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maio 2006 :: ano 3 :: nยบ 29 :: www.arteccom.com.br/webdesign

Webdesign

maio 2006 :: ano 3 :: n 29 :: www.arteccom.com.br/webdesign

R$ 8,90

O talento nacional que conquistou os americanos: Gui Borchert - R/GA (NY) A era dos links patrocinados Incubadoras de empresas: o despertar do empreendedorismo




4 :: quem somos

Editorial Qual é seu time: Barcelona ou Real Madri? :-/ Essa Copa veio em boa hora... chegou o momento dos refletores de nossa imprensa mudarem de foco. Nossos políticos agora poderão se camuflar por trás da euforia que toma conta do país. E a euforia précopa chegou à Arteccom também! Recebi um e-mail assim: e aí, o que

Equipe Direção Geral Adriana Melo adriana@arteccom.com.br

Direção de Redação Luis Rocha luis@arteccom.com.br

Criação e Diagramação Camila Oliveira

vocês estão preparando para a Copa?

camila@arteccom.com.br

Não produzimos camisetas verde e amarela, não vendemos televisores de 50 polegadas, bandeirinhas nem bonés!

Leandro Camacho leandro@arteccom.com.br

Ilustração Beto Vieira

Enfim, aceitamos o “desafio” para não passarmos por despatriotas... e adoramos o resultado! Inspirados pelos nossos Ronaldinhos “exportados”, estamos lançando a Coleção Brasil Design, entrevistando nossos talentos nacionais no campo do design que estão atuando fora do país. Veja que nossa intenção aqui não é incentivar a “exportação”, mas sim mostrar que também, na área do design, o Brasil tem um grande valor, reconhecido, inclusive, internacionalmente. Repararam que agora não temos mais o Zico do Flamengo ou

beto@arteccom.com.br

Publicidade Jane Costa jane@arteccom.com.br

Gerência de Tecnologia Fabio Pinheiro fabio@arteccom.com.br

Financeiro Cristiane Dalmati cristiane@arteccom.com.br

Atendimento e Assinaturas

o Pelé do Santos? Pois é, na ciranda do marketing esportivo nossos

Renata Fontan

craques de hoje jogam no Barcelona e no Real Madri! Então, ao invés de

renata@arteccom.com.br

correr e preparar as malas, vamos estudar, trabalhar o nosso talento e a

A Arteccom é uma empresa de design, especializada na criação de sites e responsável pelos seguintes projetos: Revista Webdesign :: www.arteccom.com.br/webdesign Curso Web para Designers :: www.arteccom.com.br/curso Encontro de Web Design :: www.arteccom.com.br/encontro Portal Banana Design :: www.bananadesign.com.br Projeto Social Magê-Malien :: www.arteccom.com.br/ong

nossa criatividade aqui no Brasil. Até porque, para sermos valorizados em outros países temos que, inicialmente, desenvolver e crescer dentro de nosso próprio país. E rumo à matéria com Gui Borchert, nosso primeiro convidado, na página 20.

Criação e edição www.arteccom.com.br

Boa leitura!

Produção gráfica

Adriana Melo

www.prolgrafica.com.br

Distribuição www.chinaglia.com.br

:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.

Para a Copa?!? Gente... mas o que eu tenho a ver com a Copa?


menu :: 5

apresentação

matéria de capa

pág. 4 quem somos

pág. 20 coleção Brasil Design: Gui Borchert

pág. 5 menu

pág. 22 entrevista pág. 28 portfólio pág. 32 trajetória

contato

pág. 34 dia-a-dia

pág. 6 emails pág. 6 fale conosco

e-mais pág. 38 debate: e-mail marketing vs. spam

fique por den tro pág. 8 bloguices pág. 10 métricas e mercado

pág. 42 incubadoras de empresas pág. 46 estudo de caso: IDG Now! pág. 50 tecnologia na web: links patrocinados pág. 53 tutorial: AJAX - parte 5

portfólio

com a palavra

pág. 14 agência: Woodoo

pág. 58 publicidade on-line: Ricardo Figueira

pág. 18 freelancer: Bruno Costa

pág. 60 marketing: René de Paula Jr. pág. 62 bula da Catunda: Marcela Catunda pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer


6 :: emails

Assunto: Direito Cursosna web

web Assunto: Direito Cadê ana busca? O site da revista bem que podia ter uma busca para sabermos, pelo menos, em qual edição saiu tal matéria. E acho que uma prévia das matérias também ajudaria a aguçar a curiosidade de novos

Assunto: Direito AJAX na web

Estou concluindo o curso de

Achei meio contraditório o tutorial

Desenho Industrial pela UFBA.

sobre AJAX. No começo, o autor

Fiz alguns cursos de web e

diz que é “apaixonado pela

gosto muito desta área. Até

QUANTIDADE de mudanças...

fui no 10º Encontro de Web

CORRO pra estudar o assunto”.

Design de Salvador. Pretendo

Não sei se partiu do autor ou da

me especializar nesta área e

organização da revista... Utilizar

queria saber qual seria o melhor

um tutorial em cinco partes! Quer

investimento: pós-graduação,

dizer, vou levar quase meio ano

cursos de webmaster e quais

para aprender AJAX?

seriam as melhores instituições

Vinicius Rodrigues viniciustassi@uol.com.br

aqui no Brasil.

em épocas que a entrega da revista coincide com feriados prolongados. Porém, estamos estudando medidas alternativas para evitar que esses problemas voltem a acontecer, ok?

Rodrigo rodrigomcr@yahoo.com.br

Olá, Vinicius.

leitores. Leidiane Oliveira lleidiane@gmail.com

Olá, Rodrigo.

editorial de somente publicar textos

Você já começou muito bem sua

inéditos e ser focada no conteúdo.

caminhada, ao procurar se formar

Dessa forma, procuramos estimular

em um bom curso e universidade.

o pensamento e a visão crítica

Um parâmetro para você tirar suas

sobre as principais tecnologias que

Sou jovem no ramo e estou

dúvidas pode estar na edição de

estão sendo utilizadas. Além disso,

tentando conquistar um cliente.

junho de 2005 (nº 18), que abordou

evitamos a publicação de um monte

Ele me perguntou se eu tenho

o tema Cursos.

de códigos para que o leitor apenas

um contrato. Vocês poderiam me

PS: Em maio, o EWD marca

replique tais técnicas em seu dia-a-

ajudar?

novamente presença em Salvador

dia, sem entender o porquê de sua

(no dia 11/05). Esperamos encontrá-

utilização. Seguem alguns atalhos

lo novamente por lá! :-)

caso você queira saber mais sobre

Oi, Lediane. Ótima sugestão! Já colocamos o desenvolvimento de uma busca no cronograma das futuras atualizações do site. Sobre a prévia das matérias: desde a edição de setembro de 2005, colocamos, na íntegra, o conteúdo de algumas das nossas seções. Assim, acreditamos que é possível conhecer um pouquinho do nosso trabalho ;-)

Assunto: Direito Vendasna web Gostaria de sugerir uma matéria ou até mesmo uma coluna periódica sobre vendas, pois neste nosso ramo não fugimos desta atividade que é a mais antiga da humanidade. Saudações! Eduardo Lopes pw@publishweb.com.br

Saudações, Eduardo! Não sei se foi transmissão de pensamento, mas a edição de abril (nº28) abordou o tema Negociação. Veja o que achou e mande um retorno para redacao@arteccom. com.br.

A seção tutorial segue a linha

AJAX: http://tinyurl.com/jjcoo e na web Assunto: Direito E-mail mkt

http://tinyurl.com/entu2

na web Assunto: Direito Downloads no site

Edgar Felix edfelix_85@yahoo.com.br

Estou precisando fazer um projeto de site, no papel, com cronograma, tudo direitinho. Vocês poderiam me ajudar?

Tenho vontade de disponibilizar

Assunto: Direito Vendasna web

um serviço de newsletter/e-mail mkt, pois conheço a importância

Sou assinante e ainda não recebi

desta ferramenta de marketing.

meu exemplar. Por favor, gostaria

Creio que possa ter uma edição

de dizer que em dois anos de

inteira falando de “E-mail

assinatura nunca tinha recebido a

Marketing”, onde passaria por

revista atrasada.

todos os aspectos (criação, design,

Victor Prates victor.prates@gestum.com.br

comunicação, base de dados etc.). Marcio Toledo mntoledo@gmail.com

Oi, Victor, pedimos desculpas pelo

Marcio, acho que você pode

grandes publicações, que possuem

começar a matar um pouco de sua

logística de entrega própria, ainda

curiosidade nesta edição. Uma dica:

dependemos muito da eficiência

vá até as páginas 38 a 41! Sugestão

dos Correios. Temos enfrentado

anotada, aguarde as próximas

alguns problemas, principalmente

transtorno. Diferente de outras

Débora Rodrigues deboramsr@gmail.com

Oi, Edgar e Débora. Podemos indicar duas fontes de consulta: na seção “Downloads”, do site da revista, é possível obter um modelo de contrato de prestação de serviços de desenvolvimento de site; já no site da Arteccom (http:// tinyurl.com/gz8vp), é possível ver um exemplo de cronograma. Qualquer dúvida, estamos à disposição!

edições! :-) Desculpem a nossa falha! - Na edição de março (nº 27), na seção EMAILS, nossos designers indicaram, como fonte para a busca de imagens gratuitas, o site Stock Exchange (www.sxc.hu) e não o GettyImages (www.gettyimages.com), que possui imagens “rights managed” e “royalty-free”. Além dele, o leitor Ricardo Rehder indica mais duas outras fontes: Morguefile (www. morguefile.com) e Freefoto (www.freefoto.com).

fale conosco pelo site www.arteccom.com.br/webdesign :: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.



8 :: blog

Bloguices

By Margarida Flores apareceu_a_margarida@hotmail.com

Margarida Flores: contribuindo para diminuir a produtividade do seu dia de trabalho, mas pelo menos você não estressa e aproveita as informações e links sugeridos para ficar “up to date” com essa coisa mercado on-line. Nas páginas dos principais portais duelam a vitória de Mara no BBB, Sabrina Sato dando adeus ao Pânico e o SBT perdendo audiência para a TV Record. O que dizer então sobre o mundo virtual? Saiu até na Veja São Paulo a lista dos 20 solteirões mais cobiçados da cidade, fora a Edição da Caras dessa semana que está simplesmente um luxo. É muito material para ser aproveitado naqueles momentos de não fazer nada. Não dá pra competir. Assim num Pod, assim não dá. NUM POD Tá doido pra ter um iPod? Steve Ballmer não. E o cara da Microsoft também não quer que os filhos tenham nem vontade de ter, as crianças dele não podem usar nem Google. O próprio fala isso à revista Fortune. E sobre outras coisas complicadas. A leitura vale a pena. http://tinyurl.com/eerq3

LETRAS PONTO COM PONTO BRUNO RODRIGUES E chega as livrarias a edição revista e ampliada do livro ‘Webwriting’, de Bruno Rodrigues. Esgotado há um ano, o título bateu a marca de 3.200 exemplares em sua primeira edição, e agora volta com força total para as prateleiras e alegria de muitos alunos, leitores, professores de faculdades de Comunicação, eu, você e todos que esperavam ansiosos por essa nova edição. Palmas para a editora Brasport. Leia, divulgue e enjoy!

ILARIALARIÊ ÔÔÔ! Vender música na internet é transmissão de dados sim. Quem fez essa afirmação categórica foi a Apple. Leia mais para ficar por dentro dessa briga de maçãs grandes. Com licença que agora vou transmitir dados aos meus ouvidos via discman. http://tinyurl.com/psqmn

MAMÃE EU QUERO! Informação direto de quem manja: as 100 melhores empresas pra se trabalhar foram divulgadas. Se você tá a perigo, desperte a Sol que tem dentro de si. Entregue-se a Glória Perez, embarque num momento Clone e descole um bom “coiote”. Intel em 97°? Há! http://tinyurl.com/d8cd5


blog :: 9

FRA

SE

SEM DA

ANA

Chega de arroz com ovo. Margarida Flores enriquece a sua mistura.

LINKS BRINDES Tum! Tum! Você já parou pra pensar no que aconteceria se todo mundo na terra resolvesse pular ao mesmo tempo? Eles pensaram. E foram além ao pensar que fazendo isso podem alterar a órbita

SIMPLESMENTE DESIGNER

terrestre. Dia Mundial do Pulo, 26/07/2006. Cadastre-se e você será informado de tudo,

E o designer do ano é... Bom, entre lá e veja quem está concorrendo a £ 25.000,00.

até do horário certo com fuso calculado. Dá

Pode votar sem se registrar! Aí, se quiser, você pode até fazer algo dispensável ou

um pulo lá.

não, como conhecer a obra deles antes de votar. http://www.designmuseum.org/

http://www.worldjumpday.org/ Pode não ser a maneira mais prática, mas é pelo menos a mais interessante de deixar recados. Orkut agora é coisa do passado. http://tinyurl.com/d93q4 Seu passado te condena. Quem te viu quem te vê. Valha-me Nossa Senhora. Fiquei cego!!! Essas são algumas expressões e sentimentos que virão à sua mente ao olhar para um passado não muito distante de estrelas e nem-tão-estrelas-assim de Hollywood. Link excelente para aquele momento “inveja”. Liberte-se e veja que nem tudo é perfeito. http://tinyurl.com/mrgqy

RÁDIO DO MÊS UAU!AU!UAU! O JAPÃO É TÃO LEGAL! Não é primeiro de abril, mas foi. Estreou no Japão o serviço de TV Digital para

Ai! A Polinésia é tão chique. http://tinyurl.com/lrmz4

celulares e demais dispositivos móveis. Depois da Coréia do Sul chegou a hora do Japão jogar no ar sua One-Seg, que transmite de graça e simultaneamente vários

BLOG-SE BY LU

canais de TV. O momento “móvel” dividiu a transmissão digital em 13 segmentos

Olá Margarida, leio sua coluna na Revista

enviando sinais em MPEG2 para aparelhos de TV e MPEG4 para dispositivos móveis.

Webdesign e gostaria de convidá - la para

Junto com o sinal, dados adicionais são enviados sobre a programação e outras informações por lá transmitidas. Legal! Eu quero.

visit a r meu blog. Venha s entar em nos s o sofá de oncinha e tomar um gole de Sidra Cereser! www.finaflordobrega.com.br

TROCANDO E-IDÉIAS Mais uma oportunidade para aprofundarmos nossos conhecimentos internéticos: neste mês acontece a 8ª edição do Encontro LocaWeb de Profissionais de Internet. Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo foram as cidades escolhidas. Vai ter palestra sobre AJAX, Search Marketing, Open Source no Windows, Marketing e Vendas, entre outros. Saiba mais sobre o evento, no link a seguir: http://www.locaweb.com.br/encontro/default.asp


10 :: métricas e mercado

Média Salarial Brasil – Abril/2006 Cargos

Valores (R$)

Cargos

Coordenador de Projetos Web

2.452,00

Webdesigner Júnior

Valores (R$) 890,00

Estagiário(a) Webdesign

529,00

Webdesigner Pleno

1.233,00

Estagiário(a) Webdeveloper

600,00

Webdesigner Sênior

1.720,00

Estagiário(a) Webmaster

590,00

Webmaster

1.153,00

Web Marketing

1.185,00

Programador Web

1.121,00

Webdeveloper

1.138,00

Fonte: Curriculum.com.br

Dez sites mais populares no Brasil - Abril/2006 1) UOL (www.uol.com.br)

6) Globo.com (www.globo.com)

2) Google (www.google.com.br)

7) Mercado Livre Brasil (www.mercadolivre.com.br)

3) Terra (www.terra.com.br)

8) Flogão (www.flogao.com.br)

4) iG (www.ig.com.br)

9) Caixa Econômica Federal (www.caixa.gov.br)

5) MSN (www.msn.com.br)

10) Ministério da Fazenda (www.fazenda.gov.br) Fonte: Alexa.com

Atividades realizadas pelo telefone celular Atividades

Percentual (%)

Efetuar e receber chamadas telefônicas

98,19

Mandar e/ou receber mensagens SMS

42,34

Acessar músicas ou vídeos

8,60

Acessar a internet

5,41

Mandar e/ou receber fotos e imagens

4,08

Outros (jogos, agenda telefônica, despertador, calculadora)

1,55

Fonte: CGI.br / Pesquisa realizada entre agosto e setembro de 2005, em 4.659 domicílios cujos indivíduos usam telefone celular

Horas navegadas - Usuário brasileiro Período

Jan/01

Jan/02

Jan/03

Jan/04

Jan/05

Jan/06

Hora

06:58

08:54

11:09

12:47

14:25

18:00

Fonte: NetView - IBOPE//NetRatings / Tempo médio de uso do computador pelos internautas brasileiros ativos no mês

Envie sugestões e críticas para redacao@arteccom.com.br


métricas e mercado :: 11

ViuIsso?

