Editorial Entrevista
A avicultura mundial liga o sinal de alerta
Em 2022 casos de Influenza Aviária foram registrados em todos os continentes, milhares de aves foram sacrificadas na Europa, Ásia, Estados Unidos da América e, agora, também, na América do Sul.
Nossos vizinhos, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela registraram casos da Influenza Aviária de alta patogenicidade H5N1 em aves silvestres. É um momento de muita atenção para a produção brasileira, exemplo de sanidade em todo o mundo.
Como sempre nosso competente setor já toma medidas preventivas e de reforço da biosseguridade nas granjas, propriedades e fronteiras. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reforça a necessidade de esforço conjunto para prevenir a entrada da IA no Brasil.
“A entidade recomenda fortemente a suspensão de visitas à área produtiva das propriedades, independentemente de cumprimento de vazio sanitário. A recomendação é válida para todos, brasileiros ou estrangeiros – a exceção é, exclusivament a quem trabalha diretamente e unicamente na granja da propriedade em questão, como pessoas relacionadas diretamente com a atividade”, afirmou o presidente da ABPA, Ricardo Santin, em comunicado ao setor.
O momento é de extrema atenção e exige o engajamento de todos para manter nosso setor atuante, e cumprindo a sua importante missão de alimentar o Brasil e o mundo.
E afinal, chegamos a dezembro, 2022 foi um ano de muitos desafios e alegrias para o setor, e para a Mundo Agro também, voltamos a cobrir eventos presenciais, fortalecemos nossas revistas, estivemos ao lado dos nossos parceiros e clientes, sempre levando informação de qualidade aos nossos leitores.
Agradecemos a parceria e desejamos um fim de ano de realizações. Para 2023 seguiremos unidos trabalhando fortemente para uma avicultura cada dia mais forte e beminformada.
Nos vemos nas próximas páginas. Glaucia Bezerra
Genética
FEVEREIRO
Show Rural Copavel
06/02 a 10/02 – Cascavel/PR
MARÇO
Congresso de Ovos 14/03 a 16/03 – Ribeirão Preto/SP
34ª Reunião CBNA - Aves, Suínos e Bovinos
21/03 a 23/03 – Campinas/SP
Aves & Suínos 360º - Summit 2022 07/03 e 08/03 – Curitiba/PR
ABRIL
23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura 04/04 a 06/04 – Chapecó/SC
MAIO
Agrishow 2023 01/05 a 05/05 – Ribeirão Preto/SP
JUNHO
4ªConbrasul Ovos 2023 18/06 a 21/06 – Gramado/RS
SETEMBRO
6ª Feira da Avicultura e Suinocultura do Nordeste 19/09 a 21/09 – São Bento do Una/PB
OUTUBRO
8º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio
25/10 e 26/10 – São Paulo/SP
As + lidas do AviSite 1 2
Superior ao dos últimos 2 anos, poder de compra do frango em relação ao milho ainda é o 3º menor em 10 anos
A média registrada nos 11 primeiros meses de 2022, da ordem de 3,755 toneladas, continua entre as mais baixas dos últimos 10 anos. Ou seja: supera apenas a capacidade de compra de 2020 (3,616 toneladas) e de 2021 (3,326 toneladas, o menor nível do período analisado). E ainda que se encontre em nível muito próximo do registrado em 2016 (3,822 toneladas), permanece abaixo da registrada nos sete anos decorridos entre 2013 e 2019.
Leia na íntegra:
Entre os grandes exportadores, Tailândia e Brasil são os que têm a avicultura mais dependente do mercado externo Dados do recém-lançado Food Outlook da FAO apontam que em 2022 a produção mundial de carne de frango deve girar em torno dos 138 milhões de toneladas, das quais pouco mais de 16 milhões de toneladas) serão exportadas, o que representa perto de 12% do total mundial. Mas, entre os cinco maiores exportadores, em dois deles – Tailândia e Brasil – a relação exportação/produção própria se encontra muito acima dessa média. A avicultura mais dependente das exportações de carne de frango é a da Tailândia. Sua produção corresponde a menos de 1,5% do total mundial, mas suas exportações respondem por quase 8% do volume total exportável. Ou seja: exporta quase 70% do que produz.
Leia na íntegra:
Estável há dois meses, custo de produção do frango permanece entre os mais elevados da
história
O levantamento mensal da Embrapa Suínos e Aves apontou que em outubro passado o custo de produção do frango permaneceu inalterado em relação ao mês anterior, ocasião em que atingiu a marca dos R$5,49/kg. O custo registrado, embora apenas 5,37% superior ao de um ano atrás, permanece entre os mais elevados da história do setor. Tanto que se encontra menos de 30 centavos abaixo do recorde (R$5,77/kg em março deste ano), além de permanecer quase 30% acima do valor registrado dois anos antes, em outubro de 2021.
Leia na íntegra:
Cobb-Vantress e Agrogen comemoram 25 anos de parceria
No dia 15 de setembro a Cobb-Vantress e a Agrogen Multiplicação Genética comemoraram 25 anos de parceria, mesmo dia em que foi alojado o primeiro lote de matrizes no Rio Grande do Sul, em 1997. As duas gigantes da genética avícola mundial trabalham pelo desenvolvimento constante e têm a qualidade e segurança de seus processos produtivos como aspectos essenciais para as suas atividades.
Evonik lança Instagram com conhecimentos para a cadeia de produção
Com o objetivo de discutir as principais tecnologias e inovações para o desenvolvimento da produção de proteína animal no país, empresa cria perfil que terá a participação da sua equipe de especialistas e pesquisadores de universidades, além de lideranças do setor. Produzido pela equipe da divisão de Nutrição Animal, a Evonik Animal Nutrition, ele vai abordar novas tecnologias e inovações para a produção de proteínas de origem animal e todos os temas relevantes para os profissionais da cadeia produtiva do país, destacou o zootecnista e gerente Sênior de Marketing da Evonik na América Latina, Rodrigo Galli.
Smurfit Kappa Brasil lança Impackt
Conciliando o uso de inovação e sustentabilidade, a Smurfit Kappa traz ao mercado o Impackt, ferramenta proprietária desenvolvida no Brasil que permite realizar simulações em 3D que demonstram o acúmulo de resíduos de embalagens com o passar dos anos. O lançamento permite que clientes e fornecedores a nível global possam visualizar o impacto causado ao meio ambiente caso as soluções sejam descartadas de maneira incorreta ou sejam produzidos com materiais de baixa reciclabilidade.
Cobb-Vantress e especialistas apostam em tendências positivas para a avicultura brasileira
As perspectivas são otimistas para a avicultura brasileira, defenderam especialistas que participaram do Encontro Empresarial realizado pela Cobb-Vantress em Foz do Iguaçu, no Paraná. A empresa de genética avícola reuniu cerca de 110 participantes entre empresários e dirigentes de empresas avícolas do país para debater os principais desafios e oportunidades do setor.
O Encontro Empresarial, um dos mais tradicionais eventos realizados pela companhia, aconteceu pela primeira vez em formato presencial após a pandemia. O diretor Associado de Marketing da Cobb-Vantress e organizador do encontro, Cassiano Bevilaqua, destacou que a edição superou as expectativas e o envolvimento de toda a equipe da companhia na realização deste encontro. “Estamos muito satisfeitos por poder proporcionar esta troca de conhecimento. Além disso, a participação do público superou nossas expectativas”.
Avicultura da Vaxxinova tem nova assessora Técnica
AUnidade
de Negócios Avicultura da Vaxxinova anuncia a chegada de uma nova assessora técnica: a médica-veterinária Priscila Diniz Lopes, que possui mestrado e doutorado na área de patologia animal pela UNESP — Jaboticabal. Em seu currículo, destaque para os 12 anos de experiência na avicultura, atuando em pesquisas relevantes nas áreas de imunologia e de doenças bacterianas e virais das aves, bem como a responsabilidade técnica e coordenação de um Laboratório de Sanidade Animal na agroindústria.
Priscila Diniz Lopes é médica-veterinária especialista em patologia animal
Ceva comemora 15 anos da Cevac Transmune IBD no Brasil
Apoiada
por sua rede de pesquisa global e compromissada a entregar para o mercado soluções tecnológicas capazes de impactar positivamente a produção de proteína animal e, consequentemente, a vida de bilhões de pessoas em torno do mundo é que neste ano a Ceva Saúde Animal comemora os 15 anos da Cevac Transmune IDB. “Esta é uma vacina capaz de impedir o ciclo da doença de Gumboro, um avibirnavírus descrito no início da década de 60 e que ao longo das décadas se disseminou por todo o mundo que contam com a presença de indústrias avícolas”, explica o PhD em Medicina Veterinária Luiz Sesti, responsável técnico para América Latina da Ceva Saúde Animal.
Luiz Sesti, responsável técnico para América Latina da Ceva Saúde Animal6ª Feira da Avicultura e Suinocultura do Nordeste
Nos dias 21 a 23 de setembro, São Bento do Una, a pouco mais de 200 quilômetros da capital pernambucana Recife, recebeu a 6ª edição da Feira da Avicultura e Suinocultura do Nordeste. Circularam pelo evento mais de 10 mil pessoas, no total 73 stands apresentaram suas soluções para o setor de aves e suínos, no fim de três dias foram fechados aproximadamente 73 milhões de reais em negócios.
A 7ª da Feira da Avicultura e Suinocultura do Nordeste já tem data confirmada e será realizada entre os dias 19 e 21 de setembro de 2023.
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Hubbard anuncia nova organização no time de vendas
Após 41 anos dedicados ao desenvolvimento da empresa, David Fyfe, diretor Global de Vendas, optou por se aposentar no final de dezembro de 2022. Para estar bempreparada, a Hubbard iniciou uma transição gradual de responsabilidades e missões em julho de 2022.
Grupo Aviagen investe R$ 50 milhões para garantir o fornecimento de aves Hubbard na América Latina
OGrupo Aviagen® anunciou um investimento de R$ 50 milhões (US$ 9,5 milhões; € 9,5 milhões) para a expansão de sua operação em Luziânia, no estado de Goiás, Brasil. A unidade de Luziânia produz matrizes Hubbard® Efficiency Plus. Com previsão de conclusão em 2024, a expansão dobrará a capacidade de produção do Efficiency Plus para o mercado brasileiro. Subsidiaria do Grupo Aviagen, a Hubbard opera de forma independente como uma empresa de genética de aves como suas marcas próprias e atividades comerciais. A duplicação da capacidade de produção da operação de Luziânia, no Brasil, permitirá à Hubbard acompanhar uma demanda crescente por matrizes
O Grupo Aviagen detém a operação em Luziânia-GO, no Brasil, que produz aves Hubbard Efficiency Plus David Fyfe, diretor Global de VendasQualifeed HD Frangos de Corte: ração de procedência e qualidade para melhores resultados
A Qualifeed é uma ração peletizada e triturada, possui em sua composição ingredientes com alta digestibilidade, com granulometria adequada para a alimentação de frangos de corte nas primeiras semanas de vida
Os pintinhos de frango de corte enfrentam inúmeros desafios nas fases iniciais de vida. São consideradas fases críticas e, por isso, os animais devem receber atenção especial quanto aos cuidados de manejo e alimentação. Uma prática recomendável é possibilitar o acesso imediato dos pintinhos à ração e água logo após a eclosão, visto que os nutrientes do saco vitelino não são suficientes para atender os requerimentos das aves nesse período.
Nas primeiras semanas de vida, aves de corte apresentam um crescimento acelerado e aos 7 dias podem alcançar um peso 4,5 vezes maior que o inicial, sendo que este, aos 7 dias, apresenta correlação positiva com o peso final de abate. No entanto, qualquer adversidade enfrentada nessas fases pode comprometer o desempenho das aves no período final de criação, elevar a mortalidade, diminuir a produtividade e até mesmo prejudicar a qualidade da carne, gerando prejuízos ao produtor, devido ao aumento dos custos de produção. Dessa forma, o fornecimento de uma dieta completa, com tecnologias e ingredientes de alta qualidade, adequadamente balanceada e processada, torna-se fundamental. E dentro desse contexto, indicamos a Qualifeed HD Frangos de Corte como solução para pintinhos nas fases iniciais.
A Qualifeed é uma ração peletizada e triturada, possui em sua composição
ingredientes com alta digestibilidade, com granulometria adequada para a alimentação de frangos de corte nas primeiras semanas de vida. Tal combinação - processamento, granulometria e ingredientes de alta qualidade - associada a auma adequada nutrição, garantem melhor absorção dos nutrientes da dieta e melhor desempenho das aves.
Promove, também, maior facilidade de apreensão do alimento, o que gera menor gasto energético e uniformiza o consumo de ração, melhorando a uniformidade, a viabilidade, o ganho de peso e a conversão alimentar das aves. Além disso, por ser peletizada e triturada, e com baixo percentual de finos, reduz o desperdício, aumenta a digestibilidade dos nutrientes, reduz o tempo de consumo da ração, aumenta o consumo de água, e diminui a contaminação microbiana do alimento. Todas essas características favorecem a expressão do potencial genético das aves para obtenção de melhores valores de ganho de peso e conversão alimentar. A utilização da Qualifeed apresenta ainda como benefício o fato de aumentar a facilidade para o cliente quanto à programação e logística das fábricas, pois as rações iniciais normalmente exigem maiores cuidados, como qualidade e seleção de ingredientes. Dentro desse contexto, seu uso nas fases iniciais simplifica e otimiza os processos de produção.
A fim de buscar oportunidades de melhoria e para evidenciar os benefícios da utilização da Qualifeed HD Frangos de Corte, a equipe técnica da Vaccinar está engajada no desenvolvimento de pesquisas que, em parcerias com universidades, fortalece seu compromisso na busca de soluções para o produtor. Dentro desse contexto, foi realizado um experimento em parceria com a UFPR de Palotina/PR para avaliar os efeitos das idades das matrizes, programas de alimentação e forma física das dietas (dieta farelada x Qualifeed HD Frangos de Corte). Foram avaliados 8 tratamentos (2 idades das matrizes x 4 programas alimentares). Os programas de alimentação foram compostos pela combinação entre a forma física da ração (farelada ou peletizada triturada - Qualifeed HD Frango de Corte) e os programas de alimentação, com o tempo de fornecimento da Qualifeed (até os 7, 11 e 15 dias de idade). Em todos os tratamentos, os pintinhos que se alimentaram da ração Qualifeed, apresentaram maior ganho de peso e melhor conversão alimentar, independentemente da idade das matrizes.
Sendo assim, as premissas envolvendo o conceito da Qualifeed (processamento, granulometria, ingredientes de alta qualidade e nutrição ajustada) se confirmaram e foi possível, a partir dos resultados, demonstrar seus benefícios na melhora do desempenho das aves.
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Do campo à mesa: qualidade da carne é uma preocupação para produtores e consumidores
Quando falamos de alimentos, a qualidade na produção é a identificação de cada marca, ela se torna a identidade da indústria e facilita a disseminação do processo industrial como um todo
Bem-informados e exigentes os consumidores costumam direcionar os rumos do mercado, incluindo o de consumo de carnes e produtos animais. E essa é uma realidade que interfere em todo o processo produtivo. Na avicultura são diversos os fatores responsáveis pela qualidade do produto final. A complexidade envolvida exige atenção em todas as pontas, afinal, o rendimento adequado das aves no campo, será responsável pelo bom rendimento também nas indústrias através de uma carcaça adequada e rentabilidade do lote.
A carne de frango é uma das mais consumidas no Brasil devido ao seu valor comercial mais acessível, baixo índice de gordura e ser
grande fonte de vitaminas. A Pesquisa Trimestral de Abate de Animais realizada pelo IBGE, mostra que nos meses de abril, maio e junho deste ano foram abatidas 1,50 bilhão de cabeças de frango. No comparativo com o mesmo trimestre do ano passado, houve uma queda de 1,4%. Mesmo assim, a pesquisa apontou o melhor mês de maio desde 1997. A Pesquisa do IBGE investiga estabelecimentos que estejam sob inspeção sanitária federal, estadual ou municipal.
