A Revista do AviSite
1
Editorial
2
A Revista do AviSite
Sumário
20 Especial Opiniões:
Como a avicultura encerra o ano de 2019 e as projeções para 2020
Como a avicultura fecha o ano e quais são perspectivas para 2020? Quais foram as maiores dificuldades para o setor neste ano? Principal ponto que foi superado pela avicultura em 2019 e qual demandará mais atenção em 2020? Houve avanços?
52 Produtos halal:
importância, mercado e aumento da população muçulmana no mundo
O mercado halal e a população muçulmana no mundo. Atualmente, segundo levantamento realizado pelo Instituto Americano Pew Research Center, há cerca de 1,8 bilhão de muçulmanos no mundo.
e Encadeamento Produtivo catarinense inspira 05 Eventos produtores mineiros
06
As quatro mais + Há 10 anos
08 Notícias Curtas tendências no consumo de carne asiático 16 Novas mantém setor avícola brasileiro otimista para 2020 38 Fisiopatogenia da inflamação intestinal os glicosaminoglicanos contribuirem com a 42 Podem redução dos problemas locomotores em frangos de corte? dos biofilmes formados por 46 Importância microrganismos patogênicos
51 Proteção da sanidade 56 Protegendo a qualidade da carne de frango 58 Avicultura 4.0 – Um novo horizonte no processo avícola
Nutrição 32 Especial Três importantes empresas do segmento, AB Vista, Adisseo e Kemin, abordam tecnicamente os avanços do mercado para a nutrição avícola e quais são os fatores que tem favorecido seu crescimento na área técnica.
Final 74 Ponto “A contribuição das startups na construção de novas tecnologias no agronegócio” Sérgio Pinto, Diretor de inovação da BRF
Estatísticas e preços 66 67 68 69 70 71 72 73
Produção e mercado em resumo Pintos de corte Produção de carne de frango Exportação de carne de frango Oferta Interna Desempenho do frango vivo Desempenho do ovo Matérias-primas
A Revista do AviSite
3
Editorial
Mercado de proteína busca ajustes neste final de ano Analistas do AviSite apontaram que, embora no final de mês de novembro as cotações do boi em pé e do suíno vivo estivessem acima, respectivamente, dos R$230/arroba e dos R$110/arroba, seus preços médios no mês se encontravam, ainda, aquém desses valores, porquanto a valorização de ambos esteve concentrada na segunda quinzena. Daí, por exemplo, o preço médio do suíno apresentar incremento inferior a 7% sobre o mês anterior. Por outro lado intriga, à primeira vista, constatar que o boi em pé, hoje comercializado por valores quase 40% superiores aos de novembro do ano passado, apresente nos primeiros onze meses de 2019 (resultados preliminares), valorização de apenas 10% em relação a idêntico período de 2018. Mas isso se deve ao fato de sua valorização no corrente exercício ter se concentrado em novembro corrente. De toda forma, a situação de boi e suíno esteve infinitamente melhor que a do frango vivo comercializado no interior paulista. Pois, empurrado contra a corrente, o produto chegou ao final do mês com uma cotação referencial mais de 2% inferior à de outubro. “Cotação referencial”, sempre é bom lembrar, porque boa parte dos negócios efetivados no setor tem se sujeitado a descontos que, conforme as conveniências das duas partes e a conformação do produto ofertado, podem superar os 20%. Mesmo assim o frango vivo ainda registra, no acumulado dos 11 primeiros meses de 2019, uma evolução de preços (+18,09%) superior à do boi em pé (+10,87%). Mas permanece visivelmente aquém do ganho obtido pelo suíno (+32,61%). No tocante à principal matéria-prima da avicultura, o milho, o que se observa é que seus preços continuam aumentando mês a mês, enquanto o frango caminha na direção contrária. Em decorrência, enquanto a cotação atual do frango vivo se encontra menos de 7% acima da registrada há um ano (isto, sem considerar os descontos que o produto sofre), o preço do milho registra evolução próxima de 20%, índice que tende a se ampliar nos próximos meses. Consumidor: vale registrar ainda que, no final de novembro, a carne bovina está até 50% mais cara e a maior procura por outros tipos de proteína animal já está pressionando os preços de outros alimentos, como cortes suínos e de frango. Segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), estas carnes já registram alta de 10% a 20% nas prateleiras, uma oscilação esperada dentro da lei de oferta e procura. “A demanda cresceu porque, inevitavelmente, o consumidor já está substituindo a carne bovina por produtos mais baratos. Os supermercados seguraram as altas até a renovação dos estoques, mas eles não são muito grandes, porque os produtos são perecíveis”, pontua o vice-presidente da Apas, Erlon Godoy Ortega. Ele comenta, por exemplo, que o quilo de filé de frango pode ser encontrado a R$ 12,00 nos supermercados, enquanto o contrafilé bovino, que custava cerca de R$ 29,00 há um mês, está sendo vendido atualmente a uma média de R$ 45,00. “Os cortes para bife, mais procurados, foram o que tiveram maior aumento. É o caso do coxão mole, coxão duro e o contrafilé”. Quanto à carne suína, outro fator que também colabora para a alta é a contagem regressiva para o fim do ano, quando as famílias brasileiras começam a se preparar para as ceias de Natal e Ano Novo. Já a disparada no preço da carne bovina é efeito direto da peste suína que atingiu a produção da China. Boa leitura!
4
A Revista do AviSite
Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP
ISSN 1983-0017 nº 129 | Ano XI | Dezembro/2019
EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br
Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.
Eventos Notícias Curtas
2020 Março
Encadeamento Produtivo catarinense inspira produtores mineiros
17 a 19
Congresso de Ovos – APA Local: R. Bernardino de Campos, 999, Centro, Ribeirão Preto (SP) Realização: Associação Paulista de Avicultura Telefone: (11) 3832-1422 Site: www.congressodeovos.com.br
Abril 07 a 09
21º Simpósio Brasil Sul de Avicultura e 12ª Brasil Sul Poultry Fair Local: Chapecó, SC Realização: Nucleovet - Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas/SC Telefone: (49) 3329.1640 | (49) 3328.7825 E-mail: secretaria@nucleovet.com.br Site: www.nucleovet.com.br
Julho 21 a 23
X Encontro Técnico Avícola Informações nas Redes Sociais: @encontroavicola e facebook/ encontrotecnicoavicola Local: Vivaro Centro de Eventos - Maringá-PR Realização: Integra e Sindiavipar Telefone: (44) 3031-2057 E-mail: eventos@creventos.com.br
Outubro 06 a 09
Alimentaria Foodtech Barcelona, Espanha - Gran Via Venue www.alimentariafoodtech.com/en/
Novembro 04 e 05
Canadian Poultry Expo Countdown 2020 Stratford, Ontario https://poultryxpo.ca/ 17 a 20
EuroTier Hanover/Alemanha www.eurotier.com/en 49 69 24788 – 263 Christoph Iser - C.Iser@DLG.org
A comitiva mineira foi composta por 34 participantes Aprimoramento da gestão do negócio rural, organização da produtividade e melhoria nos resultados obtidos são reflexos das ações desenvolvidas pelo Projeto “Encadeamento Produtivo Aurora Alimentos – Sebrae/SC: suínos, aves e leite”, executado em parceria de entidades e cooperativas. Essas contribuições chamaram a atenção de empresários rurais de Minas Gerais que conheceram, nesta semana, as atividades desenvolvidas na região Oeste catarinense. A comitiva mineira, composta por 34 participantes, conheceu o case da Cooperativa Central Aurora Alimentos com ênfase nas condutas de auxílio aos produtores cooperados e na atuação do setor de avicultura. A apresentação ocorreu no auditório do Frigorífico Aurora Chapecó I (FACHI), em Chapecó. Na sequência, a missão técnica esteve na Cooperativa Regional Itaipu em Pinhalzinho, onde acompanhou a explanação sobre a trajetória de uma família rural do município, premiada como empresa de excelência em gestão. De acordo com a analista técnica do Sebrae/MG Simone Lacerda a missão técnica integra as ações do plano de capacitação do Encadeamento Produtivo, que está sendo implantado na região de Pará de Minas (MG), que possui a maior concentração de produção de suínos e aves daquele Estado. O processo de capacitação em Minas Gerais foi iniciado recentemente e tem como foco a melhoria da qualidade de criação dos frangos, o aprimoramento da organização e da gestão da propriedade rural e o esclarecimento sobre políticas corporativas. “Escolhemos a Aurora por ser referência na produção de alimentos e pelos resultados alcançados com o suporte técnico no campo. Nosso desafio é auxiliar os produtores a separar a vida financeira pessoal da propriedade, pois eles não identificam a propriedade como uma empresa e acabam, muitas vezes, solicitando à empresa-âncora adiantamento porque não conseguem realizar uma gestão financeira eficiente”, analisou. Encadeamento Produtivo: o projeto visa desenvolver microempresas e empresas rurais e urbanas de pequeno porte da cadeia de valor da Cooperativa Aurora, com vistas à ampliação de negócios entre eles, a melhoria na competitividade das empresas envolvidas, habilitando-as ao atendimento das exigências dos mercados nacional e internacional. A Revista do AviSite
5
Painel do Leitor Fale com a redação, peça números antigos, faça sua assinatura e anuncie na Revista do AviSite. Entre em contato pelo telefone 19-3241-9292, de 2ª a 6ª feira, das 8h às 17h00.
Última Edição
As 4 notícias mais lidas no AviSite em Novembro
1
Índice FAO de preço dos alimentos acumula alta de quase 7% em 2019 Em outubro, o Índice FAO de Preços dos Alimentos atingiu a marca dos 172,7 pontos, variação anual próxima de 6% e mensal de 1,74%. Como esse foi o nono aumento consecutivo do ano, a variação acumulada em 2019 já se encontra em 6,94%, o que significa que pode ser superado o índice anual observado em 2017 (8,14%), registrando-se o maior aumento dos alimentos nos últimos sete anos (em cinco desses sete anos a variação anual foi negativa; de 2011 para 2018 a queda acumulada supera os 25%).
2
Volume inspecionado de carne de frango aumenta quase 25% na presente década De acordo com o IBGE, no terceiro trimestre de 2019 foram abatidas cerca de 1,470 bilhão de cabeças de frango que, produção de pouco mais de 3,450 milhões de toneladas de carne. O volume abatido significou aumento de 3% tanto sobre o trimestre anterior (1,424 bilhão de cabeças no 2º trimestre de 2019) quanto sobre o mesmo trimestre do ano passado (1,426 bilhão de cabeças no 3º trimestre de 2018).
3
4
No ano, boi em pé registra mesma variação de preço do frango vivo
No censo de 2017 as aves foram o 4º principal produto da agropecuária
Considerados os preços de abertura de 2019, o frango vivo encerrou o semestre inicial do ano com uma valorização de, praticamente, 14 %, enquanto o boi em pé, operando num mercado até então apático, completou o período com um incremento de preço que não chegou a 4%. Ocorre que, desde então, o preço do frango vivo permaneceu estagnado. Assim, ele chega a novembro com aquele mesmo índice de valorização, de cerca de 14%. Ou, mais exatamente, 13,79%. Já o boi em pé passou a experimentar os influxos diretos da valorização obtida pela carne bovina no mercado internacional e, em pouco mais de 60 dias, registrou incremento de preço superior a 10%.
O Censo Agropecuário realizado pelo IBGE em 2017 imputou ao setor valor total da ordem de R$465 bilhões, a maior parte deles (51%) proveniente das lavouras temporárias (milho, soja, algodão, arroz, feijão etc.). Nesse rol, a produção avícola aparece na quarta posição, vindo atrás, portanto, das lavouras temporárias, dos animais de grande porte (bovinos de corte e de leite) e das lavouras permanentes (café, laranja, banana etc.). Obviamente, o quesito “aves” engloba a produção comercial de todo tipo de ave produtora de alimento – carne ou ovo, o que inclui peru, avestruz, pato, marreco, ganso, codorna etc. Mas, sem dúvida, a maior parte desse valor provém dos galináceos – frango e poedeiras.
Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br
Dados do IBGE mostram diferenças do frango no Brasil Campinas, 18/12/2009 - O levantamento do IBGE relativo aos abates inspecionados de frango entre janeiro e setembro de 2009 apontam que, nesse período, as cabeças abatidas apresentaram um peso médio de 2,081 kg. Sabe-se, porém, que nessa média estão inclusos desde o produto destinado ao Oriente Médio - “grillers” de apenas duas libras (900 gramas) - até os frangos de grande peso ainda preferidos em inúmeros pontos do Brasil. E isso significa que, conforme o mercado atendido, é grande a variedade de pesos observados. Os dados do IBGE ajudam a demonstrar como se distribui esse peso no País. Assim, selecionado um estado de cada uma das cinco Regiões brasileiras, constata-se que o frango de menor peso está na Região Sul – neste caso, no Paraná, que não por acaso é o principal exportador de frango inteiro, item que inclui significativa parcela de “grillers”. Quem aparece na sequência é Goiás, estado integrante de uma Região (Centro-Oeste) que se destaca cada vez mais como produtora e exportadora de carne de frango, neste caso também de “grillers”. Daí o peso médio do frango abatido em Goiás ser inferior ao daquele destinado ao mercado interno – condição observada nas outras três Regiões. No Sudeste, por exemplo, onde as exportações são apenas marginais, o frango abatido atingiu em média (São Paulo) 2,226 quilos no terceiro trimestre de 2009. Já nas Regiões Norte e Nordeste o frango é abatido com um peso visivelmente mais elevado: no período, a média registrada por Pernambuco foi de 2,389 quilos, enquanto no Pará a média observada atingiu 2,421 quilos.
6
A Revista do AviSite
A Revista do AviSite
7
Ocorre que, desde então, o preço do frango vivo permaneceu estagnado. Assim, ele chegaCurtas a novembro com aquele mesmo índice de valorização, de cerca de 14%. Ou, Notícias mais exatamente, 13,79%. Já o boi em pé, após um bimestre (julho/agosto) modorrento, passou a experimentar Mercado
os influxos diretos da valorização obtida pela carne bovina no mercado internacional e, No ano, boi em mesmadevariação em pouco mais de 60pé dias,registra registrou incremento preço superior a 10%. de preço do frango vivo O que se observa agora é que, no momento, o boi em pé registra valorização de
que 0,06 ponto percentual abaixo da Considerados os preços de abertucerca de 14%. Ou, mais exatamen13,73% em relação ao preçode inicial do ano, ou seja, não mais que 0,06 ponto ra do corrente exercício (primeiros te, 13,79%. valorização do frango vivo. percentual abaixo da valorização do frango vivo. dias úteis de 2019), o frango vivo enJá o boi em pé, após um bimestre Como o mercado do boi permacerrou o semestre inicial do ano com nece firme e o do frango tende a (julho/agosto) modorrento, passou a uma valorização praticamente, a mesma estabilidade, a peexperimentar diretos da amanter Como o de, mercado do boi14permanece firmeoseinfluxos o do frango tende manter a mesma quena diferença a menos ora existen%, enquanto o boi em pé, operando valorização obtida pela carne bovina estabilidade, a pequena diferença a menos ora existente deve desaparecer te deve desaparecer rapidamente. num mercado até então apático, comno mercado internacional e, em pourapidamente. pletou o período com um incremento co mais de 60 dias, registrou increDe toda forma, os dois produtos mento de preço superior a 10%. de preço que não chegou a 4%. continuam com um índice de valorização muito muito aquém do obtido pelo que se observa agora que, no Ocorre então, o preço De que, todadesde forma, os dois produtosO continuam com uméíndice de valorização suíno vivo que, até aqui, opera com momento, o boi em pé registra valodo frango vivo permaneceu estagnaaquém do obtido pelo suíno vivo que, até aqui, opera com preços 33,77% superiores do. Assim, ele chega a novembro com rização de 13,73% em relação ao prepreços 33,77% superiores aos obtidos aos obtidos nos primeiros dias de 2019. ço inicial do ano, ou seja, não mais aquele mesmo índice de valorização, nos primeiros dias de 2019.
B O I ,
F R A N G O
E
S U Í N O
V I V O S
E v o l u ç ã o r e l a t i v a d e p r e ç o s e m 2 0 1 9 (até 5 de novembro)* Preço inicial de 2019 = 100
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
Fonte dos dados básicos: JOX – Elaboração e análises: AVISITE * Preços pagos ao produtor no interior de São Paulo.
8
A Revista do AviSite
AGO
SET
OUT
NOV
Mercado externo
Carne de frango: tendência das exportações mundiais em 2020 O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) não faz fé – tudo indica – de que haja algum acerto comercial nas negociações entre seu presidente, Donald Trump, e o governo chinês. Pelo menos quanto à exportação de carne de frango. Pois o órgão da Agricultura norte-americana prevê que em 2020 os efeitos da demanda chinesa recairão apenas sobre Brasil e Tailândia. Ou seja: embora também em expansão, as exportações de carne de frango dos EUA evoluirão num ritmo mais lento que a média mundial, apresentando incremento inferior a 2%. Na tabela abaixo, as primeiras projeções do USDA para o comércio internacional (exportações) de carne de frango no ano que se aproxima. O previsto é um aumento no volume total próximo de 4,5%
Entre os 11 países arrolados, apenas uma redução – natural: a da China. Mas outros quatro exportadores registrarão evolução abaixo da média mundial: EUA, União Europeia, Turquia e Argentina. Ou seja: aumentam o volume exportado o Brasil (+4,9%), a Tailândia (+11,1%), a Ucrânia (+12,5%), a Rússia (+14,9%) e o Chile (+18,5%). Mais como curiosidade, o AviSite adiciona a essa tabela os dados relativos à situação que os atuais exportadores registraram quase uma década atrás, em 2010. Algumas constatações: - Os quatro primeiros exportadores permanecem os mesmos, mas com índices bem diferentes de expansão. Enquanto, por exemplo, as exportações tailandesas tendem a registrar
aumento de mais de 150%, a evolução das exportações brasileiras não chega a 25%. - O quadro dos principais exportadores tem, na quinta posição, um novo player, a Ucrânia. E quem deixou a relação foi o Canadá, oitavo maior exportador em 2010. - Apenas um país, a vizinha Argentina, tende a exportar em 2020 volume menor que o de 2010. Ocupava, então, a sexta posição e deve colocar-se, agora, no 11º lugar. - Em 2010, os três principais exportadores (Brasil, EUA e União Europeia) responderam por quase 83,5% das exportações mundiais de carne de frango. Em 2020, aceitas as projeções do USDA, devem responder por menos de 72%, perda de participação de quase 14% em uma década.
A Revista do AviSite
9
Notícias Curtas Mercado
Frango abatido: evolução mensal de preços no decorrer do ano As 12 linhas que compõem o gráfico abaixo representam – em valores relativos – a evolução mensal de preço do frango abatido no decorrer de janeiro a dezembro dos últimos 10 anos (2009 a 2018). A primeira e principal conclusão que apresentam é a de que os preços máximos obtidos pelo frango abatido no decorrer do mês ocorrem por volta ou pouco além do primeiro decêndio. A partir daí entram em declínio podendo ou não encerrar o período com valor inferior ao do início do mês. Outras indicações que o gráfico oferece: Pior resultado do ano é registrado na abertura do exercício, em janeiro, ocasião em que o preço registrado no encerramento do mês acaba ficando mais de 10% abaixo do valor de abertura. Justifica-se, pois os primeiros preços do ano correspondem a valores inerciais vindos da fase de alto consumo do período de Festas. Já as quedas de preço subsequentes refletem, em oposição, o baixo consumo do período. A recuperação, porém, não ocorre tão cedo. Pois em março – isto é, quan-
do, aparentemente, o consumo retorna ao normal – registra-se o segundo pior resultado do primeiro semestre, pois o último preço do mês é cerca de 7% inferior ao de abertura. Curiosamente, no entanto, é de entremeio a esses dois meses – em fevereiro – que ocorre o melhor resultado do primeiro semestre. Assim, enquanto em janeiro e março os preços médios mensais ficam, respectivamente, a 93,65% e 98,31% do primeiro preço do mês, em fevereiro a média é 6,08% superior. Situação que se estende ao melhor preço do mês, 8,5% superior (em março o melhor preço é apenas 2% superior ao valor de abertura e em janeiro o melhor preço é, mesmo, o de abertura). Em síntese, no primeiro semestre os meses de janeiro, março, abril e junho são encerrados com preços inferiores aos registrados no primeiro dia do período. As exceções, portanto, ficam restritas a fevereiro (+6,28% em relação ao dia 1º)) e maio (+1,67%). Os melhores desempenhos e o melhor resultado do ano ocorrem no segundo semestre. Em apenas um mês
F R A N G O
– outubro – o preço final foi inferior ao de abertura (-2,35%). Já o melhor resultado mensal do semestre e do ano é registrado em setembro, momento em que o preço médio alcança valor 8% superior ao de abertura e o preço máximo é quase 13% superior. E quanto às variações em relação ao preço máximo do mês? A realidade aponta que em nenhum dos 12 meses do ano o preço de fechamento ficou acima do valor máximo registrado mensalmente. O resultado menos sofrível foi observado em dezembro, mês encerrado com meio por cento a menos que o máximo do período. Já o pior resultado ocorre, novamente, em janeiro, com o mês sendo encerrado a um valor 11,3% inferior ao máximo. No intuito de simplificar, em outra matéria do dia os preços históricos do frango abatido foram sintetizados em um indicador único. Nele, a média registrada no mês de outubro nos 10 anos encerrados em 2018 é contraposta aos valores que vêm sendo registrados em outubro corrente. E o que se observa é uma grata surpresa.
A B A T I D O *
Evolução relativa de preços no decorrer do mês Média janeiro a dezembro dos últimos 10 anos (2009-2018) 1º dia do mês = 100 115 110 105 100 95 90 85
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Fonte dos dados básicos: JOX – Elaboração e análises: AVISITE
* Base: preço do frango abatido resfriado comercializado no Grande Atacado da cidade de São Paulo.
10
A Revista do AviSite
Produção Avicultura inicia produção dos primeiros frangos de 2020
Produção
Avicultura inicia produção dos primeiros frangos de 2020 Como faltam, agora, menos de 10 semanas para o início de um novo ano, é natural concluir-se que o setor começa a produzir os primeiros frangos de 2020. O raciocínio é simples: são três semanas (21 dias) para a produção do pinto de corte. Depois, para a criação do frango, outros 45 dias - em média, pois há produto (grillers) que fica pronto em menos de 35 dias. Tudo somado, são 66 dias – que nos conduzem diretamente a 1º de janeiro de 2020. Os dados a respeito ainda são esparsos. Mas pelas primeiras informações colhidas no mercado tudo indica que já em outubro corrente o setor começou a tirar o pé do acelerador na produção de pintos de corte, algo que, mais do que desejável, é absolutamente recomendável. Recomendável, explica-se, por duas
razões principais. A primeira é a de que não só em janeiro, mas também em fevereiro, as exportações do produto registram os menores níveis de todo o exercício. Ou, como aponta o gráfico abaixo, os embarques do bimestre têm representado, em média, apenas 14,67% do total anual, contra 16,94%, 17,09%, 17,87% 16,97% e 16,45% dos bimestres seguintes. A segunda razão – e, sem dúvida, a principal – é de todos conhecida: no início de cada novo exercício uma parte do universo consumidor se encontra simplesmente exaurida (devido aos gastos com as Festas), enquanto outra parte, mais favorecida, sai do mercado em gozo de férias. Ou, em resumo, nesse período caem não só as exportações, mas também o consumo interno. E isso pede uma adequação do setor produtivo.
A Revista do AviSite
11
Notícias Curtas Exportação
Receita cambial da carne bovina encosta na da carne de frango Mantendo a sexta posição na lista dos 10 principais produtos exportados pelo Brasil entre janeiro e outubro de 2019, a carne de frango se encontra, também, entre os cinco produtos cuja receita cambial aumentou neste ano. Assim, os US$5,183 bilhões apontados pela SECEX/ME representam aumento de 6% sobre o mesmo período de 2018, tendo contribuído com 2,8% da receita cambial brasileira – um índice de participação quase 14% superior ao de um ano atrás. Vale notar, entretanto, que os resultados da exportação de carne bovina
vêm evoluindo numa velocidade bem superior aos da carne de frango. Pois sua receita cambial, próxima de US$4,880 bilhões, aumentou quase 10% nestes dez meses e elevou sua participação na pauta para 2,63% do total, aumento de mais de 17% em relação ao registrado entre janeiro e outubro de 2018. Em outras palavras, a carne bovina, décimo produto da pauta em 2018, neste ano já saltou para a sétima posição e, por ora, acumula receita cambial equivalente a 94% da receita da carne de frango. Isto dá
E X P O R T A Ç Ã O
10principais
mostras da valorização do produto no mercado internacional, só superada no momento pela valorização da carne suína que (como mostra a tabela abaixo, na questão do complexo carnes) acumula quase 30% de aumento na receita cambial. Aliás, junto com o milho (cuja receita aumentou 126%), as carnes (com aumento de quase 10 %) minimizam as perdas enfrentadas pelos produtos básicos, cuja receita no período recuou mais de 2% , caindo de US$99,424 bilhões para US$97,459 bilhões.
