9 minute read
Dinâmica 12 - Refletindo sobre empoderamento
Refletindo Sobre Empoderamento
Elaboração: Silvana Mariano
Objetivo:
Identificar e debater relações de poder baseadas em gênero e a ação das mulheres (individual e coletivamente) para a conquista de mais poder e autonomia.
Tempo:
2 horas
Materiais
Cartões com histórias
Fita crepe
Caixa de som
2 Cartazes com os títulos “EMPODERAMENTO” e “DESEMPODERAMENTO”
Desenvolvimento
1. Inicie apresentando o objetivo da atividade e introduza as seguintes provocações:
a) As mulheres precisam de poder? Por que?
b) As mulheres gostam de poder?
c) O que é poder?
d) O que é empoderamento das mulheres?
2. Acolha as reações do grupo e articule as ideias com o exercício seguinte. Fixe os dois cartazes em um espaço da parede reservado para o mural.
Empoderamento
3. Distribua os cartões, vários deles para cada participante, e peça para que elas classifiquem cada cartaz, fixando-o no mural. Destaque que não existe uma classificação correta e que cada uma deve seguir sua interpretação ou visão. Defina um tempo para o exercício.
Oriente o grupo a montar o mural como um contínuo entre em pólo e outro. A expectativa é de que o mural ganhe o formato de um diagrama e represente um continuum entre o desempoderamento e o empoderamento.
Não existe um diagrama correto. O resultado irá expressar as visões do grupo.
4. Uma vez com o diagrama montado, leia os cartões, iniciando do desempoderamento indo em direção ao empoderamento. Faça leitura paulatina, dando espaço para que as participantes comentem e eventualmente divirjam da posição do cartão. Dê espaço também para as histórias pessoais.
Sempre que necessário, peça para que as participantes argumentem ou justifiquem o modo como alocou a cartela no diagrama.
Leia todos os cartões, porém, dependendo do tamanho do diagrama, não será viável comentar todos eles. Se for esse o caso, destaque aqueles que sejam mais emblemáticos, alternando entre os que representam regularidades e os que têm chances de encontrar visões diferentes.
5. Realize uma síntese sobre as condições e os fatores que, em diferentes contextos, impedem que meninas e mulheres exerçam poder sobre suas vidas e seu meio
6. Ofereça uma breve explicação sobre o que é empoderamento
Está ligado a uma consciência coletiva por parte das mulheres e é constituído de ações tomadas por mulheres que não se deixam ser inferiorizadas pelo seu gênero e tomam atitudes que vão contra o machismo imposto pela sociedade” (Empoderamento: o que significa esse termo? | Politize!)
7. Faça uma síntese, podendo ressaltar os seguintes pontos:
a) origem nos movimentos feministas
b) objetivo de chamar atenção para relações de poder nas relações sociais entre homens e homens
c) envolve mudanças individuais e coletivas das mulheres
d) importância de também olharmos para as relações de poder ENTRE as mulheres.
e) Destaque para os processos históricos de mudanças sociais
8. Retome as perguntas provocativas do início da atividade e questione as participantes se suas visões sobre o tema mudaram no decorrer da dinâmica e troca de experiência realizada.
9. Sugestão de vídeo para encerramento.
O empoderamento começa no autoconhecimento (duração: 13m09s)
Disponível no link.
10. Avaliação
Como vocês se sentiram com a atividade de hoje?
Quais conhecimentos levarão consigo?
Texto para cartões
Obs.: Essas são sempre sugestões. É importante que a facilitadora dê seu toque pessoal à atividade, adicionado as próprias ideias de cartões. Há temas muito variados entre essas sugestões de cartões. Selecione o que te pareça mais salutar para o grupo a que se destina a atividade.
Há muitos anos, uma mulher já não tem interesse sexual pelo seu marido, embora goste dele e o admire como pai. Nos últimos sete anos, ele só transa com ela enquanto ela está dormindo. Geralmente ela acorda e dorme novamente.
Em um casal, o homem não aceita fazer contracepção porque acha anti-natural. A mulher toma pílula escondida há cinco anos.
Uma mulher viveu 10 anos com seu companheiro e tiveram três filhos. Ela revolveu se separar e estão separados há 5 anos. Durante todo esse período, o ex-marido nunca pagou pensão para os filhos.
Mulheres que investem em si vão mais longe!
Uma mulher com uma voz é, por definição, uma mulher forte. (Melinda Gates)
Coragem é como um músculo. Eu sei por experiência própria que quanto mais eu exercito, mais natural fica para mim não deixar meus medos me vencerem. (Arianna Huffington)
Um grupo de pessoas, com homens e mulheres, estava reunido para discutir os direitos das mulheres e os preconceitos contra as mulheres. A conversa foi estimulada, muitas pessoas se manifestaram e surgiram algumas ideias tradicionais como também ideias progressistas sobre a mulher na sociedade. No momento de encerrar a atividade, um homem pediu a palavra e falou longamente contra todas aquelas ideias mais progressistas que veem a mulher com pessoa autônoma.
A gente é criada para ser assim, mas temos que mudar. Precisamos ser criadas para a liberdade. O mundo é grande demais para não sermos quem a gente é. (Elza Soares)
Com frequência, ouço homens que me dizem: “você pensa assim porque você é mulher”. Apesar do preconceito embutido nesta fala, minha melhor defesa é responder: “penso assim porque é o certo!. (Simone de Beauvoir)
Layla sempre trabalhou ainda desde a infância.
