TerraVermelha_3

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- Ano 1 - Número 3 - Abril 2012 -

REFORMA AGRÁRIA: SOLIDOR AGORA É ASSENTAMENTO DA REFORMA AGRÁRIA >PAG. 2

DOM LADISLAU: HOMENAGEM PARA O AMIGO DO MST

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TERRA VERMELHA

BOLETIM DO MST REGIÃO CANTUQUIRIGUAÇU

8 DE MARÇO- MULHERES EM LUTA >PAG.3

Em todo o mundo, o 8 de março é reconhecido como um dia do ano em que a mulher se destaca, essa data representa para às mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), muito mais que um destaque pela condição feminina, mas um dia em movimento em que somente a mobilização na sociedade garante nossos direitos. A história nos demonstra que somente com à luta conseguimos garantir a participação ativa em nosso país, essa mesma história marcada de vermelho, em que várias mulheres sacrificaram suas vidas a favor da dignidade humana.

PRÉ ASSENTAMENTO PORTO PINHEIRO REALIZA ASSEMBLEIA

16 ANOS DE CONQUISTA DOS ASSENTAMENTOS IRENO ALVES E MARCOS FREIRE

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PÁGINA 2 - TERRA VERMELHA

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LONA PRETA

EDITORIAL

MST nos últimos anos tem sido uma referência nas conquistas para a região da Cantuquiriguaçu, a maior delas com certeza são os mais de 40 projetos de assentamentos dentro do território, que somam mais de 5 mil famílias assentadas gerando mais de 15 mil postos de trabalhos, trazendo um volume enorme de recursos do governo federal através do PRONAF a b c d, e além dos créditos de habitação que ficam todos no comércio local. Para se ter uma ideia, no ano de 2011 ultrapassou os 60 milhões de reais, sendo que 30 milhões só no município de Rio Bonito do Iguaçu, sem contar às milhares de toneladas de milho, soja e feijão e milhares de litros de leite que os assentamentos produzem, hoje ultrapassa os 300 mil litros por dia. Levando em conta que, todos esses recursos ficam nos municípios, sendo extremamente significativo no resultado da economia local, sem contar nos impostos que todas às famílias pagam, e que boa parte fica nos seus municípios de origem. E ainda, às famílias assentadas que hoje tiram seu sustento da terra, e ajudam a diminuir o êxodo rural, pois não precisam ir para a cidade na busca de uma vida melhor e que muitas vezes acabam tendo que sobreviver de trabalhos temporários, de pouca renumeração e muitas vezes dependendo de alguma bolsa de caráter assistencialista do governo federal. A reforma agrária faz a diferença na região da Cantuquiriguaçu, assim como em todas às regiões do nosso país, onde foi feito assentamentos de trabalhadores sem terra por mais precário que seja. O MST vai além da conquista da terra para essas famílias , o MST tem uma proposta de educação implementada nas principais Escolas de seus

assentamentos que se destaca a nível Nacional baseado na realidade de seu povo, uma educação para formar cidadãos formadores de seus deveres e direitos, e não apenas peças de reposição para o chamado mercado de trabalho. O MST tem um centro de formação na região da Cantu, o Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (CEAGRO), que já formou mais de 200 técnicos agrícolas, em parceria com a Universidade Federal do Paraná, e através do Instituto Federal. Formou também no final de 2011 a primeira turma de Técnicos em Gestão de Cooperativas (TGC) a nível de terceiro grau, além de desenvolver muitas experiências na produção agroecológica, como modelo que faz o contra ponto com o agronegócio, com produção de alimentos saudáveis para nossa população, contribuindo no aumento de geração de renda para as famílias e com respeito ao meio ambiente. Outra conquista importante, foi a retomada da área da Solidor, que em meados dos anos 90 foi feito assentamento, porém, com a ajuda do ex-governador Jaime Lerner, o grileiro Bonoto, conseguiu a retomada da terra, sendo assim as famílias foram brutalmente despejadas em 2000. O MST reocupou esta área logo no primeiro ano do despejo, e agora no inicio de 2012 foi decretado a derrota dos grileiros e seus aliados por uma reformulação da justiça federal, a decisão do STF que já tinha sentenciado a mais de 20 anos atrás como área da união. Esta é mais uma enorme vitória do MST e da Reforma Agrária e das famílias que lá vão ser em breve assentadas. REFORMA AGRÁRIA , POR JUSTIÇA SOCIAL E SOBERANIA ALIMENTAR!

