TerraVermelha_6

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- Ano 1 - Número 6 - Outubro 2012 -

LUTADOR DO POVO

TRANSGÊNICOS

KENO VIVE!

CAUSAM

CÂNCER E MORTE >PAG. 2

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TERRA VERMELHA

BOLETIM DO MST REGIÃO CANTUQUIRIGUAÇU

BRASIL O MAIOR CONSUMIDOR DE VENENOS >PAG. 3

SEMINÁRIO

SEMINÁRIO DE

ESCOLA DE

AVALIAÇÃO

LEITE

FORMAÇÃO

ORGÂNICO

PARA

ATER >PAG. 3

MULHERES

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PÁGINA 2 - TERRA VERMELHA

casamento do capital financeiro com o latifúndio gerou o que chamam de “moderno” agronegócio. A lógica de exploração da terra - grandes extensões, monocultura, produção basicamente de grãos para exportação, mecanização e pagamento de baixos salários - necessita ainda de um ingrediente venenoso: mais de um bilhão de litros de agrotóxicos despejados na lavoura no Brasil, só em 2009. Isso significa que cada brasileiro consome cerca de 5,2 litros de venenos por ano, dissolvidos nos alimentos e na água contaminados. Em 2009, o Brasil se tornou o maior consumidor do produto no mundo. O uso exagerado de agrotóxicos é o retrato do agronegócio: apesar de todo seu dito “avanço tecnólogico”, não conseguiu criar um modelo de produção e técnicas agrícolas que garantam a produção de alimentos saudáveis para a população. Porque esse não é o interesse do agronegócio. O agronegócio expulsa os camponeses do campo, destrói a terra, enche suas grandes extensões de máquinas e venenos, paga mal seus poucos trabalhadores e para quê? Para vender soja e cana para outros países. Correm para aprovar transgênicos - mesmo que seus potenciais danos à saúde ainda não tenham sido comprovados. Enfim, querem fazer do Brasil uma grande colônia de exploração, um quintal das transnacionais. Os agrotóxicos causam uma série de doenças muito sérias, que atacam os trabalhadores rurais, comunidades rurais e toda a população, que consome alimentos com substâncias tóxi-

cas e adquire muitas doenças. A culpa é do agronegócio! Esse é o nome dado ao modelo de produção agrícola que domina o Brasil e o mundo. Esse jeito de produzir se sustenta nas grandes propriedades de terra (o latifúndio), uma grande quantidade de máquinas (que levam à expulsão das famílias do campo e à superpopulação das cidades), no pagamento de baixos salários (inclusive, trabalho escravo), muito lucro para as grandes empresas estrangeiras e na utilização de uma enorme quantidade de agrotóxicos. A expansão desse modelo de produção agrícola é responsável pelo desmatamento, envenena os alimentos e contamina a população. Ao contrário do que dizem as grandes empresas, é possível uma produção em que todos comam alimentos saudáveis e diversificados. A saída é fortalecer a agricultura familiar e camponesa. No lugar dos latifúndios, pequenas propriedades e Reforma Agrária. Desmatamento zero, acabando com devastação do ambiente. Em vez da expulsão do campo, geração de trabalho e renda para a população do meio rural. Novas tecnologias que contribuam com os trabalhadores e acabem com a utilização de agrotóxicos Proibição do uso dos venenos. Daí será possível um jeito diferente de produzir: A AGROECOLOGIA!

SEMINÁRIO DE AVALIAÇÃO DO TRABALHO DE ATER DO ASSENTAMENTO IRENO ALVES DOS SANTOS

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om a entrada de várias mudas de diferentes espécies de plantas carregadas pelas mãos de técnicos que durante um ano desenvolveram o trabalho de assistência técnica no Assentamento Ireno Alves dos Santos. Um momento místico de resgate do árduo trabalho desenvolvido pela equipe de assistência técnica que durante os dias 25 e 26 de setembro, realizou um Seminário de avaliação das atividades realizadas pela equipe de ATER. Deste seminário participaram a coordenação regional do INCRA e às famílias do Assentamento Ireno Alves dos Santos. Em torno de 80 pessoas participaram no primeiro dia do seminário que pretende ser um espaço de socialização do trabalho realizado pela equipe de técnicos do CEAGRO (Centro de Desenvolvimento Sustentável em Agroecologia), que durante 1 ano desenvolveram várias atividades ligadas a agroecologia e ao suporte técnico da produção das famílias assentadas. O trabalho de assistência técnica é fruto de um convênio entre CEAGRO e INCRA, que acompanha as iniciativas produtivas e que contribuem para o desenvolvimento econômico e social do assentamento. A intenção do Seminário é avaliar as ações