Por Michel Lent Schwartzman - michel@viuisso.com.br Site: www.viuisso.com.br

Notícias e comentários sobre comunicação digital, internet e publicidade. Microsérie Gradiente exibe primeiro capítulo

WiMax começa a sair do papel

Entrou no ar, em março, a microsérie Gradiente, primeira

Os planos de cobrir cidades inteiras com conexões WiMax,

série para internet totalmente gravada com aparelho celular.

que permitirão o acesso direto à internet sem fio para as pesso-

Iniciativa da Gradiente e da Africa para divulgar o novo mo-

as em movimento, começam a sair do papel na feira CeBIT, na

delo de telefone celular que grava vídeos.

Alemanha. Empresas como a Siemens e a Samsung apresentam

Apesar de um pouco ‘micra’ demais (achei o epi-

seus modems com alcance de mais de 50 quilômetros.

sódio muito curto), a série promete se continuar oferecendo

Em breve, o acesso à internet será sem fio e

finais tão ‘interessantes’ para que os espectadores escolham

ilimitado. Isso terá um tremendo impacto nas operadoras de

como continua. No primeiro episódio, uma das opções era

telefonia celular, rádio e TVs abertas. Qualquer aparelho com

para a protagonista tirar a blusa no próximo capítulo.

acesso à internet sem fio será capaz de receber e transmi-

Dentro do Joga.com

tir informações. A TV via internet vai ser uma realidade. O

Então, já consegui meu convite para o Joga.com

VoIP competirá diretamente com os celulares. Os podcasts se

(thanks Marcelo!) e me cadastrei. Usei o mesmo ID do Orkut

transformarão no rádio sob demanda... O mundo vai mudar

e a coisa é realmente toda integrada. Diria até que integrada

e falta muito pouco tempo para isso acontecer. [http://info.

demais. Você entra e ele importa seus dados do Orkut, com

abril.com.br/aberto/infonews/032006/15032006-9.shl]

o formulário já basicamente preenchido. Mais. Todas as suas

Ministério Público intima Google sobre crimes no Orkut

comunidades e amigos do Orkut estão lá. Mas não estão.

O Ministério Público brasileiro intimou, no dia 10/03, o

Quer dizer, quando você vai na lista de amigos eles estão.

Google Brasil a prestar esclarecimentos sobre que medidas

Quando vai para a página principal não. Parece que você

estariam tomando para coibir a prática de crimes através

então faz parte de uma mistura de comunidade com outro

de seu site Orkut. Na audiência, o diretor geral do Google

Orkut, onde precisa chamar novos amigos. Mas não é só o

no Brasil, Alexandre Hohagen, disse que a filial brasileira da

Orkut com outra cara. Tem muito mais. A ferramenta de uplo-

empresa não é responsável pela operação do site, mas que se

ad de fotos é melhor, tem ambiente para blogs, para vídeo.

encarregarão de encaminhar um relatório com as denúncias

Todas ferramentas que o Google já dispõe e que agora parece

para a matriz nos Estados Unidos. Segundo a ONG Safernet,

estar integrando no Joga.com. Será que essa integração vai

por ela têm sido praticados crimes como o tráfico de drogas,

acontecer também no Orkut em breve?

pornografia infantil e racismo. Sim, a internet é um território livre e sua liberdade deve ser preservada. Mas ao se oferecer e manter um serviço fechado e controlado, permitindo que por ele sejam praticados crimes, para mim passa a soar como conivência. Acho que é extremamente importante que sejam colocadas em prática algumas medidas de controle no Orkut, sem deixar de preservar a liberdade de expressão da ferramenta. Para o bem de todos os seus usuários.


12 :: direito na web

Marcas vs. domínios Posso, a qualquer momento, registrar o domínio www.umexemplo.com, mas outra pessoa não poderia deter o registro da marca nominativa www.umexemplo.com ? Qual registro dá “maior” direito ao uso do nome? Uma pessoa física pode registrar também, junto ao INPI, a marca nominativa referente ao nome de seu endereço na web (www...)? João Batista Ribas (jb.ribas@gmail.com)

Caro João Batista, As suas dúvidas são pertinentes e

Gilberto Martins de Almeida Advogado formado na PUC/RJ, com Mestrado na USP e cursos em Harvard e no M.I.T. ExGerente Jurídico da IBM, onde

nalidade comercial (pelo menos, em tese).

oportunas, pois o assunto a que elas se re-

Por isso, apenas uma pessoa (física ou

ferem continua a render muitas discussões

jurídica) pode ser detentora de um nome

e contenciosos. Para respondê-las, convém

de domínio. E ele independe de atividades,

rememorar o que é marca e o que é domí-

portanto www.globo.com.br poderia se re-

nio, e verificar como essas figuras se com-

ferir a arroz tanto como a jornal ou TV. Em

plementam (e como, às vezes, se opõem).

paralelo a marcas e nomes de domínios, há

As marcas existem há mais tempo e

a “razão social” das pessoas jurídicas, que

trabalhou por 11 anos, no Brasil

são sinais (nomes, figuras, ou o misto de

e nos EUA. Sócio de Martins de

ambos) que visam provocar a associação

As marcas, razões sociais e domínios

a determinado produto. Por isso, quanto

têm objetivos diversos, por isso são inde-

mais a marca aparecer somente junto a tal

pendentes entre si e não há hierarquia entre

produto, maior será o seu chamado “po-

eles. Assim, o detentor de um não deveria

der evocativo”, e, portanto, ela terá maior

se sentir prejudicado pelo de outra. Mas, na

valor. Inversamente, quanto mais ela apa-

prática, às vezes ocorre de alguém registrar

recer junto a outros produtos, mais diluída

com má fé: por exemplo, um concorrente

ela ficará, reduzindo o seu valor.

pega “carona” na notoriedade do nome ou

Almeida - Advogados, escritório especializado. Envie sua dúvida para: redacao@arteccom.com.br

No sistema marcário, existem classes de atividades correspondentes a diferen-

também deve ser única.

marca alheios, provocando confusão entre produtos e iludindo os consumidores.

tes categorias econômicas, pelo que al-

Quando isso acontece, os tribunais têm

guém pode ser detentor da marca “glo-

julgado contra quem agiu de má fé (ou seja,

bo”, referente a arroz, e outro alguém ser

quem não registrou primeiro e/ou não te-

detentor da marca “globo” em referência

nha qualquer atividade ligada ao nome ou

a jornal ou canal de TV. Trata-se de um

marca em questão). Este se presume que

registro baseado na “especialidade” de

tenha agido com fins especulativos, com os

certas atividades.

quais o Estado não pode compactuar, pois

Por sua vez, os nomes de domínio são

marcas, domínios e razões sociais são privi-

expressões formadas por letras e/ou alga-

légios concedidos aos particulares para que

rismos que representam um determinado

revertam em benefício da sociedade (na for-

endereço na internet (semelhante ao que

ma de produtos, empresas etc.) e não em

se dá com linhas telefônicas). Sua finalida-

benefício de aproveitadores.

de é tão somente de identificar para fins de acesso e visitação na web, e não tem fi-



14 :: portfólio agência - WOODOO

WooDoo

OFICIna WEB :

PROFESSANDO SUA FÉ PELO DESIGN DIGITAL Seja qual for o movimento religioso que as pessoas procuram seguir, em cada um deles seus praticantes usualmente confirmam suas crenças através de determinadas solenidades. No catolicismo, a profissão de fé geralmente é proferida nas missas aos domingos. Já os mulçumanos declaram seus votos durante a chahada, primeira das cinco partes do islã. Mas tal atitude é algo que transcende o campo das religiões. Na literatura, por exemplo, o parnasiano Olavo Bilac expressou todo o seu amor e dedicação pela perfeição poética no poema intitulado “Profissão de fé”: “Quero a estrofe cristalina / Dobrada ao jeito / Do ourives, saia da oficina / Sem um defeito”. E não é que no design para a web encontraremos um exemplo desse cenário? Quem anda professando tal fé são os gaúchos da Woodoo Oficina Web, localizada em Porto Alegre (RS). Só pelo manifesto institucional publicado em seu site (www.woodoo.com.br) obtemos o primeiro sinal: “Em um mercado repleto de falsos deuses, a Woodoo acredita sim na fé, pois sem ela não existe resultado. Confiança e perseverança são virtudes que consagram uma obra”.

“ Co n f i

X

VooDoo

a nç

a

Tradição religiosa oriunda da África. Seus valores culturais e éticos centram em torno das idéias da honra e do respeito - ao

e

pe

deus, aos espíritos, à família e à sociedade, e a si mesmo.

rs

Fonte: Wikipédia (http://tinyurl.com/h7app)

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r es a ob m u qu e m co n s a g r a

a”


portfólio agência - WOODOO :: 15

Como tudo começou A crença de que uma agência web poderia vingar em terras brasileiras apareceu em 2003, depois de uma experiência internacional do designer Tiago Faccio, criador da Woodoo. “A idéia começou a surgir após cursar, por dois anos, o Graphic Design, do Santa Monica College, na Califórnia. Depois disso, foquei em web e acabei fazendo um semestre de cursos na UCLA. Assim, após retornar ao Brasil, verifiquei a re c e p t i v i d a d e d e s t e t i p o d e l i n g u a g e m e m n o s s o ambiente”, conta. Uma pergunta não pode faltar: por que a escolha de nome tão peculiar? “Escolhemos pela forma que a religião

trabalhado. Iniciamos timidamente, mas com vontade e

Voodoo é retratada no mundo ocidental, trabalhando seus

dedicação. Foi questão de tempo para outros sentirem

objetivos com agressividade e eficiência. Usamos a web

essa alteração de conceitos e arriscarem uma troca em sua

para alcançar os mesmos objetivos, captando a atenção dos

comunicação”, diz Tiago.

usuários com velocidade e singularidade. O W foi inserido

A primeira banda que bancou tal modificação foi o

na marca por dois motivos: reduzir o impacto em outros

Da Guedes, grupo de hip hop local. “Fizemos o contato

públicos e ressaltar o trabalho de web que inicialmente foi

diretamente com o vocalista em um evento. Ele confessou

o foco total de nossa empresa”.

estar insatisfeito com a sua página. A parceria rendeu ótimos

Porém, tamanha criatividade na representação da empresa não foi bem compreendida no começo. “Quando

frutos e desenvolvemos, além da página da banda, diversos outros projetos paralelos por intermédio deste contato”.

se trata de segmento jovem e linguagem alternativa,

A arte de construir um estilo

n ã o e n c o n t r a m o s b a r re i r a s s i g n i f i c a t i v a s a o n o s s o

Além de descobrir um segmento de mercado pouco

desempenho. No entanto, em companhias mais formais

explorado, a Woodoo trabalha na construção de um estilo

e até mesmo nas faculdades católicas foi bem difícil a

próprio, que caracterize bem seu modo de produção.

conquista. O nome Woodoo carrega consigo um forte

“Apresentamos uma linguagem alternativa, um pouco

poder que muitas vezes é interpretado de uma forma

ácida, talvez. Irresponsável nunca! Basta conferir que em

preconceituosa, dificultando assim o fechamento de

nosso próprio site trabalhamos com situações fora da

um acordo. Mas, com o passar do tempo, esse trauma

realidade, santas chorando sangue, anjos pregados ao chão

foi superado e os mesmos puderam comprovar a nossa

tentando voar. Nosso diferencial é tentar fugir ao máximo

atitude diante do mercado”, afirma Tiago.

da singularidade que existe hoje. Novas concepções,

Focando o segmento musical

idéias fora do cotidiano, tudo aliado a grande velocidade

Quem parece ter apostado no estilo da Woodoo

na criação e atendendo cada um de nossos cases como se

foi o mercado musical do Sul. No portfólio da agência,

fosse nosso próprio negócio”, explica Tiago.

podemos destacar os trabalhos realizados nos sites de

Segundo ele, a fé nos resultados comprova o acerto na

bandas como Cachorro Grande, Nenhum de Nós, Bidê ou

escolha de tal caminho. “A internet tem muita competição.

Balde, Ultramen, Acústico e Valvulados, Comunidade Nin-

Mas onde não existe competição? Toda atividade tem

Jitsu, entre outros.

profissionais que se devoram. A idéia é saber que existem

“Verificamos que existia um segmento que era pouco

milhares de agências que executam o seu trabalho, fazendo


16 :: portfólio agência - WOODOO

e exist e u m i o x d á a q s i n g u l a r i da d e r ao m fugi r “Nosso di f e r e n c i a l é t e n ta

hoj

melhor ou igual. Você é facilmente substituível. Mantendo

Tudo o que for de interesse da nossa equipe é permitido.

isso na sua realidade e fazendo as coisas que você gosta, o

Para se ter uma idéia da liberdade, MSN e Orkut, que

mercado te aceita de braços abertos”.

geralmente são vetados em quaisquer ambientes públicos

Liberdade como estímulo na criação

e empresariais, na Woodoo são permitidos o tempo inteiro.

N a f o r m a ç ã o d e s u a e q u i p e , a a g ê n c i a p ro c u r a

Todos sabem de suas responsabilidades e prazos de

valorizar profissionais que tenham o perfil voltado para

desenvolvimento. Equipe boa é aquela que rende. O ócio

dois conceitos: atitude e criatividade. “Acho que essas

é um direito de todos e não um mérito. Não adianta ficar

palavras são fundamentais aqui. A idéia é o fator mais

quebrando cabeça se a sua cabeça anda quebrada, coloque

importante e é nela que estamos focando hoje”.

as idéias em ordem e mãos à obra”, orienta Tiago.

A l é m d i s s o , a l i b e rd a d e s e r v e c o m o f o n t e p a r a estimular todo o potencial de seus colaboradores. “Nossa agência ainda é pequena em porte, mas com grandes responsabilidades. Tentamos aqui dentro não parecer uma empresa e sim uma extensão da casa de cada um. TV a cabo, livros, gibis... Até um campinho de golfe nós temos!

cases Nave Design e Assessoria de Comunicação www.navecomunica.com.br

“O conceito do site surgiu de uma necessidade que tínhamos de fazer uma coisa diferente do que a maior parte das pessoas está acostumada. A maquete de uma espécie de base de lançamentos, misturada com observatório, com conexões com o mundo via rádio, tudo isso mostra a forma de comunicação da Nave.”

e."