B R A S I L E I R A
produtos da pauta cambial
Janeiro a outubro de 2019 US$ BILHÕES FOB PRODUTO EXPORTADO
RECEITA CAMBIAL
PARTICIPAÇÃO NA PAUTA
US$ BILHÕES
VAR. ANUAL
% DO TOTAL
VAR. ANUAL
1
Soja em grão (1)
23,036
-22,13%
12,42%
-16,45%
2
Petróleo em bruto (2)
19,203
-9,98%
10,36%
-3,40%
3
Minério de ferro (3)
18,559
12,31%
10,01%
20,51%
4
Celulose (4)
6,554
-4,25%
3,53%
2,74%
5
Milho em grãos (14)
6,006
126,04%
3,24%
142,55%
6
Carne de frango* (6)
5,183
6,06%
2,80%
13,80%
7
Carnebovina* (10)
4,879
9,59%
2,63%
17,59%
8
Farelo de soja (5)
4,822
-14,14%
2,60%
-7,87%
9
Açúcar em bruto (8)
3,707
-18,02%
2,00%
-12,04%
10
Café em grão (12)
3,660
11,25%
1,97%
19,37%
Subt ot al 1 0
95,609
-4,11%
51,56%
2,89%
Dem ais
89,828
-9,51%
48,44%
-2,90%
T O T AL
185,437
-6,81%
100,00%
------------------
COMPLEXO CARNES
D e f r an g o ( 5)
5,183
6,06%
2,80%
13,80%
Bov i na ( 6)
4,879
9,59%
2,63%
17,59%
S u ín a ( 1 2)
1,136
28,94%
0,61%
38,36%
11,198
9,57%
6,04%
17,57%
T O T AL
Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC - Elaboração e análises: AVISITE *Exclusivamente produto in natura – Números entre parênteses entre os 10 principais produtos indicam posição há 1 ano. Já no caso dos produtos do complexo carnes os números entre parênteses indicam posição atual na pauta de produtos básicos.
12
A Revista do AviSite
Mercado externo China abre o jogo e antecipa reabertura de seu mercado à carne de frango dos EUA
Mercado externo
China abre o jogo e antecipa reabertura de seu mercado à carne de frango dos EUA Claro, isso ainda não está plenamente definido. Mas, nas circunstâncias atuais (necessidade de importação de carne para suprir a lacuna surgida em decorrência da peste suína africana) é pouco provável que a China mantenha um embargo que, por sua vez, já não tem justificativa técnica. Rememorando, em 2015, já no rastro de disputas comerciais entre os dois países, a China (terceira maior importadora da carne de frango norte-americana no final da década passada) embargou o produto dos EUA. Na ocasião, aproveitou como argumento técnico a ocorrência de casos de Influenza Aviária na avicultura norte-americana. Com isso, por exemplo, as pouco mais de 330 mil toneladas importadas em 2009 foram reduzidas a zero neste e nos últimos anos. Uma vez que há três anos os EUA equacionaram seus problemas sanitários com a Influenza Aviária, o embargo chinês tornou-se insustentável do ponto de vista sanitário – não só perante à OIE, mas também à OMC. É isto que reforça as expectativas (dos exportadores norte-americanos) de breve retomada dos embarques de carne de frango para o mercado chinês. Nesta semana, houve forte valorização das ações da Tyson Foods, Pilgrim’s Pride ( JBS) e Sanderson Farms, as três maiores produtoras norte-americanas de carne de frango.
Muita água ainda vai rolar. Mas, segundo fontes de Washington, o governo dos EUA espera assinar o que vem sendo chamado de “fase 1” de um aguardado acordo comercial com a China no encontro da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês), marcada para o período de 14 a 17 de novembro próximo, na capital chilena, Santiago. De sua parte, o Ministério da Economia da China confirmou, em declaração divulgada no último sábado, 26, o desenvolvimento de “consultas técnicas” a respeito de algumas partes desse acordo e mencionou que os produtos agropecuários representam importante área de discussão. Detalhando alguns dos itens já definidos, o Ministério afirmou que ambas as partes acordaram que os EUA importarão da China carne de frango termo processada, enquanto a China suspenderá a proibição de importação da carne de frango dos EUA.
SANEX. Inovação e Qualidade
Aditivos zootécnicos, alimentos funcionais e bem-estar animal para avicultura.
NeoAcid
Acidificante Solúvel Sanex
Produzido com exclusivo processo industrial de proteção de ácidos orgânicos puros, liberação dos ativos em diferentes porções do trato gastrointestinal, eficácia comprovada como alternativa aos antibióticos promotores de crescimento, excelente retorno sobre o investimento e ação comprovada em programas de controle integrado de Salmonella sp.
O Acidificante Solúvel Sanex é a primeira associação de ácidos orgânicos em pó solúvel do mercado. Excelente ferramenta para substituição dos antibióticos e quimioterápicos em diarreias inespecíficas. Segurança na aplicação e necessidade de reduzido espaço de armazenagem e transporte. Facilidade na aplicação e período de retirada zero, podendo ser usado em todas as fases de produção.
Lecipalm
Eletrólito Alto Desafio
Aditivo emulsificante produzido com exclusivo processo de secagem da lecitina de soja em temperatura ambiente, garantindo a integridade e as características físico-químicas das substâncias originais. Comprovada ação emulsificante de gorduras da dieta, otimizando a energia da ração, com excelentes resultados zootécnicos nas dietas pré-iniciais, crescimento, terminação e nutrição de matrizes pesadas.
Solução técnica de suplementação hidroeletrolítica equilibrada, com elevada biodisponibilidade e ação rápida. Indicado para uso em períodos de estresse: calor, frio, transporte, vacinações, jejum pré-abate e coadjuvante nos tratamentos medicamentosos. A apresentação na forma de pastilhas efervescentes para uso via água de bebida, embaladas individualmente, facilita a aplicação e a velocidade de resposta.
Inovação e qualidade, desde 2004 de forma pioneira nas áreas de nutrição e bem-estar animal. Pesquisamos, desenvolvemos e industrializamos inovações em alimentos funcionais, aditivos zootécnicos e condicionadores ambientais.
A Revista do AviSite www.sanex.com.br
13
Notícias Curtas Exportação
Números da SECEX/ME continuam apontando baixa exportação de ovos férteis Os números da SECEX/ME indicam que em setembro passado, pelo segundo mês consecutivo, foram baixíssimas as exportações brasileiras de ovos férteis destinados à produção de pintos de corte. Aliás, o volume apontado – cerca de 5,4 milhões de unidades – foi ainda menor que o do mês anterior, além de apresentar redução de quase 70% em relação aos (quase) 17,3 milhões de setembro de 2018.
O V O S
Em decorrência, o total exportado nos nove primeiros meses de 2019 – perto de 138 milhões de unidades ou pouco mais de 383 mil caixas de 30 dúzias –registra recuo de quase 12% sobre idêntico período do ano anterior. Ao mesmo tempo, pela primeira vez nos últimos dois anos e meio, o volume acumulado em 12 meses volta a ficar negativo em relação a idêntico
período anterior, apresentando recuo de 2,86%. Mantida no trimestre final de 2019 a média registrada no bimestre agosto/setembro, o total exportado no ano não irá muito além dos 150 milhões de unidades, recuando mais de 25% em comparação ao ano anterior. Se confirmado, esse será, também, o menor volume anual dos últimos três anos.
F É R T E I S *
Evolução das exportações nos últimos 24 meses MILHÕES DE UNIDADES MÊS
2017/18
2018/19
VAR.
Outubro
19,378
19,637
1,34%
Novembro
13,702
19,291
40,80%
Dezembro
13,505
20,071
48,63%
Janeiro
14,894
25,370
70,34%
Fevereiro
14,806
20,495
38,42%
Março
20,210
21,510
6,44%
Abril
24,010
15,947
-33,58%
Maio
15,759
14,535
-7,77%
Junho
17,453
12,248
-29,82%
Julho
16,335
15,956
-2,32%
Agosto
15,446
6,521
-57,78%
Setembro
17,289
5,402
-68,76%
EM 9 MESES
156,201
137,984
-11,66%
EM 12 MESES
202,785
196,984
-2,86%
VOLUME ACUMULADO EM 12 MESES (MILHARES DE CAIXAS)
Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC - Elaboração e análises: AVISITE * Exclusivamente para a produção de pintos de corte.
14
A Revista do AviSite
Produção
Com maior área, Brasil deve produzir recorde de 126 mi t de soja em 19/20, diz Datagro A produção de soja do Brasil deve avançar para um recorde de 126 milhões de toneladas na temporada 2019/20, apoiada por um aumento de 3% na área semeada com a oleaginosa no país, estimou nesta quinta-feira a consultoria Datagro. O volume projetado, que supera em 8% a produção de 117,11 milhões de toneladas da safra anterior e bate o recorde prévio de 122,3 milhões de toneladas (de 2017/18), pode fazer com que o Brasil ultrapasse os Estados Unidos na produção da oleaginosa, disse a consultoria. Em setembro, a consultoria havia estimado a safra 2019/20 em 125,30 milhões de toneladas, com uma área plantada de 36,84 milhões de hectares — agora aponta 37 milhões de hectares. “Novos ajustes tendem a ser feitos nos próximos levantamentos, mas está claro que o produtor brasileiro irá mesmo aumentar o plantio de soja no país pelo 13º ano consecutivo, em linha com o observado no ano passado”, afirmou em nota o coordenador da Datagro Grãos, Flávio França Júnior. Segundo a Datagro, o maior avanço no plantio será visto no Norte e Nordeste, acrescentando que os preços acima do padrão em 2018/19 ajudam neste movimento.“Esse incremento pode inclusive limitar a recuperação das cotações da soja no mercado internacional”, disse a empresa. Em relação a números divulgados em setembro, a Datagro reduziu em cerca de 1 milhão de toneladas sua estimativa para a produção de milho do país em 2019/20, agora projetando 103,28 milhões de toneladas.A safra de verão, primeira da temporada, deve gerar 27,07 milhões de toneladas do grão, enquanto a chamada “safrinha”, plantada após a colheita de soja, teve produção estimada em 76,21 milhões de toneladas.A produção da segunda safra tende a registrar uma elevação de 3% na comparação anual, completou a Datagro.
A Revista do AviSite
15
Evento
Novas tendências no consumo de carne asiático mantém setor avícola brasileiro otimista para 2020 Assunto foi colocado em pauta durante o VI Workshop Sindiavipar, que aconteceu entre os dias 07 e 08 de novembro em Foz do Iguaçu
Francisco Turra, Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em seu discurso durante o evento
16
A Revista do AviSite
A
Peste Suína Africana (PSA) ocasionou grande perda de rebanho suíno e necessidade de reposição dessa proteína. Somente na China, até o fim do ano, 30% da sua produção deve ser afetada, conforme mostram os dados da Rabobank. De acordo com o vice-presidente e diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, esse período é uma oportunidade para o Brasil, pois será um momento de mudanças nas tendências de consumo de carne na Ásia. “É um efeito de substituição. A China e toda Ásia, atualmente, precisam de muita proteína. Isso traz uma oportunidade imensa, pois, as crianças que começam a comer carne de frango hoje, não irão querer comer outra carne daqui cinco anos. Elas serão grandes consumidoras da nossa principal proteína. Ou seja, é um momento de mudança de hábitos alimentares nessa região”, explica Santin.
O assunto foi um dos temas do VI Workshop Sindiavipar - Avicultura em Constante Aperfeiçoamento, que ocorreu entre os dias 07 e 08 de novembro, em Foz do Iguaçu (PR). O evento foi realizado pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) e contou com a participação de mais de 1.100 pessoas, um crescimento de 200% em relação ao evento anterior, entre elas presidentes de cooperativas, autoridades, pesquisadores, e mais de 35 palestrantes. Para o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, esse é momento de manter o foco e continuar crescendo. “Hoje, somos os melhores do mundo, a nível de sanidade e quantidade que podemos disponibilizar para o mercado internacional. O Paraná, em volume, chegou a marca de 1 milhão, com 170 mi, toneladas da proteína exportada, isso somente nos primeiros nove meses do ano”, destaca Martins.
O evento foi realizado pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) e contou com a participação de mais de 1.100 pessoas, um crescimento de 200% em relação ao evento anterior, entre elas presidentes de cooperativas, autoridades, pesquisadores, e mais de 35 palestrantes
A Revista do AviSite
17
Evento O diretor-associado de Produtos da Cobb América do Sul, Rodrigo Terra, salientou, durante a sua palestra “O Frango do Futuro”, que para atender a esses números não basta apenas responder aos parâmetros de produtividade. “Seguindo as tendências, a saúde, bem-estar animal e impacto ambiental entrou nesse processo de maneira forte e prioritária. Questões que incluem a redução de aditivos e antibióticos na produção são também aspectos extremamente importantes para que a avicultura possa se desenvolver ainda mais”, diz Terra. Dentro desse cenário, o diretor da Seara Alimentos, José Antonio Ribas Junior, ressaltou em sua discussão sobre “O Consumidor dos Produtos Avícolas, Tendências e Exigências” a importância da divulgação de informações ao cliente para que o setor de aves continue a crescer. “Temos que saber vender o nosso produto, pois ele tem qualidade. Esse é um setor que tem grande relevância econômica,
social e em toda a cadeia de produção, mas não sabemos como comercializar nossos produtos”, complementa Ribas.
Outros debates Outras discussões técnicas complementaram a programação do VI Workshop Sindiavipar - Avicultura em Constante Aperfeiçoamento. “Nova Atuação do Mapa no Paraná”, palestrado pelo Superintendente do SFA/PR, Cleverson Freitas, Perspectivas: avicultura 2019, comandada pelo presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra e as “Perspectivas Para o Fortalecimento do Autocontrole”, comandada pelo Secretário de Defesa Adjunto do Mapa, Fernando Augusto Pereira Mendes. Assuntos de nutrição e saúde animal ainda fizeram parte da grade de palestras: “Como melhorar a performance reprodutiva de galos”, administrada pelo gerente de nutrição de aves, da Vaccinar, Adhemar
Oliveira Neto e o assessor técnico da matriz de corte da Vaccinar, Cláudio Franco. A participação de importantes nomes da área de pesquisa complementaram a programação do evento: o engenheiro agrônomo Antônio Mário Penz Júnior, os professores e médicos veterinários Leonardo Thielo de La Vega da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e Luiz Caron da Universidade Federal do Paraná (UFPR), além professora do departamento de Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Liris KindLein. Outros nomes completaram o ciclo de palestras como o Cláudio Mauricio Franco, Adhemar de Oliveira Neto, Marcelo Torretta, Carlos Paulo Ronchi, Gilclér Regina, Otamir Cesar Martins, Edson Bordin, Jorge Luis Chacón, Luiz Sesti, Eder Barbon, Eva Hunka, Alex Maiorca, Cláudio Carvalho, Rafaela Parra, Luís Gustavo Budziack entre outros importantes nomes.
“A grande preocupação da avicultura paranaense é se manter atuante e vigilante no mundo todo”, afirma Domingos Martins Presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, destaca em entrevista exclusiva que o estado do Paraná vai continuar a oferecer cada vez mais produtos com o melhor preço, sanidade e disposição e presença internacional Qual é a análise que o Sr. faz sobre o último Workshop? Foram atingidos os principais objetivos? Tivemos um evento sensacional e conseguimos superar os nossos objetivos. Foram dias de confraternização, troca de ideias e experiências. Vários conhecimentos novos foram trazidos pelos especialistas e agentes do setor, e a participação das empresas e seus funcionários foi realmente incrível. Trouxemos palestras de alto nível com as maiores autoridades da avicultura do país, com apresentação de pesquisas científicas, palestras técnicas e ações desenvolvidas em nosso setor. Também contamos com a presença de quase todas as cooperativas do estado e de suas equipes técnicas. Um dos motivos de realizarmos esse evento em Foz do Iguaçu é justamente a proximidade com a sede das cooperativas, permitindo que todos possam participar.
18
A Revista do AviSite
Como foi montado o programa do evento para atender as principais demandas do setor avícola? Como setor, compartilhamos desafios e também boas práticas, e sempre levamos isso em consideração na organização dos eventos. Avaliamos muito as demandas dos nossos associados, que sempre fazem parte da construção do evento e são o grande foco de nosso planejamento. Também estamos sempre atentos às inovações para o mercado avícola, e buscamos discutir uma grande variedade de temas, que, com certeza, contribuem para o nosso desenvolvimento. Os principais pontos discutidos foram voltados para a saúde, nutrição e reprodução animal; legislação e normativas para o setor; mercado, exportações e consumo; e logística e operação das empresas. Acreditamos que a abrangência desses assuntos é essencial para que os pro-
Martins: “Estamos sempre atentos às inovações para o mercado avícola, e buscamos discutir uma grande variedade de temas, que, com certeza, contribuem para o nosso desenvolvimento” dutores e empresário tenham o maior conhecimento possível do setor, e que possam fazê-lo crescer cada vez mais. O estado do PR é um dos líderes em produção e exportação avícola. Quais são os projetos do Sindiavipar para ampliar ainda mais seu posicionamento no mercado interno e também com vistas à exportação? Hoje a grande preocupação da avicultura paranaense é se manter atuante e vigilante no mundo todo, oferecendo cada vez mais produtos com o melhor preço, sanidade e disposição e presença internacional. Queremos que o Sindiavipar seja mais que um sindicato: buscamos ser uma associação que atue antecipando as demandas, que busque soluções e esteja ainda mais preparada para os desafios que se apresentem. Vamos atuar ainda mais fortemente junto aos órgãos representativos e reguladores com o apoio cada vez maior do nosso associado. Para isso, temos diversas ações programadas para o próximo ano, buscando não só representar nossos associados, mas gerar negócios. Este trabalho terá início com o novo projeto da instituição para o segmento: o raio-x do setor avícola paranaense. Ele será o maior levantamento já feito sobre o setor, no qual todas as empresas associadas serão visitadas para uma pesquisa sobre mercado, inovação, sanidade, RH e sustentabilidade. Haverá também um evento de discussão em cada região do estado. Além disso, iniciativas serão reconhecidas em uma premiação inédita.
Existe um trabalho diferenciado da avicultura do PR junto ao MAPA para aproximar ainda mais as relações políticas? Como é hoje a relação da avicultura do PR com o MAPA e o que deveria ser melhorado, em sua opinião? Nosso contato com a nova equipe do Ministério da Agricultura, estabelecida neste ano, foi positivamente surpreendente. O Paraná sempre teve uma boa parceria com os ministros nos últimos governos, mas acredito que no atual momento, com a Ministra Tereza Cristina, estamos nos superando. A disposição da ministra em buscar novos mercados, novas negociações, fazem dela uma verdadeira embaixadora do agronegócio nacional. Temos à frente do MAPA uma pessoa oriunda de nosso setor, que conhece nosso potencial e capacidade, e que tanto do diálogo quanto em suas ações, vem nos dando muita segurança e boas expectativas de abertura de novos mercados para exportação. Posso afirmar, também, que no referente a atuação do MAPA diretamente em nosso estado, temos uma relação muito boa com o Superintendente do Ministério, Cleverson Freitas, que atua com muito empenho e disponibilidade em atender nossas demandas e buscar soluções para os desafios. Ter este integrante do MAPA alocado em nosso estado traz uma grande abertura no diálogo entre a associação e o Ministério, o que, com certeza, só traz bons frutos para o setor. A Revista do AviSite
19
Especial | 2019~2020
É hora de fechar 2019 e abrir 2020 Como a avicultura encerra o ano de 2019 e as projeções para 2020
O
ano de 2019 foi cercado de nuances que fizeram do período um grande desafio. Novo governo, nova estrutura de mercado, exportações, consumo interno...e muito mais. Como a avicultura fecha o ano e quais são perspectivas para 2020?
Quais foram as maiores dificuldades para o setor neste ano? Principal ponto que foi superado pela avicultura em 2019 e qual demandará mais atenção em 2020? Análise sobre o primeiro ano do governo, principalmente relativo ao Ministério da Agricultura. Houve avanços?
E afinal, o que o mercado espera? A Revista do AviSite foi conversar com alguns personagens do segmento e procuramos uma breve análise de cada um do ano que se encerra e o que podemos esperar de 2020. Acompanhe na sequência.
Tiago Urbano Diretor Técnico/Comercial Vetanco Brasil “A Avicultura nacional fecha o ano de 2019 diante de um cenário muito positivo, com excelentes resultados na exportação de carne de frango e consumo interno dessa proteína dentro do esperado, além do importante aumento no consumo de ovos. Para 2020, a expectativa também é muito positiva, principalmente pela tendência de manutenção dos altos volumes de exportação e pela perspectiva de manutenção dos preços médios dos grãos no mercado interno, o que certamente trará mais um ano de muita lucratividade para o setor produtivo. Felizmente nesse ano não enfrentamos os altos e baixos que o setor vivenciou nos últimos anos, como a resseção econômica, Operação Carne Fraca e suas derivações, embargos aos produtos brasileiros no exterior, etc. Dentro do que o setor já se acostumou a vivenciar, podemos afirmar que 2019 foi um ano de relativa calmaria, com bons resultados produtivos e financeiros para todo o setor. Certamente muito desse bom resultado se deve a alta demanda chinesa por proteína animal, o que favoreceu o Brasil, por ser um grande exportador desses produtos. O ano se iniciou com uma grande tensão diplomática causada pelo anúncio do governo de que pretendia estreitar as relações políticas/comerciais com Israel, inclusive mudando a embaixada brasileira de Telavive para Jerusalém. Esse anúncio inicialmente trouxe
20
A Revista do AviSite
reação e ameaças de rompimento das relações comerciais com o Brasil por parte dos países Árabes, os quais são responsáveis pela compra de praticamente 50% de toda a carne de frango que exportamos. Contudo, após algumas negociações e mudanças de direção, o incidente diplomático foi superado e felizmente não afetou nosso segmento exportador. Para 2020 o setor deve ficar atento aos mercados nossos clientes internacionais de carne de frango e suína, pois com a produção nacional bastante aquecida devido aos recentes avanços nas exportações dessas proteínas, qualquer retração nas exportações pode gerar uma grande oferta de produto no mercado nacional, o que acarretará queda nos preços internos. Certamente a nomeação da Ministra Tereza Cristina para o Ministério da Agricultura foi o principal avanço obtido para o setor produtivo brasileiro. Com uma visão empreendedora e altamente mercantilista, ela e sua equipe conseguiram reabrir mercados antes fechados para os produtos brasileiros e também avançar na abertura de novos mercados, tanto para a carne de frango como para as carnes suína e bovina. Adicionalmente, novas plantas de produção brasileira foram credenciadas para a exportação devido aos avanços nas negociações comerciais e diplomáticas obtidas pelo novo ministério. A expectativa é que o próximo ano também seja de excelentes resultados, tanto produtivos quanto econômicos. Felizmente, a escassez de material genético (matrizes de frangos e suínos), irá limitar o crescimento da produção nacional, o que é mais
"Na minha opinião, a avicultura continuará seu ritmo de crescimento sustentado pela base cientifica e competência técnica. Nos avanços nutricionais, vejo que a substituição dos antibióticos melhoradores de desempenho estará cada vez mais acelerada e aditivos de origem biológica e biotecnológica cada vez mais presentes nas dietas de frangos de corte e de poedeiras comerciais. Estudos com a microbiota e o microbioma do trato digestório devem avançar fortemente, com métodos de diagnostico laboratorial e afirmação dessas aplicações em condições de produção. A interação dessa metodologia e a resposta produtiva tendem a crescer, junto com a compreensão dos fenômenos e fatores que sustentam a produção de aves. A combinação de ingredientes, aditivos e suplementos cada vez mais tecnológicos deve ser a resposta para a melhoria da eficiência e redução dos custos das dietas avícolas. A produção de frangos de corte continuará seu ritmo de crescimento e ampliação dos mercados, visto que a base cientifica e competência técnica brasileira são destaque no mundo. Ainda teremos um tempo para minimizar perdas metabólicas resultantes do crescimento acelerado do frango, como a degeneração da carne de peito e problemas de pernas, mas imagino que não estamos longe de compreende-los com mais detalhamento e dos métodos de gerenciamento dos problemas. E a nutrição in ovo e métodos de fornecimento de dietas pós-eclosão continuam como elementos de estudo cientifico para melhoria dos seus resultados práticos. A produção de ovos tende a migrar rapidamente para sistemas com maior aceitabilidade para os consumidores, especialmente os que apresentam apelo ao bem-estar animal. Ovos provenientes de galinhas fora de gaiolas e ovos especiais tendem a crescer no mercado e no gosto dos consumidores mais exigentes. Sistemas convencionais ainda perdurarão por algum tempo, mas os sistemas de criação serão cada vez mais produtivos e economicamente viáveis com a melhoria das instalações e equipamentos. Entender esses sistemas de produção, a longevidade das aves e como melhorar sua eficiência, deve ser a busca da melhor produtividade e eficiência na produção de ovos comerciais." A Revista do AviSite
21
positivo do que negativo. Na hipótese do setor produtivo aumentar a produção de forma descontrolada, visando suprir a demanda internacional por proteína animal, certamente poderíamos enfrentar um “efeito bumerangue”, com uma super oferta de carne no mercado nacional e, consequentemente, queda nos preços de venda. Esse fator poderia ser agravado ainda mais, caso a situação produtiva chinesa se normalizasse antes do esperado e as exportações brasileiras se retraíssem”.
Prof. José Henrique Stringhini Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária e Zootecnia Universidade Federal de Goiás
Especial | 2019~2020 Domingos Martins Presidente Sindiavipar
Abílio Alessandri Diretor da divisão de Aves e Suínos Boehringer Ingelheim Saúde Animal “A avicultura brasileira fecha o ano de forma positiva, auxiliada pela recuperação econômica do Brasil, ainda que lenta, e o momento de apreensão no mercado de proteína animal devido à Peste Suína Africana na Ásia, especialmente na China. Dados fornecidos pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) do primeiro semestre mostram, por exemplo, que as exportações de carne de frango subiram 11,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior esse espera que os números do segundo semestre também sigam positivos. As perspectivas para 2020 são boas, pois há a expectativa de uma demanda ainda maior de proteína animal para o mercado asiático, que precisa suprir a falta de carne suína na China devido à PSA. As oportunidades para o mercado brasileiro são grandes, assim como o tamanho do desafio.