até aqui desenvolvidas e planejar ações futuras com às famílias camponesas para a continuação desse trabalho de assistência. Para os agricultores, às atividades realizadas pela equipe técnica estão ajudando a ampliar a visão sobre a importância da aplicação de técnicas agroecológicas, desde o processo de transição da produção, bem como o fortalecimento da comercialização e geração de renda para às famílias do assentamento. O seminário continuou no dia 26 setembro, com uma avaliação entre a equipe técnica do CEACGRO e o INCRA. Essa avaliação vai viabilizar a continuação do trabalho pela equipe e do convênio com o CEAGRO, para o próximo ano de 2013. Foto- Jaqueline Boeno

LONA PRETA

Foto: Sebastião Salgado

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EDITORIAL

INFORMAÇÕES DOS ACAMPAMENTOS DA REGIÃO

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o dia 28 de agosto o Superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Nilton Bezerra Guedes esteve em Guarapuava em uma reunião com o MST, para discutir as áreas de acampamentos e assentamentos da região. O superintendente reforçou que a área da Fazenda Curi, Acampamento XX de Novembro, já foi mandada para a Procuradoria da Fazenda Nacional em Brasilia, segundo ele a Procuradoria deu boas notícias e se interessou em passar parte da área para o Incra fazer Assentamento. “É uma vitória que estamos ganhando de três a zero”, enfatizou Guedes. A coordenação do Movimento enfatizou também a elaboração imediata do Plano de Desenvolvimento de Assentamento (PDA), da área Curi, e ainda a formação imediata de um grupo de trabalho para elaborar o PDA, envolvendo o Incra, MST, IAP, Cooperflorestas e Ibama. Outras questões levantadas foi a moralização do Incra em relação à lotes irregulares nos assentamentos, pois o orgão precisa reparar e ter uma solução imediata para as questões de compra, venda e arrendamento de lotes.

As famílias pedem a liberação imediata dos recursos referenres a infra-estrutura nos assentamentos, como: estradas, reformas de casas, áreas de lazer e ainda créditos para renegociação de dividas, Pronaf eco, Pronaf jovem. E ainda a construção de ginásio de esportes no Assentamento Guará.

Foto- Arquivo MST

PRODUTORES DE LEITE ORGÂNICO

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erca de 100 pessoas de assentamentos e acampamento da região, se reuniram no dia 12/09 para o Seminário de Leite Orgânico no assentamento 8 de Junho, em Laranjeiras do Sul, com o objetivo de debater e socializar as experiências do leite na região. Segundo Ivan Testa, coordenador do projeto, a idéia de fazer o seminário foi a partir do trabalho que ja esta sendo feito na região com os agricultores, e também uma espécie de motivação por eles estarem aderindo a este projeto. O leite orgânico irá pagar mais para o agricultor, pelo seu diferencial na produção. Inicialmente a produção dos agricultores poderá ser convencional até fazer a transição para o orgânico. “Mostrar para os agricultores alternativas, e que de fato eles ganhem for ça e ânimo para conseguir ir em frente e não desanimar com as dificuldades que aparecem no dia a dia”, diz Ivan, ao falar sobre a expectativa do projeto novo dos assentamentos. No final da tarde os agricultores visitaram as construção do laticino no as-

Foto- Geani Paula

sentamento, que já esta em fase de término. Assim, puderam ver que o projeto do laticinio para o leite orgânico já esta em andamento, e também visualizar o que esta sendo feito.