Quando ela se casou, com 22 anos de idade, seu marido disse que mulher dele não trabalha fora e, então, ela deixou o trabalho fora e se tornou dona de casa.
Anita sempre trabalhou para ter seu próprio dinheiro e continuou trabalhando quando se casou. Ao ter seu primeiro filho, ela não conseguiu vaga em creche pública e, sem ter pessoa de confiança para deixar seu filho, ela deixou de trabalhar fora, com a expectativa de voltar a trabalhar quando o filho for um pouco maior.
Dani era uma moça muito extorvertida, mas, agora que está com namorado, ela não pode mais sair com as amigas. Ele controla seus horários, suas redes sociais e o estilo de roupa que ela usa.
Júlia trabalha o dia inteiro fora de casa. Ela vive com marido, uma filha de 13 anos e um filho de 15 anos. Quando ela chega em casa ao final do dia, geralmente ela ainda realiza vários trabalhos domésticos, como limpeza e cuidado das roupas. Quando o jantar está pronto, ela chama todo mundo para a refeição. Depois que todos vão dormir, Júlia ainda segue com a arrumação da casa, organização das roupas e preparação de comida para o dia seguinte.
Luzia foi incentivada por algumas lideranças políticas e decidiu sair como candidata a deputada estadual agora nas eleições de 2022.
“Folgado”
Eu nunca tive lei/ E nem horário pra sair nem pra voltar/ Se lembra que eu mandei você acostumar/ Tô te mandando embora, melhor sair agora/ Não vem me controlar/ Folgado/ Maldita hora que eu chamei você de namorado/ Imagina se a gente tivesse casado/ Deus me livre da latada que eu ia entrar/ Dá um arrepio (Marília Mendonça)
Marcela conheceu André e se sentiu sexualmente atraída por ele. André é casado e Marcela sabe disso. Um dia ele a convidou para um encontro e, esperando uma boa experiência de sexo casual e sem compromisso, Marcela decidiu aceitar.
Paula conheceu Ricardo uma noite em uma boate. Eles se sentiram atraídos, trocaram carícias e foram a um motel no final da noite. Lá Paula perdeu o tesão e disse não mais querer sexo. Ricardo ficou bravo e agressivo.
Roberta estava com seu marido em um bar e percebeu que ele estava interessado por outra mulher da mesa vizinha. Enquanto o marido foi ao banheiro, Roberta foi até a outra mesa e fez ameaças à mulher, intimidando-a a deixar o bar.
Bruna foi a uma boate com sua amiga que lhe explicou que, ao receber o convite de um homem para dançar, ela deve aceitar, para não constranger ou ofender o homem. Apesar da instrução da amiga, Bruna não concordou com a norma social e decidiu que somente dançaria com aqueles que lhe agradasse.
Maria tem 40 anos e gostaria de voltar a estudar. Seu marido reprovou a ideia, mas, mesmo assim, Maria decidiu prosseguir com seu plano.
Clarice queria aprender a dirigir carro e não tinha apoio dos pais e irmãos. Ela procurou um trabalho e começou a economizar parte do salário e depois procurou as tias para pedir ajuda para pagar pelos gastos da autoescola.
Sem ajuda dos homens da família, Clarice tirou sua habilitação para dirigir.
Sandra é uma mulher negra que sempre alisou o cabelo, mas, recentemente ela passou a deixar seu cabelo em estado natural, sem uso da chapinha.
Teresa passou toda a sua adolescência preocupada com o peso e fazendo dietas para emagrecer. Aos 30 anos ela mudou de opinião e passou a assumir seu corpo como ele é. Edna estava com 35 anos e grávida do quinto filho.
Ela queria “fazer operação para não ter mais filhos” e o marido era contra e queria ter mais filhos. A família de Edna também era contra, porque ela era jovem. Mesmo assim, por sua própria decisão, Edna fez a “operação”.
Luíza trabalha como empregada doméstica de uma família há muitos anos. Na casa existem quatro homens (3 filhos e o pai), e uma mulher (mãe/esposa). Desde que chegou naquela casa, Luíza via os avanços sexuais dos homens da casa sobre a outra empregada e, para se proteger, ela resolveu que mentiria para eles dizendo-lhes que era virgem, quando na verdade já era mãe.
Marina andava por uma rua de Belo Horizonte quando foi abordada por uma mulher branca que lhe perguntou se ela teria disponibilidade para fazer faxina em sua casa. Marina é uma mulher negra, professora e estudante de mestrado.
Silvana estava saindo de seu apartamento por volta das 14 horas e usou o elevador de serviços. No elevador, uma moradora lhe perguntou: “hoje você acabou cedo? Já está indo embora?”. Silvana é parda e professora universitária.
Laís é uma moça negra que vive no Pelourinho, em Salvador/BA. Ela disse que foi “deixada” por seu ex “porque” ele se interessou por uma mulher branca.
Elza é uma mulher negra, moradora de Salvador. Ela contou uma experiência de quando foi fazer ficha em uma empresa e lá disseram para ela que “a vaga já foi preenchida” e não receberam o currículo dela. Na saída, Elza ficou um tempo em um bar vizinho da empresa, tomando um refrigerante. Nesse tempo ela pôde perceber a movimentação de pessoas que chegavam portando envelope (ela supunha que era o currículo) e saíam de mãos vazias.