22
A Revista do AviSite
“O ano de 2019 foi maravilhoso para nosso setor no Paraná. Saímos de uma expectativa de acomodação para uma expectativa de muito otimismo. As exportações começaram a melhorar, principalmente com a abertura de novos mercados, especialmente o chinês, o que fez com que muitas empresas buscassem as habilitações para exportar, pois é realmente um mercado interessante. Se analisarmos o campo nominal de crescimento entre os estados, o Paraná foi o que mais se destacou: hoje já representamos praticamente 38% das exportações nacionais. Eu diria que as preocupações para 2020 são as mesmas de sempre. Alcançamos um patamar muito alto de qualidade da produção e sanidade, e mantê-lo é nosso principal foco. Cada vez mais estabelecemos parâmetros de segurança alimentar, que sempre foi de suma importância, mas agora, com novas demandas, como o bem-estar animal, faz parte dos ensinamentos que passamos tanto nos abatedouros quanto nas granjas. Outro ponto que nos exigiu atenção, ainda no campo da biossegurança, foi a detecção e prevenção à Salmonella, que está cada vez mais no foco do mercado. A preocupação com esses detalhes e normativas está presente em toda a cadeia produtiva. Eu acredito que tudo deva melhorar cada vez mais. Teremos um futuro brilhante para a avicultura, com a expectativa de crescimento da economia, que já está aquecendo novamente, e com perspectiva de reformulação do PIB. O crescimento da economia impulsiona o consumo, e com isso nós crescemos juntos. Espero um aumento ainda maior de nossa produção, levando em conta que o mundo está cada vez mais precisando importar proteínas de origem animal, principalmente do Brasil e do Paraná, que é líder. No mercado interno, a projeção também é muito positiva, pois nossa proteína é a mais acessível no mercado, atende a todas as classes com bons preços e com alto valor nutricional, por exemplo. E isso significa um consumo de frango ainda maior dentro do nosso país”.
O grande desafio deste ano, e que deve se manter nos anos seguintes, foi redesenhar o cenário de exportações de proteína animal e abastecimento do mercado interno para suprir a enorme demanda do mercado asiático devido ao surto de PSA, que dizimou milhões suínos na China e em países vizinhos. Outro desafio para os produtores refere-se ao recorde da safra de milho: esse grão foi muito exportado e o preço ficou em torno de R$ 40 a saca, encarecendo a produção avícola, uma vez que se trata de um importante ingrediente da nutrição das aves. A expectativa era de que o preço ficasse em torno de R$ 30 a saca. Um dos principais pontos superados pela avicultura foi a concretização do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que deve resultar em impactos positivos para as exportações de proteína animal dos países da América do Sul. A cota estabelecida de exportação de carne de aves para a Europa ficou em 180 mil toneladas, mas com previsão de crescimento dentro de cinco anos. Para 2020, é importante que o Brasil continue abrindo o mercado para exportação de carne de frango com outros países. O governo sinaliza uma abertura comercial gradativa, o que tem um bom reflexo para o setor. Junto a isso, existe o desafio de aumentar a produtividade para atender a demanda que se abrirá.
“O ano de 2019, até o mês de Outubro, foi muito bom. Tivemos uma bonança perfeita, com queda do custo de grãos até Setembro e uma demanda não atendida pela carne de frango, causada principalmente pelo baixo alojamento de matrizes em 2018. O mercado de ovos férteis e pintos também esteve bastante aquecido. As nossas maiores dificuldades hoje ainda são decorrentes da operação Carne Fraca, com mercados ainda seletivos em relação à carne de frango brasileira. No entanto, revertemos a tendência de queda de exportações, mesmo sem esperar por esse aumento, o que mostra a capacidade de reação rápida do setor avícola. Outra dificuldade é que a economia e a renda do brasileiro não progrediram conforme esperado. O mercado espera, em 2020, crescimentos maiores do que neste ano e que a demanda continue firme. Um fator que causa preocupação é a questão dos grãos, que tiveram uma alta nos preços a partir de Outubro. Porém, as perspectivas de exportação são muito boas, em função da Peste Suína Africana que está atacando a Ásia e parte da Europa e que abre mais espaço para a nossa proteína. Esperamos que o próximo ano, após as reformas, seja melhor para a economia brasileira, o que deverá melhorar o consumo interno. O ministro da Economia Paulo Guedes tem buscado uma simplificação na economia e no sistema produtivo – e a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, tem trabalhado muito para quebrar as barreiras contra a carne de frango brasileira”. A Revista do AviSite
23
O governo tem se mostrado preparado para liderar um setor tão importante para o Brasil. Seu grande desafio é manter o crescimento do setor em um país que tem vocação para o agronegócio por suas condições climáticas e geográficas e que já trabalha com alta tecnologia para ser o grande fornecedor de alimentos do mundo. A Boehringer Ingelheim acredita que o agronegócio brasileiro tem visão de longo prazo e vem se preparando nas últimas décadas para atender às demandas mundiais. Acredito que o mercado brasileiro espera continuidade no excelente trabalho que vem sendo feito no agronegócio brasileiro nas últimas décadas, com adoção de altos níveis de tecnologia e com um rebanho saudável, que possibilita aos consumidores brasileiros e de todo o mundo o acesso a alimentos nutritivos e de alta qualidade.
Ivan Pupo Lauandos Presidente Aviagen América Latina
Especial | 2019~2020 Ariovaldo Zani Vice-Presidente Executivo Sindirações
Carlos Moura Vice-presidente de Finanças e Relações com investidores BRF “O setor fecha o ano com balanço positivo e boas perspectivas para o futuro. De acordo com a ABPA, a produção de frango deverá atingir 13 milhões de toneladas, cerca de 1% acima de 2018. A receita das vendas de carne de frango (todos os produtos, in natura e processados) totalizou US$ 5,163 bilhões nos nove primeiros meses de 2019, número 5,7% acima do registrado no mesmo período do ano passado, com US$ 4,885 bilhões. Vivemos um momento bastante peculiar no mercado mundial de proteínas com os impactos da peste suína africana no rebanho de animais da China. Estimativas feitas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), apontam que a peste suína africana deve reduzir o rebanho da China em 21% em 2019. Os efeitos no mercado mundial, seja via preços, substituição de proteínas ou ajustes na oferta ainda não estão totalmente
24
A Revista do AviSite
“A estimativa é que o produtor de frangos de corte demandou em 2019, 32,1 milhões de toneladas de rações, um avanço de 1,4%. A produção de rações para poedeiras, por sua vez, alcançou 7 milhões de toneladas e avançou 3,2%. Recrudescimento global do protecionismo que atrapalhou o comércio internacional e o rescaldo dos episódios de conduta inadequada que arranharam, em certa medida, a imagem e credibilidade no exterior. O status sanitário do plantel brasileiro que continua resiliente, mas cuja vigilância deve seguir ininterrupta e crescente. O Ministério da Agricultura finalmente encarou o desafio e tem capitaneado a implantação do processo de autocontrole no setor produtivo, ou seja, o conceito de fiscalização baseada no risco. Apoiado na revolução tecnológica 4.0 já vem modernizando seus sistemas de informação e ampliando o uso das novas tecnologias e comunicação para realizar o monitoramento online (constante e ininterrupto) do ambiente industrial, via acesso aos relatórios estatísticos de resultados dos processos de fabricação. Esse novíssimo sistema de trabalho vai gerar o indispensável histórico do desempenho dos estabelecimentos (registro de não conformidades e ações corretivas) e um banco de dados para avaliação do risco quantitativo, permitindo maior precisão no direcionamento das inspeções naqueles com mais problemas e maior risco. A inovação possibilitará a apuração e o armazenamento das informações, oferecendo maior segurança jurídica, geração rápida de certificados para simplificação dos processos de comércio exterior, resposta rápida aos episódios de crise, bem como a elevação do status do sistema. Em relação ao comércio exterior, o Brasil precisa deixar para trás os traços coloniais e buscar o seu protagonismo, consolidando a sua independência no âmbito internacional, e aproveitar as oportunidades disponíveis com novos acordos, as quais – se forem exploradas de maneira efetiva e inteligente – criarão as condições positivas ao seu desenvolvimento”.
claros. Ao olharmos para 2020, renovamos nossa confiança num mercado maior, dado o cenário favorável e aumento da atividade econômica. Para a avicultura, 2019 foi um ano que eu avalio como positivo, embora o setor ainda enfrente questões como o aumento de custos de produção devido ao tabelamento do frete, e medidas protecionistas ainda em vigor em mercados-chave. Especialmente no que diz respeito a negociações e abertura de novos mercados, temos visto uma atuação bastante positiva do Ministério da Agricultura na defesa do setor, o que é fundamental para o agronegócio brasileiro. Continuamos muito focados na reconquista e abertura de novos mercados, ao mesmo tempo em que consolidamos os fundamentos da nossa Companhia. Desde o planejamento estratégico que anunciamos em 2018, a BRF trabalhou com afinco na realização de uma série de ações, que envolvem qualidade, eficiência operacional, aperfeiçoamento da gestão comercial e disciplina financeira. O ano de 2020 será de consolidação para BRF e um ano em que vamos lançar as bases para o nosso crescimento futuro.
“A avicultura fecha o ano retomando seu crescimento e para 2020 a expectativa segue sendo de crescimento. Para 2020, as dificuldades continuam sendo as barreiras impostas aos produtos brasileiros, especialmente pela União Europeia. Estamos vendo uma mudança no mercado de carne de frangos com vários países aumentando sua produção e sua participação nas exportações, então precisamos ficar atentos e abrirmos mais mercados ou ampliarmos os que já temos. É interessante observar que o consumo de carne de frango está aumentando em diversos países, como é o caso do continente africano, o qual ainda não consegue suprir sua demanda. O mercado viu com bons olhos o anúncio do nome da Ministra Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias e a expectativa era de que um nome já conhecido no agronegócio conseguisse obter avanços para o setor, o que tem se visto até então. Seja pela mudança nos programas de autocontrole na indústria, na capacitação do quadro de fiscais agropecuários, sendo essa uma reinvindicação feita há anos pelo setor, a excelentíssima ministra vem promovendo avanços, inclusive para consolidar o mercado de frangos no mercado exterior. É claro que ainda há muito para ser realizado, mas os primeiros passos foram dados. Precisamos nos atentar para as mudanças nos hábitos de consumo de carnes que vem ocorrendo no mercado interno, o que pode se revelar uma oportunidade de mercado. Indulgencia e saudabilidade são as palavras do momento e precisamos entender que o consumidor espera versatilidade nos alimentos que estamos colocando no mercado. Podemos expandir o mercado saindo do óbvio”. A Revista do AviSite
25
O Ministério da Agricultura e a ministra Tereza Cristina têm sido defensores incansáveis do agronegócio brasileiro. Entendemos que esses esforços fazem parte da estratégia de crescimento da economia brasileira e como uma empresa do agronegócio que gera mais de 88.000 empregos diretos, sabemos que podemos contribuir para a retomada. Esperamos mais consistência para 2020. Estamos vivendo um momento de franca recuperação, com muito entusiasmo pelos desafios futuros. Estamos concentrados em ampliar nossos mercados, especialmente o doméstico, asiático e muçulmano, além de fortalecer nossas competências e perseverar na trajetória de desalavancagem da companhia.
Dione C. Francisco Médica Veterinária, Consultora Agroqualitá
Especial | 2019~2020 Marcelo Torretta Gerente Nacional de Aves Agroceres Multimix
“O ano de 2019 foi favorável para a avicultura brasileira. O primeiro semestre foi marcado pela regularidade com aumento no alojamento de matrizes e um leve aumento no alojamento de pintos de corte, limitado pela falta de oferta, visando o aumento de exportação. As exportações com preços médios elevados devem levar à superação dos custos de produção e aumento da margem de lucro das empresas do setor. O fechamento do segundo semestre aponta para um aumento nos custos de produção, devido ao volume de grãos exportados que está pressionando os preços de reposição no mercado interno. As exportações, que ganharam força no primeiro semestre, devem continuar em alta, impulsionadas principalmente pela demanda mundial devido aos impactos da peste suína africana na Ásia e Europa Oriental. A crescente demanda mundial por carne de frango causou um aumento no preço médio de exportação do produto brasileiro durante janeiro-julho de 2019 em quase 7%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Fontes do comércio indicam que os preços de exportação continuarão a aumentar no próximo ano devido à demanda chinesa. Uma das van-
26
A Revista do AviSite
tagens competitivas do Brasil, no mercado externo, é a sanidade dos planteis, principalmente frente aos recentes casos de Influenza Aviária confirmados no mundo. Por conta do elevado status de biosseguridade de nossas aves, as perspectivas para continuarmos abrindo novos mercados continuam favoráveis. Fatores como a “Operação Carne Fraca”, presença de salmonela na União Europeia, mudanças em relação ao abate Halal e imposição de tarifas antidumpings, foram amenizadas esse ano pela ocorrência da peste suína africana, que abriu novos mercados ao frango brasileiro. O aumento dos custos de produção, nesse último trimestre, ainda não é levado a sério pelo planejamento da grande maioria das empresas. Devemos levar em conta que o poder aquisitivo da população brasileira continua baixo e, com isso, não vemos a curto prazo aumento de consumo das carnes no mercado interno. Vamos “surfar na onda” da peste suína africana enquanto podemos, depois devemos nos preocuparmos com a ressaca que virá. No mercado interno, houve uma leve superação da crise econômica prolongada, que levou à estagnação no consumo, e, no mercado externo, a superação da Operação Carne Fraca que levou à queda no volume de exportações, com embargos de mercados importantes, contudo, o Brasil segue como líder mundial em exportação de carne de frango. Para 2020, as perspectivas são positivas. O mercado confia em uma recuperação, na intensificação do escoamento da carne aos mercados doméstico e externo. No Brasil, o consumo de proteínas, incluindo a de frango, deve ser incrementado pela melhora da conjuntura econômica, devido à aprovação das reformas da previdência e, futuramente, a tributária. A demanda pela proteína de frango deve, ainda, ser favorecida pelo fato dessa carne ser, tradicionalmente, mais barata que as principais substitutas. Temos expectativa que o bom fluxo obtido no segundo semestre de 2019 se mantenha em 2020. Em um balanço geral o governo Bolsonaro teve seus altos e baixos, contudo, temos uma ministra bem ativa para o nosso setor. Ela trabalha diretamente para abertura de mercados, na criação da Câmara Setorial de Carnes, na crise com os países árabes, alteração no processo de inspeção diária nos frigoríficos e no discurso de mudança do perfil de exportação de grãos para produtos de valor agregado nos países asiáticos. Estamos muito bem representados. O mercado espera mais foco para 2020. O setor deve ter foco em se manter como principal fornecedor mundial de proteína animal. Para isso, precisamos de uma produção equilibrada, com alojamentos ajustados ao crescimento projetado de 5% para 2020. O nosso status de biossegurança, construído ao longo de todos esses anos de produção, com muito esforço, hoje é invejado pelo mundo e nosso diferencial de produto. Devemos manter guarda alta quanto a isso e esperar que o governo faça seu papel, estimulando a economia no mercado interno e auxiliando nas negociações e abertura de novos mercados internacionais. Quantos aos custos de produção e mercado de grãos, não me arrisco a falar de 2020! Você se arrisca?”
Mário Lanznaster Presidente Cooperativa Central Aurora Alimentos “A avicultura encerra o ano de 2019 muito bem. O ano foi bom em três essenciais fatores: sanidade, mercado e insumos. Não tivemos nenhuma ocorrência de epizootias. O Brasil continua livre das doenças que estão atacando plantéis de importantes produtores mundiais. Devemos cada vez mais aperfeiçoar nossos sistemas de controle sanitário. Esse deve ser o eterno compromisso dos produtores, das indústrias e do Governo. O ano de 2020 também será bom. Devemos, entretanto, cuidar para que não haja um aumento exagerado da produção, pois isso pode – lá na frente – causar uma desorganização do mercado pelo excesso de oferta, como já ocorreu no passado. Ainda sofremos com os efeitos das operações Carne Fraca e Trapaça, que afetaram nossa imagem no exterior. Os problemas apontados pelas citadas operações eram muito localizados e mereciam um tratamento localizado. As cadeias produtivas da carne no Brasil – e em especial a avicultura industrial – são muito avançadas e seguras. Mas aquelas ações midiáticas geraram uma crise de imagem com imensos danos para o País. Superar a crise de imagem e manter mercados foram as principais preocupações, tendo a questão da sanidade como nossa prioridade permanente. Para 2020 a preocupação volta-se ao suprimento de grãos para a nutrição animal. Há indicações de que os preços do milho e da soja subirão em razão da maciça exportação que está ocorrendo. O Brasil deve exportar 40 milhões de toneladas e essa matéria-prima fará falta no mercado doméstico. É preciso incentivar a produção. É hora de acionarmos a Rota do Milho, que está em discussão e em estruturação há dois anos por iniciativa de vários organismos, como o Sebrae, a Fiesc, as agroindústrias e as Administrações Municipais da faixa de fronteira. Buscar o milho do Paraguai, atravessar a Argentina e chegar ao oeste catarinense é a meta. Esse percurso é 75% menor do que trazer o grão do centro-oeste brasileiro. Essa é uma alternativa viável, mas precisa ser implementada com rapidez. É preciso reconhecer que o ambiente de negócios vai melhorando no Brasil. O Ministério da Agricultura está fazendo um bom trabalho. A ministra Tereza Cristina conhece o agronegócio e está fazendo uma admirável defesa técnica e política do setor. Está visitando países que podem comprar nosso produto em uma ação mercadológica (e não ideológica) de grande sucesso. Acredito que o governo Bolsonaro de modo ge-
ral vai bem e, gradualmente, os processos avançam. A reforma da Previdência foi, finalmente, aprovada. A MP da Liberdade Econômica transformou-se em lei. Mais recentemente, o Governo Federal editou a MP do Agro (Medida Provisória 897/19) que amplia e complementa as condições estabelecidas no Plano Safra 2019/20, trazendo impacto direto no crédito para produtores rurais. Trata-se de um conjunto de medidas que proporciona competitividade entre instituições e pode colocar mais recursos à disposição do produtor. Em 2020, teremos novamente um ano bom por conta da China e de outros fatores. Acredito que avançaremos em novos mercados. Temos, apenas, que continuar priorizando a sanidade e administrar a questão dos insumos, não deixando ocorrer escassez aguda de milho como ocorreu no passado, que levou à débâcle muitas empresas”. A Revista do AviSite
27
Especial | 2019~2020 Paulo Martins Diretor Biocamp “Eu sou sempre muito otimista com a avicultura e Agro brasileiros. Não podemos nos esquecer que o Brasil e EUA detém a liderança na exportação de grãos e carnes e, portanto, a segurança alimentar. O grande desafio foi recuperar a imagem dos episódios envolvendo nossas exportações, principalmente para a Europa. Temos como principal desafio na nosso segmento, aumentar a exportação de produtos industrializados, que atualmente está em torno de 3%. Precisamos melhorar nossa imagem internacional, melhor comunicando as ações e conquistas de preservação do meio Ambiente. Só para ter uma ideia, os EUA utilizam mais que o dobro das terras para uso agropecuário (74,3 %), quando comparado ao Brasil, que é de 30,2 % (Fontes: Embrapa, IBGE, FUNAI, DNIT e outros). As reformas da Previdência, Fiscal e Tributária, que estão sendo propostas, são fundamentais para o Agro, pois delas depende o consumo, redução das taxas de juros e financiamentos gerais”.
Alberto Back Med. Vet., MSc, PhD MercoLab Laboratórios “Quanto ao desenvolvimento da avicultura de corte brasileira, 2019 foi mais um ano que passou sem grandes conquistas para comemorar e nem grandes tropeços para lamentar. Estamos estabilizados, já fomos maior, chegamos a consumir mais de 45 kg habitante ano (2011-2012), hoje ao redor de 41 kg. Por décadas a avicultura cresceu acima do PIB brasileiro, porém, com o fraco desempenho da economia nos últimos anos, estagnamos. Para 2020, espera-se crescimento de 2% no mínimo acompanhar o PIB. A negociação econômica China e Estados Unidos pode resultar em surpresas boas ou ruins, principalmente para exportação, temos que aguardar. O que temos para comemorar é sanidade de nossos plantéis, ela está entre as melhores do mundo, se não a melhor. Nunca tivemos surtos de Influenza aviária, por décadas não temos doença de Newcastle e somos referência para o mundo implementação de compartimentos. A qualidade sanitária dos nossos produtos tem sido nosso cartão de visitas para as exportações. A atual Ministra da Agricultura, Teresa Cristina, tem contribuído para manter o Brasil no topo. O nosso desafio é o controle de salmonela, como é para todos os países avícolas do mundo. Avanços foram feitos, entretanto, mais é necessário. Outros patógenos e temas que devem ocupar nossa atenção para 2020: Campilobacter, Listeria, resistência a antibióticos, bem-estar e ambiência”.
28
A Revista do AviSite
Leandro Pinto Presidente Grupo Mantiqueira “O ano de 2019 vem fechando bem melhor do que seu início, visto que tivemos o pior janeiro de todos os tempos. Sobre 2020, acredito que será um ano desafiador devido diversos fatores como o câmbio valorizado, os custos dos insumos da ração subindo, o alto alojamento, entre outros. Se continuarmos preocupados apenas com a produção e não com o aumento do consumo, será sem dúvidas um ano desafiador. A alta do milho foi um fator que não estava em nosso radar, porém que se tornou uma realidade com o aumento do câmbio e também das exportações em consequência do câmbio em 2019. Tivemos o aumento do consumo per capita de 190 ovos para 212, que sem dúvidas foi uma grande superação do setor, e acredito que esse permanecerá sendo o desafio para 2020, alcançarmos o número de 230 ovos per capita, e assim sucessivamente. Houve avanços significativos relativo ao Ministério da Agricultura. Temos hoje uma ministra atuante, sem foco em política mas na solução de problemas do Brasil. Inclusive nesse ano pude vivenciar um fato inédito, quando numa terça-feira às 19h40, consegui falar no Ministério de Agricultura, ser atendido e ter o problema resolvido. O mercado espera uma maior profissionalização do setor, envolvendo cuidados com os produtos, melhor qualidade, limpeza, sanidade e também o atendimento às demandas, que estão surgindo através da revolução nos hábitos de consumo, com foco na sustentabilidade e no bem- estar animal”.
José Eduardo dos Santos Diretor Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) “A avicultura fecha o ano recuperando boa parte da queda de exportações que tivemos no ano passado. Só aqui no RS, 25% de queda em volumes e receitas de exportação em 2018 e para 2019 devemos recuperar boa parte desta perda. A nível Brasil o setor avança no atendimento a diversos mercados e deverá recuperar parte das perdas de 2018 e com aumento de faturamento O setor ainda sofre as consequências dos embargos UE e das operações carne fraca. Por ser um primeiro ano de governo, ainda precisamos reestabelecer a credibilidade do país, tanto na política quanto na economia para que possamos recuperar e abrir efetivamente novos mercados. As mudanças de leis e regulamentações que regem boa parte das atividades tem trazido muitas dúvidas e impactos no processo produtivo. Acredito que a conscientização do setor quanto às adequações e às medidas de biosseguridade e o fortalecimento das atividades de prevenção foram muito positivas em 2019. Avançamos muito nesta área, mas a atenção precisa ser permanente. Para 2020 precisamos estar atentos ao comportamento do mercado mundial, principalmente a China que impacta muito quando redefine suas políticas e aquisições. A sanidade continuará sendo ponto de máxima atenção, devido enfermidades que se alastram no setor de suínos no exterior, fator que requer atenção de nossas medidas de prevenção e a própria Influenza Aviária que circula em alguns países. Foram alguns anos de estagnação e muita distorção política e econômica que afetaram a competitividade interna e a credibilidade do país como um todo no exterior.
