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julho 2006 :: ano 3 :: nº 31 :: www.arteccom.com.br/webdesign

R$ 8,90

Webdesign

julho 2006 :: ano 3 :: n 31 :: www.arteccom.com.br/webdesign

I SSN 1806 - 0099

9 771806 009009

Apostando no valor da experimentação: Nando Costa Como tornar sites em Flash “visíveis” em ferramentas de busca Fiat 30 Anos: exemplo de usuários ativos na evolução de um site Folksonomia: classificação de conteúdos em tempos de Web 2.0

00031




4 :: quem somos

Editorial Com esta edição, concluímos a Coleção Brasil Design. Avaliando o conteúdo desses três volumes, adquirimos uma visão ampla sobre o que o mercado brasileiro de design para web vem apresentando em termos de qualidade e em que áreas ainda precisamos evoluir. Muitos consideram os profissionais brasileiros altamente criativos e, em contrapartida, apontam o atraso em relação ao desenvolvimento de novas tecnologias como algo negativo. Porém, essa coleção nos chamou atenção para um ponto nunca antes discutido, mas que pode vir a ser um grande diferencial para os mais atentos. Gui Borchert, André Matarazzo e Nando Costa apresentaram um discurso unânime em relação ao PROFISSIONALISMO. Se desejamos uma abertura para o mercado internacional, um bom ponto de partida é a demonstração de mais profissionalismo. Sabemos que, em nosso país, com nossa cultura, chegar um pouquinho atrasado num

Direção Geral Adriana Melo adriana@arteccom.com.br

Direção de Redação Luis Rocha luis@arteccom.com.br

Criação e Diagramação Camila Oliveira camila@arteccom.com.br

Leandro Camacho leandro@arteccom.com.br

Suzanna Duarte suzanna@arteccom.com.br Ilustração Beto Vieira beto@arteccom.com.br

Publicidade Jane Costa jane@arteccom.com.br

Gerência de Tecnologia

compromisso é comum, e até esperado. Mas, se nosso foco é evoluir, devemos

Fabio Pinheiro

considerar a cultura universal, onde isso é inadmissível. Ou seja, precisamos

fabio@arteccom.com.br

observar além dos aspectos envolvendo os processos criativos: compromisso com prazos firmados, principalmente.

Financeiro Cristiane Dalmati cristiane@arteccom.com.br

Nando Costa diz que não elevaremos nosso nível de competitividade se continuarmos amadores em relação ao nível de responsabilidade e Matarazzo

Atendimento e Assinaturas Renata Fontan renata@arteccom.com.br

reforça que “a maior dificuldade é a falta de profissionalismo. Não basta você ser um ótimo designer, mas estourar prazos, não trabalhar em equipe ou ter atitude de estrela. Isso tem que ser revisto para alcançarmos os mesmos níveis do mercado internacional”. Fica então o recado: além do foco na criação e na tecnologia, vamos

A Arteccom é uma empresa de design, especializada na criação de sites e responsável pelos seguintes projetos: Revista Webdesign :: www.arteccom.com.br/webdesign Curso Web para Designers :: www.arteccom.com.br/curso Encontro de Web Design :: www.arteccom.com.br/encontro Portal Banana Design :: www.bananadesign.com.br Projeto Social Magê-Malien :: www.arteccom.com.br/ong

estar atentos à importância de se cumprir à risca os compromissos firmados com os nossos clientes.

Criação e edição www.arteccom.com.br

Grande abraço,

Produção gráfica www.prolgrafica.com.br

Adriana Melo

Distribuição www.chinaglia.com.br

:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.

Criatividade, tecnologia e... CREDIBILIDADE?

Equipe


menu :: 5

apresentação pág. 4 quem somos pág. 5 menu

contato pág. 6 emails pág. 6 fale conosco

fique por den tro pág. 8 bloguices pág. 10 métricas e mercado pág. 12 direito na web portfólio pág. 14 agência: Idéia 3 Digital pág. 19 freelancer: Ana Quartin

matéria de capa pág. 20 coleção Brasil Design: Nando Costa pág. 22 entrevista pág. 28 portfólio pág. 32 trajetória pág. 34 dia-a-dia e-mais

com a palavra

pág. 38 debate: Os caminhos da criação web

pág. 58 arquitetura da informação:

no Brasil

Guilhermo Reis

pág. 42 e-mais: Folksonomia

pág. 60 marketing: René de Paula Jr.

pág. 46 estudo de caso: Fiat 30 anos

pág. 62 bula da Catunda: Marcela Catunda

pág. 52 tecnologia na web: Indexação Flash

pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer

pág. 54 tutorial: Caminhando pelo HTMLparte 2


6 :: emails

sites, como blogs, wikis, Mambo e Joomla. Dá para fazer uma boa reflexão sobre isso, porque pode determinar o caminho de nossa profissão. Cinthia Ruiz cinthiaruiz@terra.com.br

na web Assunto: Direito 11º EWD Estive no Encontro de Recife. Foi show! É a primeira vez que participo do evento e com certeza estarei nos próximos. Também não conhecia a revista, mas quando li

web Assunto: Direito De olhona nas eleições!

Oi, Cinthia! É sempre bom ouvirmos

as edições 25 e 26, que consegui

a palavra de quem está vivenciando

no Encontro, me incentivou a

a realidade do mercado no exterior.

querer buscar edições anteriores

Criamos a seção “Tecnologia na

e futuras.

Web”, justamente para estimular

Ronaldson Nunes ronaldclick@bol.com.br

esta visão entre os nossos leitores. Refresquem minha memória: não

Obrigada pela ajuda e continue nos

estou conseguindo encontrar a

alimentando com boas informações!

matéria sobre sites eleitorais,

:-)

Gostei muito! Em relação à mesa redonda, me ocorreu a seguinte

onde foram apresentadas as

questão: quais os motivos que

versões dos sites dos candidatos a prefeitos do Rio, São Paulo etc.

Estive no Encontro do Rio.

na web Assunto: Direito Download referenciais

Em qual edição encontro essa

levam um provedor a fornecer um melhor serviço para Linux ou

Gostaria de saber se já saiu a

Windows? Acho que a questão é

Alaercio Fonseca alaercio@midiaproativa.com.br

última atualização da tabela

a seguinte: tenho que atender a

referencial de custos de site?

todos e não apenas uma fatia do

Oi, Alaercio.

Sergio Barbosa saabarbosa@gmail.com

matéria?

Como vai? Espero que bem. Esta reportagem saiu na edição nº10 (outubro de 2004 - CORES), nas páginas 46 a 51.

mercado. E isso se fundamenta nos padrões que tanto se discute

área do assinante? Uma coisa muito útil que começou a ser publicada na revista foi a parte de métricas. Seria interessante ter um relatório no Clube do Assinante. E que tal um chat ou outro meio de comunicação como enquete, fórum etc? Carlos de Oliveira vamoss@vamoss.com.br

seja tão interessante quanto foi

Oi, Carlos, tudo bem?

de proposta final e fiquei muito

para mim, sugiro uma matéria.

Obrigada pelo envio das

satisfeito com o conteúdo,

André Vinicius avmcosta@hotmail.com

sugestões! A primeira medida que

seguinte ponto: como as normas

citado o seguinte: “o início de

eleitorais se tornaram mais rígidas

cada etapa estará condicionado à

Olá, Ronaldson e André.

com a propaganda impressa,

aprovação, por escrito, da etapa

É muito bom receber este tipo de

certamente a internet se tornará

anterior”. Gostaria de saber se

retorno, pois são vocês que tornam

um dos principais palcos para

vocês têm um modelo desse tipo

possível a realização de um evento

a exposição dos candidatos.

de aprovação?

deste porte e a continuidade da

Leandro Vieira leandro@plugsites.net

revista. Ah, André: sua sugestão é interessante. Entendemos que o debate ocorrido no Encontro

poderão angariar bons lucros. Em outubro, traremos uma matéria

Sergio, os preços existentes na

serviu para mostrar como a entrada

especial sobre esse assunto.

tabela disponível para download no

do software livre vem ajudando a

Aguardem!

site da revista continuam vigorando

melhorar a qualidade de serviços

no mercado.

e produtos, sejam eles de código-

na web Assunto: Direito Tendências

disponibilizar mais material na

hoje em dia. Caso este assunto

obrigado. Nessa proposta é

decidirem investir neste segmento

O que vocês acham de

Realizei o download do modelo

Sua mensagem é oportuna pelo

Dessa forma, os profissionais que

na Assinante web Assunto: Direito Clube do

Leandro, que bom que nosso material vem ajudando você em

Venho acompanhando algumas

sua caminhada profissional. Sobre

tendências de coisas ligadas a

o modelo de aprovação: ele já está

web lá fora. Acho que seriam

disponível na seção “download” do

temas interessantes para vocês

site da revista, ok? Obrigada pela

abordarem. Exemplo: as novas

sugestão!

fonte aberto ou não, no mercado de Tecnologia. Como este tema é oportuno, vamos incluí-lo em nossa próxima reunião de pauta.

tecnologias que podem mudar completamente a maneira de criar

fale conosco pelo site www.arteccom.com.br/webdesign :: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.

tomamos foi aumentar os nossos parceiros de premiação. Além disso, esse será mais um item a ser incluído em nosso projeto de atualização do site da revista. Teremos um upgrade à vista e novidades podem surgir na área dos assinantes, ok? ;-)



8 :: blog

Bloguices

By Margarida Flores apareceu_a_margarida@hotmail.com

Margarida Manda Flores em O MEIO DO ANO CHEGOU Junho chegou e na seqüência dele veio julho. Hora de dar aquela paradinha básica e ver como andam as promessas que fizemos pro começo do ano: parar de fumar, ganhar dinheiro, entrar na academia, fazer um curso de inglês, entre outras atrocidades. Abri meu arquivo de promessas pra 2006 e meio de soslaio dei uma lida, mas parei na terceira promessa, na que eu prometia ligar para um membro da minha amada família pelo menos uma vez por semana. Não liguei mesmo e não tô nem aí. Mas, uma coisa nesse meio de tudo me fez pensar. Mais um ano chega em sua metade e continuo longe da realização dos meus sonhos. Pelas minhas contas, acredito que eles estejam mais ou menos em meados de 2035. Mas, enquanto esse ano não vem, falemos do que move o mundo enquanto o mundo ponto com se clica e linka. E nesse universo do “baixe aqui e divirta-se”, nada mais edificante do que passar algumas horas no www.youtube.com.

PEIXE GRANDE! GRANDE! Tá chegando o concurso Peixe Grande, que tem como objetivo descobrir e divulgar novos talentos e empreendedores que estão conquistando o mercado digital brasileiro. Lançado pela revista Webdesign em 2004, o concurso Peixe Grande vem incentivando o aumento da qualidade dos web sites brasileiros buscando a ascensão dos nossos profissionais na rede. Rede e peixe. Entendeu? Com o grande sucesso alcançado nas edições de 2004 e 2005, o concurso se consolidou como referência para a área e o Selo Peixe Grande tornou-se um sinalizador de qualidade em todo o país. Para esta superedição de 2006, os participantes poderão se inscrever em uma das seguintes categorias: - Agências produtoras de sites; - Profissionais autônomos ou freelancers. As inscrições serão abertas dia 01 de agosto e irão até o dia primeiro de outubro. Inscreva-se digitando www. arteccom.com.br/webdesign/peixegrande.

ATUALIZE-SE Quem quer estar sempre atualizado, fique de olho: Internet Explorer 7, Windows Media Player 11 e Office 2007 beta não são lendas. Já estão aí e pra serem baixados. Mas nem tudo é festa: tá em inglês. E seu Windows não pode ser “Genérico”. Internet Explorer 7: http://tinyurl.com/qopey Windows Media Player 11 http://tinyurl.com/lkvp5 Office 2007 http://tinyurl.com/qkbch


blog :: 9

LINKS BRINDES CHICOTE NELES Já pensou no que se passa pela cabeça de um gerente de projetos numa agência de publicidade ou mesmo de consultoria? Você que abomina esses tiranos, ou se compadece pelo sofrimento dessa classe sofrida, pode

LOJINHA DE JOBS

agora sentir na pele o sofrimento desse irmão participando desse joguinho:

Estreando uma nova etapa na vida, “a nível de processador Intel”, a Apple

http://tinyurl.com/qrwgp.

aproveitou para dar uma agitada em Nova York. Na verdade, estreou uma super

STARWARPEDIA

loja na grande maçã. Mil perdões pelo trocadilho. Mas ficou jóia. Saca só: http://

Fãs de Star Wars agora tem uma wikipedia

tinyurl.com/q63bg.

exclusiva para matar suas curiosidades sem ficar perdidos pela net em busca de informações duvidosas, que um amigo do

LAPTOP PELO SOCIAL. MENOS BEIJAR NA BOCA

primo do irmão do vizinho falou:

Nicholas Negroponte propôs o “One Laptop Per Child”, para levar o mundo digital

http://tinyurl.com/g9huc.

às crianças necessitadas. A máquina custará 100,00 Us$, porém a proposta do

QUE MÁRIO? Esse já se espalhou pela net. Mas não dá pra

americano Mike Liveright é: se você pode contribuir, pague 300,00 Us$ para ajudar

ficar sem documentar o Super Mario Real:

a financiar o projeto. Assim, quem compra um laptop está também presenteando

http://tinyurl.com/lssa7

duas crianças. Quer assumir o compromisso?

MOSAICO ON-LINE

http://tinyurl.com/nc4zt

Tendo paciência ou não, é interessante. Enquanto os participantes cumprem sua parte colocando suas pecinhas onde acham

E, AÍ? TOPA TRABALHAR POR UM DÓLAR POR ANO?

adequado, você pode ser uma pessoa

Essa gente que ganha milhões não tem apego a dinheiro mesmo. Terry Semel acertou

construtiva e contribuir, ou simplesmente

seu novo contrato com a empresa: um dólar por ano de salário. Bom samaritano?

ficar atrapalhando. Cadastre-se e conheça as opções:

Voto de pobreza? Que nada! A bufunfa mesmo vai vir da flutuação das ações do

http://tinyurl.com/q9onc

Yahoo na Nasdaq. Bobo, não?

TEU PASSADO TE CONDENA

http://tinyurl.com/q495z

Uma viagem através de todas as gerações dos games, mesmo antes dos vídeo games. Pra quem viveu e jogou quando ter imaginação

O QUE TEM NO COPO VERMELHO?

era o mais importante:

Já viu? Já leu? É de comer? É de beber? A panelinha blogueira esteve envolvida e

http://tinyurl.com/punsa.

estimulada por alguma “força oculta” que arregimentou formadores de opinião, e

ANIMAÇÕES FÚTEIS, OU NÃO? Acompanhadas de músicas. Fúteis ou não

gente descolada para participar desse projeto “Misterioso”. Teve até mega festa com

também. Atentem em History, para a do

direito a avião fretado para os ilustres participantes que vieram de fora de Sampa.

Batman. Um primor:

Esse é o mistério: http://tinyurl.com/o4kmo. Fontes fidedignas informam a resposta: Johnnie Walker Red Mix. Será? Que será, será?

http://tinyurl.com/pksz3 - Home http://tinyurl.com/oomm2 - Batman

RÁDIO DO MÊS

TESTE DE FOGO Eu já fui entrevistada. Várias vezes, aliás, mas em nenhuma delas fui transmitida ao

Tô num momento podcast e aconselho um pra começar: http://tinyurl.com/q34zb - pra rir use o

vivo com direito a uma loira me colocando na berlinda.

Banheiro Feminino. Tens um podcast? É

Essa deu o que falar lá na Europa. Mais especificamente na BBC de Londres: imagine-

legal? Manda aí pra gente ouvir.

se numa fila para uma entrevista de emprego. Pra completar, você é senegalês e está nervoso. Poderia ser mais assustador? Sim. Por engano, os produtores do telejornal

BLOG-SE BY ME Blog Coorporativo? Uia!

começam a entrevistá-lo, ao vivo, como especialista em economia globalizada.

http://www.blogcorporativo.net

http://tinyurl.com/rbd47

Fator X? Eu hein! http://www.essecaraeumxmen.com.br


10 :: métricas e mercado

Cada venda realizada em um site

gera quatro vendas em lojas físicas, aponta a

Câmara Brasileira de E-Commerce .

Fonte: FNAC (www.fnac.com.br)

Que tipo de sites

você acessa geralmente durante seu dia?

