A Revista do AviSite
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Editorial
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Sumário
24 Edição histórica do SIAVS confirma vocação do Brasil para alimentar o mundo
55 Bem-estar de
Frangos: da Produção ao Abate
As pesquisas sobre bem-estar e ambiência na realidade de diversos estados do Brasil estão provando com dados estatísticos que essa consciência é uma tendência irreversível na produção
Realizado pela ABPA, Salão Internacional da Avicultura e Suinocultura promoveu negócios e debates em São Paulo
05 Eventos 06 As quatro mais + Há 10 anos + Clicks da Avicultura 08 Notícias Curtas 20 ASGAV inaugura galeria “Nelson Franken” da nutrição precoce no desempenho e 22 Anaimportância saúde de frangos de corte e a relevância do plasma spray dried nesse contexto. de duas tecnologias vacinais contra a doença de 32 Efeito Gumboro
69 Exportação As pouco mais de 378 mil toneladas embarcadas em julho superaram em apenas 1,8 mil toneladas o que foi exportado em junho, resultado que, de certa forma, surpreende, pois julho teve quatro dias úteis a mais que o mês anterior
incorpora cultura de Startups para modernizar 60 BRF operações
61 O novo ecossistema das startups-Leonardo Veja 63 Fórum Técnico da Ceva discute problemas no abate Final 74 Ponto O grande desafio do frango brasileiro: o desafio da Salmonella segue sendo o “calcanhar de Aquiles” da nossa produção. Leandro Diniz, Diretor da área de Suínos e Aves da Elanco Saúde Animal
de umidade em aviários de pressão negativa e 34 Manejo convencionais Como alcançar o máximo status sanitário, 40 bem-estar animal e performance das aves Ross
®
Estatísticas e preços e
Arbor Acres® da função intestinal com um Bacillus 44 Fortalecimento subtilis específico para um melhor desempenho vacinação como ferramenta auxiliar no controle 48 Aintegrado de salmonela ImmunoWall : a tecnologia para uma nutrição mais 52 saudável de aves e controle de Salmonella ®
66 67 68 69 70 71 72 73
Produção e mercado em resumo Pintos de corte Produção de carne de frango Exportação de carne de frango Oferta Interna Desempenho do frango vivo Desempenho do ovo Matérias-primas
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Editorial
Um breve panorama do mercado avícola Como se comportou o mercado avícola de corte em agosto e no primeiro semestre de 2019? De acordo com nossos analistas, o frango vivo comercializado no interior paulista percorreu todo o mês de agosto com a mesma cotação alcançada em 18 de junho passado. Dessa forma, completou no sábado (31) 75 dias cotado a R$3,30/kg, valor que representa incremento de 10% sobre os R$3,00/kg de um ano atrás. A estabilidade de preço não significou estabilidade de mercado. Esperava-se, para o mês, maior dinamismo na procura, já que agosto marca o reinício do ano letivo e o fim das férias de parte da população. Isto, além de contar com uma data comemorativa, o Dia dos pais. Porém, o mercado manteve o mesmo comportamento anterior, ou seja, remunerou pela cotação referencial o frango vivo pré-negociado, mas continuou sujeitando a descontos – variáveis, conforme as necessidades das partes – as ofertas spot, vindas especialmente de integrações como estratégia para manter os preços do frango abatido. Menor oferta no 1º semestre: deduzidos do potencial de produção estimado pelo AviSite os embarques apontados pela SECEX/ME, tem-se a disponibilidade interna de carne de frango aparente apontada na tabela abaixo. Em síntese, o que se projetou em relação ao potencial de produção foi um aumento de 2,5%, enquanto as exportações do período – representando 28,6% do potencial estimado – aumentaram 12%. O efeito disso foi uma disponibilidade interna aparente quase 1% menor que a do mesmo semestre de 2018. Embarques totais de carne de frango aumentaram pouco: enquanto os resultados iniciais da SECEX/ME (relativos, exclusivamente, ao produto in natura) mostram queda de 0,14% nos embarques de carne de frango de julho, o total consolidado (englobando também os industrializados de frango e a carne de frango salgada) aponta aumento próximo de meio por cento em relação ao mês anterior. Assim, embora tenham correspondido ao maior volume dos últimos onze meses, as pouco mais de 378 mil toneladas embarcadas em julho superaram em apenas 1,8 mil toneladas o que foi exportado em junho, resultado que, de certa forma, surpreende, pois julho teve quatro dias úteis a mais que o mês anterior. Volume produzido: ainda em destaque, o levantamento mensal da APINCO apontou que em junho passado, fechando o primeiro semestre do ano, foram produzidos no Brasil pouco mais de 511 milhões de pintos de corte, resultado que representou aumento de 5% sobre o mesmo mês do ano anterior, ocasião em que, ainda afetado pela greve dos caminhoneiros, o setor produziu menos de 500 milhões de pintos de corte. Comparativamente ao que foi produzido no mês anterior (541,082 milhões de cabeças em maio de 2019), o volume de junho recuou perto de 5,5%. Considerado, porém, que junho tem um dia a menos, o recuo efetivo cai para 2,32%. Agora, em seis meses, o total produzido chega aos 3,160 bilhões de pintos de corte, 6% a mais que o registrado em 2018. Acompanhe mais destaques em sua edição de Setembro da Revista da AviSite! Boa leitura!
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Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP
ISSN 1983-0017 nº 128 | Ano XI | Setembro/2019
EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br
Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.
Eventos Notícias Curtas
2019 Setembro 24
13º Encontro MERCOLAB de avicultura
Boehringer Ingelheim Saúde Animal traz ao Brasil a vacina BDA Blen
Local: Cascavel / PR Site: mercolab.com.br/
Outubro 08 a 11
OVUM 2019 XXVI Congresso Latino-Americano de Avicultura Local: Lima, Peru Site: www.elovum.com 23 a 25
XI Simpósio Europeu de Genética Avícola Organização: Branch Checa da Associação Mundial de Ciência Avícola (WPSA) Local: City Conference Center, Praga, República Checa Site: www.espg2019.org/ 30 a 01/11
IV Simpósio de Bem-estar e Comportamento Animal - SiBem 2019 Local: Descalvado, SP Realização: Mestrado em Produção Animal da Universidade Brasil E-mail: strictosensu.des@universidadebrasil.edu.br Site: strictosensudes5.wixsite.com/sibem2019
Evento da Boehringer Ingelheim Saúde Animal reuniu a imprensa em São Paulo (SP)
Novembro 07 e 08
VI Workshop Sindiavipar Mabu Thermas Grand Resort Local: Foz do Iguaçu-PR Site: sindiavipar.com.br/workshop 11 e 12
Abílio Alessandri, diretor da área de BI Fast da Boehringer Ingelheim Saúde Animal: “Esta será mais uma ferramenta para atuação em um protocolo específico para vacinação”
Treinamento de Saúde Intestinal O treinamento em saúde intestinal enfocará nas últimas tendências em controle da coccidiose, lidando com a enterite bacteriana e o gerenciamento dos problemas de saúde intestinal e suas consequências. Local: Belo horizonte, Brasil Site: www.poultrytechnicaltraining.com/ gut-health-training-brazil-belohorizonte-2019 12 a 14
32ª Reunião Anual do CBNA: Congresso sobre Nutrição e Bem-Estar Animal - Aves, Suínos e Bovinos Local: Expo Dom Pedro - Campinas, SP Realização: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) Site: cbna.com.br/site
A Boehringer Ingelheim Saúde Animal anunciou em agosto em um evento para a imprensa em sua sede, em São Paulo (SP) que está disponibilizando para o mercado brasileiro a vacina BDA Blen, para prevenção contra a Doença de Gumboro em frangos de corte. De acordo com o Abílio Alessandri, diretor da área de BI Fast da Boehringer Ingelheim Saúde Animal, esta será mais uma ferramenta para atuação em um protocolo específico para vacinação. “É extremamente eficiente, dependendo do programa vacinal, de forma bastante flexível, é uma solução mais preparada que vai completar nosso portifólio”, explicou. Ele ainda disse que a vacina já é vendida na Europa há mais de 10 anos. “E temos a certeza que ela se encaixa também no mercado brasileiro”, disse. De acordo com a empresa, a BDA Blen deve ser utilizada em uma injeção subcutânea das aves com um dia de idade ou vacinação in ovo de ovos embrionados com 18 ou 19 dias de idade. A Revista do AviSite
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As 4 notícias mais lidas no AviSite em Agosto
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Embarques de frango apenas repetem mês anterior
Desempenho externo das carnes em julho de 2019
Em julho, os embarques de carne de frango in natura somaram 357.255 toneladas e, praticamente, repetiram o volume registrado no mês anterior. O volume divulgado pela SECEX/ME ficou cerca de 500 toneladas aquém das 357.745 toneladas de junho (recuo de 0,14%).
Apenas os embarques de carne bovina apresentaram crescimento próximo do índice apontado, aumentando quase 16% em relação a junho. Já o volume de carne suína aumentou menos de 7,5%, enquanto o de carne de frango apresentou ligeira redução – de 0,14%.
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Desempenho do frango vivo em julho e nos primeiros sete meses de 2019
Ranking dos 10 principais importadores do frango brasileiro permanece (quase) inalterado
No encerramento de julho de 2019, o frango vivo comercializado no interior paulista completou 44 dias ininterruptos com a cotação inalterada em R$3,30/kg, valor 10% superior ao registrado em julho do ano passado, mas quase 4% inferior aos R$3,44/kg do mês anterior, junho de 2019.
Comparativamente a idêntico período de 2018, nos sete primeiros meses de 2019 apenas um país não marca presença no ranking dos 10 principais importadores da carne de frango brasileira: o México, agora na 16ª posição, porque suas compras recuaram 37% neste ano, representando 25 mil toneladas a menos.
Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br
Carne de frango: oferta interna volta a ficar aquém das 700 mil toneladas Campinas, 16/10/2009 - Recuando pouco mais de 5% em relação ao mês anterior, a disponibilidade interna de carne de frango em setembro passado voltou a ficar abaixo das 700 mil toneladas. Considerados os dados de produção (APINCO) e de exportação (SECEX/MDIC, ainda estimativos), a oferta interna do mês totalizou 666.215 toneladas. Em valores reais – isto é, considerada a oferta diária do produto – o índice de redução no mês foi ligeiramente menor, de apenas 2% - um índice considerado insuficiente para dar estabilidade ao mercado. O mais significativo, porém, é que a disponibilidade interna de setembro de 2009 foi 10,5% maior que a registrada um ano atrás, época em que a crise econômica mundial apenas dava seus primeiros sinais por aqui e o consumo era bem mais ativo que atualmente. E isso, sem dúvida, explica porque setembro foi, até aqui, o pior mês do ano para toda a cadeia produtiva do frango.
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Notícias Curtas Produção
Em 10 anos, produção brasileira de carne de frango pode superar os 20 milhões de toneladas Divulgado em julho, o estudo “Projeções do Agronegócio” – elaborado anualmente pela Secretaria de Política Agrícola do MAPA – estima que nestes próximos 10 anos a produção brasileira de carne de frango deve se expandir a uma média de 2,5 % ao ano, índice que – considerada a produção de 13,555 milhões de toneladas prevista para 2019 – significa chegar a 2029 com um volume da ordem de 17,4 milhões de toneladas. Mas isso – revelam os números da SPA – corresponde apenas a uma projeção rotineira. Porque, considerado um limite superior, daqui a 10 anos o Brasil poderá estar produzindo 20,5 milhões de toneladas de carne de frango, desempenho que implica em um incremento médio pouco superior a 4% ao ano. Sem levar em conta, aqui, o limite superior projetado para as três carnes, o volume total de carnes previsto para 2029 será 27% superior ao estimado para o corrente exercício, passando de, aproximadamente, 26 milhões de toneladas para pouco mais de 33 milhões de toneladas.
PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNES
Tendências para
2029
(base: produção estimada para 2019)
MILHÕES DE TONELADAS Limite superior
20,575
13,022
8,468
5,920
10,554
2029 Bovina
17,436
5,092
3,973 2019
13,555
2019
2029
2019 2029 De Frango
Suína
Fonte dos dados básicos: SPA/MAPA – Elaboração e análises: AVISITE
está sendo estimado para o presente Serão, neste caso, 7 milhões de toneladas adicionais, 55% delas repreexercício (carne de frango: 52,14%; Produção sentadas pela carne de frango. Ou carne bovina, 32,57%; carne suína, Peso médio do frango aumentou mais de 1% ao ano nas duas últimas décadas seja: o adicional aí previsto, próximo 15,29%). Ou seja: a carne bovina tende a sofrer pouco mais de de 3,9 milhões de toneladas ultrapas-de frangos Comparando-se os dados do abate inspecionado do IBGE redução relativos aode primeiro trimestre de 2019 comsomados aqueles de duas constata-se que,abaixo frente a um de total. sa os adicionais das décadas carnesatrás,2%, ficando deaumento 32% do 150% no número de cabeças abatidas, a carne delas proveniente aumentou 212%, como efeito bovina e suína (cerca de 2,1 milhões/t A participação da carne suína sobe de um incremento de 25% no peso médio das aves abatidas. e 1,1milhão/t, respectivamente). 0,71% e alcança 15,39% do total. E a Mesmo assim, o mix dos três proda carne auOutra constatação é a de que grande parte do aumentoparticipação registrado no volume abatido ede na frango carne produzida concentrada na década passada, ou menta seja, entre1%, 1999 subindo e 2009, período que dutos naesteve produção total de carnes paraem52,70% da o número de cabeças abatidas aumentou a uma média de, praticamente, 7% ao ano, enquanto a não muda muito em relação ao que produção total. expansão no volume ficou em 8%. Já na década seguinte, entre 2009 e 2019, registrou-se aumento pouco superior a 2,5% ao ano no número de cabeças abatidas e de 3,7% no volume de carne produzida. O que evoluiu de forma praticamente constante nessas duas décadas foi o peso médio dos frangos abatidos – algo ligeiramente superior a 1% ao ano.
Produção
EVOLUÇÃO DO FRANGO EM DUAS DÉCADAS
Peso médio do frango aumentou mais de 1% ao ano nas duas últimas décadas
Número de cabeças abatidas, carne produzida e peso médio* 1º trimestre de 1999, 2009 e 2019 CARNE PESO CABEÇAS ABATIDAS PRODUZIDA MÉDIO
ANO
Comparando-se os dados do abate inspecionado de frangos do IBGE relativos ao primeiro trimestre de 2019 com aqueles de duas décadas atrás, constata-se que, frente a um aumento de 150% no número de cabeças abatidas, a carne delas proveniente aumentou 212%, como efeito de um incremento de 25% no peso médio das aves abatidas.
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Outra constatação é a de que grande parte do aumento registrado no volume abatido e na carne produzida esteve concentrada na década passada, ou seja, entre 1999 e 2009, período em que o número de cabeças abatidas aumentou a uma média de, praticamente, 7% ao ano, enquanto a expansão no volume ficou em 8%. Já na década seguinte,
VARIAÇÃO SOBRE A DÉCADA ANTERIOR
entre 2009 e 2019, registrou-se aumento pouco superior a 2,5% ao ano no número de cabeças abatidas e de 3,7% no volume de carne produzida. O que evoluiu de forma praticamente constante nessas duas décadas foi o peso médio dos frangos abatidos – algo ligeiramente superior a 1% ao ano.
Produção
Quatro dos cinco BRICS respondem por um terço da produção mundial de carnes avícolas Estudo da OCDE/FAO aponta que um terço da produção mundial de carnes avícolas (leia-se: principalmente de frango) está nas mãos dos quatro formadores iniciais do BRICS. Ou - pela ordem, segundo o volume médio produzido no triênio 2016/18 - China, Brasil, Rússia e Índia. Individualmente, aliás, eles se colocam entre os seis maiores produtores mundiais. Na verdade, se fosse oferecido ao grupo o mesmo tratamento dado à União Europeia (UE) – que reúne 28 países mas é tratada como produtor individual – o bloco estaria caracterizado como o maior produtor mundial, pois a UE responde por pouco mais de 10% do total produzido, enquanto a participação dos EUA, isoladamente o líder do setor, não chega a 18%. Já na individualização dos quatro
BRIC, constata-se que a China lidera o grupo, com 45% do total por eles produzido. Notar, neste caso, que o levantamento da OCDE/FAO inclui toda a carne avícola produzida pelos chineses, inclusive a carne de frango proveniente de linhagens domésticas. Aqui, o Brasil surge na segunda posição, com 33,4% do volume produzido pelos quatro BRIC, enquanto a participação de Rússia e Índia fica em 12,5% e 9,1%, respectivamente. Na tabela abaixo, à direita, as projeções do estudo OCDE/FAO para a produção de carnes avícolas em 2028 entre os seis maiores produtores mundiais (pela ordem, EUA, China, Brasil, União Europeia, Rússia e Índia). Por essas projeções, a maior expansão está reservada para a Índia, cuja produção deve aumentar mais de 40% em apenas
uma década. Notar, de toda forma, que o volume adicional previsto com esse aumento (cerca de 1,5 milhão de toneladas) é inferior ao adicional previsto para o Brasil - 1,850 milhão de toneladas a mais considerado um incremento de 13,6% sobre a média de 2016/18. Vale atentar, no entanto, que a base das projeções do estudo OCDE/FAO (2016/18) é anterior ao atual surto de Peste Suína Africana. Que afeta não apenas a China, mas inúmeros outros países e deve redundar na formação de um novo perfil na produção e consumo mundiais de carnes. Em resumo, as carnes avícolas serão as mais beneficiadas. Por isso, os índices de expansão da produção ora previstos para países como China (consumidor) e Brasil (exportador) tendem a ser significativamente superados.
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Notícias Curtas Bem-estar animal
Unesp ajuda a criar selo que certifica bem-estar animal durante a produção Uma equipe vinculada ao Departamento de Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, câmpus de Botucatu, participou da elaboração do Selo Produtor do Bem, uma iniciativa que visa fortalecer o setor produtivo brasileiro de alimentos de origem animal, especialmente avicultura, suinocultura e bovinocultura. Idealizado pelo médico veterinário Leonardo Vega, fundador da F & S Consulting, o selo foi criado para certificar atividades de produção e abate de animais feitas com total observância aos parâmetros de bem-estar. “O selo é a ferramenta adequada e confiável para atestar a responsabilidade ética do produtor e comunicá-la ao consumidor”, esclarece Vega. “O selo vai validar os procedimentos adotados pelo produtor e va-
lorizar sua produção. O consumidor, por outro lado, poderá ter a certeza de que está adquirindo um produto gerado por um sistema que se preocupa em criar os animais dentro dos melhores parâmetros de bem-estar. Por fim, o selo deve impulsionar o desenvolvimento do conceito de bem-estar animal dentro do país”, analisa a zootecnista Ianê Correia de Lima Almeida, doutora em Zootecnia pela FMVZ, e colaboradora no desenvolvimento da iniciativa.
Consumidor consciente Consolidada na Europa, a tendência a um consumo mais consciente é crescente também no Brasil. Segundo reportagem da revista Veja, publicada em março passado, a World Animal Protection, ONG com mais de cinquenta anos de atuação na proteção de animais pelo mundo, realizou um
estudo em 2016 que apontou que dois a cada três brasileiros não sabem a forma como os animais são criados antes de serem abatidos. Contudo, esse panorama vem mudando rapidamente. “Hoje o consumidor do Brasil lê rotulagem e se preocupa com o impacto que seu consumo tem na qualidade de vida dos animais e no meio ambiente. O ato de escolher um produto no supermercado não passa mais apenas pelo preço de venda, mas também pela informação da validade, pela tabela nutricional, pela apresentação do produto, entre outros aspectos. O selo vai atender essa nova categoria de consumidor, que está superantenada”. Daniel Mohallem, um dos sócios da empresa Planalto Ovos Ltda, compartilha essa opinião. “É perceptível que gradualmente o brasileiro está buscando ter mais conhecimento sobre os alimentos que consome. Se em um passado não muito distante a imensa maioria dos brasileiros não fazia ideia de que as galinhas poedeiras eram tradicionalmente criadas em gaiolas, atualmente uma porção cada vez mais significativa da população tem optado por ovos provenientes de sistemas de criação que priorizem o bem-estar animal. O consumidor está se tornando cada vez mais exigente e a adesão a programas de certificação é uma realidade que tende a se intensificar muito nos próximos anos”.
Genuinamente brasileiro O selo Produtor do Bem traz uma especificidade que deve interessar especialmente a consumidores e produtores brasileiros: é um selo genuinamente nacional. “O projeto do selo foi desenvolvido aqui no Brasil por pesquisadores, produtores, empresários nacionais, dentro da nossa realidade ambiental e de nossos sistemas produtivos”, explica Ianê.
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Ela participou fornecendo suporte técnico-científico e embasamento teórico para a elaboração do selo e acredita que o fato de ser nacional fortalece a credibilidade da marca Produtor do Bem. “Tudo foi baseado em protocolos experimentais adequados às condições brasileiras. Ele foi pensado para atender desde o pequeno produtor até as grandes empresas do setor”, esclarece. “O protocolo ou lista de requisitos para a concessão de um selo de certificação é sempre muito abrangente e, nesse caso, vai desde os indicadores sanitários até indicadores de bem-estar propriamente ditos, levando em consideração inclusive as condições climáticas do Brasil”, salienta a professora Ibiara Paz, da FMVZ. “Tudo que consta no protocolo para a obtenção do selo foi testado, passou por um crivo estatístico e é realmente confiável. Fornecemos informações sobre experimentos anteriores que já fizemos na Unesp, até revisões de literatura para conferir um embasamento teórico aos procedimentos de manejo produtivo”.
Livre de gaiolas Para o setor avícola, um dos aspectos mais importantes no que diz respeito ao bem-estar animal é o sistema de produção de galinhas livres de gaiolas, ou cage-free. Ao evitar o confinamento dos animais nas gaiolas, o sistema permite que cada indivíduo possa circular de maneira natural pelo ambiente, conferindo um aumento significativo no bem-estar das aves. Na União Europeia, a adoção do sistema cage-free se intensificou a partir de 2009 . O movimento cresceu, apoiado pelo consumidor e as normas atuais determinam que os produtores terão até o ano de 2023 para se adaptarem. A partir de então a criação em gaiolas será definitivamente proibida. Empresas de grande porte como o Burger King e o McDonald’s já anunciaram que a partir de 2025 usarão em suas unidades ao redor do mundo somente mercadorias de granjas que adotem o sistema cage-free. Na França, a venda de
ovos produzidos por aves criadas em gaiolas será proibida a partir de 2022. Alguns países como Suíça e Suécia já zeraram a produção de frangos em gaiolas. Para a professora Ibiara um aspecto facilitador para a adoção dos parâmetros de bem-estar animal, tais como o sistema cage-free é a diminuição do seu impacto econômico na produção. “Em razão do desenvolvimento tecnológico, o custo da implantação de algumas medidas de bem-estar é menor do que o que havia em tempos passados. As tecnologias permitem que o produtor ofereça determinadas condições aos animais sem aumentar excessivamente o valor do custo de produção”. A previsão dos idealizadores é que ainda neste ano de 2019, algumas empresas de ovos já estejam exibindo nos pontos de venda os produtos certificados com o selo Produtor do Bem. A certificação para os setores de produção de carne bovina e suína virá na sequência.
