Webdesign
marรงo 2006 :: ano 3 :: n 27 :: www.arteccom.com.br/webdesign
marรงo 2006 :: ano 3 :: nยบ 27 :: www.arteccom.com.br/webdesign
R$ 8,90
4 :: quem somos
Editorial
Equipe Direção Geral
Nosso mosaico
Adriana Melo
A capa desta edição traz um exemplo real de como é possível, através de um esforço comunitário, colocarmos em prática uma grande idéia.
adriana@arteccom.com.br
Direção de Redação Luis Rocha luis@arteccom.com.br
envio de suas fotos para se tornarem “capa” da Webdesign. Recebemos imediatamente centenas delas e, o mais curioso, e-mails super entusiasmados com o mosaico. Isso comprovou o quanto as pessoas gostam de participar, de fazer realmente parte de uma comunidade! Alguns fizeram inclusive fotos específicas para essa nossa solicitação. Bem, espero que se encontrem, pois utilizamos as primeiras 285 fotos que chegaram em nossa caixa postal. Boa sorte! Agradecemos, então, aos nossos leitores que compuseram nossa capa (e aos que não estão presentes também), pela participação, lembrando que nossa intenção foi principalmente homenageá-los, por serem a parte mais importante deste projeto, que é a Webdesign. Um público que realmente lê, participa, colabora, critica, divulga e nos
Criação e Diagramação Camila Oliveira camila@arteccom.com.br
Leandro Camacho leandro@arteccom.com.br
Ilustração Beto Vieira beto@arteccom.com.br
Assinaturas Jane Costa jane@arteccom.com.br
Gerência de Tecnologia Fabio Pinheiro fabio@arteccom.com.br
Desenvolvimento Web Eric Nascimento eric@arteccom.com.br
Financeiro
supre, constantemente, já por mais de dois anos, com suas idéias e
Cristiane Dalmati
sugestões.
cristiane@arteccom.com.br
E, que esta brincadeira, sirva como um couvert ao delicioso tema que vocês irão degustar nas próximas páginas. Adorei conhecê-los! Boa leitura,
A Arteccom é uma empresa de design, especializada na criação de sites e responsável pelos seguintes projetos: Revista Webdesign :: www.arteccom.com.br/webdesign Curso Web para Designers :: www.arteccom.com.br/curso Encontro de Web Design :: www.arteccom.com.br/encontro Portal Banana Design :: www.bananadesign.com.br Projeto Social Magê-Malien :: www.arteccom.com.br/ong
Criação e edição www.arteccom.com.br
Produção gráfica
Adriana Melo
www.prolgrafica.com.br
Distribuição www.chinaglia.com.br
:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.
Como foi feita? Solicitamos para todos os nossos assinantes o
menu :: 5
apresentação pág. 4 quem somos pág. 5 menu
contato pág. 6 emails pág. 6 fale conosco
fique por den tro pág. 8 bloguices pág. 10 métricas e mercado
portfólio pág. 14 agência: A2C pág. 18 freelancer: Anderson Oliveira
matéria de capa pág. 20 entrevista: René de Paula Jr. pág. 28 reportagem: comunidades virtuais
e-mais pág. 38 debate: valor do projeto pág. 43 animação na web pág. 47 estudo de caso: Tintas Coral pág. 52 tecnologia na web: microformats pág. 54 tutorial: AJAX - parte 3
com a palavra pág. 58 usabilidade: Marcos Nähr pág. 60 webwriting: Bruno Rodrigues pág. 62 bula da Catunda: Marcela Catunda pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer
6 :: emails
Assunto: Eu quero Flash!
Assunto:
Hosts confiáveis e revistas
Tenho lido algumas edições da revista Webdesign e as matérias
Queria deixar meu comentário
me interessaram. No entanto,
sobre essa revista maravilhosa
Trabalhamos na área do Portal
eu queria mesmo uma edição
que é a Webdesign! Sou
que venha falando mais sobre
Existe algum canal no site
da Prefeitura Municipal de
estudante e com certeza o meu
Flash, abordando inteiramente o
(fórum, por exemplo) em que
Belo Horizonte. Estamos,
modo de pesquisa está nessa
assunto.
pudéssemos disponibilizar um
dentro do processo de cargos
grande revista! Parabéns pelo
Marcos Nascimento marcoswebrb@yahoo.com.br
trabalho e este ser avaliado e
e salários, descrevendo o
trabalho de vocês.
comentado por profissionais?
Luiz Cesar juninhofaria@gmail.com
Sinto uma tremenda falta de uma
Assunto: Cargos e salários
cargo de webdesigner. Dessa forma, estamos precisando de referências de textos, funções, atividades, exigências para o cargo. Seria possível indicar sites, ou enviar textos sobre o assunto? Muito obrigado! João Crispim crispim@pbh.gov.br
Oi, Marcos. A edição nº15 trouxe uma abordagem completa sobre Flash (entrevista, reportagem especial e debate). Dando continuidade a série de novidades que estamos lançando na revista, apresentamos em março uma nova seção,
Olá, João.
chamada “Tecnologia na web”
Procure dar uma lida na edição
(páginas 52 e 53). Provavelmente,
de novembro - capa “Emprego”
o Flash se tornará um futuro tema
(nº 23), pois publicamos uma
desta seção. Aguarde!
reportagem especial que tratava justamente desse assunto. Além
Assunto: Cursos, certificações...
disso, estreamos agora em março
Olá pessoal, a revista está muito
a seção “Métricas e Mercado”
boa! Sugestões: poderiam ser
(páginas 10 e 11), com dados sobre
feitas uma pesquisa e uma análise
média salarial na área. Boa leitura!
dos principais cursos superiores
Assunto:
Banco de imagens
e certificações de webdesign,
gratuitas
o que acham? O que é melhor: certificação ou superior, várias
Estou atuando há pouco tempo
comparações, por região e tal,
na área de design na web e
fica aí a dica, ok? Se vocês já
gostaria de saber se existe algum
fizeram esse tema me avisem
site onde eu possa fazer uso de
que eu quero comprar a revista,
fotos sem que me cause nenhum
obrigado.
problema (que eu possa fazer
Felipe Sacchs felipewebdesigner@yahoo.com.br
download das mesmas para uso
crítica profissional, pois quando Sou leitor da Webdesign e a considero a melhor revista brasileira sobre o tema. Por esse motivo, estou procurando vocês para tirar duas dúvidas do meu dia-a dia:
apresento meu trabalho para amigos, todos dizem sempre o mesmo: Lindo! Legal! Da hora! :o( Mas não é isso que queremos ouvir, certo? Queremos crescer,
1- Estou procurando um host para
melhorar com opiniões, digamos...
hospedar meu site, onde encontro
interessadas (risos). Obrigada,
um ranking confiável de web host-
abraços,
ings internacionais?
Carolina carolina@kadix.com.br
2- Quais as revistas mais conceitua-
Oi, Carolina.
das da área, em nível internacional?
Um bom caminho seria você entrar
Desde já agradeço,
em listas de discussão sobre design
Amauri Passos apassos@abs-tech.com
Olá, Amauri e Luiz. Obrigado pelo incentivo! Ele serve como estímulo ao nosso trabalho diário e aumenta nossa responsabilidade para que cada edição se torne ainda melhor. Lembrando que publicações (livros, revistas) devem servir como um complemento para a sua formação profissional. Amauri, sobre suas dúvidas: 1 - Os sites WebHosting (www.
definitivo em sites de clientes,
Oi, Felipe.
webhosting.info) e Hostmapper
sem nenhum tipo de custo tanto
Obrigado pelas palavras! A revista
(www.hostmapper.com.br) são duas
para mim como para o cliente).
que você procura é a de junho de
das melhores fontes sobre esse
Obrigado!
2005, que teve o tema “Cursos”
mercado.
como destaque de capa.
2 - Procure a edição de dezembro
Maxwell Rodrigues maxrodsilva@ibestvip.com.br
Assunto: Avaliação de portfólio
de 2005. Nela, publicamos uma
Oi, Maxwell.
reportagem “Abasteça sua mente”,
A dica vem de nossos designers:
que indica um bom número de
uma boa opção é o site
revistas internacionais.
GettyImages (www.gettyimages. com), que possui um grande banco de imagens gratuitas. fale conosco pelo site www.arteccom.com.br/webdesign :: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.
na web e pedir a opinião dos colegas de profissão sobre o seu portfólio. Uma lista interessante é a WDDesign (www.10minutos.com. br/wddesign.php), mantida pela agência 10’minutos. Boa sorte e sucesso!
8 :: blog
Bloguices
By Margarida Flores apareceu_a_margarida@hotmail.com
Apareceu a Margarida Olé Olé Olá! E cá estou eu, esquindolelê, mais pra lá do que pra cá, esquindolálá. Ai, que falta de assunto pra uma abertura. Sendo assim, vamos ao que interessa. EU ME AMO. EU TENHO UM BLOG! Se você tem orgulho de ter um blog, a SnapShirts acaba de lançar um produto pra você. Por US$ 18, você pode transformar as palavras mais utilizadas de seu blog em uma camiseta “da hora”. Para saber como ficaria a sua, use o simulador www.snapshirts.com/custom.php e divirta-se.
O SEU ROBÔ, ME VÊ MAIS SEIS, POR FAVOR. E uma importante fabricante de cerveja japonesa, a Asahi, lançou um refrigerador robô garçom. Três em um. Isso mesmo! Ele gela, abre e serve até seis latinhas de cerveja (ou refrigerante). O Jaspion Manuel é objeto de uma promoção da cervejaria que premiará cinco mil pessoas que juntarem os 36 selos especiais da promoção que virão nas latas de cerveja da marca. Não se anime. A promoção, que só vai rolar no Japão, começa dia 20 de fevereiro e vai até o dia 22 de maio. Enquanto isso, no Brasil, a gente chama o Zé mesmo.
CURIOSIDADE MATA, OU PELO MENOS, LESA SEU MICRO. Segundo Juliana Carpanez, da Folha Online, quando uma mensagem chega à caixa de e-mail com o nome de um remetente desconhecido a curiosidade fala mais alto e o internauta cai na roubada. Com mensagens sugestivas como: “clique aqui para ver meu antigo álbum de fotos”, a cilada se dá e é só clicar no link para abrir o arquivo que instalará involuntariamente um programa que desativará seus softwares de segurança. Quer ler mais sobre o assunto? http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u19451.shtml
É VIRAL OU GENIAL? O QUE IMPORTA É QUE TÁ FUNCIONANDO. E uma loja on-line de camisetas tá dando o que falar na internet depois de inventar um vídeo que ensina como montar uma “máquina” de dobrar camisetas. A idéia foi pra incrementar as vendas da empresa www.all-tribes.com e o vídeo está disponível no endereço: http://tv.terra.com.br/home.aspx?channel=100&play=1&contentid=126140
PASSARELA DA WEB! A semana de desfiles outono-inverno 2006 começou em Nova York e na via WEB. É isso aí. Agora você pode assistir o show dos estilistas mais badalados do mundo da moda, digitando apenas algumas palavras mágicas: www. imgfashionworld.com.
blog :: 9
LINKS BRINDES
Onde está Margarida Flores???? Encontre a Margarida Flores na capa da revista!
Diversão garantida ou seus cliques de volta http://www.rockstargames.com Ô, abuso!! Vai ter coragem de bocejar na minha cara? Resista a um estudo cientificamente comprovado. Veja isso e não boceje: http://www.dontyawngame.com/
III Semana RIOfazDESIGN. E AÍ, JÁ FEZ A SUA INSCRISSÃO?
Que “Samba de uma nota só” que nada, seu
A Semana RIOfazDESIGN é um evento periódico que congrega uma série
Jobim. O negócio é arrepiar no ritmo. E usar
de atividades voltadas para formação de uma cultura empresarial que
um tema só. E uma palavra e um neurônio só:
contemple o design como ferramenta competitiva. A III Semana RIOfazDESIGN começa a rolar de 29 de março a 04 de abril de
http://www.elegantgowns.com/the_llama_ song.shtml Sabia que Hervé Villechaise, o Tatoo da ilha
2006, na sede da Fecomércio, à Rua Marquês de Abrantes - 99,
da fantasia, morreu ao se envolver numa
Flamengo, Rio de Janeiro.
briga com um garoto de 6 anos de idade, na
Mais informações e inscrições: www.riofazdesign.rj.gov.br
ALÔ! ALÔ! LULI NA ÁREA!
qual foi espancado até a morte? Acreditou? É melhor comprovar, acesse e consulte circunstâncias da morte de seu ídolo: http:// www.findagrave.com/
Essa é pra Designers, profissionais de WEB, de inovação e curiosos em geral.
FLASH BACK
O super Luli esta começando a fazer um novo livro tratando de design, do
DOCES LINKS DO PASSADO.
ambiente digital, inovação e seus desdobramentos.
E vem de 2002 o nosso link do passado:
Mas antes de fazê-lo ele conta com a participação de seus leitores e pra isso
www.pudim.com.br
criou um blog, o http://dwd3.blogspot.com
Pudim? Pudim como? Pudim do quê? Pudim
O objetivo é funcionar como um "making of" dinâmico e participativo, um
pra mim? Pudim pra você? Pudim com mandioca? Pudim de banana? Pudim com
fórum aberto.
capim? Pudim assim? Pudim aqui? Pudim lá?
Não perca essa chance. Ponto de encontro de gente legal!
Pudim é gostosim!
RÁDIO DO MÊS SOS SANDRA ROSA MADALENA.
Meu lado Maria do Bairro se amarra num
E Sidney Magal, o Cigano do Rebolado, ganha um aliado na internet.
ritmo latino.
A Universidade de Manchester lançou em um site para salvar o romani, uma
Ai Ai Caracaaas! Tchá! Tchá! Tchá!
das línguas ciganas mais ameaçadas do mundo. http//www.llc.manchester.ac.uk/
http://www.cnb.com.ve
Research/Projects/romani pra lá de interessante.
NOTA IMPORTANTE Quer mandar uma email com dicas, elogios,
É UM AVIÃO? É UM PÁSSARO?
elogios, elogios, elogios ou divulgar o seu evento, se for legal eu falo dele.
NÃO. SÃO OS BRINQUEDOS FEITOS DE LIXO. Mas de lixo?
Mande para:
Digite www.arvindguptatoys.com/toys.html e confira a galeria de brinquedos
apareceu_a_margarida@hotmail.com
criados a partir do lixo. O que era velho ficou novo e cheio de utilidade. Isso sim é reciclagem, o resto é conversa. Leia, aprenda e prepare-se pro dia das Crianças que está chegando, em outubro, mas tá chegando.
Teu Blog é legal? O da Catunda é http://pirei.catunda.org E o do artista americano Frank Warren, blog revelação do mês também é, e confessa os mais inconfessáveis segredos de pessoas comuns: www.postsecret.blogspot.com
10 :: métricas e mercado
1/20
de segundo
Segundo pesquisa de universidade inglesa, esse é o tempo de julgamento que um usuário leva para decidir se gosta ou não de um site. Fonte: BBC Brasil
1
em cada
10
sites são incompatíveis com o
Firefox
É a constatação de testes realizados pela empresa SciVisum, com 100 grandes sites de comércio eletrônico do Reino Unido. Fonte: Computerworld
Quer uma vaguinha? Então, fique de olho nos seguintes sites: www.catho.com.br, www.curriculum.com.br, www.publicijobs.blogspot.com, www.clickjobs.com.br
Motivações de compras on-line em 2005
Fonte: e-bit (www.ebitempresa.com.br) / Base amostral: 25.652
Média Salarial Nacional Cargos
Catho*(R$)
Salários nos Estados: SP versus RJ Curriculum**(R$)
Cargos
São Paulo(R$)
Rio de Janeiro(R$)
2.593,00
2.721,00
Editor de Conteúdo
2.742,00
-
Editor de Conteúdo
Programador Web
2.212,00
2.190,00
Programador Web
2.127,00
2.217,00
3.355,00
3.483,00
Webdeveloper
3.441,00
2.000,00
Webdeveloper
Webdesigner
2.183,00
2.000,00
Webdesigner
2.181,00
2.296,00
Webmaster
2.612,00
2.000,00
Webmaster
2.554,00
2.665,00
3.000,00
Fonte: Catho
Web Marketing
-
* Referente a outubro de 2005. Os dados salariais da Catho são publicados quadrimestralmente. ** Médias mínimas que os profissionais informaram como seus salários em empregos atuais e passados.
métricas e mercado :: 11
Nova Seção!
ViuIsso?