Fonte: “Impacto da Internet na Produtividade do Trabalhador do Conhecimento Brasileiro”, pesquisa realizada em conjunto pela Tríade do Tempo e Revista Época, com 962 pessoas, com idade média de 34 anos.

O país possui atualmente

910 mil endereços de internet administrados por provedores locais de

hospedagem de sites. Mais de 10 mil sites com terminação “.br” foram criados mensalmente durante o último semestre. A expectativa é que o Brasil supere o primeiro milhão de domínios registrados até o final do ano. Para se ter uma idéia, somente outros seis países gerenciam mais de um milhão de sites. Fonte: Marpa Marcas e Patentes (www.marpa.com.br)

O comércio eletrônico cresceu

311%

nos últimos cinco anos, alcançando R$

2,5 bilhões

em 2005. O Comitê de Varejo On-line da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net) estima que o volume de vendas on-line deve atingir, pelo menos, R$ 3,9 bilhões em 2006. Fonte: Movimento Internet Segura (www.internetsegura.org)

26,3 milhões de usuários utilizaram internet banking em 2005. Este número representa um aumento de 49,7% se compararmos com os índices obtidos em 2004. Além disso, este percentual representa quase o dobro do índice de abertura de novas agências bancárias (25%) no país. Fonte: Febraban (www.febraban.org.br)

Cerca de

70% dos brasileiros, com renda mensal superior a R$ 4,5 mil, acessam à internet, pelo menos,

quatro vezes por semana. Fonte: Ibope Inteligência (www.ibope.com.br) Atualmente, o mercado de hospedagem no Brasil possui últimos seis meses.

318 empresas, sendo 40 criadas apenas nos

Fonte: Marpa Marcas e Patentes (www.marpa.com.br)

Envie sugestões e críticas para redacao@arteccom.com.br


métricas e mercado :: 11

ViuIsso?

Por Michel Lent Schwartzman - michel@viuisso.com.br Site: www.viuisso.com.br

Notícias e comentários sobre comunicação digital, internet e publicidade Dado Spitze também lê o ViuIsso!

suas buscas, mas nos sites que compõem sua rede de veículos

Adicionem o Dado Spitze

AdSense. Ao visitar uma página com publicidade em vídeo, o

(dado_responde@bavariapremium.

usuário verá uma TV virtual ao lado do conteúdo da página,

com.br) no MSN Messenger

sem interferências.

e conversem com ele. É um

Com a banda larga difundida, exibir um comercial de 30

programa de inteligência

segundos em uma página web não é mais nenhum problema.

artificial, desenvolvido pela

Qual é o impacto disso na publicidade on-line? Historicamente,

Euro4D para o cliente Bavária.

os banners e demais peças foram usados como alternativas

O ‘cara’ sabe tudo de cerveja, claro, mas tem ótimas respostas

‘ l o w t e c h ’ . C o m a c h e g a d a d o s c o m e rc i a i s n o o n - l i n e , a

pros assuntos mais variados. Por exemplo, perguntem pra ele

publicidade interativa ganha? Perde? A seguir, as cenas dos

se conhece o ViuIsso... Aproveitem e não deixem de conhecer

próximos capítulos... [http://www1.folha.uol.com.br/folha/

o site novo da Bavária (www.bavaria.com.br), que está um show

informatica/ult124u20052.shtml]

de direção de arte! Acesso ao YouTube no Brasil cresceu mais de 2000%

Cyberspace: população 1 bilhão Estudo do eMarketer afirma que a população de usuários da internet no mundo atingiu a marca de 1 bilhão em

A nova febre brasileira na internet é o YouTube, site

algum momento do ano passado (845

comunidade de vídeos, para onde os usuários enviam seus

milhões de pessoas usariam a internet

vídeos e compartilham com todos. O acesso ao YouTube,

com regularidade, sendo que 175

a partir de residências brasileiras, cresceu 2005% entre

milhões com acesso via banda larga).

dezembro do ano passado e abril deste ano, pulando de 57 mil

O eMarketer diz ainda que a América Latina é a região do

visitantes para 1,2 milhão, o que representa 9% da audiência

mundo que apresentou maior crescimento em usuários (70,7%

de internet domiciliar no Brasil. O país é também o segundo

entre 2005 e 2004). [http://www.emarketer.com/Article.

no mundo a levar mais usuários para o site. Olha aí, mais um

aspx?1003975]

campeão de audiência brasileiro, assim como aconteceu com

São 171 bilhões de e-mails por dia

o Fotolog.net e o Orkut. Prova de que, também no Brasil,

Sendo que destes, 71% são spam. A informação foi

definitivamente entramos na era do vídeo na internet e do

levantada através de pesquisa da empresa inglesa Radicati.

conteúdo gerado pelo usuário. [http://idgnow.uol.com.br/

No ano passado, o volume de e-mails diários era de 135

internet/2006/05/26/idgnoticia.2006-05-26.7074622548/

bilhões sendo que, destes, 67% eram indesejáveis. Segundo

IDGNoticia_view]

o estudo, o mundo tem 1,1 bilhão de usuários de e-mail e

Comerciais de TV chegando à internet?

1,4 bilhão de endereços. Ou seja, eliminado-se o spam,

O Google anunciou o lançamento de um serviço de

trocamos por dia 49,5 bilhões de e-mails, uma média de 50

publicidade on-line que permitirá a exibição de vídeos. Estes

mensagens diárias por pessoa! [http://info.abril.com.br/

“comerciais” on-line não serão mostrados nos resultados de

aberto/infonews/052006/17052006-11.shl]


12 :: direito na web

Comunidades difamatórias pela internet Qual a reação a tomar diante de uma comunidade difamatória e como fazer quando o criador da comunidade usa apelido? Fernando Peres Farto (fernandoperesfarto@gmail.com)

Caro Fernando,

pender a veiculação, identificar os difama-

Você fez duas perguntas interessan-

dores e conservar provas.

tes. A resposta à primeira requer traduzir

O terceiro passo, enquanto não se te-

do “legalês” para o português o que é

nha obtido amigavelmente a suspensão da

“difamar”: “imputar fato ofensivo à re-

circulação, uma retratação, e/ou uma repa-

putação”. Diferente de “caluniar”, que

ração financeira, pode ser levar o caso às au-

Advogado formado na PUC/RJ,

significa “imputar fato criminoso”, e de

toridades. Para isso, você pode contar com

com Mestrado na USP e cursos

“injuriar”, que é “imputar fato ofensivo à

uma delegacia especializada em crimes ele-

Gerente Jurídico da IBM, onde

dignidade”. É importante distinguir tais

trônicos (em algumas capitais já as há), ou ir

trabalhou por 11 anos, no Brasil

palavras, pois se alguém trocar as bolas

direto à Justiça (a Comum, cara e demorada,

Almeida - Advogados, escritório

pode inviabilizar o sucesso de uma queixa

ou a Especial, que trata de causas de menor

especializado.

formal ou ação judicial.

valor e complexidade e é mais rápida).

Gilberto Martins de Almeida

em Harvard e no M.I.T. Ex-

e nos EUA. Sócio de Martins de

Envie sua dúvida para: redacao@arteccom.com.br

A lei garante a possibilidade de se

Certas vezes, alegando privacidade, os

obter liminar judicial para suspender a

provedores se recusam a colaborar até que

difamação, indenização pelos danos que

você consiga uma ordem da Justiça. Recen-

ela tenha causado, e cadeia, quando ela

temente, o Ministério Público pressionou o

tiver sido bastante grave e cometida com

Google a cooperar (ao menos em casos de

dolo acentuado. No caso de comunidades

ilícitos notórios), tirando material do ar e

difamatórias, a primeira coisa aconselhá-

informando cadastros dos usuários.

vel a fazer é tirar um retrato que possa

Quando a pessoa usa apelido, você

servir como prova depois. Gravar em CD

dependerá do provedor (e da companhia

não-regravável, conseguir declarações de

telefônica) para a identificação (baseada no

testemunhas e declarar o fato na presen-

número de IP e/ou em informações cadas-

ça de oficial de cartório são exemplos de

trais), ou de informações ou indícios coleta-

alternativas.

dos (de testemunhas, ou deixando “iscas”),

Em seguida, e quando apropriado, se

dentre outros meios. A delegacia especiali-

pode contatar o responsável pela comuni-

zada, geralmente, está preparada para au-

dade e o hospedeiro notificando-os (por

xiliá-lo, quando a identificação seja possível

e-mail e fax ou carta entregue mediante

(nem sempre é). A sua preocupação é muito

protocolo) para que não possam mais tar-

válida e contribui para a conscientização no

de alegar que desconheciam a situação. E

sentido de que dificultemos a vida de quem

pedir que tomem providências para sus-

acha que pode difamar impunemente.



14 :: portfólio agência - idéia 3 digital

Idéia 3 Digital Interatividade digital com um tempero nordestino Acarajé, azeite de dendê, biju, caruru, jerimum, tapioca e vatapá. Essas são apenas algumas das iguarias que marcam as opções da culinária nordestina. Mas a magia desses temperos foi muito além do mundo físico. Isso porque o cardápio da internet brasileira vem sentindo um gostinho bem diferente. Os chefs responsáveis por essa saborosa pitada no recheio interativo vem da cidade de Salvador, na Bahia. Estamos falando da Idéia 3 Digital (www.ideia3digital.com.br), que vem mostrando, nos últimos quatro anos, o valor do trabalho dos profissionais de internet localizados no Nordeste do país.


portfólio agência - idéia 3 digital :: 15

“Fazemos sempre reuniões de grupos de trabalho, brainstorms e encontros periódicos para determinar os caminhos que iremos traçar em cada projeto”

“A agência surgiu a partir da experiência de 19 anos no mercado de comunicação e propaganda da Idéia 3, uma

identificarmos os conceitos que movem a identidade e o estilo da empresa.

das maiores agências de publicidade do Brasil. Em 2002,

“Somos muito a favor da racionalidade nos projetos.

com o entendimento de que a comunicação interativa

Costumamos dizer aos clientes que o site é o elemento que

exigia uma nova estrutura de trabalho e um perfil de equipe

proporcionará o verdadeiro trabalho, que é sustentar uma

multidisciplinar, criamos a Idéia 3 Digital para atender aos

marca conhecida ou impulsionar sua presença no mercado.

clientes da agência. Não nos definimos como uma empresa

Pensamos em resultados, na forma como comunicamos

de design, mas de comunicação e promoção que utiliza a

para o usuário o que é relevante. Desta forma, nossos

internet e as novas tecnologias. O design e outras áreas de

projetos tendem a ser mais clean. Talvez pelo fato de eu ser

atividade são utilizadas como ingredientes do trabalho da

apreciador da escola de design alemã”, revela Laert.

empresa, que tem como principal objetivo à expansão de negócios. Ou seja, ajudar as empresas na busca de novos clientes, mercados ou negócios”, explica Laert Yamazaki, diretor da Idéia 3 Digital. Tem mão de gringo nesse molho baiano? F a l a n d o e m i n g re d i e n t e s , a p r i m e i r a p i s t a p a r a

Escola de design alemã

x

A escola de artes e ofícios Bauhaus, fundada em 1919, é uma das principais influências sobre o design gráfico moderno. Para saber mais sobre esse e outros movimentos, uma boa pedida é o livro “Design Gráfico, uma história concisa”, de Richard Hollis.

descobrirmos do que é feito o prato servido pela agência ao mercado está na aposta de um perfil variado das pessoas que compõem a sua equipe.

Não podemos nos esquecer ainda que, para as receitas e os ingredientes atenderem a expectativa dos seus ávidos

“A Idéia 3 Digital é dirigida por três profissionais de

consumidores, eles encaram o planejamento como etapa

áreas bem distintas. Adelino Mont’Alverne é publicitário

fundamental durante todo esse processo. “Por isso, fazemos

e atua na área de criação e estratégia em mídias digitais.

sempre reuniões de grupos de trabalho, brainstorms e

Eu sou arquiteto e pós-graduado em design de produto.

encontros periódicos para determinar os caminhos que

Cuido da área de criação e arte dos projetos. Flávio

iremos traçar em cada projeto. Esse processo é fundamental

Carvalho, que comanda a produção, é desenhista técnico,

para um trabalho efetivo. Desta forma, reduzimos margens

com experiência em produtos multimidiáticos. Em nossa

de erros, economizamos tempo e permanecemos dentro

equipe, existem profissionais criativos, responsáveis,

dos prazos”.

extremamente apaixonados pelo trabalho que fazem e

Internet como diferencial nos negócios

prontos para encarar qualquer desafio. São pessoas de

Uma das principais dificuldades que a agência

diversas áreas do conhecimento, que trocam experiências

encontrou ao longo de seus quatro anos de existência está

e informações para desenvolver projetos de alta qualidade

na formação de um mercado disposto a investir em uma

técnica e conceitual”. Além disso, vamos encontrar influências dos últimos anfitriões da Copa do Mundo de futebol, na hora de


16 :: portfólio agência - idéia 3 digital

área nova. “Tivemos que trabalhar na apresentação do que

agência acredita na importância de uma boa disposição

a internet e as novas tecnologias poderiam oferecer para as

do ambiente físico. “Um ambiente bem organizado, limpo,

áreas de negócios dos clientes. Esse trabalho é demorado,

agradável e rico em elementos criativos proporciona

mas é natural com o surgimento de novos recursos que

o bem-estar das pessoas que nele estão inseridas e,

sempre demandam o entendimento de suas características.

conseqüentemente, aumenta a produtividade e a qualidade

Como investimos na (in)formação de clientes atualizados,

do trabalho. A equipe é estimulada de diversas formas.

hoje nós trabalhamos com empresas que já utilizam a

Existe uma troca de experiências, informações, tudo

internet, por exemplo, como um diferencial importante em

relacionado ao trabalho que a gente desenvolve dentro da

seus negócios e principalmente no relacionamento com seus

empresa ou situações do dia-a-dia que cada um vive fora da

clientes”.

agência: desde conversas sobre o novo Playstation 3 até a

E o segmento imobiliário parece ter sido um dos

cor da parede da produção”.

principais apreciadores dessa receita que promete um bom

Tudo isso para garantir, em breve, novas receitas

retorno sobre o investimento. “Hoje, temos uma expertise

para satisfazer àqueles consumidores com um paladar

bastante diferenciada no mercado imobiliário. Em três anos,

mais apurado. “Estamos em processo de expansão. Isso

foram mais de 40 projetos realizados para empresas do

vai demandar uma reestruturação organizacional e novas

setor, como sites e hotsites para construtoras e lançamentos

metodologias para atender as demandas que estão

de empreendimentos, além de campanhas de publicidade

chegando agora. Além disso, pretendemos emplacar mais

on-line”, relata Laert.

projetos que exijam desafios de trabalho em ambientes

Do que é composta a cozinha

pouco explorados por aqui, como mobile business e também

Para estimular a criatividade de seus cozinheiros, a

novas experimentações de negócios para nossos clientes com promoções e estratégias digitais”.

Cases Hotsite Ícone - Grupo Fator www.fatoricone.com.br “O hotsite do Ícone, assim como outros hotsites que precisam vender um produto, tem características bastante específicas de usabilidade. Toda a interface do hotsite foi pensada para facilitar a navegação dos usuários no que eles mais precisam: comprar o conceito deste empreendimento. O próprio empreendimento já traz em sua arquitetura elementos exclusivos em diversas opções de plantas para atender aos diversos perfis de público-alvo. Isso deveria ser refletido nos ambientes do site. Por isso existe, para cada seção, fotos que sugerem estilos de vida e comportamentos específicos para que os públicos-alvo se identificassem. A partir dessa identificação, o usuário estaria mais disposto a ler as informações que apóiam as estratégias de design.”