INFORMAÇÕES DOS ACAMPAMENTOS DA REGIÃO PRÉ-ASSENTAMENTO PORTO PINHEIRO REALIZA ASSEMBLEIA

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o dia 12 de Abril, às famílias do Pré-Assentamento Porto Pinheiro, participaram de uma assembleia, em que discutiram juntamente com o Dirigente do MST na região Laureci Leal, a estruturação produtiva para a viabilização econômica do pré-assentamento. Atualmente, as 120 famílias, estão distribuídas em lotes, aguardando somente a demarcação das propriedades pelo INCRA. A assembleia teve como pauta discutir alguns aspectos de iniciativas de atividades econômicas levantadas por meio de diagnósticos realizados pelos 12 grupos que contam com 10 famílias cada, que compõem a organicidade do pré-assentamento. Desse modo, às atividades econômicas sugeridas pelas famílias, logo de início, são pensadas nas necessidades atuais de auto-consumo, e pensando para mais tarde a efetiva comercialização da produção. Essas atividades pontuadas pelas famílias vão ser estudadas para que os projetos destinados hoje, para o campo, possam ser acessados pelos camponeses para viabilizar às atividades econômicas do pré-assentamento.

Ainda, pensando para além desses aspectos importantes para o desenvolvimento econômico, Laureci Leal (Dirigente do MST), resaltou a necessidade das famílias continuarem a cooperar, “pois é possível sim fazer um assentamento diferente é um desafio desenvolver a cooperação no pré-assentamento, mesmo agora com os lotes individuais, é preciso pensar em experiências de cooperação, ou seja, é levar aquilo já construído para o coletivo, hoje a produção individual encontra várias limitações. Pensar em cooperação é pensar em outro modelo econômico para o campo, é levar em conta a vida, é dizer não para o modelo do agronegócio, que transforma a agricultura em negócio, que produz alimentos altamente envenenados, que prega o cultivo de grandes terras, roubando a terra e expulsando o pequeno camponês do campo, essa lógica do agronegócio acima de tudo quer um campo sem gente. Como nos diria nosso companheiro Laureci, só vamos ter um assentamento forte, quando aprendermos, sobretudo a compartilhar.

DEPOIS DE 10 ANOS DE ESPERA, AGORA FAZENDA SOLIDOR TORNA-SE ASSENTAMENTO DA REFORMA AGRÁRIA

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ano começou com bastante realizações para às 35 famílias do acampamento Solidor, no municipio de Espigão Alto do Iguaçu, região centro-sul do Paraná. A terra que sempre foi patrimonio da União, foi passada ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), para assentar as familias. A fazenda Solidor é uma área bastante emblematica, pois já havia sido criado um assentamento pelo INCRA na decada de 90. Esta área já pertência a União segundo o Supremo Tribunal Federal. As 36 familias do antigo assentamento já tinham suas casas e haviam recebido grande parte do recurso, no entanto o posseiro Joceminio João Bonotto, que se dizia dono da área, entrou com um pedido de reintegração de posse que foi aceito pela justiça estadual. No dia 15 de maio de 2000 às famílias foram surpreendidas por um despejo violento que aconteceu na área, com ordens do governador da época, Jaime Lerner, onde a mando dele aproximadamente 1.000 policiais entraram com máquinas e

O ASSENTAMENTO

foram arrasando tudo, desde as casas até as platançãoes dos assentados que foram todas dilaceradas. O INCRA reassentou essas familias em outro município. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Tera (MST), resolve reocupar a área, no dia 14 de abril de 2003, como forma de protesto ao governo e ao latifúndio pelo que foi feito na época. Novamente João Bonotto pede reintegração de posse da área, gerando assim, além de muito

transtorno, pressão psicológica, apreensão da produção das famílias acampadas, também uma multa ao governador da época Roberto Requião. Com apoio dos assentamentos da região e articulação estadual do MST, as famílias resistem até agora na área. Assim o Movimento Sem Terra protesta contra a justiça estadual para poder tomar um posicionamento em relação ao que já havia sido feito com as familias.

Este ano, a área que sempre foi patrimonio da União, foi transferida para o INCRA, para fins de Reforma Agrária. A área de 642 hectares vai assentar aproximadamente 40 familias, que poderão ter agora seus lotes e também a vitória sobre a injustiça cometida na época. Para o INCRA, nessa área estava instalado um dos maiores conflitos agrários do estado em termos de intensidade que se tem hoje no Paraná. “Para o MST, esta área era uma questão de honra”, diz Laureci Leal, coordenador do Movimento na região, e diz que essa região já é marcada de grandes conflitos de terras, e imposições do latifundio. “O novo assentamento na antiga Solidor foi uma reparação às injustiças que aconteceu com o antigo assentamento, um reconhecimento dos direitos dos trabalhadores, e mostrou que é mais justo beneficiar aquelas familias com Reforma Agrária, em vez de beneficiar uma pessoa só que já tem terra”, completou Laureci.


