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“PCOs têm que definir-se como partners da organização” >> Patricia afonso pafonso@publituris.pt

>> Fotos: DR

Por altura do 20.º aniversário da empresa, Luísa Ahrens Teixeira, directora da MundiConvenius, fala sobre o negócio, as dificuldades e mais-valias do País enquanto destino e do futuro dos PCOs. O 20.º aniversário da MundiConvenius foi o mote da entrevista a Luísa Ahrens Teixeira, directora-executiva, que revela-nos os momentos mais marcantes na actividade e fala sobre o negócio nos dias de hoje. “O balanço que faço destes 20 anos é que não me queixo e isto, basicamente, resume uma alegria grande e o estar no mercado com resultados muito bons”, começa por dizer a responsável, adiantando que conta, também, “com o reconhecimento do mercado, dos nossos clientes e, portanto, o balanço é extremamente positivo”. “Não nos falta trabalho, continuamos sempre a aumentar a nossa carteira de clientes e, cada vez mais, trazemos para Portugal mais congressos, o que acho que ajuda muito não só o emprego, como a economia da cidade.” Nestas duas décadas de actividade, Luísa Teixeira teve “dois congressos com os quais não fiquei satisfeita comigo própria”. “Obviamente não vou dizer quais foram, mas foram por razoes – e não quero desculpar-me – externas, mas que não controlámos devidamente”,

explica, acrescentado que, de resto, “penso que temos tido grande sucesso e os [congressos] que vou nomear são os maiores ou os que talvez me deram maior gozo de fazer pelo desafio que nos colocaram, não quer dizer que os outros também não sejam importantes”. Aqui, a responsável refere os dois congressos da EADV, “aliás, a MundiConvenius foi fundada para fazer o primeiro, em 1996, quando vieram para Portugal 4500 participantes, o que, na altura, foi considerado um número fantástico e foi feito na FIL Junqueira. O segundo congresso veio em 2011 e vieram 10 mil participantes, o que já não nos assustou”. Segundo Luísa Teixeira, “estes dois congressos foram os mais marcantes porque voltaram a Portugal e isso foi um bom sinal. Por outro lado, porque foram desafios, principalmente o primeiro, quando não sabíamos fazer congressos e fomos, praticamente, lançados aos bichos”. Seguiu-se o congresso europeu da ERA “e, há dois meses, o congresso da ESHRE (European Society of Human Reproduction and Embryology), onde tivemos 10.188 partici-

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pantes e foi o maior de sempre da ESHRE. Novamente um sucesso muito grande, o que quer dizer que Lisboa é um lugar apetecível e um local que atrai muita gente”. “Tivemos outros congressos muito interessantes, como o da UNESCO na parte da arte; congressos da adolescência, em que se fizeram os 20 anos do Programa Erasmus, foi muito giro todo o envolvimento e tipologia de participantes. Tivemos congressos de tipologias diferentes, como de construção civil, também importante por ter um background diferente; e de economia.” MERCADO As mudanças, nomeadamente tecnológicas, são mais que muitas nesta área e é necessário estar atento à evolução e tendência. Questionada sobre a adaptação da MundiConvenius às novas propensões do mercado de congressos, Luíxa Teixeira foi taxativa ao afirmar que “nós é que temos feito as novas tendências de mercado e trazido para Portugal”. “Fomos a primeira empresa a fazer web strikes online, fazer pagamentos online. Hoje em dia é comum, essas plataformas alugam-se todas. Nós é que tentamos adaptar-nos sempre ao mercado e à frente. Neste momento, estamos a fazer novas adaptações para vários aspectos da organização de congressos e sinto que, se não fizermos isto praticamente todos os anos,


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perdemos o barco de certeza absoluta”, diz a directora-executiva da Mundiconvenius. A responsável explica que “a concorrência é feroz e há que investir muito dinheiro, não é só ficar a chorar porque a concorrência é feroz. Temos que investir muito dinheiro em plataformas, formação, esta é essencial. É uma adaptação constante”. Sobre a queda de Portugal e Lisboa no ranking da ICCA este ano, apesar da subida do Porto, Luísa Teixeira acredita que a situação não afecta as candidaturas submetidas a congressos internacionais. “Acho que as pessoas não estão preocupadas em ir ver se Portugal caiu dois lugares ou três, estão preocupadas é com as condições que as cidades oferecem.” DESTINO E APOIOS Porém, o País continua a ter que fazer melhorias para poder receber mais e maiores congressos, nomeadamente das infra-estruturas, considera Luísa Teixeira: “Vamos cair na história do costume, que são as infra-estruturas não existentes para grandes congressos, a partir dos 3500 participantes, o que já não é possível na FIL Junqueira, o espaço que ainda tem as melhores hipóteses neste momento. Mas, a partir desse número, começa a ser um bocado difícil as pessoas movimentarem-se.” Neste tema, é inevitável falar-se do novo Centro de Congressos de Lisboa, que a responsável considera “fundamental, até para nos dar economia de escala”. “Conseguimos fazer como fizemos com a ESHRE, quando montámos seis salas construídas de raiz, porque não havia nada nos pavilhões, decorámos e alcatifámos, tratámos do som e audiovisuais, só que sai muito caro. E se isso tivesse montado, a nossa capacidade concorrencial era melhor. Por outro lado, a nossa experiência também se faz com rodagem e quanto mais se aluga, mais barato é. Por exemplo, tivemos que encomendar 9500 cadeiras e andámos a pesquisar em Espanha e França, porque cá o máximo que conseguíamos arranjar foram 3500, mas às empresas só interessam 10 mil cadeiras se as alugarem numa base frequente, porque, se não, não vale a pena. É como tudo”, exemplifica. No que respeita aos apoios das diversas entidades públicas à organização de congressos, a directora executiva da Mundiconvenius considera “razoável”. Sobre o que poderia evoluir neste campo, Luísa Teixeira é da opinião de que “claro que podemos sempre melhorar, tudo é passível de melhoria, mas acho que o que se faz e a nova estratégia dos Convention Bureaux, que estão muito mais activos, muito mais em cima do acontecimento, vão a mais fóruns, expõem-se mais”.