Por Michel Lent Schwartzman michel@10minutos.com.br
Notícias e comentários sobre comunicação digital, internet e publicidade. Vem aí o primeiro MobileFest, criatividade no celular O designer Paulo Hartmann e o empresário Marcelo Godoy, diretor da newTV, são os organizadores do 1º MobileFest, festival internacional de criatividade móvel editado no Brasil. O celular e os aparelhos móveis em geral são a próxima fronteira da comunicação interativa. Em muito pouco tempo, permitirão interações muito próximas das que temos no computador, com acesso à internet em banda larga e total mobilidade. Com quase 90 milhões de celulares no país, esta será a porta de entrada da população no mundo digital. [http://www.mobilefest.com.br/] Venda de PCs cresce 36,2% em 2005 O dólar fraco e a isenção de impostos contribuíram para a venda no país de mais de 5,5 milhões de PCs no ano passado, movimentando um total de US$ 12,8 bi. A taxa de crescimento foi a maior em três anos. Em contraste com os países desenvolvidos, onde praticamente todos já têm seu PC, o aumento do mercado é esperado para os países e classes mais pobres. É o que está acontecendo no Brasil, onde a venda se reflete em especial na classe C, com a entrada dos grandes magazines na venda de PCs subsidiados. O Magazine Luiza, por exemplo, vendeu 15 mil unidades em menos de um mês. A internet popular está chegando e isso vai ter um impacto significativo no mercado e na forma como pensamos o conteúdo e a publicidade para o meio. [Notícia da Folha Online] Investimento em mídia on-line no Brasil cresceu 22,96% Pesquisa do Intermeios mostrou que, até outubro do ano passado, foram registrados investimentos de R$ 215 mi em publicidade on-line, um crescimento de 22,96%. Apesar de ainda ser responsável por apenas 1,7% do bolo publicitário brasileiro, a mídia on-line foi a que mais cresceu. A fatia de 1,7% dedicada à mídia on-line, definitivamente não faz sentido quando olhamos para o número de usuários no país e o tempo que passam conectados. Indica claramente uma discrepância e meu palpite é que esta discrepância vai começar a diminuir rapidamente e com grandes saltos. Não será um aumento gradual. Mercado Interativo Veny Cury, que recentemente deixou a JWT Digital, assume a criação da Garage Interactive, agência recém-fundada por Max Petrucci. A outra baixa recente da JWT Digital foi Igor Puga, que sai para trabalhar ao lado de Suzana Apelbaum na África. Ana Paula Cavognoli, ex-Click, deixa o Buscapé e vai para a Popcom. Patrícia Xandó deixa a Euro4D, após 7 anos, e vai para a Neogama BBH.
14 :: portfólio agência - A2C
A2C: serviços na web sob o selo ISO 9001 Os fãs de Jean-Claude Van Damme devem se lembrar do lendário “Retroceder nunca, render-se jamais”. Mas o que um filme de kickboxing tem a ver com a área de design na web? Pois bem, a chave para solucionarmos esse mistério está no título do filme, que ilustra um pouco a dura caminhada da A2C. “A agência surgiu em 1999, quando dois sócios se reuniram para criar uma empresa ‘pontocom’. Em fevereiro de 2000, foi lançado o primeiro projeto web, um portal para estudantes chamado WebEstudante (www.webestudante.com.br)”, revela Anderson de Andrade, sócio-fundador e atual diretor-presidente. Porém, como a época não era das melhores, uma nuvem negra atingiria em cheio a primeira iniciativa da A2C. “Em 2001, após dois anos de muito esforço e tentativa para fazer dar certo o portal, como o projeto não se mostrava economicamente viável, decidimos encerrar as atividades de maneira que não prejudicasse a nossa imagem”. Mas essa frustração não impediria que eles continuassem o sonho de criar uma empresa de sucesso. “Traçamos um plano de um ano para encerrar as atividades do WebEstudante e, como precisávamos encontrar uma outra fonte de renda, para pagar as dívidas e continuar na busca do nosso sonho, decidimos então prestar serviços na área de criação de sites, já que éramos na época percebidos como pessoas que tinham um certo conhecimento e experiência no mercado de internet, devido à visibilidade que a mídia local e até nacional, em alguns casos, nos proporcionou”, diz.
portfólio agência - A2C :: 15
“Webdesigner: não adianta ser piloto de Photoshop se não domina conceitos de semiótica, usabilidade, arquitetura, comportamento do usuário e assim por diante” Incubadora: turbinando as idéias empreendedoras Na virada de página na história da A2C, um personagem é considerado fundamental: a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica Softville (www.softville.org. br). “Em março de 2001, eu estava na faculdade cursando administração de empresas e dois colegas comentaram comigo que a Softville estava retomando suas atividades e com edital aberto para seleção de projetos inovadores
endedora até a possível viabilidade econômica do modelo de negócio. Por ela, conseguimos também participar de projetos do SEBRAE, como prêmios de incentivo ao empreendedorismo e também acesso a linhas de crédito para financiamento de consultorias especializadas na área de gestão, finanças e mercado”, relata. Aprendendo com as dificuldades para alcançar as realizações
com o objetivo de incubação. No dia seguinte, às 09 horas
A experiência da A2C serve para mostrar as dificulda-
em ponto, eu estava lá com o projeto e conversando com o
des enfrentadas por quem pretende empreender na web.
gerente executivo, pois para a nossa empresa esse período
“No nosso caso, sentimos falta de um business plan e foco
de incubação representava uma oportunidade de sobrevi-
no negócio, pois não sabíamos exatamente para onde ca-
vência, tendo em vista os altos custos externos para nos
minhavam as melhores oportunidades de negócios da nova
manter ativos”, explica Anderson.
economia. Passamos diversas vezes por momentos em que
www.a2c.com.br
tivemos muitos problemas com prazos, qualidade, pessoas e trabalhos que não eram de nossa competência. Isso fazia com que refletíssemos sempre sobre o que estava errado, o que estava faltando, o que precisava ser feito para ser resolvido o problema”, conta. Para reverter esse quadro, Anderson resolveu participar das principais entidades de classe de Joinville, como ACIJ (Associação Empresarial de Joinville) e AJORPEME (Associação de Joinville e região da Pequena, Micro e Média Empresa). “Nas entidades, consegui acessar palestras,
Graduada em abril de 2005 pela Softville, a agência
experiências, consultorias especiais e principalmente o
contabiliza hoje os benefícios proporcionados pela Incu-
relacionamento com empresários de outros setores que
badora na formação da empresa. “Ela nos proporcionou
compartilhavam dos mesmos problemas e desafios no dia-
um local com toda a infra-estrutura que precisávamos a
a-dia empresarial. Com essa troca de conhecimentos, con-
baixo custo, como: espaço confortável e seguro, internet
seguimos resolver vários problemas em conjunto, através
banda larga, sala de reuniões e auditório para recebermos
das redes de cooperação”.
clientes, acesso a entidades de classe, assessoria de im-
Falando em Joinville, o fato de a agência não estar
prensa compartilhada para divulgar nossos projetos e uso
localizada nos principais eixos de negócios do país (RJ-
da marca como ‘chancela’ para atestar o nosso trabalho.
SP) não era vista como um obstáculo. “Nunca deixei
O acesso passa por um rigoroso processo seletivo, no qual
de estar presentes em eventos, feiras, congressos e
vários aspectos são avaliados, desde a capacidade empre-
treinamentos, principalmente em São Paulo. Dessa forma,
16 :: portfólio agência - A2C
consegui ampliar o networking e manter ativa a rede,
dos maiores desafios foi estabelecer processos claros e
usando sempre a internet como ferramenta para a troca
sistemáticos que efetivamente funcionem de forma simples
de informações e a busca constante de parcerias. Não
e ágil, sem engessar ou comprometer a manutenção e a
existiram grandes dificuldades por estarmos deslocados
melhoria contínua”, afirma Anderson.
e sim uma oportunidade de nos desenvolvermos em
Em termos de investimentos, o custo para que tal so-
um mercado menos competitivo na época. Hoje, ele
nho se torne realidade vai girar em torno de R$ 30 mil.
está supercompetitivo, o que é muito positivo, pois
“Tivemos que contratar uma empresa especializada na im-
concorremos aqui no Sul com empresas de SP e de outros
plantação de ISO, com um investimento médio de R$ 20 mil
estados, o que nos motiva muito a melhorar cada dia mais
a consultoria. Agora, vamos destinar algo em torno de R$ 4
o nosso trabalho”, diz.
a 5 mil para a certificação do órgão. O restante é designar
Como forma de alavancar o seu negócio, a A2C vem
um profissional interno para se dedicar ao projeto.
investindo continuamente na capacitação educacional de
Tudo isso para aperfeiçoar a qualidade dos projetos
seus profissionais. “Quando se fala de uma agência web,
da empresa. “Antes, sempre buscávamos desenvolver um
não adianta você ser apenas um excelente programador JSP,
projeto a qualquer custo e no menor prazo, sem avaliar se
.NET ou PHP, você precisa conhecer regras de negócios, se
a A2C estava ganhando ou perdendo dinheiro, atendendo
for programar um comércio eletrônico, por exemplo, precisa
qualquer alteração de escopo. Hoje, tudo é planejado, me-
entender como funciona um ERP no caso de uma integração,
dido, controlado, reavaliado e há um acompanhamento nos
entender de logística, de meios de pagamento etc. No caso
processos, onde o cliente fica sabendo e qualquer anor-
do webdesigner é a mesma coisa, não adianta ser piloto
malidade é negociada, buscando sempre a satisfação e os
de Photoshop se não domina conceitos de semiótica,
resultados que ambos esperam. Isso não depende da ISO,
usabilidade, arquitetura, comportamento do usuário e assim
mas quando se estabelecem processos e controles claros,
por diante. A formação só ajuda o profissional a evoluir e
é muito mais fácil de acontecer”, ressalta. Além da ISO, os planos da agência incluem a destina-
cada vez destacar-se mais em suas atividades”.
ção de recursos em PDI (Pesquisa, Desenvolvimento e InoISO 9001:2000
x
Padrão internacional que estabelece requisitos para um
vação). “Queremos continuar crescendo e expandindo os negócios de forma profissional, estruturada e sustentável.
Sistema de Gerenciamento de Qualidade (QMS, do inglês
Hoje, temos um profissional focado 100% em pesquisa e
Quality Management System).
desenvolvimento. Ele ficou um ano estudando, patrocina-
Fonte: Kyocera (http://tinyurl.com/7mr87)
Investindo na ISO 9001 como diferencial
do pela A2C, só para buscar as melhores práticas de desenvolvimento, framework, processos, componentização, performance de produtividade, entre outras coisas. Esta-
Os planos da A2C são ambiciosos. Dentre os
mos desenvolvendo parcerias e também criando a área de
principais, destaca-se a busca em tornar a agência em
inovação, que será formada por um comitê de pessoas da
uma das primeiras do segmento web no país a buscar a
própria empresa com foco em inovação de processos e de
implementação do padrão ISO 9001. “Um dos principais
negócios”, completa.
motivos para buscarmos a ISO foi a possibilidade de implantarmos um sistema de gestão da qualidade, com indicadores de desempenho e controle do negócio. Um
Cases e-MBA em Planejamento, Gestão & Marketing Digital www.i-group.com.br/maos
O e-MBA é um programa de especialização composto para funcionar em qualquer região do Brasil. Tem como público-alvo profissionais de internet com foco em negócios. A conta foi conquistada pela A2C depois do bom trabalho realizado no website do I-Group, empresa responsável por organizar o e-MBA. Em termos de design, a agência apostou no conceito de mão: a mão que dará uma “força” na carreira dos alunos, que trabalha, que auxilia, que leva ao sucesso. Dessa forma, o site possui uma navegação espacial, feito em Flash, passando imagem de falta de fronteiras. Além disso, cada professor do curso é representado por uma mão.
Datasul Kick Off 2006 www.datasul.com.br
Outro trabalho de destaque no portfólio da A2C refere-se ao evento interno de treinamento para equipe de vendas da Datasul, o Kick Off 2006. A conquista deste projeto foi semelhante ao caso envolvendo o I-Group: a Datasul também já era um cliente da agência. A idéia das ações (hotsite, e-mail marketing, mobile marketing etc.) era que o internauta se sentisse espectador de um grande evento. As frases, layouts e animações desenvolvidas giraram em torno deste mote. Além disso, o departamento de criação da A2C procurou selecionar imagens que relacionassem o perfil da Datasul a tecnologia de ponta.
18 :: portfólio freelancer - Anderson Oliveira
Design movido aos acordes do bom e velho rock’n’roll Contato: anderson@andersonoliveira.com.br Site: www.andersonoliveira.com.br
www.blackcrowes.com
Transformar uma admiração pessoal em trabalho. Essa foi uma das principais experiências na carreira do designer gaúcho Anderson Oliveira, responsável pelo projeto do site da banda americana Black Crowes (www. blackcrowes.com). “Foi algo bem inesperado. Sou fã deles desde 1990. Colecionava material (CDs, VHSs, DVDs) e resolvi fazer um site para exibi-lo, além de fazer trocas com o pessoal dos Estados Unidos. A banda estava procurando um design para a página deles, em Nova Iorque, mas nunca era o que eles esperavam. Foi quando a diretora de marketing da banda viu meu site e me ligou contratando na hora (novembro de 2004). É compensador você fazer algo e ser reconhecido”, conta.
ainda uma rádio on-line, onde o internauta pode escutar os shows, além de toda a discografia e os vídeos. Foi um trabalho de mais ou menos dois meses. Desde a idéia inicial até a conclusão”, relata. Mas o sucesso de Anderson não veio por acaso. Para que seu trabalho fosse reconhecido, ele investiu na sua formação: é formado em Publicidade e Propaganda (1999) e pós-graduado em Publicidade e Cultura Contemporânea (2005). Um fato curioso na trajetória desse gaúcho é que foi o Photoshop quem despertou seu interesse pelo design na web. Falando em desenvolvimento da carreira, a divulgação do portfólio no mercado pode garantir boas oportunidades. “Comecei a fazer algumas coisas como freelancer, muita coisa ruim, mas com o tempo e experiência, começaram a aparecer os grandes projetos. Hoje, meu trabalho está exposto para todo mundo. Muitos clientes foram conquistados com ele. Conquistei alguns prêmios (FWA, iBest etc.) e as pessoas começaram a me procurar. Mas antes disso, preparei um CD-ROM e fui visitando alguns clientes em potencial. Conquistei alguns; os outros vieram
www.andersonoliveira.com.br
Dessa forma, em março de 2005, Anderson foi convidado para assistir os primeiros shows da turnê da banda nos EUA e para discutir alguns aspectos do layout do site. “Procurei fazer algo que lembrasse toda a trajetória da banda. Mostrar ingressos antigos, capa de revistas, logos, material promocional etc. Deixei os elementos como se tivessem sido ‘jogados’ sobre uma mesa. Usei um banco de dados MySQL e PHP para as notícias e o restante do conteúdo com XML aliado ao Flash MX. Disponibilizamos
por indicação. Um portfólio bem feito abre muitas portas”, revela. O amor pela profissão é a garantia de novos projetos interessantes. “Pretendo continuar trabalhando com design na web e com a banda Black Crowes. Amo o que eu faço e o farei por muito tempo ainda”.
20 :: entrevista - René de Paula Jr.
O"compartilhador serial"
da web brasileira Na ânsia de encontrar um profissional
qualquer estrangeiro percebe assim que
que pudesse representar o espírito das co-
põe os pés aqui. Não sou antropólogo,
munidades na web brasileira, resolvemos
nem sociólogo, nem nada, mas arrisco
fazer uma enquete com nossa Equipe Edi-
meus palpites. O primeiro deles é: a vida
torial para definir qual seria esse nome
cotidiana no Brasil se baseia em conexões
ideal. O resultado? Unânime! René de
pessoais. Se você tem um problema qual-
Paula Jr.
quer, um amigo seu sempre tem um amigo
A experiência dele não nos deixa
que pode te ajudar. Você sempre sabe para
mentir: trabalhou no Espaço Real Uni-
quem telefonar caso alguém precise de um
versitário, site de comunidade focado no
favor inusitado.
público universitário, hoje é diretor de
Um exemplo: fui produtor de TV, e um
produtos do Yahoo! Brasil, além de manter
dos sinais da sua competência e bagagem
a lista Radinho de Pilha, que reúne mais
como produtor é o número de telefones
de 600 profissionais. A seguir, você terá o
importantes que você tem na agenda.
prazer de compartilhar os conhecimentos
Outra hipótese minha é que nós, brasi-
de René sobre o assunto. Boa leitura!
leiros, nos definimos muito pela maneira
Wd :: Como justificar tamanha po-
como somos vistos. A aprovação alheia, o
pularidade das redes sociais na web
apreço, a popularidade são muito valiosas
brasileira?
para nós, muito.
René :: Acabo de voltar de uma série
Mais uma: um fator importante para
de eventos no Yahoo!, em Sunnyvale, Ca-
nossa auto-imagem é o status relacionado
lifórnia, e quando o tema é comunidades,
a pertencer a coisas bacanas e exclusivas.
nossos números brasileiros fazem bonito
Não somos heróis solitários, nem prodígios
sempre. Somos um dos campeões de uso do
“solo”: somos eminentemente gregários.
Yahoo! Grupos, por exemplo. E por quê?
Chutes teóricos à parte, uma leitura funda-
A resposta bate-pronto é: somos
mental para entender nossa cordialidade
sociáveis, e ponto. Isso qualquer turista,
nata é o “Raízes do Brasil”, do Sérgio Bu-
entrevista - René de Paula Jr. :: 21
“Os ingredientes básicos para uma comunidade frutífera são a diversidade de opiniões, a abertura a temas novos e o respeito mútuo” René de Paula Jr
22 :: entrevista - René de Paula Jr.