Banda Cachorro Grande www.cachorrogrande.com.br

Banda gaúcha que estourou no Brasil em 2005. “No seu segundo site desenvolvido pela Woodoo, a banda conta com uma rádio própria com indicações dos músicos, blog para os fãs além de uma cara totalmente própria: despojada, agressiva e com muita atitude. O grande diferencial fica por conta das animações dos links principais, todos filmados logo depois de desenhados em papel, vetorizados e animados. Um trabalho que rendeu mais de 500 páginas em desenho para 20 segundos de animação. Dedicamos sangue, suor e muito café neste projeto”, revela Tiago.

Opinião www.opiniao.com.br

Casa de espetáculos, responsável pelos maiores shows no Rio Grande do Sul. Com uma média de dois mil novos usuários diários, o site conta com as informações que um usuário precisa, além de constante atualização. “A idéia deste ano foi trabalhar uma linguagem urbana. Assim, adaptamos o s i t e a e s t a l i n g u a g e m . Tr a t a - s e de passar a informação com mais beleza e dinamismo, além de gerar interatividade com o público”, diz.


18 :: portfólio freelancer - Bruno Costa

BRUNO COSTA DESIGN COM FORTES INFLUÊNCIAS DA MÚSICA E DO CINEMA Contato: bruno@vertica.org Site: www.vertica.org

Junte a música, o cinema e o design gráfico e adicione algumas pitadas de internet nessa receita. O que teremos então? “Formei-me em propaganda em 1999 (Universidade Veiga de Almeida) e nesse período trabalhava como assis-

www.bandaseres.com.br

tente de produção fazendo comerciais numa produtora de vídeo. O interesse pelo design na web aconteceu de forma natural. A internet era o meio de comunicação que juntava movimento, design e som, além de interatividade. Comecei a estudar e não parei mais”, explica Bruno Costa.

fazer, onde você tem liberdade de criar coisas mais soltas sem se preocupar com tantas normas e padrões”. Diante da quantidade de trabalho que recebe por mês, Bruno diz que uma das principais lições aprendidas envolve a organização das etapas de produção de um produto final. “Isso é um ponto crucial para qualquer pessoa que deseja trabalhar como autônomo. Acho fundamental o freelancer ter disciplina, procurar ter uma rotina como se estivesse trabalhando dentro de uma agência. Eu me organizo de acordo com os cronogramas de cada projeto: o que estiver com o prazo mais curto é passado para frente, vira prioridade, não tem muito mistério...”. E para garantir o fluxo de entrada de projetos, ele aposta na divulgação do portfólio em nichos segmentados.

www.vertica.org

“Faço a divulgação em portais nacionais especializados em design, como o Brasil Inspired (www.brasilinspired.com) e o

Parece bobagem, mas as experiências e os gostos pessoais de um profissional podem servir como uma boa opção para garantir sua entrada no mercado. No caso de Bruno, a construção de seu portfólio inclui projetos de sites ligados à música, como aconteceu no trabalho para a banda SereS. “ M i s t u re i l i n g u a g e m d e c u l t u r a u r b a n a , u s a n d o grafite, texturas e algumas imagens para compor essa atmosfera meio surrealista. Usei cores em tons pastéis, sem saturação, para dar um aspecto de safári, selvagem. Como o site tinha pouco conteúdo, resolvi fazer uma abertura com uma animação em Flash mais detalhada, misturando motion, animação quadro a quadro e alguma coisa de action script. Esse é um típico projeto que me dá prazer de

Uailab (www.uailab.com), e em portais estrangeiros, como o Design is Kinky (www.designiskinky.net) e o Kaliber1000 (www.k10k.org). A propaganda boca a boca feita pelos próprios clientes também é importante’. Já as características que vão diferenciar um designer no mercado serão obtidas através de um somatório de fatores. “Procure por boas referências e estar sempre experimentando técnicas e conceitos novos. Além disso, ser persistente, nunca parar de estudar, ter bom senso e sorte não atrapalha em nada quem quiser seguir nesta profissão”.



20 :: Coleção Brasil Design - vol.1

1. Gui Borchert

Coleção Brasil Design Como os designers brasileiros vêm conquistando o mercado internacional


Introdução :: 21

E m fevereiro, eles chegam aos montes. São alemães, americanos, espanhóis, franceses etc. em busca de compartilhar a alegria de nossas festas populares, apreciar a combinação de nossos batuques e repiques, além de nossas belezas naturais. De quatro em quatro anos, a consagração de nosso talento futebolístico chega ao ápice com a realização da Copa do Mundo, depois de craques como Ronaldinho Gaúcho e Robinho encantarem as platéias diversas com seu repertório de dribles e jogadas sensacionais. Futebol, samba e carnaval. Esse trinômio já virou o clichê máximo da cultura nacional vendida ao e no exterior. Apesar dessas figuras tão batidas, nossa produção intelectual também é “tipo exportação”, principalmente quando falamos da área de design. Isso mesmo, nossas linhas, traços e combinação de imagens e cores também encantam os gringos! Após anos de absorção antropofágica, não chegou a hora de apresen-

volume 1

tarmos qual foi o resultado de nossa digestão? Será que um dia os livros vão registrar nossos estilos, assim como aconteceu com os movimentos da Escola de Bauhaus, da Art Nouveau, do Construtivismo, da Pop Art, entre outros? Pois bem, a Revista Webdesign decidiu dar o pontapé inicial neste mês, através da criação da “Coleção Brasil Design”. Pretensiosos? Talvez sim, mas nosso intuito é mostrar como e de que forma o talento de designers brasileiros vem conquistando o mercado internacional. Na primeira parte, apresentaremos a ascensão da carreira do carioca Gui Borchert, diretor de arte da agência americana R/GA. Em junho e julho, você poderá conferir os trabalhos e as histórias de Nando Costa e André Matarazzo, que pontuam outras tendências do design nacional de sucesso no exterior. Boa leitura!


22 :: Coleção Brasil Design - vol.1

Garra e perseverança na busca dos sonhos e objetivos Entrevista: Gui Borchert, diretor de arte da agência R/GA Único brasileiro apontado pela revista Print Magazine

faz também é essencial. Eu lembro que desde novo, quando

como um dos 20 designers de destaque no mercado com

tinha que acordar cedo para ir à escola e assistir aulas de

menos de 30 anos, Gui Borchert é hoje um dos principais

Química, por exemplo, eu pensava: “Quero acordar todos

profissionais que empresta seu talento ao mercado de de-

os dias com a mesma vontade de levantar que eu tenho

sign americano. A seguir, confira o porquê de tamanho

quando é para jogar bola na aula de Educação Física”.

sucesso.

Por isso, escolhi estudar e trabalhar com algo que sempre

Wd :: Dando uma olhada nos depoimentos de seus amigos no Orkut, aparecem elogios como “Ronaldinho

gostei de fazer. Hoje, vejo que a escolha do caminho certo fez toda diferença.

do design”, “apaixonado pelo que faz e pela vida”, “simplicidade aliada ao talento”, “talento no seu estado mais puro” etc. Como Gui Borchert definiria Gui Borchert? Gui :: É sempre difícil falar de si mesmo, porque existe a tendência da autocrítica ser mais alta e acaba sendo mais fácil falar do que eu procuro ser e fazer. Acho que uma das minhas características mais marcantes é justamente a força de vontade para alcançar meus sonhos e objetivos. Talento é algo muito subjetivo, sem falar que não adianta ter só talento e não correr atrás. Gostar do que se

“Idéias estão a nossa volta, invisíveis, infinitas, a espera do momento ideal para se tornarem visíveis aos olhos criativos de quem as procura - no lugar certo, na hora certa”


entrevista - Gui Borchert :: 23

“Muitas das dificuldades encontradas no meio acadêmico me fizeram ter ainda mais vontade de correr atrás do que eu queria” Wd :: Aloísio Magalhães, pioneiro do design gráfico

Wd :: Uma das dúvidas mais comuns entre os

no Brasil, dizia que “design é a compatibilização entre

profissionais brasileiros envolve a validade de se

intuição e metodologia”. Como equilibrar intuição e téc-

fazer cursos no exterior. Analisando seu currículo,

nica na hora de se trabalhar um projeto?

ficamos sabendo que você participou de cursos na

Gui :: Acho que vem de forma natural. Os dois lados se equilibram à medida que as idéias vão se desenvolvendo

“School of Visual Arts”. Você considerou essa experiência válida?

e evoluindo. A intuição indica um caminho conceitual e a

Gui :: Acho que vale muito. Não só pelo apren-

técnica dá forma a idéia: é o método organizando o abs-

dizado, mas pelo contato com outras culturas,

trato, idéias se transformando em imagens.

profissionais e estudantes. Também é sempre algo

Wd :: Sua formação envolve a escola de design da UFRJ. De que maneira ela lhe ajudou a ingressar na carreira de diretor de arte?

valorizado no currículo, sem falar que são boas oportunidades para se criar peças legais para o portfólio. Os cursos dessas escolas estão sempre mudando

Gui :: A universidade foi um primeiro passo. A partir

e se atualizando, por isso a melhor coisa é pesquisar

dali, eu pude ir descobrindo o que gostava e não gostava,

os sites das escolas onde se quer ir e dar uma olhada

conhecer pessoas e trabalhos interessantes e ter uma idéia

nas grades oferecidas. Geralmente rolam workshops

geral do que queria aprender mais e conhecer.

com profissionais como Sagmeister, David Carson,

Acho inclusive que muitas das dificuldades encon-

enfim, vale a pena ficar de olho. O que não recomendo

tradas no meio acadêmico me fizeram ter ainda mais

tanto são os cursos muito técnicos, que focam apenas

vontade de correr atrás do que eu queria. Por isso, valeu

no aprendizado de software, pois acho que acima do

como um primeiro contato com esse universo de conteúdo

domínio das ferramentas deve estar o conhecimento

e informação que é a área de arte e design.

teórico, visual e cultural.

Wd :: Falando em direção de arte, você trabalha na agência americana R/GA, desde 2003. Como foi seu período de adaptação na agência? Sentiu algum tipo de dificuldade? Gui :: Na verdade foi muito rápido. Na segunda semana, já estava mergulhado em um projeto da Nike e conhecendo bastante gente. A agência tem um ambiente

Aloísio Magalh ães

X

te, Desenvo lveu projetos conhecid os nacional e internaci onalmen o anos), alguns há (alterada s como a identidad e visual da Petrobra do io centenár IV do símbolo o e desenho das notas do cruzeiro novo Rio de Janeiro. tias/ Fonte: Design em Fatias (http://w ww.tiago teixeira.c om.br/fa m) alhaes.ht conteudo /persona lidade/al oisiomag

X

muito bacana e uma equipe sensacional e talentosa. A re-

Stefan Sagmei ster

cepção que eu tive aqui foi muito boa e isso com certeza

Um dos principai s designer s gráficos do mundo. Em seu portfólio , destacam -se trabalho s para artistas como David Byrne,

tornou a minha adaptação mais fácil. Com relação ao idioma, eu já falava inglês por ter morado um ano em Utah, aos 17 anos, e isso com certeza

Lou Reed e Rolling Stones. ign/ Fonte: Design Museum (http://w ww.desig nmuseum .org/des index.ph p?id=15)

facilitou bastante. É claro que existem dificuldades naturais, sempre, mas aos poucos você vai aprendendo a lidar com as diferenças, entendendo como as coisas funcionam e quando vê já está mais do que adaptado. Agora, saudades do Brasil, dos amigos e principalmente da família é claro que bate sempre, e aí não tem jeito... Viva o Skype!

David Carson Designer american o conhecid o por seu trabalho na revista “Ray Gun”. Revoluci onou o design editorial no início dos anos 90, introduzi ndo o chamado design “não-can ônico”. Fonte: Design em Fatias (http://w ww.tiago teixeira.c om.br/ fatias/co nteudo/p ersonalid ade/davi dcarson. htm)

X


24 :: Coleção Brasil Design - vol.1

“Procuro observar tudo a minha volta como se estivesse em uma janela, pois a cada segundo você acaba vendo algo interessante” Wd :: Em entrevista publicada na edição de julho de

ótica, na hora certa, no lugar certo, irá desencadear uma ava-

2005, Suzana Apelbaum, diretora de criação da Africa, diz

lanche de idéias e viagens gráficas muito mais interessantes

que “para criar uma campanha, seja ela em que mídia for,

do que uma idéia inspirada por algo já feito antes por outro

o criativo passa por um mesmo processo: desenvolve um

designer ou artista.

raciocínio que leva a um conceito. Esse conceito criativo é

Idéias estão a nossa volta, invisíveis, infi nitas, a espera

a alma da campanha”. Como é o seu processo de criação?

do momento ideal para se tornarem visíveis aos olhos cria-

Gui :: Depende muito do projeto, nem sempre o pro-

tivos de quem as procura - no lugar certo, na hora certa.

cesso é o mesmo, mas de forma geral, procuro dividir a

Wd :: Por outro, todo profissional já passou por mo-

criação em duas grandes partes: idéia e produção. O primeiro

mentos em que a criatividade parece ter ido embora. O

passo depois do briefi ng é pesquisar todo tipo de material,

que você faz quando ocorre a temerosa “travada” no mo-

informações e referências para o projeto. A partir daí, po-

mento da criação?

demos começar o brainstorm e conceituar grandes idéias que

Gui :: A melhor coisa é não pensar. Dar uma parada, re-

comuniquem a mensagem de forma simples, extremamente

laxar, clarear os pensamentos, dar uma volta, conversar, ouvir

criativa e original.

música, enfim, qualquer coisa que tire seus pensamentos do

Uma vez identificada a melhor idéia, é a hora de pensar

projeto por um momento. Às vezes também pode ser uma

na melhor forma de se executar graficamente o conceito do

boa opção tentar pensar de forma totalmente diferente,

projeto. Nessa fase, é onde há espaço para muita experi-

abordar o projeto de um ângulo totalmente inverso, às vezes

mentação, com diversas linguagens visuais, tratamentos

ajuda a destravar, e pode ser um exercício criativo bacana.

gráfi cos, cores, testes de tipografi a etc. Uma vez defi nida a

Wd :: A teoria da Gestalt diz que a imagem ou o con-

linguagem gráfi ca ideal para o projeto, a fase fi nal é acom-

ceito só é assimilado por sua totalidade e não pelas partes

panhar a produção do trabalho e garantir que o resultado

que compõem este todo. Como essa teoria deve ser apli-

traduza exatamente o conceito que foi pensado lá no início

cada no design para web?

e que a execução do trabalho seja concluída de maneira impecável. Wd :: Ricardo Figueira, diretor de criação da Agência-

Teoria da Gestalt Termo intraduzível do alemão, que busca explicar a percepção

Click, diz que “o exercício da criatividade deve acontecer na

visual baseada na psicologia da forma. A teoria da gestalt

busca por referências em todos os lugares, mídias e, prin-

afirma que o cérebro só consegue perceber, decodificar e

cipalmente, na própria experiência de vida”. Que tipo de

assimilar uma imagem ou um conceito pela sua totalidade e

referências você busca para ter inspiração em seu trabalho?

X

não pelas partes separadas que formam este todo. Fonte: Curso Web para Designers

Gui :: Acho que é bem por aí mesmo, buscar inspiração em todo canto. Procuro observar tudo a minha volta como

Gui :: Acho que a base para qualquer projeto gráfi co,

se estivesse em uma janela, pois a cada segundo você acaba

não só para a web, mas para qualquer mídia, deve se basear

vendo algo interessante.

no todo e não somente por suas partes. É importante que

Muitas vezes, sem nem perceber, aquela imagem fi ca

qualquer trabalho tenha um conceito por trás, que comunique

gravada no subconsciente e, quando você menos espera, ela

de forma efi ciente a mensagem e, em sua execução, cada

aparece em forma de inspiração. Por isso, é importante não

parte, elemento e detalhe devem ter um propósito e contri-

se limitar a apenas observar outros trabalhos e referências, e

buir para a qualidade gráfica e conceitual do todo.

sim buscar fontes de inspiração nos lugares mais inesperados,

Wd :: Os especialistas apontam que a escolha das

porque é geralmente nessas situações que você vai encon-

cores em projeto gráfico deve ser feita com muito cuidado,

trar aquele pequeno detalhe que, de repente, através da sua

pois isso influencia diretamente na forma como o usuário


entrevista - Gui Borchert :: 25

vai interpretar os elementos na peça. Quais técnicas você

projetos maravilhosos saindo tanto do Brasil quanto de fora.

utiliza na hora de harmonizar as cores nos seus projetos?

