Imago Mundi
como encontrar
o sagrado em mim? Essa é a estreia da nossa coluna terapêutica Imago Mundi. Aqui, contaremos histórias mitológicas que pautaram o mundo e que vivem dentro de cada um de nós. A finalidade é curativa. Você lê, reflete quais arquétipos está alimentando em você e age em conformidade e compaixão com a sua essência. Neste artigo, falamos sobre o divino em nós e sobre ritualizar a vida.
Uma antiga lenda indiana conta que, no princípio, todos os homens e mulheres eram deuses. Então, eles começaram a abusar dessa condição divina e Brahma, o mestre dos deuses, tomou a decisão de lhes retirar o poder divino e escondê-lo até que fossem merecedores de encontrá-lo e de assumir novamente sua forma de deuses. Mas qual seria o esconderijo perfeito? Alguns deuses sugeriram que Brahma escondesse a divindade humana nas profundezas da terra. Mas Brahma anteviu que a vontade do homem o faria escavar por toda a superfície terrestre e ele logo encontraria o tesouro sem ainda estar pronto para isso. Outros, sugeriram que Brahma jogasse a tal porção divina no fundo do oceano mais profundo. E Brahma novamente recusou. Em algum momento, a inteligência do homem seria capaz de colocá-lo no fundo do mar e ele tomaria sua divindade ainda sem estar preparado para tanto. Sem saber como resolver a situação,
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Brahma pediu ajuda ao grande deus Shiva, que encontrou uma solução: esconder a divindade nas profundezas do próprio homem. O homem remexeria céus e terra. A última coisa que buscaria seria conhecer a si próprio. Esquecemos quem fomos um dia, mas algo ficou em nossa memória molecular. Sentimos saudade da época em que éramos inteiros e infinitos. Imagens do divino nos despertam fascínio. Lembro-me bem da sensação que tive ao entrar em contato, pela primeira vez, com ilustrações dos deuses de formas humanas da Grécia Antiga que povoavam as páginas do meu livro de História da terceira série. Ou da icônica cena de Marilyn Monroe segurando seu vestido quando um vento a surpreende, semelhante à Vênus soprada por Zéfiro, o deus do vento, em seu nascimento retratado pelo renascentista Sandro Boticcelli. Há algum motivo incompreendido para que imagens como essa fiquem gravadas na mente da humanidade.