Acredito que alguma lição deva ser tirada deste histórico político e econômico do País. Os setores do agronegócio como avicultura e suinocultura, precisam adotar novas plataformas de planejamento envolvendo governos e os políticos, no sentido de implantar ações de planejamento a curto, médio e longo prazo que definam ou redefinam medidas, regramentos, leis e outras interferências governamentais que possam dar o mínimo de estabilidade para nossos setores". A Revista do AviSite
29
Especial | 2019~2020 Ricardo Santin Vice-Presidente e Diretor de Mercados Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
“A expectativa da ABPA, em relação à carne de frango, é fechar o ano com aumento de 1% na produção, passando de 12,8 milhões de toneladas, em 2018, para 13,1 milhões de toneladas, em 2019. As projeções para exportações estão sendo revisadas. Em relação à produção de ovos, a perspectiva é de avanço, devendo apresentar elevação da produção em até 10% neste ano. Em 2018, 44,4 bilhões de unidades foram produzidas. Para 2019, a projeção é concluir o ano com 49 bilhões de unidades. As exportações devem alcançar 12 mil toneladas – 3% acima do desempenho do ano passado. O ano de 2019 foi favorável ao setor produtivo, mas não faltaram obstáculos. A oscilação cambial segue como um fator que atrapalha o planejamento setorial. Há, ainda, questões que geram insegurança jurídica, como as indefinições em torno do tabelamento do frete rodoviário – embora importantes avanços foram dados
30 A Revista do AviSite
neste ano, como a consolidação da tabela de frete dedicado, específico ao nosso setor produtivo. O milho e a soja não estiveram em seu melhor momento. A guerra comercial entre China e EUA geraram aumentos na demanda internacional pelos grãos brasileiros. O quadro de aumento de preços, entretanto, esteve longe do que vimos em 2016 e em 2018, quando as cotações atingiram valores extraordinariamente altos. O protecionismo manteve seu vigor neste ano. Apesar da consolidação do Acordo Mercosul-União Europeia, nações produtoras da Europa, como é o caso da França, ascenderam o alerta e iniciaram as ofensivas para travar o acordo. Outros importantes importadores, como a África do Sul, também entraram em debates intensos para a instalação de tarifas protetórias. Lá, como na Europa, seguimos investindo nos devidos esclarecimentos, demonstrando a idoneidade do sistema produtivo brasileiro, a qualidade de nossos produtos e o valor de nosso status sanitário. Ao longo dos últimos anos, o Brasil vem intensificando seu foco na imagem setorial. Diversos trabalhos vêm sendo realizados pela ABPA em parceria com a Apex-Brasil em uma campanha de imagem. Foram feitas ações em feiras e outras iniciativas junto aos stakeholders e ao público consumidor. Durante o SIAVS 2019, por exemplo, cerca de 30 jornalistas de 15 mercados-alvo para as exportações de aves, ovos, material genético e suínos do Brasil participaram de coletivas de imprensa e palestras especialmente direcionadas para a ação. Pelo projeto, buscamos promover a interação entre jornalistas e produtores, empresários e demais membros da cadeia produtiva, com total transparência. Diante do sucesso que obtivemos, tanto durante o evento, quanto nos resultados pós-feira, vimos que estamos no caminho certo. Em 2021, seguiremos firmes em nossos trabalhos de imagem e em nossa missão de alimentar o mundo. O Ministério da Agricultura tem sido um importante parceiro para os produtores e também, para todos os elos da cadeia produtiva. Avançamos em pontos primordiais, como os debates acerca da desburocratização, da autorregulação, do fortalecimento das defesas sanitárias, de avanços em negociações para expansão das exportações, para a retomada da habilitação de plantas, entre diversos outros. Exemplo disto é a habilitação de nove frigoríficos de aves e de suínos para a Coréia do sul. Com estas unidades, o Brasil detém hoje 35 estabelecimentos de aves e de suínos exportando para a Coréia do Sul. Na China, contamos agora com 46 plantas exportadoras de carne de frango – antes, eram 37 unidades habilitadas. Isto é resultado direto do trabalho do MAPA e da Ministra Tereza Cristina. Foram diversas as missões lideradas por ela, em vários mercados importantes para o Brasil, como China, Japão, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e outros”.
CONHEÇA NOSSA LINHA DE PROBIÓTICOS MULTICEPAS PARA AVES GVF-MIX RF
GVF-PELLETS
GVF-BAC RP
GVF-AQUA
PROBIÓTICO
MINI PELLET PROBIÓTICO
PROBIÓTICO
PROBIÓTICO SOLÚVEL
Promovem a saúde intestinal
Reduzem tratamentos com antimicrobianos
Dificultam a proliferação de bactérias patogênicas
Podem ser fornecidos em todas as fases de criação, sem período mínimo de carência
Ajudam a manter o sistema imunológico saudável
Melhoram o desempenho zootécnico
PROCURE NOSSA EQUIPE TÉCNICA REPRESENTADO E DISTRIBUÍDO POR
Cinergis Agronegócios
+55 19 3311.1500 www.ghenvet.com.br A Revista do AviSite
31
Especial Nutrição AB VISTA
AB Vista e suas estratégias para o novo ano Para o próximo ano, a ABVista está com grandes investimentos programados, envolvendo em especial o lançamento de estratégias na aplicação de conceitos de nutriologia Alexandre Barbosa de Brito, PhD. - Gerente Técnico LAM – AB Vista
E
stamos vivendo um momento de transição entre gerações de consumidores. Temas como banimento de promotores de crescimento, bem estar animal, vegetarianismos/veganismo, millenials/centennials, aspectos envolvendo saúde animal são temas que afetaram positiva ou negativamente nosso setor este ano e com tendência de aprofundar nos anos seguintes. O ano de 2019 nos demonstrou que os nutricionistas possuem um papel cada vez mais relevante nas escolhas de estratégias de uma empresa; Estratégias estas com impacto direto na modulação de microbioma dos animais. Este fato, até pouco tempo, estava fortemente nas mãos do sanitarista, porém, com as restrições no uso de antibióticos, foi inevitável que o nutricionista incrementasse seu ramo de atividades para um foco cada vez mais associado a conceitos de Nutriologia. Nutriologia se caracteriza por uma especialidade que estuda, pesquisa e avalia os benefícios e malefícios causados pela ingestão dos ingredientes/nutrientes. Este ramo da ciência nutricional, exige um profissional que aplique o conhecimento da nutrição para a avaliação de todas as necessidades orgânicas dos animais, visando não só o de-
32
A Revista do AviSite
sempenho produtivo, mas também a manutenção da saúde e redução de risco de doenças. Para o próximo ano, a ABVista está com grandes investimentos programados, envolvendo em especial o lançamento de estratégias que ajudarão nossos clientes na aplicação de conceitos de nutriologia. Para isso, desenvolvemos uma séria de análises rápidas (via NIR) para ajudar na identificação de fatores antinutricionais importantes na dieta dos animais, servindo como apoio aos nutricionistas na tomada de decisões elucidando as melhores estratégias a serem abordadas. De igual maneira estamos trazendo para o mercado latino americano o nosso novo produto: SIGNIS, que dará grande reforço na estratégia de modulação do microbioma animal. SIGNIS é uma ferramenta dual de ativação do microbioma, que possui uma estratégia inovadora para nutrição de monogástricos, pois treina uma população bacteriana especifica a utilizar melhor a fração de fibra dietética (FD) presente nas dietas a base de milho e soja. Este conteúdo de FD pode chegar a representar 10 a 18% do conteúdo tradicional das dietas que utilizamos para aves e suínos (terceiro maior conteúdo nas dietas animais, atrás apenas do volumes
de amido e de proteína). Sendo assim, aproveitar melhor este volume é uma estratégia que melhora o custo dos animais produzidos, reduz conversão alimentar, modula um microbioma de forma mais saudável e gera uma estratégia mais afinada com o interesse destas novas gerações. Steve Jobs disse certa vez que: “se você deseja saber como será o mercado de sua empresa em 10 ou 15 anos, nunca olhe para como são os hábitos de consumo de hoje; e sim observe como são as bordas deste mercado”. A forma como se trabalha em nutrição animal hoje e em especial qual é a exigência do mercado de consumo atual, possui importância para 2020; porém existe grande probabilidade de ser diferente em 2030! Olhando para estas bordas de hoje, os novos consumidores exigem marcas que se orgulhem em recomendar a um amigo ou familiar. Querem produtos de alta qualidade, em especial aqueles que os façam parecer “bons consumidores”, preocupados com o futuro do planeta, entre outros aspectos. Transformar as marcas do setor avícola em algo cada vez mais sustentável, será realmente nosso compromisso para as futuras gerações de trabalhadores desta cadeia.
“Treinando” o microbioma animal para o aproveitamento da fibra: uma nova perspectiva do modo de ação das enzimas degradantes de fibra
Enzimas degradadoras de fibra (PNAases) têm sido usadas comercialmente por mais de 30 anos. Historicamente, o foco principal sobre as PNAases estava em diminuir os efeitos anti-nutricionais da fibra, mas este vem mudando para os subprodutos da quebra da fibra.
“Nós sabemos que determinados produtos oriundos da quebra de PNA são benéficos e atuam na adaptação da microbiota intestinal, o que pode aumentar o aproveitamento da fibra e o desempenho”. Dr Gemma Gonzalez Ortiz, Gerente de Pesquisas, AB Vista
Quando as enzimas degradam a porção PNA, oligossacarídeos de cadeia curta são produzidos; estes são fermentados por bactérias no intestino, aumentando a produção de ácidos graxos de cadeia curta. Este efeito tem sido chamado de efeito prebiótico, e é considerado como um dos mecanismos de ação das PNAases, que pode ser muito
do que simplesmente melhorar a digestibilidade de fibra e a fermentação de oligossacarídeos produzidos. Quando suplementada via dieta por um longo período, a xilanase tem mostrado aumentar, efetivamente, a capacidade das bactérias do ceco em digerir fibra. Isto sugere que as xilanases causam um efeito de “treinamento” no microbioma cecal, resultando em mudanças adaptativas ao longo do tempo que aumenta a capacidade de degradar fibra (Figura 1). Isto significa que as PNAases estão fazendo muito mais do que se sabia – elas contribuem para o desenvolvimento de uma microbiota mais benéfica e, com isso, melhoram a eficiência na absorção de nutrientes da dieta pelo animal hospedeiro.
Figura 1. Amostras de conteúdo cecal de aves alimentadas com dietas contendo ou não xilanase (Econase XT) foram usadas como inóculo em ensaio de fermentação para monitorar a produção de ácidos graxos voláteis (AGV). O inóculo cecal de aves pré-expostas à xilanase aumentou a produção de butirato em comparação com as aves do grupo controle. 19 17 15
Butirato mM
A busca crescente sobre como as carboidrases agem está abrindo uma nova perspectiva do seu papel nas estratégias nutricionais para melhorar o desempenho.
13 11 9 7 5 Controle Conteúdo cecal aves do controle
C+PNA de trigo Conteúdo cecal – aves com xilanase
“Precisamos olhar para as PNAases como ferramentas para acelerar a habilidade do microbioma intestinal em degradar fibra. Em vez de degradar quantitativamente a fibra da parede celular vegetal, estas enzimas estão, efetivamente, aumentando a capacidade intrínseca do animal em digerir fibras, o que tem implicações significativas na seleção de classes de enzimas PNAases e de dosagens”. Dr Mike Bedford, Diretor de Pesquisas, AB Vista
Para saber mais sobre a pesquisa citada neste artigo e outras pesquisas relacionadas, visite www.abvista.com ou entre em contato com o representante local da AB Vista.
A Revista do AviSite
33
Especial Nutrição ADISSEO
Foco em inovações para o cliente nutre expectativas otimistas sobre 2020 As expectativas da Adisseo para 2020 são melhores Por Roger Solitão, Diretor da Adisseo América do Sul
I
Por mais que o Brasil siga “patinando”, houve o encaminhamento de algumas medidas e reformas que devem proporcionar resultados positivos na economia 34 A Revista do AviSite
novar, inovar e inovar. Inovação com foco no cliente é fundamental. Aliás, foi o fator primordial para atravessarmos 2019, um ano complicado, com pouco ou nenhum crescimento econômico não só no Brasil mas em toda a América do Sul. E continuará sendo nosso norte para alcançar as expectativas otimistas que nutrimos sobre 2020 aqui na Adisseo. Saliento isso embasado no fato de que o mercado é muito mais dinâmico hoje. As necessidades dos clientes alternam-se muito mais rapidamente do que no passado, em função também das oscilações econômicas, como vou discutir no decorrer deste artigo. Em retrospectiva, entre as maiores dificuldades do setor de nutrição para avicultura em 2019, o bloqueio das exportações de carnes para a Europa impactou bastante o resultado da produção avícola brasileira. Além disso, a nossa economia não cresceu de forma a trazer o aquecimento esperado, em relação ao almejado aumento do consumo
da população. De fato, trata-se de um dilema comum na América do Sul. Vide a situação da Argentina, nosso vizinho e outro importante player avícola: após inúmeras incertezas políticas/econômicas acabou por confirmar-se recentemente nas eleições o retorno de um governo peronista. Nesse cenário, pode-se dizer que a indústria avícola não cresceu na região sul americana. No entanto, as expectativas da Adisseo para 2020 são melhores. Avalio que, por mais que o Brasil siga “patinando”, houve o encaminhamento de algumas medidas e reformas que devem proporcionar resultados positivos na economia. Assim, o maior país da América do Sul muito provavelmente compensará as dificuldades vistas em outros países, como a Argentina, por exemplo. Paralelamente, ainda podemos destacar que estamos próximos de encontrar uma solução para reabrir o mercado europeu para exportação. E, embora continue sendo um cenário adverso para China, a permanência da peste suína africa-
A empresa também segue concentrada em proporcionar formas de garantir a incorporação e uso de suas soluções de maneira correta tanto na ração quanto na entrega desses aditivos aos animais
na naquele país continuará proporcionando oportunidades para o mercado de carne suína e de aves brasileiro. Outro fator que nos torna otimistas com 2020 é que passaremos a explorar plenamente a integração com a Nutriad, quer seja em termos de portfólio como também de estrutura. Tocante a isso, saliento que a Adisseo América do Sul acredita muito no desenvolvimento de novos produtos. A empresa também segue concentrada em proporcionar formas de garantir a incorporação e uso de suas soluções de maneira correta tanto na ração quanto na entrega desses aditivos aos animais. Nesse sentido, estamos investindo na contratação de profissionais dedicados aos equipamentos de dosagem, visando acompanhar os clientes mais de perto e garantir a mais precisa nutrição para eles.
Estamos ansiosos ainda por acrescentar mais um lançamento ao nosso portfólio: Rovabio Advance Phy. Este produto foi lançado em 2019 em alguns países da América do Sul. Em 2020, esperamos lançá-lo em outros mercados, incluindo o Brasil. Trata-se de mais uma inovação com foco no cliente que, como comentei, é fundamental para responder ao maior dinamismo do mercado. Desse modo, assim como os nossos clientes têm que se adaptar mais rapidamente às novas demandas, hábitos de consumo – ou seja, trabalhando de maneira diferente, por exemplo, sendo drug free ou produzindo proteína animal cada vez mais sustentável –, nós temos que proporcionar cada vez mais soluções que irão auxiliá-los a atender as necessidades dos consumidores finais de alimentos. Isso só é possível por meio da inovação, foco da Adisseo em todos os países onde atua.
A Revista do AviSite
35
Especial Nutrição KEMIN
Nutrição é chave para principais desafios da produção animal Produzir cada vez mais, de forma mais rápida, com o mesmo espaço e atenção a fatores como bem-estar, sustentabilidade e uso restrito de antimicrobianos vai exigir inovação tecnológica para garantir um alimento economicamente viável e rentabilidade para o produtor Marcos Teo, Médico veterinário e diretor comercial para a América do Sul da Kemin
E
stamos viveProduzir cada vez mais, de maneira cada vez mais rápida, com a mesma área de produção e custos competitivos sem se esquecer de fatores como bem-estar animal, sustentabilidade e uso cada vez mais restrito de antimicrobianos promotores de crescimento. Este é um dos desafios mais importantes da avicultura mundial. Ele nos acompanhou ao longo deste ano de 2019 e deve nos acompanhar ainda pelos próximos 30 anos. De acordo com a FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, o grande desafio mundial é atender a crescente demanda por alimentos, que vai exigir da cadeia produtiva um salto de 60 a 70% na produção de proteína de origem animal com a mesma área de produção. A resposta virá de inovações tecnológicas no campo. Neste cenário, o conceito de nutrição de precisão ganha força, já que a alimentação dos animais representa cerca de 70% de todos os custos de produção. Atentos a esta tendência, nós,
36
A Revista do AviSite
da Kemin, trabalhamos no desenvolvimento de soluções inovadoras que assegurem a rentabilidade do produtor alinhadas a plataformas confiáveis e prestação de serviços técnicos, laboratoriais e de aplicação. Ampliação e modernização da nossa capacidade de produção e atendimento ao setor estão em nosso foco de trabalho com o objetivo de atender este crescimento e as exigências do setor produtivo.
Expectativas para 2020 Apesar de perspectivas de uma crise econômica nos Estados Unidos no próximo ano com impacto em todo o planeta, estamos otimistas. Medidas importantes vem sendo tomadas no Brasil, como a aprovação da reforma da previdência, além de reformas administrativas e tributária. Notícias de recuperação do nível de emprego e taxas de juros mais baixas também são positivas. A guerra comercial travada entre Estados Unidos e China podem desafiar a economia global, mas
também trazer oportunidades de negócios para o Brasil. Todos estes fatores nos levam a acreditar em um quadro favorável, mas nenhuma destas notícias se compara ao aumento substancial da demanda por proteína animal gerada pela China neste ano. O país busca preencher o espaço deixado pela Peste Suína Africana (PSA), que vem dizimando seu plantel de suínos. Dessa maneira, vem ampliando de forma importante não apenas suas importações de carnes do Brasil, como também a habilitação de novas plantas para exportação. Este movimento já é sentido setorialmente através do aumento das exportações e dos preços das carnes, especialmente da suína e bovina. Da parte da Kemin, a cadeia produtiva pode esperar por notícias de investimentos para ampliar e melhorar nossa capacidade de produção e de atendimento técnico no campo, com uma equipe altamente qualificada e soluções inovadoras para os mais importantes desafios da produção animal.
A Revista do AviSite
37
Ciência e Pesquisa
Fisiopatogenia da inflamação intestinal A inflamação intestinal tem recebido grande atenção na avicultura, especialmente no contexto da retirada dos promotores de crescimento. Muito se avançou no conhecimento dos mecanismos de inflamação no sistema digestório justamente por causa da “revolução” antibiotic free. Neste artigo, segue-se uma breve discussão sobre alguns desses aspectos que vêm sendo descobertos Autores: Breno Castello Branco Beirão e Luiz Felipe Caron.Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR.
A
inflamação no intestino aviário (e nas mucosas de modo geral) recebe mais atenção do que a inflamação em outros sítios do organismo. Isso deve-se a dois fatores principais: 1) em nenhum outro tecido ou órgão há tantas células imunes; o “tamanho” da inflamação é, portanto, proporcional à escala da população leucocítica. 2) o sistema imune nas mucosas está em constante contato com antígenos externos, diferentemente das células imunes em outros pontos. As mucosas são praticamente uma extensão do ambiente externo. No caso do intestino, há entrada constante de ingesta. No intestino, as células imunes têm contato direto e indireto (mediado por outras células) com tudo que a ave ingere. Novamente, ao contrário do que ocorre em outros sítios corporais, as células imunes intestinais não podem reagir ao contato constante com esses novos antígenos – é fácil entender que a resposta imune contra proteínas dietéticas seria desastrosa para o hospedeiro. Assim, o sistema imune intestinal tem uma característica supressora; é necessário impedir o desenvolvimento de inflamação contra a maioria dos compostos que adentram a ave por via oral. Essa supressão reduz as respostas
38
A Revista do AviSite
pró-inflamatórias de todas as células imunes presentes na parede intestinal, estejam elas dispersas pela lâmina própria intestinal, entremeando os enterócitos ou organizadas em tecidos linfoides, como placas de Peyer e tonsilas cecais. A condição imunossupressora intestinal é realizada por células imunes especializadas, as células dendríticas. Esses leucócitos são importantes em todo o organismo na ativação das respostas imunes adaptativas, de longa duração. Essas células fagocitam antígenos e os apresentam aos linfócitos T. Nas mucosas – e apenas ali - , as células dendríticas são ativadas de tal modo que o contato com um antígeno induz a proliferação de linfócitos ditos “supressores”, que regulam a inflamação, ao invés de estimulá-la, como ocorre normalmente quando a imunidade é ativada no subcutâneo ou no baço, por exemplo.
Causas da inflamação intestinal A resposta imune intestinal está constantemente suprimida para evitar danos teciduais. Contudo, é evidente que em determinados momentos é necessário que o hospedeiro reaja às agressões de patógenos. Assim, as células imunes intestinais precisam “discernir” entre o que é potencial-
mente danoso e entre peptídeos oriundos da dieta. Para sobrepor a tendência imune no intestino de conter a inflamação, um imunógeno precisa possuir certas características. Há vários fatores de virulência que são capazes de induzir uma forte resposta imune intestinal. Dentre eles, pode-se citar LPS, peptideoglicanos e seus fragmentos, toxinas, entre outros. No caso de substâncias da parede celular bacteriana, por exemplo, há receptores na superfície das células imunes capazes de identificar os microrganismos via contato direto com leucócitos (Figura 1). Visto que praticamente todas as bactérias possuem LPS ou grandes quantidades de peptideoglicanos, isso significa que todas possuem a capacidade de induzir respostas imunes no intestino. De fato, mesmo a microbiota comensal – dita “saudável” – induz algum grau de resposta inflamatória local. A diferença da “microbiota” para as bactérias “anormais”, patogênicas, é que estas últimas vão além nos mecanismos lesivos ao intestino. Pegue-se as salmonelas paratíficas como exemplo. Essas bactérias não são especialmente patogênicas às aves, mas, mesmo assim, não sendo membros “normais” da microbiota, são capazes de induzir inflamação maior do que
parede celular bacteriana, por exemplo, há receptores na superfície das células imunes capazes de identificar os microrganismos via contato direto com leucócitos (Figura 1).
Figura 1 – As células imunes intestinais têm contato direto com os microrganismos na luz do órgão. As bactérias estão ilustradas em amarelo, os macrófagos intestinais em verde. Os componentes não estão em escala. Arte modificada a partir de ilustrações em licença Creative Commons por BallenaBlanca.
Figura 1 –As células imunes intestinais têm contato diretopode com os microrganismos na luz outras bactérias comensais. Essas saloxidativa também causar dano do órgão. As bactérias estão ilustradas em amarelo, os macrófagos intestinais em verde. monelas o fazem ao bloquear algumas ao próprio tecido intestinal. componentes não estãosupressiem escala. Arte modificada a partir de ilustrações em licença dasOsvias imunes intestinais Creative Commons BallenaBlanca. vas, um “bloqueio do por bloqueio”. OuFisiopatogenia da tros agentes patogênicos, como as miinflamação intestinal Visto que praticamente todas as bactérias possuem LPS ou grandes quantidades cotoxinas, induzem inflamação de Os mediadores inflamatórios, code peptideoglicanos, isso significa que todas possuem a capacidade de induzir respostas mo a citocina interferon gama (IFNγ), maneira indireta, provocando lesão imunes no intestino. De fato, mesmo a microbiota comensal – dita “saudável” – induz induzem uma cascata de eventos para in- as bactérias nasalgum células epiteliais, ou alterando a local. grau de resposta inflamatória A diferença da “microbiota” testinais. Essa citocina modifica a se- lesivos ao composição da microbiota. “anormais”, patogênicas, é que estas últimas vão além nos mecanismos creção de muco pelas células caliciforNas situações de ativação imune intestino. Pegue-se as salmonelas paratíficas como exemplo. Essas bactérias não são mes, por exemplo. mesmo modo,“normais” da intestinal, segue-se uma resposta leu- mas, especialmente patogênicas às aves, mesmo assim, nãoDo sendo membros cocitária esperada: há rápida infiltraalgumas micotoxinas podem elevar a comensais. microbiota, são capazes de induzir inflamação maior do que outras bactérias çãoEssas de células imunes, com produção quantidade dessas células no intestisalmonelas o fazem ao bloquear algumas das vias imunes intestinais supressivas, no. A modificação muco caude um fatores inflamatórios. O infiltrado “bloqueio do bloqueio”. Outros agentes patogênicos,no como as pode micotoxinas, induzem sar diarreia e levar a modificações celular é composto de diversas células, inflamação de maneira indireta, provocando lesão nas células epiteliais, ou alterando a mais duradouras na barreira intestie écomposição mais danoso ao tecido quanto da microbiota. nal. O muco mantém uma população mais respostas celulares houver. As bacteriana estável no intestino. São respostas de anticorpos – que são primordialmente do subtipo IgA, no inpoucas as bactérias capazes de adentestino – são menos danosas ao tecido trar nas camadas mais espessas do do que as respostas de macrófagos e muco e ainda mais restritas são as bactérias capazes de sobreviver nesse amlinfócitos T CD8 (citotóxicos). A importância do IgA será discutida mais a biente. Bactérias mucolíticas, como fundo abaixo. Ruminococcus torques, lentamente As respostas celulares (que são degradam o muco e alimentam outras simplificadamente agrupadas no subbactérias da microbiota, mantendo tipo chamado “Th1”) induzem meuma população bacteriana regular no diadores que levam à oxidação no teintestino. A alteração do muco durancido. Isso é benéfico ao hospedeiro na te a inflamação faz perder essas populações bacterianas (Figura 2). medida em que a oxidação mata alguns patógenos; contudo, a resposta Há outra consequência importanA Revista do AviSite
39
Ciência e Pesquisa
Figuracamadas 2 – As diferentes camadas de muco retêm intestinal retêm uma 2 – As diferentes de muco intestinal uma população bacteriana população bacteriana estável. Durante a inflamação, citocinas como l. Durante a inflamação, citocinas como interferon gama modificam a secreção de interferon gama modificam a secreção de muco, alterando a microbiota. Ademais, o muco retarda a excreção de aIgA, outro fator alterando a microbiota. Ademais, o muco retarda excreção de IgA, outro fator manter a saúde intestinal l para manter acrucial saúdepara intestinal.
te de se alterar o muco intestinal: as trário das IgG, a IgA permanece próxiParênteses – IgA – o ponto central na resposta inflamatória intestinal
ma às células epiteliais intestinais, células caliciformes são importantes sendo retida A perda da mediadores da imunidade. Isso porAs imunoglobulinas A (IgA) conectam os vários pontospelo da muco. resposta inflamatória que essas células são capazes de transestrutura do muco induzida pela innal. Como descrito acima, a alteração no muco interfere na quantidade de IgA portar antígenos da luz intestinal para flamação leva à perda dessas imunonal. Essasa imunoglobulinas são diméricas, compostas de duas cadeias similares, globulinas, portanto. parede tecidual. Esse processo traz se fossem duas IgG conectadas entre si. A conexão entre as crucial IgA contém Considera-se a IgA no pro- uma moléculas que estão transitando no ura denominada de “cadeia secretória”. Esse componente da IgA mantém a cesso inflamatório intestinal visto que intestino para o contato com os leucóula presa citos ao muco na luzEsse intestinal. contrário das a IgA inibem permanece intestinais. processo éAssim, cons- ao classicamente essesIgG, anticorpos tante, mas a perda da camada de mua indução da inflamação. ade- do ma às células epiteliais intestinais, sendo retida pelo muco. A perda As da IgA estrutura co altera a taxa com que isso ocorre, rem-se aos patógenos antes de eles induzida pela inflamação leva à perda dessas imunoglobulinas, portanto. poderem entrar em contato com as céluativando mais leucócitos do que é imunes na parede intestinal. visto Desse que normal.a IgA crucial no processolas inflamatório Considera-se intestinal modo, as imunoglobulinas impedem camente esses anticorpos inibem a indução da inflamação. As IgA aderem-se aos – IgA – o em contato a ativação imune e, portanto, inflaenos antesParênteses de eles poderem entrar com as células imunesa na parede ponto central na mação intestinal. A importância de nal. Desseresposta modo, as inflamatória imunoglobulinas impedem a ativação imune e, portanto, a IgA intestinal vai além. Essas imunoação intestinal. A importância de IgA intestinal vai Essasdeimunoglobulinas intestinal globulinasalém. aderem-se maneira não m-se de maneira não específica a bactérias não-patogênicas, retendo-as aderidas ao As imunoglobulinas A (IgA) coespecífica a bactérias não-patogêniAssim, anectam comunidade é estabilizada pela conexão com IgA eAs-com a os váriosbacteriana pontos da resposta cas, retendo-as aderidas ao muco. sim,de a parte comunidade bacteriana estaComo descrio ao muco.inflamatória A perda daintestinal. IgA induz, assim, a perda considerável da épopulação to acima, a alteração no muco interfebilizada pela conexão com IgA e com iana intestinal. re na quantidade de IgA intestinal. a adesão ao muco. A perda da IgA inassim, a perda dede parte conside- Seu diméricas, Por sua Essas vez, imunoglobulinas a microbiota é são vista como umduz, fator de exclusão patógenos. rável da população bacteriana intesticompostas de duas cadeias similares, vai além da exclusão competitiva, mecanismo pelo qual as bactérias “benéficas” nal. como se fossem duas IgG conectadas mente competem e excluem as patogênicas. A microbiota pode atuar também de Por sua vez, a microbiota é vista entre si. A conexão entre as IgA conra indiretatém na defesa do hospedeiro. Bactériascomo produtoras de butirato, muito comuns uma estrutura denominada de um fator de exclusão de patógecrobiota saudável, induzem os enterócitos a utilizarem a viavaidealém beta-oxidação nos. Seu papel da exclusão para “cadeia secretória”. Esse componente ção energética. Na ausência dessepresa ácido as células intestinais realizam competitiva, mecanismo pelo qual as da IgA mantém a molécula ao graxo, se para sua manutenção. EmAssim, relação à inflamação, diferença se dá em que o bactérias a“benéficas” diretamente muco na luz intestinal. ao con-
40 A Revista do AviSite
rico em oxigênio, o que muda o perfil bacteriano local, levando a um ciclo vicioso de inflamação intestinal.