O importante é nos livrarmos da noção “do que vem de fora

Gui :: É muito difícil defi nir de forma exata o processo

é bom”, e olharmos para dentro da nossa cultura, ver que

da seleção de cores. Varia muito de projeto para projeto. Às

temos muita bagagem para criar trabalhos originais e exce-

vezes, as cores já vêm definidas pelo cliente; outras vezes, as

lentes em nível internacional, tão bons ou até melhores do

cores vêm de forma natural com a inspiração e as idéias; em

que outros vindos de qualquer outro lugar do planeta.

outros casos, as cores são justamente o aspecto principal de

Ainda há uma certa diferença de mentalidade e é claro

uma idéia. O importante é que a escolha de cores seja ideal

que tecnologicamente ainda não estamos no auge do desen-

ao conceito e composição gráfica do projeto.

volvimento, além do fato de mercados mais desenvolvidos

Wd :: A Print Magazine, de março/abril de 2006,

fi nanceiramente permitirem projetos mais ambiciosos, mas

elegeu você como um dos 20 “New Visual Artists”, sendo

quando focamos na produção criativa e habilidade técnica,

o único brasileiro da lista. Além do prêmio da Print, você

não ficamos devendo nada a ninguém.

coleciona Cyber Lions, em Cannes. Quais são as principais realizações já alcançadas em sua carreira e como elas ajudaram no seu crescimento profissional?

Wd :: Você tem planos de voltar a trabalhar no Brasil? Quais são suas metas para o futuro? Gui :: É difícil dizer agora. No momento, estou muito

Gui :: A importância é justamente o reconhecimento do

feliz aqui, mas é claro que voltar ao meu país é algo que está

trabalho e uma recompensa por todo o esforço dedicado a

sempre na minha cabeça e para acontecer tem que ser na

um projeto. Acho que é uma forma de devolver ao profissional

hora certa. Quanto ao futuro, a minha idéia é cada vez mais

toda a energia colocada em um projeto.

expandir meus horizontes criativos, aprender algo novo todos

No meu segundo ano aqui, ganhei o prêmio interno de

os dias, criar design e campanhas onipresentes. Aprofundar-

excelência, que é indicado por toda a agência, o que foi muito

me tanto no universo criativo conceitual, assim como na arte

gratifi cante para mim. Saber que você deixou uma boa im-

visual e teórica do design, tipografia e linguagens gráficas.

pressão entre as pessoas com quem já trabalhou, e que seu

Além disso, tenho muita vontade de dar aula no futuro. É

trabalho serve como inspiração para outros profi ssionais, é

uma ótima maneira de dividir um pouco da minha experiência

uma sensação realmente muito boa, que às vezes vale até

com outros estudantes, além de ser uma forma de se manter

mais do que um prêmio mais conceituado.

a conexão com a comunidade de design.

Wd :: Você acompanha a produção de design para web

Wd :: Para quem pretende investir na carreira de

no Brasil? Em termos de qualidade (design, originalidade,

diretor de arte, quais dicas você daria para esse profis-

tecnologia etc.), como você analisa os projetos nacionais

sional?

versus internacionais?

Gui :: Acima de tudo ter muita garra e perseverança.

Gui :: Tento acompanhar sempre. O Brasil exporta muita

Correr atrás e acreditar nos seus sonhos. Saber falar e ouvir. Es-

criatividade, além de servir como fonte de inspiração para

tudar muito a parte teórica, cultivar uma boa memória gráfica,

muita coisa que é feita internacionalmente. Mais do que

absorver muita cultura geral e saber expressar suas idéias ver-

nunca está se reconhecendo o poder criativo dos brasileiros

balmente e visualmente, estar em constante evolução, sempre

e a riqueza da nossa cultura.

buscando aprender algo novo a cada minuto.

Acho essa uma comparação muito complicada. Existem

focam “O que não recomendo tanto são os cursos muito técnicos, que ínio das apenas no aprendizado de software, pois acho que acima do dom ral” ferramentas deve estar o conhecimento teórico, visual e cultu




28 :: Coleção Brasil Design - vol.1

Portfólio Um aperitivo das cores e dos traços que compõem o trabalho de Gui Borchert


portfólio :: 29

Nikelab - Design by Nature Agência R/GA “O briefing era criar uma experiência para contar a história da linha de tênis Nike Free, desenvolvida com o objetivo de fortalecer os músculos dos pés, recriando na sola seus movimentos naturais. A idéia principal foi criar um ambiente totalmente inspirado pela natureza, para mostrar um paralelo entre a tecnologia e a inspiração originária da natureza. Para a criação de cada cenário, eu tirei por volta de 150 fotografias, além de coletar um pacote cheio de plantas, folhas secas, flores e galhos (todas do chão, nenhuma planta foi danificada no projeto). O resultado final foi uma experiência interativa com cores vibrantes em um ambiente surrealista, mesclando tecnologia e natureza, onde foram inseridos os produtos, como se cada tênis fizesse parte naturalmente de cada cena. Depois de montados os cenários, foram adicionados dezenas de detalhes inspirados na natureza e as animações deram vida a experiência. A tipografia foi inspirada em livros de contos encantados, para dar ênfase a idéia surrealista de um jardim encantado, assim como as cores e elementos orgânicos inseridos em cada cena.”


30 :: Coleção Brasil Design - vol.1

Nikelab Vapor Series Print Ads Agência R/GA e Wieden + Kennedy “A idéia da linha de produtos chamada de Vapor era simples: velocidade. O conceito foi inserir cada produto em um espaço criado apenas por partículas de vapor e, em apenas uma imagem estática, comunicar a idéia de que cada produto estaria viajando em velocidades absurdamente rápidas. O grande desafio foi como mostrar o vapor de forma visível e interessante. O resultado foi uma série de propagandas impressas que capturam o momento em que o produto entra em contato com cada partícula de vapor e as energias, transformando-as em uma trilha de luz em sua trajetória de vôo.”


negociação :: 31

NYC2012 Olympic Bid Identity Agência R/GA e Sagmeister Inc.

“Com a candidatura de Nova Iorque para sediar as Olimpíadas de 2012, diversas agências foram convidadas a submeter idéias de logo para o projeto, entre elas a R/GA em parceria com Stefan Sagmeister. Baseados no conceito inicial - a Estátua da Liberdade correndo com a tocha - desenvolvi uma série de variações gráficas para a identidade visual, buscando inspiração nos gráficos de rua de NY, no projeto de mapa da vila olímpica em X, as famosas iniciais de NYC, as cores da estátua e iconografias clássicas de olimpíadas passadas.”


32 :: Coleção Brasil Design - vol.1

Trajetória

1998

1999 - 2001

2001

“Entrei na UFRJ, onde comecei

“Estagiei em alguns escritórios

“Fundei, com o Jonas Kühner, o eyepunch.

a estudar design pela primeira

(Mzine, BRQ), depois full-time em

com, uma comunidade de design em por-

vez. Estudei projeto de produto, algumas agências start-up (Trails,

tuguês feita por brasileiros para brasileiros,

mas acabei me interessando

Made), ainda na faculdade, o que

que até hoje tem uma forte participação na

muito mais por design gráfico

por um lado me deu mais expe-

cena de design local. Criei também o Gworka,

e comecei a trabalhar na área

riência desde cedo, mas também

um playground pessoal de pixel art que, na

desde o terceiro período da

diminuiu meu ritmo na faculdade um

época, teve um reconhecimento bem legal e

faculdade.”

pouco, o que me levou a me formar

foi bem recebido tanto no Brasil quanto inter-

um pouco mais tarde do previsto.

nacionalmente. Desde então, sempre mantive

Desde cedo comecei a tocar meus

alguns projetos pessoais no ar como forma

projetos pessoais, como forma

de não só mostrar um pouco do meu traba-

de manter a criatividade rolando

lho on-line, mas também exercitar design de

mesmo que, no trabalho, os proje-

forma mais artística sem as restrições normais

tos não estivessem tão divertidos,

de um projeto. Experimentos visuais são sem-

como às vezes acontecia.”

pre bons exercícios de design.”


trajetória :: 33

2002

2003 aos dias atuais

“Trabalhei também em algumas ponto-com

“Mudei-me para Nova Iorque para fazer mestrado em design

(Elefante e Investshop / Banco1.net), o que

(“Design & Technology, Parsons School of Design” e “Communica-

foi interessante para sentir um pouco o ritmo

tions Design, Pratt Institute”), mas antes mesmo de começar acabei

e a experiência diretamente com o cliente. O

sendo chamado para a R/GA onde estou até hoje. Desde então,

resultado dessa variedade foi a diversidade de

venho trabalhando como diretor de arte na conta da Nike, liderando

experiências, desde projetos mais criativos e

projetos como o nikelab.com e nikerunning.com, além de outros

conceituais até trabalhos mais funcionais com

projetos na agência. Acho que um dos momentos mais marcantes

foco em usabilidade. Também nessa época

da minha carreira foi a minha vinda para NY e o reconhecimento

lancei meu projeto de arte digital chamado

que o meu trabalho vem recebendo nesses últimos anos. Para mim

“Among the Monkeys”, como forma de mes-

isso foi muito importante, pois grandes mudanças sempre repre-

clar um pouco de arte com design. Neste ano,

sentam grandes riscos e neste caso foi um risco que certamente

fui o primeiro designer convidado para a MTV

está valendo a pena. Como todos sabem, o início da carreira para

Brasil para criar uma splash page para o site,

profissionais jovens em geral não é fácil, surgem sempre dificulda-

parceria depois repetida em 2004, aqui em NY,

des. Você, às vezes, acaba tendo que lidar com pessoas e situações

com a MTV americana para o site da MTV2.”

que te colocam para baixo, e muitas vezes escuta o que não deveria escutar. Mas isso tudo faz parte, porque no final você cresce com as dificuldades, corre atrás, e quando começa a colher os frutos da sua dedicação, vê que valeu mesmo a pena, e muito.”


34 :: Coleção Brasil Design - vol.1

Dia-a-dia Organização e rotina no trabalho

Cuidando da saúde

“Meus dias variam muito. Em alguns, tenho

“Procuro me organizar de forma que eu tenha

várias reuniões; outros menos, depende muito da

um dia produtivo, mas que sobre tempo para me des-

semana e da fase do projeto. O tipo de trabalho que

ligar um pouco do trabalho e descansar um pouco.

eu faço também varia de acordo com o projeto. Às

Acho essencial tomar um certo cuidado com a saúde,

vezes estamos em reuniões de brainstorm, outras

porque se o seu corpo está bem, sua cabeça tam-

vezes esboçando idéias no papel, explorando tes-

bém vai funcionar muito melhor. Corro três vezes por

tes visuais no scanner, trabalhando na produção do

semana e visto a camisa 10 no time de futebol, duas

design no computador etc.”

vezes por semana, que a gente montou aqui, o que é uma ótima forma de se desligar do computador e esquecer um pouco a correria do dia-a-dia.”


dia-a-dia :: 35

Museus e exposições para buscar inspiração “Nos finais de semana, trabalho um pouco em meus projetos pessoais e produção artística mais experimental. Costumo também visitar exposições interessantes que estão sempre rolando por aqui (Nova Iorque), encontrar os amigos, viajar e dormir bastante, para compensar o ritmo frenético de algumas semanas que de vez em quando a gente tem que encarar.”


36 :: Coleção Brasil Design - vol.1

Participação dos assinantes Em termos de qualidade (design, originalidade, tecnologia etc.), como você analisa a relação entre a produção web no Brasil e no mercado exterior?

Alvaro Coutinho ac_mhs@hotmail.com

O Brasil evoluiu muito nos últimos quatro anos e conta com um fator bastante favorável - a criatividade - para continuar crescendo. Todavia, a maior disponibilidade em termos de formação e acessibilidade a recursos tecnológicos de ponta

or venced

!

ainda fazem com que os mercados europeu e norte-americano mantenham a supremacia.

Marcelo Ariatti marcelo_ariatti@hotmail.com

No Brasil, a produção web atinge um nível muito alto no que diz respeito ao design. Temos criatividade e originalidade incomparáveis, que não vemos na produção exterior. Em tecnologia, acredito que ainda estamos um pouco atrasados e meio que acomodados. Vale ressaltar o não investimento na produção web para dispositivos móveis que está em crescente abrangência.

Samira Bittar olhosespanhois@hotmail.com

É complicado falar disso, pois aqui no Brasil temos muitos sites tão bons quantos os de fora, em todos os aspectos. O que nos difere do mercado externo seria a brincadeira que todo o bom brasileiro gosta de fazer com sua própria vida transformando-a em arte on-line.

Ailton Henriques ailton.lead@hotmail.com

A produção na web brasileira é bastante criativa, mas o mercado de trabalho no exterior é maior e tem melhores oportunidades, mas acredito que em pouco tempo o mercado brasileiro irá se ampliar e melhorar sua tecnologia ajudando a todos do ramo.

Marcio Toledo mntoledo@gmail.com

O Brasil tem a mesma qualidade que o mercado exterior. Trabalhos muito criativos, originais, com ótimo acabamento gráfico, animações etc. Usamos as mesmas tecnologias que o mundo usa. Na minha opinião, o que falta aqui ainda é um investimento maior e constante por parte dos clientes. E não deixar a sobra da verba de publicidade para fazer web.

Se você é assinante, participe desta seção pelo site www.arteccom.com.br/webdesign/clube



38 :: debate - e-mail marketing vs. spam

. SP AM

Para se ter uma idéia, somente nos três primeiros meses de 2006, o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br) já recebeu mais de 800 mil reclamações envolvendo a prática de envio de mensagens comerciais não solicitadas (spam). Diante desse cenário, o e-mail marke-

E-M

AIL

MA

RK

ETI

NG

uma ferramenta ideal de divulgação?

VS

ting ainda pode ser considerado como


debate - e-mail marketing vs. spam :: 39

“De acordo com um estudo realizado pelo Comitê Gestor da Internet no ano passado, o principal motivo de acesso à internet no Brasil é o e-mail. Esse resultado já seria suficiente para explicar a razão pela qual o e-mail marketing continua sendo cada vez mais adotado pelas empresas como ferramenta de comunicação. Além disso, o e-mail marketing proporciona diversos benefícios para as empresas que o utilizam: possibilita segmentação no envio, personalização na mensagem e permite uma abordagem mais pró-ativa perante o cliente (indo em busca dele, em vez de esperá-lo). Quando comparado com a mais tradicional forma de marketing direto, a mala direta postal, o e-mail marketing destaca-se por ser prático de executar, rápido de atingir o seu destino, bem como oferece um custo mais baixo e permite uma grande riqueza na mensuração de resultados. Entretanto, devido ao crescimento do volume de spam, o grande desafio das empresas de e-mail marketing agora é a ‘entregabilidade’ (tradução livre de deliverability). Em outras palavras, garantir que uma mensagem legítima chegue ao seu destinatário sem ser interceptada como spam - os chamados falsos positivos. Enfim, separar o joio do trigo. A palavra-chave desse desafio é cooperação: o governo deve cooperar através de ações legais; os provedores através de medidas técnicas; as empresas de e-mail marketing fornecendo aos seus clientes as orientações e as melhores práticas de mercado; e os usuários seguindo todos esses princípios.”