“Tudo o que fazemos no Yahoo!, tudo, têm quatro pilares: busca, conteúdo, personalização e comunidade”
Homem Cordial
X
“Para capturar o significado da expressão, é preciso buscar a etimologia latina do vocábulo cordial: cor, cordis. Coração. O homem cordial é aquele que age movido pelos instintos do coração. Homem visceral, a quem preferir.” Fonte: Webinsider (http://tinyurl.com/8j7s9) e Companhia das Letras (http://tinyurl.com/bnm69)
arque de Holanda. É dele a maravilhosa expressão “homo cordialis”. Wd :: No artigo “Algumas anotações sobre comunidades”, você diz que “o conceito de softwares sociais é útil, porém vago, pois sociais mesmo são as pessoas, e foram elas que deram a algumas ferramentas um uso inusitadamente social”. Dos BBSs à popularização do Orkut, quais foram as principais transformações ocasionadas pelas comunidades virtuais na evolução da internet no Brasil? René :: Essa nossa atração natural por comunidades e relações pessoais trouxe para internet muita gente que ainda relutava em (literalmente) se conectar. Não duvido que para muitos dos novos usuários a principal razão de se conectar dia após dia seja... Se relacionar com amigos. Uma pista disso é o tempo enorme que passamos on-line. Quem entra só para pagar contas on-line ou para checar o resultado do esporte não fica tanto tempo assim. Só nossa vocação para o relacionamento explica essa navegação tão prolongada. Wd :: Você possui uma comunidade chamada Radinho de Pilha (www.radinhodepilha.com). Como ela surgiu? De alguma forma ela ajudou no seu crescimento profissional (em entrevista, por exemplo, você se definiu como “um compartilhador serial”)? René :: Compartilhador serial? Eu não lembrava dessa, obrigado pela lembrança! Quando comecei a trabalhar com internet, em 1996, ninguém sabia quase nada, estávamos todos aprendendo. E uma das coisas mais legais naquela
época é que todo mundo ajudava todo mundo. Quem descobria algo bacana (seja um site, um código ou o que fosse), compartilhava a torto e a direito, e assim todos fomos aprendendo uns com os outros. (Numa entrevista antiga que li na Wired, alguém dizia que havia dois tipos de mentalidade na internet: os hedonistas, mais easy-going, colaborativos e generosos, e os agônicos, mais competitivos, individualistas e ambiciosos. Eu ainda me incluo entre os primeiros.) Quando a internet brasileira começou a ficar mais “publicitária”, percebi que esse espírito comunitário começava a decair. Em pouco tempo tinha ego para todo lado, gente preocupada com prêmios e tudo começou a ficar mais “agônico”. Eu participava de uma lista de publicitários que estava mostrando sinais dessa mudança: flames, bravatas, vaidades... Não sou publicitário, vim de TV, não acho graça nesse jogo. Resolvi abandonar aquela lista, mas em cinco minutos estava sentindo falta de ter com quem compartilhar descobertas e dúvidas. Criei uma lista, chamei-a de radinho de pilha e perguntei a alguns amigos se queriam receber o que eu costumava enviar para todo mundo. Eles toparam, e assim nasceu o radinho, com "meia dúzia de três ou quatro". Hoje somos mais de 600, desafiando o senso comum de que comunidades racham quando tem mais de
entrevista - José Bessa :: 23
200 membros. Ainda mantemos o mesmo espírito colaborativo, generoso e pacífico dos velhos tempos. (O nome “radinho”, aliás, tem duas explicações: a oficial é que num artigo defendi que a internet deveria ser fácil e indispensável como um bom radinho de pilha. A “não-autorizada” é que eu falo muito, e minha esposa sempre me pergunta se eu engoli um rádio :) Quem sabe com o podcast Roda & Avisa (www.usina.com/rodaeavisa) eu dou vazão a isso de forma mais útil.) Wd :: Atualmente, você trabalha no Yahoo!. Como a empresa vem tratando este tema? René :: Uma das razões dessa minha viagem ao Yahoo!, no Vale do Silício, foi participar de um evento que reuniu colegas do mundo todo em torno de um só tema: comunidade. Foi bárbaro! Tudo o que fazemos no Yahoo!, tudo, têm quatro pilares: busca, conteúdo, personalização e comunidade. Qualquer produto novo, qualquer funcionalidade tem que ter isso no seu “código genético”. Tome como exemplo algo básico como publicar uma foto: quero publicar onde e como eu quiser (conteúdo gerado pelo usuário); quero organizar da minha maneira e mostrar para quem eu quiser (personalização); quero que encontrem facilmente o que eu fiz (busca); e quero criar laços com pessoas que tenham o mesmo gosto por fotografia que eu tenho (comunidade). O Flickr (http://www.flickr.com) é um ótimo exemplo. O 360º (http://360.yahoo.com) é outro. Nosso guia de cinema (http://br.movies.yahoo.com) permite que usuários avaliem e critiquem os filmes, e a opinião de alguém com gosto parecido com o seu pode ser mais relevante para você do que uma crítica de um profissional. Nosso foco são pessoas, e o foco de cada pessoa é ser mais humano, mais pleno, é ter controle sobre seu próprio universo. Nosso trabalho é facilitar isso. Wd :: Quais são os meios mais comuns utilizados na formação de comunidades na internet? Existe alguma fórmula ideal? René :: Você acredita que exista uma fórmula ideal para relações humanas? Eu não! As pessoas vêm tentando achar uma maneira decente de se organizar e se relacionar faz milhares de anos: leis, sistemas políticos, ideologias.
24 :: entrevista - René de Paula Jr.
Essa questão estará permanentemente aberta, essa é a
descartáveis, ou que vivem basicamente de futilidades,
nossa saga, e aí está a graça e encanto da internet: ela
ou que cresçam e sem mais nem menos desandem sem
permite que experimentemos maneiras completamente
elegância, em paralelo com comunidades estáveis que
inéditas de nos organizarmos, de nos relacionarmos, de nos
florescem e frutificam. As pessoas envolvidas estão expe-
definirmos como seres humanos. Se existe algo realmente
rimentando novas formas de relacionamento, e mesmo os
feito à nossa imagem e semelhança são essas experiências
erros podem ser um aprendizado importante sempre.
que cada um de nós está fazendo ao construir seu próprio
Pela minha experiência, os ingredientes básicos para
mundo. O mundo nunca foi tão plural, nós nunca fomos tão
uma comunidade frutífera são a diversidade de opiniões,
donos do próprio nariz.
a abertura a temas novos e o respeito mútuo. Eu, por
Ok, eu me empolgo fácil, voltemos à pergunta. Vou
temperamento, tendo a acreditar na necessidade de uma
tirar do fundo do baú duas perguntas que, se a memória
moderação sutil, sobretudo no início da comunidade. Um
não me trai, tem um fundo nietzscheano: quem quer formar
bom moderador vai dando o tom geral do ambiente, cria
uma comunidade? O que ele quer com isso?
uma etiqueta básica, intervém pontualmente em desvios,
Respondendo à primeira: adolescentes se relacionam
mantém a conversação rolando e, com o tempo, cria-se um
de maneira completamente diferente de, por exemplo,
certo espírito comum na comunidade e todos passam a
soldados americanos no front, ou ortopedistas, ou mora-
intuitivamente respeitar isso.
dores da Bela Vista, ou cientistas atômicos. Cada perfil tem necessidades próprias de privacidade, de segurança, de
Wd :: De que forma o potencial das comunidades virtuais pode ser explorado pelas empresas?
socialização etc. Para alguns um bom fórum resolve, para
René :: Sou um grande entusiasta do uso de ferra-
outros o SMS e Instant Messengers são a melhor maneira.
mentas sociais no mundo do trabalho. O que são empresas?
Vamos à segunda: adolescentes podem querer acesso
São conhecimentos, são modos de pensar e de agir. À me-
imediato e contínuo com seus amigos, e querem custo-
dida que empresas crescem, fica muito complicado trocar
mizar ao máximo a experiência, porque isso reafirma sua
experiências, compartilhar conhecimento e fazer com que
identidade, sua diferença. Já executivos e profissionais
descobertas pontuais se espalhem de maneira proveitosa.
podem exigir das ferramentas que elas sejam seguras, con-
Na empresa em que trabalho participo de diversas comuni-
fiáveis, ágeis e que se encaixem no seu fluxo de trabalho.
dades internacionais focadas nos nossos produtos, e assim
Aí está um dos desafios fascinantes do nosso trabalho: ga-
trocamos aprendizados, dúvidas, assim criamos conheci-
rantir que todos os nossos produtos conversem entre si e
mento de maneira distribuída.
atendam a esses públicos todos. Wd :: Quais seriam as dicas para se criar uma comunidade virtual? Como evitar a manipulação de informações e os ruídos na comunicação entre os usuários? René :: O problema não é fundar, o problema é ela não afundar! Só chamo uma comunidade de comunidade
Com esses novos recursos da Web 2.0, então, você pode começar a experimentar knowledge management em cinco minutos. Tudo de maneira imediata e fácil. Wd :: De que maneira as redes sociais podem transformar as interfaces web, a construção de conteúdo e o estudo de Usabilidade em um site?
quando os próprios membros passam a chamá-la de comu-
René :: A questão para mim é: como você planeja e
nidade, quando cada um sente que ali tem algo que vale a
conduz um produto on-line de maneira que as pessoas
pena zelar, algo que foi construído por todos e pertence a
possam se apropriar dele com facilidade, e a partir daí in-
todos. Até então ela é uma rede social e olhe lá.
tegrá-lo ao seu universo pessoal? Seu produto vai ter que
É muito complicado você definir a priori o que é uma
ser: fácil de usar, acessível de diversas maneiras (Web, Wap,
comunidade ideal. Prefiro ser mais democrático e aceitar que
PDA...) e permitir que o usuário o personalize ao máximo.
podem existir tipos de redes sociais que são absolutamente
Um exemplo: posso fazer uma busca e transformar
entrevista - René de Paula Jr. :: 25
“Seu produto vai ter que ser: fácil de usar, acessível de diversas maneiras (Web, Wap, PDA...) e permitir que o usuário o perso-
Wd :: Que tipo de influência as comunidades virtuais trarão para o futuro da internet? René :: Perguntaria de outra maneira: que influência
nalize ao máximo”
as pessoas trarão para o futuro das pessoas? Não faz muito sentido pensar em “internet” como algo à parte,
o resultado dessa busca num feed em RSS que incorpore na minha home page pessoal, e esse resultado pode ser disparado como um alerta por SMS direto para o meu celular. Temos aí uma questão de usabilidade da interface, de relevância do serviço, de integração com outros canais e produtos e, sobretudo, de experiência do usuário. Outro impacto interessante tem a ver com Web 2.0: no Flickr, por exemplo, a maneira como o conteúdo é categorizado e navegado se baseia 100% na participação do usuário. Posso navegar a partir de palavras-chave como “cool” ou “sampa” e ver todas as fotos que os usuários classificaram com esses atributos. No My Yahoo!, coloco na mesma página da maneira que eu quiser todo tipo de informações: CNN junto com blogs, Flickr junto com meus e-mails. Como você faz o sitemap de sites assim? Como é a arquitetura de informação, a árvore de navegação, a taxonomia? Agora quem define tudo isso sou eu, você, todo mundo, e a minha internet fica diferente da sua.
nem chamar de “virtuais” relações humanas que são reais, onde transitam afetos e esperanças e desejos e vitalidade muito concretos. A resposta para essa grande questão, para essa questão histórica quem vai dar... São as pessoas, todas as pessoas. E pessoas fazem tribos, fazem cidades, fazem maravilhas. A internet é só um novo território para essa nossa saga, que começou lá na savana com pés no chão e olhos nos olhos. Fica aqui o meu convite: se você, como eu, aposta nessa saga, mãos à obra. Nessa terra em se plantando tudo dá.
VOCÊ TAMBÉM PODE AJUDAR Magê-Malien, em Iorubá, significa “Crianças que brilham”. E brilham mesmo. Eu estive lá, vi e presto aqui meu testemunho. Brilham tanto que por vezes ofuscam os olhos da gente a ponto de, de vez em quando, fazer rolar uma lágrima...
B. Piropo colunista do Caderno de Informática do Globo e colunista do Fórum PCs.
Mestre Bode Tem todo tipo de bode. Tem bode amarrado, bode expiatório, tem quem fique de bode depois de uma carraspana, quem seja chamado de bode por usar cavanhaque, ser malcheiroso ou só pensar “naquilo”. Mas tem um que você precisa conhecer: Mestre Bode. Negro, seco, de pouco falar, nem alto nem baixo, voz grave. Quem ouve abaixa a sua ou faz silêncio. Mas é bicho manso. Mestre de capoeira, não é de briga. Seria covardia. Mas quando descobriu que uma casa abandonada perto de onde vive havia sido ocupada por meliantes resolveu trocar uma idéia com a rapaziada. Deve ter usado argumentos contundentes (e o termo “contundente” provavelmente nunca foi usado com tanta propriedade), pois o pessoal do movimento se pirulitou e a casa hoje é a sede da Magê-Malien. Mestre Bode tem nome: Jorge Marinho. Mas ninguém sabe. Mesmo quem conhece seu trabalho junto a centenas de crianças que atrai com a desculpa de ensinar capoeira. Até que ensina. Mas a capoeira é só pretexto. Porque o que ele quer mesmo é ensinar cidadania, tirar as crianças das ruas, dar-lhes uma ocupação, incentivá-las a estudar. Por isso criou a Magê-Malien. Mestre Bode é um sujeito rico. Tem uma quantidade de amigos de fazer inveja, gente (como eu) que o respeitam e admiram. Além de um incomensurável estoque de gratidão das crianças a quem tanto tem ajudado. Essa é sua riqueza. É verdade que, como todo o mundo que ajuda aos outros, dinheiro, ele não tem. Mas isso não afeta sua riqueza. Mas afeta sua capacidade de ajudar. A sede da MagêMalien ele conseguiu sozinho, na raça e na coragem (e bota coragem nisso). Porém, para transformar a casa velha em centro
de treinamento com sala de aulas e laboratório de informática, precisou de ajuda. E conseguiu com algumas empresas: Arteccom, Hostnet, WTG e Nitideal. Agora, precisa de mais. Criou a Weberê, uma agência de criação de sítios da Internet “tocada” por suas crianças. Mas computador custa caro... Que tal dar uma força? Não precisa ser com grana. Pode ser aquele monitor encostado depois que você comprou o de LCD (ainda não comprou? Pois compre e doe o velho para a Magê-Malien, você merece um LCD!). Ou a placa-mãe sem serventia depois da atualização. Ou o processador substituído. Tem tanto jeito de ajudar. Mande uma mensagem para a Cláudia Oliveira < claudia@forumpcs.com.br >, do Fórum PCs, ou para Adriana Melo < adriana@arteccom.com.br >, da Arteccom. Elas ensinarão o “caminho das pedras”. Mestre Bode e suas crianças merecem. Eu garanto.
28 :: comunidades virtuais
O período pós-Segunda Guerra Mundial trouxe profundas transformações na sociedade. Dentre as principais, registra-se o surgimento de uma nova geração, conhecida como “baby boomers”. Seus efeitos repercutiram em diversos segmentos, como nas Artes, na Economia e Política, Ciência e Tecnologia etc. Algumas décadas depois, a popularização do computador, seguida do advento da internet, trouxe efeitos parecidos e o surgimento de novos paradigmas. E essas mudanças se refletem em uma coletividade cada dia mais computadorizada e conectada.
comunidades virtuais :: 29
as múltiplas faces da
sociedade digital “Comunidades são ecossistemas equilibrados. Para se ter uma idéia dos reflexos da web no Brasil, já somos o país com mais tempo de uso (segundo o IBOPE/NetRatings, dos 12,2 milhões de usuários ativos em dezembro de 2005, cada um navegou, em média, 17 horas e 59 minutos).
Todos devem ganhar”(Juliano Spyer) ria das comunidades virtuais? “Essa pergunta é interessante, porque revela uma percepção de internet criada a partir de 1995, quando
“A internet se tornou um lugar, onde as pessoas
ela se tornou comercial. Se você olhar para o que existia
podem falar com outras sem constrangimentos, sem fil-
antes desse marco, vai ver que a internet é praticamente
tros, censuras ou sanção oficial, utilizando uma linguagem
sinônimo de comunidade virtual. Ela surgiu dentro do
natural, aberta, honesta, direta, divertida e às vezes cho-
ambiente acadêmico como uma ferramenta de colabora-
cante. Estamos organizando, construindo e ampliando a
ção científica”, explica Juliano Spyer, consultor especia-
própria rede, criando novas formas práticas de comuni-
lista em projetos colaborativos e ferramentas sociais.
dade (weblogs, webcams, chats, ICQs, listas, cibercida-
“A história das comunidades on-line começa quando
dania, cibeartivismo, hackers, napsterização, lan houses,
dois computadores são conectados pela primeira vez.
weblogs, jornalismo on-line, rádios on-line, TVs on-line),
Com vários deles interligados teve origem a primeira
que ampliam e reconfiguram o advento chamado cibercul-
comunidade, que provavelmente reuniu apenas pesqui-
tura”, afirma Gil Giardelli, diretor geral da Permission.
sadores. Daí em diante, várias delas surgiram, sendo as
Pois bem, é neste cenário que as empresas e os pro-
da AOL, nos EUA, a mais representativa não apenas em
fissionais devem mirar seus esforços para entenderem as
número de pessoas, mas em dedicação de seus partici-
necessidades e adequarem seus produtos e serviços ao
pantes”, completa Alessandro Barbosa Lima, diretor da E-
gosto do perfil dos usuários. E uma das peças fundamen-
life Comunicação, empresa especializada na monitoração
tais nesta engrenagem chama-se comunidades virtuais.
e análise da comunicação boca-a-boca on-line.