Cada etapa do manejo precisa de atenção. No aviário, os cuidados começam com a nutrição adequada e devem seguir todas as premissas do bem-estar animal. A atenção abrange desde os ajustes com água,
alimentação e temperatura, passando pelo transporte até o abatedouro - e todos os controles sanitários e inspeções exigidasaté o processamento dos produtos. Atividades que têm ganhado ainda mais fôlego e desempenho com a evolução dos softwares especialistas em gestão e qualidade.
A consultora de negócios da Agrosys, Marcia Eyng, explica que em todo o processo produtivo das aves, mas, principalmente em relação ao abate, a tecnologia pode ser um fator favorável para a conquista dos resultados esperados. Segundo ela, o processo industrial é muito dinâmico e rápido e as informações online facilmente acessíveis são de extrema importância nas tomadas
de decisões em meio a um cenário que pode ter várias alterações ao menor problema. “O uso de sistemas especialistas são garantia de segurança para que os gestores tomem decisões assertivas”, explica.
Controlar rendimentos e perdas e fazer a gestão da qualidade são garantias de melhores resultados
Quando falamos de alimentos, a qualidade na produção é a identificação de cada marca, ela se torna a identidade da indústria e facilita a disseminação do processo industrial como um todo. E o mercado é bastante exigente e
seletivo, logo, esse é um requisito importante em todo o processo produtivo das aves. “Realizar Gestão da Qualidade é gerenciar todos os processos de acordo com as normas estabelecidas, garantindo assim um produto muito melhor. Os monitoramentos são de extrema importância, porém realizar gestão dele de forma adequada torna os processos na indústria facilitados”, ressalta a consultora de negócios da Agrosys.
A Gestão da Qualidade abrange ações como Planejamento; Controle de qualidade da produção; Qualificação dos fornecedores; Monitoramento online das etapas; Auditoria interna, entre outros. Na Central de Controle de Processo da Agrosys
é possível montar planilhas de forma digital, para que os monitoramentos sejam feitos de forma online e possam facilitar a resolução de qualquer problema que surja neste processo. O documento atende toda a norma básica para plano de ação com ações corretivas, preventivas e acompanhamento da ação. Toda a verificação documental é online com disposição da planilha pronta e verificada com a assinatura digital e resultados visíveis através de painel por item de inspeção.
Já em relação ao Controle de Rendimentos e Perdas, Marcia afirma que a adoção da prática torna a indústria muito mais cuidadosa em relação aos seus cortes. A análise tem como objetivo
Publieditorial – Agrosys
recompor a produção de carnes de aves desde o abate, observando o processo, aditivos, quebra, condenações e sobrepeso. E, apresentando no final, um rendimento passível de análise para tomada de decisões para fins
de melhoria de processo e ganhos de resultados.
O módulo Análise e Rendimento de Perdas (ARP) da Agrosys permite realizar a devida parametrização da árvore base, contemplando a
árvore de produtos, as condenações, rendimentos, destinos dos itens resultantes, perdas e ganhos dos Skus (sobrepesos, temperos, quebras), fórmulas dos Skus e extrações no caso de CMS e CMR.
Cada etapa do manejo precisa de atenção. No aviário, os cuidados começam com a nutrição adequada e devem seguir todas as premissas do bem-estar animal. A atenção abrange desde os ajustes com água, alimentação e temperatura, passando pelo transporte até o abatedouro
Projeções de recorde na safra de grãos deve beneficiar produção de aves e suínos em 2023
Wagner Yanaguizawa, analista do mercado
proteína animal
Rabobank Brasil,
Bezerra, da redação
Para o Rabobank a produção de proteína animal global em 2023 seguirá em ambiente de volatilidade, impactada pelos aumentos de custo de produção, riscos sanitários e pela pressão no poder de compra do consumidor. Tais desafios ocorrem diante de um cenário de desaceleração econômica global, que vem influenciando a dinâmica do comércio mundial.
O cenário de desaceleração econômica mundial tem impulsionado a demanda por carnes mais baratas como o frango. Desafios pelo lado da oferta, como os altos custos da ração, escassez de mão de obra, elevados fretes marítimo e rodoviário, encarecimento da energia elétrica e os desafios sanitários, como a gripe aviária, devem corroborar para equilibrar o balanço entre oferta e demanda no próximo ano.
De acordo com dados do relatório de projeções do Rabobank, a China se manterá como principal destino da carne de frango brasileira, porém, o aumento da sua produção local nos últimos anos e a recuperação da produção de carne suína tem reduzido os níveis de importação do país asiático, tendência que deve se manter no curto prazo.
Glaucia
de
do
avalia que as variáveis importantes como o clima e o conflito entre Ucrânia e Rússia devem ser pontos de atenção
Para 2023 as projeções indicam que a produção chinesa deve se elevar em 3% no comparativo anual, o que deve reduzir ainda mais a dependência do mercado externo. Vale lembrar que além da PSA, a gripe aviária de alta patogenicidade também se mantém ativa no território chinês e a chegada sazonal das estações mais frias no final do ano devem aumentar novamente o número de novos casos, impactando a produção e a cadeia de suprimentos.
Comparando o número de países importadores das três principais carnes brasileiras, bovinos, frango e suínos, a carne de frango tem acessado mais destinos analisando os dados parciais desse ano, com um número de 163 países compradores.
Os esforços dos exportadores para diversificar os destinos tem funcionado, já que China e Arábia Saudita, que nos últimos foram os maiores importadores de carne de frango do Brasil, atualmente representam apenas 12% e 7% do total embarcado, respectivamente.
No comparativo anual até setembro, a China reduziu em 17% o volume comprado e a Arabia Saudita 10%, e mesmo assim, quando analisados os dados agregados deste ano, as exportações brasileiras devem bater recorde tanto em volume quanto em faturamento,
com um aumento de 4 a 5% nos embarques em volume.
No acumulado de janeiro a setembro, as exportações registraram elevação de 5% em volume e 31% em faturamento, ou seja, os repasses das altas nos custos de produção têm sido absorvidos pelo mercado internacional, que também tem elevado a competitividade pela carne brasileira. A China se mantém como principal importador, seguido dos Emirados Árabes, que tem registrado aumento de 32% nos embarques, e do Japão com ligeira queda de 1% no mesmo período.
Destaque para União europeia e Reino Unido, que no próximo mês deve ultrapassar a Arábia Saudita como 4º maior destino e com elevação de 18% nas compras brasileiras. Filipinas, Singapura e Coreia do Sul também tem avançado fortemente suas importações, com aumentos de 42%, 61% e 48%, respectivamente, no mesmo período. O México avançou em 23% as compras do Brasil, após reduzir a zero as taxas de importação (parte da estratégia de reduzir a inflação local).
Para o próximo ano, a forte competitividade do Brasil no mercado externo em termos de preço, somado ao potencial de manter os níveis de exportação, deve
Exportações brasileiras de carne de frango
A carne de frango e o mercado doméstico
Com relação ao mercado doméstico, a carne de frango é a proteína animal mais beneficiada em termos de consumo nesses anos de pandemia. Nos últimos dois anos, o aumento acumulado no consumo per capita dessa proteína registrou alta de quase 9%, porém os dados parciais deste ano já mostram sinais de saturação na demanda doméstica.
Com a expectativa de retomada na oferta de carne bovina no próximo ano, pelo aumento nos estoques de machos e elevação dos abates das fêmeas, a competitividade com relação à carne de bovina será maior, e a menor diferença de preços entre as carnes somado ao forte apelo cultural de parte da população devem limitar a continuidade do ritmo de aumento de consumo per capita da proteína animal mais consumida no país. Vale lembrar que o consumo per capita de carne bovina registrou em 2021 o menor volume dos últimos 16 anos, chegando a 27,8 kg.
continuar trazendo oportunidades e com isso, projetamos um novo aumento de 3% no volume embarcado no comparativo anual.
A questão sanitária deve ter atenção redobrada nos próximos meses dado à confirmação recente de focos de gripe aviária nas Américas. A América do Sul era uma das poucas regiões que ainda não haviam sido afetadas pelo vírus no passado recente e devido aos riscos de dispersão da doença por aves migratórias (diferentemente da PSA, que tem o javali selvagem como principal agente dispersor via terrestre), os riscos se elevam ainda mais. Medidas para reduzir os riscos de contaminação já tem sido tomadas nos últimos dois anos por conta da Covid-19, e com o aumento dos riscos de contaminação pela gripe aviária, novas medidas devem estar sendo tomadas também dentro das granjas produtoras.
Em entrevista para a Revista do AviSite, o analista do mercado de proteína animal do Rabobank Brasil, Wagner Yanaguizawa, fala sobre o atual momento dos setores de aves e suínos e o que podemos esperar para 2023. Acompanhe.
REVISTA DO AVISITE: Quais serão os principais pontos de atenção para a cadeia de proteína animal em 2023?
WAGNER YANAGUIZAWA: Na nossa visão muitas das variáveis que impactaram o cenário neste ano devem continuar impactando o setor em 2023. Dos principais pontos, o primeiro deles é o climático, que pode interferir tanto positivamente quanto negativamente na safra de grãos – é projetado um incremento recorde de plantio para soja e milho. Em caso de negativo teremos um incremento de custos. Outra questão é em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, uma vez que a Ucrânia oferta não apenas milho para a Europa, mas também carne de frango, e por este fator temos algumas oportunidades nesse mercado. O petróleo e os custos logísticos, rodoviários, marítimos e fretes de contêiners refrigerados permanecem em patamares bastante elevados, serão pontos de grande atenção, tanto na logística interna quanto para as exportações.
E, com certeza, os desafios sanitários. O Brasil ainda é um país muito seguro, estamos dentro de uma bolha sanitária sem registro de casos de Influenza Aviária, Peste Suína Africana, entre outros. O país não possui registro de nenhuma sanidade importante impactando e limitando a nossa produção, porém casos em países vizinhos nos deixam em alerta, por isso mesmo, protocolos já estão sendo adotados para controle e prevenção.
Para suínos, em 2023 novamente a China seguirá como maior comprador da proteína?
Sim. A China, considerando as exportações até outubro, é o nosso maior mercado de destino e representa cerca de 40% das exportações de suínos, é o maior player no mercado internacional em termos de participação e, em detrimento das limitações impostas na recuperação da produção devido a um menor estoque de matrizes reprodutoras acreditamos que no próximo ano a China deve continuar sendo o nosso maior destino. Porém já existe uma atenção do setor exportador para diversificação de mercados.
Já
da Rússia, por exemplo, e sofremos com os embargos impostos pelos russos, 2015/2016, o que nos garante que isso não possa vir a acorrer com a China?
De fato, essa dependência da China é um grande risco, não apenas por ser um único mercado responsável por 40% das nossas exportações de carne suína, mas também porque, pensando em mercado externo, as barreiras comerciais travestidas de barreiras sanitárias devem ser o principal desafio dos países exportadores. E os riscos se elevam bastante porque essas suspenções têm um caráter de previsibilidade quase nula, sendo muito difícil prever este cenário, principalmente se do lado importador houver alguma medida para não impactar no mercado interno.
Para 2023, o Rabobank projeta que as compras chinesas de carne suína no mercado externo devem retomar, se elevando entre 5 e 10% com relação ao ano anterior. Quais fatores levarão a esse aumento chines e, sendo o Brasil grande fornecedor da proteína precisará aumentar o seu plantel?
Na produção interna brasileira caminhamos para o nono ano seguido de aumento da produção, projetamos para 2023 que o crescimento de produção será basicamente para sustentar as exportações. O cenário de consumo doméstico deve aumentar 0,5% e as exportações vão cerca de 2%, muito relacionada as importações da China que serão em torno de 3 milhões de toneladas e que devem trazer um incremento de demanda chinesa por carne suína em torno de 150 até 300 mil toneladas, sendo uma oportunidade muito interessante para o Brasil.
Pensando no cenário global de recuperação econômica a carne de frango, por ser uma das proteínas mais baratas, deve continuar ganhando atenção do mercado externo e o Brasil deve continuar se consolidando com o maior exportador de carne de frango do mundo, não apenas pela competitividade dos preços, mas também pela segurança sanitária.
Quais os riscos que o Brasil corre tendo essa dependência do mercado chinês?
fomos dependentes assim
Os insumos e altos preços dos alimentos foram o grande desafio da produção de aves e suínos, as principais lideranças do setor pediram muitas vezes por apoio do governo para melhor escoamento dos insumos. Para 2023 esse cenário se repetirá ou podemos esperar um novo cenário mais otimista?
Pensando em custos e oferta da produção, este ano os fertilizantes foram um dos itens que impactarem negativamente nestes aumentos, já estamos vendo um arrefecimento em termos de preço, procurando um equilíbrio de mercado que se consolidará no próximo ano, com patamares menores do que este ano. Porém, existem incertezas, como clima, grãos e preços do petróleo, que podem impactar não apenas os custos da logística interna, mas, também, os custos da logística de exportação.
Além da recuperação do plantel suíno chines é esperado uma maior competividade do mercado externo, quais serão os principais desafios do Brasil para não perder a competitividade internacional?
Manteremos nossa competitividade no mercado externo em termos de preço e devemos ter um cenário de oportunidades, não apenas pela China, mas por mercados da Europa, Ásia e América Central. A questão sanitária deve continuar afetando países exportadores o que deve favorecer o Brasil.
De forma geral, quais serão os grandes desafios de 2023 para os setores de aves e suínos? E quais serão as oportunidades previstas pelo Rabobank?
Começando pela carne suína a expectativa de aumento da produção de 1% será guiada para atender o mercado externo em termos de exportação, projetamos um aumento em torno de 20% de volume exportado, enquanto o mercado interno deve ficar limitando em crescimento em torno de 0,5% em relação à 2022 no
consumo per capta. Para o mercado doméstico estamos vislumbrando um ritmo de aumento de consumo menor do que o registrado nos últimos dois anos, diferenças menores entre os preços das carnes suína e de frango irão beneficiar a carne bovina.
Já a carne de frango teve um aumento exponencial de consumo per capita em detrimento da carne bovina, é a principal proteína animal consumida no Brasil, porém este ano foi possível perceber que o consumo per capita está chegando em níveis de saturação, então, a partir de 2023, projetamos um cenário de estabilidade em termos de consumo doméstico e um aumento de produção na casa de 1,5% em volume, que será para atender o mercado das exportações que, em nossa visão, entre as três carnes, é a melhor posicionada em termos de risco, não apenas pela menor dependência da China, que representa apenas 11% do que exportamos, bem diferente dos 40% da carne suína e 55% da carne bovina.
Pensando no cenário global de recuperação econômica a carne de frango, por ser uma das proteínas mais baratas, deve continuar ganhando atenção do mercado externo e o Brasil deve continuar se consolidando com o maior exportador de carne de frango do mundo, não apenas pela competitividade dos preços, mas também pela segurança sanitária.
Wagner Yanaguizawa
É analista do Rabobank Brasil e atua no desenvolvimento de pesquisas na área de proteína animal. Antes de trabalhar no Rabobank, atuou como analista de inteligência de mercado da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes – ABIEC, onde foi responsável pelos levantamentos, análise e elaboração dos relatórios periódicos do setor.