Perini www.perini.com.br

A Perini é uma das maiores delicatessens da América Latina. Segundo Laert, o desafio deste projeto era desenvolver um layout atrativo e que fosse adequado ao tipo de comunicação que a empresa promove na mídia tradicional e principalmente no ponto de venda. “O principal objetivo do site é apresentar toda a linha de produtos e serviços da rede e ainda oferecer conteúdos úteis ao dia-a-dia de seus clientes. O site conseguiu estabelecer uma comunicação mais próxima da empresa com seus clientes, levando a Perini para o dia-adia de seus consumidores, através do conteúdo direcionado e de alta qualidade”, explica. Em termos de estruturação do site, ele explica que as seções foram decididas depois de reuniões com o cliente. “Desta forma, toda a arquitetura de informação foi estudada para ser posteriormente posicionada, de acordo com a hierarquia de necessidades dos usuários em blocos de informações”. Além disso, a agência realizou testes para definir a adequação de cada um dos elementos do site. “No desenvolvimento, foram feitos testes (que eu não chamaria de testes de usabilidade, pois foram mais simples) de realizações de tarefas previamente determinadas para analisar as dificuldades e as lógicas de acesso às informações que alguns usuários apresentavam. Alguns elementos da estrutura foram devidamente corrigidos e o site foi lançado, trazendo para o cliente ótimos resultados”. Para colocar tudo no ar, a Idéia 3 Digital montou a infra-estrutura técnica baseada em Flash e ASP. “O site da Perini já existia antes de virar nosso cliente e estava instalado em uma estrutura que necessitava permanecer em ASP, devido à integração com outros sistemas. Desta forma, reestruturamos todo o site sabendo que o acesso a bancos de dados seria ASP. O Flash foi utilizado para dinamizar mais o site, pois, na própria página inicial, necessitávamos de um espaço de destaque para divulgar promoções e eventos que são informados constantemente para os usuários.”


18 :: portfólio agência - idéia 3 digital

Galeria do Livro www.galeriadolivro.com.br A idéia deste projeto era criar um ambiente digital conforme o perfil da Galeria do Livro, uma livraria especializada de Salvador, com um acervo nas áreas de arte, arquitetura, fotografia, design e literatura. “O objetivo do site é estabelecer, através do seu conceito visual, a linha de editoração e conteúdo que a livraria oferece aos seus clientes. Mais do que uma livraria, um local onde os livros podem ser apreciados, com um atendimento realmente especializado e atencioso a cada tipo de cliente. Desta forma, a interface com o usuário sugere poucos elementos, criando um clima sofisticado (evidenciado pelo uso da cor preta) e navegação fácil. O site reflete muito mais um ‘estilo’, onde um livro deixa apenas de ser uma obra literária e passa a ser, também, um objeto de apreciação e arte.” Dessa forma, esse conceito de sofisticação foi a principal influência na combinação cromática do site e da escolha de tipografia. “O cliente não estava esperando que apresentássemos uma interface escura, principalmente com degradê de preto para cinza. Depois que ouviram os argumentos, e identificarem que o produto que eles vendem são também objetos de arte e decoração, eles ficaram a p a i x o n a d o s p e l a i d é i a e a p ro v a r a m i m e d i a t a m e n t e . A tipografia foi determinada apenas para uma boa leitura, pois o destaque maior deve ser a capa do livro”.

Em termos de tecnologia, a agência decidiu apostar nas vantagens oferecidas pelas tecnologias Flash e PHP. “O Flash também foi escolhido aqui para dinamizar a apresentação de vários livros, sem necessariamente ter que configurar uma vitrine com vários exemplares, pelo menos na página principal. Escolhemos apresentar um livro de cada vez, sempre lançamentos, para que o cliente fosse abordado como se estivesse solicitando sugestões de um profissional especializado no assunto. Além disso, essa apresentação remete a uma análise das capas como se o cliente estivesse analisando obras de arte. No caso da Galeria do Livro, o PHP nos atendeu muito bem. É uma linguagem que temos uma preferência, pois, além de bastante estável, os projetos ficam mais rápidos e seguros”.


portfólio freelancer - Ana Quartin :: 19

Design como diferencial na busca pela interação Contato: mail@anaquartin.com Site: www.anaquartin.com

Em 1999, no final do curso de graduação em

“Como movimento era uma das idéias centrais do projeto, o site foi construído em Flash”

Comunicação Social da PUC-Rio, Ana Quartin teria suas primeiras experiências com o mercado de internet.

informações básicas e sugerir o clima do lugar em um

A sedução final pela área ocorreu quando ela teve

formato compacto, em uma solução simples. Para tanto,

contato com o site de um antigo estúdio de design (2pG

o primeiro passo foi o trabalho de fotografia orientado

Multimedia & Design). “Ele evocava uma temática circense.

para a produção do site, realizado pela fotógrafa Denise

O que mais me impressionou foram as soluções visuais do

Schultz, a partir do qual busquei criar um movimento ‘entre

site, sobretudo em relação à forma original com a qual

ambientes’, já que eles são um dos grandes diferenciais

estava articulado o conteúdo. Este mesmo estúdio foi a

do restaurante. Como muitas das fotografias exploram

minha porta de entrada para o design e, desde então,

jogos de iluminação em momentos noturnos, optei pela

venho me dedicando ao design na web. Recentemente,

predominância de tons escuros para ressaltar estes jogos

concluí meu mestrado na área, também pela PUC-Rio,

de luzes e procurei utilizar os altos contrastes. Com as

focado em meios digitais”.

curvas do logo, gerei formas assimétricas para destacar o menu vertical”. Falando na construção de um portfólio e nos diferenciais a serem apresentados ao mercado, ela ressalta a importância de fatores como talento e responsabilidade. “Um portfólio deve ser inspirador, versátil e claro: três características que, por vezes, parecem entrar em atrito durante a concepção de um portfólio. Em relação à escolha dos projetos, é fundamental que o designer demonstre experiência com diferentes desafios. No que se refere à

www.anaquartin.com.br

própria apresentação dos projetos, na web, acredito que o

A partir daí, ela trilharia um caminho de sucesso na

portfólio deve ser capaz de antecipar questões, fornecendo

profissão, aproveitando a oportunidade para construir

respostas como: sobre a contribuição do designer em

uma identidade e um estilo. “Cada projeto tem seu próprio

grandes projetos, datas (como períodos de execução e de

universo. Entretanto, posso identificar no meu trabalho

veiculação), referências de clientes e de parceiros. Talento

uma busca por soluções conceituais, uma tendência a

é o grande diferencial, mas flexibilidade e responsabilidade

utilizar traços simples e a explorar os momentos de ação

são valores que também fazem a diferença”.

do usuário”, afirma. Um dos trabalhos marcantes na trajetória profissional de Ana envolve a criação do site do restaurante Saturnino (www.saturnino.com.br).

“O

desafio

era

oferecer


20 :: Coleção Brasil Design - vol.3

1. Gui Borchert

2 . André Matarazzo

3. Nando Costa

Coleção Brasil Design Como os designers brasileiros vêm conquistando o mercado internacional


Introdução :: 21

“As limitações são da rede ou do designer? O problema está na velocidade de conexão ou na capacidade de criação?”. Tais provocações aparecem na edição de número oito do visionário zine-manifesto Design de Bolso, criado por Elesbão e Haroldinho, nos idos de 2001. Mais atuais do que nunca, os questionamentos da dupla servem como um excelente ponto de partida para fazermos uma breve análise sobre os processos criativos que marcaram o design digital nos últimos anos. Será que exploramos todo o potencial que a mídia internet nos proporciona? Ou a cada dia nos tornamos reféns das facilidades proporcionadas pela tecnologia, em detrimento das mil e uma possibilidades que uma mente humana criativa pode gerar? A escolha da carreira profissional de Nando Costa, para encerrar os volumes da Coleção Brasil Design, não

volume 3

poderia ter sido mais oportuna. Isso porque podemos considerá-lo como um dos principais representantes de uma vertente que começa a se revelar em trabalhos digitais: o experimentalismo. Para se ter uma idéia, nas décadas de 60 e 70, este conceito rompeu com a tradição vigente e marcou o surgimento de movimentos como o concretismo e o psicodelismo. Assim, nossa pretensão é expandir as diversas mentes que povoam essa publicação em relação aos limites e aos desafios existentes durante a concepção de um projeto, além de estimular a criação de uma vanguarda do design para web no país.


22 :: Coleção Brasil Design - vol.3

Apostando no valor do discurso e da

experimentação

Entrevista: Nando Costa, criador do projeto Brasil Inspired

Radicado nos EUA, o carioca Nando Costa é criador do projeto Brasil Inspired (www.brasilinspired.com), no qual incentiva e divulga os trabalhos de design desenvolvidos no país. Apostando na experimentação, seu trabalho é um bom exemplo de como tal conceito pode ajudar o design digital a se tornar mais criativo. Nesta entrevista, ele fala sobre influências, cores, tipografia etc., além de analisar os desafios existentes na caminhada do profissional que vai para o exterior. Wd :: Em entrevista para a revista Zupi (http:// tinyurl.com/mzpot), você confidenciou que tem “...trabalhado tanto nos últimos anos que quase sinto que perdi um pouco da minha identidade”. Essa sensação já passou? Quais fatores constroem ou desconstroem a identidade e o estilo de um designer? Nando :: Acho que esse efeito já passou. Devo ter dito isso quando tinha a minha empresa (chamada Nakd), no Rio de Janeiro. Naquela época, como atuava como diretor de criação, a minha função, além designer, era guiar o estúdio, os designers e animadores com quem eu trabalhava, e também interagir com os clientes, pagar as contas e até lidar com as burocracias. No fim dos dois anos de minha experiência na Nakd, eu e minha esposa (Linn Olofsdotter - www.olofsdotter. com) estávamos esgotados e acho que isso nos afetou demais, nos deixou sem inspiração. Mas depois tudo passou e, hoje em dia, trabalhando como freelancer, me sinto muito mais confiante e feliz com o que faço. Sobre sua segunda pergunta, não sei exatamente como responder, pois isso depende muito de uma pessoa para


entrevista - Nando Costa :: 23

“Para quem tem planos de somente estudar fora, mas eventualmente voltar ao Brasil para trabalhar, acho que só a experiência de morar no exterior é um grande impulso e abre bastante os horizontes” outra. Não há regra. No meu caso, o fato de o meu trabalho

para os que trabalham mais do que o necessário, o que é bem

ter perdido força, eu imagino que deve ter sido causado por

o contrário do mercado brasileiro, no qual uma pessoa pode

cansaço, exaustão mesmo. Atualmente, consigo dividir meu

ficar no mesmo emprego por dez anos sem progredir muito,

tempo melhor para que isso não volte a acontecer.

tanto financeiramente quanto no lado criativo da carreira.

Wd :: Você é cria da Escola de Artes Visuais do

Wd :: Muitos de nossos leitores perguntam sobre a

Parque Lage (EAV), além de ter cursado design gráfico

validade e quais cursos no exterior valem a pena de se

em uma faculdade no Rio de Janeiro. De que maneira sua

investir. Qual foi sua experiência nesta área?

formação lhe ajudou a ingressar na área de design?

Nando :: Não tenho experiência em cursos aqui. No

Nando :: Na verdade, não sei se a fase no EAV do

entanto, tenho alguma idéia, pois minha esposa já fez al-

Parque Lage teve algo a ver com a minha decisão em ser

guns. Para quem tem planos de somente estudar fora, mas

designer. Já pintava desde pequeno e, na época, nem sabia

eventualmente voltar ao Brasil para trabalhar, acho que só

da possibilidade de trabalhar com design.

a experiência de morar no exterior é um grande impulso e

Sobre a faculdade: decidi estudar design, pois meu

abre bastante os horizontes.

irmão do meio cursava e eu vi o curso como uma alterna-

Em termos financeiros, é realmente uma grande

tiva para Belas Artes. Infelizmente, achei o curso fraco. Isso

diferença e, no fim, as universidades aqui são mais

me levou a sair da faculdade antes de ingressar no sexto

caras também pelo o que tem a oferecer em termos de

período e a me mudar para os Estados Unidos a procura

equipamentos, qualidade dos materiais disponíveis e

de trabalho.

vastidão de professores com muita experiência.

Wd :: Falando no exterior, você trabalha por lá

Wd :: Como é o seu processo de criação e como

desde 1999. Como surgiu esta oportunidade? Houve

você estimula sua criatividade? Que tipo de material

algum tipo de dificuldade para se adaptar?

você utiliza?

Nando :: A minha mudança para o exterior foi im-

Nando :: No meu caso, minhas referências são

pulsionada pela insatisfação com meu curso de design no

normalmente as que não tem nada a ver com design. Adoro

Brasil. Além disso, tinha vontade de aprender mais e em

viajar e fotografar, mesmo sem nenhuma pretensão de ser

áreas que clientes e estúdios de design no Brasil ainda nem

fotógrafo. É óbvio que hoje em dia há influências do que

haviam tocado.

se fazia há anos, mas isso acontece em todas as mídias.

Acho que me adaptei muito bem, porque já tinha o co-

Seja em animação, onde diretores criam animações digitais

nhecimento intermediário da língua. O ritmo de trabalho foi

inspiradas por stop motion, ou fotógrafos que utilizam

até um dos fatores que mais me deixaram animado sobre

fotografia digital influenciada por técnicas da época de

a minha experiência nos EUA. Eu realmente não gostava

filme. Não há nada de errado com isso, contanto que o

da atitude dos estúdios no Rio. Sempre fui muito focado

conteúdo seja original, o método de criação não é assim

no meu trabalho. Queria progredir e aprender com muita

tão importante.

rapidez, o que é difícil no Rio, mas relativamente simples no exterior. Além disso, o mercado exterior tem muitos incentivos

Wd :: Segundo André Matarazzo, destaque no volume 2 da coleção “Brasil Design”, “inspiração tem muito a ver com o quanto você se identifica com o


24 :: Coleção Brasil Design - vol.3

produto, entende o mercado que o circunda e gosta do

“A melhor maneira de se construir um portfólio, quando alguém está

trabalho que irá desenvolver”. Quais referências você busca para ter inspiração em seu trabalho digital?

começando, é simplesmente criar

Nando :: Gostar de um produto facilita muito, mas, no

projetos fictícios, até mesmo para

fim, depois de muitos anos de trabalho, qualquer cliente é

clientes grandes”

cliente, a não ser que fazer algo para tal cliente seja contra seus princípios. Eu, por exemplo, me sentiria incomodado fazendo qualquer projeto para empresas relacionadas a tabaco ou para alguma filial militar. Porém, para ser mais “prazeroso” quando não gosto de um potencial projeto, tento cobrar mais logo desde o início. Dessa maneira, se acontecer, ao menos financeiramente é válido, o que estimula e serve de suporte para projetos menores e mais divertidos que possam vir a acontecer mais adiante. Wd :: A produção de trabalhos experimentais pode ser considerado um bom caminho para o profissional que

pretende

construir

um

portfólio?

Como

a

experimentação se insere em seu trabalho? Nando :: A melhor maneira de se construir um portfólio, quando alguém está começando, é simplesmente criar projetos fictícios, até mesmo para clientes grandes. Apesar de zines serem divertidos, acho que projetos para clientes fictícios, mas numa situação real, fazem mais sentido, porque são mais fáceis de serem absorvidos pelos clientes.

Versão da bandeira brasileira, criada por Nando Costa, para o livro “Disorder in Progress” (saiba mais sobre este projeto, na página 30)


entrevista - Nando Costa :: 25

“A escolha das cores sempre foi muito importante para mim até que acabei me acostumando a escolher minhas cores por valores numéricos, pois isso adiciona um certo relacionamento matemático entre os diferentes tons” Wd :: Vários projetos digitais brasileiros já foram

Wd :: No livro “A cor como informação”, Luciano

premiados e receberam o reconhecimento internacional

Guimarães destaca algumas funções exercidas pela cor.

(vide caso do site das Havaianas). Podemos afirmar que

Dentre elas, ele destaca o fato de ela ser a mais eficiente

o Brasil possui uma escola de design genuinamente

dimensão de discriminação, pelo seu poder de expressão

nacional?

e sua capacidade de significar. De que forma você tra-

Nando :: Na minha opinião, não. O design no Brasil

balha a composição cromática em seus projetos?

ainda é muito jovem e faltam muitos anos de experiência

Nando :: A escolha das cores sempre foi muito impor-

antes que alguém possa dizer isso com firmeza. É verdade,

tante para mim até que acabei me acostumando a escolher

porém, que, no Brasil, existem muitos designers talentosos

minhas cores por valores numéricos, pois isso adiciona um

e de certa maneira isso se torna um atrativo extra para o

certo relacionamento matemático entre os diferentes tons.

mercado internacional.