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Notícias Curtas Exportação
Carne de frango: variação, em um quinquênio, no mix de itens exportados Comparando-se o mix de itens de carne de frango exportados no primeiro semestre de 2019 com aqueles de cinco anos atrás (primeiro semestre de 2014), observam-se significativas variações na participação dos vários itens exportados. Assim, a participação do item de menor valor unitário – o frango inteiro – teve sua participação reduzida em quase um quarto (-24%). Em 2014 o frango inteiro respondeu por quase 36% do volume exportado no semestre, índice que neste ano recuou para apenas 27%. Na outra ponta, os dois itens com maior valor agregado – a carne salgada e os industrializados de frango – também registraram perda. E de maneira mais grave, pois a participação de ambos os itens caiu em torno de 40%. Assim, o único item a registrar incremento de participação foram os cortes de frango – de 55% há cinco anos para 67% neste ano – um incremento de 22%. Aplicada a mesma análise à receita cambial, observa-se que mesmo perdendo participação, os industrializados e a carne salgada apresentam índi-
Legislação
C A R N E D E F R A N G O Distribuição do mix de itens exportados no volume e na receita Variação em um quinquênio Primeiro semestre de 2014 e 2019
Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC – Elaboração e análises: AVISITE ce de redução menor que no volume No caminho inverso, os cortes de Legislação (de 32% e 37%, respectivamente), fato frango obtiveram melhor participação Normas para rações medicamentadas têm prazo de vigência novamente prorrogado não registrado com o frango inteiro, na receita (incremento de 24%) do que cuja perda de receita foi maior a julhono (incremento 22%) Através da Instrução Normativa nº 17, deque 17 de de volume 2019, publicada na ediçãode de 18 de – resultado indicativo de obtenção de meperda deDiário volume sinal deamaior desJulho do Oficial–da União, Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA prorrogou por mais um ano (18 julho de 2020) o prazo estabelecido (e jápreços. prorrogado) no Artigo 4º da valorização node preço. lhores Instrução Normativa nº 14, de 15 de julho de 2016.
Composta por quatro anexos, a Instrução Normativa de três anos atrás – número 14/2016http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/21770499/do1-2016-07-18-instrucaonormativa-n-14-de-15-de-julho-de-2016-21770368 - definiu os “critérios e os procedimentos para a fabricação, a comercialização e o uso de produtos para alimentação animal com medicamentos de uso veterinário da classe dos antimicrobianos e antiparasitários, em animais produtores de alimentos, visando garantir um nível adequado de proteção da saúde humana e dos animais”. E, em seu Artigo 4º, estabelecia “o prazo de até 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, para a adequação dos estabelecimentos que fabricam, importam e manipulam produto veterinário ao neste Zdisposto C 2 M b(sic) /co n t eAnexo. nt / i d / 21770 4 9 9 / belecia “o prazo de até 365 (trezentos e do1-2016-07-18-instrucao-normativasessenta dias,depara adequação Portanto, o novo Regulamento deveria entrar em vigor a partir edecinco) 15 de julho 2017.a Mas, -então, n - 1o4MAPA - d epublicou - 1 5 nova - d eInstrução - j u l Normativa h o - –dos estabelecimentos que fabricam, número 25/2017 – prorrogando o prazo im-de-2016-21770368 - definiu os “critéportam e manipulam produto veterinários e os procedimentos para a rio ao disposto (sic) neste Anexo. fabricação, a comercialização e o uso de Portanto, o novo Regulamento deveria entrar em vigor a partir de 15 de produtos para alimentação animal com julho de 2017. Mas, então, o MAPA pumedicamentos de uso veterinário da blicou nova Instrução Normativa – núclasse dos antimicrobianos e antiparasitários, em animais produtores de alimero 25/2017 – prorrogando o prazo mentos, visando garantir um nível adeoriginal para 18 de julho de 2019, venquado de proteção da saúde humana e cido ontem. Agora, esse prazo é estendido por mais um ano. dos animais”. E, em seu Artigo 4º, esta-
Normas para rações medicamentadas têm prazo de vigência novamente prorrogado Através da Instrução Normativa nº 17, de 17 de julho de 2019, publicada na edição de 18 de Julho do Diário Oficial da União, a Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA prorrogou por mais um ano (18 de julho de 2020) o prazo estabelecido (e já prorrogado) no Artigo 4º da Instrução Normativa nº 14, de 15 de julho de 2016. Composta por quatro anexos, a Instrução Normativa de três anos atrás – número 14/2016http://www.in.gov.br/ materia/-/asset_publisher/Kujrw0T-
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Notícias Curtas Mercado externo
China: efeitos da PSA tendem a favorecer importação de carne de frango por longo espaço de tempo Embora recue significativamente, não será em 2019 que a produção chinesa de carne suína, afetada pela Peste Suína Africana (PSA), atingirá o fundo do poço. Um volume ainda menor está sendo previsto para 2020, ocasião em que o total produzido pode ficar aquém dos 47 milhões de toneladas, resultado quase 15% menor que alcançado em 2018. A previsão – discutível, pois há indicações de que as perdas vêm sendo maiores que as apontadas pelos dados oficiais - é do Ministério da Agricultura da China e a respeito dela há menção específica no novo “Agricultural Outlook 2019-2018”, trabalho conjunto da OCDE e da FAO recentemente lançado. Pelo gráfico abaixo é possível constatar que (previsão) o volume produzido no ano passado somente será novamente alcançado daqui a cinco anos, em 2024. E como a recuperação só deve começar em 2021, nesse meio tempo, as necessidades internas serão supridas por importações. Que – apontam OCDE e FAO – devem ser atendidas sobretudo por Brasil, Canadá e União Europeia. E o estimado,
Mercado
C A R N E
S U Í N A
N A
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Tendências de produção e variação anual 2018 a 2024 56
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2018
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P R O D U Ç ÃO ( M I L H Õ E S / T )
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V AR I AÇ ÃO AN U AL ( %)
Fonte dos dados básicos: OCDE/FAO – Elaboração e análises: AVISITE
por ora, é um volume que em 2020 Porém, além de suprir as necessiMercado dades do consumidor, a avicultura pode chegar aos 2,1 milhões de toneValorde Bruto de Produção (VBP) do frango triplicatende em menos de duas décadas ladas carne suína, um volume mais a modificar os hábitos alimentares dos chineses. Ou seja: como de 75% superior ao importado em À luz do desempenho registrado no primeiro semestre de 2019, o Valor Bruto de Produção ocorre em àoutros países, também 2018. (VBP) dos cinco principais produtos de origem animal destinados alimentação humana volta a na China o consumo de carne de O processo, claro, deve abranger ultrapassar, no corrente exercício, a casa dos R$200 bilhões, aumentando pouco mais de 4%frango em relação a 2018 (valoresde deflacionados FGV de de 2019). pode, nojunho futuro, superar o de carne também a carne frango. pelo MasIGP-DI a da suína. Mas como chegar à autossuficiprincipal beneficiária será a próNas estimativas atuais, esse VBP poderia ser maior não fosse leite e ovos sinalizarem redução pria avicultura chinesa, única caência é difícil, senão impossível, as no ano – por ora, de 1,5% e de quase 4%, respectivamente. Mas o que ressalta na presente paz de preencher (embora parcialimportações doo frango, produto tendem projeção é que o aumento total previsto tem como contribuinte principal cujo VBP pode a mente) a lacuna causada pela peste permanecer em níveis elevados por registrar incremento anual superior a 13%. suína africana. um longo tempo. Tem muito mais, porém. Porque, comparativamente ao que foi estimado para 2000 (último ano do século 20), no corrente exercício o VBP do frango pode triplicar, registrando o melhor desempenho entre os cinco produtos listados.
Isso ocorrendo, o frango será o único produto a registrar aumento de participação no VBP Valor Bruto de Produção do frango animal. (VBP) De, aproximadamente, 28%. Isto, enquanto caem as participações dos bovinos (-9%), dos suínos (-4%), do leite (-6%) e a dos ovos (-20%). triplica em menos de duas décadas
À luz do desempenho registrado no primeiro semestre de 2019, o Valor Bruto de Produção (VBP) dos cinco principais produtos de origem animal destinados à alimentação humana volta a ultrapassar, no corrente exercício, a casa dos R$200 bilhões, aumentando pouco mais de 4% em relação a 2018 (valores deflacionados pelo IGP-DI da FGV de junho de 2019). Nas estimativas atuais, esse VBP poderia ser maior não fosse leite e ovos sinalizarem redução no ano – por ora, de 1,5% e de quase 4%, respectiva-
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A Revista do AviSite
mente. Mas o que ressalta na presente ticipação no VBP animal. De, aproxiV B P d a p r o d u ç ã o a n i m a l madamente, 28%. Isto, enquanto projeção é que o aumento total previs2 0 0 0 , 2 0 1 8 e 2 0 1 9 (2019: projeção) to tem como contribuinte principal o caem as participações dos bovinos R$ BILHÕES frango, cujo VBP pode registrar incre(-9%), dos suínos (-4%), do leite (-6%) mento anual superior a 13%. e a dos ovos (-20%). Tem muito mais, porém. Porque, comparativamente ao que foi estimado para 2000 (último ano do século 20), no corrente exercício o VBP do frango pode triplicar, registrando o melhor desempenho entre os cinco produtos listados. Isso ocorrendo, o frango será o único produto a registrar aumento de par-
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Notícias Curtas Produção
Paraná deverá liderar produção de carnes, prevê especialista Os próximos 10 anos projetam avanços na agropecuária brasileira e paranaense, consolidando o Brasil como grande fornecedor de alimentos para o mundo. Produtos como soja e milho devem se manter na liderança da produção porque não há substitutos para eles nos próximos anos. O mercado de carnes vai impulsionar o PIB da agropecuária e o Paraná tem forte tendência de se firmar como grande produtor de carnes bovina, suína e de frango. A projeção é do especialista da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Garcia Gasques. Para Ortigara, o Brasil e o Paraná são importantes produtores de alimentos e estão ficando cada vez melhor posicionados no cenário mundial. “Para crescer precisamos de qualificação cada vez maior do produtor rural, de políticas adequadas e capacidade de leitura dos vários cenários, de desenho de políticas consistentes, de direcionamento com visão estratégica e planejamento”, afirmou o secretário. Segundo Gasques, o Paraná, junto com o Mato Grosso, lidera a produção de grãos no Brasil. “Em primeiro lugar, temos o Mato Grosso na produção de milho e soja, devido à dimensão do Estado, e portanto é o líder natural”, disse. Segundo ele, o Paraná tem grande destaque na produção de grãos porque é um Estado que usa muita tecnologia. “Apesar de as propriedades serem de menor dimensão, a produtividade é alta e consequentemente a produção é alta também”, afirmou. Mas o Paraná vem se tornando cada vez mais importante também na produção de carnes e leite, destaca o técnico do Ministério. Basta ver que, dos R$ 74 bilhões previstos para o Valor da Produção do Paraná este ano, R$ 20 bilhões correspondem à produção de frango. “Essa expansão da produção animal vai trazer muito valor agregado e certamente vai gerar muito emprego, uma vez que a maior parte dessa atividade é feita no âmbito da agricultura familiar”, afirmou. PROJEÇÕES - No período de 10 anos, precisamente a partir da safra 2018/19 até a safra 2028/29, Gasques projeta um crescimento das atuais 240 milhões de toneladas de grãos produzidas no País para cerca de 300 milhões de toneladas. As projeções indicam que a região Sul do País e o Centro-Oeste vão liderar a maior parte desse crescimento. O Paraná deverá avançar de uma produção média de soja das atuais 23,3 milhões de toneladas, para 28,9 milhões de toneladas na safra 2028/29. Considerando as duas safras de milho, o Estado avança de uma média de 17,6 milhões de toneladas de milho, na safra 2018/19, para cerca de 27,4 milhões de toneladas na safra 2028/29. Na produção de carnes, o Paraná deve passar das atuais 26 milhões de toneladas para 33 milhões de toneladas, segundo estimativas do técnico do Ministério da Agricultura.
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Notícias Curtas Exportação
Receita cambial da carne de frango aumenta 10% nos oito primeiros meses de 2019 Os dados finais da SECEX/ME relativos às exportações de carne de frango in natura, carne salgada e industrializados de frango relativos aos oito primeiros meses de 2019 (dois terços do ano) apontam – comparativamente a idêntico período de 2018 – incremento de 2,73% no volume embarcado e de 10,22% na receita cambial. Bem mais modestos que os observados, por exemplo, no fechamento do primeiro semestre (aumento de 12% no volume e de 19%
na receita), tais resultados são o reflexo da queda de desempenho observada no bimestre julho-agosto, meses em que embarques e receita foram menores que os de idênticos meses de 2018. O maior efeito, no caso, advém das exportações de agosto: o volume exportado recuou quase 18% e a receita perto de 12%. Embora ligeiramente maior que o registrado um ano atrás, o volume acumulado entre janeiro e agosto de 2019 ainda permanece aquém dos registrados em idêntico período do
triênio 2015/2017. Já na receita, o resultado de 2019 está acima não apenas do de 2018, mas também do de 2016. Isso acontece porque o preço médio hoje registrado se encontra mais de 9% acima do alcançado três anos atrás, no mesmo período. De toda forma, a média atual (perto de US$1.690,00 por tonelada) permanece mais de 2% abaixo da registrada entre janeiro e agosto de 2015 (aproximadamente, US$1.730,00 por tonelada).
CARNE DE FRANGO Volume exportado e receita cambial em 24 meses* MÊS
VOL U M E – M IL /T 2017/18 2018/19
VAR.
VOLU M E E RECEIT A VALORES ACUMULADOS NOS DOIS VAR. PRIMEIROS QUADRIMESTRES DO ANO
RECEITA – US$ MILHÕES 2017/18 2018/19
SET
380,0
355,6
-6,43%
630,6
572,8
-9,17%
OUT
358,8
356,4
-0,66%
623,8
573,7
-8,03%
NOV
318,1
314,2
-1,22%
549,4
515,5
-6,16%
DEZ
313,7
343,5
9,51%
514,7
568,9
10,54%
JAN
323,7
274,5
-15,19%
513,3
446,5
-13,00%
FEV
306,5
309,6
1,01%
491,4
518,6
5,52%
MAR
367,8
334,8
-8,97%
580,7
555,2
-4,38%
ABR
247,2
354,8
43,52%
397,8
593,1
49,11%
MAI
328,4
373,1
13,64%
511,6
650,4
27,12%
JUN
231,7
376,6
62,51%
356,6
630,0
76,66%
JUL
454,8
378,4
-16,79%
699,9
656,0
-6,27%
AGO
387,8
318,2
-17,94%
617,5
545,1
-11,73%
2,73%
4.168,8
4.594,9
10,22%
1,78%
6.487,2
6.825,8
5,22%
EM 8 2.647,9 2.720,2 MESES EM 12 4.018,6 4.089,9 MESES
Fonte SECEX/MDIC - Elaboração e análises: AVISITE - * Resultados preliminares
Mercado externo Ao contrário de outros alimentos, carnes continuam em alta – aponta FAO
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A RevistaO doÍndice AviSiteFAO
de Preços dos Alimentos (FPPI, na sigla em inglês) recuou pelo terceiro mês consecutivo, retrocedendo em agosto passado a pouco menos de 170 pontos,
Analisando, especificamente, o desempenho das carnes no mês de agosto de 2019, a FAO teceu as seguintes considerações: - Carne suína: no mês as cotações do produto se fortaleceram ainda mais, sustentadas
Mercado externo por uma forte demanda asiática, principalmente da China, onde a Febre Suína Africana continua a de limitaroutros a produção alimentos, de carne suína. No ano os preços do produto registram Ao contrário carnes valorização de 21%; continuam em alta – aponta FAO
- Carne de frango: a despeito de uma forte demanda no mercado internacional, as cotações do produto permaneceram relativamente estáveis, como reflexo do aumento das disponibilidades por parte das principais regiões produtoras. No ano, o preço do produto experimenta incremento de 12,73%. Carne bovina: embora o comércio internacional tenha permanecido firme, a cotação do produto sofreu queda marginal. Neste caso, em decorrência do enfraquecimento das moedas de alguns grandes exportadores, aqui inclusa a Austrália. No ano, a valorização acumulada pela carne bovina se encontra em 5,63%. Í N D I C E S F AO D E P R E Ç O D O S ALIMENTOS Agosto
de
2018
a
agosto
de
2019
2002/2004 = 100 ÍNDICE GERAL (FFPI), DAS CARNES E DOS CEREAIS
ÍNDICE DAS CARNES BOVINA, DE FRANGO E SUÍNA
BOVINA
DE FRANGO SUÍNA
Fonte dos dados básicos: FAO – Elaboração e análises: AVISITE
O Índice FAO de Preços dos Aliem agosto marca próxima dos 180 produto registram valorização de mentos (FPPI, na sigla em inglês) repontos, resultado quase 8% superior 21%; cuou pelo terceiro mês consecutivo, ao do mesmo mês de 2018. Já em - Carne de frango: a despeito de retrocedendo em agosto passado a sentido oposto, os cereais – que um uma forte demanda no mercado internacional, as cotações do produto pouco menos de 170 pontos, índice ano atrás registravam quase a mesma evolução de preço das carnes – permaneceram relativamente estáquase 4,5% inferior ao de maio, mês veis, como reflexo do aumento das agora têm um preço cerca de 6,5% em que foi registrado o maior FPPI disponibilidades por parte das prininferior ao de agosto do ano de 2019. cipais regiões produtoras. No ano, o passado. Esse retrocesso vem sendo causada por laticínios, cereais e açúcar preço do produto experimenta inAnalisando, especificamente, o cremento de 12,73%. que, comparativamente aos valores desempenho das carnes no mês de Carne bovina: embora o comérde maio, tiveram seus preços reduziagosto de 2019, a FAO teceu as sedos em, respectivamente, 14%, 3% e guintes considerações: cio internacional tenha permaneciProdução do firme, a cotação do produto so0,66%. Ou seja: salvaram-se apenas Carne suína: no mês as cotações Avicultura de corte: 2019 marca o início de um novo ciclo de crescimento? freu queda marginal. Neste caso, em os óleos vegetais (+5%) e as carnes do produto se fortaleceram ainda decorrência do enfraquecimento das (+3%). mais, sustentadas por uma forte demanda asiática, principalmente da moedas de alguns grandes exportaEmbora menor, o índice de aumento das carnes é o mais consistendores, aqui inclusa a Austrália. No China, onde a Febre Suína Africana te, pois permanece num crescendo ano, a valorização acumulada pela continua a limitar a produção de contínuo desde fevereiro. Alcançou carne bovina se encontra em 5,63%. carne suína. No ano os preços do A Revista do AviSite
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ASGAV inaugura galeria “Nelson Franken”
Nelson Franken, um dos avicultores pioneiros do Rio Grande do Sul e Brasil
F
oi realizada em julho, na Sede ASGAV em Porto Alegre (RS) uma galeria em homenagem a Nelson Franken, um dos avicultores pioneiros do Rio Grande do Sul e Brasil. A galeria traz uma série de fotos, esculturas e miniaturas de galos, lembranças de eventos e lugares que fizeram parte da trajetória deste “decano” da avicultura gaúcha e brasileira. “Hoje realizamos aqui em nossa sede, na presença de Nelson Franken, uma homenagem e agradecimento por toda sua trajetória e pioneirismo na avicultura, o que certamente junto com outros precursores, foi a base e inspiração para o desenvolvimento da atividade no RS e no Brasil” registrou, Nestor Freiberger - Presidente da ASGAV/SIPARGS. Participaram da inauguração, Bernardo Todeschini - Superintende do MAPA/RS, João Seibel - Chefe de Gabinete Deputado Estadual Ernani Polo, Pedro Luis Utzig - Vice Presidente ASGAV/SIPARGS, Henrique Roman - Associado ASGAV/SIPARGS, Eduardo Santos - Diretor Executivo ASGAV/SIPARGS e outros convidados. “Estou muito feliz em receber esta homenagem especial e tenho plena certeza que o esforço do passado para fundação da ASGAV valeu apena, hoje vejo uma grande e atuante entidade que ajuda o setor e que está em boas mãos”, comentou Nelson Franken. A “Galeria Nelson Franken” passa a fazer parte das instalações na sede ASGAV em Porto Alegre.
