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janeiro 2006 :: ano 3 :: nº 25 :: www.arteccom.com.br/webdesign

Descubra quem é

Peixe Grande os melhores portfólios de 2005

R$ 8,90

“Modelos de negócios inovadores surgirão” Abel Reis (Agência Click)


direitos autorais



4 :: quem somos

Editorial Usabilidade, padrões, web 2.0... marketing?!? Acredito que a nomeação “Web 2.0” tem sua importância, por ser uma nova interpretação da rede, apesar do tom “marqueteiro” da palavra. Então, por que todo esse barulho ao redor dela? Porque é uma interpretação/etapa super importante! A fase 1.0 foi a de mexer, discutir, criar, descobrir o potencial. Agora,

Equipe Direção Geral Adriana Melo adriana@arteccom.com.br

Direção de Redação Luis Rocha luis@arteccom.com.br

Criação e Diagramação Camila Oliveira camila@arteccom.com.br

estamos EXPLORANDO o que foi descoberto.

Leandro Camacho

têm voz, e da mesma altura. INTERAGIR não é mais apenas a palavra da moda,

eandro@arteccom.com.br

Ilustração Beto Vieira

começa a ganhar um significado.

beto@arteccom.com.br

Se todos precisam saber como se diferenciar da concorrência, ocorre o mesmo com a internet. Qual é a vantagem dela sobre as outras mídias? A capacidade de receber um retorno do público! E, a partir daí, quando isso é compreendido, as mídias deixam de ser concorrentes para se COMPLEMENTAREM. Bem simples, não é? Então, vamos colocar em prática! A matéria da página 32 está muito interessante. Leiam e enviem suas opiniões para o site da revista, afinal nós também estamos colocando em prática projetos mais

Assinaturas Jane Costa jane@arteccom.com.br

Gerência de Tecnologia Fabio Pinheiro fabio@arteccom.com.br

Desenvolvimento Web Eric Nascimento eric@arteccom.com.br

Financeiro Cristiane Dalmati

COLABORATIVOS. No mais... dever cumprido! Acabo de chegar da última edição do ano do 10º Encontro de Web Design, que passou por oito cidades em 2005, encerrando em São Paulo. Foi um prazer, ao final do evento, fazer a entrega dos troféus aos vencedores do concurso Peixe Grande. Parabéns a todos os participantes! E comecem a caprichar para 2006! ;-) Abraços,

cristiane@arteccom.com.br A Arteccom é uma empresa de design, especializada na criação de sites e responsável pelos seguintes projetos: Revista Webdesign :: www.arteccom.com.br/webdesign Curso Web para Designers :: www.arteccom.com.br/curso Encontro de Web Design :: www.arteccom.com.br/encontro Portal Banana Design :: www.bananadesign.com.br Projeto Social Magê-Malien :: www.arteccom.com.br/ong

Criação e edição www.arteccom.com.br

Adriana Melo

Produção gráfica www.prolgrafica.com.br

Distribuição www.chinaglia.com.br

:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.

Considero a maior descoberta, a descentralização do poder. Na internet todos


menu :: 5

apresentação

matéria de capa

pág. 4 quem somos

pág. 32 web2.0 - vamos experimentar

pág. 5 menu

a evolução da internet? pág. 42 entrevista: Felipe Memória

contato pág. 6 emails pág. 6 fale conosco

e-mais pág. 48 estudo de caso: TNT pág. 52 tutorial: Ajax - parte 1

fique por den tro pág. 8 direito na web pág. 10 blog do Pepê

com a palavra pág. 56 usabilidade: Marcos Nähr pág. 58 webwriting: Bruno Rodrigues pág. 60 marketing: René de Paula Jr.

portfólio

pág. 62 bula da Catunda: Marcela Catunda

pág. 12 selo peixe grande

pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

pág. 13 selo peixe grande - agência pág. 25 selo peixe grande - freelancer


6 :: emails

Assunto:

Emprego

Assunto:

Charlie Brown Jr.

Bom dia! Moro em Brasília (DF) e

Estou escrevendo para agradecer

devo realmente admitir que essa

a matéria, ficou excelente e

área de Design e Web juntas é

toda a equipe adorou. Só aqui

muito atrativa, porém tenho uma

vocês venderam 13 exemplares

dúvida em questão e gostaria de

(risos), além do que eu dei para o

Gostaria de parabenizá-los

obter ajuda. Estou finalizando um

Chorão. Colocamos no site oficial,

pelos dois anos da revista.

curso técnico, adquiri o último

para que os fãs leiam. Muito

Infelizmente, não acompanho

exemplar de vocês (parabéns

obrigada pelo espaço, foi de

vocês desde o início, eu só tenho

pelo mesmo) e constatei a ênfase

extremo valor nesse momento tão

as duas últimas edições (23 e

que deram a graduação, porém

importante para a minha empresa.

24). Deveria ter conhecido vocês

queria mais informações em

Vamos lá: a minha sugestão é

desde o começo. Também queria

nível técnico, por favor. Vocês

devido as solicitações freqüentes

dizer que o modo como fazem

poderiam me orientar por onde

que recebo de estudantes para

a revista é fantástico, os textos

devo começar, como, que tipo de

conhecer uma produtora web

são gostosos de ler e prendem

Flavia, seu pedido é uma ordem! Vá

empresas, escritórios ou estúdios

em seu dia-a-dia: uma matéria

mesmo a atenção do leitor, do

até a página 42 e confira. Espero

(de que?) deveria dar início a

mostrando os bastidores das

começo ao fim. Ganharam mais

minha caça ao emprego?

produtoras, sua estrutura,

um leitor, viu? Achei todas as

Márcio Elias guigui3@hotmail.com

decoração, ambientes etc.

seções da revista nota 10 (a

Assunto: É pra já! Na revista de setembro, o assunto “Segurança na internet” foi comentado por Felipe Memória. Ele acaba de lançar um livro sobre usabilidade na web. Vocês podiam fazer uma entrevista com ele. Pensem com carinho. Flavia Duarte flaviabraga@brjbank.com.br

que goste...

Assunto:

Parabéns pelos dois anos!

Márcio, realmente estamos em

Ludmilla Rossi www.mktvirtual.com.br

falta com o pessoal que atua

Olá, Ludmilla.

como freelancer e com quem está

É ótimo começar o dia assim,

e gostaria de saber se vocês

iniciando na profissão. Dessa forma,

recebendo uma mensagem dessas! :-)

têm uma informação para me

vamos colocar nossa equipe para

Agradeço suas palavras e direciono

- Gerenciador de conteúdo),

passar, é urgente! Preciso saber

preparar um material especial nas

os elogios para toda a equipe da

e fiquei curioso. Já conhecia

a quantidade de portais web no

próximas edições. Obrigado pela

Webdesign, que vem trabalhando

alguns deles (phpBB, Zope,

BRASIL. Obrigada.

observação!

duro para tornar a revista cada vez

Php-Nuke, Postnuke, Xoops),

melhor. Parabéns para o trabalho de

mas um que está ganhando

vocês, que permitiu que fizéssemos

espaço rapidamente é o Joomla!

o nosso. Acho sua sugestão de

Gostaria muito de ver um tutorial

Assunto: Estatísticas Sou estudante de comunicação

Marilisi Lemes lisi_lemes@hotmail.com

Assunto:

Onde encontrar?

Olá, Marilisi.

Bula da Catunda é hilária). Posso dar uma sugestão para futuros Tutoriais? Vocês mencionaram na última edição algo sobre CMS (Content Management System

Para responder sua dúvida,

Gostaria de saber quando a

recorremos a duas especialistas:

revista Webdesign estará à venda

Ana Luiza Murr, da UOL - Links

aqui em Fortaleza-Ceará.

Patrocinados, indica o site da

Michelle Lima shelysilva23@yahoo.com.br

Hostmapper Brasil

Oi, Michelle.

(http://www.hostmapper.com.br)

A revista já começou a ser

Já Erica Saito, da Verisign, informa

distribuída em todo o país. Quem

ótimo exemplo no uso de CMS

que são 85,6 milhões de domínios

não encontrar a revista, basta

(no caso, Zope). Uma questão

registrados no mundo. No Brasil,

enviar um email, com seu bairro e

importante, que não podemos

cidade, para arteccom@arteccom.

esquecer na hora da escolha desses

com.br, que solicitaremos à

gerenciadores, é a segurança. A

distribuidora a indicação das

previsão é que seja publicado um

bancas mais próximas onde a

“Emais” sobre o assunto, na edição

revista pode ser encontrada.

de março. Aguarde! Abraço, Luis.

são 900 mil domínios: 75% seriam os sites existentes (675 mil).

reportagem muito oportuna! Vou levá-la para nossa próxima reunião de pauta, ok?

explicando como configurar e usar esse sistema, já que quase todo mundo está usando.

Grande abraço,

Fernando Farto axl_farto@yahoo.com.br

Luis Rocha

Oi, Fernando, sua sugestão

fale conosco pelo site www.arteccom.com.br/webdesign :: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.

é oportuna! O SERPRO é um



8 :: direito na web

Direito à imagem Qual a diferença entre expor a foto de uma pessoa famosa e uma anônima no meu site? Posso ser processado por colocar foto de pessoas famosas no meu site? Luiz Eduardo Silva

O d i re i t o à i m a g e m é a s s e g u r a d o

ses eventos estariam renunciando à sua

por nossa Constituição Federal e, a prin-

privacidade, não havendo, portanto, que

cípio, a imagem de uma pessoa só pode

se falar em violação do direito à imagem

ser divulgada mediante autorização da

daquelas.

mesma.

Marianna Furtado é advogada com pós-graduação em Direito da Propriedade Intelectual pela PUC-Rio. Atualmente, pertence à

O website que expor uma pessoa em

Entretanto, a questão não é simples e

sua casa, sem o seu consentimento, pode-

deve ser analisada considerando aspectos

rá estar invadindo sua intimidade. Mas, se

como: a notoriedade da pessoa retratada,

a pessoa retratada estiver em local públi-

os interesses públicos e culturais, o direi-

co, não há qualquer problema.

to à informação, a presença do sujeito em

Ressalte-se que se a utilização da

equipe do escritório

cenário público, pois nessas hipóteses,

imagem tiver cunho comercial ou de pu-

Lioce Advogados.

por exemplo, a divulgação da imagem

blicidade, tal utilização sempre deverá ser

Envie sua dúvida para:

não necessita consentimento algum do

veiculada mediante autorização.

Montaury Pimenta, Machado &

marianna@montaury.com.br

retratado. Isso porque o entendimento de nossos tribunais é de que o âmbito de privacidade de uma pessoa de renome, com vida pública ou destaque social, é menor justamente pelo interesse que sua intimidade desperta. Até mesmo porque, alguns aspectos da vida particular de uma pessoa pública são de interesse social, por representarem um modelo para a sociedade. No caso de pessoas anônimas que aparecem em público, como nos “reality shows”, desfiles de carnaval, maratonas e eventos públicos em geral, pressupõese que ao se apresentarem publicamente, possuem a consciência de que estão sujeitas a serem filmadas ou fotografadas. Assim, o entendimento dos tribunais é de que as pessoas que participam des-



10 :: blog

Bloguices

By Margarida Flores margarida.flores@hotmail.com

Abre alas para o Bloguices Já vou avisando que, tudo aqui escrito foi pesquisado, exaustivamente estudado, cansativamente visitado. Eu entrei e saí mil vezes pra checar os links, pra ver se a informação prestava, pra falar no telefone, tomar um banho, etc... Fui convidada pra escrever aqui porque os caras que o povo da revista convidou estavam ocupados “com outros projetos”. Daí fez-se a luz e meus cinco minutos de fama chegaram nessa edição. Por favor, participe comentando o que você achar que vale a pena comentar, mas não vá perder muito o seu tempo. Eu não sou uma pessoa muito aberta a críticas. Pergunta: - QUEM SOU EU? Resposta: - E QUEM SE IMPORTA? Enquanto isso... Dizem que o Mundo Ponto Com é uma ervilha. E todos os pontos convergem pro com. Quer saber?

O Design do Rio é Carioca. E foi dada a largada da 3ª edição do prêmio RIOfazDESIGN 2006. Inscrições até 04 de fevereiro. Tu faz design? O Rio faz. www.riofazdesign.rj.gov.br

Minha Banda Larga é Maior que a Sua Deu na Info que, o Brasil é o décimo terceiro colocado na lista dos países mais banda largamente ligados na internet. Somos 12 milhões de internautas brasileiros e brasileiras, contra 198 milhões de americanos. Confira o TOP 15 da categoria. http://info.abril.com.br/aberto/infonews/122005/09122005-4.shl

Link diversão eletrônica da semana. Let’s play!

http://www.holylemon.com/AsianArcade.html

Aqui. Aqui. Aqui. Isso. Agora mais pra cima. Isso! Agora mais pra baixo. Isso. Não pára. Não pára. Não pára. Não pára. E um novo vídeo game promete estimular o prazer sexual feminino permitindo toques no corpo, sussurros microfonados e explosões de prazer. Novidade da Nintendo DS para as mulheres que não agüentam mais perguntar: - Você liga amanhã? http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI790705-EI4801,00.html

Momento de Sabedoria - Amanhã será depois de ontem.


blog :: 11

Nova seção!

LINKS BRINDES

A partir desta edição as notícias da seção clipping serão dadas por

Tá sem fazer nada? Até tá fazendo mas quer dar uma enroladinha? Links brindes pra você relaxar. Touchê!

Margarida Flores!

Todos os links estão no site da revista.

Aviso: É pra rir e não pra chorar. Vais assistir o Exorcista? Não perca esse trailer. Nem todos os outros.

Visão Garantida ou sua Córnea de Volta. Pra quem gosta de teclar no escuro, mas ainda não decorou todas as letras do tal keyboard, chega ao mercado internacional a salvação da lavoura digital.

http://www.starterupsteve.com/swf/exorcist_ bunnies.html Seta pra cima e ele sobe: http://www.panlogic. co.uk/zed/fart_game/

Por 45 doláres você terá uma opção acende e apaga no seu teclado.

Curtes Senhor dos Anéis?

Criado pra MAC mas também roda em Windows 98, ME, 2000 ou XP com

http://www.albinoblacksheep.com/flash/

interfaces pra PS2 e USB. Veja você mesmo. http://www.i-rocksusa.com/products/ir6810m.html

hobbits Ache o trevo de quatro folhas e não desista. http://www.game24.co.kr/flash/game. html?gamecode=clover

Cruz Credo como Esse Povo Mente

Dart Vader procurando seu headphone.

Acredite se quiser, mas 2,3 milhões dos domínios registrados pela web são

Proibido pra menores

verdadeiras pegadinhas. De telefones inexistentes a códigos postais errados. E

http://media.putfile.com/starwars5165

isso tudo pra fugir de investigações nos casos de roubo de identidade e fraudes on-line. Leia mais em...

Vai pro trono ou não vai? http://media.putfile. com/SweetChilddoBau330 Depois do natal vem o carnaval. Prepare-se.

http://idgnow.uol.com.br/AdPortalv5/InternetInterna.aspx?GUID=B841C0E0-

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C311-47E1-9904-1B09A29F76D0&ChannelID=2000012

Sucesso! Sucesso! Loucura! Loucura! Loucura! Não é nada disso.

Literatura On-line Obrigatória para desopilar o fígado. www.cocadaboa.com E veio do tabuleiro do Cocada Boa esse maravilhoso link.

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O que você vê? Opa! O que é isso? Será que é isso mesmo? Nossa! http://b3ta.com/features/phalliclogoawards/

Que coisa mais inútil e barulhenta. http://www.yonkis.com/imagenes6/ tititatitututu.htm

DIVERSÃO X PROPAGANDA

FLASH BACK.

Vende mais por que é engraçado ou é engraçado por isso vende mais?

DOCES LINKS DO PASSADO.

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O primeiro link idiota a gente nunca esquece. Roubaram seu grampeador? No problem.

Em breve entrevistas com os maiores nomes do desconhecido mundo em que

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vivemos. Mais notícias, mais links, mais sessões, mais coisas mais, muito mais.