Consequência final da inflamação intestinal A consequência final da inflamação no intestino é a perda da funcionalidade desse tecido. Ao contrário das espessas barreiras físicas da pele, por exemplo, o meio “externo” é separado do organismo do hospedeiro Figura 3 – A consequência finalFigura da inflamação intestinal 3 – A consequência final daé a perda da integridade da por apenas uma fina camada epiteinflamação intestinal é a perda da inte-via paracelular, por entre barreira epitelial. Há passagem de moléculas e patógenos pela lial, composta de enterócitos. Assim, gridade da barreira epitelial. Há passaas células epiteliais. A inflamação torna-se, assim, generalizada. na presença de fortes respostas inflagem de moléculas e patógenos pela via paracelular, por entre as células epitematórias há lesão das células epiteliais. A inflamação torna-se, assim, liais e perda da integridade dessa sengeneralizada sível barreira. Portanto, a característica de um competem e excluem as patogênicas. intestino inflamado é o aumento da A microbiota pode atuar também de permeabilidade a moléculas que esmaneira indireta na defesa do hospetão na luz intestinal. Normalmente, a deiro. Bactérias produtoras de butirabarreira epitelial exclui grandes moto, muito comuns na microbiota sauléculas, impedindo sua absorção. Dudável, induzem os enterócitos a utilirante a lesão inflamatória, a junção zarem a via de beta-oxidação para entre células epiteliais adjacentes é produção energética. Na ausência desperdida, e há passagem de moléculas se ácido graxo, as células intestinais pela via paracelular (por entre duas realizam glicólise para sua manutencélulas) (Figura 3). Desse modo, moção. Em relação à inflamação, a difeléculas como LPS e mesmo bactérias rença se dá em que o processo de gliinteiras podem ser levadas até os vacólise permite que muito mais oxigêsos sanguíneos. A inflamação que se nio vá até a luz intestinal. A beta-oxiiniciou no intestino passa a ocorrer dação nos enterócitos consome o oxiem todo o organismo, levando a ségênio, impedindo sua chegada à luz. rias perdas na saúde e produtividade A luz das porções finais do intestidos animais. no é anaeróbica. As bactérias aeróbias É importante observar que esse consomem o oxigênio presente e são processo inflamatório intestinal posteriormente excluídas pela falta ocorre com grande frequência na dele. Assim, a microbiota madura é produção avícola. Situações como escomposta de bactérias anaeróbicas tresse, micotoxinas, sobrecarga enerobrigatórias ou facultativas. Na augética – ou desbalanço nutricional –, sência de bactérias produtoras de bue cargas bacterianas elevadas são altirato – quando há perda do muco, de guns dos fatores que levam à inflaIgA, etc – há aumento da passagem mação; todas esses são exemplos relade oxigênio para a luz intestinal. Isso tivamente comuns na criação comerestimula o crescimento de bactérias cial. Assim, a busca por mecanismos aeróbias facultativas, como as Enterode controle do processo inflamatório bacteriaceae. Dentre estas, estão a E. é importante. Os promotores de crescoli e a Salmonella enterica. O próprio cimento atuam exatamente nas vias processo inflamatório piora o quadescritas aqui. Com a demanda por dro, visto que há aumento dos vasos sua retirada, outras ferramentas se fasanguíneos, uma característica cozem necessárias, e é importante comum da inflamação, e secreção de nhecer as vias que se buscam contromoléculas de oxigênio pelas células lar para que se possam escolher os imunes. Assim o conteúdo intestinal, melhores produtos e práticas para normalmente anaeróbico, passa a ser controlar a inflamação intestinal. A Revista do AviSite
41
CiĂŞncia e Pesquisa
Podem os glicosaminoglicanos contribuirem com a redução dos problemas locomotores em frangos de corte?
42
A Revista do AviSite
Esta é a primeira vez em que os sulfatos de condroitina e de glucosamina são avaliados quanto aos problemas locomotores de frangos de corte, e de acordo com os resultados existem evidências de que os GAGs podem reduzir de forma significativa tais problemas Autores: Sarah Sgavioli1*, Julyana Machado da Silva Martins2, Elaine Talita Santos3, Alessandra Maria Paiva da Silva1 1 Universidade Brasil. Descalvado – SP. 2 Universidade Federal de Goiás. Goiânia – GO. 3 Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal – SP. *Autor correspondente: sarahsgavioli@yahoo.com.br
A
inflam Devido ao acelerado crescimento corporal, frangos de corte apresentam distúrbios em sua estrutura óssea, com maior ocorrência de deformidades angulares, discondroplasia tibial, raquitismo, osteocondrose e necrose femoral. As deformidades e fraturas ósseas são problemas graves na criação das aves e nos abatedouros, pois resultam em queda no rendimento devido às dificuldades de acessar água e ração e em descarte de cortes. As enfermidades de locomoção, denominadas comumente como deformidades ou problemas de locomoção, podem ocorrer devido à alterações na placa de crescimento ósseo e cartilaginoso, nos casos de raquitismo, discondroplasia tibial, condrodistrofia e degeneração femoral; alterações congênitas nos casos de espondilolistese e defeitos angulares valgus e varus; ou resultado de doenças infecciosas como nos casos de osteomielites e artrites. Em conjunto a degeneração femoral, a discondroplasia tibial e os desvios de angulação são as principais enfermidades associadas às claudicações em frangos de corte,
que podem, ou não, ocorrer de forma associada. Nääs et al. (2009) forneceram evidências de que as aves com claudicação gastam menos tempo em atividades em que permanecem em pé, devido a dor crônica, o que compromete o bem-estar e resulta em menor ingestão de ração e água. A tensão biomecânica exercida na cartilagem epifisária, estruturalmente imatura dos ossos da perna, causa microfratura e formação de fissuras na cartilagem, que contribuem para a formação de lesões osteocondróticas e consequentemente para maior prevalência de claudicações em frangos de corte.
Glicosaminoglicanos Os glicosaminoglicanos (GAGs) polissulfatados podem prevenir e/ ou reduzir a progressão de alterações patológicas na estrutura óssea e articular de modelos animais, como ratos (Arafa et al., 2013; Wolff, 2014), cães (Maxwell et al., 2016; Wenz et al., 2017), frangos de corte (Sgavioli et al., 2017; Santos et al., 2018; Santos et al., 2019) e humanos (Kahan et al., 2009; Wildi et al., 2011; Kantor et al., 2014; Lubis
et al., 2017). Dentre os GAGs, destacam-se os sulfatos de condroitina e de glucosamina, que quando associados resultam em benefícios sobre o desenvolvimento ósseo e cartilaginoso, como a proliferação de condrócitos e a biossíntese da matriz óssea, redução da reabsorção óssea, redução da degeneração da cartilagem por meio de mecanismos anti-inflamatórios e inibitórios e estímulo dos processos anabólicos da cartilagem, como a síntese de proteoglicanos e colágeno. Estes fatores possuem influência direta no crescimento dos ossos longos, sendo estes compostos essenciais no processo de ossificação endocondral, devido à calcificação do disco epifisário. O sulfato de glucosamina ajuda o fluido sinovial a permanecer mais resistente e elástico, proporcionando restauração locomotora em caso de lesão, possui também propriedades condroprotetoras, que inibem a degradação das enzimas da cartilagem e propriedades condrostimulatórias, que aumentam ainda mais a síntese de proteoglicanos via condrócitos. A Revista do AviSite
43
Ciência e Pesquisa
As enfermidades de locomoção podem ocorrer devido à alterações na placa de crescimento ósseo e cartilaginoso, nos casos de raquitismo, discondroplasia tibial, condrodistrofia e degeneração femoral; alterações congênitas nos casos de espondilolistese e defeitos angulares valgus e varus; ou resultado de doenças infecciosas como nos casos de osteomielites e artrites
44 A Revista do AviSite
De acordo com Neil et al. (2015), a maioria dos efeitos positivos dos GAGs foi demonstrada por análise in vitro com concentrações muito superiores às que podem ser obtidas no plasma ou líquido sinovial após administração oral. Portanto, a concentração dos aditivos pode ser fundamental para o seu efeito na cartilagem articular.
Efeito dos glicosaminoglicanos na nutrição de frangos de corte Embora os problemas locomotores mereçam atenção de inúmeros pesquisadores, são escassos trabalhos na literatura para prevenir essas desordens com o uso de GAGs em frangos de corte. É do nosso conhecimento que o primeiro estudo publicado com o uso de GAGs na nutrição de frangos de corte, ocorreu em 2017 por Sgavioli e colaboradores. No artigo publicado no renomado periódico Poultry Science, os autores demonstraram os benefícios destes nutracêuticos no desenvolvimento ósseo e cartilaginoso das aves e a na redução da conversão alimentar. Os autores observaram uma redução na conversão alimentar com a inclusão de 0,08% de condroitina de 1 a 42 dias de idade. A melhor conversão alimentar encontrada pode estar relacionada a uma melhoria na locomoção, devido aos resultados positivos obtidos no desenvolvimento ósseo das aves. A inclusão de diferentes níveis dos sulfatos de condroitina e de glucosamina aumentaram as concentrações de cálcio e de fósforo na tíbia das aves aos 42 dias de idade. Os GAGs são essenciais no processo de ossificação endocondral, responsável pelo crescimento longitudinal de ossos longos devido à calcificação do disco epifisário e, portanto, influenciam diretamente as concentrações de minerais ósseos. Além disso, a inclusão dos sulfatos de condroitina e de glucosamina resultaram em um aumento no número de condrócitos na cartilagem
da epífise proximal também da tíbia, aos 42 dias de idade. Os condrócitos são altamente especializados e sua principal função é produzir e manter propriedades biomecânicas da cartilagem, pela síntese dos componentes da matriz extracelular (Wollenweber et al., 2006). Em um segundo estudo, também publicado no Poultry Science, mas no ano de 2019, Santos e colaboradores trabalharam com a inclusão de glucosamina, condroitina e vitamina C, nas concentrações de 0,30; 0,24 e 0,20%, respectivamente. Os autores observaram resultados positivos com relação a concentração de fósforo e de cálcio no fêmur das aves, na área do fêmur e no número de osteócitos na diáfise da tíbia das aves, sempre aos 42 dias de idade. Além disso, esta inclusão resultou em menor conversão alimentar e maior viabilidade criatória das aves. O sulfato de condroitina foi investigado em estudos bioquímicos devido ao seu papel na fisiologia da cartilagem articular. Beale et al. (1990) descreveram suas propriedades estimuladoras a partir do aumento da síntese de proteoglicanos por condrócitos, e Diaz et al. (1996) descreveram suas propriedades condroprotetoras através da atividade inibitória aumentada de enzimas degradantes da cartilagem. A partir destes achados levantamos a hipótese de que os GAGs poderiam contribuir com a redução dos problemas locomotores em frangos de corte. Em pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Goiás, pela Dra. Julyana Machado da Silva Martins, sob orientação do prof. Dr. Marcos Barcellos Café, os sulfatos de condroitina (0; 0,05 e 0,10%) e de glusosamina (0; 0,15 e 0,30%) foram incluídos às dietas de frangos de corte para se avaliar o efeito sobre os problemas locomotores das aves. Níveis crescentes de inclusão dos sulfatos de condrotina e de glucosamina à dieta de frangos de corte aumentaram a frequência de aves sem desvios (valgus e varus) e favoreceram a escala 0 para o gait score,
São escassos trabalhos na literatura para prevenir essas desordens com o uso de GAGs em frangos de corte
onde a ave se movimenta normalmente. Os dados mostraram resultados interessantes, com redução da degeneração femoral mediante a inclusão crescente de sulfato de glucosamina. As propriedades anabólicas e anticatabólicas, exercidas pela glucosamina contribuem para a proteção e o reparo da cartilagem e podem justificar tais resultados. Além disso, a glucosamina aumenta os componentes da matriz extracelular da cartilagem, como o agrecano e o colágeno tipo II, que contribuem para melhor estrutura e reparo da cartilagem, aumenta a produção de ácido hialurônico na sinóvia, importante para lubrificação das articulações. É do nosso conhecimento que esta é a primeira vez em que os sul-
fatos de condroitina e de glucosamina são avaliados quanto aos problemas locomotores de frangos de corte, e de acordo com os resultados existem evidências de que os GAGs podem reduzir de forma significativa tais problemas.
Considerações finais Os sulfatos de condroitina e de glucosamina podem ser utilizados em dietas para frangos de corte, com o objetivo de reduzir problemas locomotores nas aves. No entanto, não foi possível estabelecer os níveis ideias de inclusão, haja vista, os efeitos lineares crescentes, portanto, novos estudos devem ser conduzidos. As referências podem ser solicitadas ao autor correspondente. A Revista do AviSite
45
Ciência e Pesquisa
Importância dos biofilmes formados por microrganismos patogênicos A formação de biofilmes provoca alterações fenotípicas das células planctônicas, que podem ser descritas como estratégias de sobrevivência dos microrganismos em ambientes com condições adversas Karen Apellanis Borges1, Thales Quedi Furian1, Anderlise Borsoi2, Carlos Tadeu Pippi Salle3, Hamilton Luiz de Souza Moraes3, Vladimir Pinheiro do Nascimento3 (1) Pesquisador, Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Patologia Aviária (CDPA), Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). (2) Docente e Pesquisador, Curso de Medicina Veterinária, Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) (3) Docente e Pesquisador, Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Patologia Aviária (CDPA), Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: cdpa@ufrgs.br
A
quaPor muitos anos, a única (ou a maior) preocupação dos trabalhadores da indústria produtora de alimentos era a presença de bactérias patogênicas nos seus produtos ou nas suas instalações. Consequentemente, a maioria das pesquisas desenvolvidas levavam em consideração apenas as bactérias planctônicas, ou seja, aquelas que estão em sua vida livre. Atualmente, os pesquisadores já demonstraram que os biofilmes (células sésseis) são a forma predominante de crescimento bacteriano, uma vez que conferem proteção às bactérias e permitem a sobrevivência dos microrganismos frente ao estresse ambiental. Em ambientes naturais, de 95% a 99% dos microrganismos existem na forma de biofilmes, presentes nos mais diferentes substratos. Estima-se que aproximadamente 80% das infecções bacterianas em humanos po-
46 A Revista do AviSite
dem estar relacionadas aos biofilmes. Entender o que são, como se formam e quais características do ambiente ou da bactéria podem favorecer a formação dos biofilmes é o primeiro passo para a definição das estratégias de controle dentro das indústrias de alimentos.
O que são os biofilmes? No ciclo de vida de determinados patógenos, inclusive aqueles transmitidos por alimentos, a colonização no hospedeiro é alternada com períodos de sobrevivência no ambiente. Para sobreviver no ambiente, onde as condições em geral não são favoráveis, estes microrganismos desenvolveram diversos mecanismos, entre eles o de aderir às superfícies e produzir os biofilmes (Figura 1). A formação de biofilmes provoca alterações fenotípicas das células planctônicas, que podem ser descritas como estratégias de
sobrevivência dos microrganismos em ambientes com condições adversas. As vantagens destas formações para os microrganismos incluem maior resistência às forças físicas, ao sistema imune do hospedeiro e às moléculas tóxicas (antimicrobianos e desinfetantes), além de cooperação metabólica e compartilhamento de DNA de forma mais eficiente, ocasionando uma maior disseminação gênica. Os biofilmes bacterianos são comunidades celulares formadas por microrganismos de uma mesma espécie ou de espécies diferentes que estão aderidos entre si e a uma superfície inerte ou viva, envoltas por uma matriz extracelular. Esta matriz é responsável pela estrutura, morfologia, coesão e integridade funcional do biofilme, sendo formada principalmente por exopolissacarídeos. A água representa uma parte da composição do biofilme. Os principais compo-
Figura 1 – Salmonella Enteritidis aderida em superfície de aço inoxidável visualizada através de Microscopia Eletrônica de Varredura. (Créditos da imagem: Karine Patrin Pontin, CDPA/UFRGS).
nentes da matriz extracelular são a fímbria curli e a celulose. A curli está envolvida com a adesão às superfícies, agregação celular, persistência no ambiente e com a produção dos biofilmes. A produção de celulose favorece a adesão em superfícies abióticas, aumenta a resistência e confere à bactéria a capacidade de interação célula-célula. Os biofilmes são estruturas complexas que podem ser formadas por várias camadas de células, conectadas por canais que garantem o fluxo de líquido, a dispersão de nutrientes e o descarte de componentes.
Como os biofilmes se formam? A formação de biofilmes em superfícies abióticas ocorre a partir de uma sequência de eventos (Figura 2). Os microrganismos são atraídos às
superfícies sólidas devido ao acúmulo de nutrientes disponíveis para sua multiplicação. Os biofilmes se estabelecem quando a massa bacteriana é espessa o bastante para agregar nutrientes, resíduos e outros organismos. Inicialmente ocorre a adesão de células planctônicas à superfície (Figura 2A), sendo a motilidade e as estruturas adesivas muito importantes neste processo. Nesta fase a aderência é reversível. As bactérias aderidas se replicam e formam microcolônias (Figura 2B). As modificações na expressão gênica destas bactérias permitem a excreção da matriz extracelular. Com a expansão das microcolônias, os biofilmes se tornam maduros. A aderência torna-se irreversível, quando o microrganismo está ancorado por apêndices ou por produção de polímeros extracelulares (Figuras
Figura 2 – Etapas da formação de um biofilme bacteriano em uma superfície abiótica: Atração de microrganismos devido à presença de nutrientes (adesão reversível) (A). Formação de microcolônias (B). Biofilme maduro (adesão irreversível) (C e D). Ruptura do biofilme e liberação de microrganismos patogênicos (E). (Crédito da imagem: Karen Apellanis Borges, CDPA/UFRGS) A Revista do AviSite
47
Ciência e Pesquisa
As vantagens destas formações para os microrganismos incluem maior resistência às forças físicas, ao sistema imune do hospedeiro e às moléculas tóxicas (antimicrobianos e desinfetantes), além de cooperação metabólica e compartilhamento de DNA de forma mais eficiente, ocasionando uma maior disseminação gênica
48 A Revista do AviSite
2C e 2D). O principal problema da formação do biofilme é que, depois de estabelecido, pode ocorrer o rompimento da estrutura e a consequente liberação de microrganismos patogênicos (Figura 2E), o que se agrava especialmente no caso de biofilmes formados em superfícies que têm contato com alimentos, como as plantas de abatedouros-frigoríficos, por exemplo. Os biofilmes favorecem a sobrevivência em ambientes hostis, como matadouros-frigoríficos e plantas de processamento de alimentos, e a colonização de novos nichos, uma vez que as cepas que fazem parte destas estruturas apresentam características diferentes daquelas que estão em sua forma livre.
Por que a formação de biofilmes é preocupante para a indústria produtora de alimentos? A formação de biofilmes na indústria processadora de alimentos pode ocorrer em diversos pontos, como tubulações, placas pasteurizadoras, membranas de osmose reversa, mesas, utensílios de corte, luvas de funcionários, carcaças de animais, superfícies de contato com alimento, silos de armazenamento de matérias-primas e aditivos, tubos de distribuição e material de embalagem. Os sistemas de produção de alimentos de origem animal são locais propícios à formação de biofilmes, pois oferecem as condições necessárias para o desenvolvimento destas estruturas. Quando ocorrem falhas no processo de higienização, os resíduos podem ficar aderidos aos equipamentos e às superfícies, transformando-se em potenciais substratos para as bactérias que podem estar presentes neste local. Sabe-se que mesmo em pequenos intervalos de tempo de contato da bactéria com a superfície já é possível ocorrer a formação de biofilmes. Também já foi comprovado que aquelas bactérias que têm uma maior capacidade de produzir biofilmes apresentam um risco elevado de persistirem por um maior tempo nas plantas industriais, uma vez que podem ser
até 1.000 vezes mais resistentes aos antimicrobianos e aos desinfetantes de uso comum do que as bactérias em sua forma livre. Muitos dos desinfetantes comuns não são capazes de eliminar os biofilmes, mesmo após mais de 90 minutos de ação dos compostos. Além das perdas econômicas devido à corrosão das instalações e dos equipamentos, a formação dos biofilmes também pode levar à deterioração e à produção de odores desagradáveis nos produtos alimentícios. Além da deterioração de estruturas e produtos, os biofilmes também são um grande problema em saúde pública, pois a ruptura destas estruturas provoca a liberação de microrganismos patogênicos e, consequentemente, a contaminação dos produtos. Entretanto, a formação de biofilmes não é importante apenas para a indústria alimentícia, mas também para os ambientes hospitalares, pois eles podem ser formados em equipamentos e em materiais, como cateteres e implantes. Entre as bactérias patogênicas produtoras de biofilme estão Pseudomonas aeruginosa, Listeria monocytogenes, Yersinia enterocolitica, Salmonella Typhimurium, Escherichia coli O157:H7, Staphyloccocus aureus e Bacillus cereus.
Quais fatores influenciam a formação de biofilme?
Inúmeros fatores podem influenciar a formação de biofilme, especialmente aqueles relacionados à superfície, ao ambiente e à bactéria. Em geral, os materiais mais frequentemente utilizados são o aço inoxidável, aço-carbono, vidro, materiais plásticos (polietileno, polipropileno, policarbonato, PVC) e teflon. Os materiais contendo plástico são muito utilizados no ambiente de criação das aves, nos matadouros-frigoríficos, nas indústrias de processamento de alimentos e nas residências dos consumidores. Algumas características da superfície podem interferir neste processo, como rugosidade, estabilidade físico-química, capacidade de resistência à corrosão e hidrofobicidade. O processo de formação de bio-
filmes também é influenciado por vários fatores ambientais, como o pH, a concentração de nutrientes no meio e a temperatura. A temperatura do ambiente é considerada um dos fatores mais importantes. Apesar de a diminuição da temperatura reduzir o crescimento bacteriano, também pode favorecer a produção de biofilmes, uma vez que as bactérias são capazes de expressar componentes que não seriam produzidos em temperaturas mais elevadas. É importante destacar que alguns microrganismos patogênicos, incluindo alguns sorovares de Salmonella, Escherichia coli e Campylobacter jejuni, são capazes de formar biofilmes em temperaturas comuns em matadouros-frigoríficos, residências, padarias e restaurantes, como 25ºC (temperatura ambiente), 12ºC (temperatura máxima da sala de cortes dos matadouros-frigoríficos) e 3-4ºC (temperatura média do refrigerador convencional e do chiller). As características intrínsecas às bactérias também são relevantes neste contexto, como a presença de fímbrias, flagelos, proteínas de membranas e outros apêndices celulares. Em alguns casos, estas características são ainda mais determinantes na formação do biofilme do que aquelas relacionadas à superfície ou ao ambiente.