BOLETIM DO MST REGIÃO CANTUQUIRIGUAÇU - PÁGINA 3 BRASIL O MAIOR CONSUMIDOR DE VENENOS professor de Agronomia e Econo- meira é que em todo o mundo estão sen-

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mia da Universidade Federal da Fronteira Sul, Pedro Ivan Christoffoli, em entrevista ao Jornal Terra Vermelha, disse que cada brasileiro consome em média 5 litros de principio ativo de veneno por ano. Enfatizou também, a causa das sementes transgênicas para a saúde dos seres-humanos. Confira a entrevista abaixo.

O que são sementes transgênicas? Os transgênicos é uma forma de alteração no que seria as caracteristicas constitutivas de cada planta de cada animal. Assim, como a gente diz que fulano puxou para o pai dele, ou o sangue puxa, no sentido de que você herda caracteristicas, você tem caracteristicas dos seus pais, dos seus avós, as plantas, os animais tem essas caracteristicas, isso é a base genética que se tem nos seres vivos. Essa base genética, agora pode ser alterada, os cientistas nos laboratórios estão alterando isso, eles pegam uma caracteristica, por exemplo, que antes era só de uma planta ou de um microorganismo e transferem isso para outra planta, outro animal, um outro organismo. E ai, o que antes não poderia acontecer na natureza, passa a acontecer, então essa caracteristica que era de uma espécie passa para outra, e foi assim que surgiu por exemplo a soja resistente ao Roundap, Herbicida Glifosato, foi transferido o genes de uma bactéria, microorganismo que tem no solo, na terra para a soja, e essa caracteristica agora passa a ser incorporada a soja. A soja na semente dela vai transferir essa caracteristica genética de tolerância, de resistência ao herbicida. Em relação aos estudos que já foram feitos? Tem duas coisas ai na preocupação, pri-

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do liberados transgênicos sem estudos aprofundados de vários anos sobre o seu impacto para a saúde, muitos estudos são feitos só com 3 meses de duração, quer dizer você alimenta cobaias durante 3 meses, e como não se observam grandes problemas então se libera. Mas 3 meses ainda é muito pouco, em pensar que a gente vai consumir esses produtos a anos. Muitos transgenicos estão sendo liberados sem estudos aprofundados, são estudos que a gente considera superficiais e incompleto. Agora, houve um estudo recente, que mostra por exemplo, o milho trasgênico, ele acaba tendo um efeito sobre animais de laboratórios. São animais que são usados para testes em laboratório. Esse estudo realizado na França, comprovou que primeiro um número muito grande dessas cobaias apresentou câncer, alteração em vários orgãos, inchaço e também houve aumento da mortalidade nesse periodo, por que o estudo durou 2 anos com esses animais, então é o estudo mais completo que já se viu até hoje, e ai é extremamente grave, por que imagina, a maior parte do milho consumido no Brasil já é trasgênico, e se descobre que ele causa esse tipo de alteração. Então, você esta consumindo a polenta, a canjica, o milho verde ou esses salgadinhos que tem a venda e que as crianças consomem muito e que são feitos de milho, esse milho causa câncer, causa mortalidade, acelera as taxas de mortalidade nas pessoas e animais. Então, o que o estudo mostrou, primeiro que é gravisima essa informção que provoca câncer e aumenta as taxas de mortalidade, segundo ele exigiria uma imediata suspensão da autorização de plantio do milho transgênico no Brasil, até que novos estudos fossem feitos para comprovar ou não esse estudo. A gente acha muito grave isso, e é impor-

OS IMPACTOS DOS TRANSGÊNICOS NO CAMPO

m grave problema atinge hoje o campo brasileiro, o uso abusivo dos agrotóxicos e as sementes transgênicas, comprometem a vida humana e do meio ambiente. Cada vez mais, os agricultores usam dosagens maiores de agrotóxicos, que começam desde o plantio e vai até a colheita das sementes. E agora, com a modificação da genética do milho e da soja, a agricultura corre o risco de perder às sementes crioulas, que sempre estiveram nas mãos dos agricultores, e que passa de geração à geração. As empresas multinacionais que produzem os agrotóxicos como Bayer, Monsanto e a Sinygenta, lucram bilhões de reais sobre a agricultura baseada principalmente no uso indiscriminado dos agrotóxicos. Essas grandes produtoras de veneno defendem o latifúndio, e são contra toda e qualquer iniciativa de reprodução da agroecologia, porque defendem exclusivamente o interesse do agronegócio de acumular riquezas provocando a destruição da vida. Os danos para a saúde humana são vários, dentre eles principalmente é comprovado que os agrotóxicos causam câncer e a morte. Para o meio ambiente o uso dos agrotóxicos e das sementes transgênicas, causam a redução da biodiversidade, onde várias espécies foram destruídas e a riqueza de nutrientes do solo está escassa. Outro