RÁDIO DO MÊS A mais tocada. Três em cada cinco Hds preferem a Club 99. http://www.club977.com

LÊ AÍ VAI. Sessão leitura obrigatória http://www.idgnow.com.br http://www.climatempo.com.br http://www.wikipedia.org


12 :: peixe grande

nais autônomos ou ria chegou ao fim! Foram A pesca fissio o defin r p co idas as dez agências e os cin quem ficaria com e r s c o m o s m e l h o re s p o r lha de f re e l a n c tfóli o c s e os bra s i l e i ro s d e s i t e s e m 2 0 0 5 . A e Grande foi acirrad x ram ao prêmio. i e P o l e a: m c o r re os n o c ais de s 5 0 0 a g ê n c i a s e p ro f i s s i o n a i

úblico elegeu 3 ã o d o s m e l h o re s p o r t f ó 0 a, o p A seleç lios r i e im ocorr r p a N eu em duas etapas. por Adriana Mel s e 1 5 f re e l a n c e r s . E m s e g o mado agência r uida o f , um jú eb, w m e ri de especialistas m ) , C l a u d i o To y a m a ( B r ) , M a rc o s N ä h r ( D e l l ) (Artecco and (USP r e Exper r ience /Studio), Luli Radfah você vai conhece l Schwartzman (10’Minu r ição, e Miche tos) d e , sele sta e N . c s i e o r nou os vencedo o eles! quem sã


peixe grande - agência :: 13

ABID

(Agência Brasileira de Internet e Design)

Case: Restaurante São Judas Tadeu Demarchi http://www.restaurantesaojudas.com.br

http://www.abid.com.br

Criatividade como ferramenta de trabalho Projetos exclusivos e de qualidade. Essa é a direção de trabalho na ABID, criada pelo designer Renato Rocha. “ Q u a n d o c o m e c e i , t r a b a l h a v a c o m o f re e l a n c e r p a r a algumas agências de propaganda e via que a web não recebia a devida atenção. Dessa forma, percebi um nicho de mercado onde poderia desenvolver um trabalho mais personalizado”.

Como destaque de 2005, a ABID apresenta o projeto do site do restaurante São Judas Tadeu Demarchi. “Isso se faz não só por ser um dos maiores restaurantes do Brasil, mas também pela grandiosidade do projeto, que está somente na primeira fase”, explica Renato. Os números parecem confirmar tamanho otimismo: as estatísticas de acesso têm mostrado um aumento significativo no número de visitas ao site. Talvez a explicação para esse crescimento esteja no oferecimento de diversas formas de fidelização aos clientes, através de cupons de desconto e prêmios (como jantares em datas especiais, ingressos para shows etc).

Com apenas um ano de existência, a empresa já conheceu alguns obstáculos que cercam o segmento. “A falta de capital para investimento em tecnologia foi a principal dificuldade encontrada neste início”, diz. O aprendizado diante das dificuldades serviu para que a ABID criasse uma metodologia própria na execução de projetos. “Oferecemos um sistema de desenvolvimento de sites, que consiste em algumas etapas fundamentais: identificação do mercado e público-alvo, planejamento, design, lançamento e manutenção”.


14 :: peixe grande - agência

Aldeia

Agência deInternet

http://www.aldeiainternet.com.br

Especializada em estratégias de relacionamento

Case: Piccadilly http://www.piccadilly.com.br

Projetar um site tão elegante e confortável quanto os calçados. Esse foi o desafio proposto pela Piccadilly,

Criada em 1996, época do surgimento da internet

prontamente aceito pela Aldeia. “O primeiro passo foi

comercial no país, a Aldeia tem muitas histórias para contar.

traduzir a essência da Piccadilly em uma estrutura simples,

“Os primeiros desafios foram demonstrar a utilidade da

fácil de usar, delicada e atraente. O site fala a linguagem da

internet nos negócios e aprender a criar e produzir para o

mulher que deseja elegância, sem abrir mão do conforto”.

novo meio. Além de vender nossos serviços, ensinávamos

A próxima etapa seria torná-lo dinâmico. “É um site

ao mercado o que significava a World Wide Web. A rede

camaleão que muda seu visual de acordo com a coleção

evoluía rápido e adicionamos tecnologia ao design para

vigente, sem perder funcionalidade. Em 2005, a Aldeia

entregar sites dinâmicos, oferecer serviços online, criar

desenvolveu as versões Outono-Inverno e Primavera-

comunidades e outras ações digitais”, relata Tatiana

Verão”.

Brugalli, responsável pela Gestão de Negócios.

Tudo isso para que o site se tornasse peça central de uma estratégia de relacionamento digital, envolvendo: newsletter, campanhas, promoções virais e produção de conteúdo por jornalistas especializados em moda.

A experiência adquirida permitiu que a empresa desenvolvesse soluções sólidas, criativas e adequadas às necessidades dos clientes. “Nossos projetos passam por quatro macro abordagens: Estratégia, Design, Tecnologia e Conteúdo. Somos uma agência digital especializada em estratégias de relacionamento”.


peixe grande - agência :: 15

Asterisco

Designers Associados

Case: ANC Turismo

http://www.asterisco.ppg.br

http://www.ancturismo.com.br

Da Publicidade para o Webdesign

A conquista da conta da ANC envolvia um grande

A história da empresa se inicia em julho de 2002,

desafio: apesar de ser uma agência de Turismo de alto nível,

quando os “futuros sócios” se conheceram ao trabalharem

enfrentava problemas de identidade visual, que não trazia

em uma agência de publicidade. A empatia entre os três foi

os resultados esperados na comunicação com o público-

tanta que, em janeiro de 2003, João Garrido, Bruno Neves

alvo, principalmente no site da empresa.

e Marcelo Moura fundam a Asterisco Designers, com sede em Niterói - RJ.

“Com a veiculação da Asterisco como detentora do prêmio ‘Top 3’ iBest 2005, o cliente tomou conhecimento do nosso trabalho. Fomos contratados para reformular a identidade visual com foco na reconstrução do site da empresa. Com o novo site, mais dinâmico e interativo, desenvolvido com a tecnologia Flash, a ANC Turismo é reconhecida hoje como empresa modelo em seu segmento, de comunicação exemplar e de forte fidelização de seus clientes. Seu site tornou-se referência por conquistar selos de qualidade em diversas galerias nacionais e internacionais”, revela Bruno.

“De início, a maior dificuldade foi justificar aos clientes os valores cobrados pelos ‘jobs’, estipulados de acordo com a qualidade e eficiência que demonstram o diferencial de uma agência séria e comprometida”, conta Bruno. A aposta nessa filosofia deu resultados: em seu primeiro ano de vida, a Asterisco conquistou o 1º lugar no concurso de sites do 7º Encontro de Web Design; no segundo ano, foi finalista do Prêmio iBest (“Top 3”, categoria de Agências e Produtoras) e do Plug In Website Awards e vencedora do Peixe Grande 2005.


16 :: peixe grande - agência

Bolt Brasil

Case: BH Shopping

http://www.bolt.com.br

http://www.bhshopping.com.br

Seis anos pensando na frente Em agosto de 1999, a união de três profissionais (um designer, um comercial e um administrador) selaria o surgimento da Bolt Brasil.

Trocando informações com o cliente, a Bolt descobriu que a versão anterior do site não atendia as necessidades dos usuários, pois apresentava problemas no uso da interface e o tamanho médio de seus arquivos era grande, prejudicando quem navegava em conexões mais lentas. “Através da análise desses problemas e das pesquisas com o público-alvo, três pontos foram definidos como mais relevantes para o novo site: melhorar o acesso às informações (principalmente as mais procuradas: horários do cinema, relação das lojas etc), diminuir ao máximo o peso total do site e recuperar a imagem do shopping, com uma divulgação inteligente das promoções e eventos”, detalha Marco.

“A empresa foi totalmente planejada antes de sua criação e precisávamos transformar esse planejamento em ações reais. No início, o maior obstáculo foi mostrar para o mercado que a Bolt existia e que nosso trabalho era diferenciado em relação à concorrência. Não foi fácil iniciar um negócio com investimento mínimo e sem nenhum cliente, mas as grandes dificuldades sempre nos motivaram nestes seis anos”, conta Marco Antônio Estanislau, diretor de planejamento. O s u c e s s o n ã o d e m o r a r i a a a p a re c e r. “ U m a d a s primeiras realizações foi ganhar a conta do segundo maior shopping de Belo Horizonte (DiamondMall). Em seguida, ganhamos o Grand Prix (Ouro, Prata e Bronze) e fomos finalistas no Anuário do Clube de Criação de Minas Gerais, além de ter conquistado o Grand Prix de melhor webdesigner no mesmo festival”.

O resultado final? “Todos os objetivos foram cumpridos e o site contribuiu para o aumento da satisfação dos clientes e lojistas do BH Shopping”.


A


18 :: peixe grande - agência

Case: Colégio Salesiano Santa Terezinha

Dzain Comun1cação http://www.dzain.com.br

http://www.salesianost.com.br

No ano passado, o principal projeto da Dzain foi o redesenho do site do tradicional Colégio Salesiano, da

O acaso que deu certo

Zona Norte de São Paulo. “A proposta era modernizar

A história da Dzain começou quase sem querer. “Em

a identidade visual de uma escola com mais de 20 anos

2001, quando Junior formou-se pela Escola Pan-americana

de tradição. A iniciativa de nos chamar partiu de um

de Arte, já contava com alguns clientes e parceiros de

dos professores do colégio. Luiz Felipe Zancarli já havia

pequeno e médio porte. Ao mesmo tempo, eu terminava o

trabalhado junto à nossa empresa na administração e design

curso de Design Gráfico pela UCLA Visual Arts. Foi por meio

do site Futgame.com, ganhador de dois TOP 3 iBest”, diz

de uma entrevista de Júnior Cardoso à revista Zupi Design,

Fernanda.

que o conheci e montamos a agência. Mais tarde, para

Com o conceito definido, era hora de colocar a mão na

reforçar a área de vendas, juntou-se à sociedade Euclydes

massa. “Construímos toda a estrutura visual baseada nas

de Oliveira, que por muito tempo exerceu a função de mídia

três cores primárias: azul, amarelo e vermelho. Utilizamos

em grandes agências de publicidade e propaganda”, revela

alguns ícones de grande importância histórica, aliados à

Fernanda Quintana, sócia-diretora de arte.

imagens atuais. Em algumas partes pré-estabelecidas do site, foram inseridas animações em Flash: no topo e apresentação das áreas de ensino. Depois de finalizado o trabalho, ainda criamos o banner Saletur, onde pais e alunos interessados podem fazer uma visita virtual pelas dependências do colégio”.

Passados três anos de existência, a empresa já trilha seu próprio caminho. “Somos um estúdio de criação, que combina qualidade e preço acessível, além de trabalhar com ousadia e intensa criatividade”.


A 19


20 :: peixe grande - agência

Case: Pimenta Promoções

Enova Interactive

http://www.pimentapromocoes.com.br

http://www.enova.com.br

Somando conhecimentos Junte um gerente de planejamento estratégico, um webdesigner e um webdeveloper. Da união desses ideais que surgiu a Enova, que já contabiliza mais de seis anos no segmento web.

Ousadia no tema proposto em sua concepção. Com este mote, começamos a descobrir o porquê da escolha da Pimenta Promoções como case de destaque da Enova em 2005. “Tínhamos o desafio de fornecer uma solução total“Durante muito tempo, estudamos aspectos como

mente dinâmica, no qual o cliente pudesse administrar as

mercado, comportamento, necessidades, projeções de cres-

principais áreas de informação do website, utilizando uma

cimento, investimento e tudo que estava ao alcance para

ferramenta simples, intuitiva e segura”.

iniciar o negócio com maturidade, segurança e uma política

Outro ponto importante envolvia a forma como o site

verdadeiramente focada naquilo que mais desejávamos e

seria apresentado. “Eram dois públicos distintos: de um

acreditávamos: o resultado”, explica Marcelo Batschaver,

lado, os usuários que teriam a experiência de associar a

sócio-diretor da empresa.

comunicação visual com o espírito pujante da empresa. Do

Para ele, o compromisso está na busca de ferramentas

outro, a própria empresa que administraria o conteúdo do

funcionais para alcançar o sucesso. “A satisfação máxima

site utilizando um banco de dados MySQL, com PHP, Action

não só nos trabalhos executados, mas num atendimento

Script e Flash”, relata Marcelo.

comprometido e diferenciado. Nosso lema é somar os resul-

O resultado não poderia ser melhor: maior produti-

tados fazendo das conquistas a nossa história”, completa.

vidade, redução dos investimentos em manutenção e no tempo de atualização das informações na web.

20


peixe grande - agência :: 21

EverMedia

Case: ICI Paints - Tintas Coral Interactive Marketing

http://www.tintascoral.com.br

http://www.evermedia.com.br

A conta foi conquistada apesar da concorrência com Desenvolvendo ações inéditas na web

outras grandes agências. “O projeto, que durou nove

A agência Evermedia nasceu dentro da multinacional

meses, envolvia o desenvolvimento do website para quatro

EverSystems para absorver os trabalhos das agências de

países e campanha online de divulgação”.

publicidade e comunicação que atendiam a holding do mer-

Um dos destaques do novo site está na ferramenta

cado de tecnologia. “Começamos como um departamento

para simulação de cores em ambientes. “Ela é inédita no

de comunicação e marketing da empresa e passamos a criar

mercado brasileiro e permite ao usuário escolher imagens

a comunicação e todo front end de seus produtos e solu-

de cômodos e fazer diferentes combinações de tonalidades

ções tecnológicas. A principal dificuldade das agências era

nas paredes, rodapés e móveis”, completa Heloísa.

entender o negócio da EverSystems e conseguir transmitir a

Na divulgação, foi feita uma ação especial no portal

mensagem desejada ao mercado”, revela Heloísa Ticianelli,

Yahoo!. “Ao clicar no banner das Tintas Coral, com o slogan

gerente de marketing da Evermedia.

‘Escolha uma cor. Qualquer cor.’, o internauta visualizava, durante oito segundos, a home em preto e branco e com todo o noticiário adaptado para temas referentes às cores”, finaliza.

A experiência serviu para mostrar um mercado promissor. “Os clientes do setor bancário da EverSystems também tinham necessidade de terceirizar suas demandas da área de comunicação para uma empresa que tivesse know-how nesse mercado. Em 2003, nos consolidamos como unidade de negócios e, além das instituições financeiras, conquistamos clientes de outros segmentos. Temos no portfólio empresas como ICI Paints - Tintas Coral, Net, Unibanco, Ultragás, Carmim, Citibank etc”, diz.

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22 :: peixe grande - agência

Mkt Virtual

Case: Charlie Brown Jr. http://www.charliebrownjunior.com.br

http://www.mktvirtual.com.br

Transmitir toda a energia de uma banda de rock na Jovem, criativa e competente

web. O desafio da Mkt era o novo site do Charlie Brown Jr.

Fundada em 2001, a Mkt Virtual é um belo exemplo

“A conta foi conquistada após quatro anos de contato, mas

de persistência. “Eu e Maurício Matias começamos em um

aconteceu no momento certo, da banda e da produtora. A

pequeno espaço. Tínhamos apenas um computador em-

originalidade e design estão diretamente ligados aos fãs:

prestado”, lembra Ludmilla Rossi, sócia-proprietária da

o visual é moderno, usando a estética da grafite, da arte na

empresa.

rua e do skate em um cenário navegável”. Para que esse conceito fosse concretizado, a escolha da tecnologia era um passo importante. “Usamos Flash com XML integrados, que dão velocidade no acesso às informações, como vídeos e fotos exclusivas do Tour Reports, seção que relata o dia-a-dia da banda, shows e bastidores, atualizada remotamente”. A repercussão do projeto não poderia ser melhor. “Fomos contemplados com o reconhecimento do mercado, da imprensa e do próprio cliente. Foram mais de 15 milhões

Nada que abalasse a garra da dupla. “Conseguimos o primeiro cliente logo no primeiro mês. Com esta receita, compramos outro equipamento para que pudéssemos trabalhar sem revezar a mesma máquina. O crescimento da empresa foi exponencial apesar das inúmeras dificuldades, comum em todas as pequenas empresas no Brasil, onde o jovem empresário precisa de muito fôlego para crescer”, diz. A realização é enorme. “Fazemos o que amamos, geramos empregos e proporcionamos a toda equipe evolução profissional, constante aprendizado e motivação para continuar neste mercado exigente, porém apaixonante”. E os frutos aparecem nos números: hoje, a Mkt Virtual conta com 10 colaboradores, mais de 120 projetos e uma nova sede.

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de hits em dois meses, com estatísticas que continuam surpreendendo”.


peixe grande - agência :: 23

STAGE3

Case: cantora Anna Luisa

Soluções Digitais

http://www.stage3.com.br

http://www.annaluisa.com.br

O projeto em destaque no ano de 2005 foi justamente

Satisfação dos clientes como resultado final

o primeiro que a empresa desenvolveu em sua nova fase.

