O Parque das Felicidades

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O Parque das Felicidades

vida e morte. As narrativas revelam a dupla tensão que brota do encontro de condições aparentemente opostas. Talvez, por isso, os personagens pareçam assustados com a própria paisagem que os contém, o que acaba por envolver os leitores em um intrigante cenário crepuscular, preso a uma suave película de violência que os acompanha, narrativa a narrativa, até a estranha “história da menina”.

9 788591 007400

a lápis

ISBN 978-85-910074-0-0

Bernadette Lyra

O Parque das Felicidades

Bernadette Lyra nasceu em Conceição da Barra, Espírito Santo. Publicou: As contas no canto (contos, 1981); O jardim das delícias (contos, 1983); Corações de cristal ou A vida secreta das enceradeiras (contos, 1984); Aqui começa a dança (novela, 1985); A panelinha de breu (romance, 1992), A nave extraviada (ensaio, 1995); Memórias das ruínas de Creta (contos, 1997); Tormentos ocasionais (romance, 1998). Traduziu Aden, Arábia, de Paul Nizan. Além de ficcionista premiada, participa de antologias no país e no exterior. É cronista do jornal A Gazeta/ES.

Os contos que compõem O Parque das Felicidades resultam de uma contradição aparente: jogam, ao mesmo tempo, com traços de intimidade e traços de mundanidade. Foram desenhados no rigor dos dois mundos, num misto de fascínio e estranhamento –

Bernadette Lyra

tristeza contida. Talvez, por isso, os personagens pareçam assustados com a própria paisagem que os contém, o que acaba por envolver os leitores em um intrigante cenário crepuscular, preso a uma suave película de violência que os acompanha, narrativa a narrativa, até a estranha “história da menina”. O que se revela, afinal, não é o predomínio do excêntrico ou do oculto. Mas a delicada certeza da grande escritora que é Bernadette Lyra, fascinante em sua inocente crueldade.

a lápis

Este livro se sustenta sobre uma impossibilidade: jogar de forma brilhante e sensível com histórias que, ao mesmo tempo, apresentam traços de intimidade e traços de mundanidade. Na verdade, os contos que compõem O Parque das Felicidades resultam dessa contradição aparente. Estão desenhados no rigor dos dois mundos, num misto de fascínio e estranhamento – vida e morte. As narrativas revelam a dupla tensão que brota do encontro de condições aparentemente opostas. Elas modulam um universo que oscila mergulhado na sombra onírica do cruzamento contíguo entre momentos diurnos e noturnos, entre monstros solares e lunares. Esses momentos e esses monstros apontam para o limiar onde ficam o paradisíaco e o sombrio, a inocência e o perigo. Através de uma simultaneidade que anula o tempo que os encerra como se fosse esta a condição primeira de sua existência – ser de carne e ser aparência. A autora deixa entrever que não há incompatibilidade da solidão maravilhosa que anima suas criaturas com o mundo solar que as perpassa. No entanto, uma multidão de fantasmas se apresenta como em um sombrio fabulário lunar. Os relatos se equilibram entre uma alegria conformada e uma


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