problema que afeta diretamente os agricultores, é a dependência das empresas produtoras de pacotes agro-químicos, que dominam a produção e distribuição de alimentos no mundo. O agricultor passa a plantar para pagar o seu financiamento exigido por esse pacote. É uma gama suja que envolve o pequeno agricultor e faz da agricultura uma mercadoria que só tem valor para quem domina às sementes e os agrotóxicos. A solução para acabar com essa privatização da cultura camponesa de fazer a vida, é o modelo da agricultura camponesa que considera as sementes como o patrimônio da humanidade, porque propõe uma produção orgânica sem uso de agrotóxicos e a troca de sementes crioulas com a comunidade camponesa. Cuidar da agricultura e das sementes é pensar em uma soberania alimentar que cultive a cultura do homem agricultor, que valorize às relações entre os homens e a relação do trabalho com a terra. A agricultura precisa ser sinônimo de vida, não podemos aceitar que os alimentos sejam produzidos com altos índices de agrotóxicos. A mesa do homem do campo e da cidade, precisa ter alimentos saudáveis produzidos com técnicas orgânicas. Por que, é exatamente a agricultura camponesa que produz cerca de 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.

tante alertar para todos os agricultores e consumidores da região que evitem consumir milho transgênico, essa é a orientação. Quais são as técnicas do agronegocio? Tem uma lógica hoje que a agricultura virou um grande negócio, por isso o agronegócio. Mas a agricultura é antes de tudo produção de alimentos, produção de vida, então não pode ser só um negócio, não pode ser encararada assim. A busca de lucros tem que ter limites, as empresas buscam aumentar seu lucro a qualquer custo, e uma dessas estratégias são os trasgênicos que aumentam o lucro das empresas. A outra estratégia é venda dos agrotóxicos que tem crescido muito, o Brasil se tornou hoje o maior consumidor mundial de agrotóxicos, cada pessoa no Brasil tem em média 5 litros de principio ativo de veneno que cabe a cada um, por que se dividir a quantidade de veneno que se usa no Brasil pelo número de pessoas que mora no nosso país da 5 litros ou kg, de ingrediente ativo do veneno que é aplicada como agrotóxico, então essa epidemia que tem acontecido de doenças, de câncer, ausaimer, problemas neurológicos, isso em grande medida estão associados a esse aumento do consumo de agrotóxico. A casos também de suicidios e vários impactos, então a estratégia do agronegócio de dizer que esse modelo é bom, que da certo e é o que leva o Brasil para frente é uma farça, é errado é equivocado, muitas vezes facilita o trabalho, simplifica o trabalho, mas não quer dizer que é o mais correto. Então, nós vamos ter que medir isso. Usar tanto herbicida como se usa no Brasil, é impos-

sivel, nós vamos ter que achar alternativas para manejar as lavouras sem tanto agrotóxico. A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), veio aqui para a região também para ajudar a pensar isso, então a gente esta com uma preocupação de desenvolver pesquisas para poder manejar as lavouras também, sem tanto uso de agrotóxicos e se possivel na medida que o agricultor queira é fazer essa conversão para a produção sem nem um tipo de veneno. Uma produção limpa, uma produção agroecológica, e essa a idéia que nós estamos buscando na região. Qual o desafio de agora em diante? Eu acho que o desafio seria, no caso para cada agricultor, começar pelo menos a produzir o seu alimento, o alimento da sua familia sem nem um agrotóxico e sem nem um produto quimico. Começa pela horta, por uma parte da sua produção e depois vai aprendendo a lidar sem veneno e aos poucos nós podemos ir mudando. Agora, tem que ter o primeiro passo tem que ter a disposição de mudar, tem que perceber

que a saúde da gente, dos nossos filhos, dos consumidores tem importância a vida é maior do que o lucro, e ai nós temos que buscar esse caminho, que é um caminho longo mas é possivel. Nós aqui na região já temos muitos agricultores que já produzem sem nem um agrotóxico e vivem bem e melhor, dos que estão afundados ai nas dividas, em usos de insumos e desse modelo ai do agronegócio que acaba sendo uma furada. Arquivo internet