Encarar desafios faz parte da história da Stage3. Para

“É o site da cantora Anna Luisa, que faz parte da nova safra

se ter uma idéia, logo no primeiro ano de atividade, a em-

de músicos da MPB, realizado em parceria com a designer

presa inicia a participação em projetos ambiciosos, como o

Cláudia Lobato. Cláudia ficou responsável pelo projeto

primeiro ciberfilme brasileiro, ‘Virtualidade Real’, premiado

gráfico e design do site e a Stage3 ficou responsável pela

no 6º Festival de Cinema em Curitiba.

produção, desenvolvimento e manutenção do mesmo”.

No final de 2004, a empresa enfrentaria sua maior dificuldade. “Perdemos uma conta muito representativa e já contávamos com um escritório montado e estagiários

O objetivo era criar um website funcional, com uma

contratados. A solução, para não finalizar as atividades

boa linguagem visual e que pudesse mostrar o trabalho de

em 2005, foi transformar a empresa em uma Home Office,

Anna Luisa como cantora e compositora, usando a internet

além de convidarmos o designer Leonardo Maia para fazer

como um canal de comunicação.

parte da sociedade”, cita Gustavo Loureiro, sócio-diretor de marketing. Apesar das dificuldades, o bom relacionamento com os clientes não foi afetado. “Atualmente, atendemos a pe-

“Usamos e abusamos do Flash neste projeto. Temos acompanhado as estatísticas e os comentários dos colegas e admiradores da cantora em seu livro de visitas e em sua comunidade no orkut e os resultados são excelentes”.

quenas, médias e grandes empresas. Nosso maior prêmio é ter nossos clientes satisfeitos com os resultados”.

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24 :: peixe grande - agência

W3Haus

Case: Hotsite Ipanema Gisele Bündchen

http://www.w3haus.com.br

http://www.ipanemagiselebundchen.com.br

Sem medo de inovar, nem de arriscar

Desenvolver o site da última campanha da sandália

O embrião da W3Haus surgiria no StudioWeb, núcleo

Ipanema “Gisele Bündchen”, onde a modelo aparece toda

de desenvolvimento web da Nutec/ZAZ (hoje Terra), onde

tatuada, foi o projeto de destaque da W3Haus em 2005.

os sócios Alessandro Cauduro, Francisco Baldini, Rodrigo

“Utilizamos este mote para apresentar a campanha e contar

Cauduro e Tiago Ritter trabalhavam.

a história da tatuagem. A W/Brasil ficou responsável pelas fotos. A execução do projeto do site foi realizada por nós”. Assim, para atrair a atenção dos internautas, foi criada uma promoção exclusiva no qual é possível, virtualmente, tatuar a modelo. “O resultado foi um sucesso com milhares de participações do Brasil e exterior. Criamos também o ‘Tatoolog’, espaço para o público enviar fotos de suas tatuagens e publicá-las em uma galeria. O conteúdo se tornou uma das seções mais acessadas do site. O projeto

“Vislumbrávamos a possibilidade de fazer uma empresa com trabalhos inovadores. Desde o início, a empresa já tinha uma formação multidisciplinar (TI, publicidade, arquitetura e jornalismo), resultando em um grande diferencial para oferecer soluções completas de projetos para internet”, explica Alessandro, diretor de TI. Porém, era preciso vencer alguns obstáculos. “A maior dificuldade era administrar a empresa, pois nenhum sócio tinha formação nessa área. Graça a qualidade dos nossos trabalhos, nos destacamos no mercado e rapidamente conquistamos novos clientes”. O relacionamento duradouro com os clientes é apontado como a maior conquista. “Temos o prazer de trabalhar com empresas como Tramontina, Grendene, Rider, Dellanno, SESI-RS, SevenBoys e Sanremo”.

24

foi desenvolvido em Flash e envolveu muita programação ActionScript e interação com base de dados via XML”.


peixe grande - freelancer :: 25

André Rodrigues

Case: Banda Valvulla http://www.valvulla.com.br

http://www.rodriguesdesign.com.br

Para André, desenvolver o site da banda capixaba ValFascínio pelas mídias interativas Ao entrar para a faculdade de Desenho Industrial na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), André tinha uma única certeza em mente: que trabalharia com criação. “A probabilidade de me especializar em impressos e logotipos era bem maior. Porém, ao cursar algumas disciplinas específi cas, fi quei fascinado com as possibilidades proporcionadas pelas mídias interativas”, revela.

vulla foi um dos grandes prazeres em 2005. “As restrições eram mínimas e a criatividade foi um fator decisivo para que o projeto fosse bem desenvolvido. Por ser um site ousado, com uma estrutura de navegação atípica e com muitas tecnologias diferentes envolvidas, diversos detalhes tiveram que ser considerados, a fim de que o público-alvo se identificasse com o resultado final”, explica. Assim, vários estudos foram realizados com o intuito de fazer com que o internauta conhecesse a banda de uma maneira incomum, porém eficiente, já que ela é relativamente nova e com pouca projeção nacional. “O projeto exigiu diversas horas de trabalho, visto que os detalhes eram primordiais para a construção de uma interface agradável e adequada ao estilo visual e musical explorado pela banda. Ele foi desenvolvido em parceria com André Rios e as principais tecnologias utilizadas foram Flash, XML, PHP, MySQL, 3D Studio”, finaliza.

Além disso, colocar os conhecimentos adquiridos ao longo da universidade na prática (estagiando em agências e trabalhando como freelancer) foi fundamental em sua formação profissional. Sobre as principais dificuldades que enfrentou no início de sua minha carreira, ele aponta a imaturidade. “Não posso deixar de citar o baixo valor que comumente é atribuído ao design no Espírito Santo. Devido à escassez de profissionais, há um grande número de pessoas vendendo design a ‘preço de banana’, o que, além de outros fatores, dificulta bastante a formação de um mercado ético e justo”, critica.

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A 26



28 :: peixe grande - freelancer

Daniel Lemos http://www.dlspublicidade.com.br

o site e multimídia para o McLanche Feliz (McDonalds) e trabalhar na equipe de criação da Rapp Digital (consegui shortlist em Cannes e no MM online | MSN 2005 e ser fi-

Mexendo com emoções e experiências Depois de um ano trabalhando, todo dia, de terno,

nalista no Peixe Grande 2005)”, afirma.

gravata e com criação offline, Daniel resolveu mudar sua vida e tentar uma nova oportunidade. “Queria algo mais

Case: The Factory Buffet

interativo, que mexesse mais com emoções e experiências

http://www.thefactorybuffet.com

das pessoas. Comecei a enviar meu portfólio por e-mail e

Em 2005, Daniel destaca a produção do novo site

a me cadastrar em alguns sites da área. Acho que foi des-

da empresa de eventos The Factory Buffet. “Tenho esta

tino, em uma semana estava indo para uma agência onde

conta há quase três anos. O processo criativo foi muito

desenvolviam sites e CD-ROM”, relata.

interessante e a participação do cliente foi fundamental. O layout foi inspirado nas obras do pintor Caravaggio, com sombras, tons escuros e detalhes ‘rococó’, resultando em um design moderno e com estilo. A ‘mixagem’ da música com os efeitos traz a sensação ao usuário de estar dentro de uma festa ou evento”, afirma.

Como seu foco era internet, ele continuou sua caminhada em busca de novos ares. “Até que surgiu a oportunidade de fazer um layout animado para o novo site da Eucatex. Foi uma corrida contra o tempo: Flash 3.0 em uma semana, noites sem dormir e a ansiedade de chegar o grande dia. Chegou, layout aprovado e eu estava na equipe de criação online”, conta. O investimento trouxe retorno. “É uma área fascinante onde tenho inúmeras realizações. Destaco, dentre elas,


peixe grande - freelancer:: 29

Case: Philishave

Marcelo Bruzzesi http://www.bruzzesi.com

De Mogi das Cruzes para o mundo Foi no interior de São Paulo que Marcelo iniciou sua caminhada profissional na internet. “Comecei a trabalhar mesmo com web, em 2001, no Jornal Mogi News, lá na cidade de Mogi das Cruzes. Com o tempo fui juntando uma grana e fazendo alguns cursos, me aprimorando, até que resolvi vir trabalhar na capital”, diz.

http://www.philishave.com.br

Do seu portfólio, Marcelo cita o projeto do site da Philishave, onde atuou na direção de arte e animação. “Foi um verdadeiro desafio desenvolver este trabalho, pois fomos cobrados desde o início para que o site fosse diferente dos demais. Por isso, as palavras dinamismo, modernidade, tecnologia e interatividade não poderiam sair das nossas cabeças”. E para que isso acontecesse, o Flash foi um dos grandes aliados. “O site tem formas curvilíneas para acompanhar a linha de produtos que tinha, em seu próprio design, muitas curvas. Ele foi desenvolvido em Flash, com todas as passagens de páginas animadas por Action Script. Assim, você pode, além de saber mais sobre toda a linha, rotacionar os aparelhos para conhecê-los melhor, assistir um vídeo com o atleta Robert Scheidt falando sobre os produtos ou ainda fazer um teste de economia”, revela.

O espírito desbravador de Marcelo seria reconhecido: ao longo desse período já acumula experiência em diversas agências (Rapp Digital, Connect Group e Tenda Digital). “Na Rapp Digital, por exemplo, tive meu primeiro contato com o clima de agência, pois ainda não sabia o que era um briefing, um deadline, um brainstorm etc. Agora, estou como freelancer, desenvolvendo trabalhos bem legais. Além de trabalhar com web, também ilustro estampas para camisetas”, conta.


30 :: peixe grande - freelancer

Case: FGV Direito Rio http://www.direitorio.fgv.br

Marcio Bomfim http://www.marciobomfim.com

Curtindo interfaces e atacando de freelancer De 1999 até os dias atuais, Marcio Bomfim acumula a vivência de estágios e trabalhos em empresas de pequeno, médio e grande porte, como Filial Web, TD Web, Marlin e Globo.com. Essa experiência serviu para aprender algumas lições. “No início, minha maior dificuldade foi a falta de informação. É um meio fechado, onde dificilmente as pessoas trocam experiências com quem está fora do mercado”.

Comprometimento. Essa é a palavra-chave para entendermos como Marcio conquistou a conta de desenvolvimento do novo site da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Foi algo curioso, pois tivemos uma concorrência de três outras agências e ganhamos pela proposta de comprometimento, o que é Apesar dos obstáculos, Marcio conseguiu aproveitar a oportunidade. “Nas empresas que passei, participei de projetos como Big Brother Brasil 4, Jornal Nacional, Zoom, Santander, APAE, João Fortes Engenharia, Shering-Ploug etc. Atualmente, sou designer da equipe de criação da área de esportes da Globo.com, trabalhando nos produtos do canal (Sportv, Globo Esportes.com, Copa 2006)”, diz. Além do trabalho na Globo.com, ele dedica seu tempo em outros projetos: “como freelancer, peguei projetos como FGV e Governo do Estado do Rio de Janeiro, mais alguns terceirizados, como ALERJ (Campanha do SIM)”.

real. Falo ‘ganhamos’ porque trabalhei em conjunto com a agência e-noxx. Somos pequenos e um grande cliente é tudo que temos. Nas agências maiores, um grande cliente é mais um grande cliente. Com esse argumento, ganhamos a concorrência”, afirma. E o desafio foi grande: o briefing seguia uma linha para afirmar uma posição tecnológica, de futuro, de investimento da Escola, e que prevalecesse o clean. “Definimos a parte criativa e ajustamos também o que eles tinham de impresso e os agradava. É um projeto com ferramentas de atualização 100% integrada ao banco de dados deles, incluindo blogs, enquetes, flashs ilustrativos para cada seção e cadastramento de conteúdo”, relata.


peixe grande - freelancer:: 31

Case: Portal GRS-UFPE 3.0 http://www.grs-ufpe.com.br

Rosenberg Brandt http://www.bergbrandt.com.br

Dentre os trabalhos já realizados, Rosenberg destaca o novo portal (website e extranet) do Grupo de Resíduos Sólidos (GRS) da UFPE, que envolveu

Veia artística

concepção inicial, design, montagem, programação,

A história de Rosenberg Brandt no webdesign se

implementação e atualização. “É um projeto ambicioso do

inicia em 1999, por incentivo de um colega de faculdade.

professor Fernando Jucá, coordenador do GRS, que vem

“Estava no meio do curso Engenharia Civil, quando um

sendo concebido desde o final de 2004, trazendo mais

amigo me deu umas dicas de como fazer um site. Tenho

interatividade e conteúdo”, conta.

uma queda pelo artístico desde criança, sempre gostei

Em

termos

técnicos,

ele

destaca

o

uso

de

muito de desenhar e também estudei música. O que

“XHTML+CSS”. “Utilizei o método de construção Table-

mais me fascinou na área foi o fato de a profissão exigir

less com folhas de estilo em camada para os diversos me-

competências técnicas e artísticas ao mesmo tempo.

dia types. No aspecto visual, procurei trabalhar os tons de

De certo modo, isso se reflete no meu trabalho. Busco

azul seguindo o padrão da versão anterior e respeitando

sempre o equilíbrio entre os dois”, explica.

a identidade visual do cliente. Na Biblioteca Virtual, foi

Por isso, não é de se estranhar que o gosto pela

utilizada uma abordagem de diferenciação dos tipos de

profissão já tenha trazido alguns frutos. “A paixão pelo

arquivos com ícones e cores”. E para realizar tais tarefas,

que faço e as grandes realizações com cada trabalho que

Rosenberg utilizou as seguintes ferramentas: Photoshop,

vai ao ar são os motivadores que me fazem estar há seis

Corel Draw, Dreamweaver, Flash, Vegas Vídeo, ASP, Mi-

anos na profissão estudando e me aperfeiçoando constan-

crosoft Access e SQL Server.

temente. Espero que a vida me reserve ainda muitas alegrias e conquistas com os meus trabalhos”, diz.


32 :: web 2.0

Vamos experimentar a evolução da internet? Marquinhos é um usuário antenado com todas as novidades que surgem na internet. Seus dias de navegação produzem uma intensa experimentação: administra sua comunicação eletrônica no Gmail, faz novas amizades e reencontra antigos amigos no Orkut, mantém um Álbum Digital no Flickr, colabora regularmente no Wikipedia para construção do significado de determinadas palavras e expressões, alimenta e compartilha sua coleção de links favoritos no del.icio.us e monta sua central de informações publicadas nos sites de seu interesse pelo Bloglines.


web 2.0::33

Por acaso, o perfil de nosso bravo internauta coincide com o seu? Caso sim, você e ele são alguns dos usuários que participam de um novo conceito no uso da internet, chamado Web 2.0. Apesar de ser um assunto que só tomou corpo no Brasil a partir do segundo semestre de 2005, o tema já vem sendo pensado e debatido lá fora há dois anos. É o que diz o site Wikipedia, um dos que melhor representa esse movimento, quando consultamos o significado de Web 2.0. Web 2.0 Conference

X

Confira os principais assuntos discutidos nas edições do evento de 2004 (http://www.web2con.com/web2con/) e de 2005 (http://www.web2con.com/)

Para se ter uma idéia, duas grandes conferências, reunindo profissionais de empresas do porte da Amazon, Google, Microsoft, Yahoo, entre outras, foram realizadas em outubro de 2004 e 2005. E foi a publicação do artigo “What Is Web 2.0” (http://tinyurl.com/743r5), do especialista Tim O’Reilly, em setembro de 2005, que melhor resumiu os ideais que alimentam esse movimento.