Como remover e como prevenir a formação dos biofilmes? A capacidade das bactérias de formarem biofilmes depende da sua adaptação ao ambiente. Por esta razão, o controle e a prevenção da formação inicial destas estruturas é de grande importância, a fim de se evitar a manutenção de um reservatório da bactéria e de permitir a formação destas estruturas. Os procedimentos de limpeza e desinfecção através de métodos físicos e químicos são etapa essencial na prevenção. Existem diversas formas de controle de biofilme, sendo o emprego de compostos químicos (como os sanitizantes) a mais comumente adotada. Entretanto, a conhecida toxicidade dos resíduos e o surgimento de resistência antimicrobiana, associados à
crescente percepção negativa do consumidor com relação ao uso de produtos químicos sintéticos e artificiais, cada vez mais têm se desenvolvidos alternativas a estes produtos. A utilização de enzimas (como proteases, DNAses, celulases e glicosidades), biosurfactantes, bacteriocinas, biosanitizantes (como o ácido lático), bacteriófagos, óleos essenciais, água eletrolisada, ácidos orgânicos e ozônio em substituição a estes produtos tem sido amplamente estudada. Tratamentos com ionização, radiação ultravioleta e ultrassom também estão entre as alternativas possíveis. Recentemente, alguns estudos também têm demonstrado a possibilidade de utilização de superfícies antimicrobianas (como o cobre) e de nanopartículas para reduzir a formação de biofilmes bacterianos.
Considerações finais O desenvolvimento de estratégias efetivas de controle requer que os profissionais que atuam na cadeia de produção de alimentos compreendam o conceito de biofilme microbiano e conheçam as suas características e os aspectos que influenciam a sua formação e ocorrência. Para garantir que o consumidor tenha acesso a um alimento inócuo, é necessário controlar a presença de microrganismos dos produtos e é essencial verificar e monitorar as condições higiênico-sanitárias dos equipamentos e dos utensílios utilizados no processamento. As plantas processadoras de alimento devem ter um programa efetivo de limpeza e sanitização para inativar os microrganismos e prevenir o acúmulo de células microbianas e, consequentemente, a formação de biofilmes nas superfícies.
Agradecimento Agradecemos à mestranda Karine Patrin Pontin do CDPA/UFRGS por ter gentilmente cedido a foto da Figura 1.
Bibliografia AGARWAL, R. K. et al. Optimization of microtitre plate assay for the testing of biofilm formation ability
Os biofilmes bacterianos são comunidades celulares formadas por microrganismos de uma mesma espécie ou de espécies diferentes que estão aderidos entre si e a uma superfície inerte ou viva, envoltas por uma matriz extracelular A Revista do AviSite
49
Ciência e Pesquisa in different Salmonella serotypes. International Food Research Journal, v. 18, n. 4, p. 1493–1498, 2011. BARNHART, M. M.; CHAPMAN, M. R. Plaque Assay for Detecting Lysogeny. Annual review of microbiology, v. 60, p. 131–147, 2010. BORGES, K. A. et al. Biofilm formation by Salmonella Enteritidis and Salmonella Typhimurium isolated from avian sources is partially related with their in vivo pathogenicity. Microbial Pathogenesis, v. 118, p. 238–241, 2018. BORGES, K. A. et al. Biofilm formation capacity of Salmonella serotypes at different temperature conditions. Pesquisa Veterinaria Brasileira, v. 38, n. 1, p. 71–76, 2018. CABARKAPA, I. et al. Biofilm forming ability of Salmonella Enteritidis in vitro. Acta Veterinaria, v. 65, n. 3, p. 371–389, 2015. CARVALHO, D. Formação de biofilmes por Salmonella Enteritidis, Escherichia coli e Campylobacter jejuni: aplicação de modelagem preditiva e alternativas para controle. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019. CORCORAN, M. et al. Salmonella enterica biofilm formation and density in the Centers for Disease Control and Prevention’s biofilm reactor model is related to serovar and substratum. Journal of food protection, v. 76, n. 4, p. 662–7, 2013. CORCORAN, M. et al. Commonly used disinfectants fail to eradicate Salmonella enterica biofilms from food contact surface materials. Applied and Environmental Microbiology, v. 80, n. 4, p. 1507–1514, 2014. DÍEZ-GARCÍA, M.; CAPITA, R.; ALONSO-CALLEJA, C. Influence of serotype on the growth kinetics and the ability to form biofilms of Salmonella isolates from poultry. Food Microbiology, v. 31, n. 2, p. 173– 180, 2012. EMERY, B. D. Atividade antimicrobiana de nanopartículas de prata e óxido de zinco sobre isolados de origem avícola. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, em andamento.
50
A Revista do AviSite
EMERY, B. D. et al. Evaluation of the biofilm formation capacity of Pasteurella multocida strains isolated from cases of fowl cholera and swine lungs and its relationship with pathogenicity. Pesquisa Veterinaria Brasileira, v. 37, n. 10, p. 1041– 1048, 2017. GALIÉ, S. et al. Biofilms in the food industry: Health aspects and control methods. Frontiers in Microbiology, v. 9, n. MAY, p. 1–18, 2018. HALL-STOODLEY, L.; STOODLEY, P. Evolving concepts in biofilm infections. Cellular Microbiology, v. 11, n. 7, p. 1034–1043, 2009. HILLER, C. C. et al. Influence of catecholamines on biofilm formation by Salmonella Enteritidis. Microbial pathogenesis, v. 130, p. 54– 58, 2019. HUNG, C.-S.; HENDERSON, J. P. Emerging concepts of biofilms in infectious diseases. Missouri medicine, v. 106, n. 4, p. 292–6, 2009. LIANOU, A.; KOUTSOUMANIS, K. P. Strain variability of the biofilm-forming ability of Salmonella enterica under various environmental conditions. International Journal of Food Microbiology, v. 160, n. 2, p. 171–178, 2012. LUCCA, V. et al. Influence of the norepinephrine and medium acidification in the growth and adhesion of Salmonella Heidelberg isolated from poultry. Microbial Pathogenesis, v. 138, p. 103799, 2020. OLIVEIRA, K. et al. Comparison of the adhesion ability of different Salmonella serotypes to materials used in kitchens. Journal of Food Protection, v. 69, n. 10, p. 2352– 2356, 2016. OLIVEIRA, M.M.M. et al. Biofilmes microbianos na indústria de alimentos: uma revisão. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 69, n. 3, p. 27784, 2010. PIRAS, F. et al. Influence of temperature, source, and serotype on biofilm formation of Salmonella enterica isolates from pig slaughterhouses. Journal of Food Protection, v. 78, n. 10, p. 1875–1878, 2015. PONTIN, K. P. Atividade antimicrobiana de superfícies de cobre
frente à formação de biofilmes por Salmonella Enteritidis e sua potencial aplicação na indústria avícola. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, em andamento. RODRIGUES, L. B. et al. Avaliação da hidrofobicidade e da formação de biofilme em poliestireno por Salmonella Heidelberg isoladas de abatedouro avícola. Acta Scientiae Veterinariae, v. 37, n. December 2008, p. 225–230, 2009. RODRIGUES, L. B. et al. Salmonella and Listeria from stainless steel , polyurethane and polyethylene surfaces in the cutting room of a poultry slaughterhouse. Acta Scientiae Veterinariae, v. 41, n. 1164, p. 1–7, 2013. RODRIGUES, S. V. et al. Biofilm formation by avian pathogenic Escherichia coli is not related to in vivo pathogenicity. Current Microbiology, v. 76, n. 2, p. 194–199, 2018. STEENACKERS, H. et al. Salmonella biofilms: An overview on occurrence, structure, regulation and eradication. Food Research International, v. 45, n. 2, p. 502–531, 2012. STEPANOVIĆ, S. et al. A modified microtiter-plate test for quantification of staphylococcal biofilm formation. Journal of Microbiological Methods, v. 40, n. 2, p. 175–179, 2002. STEPANOVIĆ, S. et al. Influence of the incubation temperature, atmosphere and dynamic conditions on biofilm formation by Salmonella spp. Food Microbiology, v. 20, n. 3, p. 339–343, 2003. STEPANOVIĆ, S. et al. Biofilm formation by Salmonella spp. and Listeria monocytogenes on plastic surface. Letters in Applied Microbiology, v. 38, n. 5, p. 428–432, 2004. STEPANOVIĆ, S. et al. Quantification of biofilm in microtiter plates: Overview of testing conditions and practical recommendations for assessment of biofilm production by staphylococci. Apmis, [s. l.], v. 115, n. 8, p. 891–899, 2007. WILSMANN, D. E. et al. Electrochemically-activated water presents bactericidal from poultry origin. Foodborne Pathogens and Disease, 2019.
Legislação e saúde animal
Proteção da sanidade Instrução Normativa 48/2019, editada em outubro, prevê a correta destinação dos animais mortos na zona rural sempre foi uma preocupação das cadeias produtivas da proteína animal em Santa Catarina Luiz Vicente Suzin Presidente da OCESC (Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina) e do SESCOOP/SC (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo)
S
anta Catarina produz e abate por ano 800 milhões de aves, 13 milhões de suínos e 614 mil bovinos. Durante o manejo e criação desse imenso plantel é possível que ocorra a mortandade, por causas naturais, de uma pequena parcela desses animais. Por mais ínfima que seja essa parcela de morbidez, ela representa milhares de carcaças a recolher e dar destino correto. A destinação dos animais mortos na zona rural sempre foi uma preocupação das cadeias produtivas da proteína animal em Santa Catarina. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estabeleceu regras para o recolhimento, transporte, processamento e destinação de animais mortos e resíduos da produção pecuária (Instrução Normativa 48/2019, editada em outubro). A norma federal está balizada no Projeto Recolhe, executado pioneiramente em Santa Catarina desde 2017 sob orientação da Secretaria de Esta-
do da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural. (SC tinha autorização do Mapa para executar o projeto piloto até dezembro deste ano). Esse projeto orienta-se para dar destino de forma sanitariamente segura aos resíduos da produção pecuária. Em dois anos, realizou mais de 82 mil coletas de animais, atendendo nove mil propriedades rurais. A ação contemplava 60 municípios, que eram percorridos diariamente para o recolhimento de quase 60 toneladas/ dia. A maioria desses animais morreu por causas naturais. A IN 48 traz mais segurança para a execução do Projeto, além de regular o destino dos produtos que vêm do processamento das carcaças, o que dá viabilidade econômica para a manutenção dos trabalhos. Santa Catarina é o maior produtor nacional de suínos, segundo maior produtor de aves e quarto maior produtor de leite do Brasil. O recolhimento das carcaças de forma normatizada e seguindo regras
rígidas de controle sanitário traz um grande avanço para o agronegócio brasileiro, em especial para Santa Catarina, que foi pioneiro nessa ação. Essa é uma ferramenta importante não só para a manutenção do patrimônio sanitário estadual e nacional, mas também reduz significativamente os impactos ao meio ambiente. A Instrução Normativa define que, para destinar animais mortos e resíduos da produção pecuária para unidade de recebimento, de transformação ou de eliminação, o estabelecimento rural deve ter cadastro atualizado junto ao Serviço Veterinário Oficial e dispor de um local exclusivo para o recolhimento. Esse ambiente deve estar fora das áreas utilizadas para o manejo da exploração pecuária e afastado das demais instalações do estabelecimento rural. Os veículos utilizados para o transporte de animais mortos e resíduos da produção pecuária devem ser de uso exclusivo para essa finalidade. Também devem ser vedados e identificados. É obrigatório o porte de Documento de Trânsito de Animais de Produção Mortos (DTAM) durante todo o percurso para o transporte de animais mortos e resíduos da produção pecuária. Segundo a normativa federal, os produtos gerados no processo de transformação das carcaças podem ser utilizados como insumos na indústria química, energética, de adubo, biodiesel, higiene e limpeza. É possível também que o produto final seja destinado à exportação. O produto final não poderá ser utilizado para alimentação humana ou animal no Brasil. O cumprimento da norma federal é essencial porque assegura a manutenção do excelente status sanitário de Santa Catarina. A Revista do AviSite
51
Mercado halal
PRODUTOS HALAL Importância, mercado e aumento da população muçulmana no mundo Nesta matéria, o leitor irá conhecer um pouco mais sobre o mercado halal e a população muçulmana no mundo. Atualmente, segundo levantamento realizado pelo Instituto Americano Pew Research Center, há cerca de 1,8 bilhão de muçulmanos no mundo
O
Brasil é considerado o segundo maior produtor mundial de frangos, além de ser líder na comercialização de carnes halal, método de corte diferenciado de acordo com as leis islâmicas. Nesta matéria, o leitor irá conhecer um pouco mais sobre o mercado halal e a população muçulmana no mundo. Atualmente, segundo levantamento realizado
pelo Instituto Americano Pew Research Center, há cerca de 1,8 bilhão de muçulmanos no mundo. Para entender um pouco mais sobre a importância deste mercado, é interessante conhecer alguns conceitos. O alimento permitido no Islã, de acordo com as regras de Deus escritas no Alcorão, é denominado halal, que em árabe significa lícito, autorizado, ou seja, alimentos que
seguem 100% todas as normas da jurisprudência islâmica para consumo dos muçulmanos. Neste caso não há consumo de álcool ou qualquer incidência de derivados de suínos. Em frigoríficos, por exemplo, são necessárias algumas condições: o abate deve ser efetuado por um muçulmano; a face do animal deve estar voltada para a Meca; o sangue
Abate Halal •
•
O abate das aves é realizado através de corte único, da traqueia, esôfago, artérias carótidas e veias jugulares, com faca devidamente higienizada, dedicada e lâmina afiada. É feita a citação do Tasmiyah, por colaborador muçulmano em boas condições de saúde.
Arquivo: Cdial Halal
52
A Revista do AviSite
1 Traqueia 2 Esôfago
3
2 v eias carótidas
4 Jugular
C o r te a b a i xo da glote
Mercado Halal O mercado global de produtos e serviços Halal representa um valor estimado de US$ 6,4 trilhões, com crescimento entre 15% a 20% ao ano. 1° semestre 2019 mil toneladas 1 CHINA 257.90 2 ARABIA SAUDITA 239.93 3 JAPAO 202.64 4 EMIRADOS ARABES 192.06 5 AFRICA DO SUL 145.14 6 UNIÃO EUROPÉIA 129.93 7 HONG KONG 93.93 8 COVEITE 57.37 9 COREIA DO SUL 54.04 10 IEMEN 51.07
Mercados
Participação 12,9% 12,0% 10,1% 9,6% 7,2% 6,5% 4,7% 2,9% 2,7% 2,6%
Segmento
2017 - bilhões
2023 - bilhões
US$ 1,303 tri
US$ 1,863
Viagens
US$ 177
US$ 274
Média & Entretenimento
US$ 209
US$ 288
Fármaco
US$ 87
US$ 131
Cosméticos
US$ 61
US$ 90
Alimentos
Fonte: State of the Global Islamic State Economy
Exportação brasileira de carne de frango – 50% é halal Fonte: ABPA
precisa ser extraído da carcaça para evitar contaminação; deve ser uma morte rápida para evitar sofrimento ao animal, além de uma higienização perfeita. Bem-estar animal: Hoje, os consumidores estão cada vez mais exigentes, buscam carne de qualidade e empresas que respeitam o bem-estar animal. E no ponto de vista islâmico, o animal precisa ter uma vida saudável, digna e com respeito. Estas não são condições somente para o islamismo, mas para qualquer povo no mundo. São diversos países em busca de proteína animal com cuidados especiais, como por exemplo, o Japão, entre outros. O bem-estar animal pode ter relevante impacto econômico no agronegócio. Ao adotar esses princípios é possível contribuir para o aumento da produtividade e da lucratividade da cadeia produtiva e colaborar para melhoria dos produtos de origem animal. Mercado halal - O mercado global de produtos e serviços Halal representa um valor estimado de US$ 6,4 trilhões, com crescimento entre 15% a 20% ao ano. E um dos
produtos mais consumido é a proteína animal. Segundo estimativas divulgadas no relatório OECD FAO Agricultural Outlook 2018-2027, os principais consumidores mundiais de carne de frango, por kg/per capita, são Estados Unidos, Malásia, Austrália, Brasil, Argentina, Arábia Saudita, Nova Zelândia, Chile e África do Sul, respectivamente. População mundial de muçulmanos - E a cada ano a população aumenta e necessita de alimentos com certificação halal. Atualmente, há 1,8 bilhão de muçulmanos no mundo. Hoje, a maior população muçulmana está na Indonésia, com 235,875 milhões. Mas em 2060, a perspectiva é que a Índia ultrapasse os 300 milhões de muçulmanos, chegando a 333,090 milhões. E o Brasil é um dos países que está melhor preparado para atender não só a comunidade muçulmana como o mundo quando o assunto é alimento de qualidade. Em frango, por exemplo, de acordo com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), somos o maior produtor e exportador do mundo de carne ha-
O alimento permitido no Islã, de acordo com as regras de Deus escritas no Alcorão, é denominado halal, que em árabe significa lícito, autorizado, ou seja, alimentos que seguem 100% todas as normas da jurisprudência islâmica para consumo dos muçulmanos. Neste caso não há consumo de álcool ou qualquer incidência de derivados de suínos A Revista do AviSite
53
Mercado halal
Mercado Halal TOP 10 POULTRY MEAT CONSUMERS (kg/per capta)
United States
49,8
Malaysia
46,7
Australia
43,9
Brazil
40,6
Argentina
40,4
Saudi Arabia
40,0
New Zealand
37,4
Chile
36,1
South Africa
36,1
Source: OECD FAO Agricultural Outlook 2018-2027, 2018 estimates.
lal – cerca de 50% dos frangos exportados têm certificação halal. No primeiro semestre de 2019, as exportações de frango certificados alcançaram o volume de 1.006,70 (mil/ton) com aumento de 15% quando comparado com o mesmo período de 2018, que registraram 872,54 (mil/ton). Perspectivas para 2020 – No primeiro semestre de 2019, de acordo com dados divulgados pela ABPA, a China foi o maior importador de carne de frango, atingindo 257,90 mil toneladas, sendo responsável por 12,9% das exportações de
carne de frango. Já para Arábia Saudita, o Brasil exportou 239,93 mil toneladas. Mas depois das visitas da ministra Tereza Cristina e do governo federal, Jair Bolsonaro, à China e a alguns países do Oriente Médio, as vendas aumentaram. Segundo a ABPA, entre janeiro e outubro, a China importou 444,7 mil toneladas (+22% quando comparado com o mesmo período em 2018), com resultado cambial de US$ 931,7 milhões (+38%). Ao todo, 13,3% da carne de frango exportada pelo Brasil em 2019 foram embarcadas com
destino à China. Atualmente temos 46 plantas habilitadas para embarques de carne de frango. As visitas foram extremamente positivas. Na Arábia Saudita, por exemplo, o Brasil recebeu a promessa de investimentos de US$ 10 bilhões do fundo soberano em áreas de interesse do governo brasileiro. E para ampliar o mercado, a BRF anunciou uma nova planta industrial no valor de US$ 120 milhões em território saudita. Para Ali Saifi, diretor-executivo da Cdial Halal, a missão fortaleceu as relações e trouxe a expectativa de aumento do co-
Muçulmanos no mundo Atual 2019
Previsão para 2060
Indonésia
235.875 milhões
Índia
333,090 milhões
Paquistão
208 milhões
Paquistão
283,650 milhões
Índia
200 milhões
Nigéria
283,160 milhões
Bangladesh
145.350 milhões
Indonésia
253,450 milhões
Nigéria
91.825 milhões
Bangladesh
181,800 milhões
Egito
90.643 milhões
Egito
124,380 milhões
Turquia
83.433 milhões
Iraque
94 milhões
Irã
82.594 milhões
Turquia
88,410 milhões
Argélia
41.891 milhões
Irã
82,980 milhões
Iraque
37,493 milhões
Afeganistão
81,870 milhões
Fonte: http://worldpopulationreview.com/countries/muslim-population-by-country/
54 A Revista do AviSite
Fonte: Pew Research Center
divulgados pela ABPA, a China foi o maior importador de carne de frango, atingindo 257,90 mil toneladas, sendo responsável por 12,9% das exportações de carne de frango. Já para Arábia Saudita, o Brasil exportou 239,93 mil toneladas. Exportação brasileira de carne de frango Mercados 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CHINA ARABIA SAUDITA JAPAO EMIRADOS ARABES AFRICA DO SUL UNIÃO EUROPÉIA HONG KONG COVEITE COREIA DO SUL IEMEN
As vantagens destas formações para os microrganismos incluem maior resistência às forças físicas, ao sistema imune do hospedeiro e às moléculas tóxicas (antimicrobianos e desinfetantes), além de cooperação metabólica e compartilhamento de DNA de forma mais eficiente, ocasionando uma maior disseminação gênica
1° semestre 2019 PARTICIPAÇÃO mil toneladas 257.90 12,9% 239.93 12,0% 202.64 10,1% 192.06 9,6% 145.14 7,2% 129.93 6,5% 93.93 4,7% 57.37 2,9% 54.04 2,7% 51.07 2,6%
mércio do Brasil com países árabes que, com certeza, trará bons frutos para o agronegócio brasileiro. “Houve uma grande proximidade e reconhecimento da importância do mundo árabe para o Brasil. Arábia Saudita, por exemplo, é um país muito grande e os acordos comerciais são extremamente importantes para ambos”, ressalta. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, de janeiro a outubro deste ano, as vendas externas do agronegócio brasileiro para Arábia Saudita foram de US$ 1,462 bilhão, 1,6% a mais que no mesmo período do ano passado. “Estamos ampliando nossa atuação, porém ainda há um grande mercado a ser explorado. Para os países árabes, a questão da segurança alimentar é de suma importância. São países que necessita de proteína animal, do agronegócio, em geral. Com certeza, este fator ajuda a fomentar o crescimento de mercado”, explica Saifi. Para o executivo, para manter este crescimento e interesses de vários países pelo Brasil, devemos ter bons relacionamentos com todo o mundo e apresentar o que temos de melhor.
Investir no mercado halal – O Brasil dispõe de empresas extremamente capacitadas para atender os muçulmanos e não muçulmanos quando o assunto é alimento halal e outros produtos. Mas para que as empresas estejam aptas a oferecer produtos para o consumo islâmico, é necessário que tenham o selo de certificação concedidos pelas certificadoras reconhecidas pelo GAC (Centro de Acreditação do Golfo). Recentemente, quem recebeu esse selo pela segunda vez foi a Cdial Halal, uma das maiores e mais importantes certificadoras do Brasil. A certificação valida empresas que querem exportar seus produtos para os países do Golfo (Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Iraque e Bárem). “O Centro de Acreditação do Golfo segue as normativas e padrões da Gulf Standard Organization (GSO), órgão reconhecido por autoridades religiosas islâmicas mundiais. São padrões rígidos desenvolvidos por uma equipe de especialistas para cada segmento”, esclarece Ali Saifi. A certificação halal é extremante importante para a população dos sete países, uma vez que os muçulmanos não consomem álcool, suínos, sangue e derivados. A Revista do AviSite
55
Informativo Técnico Empresarial
Protegendo a qualidade da carne de frango Indústrias da área de genética se esforçam para a melhoria constante do produto Dr. Frank Siewerdt, Diretor Sênior de Genética, Cobb-Vantress, Inc.