“O grande desafio das empresas é garantir que uma mensagem legítima :: Murilo Gun Gerente de produtos da Cartello (www.cartello.com.br)

chegue ao seu destinatário sem ser interceptada como spam”


40 :: debate - e-mail marketing vs. spam

“Respeite o seu cliente, dê a ele a opção de não receber mais o seu conteúdo” “Acredito que sim. Agora, o desafio é como se diferenciar

como por exemplo, a freqüência que eles desejam receber

do spam. Você consegue atingir esse objetivo enviando

sua mensagem: diariamente, semanalmente ou mensalmente.

conteúdo relevante ao interesse do seu potencial cliente. Para

Respeite o seu cliente, dê a ele a opção de não receber mais

isso, entenda os desejos e as expectativas dele.

o seu conteúdo. Com esse pensamento, você já vai estar se

Uma ferramenta de data mining não é acessível a todos. Entretanto, recomendo aos que não tem verba para

diferenciando do spam e manterá essa ferramenta útil para sua empresa.”

tal investimento, instalarem um filtro inicial de interesse, Data mining

X

Um conjunto de técnicas que buscam a aquisição de novos conhecimentos através da análise de grandes bases de dados.

:: Tiê Lima

Fonte: wikipédia (http://tinyurl.com/ev5nb)

Coordenador de criação do Shoptime.com (www.shoptime.com)

“Só lêem spam e vêem folheto de Mãe de Santo que traz a pessoa amada em três dias, na rua, quem

dos clientes, seu público-alvo, o target da campanha e, se possível, o budget disponível.

quer. Acredito que não existe uma ferramenta ideal para

Uma campanha de e-mail marketing pode se encaixar

divulgação de produtos e/ou serviços. Cada caso é um

perfeitamente bem em uma determinada situação, mas,

caso e devemos analisar as verdadeiras necessidades

quanto à ferramenta ideal, tenho minhas dúvidas. Devemos dominar as várias opções de se fazer marketing na internet, para orientarmos o cliente sobre a melhor opção para o momento, produto, ou serviço específico. Já tive, em um mesmo cliente, momentos em que usei e-mail marketing; em outros, optei por trabalhar com hotsites para determinados produtos (casos em que o hotsite trouxe mais resultado do que o e-mail marketing); em outras situações, um simples banner foi suficiente para atingir os objetivos desse cliente.”

“Devemos analisar as verdadeiras necessidades dos clientes, seu público-alvo, o target da campanha e, se possível, o budget disponível"

::Gustavo Loureiro Sócio e diretor de marketing da Stage3 - Soluções Digitais (www. stage3.com.br)


“O desenvolvimento de um e-mail marketing criativo pode se tornar até uma ferramenta de marketing viral” “O e-mail marketing, se usado de forma inteligente, pode ser considerado uma boa ferramenta de divulgação. Porém, o que acontece na realidade é que, embora exista até um código de ética - regulamentado pela Associação Brasileira de Marketing Direto (ABEMD) - do uso desse recurso, algumas empresas não sabem como utilizá-lo. Graças a esses maus exemplos, o e-mail marketing é confundido, muitas vezes, com o spam. Com o crescimento acelerado da comunicação na internet, as grandes empresas perceberam que a força do e-mail marketing é o chamado opt-in. Esse recurso permite à empresa falar diretamente com pessoas interessadas em seu negócio e que autorizaram o envio das mensagens. Essa autorização garante ao usuário privacidade das suas informações e, ao empreendedor, um leque de informações sobre o cliente, segmentando e possibilitando a personalização do produto que será entregue na comunicação. O resultado dessa prática é inversamente proporcional à dos spams. Os índices de leitura são mais altos, o canal entre a empresa e o consumidor se encurta, otimizando o atendimento e garantindo, no fim, a qualidade da comunicação. Outro detalhe importante é que a partir do momento que o cliente não se interessa mais por aquela comunicação, ele pode cancelar o recebimento da mesma (opt-out). Por fim, é fundamental que a empresa entenda que o desenvolvimento de um e-mail marketing criativo pode se tornar até uma ferramenta de marketing viral.”

::Zero Coccorese Designer da equipe de esportes da Globo.com (www.diretoriozero.com)


42 :: e-mais - incubadoras

O despertar

do empreendedorismo Pode não parecer, mas a representatividade das micro, pequenas e médias empresas para a sobrevivência da

mente ativa, além de contribuir com 21% do Produto Interno Bruto (PIB).

economia brasileira é fundamental. Nada melhor do que

Porém, o mesmo SEBRAE nos traz uma notícia preocu-

recorrermos a estudos técnicos para comprovar tal afirma-

pante: 56% das pequenas e médias empresas fecham suas

ção. Por exemplo: o SEBRAE aponta que este segmento

portas antes de completar três anos de vida. Então, como

representa mais de 90% das empresas existentes no país,

reverter esse quadro? As palavras da salvação chamam-se

gerando empregos para 60% da população economica-

incubadoras de empresas.


e-mais - incubadoras :: 43

“Segundo dados da Anprotec (Associação Nacional

em operação, sendo boa parte voltada para o incentivo

de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

do segmento tecnológico (40%). A maior parte delas está

- www.anprotec.org.br), as incubadoras conseguem inver-

constituída no Sul (123) e Sudeste (120).

ter estas estatísticas para 90% de taxa de sobrevivência, através da criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento de negócios com infra-estrutura e serviços especializados de alto valor agregado”, afirma Eiran Simis, gerente de operação da incubação do C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife - www.cesar.org.br). “A NBIA (National Business Incubator Association) nos mostra que a taxa média de sobrevivência das empresas que passam por incubadoras é de 85% (número similar ao da Anprotec no Brasil). Isto mostra que a função das incubadoras é difundir sua metodologia pelo país para ajudar a

Como se habilitar Você tem planos de abrir uma agência especializada no desenvolvimento de projetos de internet, mas procura apoio para colocar suas idéias em prática? Pois bem, a dica é ficar atento ao lançamento de editais por parte das incubadoras. “Normalmente, para participar, não é necessário entregar um plano de negócio completo, mas sim um sumário executivo do projeto. Caso a empresa seja selecionada nessa fase, as incubadoras oferecem um curso de ‘como fazer um plano de negócios’ para então selecionar as empresas”, orienta Marcus Andrade, do Endeavor.

melhorar o índice do SEBRAE”, completa José Alberto Aranha, coordenador do Instituto Gênesis da PUC-Rio (www.

Modelo de sumário

genesis.puc-rio.br).

O C.E.S.A.R. disponibiliza em seu site um modelo de sumário

X

executivo. Faça download em http://tinyurl.com/zwx8z.

O que são incubadoras? Incentivo a difusão do conhecimento e ao empreende-

Além dos editais de seleção, Eiran Simis, do

dorismo. Essas duas palavras podem resumir bem o espí-

C.E.S.A.R., diz que as incubadoras também costumam se-

rito que envolve as incubadoras de empresas. “Elas foram

lecionar projetos por demanda contínua. “Neste modelo,

criadas com o objetivo de apoiar novos empreendimentos

são recebidas, a qualquer tempo, propostas de incubação.

e projetos inovadores. Esse conceito, conforme o entende-

As incubadoras não fazem milagres, elas verificam antes se

mos hoje, surgiu no século XX, já nos anos 80, nos Estados

o negócio tem um mínimo de viabilidade econômica e se o

Unidos. As primeiras experiências, no entanto, apareceram

time é capaz de desenvolvê-lo”.

com os chamados ‘habitats de inovação’, que desde 1938 se instalaram, sobretudo na região do Vale do Silício”, conta Marcus Andrade, gerente de busca e seleção de empreendedores do Instituto Empreender Endeavor. Outro papel importante dessas organizações envolve os recursos disponibilizados para a montagem de um negócio. “Os recursos disponíveis são humanos, de infra-estrutura e, em algumas incubadoras, de materiais e laboratórios. As incubadoras não devem proporcionar recursos financeiros e de negócios. Estes itens devem ser conseguidos pelo próprio empreendedor. Nestes casos, a incubadora pode ajudá-los a conseguir”, relata Aranha, do Instituto Gênesis. E para se ter uma idéia de como esse modelo vem se consolidando no Brasil, o estudo “Panorama 2005”, realizado pela Anprotec, revela que já temos 339 incubadoras

Filhos das incubadoras: casos de sucesso Para os céticos que ainda custam a acreditar no valor das incubadoras para quem pretende iniciar um empreendimento no mercado web, a revista Webdesign já publicou dois exemplos concretos deste cenário: estamos falando das agências Made Internet Services, graduada pelo Instituto Gênesis da PUC-Rio, e a A2C, fruto da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica Softville (www.softville.org.br). “O Gênesis teve uma participação enorme na formação da Made, mesmo antes de sermos aprovados no Edital, pois aprendemos a fazer plano de negócios, planejamento de recursos, práticas de vendas e investimentos já no processo de capacitação para participação do Edital, através das aulas de empreendedorismo e consultorias enquanto estávamos no modelo de empresa satélite”, diz Bruno Pache-


44 :: e-mais - incubadoras

co, diretor da Made. “A Softville nos proporcionou um local com toda a infra-estrutura que precisávamos a baixo custo (espaço, banda larga, salas de reuniões e auditório etc.”,

Você sabe qual é a função das incubadoras de empresas? total de votos: 296

afirma Anderson de Andrade, sócio-fundador da A2C. Diante da experiência vivida pela Made, Bruno arrisca dizer que a função das incubadoras pode ser comparada ao apoio dado pelos pais na formação de seus filhos. “Para qualquer decisão ou iniciativa que precisássemos, em qual-

Sim - 50% Não - 50% acesse e participe! www.arteccom.com.br/webdesign

quer área, tínhamos o suporte e assessoria do Instituto. Dessa forma, fomos aprendendo e montando nossa própria

endedora. Aos quatro, meu pai sofreu acidente grave de

estrutura, espelhados nessa experiência e formando os nú-

carro e perdemos tudo. Poucos anos depois, estávamos

cleos necessários independentes. Assim como os pais têm

na maior pindaíba. Comecei a vender tudo que tinha: re-

enorme participação na formação dos filhos (seja em prin-

vistinha, brinquedos usados etc. E conforme o tempo pas-

cípios ou saúde), o Gênesis teve na formação da agência,

sava, ia melhorando, tentando outras coisas. Para incurtar

até que tivéssemos uma estrutura sólida e uma operação

a história, consegui me formar e mantinha empregos para

saudável o suficiente para andarmos com os próprios pés

sustentar iniciativas empreendedoras.

e sermos graduados pelo Instituto”.

“Empreendedor que se preza, não desiste fácil” Fruto da extinta Invent, espécie de incubadora criada pelo fundo de investimento IP.Com, o portal Comuniquese (www.comuniquese.com.br) se consolida hoje como o principal portal do segmento de comunicação no Brasil. Bate-papo: Rodrigo Azevedo, presidente do portal Comunique-se Wd :: Como surgiu o Comunique-se.com? Rodrigo :: Desde muito cedo tinha vocação empre-

Lá pelas tantas, estava trabalhando no Jornal do Brasil, como Analista de Sistemas, das 14h às 23h. Pela manhã, ficava em meu BBS (sistema que antecedeu à internet). No JB, entendi como funcionava a imprensa e depois fui para uma agência de comunicação grande do Rio. E lá aprendi como funcionava uma agência e observei uma oportunidade: um mercado que crescia mais de 30% ao ano, movimentando mais de US$ 15 bilhões no mundo e que no Brasil, não era explorado. Assim, veio a idéia de criar uma empresa de serviços on-line para o mercado de comunicação corporativa. Os produtos nasceram de problemas do dia-a-dia dos pro-

Erros mais comuns cometidos pelos empreendedores

fissionais da área. Logo depois, surgiu a segunda idéia: criar um portal e formar uma comunidade de jornalistas brasileiros. A idéia era ter um ambiente propício para co-

- Montar um negócio sem planejar, ter um plano, uma estratégia;

municação entre empresas e imprensa. E nasceu então o

- Deficiências para definir o modelo de negócios;

Portal Comunique-se. Hoje, com 700 mil visitantes únicos

- Achar que apenas conhecimento técnico é garantia de

por mês, 12 mil blogs de jornalistas e 15 milhões de pági-

sucesso do negócio;

nas visitadas por mês, é uma unanimidade no meio.

- Dificuldades para encontrar parceiros e sócios; - Querer entrar em um negócio sem ter uma oportunidade de negócios; - Falta de habilidades gerenciais e administrativas. Fontes: Aranha (Instituto Gênesis), Eiran (C.E.S.A.R.) e Marcus (Endeavor)


e-mais - incubadoras :: 45

Graças ao portal, os produtos que vendemos dão mais resultados. Por exemplo: ao invés de vender apenas uma ferramenta para coletivas on-line, possibilitamos também a divulgação da coletiva dentro do portal, o que aumenta

Benefícios proporcionados pelas incubadoras na prática: caso Made - Credibilidade “Mesmo a empresa sendo nova e formada por jovens

exponencialmente os resultados, pois a coletiva passa a ter

de 22 anos, a ‘chancela’ da PUC garantia ao cliente

mais audiência. Em outras palavras, juntamos a ferramenta

uma tranqüilidade em relação à qualidade dos serviços

com a audiência e criamos uma solução. O legal disso tudo é que fizemos isso sem competir

prestados.” - Clientes e novos negócios “Muitos de nossos clientes não procuravam a Made. No

com as agências, pois são elas que continuam cuidando de

início, nem sabiam que existíamos, claro; eles procuravam

toda a estratégia do cliente, redação de textos, contato

o Instituto Gênesis demandando serviços em diversos

pessoal com a imprensa etc. O Comunique-se é complementar e torna o trabalho das agências melhor. Wd :: De que forma as incubadoras podem ajudar na formação de uma empresa? Rodrigo :: Os empreendedores jovens, com pouco preparo ou tino para negócios, encontrarão em incubado-

segmentos. Éramos indicados e o trabalho de angariar e fechar negócios se tornava mais fácil. Isso fez com que o investimento em marketing e vendas fosse mínimo no início. Então, a incubadora permite que uma empresa se lance no mercado sem um investimento inicial alto, o que seria impossível em outro cenário.” - Estrutura compartilhada “A incubadora colocava à disposição das empresas

ras um suporte essencial, pois geralmente elas auxiliam

uma estrutura de assessorias que eram compartilhadas.

nas questões de gestão, processos, administração, con-

Tínhamos assessoria jurídica, de imprensa, de comunicação

tabilidade etc. Além disso, as incubadoras podem prover um bom canal de relacionamentos, o que auxilia na venda

e marketing. Isto é, éramos uma empresa recém-formada, sem nenhum dinheiro para investir nem contratar pessoal, mas com uma estrutura completa. Além disso, também

dos produtos aos primeiros clientes. Fora, claro, o fato de

compartilhávamos a estrutura física do prédio, como

as incubadoras comumente oferecerem a estrutura inicial

auditório, sala de reunião, recepcionista etc.”

para iniciar o negócio. Wd :: É difícil ser empreendedor no Brasil, principal-

Fonte: Bruno Pacheco (Made)

mente no segmento de internet? Rodrigo :: Sim, em todos os segmentos. Mas, apesar disso, o Brasil é apontado com um dos países mais empreendedores do mundo. Veja, não é fácil ser empreendedor com a carga tributária que temos. Veja mais essa: vivemos a era do serviço. As empresas novas, na maior parte, são prestadoras de serviços e, como tais, geralmente não possuem muitos ativos, pois em serviços o maior ativo são as pessoas. E se você precisa de financiamento para crescer, os bancos pedem as famosas “garantias”. Sendo que você não tem garantias suficientes para dar. Olhe o caso do Comunique-se: temos escritório no Rio de Janeiro e em São Paulo, 50 funcionários. Não temos ativos imobilizados valiosos, como uma planta de fábrica, para dar como garantia. O nosso maior ativo é intangível: são sistemas, marca, clientes etc. Tente conversar com o BNDES e falar que você tem um negócio inovador, que

cresce em média 89% ao ano, que gera emprego e que você precisa de R$ 5 milhões para poder crescer e gerar ainda mais emprego. Diga que as garantias que você têm são, na maioria, virtuais... Eles vão rir de você. Mas empreendedor que se preza, não desiste fácil. Eu não desisti e estamos aí. Fomos selecionados agora, em 2006, como empreendedores Endeavor, dentro de um processo seletivo que envolveu quase 400 empresas. Em 2005, vencemos o prêmio “Empreendedores do Novo Brasil”, promovido pela Você SA. Este ano, começamos contratando várias pessoas novas, lançando novos produtos e estamos para lançar uma nova empresa. Enfim, é difícil para burro - mas se eu consegui, começando sem um tostão no bolso, outros também vão conseguir.