Como surgiram as comunidades virtuais?
Já a justificativa para que essas redes se tornassem
Newsgroups, listas de discussão, chat, comunica-
tão populares está no fato de a grande rede ser com-
dores de mensagens instantâneas, Friendster, LinkedIn,
posta de pessoas. No livro “Design para a Internet: pro-
Orkut, UOL K, Terra Gaia, NetQI, Skype etc. Os meios
jetando a experiência perfeita”, Felipe Memória lembra
para comunicação na web evoluíram tão rapidamente, que
que “...o grande diferencial da internet não é o conteúdo
seria possível identificar algum ponto de partida na histó-
abundante e disponível, mas sim a quantidade de pes-
30 :: comunidades virtuais
“A história das comunidades on-line começa quando dois computadores são conectados pela primeira vez” (Alessandro Barbosa)
soas conectadas. Somos biologicamente programados
Orkut, o que representou 52,7% do total de brasileiros
para acharmos o ser humano a coisa mais interessante do
que navegaram a partir de suas residências”.
mundo. Daí o sucesso de tudo o que envolve interativi-
Mas o modelo do Orkut representa apenas um tipo
dade entre gente... Cada vez mais, as pessoas se interes-
de ferramenta que estimula a formação de redes sociais.
sam por blogs, fotologs, podcasts e tudo que é criado por
Você sabia, por exemplo, que hoje somos os campeões no
pessoas normais, de carne e osso, que poderiam estar ali,
uso das listas de discussão do Yahoo Grupos (confira mais
no boteco da esquina, tomando um chope com você”.
detalhes, na seção “Entrevista”, com René de Paula Jr.,
“A necessidade de interagir com outros seres,
diretor de produtos do Yahoo! Brasil)?
conhecer pessoas interessantes, ser reconhecido dentro
“Só existem dois tipos de ferramentas comunitárias:
dos grupos que participa, prospectar novas oportuni-
as síncronas e as assíncronas. As primeiras são aquelas
dades, flertar com pessoas do sexo oposto, enfim, tudo
que exigem que os participantes estejam conectados ao
aquilo que nos define enquanto ser humano vale tanto
mesmo tempo. O chat e as variedades de Messenger são
para a vida ‘real’ como para a ‘virtual’. A popularização
filhotes desse ramo. As outras não exigem a presença dos
das comunidades hoje em dia se deve ao fato de que até
usuários na mesma hora. Cada um aparece quando qui-
então não existiam ferramentas que facilitassem essa inte-
ser e vai deixando sua participação. A minha percepção é
ração entre indivíduos de forma contínua e fluída, e mais,
que elas se complementam: as assíncronas servem melhor
não existia uma massa crítica de pessoas conectadas para
para a interlocução entre estranhos para tratar de temas
que se encontrasse semelhantes com gostos, idéias, dese-
de interesse mútuo. Quando o relacionamento se desen-
jos ou filosofias iguais as suas”, destaca Antonio Coelho,
volve, as ferramentas síncronas suprem melhor as necessi-
gerente de desenvolvimento de produtos da Globo.com.
dades de interação”, afirma Juliano.
Dando voz aos usuários
Essas ferramentas se tornam mais eficazes quando
Hoje, quando falamos em comunidades na internet, é
trazem os usuários e suas opiniões à superfície. “Mais
comum associarmos tais conceitos ao Orkut, que colocou
especificamente, podemos citar: sites de relacionamento,
o tema, principalmente no Brasil, em evidência. No debate
onde o foco são as pessoas; blogs e fóruns, onde a partir
que realizamos na edição de fevereiro, sobre o poder das
de um contexto (assunto) ocorrem a interação e o agru-
comunidades, Alexandre Magalhães, coordenador de
pamento de pessoas. Ainda que sejam ofertas distintas,
análise do IBOPE Inteligência, revelou que “em outubro
ambas possuem pontos de paridade: promovem a indivi-
de 2005, 6,2 milhões de pessoas visitaram a comunidade
dualidade de cada participante ao mesmo tempo que faci-
comunidades virtuais :: 31
litam a identificação de semelhantes”, cita Antonio.
Favlets
Comunidades aperfeiçoando a prática profissional
Pequenos programas escritos em Javascript que aumentam a
Você deve estar se perguntando o que as comunida-
capacidade de seu navegador de internet.
des virtuais têm a ver com o universo de quem atua na
X
Fonte: Favlets.com e Leonardo Faria
construção e desenvolvimento de ambientes digitais, ou seja, como elas podem transformar as interfaces web, a
Extension (ou extensão)
construção de conteúdo e o estudo de usabilidade e
Programa que se funde ao Firefox para torná-lo mais
arquitetura da informação em um site, por exemplo. Ok, a questão é complexa e pede um tempo de reflexão. Vamos
X
poderoso. Você pode adicionar novos recursos e adaptar o Firefox ao seu estilo de navegar. Fonte: br.mozdev.org
te dar alguns segundos para pensar. Adivinhou? Para quem ainda tem dúvidas, a resposta é simples: tudo! “Em sites de relacionamentos, grandes bases de dados
Greasemonkey
são criadas, com as preferências e gostos bastante abran-
adicionem funcionalidades a websites. Depois de instalar a
gentes dos usuários, que dificilmente seriam detectados em
Greasemonkey, o usuário pode baixar scripts específicos para
pesquisas de campo para as empresas, sendo de grande uti-
cada site.
lidade e podendo assim moldar a interface web. Por exem-
X
Extensão que permite que os usuários do Firefox
Fonte: Info Online (http://info.abril.com.br/download/4283.shtml)
plo, se for identificado a preferência dos clientes de uma empresa pela cor azul, sua comunicação deverá tender a esta cor. Ou, se os clientes de uma marca utilizam ferramentas de comunicação instantânea, a empresa poderá investir
API software para utilização de suas funcionalidades. De modo
geral, é composta por uma série de funções acessíveis somente
no patrocínio ou mesmo disponibilizar um dispositivo para
por programação, e que permitem utilizar características do
que os usuários se conheçam entre si”, afirma Bernardo Cec-
software menos evidentes ao usuário tradicional.
catto, diretor de criação da agência Livenet.
X
É um conjunto de rotinas e padrões estabelecidos por um
Fonte: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/API)
Antonio Coelho acrescenta que, o grande volume de pessoas utilizando e interagindo sob as mesmas inter-
Eu odeio, eu adoro...
faces, sistemas e aplicações, sejam de comunidades ou
Não é só no universo de atuação profissional que
não, tornou latente a possibilidade de se descobrir novas
as comunidades virtuais estão provocando significativas
necessidades ou excesso de funcionalidades.
transformações. Hoje, é possível afirmar que as informa-
“E é exatamente isso que vêm ocorrendo nesse período de Web 2.0: os próprios usuários redesenham as inter-
ções geradas nesses meios já são capazes de transformar produtos e serviços dentro e fora da web.
faces, seja por meio de favlets para Internet Explorer ou
Como exemplos, podemos citar os investimen-
extensions para o Firefox, como a Greasemonkey. Diante
tos feitos por provedores do porte da Globo.com, no
deste cenário, algumas empresas, mais notoriamente Goo-
Globovox (http://globovox.globo.com), e do Terra, no
gle, Yahoo, Amazon e eBay, têm oferecido seu conteúdo,
Gaia (http://gaia.terra.com.br). “Já havíamos identifi-
sistemas e plataformas, por meio de APIs (Application
cado a oportunidade de oferecer um espaço para que
Programming Interface), para que os próprios usuários
nossos internautas pudessem interagir entre si e, prin-
desenvolvam suas próprias aplicações e interfaces para o
cipalmente, com nossa programação. Portanto, a cria-
consumo. Nos EUA, dá-se o nome de ‘mashups’ a essa prá-
ção deste novo produto de fóruns e debates não é uma
tica e hoje já contamos com centenas delas, quiçá milhares,
iniciativa isolada, mas sim parte de uma estratégia inte-
muitas delas utilizando o GoogleMaps”, revela.
grada que visa a oferta constante de ferramentas que
32 :: comunidades virtuais
“O grande diferencial da internet não é o conteúdo abundante e disponível, mas sim a quantidade de pessoas conectadas” (Felipe Memória)
das pontocom. Algum dia você imaginou que uma empresa do porte do Boticário pudesse alterar sua estratégia de serviço de atendimento ao cliente (SAC) por causa da união de alguns internautas? Pois bem, os “Órfãos do One of Us” (www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1073137) já colocaram seu nome na história.
incentivem tanto a participação da audiência como a
“Estamos mapeamento blogs e serviços de relacio-
interação entre os próprios usuários”, diz Antonio Coe-
namento, como é o caso do Orkut, em busca de citações,
lho. “O Gaia surgiu como uma extensão dos serviços de
queixas ou observações dos internautas em relação aos
comunidade do Terra (tais como o Fotolog, Blog, Álbum
produtos. Assim que identificamos uma queixa, reclama-
de Fotos e Almas Gêmeas). O conceito por trás do Gaia
ção, sugestão etc, entramos em contato. Posso citar como
é rede social mais integração de produtos, ou seja: criar
exemplo a nossa primeira ação pró-ativa na internet. No
um espaço onde o usuário tem acesso à sua rede de ami-
final do ano passado, entramos no Orkut para dar uma
gos, aos seus serviços Terra e aos serviços dos seus ami-
satisfação para as 245 pessoas que compõem a comuni-
gos”, argumenta Caio Barra Costa, gerente de produtos
dade ‘Órfãos do One of Us’. São pessoas que se uniram
do Terra.
para pedir a volta do perfume ‘One os Us’, que foi des-
Porém, esse mercado se expande além das fronteiras
continuado. Mandamos uma mensagem para a criadora
tipografia na web :: 33
da página, que disponibilizou o texto para os demais membros. Pelas mensagens que se seguiram, vê-se que a comunidade aplaudiu a atenção da empresa, apesar de ainda reclamar a falta do perfume. Esses canais revelam tendências de consumo e podem ajudar muito a sinalizar possíveis mudanças”, afirma Ana Júlia Baumel, coordenadora do SAC do Boticário. Outro caso interessante está presente na Comunidade Nutry (www.comunidadenutry.com.br), ligada à fabricante de barras de cereais Nutrimental. “Lá, o usuário seleciona o sabor favorito do produto em seu cadastro, disponibilizando para a empresa esta preciosa informação. No fórum, são discutidas informações sobre saúde, esportes, onde a empresa pode direcionar seus esforços de comunicação para atingir seu público”, explica Bernardo Ceccatto, da agência responsável pela estruturação do site. Mas as oportunidades não surgem apenas para as grandes empresas. No democrático ambiente da internet, um profissional com boas idéias pode torná-las o início de um pequeno grande negócio. É o caso do site Peladeiro. com.br, que hoje reúne mais de 100 mil usuários (saiba mais, na página 35). Extraindo valor das comunidades Extrair informação e conhecimento, aumentar a base de usuários, criar uma nova receita de publicidade etc. As formas para explorar o potencial das comunidades virtuais são variadas e representam um bom caminho para quem deseja investir nesta área. “É fácil imaginar o potencial que as empresas têm na mão quando pensamos em comunidades em torno de um negócio, ou marca. Consumidores que se associam espontaneamente à comunidade ‘Skol’ no Orkut, por exemplo, são ótimas fontes de consulta e pesquisa sobre novas campanhas de marketing, mudanças de rótulo ou embalagem, percepção da qualidade do produto ou simplesmente como referência ao perfil demográfico de consumidores fiéis”, aponta Antonio Coelho. Segundo Marcello Póvoa, sócio-diretor da MPP Solutions, a chave para capitalizar as oportunidades está
34 :: comunidades virtuais
“Outro ponto importante é a proliferação das redes IP. Com isso, as comunidades virtuais estarão no seu PC, celular, telefone fixo e mesmo na sua TV” (Marcello Póvoa)
As empresas precisam aprender a ler e compreender os recados que vêm destas comunidades”, argumenta Alessandro Barbosa. Para Marcello Póvoa, o desenvolvimento dos aplicativos para comunidades, o aumento de banda e o próprio crescimento da web fizeram e vão continuar fazendo com que a força das comunidades aumente no futuro. “A conseqüência é que temas de interesse mais especí-
exatamente na compreensão da massa de informação produzida nestes meios. “Ou seja, há de haver um data mining inteligente, que consiga produzir uma forma de CRM que permita retornos reais. Através da compreensão dos usuários e suas ações será possível explorar de forma mais eficiente o potencial de e-commerce, publicidade, promoções etc. das comunidades”. No entanto, atenção: os especialistas alertam que é um engano pensar nas redes sociais como uma forma de fazer os usuários trabalharem para você. “Elas serão bem sucedidas se oferecerem uma forma para o usuário se beneficiar e, junto, beneficiar também a comunidade e o provedor. Por exemplo, sou responsável por uma comu-
fico podem evoluir com a troca de informação nos mais diversos campos do conhecimento. Por exemplo, hoje em dia se você tem um bug em um software, dificilmente não encontrará um grupo que possa clarificar o problema. Assim, milhares, talvez milhões de temas específicos são criados, discutidos por pessoas em todo o planeta. Tal fenômeno deve causar um impacto no futuro, já que nunca na história humana a informação foi tão flexível e permeável. Outro ponto importante é a proliferação das redes IP. Com isso, as comunidades virtuais estarão no seu PC, celular, telefone fixo e mesmo na sua TV. A abrangência e o poder delas só tende a se intensificar ao longo do tempo”.
nidade chamada Leia Livro (www.leialivro.com.br). Nela, as pessoas se encontram para trocar recomendações de
Ruth Lemos
leitura (resenhas). As melhores rendem boletins de rádio
Nutricionista que, durante algum tempo, ficou famosa no
transmitidos diariamente pela Cultura AM e FM. Todo
X
Brasil, depois de uma entrevista no programa “Bom Dia Pernambuco”, da Rede Globo. Nessa entrevista, ela confundiu-
mundo sai ganhando. A rádio ganha conteúdo, a editora
se com sua própria voz ouvida no ponto eletrônico, o que a fez
recebe promoção de seus catálogos e por causa disso, doa
falar de maneira bastante “peculiar”, gaguejando e repetindo
livros, que nós enviamos aos autores das resenhas escolhi-
o final de muitas palavras, como o “sanduíche-íche”. Veja o
das. Comunidades são ecossistemas equilibrados. Todos devem ganhar”, orienta Juliano Spyer. Imagine o poder das comunidades daqui a... Certamente, o poder exercido pelas comunidades virtuais trará mudanças nos rumos que a internet vai tomar daqui para frente. A principal delas envolve o papel de termômetro sobre as decisões a serem tomadas. “As comunidades serão responsáveis pela definição do que deve ser visto e ouvido na internet. Se hoje elas ajudam a criar celebridades como Ruth Lemos (sem a intervenção da mídia de massa), no futuro teremos comunidades decidindo que assuntos, que tópicos, são mais importantes.
vídeo em http://tinyurl.com/8f8go. Fonte: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ruth_Lemos)
comunidades virtuais :: 35
As opiniões emitidas em comunidades on-line já causaram mudanças em seu site?
O ponto de encontro dos peladeiros
total de votos: 183
Bate-papo: Felipe Nascimento, criador do site Peladeiro.com.br
Sim - 71% Não - 29% acessa e participe! www.arteccom.com.br/webdesign
Wd :: Como e quando surgiu a idéia de se criar o Peladeiro.com.br? Felipe :: Surgiu em 2000, quando eu organizava uma pelada com mais de 30 participantes, porém apenas 16 podiam jogar a cada dia de pelada (dois times de oito). Existiam aqueles que eram considerados da diretoria, era preciso controlar o caixa, artilharia etc. Durante o dia da pelada, o telefone não parava de tocar e era trabalhoso e constrangedor em momentos não apropriados a atividade de organizar uma pelada (reuniões etc.). Por isso, resolvi criar um sistema para me ajudar e assim nasceu o Peladeiro. Wd :: O que faz um usuário participar do site? Existe alguma regra para tornar uma idéia pessoal em um negócio na web? Felipe :: O usuário que deseja utilizar o Peladeiro.com.br é geralmente um organizador de pelada. Ele não agüenta mais organizar e a pelada tem risco de morrer caso algo não seja feito (ninguém quer assumir esta tarefa). Então, usa-se o site para assumir esta tarefa. Não conheço nenhuma regra que torne uma idéia em um negócio, a não ser o caminho tradicional de realização de um business plan, pesquisa de mercado, investimento etc. No caso do Peladeiro, foi um sistema para resolver um problema pessoal, que acabou virando um site público com mais de 100 mil usuários. Wd :: Quais foram os principais resultados obtidos pelo Peladeiro.com.br? E quais são os projetos para 2006? Felipe :: O Peladeiro.com.br é um site reconhecido pelos seus usuários. A maior conquista é a assiduidade deles. Quem usa mesmo, não larga por nada. É capaz de a pelada morrer caso se deixe de usar o site. Além disso, somos parceiros do Click21, já fomos do iBest. Para 2006, os planos incluem a expansão dos serviços prestados e diversificar das formas de retorno financeiro, atuando em parceria com campos de aluguel, por exemplo.