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A Revista do AviSite
Homenagem
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Entrevista
A importância da nutrição precoce no desempenho e na saúde de frangos de corte e a relevância do plasma spray dried nesse contexto Dr. Steve Leeson, Professor Emérito da Universidade de Guelph, Ontario, Canadá, aborda em entrevista o uso do plasma spray dried
E
SPN, 2019, Polônia - A necessidade de promover o desenvolvimento precoce dos sistemas do imune e digestivos em pintinhos jovens via nutrição, a experiência anterior do Dr. Steve Leeson, Professor Emérito da Universidade de Guelph, Ontario, Canadá, sobre o uso de plasma secado para alcançar estas metas em aves, e a disponibilidade de novas informações demonstrando como o uso deste ingrediente funcional na nutrição de frangos pode ser rentável. O pintinho necessita fazer de uma transição do ovos para uma nutrição a base de cereais. durante esse processo, entre muitos desafios, está sujeito a um período restrição de alimentação e água e é colocado em um ambiente de carga microbiana muito elevada quando comparado com o ovo quase estéril. Uma das principais prioridades deste pintinho é desenvolver rapidamente e eficientemente seu sistema imune e digestivo no novo ambiente para enfrentar com sucesso possíveis estressores e patógenos, utilizar eficientemente os ingredientes e nutrientes da dieta para ter um bom desempenho e estar pronto para processamento no tempo desejado. Na sequência, acompanhe uma entrevista que discute como a alimenta-
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A Revista do AviSite
ção do plasma nos primeiros dias de vida se apresenta como uma ferramenta valiosa para alcançar estes objetivos de forma lucrativa. No contexto do desenvolvimento da imunidade e da saúde intestinal de frangos de corte, o que o senhor considera um bom começo? Existem três principais fatores que influenciam a imunidade precoce e a saúde intestinal em frangos de corte. O primeiro deles é o pintinho em si e o fato de provir de criadores bem protegidos em relação a vacinas, higiene geral e criação na granja. O segundo é a biosseguridade na própria granja de frangos, obviamente isso vem se tornando cada vez mais crítico. O terceiro é o papel que a nutrição pode desempenhar no suporte ao sistema imunológico, no desenvolvimento inicial do intestino e na limitação da possível incubação de patógenos no próprio intestino. Como ocorreu o seu interesse pelo uso de plasma em dietas de frangos de corte? Há cerca de 15 a 16 anos, um estudante de pós-graduação, da área de nutrição de suínos, veio até mim com a intenção de testar o que seria equivalente a uma dieta de desmame precoce em suínos para leitões jovens, o que realmente se tornou
realmente hoje conhecido como dietas pré-iniciais especializadas. Como parte dessa dieta, havia uma dose bastante grande de plasma sanguíneo e os resultados foram bastante expressivos e, desde então, eu tive sempre um interesse em verificar o papel do plasma sanguíneo em nutrição inicial e no ganho econômico para uma melhor produção avícola. Qual a sua opinião sobre os efeitos do plasma como modulador do sistema imunológico de frangos de corte? Definitivamente parece ser um modulador imunológico, o que é algo muito difícil de medir. Nas granjas, existe uma maneira muito prática de medir indiretamente, em termos de conversão alimentar. Quando utilizamos plasma, observamos uma melhora de cerca de 5 pontos de conversão alimentar e estou bastante convencido de que há uma modulação no estado imunológico da ave – ou um não super excesso de estimulo da resposta imune das aves frente a patógenos ou vacinas. Hoje se observa uma grande amplitude de conversão alimentar no campo, em diferentes regiões, a nível global, e muito disso se deve ao status imunológico e à ave ter que produzir anticorpos frente a vários desafios. Parece que o plasma
pode ajudar a reduzir esse custo energético, que é direcionado para melhorar o desempenho, ao invés de manter uma resposta imune exacerbada. Então, como foi dito, é muito difícil medir em termos diretos, mas um sinal externo, indireto, de 5 pontos de conversão alimentar, é um parâmetro obviamente muito importante para a produção avícola. Na sua opinião, que benefícios o plasma pode trazer para a nutrição de frangos, além de ser uma fonte de proteína altamente digerível? É uma fonte altamente digerível de proteínas e aminoácidos, por isso tem um papel na substituição do farelo de soja em aves com menos de 10 dias de idade, o que é um fator importante atualmente. A resposta que se vê no plasma vai muito além de ser uma simples melhoria em aminoácidos digeríveis. Então é isso - são as proteínas funcionais presentes no plasma que estão dando a resposta subjacente que vemos. Embora apenas alimentemos plasma entre quatro e dez dias, ou talvez entre quatro e quatorze dias, a resposta é vista ao longo da vida da ave. É aí que entra a economia em energia de mantença. Quais parâmetros de produção, na sua opinião, poderiam ser impactados em frangos de corte quando alimentados com
plasma nos primeiros dias de vida? A principal delas em aves saudáveis será a eficiência alimentar. Em todas as aves será a eficiência alimentar, mas em aves em termos gerais saudáveis e com bom estado imunológico e boa saúde intestinal, ainda vemos uma resposta em termos de conversão. Se você tem um grande desafio por doença - e é aí que o plasma se torna realmente interessante - porque os resultados são bastante expressivos em termos de redução da mortalidade que as aves enfrentam frente a desafios bacterianos ou virais. Há resultados muito substancias quando há um desafio natural de doenças, mas sempre existe essa economia subjacente na conversão e creio que o setor esteja muito interessado. Quão bem estabelecido é o uso de plasma na nutrição animal? O uso de plasma está muito bem estabelecido em nutrição animal. Se você comprar ração para cães e gatos, principalmente para gatos, provavelmente haverá plasma nela. É uma proteína altamente digestível para alimentos de animais de estimação, uma das principais áreas de utilização. Obviamente, foi adotada pela indústria suína há cerca de 20 a 25 anos e eu suspeitaria que 90 a 95% dos suínos no mundo são alimentados com plasma assim que
são desmamados e recebem ração sólida. Está, então, bem estabelecido na indústria animal. Para aves, é uma ideia ou uma nova tecnologia e a indústria é relativamente conservadora em termos gerais, por isso leva alguns anos para que novas idéias sejam aceitas. Porém estamos vendo mais aceitação agora. Portanto, acredito que há cada vez mais oportunidades para uso de plasma em aves, pois temos cada vez menos acesso a antibióticos e outros fármacos para dar apoio à saúde de frangos de corte. Na sua opinião, como o plasma pode ser usado como uma ferramenta para reduzir a dependência nos antibióticos? Não acho que ocorra uma substituição total. Não é que em algum momento haverá um único fator que substitua os antibióticos. Será uma abordagem multifacetada, obviamente. Acredito que o plasma, nos primeiros 10 dias, você sabe, têm efeitos bastante expressivos na saúde intestinal, porém junto com outros fatores, e é interessante que eles sejam sinérgicos. Assim, utilizando probióticos, por exemplo, óleos essenciais ou betaína, ácido butírico - todos são sinérgicos ao uso de plasma. Portanto, não será um fator de substituição único, mas certamente o plasma será uma ferramenta importante em nosso arsenal para substituir antibióticos. A Revista do AviSite
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Eventos
Edição histórica do SIAVS confirma vocação do Brasil para alimentar o mundo Realizado pela ABPA, Salão Internacional da Avicultura e Suinocultura promoveu negócios e debates em São Paulo
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eunindo mais de 20 mil pessoas de dezenas de países, o Salão Internacional da Avicultura e Suinocultura (SIAVS) encerrou a edição de 2019 com recorde de público e otimismo sobre o futuro. Produtores, executivos, técnicos e autoridades estiveram em São Paulo, de terça-feira (27) a quinta-feira (29), para uma série de debates que comprovaram a qualidade e a sustentabilidade do produto brasileiro. Promovido pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o evento teve como tema a imagem e competitividade como caminhos para fortalecer a produção nacional no mercado exterior. “Vimos aqui um Brasil que dá certo e tem todas as condições de se tornar um gigante que alimentará o mundo nas próximas décadas”, ressaltou o presidente da ABPA, Francisco Turra. Ao longo de três dias de atividades, o SIAVS teve uma intensa programação, com cerca de 2.400 congressistas. Além de intensos debates técnicos, foi palco de negócios: em uma das maiores feiras do agronegócio do país, reuniu todos os elos da cadeia produtiva. Ao todo, estandes de mais de 170 empresas mostraram novas tecnologias, produtos e serviços. Em torno de 1.600 integrados e independentes participaram do Projeto Produtor, que compartilhou diretrizes de boas práticas e informações de mercado.
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A Revista do AviSite
Esta edição do SIAVS marcou uma data importante: há 50 anos, era realizado o primeiro evento que reunia todo o setor. De lá para cá, foram 26 encontros. “Nesse período, desenvolvemos a integração e somos um dos vitoriosos do agro brasileiro. Investimos e ousamos olhar para além dos limites do nosso território”, comemorou Turra. O ex-ministro da Agricultura pontuou que a avicultura e a suinocultura representam mais de 4 milhões de empregos diretos e indiretos, US$ 8,5 bilhões em exportações e PIB de mais de R$ 80 bilhões no país. O conteúdo dos debates e os negócios fechados durante o salão mostraram forte tendência à internacionalização. Uma das novidades lançadas no evento foi a marca Brazilian Breeders – que reúne o setor de genética avícola, com o objetivo de ampliar a inserção do produto nacional em feiras mundiais, road shows e eventos em mercados potenciais.
Imagem e reputação Durante os painéis, especialistas reforçaram que não basta a excelência técnica para o produto se destacar no exterior – é preciso, também, zelar pela imagem do agro nacional lá fora. Essa foi a tônica das discussões sobre a salmonela, tema amplamente debatido e que contou com um simpósio especial
nesta quinta-feira (29). A atividade contou com a moderação do professor Edir Nepomuceno da Silva, da Unicamp. A sanidade da produção nacional é incontestável, segundo a diretora técnica adjunta da ABPA, Sulivan Alves. “O Brasil é signatário do Codex Alimentarius e segue à risca suas recomendações baseadas na ciência”, frisou, citando o documento internacional que sumariza códigos de conduta e orientações sobre segurança alimentar. A especialista comparou os números do Brasil com outros players do setor – como Polônia e França –, demonstrando que, percentualmente, nossos índices de notificação sobre a doença são muito inferiores. Três dias de intensa programação A abertura do evento foi marcada por uma ampla representatividade política. Seis governadores participaram da solenidade: João Doria (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Renato Casagrande (Espírito Santo), Ratinho Júnior (Paraná), Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). Parlamentares e líderes de agências governamentais, como o presidente da Apex-Brasil, Sergio Segovia, também estiveram presentes. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, foi a homenageada desta edição do SIAVS. Ela ressaltou que o Brasil é uma potência no agro, mas também na proteção do meio ambiente, “Mais
Após SIAVS, exportadores da avicultura e da suinocultura projetam negócios de US$ 301 milhões As agroindústrias produtoras e exportadoras de carne de frango, suínos, genética e ovos brasileiras projetam US$ 301 milhões em negócios nacionais e internacionais, a partir dos encontros de negócios realizados durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS 2019). O SIAVS 2019 contou com a participação de mais de 37 agroindústrias e casas genéticas exportadoras dos setores avícolas e suinícolas. Denominada Projeto Comprador, a ação foi realizada em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Conforme levantamentos feitos pela ABPA junto às empresas, apenas nos três dias de evento, foram mais de US$ 50 milhões em negócios prospectados e concretizados. Foram cerca de 1,5 mil encontros comerciais consolidados, com compradores de 31 países. Considerada uma das mais expressivas ações de negócios para a avicultura e a suinocultura do Brasil em 2019, a participação das agroindústrias no SIAVS contou com espaço de 450 metros quadrados no Pavilhão do Anhembi para 32 agroindústrias, além de estandes exclusivos de outras cinco empresas em meio ao evento. “O excelente fluxo de negócios consolidados atesta o sucesso da ação. O grande diferencial, desta vez, é que os encontros comerciais foram realizados na maior feira da avicultura e da suinocultura do Brasil, o que otimizou recursos e ampliou nosso leque de oportunidades de geração de negócios”, analisa Francisco Turra, presidente da ABPA.
do que nunca, precisamos estar unidos. O Brasil tem a vocação de colocar comida no prato de bilhões de pessoas”, disse. Outro destaque da programação foi um painel com os CEOs das três maiores empresas do setor no país: Gilberto Tomazoni (JBS), Lorival Luz (BRF) e Mario Lanznaster (Aurora Alimentos). No bate-papo, os executivos apontaram que o crescimento da demanda mundial por proteína animal representa uma grande oportunidade para o Brasil.
Agroceres Multimix e Mundo Agro Editora comemoram resultados do Avelive O Avelive, ação realizada pela Agroceres Multimix em parceria com a Mundo Agro Editora, durante o último Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura, o SIAVS, mostrou a força da comunicação, em um formato inovador, para a avicultura. Foram realizadas dezenas de entrevistas com grandes personalidades da avicultura e transmitidas ao vivo, em tempo real, pelos portais AviSite e OvoSite. De acordo com Eric Wood, coordenador de marketing da Agroceres Multimix, a segunda edição do Avelive fortaleceu a ideia de a empresa levar informação de qualidade, em primeira mão, às pessoas que não puderam estar presentes no SIAVS. “O estande da Agroceres Multimix foi ponto de encontro para grandes nomes do agronegócio nacional, que puderam compartilhar conosco as novidades do setor. As entrevistas forneceram um conteúdo rico, que se transformarão em produtos para a apreciação de todos logo em breve”, explicou. “Recebemos pessoas influentes de diversos estados do Brasil. Desafios e objetivos distintos foram abordados por cada um deles e, por isso, acreditamos que os avicultores puderam se sentir representados ao longo da ação. Sabemos que a produção de frangos e ovos batem recordes ano
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Eventos após ano e acreditamos que a informação se mostra uma valiosa ferramenta para pequenos e grandes produtores. Cumprimos com o nosso objetivo”, disse. Ainda segundo ele, em 2021, na próxima edição do evento, a empresa pretende continuar com seus projetos inovadores. “Nosso objetivo é proporcionar às pessoas experiências que agreguem em seu cotidiano, fortalecendo ainda mais a produção de proteína ani-
mal brasileira. Podemos esperar outra edição do Avelive ou uma ação ainda mais impactante, a avicultura moderna irá nos apontar”, detalhou. “O processo de produção do Avelive envolveu planejamento detalhado sobre cada ação e uma equipe preparada para que as entrevistas ao vivo seguissem o cronograma, pois tínhamos um compromisso com os telespectadores. Podemos dizer que a ação foi um sucesso”, finalizou Eric Wood.
A editora da Mundo Agro, Giovana de Paula, ressalta o papel importante da parceria com a Agroceres para a realização do Avelive. “Em comunicação nada se faz sozinho. Com a sólida parceria com uma das principais empresas do setor do agronegócio brasileiro, a Agroceres Multimix, podemos levar excelência em informação e mostrar todo o potencial de comunicação do setor avícola brasileiro”, disse.
Destaques no SIAVS 2019 Francisco Turra, Presidente da ABPA
"O agronegócio é sinônimo de emprego e desenvolvimento. Nossos olhares são sempre vistos para o mercado externo. Temos excelentes perspectivas para o setor e os ventos favorecem nossa jornada, principalmente quando avaliamos nossa capacidade produtiva e também de sanidade animal".
O Governador de São Paulo, João Doria
Durante a abertura no SIAVS abordou a capacidade do estado para o setor: "SP está colocando o agronegócio como prioridade em sua agenda. Com mais agilidade, tecnologia e desenvolvimento o estado de SP apóia e busca suporte ao agro, um dos principais setores da economia do país. Com respeito ao meio ambiente, diálogo e respeito seguiremos cada vez mais fortes".
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A Ministra da Agricultura, Tereza Cristina
"São 2 milhões de pessoas que trabalham na produção de aves e suínos. Pessoas guerreiras e que transformam os segmentos em um dos principais do Agro. Vamos continuar trabalhando, dentro de uma política voltada ao crescimento das exportações. Sabemos produzir. Agora temos que nos unir, com um forte discurso para o avanço e crescimento do Agronegócio".
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Dilvo Grolli, Presidente da Coopavel
Trouxe ao SIAVS um panorama do setor de grãos, envolvendo produção e exportação. "Temos muitas oportunidades para o milho e soja que passam pelas questões da logística. Por essa melhoria passa o avanço da economia e da geração de emprego. Realidade no campo: Inteligência artificial, Internet das coisas, avanço da tecnologia para um avanço da produtividade com a consequência da melhoria da economia, impulsionada pelas exportações de grãos, como milho, soja e trigo. Agora no SIAVS, Dilvo Grolli, presidente da Coopavel diz que "é preciso ser respeitada a vocação sulamericana para ser um fornecedor mundial de grãos".
Justin Sherrard
Rabobank, aponta a consequência da epidemia de Peste Suína Africana no mundo para o mercado de proteína animal. "A tendência aponta um aumento de produção e vendas para o setor de aves e bovinos com a queda de 10% a 15% da produção de suínos por conta da PSA. A doença está prejudicando enormemente a suinocultura mundial. Um desafio enorme para todos. Os prejuízos podem ser ainda maiores que os previstos. Houve também nesse último ano uma mudança no padrão de consumo de proteína devido ao preço, percepção da segurança alimentar e disponibilidade. O Brasil tem um papel fundamental no cenário mundial. O país irá aumentar as exportações de aves, por exemplo, nos próximos dez anos. A competitividade deverá aumentar com a venda para diferentes destinos. O Brasil é muito competitivo relativos aos custos de produção, uma grande vantagem frente à países europeus e aos Estados Unidos".
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Eventos PAINEL DOS CEOS
Grandes nomes na indústria de produção de proteína animal como Mário Lanznaster, CEO da Aurora, Lourival Luz, CEO da BRF e Gilberto Tomazoni, CEO da JBS, participam agora de um dos principais momentos do SIAVS, o Painel dos CEOs. A intermediação ficou a cargo de Ricardo Santim, Diretor da ABPA.
Mário Lanznaster, CEO da Aurora
Participa agora do Painel dos CEOs, no SIAVS 2019. "A produção de proteína animal mudou muito e está mais profissional. Com isso, houve um aumento muito grande de produção e o Brasil abriu grandes frentes ao mercado externo, tornando-se um dos principais produtores e exportadores de carne do mundo. Temos que ter consciência de nossa capacidade para alimentar boa parte do mundo. Se fizermos com dedicação, amor e carinho o resultado vem".
Lourival Luz, CEO da BRF
No Painel dos CEOs, no SIAVS: "O mercado mundial de proteína animal cresce, assim como as exportações, a uma taxa ainda maior que consumo. Temos totais condições favoráveis de avançar no mercado mundial com a nossa competitividade. A população cresce, o consumo cresce e temos excelentes oportunidades para atender o mercado mundial. Nossa exportação cresce mais que nosso consumo e nossa produção no Brasil e com maturidade e responsabilidade temos que fazer 'do jeito certo'. O Brasil sozinho responde por 15% da produção de frango, sendo 4% do total mundial advindo da BRF. Isso é uma responsabilidade muito grande e temos que nos posicionar cada vez melhor em nível mundial. 72% do frango halal (griller) são produzidos no Brasil. Isso é muito importante! Somos indispensáveis em vários mercados. Temos que olhar com cautela e perspectiva para nossa maior evolução. Produção, consumo, exportação, melhoria do processo produtivo, maturidade, responsabilidade, regras claras entre os mercados, para quem compra e para quem vende. Temos duas opcões: fazer direito e capturar essa grande fatia do bolo ou fazer de qualquer jeito e contar com a sorte".
Gilberto Tomazoni, CEO da JBS
Agora no Painel dos CEOs, no SIAVS. "Estamos trabalhando visando nosso crescimento para atender as demandas de nosso consumidor. Alguns pontos que trabalhamos: excelência produtiva, aumento da produção com qualidade, estrutura, diversificação de produtos, trabalhar com produtos de maior valor agregado. Temos uma mudança enorme pela frente, com alta tecnologia e nossa responsabilidade é grande como indústria produtora de alimentos".
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Efeito de duas tecnologias vacinais contra a doença de Gumboro (complex antígeno/ anticorpo e rHVT-ND-IBD) na performance de campo em frangos de corte Autores: Colvero, L.P.1; Simon, R.P.1; Vargas, F.2 ; Werlich, J.1; Newman, L.1; Villarreal, L.B.1 1. MSD Animal Health – Av. Chucri Zaidan 296, São Paulo-SP, 04583-110 2. MSD Animal Health – 2 Giralda Farms, Madison, NJ 07940
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doença de Gumboro (IBD) é causada por um Birnavirus e ocasiona grandes perdas econômicas na indústria mundial de aves (Kegne Chanie, 2016). O vírus da Doença de Gumboro (IBDV) pode causar necrose e depleção de tecidos linfóides, particularmente na Bursa de Fabricius (BF). Cepas virulentas e muito virulentas podem causar alta mortalidade em lotes afetados, e cepas clássicas e variantes leves, são conhecidas por causar lesões no BF e em outros tecidos linfoides, resultando em imunossupressão, especialmente quando a infecção ocorre na fase inicial da vida da ave. Essa imunossupressão de longa duração leva a uma maior suscetibilidade a infecções secundárias causadas por outros patógenos e má resposta à vacinação (Hitchner, 1970). A Doença de Gumboro subclínica pode afetar negativamente o desempenho de frangos por meio de baixa eficiência alimentar, maior incidência de outras doenças e maiores taxas de condenação no abatedouro, resultando em
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perdas econômicas significativas. A vacinação é o melhor método de controle da Doença de Gumboro, e diferentes tipos de vacinas e esquemas de vacinação devem ser considerados para prevenção da doença. Além do controle da doença, a vacinação deve proteger o desempenho da produção das aves sem causar danos colaterais, como depleção do tecido linfóide ou reação inflamatória exacerbada. No Brasil, um estudo de campo, avaliou o efeito de duas diferentes tecnologias de vacinas contra IBD sobre os parâmetros de produção de frangos da linhagem Cobb.
Materiais e métodos Dois diferentes tipos de vacina contra IBD foram usados. INNOVAX®-ND-IBD, a vacina dupla recombinante em um vetor HVT (rHVT-ND-IBD), expressando a proteína F do vírus da Doença de Newcastle (NDV) e a VP2 do IBDV, foi aplicada às aves no tratamento 1 (T1). Aves do grupo T2 receberam uma vacina de complexo antígeno-
-anticorpo (Ag-Ac) contendo uma cepa viva IBDV Winterfield 2512 (W2512). Cerca de 8,5 milhões de frangos comerciais Cobb 500, não sexados, foram utilizados no estudo. Setenta e seis lotes, um total de 1,52 milhões de aves foram incluídos no T1 e foram vacinados com INNOVAX®-NDIBD. Outros 349 lotes, totalizando 6,98 milhões de aves foram incluídos no T2 e foram vacinados com uma vacina IBD imunocomplexo. Todas as aves em ambos os tratamentos foram criadas seguindo os padrões comerciais e de acordo com as recomendações da empresa genética. Ambas as vacinas em T1 e T2 foram aplicadas in ovo aos 18 dias de incubação (0,05 ml / dose) usando um dispositivo Vinovo Select LineTM. Na idade de abate, foram analisados três parâmetros de desempenho de produção: Peso Médio (PM), Conversão de Alimentação Ajustada (CAA) e Fator de Eficiência de Produção Europeu (EPEF), calculado conforme descrito abaixo.