Em prol da segurança alimentar mundial
A união de todos os entes é fundamental para que o agro brasileiro continue em sua missão de suprir a demanda por alimentos em âmbito mundial
Gislaine Balbinot, diretora executiva da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG)Oagronegócio brasileiro tem sido brilhante. Baseado em ciência, a cada ano, tem aplicado mais tecnologia para ampliar sua produtividade, a fim de oferecer ao mundo alimentos nutritivos e saudáveis, fibras e energia, atendendo as demandas
de mais de 190 países. O setor tem se aperfeiçoado na conservação de biomas, ao imprimir um maior uso de técnicas sustentáveis, como o plantio direto, os processos de integração (iLP e iLPF), rotação de culturas, fixação biológica de nitrogênio, recuperação de
pastagens degradadas, entre outros.
Todo esse esforço somado aos investimentos feitos antes, dentro e depois da porteira tem resultado em benefícios econômicos para o país e para a sociedade, bem como
auxiliado na questão social, ao gerar empregos nos centros comerciais, mas, principalmente, em áreas rurais, propiciando às famílias melhores condições de vida.
Um estudo da LCA Consultores mostra que a renda real das áreas brasileiras dominadas pelo agro alcançaram um crescimento de 29,4% no último quadriênio (20192022) em relação ao quadriênio anterior, enquanto no restante do país a elevação foi próximo a 4%. Ademais, a atividade agropecuária emprega mais de 14 milhões de pessoas nas épocas de picos de plantio e colheita.
O agronegócio tem sido fundamental para a economia nacional. Em 2021, o setor representou 29% do PIB nacional, com uma receita da ordem de R$ 2,5 trilhões. Para este ano, o agro mantém boas perspectivas, apesar de o PIB do setor ter registrado queda no primeiro semestre, devido à alta dos custos de produção na agropecuária e de insumos na agroindústria e ao atraso da colheita em 2021.
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) estima que pode haver um
crescimento de 2,8% no PIB neste ano. Outro dado importante é a previsão da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) de um novo recorde na safra de grão: 312,4 milhões de toneladas (2022/2023), o que representa um aumento de 15,32% diante das 271 milhões de toneladas da safra 2021/2022.
Cabe destacar ainda que projeções da consultoria MB Associados mostram que o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados fortemente ligados à atividade agropecuária, devem crescer acima de 5% neste ano.
Nas exportações, o agronegócio segue contribuindo para o superávit da balança comercial brasileira. É importante ressaltar que o alto patamar de preços mundiais tem ajudado o setor a estabelecer valores recordes no ano. Em outubro, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério da Economia, as exportações agropecuárias totalizaram US$ 6,23 bilhões, o que significa uma alta de 97% ante o mesmo mês de 2021. O resultado foi impulsionado pelas vendas de milho, que saltaram de US$ 380 milhões em outubro de 2021 para US$ 2,05
bilhões em outubro deste ano. Na soja, o aumento foi de 52,5% no valor exportado. No acumulado de janeiro a outubro, a expansão foi de 36% ante ao mesmo período de 2021, chegando a US$ 65,72 bilhões.
Contudo, a crise econômica, as mudanças climáticas, e principalmente, o retorno da insegurança alimentar e energética e a crise geopolítica são fatores que causam preocupação para o setor. A busca por soluções para o enfrentamento desses temas passa pela integração da esfera pública e da iniciativa privada, assim como pela integração de todas as cadeias agroalimentares. A união de todos os entes é fundamental para que o agro brasileiro continue em sua missão de suprir a demanda por alimentos em âmbito mundial.
Ao avaliar esses fatores, percebe-se que três deles: insegurança alimentar, mudanças climáticas e crise geopolítica estão interligados. Para garantir a segurança alimentar do mundo, por meio da erradicação da fome, a geopolítica é preponderante. Os acordos comerciais são o melhor caminho para uma distribuição mais igualitária dos alimentos. Atualmente, o problema da fome
Projeções – ABAG
não está na produção de alimentos, mas sim, na distribuição deficitária e desigual.
Nesse sentido, é preocupante o retorno de ideias, conceitos e políticas precaucionistas e protecionistas, que têm sido cada vez mais disseminadas no mundo atual. Essas medidas levam o agravamento de novos acordos comerciais, assim como a imposição de regras unilaterais trazem prejuízos para o combate à insegurança alimentar. Portanto, a chave está no diálogo e o caminho é a integração.
O Brasil, dessa maneira, tem um papel importante no mundo, ao ser um dos maiores produtores e exportadores de alimentos, fibras e energia. Por isso, durante a XII Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que ocorreu em junho, em Genebra (Suíça), o país se posicionou de forma estratégica, no sentido de buscar uma negociação para atender os países mais pobres no combate à fome, mas com a OMC liderando o sistema multilateral de comércio, baseado em regras claras e transparentes, que tornem esse sistema ainda mais justo, equitativo e orientado para o mercado.
As mudanças climáticas também interferem na geopolítica e, consequentemente, na insegurança alimentar. A imagem do agro no exterior está distorcida, gerando desafios no comércio internacional, que também pode dificultar o fechamento de acordos importantes para o fornecimento de alimentos. A realidade, que precisa ser mostrada e comunicada ao mundo, é que agronegócio brasileiro tem feito sua parte. O setor preserva áreas de vegetação nativa correspondentes a 33,2% do
Para este ano o agro mantém boas perspectivas, apesar de o PIB do setor ter registrado queda no primeiro semestre, devido à alta dos custos de produção na agropecuária e de insumos na agroindústria e ao atraso da colheita em 2021
território brasileiro, o equivalente a 282,8 milhões de hectares conservados, segundo uma avaliação da Embrapa Territorial, a partir do geoprocessamento dos dados do Censo Agropecuário 2017 e do Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural (SiCAR).
Há também políticas públicas que estimulam a produção sustentável, como o RenovaBio (Lei dos biocombustíveis no Brasil) e o Plano ABC+, que começou em setembro deste ano, com metas importantes até 2030 para combater às mudanças climáticas e promover o controle das emissões de gases de efeito estufa (GEE) na agropecuária brasileira, estimulando o aumento da eficiência e resiliência dos sistemas produtivos.
Uma das características do agro também é o efeito poupa-terra, que reduz a necessidade da terra para produzir mais, além da capacidade de produzir até quatro safras por ano, de forma produtiva, eficiente e com o uso de sistemas sustentáveis criados a partir de ciência voltada para o mundo tropical. As indústrias, startups e empresas têm desenvolvido novas tecnologias para agricultura de precisão, que diminuem os impactos ambientais das atividades agrícolas.
Certamente, o agro está do lado dos biomas brasileiros e defende o combate sistemático contra o
desmatamento ilegal, que precisa ser punido com a força da Lei. O setor também procura a união com o poder público para a criação de políticas públicas que estimulem a preservação ambiental concomitantemente à geração de renda para as comunidades locais para a sociedade como um todo.
Para o próximo ano, a expectativa é que o agro siga trabalhando em prol da segurança alimentar global. Dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) calculam uma alta de 10% para o PIB Agropecuário, o que permitirá que o setor siga produzindo de forma sustentável para alimentar o mundo.
Gislaine Balbinot é diretora executiva da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG)
Alimentação animal: Fatores que refrearam maior crescimento em 2022
Entre os desafios a convergência de contratempos acabou por impor pesado ônus às cadeias produtivas e obrigou o empreendedor brasileiro a desembolsar muito mais recursos na aquisição de vitaminas, aminoácidos e enzimas
Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações
Aretomada econômica tem qualificado poucos setores. A maioria, ao contrário, continua amargando severos retrocessos e acentuados resultados negativos. No setor de alimentação animal, a perspectiva é avançar pouco mais de 1% em 2022, diferentemente dos 3,5% de incremento projetados ainda no início do ano. O ambiente inflacionário que aflige toda cadeia produtiva global de proteína animal, comprometeu também os resultados dos produtores brasileiros de carnes, ovos e leite, sejam eles verticalizados ou independentes.
Compulsoriamente, as cadeias
produtivas globais diminuíram o ritmo durante a pandemia da Covid. Atualmente, mesmo vencida a inércia das máquinas, sua propulsão não alcança pleno vapor e, muito embora, as transações internacionais venham ganhando tração, os portos ainda não recuperaram aquele fluxo tradicional.
O cenário remete àquela desordem de 2021, quando todos amargaram as consequências das limitações e até impedimentos nos deslocamentos impostos em 2020. A parada de aviões e navios e a baixa disponibilidade de contêineres impulsionaram o custo do frete. O agravamento se
deu pela falta de tantos insumos, escassez motivada pela parada das fábricas chinesas consequente ao déficit energético causado pela modificação da matriz fóssil para renovável e pela ausência dos trabalhadores em razão da política sanitária de “tolerância zero contra a Covid”.
Em seguida, a invasão russa na Ucrânia somou estragos ao já conturbado cenário, uma vez que aquela região é reconhecidamente estratégica para o agronegócio global, já que os países envolvidos no conflito são grandes produtores de milho, trigo e outras mercadorias movimentadas e embarcadas no Mar Negro, afora
gás natural e petróleo. Adicionalmente, grandes áreas produtoras agrícolas, como o Brasil, a Argentina e os Estados Unidos, foram abatidas por desordens climáticas que mitigaram a produtividade das lavouras, além dos fertilizantes e defensivos importados, ameaçados pelo risco de escassez e com preços estratosféricos por causa da desvalorização cambial.
A convergência de contratempos acabou por impor pesado ônus às cadeias produtivas e obrigou o empreendedor brasileiro a desembolsar muito mais recursos na aquisição de vitaminas, aminoácidos, enzimas, etc., afora o milho e o farelo de soja. Muito embora, ocupemos o pódio na produção desses principais cereais e oleaginosas, essas commodities são precificadas em dólar, e apesar do certo alívio apurado nos últimos meses, seu preço continua reposicionado em patamar ainda proibitivo quando comparado à extrema dificuldade do repasse adicional ao varejo consumidor das carnes, leite, ovos, peixes, camarões e dos alimentos para animais de companhia.
A expectativa é que o segundo semestre possa contabilizar quantidade suficiente para compensação do retrocesso apurado nos primeiros meses e, oxalá, reservar até algum incremento, considerados alguns fatores, tais como a generosa safra de milho e soja, a distribuição do auxílio emergencial às camadas socioeconômicas menos favorecidas, o desempenho da pauta exportadora das carnes e até por conta de mais uma Copa do Mundo de futebol.
Parafraseando o imortal Ariano Suassuna: “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso!”
As commodities são precificadas em dólar, e apesar do certo alívio apurado nos últimos meses, seu preço continua reposicionado em patamar ainda proibitivo quando comparado à extrema dificuldade do repasse adicional ao varejo consumidor das carnes, leite, ovos, peixes, camarões e dos alimentos para animais de companhia.
Em ano repleto de desafios, SINDAN exalta a retomada de estabilidade do setor de saúde animal no Brasil
Com crescimento próximo dos 10% em 2022, indústria supera dificuldades no cenário socioeconômico e se prepara para demandas do próximo ano
Oano de 2022 foi marcado por grandes desafios, como o arrefecimento da pandemia e a adaptação, de fato, das empresas ao chamado “novo normal”, eleições presidenciais, Copa do Mundo. Para o segmento de saúde animal, apesar das dificuldades observadas no período, podemos considerar este mais um ano positivo em nossa história. Os números ainda não estão fechados, mas a estimativa é de crescimento de 10% nas vendas - abaixo dos 20% registrados em 2021, um ano totalmente atípico, mas alinhado ao crescimento médio do setor na última década. Caso a previsão se confirme, o setor de saúde animal ultrapassará, pela primeira vez, a marca de R$ 10 bilhões de faturamento.
O crescimento contínuo do setor tem uma explicação: a saúde animal é importante tanto para a manutenção do bem-estar dos nossos pets, hoje considerados verdadeiros membros da família, quanto para manter uma boa produtividade entre os animais de companhia. Neste segundo caso, também é fundamental para garantir a produção de alimentos seguros para os brasileiros e os mais de 100 países que importam carnes do Brasil.
Nos últimos anos, com o fortalecimento da agenda ESG, os medicamentos veterinários ganharam ainda mais relevância na produção, graças ao seu papel para a sustentabilidade na pecuária. Um estudo da Health
For Animals, entidade global que representa o setor de saúde animal e da qual o Sindan é filiado, indica que as doenças que acometem os bovinos podem aumentar a propagação de gases poluentes em até 113%. Por outro lado, a adoção de melhores práticas e tecnologias em saúde voltadas para a pecuária poderiam reduzir esse impacto em até 30% em todo o mundo.
Diante desses dados, fica ainda mais evidente que a vacinação é de suma importância para uma pecuária sustentável. Os medicamentos veterinários também têm um papel importante nesse processo, ajudando desde a fertilidade dos animais até no desenvolvimento saudável de filhotes, o que ajuda a diminuir a
taxa de mortalidade e aumenta a conversão alimentar do rebanho. Consciente do seu papel nesta cadeia tão importante para o País, as indústrias de saúde animal têm focado em inovações para trazer soluções cada vez mais eficazes, seguros e sustentáveis para os produtores.
Outro segmento importante para o setor, é o mercado pet, que também vem crescendo em ritmo acelerado impulsionado pelo maior cuidado com os animais de companhia e o aumento no número de adoções observado desde o início da pandemia.
Mas nem tudo são flores. Em 2022 também tivemos grandes dificuldades, a começar pelos desafios macroeconômicos impostos pela pandemia. Com a elevação dos custos dos insumos, desde os ingredientes ativos, cotados em dólar, até itens menos visíveis aos consumidores, como o isopor, papelão, entre outros, as indústrias precisaram se adequar para que esse aumento não fosse repassado na integralidade aos consumidores. Neste caso, foi uma decisão estratégica de cada empresa, sem o envolvimento da entidade.
Não menos importante foi o desafio de manter o abastecimento de vacinas contra a febre aftosa em um momento em que o Brasil se prepara para suspender a vacinação no País. Somente para a realização da campanha de novembro, as empresas associadas ao Sindan garantiram o fornecimento de 175 milhões de doses e, em parceria com o MAPA, acompanhou a distribuição dessas vacinas em todo o território brasileiro. Mais do que um desafio de produção, uma operação logística complexa.
Por fim, não podemos nos esquecer do trabalho realizado pela entidade
Nos últimos anos, com o fortalecimento da agenda ESG, os medicamentos veterinários ganharam ainda mais relevância na produção, graças ao seu papel para a sustentabilidade na pecuária.
no combate à pirataria de medicamentos veterinários ilegais, um problema que infelizmente cresce ano após ano no Brasil. Neste ano, reforçamos a campanha Olhos Abertos para além do ambiente digital. Nosso canal de denúncias também está sendo reforçado, com o apoio do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e das autoridades competentes, além de ações educativas via rádio em todo o País.
Trata-se de um tema de extrema importância para a segurança dos animais, tanto dos pets quanto dos animais de produção e que pode impactar inclusive na qualidade dos nossos alimentos e
nas exportações de carnes para mercados mais exigentes.
Seguiremos trabalhando fortemente em todas essas ações em 2023, comprometidos com o fortalecimento da cadeia de proteína animal no Brasil. Os segmentos de aves e suínos, importantes para o nosso setor, devem fechar 2022 com crescimento de 8% e 10%, respectivamente. Para 2023, a expectativa é de manutenção do crescimento neste mesmo nível, contribuindo assim para a alta na casa dos dois dígitos do setor como um todo. As questões cambiais podem mudar este cenário, mas as perspectivas do setor hoje são positivas.
Desafios e oportunidades para a avicultura paranaense em 2022
Irineo da Costa Rodrigues, Presidente do SindiaviparAregião Sul do País produz 64% da carne de frango nacional, exportando, desse total, 79%. Entre os três estados, o Paraná se destaca, com 35% da
produção e 40% das exportações brasileiras. Os fatores que impactam positivamente para essa performance são a força da agricultura familiar paranaense e a
grande oferta de grãos.
Contudo, a instabilidade das condições climáticas, guerra, risco de desabastecimento interno e
aumento no custo de produção do campo foram alguns dos principais desafios enfrentados pela avicultura brasileira em 2022.