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Luísa Teixeira explica que “a concorrência é feroz e há que investir muito dinheiro, não e só ficar a chorar porque a concorrência é feroz. Temos que investir muito dinheiro em plataformas, formação, esta é essencial. É uma adaptação constante”.

Sobre a actuação do Turismo de Portugal, as palavras são igualmente positivas: “Dá algumas verbas, queremos sempre mais, obviamente, mas diria que o que existe é razoável e acho que as coisas estão a marcar para um muito maior profissionalismo, visualização e compreensão do mercado.” Questionada sobre o que é necessário fazer para alavancar o turismo neste segmento, além da melhoria e criação de infra-estruturas mais adequadas, Luísa Teixeira considera que “a promoção e a divulgação do País está a ser bem feita, Lisboa e o Porto são duas cidades extremamente atractivas neste momento e, obviamente, que capitalizamos a desgraça dos outros e isso está a ser feito neste momento” e exemplifica com o caso do Magreb: “Se for à Baixa de Lisboa, neste momento, só se ouve falar francês. Portanto, o turista francês que ia para o Magreb está a vir para Lisboa, falamos no turista de lazer, mas que, depois, passa a palavra e o conhecimento que somos uma cidade muito atractiva.” A actividade complementar à organização de congressos está assegurada, com a responsável a enumerar alguns serviços. “Temos o aeroporto da cidade, enfim, com os prós e contras que tem, mas, neste momento, é muito positivo; o

metropolitano directo à cidade, com o Parque das Nações imediatamente abaixo. O que aliás, para mim, devia ser o sítio para a instalação de excelência do centro de congressos, não o centro de Lisboa, que não faz minimamente sentido. E o facto de se dizer que é a walking distance dos hotéis não é importante. Você mete-se no metropolitano e está no Parque das Nações em 15 minutos. Isso é que é importante.” Luísa Teixeira esclarece a sua posição, afirmando que “o centro de congressos no centro de Lisboa não podia ser feito para um número grande de participantes, não só pela infra-estrutura, como pelo acesso dos camiões enormes que descarregam material. Não estou a ver os residentes perto do Parque Eduardo VII, que pagaram muito pelas suas casas, a permitirem isto, mas pode ser que haja alguma coisa que esteja a analisar mal”. “Mas o que realmente lamento é que haja associações que digam que um novo Centro de Congressos em Lisboa não é preciso para nada, a frase foi mesmo assim.” DESAFIOS E MAIS-VALIAS Ainda sobre os principais desafios na organização e realização de congressos em Portugal, a directora executiva da Mundiconvenius volta a referir a “economia de escala que as infra-estruturas

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acarretam e isto é quase que uma ‘pescadinha de rabo na boca’. Se tiver infraestruturas, treino melhor as pessoas, consigo ter material disponível, baixar os preços, maior experiência prática o que faz com que consiga rentabilizar o trabalho, diminuindo os dias de trabalho dessa mão de obra, que é habitualmente o mais caro. Portanto, isto tem a ver com as infra-estrturas, se elas existirem, tudo isto pode ser optimizado de maneira mais eficiente e eficaz”. No que concerne as mais-valias do País, Luísa Teixeira é peremptória ao afirmar que “o destino de Portugal oferece tudo o que são infra-estruturas de acompanhamento, ou seja, condições associadas, que é a segurança, beleza geográfica natural da cidade, o facto de termos ao aeroporto muito perto do centro com metropolitano directo, hotéis fantásticos a baixo preço – sei que os hoteleiros não gostam de ouvir isso e com razão, mas o que é facto que quando o congresso vem para Portugal, dizemos quase que compensa gastar mais nas infraestruturas porque paga-se menos no alojamento”. “Realmente a nossa estrutura hoteleira de Lisboa e os nossos serviços hoteleiros são fantásticos, a cidade é muito bonita, tem uma geografia linda, cultura fantástica é, inclusive, a única capital europeia a 15 minutos da praia. O último congresso da ESHRE trouxe um número acrescido de acompanhantes, porque estes têm muito que fazer. As mais-valias do destino são inúmeras”, conclui. FUTURO Sobre o futuro da Mundiconvenius e dos PCOs em Portugal, a responsável afirma que mais do que a nível nacional, as mudanças estão a decorrer globalmente e o “PCO como PCO está a acabar e tem que se reformar e reorganizar estruturalmente porque o aparecer das plataformas online faz com que as próprias organizações façam directamente o acesso às inscrições, trabalhos científicos, etc. É tudo muito fácil de fazer hoje em dia e os recursos humanos estão a diminuir substancialmente”. “O que acontece é que os PCOs têm, cada vez mais, que se definir como partners, ou seja, fazer o risk management dos congressos e dizer: ‘venham para Portugal que assumimos o risk management, não é preciso que ponham dinheiro ou paguem adiantadamente, nós fazemolo”, avisa Luísa Teixeira, indicando que a Mundiconvenius está preparada para esta realidade e que é, ainda, necessário “diversificar o nosso mercado, para eventos corporate, institucionais, entre outros”, além de prestar o melhor aconselhamento possível ao cliente, nomeadamente na área fiscal. ¶


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