Tabela 1: Efeito do uso de duas diferentes tecnologias de vacinas IBD no desempenho da produção de frangos de corte sob condições de campo
Resultados e discussões Os resultados são mostrados na Tabela 1. A idade média do mercado para T1 foi de 46,7 dias em comparação com 47,3 dias para o grupo T2. As aves do T1 apresentaram melhor peso médio, 41 g / ave a mais em relação ao T2. A CAA também foi melhor para T1, 25 g menos que as aves T2. O EPEF calculado foi maior para T1 comparado a T2, 397 versus 385, respectivamente. As diferenças entre os dois grupos poderem ser explicadas pelas tecnologias distintas utilizadas neste estudo. Em seu trabalho, Camillotti (2016) mostrou que as vacinas do complexo IBD Ag-Ac podem causar mais danos aos tecidos linfoides das aves, particularmente à BF, quando comparado com a vacina recombinante com vetor HVT (rHVT). Al-Mayah e Abu Tabeek (2010) mostraram que vacinas vivas intermediárias causaram lesão grave na BF em pintos vacinados. A resposta inflamatória à vacina viva com IBDV também le-
Neste estudo de campo, duas tecnologias diferentes de vacinas contra IBD foram comparadas
vará a produção de citocinas e outros agentes imunomoduladores que podem levar à diminuição do apetite e perda de peso. O próprio processo de inflamação pode desviar a energia do ganho de peso e da absorção de nutrientes, levando a um desempenho de produção reduzido. O Dr. Robert Teeter, da Oklahoma State University, conduziu um estudo experimental (não publicado) usando câmaras metabólicas para comparar o efeito de vacinas vetorizadas de Newcastle (rHVT-ND) e vacinas vivas convencionais, no desempenho das aves. Seus resultados foram semelhantes, mostrando um custo metabólico da resposta inflamatória a uma vacina viva.
Conclusões Neste estudo de campo, duas tecnologias diferentes de vacinas contra IBD foram comparadas. Aves vacinadas com Innovax®-ND-IBD (T1), uma vacina dupla recombinante com vetor HVT (rHVT-ND-IBD) expressando proteína F de NDV e IBDV VP2 apresentaram melhor Conversão Alimentar Ajustada (CAA) e melhor Peso Médio (PM) ao abate. Sob condições de campo, a vacina dupla recombinante com vetor HVT pode ser uma alternativa para proteger as aves da Doença de Gumboro, sem os efeitos colaterais indesejáveis causados por cepas de vacinas vivas mais virulentas. Resposta inflamatória e dano ao tecido linfóide causado por um vírus vivo da vacina IBD pode ser responsável pelo comprometimento destes indicadores avaliados.
Innovax® ND IBD no Brasil Desde a introdução da Innovax® ND IBD no Brasil, inúmeras empresas têm observado resultados semelhantes aos apontados no estudo acima citado. Desde o seu lançamento, com um volume de mais de 130 milhões de aves abatidas, a consistência de resultados tem mostrado que o uso da Innovax® ND IBD, confere à ave uma proteção contra os desafios, com menor comprometimento metabólico da ave, resultando em maior eficiência produtiva. A utilização da Innovax® ND IBD, tem se estendido por diversos estados do território nacional, em diferentes realidades, e mesmo com as diferenças de manejo, nutrição, ambiência, desafios sanitários, e outras características regionais (clima, oferta de matéria prima para produção de ração, dentre outros), a performance dos lotes tem mostrado, um elevado potencial de ganho produtivo, resultando em um elevado retorno sobre o investimento. Estes ganhos, proporcionam melhores oportunidades de acesso ao mercado, seja por uma maior eficiência de custo produtivo assim como uma maior oferta de produto aos consumidores. A MSD Saúde Animal investe na Ciência para Animais mais saudáveis e dessa maneira, melhorar a vida das pessoas. A Revista do AviSite
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Informe Técnico-Comercial
Manejo de umidade em aviários de pressão negativa e convencionais A umidade está diretamente correlacionada a outras variáveis como dióxido de carbono e amônia Autor: Rodrigo Baiao, Technical Service Manager, Cobb Brazil
O
controle da umidade relativa nos aviários hoje é um dos maiores desafios no manejo por vários
motivos. Alta umidade pode criar um ambiente de desafio que interfere na capacidade das aves de eliminarem o calor corporal pela ofegação. Sabemos que a umidade está diretamente correlacionada a outras variáveis como dióxido de carbono e amônia. Estes gases podem aumentar a susceptibilidade das aves a doenças, gerando inclusive problemas de bem-estar animal. Além disso, a qualidade de pés pode deteriorar rapidamente em ca-
Figura 1. Volume de água (litros por 1000 aves) adicionado pela aves de acordo com a idade
mas úmidas e levar a pododermatites. Além de tudo citado, sabemos que a umidade relativa interage com a temperatura e a velocidade de ar e influencia diretamente no conforto e desempenho das aves. O maior produtor de umidade dentro dos galpões são as aves. De toda água consumida pelas aves, cerca de 80% volta ao ambiente em forma de excretas ou evaporação, isso significa dizer que em um lote de 24.000 pintinhos, somente na primeira semana, as aves lançam aproximadamente 6.000 litros de água na cama. Além disso, a medida que as aves crescem precisam de mais água e, por sua vez, liberam milhares
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de litros de água no ambiente (Figura 1).
Dinâmica de ar e controle na fase inicial de criação
O controle da umidade relativa em níveis ótimos na fase inicial gira basicamente em torno de dois manejos: renovação e aquecimento do ar. O ar quente tem maior capacidade de absorver vapor de água, e também sabemos que o ar é estratificado em um ambiente de acordo com sua temperatura, sendo que o ar quente é mais leve e por isso tende a ficar em zonas mais altas. Em climas frios, o ar fresco (mais frio e úmido) que entra no aviário se
mistura com o ar quente e seco antes de atingir o nível das aves. Enquanto é misturado, a temperatura deste ar fresco aumenta e a umidade diminui. Os inlets nos provêm algumas facilidades para desenvolver o manejo inicial. Com eles podemos direcionar o fluxo de ar de modo correto, permitindo ganho de temperatura e redução da umidade do ar fresco à medida que o mesmo corre ao centro do galpão (Fig.2). Para que haja correta dinâmica de ar ao longo dos inlets, direcionando o ar até o meio do galpão, é preciso que a pressão de trabalho do galpão esteja ajustada de acordo com suas dimensões. A pressão ideal pode ser calculada de acordo com a largura. Para cada 61cm ou 0,61m que o ar percorre são necessários 2,5 de Pa. Como desejamos que o ar percorra até o meio do aviário, utiliza-
mos a metade da largura do aviário (Y), sendo Y x 2,5 / 0,61. Em um aviário de 16 metros, por exemplo, teremos 8 x 2,5 / 0,61 = 32,7 de Pressão Pascais como desejada para operar os inlets. A consequência mais comum do manejo inadequado dos inlets é a umidificação e compactação da cama nas regiões próximas às laterais. Todo esforço no manejo dos inlets para remoção de umidade pode
Fonte: M. Czarick – University of Georgia Figura 2. Direcionamento correto do ar pelos inlets. Source: Andrew Bourne, World Tech Support Cobb Vantress
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Informe Técnico-Comercial
Figura 3. Imagem de câmera termográfica ilustrando a entrada de forma errada de um ar frio e úmido (48,8°F) pelas entradas falsas em cortinas mal vedadas e chegando diretamente ao nível das aves e da cama. Fonte: Cobb-Vantress
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ser desperdiçado se a vedação do aviário não é boa. Quando não temos cortinas bem vedadas, equipamentos mal instalados, forros mal instalados, o ar irá percorrer o caminho mais fácil para entrar no galpão, e o fará por estas entradas “falsas” de ar (Figura 3). Consequentemente manter a correta temperatura, pressão e umidade dentro do aviário será mais difícil e terá maior custo. Em aviários de ventilação túnel ou convencionais, o direcionamento e condicionamento do ar pode ser alcançado com cortinas ou pelo túnel door. As cortinas transversais devem ser instaladas abertas na parte superior na entrada do pinteiro, sendo vedadas na parte de baixo, e abertas na parte inferior na saída do pinteiro, sendo vedadas na parte de cima (Figura 4). Esta configuração previne a geração de velocidade de ar no nível dos pintinhos e promove mistura do ar.
Tunnel doors são mais eficientes do que cortinas para direcionar e misturar o ar, e também reduzem “pontos mortos” próximos das laterais e melhoram a uniformidade de distribuição. Como o ar quente tem maior capacidade para absorver umidade, o sistema de aquecimento é essencial no controle da umidade relativa. De fato, para cada aumento de 1ºC, a umidade relativa é reduzida em 5%. Uma referência para dimen-
sionar o aquecimento é utilizar de 200 a 300 BTU´s por metro cúbico no aviário (a depender da condição climática e vedação do aviário). Embora indispensável, a capacidade de nosso sistema de aquecimento em reduzir a umidade relativa ambiental e da cama por si só é limitada, e depende largamente do quão eficiente somos em condicionar o ar que é injetado no galpão e em controlar todas variáveis descritas acima.
Figure 4. Tunnel house using double curtains to mix the air. Source: Cobb-Vantress
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Informe Técnico-Comercial Sistema de refrigeração e controle na fase final de criação
Figure 5. Relation of air velocity and distance from the cooling. In blue cooling area, in red area of exhaust fans. Source: M. Czarick - University of Georgia
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Como já citado, a fonte primária de umidade nos galpões são as aves. No entanto, sistemas de bebedouros, refrigeração, e nebulização também contribuem para acumulo de umidade. Nos sistemas de pad coolings, quando o ar quente e insaturado entra em contato com a placa evaporativa molhada, a água presente na placa “rouba” o calor presente no ar para passar do estado líquido para vapor. Neste processo o ar se resfria e continua até que esteja saturado de água. E para que haja este processo o ar deve passar a uma velocidade correta pelas placas, que no caso das utilizadas no mercado será entre 1,75 a 2,0 m/s sob uma pressão de 12,5 Pascais. Pela dinâmica de funcionamento do sistema de resfriamento evaporativo, não é indicado seu acionamento quando a umidade externa é acima de 75% . O ar já estará saturado de água, e não haverá processo de evaporação na placa com redução de temperatura. Além disso, é de suma importância, que antes do acionamento dos coolings, o aviário esteja em sua capacidade máxima de extração de ar. E quanto maior é a necessidade em operar o cooling, maior é a necessidade de velocidade de vento para retirar esta umidade gerada pelo sistema. No entanto, devemos ter em mente que a sensação térmica das aves é mais sensível para o vento do que para o resfriamento evaporativo, especialmente para aves jovens (com menos de 21 dias). Pode haver situações em climas muito quentes, em que o sistema de cooling eventualmente será requisitado com aves ainda jovens e com maior sensibilidade ao vento (menos de 21 dias). A utilização do cooling nestes casos deve ser feita
atendo-se ao controle da umidade (máximo 75%), e utilizando ciclos com o tempo de aspersão da placa desligado por períodos maiores. Como foi explicado acima, o resfriamento do ar no cooling ocorre quando o ar quente entra em contato com a água na placa. Por isso, para garantir eficácia de 100% das placas, elas devem estar molhadas de maneira uniforme ao longo de todo sistema. Além disso, placas sujas diminuem a eficiência do sistema e gastam mais tempo para secarem. Manter as placas limpas reduzem os custos de operação. O manejo do sistema pode ser realizado molhando a placa em ciclos temporizados. Estes ciclos são calculados pelo tempo que a placa leva para estar completamente coberta de água (tempo on) e pelo tempo que ela leva para se secar (tempo off). Também é importante trabalhar com a histerese de desativação do último grupo de exausto-
res em 2ºC. Ou seja, se o cooling é ativado com 28°C e desativado com 27ºC, o último grupo de exaustores somente será desligado com 26°C. Desta forma garantimos que a placa esteja completamente seca, quando a velocidade de ar for reduzida. Quando temos placa evaporativa e nebulizadores, o indicado é ligar os nebulizadores 2ºC acima da temperatura de acionamento da placa. A área do galpão de maior dificuldade para controle de umidade, e que frequentemente é encontrada com camas encharcadas e compactadas, é a entrada de ar próxima aos coolings. Normalmente este fato ocorre devido ao uso indiscriminado do sistema de resfriamento, sem seguir as premissas explicadas acima neste artigo, e por ser uma “zona morta” que naturalmente tem velocidade de ar mais baixa (Fig.5). Já em galpões convencionais, o manejo para controle de umidade é
relativamente mais simples. Como as principais fontes de umidade além das aves serão os nebulizadores e bebedouros, e a única ferramenta de extração que temos são os ventiladores. Para garantir boa velocidade de ar sugere-se a utilização de um ventilador para cada 60 metros quadrados. No controle da umidade gerada pelo sistema de nebulização é importante que os nebulizadores só sejam acionados após 28ºC, seguindo as mesmas premissas da placa evaporativa, e que sejam utilizados bicos de alta pressão. A quantidade indicada é de um bico para cada 10/m2. O controle de umidade é um processo dinâmico que deve ser monitorado e ajustado diariamente, e que irá por final reduzir custos de produção, melhorar o bem-estar das aves e aumentar a qualidade da produção.
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Informe Técnico-Comercial
Como alcançar o máximo status sanitário, bem-estar animal e performance das aves Ross® e Arbor Acres® A seleção genética caminha para o que se busca do frango de corte como um produto: que consuma menos ração e ganhe mais peso
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o traçar objetivos estratégicos para uma atividade como a produção de frangos de corte, o primeiro passo é fazer uma análise situacional indicando onde se está e onde se pretende chegar com relação aos principais indicadores zootécnicos das aves. Em um cenário altamente competitivo como o Brasil, em que a avicultura é referência em produtividade e se caracteriza pela eficiência e busca constante por redução de custos, quem quer se diferenciar precisa promover constante análise de benchmark, contextualizando seus resultados com os melhores do mercado, levantando as oportunidades reais e executando as iniciativas de melhorias necessárias para a busca da performance ideal. A partir desse diagnóstico, o próximo passo para um planejamento estratégico da atividade é a analisar em qual direção vai a avicultura no que diz respeito ao melhoramento genético, uma vez que seleção genética é o principal fator que contribuiu e vem contribuindo para a evolução do frango de corte. “Em 1957 eram necessários 28,2 kg de ração para produzir 1 kg de carne de peito. Em 1977, caiu para 17 kg e, em 2005, para 9,4 kg. É um avanço fantástico e diversos estudos indicam que o melhoramento genético foi res-
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ponsável por cerca de 90% da evolução das aves, enquanto que os outros 10% seriam devidos a avanços na nutrição. No entanto, outros fatores, como melhoria no manejo das aves, equipamentos, controle sanitário e biossegurança certamente contribuíram para o grande avanço da avicultura nas últimas décadas”, destaca o Vice Presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da Aviagen nos EUA, Eduardo Souza. Essa evolução fica evidente ao fazer uma comparação com índices zootécnicos registrados na década de 40, nos EUA, quando eram necessários 85 dias para o frango atingir 1,3 kg de peso vivo com conversão alimentar de 4,0 (ou seja, a ave precisava comer 4,0 kg de ração para ganhar 1,0 kg de peso vivo), com os números de 2017, quando foram necessários apenas 47 dias para se ter 2,8 kg de peso vivo com conversão alimentar de 1,85. “Esses ganhos, além de uma maior produtividade, contribuem para tornar a avicultura cada vez mais sustentável. Um ganho genético que represente 30 gramas a menos de ração por 1 kg de peso vivo significa, em uma operação de integração com abate semanal de 1 milhão de frangos por semana a um peso médio de 2,5 kg, uma redução de 3.900 toneladas de ração ao ano, sendo necessários aproximadamente 900
hectares a menos de lavoura (39% milho e 35% soja) e 7 mil toneladas a menos de água (considerando a relação de 1,8 água/ração)”, salienta Souza. Assim, a seleção genética caminha para o que se busca do frango de corte como um produto: que consuma menos ração e ganhe mais peso. O frango selecionado para 2030 levará 26 dias para atingir 2 kg, com conversão alimentar de 1,27, 76% de rendimento de carcaça e 29% de rendimento de peito. Com o programa de seleção promovendo contínuo melhoramento nas aves, como fazer então para obter sucesso na produção avícola permitindo que os frangos de corte expressem o máximo potencial genético, garantido pela baixa mortalidade, qualidade e rendimento de carcaça? E para as reprodutoras, cuja expressão genética está em garantir a baixa mortalidade, alta fertilidade e eclodibilidade, grande produção de ovos e, consequentemente, a produção de pintos? “O desenvolvimento e o melhoramento genético garantem evolução constante dos parâmetros zootécnicos, os quais, para serem expressos, precisam da implementação das melhores práticas nutricionais, de manejo e sanidade. Animais desconfortáveis, doentes sub-clínicos ou efetiva-
mente doentes não conseguem expressar todo o potencial, além de não atender o que é adequado ao bem-estar-animal. Assim, garantir todos os parâmetros possíveis do bem-estar animal é a chave para a saúde, desempenho zootécnico e custo ótimo”, explica o Gerente Geral de Produção da Aviagen no Brasil, Mário Sérgio Assayag Jr.
Ambiente adequado A adequação ambiental de produção está totalmente ligada à medicina veterinária preventiva, que atua na adaptação do ambiente para a homeostase animal, aumentando o limiar de saúde e reduzindo o risco de não atingir o máximo do potencial genético, com o menor custo de produção possível. Para garantir o bem-estar animal e o custo ótimo, é preciso buscar os parâmetros de curva de temperatura, umidade, qualidade de ar, espaço para alimentação e acesso a bebedouros limpos, assim como o alimento e água sem contaminação. A ocorrência de doenças, que impedem a expressão do potencial genético, também está relacionada a fatores ambientais que levam à quebra de barreiras naturais de proteção, as quais possibilitam que as aves não fiquem doentes. Isso pode ou não estar relacionado com o aumento de pressão de infecção.
A qualidade ambiental tem forte relação com a qualidade da cama, que é uma grande e talvez a principal fonte de desafio para as aves. Um bom trabalho antes e durante o lote pode mudar muito a condição de crescimento, produção e saúde, com menor ou maior desafio sanitário. Trabalhos demonstram que um bom manejo influencia efetivamente em um menor consumo de medicamento (Wooming, et al, 2019). O uso de ferramentas de análise epidemiológica para garantir a máxima produtividade tem demonstrado que vários fatores são importantes e alguns considerados muitas vezes secundários, são fundamentais para a garantida da saúde das aves. O trabalho de Brian Woorming apresentado no AAAP 2019 trouxe resultados importantes e estatisticamente significativos de que a prevenção de doenças tem relação com o manejo da mortalidade. A retirada de todos os animais mortos mais de duas vezes por dia tem cinco vezes menor incidência de celulite no lote do que em lotes sem a retirada correta. No mesmo trabalho foi apresentado que o manejo perfeito da compostagem diminui em 10,7 vezes a chance de o lote apresentar celulite, também demonstrando que o desafio na propriedade, e não apenas dentro do aviário, afeta o lote. Nesse trabalho
também foi comprovado o que a prática de campo também demonstra: a importância do procedimento de fermentação de cama e o intervalo sanitário. Um intervalo acima de 15 dias diminui os casos de mortalidade, demonstrando que o manejo de cama de intervalo é fundamental para a saúde, bem-estar e produtividade. Alguns trabalhos demonstram que a qualidade de água e de ventilação são os fatores mais importantes no ambiente de produção para garantir a produtividade (Wills, 2019; Fernandes, 2019). Segundo Susan Watkins, especialista em extensão avícola da Universidade de Arkansas, nos EUA, a água é o nutriente mais importante que se fornece para as aves. “Comprometer qualidade e quantidade de água significa aumentar o risco de desafios que levam a um desempenho ruim”, salienta a pesquisadora em evento promovido nos EUA pela Aviagen para mais de 150 técnicos e profissionais representando as principais empresas avícolas de 16 diferentes países da América Latina. “A água é o condutor perfeito de desafios sanitários e os sistemas de água na avicultura são facilmente contamináveis. Por isso, cuidar adequadamente da água é como uma espécie de ter uma apólice de seguro”. O Supervisor Regional de Serviços Técnicos da Aviagen, Rodrigo Tedesco
À esquerda, Mário Sérgio Assayag, Gerente Geral de Produção da Aviagen no Brasil Á direita, Eduardo Souza, Vice Presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da Aviagen nos EUA
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destaca a importância do correto manejo da ventilação durante toda a vida da ave para manter a boa qualidade do ar e o controle da umidade ambiental. “A principal premissa para o bom funcionamento da ventilação é que o galpão esteja hermeticamente fechado, pois só assim consegue-se controlar o volume e a velocidade do ar que entra no galpão, garantindo dessa forma a correta dinâmica de movimentação do ar”. Ele explica que há três tipos de ventilação durante o processo produtivo de uma ave e a definição desses tipos leva em conta a temperatura ambiente desejada. “A ventilação mínima será utilizada sempre que a temperatura externa for inferior à temperatura interna do galpão e será controlada por temporizadores cíclicos. A ventilação de transição entrará em funcionamento a partir do momento em que a temperatura interna do galpão esteja elevada para a ventilação mínima, mas não o suficiente para o funcionamento da ventilação túnel. Por
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último, mas não menos importante, a ventilação túnel que será utilizada sempre que a temperatura externa for superior à temperatura interna do galpão”, orienta Tedesco. Avaliando os riscos associados aos desafios ambientais, de saúde e consequentemente de bem-estar animal estão condições de ambiente e biossegurança, de forma que é impossível separá-los e classificá-los, pois são contínuos, partindo de fora da propriedade, ao redor dos aviários e dentro dos galpões. (Scott, et al, 2016; Shapiro, 2019). Fatores considerados nos procedimentos de compartimentação, como a localização da propriedade em relação a outras produções avícolas, densidade de aves em uma região, localização do aviário perto ou longe de estradas e fluxo de veículos e animais são fundamentais para a saúde e para o desempenho zootécnico ao logo do tempo. Outros processos de serviços associados à propriedade, como funcionários, equipamentos, caminhões, car-
regadores de aves, caixas de transporte de aves para o aviário e abate, equipes de manutenção e assistência técnica também têm grande importância. A qualidade microbiológica do alimento, da água e das rações também é fundamental para a saúde e os resultados dos lotes. Assim, muitos fatores como importância epidemiológica ou de saúde são primordiais para o sucesso da produção avícola.
Manejo Em relação ao manejo propriamente dito das aves, as boas práticas devem ser seguidas preferencialmente levando-se em conta as diretrizes preconizadas pelas casas genéticas relativas aos produtos que elas desenvolvem, assim como pelas recomendações dos técnicos envolvidos nas padronizações operacionais de cada empresa. A estratégia alimentar, qualidade da dieta aplicada, densidade populacional a cada fase de vida, sistemas de alimentação e de fornecimento de
Conclusão Souza
“Um ganho genético que represente 30 gramas a menos de ração por 1 kg de peso vivo significa, em uma operação de integração com abate semanal de 1 milhão de frangos por semana a um peso médio de 2,5 kg, uma redução de 3.900 toneladas de ração ao ano, sendo necessários aproximadamente 900 hectares a menos de lavoura (39% milho e 35% soja) e 7 mil toneladas a menos de água (considerando a relação de 1,8 água/ração)”
água, controle de peso e uniformidade do lote, sistemas e programas de iluminação, carregamento e transporte das aves, registros e análise de dados são exemplos dos principais pontos críticos que devem ser controlados diariamente dentro de um sistema produtivo.