Neste ano, também nos deparamos com a dependência da cadeia de proteína animal em relação ao milho, principal insumo na produção de rações. Em 2019, um estudo realizado pela Embrapa já alertava para uma insuficiência. Segundo os dados, naquele período, o país produziu 100 milhões de toneladas do grão. Deste total, 43 milhões de toneladas foram destinadas a exportações, 4,5 milhões à produção de etanol e o restante ao consumo interno, dos quais um pouco mais da metade para alimentação animal. Um cenário preocupante, principalmente para a avicultura, principal consumidor nacional de milho.
Atualmente, o Paraná conta com o Programa Cereais de Inverno e 2ª Safra (PR-CEIN2), idealizado pelo Sindiavipar em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) e com o apoio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e do Sistema Ocepar. O objetivo é desenvolver, difundir e transferir tecnologia para a substituição parcial do milho na ração animal, mitigando o impacto negativo de sua baixa oferta e reduzindo custos de produção.
Cultivares como o triticale, e aveia granífera, a cevada e o trigo apresentam bom desempenho e produtividade, sendo uma excelente solução à dependência única do milho. O estado possui, hoje, cerca de 2,5 milhões de hectares de milho safrinha, uma
produção de risco, vulnerável a geadas, estiagens e doenças. Esses fatores têm afetado demais a colheita, com perdas significativas.
Agora, o Paraná conta com aproximadamente 1,5 milhão de hectares voltados ao cultivo de cereais de inverno, e uma produção média de 4 milhões de toneladas por safra. Para aumentar ainda mais este volume, o governo estadual vem investindo em iniciativas de estímulo. Entre as ações propostas, podemos citar a revitalização da área de produção de sementes de cereais de inverno e plantas de cobertura do IDRParaná, a realização de cursos de capacitação para técnicos de assistência pública e privada e de Extensão Rural pela Escola de Governo e a instalação de 60 unidades demonstrativas de cultivo de inverno no Estado, que serão utilizadas para a difusão de tecnologia e avaliação de desempenho de espécies e cultivares.
Mais um ponto importante para a evolução da atividade é a energia elétrica: um dos fatores de maior impacto nos custos de produção do agronegócio, principalmente no de proteína animal. No Paraná, por exemplo, de acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura e do Abastecimento (SEAB), a
eletricidade chega a representar 20% dos gastos totais da avicultura. E, com a extinção da Tarifa Rural Noturna, em dezembro de 2022, a conta vai ficar ainda mais cara para o produtor. Nesse cenário, o investimento em energia fotovoltaica e biometano é uma solução economicamente viável e sustentável.
Atualmente, no campo da sanidade avícola, nossas atenções estão voltadas à ocorrência de casos de influenza aviária de alta patogenicidade em nível mundial. Ocorre uma difusão territorial jamais vista e, os casos mais próximos nas Américas mais preocupam, considerando sua proximidade e o poder de difusão dessa virose, que nunca foi registrada no Brasil. Seus impactos são extremamente danosos e todas as medidas de prevenção, principalmente de biosseguridade, são necessárias para conter a introdução e manifestação da doença em nossos plantéis comerciais. Serviços públicos de defesa agropecuária federal e estaduais, em sintonia com o setor privado organizado, estão revendo e divulgando ações necessárias em nível nacional, num esforço conjunto para evitar essa virose num setor que mais exporta carne de frango no mundo.
Agora, o Paraná conta com aproximadamente 1,5 milhão de hectares voltados ao cultivo de cereais de inverno, e uma produção média de 4 milhões de toneladas por safra.
Recomendações técnicas para abate e processamento de frangos de corte
Certificações de bem-estar animal, segurança alimentar, rastreabilidade ou mesmo certificação de origem ou produtos artesanais ou taylor made, contribuem para ilustrar as características do mercado consumidor de frangos de corte do Brasil e do mundo.
José Maurício França, Médico-Veterinário, D.Sc.Éindispensável considerar os efeitos e as sinergias que os sistemas produtivos da cadeia da carne de frango exercem nos frigoríficos, que ao processar a carne de frango se confronta com outros dois aspectos, à saber: o primeiro trata do perfil de consumo e as características dos produtos consumidos; os drivers que orientam os processos produtivos considerando food service e convenience foods, produtos gourmet e suas derivações, que no caso da carne de frango são os produtos
orgânicos, livres de antibióticos, bem como o das aves de crescimento lento. Certificações de bem-estar animal, segurança alimentar, rastreabilidade ou mesmo certificação de origem ou produtos artesanais ou taylor made, contribuem para ilustrar as características do mercado consumidor de frangos de corte do Brasil e também do mundo.
O segundo aspecto ao qual os frigoríficos que processam carne para atender estes mercados, que é constituído por jovens
consumidores, buscando saudabilidade e em franco e potencial desenvolvimento de maior consumo por todo o mundo, necessitam confrontar permanentemente na organização da cadeia produtiva é o produtor rural; que não acompanha plenamente o mesmo grau de detalhamento de critérios de qualidade para o consumo, e está mais focado em atender os requisitos zootécnicos e sanitários estabelecidos para as granjas.
O processamento industrial e os equipamentos
Os equipamentos de precisão nos frigoríficos, concebidos especialmente por engenheiros, nem sempre com a margem de considerar o que deve ser feito quando os lotes criados não se desenvolveram plenamente conforme o esperado, uma vez que tratamos de processos biológicos que envolvem anatomia, fisiologia, bioquímica, e a interação das aves com o ambiente, que podem ser influenciados por variáveis cada vez melhor detalhadas, compreendidas, que nos fazem perceber a importância do diálogo entre as áreas de comercialização do produto acabado, da criação dos animais nas granjas com a área de frigoríficos, para definir se determinados requisitos comerciais são viáveis do ponto de vista comercial, operacional, de sustentabilidade e de viabilidade econômica.
Esta é a causa raiz do resultado operacional. Fazer com que tudo que foi estipulado, entre especificações dos processos e dos produtos, sejam convergentes à realidade no chão de fábrica. Criando o que se falava ainda recentemente que o frango na plataforma era entendido como missão cumprida, ou que a venda na qual ´mote sempre foi “o cliente é quem manda, o mercado determina...”, certamente que essa máxima deve ser mais bem compreendida, detalhada entre os diferentes componentes da cadeia produtiva, para que o resultado da Companhia seja o melhor possível, ainda que haja restrições para maiores vendas, ou restrições para melhores resultados, tudo vai convergir para o abate no frigorífico; e finalmente na sala de cortes, desossa, e embalagem.
Nesta etapa, de processamento industrial, é onde ocorre o maior confronto, entre a matéria-prima efetivamente recebida pelas granjas produtoras no campo, que irá, pelo escrutínio da Inspeção Sanitária, pela avaliação de integridade pela qualidade, pelo peso esperado e definido nos contratos, pela uniformidade de peso das carcaças que compõe o lote esperados pela regulagem dos equipamentos, diante dos requisitos estabelecidos nos contratos de fornecimento de carne, com todos os atributos que o mercado estabeleceu, com toda expectativa e confiança devotados pelos consumidores, numa relação de confiança pela marca, pela integridade e pelos valores ESG em especial, mais recentemente. São muitos atributos para gerenciar e compor diante destas variáveis.
As necessidades estruturais nos frigoríficos versus as condições da matériaprima recebida
A velocidade com a qual os fabricantes de equipamentos agregam inovação aos processos é muito maior que as conquistas obtidas em melhorar a qualidade da matéria-prima disponibilizada nos abatedouros. Nos deparamos com um paradoxo estrutural em termos de cadeia produtiva e sua organização diante de resultados operacionais.
Porque então, entre a saída das aves das granjas para o transporte ao frigorífico e a disponibilização das carcaças resfriadas para a sala de cortes haja tanta quebra, hematoma, DOA, contusão, condenação sanitária, estresse térmico, quebra de peso na
plataforma, pele riscada, perda da capacidade de retenção de água pelas proteínas da carne, perda por dripping. Nas granjas temos conhecimento, recursos e competência de primeiro mundo. Nos frigoríficos temos os melhores equipamentos para otimizar rendimentos, produtividade, segurança alimentar, com altos investimentos realizados pelas empresas. Isto tudo voltado para atender mercados muito exigentes pelo mundo, e um mercado interno bastante competitivo.
Esta argumentação é para fazer perceber que o planejamento estratégico das companhias deve perceber que antes de realizar aquisições de máquinas que além de tudo ainda trazem soluções importantes para a escassa mãode-obra em algumas localidades, devem realizar uma profunda avaliação de como a matéria-prima de fato chega ao frigorífico, ponderando as perdas, a eficácia de ações corretivas e preventivas, clarificando as eternas questões relacionadas aos serviços terceirizados. Resolver estas questões para obter o que de melhor os equipamentos de processamento podem agregar ao negócio, é o grande diferencial, sob o risco de perceber em nosso parque industrial quantidade marcante de equipamentos em condição ociosa, readaptados para contingências não planejadas, carentes de manutenção especializada, deixando de agregar, onerando.
Principais desafios à mecanização, automação e inteligência de dados nas salas de cortes nos frigoríficos no Brasil
Miopatias
As miopatias se tornaram desafios recorrentes para a qualidade do produto final, a segurança alimentar e a reputação do cliente, devido à consequente perda de integridade sensorial, acarretando prejuízos causados por descartes de matéria-prima, produtos reprocessados e devoluções. O efeito causado durante o processamento afeta a produtividade, aumenta o descarte de insumos para embalagem, demandando maior monitoramento e inspeção dos produtos por lote.
Ainda que a miopatia peitoral profunda seja percebida visualmente, nos processos de espostejamento e envase no ambiente frigorífico, já houve um aprofundamento na compreensão de que o risco de desenvolvimento desta afecção pode ser reduzido através da aplicação de técnicas de manejo e gerenciamento das curvas de ganho de peso. Mercados específicos que consomem frango inteiro são maias impactados, devido ao efeito que causa no momento do consumo. Ajustes logísticos e de manejo pré-abate em conjunto com a ponderada programação de abate contribuem para reduzir a incidência de miopatia peitoral profunda em níveis aceitáveis.
Nutrição
A nutrição e o manejo nutricional desempenham papel de extrema relevância no resultado final da qualidade dos produtos após o processamento industrial, impactando diretamente no posicionamento dos produtos expostos nas gôndolas de supermercados, através da importante relação que existe em
Bilgili, 2019
2020
volume e massa no espaço ocupado pelo produto no interior de uma embalagem. Com isso a uniformidade dos lotes ganha dimensão extremamente
importante ao momento que são consolidados contratos com faixas determinadas de gramatura.
Produtos fracionados de frango são cada vez mais procurados pelo consumidor
alimentos pelas aves nas granjas e consequente homogeneidade de peso final do frango vivo, fundamento primário para garantir que o investimento em sistemas de mecanização de abate, que já se mostram bastante estáveis na faixa de abate de 10.000 aves por hora (do ponto de vista da segurança alimentar e do rendimento industrial).
Sistemas de pesagem de carcaças em linha são cada vez mais
presentes nos frigoríficos, contribuindo para definir a aplicabilidade das carcaças, que agora como produtos, devem cumprir o objetivo de maximizar o resultado econômico na venda dos produtos, a grande inovação, consiste em utilizar a informção disponível no ambiente industrial para ajustar a leitura de uniformidade dos lotes e o grau de predição entre o peso estimado de um lote e o seu peso real. A maior variação de opções na ofertas dos produtos para o consumidor se torna cada vez mais desafiador
para a nutrição animal, devido especialmente à sua dependencia de porções em tamanhos e faixas de peso cada vez mais padronizados, alinhados ainda aos requisitos do mercado institucional e das companhias de alimentação.
Manejo dos lotes e gerenciamento das operações
há um importante mercado de comercialização de frangos inteiros para preparo que demanda carcaças íntegras, assim como a
expectativa de qualidade competitiva dos cortes de frangos e seus derivados depende de pele íntegra, ausência de hematomas, e integridade de composição anatômica para que haja qualificação das carcaças como grau A. Uma diferença média observada na América Latina é de aproximadamente de U$ 0,80 por quilo entre a qualificação de carcaças do grau A para o grau B, o que pode variar entre os países, os mercados e as expectativas do consumidor. Há promissoras iniciativas relacionadas à apanha das aves sendo realizada de modo mecanizado, com efetiva redução dos índices de contusão, onde desejado seja inferior 4,5% dos apontamentos de monitoramento em linha de abate.
Contusões e fraturas são a principal causa de condenações sanitárias em carne de frango, e as carcaças incompletas aproveitadas parcialmente não podem ser destinadas para as máquinas de cortes devido perda de orientação espacial da carcaça ao maquinário sem o adequado aproveitamento, pelo fato de que o acoplamento se torna imperfeito, acarretando mão de obra extraordinária somente para processar as carcaças que os equipamentos instalados não podem realizar, onerando custos e aumentando perdas.
O fato é que não há equipamentos de processamento que corrijam afecções de pele, defeitos decorrentes de lacerações, contusões oriundas das operações de pré-abate. O design dos veículos de transporte mais aperfeiçoado permite melhor troca térmica, ventilação e integridade das aves, que associado ao permanente acompanhamento de gaiolas mais funcionais, em plataformas de descarga mecanizadas otimizando
Mapa de calor de condenação por contusão e fraturas no abate de aves, realizado pelo Serviço de Inspeção Federal no período 2018 a setembro de 2020
as operações e agregando estabilidade aos processos, protegendo assim a integridade das carcaças.
Os defeitos que depreciam a qualidade das carcaças são visíveis, podem ou não impactar na
segurança alimentar e afetam o custo médio do produto, onerando os processos de abate, inspeção sanitária, envase e programação de fornecimento dos produtos, impactando na competitividade comercial.
1. O impacto do manejo pré-abate estresse térmico e qualidade da carne
Considerando as etapas que antecedem o abate das aves, o melhor investimento em tecnologia deve ser para permitir o cumprimento dos requisitos de ambiência no transporte e espera das aves, assegurando conforto térmico e garantindo que a qualidade da carne seja preservada. Os atributos relacionados à cor, impactados muitas vezes de ocorrência de síndrome PSE, que afeta a rentabilidade da comercialização dos produtos derivados de carne de frango. A capacidade de
retenção de água pelas proteínas, que pode impactar na acurácia metrológica, por excessivo dripping, ou deficiente retenção de água durante o resfriamento em chiller. Uma consequência muito impactante do estresse térmico e consequente desenvolvimento de síndrome PSE pela carne, é que pode afetar a credibilidade da empresa e o rendimento industrial, pois a carne não absorve adequadamente a água durante o resfriamento por imersão; e após o envase, pela perda da capacidade de retenção
de água, consequente à desnaturação das proteínas do músculo, potencializando o risco de perda de peso líquido nos pontos de venda e reclamações do cliente.
Saúde animal
O status sanitário de um rebanho em um país definitivamente é um patrimônio muito estratégico para o Setor Produtivo, por se tratar da condição primária para a atividade e de segurança para a Saúde Única. Neste setor houve melhorias
recentes de inovação tecnológica que impactaram de forma bastante positiva no desempenho produtivo do processamento industrial de carne de frango. A melhoria da condição sanitária das aves abatidas repercutiu na inspeção sanitária realizada nos frigoríficos pelo Ministério da Agricultura, otimizando processos e reduzindo perdas.
Doenças infecciosas são minoria nos boletins sanitários, o que se percebe frequente são processos inflamatórios decorrentes de falhas da gestão em biossegurança, ou consequência de manejo incorreto, e ainda condenações por razões de carga, transporte, logística e processamento industrial
É necessário destacar o efeito das vacinas desenvolvidas, cada vez mais específicas, inovadoras, onde a maturação do setor de sanidade animal ao perceber que os custos com saúde animal e garantias regulatórias representam perto de 6% do custo o frango, devem ser compreendidos como necessidade que garante a sustentabilidade do negócio, a viabilidade das atividades. As perdas relacionadas à mortalidade no campo, utilização de medicamentos, reprocesso de matéria-prima nos frigoríficos, paradas e redução de velocidade de abate, pode impactar de modo agudo no desempenho e viabilidade econômica da atividade.