34 :: web 2.0

Mas, então, como poderíamos definir essa tal de Web 2.0? “É uma nova dinâmica na utilização da internet, uma evolução nos métodos de produção e consumo de

Curiosidades envolvendo a Web 2.0

conteúdo, onde o usuário ganha um papel mais do que fundamental no processo. O maior desafio é como adaptar os negócios de mídia tradicionais a esta nova realidade: como dar mais ‘voz’ aos internautas, como deixar que eles escolham o que é mais relevante, que ferramentas disponibilizar para que a própria comunidade se autoregulamente etc”, afirma Antônio Coelho, gerente de produtos/aplicativos da Globo.com. Evolução ou revolução? Outra dúvida muito comum está na definição do que representaria o movimento. Segundo o dicionário Houaiss, a palavra evolução significaria

“todo

processo

de

desenvolvimento

e

aperfeiçoamento de um saber, de uma ciência etc.”. Já revolução seria uma “grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza, seja de modo progressivo, contínuo, seja de maneira repentina”. Entendido o significado dessas duas palavras, qual delas seria a mais adequada para classificarmos a Web 2.0? “Evolução, mas querem vender como revolução, é claro. Web 2.0 é só a Web 1.0 repensada e melhorada, como seria em qualquer outro software”, afirma Cristiano Dias, empresário do site Vilago.com.br. Usuários unidos, jamais serão vencidos! Dentre os debates que cercam o assunto Web 2.0, uma das questões que mais aguça a curiosidade dos profissionais é saber o que há de tão especial nesse movimento, quais novidades teremos daqui para frente em termos de desenvolvimento de produtos e serviços na web. A primeira delas estaria relacionada com os aspectos técnicos das aplicações. “O padrão atual está focado

1- Quer saber mais informações sobre um domínio

no levantamento de requisitos, com posterior desenvolvi-

web, usando AJAX? Então, acesse o AjaxWhois.com (ht-

mento do software em três camadas (interface, regras de

tp://www.ajaxwhois.com/)

negócio e dados) numa arquitetura autocontida. Todos os componentes de software da aplicação estão, via de regra,


web 2.0 :: 35

2- “Eu odeio a Web 2.0”. Esse é o desabafo no blog “Inércia Sensorial”, diante de todo falatório envolvendo o tema (http://tinyurl.com/8l5zy)

disponíveis num ‘pacote’ no ambiente final da aplicação. Há, no contexto atual, pouca orientação a reusabilidade e a ‘componentização’. Aplicações mais leves, em arquiteturas fortemente distribuídas, redução dos prazos de desenvolvimento e reuso em larga escala são as promessas da Web 2.0”, afirma Abel Reis, vice-presidente de tecnologia e projetos da Agência Click.

3- Como não poderia deixar de ser, alguns usuários já brincam com toda a atenção que a Web 2.0 vem recebendo: foram criadas ferramentas automáticas para a geração de nomes de empresas Web 2.0 (http://tinyurl.com/a8byj) e para a validação de sites que utilizam conceitos e tecnologias Web 2.0 (http://web2.0validator.com/).

Além dos detalhes técnicos, o movimento poderá modificar o posicionamento das empresas que investem no segmento de internet. “Veremos uma avalanche de novos serviços nascendo a partir de serviços de software e assim por diante, numa arquitetura sobre a qual modelos de negócios inovadores surgirão. Por exemplo, os utilitários agregadores de notícias, capturadas a partir de streams RSS, de certa forma põem em questão o modelo de portais centralizados de notícias, que, por sua vez, atinge o padrão de comercialização de publicidade desses portais. Afinal, para que alguém irá ao portal se pode receber suas notícias direto no agregador?”, lembra Abel. Isso sem falar do aumento gradativo da participação dos usuários na construção dos ambientes digitais. “A grande vantagem é essa: mais poder para o usuário. Ele 4- E se não bastasse toda a movimentação criada pela

agora é peça-chave na geração de conteúdo, pode remi-

Web 2.0, alguns especialistas já se apressaram em apontar o

xar o conteúdo gerado por outros usuários, pode classi-

surgimento de uma possível Web 3.0! Saiba mais, no artigo (em

ficar informações como quiser, pode interagir com inter-

inglês) do especialista Dan Gilmor (http://tinyurl.com/buaw2).

faces mais inteligentes etc”, revela Frederick van Amstel, consultor de Usabilidade e Arquitetura da Informação de websites.


36 :: web 2.0

“A grande vantagem (da Web 2.0) é: mais poder para o usuário”Frederick van Amstel E, não se surpreenda, mas os especialistas já enxergam

porque só aquilo que muda precisa vir do servidor. Isso,

essa realidade no país. “Aqui no Brasil, existe uma iniciativa

logo de cara, diminui o custo de operação do negócio. Eu

do Estadão, chamada FotoRepórter (www.estadao.com.

me pergunto quanto o Fotolog.net (http://fotolog.net/)

br/fotoreporter/), que permite o envio de fotos, inclusive

economizou em transferência de dados, quando mudou

as tiradas com celular, para publicação no site. Seu grande

sua página para usar um ‘Ajaxzinho’ bem simples: quando

diferencial está no fato de que se as fotos forem usadas

você clica numa foto da barra lateral, só o meio da página

nas versões impressas do Estadão ou Jornal da Tarde ou

é atualizado, em vez de carregar tudo de novo como era

pela Agência Estado, o usuário é remunerado como um

feito antigamente”, explica Cristiano.

fotógrafo profissional”, aponta Márcio Tristão, arquiteto da

A boa notícia é que todas essas

informação na Globo.com (confira, no Box ao lado, outro

vantagens começam a seduzir

exemplo de Web 2.0 no Brasil).

grandes empresas brasileiras.

Confira Tutorial Ajax pág.52

A própria Globo.com serve como um ótimo exemplo

Um bom exemplo é o caso

desse cenário. “Acreditamos que o usuário tem muito a

da Tecban, empresa do ramo

agregar, seja comentando sobre nossos programas ou

financeiro. “A idéia surgiu através de

relatando suas próprias experiências. Há algum tempo,

uma necessidade. Nossos usuários reclamavam

proporcionamos determinado tipo de interação entre

de um formulário pela web que demorava muito a

os usuários: primeiro com as páginas pessoais (Kit.Net),

atualizar, quando era escolhido um estado, no campo UF,

depois com os diários online (Blogger), em 2004 com a

para que fossem filtradas as cidades correspondentes ao

videoconferência múltipla (GloboVideoChat) e no ano

Estado. Realmente era muito demorado e percebemos

passado com uma oferta integrada de publicação: texto,

que não tinha a necessidade de renderizar toda a página

foto, áudio e vídeo (GloboLog). Além disso, incentivamos

por causa de um campo. Com este problema na mão,

cada vez mais a interação entre nossas propriedades

começamos a pesquisar as técnicas para resolvê-lo este,

e nossa audiência, seja pelos chats ao vivo durante a

até que encontramos o AJAX, que, na verdade, ainda não

programação, o recado do internauta, as enquetes do

tinha este nome. Em conjunto com um desenvolvedor

Fantástico ou a votação do Big Brother Brasil”, relata

da empresa, Wanderley Filho, que fez a parte server-

Antônio Coelho.

side, iniciamos uma série de testes de performance e

AJAX, turbinando o desenvolvimento web

funcionamento em diversos browsers. Os resultados foram

Para permitir que o usuário seja peça fundamental

surpreendentes, principalmente de velocidade”, conta

na evolução proposta pela Web 2.0, a tecnologia assume

Hélio Costa, designer de interfaces da TecBan.

um importante papel neste processo. Nesse cenário, as

Porém, para comprovar toda a eficácia desta

aplicações AJAX (Asynchronous JavaScript and XML)

tecnologia, não poderíamos deixar de relatar a opinião

surgem como o motor dessas transformações.

de quem a utiliza. “Conversando com alguns usuários,

“Elas acabam com a desculpa de que as interfaces

eles perceberam bem a mudança, principalmente pela

precisam ser ‘imbecilizadas’, porque o HTML é limitado.

velocidade das informações. Em alguns casos, os usuários

Passa a ser possível fazer uma ‘página’ que se comporta

informaram que diminuiu o tempo que eles levavam para

exatamente como um programa de desktop. Além disso,

efetuar um processo. Outros comentaram da facilidade de

o próprio carregamento do conteúdo fica mais rápido,

uso (Usabilidade), que tinha melhorado”, revela Hélio.


web 2.0:: 37

Um exemplo de Web 2.0 no Brasil Bate-papo: Fabio Seixas, sócio do Camiseteria.com

Wd :: Como surgiu a idéia de se criar o Camiseteria?

do mundo, a Wikipedia (www.wikipedia.org).

Fabio :: A idéia surgiu há dois anos, quando um

O segundo conceito é o Long Tail (http://en.wikipedia.

dos sócios, Rodrigo David, participava de um concurso

org/wiki/Long_tail), ou Cauda Longa, no qual a tecnologia e a

norte-americano de camisetas. Ele ganhou o concurso,

internet possibilitam que usuários e produtos, antes perdidos

um prêmio em dinheiro e teve sua camiseta estampada

no meio da multidão, possam ter a chance de aparecerem e

lá fora. Infelizmente, essa realidade estava distante para

serem reconhecidos. Esse conceito nasceu nas páginas da

a maioria dos designers brasileiros. Na mesma época, o

Wired, baseado no sistema de recomendação de produtos

Tiago Teixeira tinha uma loja de camisetas, a Jujuba Preta,

da Amazon, onde alguns livros viraram best-sellers através

e eu já tinha longa experiência com e-commerce. Como o

dessas recomendações. Ou seja, livros que antes estavam na

mercado de design no país estava entrando em uma fase

obscuridade, perdidos entre milhares de produtos e fadados

de reaquecimento, resolvemos que seria uma boa hora para

a nunca virarem best-sellers, puderam sair da “Cauda Longa”

juntar as peças e trazer o modelo de negócios para o Brasil.

e virarem grandes produtos. Aqui, o Camiseteria permite que

o

um excelente designer desconhecido e que poderia nunca

Camiseteria é um pioneiro no Brasil ao trabalhar os

chegar a produzir uma camiseta por conta própria, possa

conceitos da Web 2.0. Isso aconteceu de forma natural?

ser retirado da obscuridade, ter seu trabalho reconhecido e

O que o Camiseteria “utiliza” da Web 2.0?

estampado em centenas de camisetas Brasil a fora.

Wd

::

Alguns

especialistas

apontam

que

Fabio :: Foi bastante natural. Todos os três sócios do

O terceiro conceito é o de comunidade e de marketing

Camiseteria.com possuem uma grande vivência em projetos

bidirecional. O Camiseteria é, ao mesmo tempo, uma

de internet e buscamos fazer aquilo que a experiência nos

loja e uma comunidade. Isso nos permite manter um

mostrou ser o certo.

relacionamento bidirecional com nossos usuários ao invés do

Posso afirmar que o Camiseteria utiliza três conceitos

tradicional marketing unidirecional da maioria dos sites de

da Web 2.0. O primeiro, e mais aparente, é o conceito de

comércio eletrônico. Além disso, incorporamos um blog no

“colaborativismo”, ou seja, um ambiente onde o usuário faz

site e oferecemos notícias e produtos através de RSS Feeds.

parte do processo fundamental da empresa, que é vender

Mais importante que a tecnologia ou conceitos da Web 2.0

camisetas. Eles criam, dão opinião e dizem o que vai ser

aplicados no Camiseteria, é a atitude empreendedora Web

produzido. Estamos colocando o poder na mão do usuário,

2.0. Atitude que pode ser demonstrada através do nosso

ao invés do poder centralizado nos administradores do site.

Manifesto (www.camiseteria.com/about.aspx).

Esse é o mesmo conceito utilizado pela maior enciclopédia


38 :: web 2.0

Modelo Beta para sempre? Ao utilizar os serviços classificados como Web 2.0 (Gmail, Orkut, Flickr, Netvibes, Writely, entre outros), você já deve ter reparado que a inscrição “Beta” virou um termo comum para indicar o contínuo aprimoramento de páginas Wd :: Quais são os planos futuros do Camiseteria?

e sistemas. Teria o modo “beta perpétuo” se tornado o

Fabio :: O objetivo do Camiseteria é fomentar

modelo de desenvolvimento na web?

uma comunidade de designers e pessoas interessadas

“É parte, até porque ninguém tem uma definição única

em moda e arte. Para que isso seja possível, precisamos

do que é Web 2.0. Mas até a Web 1.0 era modo ‘constante

estreitar o relacionamento entre os usuários do site,

desenvolvimento’, afinal de contas o ‘programa’ roda no

fornecendo as ferramentas certas para viabilizar essa

servidor e pode ser atualizado, literalmente, toda hora.

interação. E os usuários têm participação ativa nesse

Só não chamavam de beta. Chamar de beta é uma bela

processo. Estamos desenvolvendo uma nova versão

ferramenta de marketing (ou psicológica, ou os dois) para

do site com algumas surpresas, ampliando a rede de

que o usuário não reclame muito quando der erro”, afirma

revendedores da marca, buscando lojas e pessoas que

Cristiano Dias.

estejam alinhadas com os nossos conceitos. O processo

Talvez a explicação para tamanha popularidade

envolve também a internacionalização do site, que

do modelo beta esteja ligada ao fato de muitos ainda

foi muito bem recebido lá fora. Eles adoram o design

desconfiarem das reais possibilidades que a Web 2.0

brasileiro e temos que aproveitar o momento para

poderá trazer. “Vejo mais o pessoal usar o selo ‘versão

mostrar a cara. O importante é que, independente

beta’ como desculpa para eventuais bugs de sistemas

dos planos e das idéias, o usuário vai estar sempre à

lançados precocemente do que como incentivo para

frente da loja. Nossa prioridade no momento é escutar.

usuários sugerirem modificações no sistema. A proposta

Precisamos entender e atender às necessidades da nossa

do estágio beta não é encontrar bugs. Para isso, existem

comunidade.

as versões Alpha distribuídas anteriormente para os departamentos de qualidade das empresas. A moda de perpétuo beta pegou porque o investimento em Web 2.0 ainda é arriscado demais para custear departamentos de qualidade. Na medida em que o retorno for comprovado, as empresas vão querer garantir que não haja problemas Você conhece as vantagens da Web 2.0?

Total de votos: 297

com seus sistemas e o beta terminará”, explica Amstel. E é justamente quando o assunto envolve negócios que empresas e profissionais devem tomar os devidos cuidados na hora de escolher este tipo de desenvolvimento.

22% Sim

“Essa imagem de ‘para sempre em beta’ é provocativa,

78% Não

mas pouco precisa. A idéia de que software, na forma de serviço, está em permanente ‘prototipação’, com a ‘ajuda’

acessa e participe! www.arteccom.com.br/webdesign

dos seus usuários, soa um pouco romântica.


web 2.0 ::39

N i n g u é m n a v i d a re a l é m u i t o t o l e r a n t e c o m b u g s ,

trabalho for engessado, se ele não puder ser redistribuído,

problemas de segurança ou funcionalidades mal resolvidas.

recombinado, digerido, você está fora. Segunda lição:

Principalmente quando se trata de negócios”, alerta Abel

desenhe experiências. Desenhar experiências é oferecer

Reis.

ao usuário caminhos e ferramentas, serviços e relevância. “SQL é o novo HTML”

Parece abstrato? Então estude um serviço como o Flickr e

É o que diz o especialista Tim O’Reilly, no artigo

veja o que faz dele uma delícia”, orienta René de Paula Jr.,

“What Is the Web 2.0”. Dessa forma, podemos considerar

diretor de conteúdo do Yahoo Brasil.

o gerenciamento de banco de dados como uma das chaves para o sucesso na Web 2.0?

Ou seja, no caso específico dos webdesigners, as alterações de trabalho serão significativas. “Eles vão ter

“Gerenciar um enorme banco de dados é fácil, difícil é

mais liberdade (e até incentivo) para não reinventar a roda e

extrair valor dele. Mais importante do que saber formular

buscar integrar o negócio-chave do seu projeto com outras

uma consulta SQL para retornar dados relevantes é saber

lógicas de negócio. Vão começar a praticar mais o ‘lance

como transformá-los em conhecimento. Quando um dado é

cedo, lance sempre’ (o tal do eterno beta), aproveitando

contextualizado, ele se transforma em informação e quando

mais o feedback do usuário e aprimorando sempre o site.

essa informação é transmitida para alguém, ela pode se

Isso é diretamente impactante, porque pode significar que

transformar em conhecimento. Se isso não acontecer, a

um projeto nunca terá fim, seja isso bom ou não”, afirma

informação é inútil”, relata Frederick.

Cristiano Dias.

Neste mesmo artigo, O’Reilly aponta ainda que,

Segundo Frederick van Amstel, para fazer Web 2.0, o

na Web 2.0, os conteúdos passam a ser classificados

webdesigner precisará entender muito melhor sua função

através de tags (“folksonomia”), deixando para trás a

social. “Por que a empresa precisa dessa interface? Como

idéia de classificação por taxonomia. Quer exemplos?

ela se insere em suas estratégias? Quem são as pessoas que

Temos os sites del.icio.us, Amazon.com (www.techcrunch.

vão usá-la? Que impacto a interface tem em suas vidas? O

com/2005/11/14/amazon-tags/), além do brasileiro UOL

webdesigner 2.0 precisa saber que seu trabalho vai muito

Blog (http://blog.uol.com.br/stc/faq_cat.html).

além de uma tela de computador”, explica.