Sanidade Todos os fatores ambientais estão relacionados com a capacidade dos animais de resistirem a desafios, evitando que se tornem doentes sub-clínicos ou clínicos, para que consigam expressar todo o seu potencial genético. Fatores de risco ambientais estão associados à presença de visitantes, compartilhamento de equipamentos, contato com aves e animais fora do aviário, higiene dos funcionários, desinfecção do transporte, da granja, destino e manejo dos animais mortos. A imunidade ativa é fundamental para as doenças clínicas como desafios conhecidos com possibilidade de vacinação, como, por exemplo, bronquite infecciosa, doença de Newcastle, metapneumovirus aviário e doença de Marek. O uso de vacinas de ótima qualidade e, principalmente, a garantia de aplicação perfeita são fundamentais para a proteção adequada. O manejo de aplicação com o uso de va-
cinas oculares e de aplicação individual é importante para as doenças que possuem grande desafio. A interferência entre as vacinas tem diminuído nos últimos anos, com produtos mais modernos, mas também precisa ser observada a idade correta para a aplicação das vacinas, principalmente dos vírus imunodepressores.
Bem-estar animal Atualmente o conceito de bem-estar animal está relacionado com definições de instituições, como a OIE – World Organisation for Animal Health, que sugerem que o importante são as condições em que os animais vivem, de forma que se sintam confortáveis, saudáveis, com evidências como mortalidade baixa e pouco consumo de antibiótico, bem alimentado, sem sentir dor, medo ou aflição. Tem que haver prevenção e tratamento de doenças, com cuidado de veterinários e manejo adequado, afinal se um animal tem bem-estar ele consegue expressar seu potencial genético. Assim, por definição, o bem-estar animal é o resultado de um ambiente e manejo ótimos, com baixo desafio sanitário e suporte veterinário. É a consolidação de todos os aspectos envolvidos no processo como manejo, ambiente e saúde.
Para que uma reprodutora ou um frango de corte expresse o seu máximo potencial genético e obtenha a performance desejada é preciso levar em consideração aspectos relacionados ao manejo, ambiência, saúde e bem-estar animal. O conjunto desses fatores bem equilibrado é que permitirá à atividade continuar melhorando em produtividade de forma a fornecer ao mundo uma proteína de qualidade, acessível e em quantidade frente à crescente população global.
Bibliografia American - Association of Avian Pathologists Symposium, Washington, D.C., August 2-5, 2019. Fernandes, Dave. AgForte. Understanding How Multiple Production Variables Affect Production Performance Using Statistical Freeware. American - Association of Avian Pathologists Symposium, Washington, D.C., August 2-5, 2019. Shapiro, David. Perdue Farms. Development and use of Biosecurity Risk Assessments in Commercial Poultry. American - Association of Avian Pathologists Symposium, Washington, D.C., August 2-5, 2019. Wooming, Brian. Cargill Turkeys. A Production Veterinarian’s Experience Using Epidemiological Tools Investigating Turkey Cellulitis. American - Association of Avian Pathologists Symposium, Washington, D.C., August 2-5, 2019. Wills, Robert. College of Veterinary Medicine, Mississippi State University. Epidemiological Approaches to Investigate the Determinants of Poultry Diseases and Produtivity. OIE, TERRESTRIALANIMAL HEALTH CODE, 2019, 29ª edição. Youming Wanga, Peng Li, Yangli Wu, Xiangdong Sun, Kangzhen Yu, Chuanhua Yu, Aijian Qin. The risk factors for avian influenza on poultry farms: A meta-analysis. Preventive Veterinary Medicine, 2014. Scott, A., Zepeda, C., Garber, L. Smith, J., Swayne, D., Rhorer, A., Kellar, J., Shimshony, A., Batho, H., Caporale, V., Giovannini, A. The concept of compartmentalization. Rev. sci. tech. Off. int. Epiz., 2006,25 (3), 873-879. A Revista do AviSite
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Fortalecimento da função intestinal com um Bacillus subtilis específico para um melhor desempenho Entendendo como melhorar os quatro pilares da saúde avícola Equipe Adisseo
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conduzidas para primeiro selecionar e depois caracterizar essa cepa exclusiva.
Diversos estudos têm mostrado os benefícios dos probióticos para o desempenho d eContudo, tempos em tempos a avi- as dam a reduzir o crescimento a nem todas cepas presentes no e/ou mercado têm dados que confirmem seus O gerenciamento cultura brasileira é desafiapatogenicidade de bactérias patogênidea seação, como: mudanças positivas na microbiota, integridade da reinventar e evoluir cas, e influenciam positivamente o sisda saúde intestinal, intestinalsistema i tema imune. No geral, isso levará a em qualidade e eficiência. O respostas anti-inflamatórias. Os probióticos eficazes melhoram os diálogos entre a mic uma melhor saúde e desempenho dos paradigma atual reside na utilização é fundamental para animais. assim Embora antibióticos tenham de aditivoseantibióticos para promoo hospedeiro, produzindo efeitos sustentáveis.
D
permitir que as aves expressem todo o A microbiota seu potencial O desenvolvimento e a manutenção de uma função intestinal robusta depend genético. Qualquer composição da microbiota intestinal. Os efeitos desta cepa exclusiva de Bacillus subtil comprometimento sobre as espécies bacterianas presentes no intestino de frangos foram investiga da saúde intestinalcom o D Southern Poultry Research, Inc (Athens, Estados Unidos) em colaboração Mathis. Durante um experimento de 42 dias, 1.600 tem pintosum machos Cobb 500 efeito alimentados com uma dieta controle ou tratamento contendo de Bacillus su negativoesporos na saúde dose de 1x10 UFC/t de ração. No final do estudo, o conteúdo intestinal foi coleta geral e no determinar a composição da microbiota ileal e cecal, pelo sequenciamento genético d desempenho das avesentre os Observando a composição da microbiota no íleo, não houve diferença
ção do crescimento e as crescentes restrições ao emprego de tais drogas, seja por meio de regulações governamentais ou mercadológicas. Na busca para a transposição dessa barreira, novas soluções se apresentam como importantes aliados e colocam a saúde intestinal no foco de grande parte das pesquisas e 8desenvolvimentos realizados em todo o globo. A saúde intestinal pode ser descrita como a relação simbiótica entre o hospedeiro e sua microbiota. Interações entre a microbiota, integridade de mucosa, sistema imune e balanço redox têm sido recentemente propostas para definir os estados: saudável, pré-doença e doença (van de Gutchte et al., 2018). O desequilíbrio nessas interações é responsável pela inflamação e “intestino permeável” (aumento de permeabilidade da barreira intestinal), além de outros distúrbios relacionados ao intestino. Probióticos são utilizados na nutrição de aves para melhorar a saúde intestinal, por meio de sua influência na microbiota, na morfologia intestinal, na resposta inflamatória e consequentemente no desempenho geral do animal.
um efeito específico sobre os patógenos e também apresentam algumas propriedades anti-inflamatórias, os probióticos têm múltiplos mecanismos de ação e benefícios no hospedeiro. Os microrganismos mais comumente utilizados como probióticos em nutrição animal incluem: Bacilli, Lactobacilli, Bifidobacteria, Enterococci e leveduras. Neste artigo, apresentamos dados de experimentos realizados com uma cepa exclusiva de Bacillus subtilis (cepa 29784). Esta solução probiótica específica para aves de produção (Alterion®) foi especificamente desenvolvida para entregar consistência, assim como uma ótima germinação e ativação no intestino delgado das aves. Pesquisas in vivo em Alterion® institutos científicos independentes, universidades e no centro de pesquisa CERN (Centre for Expertise and Research in Nutrition) da Adisseo, suportadas por pesquisas in vitro nos laboratórios da Novozymes, foram conduzidas para primeiro selecionar e depois caracterizar essa cepa exclusiva.
controle e o tratado ( ). Já nas análises do conteúdo cecal, cinco gêneros (den gêneros) diferiram na comparação do grupo controle com o suplementado com A (Figura 1). Estes eram principalmente do filo Firmicutes, incluindo Ruminococcus, que e em maior quantidade relativa nas aves alimentadas com Bacillus subtilis 29784 bactérias são conhecidas por quebrar polissacarídeos em oligossacarídeos, auxilia digestão de cereais e proteínas de origem vegetal presentes na dieta das aves.
Probióticos para a saúde intestinal Probióticos são bactérias vivas, que quando administradas em quantidades adequadas, oferecem um efeito fisiológico benéfico ao hospedeiro. Eles são utilizados para melhorar o equilíbrio da microbiota intestinal – gerando assim um ambiente ideal para a digestão e absorção de nutrientes. Essas bactérias benéficas também aju-
Controle 5
2 0.94% 0,01% 0,00%
Actinobacteria Actinobacteria Choriobacteriales Coriobacteriaceae Olsenella
0.15%
0.05%
0.32%
Firmicutes Firmicutes Clostridia Clostridia Clostridiales Clostridiales Lachnospiraceae Lachnospiraceae Desconhecido Lachnoclostridium
Firmicutes Clostridia Clostridiales Ruminococcaceae Ruminococcus
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llus na morfologia intestinal (Figura 2). Informe Técnico-Comercial
Figura 2 – Efeito do Bacillus subtilis 29784 no comprimento das vilosidades Controle Bs 29784
*
0.9
0.66 0.0
Diversos estudos têm mostrado os benefícios dos probióticos para o desempenho das aves. Contudo, nem todas as cepas presentes no mercado têm dados que confirmem seus modos de ação, como: mudanças positivas na microbiota, integridade intestinal, sistema imune e respostas anti-inflamatórias. Os probióticos eficazes melhoram os diálogos entre a microbiota e o hospedeiro, produzindo assim efeitos sustentáveis.
crobiota ileal e cecal, pelo sequenciamento genético de RNAr. Observando a composição da microbiota no íleo, não houve diferença entre os grupos controle e o tratado (Alterion®). Já nas análises do conteúdo cecal, cinco gêneros (dentre 116 gêneros) diferiram na comparação do grupo controle com o suplementado com Alterion® (Figura 1). Estes eram principalmente do filo Firmicutes, incluindo Ruminococcus, que estavam em maior quantidade relativa nas aves alimentadas com Bacillus subtilis 29784. Essas bactérias são conhecidas por quebrar polissacarídeos em oligossacarídeos, auxiliando na digestão de cereais e proteínas de origem vegetal presentes na dieta das aves. Um aumento na abundância de Lachnoclostridium também foi observada. Essas bactérias degradam oligossacarídeos e produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs), particularmente o butirato. O Butirato é um metabólito microbiano muito importante, pois representa a principal fonte de energia para os enterócitos (células da parede intestinal) e também é atualmente bem descrito como um componente anti-inflamatório muito potente.
Bacillus subtilis 29784 na barreira intestinal foi investigado em um modelo uma molécula pró-inflamatória, TNF-α, que prejudica a integridade da s da resistência elétrica transepitelial (TEER) e teste de fluxos de D-manitol idade do Alterion® em melhorar a integridade daEfeitos barreira intestinal. positivos na mucosa intestinal
A mucosa intestinal desempenha
um papel essencial para a saúde e detórias Os estudos sempenho das aves de produção. Essa resumidos neste barreira intestinal,anteriormente, é o local em que A microbiota intestinal mostrados eitos sobre a modulação da microbiota ocorrem muitas interações entre o O desenvolvimento e a manutenção artigo mostram que de uma animal (hospedeiro) e o “mundo exintestinal robusta de- a inflamação também acillus subtilis 29784 em reduzirfunção diretamente foi ® terno”. A absorção de nutrientes, a espendem da composição da microbiota o Alterion é timulação do sistemaprobiótica imune inato e intestinal. Os efeitos desta cepa exclusiIL-8 como um marcador de inflamação aguda, esta cepa se responsável pela ainda a prevenção contra a entrada de va de Bacillus subtilis 29784 sobre as esbactérias e toxinas nacélulas corrente san-Caco. pécies bacterianas presentes no intestireduzir a resposta em um modelo in vitro de modulação da inflamatória guínea realçam o funcionamento desno de frangos foram investigados na sa barreira dinâmica. Southern Poultry Research, Inc (Athens, o, observamos que o Bacillus subtilis 29784 diminui significantemente os microbiota, melhora No mesmo estudo descrito acima, Estados Unidos) em colaboração com o amostras de intestino foram coletadas DON Dr. Greg Mathis. Durante um experifunção da barreira diferentes estímulos imunogênicos como IL-1 (Figura 3) e micotoxina dos frangos no final do experimento mento de 42 dias, 1.600 pintos machos mucosa e para avaliação da morfologia intestiCobb 500 foram alimentados com uma nal. As aves alimentadas com Bacillus dieta controle ou tratamento contendo fortalecimento do subtilis 29784 apresentaram microviesporos de Bacillus subtilis na dose de losidades intestinais significativamen1x108 UFC/t de ração. No final do estusistema imune te mais longas; sendo 18% de aumendo, o conteúdo intestinal foi coletado to de comprimento no íleo e 17% no para determinar a composição da midos frangos
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(Figura 4) (Rhayat et al., 2016). De fato, observamos que o Bacillus 29784 obteve a mesma capacidade anti-inflamatória comparado ao composto laboratorial anti-inflamatório (EGCG), utilizado nosso controle positivo. Figura 3 – como Efeito do Bacillus subtilis 29784 sobre os níveis de IL-8 em teste in vitro de estímulo com IL-1
1200 3 – Efeito do Bacillus subtilis 29784 sobre os níveis de IL-8 em Figura teste in vitro de estímulo com IL-1 a
Produção de Produção IL-8 (g/mL)de IL-8 (g/mL)
1000 1200 800
a
1000 600 800 400
b
600 200 400 0 200
c
Controle Control
EGGC c
b Bs 29784
Letras distintas correspondem a diferenças estatísticas significantes – p<0.05
0
Controle Control
EGGC
Bs 29784
Letras distintas correspondem a diferenças estatísticas significantes – p<0.05
Figura 4 - Efeito do Bacillus subtilis 29784 sobre os níveis de IL-8 em teste in vitro de estímulo com mixotoxina DON 250
Produção de Produção IL-8 (g/mL)de IL-8 (g/mL)
Figura 4 - Efeito do Bacillus subtilis 29784 sobre os níveis de IL-8 em teste in vitro de estímulo com mixotoxina DON 200 250 150 200
a
a
b
100 150 c
50 100 0 50
A mucosa intestinal desempenha um papel essencial para a saúde e desempenho das aves de produção. Essa barreira intestinal é o local onde ocorrem muitas interações entre o animal (hospedeiro) e o “mundo externo”.
b
Control Controle
c EGGC
Bs 29784
Letras distintas correspondem a diferenças estatpisticas significantes - p<0.05
0
Control
EGGC
Bs 29784
de inflamação aguda, esta cepa probióceco, sugerindoControle um impacto positivo Letras distintas correspondem a diferenças estatpisticas significantes - p<0.05 tica se mostrou capaz de reduzir a resdesse Bacillus na morfologia intestinal (Figura 2). posta inflamatória em um modelo in Melhorias no desempenho O efeito direto do Bacillus subtilis vitro de células Caco. Nesse teste in 29784 na barreira intestinal foi investivitro, observamos que o Bacillus subtigado em um in vitro utilizanlis 29784 diminui significantemente os Melhorias nomodelo desempenho do uma molécula pró-inflamatória, níveis de IL-8 após diferentes estímulos imunogênicos como IL-1 (Figura 3) TNF-α, que prejudica a integridade da e micotoxina DON (Figura 4) (Rhayat parede. As medidas da resistência elétrica transepitelial (TEER) e teste de et al., 2016). De fato, observamos que o fluxos de D-manitol mostraram a capaBacillus 29784 obteve a mesma capacicidade do Alterion® em melhorar a indade anti-inflamatória comparado ao tegridade da barreira intestinal. composto laboratorial anti-inflamatório (EGCG), utilizado como nosso conRespostas inflamatórias trole positivo. Em paralelo aos efeitos sobre a modulação da microbiota intestinal mosMelhorias no desempenho trados anteriormente, a habilidade do No estudo in vivo mencionado anteriormente, a inclusão de Bacillus Bacillus subtilis 29784 em reduzir diretamente a inflamação também foi avasubtilis 29784 levou a uma melhora de liada. Usando IL-8 como um marcador 5,4% na conversão alimentar, em
consequência de um aumento de 5,7% no peso corpóreo final e um consumo de alimento semelhante nos frangos de corte. Esses dados economicamente importantes são, desta forma, altamente influenciados pela saúde intestinal, através de mudanças, particularmente, na microbiota intestinal e na mucosa. Os estudos resumidos neste artigo mostram que o Alterion® é responsável pela modulação da microbiota, melhora função da barreira mucosa e fortalecimento do sistema imune dos frangos. Essas observações, quando tomadas em conjunto, mostram uma melhor saúde intestinal que poderia explicar, em parte, a melhora no desempenho das aves. Referências disponíveis mediante solicitação A Revista do AviSite
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Informativo Técnico Comercial
A vacinação como ferramenta auxiliar no controle integrado de salmonela Vacinação é parte fundamental de um conjunto de ações, entre elas, a principal - a biosseguridade
Autor: Gleidson B. C. Salles, MSc em Ciência e Produção Animal e Assist. Tecnico SC / RS em Aves da Zoetis
N
os dias de hoje o tema mais estudado, discutido e trabalhado na avicultura é a salmonella. Pesquisadores, empresas, governo e produtores, buscam incansavelmente achar soluções e ferramentas para combater esse patógeno. As salmoneloses estão entre as principais doenças de aves comerciais e é responsável por perdas econômicas e por riscos relacionados a doenças transmitidas por alimentos. Desde as primeiras criações de aves, ouvimos relatos de salmonellas, devido à sua grande complexidade,
epidemiologia, sorovares envolvidos, o seu controle passa por medidas integradas relacionadas ao conhecimento do agente etiológico, hospedeiro ambiente e particularidades geográficas. Através do amplo desenvolvimento em estudos e pesquisas, as investigações científicas permitem hoje, um grande avanço no entendimento dos mecanismos de infecção e da forma que o agente resiste no hospedeiro, tais como imonoistoquímica, citometria de fluxo e determinação de citocinas, técnicas moleculares de sequenciamento do genoma
das aves, identificação das ilhas de patogenicidades do agente. O Brasil passou por uma forte crise de imagem e consequentemente financeira no setor devido às etapas da Operação Carne Fraca, principalmente no mercado europeu, cujas exigências e controle sobre nossos produtos aumentaram consideravelmente. O banco de dados dos alertas rápidos da Europa em relação à carne exportada é uma boa fonte para nos dar uma ideia da situação atual. E infelizmente nessa sequência histórica nós tivemos uma explosão de notifi-
Número de ocorrências e principais Sorovares de Salmonella detectados nos Alertas Rápidos Europeus de 2013 a 2019 em produtos cárneos de frangos e perus ANO
N°
Sorovares encontrados nos produtos exportados pelo Brasil
2013
109
29 Salmonella Heidelberg, 12 S. Minnesota, 4 SA, 3 ST, 3 SE, 2 SSaint, 2 SHa, SI, SSte, SO, SD, SBra, Sbre, 50 Salmonella spp.
2014
62
6 Salmonella Heidelberg, 4 SHa, SSch, SBra, 50 Salmonella spp.
2015
37
1 Salmonella Enteritidis, 36 Salmonella spp
2016
19
1 Salmonella Typhimurium, 18 Salmonella spp
2017
321
53 Salmonella Heidelberg, 4 Salmonella Enteritidis, 2 Salmonella Minnesota, 3 ST, SM, 254 Salmonella spp
2018
62
3 Salmonella Heidelberg, 1 Salmonella Remo, 58 Salmonella spp
2019
19
5 Salmonella spp
SH – Salmonella Heideberg, SM – Salmonella Minnesota, ST – Salmonella Typhimurium, SE – Salmonella Enteritis, SA – Salmonella Agona, SSaint - Salmonella Sain Paul, SHa - Salmonella Hadar, SI – Salmonella Infantis, SO – Salmonella Ohio, SD – Salmonella Derby, SBra – Salmonella Bradenburg, SBre – Salmonella BredeneY Fonte: RASFF – European Commission *2018 – de 01/01/2018 a 23/03/2019 https://webgate.ec.europa.eu/rasff-window/portal/?event=searchResultList
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cações no ano de 2017. Ao todo foram 321. Nunca o Brasil havia recebido tantas notificações e seguramente isso é resultado da mudança no sistema de vigilância, do aumento de amostragem e de fatores relacionados à coleta. Nesse contexto, o controle de Salmonella spp dentro da cadeia produtiva ganha grande importância, pois a presença do patógeno na carne é parâmetro de qualidade e interfere na relação comercial entre outros países, podendo levar até mesmo à destruição de produtos exportados, caso seja detectada positividade à bactéria (Back e Ishizuka, 2010). O gênero Salmonella é composto de bactérias morfológica e bioquimicamente homogêneo (Gast, 2003), com mais de 2500 sorotipos conhecidos (Sharr, 2003), classificados em função da presença de antígenos somáticos (O) e flagelares (H). A maioria dos sorovares patogênicos encon-
tram-se no gênero Salmonella enterica e normalmente recebem nomes relacionados com a espécie ou a região geográfica em que foram encontradas. A Salmonella Enteritidis (SE) pertence ao grupo D, tendo antígenos somáticos O = 1, 9, 12 e antígenos flagelares H = g, m:1, 7. A Salmonella Typhimurium (ST) pertence ao grupo B, tendo antígenos somáticos O = 1, 4, 5, 12 e antígenos flagelares H = i: 1, 2. Já a Salmonella Minnesota (SM) pertence ao grupo L, tendo antígeno somático O 21 e antígenos flagelares H b: e, n, x (Popoff et al., 1996). Dentre os mais de 2500 sorovares de salmonella, 90 são os mais comumente relacionados com casos de toxinfecção alimentar em humanos. Um dos mecanismos observados é a alternância de prevalência de sorovares de salmonella. Quando um sorovar apresenta dominância, o outro tem um decréscimo, e esse sistema torna ainda mais complexo o controle e a
redução desse patógeno, sendo impossível o controle de todos os sorovares. Diferentemente das aves caipiras, as aves industriais não têm contato com a sua progenitora, na natureza. As aves de vida livre, ao eclodirem já recebem uma carga muito grande de bactérias da mãe no ninho, nas fezes e no ambiente, e de certo modo, essa microbiota auxilia na proteção da ave recém-nascida, já que essa carga bacteriana é composta por bactérias benéficas, em sua maioria. Nas aves industrias isso não acontece, uma vez que os ovos férteis vão para o incubatório e os pintinhos não terão contato com a sua progenitora. A Salmonella é uma enterobactéria e como tal, a sua relação com a resposta imunológica da mucosa intestinal e com a microbiota tem sido alvo de investigação (Calenge et al., 2010). Alguns sorovares têm presença mais restrita ao trato gastrintestinal, enquanto ouA Revista do AviSite
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Nesse contexto, o controle de Salmonella spp dentro da cadeia produtiva ganha grande importância, pois a presença do patógeno na carne é parâmetro de qualidade e interfere na relação comercial entre outros países, podendo levar até mesmo à destruição de produtos exportados, caso seja detectada positividade à bactéria.