Além disso, provavelmente ajuda a diferenciar meu tra-

Wd :: Sobre movimentos e escolas, Bauhaus é uma

balho em relação ao realizado por outros designers.

das principais referências para as diferentes gerações de

Wd :: Você é criador do “Brasil Inspired”, que

designers, por defender a união das artes, artesanato e

procura divulgar a cena de design e arte brasileira no

tecnologia. Hoje, podemos apontar algum tipo de movi-

exterior. Ao longo desse tempo do projeto, como você

mento que influencie o trabalho do design para a web?

analisa os trabalhos nacionais em relação à produção

Nando :: Como o trabalho que popula a web é muito

internacional?

volátil, as influências também mudam constantemente. O

Nando :: Cada vez mais elevamos nosso nível de

grafite tem sido, nos últimos anos, um grande aliado dessa

competitividade. No entanto, pela minha experiência

área, também como o pós-surrealismo. No entanto, eles

trabalhando com freelancers e estúdios brasileiros, o

já estão sendo substituídos por outros e assim podemos

que me decepciona é o nível de responsabilidade, já que

esperar por mais novidades adiante.

cansei de me desapontar com entregas atrasadas e falta

Wd :: Em fevereiro desse ano, a Revista Webde-

de motivação.

sign apontou a importância do estudo da tipografia em

Mas esse cenário tem mais a ver com a cultura do que

projetos de internet. Destacamos ainda a produção tipo-

com a qualidade do trabalho desses indivíduos. Justamente

gráfica no Brasil. Um dos maiores expoentes na área é a

por isso acho muito válido ter experiência no exterior para

fonte “Brasilêro”, de Carlos Cruz, criada em referência a

que o brasileiro possa entender melhor o nível de profis-

escrita popular. Você apontaria o uso de algum elemento

sionalismo internacional.

brasileiro em seu trabalho? Nando :: Acho que não. Muitas pessoas se referem as

Wd :: Você tem planos de voltar a trabalhar no Brasil? Quais são suas metas para o futuro?

minhas escolhas de cor, mas isso é, em parte, uma certa ig-

Nando :: Não, no momento não tenho planos de

norância, porque senão associaríamos outras cores a outras

voltar. Já que sou casado com uma sueca, morar nos Es-

nacionalidades. Nunca adicionei nenhum elemento para dar

tados Unidos facilita nosso relacionamento, pois nos

a idéia de que meu trabalho é “mais brasileiro” do que outro.

comunicamos em inglês e a grande maioria dos nossos

No fi m, de uma maneira ou outra, ele acaba sendo infl uen-

clientes está aqui. Mas adoro poder visitar o Brasil de vez

ciado simplesmente pelo fato de eu ter nascido no Brasil.

em quando. Nosso plano, no momento, é continuar trabalhando como freelancers.



entrevista - AndrĂŠ Matarazzo :: 27


28 :: Coleção Brasil Design - vol.3

Portfólio Conheça alguns dos trabalhos marcantes na carreira de Nando Costa


portfólio :: 29

Defective www.nandocosta.com/animations/defective.html “A empresa Getty Images, que licencia imagens e vídeos para o mundo todo, iniciou uma competição aberta ao público, no qual designers teriam acesso a vídeos e fotografias em alta para criarem um vídeo que, de certa maneira, contasse uma história no tema ‘The Big Idea’. Entrei no concurso com um vídeo que ilustra pensamentos inacabados meus que, de certo modo, são como pesadelos. Estas curtas cenas representam momentos em minha vida, tanto no presente quanto no passado, quando passei por situações, onde procurando na minha mente por assuntos novos para uma conversa com amigos, me deparei como as mesmas cenas animadas. Em uma delas, um machado é jogado por alguém no chão de um vagão do metrô, repetidamente. Em outra, eu pensava na palavra ‘bomba’, mas não haviam explosões conectadas com esta palavra na minha mente. Apesar de a maioria destes pensamentos terem sido de conotação negativa, em geral eles ‘apareciam’ em momentos relativamente prazerosos, criando um contraste ainda mais interessante para a situação. Resumindo, o vídeo recria esses momentos que para mim funcionam como pensamentos inacabados ou defeituosos, daí o nome ‘Defective’. Criei este vídeo sozinho, a não ser por três pequenos elementos de 3D para os quais recebi ajuda do Renato Ferro. A música, também feita pelo americano Darrin Wiener (ou Plastiq Phantom), foi criada a partir de samples originais gravados gradativamente conforme o vídeo foi tomando formato.”


30 :: Coleção Brasil Design - vol.3

Disorder in Progress www.nandocosta.com/print/dip_book.html “Este é o segundo livro que produzi com a Die-Gestalten Verlag, da Alemanha. Seguindo o tema e o sucesso do primeiro que fi zemos juntos, ‘Brasil Inspired’, este livro teve como objetivo dar espaço a designers, artistas brasileiros e alguns do exterior que moraram por um tempo signifi cativo no Brasil, para que criassem imagens que representassem suas frustrações com certos aspectos sociais, políticos e econômicos da nossa cultura. Os temas foram bastante variados, desde as filas demoradas em serviços do governo, até assuntos mais sérios, como a prostituição infantil e a guerra pelo controle do tráfico. A minha função neste projeto foi criar o conceito e o título, convidar todos os artistas, fazer o layout do livro e o design da capa, além de contribuir com algumas ilustrações também. A criação da capa foi interessante porque o meu objetivo foi criar um emaranhado de elementos representativos de nossa cultura e que, como um todo, fosse bem colorido a ponto de representar o estereótipo da imagem do Brasil vista por outros no exterior. Já o interior do livro tinha como função ser um perfeito contraste a esta imagem idolatrada. Portanto, se tratava de assuntos reais e de conotação negativa, além de serem somente em preto e branco. As duas imagens que criei para o interior do livro abordam o assunto da pobreza nos grandes centros do Sudeste. A imagem intitulada ‘Together in Poverty’ tem este nome, pois fala da diferença da cor da pele dos brasileiros, que em muitas situações nos separa, mas quando se fala de pobreza extrema, vemos brasileiros de todas as origens vivendo na rua sem suporte algum. E, naquele momento, seja negro ou branco, a pessoa vira somente um indigente. Crescendo no Rio de Janeiro, vi com clareza as diferenças sociais e como os negros sempre foram classificados de uma maneira diferente. Sei que tentamos não aceitar que isso acontece, mas só depois de vir morar fora do Brasil e analisar a situação de longe, que percebi isso com clareza.”


portfólio :: 31

ESPN 2015 www.nandocosta.com/illustrations/espn.html

“Esse é um dos projetos que fi z este ano e consistia em um grupo de seis ilustrações para serem utilizadas em uma interface on-line do site ESPN.com. O interessante nele foi o fato de que o cliente queria que eu criasse as ilustrações no estilo das primeiras ilustrações que fiz no começo de minha carreira. Por isso, foi um pouco difícil retornar a um estilo que eu, de certa forma, já havia deixado para trás. O título do projeto era ESPN 2015 e descrevia várias previsões de como a tecnologia avançaria na área de esportes: desde como pessoas em casa poderiam controlar a sua experiência quando assistindo a um jogo na televisão, quanto ao tipo de melhorias que poderiam ser feitas para ajudarem atletas durante a prática de seus esportes. Foi bem especial ter os temas já tão delineados pelo cliente desde o início, mas ao mesmo tempo tendo a liberdade para interpretar os assuntos da maneira que eu quisesse dentro daqueles parâmetros. Logo após este projeto, que durou apenas duas semanas, eu comecei a trabalhar em outro, desta vez para a Microsoft. Este segundo demorou seis meses e se tratava da criação de 28 ilustrações para as embalagens dos novos softwares que a empresa vai lançar no segundo semestre deste ano. Infelizmente, ainda não posso mostrar estas ilustrações, pois o projeto ainda não saiu. Mas, em breve, ele estará também no Brasil, já que será lançado no mundo todo.”


32 :: Coleção Brasil Design - vol.3

Trajetória 1993 a 1996

1997 a 1999

2000 a 2001

“Certamente, a minha carreira não

“Logo no primeiro ano de faculdade

“Pouco tempo depois, saí do meu

teve uma trajetória linear. Antes de

consegui meu primeiro emprego em

primeiro emprego para me aventurar

me envolver com design, eu partici-

uma pequena agência no Rio, o que

nos EUA, à procura de mais desafios

pei de um curso de desenho por três

me incentivou a sair da faculdade

e melhores oportunidades. Acabei

anos e também fiz vários workshops

logo no começo do terceiro ano, já

em Atlanta trabalhando para outra

de pintura e fotografia. Foi somente

que estava aprendendo muito mais no

pequena agência de impressos.

na época de escolher uma faculdade,

trabalho.”

Nessa empresa também tive a

que acabei decidindo por design. Na

oportunidade de fazer dois sites

época, era uma carreira não muito

em Flash, o que me levou a outro

fácil de se entender no Brasil, mas

emprego em Nova Iorque, para uma

meu irmão do meio já estava cur-

empresa chamada WDDG, que tinha

sando, o que facilitou muito.”

como foco websites em Flash. Foi nesta fase da minha carreira que realmente tive destaque, pois lancei meu primeiro site (hungryfordesign. com) e também tive a chance de conhecer muitos designers importantes.”


trajetória :: 33

2001 a 2005

2005 aos dias atuais

“Aprendi muito nesta fase em NY,

“Depois de mais de dois anos

mas me mudei novamente para

lá, recebi uma proposta para

Atlanta para trabalhar com todas

trabalhar em uma agência de

as mídias (web, print e vídeo)

propaganda, em Boston, chamada

que estava aprendendo. A minha

Modernista!. Aceitei a proposta

experiência em Atlanta, durou um

e me mudei para Boston, mas

pouco menos que um ano, pois me

não me adaptei muito bem no

mudei para Chicago para trabalhar

ambiente de uma agência maior.

na Digital Kitchen, como animador

Fiquei até o final do ano passado,

e designer para motion graphics.

quando saí para trabalhar como

Essa fase também foi ótima, pois

freelancer. Acho que esta nova

aprendi muito sobre uma nova

fase de trabalho é realmente a

mídia sobre a qual pouco sabia.

melhor de todas.”

Depois de dois anos, já casado, me mudei para o Brasil e abri, junto com minha esposa, uma empresa de motion graphics no Rio de Janeiro. Esse foi o meu período de trabalho mais intenso. Trabalhei por dois anos seguidos, praticamente todos os finais de semana. Foi difícil, mas aprendi muito e construí meu portfólio de uma maneira que não esperava.”


34 :: Coleção Brasil Design - vol.3

Dia-a-dia Apostando na flexibilidade no trabalho

Relacionamento com os clientes “Desde minha primeira experiência como dire-

“Minha rotina de trabalho está passando por

tor de criação na minha ex-empresa Nakd, no Rio

uma grande mudança. Em dezembro de 2005, eu e

de Janeiro, comecei a ter mais conforto durante o

minha esposa saímos de nossos empregos onde tra-

relacionamento com os clientes. Antes disso, sempre

balhávamos juntos. Passamos a trabalhar em casa,

fiquei muito nervoso. Hoje em dia, não tenho mais

onde temos muito mais flexibilidade com horários

problema algum. Então, nos momentos de mais tra-

e que tipo de trabalho decidimos fazer. Tem sido

balho, tenho umas 3-5 ligações por dia com clientes.

ótimo, pois estamos mais felizes como freelancers.

Mas estou feliz de não ter nenhum projeto grande

Mas é claro que essa escolha teve um impacto muito

nessa época de mudança. Assim, poderei aproveitar

maior em nossas vidas pessoais, pois começamos a

a viagem e gastar o tempo em projetos pessoais que

trabalhar de casa e tivemos que adaptar metade de

estão empilhados como sempre.”

nosso apartamento como escritório, o que tomou muito nossa privacidade.”

Mudanças à vista

Ioga para manter uma vida saudável “Temos nos preocupado sim, pois nós dois

“Foi justamente por essa grande transformação

temos problema de coluna. Com relação ao con-

em minha carreira que decidi me mudar para outra

forto, o melhor momento de minha vida foi na época

cidade. Dessa forma, vamos sair em uma viagem

que eu fazia ioga. Tenho planos de fazer novamente,

de carro que demorará por volta de dois meses até

quando chegar em Portland.”

o outro lado dos EUA para a nossa nova ‘casa’, em Portland. O custo de vida lá é bem menor. Assim, poderei ter uma casa maior para dedicar um espaço mais adequado para o escritório. Neste novo espaço, certamente teremos uma área dedicada para desenho e pintura, pois até então tivemos que fazer isso nas nossas próprias mesas de computador. A minha esposa desenha muito antes de fazer qualquer coisa no computador. Eu já estou acostumado a começar direto na máquina.”


dia-a-dia :: 35


36 :: Clube do Assinante

Participação dos assinantes

pa gan r ticip e he prê e mio s!

É possível afirmar que as agências e os profissionais de web no Brasil já trilham um caminho próprio ou ainda seguimos as tendências internacionais? Eduardo Celestino eduardo@phocus.com.br

Quando se compara a produção das agências brasileiras e do exterior, chega-se a conclusão de que a criatividade brasileira tem sido o grande diferencial na produção nacional. Técnicas, métricas e soluções são globais. Criatividade é

vencedor

!

individual, não se copia, foge das tendências e trilha caminhos próprios. Este é o elemento inovador que faz com que o Brasil esteja construindo uma referência própria e demonstre qualidade nos trabalhos.

Alice Gomes alice_ngomes@yahoo.com.br

Acho que já estamos perdendo esse rótulo. Tornou-se freqüente a “exportação” de profissionais brasileiros para atuar em agências estrangeiras. Isso prova que estamos caminhando sim, com competência e diferencial que só o povo brasileiro tem.

Adriano Bottino abottino@abottino.com.br

Acho que o mercado segue tendências similares, mas os profissionais nacionais possuem algo a mais, chamado criatividade. Possuímos maior poder criativo e intuitivo por causa de alguns fatores: estamos em um mercado menor em relação ao exterior; e temos concorrência maior em mão-de-obra, forçando ao máximo nossos designers a fazer o melhor possível.

Lícia Guerra liciag@click21.com.br

Não só trilham um caminho próprio, mas a nossa identidade é bem forte, só nós temos uma ginga especial para criar, com muita inteligência, bom humor, leveza.

Marcello Vieira marcello@teacher.com

O meio termo é a melhor afirmação. Fica mais fácil analisar o comportamento no mercado interno, pois já existem tendências fora do Brasil. Então, os profissionais acabam mesclando as tendências internacionais com sua própria experiência, originalidade e instinto pessoal, tirando o melhor dos dois mundos.

Sérgio Mari Jr. sergio@infonauta.com.br

Em termos de design, o Brasil sempre caminhou com as próprias pernas. Na minha opinião, a criatividade nacional produz o que há de melhor no mundo em layout para websites. É nas aplicações que ainda ficamos para trás. Ainda não oferecemos ao mundo algo como um Orkut ou uma Wikipedia. Ainda não nasceu no Brasil uma novidade funcional que encantasse o mundo.

Se você é assinante, participe desta seção pelo site www.arteccom.com.br/webdesign/clube

O autor da melhor resposta ganha prêmios.



38 :: debate - os caminhos da criação web no Brasil

Os caminhos

da criação web no

Brasil Na primeira edição da Revista Webdesign, publicada em janeiro de 2004, perguntamos se era possível apontar a existência de sites tipicamente nacionais. Nos dias atuais, Web 2.0 e AJAX são os assuntos em voga lá fora. Por aqui, nos últimos três anos, os padrões web e as comunidades virtuais se tornaram temas muito populares e debatidos. Diante disso, é possível afirmar que as agências e os profissionais de web no Brasil já trilham um caminho próprio ou ainda seguimos as tendências internacionais?