“O del.icio.us, por exemplo, permite que as pessoas

Assim, o recado final é: procure aprimorar sua postura

colem etiquetas (tags) em URLs incógnitas, permitindo que

profissional. “A internet de hoje vive um boom de pessoas

se ache ela depois que for jogada numa pilha. A etiqueta

querendo chamar a atenção. São blogs, Orkut, vídeos,

contextualiza a URL e transforma-a em informação que

e-mail virais etc. Era de se esperar que alguns usuários

pode ser recuperada pelo usuário. Além de permitir o

tentassem capitalizar em cima do hype criado em volta da

acesso às URLs, essa informação pode ajudar o usuário a

Web 2.0. Na prática, seus conceitos podem ser aplicados

entender seus próprios interesses e costumes manifestados

em qualquer projeto web. Acho que o profissional deve

no conjunto de suas etiquetas”, diz Amstel.

evitar tentar aplicar todos os conceitos e as ferramentas

As mudanças no trabalho do profissional de internet

em um só projeto. Veja o que é aplicável e implemente da melhor forma possível. Acho que o impacto maior da Web

Diante de todas essas transformações, o que

2.0 é a atitude. O profissional com atitude 2.0 será mais

realmente mudará no cotidiano de trabalho dos

competitivo, informado e conseqüentemente mais bem

profissionais do mercado de internet? “Primeira e dura

sucedido”, finaliza Fabio Seixas, sócio do Camiseteria.

lição: desista de controlar a experiência do usuário. Se o teu

com.


40 :: web 2.0

Nem tudo são flores na filosofia Web 2.0 Por Márcio Tristão, Jornalista e Arquiteto da Informação da Globo.com Para começar, preciso explicar o que é ou, como eu prefiro, o que representa a filosofia de projetar Web 2.0. O termo foi usado pela primeira vez, durante um brainstorming, do qual participaram Tim O’Reilly, vice-presidente da O’Reilly, e Dale Dougherty, pioneiro da internet. Nesse encontro, ambos notaram que, mesmo depois do estouro da bolha, o ritmo de surgimento de novos sites e aplicações continuava extremamente regular e que as empresas que sobreviveram à crise tinham vários pontos em comum. Então, começaram a estudar o que havia de peculiar entre essas empresas e o que havia de diferente em relação às outras. Tim O’Reilly define e encara a Web 2.0 como uma plataforma que interliga todos os dispositivos conectados. Ele acredita que os sites alinhados com a nova filosofia melhoram conforme mais pessoas os utilizam, consomem e combinam informações de múltiplas fontes. Tudo isso com regras de direitos autorais flexíveis, o que permite a utilização deste conteúdo por parte dos demais usuários. Ainda segundo O’Reilly, estas características criam um efeito de rede e uma “arquitetura de participação”, o que torna a experiência do usuário mais rica. Porém, mesmo sendo um entusiasta da filosofia Web 2.0, acredito que os sites enquadrados nesta categoria exigem dos usuários não só maior envolvimento, como também conhecimentos mais profundos das ferramentas disponíveis e do ambiente virtual, pois só assim poderão colaborar de forma ampla para a melhoria do site: tanto do ponto de vista das funcionalidades, identificando problemas e sugerindo soluções; quanto do conteúdo, através da publicação e classificação constantes. Quantas pessoas fora do mundinho da internet - aquele pessoal que participa da sua lista preferida - você imagina que utilizam a fundo e interferem nas funcionalidades de um site? Ou melhor, quantas pessoas NÃO têm a menor idéia de como realizar tarefas extremamente simples, como criar um blog? Imaginou? Acredito que esse número é muito maior. E mais: entre estas pessoas, com certeza há muita gente com um bom nível de envolvimento com a internet. Outro dia mesmo, uma amiga, que é gerente de projetos, queria criar um blog para seu filho. Seus objetivos eram bem simples: mostrar as fotos para os amigos com facilidade e escrever textos como se fosse o bebê falando. Coisas de mamãe de primeira viagem... Sugeri a criação de um blog e a abertura de uma conta no Flickr. Nesse momento, ela levou as mãos à cabeça, me segurou pelo braço e pediu: “me ajuda, por favor!”. No que respondi: “Não será preciso. É muito fácil. Tem um passo-a-passo para te orientar”, expliquei, com a certeza que ela entenderia a interface em segundos. No entanto, mesmo assim, não escapei do “mas fica aqui do meu lado”, o que foi interessante para reforçar minha tese. Enfim, minutos depois, o Blogger estava criado. Então, surgiram novos desafios: como incluir uma foto no post? Aí, imagino vocês pensando que minha amiga é uma idiota. Garanto que não é. Mas, assim como ela, milhares de pessoas se vêem diariamente diante de impasses semelhantes para realizar tarefas que nós achamos fáceis. Aí que está o problema Como vocês se lembram, sugeri também a criação de uma conta no Flickr. O que foi descartado imediatamente quando minha amiga descobriu que teria que pagar para ter o direito de criar mais de dois ou três álbuns. Ora, seguindo a filosofia Web 2.0, o valor deste produto específico não está na funcionalidade de criar álbuns e sim nas facilidades de cadastrar, classificar e reutilizar conteúdo, em participar de comunidades, usar os blocos de códigos oferecidos como produtos, na flexibilidade das regras dos direitos autorais etc. E é aí que está o problema mais grave na minha opinião: milhares de usuários têm uma visão deturpada ou simplesmente não identificam valor nos produtos. E se isso não acontece, o produto não é experimentado ou é usado parcialmente e, com o tempo, tende a ser esquecido, pondo por terra toda e qualquer chance de converter um usuário, que está só experimentando, em pagante. Portanto, é necessária uma reavaliação para conseguir apresentar os verdadeiros valores da filosofia Web 2.0 e preparar cada vez melhor os produtos para atender, de maneira satisfatória, desde usuários novatos até usuários avançados.


Participação dos assinantes Qual idéia que você faz quando falamos sobre Web 2.0?

Sávio Henrique savio@saviohenrique.com

Idéia de uma nova geração: seja de conteúdo ou velocidade. A verdade é que a web já vem se redesenhando e evoluindo de acordo com sua necessidade. Quando ouvimos falar de Web 2.0 realmente o que me vem em mente é o quesito velocidade, mas a aceitação de tecnologias hoje ainda pouco exploradas com certeza pode ser esperada.

Miriam Fernandes comercial@tecsite.com.br

Simplicidade, acessibilidade, prazer ao navegar pela internet.

Talita Cristina talitabritto@hotmail.com

Novas tecnologias e linguagens de programação que nos fazem interagir mais com os websites, gráficos cada vez mais complexos e artísticos, muito movimento, fácil navegação e acessibilidade e uma proximidade cada vez maior do mundo real.

Rodrigo Filardi rodfilardi@uol.com.br

Como toda versão 2 de algo, acredito que a Web 2.0 venha com recursos adicionais, bugs corrigidos, velocidade melhorada, com plugins já incorporados e uma melhor usabilidade. Afi nal é necessário orientar de forma efetiva os usuários quantos aos erros ocorridos. Por exemplo, o que é um ERRO 404? Que usuário sabe isso!?!

Wagner Gonçalves web@mminformatica.com.br

Que o mundo está girando rápido demais e a internet está evoluindo. A web já não é apenas um sitezinho institucional, mas começamos a ver o quanto é uma grande ferramenta e como pode se tornar mais simples, facilitando e interagindo o usuário ao site, utilizando sua opinião para a evolução do mesmo.

Se você é assinante, participe desta seção pelo site www.arteccom.com.br/webdesign/clube

41


42:: entrevista - Felipe Memória

USABILIDADE MADE IN BRASIL: COMO PROJETAR EXPERIÊNCIAS

Quando falamos em Usabilidade, é provável que as primeiras referências que venham a sua cabeça sejam os artigos e livros escritos por especialistas internacionais, como Jakob Nielsen e Steve Krug. Porém, essa realidade começa a mudar. Um bom exemplo está no recém-lançado “Design para a Internet, Projetando a Experiência Perfeita”, livro adaptado à realidade brasileira e escrito por Felipe Memória, designer de interface da Globo.com e professor da PUCRio. Nesta entrevista exclusiva, o especialista revela como surgiu a idéia do livro, como anda a Usabilidade no Brasil, além de analisar outros aspectos envolvendo o tema.


entrevista - Felipe Memória ::43

Wd :: Como surgiu a oportunidade de escrever um livro sobre Usabilidade?

de informática, psicólogos, bibliotecários, engenheiros, economistas e até mesmo biólogos trabalhando com

Memória :: Quando terminei a dissertação de mestrado

experiência do usuário. O importante é estudar muito,

(em Design com ênfase em Ergonomia e Usabilidade), fui

navegar, ser um pouco geek, ter bom senso e o mínimo de

encorajado a publicá-la como um livro. O trabalho tinha um

bom gosto.

conteúdo muito atual, com resultados inéditos obtidos através

Wd :: No livro “Não me faça pensar”, Steve Krug

de pesquisa e testes de Usabilidade sobre um elemento de

aponta que “na internet, a concorrência está a um clique;

navegação chamado Breadcrumb Trail. A idéia inicial era

por isso, se você frustra o usuário, ele vai para outro lugar”.

abordar os mesmos assuntos, reproduzir basicamente o

Podemos considerar a Usabilidade na web como a arte de

mesmo conteúdo do trabalho acadêmico, mas de forma mais

proporcionar prazer na navegação do usuário?

palatável, com uma linguagem menos formal e mais direta. E foi essa proposta que enviei para a Campus/Elsevier.

Memória :: Acho essa questão do prazer importantíssima. Falo muito sobre isso no livro, na questão da felicidade, da

Depois de conversas com os editores, achamos por

alegria ao usar o produto para que a experiência seja positiva

bem mudar um pouco o foco, trazendo a publicação para o

e compensadora. Mas essa é uma característica que vai um

lado prático da coisa, com um conteúdo mais mastigado e

pouco além da Usabilidade. É um plus, como um opcional

abrangente para aqueles que trabalham na área. Escrevi o

de luxo. O Google funciona, tem boa usabilidade, mas não

livro em apenas 20 dias: tirei férias e fiquei em casa totalmente

dá prazer. Por outro lado, o Orkut não funciona e dá prazer

concentrado na publicação, estudando e escrevendo. No final,

às pessoas, que retornam apesar da mensagem “bad, bad

acho que o livro é muito mais do que uma publicação apenas

server”.

sobre Usabilidade. É um livro sobre experiência.

O fato é que, na web, a importância da facilidade de uso

Wd :: Usabilidade é (ou deve ser) um conhecimento

é potencializada pela necessidade de atividade do usuário.

exclusivo dos projetistas de interfaces web? Qual deve ser

Não é como na TV, que o conteúdo vem até nós, enquanto

o perfil do profissional que vai trabalhar nesta área?

estamos sentados de frente para o aparelho com a barriga

Memória :: Esses conhecimentos deveriam estar no

para cima e uma cerveja na mão. Além disso, normalmente

sangue de todos os profissionais que trabalham com internet.

as pessoas não são obrigadas a usar determinado site, como

No entanto, acredito que os designers, aqueles que darão

muitas vezes são forçadas a trabalhar com programas como

traços finais ao produto, são os que mais precisam estudar o

Word, Excel ou PowerPoint. Na web, elas têm escolha. O

assunto. Forma e função não podem se separar, isso é uma

aprendizado tem que ser fácil e a simplicidade tem que reinar,

premissa básica do Design. Os Arquitetos da Informação

caso contrário, o concorrente está ali ao lado, realmente a

também não podem se abster. Usabilidade é uma disciplina

um clique de distância.

importante para quem trabalha nessa nova mídia, mas também

Wd :: Os profissionais brasileiros de internet são

é fundamental para outras áreas do Design, principalmente

considerados extremamente criativos, devido ao poder

quando falamos de produtos.

de adaptação de conceitos e técnicas à realidade da web

O perfil pode ser bem variado. Na Globo.com, temos

no país (caso do Web Standards, por exemplo). Você

jornalistas, publicitários, designers gráficos e designers

acredita que já temos uma maneira própria de lidar com

de produto. Mas também temos no mercado o pessoal

a Usabilidade?


44:: entrevista - Felipe Memória

Memória :: Acredito que estamos longe disso. O

parte. Simplesmente copiamos os americanos nos

que vou falar pode não ser a coisa mais popular, mas

pouquíssimos sites que temos implementado assim

acho que, em termos de projeto e desenvolvimento,

no Brasil.

estamos na segunda divisão da internet. Concordo

Em relação à maneira própria de fazer

muito com uma frase do meu amigo Newton Fleury

Usabilidade, sem querer ser muito chato e mal

Filho: “Existe um lugar em que se faz internet de

humorado, também acho que não. Não sabemos

verdade no mundo. E este lugar se chama Estados

nem fazer sites usáveis direito, quanto mais inventar

Unidos da América”.

nossos próprios padrões e criar nosso estilo. Em

Temos uma web forte no país, muita gente

resumo: estamos atrasados, não somos tão sérios

acessa, curte, invade o Orkut, os fotologs e

assim e temos que perder a mania de achar que

congestiona o MSN. É tão intenso que somos vistos

temos sempre que ser os melhores do mundo em

meio como uma praga, um vírus. O Orkut agora

alguma coisa.

é praticamente só nosso - expulsamos o resto do

Wd :: No capítulo 1 do livro, “Processos de

pessoal. Mas essa força não se reflete nos nossos

projeto e inovação”, você diz que a figura do

produtos, no desenvolvimento de sites “made in

Webmaster perdeu sentido. Por quê?

Brazil”.

Memória :: Sempre achei o termo Webmaster

Somos criativos, os reis da malandragem e do

extremamente prepotente, desde o tempo em que

jeitinho, mas ainda não chegamos lá. Aqui, ainda

ele representava o todo-poderoso da internet, o cara

brincamos de internet. Não me importa se ganhamos

que sabia um pouco de tudo e se virava para fazer

prêmios com banners que são feitos para ganhar

com que os sites fossem criados, desenvolvidos

Cannes e não para serem usados. Ninguém vê

e mantidos. Eu mesmo me orgulhava de ser um

banner. Quanto aos Web Standards, sinceramente,

Webmaster, apesar de ter uma certa vergonha

não vejo nenhuma inovação sequer de nossa

do termo, já que, na verdade, não era mestre de absolutamente nada, muito pelo contrário. Quando falamos sobre grandes projetos, frutos de uma internet mais madura, como os que abordo no livro, começamos a trabalhar com o conceito d e e q u i p e s m u l t i d i s c i p l i n a re s , p e s s o a s m a i s especializadas e menos generalistas. Claro que isso não pode representar uma alienação com relação ao processo como um todo, mas atualmente a especialização é fundamental. A figura do Webmaster perdeu o sentido, faz lembrar os projetos amadores, experimentais. Faz tempo que não vejo o contato do Webmaster na Amazon.com, no Yahoo!, no Google ou no eBay.


Wd :: Jakob Nielsen, pioneiro na área de Usabilidade na web, é um nome que causa grande polêmica entre os profissionais de internet: é amado por uns; e odiado por outros. Quais conceitos envolvendo a Usabilidade caíram em desuso e o que passou a ser fundamental nos dias atuais? A técnica evolui junto com o avanço no uso da internet? Memória :: O Nielsen foi e sempre será muito importante para a web. Ele teve papel fundamental para a popularização da Usabilidade, publicou muita coisa, ensinou muita gente. Acho que sua intransigência foi boa para que as pessoas prestassem mais atenção na hora de projetar para a internet. Talvez ele tenha forçado demais em alguns aspectos, exagerando nas recomendações (como usar links azuis, por exemplo), mas sempre falando com muita propriedade. Os links não precisam ser azuis e sublinhados, mas têm que ter “cara” de links realmente, ser óbvios. Até hoje vejo designers fazendo sites em que não existe uma cor para texto e uma para link. Com o passar do tempo, é normal que algumas crenças pontuais realmente caiam em desuso, mas o conceito, aquilo que fez com que aquela recomendação pudesse ser criada, esse não muda, não perde o sentido. O uso do scroll é um caso interessante. No início, as pessoas tinham extrema dificuldade em usar a barra de rolagem, gerenciar as janelas do browser, esse tipo de coisa. Por isso, naquela época, era moda fazer sites centralizados em 800x600, que ficavam retangulares no meio da página. Quem navega desde aquele tempo deve lembrar. Esse formato era um sucesso porque fazia com que os usuários não precisassem usar a barra de rolagem. Fazia sentido. Com o tempo, as pessoas foram ganhando experiência e o uso do scroll já não é mais um problema. Por isso, atualmente, não é ideal se construir um site naquelas proporções, desperdiçando pixels valiosos. O próximo passo óbvio, por exemplo, é começar a projetar para uma resolução de 1024x768. Os conceitos básicos não mudam, não caem em desuso e sempre serão fundamentais. O importante é o público-alvo. Importante é pensar que as pessoas têm que conseguir visualizar o conteúdo da página da forma mais fácil possível. Isso não vai mudar. Agora, se elas sabem usar scroll ou não, se usam 800x600 ou não, é uma informação que pode variar com o tempo, ou com o perfil dos usuários do site.