A automação dos processos vacinais e das análises de laboratório, a vacinação in ovo, e a interpretação sorológica de métodos de diagnóstico cada vez mais rápidos e precisos impactam de forma muito positiva na tecnologia aplicada ao processamento industrial. Cada vez mais próximo estamos
v. Horn, 2018
conectando o efeito da imunidade das aves à uniformidade dos lotes e ao desempenho operacional no abate de frangos, com melhor aproveitamento e maior segurança alimentar ao longo da cadeia produtiva.
O gerenciamento dos dados em saúde animal e inspeção sanitária, conectando as informações de mapeamento epidemiológico, o status da imunidade das aves e o monitoramento da eficácia das imunizações, constituem uma fortaleza importante para agregar
novas tecnologias nos frigoríficos. Um dos principais entraves à introdução de novas tecnologias no processamento se deve à incapacidade de se manter a estabilidade dos processos de mecanização, o que implica em maiores custos operacionais devido aos reprocessos, perdas e redução de produtividade devido a matéria-prima se apresentar desuniforme ou com anomalias que impactam fortemente nos procedimentos de abate, onerando os custos de abate e da matériaprima.
PRINCIPAIS INDICADORES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM SAÚDE ANIMAL
VACINAS ESPECÍFICAS GESTÃO DE DADOS
AUTOMAÇÃO DE IMUNIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO
IT DAS COISAS (IoT)
CURVA DE APRENDIZADO – PRODUTOS LIVRES DE PROMOTORES
Mapa de calor de condenação por contaminação gastrointestinal e biliar no abate de aves, realizado pelo Serviço de Inspeção Federal no período 2018 a setembro de 2020
A utilização dos dados compilados do Sistema SIGSIF permite aproximar análise de causa e efeito de amplitude regional, contribuindo para aplicar estratégias de sanidade localizadas, ou iniciativas de estudo epidemiológico de relevância, tomando por base a informação disponibilizada pelo serviço sanitário oficial
Conclusão
É imperativo uma cuidadosa avaliação prévia das condições operacionais e estruturais do
ambiente industrial, assegurando que a capacitação das pessoas está compatível ao novo processo, equipamento, indicador. Não é adequado introduzir novas tecnologias sem a adequação compatível de pessoal. Neste ponto, a internet das coisas, atrelada à uma robusta base de dados, exige rápida adaptação, sob o risco de produtos imperfeitos e subutilização das inovações. Estar permeável às inovações, compatibilizando ao momento da empresa, olhando para o futuro, planejando as etapas, é a regra de ouro, a estratégia fundamental.
José Maurício França Médico Veterinário, M.Sc., D.Sc. jose.franca@utp.brImpactos da contaminação Salmonella em frigoríficos
Especialistas apontam a importância de estabelecer programas de prevenção evitar a contaminação no abate, em frigoríficos, além das precauções com
Glaucia Bezerra, da redação Giovana de Paula, Campinas (SP)
contaminação por frigoríficos e granjas
ASalmonella é uma infecção que possui grande potencial de impacto na cadeia produtiva de alimentos, uma vez que sua contaminação pode ocorrer em grande escala e de forma silenciosa, estendendo o risco não apenas para a produção de aves, mas também para a saúde pública.
A carne de frango é suscetível a contaminação por Salmonella, e os mercados consumidores, sejam internos ou externos, são intolerantes quanto à presença da bactéria nos produtos, neste cenário, atender as exigências dos parceiros comerciais e das agências de sanidade espalhadas pelo mundo é a prioridade da indústria brasileira. A contaminação pode ocorrer de diversas formas, seja entre aves de um mesmo lote, lotes distintos, utensílios, equipamentos e manipuladores que podem disseminar o patógeno pela planta.
Considerando a capacidade da Salmonella em formar biofilmes e resistir no meio ambiente é imprescindível estabelecer
programas de prevenção e controle, bem como cuidados para evitar a contaminação no abate, em frigoríficos e durante o manejo de camas nos aviários, além de manter um correto processo de monitoria e biossegurança.
Para o médico-veterinário sueco, Martin Wiruep, a ração contaminada com Salmonella é uma importante fonte de introdução desta na produção animal. “Os animais infectados por Salmonella são a principal fonte de infecções de origem alimentar em humanos”, alerta.
Segundo ele, a prevenção e o controle do patógeno em fábricas de ração devem ser baseados nos princípios HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). “A razão é que em todos os países existe um risco continuamente alto de introdução de Salmonella nas fábricas de ração, especialmente a partir de ingredientes de ração contaminados. O conceito de HACCP é detectar essa contaminação o mais rápido
possível para facilitar a ação corretiva para alcançar as condições do processo visando reduzir a contaminação microbiana”, afirma.
A estratégia anterior, que ainda pode ser aplicada, é limitar o controle ao teste do feed final. Essa abordagem deve ser abandonada, segundo Wiruep. “A detecção de Salmonella, em primeiro lugar, é tarde demais porque não há tempo para correção. Devido à grande quantidade de ração a ser testada, a probabilidade de detectar uma contaminação por Salmonella, se não muito alta, é limitada. Portanto, um teste negativo de Salmonella do alimento acabado fornece apenas uma garantia limitada de segurança contra Salmonella. Isso foi claramente demonstrado durante um surto de Salmonella na Suécia na década de 1980, antes da introdução do HACCP. Apesar dos testes intensivos da ração acabada com resultados negativos para Salmonella, lotes de frangos de 15 produtores usando a ração, durante um período de 7 meses, foram
prevenção e controle, bem como cuidados para com o manejo de camas
“Um teste negativo de Salmonella do alimento acabado fornece apenas uma garantia limitada de segurança contra Salmonella” - Martin Wiruep.
repetidamente infectados com o sorovar de Salmonella posteriormente isolado na fábrica de ração”, conta.
A médica-veterinária, Letícia Dalberto, explica que apesar do rigoroso controle durante todo processo de criação dos frangos as últimas oito horas antes podem comprometer e aumentar consideravelmente a prevalência de Salmonella no abatedouro. “Isto, claro, caso não tenhamos cuidados básicos como tempo de retirada de ração e boa ambiência na área de espera no abatedouro”.
O objetivo, segundo Letícia, é reduzir o risco ao máximo. “Temos que diminuir a carga infectante em todas as fases, no manejo préabate, tempo de jejum, controle de equipes, análise de equipamentos, veículos e caixas e a área de espera”. Assim, é possível atender o cliente com produtos dentro das especificações de qualidade física, química e microbiológica. “Já somos os melhores em produtividade e nossa meta é também ser o melhor em qualidade microbiológica”, afirma.
“Temos que diminuir a carga infectante em todas as fases, no manejo préabate, tempo de jejum, controle de equipes, análise de equipamentos, veículos e caixas e a área de espera”Letícia Dalberto.
Monitoramento de carcaças no abatedouro
A médica-veterinária da Food Safety Solutions, Simone Machado, levanta um importante questionamento acerca da influência do campo no abatedouro. Segundo ela. “cabe sempre repetir que a Salmonella não surge no abatedouro por geração espontânea, tendo sido carreada para o abatedouro albergadas junto as aves em algum momento”. Desta forma, o monitoramento de carcaças no abatedouro irá refletir sempre o efeito acumulativo das diferentes fontes de contaminação e de possíveis pontos de contaminação cruzada, assim como o efeito das medidas de mitigação de risco aplicadas ao longo da cadeia produtiva e durante o processamento.
Tendo-se em consideração que estamos falando sobre efeito acumulativo, é necessário considerar, de acordo com Simone, que o nível de contaminação, particularmente no ceco das aves e nas carcaças, seja o grande referencial para o impacto na positividade das carcaças no abatedouro.
“Relevante citar ainda, a importância da representatividade e confiabilidade dos resultados do
monitoramento pré-abate e o real status dos lotes ao chegarem na plataforma, principalmente quando temos lotes com baixos níveis de contaminação que podem determinar resultados falso negativos, assim como intercorrências após o monitoramento das aves que possam positivar os lotes”, afirma a médica-veterinária da Food Safety Solutions.
Por fim, e não menos importante, ela destacou que alguns sorovares de Salmonella sabidamente possuem uma maior capacidade de persistirem nos ambientes, principalmente na forma de biofilmes. “Onde esses sorovares se tornam dominantes, a correlação entre os resultados de campo e abatedouro normalmente se apresentam de forma mais evidente, diante da disseminação, resistência e persistência no ambiente”, destacou. “O sucesso de qualquer programa de prevenção e controle de Salmonella depende de uma gestão integrada, onde todos os elos da cadeia produtiva se interrelacionam como uma engrenagem e buscam um resultado em comum”.
O manejo da cama é outro ponto de atenção, segundo a pesquisadora
abatedouro
da Embrapa, Clarissa Vaz, pelo contato estreito com os frangos desde o alojamento dos pintinhos até o carregamento do lote para o abate, a cama acumula diversos tipos de resíduos da produção, como penas, restos de ração, insetos, excretas e secreções respiratórias. Isso contribui para estabelecer o diversificado microbioma da cama, que é influenciado pelo reuso entre lotes e pode atuar positivamente ou negativamente na saúde das aves, rendimento dos lotes e segurança da carne de frango.
“Tipicamente, a cama nova contém maiores níveis de bactérias ambientais, enquanto a cama usada apresenta níveis maiores de bactérias intestinais provenientes da deposição das excretas dos frangos”, explica.
De modo geral, segundo ela, há menor carga de enterobactérias no alojamento dos pintinhos em cama reutilizada quando comparado ao momento do carregamento, resultado do acúmulo durante o período de criação. “Notadamente, a média de enterobactérias na cama reduz linearmente ao longo do reuso entre lotes sucessivos de frangos criados sobre a cama reutilizada”.
ESTUDO DE CASO
Durante o Simpósio FACTA de Salmonella, realizado em outubro de 2022, Clarissa Vaz apresentou um estudo em granjas de frangos nos Estados Unidos sobre fatores de risco relacionados à probabilidade de detectar Salmonella em cama reutilizada que, após o intervalo entre lotes, identificou maior número de variáveis significativas dentro das seguintes categorias: entorno da granja, tipo de galpão e suas condições gerais no momento do alojamento do lote e biosseguridade. “Com destaque, a probabilidade de detectar Salmonella na cama foi associada à reposição parcial nos pinteiros ou troca total por cama nova”, afirma.
Nesse sentido, conforme ela destacou, a experiência de extensionistas e veterinários sanitaristas brasileiros reporta redução do número de amostras de cama de frango positivas para salmonelas ao longo do reuso entre lotes e cujas camas passaram por algum tipo de intervenção para reduzir ou até inativar patógenos residuais no período de vazio sanitário.
“A avaliação de estabelecimentos de frangos de corte regularmente monitorados para salmonelas no estado de Santa Catarina (SC) permitiu associar a capacidade de alojamento acima de 50 mil aves, galpões com mais de 10 anos, e mais do que três pessoas trabalhando na granja como fatores de risco para a detecção dessa bactéria”, detalha. “Esses fatores parecem predispor a maior chance de falhas nos procedimentos de biosseguridade, ressaltando sua importância na prevenção das salmoneloses”, ressalta Clarissa.
Concluindo, segundo ela, é preciso encontrar um balanço entre o número de lotes criados na cama reutilizada e o menor risco para a saúde avícola. “O reuso da cama tem sido praticado por mais de dois anos, considerando que reduz a detecção de salmonelas ao longo do tempo”.
Biossegurança na avicultura
princípios básicos são dizer o que é feito, fazer o que se diz e comprovar o que é feito. Aponto como potencial significativo de disseminação de doenças a movimentação de pessoas, transporte de aves e ovos, ração, esterco, caixas, animais selvagens e domésticos, pragas, entre outros riscos”.
Para auxiliar o avicultor no controle de enfermidades o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) mantém um rígido controle sanitário nos plantéis brasileiros, como pode ser conferido nos dados de controle oficial de Salmonella no Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA).
A biossegurança pode ser compreendida como um conjunto de medidas profiláticas que visam impedir e controlar a entrada de microrganismos patogênicos dentro da granja, mantendo a integridade saudável do indivíduo e direcionando para as melhores formas de conter e evitar a disseminação de enfermidades. Assim, todos os procedimentos implementados atuam de forma integrada, garantindo a sanidade do plantel e melhores índices zootécnicos e econômicos.
A verdade é que a avicultura brasileira é destaque em biossegurança, porém, segundo o professor aposentado da Universidade Federal de Uberlândia, Paulo Lourenço da Silva, “ajustes são sempre necessários”.
A avicultura precisa estar atenta às
principais áreas de risco dentro do sistema de produção, como ele destacou. “O perigo é o setor cair na ‘zona de conforto’, que ‘ronda’ vários países. Temos a responsabilidade de ser exemplo, pela importância econômica da avicultura brasileira”, afirmou.
Paulo Lourenço ressaltou ainda a importância da educação continuada e do treinamento para os trabalhadores do segmento. “É preciso preparar as pessoas para os problemas existentes e para os que estão por vir e que podem comprometer o sistema de produção avícola”, avaliou. “É importante detectar onde estão os elos mais fracos do sistema pois, afinal, as doenças se instalam por falhas em biossegurança”, disse.
O início do trabalho, segundo ele, é estabelecer, por escrito um programa de biossegurança. “Seus
“Os principais objetivos do PNSA são prevenir e controlar as enfermidades de interesses em avicultura e saúde pública, favorecer a elaboração de produtos avícolas saudáveis para o mercado interno e externo e definir ações que possibilitem a certificação sanitária do plantel avícola nacional”, explica a médicaveterinária do MAPA, Daniela Baptista. Para ela “a sanidade é o que mantém nosso comércio ativo. É preciso fazer, garantir e comprovar a sanidade do plantel”.
As salmonellas, segundo Daniela, de controle oficial, representam uma pequena parte dos sorovares isolados, sendo importante o mapeamento dos sorovares circulantes dentro do conceito de saúde única, com o direcionamento dos programas de controle. “Lembro que a notificação é o que gera a credibilidade, pois há uma responsabilidade compartilhada na manutenção de mercados”.
Com informações do Simpósio FACTA de Salmonella - realizado em outubro de 2022.
Genética
A influência da genética na qualidade de carcaça no abate
Jane Lara Brandani Marques Grosso Bárbara VargasOprogresso genético envolvido no desempenho produtivo do frango de corte ao longo das últimas décadas é bem conhecido. Dados da indústria norte-americana nos últimos 50 anos têm mostrado ganhos anuais de 30 a 40 gramas de peso vivo na mesma idade e 1,5 a 2,0 pontos em conversão alimentar (National Chicken Council, 2022). O ganho de peso tem sido consistentemente a principal característica selecionada desde a década de 1950. Atualmente, mais de 50 características, que abrangem todos os aspectos biológicos das aves, são consideradas nos objetivos de seleção, dentre as quais pode-se citar o rendimento e qualidade de carne, a viabilidade e resistência à desafios sanitários, o bem-estar animal e o uso eficiente de alimento.
Aumentar o número de características sob seleção significa dividir a intensidade de seleção e, portanto, diminuir a velocidade de ganho genético em cada uma delas. Mais ou menos como uma pizza dividida para quatro ou oito pessoas, à medida que aumenta o número de pessoas (características) diminui o tamanho de cada pedaço (ganho genético). Portanto, para manter o ganho genético adequado em cada característica, os programas de melhoramento têm investido significativamente em tecnologia de ponta, utilizando equipamentos de última geração e novas técnicas de avaliação individual e metodologia de cálculos dos valores genéticos dos indivíduos candidatos à seleção, permitindo uma maior precisão. A correta definição dos objetivos de seleção e aplicação criteriosa de
uma seleção balanceada também tem papel fundamental no progresso genético contínuo e balanceado dessas características.