56
A Revista do AviSite
A
qualidade da carne em frangos é um tópico que começou a ganhar atenção na indústria avícola em torno de 2011. Cinco anos depois, o The Wall Street Journal fez um relatório sobre a questão do peito amadeirado (em inglês: “wooden breast”)[1] e o assunto recebeu atenção em nível nacional na mídia norte-americana. Foi neste ano que os primeiros relatos vindos de consumidores surgiram, em reações que eram um misto de surpresa e frustração. Outros problemas de qualidade de carne, restritos ao mercado norte-americano, também foram noticiados em 2019 pelo mesmo periódico mencionado acima.[2] Restaurantes de fast food e convencionais relataram um aumento nas reclamações de seus clientes de que alguns produtos de frango não eram comestíveis, devido à textura muito dura na carne. Com o passar do tempo, relatos frequentes sobre a ocorrência de problemas de qualidade da carne de frango surgiram. Nos frigoríficos, há esforços para melhorar os padrões na identificação de problemas de qualidade da carne. No entanto, a ausência de uma definição clara do que é o peito amadeirado pode estar levando a uma reação exagerada ao tamanho real do problema. Com mais de um
século de participação na indústria de frangos de corte, a Cobb entende que a qualidade da carne impacta diretamente a capacidade dos restaurantes em servir produtos aos seus clientes de forma confiável e sem ter que questionar a qualidade de cada lote de matérias-primas que entram em suas operações. A razão pela qual a carne torna-se excessivamente firme é a concentração excepcionalmente alta de colágeno presente no músculo do peito. Existem causas conhecidas que levam ao peito amadeirado, como por exemplo as épocas frias de produção e o uso de dietas com 100% dos ingredientes de origem vegetal embora nem sempre estas situações levem ao surgimento do peito amadeirado. Ainda há muita incerteza em torno deste processo e, no momento, não se sabe claramente por que tanto colágeno é depositado no músculo do peito. Como a Cobb vem trabalhando na qualidade da carne há muito tempo, entendemos que não existe uma solução rápida que possa ser usada para resolvê-los. Uma combinação de recursos em genética, nutrição e práticas de manejo de aves provavelmente fornecerá a solução para os problemas de qualidade da carne. A Cobb investiu pesadamente em pesquisas para evitar que os problemas de qualidade da carne afetem seus produtos, numa combinação de pequisas internas e em pareceria com colaboradores em universidades em vários países. Como empresa líder em genética de frangos, a Cobb-Vantress entende claramente que é preciso agregar valor aos seus produtos de forma equilibrada. Para avançarmos a qualidade de nossa genética, capturamos ganhos em diferentes características claramente mensuráveis em nossas aves: crescimento mais rápido, melhor utilização de alimentos, menor mortalidade, melhor saúde das pernas, maior produção de ovos e fertilidade, maior rendimento de carcaça e melhor qualidade da carne. Há métricas importantes da indústria que são fáceis de obter e entender. A qualidade da carne pode
ser facilmente ignorada, pois é possivelmente a mais difícil de ser medida com precisão. Uma combinação de métodos invasivos e não invasivos deve ser usada para identificar aves com problemas de qualidade da carne. A Cobb usa ambos os métodos para selecionar apenas as melhores aves para povoar gerações futuras em nossas granjas. Levamos este assunto a sério porque a qualidade da carne, juntamente com o rendimento de carcaça, são os principais determinantes do sucesso financeiro das empresas de frangos de corte, especialmente em sistemas integrados de produção. Sabor e textura capturam a essência da experiência de comer carne. A capacidade da carne de aves de retenção de fluídos está diretamente relacionada à lucratividade de produtos prontos para cozimento e nos com valor agregado, em que processos de marinação são usados. A adição de temperos e sabores à carne, quando feita nos frigoríficos ou em restaurantes, vale-se da textura correta na carne, para que esta etapa seja bem-sucedida e os sabores sejam retidos adequadamente. Filés provenientes de frangos com peito amadeirado têm capacidade diminuída de retenção do marinado, resultando na absorção imperfeita de sabores. O programa de genética da Cobb foi pioneiro na avaliação de características de qualidade de carne, bem como o uso destas medidas em nosso programa de seleção. Orgulhamo-nos de ter os padrões de qualidade de carne líderes no mercado e continuaremos a trabalhar para melhorá-los ainda mais. Isso é motivo de grande orgulho para nossa equipe e parte da confiança que foi desenvolvida entre a Cobb e nossos clientes. Consideramos a qualidade da carne como parte de nossos elevados padrões éticos e de integridade. Estamos comprometidos em fornecer aos nossos clientes produtos que os ajudem a alcançar seus próprios requisitos de qualidade. A qualidade da carne é muito importante e continuaremos a tratá-la como uma prioridade. A Revista do AviSite
57
Informe Técnico-Comercial
Avicultura 4.0 Um novo horizonte no processo avícola Já podemos contar com um conjunto de novas soluções de base tecnológica disponível para avançarmos na jornada de aprimoramento do sistema produtivo da avicultura Autor: Jean Michel Winter, Diretor da E-Aware Technologies
U
m dos grandes desafios do processo de produção de aves está no manejo durante o período de desenvolvimento dos frangos. A busca pelas melhores condições para o bem-estar animal conduzem a melhores resultados nos lotes de produção, tanto na qualidade do produto assim como na redução de custos. Nesse artigo apresentamos soluções que auxiliam o produtor e a indústria para a condução do processo com maior precisão por meio de ferramentas tecnológicas baseadas na Indústria 4.0. As ferramentas foram aplicadas em granjas no Oeste do Paraná e permitiram a detecção de diversos eventos e a aplicação de melhorias no sistema produtivo.
Introdução O processo de produção de aves apresenta um cenário repleto de desafios para o alcance dos melhores resultados. Muitas melhorias já foram aplicadas ao longo das últimas décadas, desde a introdução de sistemas de automação no processo até avanços na genética e nutrição animal. Apesar de todos os esforços, é claramente identificado na estrutura do processo a
58
A Revista do AviSite
oportunidade para ainda mais avanços e melhorias à redução de desperdícios e consequente aumento da eficiência produtiva. Felizmente já podemos contar com um conjunto de novas soluções de base tecnológica disponível para avançarmos ainda mais nessa jornada de aprimoramento do
sistema produtivo da avicultura. A avicultura 4.0 é uma ramificação do termo indústria 4.0, essa última cunhada pela indústria alemã em 2012 (1). Considerada a quarta onda de revolução no ambiente industrial, vinda após a introdução de máquinas no processo, produção em série e siste-
A Revista do AviSite
59
Informe Técnico-Comercial mas eletrônicos, respectivamente 1⁰,2⁰ e 3⁰ revoluções industriais. A indústria 4.0 aborda tecnologias para promover uma maior visibilidade e novas percepções a respeito das operações da companhia e seus ativos, por meio da integração de máquinas, sensores inteligentes, sistemas de armazenamento de dados e softwares para processamento de dados e comunicação. Ainda, tais sistemas promovem métodos para transformar a operação do negócio por meio do uso de respostas obtidas a partir do consumo de grandes quantidades de dados em uma estrutura analítica que permita o processamento das informações. Os conceitos da indústria 4.0 buscam criar uma conexão horizontal entre as diferentes verticais do processo e esses conceitos se estendem a outras áreas, tal como, o agronegócio. Essa onda tecnológica já é uma realidade no agronegócio e está sendo aplicada ao processo avícola, a qual denominamos aqui Avicultura 4.0.
Avicultura 4.0 – Mas o que é a Avicultura 4.0 Para compreendermos as diferenças destes novos conceitos tecnológicos quanto as soluções convencionais, devemos olhar para as capacidades e ineficiências dos sistemas legados. Uma hipótese é que a complexidade dos sistemas atuais tem ultrapassado as habilidades dos operadores hu-
manos para o reconhecimento e identificação de ineficiências, tornando difícil o processo de encontrar melhorias por meio dos métodos tradicionais. Tendo como resultado boas máquinas e sistemas operando abaixo de suas capacidades ou até mesmo de forma incorreta, limitadas a análises espontâneas e simples para a realização de novas ações (2). Em outras palavras a complexidade do cenário, com suas diversas variáveis, necessita de uma análise mais complexa e precisa para o alcance de melhorias. Outra condição dos sistemas convencionais de trabalho está na jornada necessária e custos relacionados que os atores do processo devem percorrer para conseguir atuar e controlar determinado cenário produtivo. Muitas vezes, pela falta de uma visão mais ampla, limitação de informações, e apesar do máximo esforço dos profissionais, as respostas dos sistemas produtivos ficam condicionadas a um determinado potencial limitado de melhoria. A avicultura 4.0 carrega sistemas que agora podem suportar uma instrumentação distribuída, monitorando e analisando dados em poderosos sistemas computacionais na nuvem. Um monitoramento em larga escala, de todos os detalhes do processo, associado a computação na nuvem para o processamento de tais dados, o qual inclui conceitos de big data e inteli-
gência artificial, permitindo a formação de um sistema de produção físico-cibernético, com intensa digitalização de informações. As tecnologias da Avicultura 4.0 permitem uma oportunidade única de crescimento, aumento de capacidade produtiva e de competitividade no setor. O uso da informação é um elemento chave nessa cadeia produtiva e deve se tornar cada vez mais presente dentro dos próximos anos.
Uma nova forma de trabalho A Internet das Coisas, definição de objetos inteligentes capazes de gerar e reunir dados conectados a internet, (3), torna possível monitorar e gerenciar operações a centenas de quilômetros de distância, identificar e rastrear bens da cadeia do processo ou detectar a ocorrência de situações anormais. A maneira como interagimos com o mundo físico está sendo redefinida e agora já possuímos formas mediadas por computação, muitas de maneira pervasiva. Um cenário típico em que a tecnologia da Avicultura 4.0 pode auxiliar com grandes ganhos é a partir de uma arquitetura on-line de gestão de aviários. Nesse cenário a agroindústria concentra em sua sala de controle a visão em tempo real das principais variáveis de seus aviários, onde os técnicos especialistas podem acompanhar indicadores, desvios e tendências do lote e, assim, por exemplo, regular as visitas in loco dos técnicos de forma precisa, gerando programação com base em dados e reduzindo custos. Também a partir de uma visão mais ampla de desempenho tais soluções devem permitir a geração de uma nova base de boas práticas e condições de manejo de acordo com as especificidades de cada aviário.
Solução – O que já é uma realidade?
Figura 1. Módulo IoT com múltiplos sensores (Temperatura, Umidade Relativa, CO2 e Luminosidade), aplicado no processo avícola. Fonte: E-AWARE Technologies
60 A Revista do AviSite
As tecnologias já estão disponíveis no mercado e empresas pioneiras já começam a se beneficiar das soluções. No Oeste do Paraná, montamos um cenário de validação para as novas tecnologias da Avicultura 4.0, apli-
tecnologias são factíveis mesmo em cenários já em operação, pois não afetam características do sistema de controle já existente no local. A solução complementa a infraestrutura existente conectando e ampliando os dados da produção para seus gestores e especialistas.
Computação na Nuvem
Figura 2. Exemplo de aplicativo para gestão do processo avícola. Fonte: E-AWARE Technologies cando-as na produção de aves. O sistema aplicado consiste em uma arquitetura com três pilares principais: uma infraestrutura de sensoriamento e comunicação, servidores distribuídos na nuvem e algoritmos e aplicações para comunicação e tratamento dos dados.
Infraestrutura de sensoriamento e comunicação Uma importante etapa no processo de transformação digital consiste na aplicação de ferramentas e métodos eficientes para a colheita de dados no ambiente produtivo. Nesse estudo de caso foram aplicados sensores inteligentes desenvolvidos pela E-AWARE Technologies (4). Os sensores ou Módulos IoT condicionam características que permitem a geração de dados dentro da periodicidade adequada no processo. Alimentados por bateria e com comunicação sem fio, a solução permite alcançar com facilidade os pontos do ambiente onde as medidas tem maior importância, como, por exemplo, próximo a altura do espaço de ocupação das aves. A posição dos sensores é um cuidado importante para
garantir que o sistema tenha a operação desejada. Nas granjas do estudo, foram utilizados diferentes sensores para acompanhar as seguintes variáveis: • Temperatura • Umidade relativa • Temperatura da água • Índice de luminosidade • Dióxido de carbono • Operação de equipamentos • Peso do frango • Peso do silo • Consumo de água • Temperatura da cama A solução utilizada permitiu um monitoramento preciso quanto as condições do processo, não somente nos aspectos de ambiência, mas também quanto as questões de utilidades, saúde dos equipamentos e o desempenho do lote. A Figura 1 ilustra um exemplo de módulo IoT utilizado na aplicação da granja. Um único módulo comporta múltiplos sensores, permitindo mais dados sobre as condições da produção avícola. Importante destacar que tais
Soluções na nuvem tem se tornado cada vez mais usuais e não é por acaso, entre suas vantagens podemos citar a: i) disponibilidade de espaço, logo que a nuvem é considerado um lugar ilimitado para o armazenamento de dados; ii) as aplicações que rodam em sistemas baseados na nuvem podem ser acessadas de qualquer lugar, bastando apenas a conectividade com a internet; e iii) o poder computacional que pode ser conforme a demanda do processo. A solução desenvolvida utiliza servidores para armazenamento e gestão dos dados obtidos a partir da rede de sensores utilizados nas granjas. Aspectos quanto a latência e falhas no link de comunicação foram estudados de forma a serem contornados por meio das aplicações, garantindo a integridade e confiabilidade dos serviços.
Algoritmos e Aplicações para tratamento dos dados A partir da criação de um banco dados com os diversos dados do processo coletados por intermédio do canal de sensores, o próximo passo da solução é a utilização dos algoritmos que entregam outra camada de inteligência na solução. Esses algoritmos são montados em uma arquitetura de microserviços, permitindo a escalabilidade e robustez da solução. Os aplicativos para dispositivos móveis também são um importante aliado nesses processos, facilitando o acesso da informação e conectando todos os responsáveis em tempo real. Na Figura 2, visualizamos o exemplo de uma aplicação móvel para acompanhamento do desempenho do lote. As ferramentas tecnológicas, como o aplicativo na Figura 2, além de permitir um acomA Revista do AviSite
61
Informe Técnico-Comercial Figura 3. Visão da relação de exaustores ligados e temperatura no aviário em função da idade do frango. Fonte: SMA IT Solutions
Os conceitos da indústria 4.0 buscam criar uma conexão horizontal entre as diferentes verticais do processo e esses conceitos se estendem a outras áreas, tal como, o agronegócio 62
A Revista do AviSite
panhamento compartilhado, carregam ainda outros benefícios, entre eles: i) o hábito da gestão; ii) a satisfação dos que conduzem a produção, agora que enxergam os ganhos de suas ações durante o andamento do lote; e iii) ferramentas para reforçar a sucessão no campo, logo que novas tecnologias ajudam a atrair os mais jovens também. As soluções ficam ainda mais interessantes quando há correlação de diferentes variáveis, criando uma nova informação para o processo. Um exemplo de tais análises é apresentado na Figura 3 e faz parte de algumas das informações contidas na solução de gestão avícola da SMA IT Solutions (5). Na imagem é ilustrada a visualização da quantidade de exaustores ligados em relação a idade do frango e a temperatura do galpão. A visualização permite uma identificação rápida em relação aos excessos no ambiente, por exemplo, percebe-se que a partir do 43⁰ dia de idade das aves, apesar da temperatura estar em um nível muito abaixo do ideal, havia um excesso de
exaustores ligados, neste caso, 10 equipamentos, consequentemente gerando de forma desnecessária maiores custos quanto ao consumo de energia elétrica. Com os novos dados e algoritmos inteligentes moldados para as especificidades do processo, é possível elevar o padrão de otimização na avicultura, transformando dados em informações, aprendendo e aplicando melhoria contínua no processo.
Resultados As soluções foram montadas em aviários com um histórico de produção superior a 8 anos, os quais apresentaram sistematicamente lote após lote melhores resultados na na rentabilidade do produtor. Esse aumento representa o resultado de um conjunto de ações tomados a partir dos aviários conectados. O processo avícola inclui diferentes atores e muitas variáveis, não somente na etapa de manejo, porém, sendo esta uma etapa muito sensível, todos os momentos contam e determinadas falhas já não podem mais ser toleradas.
TIPO DE MÓDULO IOT
PROBLEMA
CAUSA DETECTADA
EFEITO
Equipamentos
Falta de ração na linha
Problema na linha de comedouro que ficou desligada em razão de obstrução no canal de distribuição do silo
Aves não alimentadas, concorrência nos pratos com ração
Consumo de Água
Alteração no padrão de consumo de água
Entupimento do nípel
Aves não hidratadas conforme demanda do processo, consequente redução taxa de conversão
Ambiência
Velocidade do vento abaixo do determinado
Queda de tensão na rede elétrica - falha da concessionária de energia
Aumento do volume de CO2/ NH3, registro do aumento da mortalidade
Ambiência
Painel em não conformidade com especificações do técnico
Configuração errada, problema no sistema ou produtor alterou configurações por iniciativa própria
Controle da ambiência desregulado, manejo ineficiente
Ambiência
Sensores do painel descalibrados (temperatura e umidade)
Sistema operando fora dos parâmetros recomendados
Controle de ambiência desregulado, manejo ineficiente
Energia
Aumento de consumo de energia elétrica entre aviários.
Falha de isolamento térmico
Aumento do custo em insumos energéticos, equipamentos sobrecarregados
Equipamentos
Alto valor de umidade no avíario
Sistema de nebulização desconfigurado
Operação de controle inadequado, aumento da mortalidade.
A possibilidade de reduzir desvios indesejados o mais breve possível permite maior eficiência no processo. Abaixo listamos alguns dos eventos identificados por meio das soluções de sensoriamento e análise de dados. Além da visão mais ampla e da detecção de desvios, outras ações são efetuados dentro da identificação e classificação de padrões no processo, permitindo ajustes e novas parametrizações para melhorias de longo prazo. Afastando-se um pouco do aviário e direcionando agora a visão para a agroindústria, outras informações em nível de logística, recomendações, treinamentos e rastreabilidade são benefícios diretos para o processo e trazem os ganhos diretamente no lado da indústria.
O Futuro As tendências tecnológicas como IoT, Big Data e Inteligência Artificial, tecnologias que compõem o cenário da indústria 4.0, têm se tornado cada vez mais presentes. No setor avícola isso já é uma realidade, podendo ajudar em muitas maneiras a condução
do processo de forma mais otimizada e segura. O cenário produtivo avícola deve se beneficiar em muitas frentes dentro dos próximos anos, garantindo um controle mais apurado das ações, logística e eventos dentro do processo, o qual carrega um ambiente com diversos desafios. A iniciativa 4.0 foi inspirada como uma ação para garantir a competitividade dentro do setor de manufatura e agora se estende também para as outras áreas da economia, entre elas o setor avícola. A jornada a partir da Avicultura 4.0 será uma evolução no processo. Primeiramente serão adotadas as novas ferramentas e a maneira de trabalho deverá ser gradualmente adaptada de acordo com as soluções inovadoras que surgem para resolver muitos dos desafios do negócio. Conforme apresentado nesse artigo, já existem ações concretas dentro desta realidade e muito mais deve vir nos próximos anos.
Referências Bibliográficas 1. H. Kagermann, W. Wahlster, and, J. Helbig, "Securing the Future of
German Manufacturing Industry: Recommendations for Implementing the Strategic Initiative Industrie 4.0" in , ACATECH, April 2013, [online] Available: http://tinyurl.com/m4f9nx3. 2. A. Gilchrist, Industry 4.0: The Industrial Internet of Things, Berkeley, CA, USA:Apress, 2016. 3. K. Ashton, "Internet of things", RFID J., Jun. 2009, [online] Available: http://www.rfidjournal.com/articles/ view?4986. 4. www.eaware.com.br 5. https://www.spro.com.br/
Sobre o Autor Jean Michel Winter possui graduação em Engenharia Elétrica, mestrado e doutorado na área de Sistemas de Automação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem desenvolvido pesquisas na área de ambientes inteligentes e redes de sensores sem fio. Atualmente atua como diretor na E-Aware Technologies, empresa do Grupo SPRO, focada no desenvolvimento de tecnologias para aplicações de monitoramento de processos industriais e agrícolas. A Revista do AviSite
63
Informe TĂŠcnico-Comercial
64 A Revista do AviSite
A Revista do AviSite
65
Estatísticas e Preços
Produção e mercado em resumo Mercado sofrível no frango vivo paulista e alvissareiro no frango abatido
Produção de pintos de corte Janeiro a Outubro 5.388,433 Milhões | +7,12%
Produção de Carne de Frango Janeiro a Novembro 13.173,200 mil toneladas | +4,38%
Exportação de carne de frango Janeiro a Outubro 3.361,919 mil toneladas | +0,06%
Disponibilidade Interna Janeiro a Outubro 8.628,600 mil toneladas | +6,43%
Farelo de Soja Janeiro a Novembro R$1.213,00 | -7,87%
Milho Janeiro a Novembro R$41,26 | +0,41%
Desempenho do frango vivo Janeiro a Novembro R$3,27 | +18,00%
Desempenho do ovo Janeiro a Novembro R$68,60 | +7,20%
66 A Revista do AviSite
N
o cenário internacional, a FAO aponta que a produção mundial de carnes estará em torno dos 335 milhões de toneladas neste ano, equivalendo a redução de 1% sobre o ano passado, mas permanecendo cerca de meio por cento acima do registrado em 2017. No tocante à carne de aves é previsto crescimento de 4,7% no ano e de 6,7% no biênio. Ainda segundo a FAO, o comércio mundial de carnes pode atingir 36 milhões de toneladas, equivalendo a aumento de 6,5% no ano. Nesse sentido, a carne de frango pode obter índice positivo de apenas 4,4%, enquanto a carne bovina pode crescer 5,7% e a suína 11,9%.
N
o cenário nacional, a avicultura de postura comercial teve um mês de novembro atípico na comercialização. Mesmo sem conquistar evolução nos preços praticados no melhor período do mês, no momento mais crítico sofreu apenas uma baixa, encerrando o mês com forte valorização. Com isso, obteve o melhor preço médio para um mês de novembro. No acumulado em 11 meses o índice positivo atinge 7,2%. Todavia, se encontram ainda bem abaixo dos recebidos no mesmo período do biênio 2016/2017. Na avicultura de corte, enquanto o preço do frango vivo no mercado paulista teve um novembro sofrível, o frango vivo mineiro manteve a dinâmica dos últimos meses, sofrendo baixas de preço no período mais favorável para comercialização e obtendo ajustes no momento mais difícil para os negócios. Já em relação ao frango abatido, o preço paulista alcançou média recorde de R$4,76, obtendo valorização mensal que se aproximou de 20% e, anual, de 13,2%. O preço médio acumulado atinge R$4,17 e se encontra 21,8% acima do recebido no mesmo período de 2018. O preço médio do milho, matéria-prima básica utilizada na alimentação das aves, embora tenha alcançado no ano evolução inferior às verificadas na comercialização do ovo e do frango vivo e abatido, está obtendo forte evolução nos meses finais de 2019. A saca do milho no interior paulista já atinge R$50,00, indicando aumento de 26,3% sobre o praticado na abertura do ano.
Produção de pintos de corte
Em outubro, quatro anos depois, novo recorde é atingido
O
EVOLUÇÃO MENSAL MILHÕES DE CABEÇAS
MÊS
2017/2018
2018/2019
VAR. %
506,821
495,274
-2,28%
Dezembro
534,215
546,727
2,34%
Janeiro
556,669
555,571
-0,20%
Fevereiro
484,996
506,784
4,49%
Novembro
Março
514,578
515,808
0,24%
Abril
469,768
529,294
12,67%
Maio
462,848
541,082
16,90%
Junho
486,324
511,480
5,17%
Julho
503,995
562,407
11,59%
Agosto
528,934
556,896
5,29%
Setembro
488,926
526,755
7,74%
Outubro
533,029
582,357
9,25%
Em 10 meses
5.030,068
5.388,433
7,12%
Em 12 meses
6.071,104
6.430,434
5,92%
Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE
PRODUÇÃO EM PERÍODOS DE DOZE MESES
2018
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
6,430
6,381
6,343
6,315
6,257
6,232
Fev
6,154
6,094
Jan
6,093
Nov Dez
6,060
6,071
Out
6,072
Outubro de 2018 a outubro de 2019 Bilhões de cabeças
6,071
levantamento da produção de pintos de corte realizado pela APINCO indica que em outubro último novo recorde foi atingido. Os dados divulgados indicam cerca de 582,4 milhões de cabeças, representando aumento de 9,25% em relação ao mesmo período do ano passado. Já em relação a setembro último, o total levantado indica crescimento de 10,6%. Entretanto, outubro é mês mais longo e isso considerado torna o aumento real em 7%. Nos últimos 24 meses os volumes ficaram muito abaixo do patamar alcançado e, por isso, o total produzido em outubro pode causar certa surpresa em muitos. Aliás, segundo fonte de mercado, as previsões iniciais apontavam volume próximo de 565 milhões. Porém, era certo que haveria crescimento em outubro por três motivos principais: a demanda anterior por ovos férteis e pintos de corte permaneceu forte, o mês foi longo em dias uteis e nascimentos de pintos e a criação do período é destinada aos abates para as festas de fim de ano. Mesmo assim, o recorde atual não tem nada de especial, representa aumento ínfimo, de apenas 0,13% sobre o produzido há quatro anos atrás, no mesmo período do já distante outubro de 2015, equivalendo a cerca de 754 mil pintos de corte a mais. O total acumulado nos 10 meses encerrados em outubro alcança 5,388 bilhões de cabeças, equivalendo a aumento de 7,12% sobre o mesmo período do ano passado. O volume médio chega a quase 539 milhões de cabeças que, projetadas para o restante do ano, aponta estimativa de 6,466 bilhões de cabeças. Se alcançada, significará aumento de 6,5% sobre os 6,072 bilhões de cabeças produzidas em 2018. Por ora, o volume acumulado em períodos de doze meses – novembro de 2018 a outubro de 2019 – alcança 6,430 bilhões de cabeças e representa aumento de 5,9% sobre o mesmo período imediatamente anterior. O acompanhamento gráfico da produção de pintos em períodos de doze meses confirma o crescimento gradativo verificado no decorrer do ano.