BOLETIM DO MST REGIÃO CANTUQUIRIGUAÇU - PÁGINA 3

MULHERES SEM TERRA: LUTANDO E COOPERANDO PARA CONSTRUIR UMA SOCIEDADE MAIS JUSTA

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o dia 04 de Março, aconteceu o VII Encontro Regional de Mulheres da Via Campesina, que ocorreu no assentamento 8 de junho, em Laranjeiras do Sul. O encontro contou com a participação de aproximadamente 600 pessoas, que teve como objetivo debater a organização coletiva e a produção

cooperativa das mulheres na região. Com os punhos erguidos às mulheres se deslocaram em marcha das novas instalações da UFFS no assentamento 8 de junho, passando pela BR 158 em direção ao centro comunitário que acolheu o encontro. Logo após, iniciou-se uma palestra sobre as temáticas Agroecologia, Organização

e Cooperação. Para falar sobre agroecologia, a professora e coordenadora do curso de agronomia, Josemeire Leandrini da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que palestrou durante a manhã. Em seguida, a coordenadora do COPERJUNHO (Cooperativa de Paníficos do Assentamento 8 de junho), Denise Amorin, reforçou o incentivo a organização coletiva das mulheres em busca de geração de trabalho, tendo em vista a construção de cooperativas que possibilitem a criação de renda, e também o fortalecimento da cooperação das mulheres no trabalho e no que diz respeito as relações humanas que as fazem agentes de mudança de sua história. Na palestra Denise destacou a importância da reforma agrária, não somente na conquista da terra, mas reforma agrária com recursos para realizar investimentos nos assentamentos para dar uma vida digna aos trabalhadores que tanto lutam para sustentar esse país. No período da tarde às mu lheres participaram de atrações culturais como teatro, coral, danças dentre outras apresentações. Voltando o olhar para a história naquele 8 de março de 1857, quando mulheres operárias de uma fábrica de Nova Iorque fo-

ram mortas incendidas dentro da própria fábrica onde trabalhavam por realizaram uma greve para reinvidicar melhores condições de trabalho, percebemos que historicamente somos marginalizadas pela sociedade que, quando nos negava os direitos trabalhistas, também nos negavam o direito à vida. A morte dessas mulheres fez com que resurgissem a chama de rebeldia feminina aprisionada pelas cercas da ignorância de uma sociedade machista que insiste em não nos reconhecer como sujeitas de direitos, mas que sobretudo, afoga nossas utopias de construir uma sociedade humanamente igual e socialmente justa.

DIA DE LUTA: MULHERES EM MARCHA

PRA MUDAR A SOCIEDADE DO JEITO QUE A GENTE QUER, PARTICIPANDO SEM MEDO DE SER MULHER

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om bandeiras hasteadas e os bonés vermelhos, aproximadamente mil mulheres dos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária do Paraná, chegaram na manhã do dia 06 de mar ço em Curitiba. A mobilização que teve caráter de reivindicação e denúncia, fez parte da Jornada Nacional do 8 de março, e teve como lema, “Dia Internacional da Mulher: Pela Reforma Agrária, Contra os Agrotóxicos, e a Violência Contra a Mulher”. Depois de participarem da mística de abertura do encontro, às mulheres sem terra se dirigiram para a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O objetivo da marcha e manifestação era reivindicar do governo investimentos para habitação, infraestrutura para a agricultura familiar, créditos de fomento para produção agrícola e assistência técnica, e o crédito de apoio a mulher. Além de cobrar agilidade na desapropriação das

áreas de acampamentos, onde se encontram cerca de 6 mil famílias acampadas. Segundo Maria Salete Back, da coordenação do MST do estado, a ocupação do Incra teve avanços significativos. “Tivemos avanços na atividade, e nossa maior conquista foi que às mulheres das áreas de Reforma Agrária puderam expor os problemas das comunidades. Isso prepara a mulher para participar de momentos assim, a mulher percebe que ela tem essa condição de negociar.” Ainda, paralelo a ocupação do Incra, às camponesas também encaminharam para a Presidenta Dilma Roussef a carta de 700 assinaturas, que reivindicava o veto do Código Florestal. Uma sessão especial na Assembleia Legislativa do Paraná (dia 07/03) homenageou mulheres da sociedade civil e dos movimentos sociais, onde uma das homenageadas foi Sebastiana Tavares, companheira do militante do MST, assassinado às margens da BR-277 em 2000 pela polícia do estado. Também foram homenageadas às quatro deputadas estaduais do Paraná, entre elas Luciana Rafagnin, que lembrou de várias mulheres que deram suas vidas na luta pela construção de uma sociedade melhor, dentre tantas mulheres destacou-se a Irmã Dorothy Stang. Ao final da sessão, às camponesas deixaram em frente a Assembleia caixões, embalagens de veneno e faixas de protestos contra o agronegócio. A manifestação fez parte da campanha permanente contra os agrotóxicos e pela vida, pois o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009.