Michel Lent Schwartzman Sócio-diretor da 10’Minutos e autor da coluna “ViuIsso”. www.10minutos.com.br

“Somos todos seres humanos com características parecidas, mas aqui fazemos da nossa maneira” “Vamos começar percebendo que o brasileiro é um bicho diferente do resto do mundo. O mundo é todo diferente, mas nosso jeito brasileiro gera impacto na forma como usamos a internet. Vejamos alguns números. Somos o povo que fica mais tempo on-line no mundo (19 horas e 26 minutos, no acesso residencial em abril), a maioria dos usuários do Fotolog.net, os maiores usuários do mensageiro instantâneo da MSN, mais de 12 milhões de cadastrados no Orkut. Veja que comparei os brasileiros com o resto do mundo. Portanto, não somos tão diferentes assim. Fazer como o resto do mundo significa que estamos seguindo tendências internacionais? Somos todos seres humanos com características parecidas, mas aqui fazemos da nossa maneira. O brasileiro gosta de se relacionar muito. Talvez seja o povo que mais goste de se relacionar no mundo e isso tem reflexos na forma como usamos a internet. Usamos sites de comunidade, fotologs, mensageiros instantâneos, salas de bate-papo mais do que o resto das pessoas em outros países. Conseqüentemente, produtos, projetos e idéias acabam sendo pensados para esta nossa característica: o gosto do brasileiro em se relacionar. Podemos dizer que isso é um ‘jeito brasileiro de se fazer internet’? Com certeza!”


debate - os caminhos da criação web no Brasil :: 39

:: Carlos Bahiana Coordenador de desenvolvimento de sistemas da Secretaria de Estado de Educação, professor em graduação e pós-graduação de design e consultor em usabilidade. www.design.eti.br

“Não percebo, em nossas agências, diferença em relação a agências em outros lugares do mundo” “Há uma vantagem em ter uma ‘cara’ própria? O que se deseja é ‘generalização’ ou ‘especialização’? O primeiro esforço objetiva reduzir a impedância para públicos específicos (caricaturas de Maomé em um jornal dinamarquês). Especialização objetiva o contrário, privilegiar aspectos culturais de um público em detrimento dos outros. A globalização oferece as duas oportunidades, que devem ser aproveitadas de acordo com uma série de questões, como: Quem é o cliente? A que público-alvo se destina? Que categoria de produto/serviço representa? Mesmo dentro de um país, essas questões se colocam, já que não somos uma massa uniforme de usuários web. Em todo caso, nossas decisões de projeto se baseiam, grosso modo, em duas categorias: aspectos objetivos (tecnologia empregada, padrões e normas de desenvolvimento) e aspectos subjetivos (cultura, gosto). Quanto à tecnologia, continuamos a reboque, recebendo e adotando soluções criadas no exterior. Há algumas exceções, como o Kepler, que é um desenvolvimento de origem brasileira. Nossa ‘cara’, nesse campo, pode estar mais na forma e intensidade

Kepler

x

Uma plataforma de desenvolvimento web. Este projeto é coordenado pela Fábrica Digital e a PUC-Rio. Fonte: Projeto Kepler (http://tinyurl.com/nr5al)

da adoção do que na concepção e desenvolvimento. Do ponto de vista subjetivo, o antropólogo Edward Hall já dizia que, mesmo a custa de esforço, não conseguimos mascarar nossa cultura de origem. Conscientemente ou não, nossa produção apresentará algumas características próprias. Nesse sentido, não percebo, em nossas agências, diferença em relação a agências em outros lugares do mundo. Existem situações em que a especialização é desejada e outras em que não. Cabe à agência, qualquer uma, saber distinguir quando adotar uma estratégia e outra.”


40 :: debate - os caminhos da criação web no Brasil ::

Frederick van Amstel Designer de interação, mestrando em Tecnologia pela UTFPR e Bacharel em Comunicação Social pela UFPR. www.usabilidoido.com.br

“É bom que o design brasileiro seja referência em estética, emoção e significado, mas é pena que muitas vezes seja esquecida a usabilidade” ”Na área de Experiência do Usuário (usabilidade, arquitetura da informação, design de interação e afins), os profissionais brasileiros ainda estão muito presos ao modelo existente nos EUA. Por se tratar de uma área recente, as fontes principais de formação são livros e websites publicados pelos americanos. Temos poucas publicações brasileiras e, em geral, elas tendem a reproduzir o modelo estrangeiro, pois os autores acreditam que o mercado brasileiro de hoje é como o mercado americano de alguns anos atrás. Ledo engano. O pessoal de Experiência do Usuário costuma colocar a culpa do ‘atraso’ no design de websites nas agências de propaganda que abocanharam boa parte dos projetos de internet brasileiros e que, ao contrário das empresas de Tecnologia da Informação que dominam o mercado de internet nos Estados Unidos, estão menos comprometidas com a usabilidade. Na verdade, é justamente esse um dos diferenciais que permite ao Brasil inovar em algo no mercado internacional. Podemos não ter as lojas virtuais mais fáceis de usar e rentáveis, mas certamente temos as melhores peças publicitárias interativas. Num país onde as pessoas citam propagandas de televisão em conversas cotidianas freqüentemente, isso é um ponto positivo. Na criação de experiências interativas, usabilidade é apenas um dos aspectos a serem considerados. É bom que o design brasileiro seja referência em estética, emoção e significado, mas é pena que muitas vezes seja esquecida a usabilidade, que não exclui estes outros aspectos.”


debate - os caminhos da criação web no Brasil :: :: 41

Marcos Nähr Trabalha há três anos na Dell Computadores, onde é responsável pelo website da empresa. www.marcosnahr.com.br

“Acredito que as grandes agências nacionais já seguem um caminho próprio, mas ao contrário dos profissionais de web do Brasil, ainda não descobriram o mundo”

“Acredito que as grandes agências nacionais, digamos as dez principais, já seguem um caminho próprio, mas ao contrário dos profissionais de web do Brasil, ainda não descobriram o mundo. Primeiro preciso esclarecer que por agência entendo aquelas que realmente estão no ramo digital e não agências de propaganda com um departamento de web. Essas últimas tendem ainda a fazer adaptações de produtos off-line (impressos, vídeo etc.) para o mundo on-line. Não quero entrar no mérito desta questão, mas sem dúvida esta não é uma tendência internacional e também não é uma identidade própria a ser seguida, especialmente no que tange à qualidade, criatividade e aproveitamento da mídia internet. Um passo importante para que as agências passem efetivamente a ter uma identidade própria, seguindo padrões de qualidade, coisa que já percebemos entre os profissionais por meio de suas comunidades virtuais, é a criação de associações preocupadas com estas mudanças e tendências. Já percebemos movimentos neste sentido em alguns lugares, como no Sul do país, onde surgiu a AGADi (Associação Gaúcha das Agências Digitais). Assim, as agências, ao invés de competir, se uniram e partiram para um processo de melhoria de qualidade, padronização, aculturação do mercado e fortalecimento da categoria. Mais uma vez, elas seguem o caminho que os profissionais já vêm traçando com suas comunidades virtuais. O Brasil vem se mostrando muito forte nesta questão, das comunidades.”



e-mais - folksonomia :: 43

essa visão foi adotada por outros sistemas e CMS (Content

chamamos de folksonomia é um registro vivo do fluxo

Management System ou Sistema de Gerenciamento de

de opiniões sobre pessoas, idéias, produtos e outros

Conteúdo), livres ou não”.

conteúdos. Querer, portanto, controlar este fluxo é uma

Para Felipe, assistimos a descentralização total da

pretensão inocente. Podemos, no máximo, aprender a ficar

categorização da informação na web. “Cada usuário tem

de pé na prancha. E olhe lá”, alerta Mauro Amaral, editor

autonomia total para definir o seu espaço de idéias, para

do CarreiraSolo (www.carreirasolo.org) e estrategista de

organizar seus posts, links, informações coletadas ou

conteúdo.

criadas, da forma que melhor lhe convier. Não se trata, como na época da criação dos blogs e outras ferramentas, somente da liberdade de publicar, mas da liberdade de organizar informação, de exteriorizar estruturas mentais. Talvez até mais do que o conhecimento explícito publicado nesses novos sistemas é o conhecimento tácito que se torna mais disponível: à medida que quem navega por tais sistemas não se limita a acessar o ‘conteúdo’ específico, mas também a entender que tipo de associação à pessoa que escreveu fez ao aplicar uma ou outra tag para um determinado texto ou link”.

As transformações que estão por vir N a e d i ç ã o d e j a n e i r o d a R e v i s t a We b d e s i g n , aprendemos que a Web 2.0 vem trazendo profundas mudanças no universo profissional da internet, que vão desde os ambientes técnicos das aplicações (AJAX, por exemplo) até o posicionamento das empresas que investem neste mercado (Yahoo comprando serviços web, como Flickr e del.icio.us, por exemplo). Dentro deste contexto, a folksonomia assume papel significativo. “Ela é parte de uma série de transformações na rede, que se intensificaram de 2003 para cá. Junta-

Como definir a folksonomia?

se à disseminação dos blogs e wikis, à distribuição de

Antes de conhecermos quais são as transformações

c o n t e ú d o p o r p ro t o c o l o s , t i p o o R S S ( R e a l l y S i m p l e

que a folksonomia está trazendo para o universo dos

Syndication), aos aplicativos para constituição de redes

profissionais de internet, primeiro será preciso conhecer o

sociais, como o Orkut, e aos coletores sociais de links e

seu contexto e significado. O dicionário Wikipédia registra

outros materiais, como o del.icio.us. As mudanças para o

(http://tinyurl.com/hxsa7) o arquiteto da informação

desenho de sites vêm deste conjunto de transformações.

Thomas Vander Wal (www.vanderwal.net) como o criador do

Normalmente, os sites são desenvolvidos esperando um

neologismo folksonomia [união das palavras “folks” (povo,

incremento na ‘encontrabilidade’ e, assim, penso que

pessoas) com “taxonomia”].

haverá um movimento no sentido de estudar como esta

Sua funcionalidade se tornou mais evidente em

folksonomia está sendo gerada e quais as tags ou palavras-

setembro de 2005, com a publicação do artigo “What Is Web

chave que deverão ser atendidas no projeto do site”, diz

2.0” (http://tinyurl.com/743r5), de Tim O’Reilly. Este texto

Suzana Gutierrez, pesquisadora do Núcleo de Estudos,

é considerado pelos especialistas como um marco sobre os

Experiências e Pesquisas em Trabalho, Movimentos Sociais

ideais que alimentam o movimento conhecido como Web

e Educação (TRAMSE) da UFRGS.

2.0, no qual a folksonomia faz parte.

Como exemplo, a pesquisadora cita o caso da

Dentre as explicações citadas por O’Reilly, ficamos

classificação do site da FIFA (www.fifa.com) no del.icio.

sabendo que tal conceito “é um estilo de classificação

us. “As principais tags que aparecem por lá são ‘soccer’

colaborativa de sites usando palavras-chave (tags),

e ‘sports’. Em seguida, temos ‘football’ e ‘fifa’ e, em bem

livremente escolhidas pelos usuários”. “A taxonomia

menor número, ‘futebol’. Isso mostra como o usuário está

pressupõe regras normalmente utilizadas na média do

classificando o site e, também, de um certo modo, quem

mercado, as famosas boas práticas. Já a folksonomia segue

é este usuário. Neste sentido, estas classificações dão o

um caminho diverso: deixa o mercado, os consumidores

que pensar em relação à democratização do acesso e à

c r i a re m u m ‘ n ã o - p a d r ã o ’ . C o s t u m o d i z e r q u e o q u e

democratização da classificação de conteúdo”.


44 :: e-mais - folksonomia

“Liberdade de organizar informação, de exteriorizar estruturas mentais” (Felipe Fonseca) Além destes aspectos, René de Paula Jr., diretor de

usuários/leitores que, por sua vez, ao categorizar a página

produtos do Yahoo! Brasil, aponta ainda a mudança no

no seu del.icio.us, mostrarão aos produtores e desenhistas

foco dos projetos, no qual os usuários se tornam cada vez

de sites como reorganizar sua própria classificação ou

mais participativos. “Tecnicamente é mais simples fazer

criar links/páginas/artigos relacionados. A classificação

um site tradicional, com organização do conteúdo estática

p o s s i b i l i t a , t a m b é m , a a p ro x i m a ç ã o c o m c o n t e ú d o s

e pré-determinada. Incorporar folksonomia requer um

re l a c i o n a d o s , a d i s t r i b u i ç ã o d o c o n t e ú d o d e f o r m a

conhecimento técnico mais profundo ou então a adoção

categorizada e pode contribuir para a medição do alcance

de um CMS como o Drupal, por exemplo. De qualquer

da publicação, por meio do acompanhamento das tags

maneira, isso é uma reviravolta na noção que anteriormente

geradas pelo usuário/leitor”, afirma Suzana Gutierrez.

tínhamos total controle sobre o nosso trabalho. Assim,

Outra boa justificativa está na forma como os usuários

o poder de organizar, catalogar e classificar o conteúdo

passarão a se relacionar com os ambientes digitais. “Na

sai de nossas mãos e requer uma mudança de atitude

medida em que eles são mais ‘donos’ da experiência, à

profunda: temos que criar ambientes convidativos; temos

medida que eles efetivamente investem seu tempo e afetos

que aprender com o que os usuários fazem com o que

em um site, o envolvimento dele aumenta, a fidelidade

fazemos; temos que aprimorar o ambiente com base nesse

idem. E, o que é mais importante, como a relevância da

aprendizado”, orienta.

experiência passa a ser muito maior, a satisfação do usuário cresce proporcionalmente”, diz René.

Drupal É um gerenciador de websites dinâmicos que possui o

“Quando o consumidor tem liberdade para criar e interagir com os conteúdos que encontra à sua disposição,

código aberto e oferece diversas características e serviços

se sente mais dono do ambiente, consegue criar uma

para os usuários administrarem, publicarem, discutirem,

experiência mais fluida. Com isso, alcança maior satisfação

agregarem novidades, utilizarem controle de vocabulários e trabalharem em publicação por XML. Fonte: Baixaki (http://tinyurl.com/pjb7x)

e, no caso de sites relacionados a empresas e produtos, atribui valores à marca que antes não eram possíveis. Portanto, folksonomia, desde que a nomenclatura re p re s e n t e o c o n j u n t o d e m o d e l o s d e n e g ó c i o q u e

Como justificar a adoção deste conceito?

forneçam poder as pessoas de consumir/produzir

Ok, entendemos o significado e quais são as

conteúdo, é um grande aliado, ou seja, traz vantagens para

transformações provocadas pela folksonomia. Agora,

gestores de marcas e comunidades na web”, argumenta

como justificar sua implementação em um projeto de site?

Mauro.

Calma, nós podemos ajudá-lo! Uma explicação que parece ser bem convincente envolve os resultados em ferramentas de busca. “Sites que categorizam e distribuem seu conteúdo tem uma melhor ‘encontrabilidade’ em relação aos mecanismos de busca. Um site que categorize suas páginas, distribuindoas pelo del.icio.us, inclusive criando uma tag própria que identifique o site, poderá captar toda uma rede de


Quem aderiu a folksonomia - Nacionais Converse (www.converse.org.br) Fiat 30 Anos (www.fiat30anos.com.br) NewsCloud (www.fserb.com.br/newscloud) Overmundo (www.overmundo.com.br) UOL Blog (http://tinyurl.com/kpfcm) - Internacionais Amazon (http://tinyurl.com/k3j7d) Del.icio.us (http://del.icio.us) Flickr (www.flickr.com) FURL (www.furl.net) Slashdot (http://slashdot.org) Suprglu (http://suprglu.com) Technorati (www.technorati.com) YouTube (www.youtube.com) KeoTag (www.keotag.com) 43 Things (www.43things.com) Fontes: Felipe Fonseca, Suzana Gutierrez e Revista Webdesign


46 :: estudo de caso - Fiat 30 Anos

Fiat 30 Anos um site de compromisso com a imaginação Ator de cibernovelas comemora aniversário cercado de amigos e familiares; projetores em três dimensões serão o hit do próximo Natal; restaurantes paulistanos testam novo cardápio interativo. O fértil imaginário acima faz parte da campanha lançada pela Fiat, que completa neste ano 30 anos no Brasil, no qual a empresa convida os brasileiros a imaginarem e registrarem suas visões sobre o futuro (através de áudio, vídeo ou texto). Dessa forma, o site da campanha (www.fiat30anos.com.br) vem se transformando em um grande banco de dados de idéias (chamado carinhosamente de UTOPÉDIA), além de ser um bom exemplo de como a colaboração dos usuários pode contribuir para a evolução de um site. Para sabermos mais detalhes deste projeto, conversamos com Abel Reis e Ricardo Figueira, VP de Tecnologia e Projetos e Diretor de Criação, respectivamente, da AgênciaClick, empresa responsável pelo desenvolvimento do ambiente digital da campanha.

Wd :: O conceito de colaboração de usuário, tão

Primeiro é essencial que o projeto interativo passe

citado pelos entusiastas da Web 2.0, vem transformando

uma percepção de que é realmente um ambiente voltado

a construção de ambientes digitais. Quais foram os

para uma causa com a qual o usuário se identifica. Isso

desafios que a AgênciaClick encontrou para desenvolver

é mais importante do que criar vantagens baseadas em

o site da campanha da Fiat, já que seu conteúdo é

iniciativas promocionais. Ao contrário, jamais devemos

alimentado pelos próprios usuários?

criar uma relação de compra da participação do usuário

A b e l : : C re i o q u e f o r a m , p r i n c i p a l m e n t e , d o i s

e nem que ele se sinta usado para um objetivo que é só

desafios: o primeiro, de natureza técnica, diz respeito ao

da marca. As pessoas devem se sentir proprietárias da

projeto de um site de alta visitação que faz uso pleno

causa interativa, por conseqüência participam e se tornam

dos recursos multimídia da web. O segundo foi conceitual:

parceiras da marca patrocinadora da iniciativa. Outro

criar uma iniciativa de real mobilização, em nível nacional,

ponto importante é tornar tangível para o usuário como

dando voz e valorizando as contribuições e o pensamento

essa participação vai ser exposta ao público e que tipo de

dos brasileiros sobre o futuro do Brasil e do planeta.

endosso ela vai dar e receber.