A seleção de características relacionadas ao rendimento de carcaça e cortes nobres faz parte dos programas de seleção desde a década de 1970. Inicialmente, apenas com uma avaliação visual e palpação do animal, que mesmo sendo uma técnica subjetiva, um selecionador bem treinado pode identificar facilmente uma ave pela conformação do peito, com boa precisão de seu rendimento. Essa técnica deu início ao progresso genético em rendimento de carne, principalmente de carne de peito. Posteriormente, equipamentos desenvolvidos para a área médica como o ultrassom 2D, ultrassom 3D e tomógrafo foram incorporados
aos programas de seleção. A Aviagen®, uma das mais conceituadas empresas de genética do mundo, é pioneira no uso da tomografia computadorizada para seleção de suas linhagens. As imagens em 3D produzidas pelo tomógrafo trouxeram significativa melhora na precisão da avaliação, superior a 95% (Souza, 2019), do rendimento e qualidade de carne dos indivíduos candidatos à seleção (Figura 1).
A incorporação de tais tecnologias proporcionaram também benefício na redução da incidência de miopatias peitorais em frangos de corte. Apesar das alterações nos critérios de condenações para miopatias ocorridas no Brasil a partir de 13 de dezembro de 2019 através do Ofício-Circular nº 17/2019/CGI/DIPOA/SDA/MAPA,
ainda há perdas econômicas devido à presença em diferentes graus de miopatias dentro das plantas de processamento – destinação para produtos de menor valor agregado.
A miopatia peitoral profunda, também conhecida como doença do músculo verde, faz parte do programa de seleção genética da Aviagen desde a década de 1990. As demais condições como estriações musculares (white striping), peito amadeirado (wooden breast) e peito espaguete (stringy-spongy), foram adicionadas ao programa de seleção em 2012 com a finalidade de melhorar a resistência das aves em expressá-las a campo frente aos diferentes desafios do sistema produtivo.
O processo de seleção baseia-se na combinação das informações de
rendimento na planta de processamento dos indivíduos pertencentes a família dos candidatos à seleção e avaliação dos próprios candidatos à seleção, com uso da tomografia computadorizada que permite identificar por densidade, principalmente o peito amadeirado. Os resultados têm sido promissores e mesmo que baixo componente genético (Bailey et al., 2015), em poucos anos, haverá uma diminuição ainda mais significativa das condenações no frigorífico. No entanto, deve-se observar que é improvável que a incidência de miopatias peitorais cheguem a zero somente devido à seleção genética, já que a maior parte da variação, acima de 65%, deve-se a fatores não genéticos (Bailey et al., 2015), que se identificados corretamente e corrigidos promovem rápido
Genética
impacto na redução de sua incidência.
A saúde esquelética e metabólica é um pré-requisito para qualquer produto comercial de sucesso. Ao mesmo tempo que o frango de corte moderno adquire maior potencial de crescimento, eficiência alimentar e rendimento de carne, é essencial um desenvolvimento no mesmo ritmo dos sistemas musculoesquelético e cardiorrespiratório. Para isso, é fundamental manter o balanço entre a melhoria da eficiência biológica e as características relacionadas a saúde e o bem-estar animal. Isso se consegue mediante a seleção de múltiplas características, inclusive na presença de antagonismos genéticos, para melhorar tanto as condições físicas como o desempenho das aves, desde que ambos os grupos de características sejam incluídos em um programa de seleção amplo e balanceado (Figura 2).
Resistência óssea e deformidades esqueléticas fazem parte das preocupações dentro das plantas de processamento, uma vez que podem ter impacto no processo desde a pendura até a classificação do produto final. Carcaça com baixa resistência óssea pode apresentar quebra óssea já no processo de retirada das penas, com a movimentação dos dedos de borracha da máquina, podendo impactar ainda a evisceração e principalmente a desossa automática das carcaças. A ausência de ossos em determinados produtos torna-se tão importante que algumas empresas utilizam equipamentos de raio X como um ponto crítico de controle (PCC) para detectar a presença de resíduos como micro ossos nas carnes. Esse procedimento auxilia no atendimento aos padrões de seus produtos e contribui para a qualidade entregue ao consumidor.
O programa de melhoramento genético da Aviagen tem uma longa
história de seleção de características relacionadas à saúde das pernas e qualidade do esqueleto. Desde a década de 1970, todo e qualquer indivíduo candidato à seleção é avaliado quanto a deformidades angulares (valgus e varus). Isso permitiu não apenas a identificação de indivíduos que expressavam o problema, mas também das famílias com alta incidência, permitindo uma seleção eficaz contra uma ampla gama de deformidades (dedos tortos, deformação femoral, espondilolistese, peito assimétrico, entre outras). Adicionalmente, no final da década de 1980, foi introduzido como ferramenta de seleção o Lixiscópio, um aparelho de raio X em tempo real, que permitia detectar a incidência clínica e subclínica da discondroplasia tibial, caracterizada pela assincronia no processo de diferenciação dos condrócitos, levando a formação de uma camada de condrócitos pré-hipertróficos e de uma cartilagem na tíbia
Figura 2. Avanços nos últimos anos para qualidade de pernas e viabilidade relacionados à melhora no peso vivo. Cada linha colorida representa a relação entre o valor genético do peso vivo com a qualidade de pernas ou viabilidade dentro de um ano. A linha pontilhada representa a direção conjunta do valor genético médio das duas características no gráfico. Fonte: Souza, 2019.
proximal que não sofreu calcificação. Atualmente, se faz uso da tomografia computadorizada que permite identificar com muito mais precisão os indivíduos que apresentam a forma subclínica do problema. Outras características relacionadas diretamente a saúde e o bem-estar animal, tais como empenamento e qualidade dos pés, também fazem parte dos programas de seleção.
O aproveitamento e rendimento de pés tornaram-se importantíssimos nos resultados das plantas de processamento com a grande valorização do produto no mercado. China, incluindo Hong Kong, é o principal mercado de destino, com preço muito competitivo e também bastante exigente em qualidade. Assim, quanto menores os “defeitos” no produto final como presença de lesões (pododermatites) e manchas de pigmentação escura, melhor o seu valor de mercado.
A pododermatite ou também calo de pé, é um tipo de dermatite de contato que atinge o coxim plantar das aves, podendo acometer também os coxins digitais acompanhada de erosões e, nos
Literatura citada
casos mais graves, úlceras (Teixeira et al., 2019). Essas lesões comprometem o bem-estar das aves e por conseguinte o desempenho zootécnico, aumentando as perdas no frigorífico. Embora tenha um fator genético, este tem menor influência que as condições criatórias como qualidade da cama, densidade de alojamento, nutrição e climatização do aviário. As manchas de pigmentação escura nos pés é uma condição genética complexa com vários genes envolvidos. Ainda que os indivíduos candidatos à seleção sejam avaliados na população de pedigree, estas ainda podem aparecer nos frangos de corte, mas com incidência pouca significativa.
A ocorrência de lesões de pele que depreciam a carcaça podem estar relacionadas com problemas de mau empenamento. Este por sua vez, apresenta uma etiologia multifatorial envolvendo, portanto, aspectos nutricionais, hormonais, genéticos e ambientais. A seleção para empenamento faz parte dos programas de seleção desde a década de 1990, utilizando escores de pontuação para classificação na
qualidade de cobertura do corpo da ave em diferentes idades. Esse processo de seleção é muito importante para balancear a alocação dos recursos e garantir que a ave tenha uma taxa de empenamento que acompanhe a taxa de crescimento.
A adoção de uma estratégia sólida e aplicação de uma seleção balanceada, pelos programas de melhoramento, tem possibilitado o progresso genético contínuo e concomitante entre eficiência biológica, saúde e bem-estar animal, promovendo um frango geneticamente superior em várias características, inclusive as relacionadas com qualidade de carcaça.
Autoras Jane Lara Brandani Marques Grosso é coordenadora de Produto Aviagen América Latina
Bárbara Vargas é supervisora Regional de Serviços Técnicos Aviagen América Latina
Bailey, R.A., Watson, K.A., Bilgili, S.F., Avendaño, S. 2015. The genetic basis of pectoralis major myopathies in modern broiler chicken lines. Poult. Sci., 94:2870-2879. https://doi.org/10.3382/ ps/pev304 National Chicken Council. 2022. US Broiler Performance Statistics. Disponível: https://www.nationalchickencouncil.org/about-the-industry/statistics/u-s-broiler-performance/ Teixeira, V.Q, Santos, F.F, Aquino, M.H.C., Tortelly, R., Nascimento, E.R., Pereira, V.L.A. 2019. Caracterização macroscópica e microscópica da pododermatite em relação à classificação industrial de pés de frango para consumo humano. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 71 (3):797-804. https://doi.org/10.1590/1678-4162-10615 Souza, E.M. 2019. O frango do futuro. In: Simpósio Brasil Sul de Avicultura, 20., 2019, Chapecó. Anais... Chapecó Embrapa Suínos e Aves, p. 45-56
Diferentes fontes de Metionina em níveis equimolares iguais alcançam o mesmo desempenho em frangos de corte
AdisseoExperimentos conduzidos no Centro de Pesquisa da Adisseo na França (Center of Expertise and Research in Nutrition - CERN) confirmaram que o uso de níveis equimolares das três principais fontes de metionina, DL-Metionina (DLMet), L-Metionina (L-Met) e DLHMTBA, adicionados a uma dieta basal deficiente em metionina, gerou similar performance em frangos de corte.
Experimento 1:
Um total de 630 frangos machos de 1 a 36 dias foram alimentados com 7 dietas: uma dieta basal de
milho e soja deficiente em metionina e 6 tratamentos com três níveis de suplementação de DL-Met ou L-Met (0,30%, 0,28% e 0,26% de metionina digestível nas dietas, respectivamente, por 0-10 dias, 11-24 dias e 25-36 dias).
A eficácia da suplementação de metionina sintética nas dietas foi calculada como a ingestão de metionina extra necessária para produzir 1 g de ganho de peso corporal extra (Agostini et al., 2015 - Poultry Science).
Os resultados mostraram que não houve diferença estatística em
relação aos parâmetros de desempenho (consumo de ração, ganho de peso e taxa de conversão alimentar) em frangos de corte alimentados com DL-Met ou L-Met em cada nível de suplementação. A eficácia da metionina suplementada foi de 13,46 ± 0,10 mg de metionina/ g de ganho de peso extra para dieta com DL-Met, que não foi significativamente diferente de 13,48 ± 0,23 mg de metionina/ g de ganho extra para a dieta com L-Met.
A eficácia da DL-Met em relação à
L-Met foi calculada utilizando coeficientes de modelo matemático exponencial e resultou em um intervalo de confiança de 97% a 102%. Portanto, conclui-se que DL-Met e L-Met são equivalentes para promover o crescimento de frangos de corte.
Experimento 2:
L-Met e DL-HMTBA foram comparados nas mesmas condições do experimento 1. A DL-HMTBA foi suplementada na ração, considerando 100% de biodisponibilidade. Os resultados demonstraram que L-Met e DLHMTBA também foram equivalentes em relação a todos os parâmetros de desempenho e em cada uma das três doses de metionina suplementada testada. A eficácia da metionina suplementada foi de 14,27 ± 0,23 mg de metionina/ g de ganho extra para dieta DL-HMTBA, que não foi significantemente diferente de 13,94 ± 0,15 mg de metionina/ g de ganho extra para a dieta com L-Met.
A eficácia da DL-HMTBA em relação à L-Met também foi calculada utilizando coeficientes de modelo matemático exponencial e resultou em um intervalo de confiança de 98% a 102%. Portanto, conclui-se que DL-HMTBA e L-Met são equivalentes para promover o crescimento de frangos de corte.
Figura 1. Modelo exponencial do ganho de peso corporal em função da ingestão de aminoácidos sulfurados totais (AAST) de 0 a 42 dias (Experimento 3).
Experimento 3:
Um total de 1.365 frangos machos Ross PM3 foram alimentados, de 0 a 42 dias, com dietas suplementadas com quantidades equimolares de DL-Met, L-Met ou DL-HMTBA em três diferentes níveis de inclusão, além de uma dieta basal deficiente em metionina. DL-HMTBA foi adicionado na alimentação (assumindo 100% de biodisponibilidade).
Como esperado, os resultados mais uma vez mostraram mesma eficácia de L-Met, DL-Met ou DLHMTBA para promover o desempenho de frangos de corte.
Durante todo o período experimental, não foram observadas diferenças significativas entre as fontes de metionina sobre o consumo de ração, ganho de peso corporal,
conversão alimentar ou eficácia de utilização de metionina por unidade de ganho de peso (Batonon-Alavo et al., 2016 - XXV WPC Beijing).
Na Figura 1 vemos que o ganho de peso corporal dos frangos de corte melhorou com o aumento do teor de aminoácidos sulfurados totais (metionina + cistina) e para todas as fontes de metionina, até um platô ser alcançado. A eficácia relativa de DL-HMTBA versus DLMet, DL-HMTBA versus L-Met, e L-Met versus DL-Met foi calculada em 101%, 102% e 100%, respectivamente.
Portanto, a conclusão do estudo é que as três fontes de metionina suplementadas em base equimolar geraram o mesmo desempenho no crescimento dos frangos de corte.
Diferentes fontes de metionina, suplementadas em base equimolar, têm a mesma eficácia para promover o crescimento de frangos
Uso de aditivos alternativos para melhoria de desempenho cresce na produção animal brasileira
A redução do uso de antibióticos na produção animal deriva de uma preocupação mundial, surgida há mais de duas décadas, sobre o enfrentamento a bactérias resistentes na saúde humana
Marcelo TorrettaSob consulta pública desde o dia 22 de julho, a Portaria no 623 da Secretaria de Defesa Agropecuária amplia a lista de antibióticos proibidos para uso na produção animal, enquanto melhoradores de desempenho. Entre os insumos relacionados na minuta original da Portaria estão a Bacitracina de Zinco, a Bacitracina Metileno Disalicilato, a Lincomicina, a Tilosina e a Virginiamicina, sendo este último, um dos aditivos mais utilizados como melhorador de desempenho na avicultura brasileira hoje.
Se publicada sem alterações, a nova Portaria da Secretaria ligada ao MAPA (Ministério da Agricultura) deverá representar mais um passo do Brasil em direção a uma tendência crescente no mundo, que é a retirada total do uso de antibióticos para a
promoção do desempenho dos animais de produção.
A prática está totalmente abolida na avicultura europeia desde 2006, e nos Estados Unidos se aproxima dos 80% da produção avícola já realizada dentro do conceito Antibiotic Free. No Brasil, 20% da produção de aves é realizada sem o uso de antibióticos promotores de desempenho e a expectativa é de ritmo crescente, devendo chegar à casa de 27% até o final de 2022.
A redução do uso de antibióticos na produção animal deriva de uma preocupação mundial, surgida há mais de duas décadas, sobre o enfrentamento a bactérias resistentes na saúde humana. O debate abrange a redução do uso de moléculas na produção animal, assim como o uso consciente na saúde humana.
A prática está totalmente abolida na avicultura europeia desde 2006, e nos Estados Unidos se aproxima dos 80% da produção avícola já realizada dentro do conceito Antibiotic Free
Nutrição Animal
Melhoradores de desempenho na produção animal
A aplicação de sub doses de antibióticos na produção animal passou a ser adotada na década de 1950, com o objetivo de reduzir o povoamento do intestino dos animais por bactérias nocivas e, assim, ampliar o aproveitamento dos nutrientes. Essa eliminação de bactérias, passou a refletir em aumento da digestibilidade dos nutrientes e melhora da conversão alimentar, chegando a representar ganhos entre 150 e 300 gramas de
peso por quilograma de carne de frango produzida à época.