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tros são também microrganismos septicêmicos, sendo capazes de invadir a corrente circulatória (Berchieri Júnior e Barrow, 1995). A resposta imunológica da ave depende do grau de agressão e principalmente da capacidade de invasão do sorovar em questão. As infecções por salmonelas estimulam tanto imunidade celular quanto humoral. Infecções primárias provocam a produção do interferon gama (IFNγ) por meio das células T helper (CD4+) e células NK (Natural Killer). O INF-γ possui ação efetiva em cepas de salmonellas virulentas reativas a oxigênio, mas não é essencial para matar cepas avirulentas de vacinas (Van Immerseel et al., 2005). Entre as inúmeras funções do IFN-γ, ressalta-se a ativação da habilidade dos macrófagos para matar as salmonellas. Os antígenos replicantes vivos, de forma geral, determinam uma sinalização celular que culmina com a ligação do antígeno (mais especificamente de seu determinante antigênico) a outro complexo proteico chamado de MHC-I (Complexo de histocompatibilidade maior-I). A apresentação do determinante antigênico ligado a este MHC permite a interação da célula apresentadora com um linfócito T chamado de CD8+. Este CD8+ irá evoluir para um linfócito T citotóxico, o que, mediante reconhecimento do MHC-I ligado ao mesmo determinante antigênico em qualquer célula infectada, causará lise desta célula (Davison et al., 2008). Este mecanismo de defesa por ativação dos linfócitos T citotóxicos é particularmente importante no caso das infecções por salmonella, pois se trata de uma bactéria intracelular facultativa (Berndt e Methner, 2001). Quando pensamos em utilizar a vacinação como uma medida auxiliar no controle de salmonella, devemos entender o que esperar de cada “arma”, e ter em mente que esta ferramenta é parte fundamental de um conjunto de ações, entre elas, a principal - a biosseguridade. Antes de qualquer coisa, é importante saber qual é o grande inimigo, para aí fazer o uso estratégico das vacinas. Ao es-
tabelecer um programa de vacinação nas reprodutoras, o foco é proteger essa ave, reduzir os riscos do ambiente, evitando assim a transmissão vertical de salmonella para progênie. Se o foco da vacinação são os frangos de corte, o principal ponto é a proteção precoce desses animais, normalmente por via massal. A forma de avaliação da resposta imune contra salmonella é mediada principalmente pelas defesas inatas, mucosas, macrófagos, células natural killers e interferons, e pela defesa adaptativa, anticorpos e linfócitos T específicos, CD4+ e CD8+ (Caron, 2019). Dentro desse contexto, devemos escolher a ferramenta que melhor se encaixa para a necessidade. A maioria das vacinas pode ser classificada basicamente em não replicantes (inativadas) e replicantes (vivas). As vacinas replicantes (vivas) funcionam infectando as aves com a própria doença, mas com atenuação, que elimina ou minimiza os sintomas e as consequências, (Andreatti, 2007), conferindo uma rápida resposta imunológica, com produção de imunoglobulina de mucosa, IGA secretora, de linfócitos citotóxico T CD8+. No caso da salmonella, uma bactéria intracelular facultativa, essa resposta é fundamental. As vacinas não replicantes (inativadas) estimulam a produção de anticorpos circulatórios (defesa humoral) e de linfócitos T CD4+. Comparações entre vacinas inativadas e vacinas vivas demonstraram que as últimas são mais efetivas no estímulo da resposta imune, mediadas por células com participação de percentual de células CD4+ e CD8+, significativamente maior em relação a vacinas inativadas (Babu et al., 2003).
Prevenção e controle integrado O controle e a prevenção devem contemplar ações conjuntas que evitem a transmissão vertical e horizontal. Nesse contexto, devemos analisar e atuar em toda a cadeia avícola, de forma integrada e consistente. Desse modo, a chance de sucesso no controle de salmonella aumenta muito.
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Informativo Técnico Comercial
ImmunoWall®, a tecnologia para uma nutrição mais saudável de aves e controle de Salmonella Existe uma preocupação global com a qualidade dos ingredientes e aditivos usados nas rações de animais, uma vez que o consumidor final tem consciência da relação entre “nutrição e saúde”. Autoras: Liliana Longo Borges e Melina Bonato (P&D, ICC Brazil)
O
conceito de segurança alimentar tem se tornado cada vez mais evidente na produção de alimentos, principalmente em relação à exportação de produtos de origem animal; além disso, garantir a segurança alimentar é um grande desafio para as indústrias. A demanda por aditivos mais saudáveis e naturais nas dietas aumentou no Brasil e no mundo, o que resultou em mais investimentos em tecnologia e adesão da indústria. A tecnologia utilizada na fabricação dos produtos é fundamental e integra técnicas para a padronização de produção, armazenamento, distribuição e conservação do potencial nutricional da matéria-prima, que, além de melhorar a produtividade, possibilita que um nível de qualidade melhor cada vez mais seja atingido. Por isso, estabelecer uma conexão entre qualidade, valor nutricional e segurança alimentar é um a tarefa que necessita de muita pesquisa para que as indústrias possam ga-
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rantir a saúde pública. O Brasil é um dos maiores produtores de carne do mundo, exportando para diversos países, e é também um dos principais consumidores de carnes, o que mostra a eficiência das normas sanitárias, que vão desde o campo até o produto final. Existe uma preocupação global com a qualidade dos ingredientes e aditivos usados nas rações de animais, uma vez que o consumidor final tem consciência da relação entre “nutrição e saúde”. Mesmo com o aumento da segurança e do manejo, a Salmonella continua sendo uma das principais causas de intoxicação alimentar no mundo, e a salmonelose é considerada um grande problema de saúde pública. Portanto, oferecer produtos seguros, como alimentos livres de Salmonella, aos consumidores finais é um dos principais objetivos da tecnologia de produção de alimentos. Existe uma longa lista de aditivos que atuam diretamente sobre as bac-
térias patogênicas ou, indiretamente, modulando a microbiota e a resposta do sistema imunológico e melhorando a integridade intestinal do hospedeiro. A parede celular de levedura (Saccharomyces cerevisiae) é uma das soluções que podem auxiliar no controle de Salmonella, reduzindo a contaminação e prevenindo o problema. Com base neste conceito, o ImmunoWall® se destaca de outros produtos, pois é composto por uma densa parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae e possui altas concentrações de mananoligossacarídeos (MOS) e β-glucanas (BG), o que o torna um produto com resultados comprovados e ótima relação custo-benefício. MOS são conhecidos por sua capacidade de aglutinar patógenos; evitam a colonização do patógeno no intestino pois oferecem um sítio de ligação a bactérias que possuem fímbrias tipo 1 presentes no trato intestinal e são excretada posteriormente com o material fe-
ImmunoWall®
Parede celular de levedura de fermentação primária ½ BG ½ MOS
Figura 1. Diferenças microscópicas estruturais entre o ImmunoWall® e a parede celular de levedura de fermentação primária. Imagens de microscopia de luz realizadas no Laboratório de Microscopia Eletrônica, Medicina Celular e Molecular, Universidade da Califórnia, San Diego, 2016.
cal. As β-glucanas atuam como moduladoras da resposta imune dos animais, pois estimulam seu sistema imune inato. Quando as células fagocíticas entram em contato com as β-glucanas, elas são estimuladas e produzem mais citocinas, criando uma “reação em cadeia”. Isso induz o status imunológico nos animais, tornando-os mais capazes de resistir a possíveis infecções. Por muitos anos, as leveduras foram consideradas como principal fator do processo. Hoje, sabemos que o ambiente de fermentação é mais importante do que a levedura em si, pois é ele que fornecerá as diferenças fundamentais na composição do produto final. A cultura de levedura pode ser obtida a partir do processo de fermentação primária de etanol, cerveja ou de panificação. O ImmunoWall® se destaca, pois é produzido em um ambiente desafiador durante o processo de fermentação da cana-de-açúcar para obtenção de etanol. A cultura de levedura passa por numerosos ciclos de fermentação, o que torna a parede celular da levedura muito mais densa, resultando em um maior teor de carboidratos e menor teor de gordura, tor-
nando-a menos digestível no trato intestinal. A tecnologia de processo do ImmunoWall® envolve condições agressivas durante a fermentação do etanol, o que força a levedura a se proteger e, portanto, a fortalecer sua parede celular. As β-glucanas são como um “esqueleto” da parede celular de levedura, desta forma, é importante observar a relação entre as β-glucanas e os MOS para medir sua eficiência. Quanto maior a concentração de β-glucanas, menor a degradação da parede celular no trato gastrointestinal e, portanto, melhor sua eficiência como “fibra funcional”. A parede celular de levedura tem uma razão BG:MOS próxima de 2:1, enquanto as paredes celulares de levedura primárias têm uma razão BG:MOS de 1:1 (Figura 1). Um recente estudo realizado por Beirão et al. (2018), em que os frangos de corte receberam ImmunoWall® (0,5 kg/ton) e foram infectados com Salmonella enteritidis (SE) (via oral a 10 8 UFC/ave) aos 2 dias de idade, mostrou que a suplementação com o ImmunoWall® resultou em uma maior produção de anti-Salmonella IgA aos 14 dias de idade. Isso
Mesmo com o aumento da segurança e do manejo, a Salmonella continua sendo uma das principais causas de intoxicação alimentar no mundo, e a salmonelose é considerada um grande problema de saúde pública A Revista do AviSite
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Informativo Técnico Comercial
Gráfico 1. Quantificação relativa de IgA no soro reagente contra LPS bacteriano. A linha de corte é mostrada. As letras diferentes acima de cada grupo indicam a significância estatística de acordo com o teste ANOVA com um pós-teste de Tukey (P <0,05, exceto quando indicado)
indica que o sistema imunológico dos animais que receberam ImmunoWall® apresentou uma resposta específica mais rápida e mais forte, utilizando menos energia e nutrientes, uma vez que a resposta inflamatória pareceu ser mais curta. A SE pode ser um problema para os frangos de corte que ainda não têm seu sistema imunológico completamente desenvolvido, pois podem não conseguir controlar a infecção. Por isso, a maioria das respostas mais eficientes encontradas neste estudo foi observada até os 14 dias de idade. Portanto, a suplementação com β-glucanas pode ajudar as aves a ativarem seu sistema imunológico e terem uma resposta mais precoce e
Tabela 1. Resumos dos resultados do estudo de Hofacre et al. (2017), mostrando a redução da contaminação por Salmonella enteritidis1 em poedeiras que receberam ImmunoWall®2
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mais rápida do sistema imune inato, reduzindo os danos causados por patógenos e, consequentemente, os prejuízos no desempenho. Esse tipo de resposta é especialmente importante para animais em estágios iniciais de desenvolvimento, durante a reprodução e períodos de estresse/desafios ambientais. Desta forma, a suplementação com β-glucanas age como um agente profilático, aumentando a resistência dos animais e, consequentemente, minimizando as perdas. No estudo publicado por Hofacre et al. (2017), a eficácia de um produto derivado de levedura na redução da colonização e da presença de Salmonella enteritidis (SE) no ovário e ceco de poedeiras foi demonstrada pela primeira vez em um experimento in vivo. A Tabela 1 mostra que as aves contaminadas com SE em altas doses e suplementadas com ImmunoWall® (0,5 kg/ton) demonstraram uma redução na colonização de SE nos intestinos e ovários em comparação ao grupo controle (aos 7 e 14 dias após o desafio). Além de ser um aditivo 100% natural, o ImmunoWall® provou ser uma solução viável em doses baixas que melhora a saúde intestinal e garante a segurança alimentar, proporcionando uma excelente relação de custo-benefício e auxiliando a reduzir o uso de antibióticos.
Referências: Beirão, B. C. B. et al. Yeast cell wall immunomodulatory and intestinal integrity effects on broilers challenged with Salmonella Enteritidis. In 2018 PSA Annual Meeting, San Antonio, Texas, USA. Proceedings... 2018. Hofacre, C. et al. Use of a yeast cell wall product in commercial layer feed to reduce S.E. colonization. in Proceedings of 66th Western Poultry Disease Conference, Sacramento, CA, USA.p. 76-78, 2017. Ministério da Saúde. Surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos no Brasil. Disponível em: http://porta la rqu ivos.saude.gov.br/images / pdf/2016/junho/08/Apresenta----o-Surtos-DTA-2016.pdf
Bem-estar animal
Bem-estar de Frangos: da Produção ao Abate As pesquisas sobre bem-estar e ambiência na realidade de diversos estados do Brasil estão provando com dados estatísticos que essa consciência é uma tendência irreversível na produção
Autoras: Dione Carina Franciso. Méd. Vet. e Consultora da AGroQualitá - dione@agroqualita.com.br Tatiane Dandin, Med.Vet. e Consultora em Bem estar animal da AgroQualità - tatidandin@yahoo.com.br
U
m dos assuntos mais discutidos na avicultura atualmente é o bem-estar animal e, dentro desse conceito, a evolução da ciência e da tecnologia no que tange aos aspectos relacionados à ambiência. Seja pelos métodos de criação de aves poedeiras, seja pela forma como os frangos são mantidos e abatidos nos frigoríficos, é indiscutível o consenso entre todos os envolvidos na cadeia produtiva:
um alto grau de bem-estar influencia em elevada produtividade e na melhor qualidade do produto final. No passado, a preocupação brasileira em seguir altos padrões de bem-estar animal estava restrita às exigências do mercado externo, em especial dos países europeus. Hoje, além de atender a esses clientes, o Brasil criou leis mais rígidas e específicas para este assunto, aumentou a fiscalização tanto
pelos órgãos competentes quanto pelos consumidores que estão cada vez mais exigentes com o produto que consomem. As pesquisas sobre bem-estar e ambiência na realidade de diversos estados do Brasil estão provando com dados estatísticos que essa consciência é uma tendência irreversível na produção, visto que a qualidade de vida e de morte dos animais influenciará na mesma proporção a lucratividade do produtor, a rentabilidade da indústria e a qualidade do produto para o consumidor. É atendendo a essas expectativas que o seminário Bem – estar de f rangos: da produção ao abate foi desenvolvido. Entre os principais temas abordados estão a legislação e as normas que regem essa importante área da produção, as questões de criação em especial o conforto térmico e as etapas pré-abate e abate dos frangos.
Legislações que embasam o bem-estar animal Desde 1934 o Brasil já possui Lei que estabelece medidas de proteção aos animais. Um pouco mais tarde, em 1952, o maior RegulaA Revista do AviSite
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Bem-estar animal
Principais legislações relacionadas à Bem-estar Animal no Brasil
mento do Ministério da Agricultura (MAPA) foi decretado por Getúlio Vargas, o “Novo Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal” (RIISPOA), onde determina que os abatedouros são os responsáveis pelos animais desde o desembarque, obrigando-os a evitar os maus-tratos. A revisão do RIISPOA em 2017 acrescentou responsabilidade aos estabelecimentos também durante o embarque e o transporte no período pré-abate, além do dever em incluir o bem-estar animal nos programas de autocontrole. Como podemos observar houve uma grande evolução nas legislações brasileiras que asseguram o bem-estar dos animais, inclusive os de produção. É por isso que, ao tratarmos desse assunto, precisamos nos adequar em âmbitos Legais, cumprir ativamente nossa legislação, e assim, ainda ter o bene-
fício de estarmos atuando com consciência, responsabilidade e agregando valor ao nosso produto.
Leis e Normas Internacionais Ao falarmos sobre legislações internacionais relacionadas a métodos humanitários de criação e abate, nos deparamos com uma estrutura bem formada e com grande exigência dos países importadores. Estabelecimentos que praticam a exportação de produtos de origem animal sabem que a fiscalização é rígida e qualquer deslize pode provocar um prejuízo gigante na operação. A OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) tem 180 países membros, entre eles o Brasil, e tem por objetivo promover diversas recomendações, sob forma de protocolos, para diferentes etapas de produção e para cada espécie. Há ainda, programas de certifi-
cação que possuem diversos requisitos e exigências que devem ser auditados e atendidos para ter o direito a um selo específico de produto produzido conforme preceitos de bem-estar animal. Esses selos agregam valor ao produto e são vistos pelo consumidor como alimentos de alta qualidade.
Criação e Ambiência Além dos fatores genéticos, sanitários e nutricionais, um dos maiores desafios na produção de frangos é o conforto térmico, situação onde os frangos utilizam o menor gasto energético possível para manter a sua homeotermia. Sendo assim, a energia disponível pode ser direcionada para o aumento na produtividade. Para manter os frangos dentro da zona de conforto térmico correspondente à sua idade são necessários conhecimento, planejamento e estratégias bem definidas.
Recomendações e Leis Internacionais
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Condições de conforto térmico para aves de corte em função da idade: Em climas tropicais e subtropicais, situação do Brasil, onde a temperatura e a umidade relativa são altas é ainda mais desafiador conseguir manter um alto grau de conforto térmico para os frangos, ainda mais sabendo que a maior produção de calor dentro do aviário vem das próprias aves, por irradiação ou por respiração (ofegação). Sendo assim, são utilizadas várias formas para tentar garantir que as condições climáticas favoreçam a produção de frangos. O objetivo é ter uma circulação de ar adequada para remover o excesso de calor e umidade de dentro dos aviários. Alguns pontos principais são:
• Isolamento do Galpão: Evita a entrada de calor no verão e a perda de calor no inverno; fornece condições para aumentarmos a eficiência de pressão e velocidade de ar. É essencial quando utilizamos sistemas de refrigeração. • Pressão: Faz a distribuição do fluxo de ar dentro do aviário. Havendo isolamento e vedação suficientes, provavelmente teremos boa uniformidade de ar no galpão, evitando assim a formação de bolsões de calor. Deve-se considerar ainda, a quantidade de aberturas na instalação (entradas de ar), e a relação entre pressão x largura do aviário x velocidade do ar. • Velocidade do Ar: Deve ser adequada para promover a troca
Lesões nas carcaças de frango causadas por problemas em apanha e transporte.
O assunto ambiência e bemestar animal é amplo e está constantemente no foco de pesquisas e descobertas. O desenvolvimento de técnicas que promovam melhorias na cadeia produtiva de frangos é sempre bem-vinda à todos que fazem parte dessa imensa rede
Fonte: Steps
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Bem-estar animal
Valores Recomendados de densidade de aves por caixa em cada turno e suas respectivas taxas de mortalidade esperadas.
de todo o volume de ar dentro do galpão a cada 1 a 1,3 minutos. Quanto maior a idade do frango, maior deve ser a velocidade do ar. Além de promover o conforto térmico, se bem calculado e conservado, esse fator é de extrema importância para a manutenção da qualidade do ar na instalação. • Sistemas de Refrigeração: Resfriam o ambiente de forma controlada. Dois equipamentos são os mais usuais, nebulizadores e Pad Coolings, ambos são sistemas de refrigeração evaporativos, que consistem em resfriar o ar através da evaporação da água. O ideal é que tenhamos pressão e velocidade de ar suficientes para conseguirmos maior eficiência de resfriamento do ar. Para se obter um nível alto de conforto térmico, precisamos aliar diversos fatores e garantir que estejam em perfeito ajuste e funcionamento. As condições climáticas, os materiais e as formas como são construídas as instalações diferem muito entre estados do Brasil, até mesmo, entre municípios. Portanto, um dos pontos essenciais, juntamente aos dados estatísticos da própria produção, é a análise do comportamento dos frangos dentro do aviário. Podemos utilizar as pesquisas como referência em nosso galpão, mas somente com experimentos in loco, levando em consideração a análise do comportamento das aves (sinais de frio, de conforto ou de calor) é que conseguiremos atingir os parâmetros ideais para a máxima eficiência produtiva.
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Ambiência e Bem – estar nas Etapas Pré – abate e Abate Uma das etapas mais estressantes no ciclo produtivo das aves é o pré-abate, pois é nesse momento que estão expostas a diversos tipos de fatores de estresse ao mesmo tempo, como privação de alimento, restrição à água, interação com pessoas estranhas, contenção em caixas de transporte, estresse térmico, entre outros. O desafio nesse momento é reduzir o efeito de todos esses fatores e permitir que o frango tenha o menor estresse possível, aliando o bem-estar à qualidade final do produto, já que é de conhecimento de todos que nessa etapa temos os maiores índices de contusões, hematomas e fraturas. O planejamento de todas as etapas é crucial para o sucesso do abate. Em termos lógicos, a adequação do tempo de jejum dos frangos deve ser conforme o horário pré-determinado do abate no frigorífico. O cálculo de tempo de todas as etapas retroativas ao jejum deve estabelecer o horário de retirada da ração no aviário, levando-se em conta que o jejum total deve ser de, no máximo, 12 horas. Essa é uma questão de legislação, produtividade e qualidade do produto. A apanha é o primeiro momento de interação das aves com pessoas estranhas, a vulnerabilidade dos frangos ao estresse é muito alta. Por isso, equipes de apanha capacitadas devem ser preconizadas, deve haver orientações sobre os métodos de apanha, procedi-
mentos sequenciais bem definidos e planejados para que seja realizada rapidamente, com eficiência e menor impacto ao bem-estar animal. Pesquisas relatam que a maioria das lesões encontradas nas carcaças é proveniente da apanha deficiente e do transporte. Além das lesões, outro fator que incide sobre o momento da apanha, do transporte e, inclusive, sobre a densidade das aves dentro das caixas contentoras é a mortalidade. A recomendação máxima de mortalidade na chegada ao abatedouro (DOA´s) é de 0,2% no inverno e 0,3% no verão, segundo Branco (2004). Já para Silva & Vieira (2010) é aceitável mortalidade de 0,1 a 0,5% após o transporte das aves. Citando um exemplo prático, em um estabelecimento que abate 100.000 aves/dia (segunda a sábado), ao considerarmos mortalidade na chegada de 0,5% são: 500 aves mortas/dia, 3.000 aves mortas/semana 12.000 aves mortas/mês. Nesse exemplo, utilizamos níveis aceitáveis de DOA´s, ainda assim, temos uma perda financeira muito elevada que deve ser levada em consideração na análise dos processos pré-abate. Os fatores que contribuem para o aumento na mortalidade de frangos no período pré-abate são: temperatura e umidade elevadas, baixa velocidade do ar, muito tempo de transporte, condições precárias das estradas, alta densidade, traumas, exaustão metabólica e desidratação. O tempo de espera no abatedouro também é um fator crítico, pois sabemos que ao caminhão parar a velocidade de ar também cessa, então é necessário que o estabelecimento disponha de uma área de espera eficiente que promova o menor estresse térmico possível nos frangos. Hunter et al. (1998) encontraram um aumento de 10°C no interior das caixas contentoras após 2 horas de espera em áreas do abate-
douro com pouca climatização. Concluíram assim, que a espera nos abatedouros é uma fonte potencial de estresse para os frangos e por consequência pode levar à morte. Por esse motivo é recomendado que o tempo de espera pré-abate seja de, no máximo, 2 horas.