36 :: comunidades virtuais
A Webdesign tem comunidade? Tem, sim senhor! Além de estimular a participação dos leitores em seu site, revista marca presença no Orkut. Bate-papo: Nádia Devigilli, criadora da comuni-
signers. Estão sempre em busca de referências para que possam adquiri-la. Os membros mais assíduos nas discussões, inevitavelmente, se mostram para o mercado e permitem que, com sua interação, outras pessoas tomem conhecimento da sua experiência ou cultura, fomentando redes de relacionamento.
dade da revista Webdesign. Wd :: Como surgiu a idéia de se criar uma comunidade sobre a revista? Nádia :: Ao me filiar ao Orkut, como todos, procurei comunidades nas quais me identificava. Sabendo da importância da revista Webdesign no mercado brasileiro, tomei a iniciativa de criar um espaço voltado para os leitores deste veículo de comunicação (www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1509934). Trazer a discussão sobre os temas abordados na revista, fomentar uma rede de relacionamentos entre os profissionais e eventualmente criar novas amizades foram alguns dos objetivos. Wd :: Quais são os principais assuntos discutidos? Nádia :: São discussões sobre matérias publicadas, assuntos atuais e/ou polêmicos e apresentações de portfólio. Há ainda sugestões de pautas e críticas construtivas. Os eventos da área, por sua vez, ganham um destaque especial nos debates e ofertas de empregos são publicadas em determinados momentos. Wd :: Já aconteceu alguma história interessante de interação iniciada através da comunidade? Nádia :: Uma das principais interações costuma se dar a partir da colunista Marcela Catunda, que colabora, sempre que necessário, com assuntos pertinentes à comunidade, se fazendo presente nas discussões e contagiando os membros com seu bom humor. Impressiona-me o número de visitas de pessoas que nunca ouviram falar da revista e que, através da comunidade no Orkut, tomam conhecimento da existência de uma publicação voltada para webde-
Dicas para criar e administrar uma comunidade virtual - Crie comunidades que realmente ajude as pessoas; - A comunidade existe independente da sua vontade. Não adianta querer inventar uma; - Utilize um aplicativo bem projetado: fácil de usar, poderoso, com tecnologia robusta e capacidade de escalabilidade; - Faça menos e apóie a interação social. Quanto mais simples for a comunidade e quanto mais interação social ela proporcionar, melhor; - Qualidade é bom, cuidado com o crescimento desordenado; - Estabeleça regras claras para todos, desde o início, e seja rigoroso em relação a elas; - Estimule a formação de vínculos dentro da comunidade, de modo que os usuários assíduos se tornem os guardiões do conteúdo publicado; - Saiba a hora de acabar ou desmembrar a comunidade. Fontes: Alessandro Barbosa, Carlos Nepomuceno, Juliano Spyer e Marcello Póvoa
comunidades virtuais :: 37
Participação dos assinantes Como as comunidades on-line podem interferir no trabalho dos profissionais de internet? Patricia Zisman pzdesign@globo.com
Comunidades são uma excelente fer-
v
ra encedo
ramenta para debater e conhecer tanto profissionais como público-alvo de projetos. Avaliando algumas críticas, estes dois grupos podem redefinir pontos da estratégia e do design. Saber “ouvir” as comunidades é uma ótima maneira de se fazer uma pesquisa mais branda que pode ser o ponto de partida para um estudo mais sério.
Alessandro Ramos webmaster@alessandroramos.com.br
Basicamente troca de experiências. Temos que ter senso crítico, avaliar e pesquisar, principalmente nas comunidades on-line. Nem sempre temos que cair para aprender a andar, as experiências estão aí.
Jean Cambruzzi jeanfc@bminds.com.br
Se pensarmos pelo lado negativo da coisa, podemos dizer que interfere na perda de tempo, pois o profissional fica entretido,
Eduardo Lopes
sem trabalhar. Mas gosto de pensar os pon-
pw@publishweb.com.br
tos positivos que elas possuem. Através de
Comunicação é essencial na nossa vida.
comunidades on-line, o profissional pode so-
A grande chave das comunidades on-line
lucionar problemas que esteja enfrentando, já
é que ela zera as distâncias geográficas
que terá o contato com outros profissionais.
entre seus membros. E isto é maravilhoso, pois nos faz evoluir em todos aspectos profissionais, colaborando com isto para o avanço da nossa internet.
Sérgio Mari Jr. sergio@infonauta.com.br
Muda o modo de pensar a internet. Pensar em comunidades implica em lançar mão de pensar em criar serviços, ferramentas
Josias dos Santos josias@giga4.com.br
Através de uma comunidade on-line é que você consegue identificar mais claramente e honestamente, os desejos e as necessidades de um grupo. Serve também como um auxílio na troca de informações sobre determinado assunto.
Se você é assinante, participe desta seção pelo site www.arteccom.com.br/webdesign/clube
e soluções para pensar em criar espaços e ambientes que dêem condições para que as comunidades se autodesenvolvam. Muda o modo de oferecer conteúdo, que agora deixa de ser o fim da cadeia para ser apenas subsídios para discussões e evoluções das comunidades.
No processo de negociação de projetos web, um dos principais desafios envolve a definição de um valor que seja compensador para a agência (gere lucro) e que o cliente entenda como investimento e não como custo. Diante desse cenário, o debate gira em torno da seguinte questão: quem dita o valor? A agência ou o cliente?
determinando o valor do seu projeto
PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA:
38 :: debate - valor do projeto
“...o mercado ainda não sabe como ‘comprar internet”
debate - valor do projeto :: 39
“Por ser uma área relativamente nova, são poucas as empresas que já destinam investimentos para os projetos de web em suas previsões orçamentárias. Na maioria dos casos, trabalha-se com aquela sobra de investimentos da compra de softwares feitos pela TI, ou então, consegue-se beliscar uma parte da verba não utilizada para alguma ação do Marketing. O motivo desse aparente desdenho: o mercado ainda não sabe como ‘comprar internet’. Não se trata de algum preconceito com o meio ou despreparo administrativo. Pelo contrário. A internet é multidisciplinar e capaz de encher os olhos de qualquer vivente. É comunicação, serviço, entretenimento, comércio, educação, relacionamento, gastronomia, cultura e a cada dia surge uma utilização nova. São tantas as possibilidades que não é de hoje ouvirmos falar: toda empresa tem de estar presente na internet. O que acontece então? Muitas empresas correm para ter o www no seu cartão, sem ter claro os objetivos que desejam atingir com esse investimento. E é aí que a Agência Digital deve ser convidada para a festa. Primeiro: a agência deve identificar e mostrar para o seu cliente quais os segmentos podem ou precisam ser trabalhados [A comunicação? O B2C (Business-to-Consumer)? O B2B (Business-toBusiness)? Gestão? O relacionamento com o consumidor?]. Em seguida: deve projetar o retorno do seu investimento numa mesma moeda de troca. Exemplo: quem investe em comunicação, quer falar para muitos; quem investe em relacionamento com o consumidor, quer um público fiel; quem investe em gestão, quer economia nos processos; e por aí vai. Aquele desespero por estar presente na web deixa de ser uma agonia e passa a ter um propósito e alguns objetivos. Uma vez que o cliente sabe o que está comprando e que tipo de retorno terá com essa compra, estará apto a definir o quanto deseja investir. Daí então passamos a ter uma relação comercial típica. ‘Champanhe ou cachaça?’. A escolha fica por conta do paladar e do bolso do cliente.”
:: Tiago Ritter Sócio-diretor da W3Haus www.w3haus.com.br
40 :: debate - valor do projeto
“...a verba deve ser definida
“De um lado, a agência. Dentro das suas responsabilidades, está a criação de um projeto inovador e
no próprio processo de planejamento, tanto pelo cliente quanto pela agência”
diferenciado, a custos que deixem uma margem substancial de lucro. Do outro lado, o cliente e o seu desejo de ter o melhor, mas pelo mínimo possível. O ponto de interseção entre essas duas demandas é a verba - que, em última instância, define o escopo prático, as margens e, enfim, o projeto. Se estivéssemos falando em orçamentos para se comprar papel ou mesas - produtos que tangenciam o conceito de commodity - então a decisão pelo concorrente de menor custo é natural. Mas falamos de um projeto ancorado, principalmente, em inovação - palavra que carrega uma série de mudanças e quebras de paradigmas. Primeiro, porque o objeto primordial de desejo jamais deve ser a produção, e sim o planejamento. Negar isso é como dar mais valor ao trabalho do pedreiro que ao do arquiteto na construção de um prédio. Segundo, porque o planejamento deve ser ‘comprado’ de forma separada, com uma verba decidida pelo cliente para guiá-lo pelo percurso de criação de um projeto digital que esteja de acordo com os seus objetivos práticos. E, terceiro, porque o planejamento pode definir um escopo tão ancorado em conceitos de Web 2.0, usando ferramentas colaborativas gratuitas como Google Earth, FlickR, podcasts etc., que a parte prática de produção pode ser enxuta, tendo um custo baixíssimo se comparado às ambições de resultados. Por estes três aspectos, a verba deve ser definida no próprio processo de planejamento, tanto pelo cliente quanto pela agência. Uma definição conjunta e que, feita e m u m e s t á g io a n t e r io r à pr ó pr ia c r ia ç ã o d o e s c o p o , tende a evitar uma quantidade imensa de retrabalho, de estresse e de perda do maior bem que existe no mercado competitivo: o tempo.”
:: Ricardo Almeida Diretor Geral do I-GROUP www.i-group.com.br
da apresentação, aquela que tem os custos, faz a agência suar frio e muda completamente o humor de alguns clientes. Transparência é o segredo para encontrar o equilíbrio nesses momentos. A agência deve mostrar ao cliente que, entregar um projeto com qualidade, tem muitos custos envolvidos. Se antes um site envolvia apenas atendimento, redatores, diretores de arte e programadores, hoje envolve também novos profissionais como gerentes de projeto e arquitetos de informação. Se as campanhas envolviam criação e mídia, hoje envolvem também analistas e empresas de acompanhamento de resultados. Quanto maior a estrutura, mais custos estão envolvidos. Os clientes ainda têm a imagem de que os trabalhos on-line têm custo reduzido, herança da época em que a área tinha baixo nível de profissionalização. Aos poucos, porém, eles começam a perceber que vale a pena pagar um pouco mais por trabalhos com mais qualidade, feitos por agências que têm experiência no assunto. Uma opção que costuma agradar a agências e os clientes é apresentar os custos de um projeto divididos em módulos. Dessa forma, o cliente pode dar andamento ao projeto começando com os módulos principais e depois pode buscar verba para outros módulos. Chegando a um ponto próximo do equilíbrio, a negociação acontece como em qualquer outra área: encontra-se um valor que agrade às duas partes. E, do lado da agência, não custa fazer uma surpresa para agradar o cliente: quem não fica feliz quando pede uma dúzia de laranjas e leva 15?”
:: Cezar Calligaris Coordenador de projetos da Salem www.salem.com.br
“Transparência é o segredo para encontrar o equilíbrio”
“Por mais brilhante que seja o projeto apresentado, a última tela
chamamos de ‘achismo’. Muitos são os motivos, dos quais destaco a falta de experiência administrativa e cegueira corporativa perante o próprio negócio. Geralmente, ao elaborar um projeto, valora-se de acordo com a ‘cara’ do cliente, ou seja, proporcionalmente ao porte. No entanto, grandes clientes estão acostumados a negociar preços e perceber as fragilidades dos seus fornecedores. Já os pequenos por si só se justificam. O resultado? A barganha. É nesse momento que as agências do ‘achismo’ não possuem argumentos e acabam cedendo. Reinventar-se é necessário. Por isso, acreditamos na flexibilidade das relações, nunca deixando de lado os métodos empíricos valorativos de produtos e serviços. Uma formação de preço bem orquestrada permite à agência uma negociação consciente. Assim, basear-se numa política bem elaborada e num planejamento estratégico, capacita justificar perante o cliente um investimento. Difícil é deixar de pesar os números em prol da suposta satisfação do cliente ou simplesmente para fechar um novo negócio. O risco de pagar para trabalhar quando o cliente dita os valores é altíssimo e, conseqüentemente, a chance de ver a agência desestruturar-se é ainda maior. I s s o e n s i n a q u e a s s u m i r u m c l i e n t e q u e d i t a re g r a s e procura impor os valores é o mesmo que assumir a culpa de algo que você não fez. Trocando por miúdos: acabará pagando para satisfazer o cliente.”
:: Marcelo Batschauer Sócio-gerente da agência Enova www.enova.com.br
agência uma negociação consciente”
“Valor empírico versus ‘achismo’! É comum as agências não utilizarem métricas de valoração do trabalho. Praticam o que
“Uma formação de preço bem orquestrada permite à
42 :: debate - valor do projeto
e-mais - animação na web :: 43
um Flash na mão e muita imaginação na cabeça Numa Tela qualquer eu desenho um sol amarelo... Corro a Tablet em torno da mão e me dou uma luva... Se uns pinguinhos de Pixels caírem num pedacinho de uma Layer. Num instante crio um Motion Tween e imagino uma linda gaivota vai voar no céu. Reconhece os versos acima? Vê alguma semelhança com os da imortal “Aquarela”, música do compositor brasileiro Toquinho? Mas eles estão com algumas palavras modificadas, repara nosso atento leitor. Sim, por isso precisamos dar a seguinte explicação. Eles sofreram pequenas adaptações para falarmos de uma prática que cresce a cada dia: a animação na web. “A demanda e criação de páginas com introduções animadas e efeitos visuais cresceu bastante, graças às ferramentas do Flash, que facilitaram e popularizaram a criação para a internet”, aponta Oswaldo Carrupt, autor de “O Homem no Metrô”, animação vencedora pelo júri popular na categoria “Animação na Web”, da edição de 2005 do festival Anima Mundi. “Concursos de animação para web estão ficando cada vez mais comuns. No Brasil, o maior é o Anima Mundi, que criou recentemente a categoria especial Web e Celular, provando que a animação atinge diversas mídias”, completa Fabio Giolito, segundo colocado no Júri Popular, com a animação “Morphé”.
44 :: e-mais - animação na web
Do gif animado ao Flash: a evolução da animação
foi poupar o enorme trabalho repetitivo da animação
Quem não se lembra das primeiras seqüências de
tradicional, quando era necessário desenhar e redesenhar
imagens animadas em gif? De lá para cá, muita coisa mudou na área e as transformações ocorridas serviram para estimular o seu crescimento.
cada estágio de um movimento. “No computador basta apenas indicar a posição inicial e final e com um clique o movimento está pronto para
“ D e s d e q u e o F u t u re S p l a s h f o i c o m p r a d o p e l a
você. E, caso seja o desejo do animador, você também
Macromedia e rebatizado de Flash, acredito que tenham
pode fazer uma animação quadro-a-quadro para gerar um
sido dois os fatores que mais contribuíram para o
efeito diferente. Esse foi o caso da animação Morphé, onde
amadurecimento da animação na internet: primeiro, o fato
fizemos aproximadamente 1.500 quadros desenhados um a
de o Flash passar a vir instalado ‘de fábrica’ no sistema
um propositalmente desiguais para gerar um efeito caótico
operacional; e segundo, o aumento contínuo da velocidade
nas formas. Foi utilizado o desenho a mão livre, feito com
de banda”, afirma Marcelo Albagli, sócio-fundador da
uma caneta digital, imitando nanquim”, revela Fabio.
Canvas Webhouse. “Na época do gif, a animação na web
Ele aponta ainda outro fator importante: o uso da
se restringia a banners e figuras isoladas com curta duração
ilustração vetorial. “As formas deixam de ser compostas de
de animação. Com a chegada do Flash, as páginas na web
pixels para agora serem pontos e linhas delimitando áreas:
passaram a se mostrar muito mais interativas, contendo
cálculos matemáticos vetoriais traduzidos visualmente pelo
mais elementos animados e com uma qualidade gráfica
computador. O vetor possibilita não só um arquivo muito
superior”, acrescenta Oswaldo.
mais leve como fez surgir um estilo gráfico diferente de
Falando em programas de animação, como o Flash, os especialistas apontam que uma de suas grandes contribuições
representação”.
Animação se encaixa em qualquer projeto? Apesar do aumento dos projetos de animação, uma dúvida ainda é muito comum: cabe aplicá-la em qualquer tipo de projeto web ou ela é voltada para projetos especiais (hotsites, promoções on-line etc.)? “Já houve uma época onde as pessoas ligavam para a Canvas e passavam o briefing com ‘algo muito animado, cheio de vida’. A animação, com certeza, pode trazer essa vida. Até empresas, cujo perfil é bastante sóbrio, como a Vale do Rio Doce, se mostraram interessadas vão desenvolver projetos com animações nesse ano conosco”, diz Marcelo. No entanto, ele ressalta que é preciso avaliar a hora e o lugar para utilizar tal linguagem. “Dessa forma, é possível tirar melhor proveito das possibilidades que a animação proporciona. Por ser imagem em movimento, animações geralmente são mais atraentes, mas é preciso avaliar o seu peso dentro do projeto, e em relação aos outros tipos de conteúdo on-line, ou seja, do conteúdo multimídia”. .
e-mais - animação na web:: 45
Trabalhando com animação No cinto de utilidades do profissional que vai trabalhar com animação, duas ferramentas são c o n s i d e r a d a s i m p re s c i n d í v e i s . “ N ã o c o n h e ç o t o d a s as ferramentas disponíveis, mas duas das principais: imaginação e Flash. Com elas é possível chegar a resultados maravilhosamente assustadores, que estão dominando toda a web”, afirma Oswaldo. J á M a rc e l o i n d i c a o u t ro s p ro g r a m a s ú t e i s p a r a o aperfeiçoamento do trabalho. “Os de tratamento de imagens vetoriais, como o Corel, o Illustrator e o Freehand, também são grandes aliados. E, para quem não programa, vale explorar o Dreamweaver, que facilita muito os recursos com DHTML". DHTML
Uso de DHTML em animação
“Posso citar uma intervenção que fizemos para o site da Rede Telecine, que utilizava outros recursos além do Flash. Nessa intervenção, um jogador de golfe lançava a bola contra a tela do monitor, que se partia em pedaços. A tacada do golfista foi feita em Flash, mas em seguida nós carregávamos um DHTML que fazia com que a bola se desprendesse da animação e clicasse nas bordas do browser quando o usuário rolava a página. A parte da animação mais inusitada nessa peça foi feito num bloco de notas, com código JavaScript”, revela Marcelo, da Canvas.