Hoje, a produção animal caminha de forma muito positiva em sentido contrário. Todas as pesquisas vão no sentido de conjugar aditivos alternativos, que garantam a colonização intestinal por bactérias benéficas, possibilitando superar os resultados de conversão alimentar até então só alcançados com o uso
dos antibióticos.
E não só os resultados produtivos estão sendo melhorados, como também tem-se alcançado melhores índices de bem-estar animal, além da redução de taxas de mortalidade e de produção de resíduos. Tudo isso, exatamente em linha com as demandas da sociedade atual por sustentabilidade, bem-estar animal e ética produtiva.
EXPERIMENTOS DE CAMPO
Experimentos realizados a campo pela equipe da Agroceres Multimix, com a utilização de fitogênicos em substituição a antibióticos melhoradores de desempenho, demonstraram resultados superiores em viabilidade. O peso vivo das aves ao final de um ciclo de 42 dias também foi superior, representando ganhos de até 67g por ave.
O uso de fitogênico também resultou em queda de mais de 3 pontos na conversão alimentar e aumento de 5% no Índice de Eficiência Produtiva de aves aos 42 dias. Os resultados relacionados à qualidade intestinal também foram melhores com o uso do fitogênico, em substituição aos antibióticos promotores de desempenho.
Aditivos Fitogênicos, Extratos e Óleos Essenciais
Aditivos fitogênicos são produtos originados das plantas, também conhecidos por fitobióticos ou nutracêuticos. Compreendem uma ampla variedade de ervas, especiarias e produtos derivados, tais como os óleos essenciais, óleos-resinas e extratos (Windisch et al., 2008).
Adicionados à dieta dos animais são capazes de aumentar a produtividade, melhorar a qualidade da ração e as condições de higiene, além de melhorar a qualidade dos alimentos derivados desses animais (Koiyama, 2012).
Os extratos e os óleos essenciais de plantas, há muito tempo utilizados na medicina humana, passaram a ser explorados na produção animal mais recentemente. Os princípios destes compostos são absorvidos
no intestino, rapidamente metabolizados pelos enterócitos (KOHLERT et al., 2000), biotransformados no fígado e, posteriormente, excretados pela urina e respiração (CO2).
Devido à rápida metabolização e curta meia vida dos compostos ativos, o risco de acúmulo nos tecidos é mínimo (RIZZO et al., 2008). Quando utilizados de forma combinada, os extratos e óleos essenciais podem potencializar os efeitos dos produtos fitogênicos.
Algumas combinações destes compostos, adicionadas à ração das aves, fornecem substâncias ativas, que podem ter efeito antioxidante, antimicrobiano, anti-inflamatório, antisséptico e imunomodulador, entre outros.
A partir do método Health Tracking System (HTSi), levantamentos apontaram para um aumento de 1,5% na integridade intestinal das aves. O excesso de muco, que era de 55% sem o uso do fitogênico, caiu para 35% (-36%) e descamação celular passou de 90% para 55% (-38%).
Outro dado interessante, que está muito ligado à produção enzimática, degradação de fibras e melhoria da absorção de matéria seca, refere-se à redução de calo de patas. Os experimentos desenvolvidos com fitogênico demonstraram uma redução de 66% em calos de patas, cuja incidência passou de 45% para 15% com a utilização de fitogênico.
Desafio de coccidiose
Em aves desafiadas para coccidiose, juntamente com o uso de Enramicina, o fitogênico potencializou a ação do programa coccidiostático, reduzindo a quantidade de Eimerias no intestino. O índice HTSi de E. acervulina passou de 10 para 5%,
sendo que a E. máxima passou de 15 para 10% e a E. tenella passou de 5 para 0%.
Os resultados das aves desafiadas para coccidiose também foram positivos nos experimentos realizados sem o uso de antibióticos
Considerações finais
Os fitogênicos têm grande potencial para a substituição dos antibióticos melhoradores de desempenho, ou para uso associado a outros aditivos, com diversos efeitos benéficos associados, reforçando a proteção intestinal das aves.
Porém, é fundamental destacar que a nutrição é tão importante
quanto as práticas de manejo, biossegurança e ambiência entre outras. Somente a gestão de cada área pertencente à cadeia, aliada ao conhecimento técnico sobre os principais pilares da avicultura, poderão influenciar diretamente na eficácia das combinações dos substitutos aos antibióticos melhoradores de desempenho.
promotores de crescimento. O volume de E. acervulina mantevese em 0%, sendo que a E. máxima passou de 20 para 5% e a E. tenella passou de 20 para 0%.
No Brasil, 20% da produção de aves é realizada sem o uso de antibióticos promotores de desempenho e a expectativa é de ritmo crescente, devendo chegar à casa de 27% até o final de 2022Marcelo Torretta é gerente Nacional de Aves na Agroceres Multimix
Investigação de microRNAs na manifestação de White Striping em frangos de corte
Os filés provenientes de animais com níveis mais severos de WS têm suas características químicas afetadas, assim como alterações em propriedades importantes para obtenção de produtos processados
Mariane Spudeit Dal Pizzol1,* Denise Regina Dahmer2 , Francelly Geralda Campos3, Adriana Mércia Guaratini Ibelli4,& , Jane de Oliveira Peixoto4 , Mônica Corrêa Ledur1,4, &
Nas últimas décadas, a indústria avícola se beneficiou dos avanços nas áreas de nutrição, sanidade e melhoramento genético. O aumento da produção é necessário para atender o crescimento da demanda alimentícia mundial. Por isso, o setor investe de maneira significativa em meios de elevar a produtividade e diminuir as perdas que ocorrem durante o processo. A taxa de crescimento de frangos de corte aumentou em 400% entre os períodos de 1957 a 2005, sendo que nesse mesmo período houve redução de 50% na taxa de conversão alimentar (ZUIDHOF et al., 2014).
Atualmente, a indústria conta
com tecnologias de ponta para enfrentar os desafios da cadeia de produção. Após décadas de intensa seleção no melhoramento genético para maior produtividade, os frangos começaram a apresentar alguns distúrbios metabólicos relacionados ao seu rápido crescimento como, por exemplo, os problemas locomotores e as miopatias peitorais em frangos de corte.
A miopatia White Striping (WS) é uma das miopatias mais recorrentes nos plantéis, sendo caracterizada por estrias brancas paralelas à musculatura peitoral das aves (KUTTAPPAN et al., 2012a). Os filés provenientes de animais com níveis mais severos
de WS têm suas características químicas afetadas, assim como alterações em propriedades importantes para obtenção de produtos processados. A capacidade de retenção de água e a perda por cozimento são características severamente afetadas em cortes com os graus mais severos de WS (TIJARE et al., 2020). Também foi relatado aumento da gordura intramuscular e, consequentemente, uma diminuição do teor proteico. Além disso, o colágeno também está presente em proporções maiores que as normais em animais afetados com WS (MUDALAL, et al., 2014). O impacto visual das estrias brancas na carne também se reflete no mercado consumidor, tendo em vista que a aceitação de filés com WS diminui em relação a filés normais (KUTTAPPAN et al., 2012b). Entretanto, ainda não é bem esclarecido o que ocasiona a formação das estrias no músculo peitoral das aves.
Uma estratégia promissora para compreender a origem desta e de outras condições está na genética. É necessário elucidar o que leva alguns animais a desenvolverem o distúrbio e outros não, mesmo sendo da mesma linhagem e sob as mesmas condições de ambiência. O componente genético dessa miopatia vem sendo investigado por meio da avaliação de parâmetros genéticos como correlações e herdabilidade. Estudos têm mostrado estimativas de herdabilidade moderadas a altas para a miopatia WS, variando de 0,18 a 0,65, o que indica um relevante componente genético associado a esta miopatia (BAILEY et al., 2015; ALNAHHAS et al., 2016 e LAKE; DEKKERS; ABASHT, 2021). Observa-se que as linhagens pesadas têm uma tendência maior de desenvolver
essa miopatia (BAILEY et al., 2015). Contudo, fatores ambientais também contribuem para manifestação de anomalias no tecido muscular dos frangos.
Para entender a ocorrência desses distúrbios é preciso investigar o que está acontecendo no músculo peitoral durante o crescimento das aves. Os processos biológicos de formação do músculo são guiados por mecanismos genéticos. Dessa forma, é lógico pensar que tais mecanismos também estão atuando nos animais que são acometidos por desordens metabólicas, em comparação aos animais em condições de normalidade. Com as novas metodologias de sequenciamento vem sendo possível conhecer, por meio de estudos globais de expressão gênica, os principais genes que apresentam perfil de expressão alterados em determinada condição fisiológica, fase de crescimento ou outras condições experimentais. Atualmente, muitos genes candidatos têm sido associados com a manifestação de miopatias peitorais (MARCHESI et al., 2019; LAKE; DEKKERS; ABASHT, 2021). Estudos identificaram que os genes CA2, CSRP3, MYLK2, CALM2, PLIN1 e
diferencialmente expressos entre frangos normais e afetados com WS aos 42 dias de idade (MARCIANO et al., 2021). Observou-se que alguns desses genes estão relacionados com processos biológicos como diferenciação da musculatura, estresse oxidativo e sinalização de cálcio, que são processos importantes para o crescimento rápidos das aves. Apesar dos achados iniciais, os genes desencadeadores das alterações musculares deletérias ainda não foram encontrados. Isso dificulta a seleção de animais livres desses problemas nos plantéis melhorados geneticamente.
Outra abordagem possível para entender o controle genético é verificar a existência de mecanismos epigenéticos atuando para o desencadeamento dessa desordem metabólica. Um desses mecanismos é o silenciamento de genes através da ação dos microRNAs (miRNAs). Os miRNAs existem naturalmente no genoma dos animais e de outros organismos e consistem em pequenas moléculas de RNA, normalmente com 17 a 25 nucleotídeos, com capacidade de reconhecer o RNA mensageiro e, assim, afetar a expressão dos
uma desregulação nesse mecanismo as alterações fisiológicas podem gerar problemas para o organismo em questão. Assim, é possível analisar se os miRNAs estão envolvidos no desenvolvimento de diferentes miopatias comparando frangos saudáveis com aqueles que desenvolveram o distúrbio.
Desta forma, a Embrapa Suínos e Aves vem conduzindo uma série de estudos na tentativa de elucidar os fatores genéticos que desencadeiam white striping. Atualmente, estamos investigando o papel dos microRNAs no desenvolvimento desta miopatia. Para isso, utilizamos frangos com 28 dias de idade de duas linhagens: a linhagem comercial Ross, que é uma das líderes mundiais de mercado, e a linhagem TT, que é uma linha pura paterna desenvolvida pela Embrapa Suínos e Aves. De cada uma delas foram selecionados animais que apresentavam estrias brancas e outros com ausência delas, formando o grupo afetado e o grupo controle, respectivamente (Figura 2). Foi realizada a coleta de amostras do músculo peitoral dessas aves e posteriormente as análises de sequenciamento para
Identificação de miRNAs conhecidos
Nas análises de biologia molecular é possível identificar miRNAs que já são descritos pela literatura e miRNAs que estão sendo descobertos pela primeira vez. É importante ressaltar que por se tratar de abordagens recentes, as bases de dados dessas moléculas são escassas para animais domésticos, especialmente para galinha. No nosso estudo, entre os miRNAs conhecidos identificados nas amostras de músculo peitoral, focamos na descrição de um miRNA que estivesse altamente expresso e fosse identificado exclusivamente em cada linhagem.
O miRNA denominado gga-miR181b-5p foi identificado com alta
expressão somente na linhagem Ross e sua localização está descrita no cromossomo 17 da galinha. A literatura é muito escassa sobre a atuação desse miRNA, mas foi possível realizar uma associação de seu papel biológico a partir da função de outro miRNA pertencente à mesma família, o gga-miR-181a-5p, que desempenha atividades importantes para o metabolismo de lipídeos e fatores de crescimento no tecido. Esse miRNA também interage com genes que participam da formação de lipoproteínas e regulam a concentração de colesterol livre e citoplasmático na célula (LIN et al., 2020). Desta forma, sugere-se que a expressão do miRNA encontrado da mesma família pode interferir na concentração de lipídeos no tecido.
Também identificamos um miRNA que foi expresso exclusivamente na linhagem TT, o gga-miR-23b-5p, localizado no cromossomo sexual da galinha. Estudos prévios relataram que quando esse miRNA está super expresso em um tecido, a atividade mitocondrial da célula pode ser alterada e o efeito disso é observado diretamente na capacidade termogênica do animal e na oxidação de ácidos graxos. Isso ocorre, pois, os alvos desse miRNA são genes que atuam no transporte de ácidos graxos e na sinalização de moléculas do retículo endoplasmático para o núcleo (YOU et al., 2020).
Com base na atuação desses miRNAs, é possível apontar que a regulação do metabolismo de lipídeos no músculo peitoral dos frangos esteja influenciando a manifestação de WS. Diferenças na expressão gênica nesse tecido podem fornecer informações importantes para entendermos qual o papel dos miRNAs no desenvolvimento das estrias brancas em frangos de corte.
Identificação de novos miRNAs
Dentre os novos miRNAs encontrados podemos destacar alguns que estavam presentes nas duas linhagens e tiveram suas localizações nos cromossomos 3, 14 e 27 da galinha. Identificamos os genes alvo dos miRNAs novos usando programas de bioinformática especializados e o resultado disso foram 4 genes (ACSL3, FUT9, PTN e SPSB1) que podem ser regulados pelos três novos miRNAs.
Um dos genes alvo é o Membro da Família de Cadeia Longa da Acil-
CoA Sintetase 3 (ACSL3). A proteína codificante deste gene atua no metabolismo de lipídeos, na atividade ligase (atua na adesão de moléculas de DNA) e na formação de complexos de proteínas, sendo que estudos já associaram esse gene com características de qualidade da carne em ovinos (ZHANG et al., 2022). Este gene está localizado em região do cromossomo responsável por controlar características relacionadas ao peso do músculo peitoral maior, peso corporal e conteúdo de proteína no músculo (HU; PARK; REECY, 2022).
Outro alvo dos miRNAs identificado foi o gene Fucosiltransferase 9 (FUT9), que também está envolvido com o metabolismo de lipídeos e, além disso, destacamos sua atuação no processo de degradação de ácidos graxos em aves (LIU, et al., 2017). O gene FUT9 nunca foi relacionado diretamente com a miopatia WS, mas o gene FUT8 que pertence à mesma família do gene citado anteriormente foi super expresso no músculo peitoral maior de frangos de corte com 42 dias de idade afetados com WS (MARCHESI et al., 2019).
Também detectamos na nossa análise um dos alvos como sendo o gene da Pleiotrofina (PTN), que é um fator de crescimento com atividades relacionadas a proliferação e sobrevivência celular, crescimento e diferenciação e migração celular em vários tecidos (GENECARDS, 2022a). Esse gene possui efeitos
importantes durante o processo de formação do músculo esquelético, podendo modular tanto no nível transcricional quanto no nível póstranscricional a atividade de fatores importantes para excitabilidade e contratilidade muscular (CAMERINO et al., 2013).
No presente estudo também verificamos que um gene alvo predito já foi associado com distrofia muscular congênita em humanos (GENECARDS, 2022b), sendo ele pertencente ao Domínio do Receptor SplA/Rianodina e SOCS box (SPSB1). Esse gene interage com o Fator de Crescimento Transformador beta (TGF- β), que por sua vez atua no desenvolvimento embrionário, diferenciação celular, secreção de hormônio e função imunológica. Ao inibir sua sinalização, resultase em um processo miogênico defeituoso (LI, 2022). Estudos de transcriptômica também já identificaram o gene SPSB1 como diferencialmente expresso no músculo peitoral maior de frangos com 42 dias afetados com WS (MARCHESI et al., 2019). Desta forma, pode-se sugerir uma relação entre a regulação do gene SPSB1 e o desencadeamento desta miopatia.