Out
2019 A Revista do AviSite
67
Estatísticas e Preços Produção de carne de frango
Volume estável no quadrimestre agosto/novembro de 2019
D
EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS
MÊS Janeiro
2018
2019
VAR. %
1.195,3
1.199,6
0,36%
Fevereiro
1.109,6
1.108,1
-0,14%
Março
1.222,5
1.254,3
2,60%
Abril
1.159,0
1.148,0
-0,95%
Maio
1.144,2
1.205,2
5,33%
Junho
1.080,1
1.193,7
10,52%
Julho
1.121,1
1.196,7*
6,74%
Agosto
1.130,5
1.235,5*
9,29%
Setembro
1.141,0
1.214,5*
6,44%
Outubro
1.163,8
1.234,9*
6,11%
Novembro
1.153,8
1.182,7*
2,50%
Dezembro
1.159,0 13.173,2
4,38%
Em 11 meses
12.620,9
Em 12 meses 13.779,9 Fontes dos dados básicos: APINCO e IBGE Elaboração e análises: AVISITE * Estimativa baseada no peso médio do IBGE para o 1º semestre
CABEÇAS ABATIDAS
Corresponde ao número de pintos de um dia alojados internamente e que completaram 42 dias de idade no decorrer do mês; aplicada ao alojamento inicial viabilidade de 96%. Milhões de cabeças - Janeiro de 2018 a Novembro de 2019
2018 512,6
518,7
526,6 505,1
484,8
482,2
SET
493,1
482,7
AGO
437,2
467,2
476,3
474,6
503,6
511,1
493,9
485,2
508,7
523,5
512,1
478,0
2019
527,7
498,3
535,6
JAN
FEV
MAR
68 A Revista do AviSite
ABR
MAI
JUN
JUL
OUT
NOV
DEZ
epois de apresentar evolução superior a 3% de julho para agosto, o potencial de produção de carne de frango (estimado a partir do alojamento interno de pintos de corte) permaneceu estável no quadrimestre agosto/ novembro. Em novembro, por sinal, pode estar sendo registrado o menor volume dos últimos sete meses. Como mostra a tabela, o potencial estimado para os primeiros onze meses do ano se encontra próximo de 13,175 milhões de toneladas, resultado cerca de 4,4% superior ao estimado para idêntico período anterior. O volume médio mensal alcançou quase 1,2 milhão de toneladas que, projetadas para a totalidade do ano, sugerem volume global de 14,370 milhões de toneladas. Se atingidas, equivalerá a aumento de 4,3% sobre o potencial de 13,780 milhões de toneladas apontados para 2018. O índice de aumento só não é maior porque o peso médio diário utilizado para o cálculo do potencial em 2019 se encontra na casa dos 2,341 kg – obtido através do levantamento trimestral divulgado pelo IBGE, referente ao abate de frangos sob inspeção federal, estadual e municipal no primeiro semestre – enquanto no ano passado atingiu 2,378 kg. Mas, é possível que a divulgação de novos dados do IBGE sobre as cabeças abatidas e o volume de carne de frango produzida no decorrer do segundo semestre, mostre um peso médio superior ao estimado. Nesse sentido, a revisão das informações poderá mostrar crescimento no volume e, consequentemente, um índice superior ao atual. A ressalvar, como sempre, que o potencial estimado se refere apenas à carne de frango produzida a partir do alojamento interno de pintos de corte, ou seja, não inclui os descartes (de reprodutoras e poedeiras) que, uma vez abatidos, transformam-se em carne de frango.
Exportação de carne de frango
China, a “salvadora da pátria” nas exportações de 2019
O
EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS
MÊS
2017/2018
2018/2019
VAR. %
Novembro
318,132
314,244
-1,22%
Dezembro
313,664
343,483
9,51%
Janeiro
323,694
274,515
-15,19%
Fevereiro
306,545
309,646
1,01%
Março
367,834
334,843
-8,97%
Abril
247,223
354,827
43,52%
Maio
328,351
373,146
13,64%
Junho
231,731
376,585
62,51%
Julho
454,791
378,423
-16,79%
Agosto
387,768
318,032
-17,98%
Setembro
355,590
315,002
-11,41%
Outubro
356,439
326,900
-8,29%
3.359,966
3.361,919
0,06%
3.991,762
4.019,646
0,70%
Em 10 meses
Em 12 meses
Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC
EXPORTAÇÃO EM PERÍODOS DE 12 MESES
Out
Nov
Dez
2018
Fev
4,020
4,049
4,090
4,160
4,091
3,939
4,046 Jan
3,972
3,969
4,018
3,988
4,236
Outubro de 2018 a Outubro de 2019 Milhões de toneladas
3,992
s dados consolidados da SECEX/ME referentes aos quatro principais itens de carne de frango exportados pelo Brasil – frango inteiro, cortes, carne salgada e industrializados – apontaram, para outubro, embarque total de 326,9 mil toneladas. Comparativamente ao mesmo mês de 2018, o indicador ficou negativo, apresentando queda de 8,29%. No acumulado dos 10 primeiros meses do ano, o volume – pouco superior a 3,360 milhões de toneladas – se encontra no mesmo nível registrado em idêntico período do ano passado, com variação positiva de apenas 0,06%. O embarque médio do período projeta para o ano volume total pouco acima dos 4,030 milhões de toneladas. Se atingido, significará aumento inferior a meio por cento. Já o total exportado nos 12 meses decorridos entre novembro de 2018 e outubro de 2019 ficou próximo dos 4,020 milhões de toneladas, volume 0,70% maior que o registrado nos 12 meses imediatamente anteriores. O acompanhamento das exportações em períodos de doze meses indica que o máximo embarcado pelo setor aconteceu em junho último quando chegou a 4,236 milhões de toneladas. De lá pra cá, os embarques foram caindo ininterruptamente. A China pode ser considerada a “salvadora da pátria” em 2019. Pois ainda que entre os 10 principais importadores outros três países também tenham aumentado suas compras (Japão, Emirados Árabes Unidos e Coreia do Sul), foi graças ao aumento de 23% nas importações chinesas que o volume total exportado pelo Brasil nos 10 primeiros meses do corrente exercício está apresentando resultado positivo. E segue firme na liderança como o maior país importador da carne de frango brasileira, posição que foi cativa da Arábia Saudita até o ano passado e que, neste ano, além de perder sua posição, reduziu as importações em quase 1%. Contribuiu também para o baixo desempenho do setor as quedas nos volumes importados da África do Sul, Hong Kong, Holanda, Kuwait e México.
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
2019 A Revista do AviSite
69
Estatísticas e Preços Disponibilidade Interna de Carne de Frango
Média superior a 900 mil toneladas no trimestre agosto/outubro
S
Evolução Mensal MIL TONELADAS
MÊS
2018
2019
VAR. %
Janeiro
871,6
925,1
6,14%
Fevereiro
803,1
798,5
-0,57%
Março
854,7
919,5
7,58%
Abril
911,8
793,2
-13,01%
Maio
815,8
832,1
1,99%
Junho
848,4
817,1
-3,68%
Julho
666,3
818,3
22,81%
Agosto
742,7
917,5
23,53%
Setembro
785,4
899,5
14,53%
908,0
12,47%
Outubro
807,4
Novembro
839,6
Dezembro
815,5
Em 10 meses
8.107,1
8.628,6
6,43%
Em 12 meses
9.762,2
-
-
Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE
DISPONIBILIDADE INTERNA APARENTE Janeiro de 2018 a outubro de 2019 Mil toneladas
917
70
A Revista do AviSite
dez
nov
out
set
ago
jul
abr
mar
fev
jan
666
816
847
jun
818
743
816
817
908
840
832
793
mai
855
798
899
807
912
919
803
872
925
2019
785
2018
ubtraído do potencial de produção estimado pelo AviSite as exportações divulgadas pela SECEX/ME, obtém-se a informação de que a disponibilidade interna de carne de frango aparente tem superado as 900 mil toneladas nos últimos meses. É o que se verifica no trimestre agosto/ outubro quando o volume médio alcançou 908,3 mil toneladas, equivalendo a aumento de quase 17% sobre o mesmo período do ano passado, quando estava em 778,5 mil toneladas. O potencial de carne de frango estimado para novembro e os embarques do período indicam que a oferta disponibilizada no penúltimo mês do ano também deve se confirmar acima das 900 mil toneladas. Nos últimos dez meses a oferta interna atingiu quase 8,630 milhões de toneladas, representando 6,4% de aumento sobre os 8,107 milhões estimadas para o mesmo período do ano passado. A oferta média disponibilizada no período – 863 mil toneladas – projetada para o restante do ano indica cerca de 10,354 milhões de toneladas. Se forem atingidas, significará aumento de 6% sobre a contabilizada no ano passado. Ou, um potencial per capita na casa dos 49 kg, superando em mais de 2 kg o disponibilizado no decorrer de 2018. Em momentos passados, o atual nível de oferta interna estaria causando excessos de produto no mercado interno e afetando todos os setores envolvidos na cadeia de negociação. Entretanto, não é isso o que vem acontecendo. Concorre para isso o fato da China estar demandando enorme quantidade de proteínas animais no mercado internacional para suprir suas necessidades internas e o Brasil ter se tornado um dos grandes fornecedores de carnes, seja bovina, suína ou de aves. Isso tem alavancado o preço das carnes bovina e suína no mercado interno e, com isso, a carne de frango ganha ainda mais espaço na mesa dos consumidores brasileiros.
Mercado
Desempenho do frango vivo em novembro e nos 11 primeiros meses de 2019
Novembro foi encerrado com um valor que superou, apenas, o que foi registrado nos dois primeiros meses de 2019
C
otado, na média, por valor próximo de R$3,23/kg, o frango vivo comercializado no interior de São Paulo completou em novembro o sexto mês consecutivo de preços decrescentes. É verdade que, no quadrimestre decorrido entre julho e outubro, sua cotação permaneceu inalterada em R$3,30/ kg. Mas a inflação corrói diuturnamente os valores nominais. Assim, a cotação mensal aparentemente estável foi também decrescente.
na prática, a remuneração recebida retrocedeu a valores (nominais) que não eram registrados desde os primeiros meses de 2018. Ignorada essa circunstância, o frango vivo completou os 11 primeiros meses de 2019 com um valor médio – R$3,27/kg – quase 18% superior ao de idêntico período de 2018. Porém, o mais curioso a registrar é que – considerado o preço médio registrado no ano passado – retornou em novembro a, praticamente, o mesmo índice observado em sua curva de preços sazonal (média registrada nos 24 anos decorridos entre 1995 e 2018), fato demonstrado no gráfico inferior. Tal fato, porém, apenas ressalta uma constatação: pelo menos no interior paulista, o frango vivo apresentou comportamento absolutamente oposto ao do boi e do suínos vivos e até mesmo da própria carne de frango, seu desempenho sendo totalmente desconexo em relação à valorização obtida pelas carnes no mês. Por quê? Está claro que o frango vivo paulista deixou de ser aquele eficiente indicador de mercado (não só para a ave viva, mas também para a abatida), ao mesmo tempo em que deixa de ser referência para outros estados ou regiões do país. Porque, em essência, representa parcela mínima do que é abatida diariamente em São Paulo – resultado, apenas, do fortalecimento da produção integrada.
Porém, independente disso, novembro foi encerrado com um valor que superou, apenas, o que foi registrado nos dois primeiros meses deste ano (até o valor alcançado em março, à primeira vista igual ao de novembro, foi ligeiramente superior). Essa, porém, é uma questão de somenos. Porque, durante todo o transcorrer de novembro, grande parte dos negócios efetivados com a ave viva esteve sujeita a descontos que, na segunda metade do mês, chegaram a superar 20% da cotação então vigente. Ou seja:
FRANGO VIVO
F R A N G O
V I V O
Evolução de preços na granja, ao produtor, interior de São Paulo
Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/KG
R$/KG
NOVEMBRO DE 2019
MIN.
MAX.
MED.
3,25
3,30
3,28
Média mensal e variação 1ª semana (dia 1) 3,30 3,30 3,30 anual e mensal em treze meses 2ª semana (dias 4 a 9)
3ª semana (dias 11 a 16)
MÊS.
MÉDIA R$/KG
4ª semana (dias 18 a 23) 5ª semana (dias 25 a 30)
NOV MÉDIA
VARIAÇÃO %3 , 2 0 3,20 3,20 3,20 ANUAL MENSAL 3,20
3,20
3,20
3,20
3,20
3,02
11,73%
DEZ
2,94 R$/KG
8,89%
JAN/19
2,79
8,67%11,73%-5,03% -5,45%
FEV DEZ
2,94
18,63%8,89% 5,27% -2,54%
JAN/19 MAR
3,23
-5,03% 37,11% 8,67% 9,78%
3,55
5,27% 61,36%18,63% 9,91%
MAI
3,60
51,64%
JUN
3,44
11,94%51,64%-4,69% 1,41%
MÊS NOV
FEV
ABR
MAR ABR MAI
-5,45%
MENS AL NOS ÚLTIMOS 13 MES ES
VARIAÇÃO -2,54%
ANUAL
MENSAL
37,11%
9,78%
1,41%
61,36%
9,91%
JUL JUN
3,30
10,00% 11,94% -3,94% -4,69%
JUL AGO
3,30
10,00% 0,00% -3,94% 10,00%
AGO
3,30
SET
SET
10,00%
3,30
3,44%
NOV
3,23
6,91%
NOV
0,00%
3,33%
OUT
OUT
MÉDI A ANUAL NOMI NAL E RE AL EM UMA DÉCADA – R$/KG
0,00%
3,33% 3,44% 6,91%
0,00%
0,00%
Fonte dos dados básicos: JOX Elaboração e análises: AVISITE
-2,27%
Obs.: Valor real deflacionado pelo IPCA do IBGE do mês de outubro de 2019
0,00%
-2,27%
Out
Nov
118,3
115,9 116,4
118,6 115,3
118,6 115,8
118,6 112,5
118,6 106,6
102,4
93,3
129,4
123,5
127,6
94,9
116,1 99,6
105,6 104,9
Set
100,6
102,2
CURVA RELATIVA DE PREÇOS DO VIVO FRANGO VIVO EM 2019 (JANEIRO A NOVEMBRO) CURVA RELATIVA DE PREÇOS DO FRANGO EM 2019 (JANEIRO A NOVEMBRO) COMPARATIVAMENTE À CURVA SAZONALSAZONAL (MÉDIA REGISTRADA NOS ÚLTIMOS ANOS COMPARATIVAMENTE À CURVA (MÉDI A REGISTRAD A NOS 24 ÚLTIM OS) 24 ANOS ) MÉDIA DO ANO ANTERIOR 100 MÉDIA DO ANO =ANTERIOR = 100
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Dez
A Revista do AviSite
71
Estatísticas e Preços Mercado
Desempenho do ovo em novembro e nos 11 primeiros meses de 2019
Mercado fecha o mês de novembro, e abre dezembro, de forma positiva
D
ezembro promete. Porque, depois de atravessar praticamente todo novembro com quase total estabilidade de preços (desta vez não experimentou as altas típicas da primeira quinzena), o ovo encerrou o mês (sábado dia 30) com expressivas altas, sinalização de um comportamento bem mais ativo no encerramento do ano. Tomando como base os preços alcançados pelas cargas fechadas negociadas no atacado da cidade de O V O
São Paulo, observa-se que o valor médio registrado em novembro não foi muito diferente do observado nos seis meses anteriores. Sob esse aspecto, a significativa alta obtida no sábado (30) não modificou os resultados do mês. Pois ainda que a média do mês tenha sido 23% superior à de um ano antes, voltou a ocorrer retrocesso (-1,55%) em relação ao mês anterior, fato que se repetiu em sete dos últimos 13 meses.
E XEXTRA T R A OVO BRANCO
B R A N C O
Evolução de preços no atacado da cidade de São Paulo*
Evolução de preços no atacado paulistano R $/ C A I X A D E 3 0 D Ú Z I A S R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS NOVEMBRO DE 2019
MIN.
MAX.
Média mensal e variações 1ª semana (dia 1) 69,00 71,00 anual e mensal em treze meses 2ª semana (dias 4 a 9)
69,00
71,00
Depois de atravessar praticamente todo novembro com quase total estabilidade, o ovo encerrou o mês com expressivas altas
M É D I A A N U A L N OM I N A L E R E AL E M U M A D É C A D A – R $ / C AI X A
MED. 70,00 70,00
(dias 11 a 16) 69,00 71,00% 70,00 MÊS. 3ª semana MÉDIA VARIAÇÃO 4ª semana (dias 18 a 23) 67,00 71,00 69,67 R$/CXA NO ANO NO MÊS
NOV DEZ
5ª semana (dias 25 a 30)
56,71
67,00
-14,08%
77,00
69,33
13,16%
M É D I A M E N S AL N OS Ú L T I M OS 1 3 M E S E S MÊS
55,00
-14,54%
R$/KG
VARIAÇÃO -3,01% ANUAL MENSAL
JAN/19 NOV
47,65
-11,63%
FEV
DEZ
72,12
1,08%
51,33% -14,54% -3,01%
MAR
JAN/19
71,64
-9,40%
-11,63% -13,36% -0,66%
ABR
FEV
76,96
13,59%
MAI JUN
MAR ABR MAI
65,31
3,93%
71,25
-11,19%
JUL
JUN
67,50
6,95%
AGO
JUL
72,89
20,07%
SET OUT NOV
AGO SET OUT NOV
69,50
19,40%
70,85
41,37%
69,75
23,00%
-13,36% 13,16%
-14,08%
1,08%
51,33% 7,43%
-9,40%
-0,66%
13,59%
7,43%
A expectativa, agora, é a de que a remuneração registrada no último dia de novembro seja apenas um ponto de partida para os negócios de dezembro corrente. Ou seja: nada impede que sejam atingidos valores próximos do recorde do ano – R$76,96/caixa em abril passado. Notar (gráfico inferior, com a evolução relativa dos preços do ovo em relação à sua curva sazonal) que os preços de dezembro têm sido, em média, 10% superiores aos de novembro. Se tal variação se repetir em dezembro, o resultado será praticamente o mesmo registrado no quarto mês do ano.
-15,14%
Porém, mesmo que isso aconteça, o preço médio de 2019 não deve sofrer grande alteração em relação ao valor atual, superior ao registrado em 2018, mas (em valores deflacionados) ainda inferior aos registrados em alguns dos anos anteriores mais recentes.
9,10%
3,93% -15,14%
-5,26% -11,19% 9,10% 6,95% -5,26% 7,98% 20,07%
7,98%
19,40%
-4,65%
41,37%
1,94%
-4,65%
Fonte dos dados básicos: JOX Elaboração e análises: AVISITE
1,94%
Obs.: Valor real deflacionado pelo IPCA do IBGE do mês de outubro de 2019
-1,55% -1,55%
23,00%
72
Set
Out
Nov
110,4
110,3 100,4
112,3
Ago
99,7
Jul
112,0
115,2
114,5 106,7
109,9
Jun
101,6
Mai
113,0
Abr
A Revista do AviSite
117,1 109,4
112,1
Mar
103,3
113,3
Jan
121,7
120,5
114,4
Fev
74,7
91,8
115,0
CURVA RELATIVA DERELATIVA PREÇOS DO EM 2019 A NOVEMBRO) CURVA DEOVO PREÇOS DO (JANEIRO OVO EM 2019 (JANEIRO A NOVEMBRO) COMPARATIVAMENTE À CURVA SAZONAL REGISTRADA DE 2001 A 2018 ) COMPARATIVAMENTE À CURVA (MÉDIA SAZONAL (MÉDIA REGISTRADA DE 2001 A 2018 ) MÉDIA DO ANO ANTERIOR = 100 MÉDIA DO ANO ANTERIOR = 100
Dez
Milho e Soja Milho registra forte evolução mensal e anual O preço do milho registrou aumento de preço em novembro. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$46,43, valor 6,6% superior à média alcançada pelo produto em outubro último, quando ficou em R$43,54. Na comparação anual o índice foi mais de um quinto superior. Isso porque em novembro do ano passado o preço praticado foi de R$38,48 a saca.
Valores de troca – Milho/Frango vivo No frango vivo (interior de SP) o preço médio de novembro, ficou em R$3,23 kg, sofrendo baixa mensal de 2,3%, mas tendo evolução anual de quase 7%. Assim, com a valorização do milho e o retrocesso no preço do frango vivo, houve piora mensal no poder de compra do avicultor. No mês, foram necessários 239,6 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa perda de 8,2% no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em outubro, a tonelada do milho “custou” 219,9 kg de frango vivo. Já em relação a novembro do ano passado, a piora no poder de compra atingiu 11,4%, pois, lá, foram necessários 212,4 kg de frango vivo para adquirir a tonelada da matéria-prima.
Farelo de soja alcança maior cotação do ano Em novembro a cotação do farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou aumento pelo terceiro mês consecutivo e alcançou a maior cotação do ano. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.267/t, valor 2,3% superior ao praticado no mês de outubro quando atingiu R$1.239/t. Em comparação com novembro de 2018 – quando o preço médio era de R$1,278/t – a cotação atual ainda registra queda de 0,9%.
Valores de troca – Farelo/Frango vivo A valorização alcançada na cotação do farelo de soja em novembro e a queda no preço do frango vivo fez com que fossem necessários 392,3 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando piora de 4,3% no poder de compra do avicultor em relação a outubro, quando 375,5 kg de frango vivo foram necessários para obter uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses o índice ainda permanece positivo em cerca de 7,9%, pois, lá, foram necessários 423,2 kg para adquirir o cereal.
Valores de troca – Farelo/Ovo O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), sofreu desvalorização mensal em novembro e fechou à média de R$63,75, valor 1,7% abaixo do alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$64,85. Com a desvalorização no preço do ovo e a valorização no milho, houve piora no poder de compra do avicultor. Em novembro foram necessárias 12,1 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em outubro, foram necessárias 11,2 caixas/t, uma queda de 7,8% na capacidade mensal de compra do produtor. De toda forma, em doze meses ainda houve melhora de 4,2%.
Preçomédio médioMilho Milho Preço
53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00
novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro
R$/sacadede60kg, 60kg,interior interiordedeSPSP R$/saca
2018 2018
2019 2019
MédiaNovembro Novembro Máximo MínimoMédia Mínimo Máximo 41,00 52,00 R$R$41,00 R$R$52,00
46,43 46,43
Fonte das informações: www.jox.com.br
De acordo com os preços médios dos produtos, em novembro foram necessárias, aproximadamente, 19,9 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou perda mensal de 3,9%, já que, em outubro, foram necessárias 19,1 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em relação a novembro de 2018 a melhora no poder de compra atingiu 26,8%, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 25,2 caixas de ovos.
Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiordedeSPSP R$/tonelada
1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750
novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro
Valores de troca – Milho/Ovo
2018 2018
2019 2019
MédiaNovembro Novembro Mínimo Média Máximo Mínimo Máximo 1.230,00 R$ 1.340,00 R$ R$ R$ 1.230,00 R$ R$ 1.340,00
1.267,00 1.267,00
A Revista do AviSite
73
Ponto Final
Sérgio Pinto Diretor de inovação da BRF
A
o analisar o cenário do agronegócio recente, nos deparamos com uma renovação e busca por maior competitividade no ramo. O contexto mudou e se sofisticou desde o início da década de 90 com a abertura comercial, promovendo uma agenda de evolução competitiva, refletida no aumento da importância que tem sido dada à inovação e à transformação digital. São indiscutíveis, dentro da cadeia produtiva, a curiosidade e a expectativa para conhecer de perto o trabalho que as startups têm desenvolvido - agregando valor para a indústria e nosso país. Vimos, por exemplo, produtores passando a lidar com um imenso volume de informações que não estavam habituados ou preparados anteriormente, enquanto os consumidores, por sua vez, buscando mais informação pelos chamados bastidores das indústrias. Essa mudança, como consequência, faz estarmos em desenvolvimento constante, pela manutenção das boas práticas e transparência total – fomentando maior credibilidade em todos os pontos da cadeia. As startups de Agtech surgem como o novo supply para as indústrias do agronegócio. Com foco em problemas e aplicações específicos, com o cliente no centro do desenvolvimento das suas soluções, elas se diferenciam dos fornecedores tradicionais na velocidade e flexibilidade que conseguem sanar as dores da indústria. Além disso, as Agtechs brasileiras nascem compreendendo a importância da escalabilidade de uma solução, num país com nossas dimensões continentais. Para nos conectar a esses parceiros, a BRF começou em 2016 a implementação de um programa estruturado de engajamento com startups, o brfHub. Por meio dele, os desafios do negócio são priorizados conforme a estratégia
74
A Revista do AviSite
A contribuição das startups na construção de novas tecnologias no agronegócio da companhia e publicados periodicamente em nossa plataforma www.brfhub.com. Recebemos inscrições de empreendedores que querem nos apresentar suas soluções. Após um funil de seleção, os novos parceiros recebem a oportunidade e mentoria para executarem seu projeto piloto junto à área propositora do desafio. Em caso do almejado sucesso bilateral, a tecnologia pode ser totalmente integrada à cadeia da BRF. Hoje temos projetos piloto acontecendo em várias áreas da empresa, como engenharia, P&D suprimentos, mídia e RH, além dos já finalizados com sucesso nas áreas de indústria 4.0 e transformação digital. Cases como esses ajudam no engajamento cultural e na construção de novos processos instrumentalizados em prol da inovação. Com isso, indústrias maduras, como a BRF, captam as oportunidades vindas dessa nova dinâmica de mercado, dando escala as soluções necessárias para a continua evolução de nosso agronegócio. O mercado nacional está de portas abertas para as parcerias. Na BRF vamos além da conexão com startups; estendemos o convite a inovação conjunta com pesquisadores de perfil empreendedor, sejam eles de universidades ou instituições de pesquisa, ao enxergar uma grande oportunidade no potencial cenário de troca de conhecimento entre a academia e o setor privado, ciência e mercado. É na criação desses laços com os principais agentes do ecossistema que a BRF busca resolver seus desafios estratégicos, colocando à disposição seus principais ativos para impulsionar grandes ideias e gerar negócios de alto impacto. Assim contribuímos para o Brasil continuar sua jornada de crescimento no agronegócio, com papel de protagonista na missão de alimentar o mundo.
A Revista do AviSite
75
Ponto Final
A FLEXIBILIDADE QUE VOCÊ QUER COM A PROTEÇÃO E TECNOLOGIA QUE VOCÊ PRECISA.
abcd 76
A Revista do AviSite