Ricardo :: O site da campanha tem como essência,

A qualificação do conteúdo é um aspecto que deve ter

como condição de existência, a colaboração das pessoas.

um cuidado especial. Como a temática do projeto se tornou

Trocando em miúdos, o site não é quase nada sem a

bem abrangente ao convidarmos os brasileiros a pensarem

participação das pessoas. Para que essa participação

como será o futuro, investimos pesado na motivação e

acontecesse de forma consistente, foi preciso tomar

na inspiração para o público. Assim, o usuário, se quiser,

uma série de cuidados, que vão além dos aspectos

antes de deixar seu depoimento, pode experimentar de

tecnológicos, e se intensificam no relacionamento e na

diversas formas conteúdos criados especificamente com

forma de se comunicar com o usuário.

essa finalidade.


estudo de caso - Fiat 30 Anos :: 47

“A Fiat cede o papel de protagonista dessa história para o usuário, trazendo o posicionamento da sua marca no layout de forma a ser perceptível como patrocinador da iniciativa projeto” (Ricardo Figueira) isso aconteceu, percebemos o potencial de sucesso do projeto. Exatamente como imaginávamos, o povo era o grande responsável pelo valor do conteúdo. Esse mesmo fenômeno aconteceu também com os registros via web, permitindo que o projeto cumprisse seu objetivo com esmero. Por fim, acredito que independente dos desafios tecnológicos ou publicitários em torno de ações dessa natureza, o aspecto fundamental e mais crítico para o sucesso de uma iniciativa participativa está na maturidade e no caráter do seu patrocinador. E, nesse caso, este foi um dos fatores de inspiração para que nós www.fiat30anos.com.br

criássemos essa estratégia.

Esse material foi produzido com muito cuidado e

Wd :: Ainda sobre Web 2.0, muito de seu debate

carinho, levando em consideração dois fatores principais:

tem sido focado nas vantagens que este conceito traz

estimular a imaginação e criar uma experiência realmente

para o desenvolvimento de sites e a interação com

qualitativa, tanto pela produção quanto pelo conteúdo.

os usuários. Porém, pouco se fala das transformações

São roteiros inusitados que materializaram cenas em vídeo

que já vêm acontecendo no segmento de publicidade

sobre o futuro, experiências e pesquisas musicais que

on-line, por exemplo. Podemos considerar a campanha

viabilizaram uma rádio do futuro e um “últimas notícias

da Fiat como um exemplo do que a Web 2.0 trará em

d i á r i o ” s o b re a c o n t e c i m e n t o s e f a t o s q u e e s t a r i a m

termos de ações interativas? As agências brasileiras

acontecendo nesse exato momento, 30 anos adiante.

estão atentas a esse momento do mercado?

A partir disso, o usuário percebe que pode pensar fora

Ricardo :: Acredito que a “participação” é um

da casinha mesmo, que não existe compromisso com a

aspecto intrínseco ao ambiente interativo, acho que

veridicidade, somente com a imaginação.

isso é uma característica do meio desde quando

Outro desafio foi criar o conteúdo necessário para

e l e s u rg i u . O q u e h o u v e , n o s ú l t i m o s t e m p o s , f o i

dar o pontapé inicial. O projeto, ao ser lançado, precisaria

uma mudança muito radical na forma com que os

j á c o n t a r c o m m a t e r i a l s u f i c i e n t e p a r a e n t re t e r, d a r

c o n s u m i d o re s p a s s a r a m a s e re l a c i o n a r c o m s e u s

credibilidade e estimular a participação. Aproveitamos esse

computadores e, mais do que isso, na forma com que

desafio para tornar a participação ainda mais abrangente

passaram a se relacionar com a internet.

e m e n o s re s t r i t a à i n t e r n e t . F i l m a m o s m a i s d e 3 0 0

Imagine que hoje qualquer pessoa que possua

depoimentos espontâneos em cinco diferentes cidades,

computador e internet na sua casa antes de ir a uma

em ambientes com diversos níveis sociais e culturais. Com

concessionária para comprar um carro, já comparou,

isso, conseguimos trazer a riqueza para o projeto gerada

pesquisou preço, colheu opinião a respeito com outros

pela magia e otimismo natural do povo brasileiro. Quando

compradores, enfim, praticamente tomou sua decisão


48 :: estudo de caso - Fiat 30 Anos

sobre as opções de compra sem sequer sair de casa. Hoje, a agência que ignorar esse fato ou não considerá-lo como fundamental nas suas estratégias de comunicação está mais do que dando um atestado de incompetência, está sendo irresponsável mesmo. É um absurdo, mas, por incrível que pareça, é muito comum no mercado hoje em dia. Particularmente, não gosto do rótulo Web 2.0, porém vou usá-lo para efeito comparativo. Imagine que a essência da Web 2.0 seja o conceito de participação espontânea, conteúdo gerado e publicado por pessoas naturalmente organizadas por interesses afins. Traduzindo isso em velha propaganda, nada mais é do que boca-a-boca e influência

Depoimento de usuária em formato de vídeo

na formação de opinião, só que com um potencial absurdo por causa da velocidade com que a informação trafega neste

recursos em vídeo, que vão desde simples vinhetas, efeitos

meio. A ação da Fiat, baseada em conteúdo colaborativo,

especiais, até filmes, também acabam marcando o projeto

busca exatamente isso, uma proximidade com as pessoas

com uma linguagem bem rica, isso tanto no site, quanto nas

que naturalmente compartilhem seus pontos de vista,

peças da campanha.

gerando simpatia pela marca e suas causas.

Entretanto, acredito que a característica mais marcante

Wd :: Provavelmente, esta é uma campanha que

é a proposta em si, onde uma marca se compromete a não

atinge um público-alvo bem heterogêneo (só pelos

só disponibilizar o conteúdo gerado pelo próprio usuário,

depoimentos já publicados no site, vemos pessoas dos

mas a guardá-lo e transformá-lo num documento que será

nove aos 52 anos, por exemplo). Quais recursos vocês

distribuído em escolas e centros universitários em todo país,

utilizaram para desenvolver o site de uma forma que

para que as próximas gerações possam daqui a 30 anos ver o

atendesse aos diferentes perfis de usuários?

que pensava o brasileiro sobre o futuro 30 anos atrás.

Abel :: Fizemos prova de conceito da interface em

Wd :: Falando sobre o design do site, vocês utilizaram

papel. Além disso, apenas um princípio óbvio para situações

o formato de um mosaico para representar a coleção de

como essa: o mais simples é sempre melhor.

visões do futuro enviadas pelos usuários. Além disso,

Ricardo :: Procuramos utilizar um modelo de interação

percebemos que o logo da campanha (Fiat 30 Anos) ficou

muito simples e intuitivo, uma interface cuja forma não

localizado no canto esquerdo inferior, fugindo ao padrão

se sobressaísse ao conteúdo e que, ao mesmo tempo,

tradicional de arrumação dos elementos visuais de um

favorecesse a experiência multimídia. Criamos para isso

site. Quais fatores determinaram o uso dos elementos

uma interface baseada num modelo de mosaico interativo

visuais e da grid final do projeto?

já conhecido no mercado e pré-testado anteriormente.

Ricardo :: Existem dois fatores especiais que nos

W d : : U m d o s f a t o re s q u e re p re s e n t a m b e m a

motivaram a essas decisões de design. Primeiro, o conteúdo

originalidade da campanha Fiat 30 anos está na construção

com a cara das pessoas, em todos os sentidos, o material

de um grande acervo de pensamentos sobre o que poderá

publicado espontaneamente deve ser absolutamente

acontecer no futuro. Além deste conceito, quais recursos

prioritário a toda e qualquer instância do site. Em segundo

marcam a identidade do projeto na internet?

lugar, a marca Fiat cede o papel de protagonista dessa

Ricardo :: A diversidade de possibilidades de interação

história para o usuário, trazendo o posicionamento da

é um aspecto bastante relevante neste projeto. O usuário

sua marca no layout de forma a ser perceptível como

pode gravar seus depoimentos utilizando suas webcams,

patrocinador da iniciativa projeto.

microfones e celular. Além disso, a ampla utilização de


estudo de caso - Fiat 30 Anos :: 49

“O que houve, nos últimos tempos, foi uma mudança muito radical na forma com que os consumidores passaram a se relacionar com seus computadores” (Ricardo Figueira) Wd :: A iconografia tem sido uma ótima ferramenta para ajudar os usuários durante o período de experiência ao se navegar por um site. Vocês usaram muitos elementos iconográficos no site da campanha. Em que etapa do desenvolvimento surgiu a idéia de utilizá-los? Ricardo :: Todos os nossos projetos, antes de entrar em processo de produção, passam por uma etapa chamada estratégia criativa. Nesse momento, juntamos a visão estratégica, a criação de identidade visual e a concepção de navegação pensando de forma complementar e

Acervo de vídeos disponibilizados no site

orientados a um objetivo único. Daí surgem algumas características do projeto, como uso de ícones, escolha de cores, distribuição de menus etc. É um trabalho de dupla entre design e arquitetura de informação. Wd :: Em termos de cores, vocês utilizaram uma

projeto de forma com que as pessoas se lembrassem da sua cara após experimentá-lo.

combinação cromática (azul, laranja, verde e vermelho)

A s s i m , e s c o l h e m o s c o re s q u e d e s s e m v i d a a o s

p a r a re p re s e n t a r c a d a s e ç ã o d o s i t e . C o m o v o c ê s

detalhes, de forma a não competir com o material

determinaram essas especificações de cores?

multimídia e acima de tudo trouxesse características

Ricardo :: Primeiramente, queríamos um site bastante clean, onde prevalecesse o destaque ao conteúdo. Por outro lado, é importante marcar bem a personalidade do

marcantes para a nossa interface. A utilização de cores pontuais foi importantíssimo para alcançar esse resultado.


50 :: estudo de caso - Fiat 30 Anos

“Flash e JSP: interfaces ricas (ágeis, interativas e multimídia) e boa performance na camada server-side” (Abel Reis) Wd :: O desenvolvimento do site foi baseado em duas tecnologias: JSP na infra-estrutura e Flash como suporte da navegação. Quais são as vantagens de se combinar o uso dessas duas tecnologias? Abel :: Interfaces ricas (ágeis, interativas e multimídia) e boa performance na camada server-side. Vale lembrar que a plataforma tecnológica da Fiat para a internet é Java. Isso também explica nossa opção. Wd :: Poucos sites em Flash oferecem a alternativa de busca para os usuários. No site da campanha, um dos recursos técnicos mais interessantes é justamente a busca de conteúdo. Dessa forma, quais foram os desafios em se desenvolver tal recurso diante de dados em formatos diferentes (áudio, vídeo e texto)? Abel :: Uma boa modelagem de dados e um bom projeto físico de banco de dados, que pudessem responder à demanda de consultas / inclusões de forma eficiente. Ricardo :: Para resolver esse problema e conseguirmos uma organização natural do conteúdo por temática e semântica, criamos o “tageamento”, recurso bem comum atualmente em ambientes de compartilhamento de conteúdo gerado em redes sociais. Ao cadastrar seu depoimento, seja em vídeo, áudio ou texto, o usuário pode vincular seu material a temas que ele próprio seleciona. Isso ajuda muito na classificação e na organização de todo o material registrado. Wd :: Depois da busca, outro elemento considerado fundamental dentro de um ambiente digital é a área de ajuda. Como este elemento foi inserido no site da campanha? E quais fatores determinaram o conteúdo a ser publicado nesta área? Ricardo :: Um site como este, onde existem muitas ferramentas interativas e, sobretudo, onde a participação é fundamental, deve conter um apoio ao usuário, principalmente por causa da sua abrangência de públicoalvo. Assim, elegemos a “participação e publicação” como o principal item a ser suportado pelo “ajuda”.

Cenas da seção "Experimente o futuro"



52 :: Tecnologia na web

Tecnologia na web Além da indexação: sites em Flash nos mecanismos de busca Aparecer logo no topo dos sites de busca como uma das

ou um conteúdo fechado em um arquivo Flash se tornou

principais referências de uma determinada pesquisa. Quer

tão visível quanto uma página em HTML. “HTML ainda é o

maior alcance de público e propaganda mais barata do que

chefe do terreiro. O que eu vejo é que se criou um outro

essa? Pois bem, na hora de se desenvolver um site, tornou-

mito, que uma vez que o SWF do site em Flash for indexado

se item fundamental pensar na otimização da infra-estrutura

por Yahoo e Google, o conteúdo estará perfeito para ser

visando a lógica utilizada pelos buscadores na internet.

encontrado nos buscadores”.

“Os usuários, dos mais freqüentes aos casuais, estão

Quem conhece a prática do mercado, sabe que não é

acostumados a utilizar mecanismos de busca. O fato de um

bem isso que acontece. “Alguns pensam que a indexação é

site estar bem posicionado no Google, por exemplo, afeta

a meta de chegada na hora de fazer seu conteúdo aparecer

diretamente na sua audiência”, afirma Maxwell Dayvson, de-

nos buscadores. Na verdade, uma vez indexada, ou copiada

senvolvedor sênior na equipe de client-side na Globo.com.

para o disco rígido do buscador, cada página ainda passará

Segundo João Carlos Caribé, consultor de tecnologia

por um processo que a posicionará nos resultados de bus-

de internet, a visibilidade de um site nas ferramentas de

ca, de acordo com as palavras encontradas no seu texto.

busca está diretamente proporcional ao seu sucesso. “É

Para que isto ocorra de forma satisfatória para o dono da

obvio que existe o boca-a-boca. No início, 70% dos usuá-

página, o conteúdo deve estar acessível e bem arquitetado.

rios que chegavam ao meu site (Flash Brasil) foram através

O buscador precisa de texto para posicionar seu conteúdo.

desse ‘método’. Hoje, este número caiu para quase 30%,

Quanto mais organizado, distribuído e semantizado, mais

ficando as ferramentas de busca com 50% e os 20% restan-

fácil fica para que ele seja bem posicionado nos resultados

tes por links e outras formas de indicação”.

de busca por um determinado conjunto de palavras-cha-

Mito ou verdade: sites em Flash são indexados? No entanto, ao falarmos na otimização de páginas web, surge uma questão que parece ter se tornado um

ves”, argumenta Luis. Tornando um site em Flash “atraente” para os mecanismos de busca

mito entre os profissionais de internet: sites em Flash não

Assim, a pergunta que fica é: como tornar sites em

são indexados. Para os especialistas, a explicação desse

Flash “visíveis” para as ferramentas de busca? “Meu con-

cenário passa muito mais pela mudança na forma como os

selho é sempre separar o conteúdo da apresentação e usar

mecanismos de busca atuam na internet.

Flash onde é necessário apenas. Sites híbridos são melho-

“Antigamente, os dados dos sites eram divulgados

res na maioria dos casos. Os sites da Adobe (antiga Macro-

nas ferramentas de busca. Você ia lá e inseria os dados do

media) e os sites que aparecem nas primeiras páginas de

seu site. Hoje em dia, as ferramentas de busca possuem

resultados de busca, mesmo para palavras-chaves como

programas spyders (robôs de busca), que vasculham a web

‘Flash’, indicam na prática que se você possui conteúdo,

24/7, ‘navegando’ dentro dos sites e indexando-os”, ex-

você deve apresentá-lo na maneira mais descomplicada

plica Caribé.

possível e HTML ainda é a melhor opção para tal”, orienta

Para Luis de la Orden Morais, consultor sênior de interfaces de usuário, apesar de hoje os buscadores conseguirem indexar SWFs, tal fato não é garantia que um site

Luis de la Orden. A experiência de Maxwell Dayvson aponta para o uso de DIV invisíveis e a criação de sitemap.


Tecnologia na web :: 53

nível avançado

DIV

X

Um elemento do HTML que oferece estrutura a qualquer

links com palavras-chave como ‘loja de bicicletas’ ou ‘bicicletas esportivas’, ainda que estas palavras não apareçam

conteúdo dentro de um hipertexto.

nas suas páginas”.