M a s n e m s ó d e t e c n o l o g i a v i v e u m p ro f i s s i o n a l
Exemplos de (boa) animação na web
de animação. “Também é possível fazer os desenhos
Anima Mundi Web
manualmente e depois passá-los para o computador
http://www.animamundiweb.com.br
ou utilizar uma Tablet (caneta digital) para desenhar
Canvas (cases Rede Telecine)
diretamente no computador”, diz Fabio.
http://www.canvas.com.br
Além disso, ele cita a importância de se manter uma
Xiaoxiao
prática habitual. “Uma boa animação é fruto de muito
http://www.xiaoxiaomovie.com/index02.htm
treinamento e experiência. É importante ser criativo e ter
Color in motion
uma visão mais apurada para os detalhes. E também fazer
http://www.mariaclaudiacortes.com
atividades que exercitem a sensibilidade, a habilidade de
Enjoy Greener Grass
desenho e a visão espacial”, orienta.
http://www.enjoygreenergrass.com/ Nike 10 http://www.grupow.com/nike10/ Fontes: Marcelo Albagli, Fabio Giolito e Oswaldo Carrupt
46 :: e-mais - animação na web
Estimulando a criatividade na web Quem gosta de animação, já tem encontro marcado em 2006! Isso porque a 14ª edição do Anima Mundi (www.animamundi.com.br) acontece de 14 a 23 de julho, no Rio de Janeiro, e de 26 a 30 de julho, em São Paulo. Neste bate-papo, Marcos Magalhães, diretor do festival, fala sobre os principais aspectos envolvendo a categoria “Animação na Web”. Wd :: De 2000 até 2005, você poderia citar quais foram as principais modificações dos trabalhos apresentados no festival? Marcos :: No primeiro ano, abrimos duas categorias: animações sem som (gifs animados) e animações vetoriais, em Flash. O limite era de 300 Kb. Então, as animações eram mesmo bem simples, mas surpreendiam pelo que obtinham com tão poucos recursos. Já no segundo ano, a animação vetorial se impôs como padrão na internet, e se tornou a única categoria. Os softwares se aperfeiçoaram muito nestes seis anos, muita coisa se tornou possível de ser feita (em termos de som e qualidade de imagem). Mas, sobretudo, os animadores que exploravam o sistema vetorial aprenderam a identificar padrões de animações mais compatíveis: por exemplo, a animação tipo “cartoon”, no estilo das séries de TV do estúdio Hanna-Barbera (anos 50 e 60), baseada na economia e simplicidade dos traços, se adapta perfeitamente à internet. A maioria dos trabalhos explora o humor característico deste estilo. No entanto, isso não restringe os trabalhos ao humor, há animações ácidas, reflexivas, líricas, podemos dizer que o leque se abre mais a cada ano. E também há espaço para a interatividade, se bem que uma pequena parte dos trabalhos participantes tem explorado bem este aspecto. Wd :: Quais são os critérios de avaliação nessa categoria? Marcos :: A comunicabilidade, expressividade, beleza, originalidade e a eficiência do trabalho. A animação tem que funcionar bem na tela do computador, tem que carregar rápido, não cansar o internauta, cuja atenção tem um grande potencial de dispersão. Algumas animações que funcionam bem na tela do cinema perdem seu encanto na internet, e viceversa. Tentamos identificar aquelas que atingem seus objetivos dentro da rede e procuramos a cada edição equilibrar nos 20 finalistas a diversificação de estilos, temas e propostas. Mas o resultado final que mais importa é aquele decidido pelo público do cyber-júri. Wd :: O festival só aceita trabalhos em formato Flash (.swf). Existe algum motivo especial para escolha dessa tecnologia? Marcos :: O formato SWF nasceu para criar conteúdo para a internet e se difundiu muito. Hoje é o principal formato para animações e apresentações em websites, e está incorporado à maioria dos navegadores. Por ser vetorial, permite uma grande economia de dados e possui também a interatividade para ser explorada. Os outros formatos que poderíamos considerar para o concurso não são tão específicos do meio web. O interessante é que a tecnologia Flash, apesar de remeter a um software em especial, As imagens que ilustram esta matéria
na verdade não é exclusivo desta plataforma e está sendo adotado por vários outros
fazem parte dos curtas Morphé e O
softwares de animação, alguns de natureza profissional. O processo inverso acontece:
Homem no Metrô.
muitas animações para cinema e TV também estão sendo geradas no formato Flash.
estudo de caso - Tintas Coral :: 47
A profissionalização
das cores na web Para se ter uma idéia da importância que a área de comunicação tem na Tintas Coral, somente em 2005 foram destinados R$ 8 milhões em mídia. E qual o papel da internet neste contexto? “A principal função de nosso site é auxiliar o consumidor durante a escolha do produto ideal para seu projeto e também para a escolha da cor”, diz Ricardo Basso, coordenador web da empresa. Em entrevista, Basso, Heloisa Ticianelli e Fabiano D’Agostinho, gerente de marketing e gerente de projeto, respectivamente, da agência EverMedia, nos revelam os principais aspectos envolvidos no redesign do site www. tintascoral.com.br.
48 :: estudo de caso - Tintas Coral
Wd :: Por que vocês decidiram fazer uma remodelagem no site? Ricardo :: A Tintas Coral, durante pesquisa qualitativa realizada em 2002, identificou uma oportunidade de aproximação com os consumidores explorando o canal da internet.
terra e o trabalho em conjunto com a matriz da ICI Paints, onde o site está hospedado.
“O site tem um layout leve e alegre, mostrando q que ue as cores podem influenciar influenciar
Além disso, o site não refletia mais o posicionamento real da empresa e não atendia a todas as necessidades do mercado.
na qualidade de vida das pe pessoas”
Ele tinha páginas estáticas e, por não ter um gerenciador de conteúdo, não havia agilidade nas alterações. Wd :: Em relação à Evermedia, como foi o processo para conquista da conta? Heloisa :: Ela foi conquistada em concorrência com outras grandes agências do mercado por atender todas as expectativas técnicas da ICI Paints (grupo controlador da Tintas Coral) e também por estar presente em outros países da América Latina, onde o projeto foi implementado. Wd :: Como se deu a participação da Tintas Coral no desenvolvimento do novo site? Quais departamentos foram envolvidos no processo? E qual a importância da troca de idéias entre cliente e agência? Heloisa :: Marketing e pesquisa de mercado no Brasil, além da área de internet e negócios, na Inglaterra. Essas áreas acompanharam todo o processo de planejamento e arquitetura da informação, por meio de participação em reuniões e validações. Essa participação ativa foi imprescindível para alinhar a estratégia do Brasil com a contextualização e visão mundial do grupo. A troca de idéias foi fundamental para o sucesso do projeto. A agência entrou com sua experiência e profundo conhecimento do canal e tendências, e a empresa entrou com todo o conhecimento do negócio. Wd :: Quantos profissionais participaram deste projeto e qual foi o prazo para que ele fosse cumprido? Heloisa :: O projeto durou nove meses e contou com a participação de 14 profissionais da EverMedia, entre os quais: criação, arquitetura da informação, planejamento, programação, coordenação, infra-estrutura e análise e engenharia de sistemas. O projeto envolveu, ainda, vários profissionais da Tintas Coral no Brasil, Argentina e Uruguai. Além da integração de fornecedores nos EUA e na Ingla-
Wd :: Em relação às antigas versões do site, quais foram as principais modificações feitas no redesenho do site? Fabiano :: O site foi completamente remodelado e pouca coisa foi reaproveitada do anterior. O foco principal foi na navegação do usuário, visando proporcionar uma experiência agradável ao processo de pintar uma casa, que é sempre encarado como “penoso” para a grande maioria dos clientes da Tintas Coral, conforme verificado em pesquisa de campo. Nosso principal desafio foi criar uma ferramenta de apoio que desmistificasse esse processo. Para isso, o site tem um layout leve e alegre, mostrando que as cores podem infl uenciar na qualidade de vida das pessoas. O modelo de comunicação também conta com a seleção dinâmica e inteligente de conteúdo e as páginas de busca são montadas com imagens e frases inspiracionais relacionadas ao produto ou cor que o usuário esteja buscando. Dessa maneira, acreditamos ser mais fácil aproximar a Coral do usuário e fidelizá-lo. Wd :: Dentre os destaques, a nova versão apresenta uma ferramenta para simulação de cores em ambientes. Como surgiu a idéia de sua criação e qual o seu objetivo? Por se tratar de uma ferramenta nova, foram feitos testes de usabilidade? Ricardo :: O site antigo já possuía uma ferramenta básica de simulação, onde o usuário podia consultar combinações previamente formuladas. Em pesquisa qualitativa feita junto a visitantes do site, foram identificadas as suas expectativas para o portal ideal, como a de poder realizar combinações personalizadas. A ferramenta de simulação de ambientes (“Mouse Painter”) é nova no Brasil, mas já era utilizada pela Dulux (www.dulux.co.uk), empresa de tintas na Inglaterra, que
estudo de caso - Tintas Coral :: 49
detalhe da página inicial
A ferramenta "simulador de ambientes" foi desenvolvida utilizando ASP e FLASH
pertence ao grupo ICI. Ela foi desenvolvida com base em uma ferramenta de simulação, ainda em Java, anteriormente utilizada pela matriz ICI. Sobre essa primeira versão, foram feitos testes de usabilidade com 50 pessoas. E os resultados coletados nessa interação do usuário com o simulador, foram contemplados na nova proposta, agora com tecnologia ASP e Flash. Seu objetivo é ajudar o usuário a escolher a cor,
na decisão de compra das “cores”. Com base nisso,
tornando a empresa uma referência em cores, objetivo
houve uma fase interna de estudo e planejamento que
comunicado na última campanha da empresa, “Escolha
levou a agência a um conceito de navegação simples e
uma cor, qualquer cor”, cuja versão on-line foi inteira-
intuitiva, segmentando o conteúdo em três universos
mente desenvolvida pela EverMedia, em mídia cruzada
com públicos distintos.
com a campanha off-line.
As principais atrações do site são: um simulador de ambientes que permite o uso e combinação de mais de 1.500 cores; conteúdo exclusivo e dicas sobre pintura e
“Toda a arquitetura da informação foi
decoração; localizador da loja mais próxima e criação de
feita com base no perfi perfill e comporta-
lista de compras personalizada; e ferramenta de cross-
mento do usuário”
prar todos os produtos necessários em sua reforma.
seling que ajuda o usuário a não se esquecer de comWd :: Como foi planejada a atualização do site?
Wd :: Como foi feita e quais fatores influencia-
A agência também foi contratada para fazer a manu-
ram na arquitetura da informação dos elementos no
tenção ou o cliente utiliza alguma ferramenta especí-
site? Como o perfil do usuário influenciou na hora do
fica de gerenciamento de conteúdo?
desenvolvimento?
Heloisa :: O cliente utiliza uma ferramenta de ge-
Fabiano :: Toda a arquitetura da informação foi
renciamento de conteúdo que permite maior agilidade
feita com base no perfil e comportamento do usuário. A
na atualização dos produtos, lojas e cores. Além disso,
equipe da EverMedia passou por um processo de imer-
um contrato de manutenção foi fechado com a EverMe-
são antes de iniciar o projeto, saindo a campo para visi-
dia para desenvolvimento e atualizações nos aplicativos
tar lojas e entender melhor os fatores que influenciam
em Java. Assim, ficamos responsáveis pela criação de
50 :: estudo de caso - Tintas Coral
todas imagens e banners do site, mas todo conteúdo está-
campanha (criação, negociação etc.) e quais foram os
tico e dinâmico (lojas e produtos) pode ser atualizado pela
resultados obtidos?
ferramenta de gestão de conteúdo.
Heloisa :: O desafio foi criar algo inédito, interativo e
Wd :: Como é feita a divulgação do site (Assesso-
de grande impacto que estivesse em sinergia com os ele-
ria de Imprensa, publicidade em outros sites, parcerias
mentos utilizados na comunicação off-line, mas que levasse
etc.)?
em conta as particularidades do canal.
Heloisa :: Para o lançamento, foi feita uma campanha
A peça obteve 3% de click through through. Esse número é
on-line, de grande impacto e visibilidade em mídia cruzada
seis vezes maior que a média de 0,5% por usuário obtida
com a off-line. Essa campanha incluiu anúncios em revistas
por outras ações. Aproximadamente 3% dos internautas
com referência ao endereço da empresa na web e envio de
clicaram no banner e viram o Yahoo! descolorir. E desse
folder para um database de dez mil clientes e lojas.
total, 14% foram ao site da Tintas Coral.
A estratégia on-line envolveu publicidade em grandes
Wd :: Em termos de tecnologia para construção da
portais, além de e-mail marketing. Tanto a campanha on-
infra-estrutura do site, a divulgação oficial apontava que
line, como o e-mail marketing e folder foram desenvolvidos
a ICI Paints estabeleceu qual seria usada. Que tipo de
pela EverMedia. A Assessoria de Imprensa da Tintas Coral,
tecnologia é utilizada no site e como a Evermedia se
em conjunto com a Assessoria da EverMedia, trabalharam
adaptou a esta realidade do cliente?
o mailing do segmento, publicidade e propaganda, tecnologia e negócios.
Fabiano :: A ICI está centralizando na sua matriz, na Inglaterra, a hospedagem de todos os sites regionais e, para
Wd :: Falando especificamente em divulgação, a
isso, existe uma série de padrões pré-estipulados que preci-
Evermedia criou em 2005 uma campanha de um dia no
sam ser seguidos. A matriz ICI enviou, então, à EverMedia,
portal Yahoo!, onde o usuário que acessasse o site vi-
profissionais para conhecer suas instalações, infra-estrutu-
sualizava, durante oito segundos, a página principal em
ra e equipe técnica. Após essa auditoria e homologação, a
preto e branco e com as notícias adaptadas para temas
EverMedia foi certificada como “System Integrator” respon-
referentes às cores. Quais desafios envolveram esta
sável por todos sites do grupo na América Latina. O software de gestão de conteúdo foi previamente adotado pela ICI. Para viabilizar o desenvolvimento do site
Click through
X
com essa ferramenta, um profissional da EverMedia foi en-
Número de vezes em que os usuários clicam em um anúncio.
viado aos EUA para treinamento junto à empresa fabricante
Fonte: Yahoo! Publicidade (http://tinyurl.com/86w76)
do software.
“Ignorar essa representatividade (Firefox) Tecnologia utilizada no projeto
seria ignorar uma grande parcela de consu-
- Plataforma: Unix
midores, o que certamente não faz parte das
- Application Server: WebSphere - Web Server: IBM HTTPD
estratégias de nenhuma empresa”
- Linguagem: Java - Framework: Struts
Wd :: O site funciona em diversos navegadores (In-
- Base de Dados: Oracle
ternet Explorer, Mozilla Firefox, Opera etc.). Qual a im-
- Gerenciador de Conteúdo: Rhythmyx 5.6
portância de se desenvolver sites compatíveis com os
- Ferramentas interativas: Flash + XML
padrões web?
estudo de caso - Tintas Coral :: 51
Fabiano :: Apesar de o Internet Explorer ainda ser o
“O número de e-mails recebidos pelo site
navegador mais utilizado, a popularidade do Firefox vem crescendo bastante e hoje já é usado por quase 20% dos internautas. Ignorar essa representatividade seria ignorar uma grande parcela de consumidores, o que certamente não faz parte das estratégias de nenhuma empresa. Por
caiu logo de início, o que indica que o conteúdo do site está melhor e mais facilmente acessível”
isso, a EverMedia se preocupa com essa questão e realiza o teste de compatibilidade em todos os projetos que desenvolve. Wd :: Qual o retorno que a Tintas Coral obteve após a finalização desse projeto? Já foi possível mensurar os
Wd :: Outro ponto a ser considerado é o retorno que grandes projetos podem trazer para as agências web. Qual o retorno que a Evermedia obteve com o site da Tintas Coral?
resultados obtidos pela remodelação do site? Qual ferra-
Heloisa :: A EverMedia, além de ter fortalecido sua ex-
menta a Evermedia utiliza para fazer essa mensuração?
periência em projetos envolvendo uma matriz estrangeira,
Ricardo :: Antes da remodelagem do site, a Tintas
teve sua expertise consagrada pelo mercado: o portal desen-
Coral recebia em média 20 mil acessos por mês, passando
volvido para a Tintas Coral levou ouro no Prêmio Abanet/MSN
para mais de 60 mil, após o lançamento. A expectativa,
2005, na categoria Portais Empresariais e de Marcas.
agora, é manter uma média de 55 mil acessos por mês. A ferramenta utilizada é o Webtrends 7, que permite customizar os relatórios. Alguns outros fatores de análise interna reforçam o sucesso do projeto: o número de e-mails recebidos pelo site caiu logo de início, o que indica que o conteúdo do site está melhor e mais facilmente acessível. Além disso, há o visível reconhecimento dentro da empresa Tintas Coral e do grupo ICI. A Tintas Coral tornou-se, na ICI Paints, referência como tendência de inovações na internet, o que significa, além da visibilidade da filial brasileira, que todas as novidades do grupo com relação à internet, passam pela Tintas Coral antes de serem desenvolvidas, para que testes sejam realizados e pareceres e opiniões sejam emitidos.