46 :: estudo de caso - IDG NOW

Software livre turbinando a participação dos leitores

Imagine o desafio de manter atualizado um espaço virtual que reúne, mensalmente, mais de 750 mil usuários? A tarefa faz parte do cotidiano dos profissionais do IDG Now! (www.idgnow.com.br). Para se ter uma idéia, o ritmo de atualizações do site envolve, ao longo de um dia, a publicação de mais de 20 notícias, voltadas exclusivamente para o segmento de tecnologia. No início de março, o portal apresentou um novo desenho. Dentre as principais novidades, destaque para .

a troca da tecnologia proprietária ASP (Active Server Pages) pelo sistema de código-fonte aberto

Reunimos parte da equipe do IDG, Ralphe Manzoni Jr. (editor executivo), Flavio Remontti (webdesigner sênior), Rodrigo Leme (gerente on-line) e Paulo Amaral (diretor on-line), para entendermos os motivos das mudanças. Plone É um sistema de gerenciamento de conteúdo (CMS - Content Management System). Foi escrito em Python, uma linguagem de programação livre, roda sobre o servidor de aplicações Zope e sobre o framework CMF (Content Management Framework). Fonte: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Plone)

X


estudo de caso - IDG NOW:: 47

Wd :: A Web 2.0 é um conceito muito utilizado lá

de tecnologia, estão atentos ao que publicamos, dando-nos

fora e que começa a seduzir profissionais e empresas no

dicas de sites, produtos e, em alguns casos, nos ajudando

Brasil. Como o IDG Brasil interpreta este novo conceito

em furos de reportagens. Wd :: Comparando o projeto gráfico da nova versão

e como ele foi aplicado na reestruturação do site IDG

do portal com a antiga (http://tinyurl.com/o6ovv),

Now? R a l p h e : : Web 2.0 é a próxima fase da internet.

percebemos uma divisão mais clara dos elementos do

Resumindo: a Web 1.0 era comércio, a 2.0 são as pessoas.

site, o deslocamento das últimas notícias para o lado

A nova versão do IDG Now! está abrindo espaço para a

esquerdo, o aumento do tamanho das fontes dos títulos

participação de seus leitores, dispondo de conteúdos mais

das notícias, a criação de uma nova logo e de blogs e o

interativos.

uso de cores mais amenas. Podemos considerar estas as principais modificações feitas no redesenho do portal?

IDG Now!

X

Fundado em julho de 1997, é pioneiro na divulgação de notícias do setor de tecnologia da informação e comunicações no Brasil. Conta com equipe local de jornalistas especializados, mais apoio da rede de correspondentes do International Data Group (IDG)

Flavio :: Fizemos várias alterações, todas elas com o objetivo de facilitar a navegação e priorizar nosso principal conteúdo: as notícias. Vejamos as que consideramos mais relevantes: 1) Barra de navegação horizontal, que mostra as

em 86 países.

seções principais e as subseções; 2) Maior espaço para as notícias, que são o foco do

Por exemplo: lançamos três blogs (“Deep in Tech”, para usuários experientes em tecnologia; “Glog”, sobre gadgets; e “Blog dos Blogs”, para avaliar o que está por trás dos blogs). Cada vez mais vamos abrir canais de interação com os leitores. Em breve, as notícias poderão ser comentadas e estamos avaliando a criação de fóruns. Wd :: Completando o tema Web 2.0, muito de sua força está no fato de aumentar a participação do usuário na evolução de um site. Qual o perfil do usuário que acessa o IDG Now e que tipo de influências ele exerce na administração e atualização do novo site? Ralphe :: O perfil é de leitores com idade de 20 a 39 anos. Mais de 80% deles trabalham com tecnologia. E a renda, de mais de 50%, é superior a R$ 3 mil. Quanto à influência, muitas de nossas reportagens são feitas a partir de sugestões de nossos leitores. Eles, como consumidores

site; 3) Novos espaços para serviços editoriais e de parceiros comerciais, o que deu muita flexibilidade para o projeto; 4) Como o foco está nas notícias, o uso de cor mais amena favorece a leitura; 5) A mudança editorial e de design foi tão grande que sentimos a necessidade de criar um novo logotipo. Wd :: Hoje, usar os padrões web (www.webstandards.org) é considerado ponto fundamental no desenvolvimento de sites. Como eles foram inseridos no projeto do novo portal? Rodrigo :: O IDG Now! antigo utilizava o modelo de tabelas, que decidimos abolir na versão 2006. Como vários sites de notícias, ainda não estamos 100% de acordo


48 :: estudo de caso - IDG NOW

eleitas pela nossa equipe. A partir de sugestões diversas e muitos ajustes, a versão 2006 nasceu entre os dias 6 e 7 de março. Já temos novidades preparadas para os próximos meses e vamos continuar ouvindo nossos leitores para incrementar o projeto de forma permanente. Wd :: Segundo dados oficiais, o site conta com mais de 750 mil visitantes únicos por mês. Quais critérios devem ser adotados na hora de se escolher um provedor para hospedagem de um site? E quais riscos e prejuízos a indisponibilidade de acesso pode trazer para quem mantém um portal de notícias? Rodrigo :: É fundamental checar questões como com padrões do W3C (World Wide Web Consortium). Mas estamos sempre revisitando a padronização da web para servirmos da melhor forma possível todos os browsers e plataformas utilizados por nossos usuários. Esse é um trabalho e uma preocupação constante em nosso dia-a-dia. Wd :: Falando em gerenciamento de conteúdo, vocês migraram para o sistema Plone. Foi abandonada por completo a utilização do ASP? Por que a mudança e quais são as vantagens do Plone dentro do ambiente de um portal de notícias? Rodrigo :: O Plone é um ambiente aberto que nos o f e re c e t o t a l f l e x i b i l i d a d e d e c u s t o m i z a ç ã o p a r a a s necessidades e os desafios propostos pela empresa. Com uma equipe de desenvolvimento de tecnologia interna, podemos ter habilidade de construir novos produtos e serviços de forma rápida e produtiva. Ralphe :: Sim, abandonamos o ASP. Os motivos são as vantagens do Plone, citadas pelo Rodrigo. Além deles, posso acrescentar os custos de licenciamento de software. Wd :: Quanto tempo vocês levaram para fazer a migração para o novo sistema? Paulo :: Começamos a rascunhar o plano do IDG Now! em outubro do ano passado, com discussões editoriais, de design e tecnológicas. Ele foi finalizado em dezembro e iniciamos a produção do site em meados de janeiro de 2006. Em fevereiro, a versão beta começou a ser testada por usuários selecionados randomicamente entre a nossa audiência e por algumas pessoas do mercado de tecnologia,

segurança, cases do provedor, serviços agregados, expertise da equipe de apoio ao cliente, disponibilidade de banda e, também, o custo versus benefício do provedor. Hoje, nós utilizamos a DH&C (www.dedalus.com.br). Ralphe :: O risco da indisponibilidade é o mesmo de um jornal tradicional não conseguir entregar o seu produto toda manhã para o seu assinante. Wd :: Em divulgação, ficamos sabendo que “o IDG Brasil utiliza a ferramenta OAS (Open Adstream), da RealMedia, voltada para o gerenciamento de campanhas publicitárias on-line”. Ao longo desse tempo, vocês poderiam apontar quais foram as principais transformações dentro do segmento de publicidade online de um portal de internet? Ralphe :: A OAS é uma ferramenta que gerencia os banners de todos os sites do IDG Brasil. Ela nos dá métricas confiáveis sobre o comportamento dos leitores e nos ajuda a dimensionar e a direcionar as campanhas de nossos anunciantes para que eles atinjam os seus objetivos comerciais. Paulo :: Hoje, banners não são a única forma de explorar o potencial comercial da internet. Há outras formas tão efetivas quanto os banners. Veja o exemplo dos links patrocinados, com o qual temos parceria com o Yahoo! Search Marketing. Oferecemos também uma série de serviços aos nossos leitores, como o de comparação de preços de produtos de tecnologia, livros mais vendidos de informática, cadastro de currículos e o IDG Now! Sem Fio.


“A

We b 1. 0 era o as pes ã s c o m é rc i o , a 2 . 0

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s” oa

(Ralphe Manzoni Jr.)

Uma novidade que estamos trazendo para o Brasil são os programas de “lead generation”. O que são eles? Ajudamos nossos parceiros comerciais a conseguirem “leads” qualificados. Isso pode ser feito através de white papers, webcasts, hot zones e outros formatos testados e aprovados em unidades do IDG em todo o planeta. Os leitores que se cadastram e aceitam dividir suas informações com nossos clientes podem virar “leads” para eles. O que fazemos, no fundo, é uma aproximação de interesses onde todos ganham. Wd :: Em termos percentuais, qual a representatividade da publicidade on-line no faturamento do IDG? E quais são os formatos mais procurados pelos anunciantes? Paulo :: Não podemos revelar dados financeiros da companhia. Mas podemos dizer que os banners têm hoje a maior representatividade para as receitas on-line do IDG no Brasil. Os formatos mais procurados pelo mercado publicitário para anúncios no IDG Now! são o Super Full (728x90), o Ilha (300x250) e o Sky (120x600). Estes e todos os outros formatos disponíveis em nosso portal estão em conformidade com os padrões do Internet Advertising Bureau (IAB). Wd :: Quais resultados o IDG Now! já colheu após o lançamento do novo site? Ralphe :: A audiência, em page views, triplicou, se compararmos a média diária do site anterior. Logo nos primeiros dias de lançamento, batemos nosso recorde diário, com mais de 500 mil page views, só em um único dia. Utilizamos o OAS, da RealMedia, nas mensurações que divulgamos para o mercado, mas também temos ferramentas desenvolvidas pelo IDG para acompanhamento de estatísticas utilizadas internamente.


50 :: Tecnologia na web

Tecnologia na web Links patrocinados: a era da publicidade on-line pré-paga Esqueça os full banners expansíveis, pop-ups, páginas

oferece melhores resultados e conecta imediatamente o anunciante com alguém que demonstrou claro interesse em relação ao seu produto ou serviço”.

customizadas, floater DHTML, e-mails marketing etc. Se

Já Marcelo Epperlein, do UOL, estima que as receitas

você pretende investir no desenvolvimento de uma área

provenientes deste formato devem corresponder a 20% do

de publicidade on-line em seu site, o novo pote de ouro

total de investimento em publicidade on-line.

chama-se “links patrocinados”, anúncios em formato de texto relacionados ao perfil de uma determinada busca na

“No mundo web, é fundamental ter agilidade e

internet ou ao tema de uma página de conteúdo.

rapidez para expor a sua marca/produto na hora

“No mundo web, é fundamental ter agilidade e rapidez para expor a sua marca/produto na hora certa para o público certo. Assim, podemos considerar que o link patrocinado é

certa para o público certo” (Marcelo Epperlein - UOL)

a democratização da publicidade on-line, tornando possível a utilização desta eficiente ferramenta de comunicação

Democratização atinge os sites de menor porte

acessível desde o pequeno até o grande anunciante”, afirma

Mas não são apenas as grandes empresas que compar-

Marcelo Epperlein, diretor geral do UOL.

tilham deste banquete. Os pequenos e médios empreendi-

Segundo o executivo, o incentivo para disseminação

mentos digitais também já começam a reivindicar sua fatia.

dos links patrocinados está no fato de as campanhas se

É o caso do Mercado do Casamento (www.mercadodoca-

tornarem totalmente flexíveis neste formato. “Ou seja, o

samento.com), empresa focada em mídia de casamentos

cliente modifica o texto, a duração, o orçamento e a seg-

e festas.

mentação do anúncio a qualquer momento. Além disso,

Segundo Tiago Mendes, gerente de tecnologia da

o sistema utilizado gera relatórios indicando qual a me-

companhia, os links patrocinados representam, aproxima-

lhor estratégia a ser usada, baseada no desempenho que

damente, 20 % faturamento, com previsão de chegar a

o anúncio vem tendo”.

50%. E para que esse formato fosse incluído nos sites ad-

Todo mundo de olho

ministrados pela empresa, o Mercado do Casamento apos-

Parte da popularização deste novo segmento de publi-

tou no desenvolvimento através da plataforma livre LAMP.

cidade on-line deve-se muito ao retorno obtido por quem

“Toda a tecnologia de links patrocinados foi desenvolvida

o disponibiliza em seu site. Hoje, os grandes portais de

por nossa equipe, desde a geração, publicação, cobrança,

serviços de internet (Google, iG, UOL, Terra, Yahoo etc.)

estatísticas e sistemas antifraude”.

possuem espaços exclusivos para a criação de campanhas envolvendo links patrocinados. Para se ter uma idéia da representatividade deste

Lamp É o acrônimo de Linux + Apache + MySQL + PHP. Refere-se ao conjunto de software livres comumente utilizados para rodar

mercado, Emerson Calegaretti, senior sales manager do

websites ou servidores dinâmicos.

Google no Brasil, revela que a maior parte do faturamento

Fonte: Wikipédia (http://tinyurl.com/cgg2o)

da empresa vem dos links patrocinados. “Decidimos investir nesse mercado porque a publicidade nesse formato

X


Tecnologia na web :: 51

nível básico

“A grande vantagem é que o anunciante só paga

Saiba mais

pelos resultados obtidos, apenas por usuários que

Google AdWords

clicaram no seu anúncio”

https://adwords.google.com.br

(Emerson Calegaretti - Google) Vantagens e benefícios para o anunciante Uma das principais vantagens de quem investe neste formato refere-se a emissão da mensagem publicitária sem dispersão. “O anunciante faz isso selecionando ter-

Hotlist http://www.hotlist.com.br/servicos/links_ patrocinados.htm iG - Links Patrocinados http://links.ig.com.br/index.aspx Mercado do Casamento http://www.mercadodocasamento.com/links_

mos que sejam relacionados ao seu produto. Por exemplo,

patrocinados.php

uma floricultura seleciona palavras como ‘flores’, ‘dia dos

UOL - Links Patrocinados

namorados’ etc. Toda vez que alguém faz uma busca no

http://linkspatrocinados.uol.com.br

Google usando esses termos, nós exibimos as informações

Yahoo Search Marketing http://searchmarketing.yahoo.com.br

buscadas junto com links patrocinados por esses anunciantes. A grande vantagem é que o anunciante só paga pelos resultados obtidos, apenas por usuários que clicaram no seu anúncio. Desta maneira, o investimento fica bastante

Fraudes em links

direcionado e fácil de medir. E a satisfação vem da com-

Como nem tudo são flores, este formato também

provação que poucos anunciantes, após testarem o nosso

está sujeito a ação dos cibercriminosos. A estimativa

sistema, desistem. O índice de confiança e renovação é altíssimo”, afirma Emerson, do Google. Outro grande atrativo é a flexibilidade das campa-

é que cerca de 30% do valor investido mundialmente em links patrocinados é perdido por causa de esquemas de fraude. Segundo Tiago Mendes, existem basicamente dois tipos de fraude (e de fraudadores):

nhas, sendo possível administrá-las com baixo orçamento.