Fonte: IME-USP (http://tinyurl.com/hssps)

Google Sitemap

lojas se receber de outros sites genuínos sobre bicicletas,

X

É uma experiência em indexação da web. Ao utilizar Sitemaps para informar e direcionar nossos robôs de indexação, o Google espera expandir sua cobertura na web e obter mais agilidade na descoberta e inclusão de páginas no seu índice. Fonte: Google (http://tinyurl.com/gwmtr)

“Na minha opinião, as DIV invisíveis são uma das melhores práticas para se obter indexação nos mecanismos de busca, especialmente o Google. Costumo colocar todo o conteúdo que está no Flash, também no HTML, através de uma DIV escondida. Uma prática interessante é ler o conteúdo de uma DIV escondida e passá-lo por parâmetro para o Flash. Sem dúvida, um sitemap bem feito aumenta as possibilidades de indexação. No sitemap, é possível indicar ao

Exemplo prático: Deconcept www.deconcept.com “A dica vai ajudar quem tem sites em Flash, muito embora eu já vá avisando que não é receita milagrosa não. O segredo do sucesso deste site reside em uma coisa bem simples: um blog registrado no subdomínio blog.deconcept.com, fazendo referência a www. deconcept.com. Outro destaque foi criar não só o Flash acessível para que os SWFs fossem indexados, mas utilizar um blog em XHTML com conteúdo rico onde as palavras-chaves residem e emprestam o seu peso para o site em Flash. Claro que esta solução requer um trabalho especial para instigar os usuários a visitarem o site em Flash uma vez que se chegue ao blog, mas o mais importante foi alcançado: o site aparece nos primeiros dez resultados de busca por termos disputadíssimos pela internet.” Fonte: Luis de la Orden Morais (www.webalorixa.net)

Google a freqüência de atualização das páginas, as últimas modificações daquelas páginas, além de indicar quais são as páginas do seu site para indexação. Um conteúdo bem formado, um HTML válido, o uso de tags (como h1 e h2) e meta tags de busca também são muito importantes”. Para finalizar, o especialista lembra de um fator que vai além das habilidades técnicas de um profissional. “Sites ilhados, isolados na internet, sem referência em outros sites, não são facilmente encontrados pelos sistemas de busca. O site precisa ser referenciado por outros. Quanto maior o número de sites que fazem links para o seu, maior a sua chance de indexação”. Como exemplo desse cenário, Luis imagina o caso de um site de uma loja de bicicletas. “Se ele está todo em Flash, você poderá ter uma chance de competir com outras

Saiba mais - Otimização de conteúdos em Flash para buscadores Fonte: Webalorixá.net (http://tinyurl.com/k2qwe) - O Google indexa sites que utilizam o Macromedia Flash? Fonte: Google (http://tinyurl.com/zwbcl) - O Google não encontra meu site em Flash Fonte: Webinsider (http://tinyurl.com/esmna) - Flash versus buscadores Fonte: FórumWeb (http://tinyurl.com/jv8hj) - Optimize Flash (em inglês) Fonte: Search-this.com (http://tinyurl.com/kk4ms)


54 :: tutorial

Caminhando pelo HTML - Parte 2 Elcio Ferreira Desenvolvedor e instrutor na Visie Padrões Web http://visie.com.br/

No estudo desse mês, vamos entender uma informação básica por trás da criação de um arquivo HTML: como indicar com que versão do HTML você está trabalhando.

tempo, a usar as novas regras da linguagem. XML e XHTML A próxima versão da linguagem HTML, depois da

HTML e suas versões

4.01, é a XHTML 1.0. Trata-se de uma importante mudança

Um fato ignorado por muita gente é que a linguagem

de conceitos em relação à linguagem HTML, tornando-a

HTML possui versões. A versão 3.2 da linguagem HTML,

compatível com XML. A linguagem XML é hoje um idioma

por exemplo, é de 1996 e não possuía tags como frame,

praticamente universal de troca de dados. Usamos XML

iframe ou object. A versão 4.0, de dezembro de 1997, in-

para fazer nossas páginas ASP ou PHP se comunicarem

cluiu esse recurso. Essa versão sofreu algumas revisões

com aplicações Flash, para fazer nossos servidores Java

dois anos depois, se tornando a 4.01. Ela é a mais antiga

falarem com servidores .NET e para fazer nossos leitores

com a qual você poderia trabalhar hoje. Assim, começamos

de RSS permanecerem atualizados. Para que possa ser lida

a estudar da 4.01 para frente.

por tantos sistemas diferentes, a linguagem XML tem al-

Cada versão do HTML pode ter vários “sabores”. A HTML 4.01, por exemplo, possui os modos Strict, Transi-

gumas regras rígidas a respeito do que você pode ou não escrever.

tional e Frameset. Para entender estes modos, é preciso

Apesar disso, para quem já trabalha com HTML 4.01, a

entender que a versão 4.01 do HTML matou algumas tags

mudança não é dramática, uma vez que as duas linguagens

antigas, como a tag font. Além disso, mudou pequenas

derivam do mesmo padrão, o SGML. A sintaxe é muito pa-

regras na sintaxe da linguagem, ou seja, na forma como

recida e as regras extras são poucas e simples.

se escrevem as tags e atributos. Isso poderia ser um sério

A primeira é que você precisa fechar todas as tags e

problema para quem mantinha documentos antigos e pre-

todos os seus atributos precisam estar entre aspas, simples

cisava migrar para a linguagem. Mudar regras de sintaxe é

ou duplas. A segunda é que nomes de classes e atributos

fácil, mas, por exemplo, eliminar as tags font do documen-

precisam estar em minúsculas. Assim, no HTML 4.01, você

to, substituindo-as por CSS, pode ser um trabalho muito

podia escrever:

difícil se você tiver milhares de documentos num site que

<P CLASS=um>Primeiro Parágrafo

já está no ar.

<p class=dois>Segundo Parágrafo

Para isso, existe o modo Transitional. Ele faz valer as

Mas, em XHTML, precisa escrever:

novas regras de sintaxe, mas é bastante flexível a respeito

<p class=”um”>Primeiro Parágrafo</p>

de que tags podem ser usadas e da semântica do documen-

<p class=”dois”>Segundo Parágrafo</p>

to. O modo Frameset é o que você vai usar no arquivo de

Em relação à sintaxe, à forma de escrever, estas são

frames, se tiver que trabalhar com frames. Você só precisa

as principais mudanças que você vai sentir. Há outras pe-

colocar em modo Frameset seu documento principal, que

quenas regras, também simples, como o fato de você não

contém os outros frames. Neles, pode carregar documen-

poder “cruzar” tags, assim:

tos em qualquer modo. Já o modo Strict é para quem está querendo migrar para valer para a nova versão da linguagem, obrigando você a usar CSS para formatar seu documento e, ao mesmo

<b>texto <i>texto</b> texto</i>

E o fato de você precisar fechar até mesmo as tags img, br ou hr. Para isso, ao invés de fazer: <br></br>


tutorial :: 55

Você pode usar a sintaxe simplificadora: < br /> Duas dicas: se você usa Dreamweaver 8 e não tinha entendido porque ele insiste em colocar uma barra no final do br, eis a resposta: ele usa por padrão a versão XHTML 1.0 em seus documentos. Já se você usa a versão MX e gostaria de experimentar o trabalho com XHTML, há ajuda para você aqui: http://tinyurl.com/zay3u. A XHTML 1.0 também tem os modos Strict, Transitional e Frameset. Os conceitos são os mesmos: a versão Transitional existe para promover uma migração facilitada para quem vem do HTML 4.01; a Frameset é

loose.dtd”>

Frameset: <!DOCTYPE HTML PUBLIC “-//W3C//DTD HTML 4.01 Frameset//EN” “http://www.w3.org/TR/html4/ frameset.dtd”>

E os DOCTYPES para o XHTML 1.0: Strict: <!DOCTYPE html PUBLIC “-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN” “http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/ xhtml1-strict.dtd”>

Transitional: <!DOCTYPE html PUBLIC “-//W3C//DTD XHTML 1.0 Transitional//EN” “http://www.w3.org/TR/xhtml1/ DTD/xhtml1-transitional.dtd”>

Frameset:

para quem quer seguir todas as novas regras. No caso

<!DOCTYPE html PUBLIC “-//W3C//DTD XHTML 1.0 Frameset//EN” “http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/ xhtml1-frameset.dtd”>

de XHTML 1.0, as novas regras representam uma boa

Até os antigos Internet Explorer 5.5 e Netscape

“faxina” no HTML, tornando mais simples e cheio de

4.8, não fazia a menor diferença para o navegador que

significado, e naturalmente obrigando você a trabalhar

DOCTYPE você colocava, ou mesmo se não colocava

arduamente com CSS.

nenhum em seus documentos. A partir do Internet

O DOCTYPE

Explorer 6.0, em todos os navegadores atuais, o DOCTYPE

Como indicar com que tipo de documento você está

instrui o navegador a respeito de como renderizar o

trabalhando? Fazemos isso incluindo um pequeno trecho

documento. Por isso, é importante que você escolha e

de código na primeira linha de nosso HTML, o DOCTYPE.

use um DOCTYPE em seu documento.

para quem precisa trabalhar com frames; e a Strict é

Seguem os DOCTYPES para os três sabores do HTML

Validação

4.01:

Uma das vantagens de colocar um DOCTYPE em seu

Strict: <!DOCTYPE HTML PUBLIC “-//W3C//DTD HTML 4.01// EN” “http://www.w3.org/TR/html4/strict.dtd”>

Transitional: <!DOCTYPE HTML PUBLIC “-//W3C//DTD HTML 4.01 Transitional//EN” “http://www.w3.org/TR/html4/

documento é o fato de poder contar com validadores automáticos, como o do W3C (http://validator.w3.org). Eles são uma grande ajuda ao escrever um documento, indicando seus erros, o que é muito mais produtivo do que procurá-los você mesmo em um documento longo.


56 :: tutorial

E qual DOCTYPE usar?

a aparecer com pequenas diferenças e a validação pode

Depende. O ideal é que você use o XHMTL 1.0 Strict,

ser um tanto complicada, por exemplo. É assim só das

preparando seus documentos e a si próprio para o futuro.

primeiras vezes e você supera isso muito rápido. Depois

Mas nem todo mundo pode viver hoje esta realidade.

que conseguir entender direitinho essa meia dúzia de

Talvez você tenha um gerenciador de conteúdo antigo,

regras e validar seus primeiros documentos, tudo vai

q u e g e r a c ó d i g o r u i m . Ta l v e z t e n h a o u t r a s p e s s o a s

ficar muito mais fácil. Em nosso próximo artigo, vamos

publicando HTML na equipe, talvez centenas delas e não

f a l a r s o b re p á g i n a s d e c ó d i g o e o s p ro b l e m a s c o m

pode definir as regras que todo mundo vai seguir.

caracteres acentuados. Até lá!

Minha sugestão é que você tente trabalhar com XHMTL, mesmo que seja o Transitional. Assim vai poder desfrutar de coisas como os microformatos e outros usos do seu código que dependem de ele ser XML válido. Mas só faça isso se tiver condições de oferecer realmente XML válido, caso contrário, que pena, é melhor trabalhar com o HTML 4.01. E o futuro? O W3C já publicou uma revisão da XHTML 1.0, a XHTML 1.1, feita para ser modular. Isso significa que você poderá inserir, em seu HTML, trechos de outras linguagens, como MathML, SVG ou RSS. Já publicou também um “rascunho funcional” da nova versão da XHMTL, a 2.0. Tenho visto algumas pessoas usando o DOCTYPE XHTML 1.1 e muita gente fazendo perguntas sobre o 2.0. Acredite em mim: estas versões não são para você ainda. O principal problema com elas é que foram feitas para um futuro próximo, em que tudo na web será baseado em XML. Assim, ao trabalhar com esses “novos sabores” do HTML, você precisa servi-los como XML. Isso significa configurar seu servidor para servir um mime-type diferente ou incluir um header HTTP em suas páginas. Significa também lidar com problemas com o Internet Explorer se recusando a exibir seus documentos (mais sobre isso em http://tinyurl.com/zbyxw e http:// tinyurl.com/bhwfr) E agora? Ao colocar um DOCTYPE em seus documentos e tentar validá-los, você pode se deparar com uma série de pequenos problemas. Suas páginas podem começar


^

´


58 :: arquitetura da informação

Guilhermo Reis Especialista em Arquitetura de Informação e Usabilidade. É autor do Kit de Conhecimento sobre AI (http://tinyurl.com/p4j6w). Atualmente, é responsável por coordenar projetos e manutenções nos websites do Banco Real. reis@guilhermo.com

Por que as pessoas se perdem ao navegar em um site? Estar pedido em um site, como em qualquer outro sistema de hipertexto, é a situação na qual o usuário não compreende a sua organização, não encontra o que procura ou até se a informação desejada está disponível. É uma situação bastante comum de se observar, até entre os fluentes na linguagem da web. O problema é que os usuários que se perdem sentem uma sensação angustiante, associada à confusão, frustração, insegurança, ira e até medo. Mas por que isso ocorre? A navegação em hipertextos é normalmente comparada à navegação em espaços físicos, em uma cidade, por exemplo. É dessa analogia que surgem as principais explicações sobre o que se passa na mente do usuário enquanto navega em um hipertexto. McKNIGHT, DILLON, & RICHARDSON (1991) citam dois fenômenos cognitivos da navegação em espaços físicos e os compara a navegação em espaços hipertextuais que podem nos ajudar a responder essa pergunta. O primeiro fenômeno são os esquemas ou modelos de ambiente genéricos. Esses esquemas são modelos preconcebidos de ambientes físicos que temos em nossa mente, adquiridos através da experiência. Todos nós possuímos, por exemplo, um modelo mental de como é uma cidade. Esperamos que ela tenha casas, prédios, ruas, praças, esquinas etc. A função desses esquemas é criar estereótipos sobre a geografia de um ambiente físico desconhecido, algo como “quem já viu uma cidade viu todas”. Esses estereótipos nos fornecem uma orientação espacial básica para guiar nossos primeiros passos no novo ambiente desconhecido. Documentos impressos em papel como livros, jornais e revistas possuem um esquema genérico aceito sócio-culturalmente, o que facilita nossa navegação neles. No caso de livros, por exemplo, os editores da Itália renascentista estabeleceram uma série de convenções para a publicação desses materiais e originaram um esquema genérico que permanece até hoje. Elementos como títulos, prefácio, introdução, sumário, índice remissivo e numeração das páginas são alguns dos elementos desse esquema. Através da experiência e consistência, nós leitores aprendemos esses esquemas, o que nos facilita prever a organização de qualquer livro novo. Já nos sites ainda não existe um esquema genérico tão bem definido como nos livros. Cada site possui menus e outros elementos de interface diferentes dos demais. Existe uma pequena padronização em rótulos como “página inicial”, “mapa do site” e “contate-nos” e em outros elementos, mas ainda é pouca. Com essa falta de padronização, os usuários não conseguem aproveitar em um novo site o aprendizado da navegação em sites anteriores. A cada novo site, o usuário precisa aprender como navegar nele. O segundo fenômeno são os mapas espaciais cognitivos. Eles são mapas internalizados na nossa mente e análogo a disposição física de um ambiente específico. Nós formamos esses mapas a partir da assimilação dos pontos de referência do ambiente como casas, prédios, estátuas, praças etc. Depois de assimilar esses pontos de referência, os utilizamos para nos orientar e compreender as rotas, os caminhos no novo ambiente físico (depois que passar a praça vire a segunda à direita e vá reto até encontrar um prédio amarelo). Por fim, após conhecer várias rotas, adquirimos uma visão macro do ambiente. Com esse mapa, conhecemos a posição relativa entre os pontos de referência e caso a gente se distraia ou se perca, existe uma grande chance de encontrar um ponto de referência conhecido e seguir para o nosso destino. Mapas espaciais cognitivos não têm muita aplicação em documentos em papel, porque todo


arquitetura da informação :: 59

“É preciso criar as casas, os prédios, as praças e principalmente as placas de sinalização.”

o espaço informacional é acessível instantaneamente pelo leitor. Navegar por um livro é quase uma experiência de teletransporte. Para alcançar uma página, basta virar algumas outras, de modo que o custo de seguir por uma rota errada é muito pequeno tanto em termos de tempo quanto esforço. Por isso, os leitores não desenvolvem o conhecimento de possíveis rotas em um livro. No caso de um site, ao contrário, os mapas espaciais cognitivos têm grande importância. À medida que o usuário adquire um maior conhecimento da estrutura do site, diminui o sentimento de estar perdido e aumenta a satisfação com o sistema. Porém, em um site, ao contrário dos ambientes físicos, os pontos de referência não estão prontos. É preciso criar as casas, os prédios, as praças e principalmente as placas de sinalização. Tudo isso está nos elementos do sistema de navegação do site: menu, barra de navegação, bread crumb, cross contents e até o logotipo. Assim, ao projetar seu site, preocupe-se com seu sistema de navegação. Busque usar padrões e ser consistente ao criar seus elementos. Crie bons pontos de referência para que seus usuários não se percam em sua cidade virtual. Referência: McKNIGHT, C; DILLON, A. & RICHARDSON, J. Hypertext in Context, Cambridge University Press, 1991 (http://tinyurl.com/n67d5).