No dia 08 de março às 1000 trabalhadoras sem-terra fizeram uma marcha unificada com movimentos da sociedade como APP-sindicato, Marcha Mundial das Mulheres, CUT, dentre outros movimentos populares da cidade, que com muita agitação e batucada iniciaram a marcha trazendo em blocos algumas reinvidicações das mulheres, como o código florestal, violência contra a mulher, soberania alimentar e a campanha contra o uso de agrotóxicos. O dia Internacional das Mulheres se transformou atualmente, em um símbolo de participação ativa das mulheres em nossa sociedade e além do mais representa um dia de luta das mulheres camponesas e urbanas na busca por igualdade de condições.

ORGANIZAÇÃO E PRODUÇÃO DAS MULHERES

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o longo dos anos as mulheres foram criando sua independência tanto econômica, quanto social, e assim passaram a partcipar ativamente das de-

cisões de nossa sociedade, conquistando seus direitos e lugares em cargos que só anteriiormente eram ocupados apenas por homens. Um bom exemplo dessas conquistas é presidência do Brasil, onde uma mulher chegou ao mais alto cargo de liderança no país, representando não apenas nosso país, mas 51% da sociedade que é composta em sua maioria por mulheres. A cada dia mais, às mulheres conquistam espaço na sociedade, ao passo que estão demostrando sua voz e vez, e que podem fazer a diferença nesse país. Essas mulheres que ousam lutar contra uma sociedade alicerçada na exclusão, pela qual uma parte da sociedade trabalha para garantir a riqueza de outra, apenas a organização, mobilização e luta permanente vão garantir à construção de uma sociedade que homens e mulheres sejam iguais, que não exista pobreza e miséria, muitos menos a violência, enfim uma sociedade em que floresçam todas às virtudes e que principalmente homens e mulheres sejam os agentes da sua própria história.


PÁGINA 4 - TERRA VERMELHA

LUTADOR DO POVO

DOM LADISLAU BIERNASKI DEFENSOR DA REFORMA AGRÁRIA

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m grande líder é sempre movido por grandes sentimentos de amor. Essa era exatamente uma das qualidades de Dom Ladislau Biernaski, mesmo sendo justo sabia ser terno com seu povo. Um homem do povo, que soube lutar para o povo, foi um dos poucos que agiu sempre em favor da classe trabalhadora, assumindo a necessidade de transformação das condições desumanas vividas por seu povo. Dom Ladislau fez da luta dos povos também sua. Fez de sua luta o perfil da sua caminhada, apoiando os movimentos sociais do campo que defendem a reforma agrária, como um instrumento social capaz de provocar grandes mudanças. Essa dedição aos povos oprimidos levou Dom Ladislau, a ser considerado uma referência para os movimentos sociais. O teor de suas discussões políticas apresentavam a reforma agrária como uma forma de superar às desigualdades sociais provocadas no campo pela injusta concentração de terras nas mãos

de uma pequena parcela da sociedade. Juntamente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), contribuiu para o debate da necessidade da reforma agrária que é urgente em nosso país, que somente com um projeto popular e amplo de distribuição de terras será possível acabar com às desigualdades sociais no que se refere o desemprego, a violência e a fome. O aspecto humano sempre foi uma das características mais marcantes de sua história de vida. Como ser humano dedicou sua vida a ajudar o próximo, sua contribuição a sociedade é impossível de se mensurar, mas esse homem capaz de se indignar com às injustiças de nossa sociedade veio a falecer no dia 13 de fevereiro de 2012. Dom Ladislau , apoiava o MST na luta pela reforma agrária, afirmando que “a reforma agrária é aquilo que vai atacar na raiz a questão dos conflitos e a falta de paz no campo”. Perdemos não apenas um líder religioso, mas sobretudo perde-

LEMBRO DELE ...