- Gerada por um concorrente

“Tanto em relação ao custo, quanto na escolha de público

“Uma empresa clica sistematicamente no link de um

e duração. Enquanto a veiculação em qualquer mídia vale

competidor com o objetivo de acabar o mais rápido

para o tempo de circulação, os links permitem o cadas-

possível com o saldo.”

tramento no site a qualquer momento. Se o anunciante preferir, pode pausar a campanha quando desejar, para

- Gerada pelos sites parceiros (ou afiliados) que ganham comissão dos buscadores “Existem ‘empresas’ na Índia e China que são

depois retomá-la. Essa retomada pode trazer também um

especializadas em fraude e colocam centenas de

anúncio completamente diferente, já que os sistemas per-

pessoas clicando em links com o único objetivo de

mitem sempre as alterações de rota. É possível criar uma

ganhar comissão. Quando os buscadores descobrem,

nova promoção ou mudar a existente, alterar o texto do

banem o site, mas a ‘empresa’ faz

anúncio - se parecer que não surte efeito -, ou até mesmo mudar o público-alvo, se a campanha mostrar que certo perfil de cliente está mais propenso a ficar interessado”, finaliza Marcelo, do UOL.

outro e inicia tudo novamente. A ação humana nos cliques é necessária, porque existem tecnologias eficientes contra robôs de clique, mas contra ação humana fica mais difícil.”


Agradecemos a todos que participaram e contribuíram para nossa

Páscoa Feliz! Me

ge nsa

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t r a d u z i n d o o v e rd a d

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tutorial :: 53

AJAX -

Parte 5

Elcio Ferreira Desenvolvedor e instrutor na Visie Padrões Web http://visie.com.br/

Bate-papo em aplicação AJAX Este mês, vamos transformar nosso bate-papo, construído mês passado, numa aplicação AJAX, que atualiza tela

de mensagens sem o incômodo refresh de tela. Vamos colocar também uma pequena funcionalidade muito útil: rolagem automática. Para trocar dados entre o navegador e o servidor, usaremos o formato JSON (http://json.org), o mesmo que utilizamos em nosso exemplo de preenchimento de endereço pelo CEP. Mas, como dessa vez os dados que chegarão serão um pouco mais complexos, vamos usar uma biblioteca PHP de conversão em JSON. Para isso, vamos baixar o arquivo JSON.tar.gz, disponível como um pacote PEAR (http://pear.php.net/pepr/pepr-proposal-show.php?id=198). Depois de baixá-lo, descompacte o arquivo JSON.php e coloque-o na mesma pasta da aplicação. Server-side O próximo passo é a construção da página que vai ser chamada pelo AJAX e retornará, em formato JSON, as últimas mensagens e o índice da última. Você vai se lembrar que, no tutorial do mês passado, criamos uma função getMsgs que faz exatamente isso. Agora, basta converter o retorno dessa função para JSON. Para isso, criamos uma página chamada server.php, com o código: <? include(“funcoes.php”); require_once(“JSON.php”); $json=new Services_JSON(); if(empty($_GET[“id”])){ echo $json->encode(getMsgs()); }else{ echo $json->encode(getMsgs(intval($_GET[“id”]))); } ?>

O código é bastante simples. Depois de incluir o arquivo de funções e o JSON php, cria um objeto json e testa se existe o parâmetro id. Se existir, executa a getMsgs passando id, caso contrário a executa sem parâmetros. O resultado da função é transformado em JSON (com $json->encode) e despejado para o navegador (com echo). Client-side Agora vamos à parte divertida: a aplicação AJAX no client-side. A primeira coisa que precisamos fazer é criar nosso arquivo de js, que neste exemplo vamos chamar de ajax.js. Para começar, ele conterá o código de inicialização do objeto XMLHttpRequest: try{ xmlhttp = new XMLHttpRequest(); }catch(ee){ try{ xmlhttp = new ActiveXObject(“Msxml2.XMLHTTP”); }catch(e){ try{ xmlhttp = new ActiveXObject(“Microsoft.XMLHTTP”); }catch(E){ xmlhttp = false; } } }


54 :: tutorial

No arquivo batepapo.php, fazemos as seguintes alterações: <? include(“funcoes.php”); $mensagens=getMsgs(); ?><!DOCTYPE html PUBLIC “-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN” “http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd”> <html xmlns=”http://www.w3.org/1999/xhtml” xml:lang=”pt” lang=”pt”> <head> <title>Batepapo</title> <meta http-equiv=”Content-Type” content=”text/html; charset=utf-8” /> <script src=”ajax.js” type=”text/javascript”></script> <?if(empty($_GET[“ajax”])){?> <meta http-equiv=”refresh” content=”2”> <script type=”text/javascript”> if(xmlhttp)location=”?ajax=1” </script> <?}else{?> <script> n=<?=$mensagens[1]?>; window.onload=atualizaBatepapo </script> <?}?> <head> <body> <ul id=”bp”> <?foreach($mensagens[0] as $mensagem){?> <li><?=$mensagem?></li> <?}?> </ul> </body> </html>

Entenda as mudanças: para começar incluímos o nosso arquivo js. Em seguida, fizemos com que, se o navegador tiver suporte à AJAX, o usuário seja redirecionado para a mesma página com o parâmetro ajax=1 (com o código: if(xml http)location=”?ajax=1”) e, ao receber o parâmetro, carregamos uma versão da página sem o meta refresh (colocamos o meta refresh e o script redirecionador dentro de um if PHP.) Fizemos também com que a página, sem o refresh automático, coloque a quantidade de mensagens (o segundo valor no array retornado pela getMsgs) na variável javascript n e execute, ao carregar a página, a função atualizaBatepapo, que vamos criar dentro do ajax.js. Por fim, colocamos um id, “bp”, na lista de mensagens. AJAX Se tentarmos acessar nossa aplicação nesse ponto, veremos a carga inicial das mensagens e um erro de javascript informando que o navegador não encontrou a função atualizaBatepapo. É a nossa deixa! Basta agora criar esta função para que nosso bate-papo funcione. Para começar, um exemplo muito simples: function atualizaBatepapo(){ xmlhttp.open(“GET”,”server.php?id=”+n+”&”+Math.random(),true) xmlhttp.onreadystatechange=function(){ if(xmlhttp.readyState==4){ } } xmlhttp.send(null) }

O código já deve parecer familiar a você a esta altura. Se não parece, por favor, leia os tutoriais anteriores antes de continuar. Criamos o esqueleto básico de uma requisição AJAX. A variável n vai guardar o índice da mensagem atual. Foi iniciada na batepapo.php, pelo código php que carrega a página. Vamos analisar o retorno, fazendo:


function atualizaBatepapo(){ xmlhttp.open(“GET”,”server.php?id=”+n+”&”+Math.random(),true) xmlhttp.onreadystatechange=function(){ if(xmlhttp.readyState==4){ alert(xmlhttp.responseText) } } xmlhttp.send(null) }

O retorno obtido deve ser algo parecido com: [[“<b>Elcio:<\/b> Teste\n”,”<b>Elcio:<\/b> Teste 2\n”,”<b>Elcio:<\/b> Teste 3\n”],3]

Isto é a representação JSON do retorno da função getMsgs. Lembra dela? Do tutorial do mês passado. Pois é, o retorno daquela função, um array contendo dois elementos: um array de mensagens e a quantidade total de mensagens no servidor. Agora é que veremos o JSON brilhar em toda a sua glória. Para transformar esta string em dados nativos do Javascript, basta passá-la pela função eval, como mostramos em março. É realmente simples. Veja como fica para exibir as mensagens e atualizar o valor da variável n: function atualizaBatepapo(){ xmlhttp.open(“GET”,”server.php?id=”+n+”&”+Math.random(),true) xmlhttp.onreadystatechange=function(){ if(xmlhttp.readyState==4){ //Transforma JSON em dados nativos var msgs=eval(xmlhttp.responseText) //Exibe as mensagens var lista=document.getElementById(“bp”) for(var i=0;i<msgs[0].length;i++) lista.innerHTML+=”<li>”+msgs[0][i]+”</li>” //Atualiza a variável n n=msgs[1] //Verifica mensagens novas de novo em um segundo setTimeout(“atualizaBatepapo()”,1000) } } xmlhttp.send(null) }

E pronto, temos nossa aplicação funcionando. Ah, os detalhes! Algumas mudanças no código da form.php: <? include(“funcoes.php”); //Trata os caracteres especiais do nick e da mensagem $nick=htmlentities($_POST[“nick”],ENT_COMPAT,”utf-8”); $msg=htmlentities($_POST[“msg”],ENT_COMPAT,”utf-8”); //Se há nick e mensagem, grava no batepapo if(!(empty($nick)||empty($msg))){ addMsg($nick,$msg); $msg=””; }


56 :: tutorial

?><!DOCTYPE html PUBLIC “-//W3C//DTD XHTML 1.0 Strict//EN” “http://www.w3.org/TR/xhtml1/DTD/xhtml1-strict.dtd”> <html xmlns=”http://www.w3.org/1999/xhtml” xml:lang=”pt” lang=”pt”> <head> <title>Batepapo</title> <meta http-equiv=”Content-Type” content=”text/html; charset=utf-8” /> <script> function rola(){ if(document.forms[0].rola.checked) parent.frames[“cima”].scrollBy(0,5) setTimeout(“rola()”,50) } window.onload=function(){ document.forms[0].msg.focus() rola() } </script> <head> <body> <form method=”post”> <label for=”nick”> nick:<input name=”nick” id=”nick” value=”<?=$nick?>” size=”15” /> </label> <label for=”msg”> mensagem:<input name=”msg” id=”msg” value=”<?=$msg?>” size=”50” /> </label> <input type=”submit” value=”Enviar!” /> <label for=”rola”> <input type=”checkbox” name=”rola” value=”1” <?if(!empty($_POST[“rola”])){ ?> checked=”checked” <?}?> /> rolagem </label> </form> </body> </html>

Este código é bastante simples e adiciona alguns importantes confortos a nosso bate-papo: o foco volta automaticamente para o campo de mensagem quando uma mensagem é enviada e há rolagem automática. Este é um exemplo didático, por isso não vou aborrecê-lo com outros detalhes que poderiam ser úteis, como guardar o nickname numa variável de sessão, exibir uma lista de quem está on-line ou permitir mensagens particulares. Mas, com o que mostramos e ensinamos nestes últimos meses, você já pode modificar o código para fazer estas coisas todas. É isso. Espero que estes tutoriais tenham servido para que você perca o medo de AJAX e que eu tenha indicado um bom caminho para você começar no assunto. No próximo mês, vamos começar um assunto novo: HTML e XHTML. Veremos segredos e truques da linguagem mais simples usada na construção de sites. Até lá.



58 :: publicidade on-line

Ricardo Figueira Diretor de Criação da AgênciaClick. Designer pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, há 10 anos trabalha com projetos de mídia interativa. Acumula mais de 40 prêmios entre nacionais e internacionais, incluindo CannesLion, London Festival, One Show NY e outros. Será jurado da categoria CyberLions do Festival de Publicidade de Cannes 2006. redacao@arteccom.com.br

Propaganda tradicional vs. propaganda interativa Foi-se o tempo em que a propaganda era on ou off. Hoje, a questão resume-se em fazer propaganda tradicional ou moderna. A diferença entre esses dois tipos de trabalhos se distingue em como a agência enxerga o consumidor. Na antiga propaganda, o consumidor era o ponto final de uma comunicação baseada numa relação emissor versus receptor, ou seja, as preocupações se encerravam com a assimilação da mensagem pelo consumidor. Na propaganda moderna, essa relação é só o começo da história. O consumidor é reconhecido como o principal potencializador e propagador da mensagem para outros grupos de pessoas. Baseadas em experiências projetadas para causarem reações. A propaganda interativa busca provocar no consumidor a formulação de opinião e dar condições para que ele possa distribuir e compartilhar a sua interpretação e experiência. A mensagem passa a ter um caráter muito especial, deixando de ser só um anúncio de convencimento para dar lugar à opinião de alguém que vivenciou uma experiência e tem algo a dizer sobre isso. Vivemos num mundo onde a nossa atenção é disputada por aproximadamente 30 mil exposições de anúncios diários, e a nossa pré-disposição para considerá-los paisagem já está bem treinada. Nesse mesmo mundo, as relações interpessoais e as convivências em comunidade tornaram-se a principal fonte de informação e credibilidade em torno dos hábitos e experiências de consumo. Com isso, os meios interativos protagonizam como as estrelas da propaganda moderna, e chamo de meios interativos, todo meio que permite ao consumidor a possibilidade de reagir à comunicação que lhe é dirigida, seja numa resposta para a própria marca ou para outras pessoas que o consumidor achar conveniente compartilhar. Desta forma, todo meio interativo tem potencial de mídia interativa. E esse potencial passa a ganhar ainda maior expressividade de acordo com a conveniência e o seu contexto de utilização. Os meios mais comuns e que mais contribuem na utilização dos atributos interativos hoje são, sem dúvida, os computadores e os celulares. Ambos ligados em rede alavancam diariamente a revolução da comunicação publicitária. Desde então, todos os dias vemos novidades, sejam conceituais, tecnológicas ou comportamentais. O momento em que vivemos é de novas experiências, de inconformismos e de quebra de paradigmas, uma era de revolução do comportamento do consumidor, que passa a ter audiência própria e alto poder de comunicação. Tá, e onde isso vai dar? Você pode estar se perguntando. Eu prefiro dizer no que isso está dando. Brincar de profeta nos dias de hoje é muito perigoso, para não dizer ingênuo. Hoje está acontecendo uma nova movimentação do mercado da comunicação para incorporar a inteligência digital no leque de serviços a serem prestados pelas agências. Se não me engano, esse filme já passou e o problema é que muita gente não entendeu que a revolução da comunicação não está apenas no formato da mídia, mas no conteúdo e no envolvimento


publicidade on-line :: 59

"Chega de velhas fórmulas, de gente especializada em páginas duplas ou banners de 468 x 60. Precisamos criar conceitos e conteúdos inusitados..."

com o consumidor. Chega de velhas fórmulas, de gente especializada em páginas duplas ou banners de 468 x 60. Precisamos criar conceitos e conteúdos inusitados, capazes de gerar uma experiência de comunicação diferente, não um formato diferente. Não se trata de ser on, off, bellow, inside, backside, e o que mais inventarem, trata-se de entender que felizmente ou infelizmente, o consumidor também já adquiriu muita experiência e tornou-se o mais macaco-velho de todos no ramo da comunicação. Por isso, a propaganda interativa busca envolver o consumidor em uma experiência muito mais interessante do que ser convencido de algo que alguém escreveu. Para exemplificar, cito dois exemplos de campanhas interativas: a primeira, produzida nos Estados Unidos para os meios de comunicação tradicionais, é a campanha “Exercise your music muscle”, da Virgin, onde o filme e o anúncio de revista se propõem a interagir como uma espécie de jogo com o consumidor. Um propósito simples, pertinente, envolvente, altamente viral e o melhor de tudo: cria uma empatia inquestionável pela marca e seu propósito. O outro exemplo de ação interativa foi feita aqui no Brasil pela Click. Ao comemorar seu trigésimo aniversário no Brasil, a Fiat convida os brasileiros a pensarem no futuro daqui a 30 anos e a registrarem suas visões de futuro, num exercício e comprometimento com a imaginação e o otimismo. O consumidor pode participar gravando seus depoimentos em diversos formatos, via webcam, microfone, texto e até pelo celular. A ação traz ainda podcasts, videocasts e uma série de experiências interativas multimídia que inspiram os brasileiros a imaginar o futuro. Para contemplar, um registro abrangente e não limitar a ação aos usuários de internet e celular, uma unidade interativa móvel percorreu diversas cidades do Brasil captando depoimentos de pessoas de diversas classes sociais e diferentes percepções. No fim, todo esse material coletado, além de ser compartilhado on-line, será transformado num grande documento e será guardado, para que em 2036, o Brasil possa ver o que pensava 30 anos atrás o brasileiro sobre o futuro. Estes são alguns exemplos que mostram que a relação da comunicação interativa com o consumidor independente do meio tem um potencial de criar um elo muito mais forte do que uma campanha baseada em só emissão de mensagem, por um motivo muito simples: participação e interação entre marca e consumidor, bem diferente de um discurso de mão única.