52 :: Tecnologia na web
Nova Seção!
Tecnologia na web Microformats: aperfeiçoando a organização e o tratamento de informações na web De algumas coisas o profissional que trabalha com
soluções em qualquer lugar sem precisar refazer um site inteiro”, diz. A evolução da meta-informação?
internet não pode reclamar: os desafios são constantes, a
Só pelo início dessa reportagem, você já reparou que
rotina é pouca e a evolução intelectual constante. Como
foram citadas algumas vezes a expressão “meta-informação”.
não poderia ser diferente, o ano de 2006 já se inicia com
Dessa forma, podemos considerar os microformats como uma
novidades no campo do conhecimento.
evolução desse conceito? “Microformats estende a meta-in-
A última delas chama-se microformats. “Imagine a
formação para trechos de código específicos com propósito
quantidade de informações geradas por comunidades de
e signifi cado específi cos. A razão disso é a necessidade de
relacionamento, e-mails, podcasts, blogrolls, relacionadas à
organizar e dar sentido a uma infinidade muito maior de infor-
licença e direitos autorais, e mais uma infinidade de outros
mações do que há dez anos”, ressalta Henrique.
tipos de dados que são compartilhados na rede. Diante disso, surgiu uma necessidade de aperfeiçoar a maneira
Meta-informação
com que toda essa informação é tratada e organizada”,
Meta-Informação: (meta = “além de” (beyond) + data =
explica Henrique Pereira, desenvolvedor web e criador do
informação), literalmente “informação sobre a informação”. É
Revolução Etc (www.revolucao.etc.br).
uma informação, ou um conjunto de informações, que descreve
Neste cenário, os microformats surgem como im-
X
outras informações. No mundo do HTML a meta informação estende-se pelas meta-tags, a escolha semântica de qual tag
portantes aliados para que os usuários possam encontrar
usar e em qual momento e pelos microformats.
determinadas informações com precisão. “Serviços, por
Fonte: Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Metadata_
exemplo, como o GeoURL (http://geourl.org/), permitem
(computing)
relacionar um site com a localização geográfica do autor através de meta-informação de posicionamento global. É
O especialista explica que fornecer “meta-informação”
uma solução interessante para um site. Mas qual seria a res-
é descrever seus dados, sua informação de forma que as
posta quando temos mais de uma pessoa ou autor em uma
máquinas a interpretem e criem relações a partir dela. “Ou
única página e queremos fornecer meta-informação sobre
seja, meta-informação é a ‘informação’ fornecida da infor-
a localização geográfica de cada um deles? O GeoURL não
mação que você compartilha em um site. Para entender
resolveria este problema. Mas uma solução microformats
este conceito, considere que o que você vê de informação
resolveria”, afirma.
disponível em um site, é metade das informações que um
No caso específico citado por Henrique, os microfor-
mecanismo de busca consegue enxergar”.
mats teriam a função de fornecer meta-informação para
Mas como fica a outra metade que não vemos na tela?
trechos específicos de código, acompanhada da própria
“Elas correspondem as meta-informações que relacionam o
informação. “Ou seja, tratando pequenos formatos de da-
conteúdo que importa para nós humanos, com aquilo que
dos válidos (micro + formatos = microformats), você é ca-
os mecanismos de busca utilizam para entender e tratar
paz de fornecer meta-informação para trechos específicos
as informações. E o que influencia é semântica. Semântica
de código de forma modular, ou seja, pode encaixar estas
é significado. Aplicar microformats é dar significado para
Tecnologia na web :: 53
nível avançado
determinado conjunto de informações para as máquinas.
outro sistema”.
Um código XHTML escrito de forma semântica com todo
Seduzido pelos microformats? Pois se você pretende
o conteúdo inserido dentro das tags corretamente, é a
trabalhar com ele, será preciso ter profundos conhecimen-
primeira descrição de dados que você pode fornecer. Sem
tos dos web standards. “Só depois disso, microformats
utilizar os web standards não faz sentido aplicar microfor-
se torna uma questão justificável. Antes disso, é querer
mats. A razão é que eles são padrões. E o melhor ambiente
jogar pérolas aos porcos. Conhecer bem todas as tags do
para aplicá-los é em um site que segue os padrões do início
XHTML, mais técnicas de acessibilidade e SEO (Search En-
ao fim”, orienta.
gine Optimization - Otimização de Mecanismos de Busca) são as características mais importantes antes que justifique
Aplicação dos microformats na prática Entendida a teoria que envolve este novo conceito, agora é a hora ideal para mostrarmos seu funcionamento na
com que microformats possam fazer parte do seu currículo”, finaliza.
prática. Como bom exemplo, Henrique cita os dados pessoais que costumamos compartilhar nos cartões de visita. “As informações contidas ali possuem um objetivo
Aplicação dos microformats
comum, que nos permite facilmente caracterizá-las como ‘informações pessoais’. Mas, como os mecanismos de busca e outros user agents tratam essa informação quando ela está na internet? A questão é que não tratam, porque não existia uma padronização com campos específicos que me permitia compartilhar esses dados na web. A especificação hCard é uma solução semântica que permite organizar um conjunto de informações de forma mais precisa”, afirma. hCard
X
Um tipo de especificação dos microformats. Fonte: RevoluçãoEtc (http://www.revolucao.etc.br/archives/ hcard/)
A vantagens no uso desse conceito já começam a conquistar as grandes empresas. “Hoje, centenas de milhares na internet estão começando a utilizar o hCard para compartilhar informações profissionais. O caso de maior sucesso é o da Avon. Ela tem mais de 40 mil representantes de vendas cadastrados em um sistema utilizando a solução microformat hCard, no qual esta informação pode ser tratada muito mais facilmente por máquinas ou qualquer
Antes <p><a href=”mailto:henrique@revolucao.etc. br”>Henrique Costa Pereira</a> - <a href=”www. revolucao.etc.br”>Revolução Etc</a> - R. Pedro Manso de Oliveira - Cep: 38405-126 - Uberlândia, MG</p> Depois <div class=”vcard”><span class=”fn”><a href=”mailto:henrique@revolucao.etc.br” class=”email”>Henrique Costa Pereira</a></span> <span class=”org”><a class=”url” href=”www. revolucao.etc.br”>Revolução Etc</a></span> <address class=”adr”> - <div class=”street-address”>R . Pedro Manso de Oliveira</div> - Cep: <span class=”postalcode”>38405-126</span> - <span class=”locality” >Uberlândia</span>, <span class=”region”>MG</ span> </address> </span> </div>
54 :: tutorial
AJAX -
Parte 3
Elcio Ferreira Desenvolvedor e instrutor na Visie Padrões Web http://visie.com.br/
Buscando o endereço pelo CEP Na terceira parte deste tutorial, vamos aprender como
fazer uma aplicação muito comum, e muito útil, que é a busca do endereço do usuário pelo CEP. Funciona assim:
[ “email1@provedor.com.br”, “email2@provedor.com.br”, “email3@provedor.com.br”,
o usuário preenche seu CEP e clica num botão “buscar
“email4@provedor.com.br”
endereço”. O navegador faz uma chamada AJAX e busca
]
do servidor a rua, o bairro, a cidade e o estado do usuário, preenche estes campos e coloca o foco no campo de nú-
Você pode encontrar um interpretador de JSON para
mero, para que ele preencha o número e, se necessário, o
a sua linguagem de programação favorita no site oficial:
complemento.
http://json.org/. Em nosso caso, vamos construir o exem-
Para isso, você vai precisar de acesso aos dados dos Correios. Os próprios Correios comercializam o acesso a
plo em PHP, mas você vai notar que seria muito fácil construí-lo em qualquer linguagem server-side.
esses dados (através de um webservice), além de vários
1.2 Exemplo: PHP
provedores de hospedagem.
Não vamos ensinar aqui como obter os dados de en-
1. JSON
dereço de um banco de dados ou do webservice que você
Para o transporte desses dados do servidor para o
tiver à disposição, porque isso é básico, ocuparia muito
navegador, usaremos o formato JSON. Embora não tenha
espaço, e geralmente há bons exemplos disponibilizados
as possibilidades semânticas do XML, JSON é um formato
por quem oferece a você o serviço de acesso aos dados
de dados muito interessante, principalmente para o uso
dos Correios.
em AJAX.
Por isso, vamos supor que você já tenha uma função
Diferente dos formatos de RPC baseados em XML,
pronta, de nome buscaEndereco, que recebe um único pa-
JSON pode ser lido por qualquer navegador que suporte
râmetro, o CEP, e retorna um Array com a rua, o bairro, a
AJAX sem grandes malabarismos e ainda oferece condições
cidade e o estado. Se você quer apenas testar a parte AJAX
de portabilidade muito próximas às do XML. Há interpreta-
desse código, pode criar uma função de testes assim:
dores JSON para ASP, PHP, Python, Java, ColdFusion, Ruby e praticamente qualquer linguagem que possa interessar
function getEndereco($cep){ return array(
ao desenvolvedor web. 1.1 O que é? Como fazer?
“Rua dos Bobos”,
JSON é um formato de descrição de dados baseado
“Vila Saudade”, “Hong Kong”,
em XML. Sua principal vantagem é o fato de poder ser lido
“SP”
por um navegador simplesmente, passando a string JSON );
pela função eval() do Javascript. }
Por exemplo, uma lista de e-mails pode ser expressa em JSON assim:
tutorial :: 55
Vamos colocar esta função (ou uma equivalente que realmente busca os dados) num arquivo chamado funcaocep.php. Baixaremos agora do endereço http://mike.teczno.com/json.html o pacote JSON.tar.gz,
/></label> <label for=”rua”>Rua:<input name=”rua” id=”rua” /></label> <label for=”complemento” id=”cm”>Compl:<input name=”complemento” id=”complemento” /></label>
que contém um arquivo JSON.php. Este é o arquivo que vamos usar para que o PHP converta os dados em JSON. Agora a mágica: vamos criar um arquivo cep.php, que será
<label for=”numero” id=”ln”>Nº:<input name=”numero” id=”numero” /></label> <label for=”bairro”>Bairro:<input name=”bairro”
requisitado via AJAX. Seu código é:
id=”bairro” /></label> <label for=”cidade”>Cidade:<input name=”cidade” id=”cidade” /></label>
<? // Importamos a função de CEP
<label for=”estado”>Estado:<input name=”estado” id=”estado” size=”2” /></label>
require_once(‘funcaocep.php’); // Importamos a biblioteca JSON require_once(‘JSON.php’);
<hr /> <label><input type=”submit” value=”Cadastrar!” /></label>
// Criamos o objeto JSON
</form>
$json = new Services_JSON(); // Obtemos o endereço $endereco=getEndereco($_GET[“cep”]); // Passamos o endereço pelo codificador JSON, e pronto. echo $json->encode($endereco); ?>
Simples, não? Dois includes, três linhas de código. Requisitando agora cep.php?ep=03321090 obtemos um resultado semelhante a isso:
Nosso formulário HTML
Note, no botão de busca de endereço, a chamada
[“Rua dos Bobos”,”Vila Saudade”,”Hong Kong”,”SP”]
onclick=”buscaendereco()”. Tudo o que precisamos fazer 2. HTML: o formulário de cadastro
agora é escrever esta função.
Para nosso formulário, vamos estender o exemplo do mês passado. Incluímos, logo abaixo dos campos de login
3. O javascript: simples
e senha, os campos de endereço. O HTML:
Dê uma olhada no código da nossa função buscaendereco:
<form method=”post” action=”cadastra.php”> <div id=”mensagem”></div> <label for=”login”>Login:<input name=”login” id=”login” onblur=”if(xmlhttp)validalogin()” /></label>
function buscaendereco(){ f=document.forms[0] txtcep=f.cep.value=f.cep.value.replace(/\D/g,””) if(txtcep.length!=8){ alert(“Preencha corretamente seu CEP.”)
<label for=”senha”>Senha:<input type=”password”
return f.cep.focus()
name=”senha” id=”senha” /></label> <hr />
}
<label for=”cep”>CEP:<input name=”cep”
f.rua.value=”Aguarde, buscando...”
id=”cep” /></label> <label><input type=”button” value=”Buscar Endereço” onclick=”buscaendereco()”
xmlhttp.open(“GET”, “cep.php?cep=”+txtcep,true); xmlhttp.onreadystatechange=function() { if (xmlhttp.readyState==4){
56 :: tutorial
dados=eval(xmlhttp.responseText)
fazemos uma validação básica: não buscamos o endereço
f.rua.value=dados[0]
se o CEP não tiver oito dígitos.
f.bairro.value=dados[1] f.cidade.value=dados[2]
Talvez algo que possa gerar dúvidas seja a expressão
f.estado.value=dados[3]
regular. Se você tiver dúvidas, recomendo em http://
f.numero.focus()
aurelio.net/er/ o guia do Aurélio. Expressões regulares
}
são uma ferramenta muito útil e poderosa, que vale a
} xmlhttp.send(null)
pena conhecer. Por hora, resta saber que \D significa “qualquer ca-
}
racter que não seja um dígito” e o g no final da expressão serve para buscar todas as ocorrências da expressão e não apenas a primeira. Assim, trocar /\D/g por “” vai eliminar qualquer caracter não numérico. Em seguida, oferecemos algum retorno visual para o usuário (f.rua.value=”Aguarde, buscando...”) e o restante do código segue o modelo de requisição AJAX que já conhecemos. Este trecho merece destaque: Quando clicamos, o javascript avisa o usuário que a busca está sendo feita
dados=eval(xmlhttp.responseText) f.rua.value=dados[0] f.bairro.value=dados[1] f.cidade.value=dados[2]
O código é bastante simples. O começo:
f.estado.value=dados[3] f.numero.focus()
f=document.forms[0] txtcep=f.cep.value=f.cep.value.replace(/\D/
Note que passamos o retorno do xmlhttp para a
g,””) if(txtcep.length!=8){ alert(“Preencha corretamente seu CEP.”) return f.cep.focus() }
função eval e temos um array Javascript com o qual trabalhar. É isso mesmo que você entendeu, aquele array que construímos no PHP se transforma aqui num array Javascript. É aqui que o JSON brilha em toda a sua glória como uma solução imbatível em praticidade e performance para a troca de dados em AJAX. Espero que esta série esteja sendo útil para você. Nos últimos dois artigos, vamos demonstrar como construir um bate-papo simples com AJAX e JSON.