Considerações Finais O assunto ambiência e bem-estar animal é amplo e está constantemente no foco de pesquisas e descobertas. O desenvolvimento de técnicas que promovam melhorias na cadeia produtiva de frangos é sempre bem-vinda à todos que fazem parte dessa imensa rede, sempre com um objetivo em comum: proporcionar qualidade de vida aos animais, evitar sofrimento desnecessário, aumentar a produtividade, seguir a legislação, agregar valor ao produto e obter lucratividade. É esse o foco do seminário Bem – estar de frangos: da produção ao abate, proporcionar aos profissionais da área uma visão ampla e atualizada sobre bem-estar aliada aos benefícios trazidos aos diversos setores da produção avícola.
Bibliografia ABREU, P.G.; ABREU, V.M.N. Conforto térmico para aves. Concórdia. EMBRAPA/CNPSA, 2004. 5p. (Comunicado Técnico, 365). BRANCO, J.A.D. Manejo pré-abate e perdas decorrentes do processamento de frango de corte. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 2004, Santos, SP. Anais Campinas: FACTA, 2004. v.2, p.129-142. BRASIL. Ministério da Agricultura. Decreto n. 30.691, de 29 de março de 1952, aprova o regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal. Diário Oficial [da] União, Brasilia, DF, 07 de jul. 1952. Seção 1, p. 10785. HUNTER, R.R.; MITCHELL, M.A; CARLISE, A.J; QUINN, A.D; KETTLEWELL, P.J; KNOWLES, T.G; WARRISS, P.D. Physiological responses of broilers to pre-slaughter lairage: Effects of the thermal micro-environment? 1998. British Poult. Sci., v.39, p. 53-54. LUDTKE, C.B.;CIOCCA, J.R.P.;DANDIN, T.; BARBALHO, P.C.; VILELA, J.A. Abate Humanitário de Aves. Rio de Janeiro: WSPA, 2010. 120 p. SILVA, I.J.O.; VIEIRA, F.M.C. Ambiência animal e as perdas produtivas no manejo pré-abate: o caso da avicultura de corte brasileira. 2010. Arch. Zootec., v.59, p.113-131. VIEIRA, F.M.C. 2008. Avaliação das perdas e dos fatores bioclimáticos atuantes na condição de espera pré-abate de frangos de corte. 2008. Dissertação (Doutorado em Física do Ambiente Agrícola). Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". Universidade de São Paulo. Piracicaba, 176 p. A Revista do AviSite
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Tecnologia e empreendedorismo
O novo ecossistema das startups Entre 2016 e 2018, a economia global de startups cresceu em velocidade recorde e criou 2,8 trilhões de dólares
Autor: Leonardo Vega Médico veterinário e empresário, fundador da F&S Consulting, fundador da brStart, criador do selo Produtor do Bem, professor de pós-graduação na PUCPR, membro da Comissão Nacional de Bem-Estar Animal do Conselho Federal de Medicina Veterinária, membro do Corpo Técnico da Facta, articulista da Revista do AviSite para tecnologia e empreendedorismo.
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N
a última década, muito da discussão sobre os ecossistemas de startups foi centrada na questão de quem será o próximo Vale do Silício. A verdade é que não irá nascer um novo Silicon Valley para obscurecer o antigo. Em vez disso, 30 novas cidades já despontam e assumem para si a responsabilidade de se tornarem lugares promissores para o desenvolvimento
de tecnologias com capacidade de disrupção. Com um potencial inédito de conglomerar volumes grandiosos de capital, fenômeno chamado de “riqueza sem precedentes”, é natural especular que novos ecossistemas de inicialização já estejam nascendo e se desenvolvendo em torno de algum setor tecnológico ou a partir de alguma vocação regional. Entre 2016 e 2018, a economia global de startups cresceu em velocidade recorde e criou 2,8 trilhões de dólares americanos. Isso representa um aumento de 20,6% em relação ao período anterior e mais do que o dobro do que era há apenas cinco anos. Esta criação de valor é semelhante à economia do G7 e maior do que o PIB anual do Reino Unido, o que faz destes ecossistemas excelentes locais para se começar a desenvolver ou a consumir inovação tecnológica. Mas, afinal, quem serão os 30 polos de inovação dos próximos anos? O pessoal da Startup Genome publicou recentemente um relatório chamado Global Startup Ecosystem Report 2019, que traz os melhores ranqueados atualmente. Evidentemente que estes locais não são os únicos no mundo, e, certamente, não se sentem seguros em sua posição no topo. Há um movimento
Curiosamente todos os sub-setores em crescimento e expansão tem alta aderência com a atual necessidade de transformação vivida pelo agronegócio brasileiro
Fonte: Global Startup Ecosystem Report 2019, Startup Genome.
considerável entre eles, e alguns ecossistemas fora do top 30 têm chances reais de fazer a lista no futuro. Estes emergentes são chamados de Challenger Ecosystems, grupo do qual São Paulo faz parte e figura com o mesmo potencial de Montreal, ambos por conta do seu papel de liderança regional. Enquanto toda a economia de startups está crescendo, algumas partes estão crescendo mais rapidamente que outras. Uma área que está em franco desenvolvimento é a Deep Tech – segmento tecnológico que agrupa subsetores como Agtechs e New Foods. Das startups que estão sendo criadas globalmente, quase metade (45%) está relacionada à Deep Tech, duas vezes a participação que tinham em 2010 a 2011. Entre os sub-setores da Deep Tech, os que mais crescem em ofertas de financiamento em estágio inicial são respectivamente: 1) Manufatura Avançada & Robótica, 2) Blockchain, 3) Agtech & New Food, 4) Inteligência Artificial, Big Data & Analytics. Curiosamente todos os sub-setores em crescimento e expansão tem alta aderência com a atual necessidade de transformação vivida pelo agronegócio brasileiro. E na economia tocada à tecnologia, será importante estar conectado direta ou indiretamente a estes polos de inovação. Pois, certamente, será lá que sua empresa encontrará a caixa de ferramentas do século XXI. Fonte: Global Startup Ecosystem Report 2019, Startup Genome. A Revista do AviSite
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Tecnologia
BRF incorpora cultura de Startups para modernizar operações Conceitos da indústria 4.0 já são aplicados em instalações da empresa no Brasil; Soluções inovadoras viabilizam a redução de custos e aumento da produtividade
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perfil ágil e moderno, comum às startups, vêm sendo incorporado gradativamente pela BRF. Pelo segundo ano consecutivo, a empresa de alimentos, uma das maiores do mundo, figura entre as selecionadas pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para participar do Programa Conexão Startup Indústria 4.0, que vai estimular centenas de startups do Brasil e exterior a desenvolver soluções inovadoras às indústrias participantes. “Buscamos soluções para reduzir custos, aumentar a produtividade e aprimorar a gestão de processos para avançarmos na eficiência operacio-
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nal, uma das prioridades da companhia. Desta forma, o concurso da ABDI está alinhado à nossa estratégia, que é norteada pelos compromissos com a segurança, qualidade e integridade, presentes em todas as etapas da nossa operação, seja na indústria ou no campo”, explica Ricardo Trinkel, diretor de engenharia. A transformação digital das linhas produção, que asseguram um controle mais refinado de todo o processo e o monitoramento por sistemas de visão na indústria, soluções digitais de treinamento e gameficação, são iniciativas que estão no ciclo de projetos de investimento da BRF e derivam dessa aproximação da em-
presa com as startups. Um dos exemplos é o contato permanente com food techs, para viabilizar o desenvolvimento de novos produtos. “Enquanto as startups e food techs auxiliam na frente da inovação, a BRF oferece um ambiente propício para que os ganhos com as soluções desenvolvidas sejam percebidos em larga escala”, afirma Ricardo Trinkel. “A BRF está inserida em uma cadeia produtiva longa e complexa, que tem início no campo com a produção das aves e suínos, passa pela indústria, chega ao supermercado e, por fim, à mesa do consumidor. Estas iniciativas tecnológicas alinhadas à estratégia de eficiência operacional são fundamentais para que possamos ter sucesso nesta jornada”, completa. A divulgação da primeira seleção de startups do Conexão Startup Indústria 4.0 promovida pela ABDI foi feita em 17 de agosto. Após essa data, será realizado o Co Discovery Lab, no dia 15 de novembro, dedicado à criação de grupos de trabalho formados pelas indústrias e startups. No dia 29 de novembro serão anunciadas as duas startups escolhidas pela BRF para o desafio final, que devem entregar a prova de conceito do desafio até 28 março de 2020. A última fase do projeto acontece em 26 de junho de 2020, quando as startups e empresas farão demonstrações em um evento da ABDI. No total, serão R$ 4,8 milhões em prêmios para as startups selecionadas. Para mais informações acesse: https:// startupindustria.com.br/startup4-0.
Empresas
Fórum Técnico da Ceva discute problemas no abate Segunda edição foi realizada nas cidades de Belo Horizonte (MG) e Toledo (PR), no mês de agosto; evento reuniu profissionais da cadeia produtiva, médicos veterinários, gestores e profissionais da área sanitária, abate e qualidade
C
om objetivo de fomentar as discussões para a indústria de produção de carne de frango no Brasil, a Ceva Saúde Animal, líder em vacinas aviárias, promoveu em agosto a segunda edição do Fórum Técnico de Abate, em duas cidades: Belo Horizonte (MG), no dia 8, e em e Toledo (PR), dia 14. A segunda edição do evento reuniu profissionais da cadeia produtiva de frangos de corte, médicos veterinários, gestores e profissionais da área sanitária, abate e qualidade, com público aproximadamente 170 participantes, nas duas cidades. O diretor-geral da Ceva, Giankleber Diniz ressaltou a importância de discutir assuntos atuais para o mercado. “Nossos produtos visam proporcionar mais saúde e rendimento dentro do abatedouro, com menor perda por problemas econômicos. Com o lançamento da Cevac IBras, podemos colaborar com o rendimento industrial das empresas, com retornos altíssimos para a solução desse problema, que é exclusivamente brasileiro, e que pode trazer bastante benefícios”, avaliou. Conforme Diniz, o evento é uma oportunidade de contribuir na discus-
são assuntos relevantes na área de produção, além de contato com os agentes da cadeia produtiva. “É um orgulho para nós podermos trazer informações novas, atualizadas e de boas práticas dentro do abatedouro, e ao mesmo tempo, demostrar a nossa tecnologia para ajudar grande parte da produção brasileira a ter altos retornos econômicos na produção, desde o campo até o abatedouro”, concluiu. A seleção dos temas foi organizada pela equipe técnica da Ceva, com assuntos sugeridos pelos próprios profissionais da área, e superou as expectativas de público. O programa compilou assuntos como mercado e tendências, plantas de abate, doenças infecciosas, programa de autocontrole em abatedouro, rentabilidade no abatedouro e bronquite infecciosa no Brasil. “Pensamos num fórum, para que o formato permitisse um debate mais aberto, com a contribuição do público para a construção das ideias”, explicou o gerente de Marketing da Ceva, Tharley Carvalho, que ressaltou a qualidade dos temas discutidos e dos profissionais convidados. “Os palestrantes possuem muita vivência prática em importantes empresas no Brasil
e exterior, aliada a uma carreira acadêmica riquíssima”, complementou. Mercado e tendências De olho no mercado nacional e de exportação, o professor, consultor da FSD Consultoria e pesquisador convidado do NUPEA Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz)/ USP Fabrício Delgado discutiu sobre Mercado de Carnes - tendências e exigências - e avaliou o cenário do Brasil a curto e médio prazo. “É um tema importante porque vivemos um momento novo no Brasil, de médio e curto prazo muito bom para o setor, relacionado com a crise sanitária na China e custos de produção adequados, impulsionados por uma boa safra de milho, e com perspectivas importantes a longo prazo, entre elas, a retirada dos antibióticos como promotor de crescimento, e também a possibilidade de termos mais plantas habilitadas para China e Europa. Com relação a retirada de promotores de crescimento a base de antibióticos, eu projeto que o Brasil já tenha 2 bilhões de aves abatidas/ano com esse cenário”, disse Delgado. Esse movimento, conforme ele, é puxado pelo varejo e food service, que projetam os desejos dos consumidores A Revista do AviSite
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Empresas e tendências: “As empresas estão no processo de remodelação e entendendo que esta é uma situação sem volta”, completou. Já em relação às exportações, o setor vive uma estabilidade de alojamento pelo quarto ano consecutivo, sem crescimento, refletindo nas exportações pelo fechamento de alguns mercados e diminuição da relação de exportação do Brasil entre os países exportadores. “Ela está num platô e nós estamos com uma tendência de diminuir nosso percentual de exportação perante os demais países do mundo, mas continuamos em primeiro lugar. Este ano, essa curva deve modificar e podemos voltar a crescer e ter uma representatividade maior nas exportações do mundo, no que se refere a frango, principalmente pela China”, projetou. Para o mercado interno, a análise do professor em relação ao primeiro semestre é positiva, em função dos preços altos da carne bovina e regularização da oferta e demanda. A indústria, conforme ele, passa pela necessidade de se adequar a esse novo patamar. A perspectiva de uma boa safra de milho também é positiva ao setor. "Neste ano, a perspectiva é de uma safra muito boa, com qualidade de grãos e volume, e isso dá impulso grande para as mudanças que são necessárias dentro do setor, porque você tem uma ave imunologicamente melhor, em função de uma melhor nutrição, que está afetando o comportamento animal”, relatou. Ainda no mercado interno, o consultor destacou a representatividade da avicultura com aumento do número de frigoríficos habilitados para a China, tanto para aves quanto para suínos. "Também vejo como importante o Brasil trabalhar dentro de um rearranjo de mais plantas habilitadas para o mercado europeu, que é um mercado importante e significativo, e é isso que vai manter o crescimento para o setor, até porque, estamos com um nível de elevado de consumo per capita no mercado interno, e isso não deve se transformar ou aumentar de forma significativa para o crescimento de um mercado de aves no Brasil", constatou. Delgado explicou que os temas abordados durante o evento são prioritários para uma mudança comportamental nas organizações. "Do campo à mesa, estamos entrando em um nível de excelência alavancados pelas crises que tivemos, como a salmonella e uso indiscriminado de antibióticos", afirmou. Doenças Infecciosas e Salmonella O segundo bloco de palestras reuniu dois assuntos importantes na cadeia e destacou a importância da correlação dos setores: doenças infecciosas e controle de salmonella.
64 A Revista do AviSite
Do campo até o abate, a professora e consultora técnica Nelva Grando discutiu os pontos críticos de contaminação por salmonella e cuidados durante o processo de abate. Conforme Nelva, a contaminação é mais vulnerável no campo, onde as aves estão expostas, desde as matrizes, ração, água e pessoas, mas o sucesso no controle do patógeno depende de uma ação integrada. “Sempre se responsabiliza o campo pelos resultados de salmonella, porém, todos os elos da cadeia produtiva têm uma parcela de contribuição para que bons resultados sejam conquistados. O sucesso da prevenção e controle se dá quando todos assumem os pontos críticos de controle e realizam as ações necessárias para reduzir a presença da bactéria”, avaliou. Cuidados como biosseguridade, jejum correto, transporte adequado, equipamentos regulados, preparo e higienização correta do abatedouro são pontos fundamentais destacados pela professora. Apesar de a legislação ser atendida, com índices dentro dos limites legais, o desafio, aponta ela, é reduzir esse parâmetro. “O percentual para o campo deve ser o mais baixo possível, para que permita o manejo correto, como canalização e outros processos para o abate. É necessário um entendimento de que não é só no campo, mas de toda a cadeia”, complementou. Para isso são necessárias ações como identificar o sorotipo de salmonela, a origem, além de medidas corretivas no abate. Nesse contexto, o gerente de serviços da Ceva, Jorge Chacón abordou o impacto das doenças infecciosas sobre o nível das condenações no abatedouro originárias na granja (chamadas de condenações sanitárias): sanitárias, manejo, nutricional e genéticos. “As doenças infecciosas são responsáveis por causarem perda de desempenho, mortalidade e lesões macroscópicas que originaram condenações parciais e totais das carcaças. Mostramos como estas perdas podem ser prevenidas através um correto programa vacinal, não apenas na granja de frango de corte, mas desde as granjas de matrizes, para prevenir doenças como reovirose e anemia infecciosa, responsáveis por causarem problemas articulares e de pele”, ressaltou. Apresentando dados comparativos com mais de 100 milhões de aves imunizadas com vacina Massachusetts ou BR, Chacón comprovou que o controle integral e eficaz da bronquite infecciosa no Brasil precisa da inclusão da cepa BR (Cevac IBras) nos lotes de frango de corte. “As diferenças econômicas dos dois programas vacinais são bem expressivos, o que levam as empresas a terem economias e ganhos adicionais milionários, confirmando que a bronquite infecciosa é a doença de maior impacto econômico da indústria brasileira”, concluiu. A Revista do AviSite
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Estatísticas e Preços
Produção e mercado em resumo Produção de pintos de corte Janeiro a Junho 3.160,019 Milhões | 6,21%
Produção de Carne de Frango Janeiro a Junho 7.085,900 mil toneladas | 2,54%
Exportação de carne de frango Janeiro a Julho 2.401,985 mil toneladas | 6,27%
Disponibilidade Interna Janeiro a Junho 5.062,300 mil toneladas | -0,84%
Farelo de Soja Janeiro a Agosto R$1.203,00 | -7,89%
Milho Janeiro a Agosto R$40,59 | -2,22%
Desempenho do frango vivo Janeiro a Agosto R$3,27 | +23,92%
Desempenho do ovo Janeiro a Agosto R$68,07 | +1,14%
66 A Revista do AviSite
Passados dois terços do ano, o preço médio acumulado da caixa de ovos alcança índice positivo
N
o cenário internacional, através de suas diversas entidades de classe, a avicultura norte-americana comemorou, no final de agosto, a assinatura do tratado de livre comércio entre os EUA e o Japão, entendendo que o acordo deve beneficiar todo o setor avícola – ovos carne de frango e de peru - pela redução de tarifas que permitirão concorrer de forma mais eficiente com outros países competidores. O USDA em seu relatório semestral sobre as tendências brasileiras de produção, exportação e disponibilidade interna de carne de frango, está prevendo que, após o retrocesso verificado em 2018, a produção de carne de frango terá crescimento por dois anos consecutivos. Assim, a previsão para este ano é de 13,635 milhões de toneladas, subindo para 13,975 milhões em 2020.
N
o cenário nacional, a avicultura de postura comercial a partir da segunda quinzena de agosto sinalizou a mudança de índice negativo para positivo no preço médio acumulado no ano. E a tendência é desse índice continuar aumentando até o fechamento do ano. Não que o motivo seja um fortalecimento do preço médio atual da caixa de ovos e sim, porque os quatro últimos meses do ano passado foram bem difíceis para setor, com vendas abaixo dos custos de produção. Como neste ano o plantel produtivo se encontra mais ajustado à demanda existente, o produtor deve ser melhor remunerado. Na avicultura de corte, o valor médio do frango abatido resfriado comercializado no Grande Atacado da cidade de São Paulo, ficou 6,2% abaixo do mês de julho. Surpreende o fato da redução mensal ocorrida porque se contava que após as férias escolares o mercado voltaria ao dinamismo de meses anteriores, o que acabou não acontecendo. Apesar do fraco desempenho mensal, o valor médio registrado nos oito primeiros meses de 2019, da ordem de R$4,16/kg, permanece cerca de 30% acima dos R$3,19/kg, média registrada entre janeiro e agosto de 2018.
Produção de pintos de corte
Volume produzido no 1º semestre de 2019 aumenta 6%
O
EVOLUÇÃO MENSAL MILHÕES DE CABEÇAS
MÊS
2017/2018
2018/2019
VAR. %
Julho
515,254
503,995
-2,19%
Agosto
531,982
528,934
-0,57%
Setembro
497,107
488,926
-1,65%
Outubro
521,308
533,029
2,25%
Novembro
506,821
495,274
-2,28%
Dezembro
534,215
546,727
2,34%
Janeiro
556,669
555,571
-0,20%
Fevereiro
484,996
506,784
4,49%
Março
514,578
515,808
0,24%
Abril
469,768
529,294
12,67%
Maio
462,848
541,082
16,90%
Junho
486,324
511,480
5,17%
Em 06 meses
2.975,184
3.160,019
6,21%
Em 12 meses
6.081,871
6.256,904
2,88%
Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE
PRODUÇÃO NO PRIMEIRO SEMESTRE
3,160
2019
2,975
2018
2017
3,105
3,295
2016
2015
3,031
2014
3,054
3,006
2012
2013
3,063
2011
2,932
2010
2,650
3,174
2009 a 2019 Bilhões de cabeças
2009
levantamento mensal da APINCO apontou que em junho passado, fechando o primeiro semestre do ano, foram produzidos no Brasil pouco mais de 511 milhões de pintos de corte, resultado que representou aumento de 5% sobre o mesmo mês do ano anterior, ocasião em que, ainda afetado pela greve dos caminhoneiros, o setor produziu menos de 500 milhões de pintos de corte. Comparativamente ao que foi produzido no mês anterior (541,082 milhões de cabeças em maio de 2019), o volume de junho recuou perto de 5,5%. Considerado, porém, que junho tem um dia a menos, o recuo efetivo cai para 2,32%. Agora, em seis meses, o total produzido chega aos 3,160 bilhões de pintos de corte, 6% a mais que o registrado em 2018. Notar, porém, que esse índice de aumento está sendo influenciado pelo baixo volume registrado no segundo trimestre do ano passado, período em que a produção foi afetada não apenas pela greve dos caminhoneiros, mas também pelo fraco desempenho do mercado enfrentado naquele período (com influência, inclusive, da segunda fase da Operação Carne Fraca). Apesar, no entanto, do aumento detectado, o total produzido no primeiro semestre de 2019 permanece aquém dos registrados em idêntico período de 2015 e 2016 (gráfico abaixo). Em função do último resultado mensal, o volume acumulado nos 12 meses encerrados em junho de 2019 supera ligeiramente os 6,250 bilhões de cabeças, representando aumento de 2,88% em relação ao mesmo período anterior. É, ainda, um resultado inferior ao observado nos 30 meses (dois anos e meio) transcorridos entre fevereiro de 2015 e julho de 2017, período em que , anualizada, a produção de pintos de corte chegou a superar (maio de 2016), a casa dos 6,627 bilhões de cabeças, 6% a mais que o atualmente produzido.