60 :: marketing

René de Paula Jr. Diretor de produtos do Yahoo Brasil. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo on-line, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com

Busca: o que você acha? Onde: um belo restaurante. Quando: um belo domingo. Fato: me acharam. O celular tocou. Que hora, pensei. Conferi o identificador de chamadas: um número qualquer. Pedi licença à minha companhia, me afastei e atendi. - “René?” - “Sim, quem fala?” - “Você faz trabalho?” Fazer trabalho? A primeira idéia que me ocorreu foi macumba. Well, não era isso. Era trabalho de faculdade, ou melhor, uma versão on-demand e outsourced de trabalho de faculdade, onde um grupo neopicareta de estudantes apela para um equivalente estudantil da Bruna Surfistinha e paga por um trabalho de escola encomendado. Claaaaaaaro, o grupo “briefa” antes. Tudo muito profissional. Fiquei fascinado, e triplamente: - Isso existe? - De onde saiu essa balela que eu “faço trabalho”? - Onde acharam meu celular? “Onde eu achei o senhor? Ah, numa página da internet, não me lembro”. É isso: o grupo entrou num mecanismo de busca, buscou não sei o quê, e me achou nem sabe onde. Despachei a moça e voltei para o meu almoço, tentando esquecer essa intromissão desagradável. Deu vontade de procurar um pai-de-santo para checar se estou com encosto na internet. Terminei meu almoço, tomei um café, mas não engoli essa história. Tinha muita coisa ruim misturada ali. A primeira delas é, para mim, uma vergonha: alunos “colando” sem nenhuma desculpa decente e, o que é pior, sem vergonha na cara. Com profissionalismo, até. Fazer um bom trabalho antes era Dica O Yahoo! lançou meses atrás uma busca, onde um pergunta, e quem souber

uma gincana: tinha que pesquisar em bibliotecas, arquivos, entrevistar pessoas, correr a cidade em busca de fontes de informação. Hoje, você tem um mundo sem fim de informação na telinha do seu PC, e mesmo assim tem gente que prefere pagar para quem faça. A segunda coisa é: tem gente usando internet para emburrecer, como buffet de festinha de

responde: é o Yahoo!

criança: pega os doces coloridos e volta correndo a brincar. Listas de discussão? Ler notícias e blogs?

Answers (http://answers.

Compartilhar seu conhecimento? Nem pensar (literalmente).

yahoo.com). Pergunte o que quiser: como fazer um suflê, como entender seu namorado, por que gatos brancos bebem na torneira... sempre

Semanas depois, essas duas aberrações nem me chocam tanto. Se o cara quiser ser tolo, que seja. Mas outro aspecto me perturba até agora: quando alguém faz uma busca por mim, aquela seqüência de links é um retrato fiel de quem eu sou? Aquela página de respostas tem o direito de “falar por mim”? Eu digo: não. E provo: dias atrás recebo um e-mail formalíssimo, pedindo desculpas pela

vai ter um monte de

intromissão e perguntando por dicas sobre... a vida no Canadá. Detalhe: eu nunca fui ao Canadá.

gente respondendo, e

Pior: não me lembro de jamais ter mencionado o Canadá em nenhum “trabalho” (ops) meu. De onde

quem escolhe a melhor resposta é você.

o rapaz tirou isso? Outro e-mail: um grupo de estudantes (outro!) me perguntando que tema deveriam escolher para seu trabalho acadêmico. Eu nem acadêmico sou... fiz Rádio e TV na ECA e olha lá!


marketing :: 61

"Por mais que se publique conteúdo sem parar, existe algo que não está no papel nem na tela, existe algo que a busca não acha: o que cada um de nós acha"

Depois de muito repensar essa história (sim, meu cérebro tem dois estômagos e rumina), notei que sim, havia esperança, havia uma luz: em todos esses casos, as pessoas não estavam buscando apenas páginas, estavam buscando... pessoas. E por que elas estavam procurando pessoas? Zilhões e zilhões de sites e páginas não bastam? A resposta parece ser... não. Por mais que se publique conteúdo sem parar, existe algo que não está no papel nem na tela, existe algo que a busca não acha: o que cada um de nós acha. Nosso jeito único de pensar e responder, nossa experiência pessoal, nossa maneira de ver o mundo. Eu adoraria perguntar aqui aos estudantes malandros qual vai ser o papel deles num mundo em que a opinião pessoal, o talento individual, a personalidade contam, mas não faz sentido, eles não devem ler uma revista como essa, eles não estão interessados em opiniões alheias. Acho que nunca vou encontrá-los, aliás, não no mercado profissional ao menos. Vão conseguir um rolinho de papel com um diploma, mas não vão conseguir enrolar ninguém. Reza a lenda de que perguntaram ao Picasso de onde ele tirava idéias e inspiração. Ele teria respondido: “eu não procuro, eu acho”. Well, ele era um gênio de uma outra época. Hoje os verbos são outros: eu produzo, tu opinas, ele comenta e nós achamos... o máximo.


62 :: bula da Catunda

Marcela Catunda Trabalhou na TV Globo, TV Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e SBT. Foi redatora da DM9DDB e Supervisora de Criação de Mídia Interativa da Publicis Salles Norton. É sócia do site Banheiro Feminino, está no Orkut e trabalha como autônoma. blog - http://pirei.catunda.org marcelacatunda@terra.com.br

Eu quero mudar de apartamento - Mas a senhora não tem comprovação de renda? - Não. - Nem um jeitinho de provar o quanto ganha por mês? - Não. - Mas a senhora sabe quanto ganha no mês? - Também não. - Nem uma idéia? - Idéia eu tenho muitas, mas nem sempre as compram e é aí que pega. Assim foram os últimos anos da minha vida agitada, instável e com alguns bons “nãos”. - Não posso alugar nada pra senhora dessa maneira. - Mas eu garanto que vou pagar o aluguel, condomínio, IPTU e todas as despesas referentes ao imóvel. – explico. - Com seu salário? - Que salário minha senhora? Vou pagar com o meu dinheiro. Eu sou freela. Freelas têm dinheiros e não salários, entende? - Hum! Confuso isso. – responde a corretora arrumando o coque com um cigarro apagado na boca. Claro que é. Pra mim também. Mesmo porque, tem muito mês que não entra nada, nem um santo caraminguá. Bom, mas isso ela não precisa saber. - Fiador? – pergunta ela agora com o cigarro aceso. - Só o de facas. – piadinha pra descontrair. - Não entendi. - Tudo bem. - Algum parente com imóvel na capital? - Vivo? Não. – apelo pra chantagem. E quem quer ser fiador de um freela? Tá de sarro? - E aí tio quanto tempo. – não custa tentar. - Oi querida. Tá trabalhando agora? Por que será que as pessoas acham que freelas não trabalham? - Tô sim tio. Têm horas lá, outras cá, mas trabalhando. - Com computador né? - Internet. - É sempre a mesma coisa. Nem carece explicar. O papo continua, mas não tenho coragem de ir além. O que oferecer como garantia para uma pessoa que não tem como mensurar sua segurança? Como dizer para um possível bem intencionado fiador que tudo que você tem a dar como garantia, além de sua própria vida, é a sua palavra? Sim, eu já pensei em comprar um imóvel pra fugir do aluguel, mas com o meu crédito não dá pra encarar nem uma prestação da Casa da Barbie. Fazer aquela simulação de empréstimo para casa própria em qualquer instituição financeira é de matar qualquer um de tristeza, sendo esse “um” freela, então... É de amargar.


bula da Catunda :: 63

"- Que salário minha senhora? Vou pagar com o meu dinheiro. Eu sou freela. Freelas têm dinheiros e não salários, entende?"

E é assim que muitos de nós nos vemos diante de uma instituição financeira e/ou uma entidade com fins lucrativos: na eterna saia justa do “trabalhamos sim senhor”. E se é mesmo verdade a máxima de que não devemos julgar os outros pelo que possuem e sim pelo que são, por que diabos um freela precisa ter um holerite? Vida de freela definitivamente é pra quem pode e como diz o ditado: "Quem pode, pode. Quem não pode se sacode". É preciso aprender a sacudir, e mudar a direção de alguns caminhos. O destino tá lá e o importante é acreditar que cedo ou tarde, chegaremos nele. Às vezes chega àquela hora em que precisamos ser meio a meio. Meio freela, meio fixos. É que depois de certa idade, garantir o futuro passa a ser uma questão de sobrevivência. - E aí? Vamos falar daquele trampo? – linguagem “muderninha” (com u mesmo). Sim. De repente rompo meus mandamentos do freela sem a menor vergonha, invejo descaradamente a cesta básica do próximo e saio à procura de um freela meio fixo enquanto me descabelo, me contradigo e castigo sonhando com uma mesa na janela.


64 :: webdesign

Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/ design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo País. webdesign@luli.com.br

Sobre rótulos, categorias, preconceitos e folcsonomia De que adianta ter um número gigantesco de pastas se a associação de idéias é infinita?

Uma criança vê um pequeno bicho. Bonito e delicado, o bichinho. Sua pele é diferente. Ela é colorida, mas tem um brilho todo particular. Sua boca tem um formato estranho, e dela sai um som muito bonito. A criança fica paralisada diante do pequeno milagre que vê: um canário. Ao defini-lo como pássaro, toda a sua mística desaparece. Um adulto que passe mais de dois parágrafos a discursar sobre um beija-flor só pode ser biólogo. Ou maluco. Há informação demais por aí para que se perca tempo com detalhes, por isso a classificação, por mais que prejudique a riqueza da mensagem, é muito usada por facilitar a comunicação. A crítica de cinema chama "Quero ser John Malkovich", "O Grande Lebowsky" e "Brazil, o Filme" de “comédias surrealistas”. Com esse rótulo, estraga boa parte de seu charme. Ainda em cinema, Woody Allen e Bruce Willis se tornaram mais marcas que conteúdo. David Lynch e Sandra Bullock também. É divertido ver o nó que se dá na cabeça dos críticos quando este dirige um filme bonito e sentimental como “História real” ou esta faz um bom papel em “Crash” (a propósito, já notaram que este é um grande filme cheio de atores ruins como Brendan Fraser?). Há uma mística na categorização das coisas. Desde crianças estamos acostumados a classificar tudo que vemos, ouvimos e sentimos em pequenas gavetas, de acesso fácil, restritivo e imediato. Assim, da mesma forma que uma cadeira é um móvel feito de madeira, as ciências são exatas, humanas, biológicas, os objetos são clássicos ou populares, artísticos ou comerciais. Não há meio termo, é um mundo de absolutos, habitado por pessoas tímidas ou encrenqueiras ou gordas ou carecas ou sedentárias. Os museus são os exibicionistas dessa compulsão classificatória, mas não são os únicos. Em revistas, TV, jornais e na conversa das pessoas se vê uma sobreposição cada vez maior de categorias. O que não seria ruim se o mundo das relações humanas não fosse tão subjetivo e maleável. É divertido ver a dificuldade que muitos têm em definir palavras como amor, solidariedade, ética ou saudade. Não é a falta de rótulos adequados que atrapalha, mas a natureza desses conceitos, que não permite classificação. A popularização dos meios digitais permitiu que cada um pudesse ser produtor de conteúdo e, mais do que isso, que esses conteúdos pudessem ser confrontados, amplificados, referenciados. Com isso, a quantidade de informação disponível – e sua subjetividade – cresce exponencialmente, a ponto de atordoar. Em um ambiente que praticamente todos os conceitos podem ser relativizados, é natural querer classificar as coisas, por mais que esse processo seja preconceituoso e inútil.


webdesign :: 65

"As categorias são sistemas fáceis, confortáveis. Use-as, mas duvide delas. Elas são as regras do jogo, mas talvez não mais do que está sendo jogado"

No país dos termos importados, nunca tivemos tempo de desenvolver uma expressão adequada para aqueles sujeitos antenados, fascinados pela tecnologia, meio esquisitos e tremendamente fluentes em palavras estranhas. “São aqueles meninos que entendem de computadores, mas são incapazes de trocar uma lâmpada”, diria sua mãe. Ela está certa. São também os que passam horas na frente do monitor, que desenvolvem tendinite e têm dores na coluna, viajam para Warcraft para curtir o Carnaval, deixam certo o relógio do DVD e fazem sexo via MSN (ou melhor, por causa dele). Mais importante: eles, muitas vezes, são elas. Antigamente esse tipo era fácil de se identificar. Eram os nerds, sinônimo de gente esquisita, retraída e sem vida social, que preferia criar mundos no computador que sair para enfrentar a vida real. Mas, naquela época, os computadores eram diferentes, e programá-los demandava uma paciência digna de pescador ou jardineiro. Hoje são geeks, usuários de tecnologias descoladas, antenados com os tempos modernos. O que é elogioso, o que é pejorativo? A pergunta faz algum sentido? Em tempos de Web 2.0, as tags, aquelas etiquetas digitais usadas para classificar e organizar o conteúdo on-line, estão na moda. Ao contrário dos antigos sistemas de organização em categorias (taxonomia), elas permitem a folcsonomia, o processo de permitir a qualquer um que coloque a etiqueta que quiser e classifique o conteúdo à sua disposição da forma que achar mais adequada. Arquitetos de informação são fascinados por elas, usuários de alguns blogs e de serviços como o Flickr e o del.icio.us não vivem sem elas. Mas será que a “democratização da categorização” é mesmo uma grande liberdade? Ou, exatamente o contrário, ao permitir a qualquer um limitar a interpretação? Não acredito que essa organização toda servirá para diminuir a ansiedade de informação. Provavelmente tenderá a aumentá-la. Adoramos o encapsulamento e a definição em categorias, pois são elementos de segurança. Eles nos garantem um certo controle sobre a fluidez dos conceitos, mas são muito perigosos. Sempre que rotulamos algo ou alguém, automaticamente o limitamos e perdemos o contato com a real experiência de conhecê-lo, o que é morte para o design ou criação em geral. É hora de examinar, como uma criança de uns 7 anos o faria, cada pequeno conceito: vê-lo cuidadosamente, calcular as sensações de quem o utiliza, pensar com sua cabeça e criar uma peça que só poderia ser utilizada por ele, explorando essas sensações. Correndo à velocidade da luz sem sair do lugar, nos agarramos às categorias, nem sempre tendo o cuidado de examiná-las. Elas são nossas placas de orientação em uma paisagem confusa, gastas de tão velhas e usadas. Reflexos de controle, elas nos reafirmam que há um tempo e um lugar para tudo. Declarando o que é certo e o que é errado, elas reforçam estereótipos, murmurando a falsa humildade do “senso comum”, que nos faz ter um ar enjoado de conoisseurs nostálgicos de tempos que nunca existiram. As categorias são sistemas fáceis, confortáveis. Use-as, mas duvide delas. Elas são as regras do jogo, mas talvez não mais do que está sendo jogado.





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