46 :: entrevista - Felipe Memória

Wd :: Usabilidade é um tema muito discutido nos últimos anos, profissionais e empresas já

o problema do orçamento, pois testes de usabilidade custam dinheiro.

entendem a sua importância, mas os especialistas apontam que ainda é um erro comum inseri-lo somente na etapa final no desenvolvimento de um site. Como você analisa essa questão? M e m ó r i a : : A s p e s s o a s t ê m q u e p ro j e t a r

Teste de usabilidade: orçamento baixo

X

Uma boa pedida é ler o capítulo 9 do livro “Não me faça pensar”. Por lá, Steve Krug ensina “como fazer seu próprio teste quando você não tem dinheiro nem tempo”.

pensando sempre na facilidade de uso e aprendizado,

Wd :: Falando em custos, é possível realizar testes

na ausência de erros, se vai estar agradável de

de Usabilidade possuindo um orçamento baixo (no

usar etc. Designers têm que estudar Usabilidade,

capítulo 3, “Testes de Usabilidade: o produto sempre

prestar atenção na função e na forma, como

pode melhorar”, você cita o caso ocorrido no Globo

falei anteriormente. Se existirem profissionais

Media Center, por exemplo)?

especializados em Usabilidade na equipe, melhor ainda. É o ideal, mas, muitas vezes, isso não basta.

Memória :: Sim, é possível testar produtos gastandose muito e gastando-se pouco. O caso do teste de

O que pode ocorrer tardiamente é a avaliação

usabilidade do Globo Media Center foi um experimento

daquilo que foi projetado. Aí, estamos falando de

muito bem sucedido, mas que teve prós e contras. Foi

pesquisas e de testes de usabilidade. Claro que,

um grande aprendizado. Se por um lado chegamos a

no mundo ideal, o melhor é sempre testar antes do

conclusão de que é melhor usar um profissional da própria

lançamento, na fase de projeto. Quanto mais cedo

equipe para conduzir os testes (o que não acontecia

forem identificados os erros e as possibilidades de

antes), também percebemos que é um pouco complicado

melhora, menos dinheiro será gasto com o redesenho.

recrutar os participantes usando nosso call center (como

É mais fácil mudar um layout do que reprogramar

aconteceu nesse caso específico). A condução do teste

um site inteiro. Para que isso aconteça, é necessária

foi mais eficiente, porque o avaliador conhecia o produto.

uma folga no prazo para a entrega do projeto, o que

Por outro lado, a seleção foi um pouco restrita, pois só

nem sempre pode acontecer. Além disso, existe

podíamos contactar assinantes. Agora, estamos testando o GloboEsporte.com, nosso principal produto de esportes, com muitas notícias, reportagens exclusivas direto dos clubes, vídeos dos gols em tempo real, enfim, um produto que pretende ser a solução definitiva para os fanáticos por esporte.

“O Google funciona, tem boa usabilidade, mas não dá prazer. Por outro lado, o Orkut não funciona e dá prazer às pessoas, que retornam apesar da mensagem ‘bad, bad server”


entrevista - Felipe Memória :: 47

Para esse teste, contratamos uma empresa que recrutou os participantes dentro dos perfis que pedimos. Foi bom, pois eles ficaram responsáveis pelo preenchimento dos horários que programamos para a realização dos experimentos. Além disso, a Marcia Maia, que conduziu o teste do Media Center, continuou como avaliadora, interagindo com os usuários. Usamos para este caso do portal de esportes um método intermediário, usando o avaliador da própria equipe e a empresa de recrutamento. Por mais que tentemos segurar, os custos sempre

que demandam atendimento ao consumidor, podemos levar

existem. A Globo.com tem seu laboratório, que custou

em consideração também o número de ligações para o call

dinheiro para ser construído e ocupa um espaço precioso no

center. Se o site tiver melhorado o suficiente para reduzir o

escritório. As horas dos profissionais envolvidos na pesquisa

número de chamadas, podemos fazer um cálculo do quanto

têm que ser computadas. A empresa de recrutamento

à empresa economizou. De qualquer forma, para este caso,

também custou determinado valor. Isso tudo deve ser

o retorno teria sido maior do que isso. Difícil é ver essa

calculado no preço final do teste, no custo que isso vai ter

diferença.

para a empresa. O importante é que os resultados gerem retorno ao investimento que foi feito. Wd :: Qual tipo de retor no o investimento em Usabilidade poderá trazer para um site?

Agora, para sites que não são de comércio eletrônico ou para uso interno dos funcionários, acho que o retorno de investimento pode ser medido no sentido de a metodologia ter ajudado ou não o produto a alcançar seus objetivos.

Memória :: O principal é o alcance dos objetivos do

Se um site foi lançado e tinha como objetivo chegar à

produto. Medir o retorno de investimento em usabilidade

liderança na audiência dentro de um período “x” de tempo,

não é uma tarefa simples. Acho que o dia em que uma pessoa

e conseguiu atingir a meta usando testes de usabilidade

conseguir mensurar esse ganho de forma precisa para sites

para melhorar o produto, podemos dizer que o retorno foi

que não são de e-commerce ou intranets, estará tendo uma

alcançado, pois dentro do budget previsto para o projeto o

grande sacada.

uso do método estava previsto.

Para e-commerce, é bastante fácil: vendas antes

Por exemplo, você tem “R$ 10.000,00” para alcançar

versus vendas depois dos testes. Para intranets, o cálculo

a liderança em determinado segmento em, vamos supor,

é um pouco mais complicado: tempo gasto antes pelos

seis meses. Depois desse período, projetando e testando,

funcionários em determinadas tarefas versus tempo gasto

você consegue atingir a meta. O método gerou o retorno

depois nas mesmas tarefas. Esses segundos economizados,

ao investimento que foi feito. Esse retorno é a liderança em

multiplicados por números de dias trabalhados e pelo

audiência no segmento do produto. Não é muito preciso,

número de funcionários, podem gerar milhares de horas de

é complicado quantificar a porcentagem de participação

trabalho economizadas por dia, por semana, por mês, por

de cada etapa, mas a grande contribuição dos testes é a

ano. É uma explicação a grosso modo, mas de qualquer

validação daquilo que foi projetado. O retorno, em última

forma, não é complicado mensurar o quanto a empresa

instância, é a ajuda insubstituível ao alcance das metas.

estará economizando em horas trabalhadas. Para produtos


48 :: entrevista - Felipe Memória

Wd :: Talvez seu livro seja uma das primeiras

vão valorizar a experiência do usuário como um todo. Os

publicações impressas do mundo, senão a primeira,

produtos têm que ser bem feitos, fáceis de usar, rápidos,

a abordar as transformações trazidas pela Web

sem erros e, principalmente, gerar satisfação e alegria na

2.0 (citação no capítulo 4: “Pensando além da

utilização.

boa usabilidade: conteúdo e experiência fluida”).

Wd :: Ainda no capítulo 4, você aponta que na

Diante desse cenário, você acredita que o designer

web “o que realmente interessa é a rede socialização”.

do futuro vai deixar de projetar telas para projetar

Como as redes sociais podem transformar a projeção de

experiências?

interfaces e o estudo de Usabilidade em um site?

Memória :: A Web 2.0 diz respeito às pessoas.

M e m ó r i a : : R e a l m e n t e , o g r a n d e d i f e re n c i a l d a

Essa participação dos indivíduos, que tanto

internet com relação às outras mídias é a quantidade de

caracteriza essa nova fase, vem atrelada a alguns

pessoas conectadas, um bando de gente junta no mesmo

avanços tecnológicos, que fazem com que isso seja

lugar. É um processo de amadurecimento da rede, em

possível. Os sites deixam de ser simples aplicativos

que as pessoas estão finalmente conseguindo entender o

para tornarem-se verdadeiras plataformas. Ou seja,

que está acontecendo. Basta ver que, entre os jovens, a

não estamos falando de aplicativos de newsletter, mas

trinca “E-mail, MSN e Orkut” reina como nunca. Os três

de leitores de RSS, por exemplo. O conteúdo pode

possibilitam a interação entre pessoas, intensificam a rede

ser apresentado das mais variadas formas. Além do

de socialização. Isso é natural do ser humano. As pessoas

RSS, o AJAX também faz parte desta transformação

estão sempre interessadas nas outras, em se socializar

que a web está sofrendo. Ele permite que algumas

e comunicar. Somos biologicamente programados para

interações aconteçam sem que a página tenha que

considerar o outro ser humano a coisa mais interessante

carregar novamente. Quem acessa o Orkut já deve

do mundo. São eles que têm o poder de nos deixar tristes,

ter reparado que, após efetuar o login, aparece uma

emocionados, felizes, confiantes etc.

mensagem “loading...” que substitui os campos de texto. Isso é um exemplo simples de AJAX.

O Hattrick, por exemplo, jogo de manager de futebol online pelo qual sou apaixonado, estimula de toda forma

Essas novidades são interessantes para quem

que os jogadores interajam entre si, seja por ht-mail (o

trabalha com Usabilidade. São produtos construídos

e-mail do Hattrick), seja pelas conferências dos grupos

com uma série de interações, um pouco mais

(fóruns de discussão), ou por mensagens nos livros de

complexas e menos triviais, que abrem um novo

visita dos times. O jogo foi pensado para que sua rotina

mundo de possibilidades. Essa nova realidade está

sempre estimule a socialização. Portanto, os sites precisam

estimulando sim a criatividade do pessoal.

ser projetados de forma a facilitar e estimular a interação

O projeto de toda a experiência não é uma coisa para o futuro. Acho que os grandes profissionais devem sempre estar preocupados com todas as etapas do processo de projeto e com conceitos que

entre pessoas.


estudo de caso - TNT :: 49

O escurinho do cinema reproduzido na web

Aumentar as informações disponíveis para os telespectadores, dar sustentação à programação do canal que está no ar, abrir um novo meio para venda de espaço publicitário, além de ajudar a consolidar a marca da empresa. Essas são as principais funções que um site pode exercer na estratégia de comunicação de uma rede de televisão. Pensando nisso, a TNT (Turner Network Television), canal americano de filmes contemporâneos, lançou uma nova versão de sua página virtual. O trabalho foi conduzido pelo departamento de web da empresa, envolveu dez profissionais (entre webdesigners, webmasters e especialistas em comunicação), levando cerca de três meses para ser desenvolvido.


50 :: estudo de caso - TNT

“Produzimos um novo design pensando na conveniência do internauta” Mais detalhes sobre este projeto, você vai conferir

uma sala de exibição (cinema), você sabe, como quando

na entrevista realizada com Gerardo Kerik, vice-

as luzes se apagam e o filme começa, tudo fica escuro!

presidente de marketing e serviços criativos da TNT para

Somos predominantemente um canal de filmes e estamos

América Latina e Caribe.

tentando, conceitualmente, passar a experiência dos

Wd :: Quais foram as principais modificações em relação à versão antiga do site? Gerardo :: Tornamos a navegação pelo site mais

filmes no site. Wd :: O texto de apresentação institucional sobre o canal diz que ele foi criado para atingir telespectadores

fácil e o estilo ficou muito mais visual, de forma a

entre 25 e 34 anos. O perfil do usuário que acessa o

dramatizar o conteúdo. A idéia é que o usuário não

site da TNT é o mesmo de quem assiste o canal? Como

vá além de três cliques para encontrar a informação

os internautas influenciaram o desenvolvimento do

que deseja. Integramos também vídeos (segundo a

novo site?

Assessoria de Imprensa da TNT, são “promos, curtas-

Gerardo :: Temos o mesmo perfil dos usuários do

metragens, entrevistas com diretores, entre outros”),

site e de telespectadores do canal. Analisamos algumas

permitindo assim uma experimentação prévia de nosso

sugestões sobre como melhorar a navegação pelo

conteúdo. Além disso, incluímos mais informações sobre

site, através de comentários enviados pelos usuários, e

a programação do canal de televisão.

produzimos um novo design pensando na conveniência

Wd :: Sobre a disponibilização de vídeos no site, quais vantagens essa tecnologia traz para a internet? Gerardo :: A intenção é fornecer aos internautas

do internauta. Wd :: Quais são as principais atrações que o site traz para fisgar a atenção do internauta?

a possibilidade de experimentação de alguns dos

Gerardo :: Informações sobre a programação,

conteúdos que provavelmente não seria possível

vídeos adicionais e nossa competição envolvendo filmes

realizar através da televisão. É um valor adicionado

(segundo a Assessoria de Imprensa da TNT, “as votações

para os usuários e uma oportunidade para que nós

do público para a sessão Cinema à la Carte continuarão,

expandíssemos o acesso ao nosso conteúdo.

assim como os concursos mensais que premiam os

Wd :: O antigo site utilizava como cores

usuários com câmeras, computadores e tocadores de

predominantes o preto, o branco, o vermelho e o

mp3”). Teremos novas atrações no primeiro e segundo

amarelo. A nova versão utiliza, no fundo, uma cor

trimestres de 2006.

grafite, criando dessa forma um “clima de cinema”.

Wd :: A navegação pela nova versão do site

Quais fatores influenciaram no processo de escolha

é guiada através do uso de Flash. Em termos de

das cores?

linguagem de programação, vocês utilizaram o JSP.

Gerardo :: A razão para usarmos o grafite e o preto no fundo do site serve para ajudar o nosso conteúdo a se destacar e fornecer para o internauta a sensação de

Qual o motivo da escolha dessas tecnologias? Gerardo :: Chegamos a um consenso de que essas tecnologias nos davam a possibilidade de fornecer um


estudo de caso - TNT :: 51

O grafite e o preto fornecem ao internauta a sensação de uma sala de exibição (cinema)

visual mais atrativo para o site, além de permitir que a maioria dos usuários o acessassem (pois são tecnologias largamente disseminadas). Esperamos também que estas tecnologias permaneçam por alguns anos, assim como nós cresceremos e desenvolveremos o nosso site mais adiante. Wd :: Como é feita a escolha dos destaques da página principal do site? Gerardo :: As decisões de atualização são baseadas nos destaques da programação que estão no ar (no canal de televisão). O site existe para suportar e aumentar o valor de nossa programação. Wd :: Qual o retorno que a TNT espera ter com o lançamento do novo design? Gerardo :: A primeira expectativa envolve o aumento no tráfego do site. Além disso, nossa idéia é vender pacotes de publicidade para os atuais anunciantes do canal de televisão. A versão anterior do site já possuía versões em inglês, espanhol e português, mas não poderíamos vendê-lo porque os anunciantes do canal compravam pacotes por região. Agora, o novo site segue o modelo de distribuição da rede de televisão, assim você pode escolher o país em que está antes de acessá-lo. Isto nos ajudará a incluir novos fatores nos pacotes de venda de anúncios que oferecemos normalmente aos clientes.

JSP (Java Server Pages)

X

Tecnologia para desenvolvimento de aplicações web, semelhante ao ASP. Porém, ela tem a vantagem da portabilidade de plataforma, podendo ser executada em outros sistemas operacionais (além dos da Microsoft). Fonte: http://www.htmlstaff.org/jsp/jsp04.php


52 :: tutorial

AJAX Introdução

Parte 1

Elcio Ferreira Desenvolvedor e instrutor em padrões web http://elcio.com.br/

Uma das facetas do trabalho com internet que mais

uma área da página fazendo requisições em segundo plano

me apaixona é a quantidade de mudanças com que temos

ao servidor, sem realizar uma navegação completa ou re-

que conviver. Sou um sujeito ávido por novidades, extre-

carregar a página atual.

mamente crédulo no futuro, sempre achando que vamos

O fato de essa conexão ser assíncrona é de grande

encontrar um jeito melhor de fazer as coisas que já faze-

valor. Você pode, por exemplo, solicitar do usuário o CEP,

mos. É por isso que, há alguns anos, quando ouvi falar

e-mail e senha como os primeiros dados. Após ele preen-

de padrões web e tableless pela primeira vez, corri para

cher o CEP, você pode buscar o endereço dele no servidor,

estudar o assunto.

enquanto ele digita seu e-mail e senha. Em seguida, você

É por isso também que AJAX tem me empolgado tan-

pode verificar a disponibilidade daquele e-mail para cadas-

to. Já era tempo de inventarmos uma maneira melhor de

tro, enquanto ele confere seu endereço. Isso tem grande

interagir com os usuários no lado do cliente. HTML e CSS

impacto sobre a experiência do usuário, pois ele não pre-

são excelentes respostas para a publicação de conteúdo,

cisa ficar esperando pela carga dos dados.

mas quando falamos de aplicações web suas capacidades

Quem inventou isso?

são bastante limitadas. Dessa forma, o AJAX dá aos desen-

Talvez seja essa a primeira pergunta que muita gente

volvedores possibilidades que simplesmente não existiam

vai fazer ao conhecer os fatos básicos sobre AJAX. Onde

antes. Hoje, podemos criar aplicações com um novo nível

surgiu? Quem inventou? Na verdade, não podemos apon-

de interação, sem abrir mão da simplicidade de manuten-

tar o nome do criador. Não é uma linguagem de programa-

ção, do código leve e padronizado e da acessibilidade.