“Conheci Dom Ladislau pessoalmente em minha formatura, em que ele disse uma frase que marcou aquela noite, que nossa turma era a semente da agroecologia, pois iria gerar vida nos tempos atuais. Ele sempre esteve presente na luta pela reforma agrária.” (Ivete Foss, Dirigente do MST na região)

mos um homem que acreditava na transformação humana. Sua capacidade de compreender o todo sem negar às partes, o fazia um lutador que enquanto homem, lutou principalmente pelo direito a vida e a terra.

FESTIVIDADE E LUTA EM 17 DE ABRIL

TV EERRM ERL HAA N Grupo Cooperativo da Reforma Agrária MST Cantuquiriguaçú Editado com a colaboração da parceria do MST com a Fundação Mundukide - MONDRAGON EQUIPE TÉCNICA: Coordenação: Andrés Bedia Editora: Geani Souza Repórter: Jaqueline Boeno Desenho gráfico: Xabier Duo Fotografia: Arquivo Comunicação MST CONSELHO EDITORIAL: Elemar Cesimbra Laureci Leal Pedro Ivan Christoffoli Ciliana Federici Toni Escobar CONTATO PARA INFORMAR OU ANUNCIAR: Resp. Comunicação: Geani Souza Escritorio CEAGRO-DEPES Rua 7 de Setembro, 2885 CEP: 85301-070 Laranjeiras do Sul - PR Tel: (42) 3635-4329 Email: comunicamst.centro@gmail.com TIRAGEM: 6.000 exemplares CIRCULAÇÃO: Acampamentos e Assentamentos da Reforma Agrária da região Cantuquiriguaçu Este trabalho foi licenciado com Licença Creative Commons 3.0. Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos

o dia 17 de abril, o Assentamento Ireno Alves dos Santos, completou mais um ano de sua história. Nesses 16 anos, de consquista da terra, essa história prova para todos os setores da sociedade a viabilidade social e econômica da reforma agrária. Em uma madrugada gelada, se ouviu o bater das foices e o grito entoado da reforma agrária, eram às vozes presas, sufocadas pela sociedade. Aproximadamente, 3.000 famílias equivalente a 12 mil pessoas, acamparam às margens da rodovia BR158, no município de Rio Bonito do Iguaçu, onde ficaram à espera por dois anos até a liberação do INCRA para a desapropriação da terra. A ocupação dessa área que hoje é o assentamento, foi na fazenda GiacometMarondim, também conhecida como Araupel, que se deu no dia 17 de abril de 1996 em Rio Bonito do Iguaçu. Dessa ocupação, surgiu o Assentamento Ireno Alves dos Santos e Marcos Freire, com 1.512 famílias assentadas e mais tarde outros acampamentos foram surgindo, devido à necessidade da reforma agrária. Em nossa região, a reforma agrária democratizou a terra, pois o latifúndio

gerava pobreza e miséria. Hoje, os assentamentos produzem alimentos para a mesa de milhões de brasileiros.

Ainda, no mesmo dia da Festa dos 16 anos de aniversário dos assentamentos, pela manhã foi realizado um bloqueio na BR-158 das 8:00 às 8:21 horas e minutos, em lembrança da morte de 21 companheiros trabalhadores sem-terra, que morrem no Massacre de Eldorado dos Carajás, no estado do Pará, mortos em uma ação policial. Nessa data, em que 16 anos passados, em um canto do país entoava o grito vitorioso da reforma agrária, e do outro tamanha covardia utilizada pelas armas acabou com tiros o sonho da reforma agrária.

“Eu convivi com Dom Ladislau em um espaço de construção da CPT no Paraná. Ele se identificava com os pobres, sua vida foi dedicada a luta desses trabalhadores. Sua serenidade, calma e disposição em conduzir os conflitos no campo eram características marcantes de sua atuação. Dom Ladislau foi um pastor que juntava às pessoas, ele não ficava atrelado as estruturas da Igreja, ele via na missão religiosa uma forma de estar com os pobres marginalizados pela sociedade. Ele sobretudo, defendia que às lideranças deveriam estar no meio do povo”. (Mirian Kunrath, Dirigente do MPA )

RECEITA AGROECOLÓGICA BIOFERTILIZANTES Adubo líquido ou uréia natural Ingredientes: 40 Kg de esterco de bovino fresco; 3 a 4 litros de leite fresco ou colostro; 10 a15 litros de caldo de cana ou melaço; 200 litros de água; 4 Kg de fosfato natural. Modo de Preparar: colocar todos os ingredientes num galão ou caixa de água, misturar bem, deixar fermentar durante 15 dias mexendo uma vez ao dia. Modo de Usar: depois de pronto, misturar 1 litro de adubo a cada 3 litros de água, então regar a plantar e o solo. Obs.: Esta receita resultará num total de 800 litros de adubo líquido, após misturado em água.


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