O formulário é preenchido e o foco posto no campo de número
Aqui nós obtemos o formulário, usamos uma expressão regular para eliminar do campo de CEP qualquer caracter que não seja um dígito (com aquele replace /\D/g) e
58 :: usabilidade
Marcos Nähr Web technologist do departamento de marketing da Dell Computadores. Responsável pelo desenvolvimento do site e loja on-line da Dell Computadores no Brasil. marcos_nahr@dell.com
O computador, a web e a tecnologia vão desaparecer! No ano de 2005, pude assistir a uma palestra muito boa e até certo ponto visionária, promovida pelo Núcleo de Design Digital da apDesign - Associação dos Profissionais de Design do Rio Grande do Sul, com o designer Michel Lent Schwartzman. Em sua palestra, Michel falava sobre algo novo e assustador para todos da platéia, composta em sua maioria por pessoas do mundo do design para a web. Ele falava sobre o fim da web, ou o fim da web como a conhecemos. Sem dúvida aquilo me assustou no início, porém, mais do que isto, me deixou intrigado. Pesquisando mais a respeito, cheguei a uma conclusão que por si só poderia ser mais assustadora ainda. Acabei descobrindo que a coisa é muito mais séria e vai mais longe do que isto. Acredito piamente que não só a web, mas também os computadores e a própria tecnologia podem e devem desaparecer do nosso mundo! Mas, por incrível que pareça, esta afirmação tão profética quanto a famosa frase “o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”, de Antônio Conselheiro, não saiu da cabeça de nenhum lunático prevendo o final dos tempos. Lendo um texto de Mark Weiser (1952 – 1999), chief technologist da Xerox, descobri que ele era um dos que já antevia o futuro da tecnologia (e com ela do computador e da própria web): “As tecnologias mais profundas e duradouras são aquelas que desaparecem. Elas se mesclam entre o tecido da vida cotidiana até tornarem-se indissociáveis do mesmo”. Parece um paradoxo, mas em breve esta será a realidade: a velocidade com que o computador como o conhecemos hoje desaparece, será a mesma com a qual a tecnologia da informação irá envolver tudo que nos cerca e irá determinar ainda mais o modo como vivemos. Antes que você comece a se alarmar, deixe que eu esclareça uma coisa. Não estamos prestes a entrar numa era das trevas. Na verdade, o computador, a web e a tecnologia não irão desaparecer. O que vai acontecer, na realidade, é que estes três vão se tornar tão imperceptíveis aos seus usuários que será como se tivessem deixado de existir. Estes três farão parte das nossas vidas assim como o ar que respiramos. Ninguém precisa saber separar o oxigênio dos outros gases para respirar, fazemos isto de uma forma imperceptível, a tal ponto que até nos esquecemos que estamos fazendo. Esta característica nos força necessariamente a uma revisão da interação entre homem e tecnologia que temos hoje e cria a possibilidade e responsabilidade de imaginarmos e trabalharmos um design mais focado na experiência do usuário. É para este novo cenário que nós, webdesigners, ou melhor, interface designers, devemos nos preparar. Teremos necessariamente que começar a projetar este design baseado na experiência
usabilidade :: 59
"A velocidade com que o computador como o conhecemos hoje desaparece, será a mesma com a qual a tecnologia da informação irá envolver tudo que nos cerca e irá determinar ainda mais o modo como vivemos."
do usuário levando em conta todos os aspectos da per-
O design baseado em experiências não se baseia ape-
cepção humana. Para percepções diretas teremos de usar
nas nos objetos, mas em um conjunto que envolve as pes-
os sentidos da visão, audição, toque, cheiro, assim como
soas, objetos, situações e as relações entre eles. O com-
o equilíbrio. Já as experiências indiretas podem ser mais
putador, a web e a tecnologia vão desaparecer sim, mas
complexas. Nelas, nós distinguimos diferenças entre coisas
se nós soubermos nos adaptar a esta nova realidade, não
“invisíveis” como experiências sociais.
corremos o risco de sumirmos do mapa!
60 :: webwriting
Bruno Rodrigues Autor do primeiro livro brasileiro e terceiro no mundo sobre conteúdo on-line, intitulado “Webwriting Pensando o texto para a mídia digital”. É coordenador de informação do website Petrobras e titular da primeira coluna sobre Webwriting no mundo, elaborada desde 1998 e hoje veiculada na revista online “WebInsider”. Ministra treinamento de Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. bruno-rodrigues@uol.com.br
Vovó já ouvia em tempo real Em 11 de setembro de 2001, quando o avião se chocou contra a primeira torre, Elisa estava trabalhando em casa, a tevê ligada. A programação foi interrompida, e a bióloga girou a cadeira, ainda sem entender o fogaréu que saía do World Trade Center. Ficou alguns segundos apática, até que pulou de sopetão e deu um berro: - Credo! Neste mesmo instante, seu filho Joca acessava, no quarto, todos os sites noticiosos que podia, em busca de qualquer nova informação. Foi então que o outro avião arrebentou com a segunda torre. Os dedos pararam no teclado, e ele sussurou alguma coisa que parecia ser... - ... meu Deus... Elisa e Joca se esbarraram no corredor, trocaram um rápido “já soube?”, e foram até a cozinha - não sem antes formar um rápido conselho de família. - Antes que sua vó saiba o que está acontecendo, é melhor prepará-la. Um acidente horroroso como este choca qualquer um, ainda mais... - Que acidente, o quê! Foi ataque terrorista, gente! Os dois olharam para a porta da cozinha, e Dona Carlotinha descascava batatas tranqüilamente. - Em que planeta vocês estavam? Estou com meu radinho ligado há um tempão e eles entraram direto de Nova Iorque. Ah: e caiu outro avião em Washington. Elisa e Joca se viram como dois seres de uma estranha era jurássica ao inverso, antes que a boa vovozinha desse a punhalada final: - Desliguem a televisão e o computador! O mundo tá terminando e vocês nem aí para economizar energia, meu povo! Meu radinho é a pilha, sabiam? ************************************** Ainda nos orgulhamos do jornalismo on-line como ápice do esforço de apuração. No Everest da Comunicação, está fincada a bandeira do “tempo real” da internet, quando deveríamos perceber que, ao lado, tremulam há tempos as bandeiras do rádio e da televisão. Noticiário em “tempo real” - ou “real time” - não é, nem nunca foi, o grande avanço do jornalismo on-line. O século XX consagrou este estilo mais do que necessário de apuração, e que mudou para sempre a face do jornalismo. Mas em seu Panteão, sempre estarão, lado a lado, rádio e televisão. Sim, há lugar para nossa cria, mas neste pódio subiremos para receber um honroso terceiro lugar. Mais uma vez, com a internet, fizemos e faremos a Evolução - mas não a Revolução, pois esta já foi feita por outros pioneiros, há muitas décadas... ***************************** Nesta cadeia evolutiva, temos um fantástico campo a explorar, e o horizonte vai muito além do
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"Mais uma vez, com a internet, fizemos e faremos a Evolução - mas não a Revolução, pois esta já foi feita por outros pioneiros, há muitas décadas..."
- indispensável, diga-se de passagem - “real time”. O jornalismo on-line é diferente porque:
- É ferramenta para pesquisa. Se o grande “The New York Times” constatou, há anos,
- Traz perenidade à notícia.
que o conteúdo mais acessado é sempre o banco de notícias
A notícia da tevê, do rádio ou do impresso são voláteis, se
- em bom português, a “notícia de ontem” -, é hora de nos
esvaem no ar. Você viu e ouviu - mas passou, ou então virou embrulho de pão. Na internet, ela permanece, e se expande, novos aspectos são agregados e criam-se células de informação, como minúsculas agências de notícias específicas sobre um determinado assunto. Eternas, se necessário.
preocuparmos com o que já foi destaque na primeira página e hoje está acumulando poeira nos porões dos nossos sites. Hoje, o nyt.com cobra pelo acesso às profundezas, onde mora um reluzente pote de ouro... ***************************** Curioso que, no suposto reino do “real time”, seja o Passado que garanta um Futuro glorioso - e não o Presente.
62 :: bula da Catunda
Marcela Catunda Trabalhou na TV Globo, TV Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e SBT. Foi redatora da DM9DDB e Supervisora de Criação de Mídia Interativa da Publicis Salles Norton. É sócia do site Banheiro Feminino, está no Orkut e trabalha como autônoma. blog - http://pirei.catunda.org marcelacatunda@terra.com.br
Qual a hora certa de chamar um freela pra o campo de batalha? E eu sei lá? Levante o dedo esquerdo, antes coloque-o sobre a boca, isso, agora tire e sinta pra que lado bate o vento. Sentiu? Então, jogue-se ao mar. (brincadeirinha) Não, infelizmente não existem fórmulas prontas para esse fim específico e nem pra muitos outros na vida. Tão bom seria se existissem, but... Acontece que como se não bastasse ser freela um treco complicado, neguinho ainda complica mais as coisas pra cima da gente, essa gente humilde que vive do freelar. E quem será que decide a hora de chamar uma “Catunda”? Ser freela não é brinquedo não. A gente tem que chegar sempre em um novo lugar, como se fossemos donos do pedaço (só que com humildade), aprender onde fica o pessoal da criação, o banheiro, quem é o cliente, quem manda, qual o job. Pô, tem dó de mim. É muita informação pra um pobre mortal despencar de pára-quedas. E mais complicado ainda quando, além disso, tudo, o job é pra ontem. Mas lá vamos nós imbuídos de toda boa vontade, com o coração cheio de esperanças e o tanque quase vazio. - Então, sacou Cat? – o cara acha que tem intimidade. - Não. – respondo com o termômetro do humor no vermelho. - Tá pegando o que? – o cara acha que é moderno falar cifrado. - Não tô é pegando nada. Vamos por partes, por favor. Vocês querem que eu escreva um livro sobre o cliente e a agência. Sobre essa parceria de trocentos anos de sucesso. É isso? – pergunto. - Exatinho. – putz, e ele ainda fala no diminutivo. - E pra sexta-feira? – pergunto isso porque já era quarta. - Bingo! Essa é a Cat. – diz o cidadão. Pô, os caras deixaram pra me contratar nos dez minutos do último tempo e querem que eu dê uma goleada? Fala sério. Volto pra casa com o job de quatro folhas em Arial 12, mais ou menos uns 20 folhetos, um CD com todas as campanhas do cliente (feitas pela agência) e mais uns anúncios soltos. Analiso todo o material, contrato mais dois redatores pra empreitada e aguardo a aprovação de meu santo orçamento. Algum tempo bem depois.... - E aí Cat, tudo em cima? – era o cidadão. - Fala. – ai, que me irrita. - Então, lembra aquele jobito? – ai, mais gírias. Ninguém merece.
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"Como fazer esse pobre soldado sobreviver em meio ao tiroteio da desorganização?"
- Ahãm. – falar o que?
tão, somem novamente.
- Então, gata! Aprovaram. Pode descer pau. – comunica.
Pra resumir a história o job virou mesmo foi um livreto,
- Em você? – penso, mas não digo. Pra variar o aluguel
com aproximadamente 35 páginas que viraram 9. Foram exa-
do mês fala mais alto. E então, quase um mês depois aparecem os caras me colocando novamente no campo de batalha e lá vou eu, agora com orçamento aprovado, tocar o trabalho adiante. - Rodou seu finde. É pra segunda tá? – ordena. - Ok. Farei o impossível. – Afinal o possível estava fora de questão. Redatores em cena, eu capitaneando tudo, noites sem dormir, job feito, envio.
tamente 65 dias da primeira reunião até a aprovação final. E a NOTA MINHA GENTE? Pra variar “toimoimoimoim” ela foi enviada com o famoso 30 dias fora a nota, ou seja, dancei também no recebimento. E nem meus tantos anos de experiência me livram da roubada que um freela encara nessa conturbada vida do freelar. E então, fez-se mais esse dilema na minha carreira: qual a hora exata de colocar um freela no campo de bata-
Outros tantos dias depois aparecem os caras pedindo
lha? Quando chamar o infeliz? O que pedir? Como fazer
uma refação novo job. É. Porque aquilo tava longe de ser
esse pobre soldado sobreviver em meio ao tiroteio da de-
uma refação. Era outro job. Sim, senhoras e senhores lei-
sorganização?
tores, agora a coisa não era mais um livro, e sim um roteiro
PALAVRA-CHAVE “DIM DIM”
para um vídeo.
A resposta é simples: na maior parte das vezes as
Dispenso então os redatores, avisando-os que os pa-
empresas só dão conta de que “não tem quem faça isso”
garia tão logo recebesse e pego a trolha sozinha, bufando
quando ninguém fez, e geralmente descobrem isso no bico
de ódio.
do gargalo. Sendo assim, cabe a nós “freelas” encararmos
Mas será o Benedito que esses caras não sabem a
ou não os jobs bomba. A vantagem de encará-los é: um
hora de chamar um freela? Primeiro era um livro pra dois
desafio a menos na vida e uma grana a mais no bolso. Eu
dias depois, autorizam orçamento, autorizam eu chamar
fico com a dor de cabeça e com a grana. Melhor do que não
parceiros e desaparecem. Depois, reaparecem do nada,
fazer nada. Eu acho.
pedem um novo job, como se o de antes nada fosse e en-
64 :: webdesign
Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/ design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo País. webdesign@luli.com.br
Quem é você (on-line)? Como diriam os Talking Heads: "Mudei meu penteado tantas vezes que não sei mais qual é a minha cara” Bem me lembro de uma época, há muito tempo, em que as pessoas ainda não eram de plástico. Isso foi mais ou menos na última década do século passado. Você ainda nem tinha nascido, suponho. Naqueles tempos, de uma hora para outra, todo mundo começou a se plastificar. No começo eram algumas mulheres, com seus seios cada vez maiores. Depois vieram as nádegas, os lábios, as bochechas. Depois alguns homens passaram a fabricar abdomes, pernas... Você pode até achar engraçado, mas no começo muita gente achava todo aquele silicone meio estranho. Esteticamente perfeito, mas estranho. A começar pelo visual: era um pouco – como dizer? – excessivo. Perfeito demais, muitas vezes incompatível com a idade, as proporções ou a massa corporal de seus portadores. Por mais que tentássemos fazer vista grossa, todos sabemos que o corpo humano é um conjunto e que, por mais belas que sejam certas partes, elas só fazem sentido quando estão em harmonia com o resto. Além do visual, tinha a questão do tato. Aquelas coisas eram duras. Não que fossem rígidas, mas tinha algo de inadvertidamente muscular nelas. Não era necessário nenhum tipo de intimidade física para se chegar a essa conclusão: um simples e inocente abraço já era o suficiente para se entrar em contato com um par de batatas da perna entre os ombros como que a afastá-lo. Por mais que alguns fossem dignos de freak shows, não pegava bem comentar. Os comentários, aliás, sugeriam exatamente o contrário: havia um quê de exótico, preconceituoso e perversamente sujo na história, um componente essencial de fantasias de tabu sexual. Naquela remota época, acredite, a pergunta principal era: “mas será que é de verdade?”. Por mais que ter uma parte do corpo fisicamente avantajada e perfeita fosse interessante, ela só teria valor se fosse genuína. Com o tempo isso foi considerado uma bobagem e a questão posta de lado. Não importava mais ser verdadeiro, contanto que fosse verossímil – em outras palavras, possível. Um pouco mais tarde, até a questão da verossimilhança foi esquecida. Modelos e socialites ostentam seus corpos artificialmente esculpidos e bronzeados por toda parte a tal ponto que, para muitos dos reles mortais, a cirurgia plástica estética passa a ser considerada item obrigatório, com revistas a tratar do assunto e planos de pagamento em até 12 vezes, sem juros. Alguns anos depois veio a pílula da felicidade. Não aquela metanfetamina que se consumia em algumas festas no meio da lama e matava as pessoas de sede, mas aquela outra, de venda legal e com um formato bastante identificável: um losango azul.
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"No começo eram algumas mulheres, com seus seios cada vez maiores. Depois vieram as nádegas, os lábios, as bochechas. Depois alguns homens passaram a fabricar abdomes, pernas... "
No começo, como a cirurgia plástica, seu consumo era
Journal, citações no Google, site “oficial”, e-mailling, blog,
feito por necessidade. Era feito às claras e contava com
fotolog, grupo de discussão, podcast, artigo na Wikipédia,
a total compreensão das partes. Depois ela passou a ser
loja virtual e fetiches à venda no Mercado Livre, fotos no
consumida por curiosidade – às escuras, com uma receita
Flickr, feeds em RSS, músicas e vídeos compartilhados no
médica forjada por algum amigo. Mitos corriam por toda
Soulseek e Shareaza, networking no LinkedIn, bookmarks
parte, mas eles acabaram por desaparecer e o medicamen-
no StumbleUpon e del.icio.us, endereço no GoogleMaps,
to (?) fez seu début em comerciais de TV com o Pelé, nove-
vidas em MMORPGS, ícones em celulares etc etc etc. No
las, artigos de jornais, programas de rádio e caiu no gosto
começo achávamos tudo isso um pouco estranho. Com o
popular. Não demorou para promoções com descontos de
tempo achamos normal que seu amigo seja representado
50% aparecessem até em painéis eletrônicos.
por uma palmeira ou um skate ou um cãozinho.
A questão inicial também era “mas será que é de ver-
Tempos interessantes esses, sem dúvida.
dade?”, porém com o tempo todos deixaram essa bobagem de lado e cuidaram de se divertir. Muitos atores pornô,
PS1: ERRATA – no artigo passado há um erro de revisão.
carecas e barrigudos, mas capazes de sustentar uma ereção
Os vencedores do prêmio Nobel não ganham US$106, mas
por bastante tempo e se recuperar quase que instantane-
sim US$ 10 6 , o número “1” acompanhado de SEIS zeros, ou
amente (com todo mundo olhando, não se esqueça) foram
um milhão. Não enche a mala de um Naji ou um Duda nem a
substituídos por modelos, belos e perfeitos. A artificialida-
cueca de alguns, mas é bastante dinheiro.
de, afinal, é característica de tempos pós-modernos.
PS2: Depois de seis longos anos, resolvi escrever um
Isso tudo me leva a uma questão, que provavelmente
novo livro tratando de design, do ambiente digital, inovação
em breve se tornará imprópria, se é que já não se tornou:
e seus desdobramentos. Como acredito que fazê-lo sem a
se um sujeito consome um losango azul de Sildenafil Citra-
participação dos leitores é anacrônico nesses tempos de
to para ter relações sexuais com uma mulher que se sub-
web 2.0, fiz um blog. Seu objetivo é funcionar como um
meteu a uma lipoaspiração e implantes diversos, ele está
“making of” dinâmico e participativo, um fórum aberto. Par-
praticando sexo virtual? Afinal de contas, a ereção não é
ticipe e me ajude a fazê-lo. No mínimo, você vai conhecer
dele e o corpo não é dela...
bastante gente e entrar em contato com idéias bem interes-
A princípio, todos éramos loiras de busto grande em salas de chat. O tempo passou e essas personas virtuais ganharam Gmail, Messenger, Skype, Orkut, MySpace, Live-
santes. Como a do Adriano Vieland que, em parte, me inspirou a fazer este artigo. Saiba mais em www.luli.com.br