ção ou uma tecnologia, é uma maneira nova de se utilizar

Se você ainda acha que esse papo é todo hype, e a

tecnologias e linguagens já existentes. Ao trabalhar com

moda logo vai passar, sugiro que teste, em seqüência, o

AJAX, construímos em cima do HTML e CSS que já temos,

GMail, o Google Maps, o Flickr e o Basecamp. Você vai

usando Javascript, DOM e o objeto XMLHttpRequest.

notar que não estamos falando de uma tecnologia nova

Nada disso é uma invenção nova ou revolucionária.

com nome bonito, mas de algo que muda realmente a ex-

AJAX é uma maneira de se usar essas tecnologias em con-

periência do usuário.

junto. Esse tipo de coisa já vem sendo utilizada há algum

O que é AJAX?

tempo. Minha primeira aplicação com XMLHttp foi cons-

O nome AJAX é uma sigla para “Asynchronous Ja-

truída em 1999 e, naturalmente, só funcionava em Internet

vaScript and XML”. Trata-se de uma maneira de fazer com

Explorer. Onde está então a novidade? Por que agora está

que seu navegador, com Javascript, carregue conteúdo do

todo mundo falando do tal do AJAX?

servidor sem recarregar a página atual. Você pode, por

A forma como usávamos XMLHttp há era um grande

exemplo, verificar os dados digitados em um formulário,

complicador sobre nossas aplicações. Nossos arquivos de

preencher o endereço baseado no CEP, exibir uma mensa-

servidor eram exclusivamente feitos para serem entendidos

gem de ajuda sobre parte de sua tela ou mesmo recarregar

por nossas próprias aplicações, o que eliminava qualquer


tutorial :: 53

possibilidade de mash-ups ou outros usos Web 2.0 deles.

Acessibilidade

Nossos códigos eram complexos, construídos em cima de

A grande preocupação com a acessibilidade também

HTML e CSS muito complexos. Hoje, realmente, as coisas

é uma das boas conseqüências da forma de pensar que

mudaram.

adquirimos com os padrões web. Ouvíamos falar muito

A simplicidade dos padrões web

pouco sobre isso e agora todos nos preocupamos em como

A primeira coisa que mudou de lá para cá foi a grande

nosso site vai estar num leitor de telas ou num browser de

descomplicação do desenvolvimento web, os padrões do

texto. Isso também tem boas conseqüências em relação à

W3C. Hoje, o código cliente de nossas aplicações é todo

indexação de nosso conteúdo pelos robôs de busca.

muito mais simples. Nosso HTML foi reduzido para um ter-

Naquela época, não tínhamos ferramentas para

ço de seu tamanho. Nosso código é padronizado, muito

tornar qualquer trabalho minimamente interessante com

parecido com o código de milhares de outros sites.

Javascript realmente acessível. Hoje é possível, com a expe

Essa simplicidade nos deixou mal acostumados. Não

riência que adquirimos e com a evolução dos navegadores,

queremos mais trabalhar com código complexo. É nesse

escrever verdadeiras aplicações de uma só página que

contexto que surgem as aplicações AJAX. Embora, é claro,

permanecem completamente acessíveis quando usadas

em grandes aplicações, alguma complexidade no código

de um navegador sem suporte a AJAX.

seja algo quase inevitável (imagine o tamanho do código do

É importante que você note que construir aplicações

GMail), nosso código Javascript é hoje muito mais simples

com AJAX não as torna automaticamente acessíveis, da

do que há alguns anos. E isso não é um mérito do Javas-

mesma maneira que não as torna automaticamente apli-

cript, mas da mudança em nossa maneira de pensar.

cações Web 2.0. É uma escolha do desenvolvedor tornar

Javascript, DOM e XMLHttpRequest

sua aplicação acessível, e ele precisa trabalhar para isso.

Outro fato que torna as coisas diferentes atualmente

Mas esse trabalho de acessibilidade é muito mais simples

é a maturidade dos navegadores em relação ao Javascript,

quando trabalhamos com AJAX, principalmente se nosso

DOM e XMLHttpRequest. As coisas eram verdadeiramen-

método de trabalho foi construído pensando também em

te terríveis no tempo do Netscape 4. Hoje, é tarefa trivial

acessibilidade, do que era antigamente com nosso velho

escrever Javascript que funcione bem em qualquer navega-

código complexo.

dor. Graças a um padrão chamado DOM (Document Object

XMLHttpRequest

Model), existe uma maneira comum de se acessar e alterar

A tecnologia central em AJAX é o XMLHttpRequest.

objetos HTML via Javascript. Todos os navegadores moder-

Trata-se de um objeto Javascript que pode ser usado para

nos suportam adequadamente o DOM, e mesmo o Internet

fazer requisições ao servidor web, em segundo plano, sem

Explorer, o que tem o pior suporte, oferece recursos para

congelar o navegador ou recarregar a página atual. O obje-

que possamos trabalhar satisfatoriamente.

to XMLHttpRequest é hoje parte da especificação do DOM,

Convém dizer que o conhecimento de Javascript e

nível 3. Ou seja, qualquer navegador que queira oferecer

DOM é essencial para o bom trabalho com AJAX. Se você

suporte aos padrões precisa implementar o objeto XM-

tiver dificuldades em acompanhar esta série de artigos,

LHttpRequest.

sugiro que leia primeiro um tutorial que escrevi sobre o assunto em http://elcio.com.br/crossbrowser.

Infelizmente, as coisas não são tão simples assim. Aqui, novamente, o Internet Explorer se comporta de maneira diferente dos demais, gerando dores de cabeça. Entretanto, não é difícil lidar com isso. Precisaremos primeiro


54 :: tutorial

entender o porquê das diferenças, através da história do

Os outros

objeto XMLHttpRequest. Nasceu no Internet Explorer Aqui um fato que vai surpreender a muitos: o primeiro navegador a oferecer suporte a XMLHttpRequest foi o Internet Explorer 5. De fato, a idéia ganhou o mundo com o navegador da Microsoft, que criou um objeto ActiveX para fazer esse trabalho. O Internet Explorer 5 era um navegador à frente de seu tempo. Foi o primeiro a suportar CSS 2 e, embora consideremos seu suporte aos padrões sofrível, conseguimos

Todos os navegadores modernos suportam AJAX

fazer sites para ele até hoje. Basta pensar que o maior concorrente na época era o Netscape 4 e você vai entender o que quero dizer.

Todos os outros navegadores modernos incluem o objeto XMLHttpRequest, definido pela especificação do

O verdadeiro problema com o Internet Explorer não

W3C, ao invés do ActiveX da Microsoft. Entre estes nave-

é o fato de ele ser um navegador ruim, apenas o fato de

gadores estão todos os baseados em Mozilla, como Firefox

ele ser um navegador antigo. A versão final do Internet

e Netscape, o Opera, a partir da versão 7, o Konqueror, a

Explorer 6 saiu no final de 2001. É tempo demais. Pois bem,

partir da versão 3.4, e o Safari. Nestes navegadores, para

vejamos como se criava um objeto XMLHttp (o nome que a

criar um objeto XMLHttpRequest, basta:

Microsoft deu ao objeto) no Internet Explorer 5: var xmlhttp=new XMLHttpRequest() var xmlhttp=new ActiveXObject(“Microsoft.XMLHttp”) É interessante notar também que esse objeto tem Junto com o Internet Explorer 6, a Microsoft distribuiu

muito mais recursos e possibilidades que o ActiveX da

uma nova versão de seu objeto ActiveX, que corrigia alguns

Microsoft. Podemos, por exemplo, obter o resultado

incômodos erros da versão anterior. Assim, no Internet Ex-

c o n f o r m e e l e é c a r re g a d o e n ã o a p e n a s a o f i n a l d a

plorer 6, essa sintaxe mudou um pouco:

requisição. Isso nos permite criar barras de progresso ou exibir um conteúdo extenso à medida que é carregado.

var xmlhttp=new ActiveXObject(“MSXML2.XMLHttp”)

Infelizmente, nada disso é possível no Internet Explorer. Na segunda parte deste tutorial (serão cinco no total), vamos apresentar a construção de um formulário de cadastro, usando AJAX. Até a próxima!



56 :: usabilidade

Marcos Nähr Web technologist do departamento de marketing da Dell Computadores. Responsável pelo desenvolvimento do site e loja online da Dell Computadores no Brasil. marcos_nahr@dell.com

Falando com clientes Todo webdesigner tem o seu método próprio de conduzir uma reunião com clientes. Existem várias maneiras de se fazer isto, mas algumas dicas podem ajudar a tornar este contato mais eficiente. A reunião inicial com o cliente pode ser considerada um dos passos mais importantes de um projeto e o nível de sucesso de um projeto pode ser definido nesta etapa. O que NÃO DEVE ser feito. Não tente falar ou explicar “design” para o cliente A primeira barreira que se encontra numa reunião entre cliente e designer é o fato de que normalmente estes dois não falam a mesma língua e vivem em mundos diferentes. Esta pessoa que está na sua frente é a única que realmente importa nesta reunião. A linguagem e o mundo do design não são importantes para ele, por isso não perca tempo tentando trazêlo para o seu mundo. Você está lá para aprender sobre o mundo do cliente e não o contrário. Isto não quer dizer que você não pode demonstrar sua competência, mas existem melhores maneiras de fazer isto do que falando difícil para impressionar os clientes. Não faça perguntas de design para o cliente Design é o seu trabalho, não do cliente. Geralmente, os designers pensam em termos de layout, cores, formas, navegação, funcionalidade, usabilidade etc, mas estas questões normalmente não querem dizer absolutamente nada para o cliente. Apesar de parecer lógico, fazer perguntas sobre design ao cliente é, na maioria das vezes, um equívoco. É o mesmo que perguntar a um usuário de um site sobre HTML, XML, PHP... Na maioria das vezes, estas perguntas não são realmente relevantes. O que é relevante, e deve ser questionado, é o negócio, a marca e as necessidades de marketing do cliente. Com respostas para estes tipos de perguntas, você poderá desenvolver um bom design, mas se você optar por explorar questões de design com o cliente, você nunca saberá se o que o seu design precisa fazer para atingir os objetivos do cliente. Nunca use exemplos de outros sites para tentar entender as preferências do seu cliente Mostrar uma série de exemplos de design, de diferentes layouts de sites, em uma reunião com o cliente, pode parecer a coisa certa a se fazer, mas acaba sendo uma atitude um tanto quanto amadora (até para o cliente). Esqueça os exemplos, olhe para a pessoa na sua frente e pergunte a ela questões sobre o negócio dela. Tenha em mente que as preferências, os gostos estéticos de seu cliente podem não ser importantes/úteis para o projeto. Não traga o cliente para o seu mundo, entre no dele para conseguir extrair


usabilidade :: 57

"A reunião inicial com o cliente pode ser considerada um dos passos mais importantes de um projeto e o nível de sucesso de um projeto pode ser definido nesta etapa."

informações importantes. Não tente impressionar de forma alguma o seu cliente O desejo de impressionar é extremamente perigoso. Como designers, sentimos muitas vezes a necessidade de impressionar o cliente em nosso primeiro encontro, mas

- Não pergunte questões específicas de design ao cliente. - Não leve exemplos de design/layout de sites para a reunião com o cliente. - Não esqueça dos desejos e expectativas daqueles que irão visitar/usar o site.

aqui segue uma dica: o cliente também quer impressionar

- Não tente impressionar o cliente.

você! Se você deixar o cliente acreditar que acha

Fazer:

importante ele saber algo sobre design, ele certamente

- Prepare-se com antecedência para esta primeira

tentará convencer você de que ele já sabe alguma coisa sobre design e vai acabar definindo ele mesmo o design do projeto. Não caia nesta armadilha. Fazendo isto, você corre o risco de descobrir mais tarde que o gosto pessoal do cliente se opõe completamente aos objetivos do projeto e você vai acabar produzindo um website que o cliente odeia ou um website que não suporta eficientemente os objetivos do projeto.

reunião com o cliente. - Descubra os objetivos e as necessidades do cliente em relação ao projeto. - Descubra os objetivos e as necessidades dos usuários em relação ao projeto. - Descubra como o cliente pretende medir o sucesso do projeto. - Deixe claro para o cliente que você entende a sua

Dicas

responsabilidade quanto ao sucesso do projeto para

Não fazer:

conseguir a confiança do cliente.

- Não fale na linguagem do design com o cliente.


58 :: webwriting

Bruno Rodrigues Autor do primeiro livro brasileiro e terceiro no mundo sobre conteúdo online, intitulado “Webwriting - Pensando o texto para a mídia digital”. É coordenador de informação do website Petrobras e titular da primeira coluna sobre Webwriting no mundo, elaborada desde 1998 e hoje veiculada na revista online “WebInsider”. Ministra treinamento de Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. bruno-rodrigues@uol.com.br

‘Check-list’ sobre a informação na web Para começar o ano de 2006 com o pé direito, aqui vão 30 boas dicas de como trabalhar (ainda) melhor a informação para a mídia digital. Bom proveito! 1- Sobre as vantagens da internet - Os principais benefícios em utilizar a internet merecem ser lembrados ao usuário sempre que possível: o acesso imediato, o conforto indiscutível, a atualização constante, a abrangência das informações oferecidas e a rapidez no contato. - A internet reavivou o contato do cidadão com as instituições, e por isso deve-se estimular, a cada instante, a opinião do usuário. É ele o termômetro de informações e serviços que você disponibiliza. 2- Sobre a informação na web (em geral) - Trabalhe com a idéia de camadas, oferecendo aos poucos os aspectos da informação. - Liste todos os aspectos de uma informação que você irá abordar, e analise se eles serão melhor apresentados em texto, tabela, gráfico ou imagem. - Disponibilize dados completos, e aborde todos os aspectos possíveis sobre o tema. A idéia é esgotar todas as possibilidades. - Embora um site seja um ‘arquivo’ de informações, a idéia não pode ser levada ao pé da letra. É preciso destacar, periodicamente, o que não é mais novidade. 3- Chamada de primeira página - Os títulos de uma chamada precisam incluir a palavra-chave que defina o aspecto da informação que será apresentada logo a seguir, no texto da chamada. - O texto da chamada deve ser econômico, tanto pela necessidade de objetividade nos aspectos da informação a ser acessada, quanto por uma questão de espaço. - Estimule a ação. Abuse de verbos e expressões como ‘conheça’, ‘descubra, ‘consulte’ etc. - Sempre vale checar se todos os recursos essenciais à eficácia da sua chamada estão sendo utilizados: um título que traga a palavra-chave; um texto que inclua o aspecto principal do conteúdo a seguir; e elementos de apoio, como a imagem, que não repitam o que os outros itens já abordaram como forma de persuasão. 4- Texto principal - Cheque todas as informações e as revise minuciosamente até que possam ser disponibilizadas. - No bom discurso web, o tom emocional é que cativa e cria o visitante fiel. - Escreva como se estivesse explicando o assunto a um leigo, mesmo que o tema seja banal. - Incluir a palavra-chave que define uma página no título, e grifar em cada parágrafo as que melhor o resumem, são ações recomendadas para que a informação seja facilmente


webwriting :: 59

“ A internet reavivou o contato do cidadão com as instituições, e por isso deve-se estimular, a cada instante, a opinião do usuário. É ele o termômetro de informações e serviços que você disponibiliza. ”

visualizada em um texto. - Prefira o travessão (-) aos dois pontos (:) que, na tela do computador, tendem a escapar ao olhar. - O texto principal precisa responder a todas as questões

Também’ etc.) - O usuário espera encontrar nestas páginas todo o detalhamento que deseja, portanto não há limite para a extensão dos textos.

jornalísticas básicas, e assim atender o usuário com a

- Contudo, textos extensos em excesso são o sinal de

objetividade que ele deseja. As questões jornalísticas deixam

que as informações merecem ser disponibilizadas em outras

claras sobre o quê é o assunto, quando ele ocorreu, quem

páginas. Elas permitem que o usuário apreenda o assunto em

está envolvido, como foi, onde ele transcorre e o porquê dele

etapas, e não receba todas as informações em uma página

ter acontecido.

