, Kênia Lyra, Luara Monteiro, Muriel Falcão – doc 17’07” – livre Confinopolis - de Raphael Araujo – ficção 13’57” – 14 anos Zémaria - de Tatiana Rabelo e Rodrigo Linhares – documentário 10’ - livre A história do puteiro mais antigo de Vitória - de Sidney Spacini – ficção 11’17” – 10 anos UMA VOLTA NA LAMA - de Ursula Dart – documentário 28’03”; - 10 anos Vivendo de rock no ES - de Mila Neri – documentário 20’48” – livre Nunca Mais vi Érica – de Lizandro Nunes – ficção 19’ – 16 anos

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