A Revista do AviSite
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Estatísticas e Preços Produção de carne de frango
Potencial de produção 2,5% maior no 1º semestre de 2019
C
EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS
MÊS Janeiro
2018
2019
VAR. %
1.195,3
1.199,9
0,38%
Fevereiro
1.109,6
1.108,6
-0,09%
Março
1.222,5
1.252,7
2,47%
Abril
1.159,0
1.152,9
-0,53%
Maio
1.144,2
1.196,3
4,55%
Junho
1.080,1
1.175,5
8,83%
7.085,9
2,54%
Julho
1.121,1
Agosto
1.130,5
Setembro
1.141,0
Outubro
1.163,8
Novembro
1.153,8
Dezembro
1.159,0
Em 06 meses
6.910,7
Em 12 meses 13.779,9 Fontes dos dados básicos: APINCO e IBGE Elaboração e análises: AVISITE * Estimativa baseada no peso médio do IBGE para o 1º trimestre
CABEÇAS ABATIDAS
Corresponde ao número de pintos de um dia alojados internamente e que completaram 42 dias de idade no decorrer do mês; aplicada ao alojamento inicial viabilidade de 96%. Milhões de unidades - Janeiro de 2018 a Junho de 2019
2018
535,6
484,8
482,2
SET
493,1
482,7
AGO
437,2
467,2
476,3
474,6
493,9
485,2
508,7
478,0
503,6
498,3
512,6
523,5
512,1
2019
JAN
FEV
MAR
68 A Revista do AviSite
ABR
MAI
JUN
JUL
OUT
NOV
DEZ
onsiderado, de um lado, o peso médio registrado pelo frango no primeiro trimestre de 2019 em abatedouros sob inspeção federal, estadual ou municipal e, de outro lado, o volume de pintos de corte alojados internamente entre janeiro e maio deste ano, conclui-se que nos seis primeiros meses deste ano a indústria do frango operou com uma capacidade de produção 2,5% maior que a do mesmo semestre de 2018. Nesta projeção levou-se em conta, no tocante ao rendimento dos pintos alojados, viabilidade de 96%, abate aos 42 dias de idade e, no segundo trimestre, peso médio correspondente à média do trimestre inicial do ano. É bem provável, no entanto, que o peso médio adotado tenha sido superado e o volume de carne de frango alcançado no período tenha sido ainda maior, situação sugerida pelas condições de mercado nos últimos dois meses. Em outras palavras, se a produção aumentou não mais que 2,5%, o simples fato de as exportações terem aumentado 12% no período teria levado a uma oferta interna com evolução negativa e, por decorrência, à maior estabilidade do mercado interno. Como isso não ocorreu (no bimestre junho-julho os preços do frango abatido ficaram aquém dos registrados no bimestre anterior), prevalecem duas hipóteses: ou a produção efetiva ultrapassou o potencial ora projetado ou o poder aquisitivo do consumidor está mais deteriorado do que o imaginado. Tomando por base os números estimados, o volume médio do primeiro semestre alcançou quase 1,181 milhão de toneladas que, projetado para a totalidade do ano, indica cerca de 14,170 milhões de toneladas. Se realmente alcançado, representará aumento de 2,8% sobre o volume do ano passado. Entretanto, informações de mercado indicam que está havendo considerável crescimento no alojamento de pintos, muito superior ao do ano passado. Isso permitirá ao setor um índice de aumento no potencial de produção muito acima do ora estimado.
Exportação de carne de frango
De junho para julho, embarques totais de carne de frango aumentaram apenas meio por cento
E
EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS
MÊS
2017/2018
2018/2019
VAR. %
Agosto
407,568
387,768
-4,86%
Setembro
380,030
355,590
-6,43%
Outubro
358,809
356,439
-0,66%
Novembro
318,132
314,244
-1,22%
Dezembro
313,664
343,483
9,51%
Janeiro
323,694
274,515
-15,19%
Fevereiro
306,545
309,646
1,01%
Março
367,834
334,843
-8,97%
Abril
247,223
354,827
43,52%
Maio
328,351
373,146
13,64%
Junho
231,731
376,585
62,51%
Julho
454,791
378,423
-16,79%
2.260,169
2.401,985
6,27%
4.038,373
4.159,508
3,00%
Em 07 meses
Em 12 meses
Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC
EXPORTAÇÃO EM PERÍODO DE 12 MESES
2018
Nov
Dez
Fev
4,160
4,091
3,939
4,046 Jan
3,972
3,969
Out
4,018
Set
3,988
3,992
Ago
3,994
Jul
4,019
4,236
Julho de 2018 a Julho de 2019 Milhões de toneladas
4,038
nquanto os resultados iniciais da SECEX/ME (relativos, exclusivamente, ao produto in natura) mostram queda de 0,14% nos embarques de carne de frango de julho, o total consolidado (englobando também os industrializados de frango e a carne de frango salgada) aponta aumento próximo de meio por cento em relação ao mês anterior. Assim, embora tenham correspondido ao maior volume dos últimos onze meses, as pouco mais de 378 mil toneladas embarcadas em julho superaram em apenas 1,8 mil toneladas o que foi exportado em junho, resultado que, de certa forma, surpreende, pois julho teve quatro dias úteis a mais que o mês anterior. Por outro lado, a comparação com o mesmo mês do ano anterior assusta, pois registra redução significativa, de praticamente 17% no volume embarcado. Mas é, no mínimo, suspeito esse recuo ocorrer após o aumento, excepcionalíssimo, de 62% registrado em junho passado. Ou seja: por refletir mudanças na sistemática de computação dos dados de exportação por parte da SECEX/ME, o resultado de julho de 2018 está, sem dúvida, superdimensionado. Assim, se redução houve, terá sido bem menor que a apontada pelos dados oficiais. Mas o melhor, neste caso, é avaliar os resultados do bimestre junho-julho deste e do exercício passado. E o que se constata é que o volume exportado neste ano aumentou perto de 10%. Sob esse aspecto, aliás, o resultado acumulado no ano, embora mais modesto, é também animador. Pois o volume exportado entre janeiro e julho de 2019 aumentou mais de 6% em relação ao mesmo período anterior. Por ora, os valores acumulados em 12 meses registram expansão de apenas 3% no volume. Mas esse índice ainda reflete o fraco resultado de boa parte do segundo semestre de 2018. À medida que o ano avança, tal resultado deve subir de forma significativa.
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
2019 A Revista do AviSite
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Estatísticas e Preços Disponibilidade Interna de Carne de Frango
Oferta aparente foi quase 1% menor no 1º semestre
D
Evolução Mensal MIL TONELADAS
MÊS
2018
2019
VAR. %
Janeiro
871,6
925,4
6,17%
Fevereiro
803,1
799,0
-0,51%
Março
854,7
917,9
7,39%
Abril
911,8
798,1
-12,47%
Maio
815,8
823,2
0,90%
Junho
848,4
798,9
-5,83%
Julho
666,3
Agosto
742,7
Setembro
785,4
Outubro
807,4
Novembro
839,6
Dezembro
815,5
Em 06 meses
5.105,3
5.062,3
-0,84%
Em 12 meses
9.762,2
-
-
Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE
DISPONIBILIDADE PER CAPITA APARENTE
46,2 M
46,3
46,3
51,6
49,7
52,0 45,9
48,9 45,5
A
37,6
41,9
45,8
46,1
48,4
49,5
50,4
49,4
53,3
Oferta média diária anualizada – kg. Janeiro de 2018 a junho de 2019
J
F
M
A
M
J
J
2018
70
A Revista do AviSite
A
S
O
N
D
J
F
M
2019
J
eduzidos do potencial de produção estimado pelo AviSite os embarques apontados pela SECEX/ME, tem-se a disponibilidade interna de carne de frango aparente apontada na tabela abaixo. Em síntese, o que se projetou em relação ao potencial de produção foi um aumento de 2,5%, enquanto as exportações do período – representando 28,6% do potencial estimado – aumentaram 12%. O efeito disso foi uma disponibilidade interna aparente quase 1% menor que a do mesmo semestre de 2018. Notar, aqui, que a oferta apontada ao longo do semestre refere-se ao volume total disponibilizado mensalmente. Ou seja: corresponde ao volume nominal total, sem considerar o número de dias do mês. E isto levado em conta constata-se, por exemplo (e já enfocando a questão sob o ângulo da disponibilidade per capita), que a oferta média do segundo trimestre recuou quase 10% em comparação ao primeiro trimestre de 2019. Não por coincidência, com certeza, no segundo trimestre o frango abatido alcançou os melhores preços deste ano. Ainda sob o aspecto da oferta real, o disponível no semestre, anualizado, correspondeu a 48,674 kg per capita/ano, volume quase 2% menor que o do mesmo semestre de 2018 (49,532 kg). A ressaltar que todos esses indicadores correspondem ao potencial estimado a partir do alojamento de pintos de corte. Assim, não correspondem, necessariamente, à produção e a oferta interna efetivas. No entanto, levando em conta a produtividade relatada ultimamente por algumas cooperativas paranaenses (frangos com peso vivo superior a 3,2 kg), nada impede que, senão totalmente, os valores apontados tenham sido ultrapassados. Considerando, porém, os números apresentados, o volume semestral projetado para a totalidade do ano aponta cerca de 10,125 milhões de toneladas. Se alcançado, representará 3,7% de aumento sobre o total disponibilizado em 2018.
Mercado
Desempenho do frango vivo em agosto e nos oito primeiros meses de 2019
Cotação permanece estável no mês, mas aumenta quase 24% em oito meses
O
frango vivo comercializado no interior paulista percorreu todo o mês de agosto com a mesma cotação alcançada em 18 de junho passado. Dessa forma, completou no sábado (31) 75 dias cotado a R$3,30/kg, valor que representa incremento de 10% sobre os R$3,00/kg de um ano atrás. A estabilidade de preço não significou estabilidade de mercado. Esperava-se, para o mês, maior dinamismo na procura, já que agosto marca o reinício do ano letivo e o fim das férias de parte da população. Isto, além de contar com uma data comemorativa, o Dia dos pais.
Porém, o mercado manteve o mesmo comportamento anterior, ou seja, remunerou pela cotação referencial o frango vivo pré-negociado, mas continuou sujeitando a descontos – variáveis, conforme as necessidades das partes – as ofertas spot, vindas especialmente de integrações como estratégia para manter os preços do frango abatido. Neste último caso também não funcionou dentro do esperado, pois, no final do mês, o frango abatido acabou retrocedendo aos menores valores do ano e, na média mensal, alcançou valor nominal superior apenas ao registrado em janeiro.
FRANGO VIVO
Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/KG
Voltando, especificamente, ao frango vivo, registra, em oito meses, valor médio de R$3,27/ kg, resultado que supe ra em cerca de 24% os R$2,64 / kg alcançados entre janeiro e agosto do ano passado. Sem levar em conta, ainda, a inflação que vem se acumulando em 2019, os R$3,27/ kg atuais correspondem ao segundo melhor resultado real obtido pelo frango vivo nos últimos 10 anos. Ou seja: estão, aquém, somente, da remuneração obtida em 2013, ano em que – de flacionada pelo IPCA do IBGE – a média registrada foi quase 3,5% maior.
MÉDIA ANUAL NOMINAL E REAL EM UMA DÉCADA – R$/KG
Média mensal e variação anual e mensal em treze meses MÊS.
MÉDIA R$/KG
VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL
AGO/18
3,00
20,00%
0,00%
SET
3,19
27,65%
6,46%
OUT
3,19
21,12%
-0,11%
NOV
3,02
11,73%
-5,45%
DEZ
2,94
8,89%
-2,54%
JAN/19
2,79
8,67%
-5,03%
FEV
2,94
18,63%
5,27%
MAR
3,23
37,11%
9,78%
ABR
3,55
61,36%
9,91%
MAI
3,60
51,64%
1,41%
JUN
3,44
11,94%
-4,69%
JUL
3,30
10,00%
-3,94%
AGO
3,30
10,00%
0,00%
Fonte dos dados básicos: JOX - Elaboração e análises: AVISITE Obs.: Valor real deflacionado pelo IPCA do IBGE do mês de julho de 2019
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Estatísticas e Preços Mercado
Desempenho do ovo em agosto e nos oito primeiros meses de 2019
Mercado alcança segunda melhor cotação do ano
A
o contrário do esperado, o fim das férias e o reinício do ano letivo tiveram efeito mínimo sobre o mercado de ovos. Não que o desempenho tenha sido inferior ao de julho mas, sem dúvida, ficou aquém do esperado pelo setor, que contava com maior dinamismo nas vendas do mês. De toda forma houve recuperação em relação aos três meses anteriores, alcançando-se valor que representou aumento de 20% sobre agosto de 2018 e que colocou o preço médio de agosto como o segundo melhor do ano, aquém apenas do que foi registrado em abril. Ainda assim,
o ganho obtido não teve maior significado, porquanto um ano atrás o preço de agosto recuou quase 25% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Quer dizer: encerrou-se o oitavo mês de 2019 com um valor inferior ao alcançado dois anos antes, em agosto de 2017. Isto – é bom ressaltar – em valores nominais, quer dizer, sem considerar a inflação que se acumula mês a mês. E se ela for levada em conta, a constatação é a de que a remuneração média obtida pelo setor de postura entre janeiro e agosto de 2019 permanece como a quarta menor em um espaço de 10 anos (gráfico
OVO BRANCO EXTRA
Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS Média mensal e variações anual e mensal em treze meses MÊS.
MÉDIA R$/CXA
VARIAÇÃO % NO ANO
NO MÊS
AGO/18
60,70
-24,44%
-3,82%
SET
58,21
-21,85%
-4,11%
OUT
50,12
-27,41%
-13,90%
NOV
56,71
-14,08%
13,16%
DEZ
55,00
-14,54%
-3,01%
JAN/19
47,65
-11,63%
-13,36%
FEV
72,12
1,08%
51,33%
MAR
71,64
-9,40%
-0,66%
ABR
76,96
13,59%
7,43%
MAI
65,31
3,93%
-15,14%
JUN
71,25
-11,19%
9,10%
JUL
67,50
6,95%
-5,26%
AGO
72,89
20,07%
7,98%
Fonte dos dados básicos: JOX - Elaboração e análises: AVISITE Obs.: Valor real deflacionado pelo IPCA do IBGE do mês de julho de 2019
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abaixo, à direita). Nesses 10 anos, por sinal, os melhores momentos experimentados pela avicultura de postura foram registrados em 2016 e 2017 - exercícios que, com certeza terão deixado saudades no setor. Pois bem: as perdas em relação a esses dois anos não estão circunscritas aos valores corrigidos, se estendem aos valores nominais. Assim, por exemplo, o preço médio alcançado pelo caixa de ovos em agosto de 2019 se encontra 9,27% e 13,23% aquém dos registrados em, respectivamente, agosto de 2017 e agosto de 2016.
MÉDIA ANUAL NOMINAL E REAL EM UMA DÉCADA – R$/KG
Milho e Soja Milho registra queda mensal e anual
Farelo de soja tem nova queda nos preços
O preço do milho registrou queda de preço em agosto. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$38,43, valor 2,4% abaixo da média alcançada pelo produto em julho último, quando ficou em R$39,37. Na comparação anual o índice foi ainda mais negativo, perto dos 13%. Isso porque em agosto do ano passado o preço praticado foi de R$44,11 a saca.
Como no milho, em agosto a cotação do farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou queda mensal e anual. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.210/t, valor 1,1% superior ao praticado no mês de julho quando atingiu R$1.224/t. Em comparação com agosto de 2018 – quando o preço médio era de R$1,393/t – a cotação atual registra queda de 13,1%.
Valores de troca – Milho/Frango vivo No frango vivo (interior de SP) o preço médio de agosto, ficou em R$3,30 kg, se mantendo no mesmo valor do mês anterior. Assim, com a desvalorização do milho e a manutenção no preço do frango vivo, houve melhora no poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 194,1 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa quase 2,5% de aumento no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em julho, a tonelada do milho “custou” 198,8 kg de frango vivo. Já em relação a agosto do ano passado, houve melhora de 26,3% no poder de compra, pois, lá, foram necessários 245,1 kg de frango vivo para adquirir a tonelada da matéria-prima.
Valores de troca – Farelo/Frango vivo A desvalorização alcançada na cotação do farelo de soja em agosto e a manutenção no preço do frango vivo fez com que fossem necessários 366,7 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando melhora de 1,2% no poder de compra do avicultor em relação a julho, quando 370,9 kg de frango vivo foram necessários para obter uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses o índice permanece altamente positivo, cerca de 26,6%, pois, lá, foram necessários 464,3 kg para adquirir o cereal.
Valores de troca – Farelo/Ovo O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve boa valorização em agosto e fechou à média de R$66,89, valor 8,7% superior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$61,56. Com valorização mensal no preço do ovo e desvalorização no milho, houve melhora considerável no poder de compra do avicultor. Em agosto foram necessárias 9,6 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em julho, foram necessárias 10,7 caixas/t, uma melhora de 11,3% na capacidade de compra do produtor. Em doze meses houve excelente melhora de 40,4%.
Preçomédio médioMilho Milho Preço
53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00
agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto
R$/sacadede60kg, 60kg,interior interiordedeSPSP R$/saca
2018 2018
2019 2019
MédiaAgosto Agosto Mínimo Média Máximo Mínimo Máximo 36,00 41,00 R$ R$ R$ 36,00 R$ 41,00
38,43 38,43
Fonte das informações: www.jox.com.br
De acordo com os preços médios dos produtos, em agosto foram necessárias, aproximadamente, 18,1 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou ganho mensal de 9,9%, já que, em julho, foram necessárias 19,9 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em relação a agosto de 2018 a melhora no poder de compra atingiu esplendorosos 40,8%, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 25,5 caixas de ovos.
Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiordedeSPSP R$/tonelada
1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750
agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto
Valores de troca – Milho/Ovo
2018 2018
2019 2019
MédiaAgosto Agosto Média Mínimo Máximo Mínimo Máximo 1.190,00 R$ 1.230,00 R$ R$ R$ 1.190,00 R$ R$ 1.230,00
1.210,00 1.210,00
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Ponto Final
O grande desafio do frango brasileiro Leandro Diniz Diretor da área de Suínos e Aves da Elanco Saúde Animal
A
Salmonella é uma bactéria comumente encontrada no trato gastro entérico das aves, que podem ter origens diversas, como a ração, os incubatórios, os frigoríficos, entre outros. Quando em grande concentração, a Salmonella causa contaminação nos seres humanos e, em casos extremos, pode até ser fatal, especialmente quando atingem bebês ou idosos. A União Europeia lançou há mais de uma década um importante programa para reduzir os índices de Salmonella nas aves domésticas criadas na região. Os resultados não demoraram a aparecer. No Reino Unido, por exemplo, que
Os elevados índices de contaminação da carne de frango brasileira dão margem a críticas dos nossos principais concorrentes no mercado internacional e permitem a criação de barreiras comerciais 74
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detém elevados padrões de produção e conta com um monitoramento rigoroso, as taxas de positividade para a Salmonella variaram de 1,5% a 2,2% entre 2013 e 2017, de acordo com dados da European Food Safety Authority (EFSA). A indústria avícola brasileira construiu ao longo das últimas décadas uma história de sucesso, tanto no mercado interno quanto no exterior. O setor hoje emprega mais de 3,6 milhões de pessoas direta ou indiretamente e exporta mais de 4,3 milhões de toneladas de frango todos os anos, para os quatro cantos do planeta. O desafio da Salmonella, no entanto, segue sendo o “calcanhar de Aquiles” da nossa produção. Os elevados índices de contaminação da carne de frango brasileira dão margem a críticas dos nossos principais concorrentes no mercado internacional e permitem a criação de barreiras comerciais - em muitos casos disfarçadas de barreiras sanitárias -, o que arranha a imagem do produto nacional e prejudica o desenvolvimento do setor no país. Apesar do amplo debate em torno do tema, ainda há muito a ser feito por aqui. A diferenciação do frango brasileiro depende de ações conjuntas de toda a cadeia, do produtor ao varejo. A indústria de saúde animal também tem um papel fundamental neste processo e vem fazendo a sua parte através do lançamento de soluções inovadoras para o controle da Salmonella nos animais de produção. São produtos seguros e aprovados nos principais mercados, que se utilizados corretamente podem ajudar a elevar o padrão da nossa carne e melhorar significativamente a reputação do produto brasileiro no exterior. A boa notícia é que essa transformação só depende de nós.
Desenvolver a avicultura com a mesma responsabilidade que cuidamos do mundo. Chr. Hansen é a empresa mais sustentável do mundo. Há mais de 145 anos desenvolvendo soluções naturais, a Chr. Hansen foi premiada em 2019 como a empresa mais sustentável entre 7.500 companhias, com faturamento superior a 1 bilhão de dólares, segundo a Corporate Knights.
Linha GalliPro®, as melhores soluções para cada situação.
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Probióticos registrados na Comunidade Europeia. A Revista do AviSite
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Ponto Final TECNOLOGIA INOVADORA NA NUTRIÇÃO DE AVES
TRICINOPH S FÓSFORO 100% METABÓLICO
Não é Fitase dobrada nem superdosing de Fitase.
Usado em matrizes, poedeiras, frango de corte e codornas.
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