única.

- Em geral, o texto principal possui entre 15 e 25 linhas. - Para prender a atenção do usuário, aborde o aspecto

- O conteúdo expandido é o principal responsável pelo retorno do usuário.

mais interessante no primeiro parágrafo, e só depois

7- Conteúdo fechado

apresente os detalhes.

- Avisar o usuário sobre áreas restritas de um site é uma

- Por vezes, é melhor utilizar um sinônimo para um termo

atitude que demonstra respeito, e também a preocupação

que é considerado claro para o usuário em geral, mas que

em orientá-lo a cada instante em que ele está navegando

seria obscuro para um determinado público.

pelas páginas.

- Lide com uma idéia a cada parágrafo. Se ele ficar

- Uma das premissas do conteúdo restrito é a atualização

extenso em demasia, desdobre a idéia apresentada, e

rígida das informações, não importa a forma com que estas

transforme o parágrafo em dois.

páginas são alimentadas.

- Opte sempre pela voz ativa. A voz passiva indica uma

8- Imagem

linguagem menos coloquial, inadequada à internet. A voz

- A imagem jamais deve repetir um aspecto que já

ativa é também mais enxuta: é possível dizer a mesma coisa

foi abordado por outro componente da informação web.

com menos palavras.

Os componentes - imagem, texto, vídeo e áudio – são

5- Links

complementares, fechando, cada um a seu modo, o cerco à

- Ao sugerir páginas do próprio site, só inclua um link

informação em questão.

ao longo do texto quando for abordar outros aspectos que

9- Áudio e vídeo

possam complementar a própria informação, nunca outra

- Ao oferecer acesso direto à fonte da informação, a

informação. - Ao sugerir páginas de outro site, não basta criar um link de acesso. É preciso explicitar quais informações o usuário encontrará, para que fique claro o porquê da sua indicação. Insira uma frase explicativa logo após o link, então. 6- Conteúdo expandido (páginas de ‘Leia Ainda’, ‘Veja

utilização do áudio e do vídeo na web garante transparência e credibilidade ao site, o que é relevante na construção da empatia com o usuário.


60 :: marketing

René de Paula Jr. Diretor de conteúdo do Yahoo Brasil. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com

Todo Santo Dia Um velho amigo dizia: antes das onze o mundo não tem consistência. Figura divertidíssima, ele, e saudosa também. Faz tempo que não o vejo, talvez por conta de ser, ao contrário dele, tão diurno, de levantar tão cedo, de não ser um habitué da noite paulistana. Nem de noite nenhuma, aliás: passou da meia-noite, eu passo um vale :) Quando o dia nasce bonito como hoje fica mais fácil: você vai até a janela, vê o céu colorido sobre uma cidade ainda opaca, cinzenta, a brisa ainda fresca e sorri. Eu sorrio, ao menos. Lá embaixo vi um pedestre e me perguntei: o que será que ele está fazendo? Para estar ali tão cedo, o cidadão deve ter acordado de madrugada, tomado não sei quantas conduções, e devia ter ainda um bom chão para percorrer até o trabalho. O que será que o move a repetir esse périplo todo santo dia? Essa reflexão profunda durou uns 18,3 segundos e fui cuidar da vida. Dirigindo para o trabalho, ouço uma entrevista sobre... o sentido da vida. O cara era um acadêmico que tinha lançado um livro associando Sartre... a Charlie Brown, o Peanuts do Schulz. Uau... existencialismo e quadrinhos: ouvi com atenção. E lembrei de novo do pedestre matutino, do cara que acordava ainda mais cedo do que eu. Num exemplo divertido, o autor cita uma historinha onde a menina está toda feliz pulando corda e, sem mais nem menos, pára e começa a chorar. Peanuts pergunta: o que houve? Ela responde: de repente tudo parece tão fútil (Depois dessa, lembrei por que eu nunca gostei de Peanuts... coisa mais pesada, bá). Sacudi esse fardo kierkegaardiano dos ombros, mas ficou uma sementinha na cabeça: o que raios eu estou fazendo da vida? Pensei várias coisas que não cabem aqui, mas uma delas se referia ao nosso ofício, e então compartilho com vocês. O que estou produzindo, gerando, fazendo através do meu trabalho? Nos primórdios, a resposta era mais fácil: o trabalho era basicamente empurrar pra alguém do outro lado alguma coisa que o browser enxergasse. Publicar pro mundo inteiro ver, já era um belo tento. Alguns até ganhavam prêmios por isso. Váááários cabelos brancos depois, o que eu faço mudou tanto... O desafio agora é criar ambientes onde pessoas criem seus próprios mundos, construam suas próprias relações, compartilhem o que fazem com quem bem entenderem. O usuário, antes um nômade anônimo caçador-coletor, agora tem nome e sobrenome e colhe feliz aquilo que


marketing :: 61

“O usuário, antes um nômade anônimo caçador-coletor, agora tem nome e sobrenome e colhe feliz aquilo que planta na internet”

planta na internet. (OK, eu adoro metáforas) E o que metáforas e filosofices têm a ver com o teu,

criem seus próprios mundos? ( O K , e u t e n d o a o b a r ro c o . M e l h o r e u t ro c a r e m miúdos.)

o nosso trabalho? Isso tem muito a ver com o trabalho

O que eu faço:

d e m u i t a g e n t e , a l i á s , c o m o d e s c o b r i o u t ro d i a n u m

- compartilho ao máximo o que descubro e aprendo:

evento ligado à Educação: uma professora apresentou um

publico nos meus blogs, publico na usina, envio para

belíssimo caso onde ela estimulava crianças a produzirem

grupos de discussão;

conhecimento sobre sua comunidade, e depois apresentá-

- colaboro ao máximo com quem precisa;

lo, discuti-lo e compartilhá-lo.

- utilizo ferramentas online que permitem armazenar

Lindo, isso: a idéia não era só ensinar a buscar e consumir informação, mas sim a gerar conhecimento, a colaborar, e construir coletivamente informação relevante para o seu universo. (Detalhe: esse projeto não era online, nem era no eixo Rio - São Paulo, nem era em escolas privilegiadas. Privilegiadas eram as crianças por terem uma educadora tão... visionária.)

e compartilhar minhas buscas e favoritos; - publico meu trabalho autoral em ambientes online que permitam colaboração e criação de comunidades; - estimulo ao máximo a colaboração, a documentação e a multi-disciplinaridade no ambiente de trabalho; - faço o que posso em favor da transparência e generosidade. O que me leva a fazer isso tudo? Difícil dizer. Talvez

Pensar dessa maneira nos abre duas questões: até

o brilho que me vem aos olhos quando vejo não um,

que ponto eu, como profissional, gero conhecimento útil

mas milhares, milhões de cidadãos que eu não conheço

e o compartilho de maneira fecunda e, sobretudo, até que

transitando, trabalhando e crescendo nessa paisagem que

ponto o que eu crio cria condições para que as pessoas

construímos todo santo dia.


62 :: bula da Catunda

Marcela Catunda Trabalhou na TV Globo, TV Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e SBT. Foi redatora da DM9DDB e Supervisora de Criação de Mídia Interativa da Publicis Salles Norton. É sócia do site Banheiro Feminino, está no Orkut e trabalha como autônoma. marcelacatunda@terra.com.br

Ano novo, Freela nova. Sete ondinhas, romã na carteira vermelha e lá vem ele. Ano novo, arquivo novo. Agora, tenho uma pastinha chamada Web Design 2006. Começo os primeiros dos trezentos e sessenta e cinco dias que virão me sentindo no “Se Vira nos 30”, do Domingão do Faustão. Falta muito pouco pra eu me ferrar nos quarenta. O tempo passa. Alguém tá servido um pedacinho de bolo? Esse ano pretendo expandir meus negócio enquanto freela. Ainda não sei do que consistirá essa expansão. Complexo isso de expandir. Talvez ela consista na conquista de um cargo numa nova agência e mais duas produtoras de internet a minha escolha. Invadir novos territórios pode ser uma boa. Aliás, uma ótima. WAR-me. Crime organizado ainda não, mas acho que vou tentar abrir umas portas emperradas, pular umas janelas e, em caso de emergência, quebrar alguns vidros, protocolos e entrar. Pelo menos, vale a pena tentar. Na guerra do dia a dia de freela, existem muitos exércitos a serem derrotados: a descrença, a preguiça, a concorrência e os picaretas, claro. Pra esses aí toda munição é pouca, vale até dedo no olho. Como no jogo WAR, a batalha na vida do freela é árdua. É preciso traçar uma estratégia e rolar os dados (essa é a parte que envolve sorte). O jogo fica bom quando, além da África, seu objetivo fica próximo de ser conquistado. Às vezes, a visão do tabuleiro é aterradora, a gente vê nossas pecinhas minguando e nosso nome sumindo do mapa. Mas não desanime, o mais importante nesse jogo é a conquista de um cliente/ continente, seja ele qual for, mesmo que ele não tenha uma relação direta com seu objetivo. A escolha desse continente a ser conquistado deve basear-se na distribuição inicial de seus exércitos, ou seja, onde você apostou as suas fichas? (espero que não tenha sido num Cassino). Quem quer atacar e o que pretende com essa estratégia? (O Parreira pode até saber, mas é você que conhece melhor o seu time). Assim como no jogo, se você não for o primeiro a entrar, podem papar você fácil. Por isso, bombardeie e-mails, lance visitas bombas, telefonemas e o que mais você puder para marcar seu território, coloque suas pecinhas para percorrer o tabuleiro do mercado. Nunca jogue a toalha, ou lance mão de seus esforços diante da invasão inimiga. Se o lugar onde você freelava for atacado por outro profissional, tente unir forças, ou mostrar-se


bula da Catunda :: 63

“... bombardeie e-mails, lance visitas bombas, telefonemas e o que mais você puder para marcar seu território, coloque suas pecinhas para percorrer o tabuleiro do mercado. ”

agradavelmente disponível para uma nova batalha. Porém,

fazem o mesmo. Objetive-se, há sempre uma nova batalha

não esqueça que, inflacionar o mercado não é uma boa

a ser encarada.

tática, o tiro pode sair pela culatra. Só vilão de filme diz

Outra dica: nada mais frustrante do que escolher como

“Se esse freela não for meu, não será de mais ninguém”

objetivo a conquista do mundo todo. Você não é o Pink nem

(gargalhadas diabólicas).

o Cérebro, é?

Outra dica importante! Não ataque seus adversários de forma direta. É óbvio que é preciso atacar, mas experimente fazer

Por isso, foque nos lugares que realmente podem levar você a conquista de jobs legais e boas oportunidades de crescimento.

isso evitando um conflito de interesses. Todo o jogador/

Alie a isso determinação e role os dados. O fator sorte

freela tem territórios de maior preferência em função de

conta, mas não podemos basear nossa estratégia nisso.

seus objetivos e estratégias. Vai ser muita falta de sorte o

Afinal, já perdi as contas de quantas vezes NÃO ganhei na

cara ter traçado exatamente o mesmo objetivo que você.

mega sena. Os únicos dados da sorte que eu acredito são

Além do mais, não é nada elegante sair por aí falando mal

os da minha conta corrente, e para depósito. Pra essa coisa

de outros profissionais mercado afora, a gente até faz isso,

de débito automático, por exemplo, eu já penso o oposto.

mas que é feio, é feio. Lembre-se sempre: o mundo é redondo e dá voltas.

E de repente da janela do meu escritório, escuto o seguinte pedido de socorro:

Há uma filosofia para um freela se tornar um vencedor

- Sobe logo, p.... Sobe agora, que eu tô trancada aqui.

e não mais um jogador no tabuleiro, e ela consiste em alguns

Você desceu com a chave... Vai logo que eu tenho que

elementos: coragem, cara de pau, criatividade (essa pode

voltar pro trabalho...

ser usada inclusive no elemento cara de pau) e o dinheiro da condução. Não se esqueça daquela máxima: “Você só perde uma guerra, quando outro ganha”. Isso quer dizer que, enquanto você abre seu tabuleiro de todo dia, milhares

Daí eu penso. Que louca, ela tá presa dentro de casa pedindo pra alguém no térreo ir salvá-la. Nossa! Isso que é não traçar planos. Se ela tivesse pronta pra guerra, teria uma chave reserva. Essa, se fosse freela tava ferrada.


64 :: webdesign

Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/ design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo País. webdesign@luli.com.br

Tudo é uma questão de ponto de vista Situação corriqueira: depois de estudar um pouco o negócio de seu cliente e dar uma olhada em referências gráficas, você chega a uma solução de design que acredita ser inovadora, criativa e inteligente – pelo menos em sua opinião - e a finaliza. Ao mostrá-la para seus colegas, eles não compartilham de seu entusiasmo. O cliente, muito menos. Mesmo assim, você aposta na idéia e a defende bravamente até acabar por convencer a todos. O iceberg está a caminho. Uma boa idéia, ao contrário de uma teoria científica, não deve “convencer” ninguém. Como em uma piada, o caminho da racionalidade não leva a lugar nenhum. Ou ela é compreendida e aprovada instantaneamente ou simplesmente não valeu. E o melhor a fazer em um caso desses é recomeçar. Bater o pé, ter delírios de ego ou forçar a barra não costumam ser opções e, na briga do guerreiro solitário contra a maioria não-esclarecida, a aritmética costuma definir quem tem razão. É claro que há exceções, mas elas só confirmam a regra. Em algumas das melhores agências de propaganda que trabalhei, o departamento de planejamento municiava a criação de argumentos para que a idéia fosse desenvolvida e só DEPOIS de apresentada a idéia ao cliente, explicava por que o material apresentado era adequado para o público. Em outras palavras: ninguém precisa de argumentos racionais para gostar de algo. O valor de uma idéia é determinado instantaneamente, qualquer coisa dita depois dela tem o mesmo efeito sedutor de uma piada explicada. Ninguém conseguirá convencer você a gostar de uma pessoa, embora os argumentos racionais ajudem na hora de explicar isso para os outros. Se isso é tão óbvio e fácil de se entender, por que os “criativos” costumam se apegar tanto às idéias que têm? Será que consideram sua percepção do mundo assim tão especial e única, tão particular que não conseguem compartilhá-la com ninguém? Nesse caso, por que não as guardam para si mesmos? Já dizia Nelson Rodrigues que toda unanimidade é burra. Ele deveria ter acrescentado que algumas vozes dissonantes não têm necessariamente razão. A contestação por si só não é um valor, a não ser que ela venha acompanhada de uma idéia comprovadamente melhor. Como dizem por aí, se você discorda, por que não faz melhor? Muitos filmes (e um número ainda maior de peças de teatro) não fazem sucesso por um motivo muito simples: são ruins. Falta a eles bons diálogos, bons roteiros, boas idéias. Mas seus diretores, em delírios de “artista”, não conseguem fazer nenhum tipo de autocrítica


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"Uma boa idéia, ao contrário de uma teoria científica, não deve 'convencer' ninguém. Ou ela é compreendida e aprovada instantaneamente ou simplesmente não valeu."

e preferem culpar o outro. É sempre mais fácil. Na verdade,

grupos específicos costumam ser tão complexas que até

muitas mensagens tidas como “experimentais” demandam

suas mensagens no Orkut se tornam incompreensíveis. Para

tantas concessões para ser compreendidas que o esforço

falar com eles é preciso usar seus códigos. Para que eles

simplesmente não compensa. E o mesmo vale para alguns

consigam ser ouvidos, seu discurso precisa ser traduzido.

equipamentos e websites, mais fascinados em tecnologias e firulas gráficas que no bom e velho conteúdo.

É para isso que servem áreas de estudo como o design e a usabilidade: compreender quem é seu usuário e qual é

Isso não significa que você deva nivelar por baixo,

o ponto de vista dele, que não necessariamente concorda

mas levar em consideração aquilo que é relevante para o

com o seu. Aliás, na maioria das vezes, o que acontece é o

usuário e importante em seu uso. Tente conversar com um

contrário.

grupo de gamers. Ou de fashionistas. As referências de





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