I FEIRA DE ECONÔMIA SOLIDÁRIA

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ara fortalecer os fóruns de economia solidária da região, acontecerá no dia 20 de outubro deste ano a 1º Feira da Economia Solidária e Agroecologia, na Praça Central de Laranjeiras do Sul. A feira pretende integrar não só os Empreendimentos de Economia Solidária, mas também as iniciativas agroecológicas organizadas via Rede Ecovida, organizações de mulheres artesãs, indigenas, associação de catadores, grupos de promoção e apoio a cultura e demais empreendimentos solidários. Além de ser um espaço de integração entre os grupos, a feira propiciará trocas de experiências e espaços de formação para debater a comercialização e intercooperação. Esse espaço contribuirá também para identificar os proximos passos a serem dados, e dar continuidade para fortalecer este processo de Desenvolvimento Sustentável. Durante o dia terão oficinas de pão integral, paisagismo e jardinagem, conservação de alimentos, manejo ecológico do solo, frutíferas nativas e cultivos crioulos, biodiversidade, segurança alimentar e feira de troca de sementes. Além de diversas apresentações culturais e videos.

Comitê da Campanha Permanente Contra o Uso dos Agrotóxicos

Uma das iniciativas fortes que estão comprometidas em denunciar os riscos dos agrotóxicos é o Comitê da Campanha Permanente Contra o Uso dos Agrotóxicos, que realiza várias ações de formação para a compreensão que a agricultura é viável do ponto de vista da agroecologia. O comitê é uma iniciativa dos movimentos sociais do campo, de pequenos agricultores e da Universidade Federal da Fronteira Sul, que acompa nha o desenvolvimento da agroecologia na região, oferecendo suporte pedagógico e técnico para fortalecer a produção sau-

dável de alimentos sem agrotóxicos.


PÁGINA 4 - TERRA VERMELHA

V

LUTADOR DO POVO KENO ESTEVE SEMPRE PRESENTE NA LUTA CONTRA O AGRONEGÓCIO

almir Mota de Oliveira, o Keno, tinha 34 anos e deixou a todos o exemplo da sua militância incansável como membro da Via Campesina e do MST. Do Paraná para o Brasil, Keno organizou brigadas e acampamentos pelos estados onde passou. No Sergipe, no Maranhão, na Bahia, sua vida era na estrada. Viveu 10 anos em Brasília, onde conheceu sua esposa, Íris, com quem teve 2 dos 3 filhos. Seus pais, João Mota de Oliveira e Evanir de Oliveira, que estão há 23 anos no MST, participaram de uma ocupação pela primeira vez em 1985, em Juvenópolis, no Paraná. Na época Keno tinha 10 anos de idade e desde aquele dia sentiu-se parte do movimento. Com 18 anos partiu para a militância em outros estados. Retornou ao Paraná 10 anos depois. Em Março de 2006 o Movimento dos Trabalhadores juntamente com a Via Campesina, ocupam a Fazenda da Syngenta Seeds, multinacional que faz experimento com sementes, como forma de denuncia, pois estavam fazendo experimentos com sementes geneticamente modificadas dentro da faixa de amortecimento da Parque Nacional do Iguaçu, patrimônio natural da humanidade, em Santa Tereza do Oeste, Paraná. Keno, era uma das principais lideranças na região, e esteve sempre presente na luta contra o agronegócio. Logo após a ocupação o Iba-

TERRA VERMELHA

Grupo Cooperativo da Reforma Agrária MST Cantuquiriguaçu Editado com a colaboração da parceria do MST com a Fundação Mundukide - MONDRAGON EQUIPE TÉCNICA: Coordenação: Andrés Bedia Editora: Geani Souza Repórter: Jaqueline Boeno Desenho gráfico: Xabier Duo CONSELHO EDITORIAL: Elemar Cesimbra Laureci Leal Pedro Ivan Christoffoli Ciliana Federici Toni Escobar CONTATO PARA INFORMAR OU ANUNCIAR: Resp. Comunicação: Geani Souza Escritório CEAGRO-DEPES Rua 7 de Setembro, 2885 CEP: 85301-070 Laranjeiras do Sul - PR Tel: (42) 3635-4329 Email: comunicamst.centro@gmail.com TIRAGEM: 5.500 exemplares CIRCULAÇÃO: Acampamentos e Assentamentos da Reforma Agrária da região de Cantuquiriguaçu Este trabalho foi licenciado com Licença Creative Commons 3.0. Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos

Foto- Arquivo MST

pamento no assentamento Olga Benário que fica ao lado. Keno e outras lideranças estavam sendo ameaçados por milicias da Sociedade Rural do Oeste do Paraná e pela Syngenta Seeds. No dia 21 de outubro de 2007, o MST e a Via Campesina resolvem reocupar a área, pois tinha rumores de que eles estavam preparando a terra para plantar milho e soja transgênico. Por volta das 06:30 hrs da manhã, cerca de 200 pessoas ocupam a fazenda. Já era quase 12:00 hrs, quando um micro- ônibus cheio de seguranças e um carro cheio de armas chegaram e começaram a atirar contra todos. Keno foi atingido com um tiro na perna e outro no peito, e várias pessoas ficaram feridas.

LEMBRO DELE...

“Keno era uma pessoa que valorizava as familias na luta, que gostava de ver homens e mulheres na militância. Era um companheiro que defendia a organicidade.” Célia Lourenço, militante junto com Keno na Frente de Massa.

“Dois companheiros que eu admiro muito é o Keno e o Egidio, pois na militância sempre tiveram grande preocupação com os militantes. O Keno construia um espaço para as pessoas militar. Sua tarefa como militante sempre foi em 1° lugar” Ireno Prochnow, militante, conheceu Keno desde a adolecência.

ma multou a Syngenta em R$ 1 milhão. Os camponeses que estavam na área começaram a plantar alimentos para tentar recuperar os danos dos experimentos. Ficaram um tempo na fazenda, sofreram despejo e acamparam as margens da BR, até o governo do estado liberar o decreto onde dizia que aquela área era de utilidade pública, ai ocupam novamente. Passaram mais um tempo e sofreram mais um despejo, onde montam acam-

“O Keno tinha uma atenção com a juventude. Na região de Cascavel foi onde a juventude mais se inseriu. Ele acreditava na força da juventude, sempre tinha tempo para ouvir as pessoas” Sandra Scheeren, miltante, conhecia o Keno desde 2003 na ocupação da Cajati.

Monumento em Homenagem ao Keno

II Etapa da Escola de Formação das Mulheres

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m momento marcante e único para às 45 mulheres camponesas que participaram durante os dias 21 e 22 de Setembro, da realização da I Etapa da Escola de Formação de Mulheres. A construção desse espaço é uma necessidade de garantir a participação das mulheres nos espaços de discussão política, produtiva, econômica e social. A escola se tornou um espaço de troca de saberes, em que as mulheres apresentaram interesse em discutir seu papel na sociedade e disposição em continuar a permanente luta pela igualdade de direitos. Além de discutir sobre a história das

mulheres na agricultura, do surgimento do movimento feminista e da reivindicação por direitos, às mulheres também discutiram sobre a fundamental importância de atuação e fortalecimento da luta dos movimentos sociais. A terceira etapa da escola de mu lheres será em dezembro, em que será discutido a violência contra a mulher. A escola passa a ser um símbolo de mística para a vida das mulheres que sonham com a construção de uma sociedade melhor para sua família, porque um sonho que se sonha juntas é melhor. Foto- Geani Paula

RECEITA AGROECOLÓGICA Inseticida de Querosene e sabão Função: controle de cochonilhas Ingredientes: 200 gramas de sabâo neutro; 1 litro de querosene Modo de preparar: pegar 200 gramas de sabão neutro e desmanchar em 3 litros de água quente. Depois, na mistura ainda quente, acrescentar 1 litro de querosene. Modo de usar: acrescentar 16 litros de água fria para aplicar em pulverização. Obs.: Para aplicar em pincelamento de caules, engrossar a calda adicionando farinha de trigo.


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