60 :: marketing

René de Paula Jr. Diretor de produtos do Yahoo Brasil. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo on-line, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com

Antes de mudar de estação Eu me pergunto se em Marte passa Pica-pau. Ué... Ondas de rádio fazem isso, não? Vão embora espaço afora, infinito adentro. Não estranhe se os marcianos que chegarem aqui se dirigirem primeiro... Ao seu gato. Muito Tom e Jerry dá nisso :) Ver o mundo pela TV pode ter outros efeitos colaterais, como achar que a reprodução de pássaros canoros está ligada à colisão entre bolas de boliche e cabeças distraídas, ou que o máximo que pode acontecer se um piano de cauda despencar sobre você é um sorriso com sustenidos. Curioso mesmo é que, na vida real, eu nunca tenha visto uma bigorna caindo, nem... Um taxidermista. A julgar pelo número de desenhos em que o Pica-pau escapa de ser empalhado deveria ter um taxidermista em cada esquina, ao lado das barbearias com aqueles enfeites listrados girando. Mas tem algo que eu vejo direto na TV e encontro de vez em quando na vida real: esteiras. Não, não faltou um B, se bem que Besteiras não faltam dos dois lados. Estou falando de esteiras mesmo, aquelas maravilhas motorizadas que têm sempre um saradão feliz correndo em cima, threadmills computadorizados e possantes. Na academia tem várias, e só não as vejo tanto, porque meu esporte predileto é gym sponsoring, categoria sênior. Essas esteiras maravilhosas me fazem pensar, inevitavelmente, em internet. Juro. Já vi esse filme: você acha que uma esteira daquelas vai mudar sua vida, e traz o trambolho pra casa. No primeiro capítulo você apanha feio pra programar o monstro, no segundo você escorrega e quase morre, no terceiro ela vira cabide e, no final, termina num canto escuro da garagem. Não sei se você notou, mas, mutatis mutandi, essa é a história de muito site, núcleo interativo ou mesmo “cara de internet” por aí. A história começa com um esperançoso “agora sim!”, o sinal de uma guinada radical, a expectativa de resultados milagrosos. Depois de meses suando e correndo no mesmo lugar (a maldição das esteiras), você será ou encostado ou... Devidamente defenestrado. Esteiras não têm como se defender do ostracismo, mas você tem. Antes de subir ao pedestal e aceitar seu papel de “agente de mudança”, olhe bem nos olhos do cliente e veja se ele tem cara de “gente de mudança”: ele vai bancar as mudanças necessárias para que o projeto interativo funcione? Ele tem idéia, aliás, do que tem que ser mudado para que as coisas efetivamente tragam resultados? Se ele estiver achando que a tua mera presença vai mudar o mundo por osmose, a primeira coisa que você vai ter que mudar... É essa idéia fantasiosa. Colocar a internet no seu devido lugar não é fácil. A mídia, os eventos, os gurus, todos


marketing :: 61

"Antes de subir ao pedestal e aceitar seu papel de agente de mudança, olhe bem nos olhos do cliente e veja se ele tem cara de gente de mudança..."

eles douram a pílula, todos cobrem a internet de glamour e, se você falar de internet de uma maneira ponderada e racional, vão achar que você é visionário... De menos. E quem dá ouvidos a um profeta que traz mais perguntas que respostas? Se o teu candidato a patrão/cliente/sócio estiver empolgado demais, ajude-o: faça-o respirar fundo, com calma, e veja se ele consegue responder a algumas perguntas básicas: - de que maneira o projeto interativo se encaixa na empresa/estratégia/negócio? - que resultados ele espera? - quanto tempo ele está disposto a esperar (e conseqüentemente gastar) pelo resultado? - o projeto terá o suporte necessário, desde apoio político até ajuda braçal? - caso o cenário geral mude, o que acontece com o projeto e com você? - caso o projeto dê certo, qual será a evolução e como ela te inclui? Está abstrato demais? Então vou “tangibilizar”: imagine uma agência de propaganda. Imagine que ela nunca “fez internet” e que, por um golpe do destino, cai no colo dela um mega cliente on-line. A agência vê você como o Messias que vai fazer “O” milagre: levá-la em um salto para o digimundo dourado. Agências seduzem, eu sei - esse é o seu business, não? - ,mas ponha a tentação na balança e repasse aquelas perguntinhas todas. O nirvana que te prometem é sólido ou o dia que o tal cliente on-line zarpar você sobe no telhado? Pense, e pense bem. Não sei como é em Marte, mas por aqui se você correr, correr e não sair do lugar, ninguém vai te manter como enfeite ;)


62 :: bula da Catunda

Marcela Catunda Trabalhou na TV Globo, TV Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e SBT. Foi redatora da DM9DDB e Supervisora de Criação de Mídia Interativa da Publicis Salles Norton. É sócia do site Banheiro Feminino, está no Orkut e trabalha como autônoma. blog - http://pirei.catunda.org marcelacatunda@terra.com.br

Eu sabia, mas esqueci Eu sabia como era trabalhar em uma grande agência cheia de prazos, de gente frenética correndo de um lado para o outro, de diretores ocupados, ares-condicionados no talo e uma fileira interminável de jobs ocupando mesas e mesas e mesas e mesas... Eu sabia, mas esqueci. E sabia como me controlar quando me chamavam pra criar alguma coisa pra internet nos cinco minutos do segundo tempo. E também sabia ser quase educada quando me chamavam de “menina da internet”. Sabia, mas esqueci. E quer saber? Eu sabia o que era receber um salário justo por tudo isso. Ah, isso eu sabia! Sabia, mas também esqueci. Obs. Adoro escrever a palavra job no Microsoft Word, ela não reconhece a palavra e dá a opção “jubas”. Por que não jujubas? Eu quero ser como o Word e ter assegurado o direito legítimo de não reconhecer alguns jobs. Porque o tempo passa, o tempo voa e ainda tem muita gente levando esse papo de internet numa boa. Sou tomada por uma alegria contagiante quando me dão a oportunidade de criar para a internet, mas criar de verdade. Fico radiante quando não a tratam como “mais uma coisa no meio de tudo”. Me sinto respeitada. É como escutar alguém dizer: “eu acredito no que você faz”. Porque não tem nada mais desagradável do que ficar com a sobra do que foi criado, com o resto da verba e ter que contar com a boa vontade do próximo para divulgação da sua criação. Sim, por que do que vai valer todos os criativos amarem sua proposta se a mídia não amar também? - Faz um viral aí e espalha essa ação. – sempre tem alguém que diz isso. Tem dó de mim. Só quem trabalha com o meio sabe que nem só de viral vive o homem de internet. Agora, vai explicar. Eu sabia, mas esqueci. E mesmo quando tudo é quase lindo no mundo virtual, entra em ação o fenômeno TBJI (triângulo das bermudas dos jobs de internet). Vai me dizer que você nunca sentiu isso? Você vai à reunião de briefing, pega o job, volta pra agência/ou pra casa, pira, cria, monta, apresenta e... E daí o job cai no TBJI e por lá fica às vezes dias, semanas, meses ou perde-se pra sempre. Às vezes, a gente dá sorte e o job aparece boiando, uma coisa Lost, perdidão no meio do nada e claro, pra ontem. - Pô, cara, mas eu já tinha falado com você desse trabalho. – diz o cliente histérico. - Sim. Você disse isso em março. Agora, posso jurar que estamos em julho. – respondo. - Mas eu tinha fechado com você, p... E preciso disso pra próxima semana. – urra o sujeito. - Ahãm. – sinomizo-me em um “sei”. Show time. Corta. Próxima cena. Uma louca corre pela sala desesperada, procura orçamentos na pasta gorda dos Esquecidos, corre pra ver o tamanho da trolha, entra em contato com alguns parceiros, com amigos, com Deus e nada. Eu sabia o que era esse job. Sabia, mas esqueci. Por que o mundo é assim? Embora eu não tenha a resposta astral da pergunta acima, atenho-me aos medíocres preceitos terrenos e arrisco um “Eu te amo cliente, mas não posso entregar esse trabalho em uma semana”. E apresento um plano dois, possível nesse micro espaço de tempo.


bula da Catunda :: 63

"Só quem trabalha com o meio sabe que nem só de viral vive o homem de internet"

- A idéia deixa a desejar. Não é boa como a primeira. – queixa-se o cliente, sem piedade. - Sim, mas aquela idéia não pode ser produzida em uma semana. Sinto muito. – explico fazendo figas nos dedos das mãos e dos pés. - Vamos fazer essa mesmo. É o que dá. – desliga, desanimado, meu amado cliente. Por que a vida é assim? Por que tem hora que nosso papel é dizer não pro cliente? Simplesmente porque não podemos prometer o que não dá pra entregar, por mais grana que esteja em jogo. Princípios, o princípio de tudo. Uma saída honrosa, possível e que dependesse apenas de mim era tudo que eu podia oferecer ao cliente naquele momento. E foi o que eu modestamente fiz. Infelizmente, a verba de mídia já havia se pulverizado no jardim fértil do offline e tudo que sobrou pra divulgar a ação criada foi um: - Se vira! Cria um viral aí, pô. A gente cria. Fazer o que? Mas já cria avisando que uma ação viral sozinha não faz verão. É nossa obrigação. A lição que fica disso? E eu sei lá?!? Eu até sabia, mas esqueci. Me ajuda! Me lembra!


64 :: webdesign

Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/ design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo País. webdesign@luli.com.br

Sobre paranóias, PCC e “bug” do milênio Estava eu no saguão de um hotel em Recife, saboreando uma omelete e uma cervejinha para comemorar a calorosa recepção que tive em todas as quatro palestras do Encontro de Web Design (leitores, vocês são o máximo. Um baita estímulo, sempre) quando recebo a notícia, alarmante: “A casa caiu em São Paulo! Rebelião em um monte de presídios, pânico generalizado, gente metralhando policial, botando fogo em ônibus...” e todos os etecéteras que você já está cansado de ouvir. O cenário da notícia – a recepção de um casamento no saguão de um hotel bacana no elegante bairro de Boa Viagem, com vista para o mar – era tão absurdo que mais parecia tirado de um romance de realismo fantástico, para Gabriel Garcia Márquez nenhum botar defeito. A lembrança de Maria Antonieta, recomendando ao povo sem pão para comer que se alimentasse com bolos, me foi inevitável. Me senti ilhado, junto com uma burguesia alienada. Mentira: na verdade, o que senti foi um medo, isso sim. As calamidades eram próximas demais para serem abstratas. Em casa, a família em ordem, o que já era um pequeno alívio. Uma noite sem dormir no avião e chego no domingo, às 5 da manhã. A cidade estava calma, óbvio. Depois, Dia das Mães e, nas ruas, uma serenidade que parecia até excessiva. Como todo mundo, também sou fanático por uma tragédia e não saí mais de casa depois do almoço. TV e web ligadas, as coisas pareciam apavorantes. Dia seguinte, greve de ônibus. Como poderia trabalhar de casa, não saí. Do trabalho, minha mulher passava notícias apavorantes que ouvia pelo telefone ou e-mail. Resolvi não dar aulas à noite e comuniquei à secretaria, coisa que se mostrou desnecessária, já que a USP fechou o expediente perto das 16h. Da janela, um trânsito horrível enquanto a mídia sensacionalista vomitava impropérios. Dormimos assustados. Terça foi rotulada por um aluno meu como “o dia municipal do otário”. Ao ver a cidade a funcionar normalmente, com total indiferença ao acontecido, chegava a hora de se bater a mão na testa e resmungar algo como “ai, como eu sou otário/a”. A mídia, afinal, não tinha mostrado nada novo ou imprevisível – a desigualdade social, a condição dos presídios e a violência urbana são tão corriqueiras que chegamos a “filtrá-las” para conseguirmos levar uma vida minimamente aceitável. Sic transit gloria mundi, já diziam os latinos. As coisas seguiram em uma normalidade tão excessiva quanto o pânico do dia anterior. Mas uma seqüela fica em todos nós. Menos de um mês depois, quando o MLST depreda o Congresso Nacional ou um maluco atira um automóvel contra a parede de vidro de um aeroporto, as notícias não fazem marola na pátria de chuteiras. Mais ou menos como os escândalos da política.


webdesign :: 65

"A mídia, afinal, não tinha mostrado nada novo ou imprevisível ..."

Confesso que o que mais me assustou na “segunda-feira negra” de São Paulo não foi a revolta dos presos ou das comunidades excluídas, mas o absoluto desespero do público geral, que abandonou os escritórios em suas seguras torres de concreto, de onde viam o caos a se acumular, para entrar em um carro e se encavalar fragilmente em congestionamentos-monstro. A racionalidade se desfez a tal ponto que, agora, só me resta o alívio de nenhum idiota ter imaginado um quebra-quebra ou um arrastão em lugar nenhum da cidade. Pois se lhe roubassem a carteira, você correria para uma delegacia, onde policiais eram metralhados por criminosos? O tempo passa e nos tornamos mais sábios (a não ser nos casos, cada vez mais freqüentes neste país, em que vivemos o “Dia da Marmota”, repetindo as mesmas burradas diversas vezes). Chega o dia em que nos perguntamos como foi que nos deixamos entrar em pânico dessa forma. A resposta é fácil: a Histeria Coletiva é, como o próprio nome diz, de natureza irracional. Um grande medo que toma conta de tudo e todos a ponto de permitir qualquer atitude que a sanidade condenaria. Pausa. Você certamente já ouviu falar da “bolha das pontocom”, um oba-oba generalizado, uma gastança sem parâmetros que começou no Vale do Silício e logo se espalhou por praticamente qualquer economia levemente eletrônica, de Budapeste a Petrolina. Também deve ter ouvido falar do “bug do milênio”, um hoax que aterrorizou meio mundo com o medo de que contas bancárias fossem zeradas, aviões caíssem e silos industriais de mísseis fossem abertos na virada do século, só porque uma meia-dúzia de programadores COBOL e FORTRAN sem noção tinham reservado apenas dois dígitos para o ano, o que levaria o ano 2000 a ser interpretado por 1900, causando uma hecatombe sem precedentes. Do ponto de vista de hoje, esses acontecimentos são risíveis, ingênuos e até meio patéticos, mas na época a Euforia (bolha) era tão real quanto a Histeria (bug). Elas torraram bilhões e bilhões de dólares, coisa que ninguém parecia ter a sensatez de perceber que não poderia dar certo. Eu fiz parte dessa massa atordoada e, sob a ótica histórica, só respeito o desprezo àqueles tempos de quem tem mais de 10 milhões de dólares na conta. Todo o resto, pode-se dizer, se preocupou com bobagens e pagou caro demais por coisas inúteis. A propósito: você já se perguntou por que a tal “bolha” estourou? A resposta é óbvia, e está no parágrafo acima. Depois de torrar fortunas para se precaver contra um Armagedon que nunca veio, os investidores ficaram com os bolsos meio vazios. E, para compensar seus dias de “otário”, resolveram fechar as carteiras. Como as pontocoms estavam alavancadas em muitos, muitos dólares, a quebradeira foi inevitável. Foi isso – e não um súbito choque de racionalidade entre os investidores – que levou à austeridade óbvia. É sempre assim. Hoje, em tempos de web 2.0, o mercado de internet se reaquece. Provavelmente o crescimento será um pouco mais lento, porém sólido, com propostas mais válidas que cyber-popstars e ganhos mirabolantes. Talvez não. De qualquer forma, você já está avisado. Se perceber que algo absurdo no horizonte, aproveite para fazer seus milhõezinhos. Ou então não reclame mais tarde.


Meu berimbau pede paz, sem violĂŞncia e sem guerra. Meu berimbau pede paz, para todos os povos da terra. terra .




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