Considerações finais
Os miRNAs identificados na musculatura peitoral de frangos contribuem para aumentar o conhecimento funcional sobre essas moléculas nas bases de
¹ Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, UDESC Oeste, Chapecó, SC.
2 Instituto Federal Catarinense, Campus Concórdia, Concórdia, SC, Bolsista PIBIC/CNPq na Embrapa Suínos e Aves.
3 Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
4 Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, SC.
*Mestranda, bolsista da FAPESC.
&Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
dados disponíveis para comunidade científica. O entendimento dos mecanismos de controle de expressão gênica no tecido peitoral pode contribuir para a elaboração de estratégias para redução de distúrbios metabólicos e obtenção de frangos mais equilibrados fisiologicamente. Além disso, a utilização de aves como modelo biológico para o estudo do desenvolvimento miogênico e da manifestação de miopatias, pode contribuir não apenas para o entendimento da etiologia destas condições em frangos de corte, como também em outras espécies de animais.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), pelos recursos destinados a essa linha de pesquisa.
Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio encerra edição histórica destacando o papel feminino na liderança das cadeias produtivas
Mais de 2.500 mulheres de todo o Brasil e de outros países lotaram os corredores do Transamerica Expo Center, e confirmaram o evento como o mais importante do setor para o desenvolvimento e debate do papel das mulheres no agronegócio
OCNMA – Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio encerrou sua 7ª edição com resultados extraordinários. O evento, que foi realizado nos dias 26 e 27 de outubro, no Transamerica Expo Center em São Paulo, recebeu mais de 2500 congressistas que se reuniram para debater o tema “Coordenação das cadeias produtivas no agronegócio, a década decisiva!”, que norteou a programação do encontro.
Durante dois dias as participantes acompanharam uma série de ações que destacaram a contribuição das mulheres como aceleradoras das inovações que conduzem o agronegócio no Brasil e no mundo. Foram oito mesas-redondas, que debateram temas de relevância; a Arena do Conhecimento, dedicada aos patrocinadores e convidados especiais, com experiências, talks show e cases de sucesso; o 5º Prêmio Mulheres do Agro Bayer/ABAG e o
lançamento da série documental “Quando Ouvi a Voz da Terra”, projeto desenvolvido pela pecuarista Carmen Perez.
O Diretor do Transamerica Expo Center, Alexandre Marcilio, fez um retrospecto sobre a trajetória de sucesso do evento, ressaltando o recorde de público, de patrocinadores, apoios e alianças estratégicas. Falou ainda sobre a mensagem que o CNNA carrega em seu tema, a integração
entre todas as cadeias do agronegócio, desde a pesquisadora até a produtora rural, destacando a importância e o papel do setor no processo de alimentar o mundo.
“O CNMA representa um espaço democrático no qual as mulheres podem evidenciar a sua importância no agronegócio, promovendo a troca de experiências e integrando essa rede. Podemos dizer que o Congresso tem rendido bons e importantes
O CNMA representa um espaço democrático no qual as mulheres podem evidenciar a sua importância no agronegócio, promovendo a troca de experiências e integrando essa rede
Cobertura CNMA
frutos. Temos seguido com sucesso a nossa missão de promover um ambiente de debate entre as protagonistas deste setor, tão importante para o nosso país. Prova disso foi o número recorde de participantes nessa edição, muitas delas participantes de grupos de mulheres do agro, que nasceram ou se inspiraram no CNMA”.
Para a Gerente de Desenvolvimento e Novos Negócios do Transamerica Expo Center, Renata Camargo, esta edição mostrou o quanto a união das mulheres do agronegócio brasileiro tem força. “Foi possível confirmar acompanhando, ao longo desse ano, as movimentações dos grupos femininos do setor, espalhados pelo Brasil e com as nossas embaixadoras. Nos empenhamos para oferecer um evento de qualidade, que agregue conhecimento por meio de uma programação rica em conteúdo e troca de experiências. Chegamos ao fim de mais uma edição com a certeza da importância e do papel fundamental do CNMA para o posicionamento da mulher como líder do agronegócio”, destacou.
O número de mulheres que atuam no agronegócio vem crescendo nos últimos anos, inclusive em cargos de liderança: entre 2004 e 2015, houve um aumento de 8,3% da presença feminina no campo
Pesquisa inédita sobre panorama de atuação das mulheres no
A pesquisa “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações 2022”, da Deloitte, foi divulgada durante o 7º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio – CNMA. O objetivo do material é instigar o debate sobre alguns temas relevantes às mulheres, que atuam no agronegócio brasileiro, segundo explicou a head do All In, estratégia de diversidade, equidade e inclusão na Deloitte, Ângela Castro.
“Por meio de uma sondagem com este público feminino atuante no agro, o estudo revelou desafios, pontos positivos e alguns caminhos sobre a atuação da mulher no setor”, afirmou Ângela.
As entrevistas foram realizadas entre os dias 17 de agosto e 26 de setembro deste ano e contou com 63 participantes de diferentes organizações, entre as quais 21% são multinacionais e 10% estão listadas na bolsa de valores brasileira. 52% das mulheres respondentes atuam em empresas familiares e 63% atuam em cargos executivos.
Entre os principais pontos levantados pela pesquisa é que o número de mulheres que atuam no agronegócio vem crescendo nos últimos anos, inclusive em cargos de liderança: entre 2004 e 2015, houve um aumento de 8,3% da presença feminina no campo. Entre as justificativas, as mulheres revelam que escolheram atuar no segmento do agronegócio em razão da importância para a sociedade e pelas melhores oportunidades de carreira, especialmente entre as mais jovens.
“Apesar do aumento gradativo de mulheres atuando no agro, a diferença entre a remuneração média mensal de homens e mulheres ainda é significativa no Brasil”, ponderou a
sócia de consultoria tributária da Deloitte, Carolina Verginelli, durante a apresentação da pesquisa.
O estudo indica, baseada em dados do Ministério do Trabalho, que as mulheres recebem remuneração 17% inferior à dos homens no agronegócio, dificultando a atuação feminina no setor. Especificamente na pesquisa, 43% das mulheres entrevistadas relataram receberem salários menores em comparação ao dos homens.
Ainda sobre remuneração e capacitação profissional, a pesquisa indica que, apesar das mulheres terem escolaridade maior do que homens, elas apontam terem sua capacidade intelectual questionada no trabalho. 41% das mulheres respondentes afirmaram sofrer questionamentos sobre a capacidade intelectual em comparação aos homens, principalmente entre as mulheres mais jovens (75%) e mais maduras (37%).
A pesquisa mostrou ainda que, o número de movimentos e eventos direcionados ao público feminino no agronegócio, como o CNMA, cresceu nos últimos anos, porém ainda há espaço para lideranças incentivarem a participação das mulheres. Afinal, o estudo indica que o perfil da líder no agronegócio pode contribuir para o crescimento do setor, já que as mulheres investem em um aprendizado contínuo. Confira a pesquisa na íntegra:
A 8ª edição do CNMA – Congresso Nacional do Agronegócio já está confirmada. O evento será realizado nos dias 25 e 26 de outubro de 2023, no Transamerica Expo Center, na capital paulista.
agronegócio é divulgada no CNMA
YAMI potencializa o papel dos jovens como protagonistas do agro do futuro em sua 4ª edição
Evento reuniu jovens em dois dias de debates e troca de experiências, na capital paulista
Cerca de 300 jovens se reuniram para a 4ª edição do Youth Agribusiness Movement Internacional – YAMI, congresso de jovens do agronegócio da América Latina que foi realizado nos dias 26 e 27 de outubro, no Transamerica Expo Center, em São Paulo.
Neste ano, o congresso que teve como tema “O agro do mundo para a juventude do Brasil”, foi baseado numa necessidade detectada de que a juventude brasileira conheça diversas culturas e todas as relações que são possíveis de serem desenvolvidas tanto no campo das cooperações científicas, tecnológicas, startups quanto no campo do comércio, agroindústria, da venda e de acesso aos mercados internacionais.
O curador do YAMI, José Luiz Tejon, explica que os organizadores promoveram a compreensão das diferenças, das oportunidades e do quão importante é um jovem ser capacitado para o real mundo do comércio mundial. “É uma realidade que exige muito talento para empatia, de negociação e de compreensão de valores de outros povos. Esse foi o tema central e o grande diferencial deste nosso encontro da juventude. Não foi mais um encontro para falar do mesmo, foi um encontro para provocar a compreensão ‘de mundo’ e uma visão de cidadania acima de tudo”, destacou Tejon.
Tejon levantou a questão se o agro está preparado para atender as demandas globais. Ele citou Ray Goldberg, o pai do agribusiness que
“Hoje, a grande dificuldade é ouvir. Governança, antes de qualquer coisa, é saber ouvir”, Antônio da Luz.Cerca de 300 jovens se reuniram para a 4ª edição do Youth Agribusiness Movement Internacional
Cobertura YAMI
disse que o agronegócio necessita de um sistema. “O agronegócio exige do jovem uma compreensão sistêmica, não em partes”, afirmou.
Já do ponto de vista educativo, Tejon destacou ainda que precisamos formar jovens que compreendam a importância da união dos elos da cadeia, independentemente de onde ele irá atuar. “Há novas oportunidades abertas e é preciso conectá-las aos jovens”, pontuou.
Para o diretor do Transamerica Expo Center, Alexandre Marcilio, o crescimento e a valorização da nova geração têm muito a acrescentar para o desenvolvimento do setor. “Os jovens devem se tornar cada vez mais os grandes protagonistas dos negócios do campo, pois chegam com as energias renovadas, ótimas ideias e abertos para aprender e crescer profissionalmente. Faz parte da essência dessa nova geração buscar conhecimento e estar sempre na vanguarda da inovação. Nestes dois dias promovemos neste espaço debates focados em auxiliar os jovens nesta caminhada de desafios que é a vida profissional”, enfatiza.
“É preciso formar jovens que compreendam a importância da união dos elos da cadeia, independentemente de onde ele irá atuar. Há novas oportunidades abertas e é preciso conectá-las aos jovens”, José Luiz Tejon.
Desafio da nova governança passa pelo olhar para
futuro, sem deixar a experiência do passado
Promover o melhor desenvolvimento nas atividades do agronegócio que compreendem: ciência, digitalização, mecanização, agroindústrias, comércio, serviços, logística e acesso a mercados internacionais, administração, liderança familiar e sucessão foi um dos principais pilares da edição de 2022 do Young Agribusiness Movement International.
No painel “O Legado da Nova Governança”, foi debatido o futuro do jovem no agronegócio, apresentando perspectivas conectadas a uma jornada onde os jovens são os agentes de transformação dos negócios, sem renunciar a toda sabedoria das gerações anteriores, aliando o avanço tecnológico com o fortalecimento do legado do negócio familiar.
Segundo o Economista Chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, o processo passou a ser muito importante e complexo. “Hoje se exige um nível de gestão mais forte. Passamos a ser o maior exportador do mundo. Tudo é muito recente, o que exige uma mudança tão ou mais profunda dessa nova
geração”, explicou. “Vivemos um momento de vários processos de gestão que precisam ser governados. Essa geração não está pronta para governar, é claro que eu não falo dos jovens que estão aqui. Hoje, a grande dificuldade é ouvir. Governança, antes de qualquer coisa, é saber ouvir”, analisou.
“Estou acostumado a conversar com sucessores e sucedidos, e o problema que eu mais vejo está na comunicação entre eles. Eu não acredito em um processo de sucessão familiar sem amor e humildade”, disse Luz.
De acordo com a Advogada Maria Tereza Vendramini, da Estruturação e Originação na AZ Quest Investimentos, os desafios de governança são grandes. “A nova geração já tem essa percepção de que é necessário saber sobre governança para se desenvolver e ter acessos a recursos”, disse. “Esse choque de gerações é muito real. O primeiro passo é chegar querendo ouvir, para aprender e contribuir aos poucos. Óbvio que terá resistência, mas é importante seguir um processo para evoluir aos poucos”, disse.
AGENDA
A 5ª edição do YAMI - Youth Agribusiness Movement International já está confirmada. O evento será realizado nos dias 25 e 26 de outubro de 2023, no Transamerica Expo Center, em São Paulo.
o
Em edição especial Avisulat 2022 celebra a força dos setores de aves, suínos e laticínios do Rio Grande do Sul
O evento abordou temas importantes e estratégicos em um espaço para incluir os pleitos e desafios dos três setores
OAvisulat – Congresso e Central de Negócios Brasil Sul de Avicultura, Suinocultura e Laticínios está de volta depois de seis anos. A sexta edição do evento, que ocorreu pela última vez em 2016, foi realizada entre os dias 28 e 30 de novembro, no Centro de Eventos Fiergs, em Porto Alegre (RS). O Avisulat é promovido pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat) e Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado do Rio Grande do Sul (SIPS), e este ano teve como ponto de partida evidenciar as principais oportunidades e desafios dessas três áreas produtivas.
No primeiro dia os debates contemplaram todas as cadeias, dando especial destaque ao
agronegócio e o impacto das transformações globais na produção de proteína animal. Segundo José Eduardo dos Santos, presidente da ASGAV e coordenador do VI AVISULAT, o setor vislumbra um momento otimista, mesmo com os desafios atuais. “A retomada do Avisulat foi um desafio, pois ficamos desde 2016 sem realizar o evento, ano em que tivemos um público superior a 2 mil pessoas por dia, além dos mais de 50 expositores, porém, em 2017, com a crise na suinocultura atendemos a um pedido do setor para não realizar o evento, em seguida tivemos a pandemia. Por isso, para 2022 fizemos um projeto diferente, mas que contemplasse os três setores justamente trazendo temas importantes e estratégicos, em um espaço para incluir nossos pleitos e
desafios”.
Para o presidente da ASGAV o setor tem um compromisso com a sociedade e com a produção de alimentos para o Brasil e o mundo “por isso não podemos deixar de neste momento tão importante para o país de tratar os gargalos do setor”, afirma. E a programação foi escolhida justamente para esse momento, não deixando as questões técnicas de lado, com especialistas trabalhando para atualizar o setor das medidas preventivas e de biosseguridade e, principalmente a conscientização. “Sabemos que o Brasil é muito visado no mercado externo por ser um potencial fornecedor de proteína animal, então nós temos uma responsabilidade duplicada em relação aos demais para manter nosso status sanitário”.
“Esse é o primeiro passo para que em 2024 possamos voltar com força máxima e com uma estrutura maior ainda para atender nosso setor”, José Eduardo dos Santos - presidente da ASGAV e coordenador do VI AVISULAT.
Projeções para o mercado de proteínas
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal foi o primeiro palestrante e falou sobre o “Cenário Atual e projeções para o mercado de proteínas: carnes de frango, suína e ovos”. Do ponto de vista do Santin, a grande preocupação dos setores é o avanço de doenças perigosas na América Latina. Segundo o presidente, o Brasil está atento para reforçar políticas de prevenção, seja
da influenza aviária, seja da peste suína africana.
A preocupação dos setores deve estar em reforçar as medidas de prevenção, principalmente para manter o Brasil livre dessas enfermidades, como também manter as condições sanitárias necessárias para a manutenção e o aumento da produção para atender o mercado interno e externo.
Atualizações em sanidade avícola
O tema nutrição, saúde intestinal e imunidade de frangos de corte foi levantado pela professora da Universidade Federal de Santa Catarina, Priscila de Oliveira Moraes, que trouxe uma compreensão da complexa relação entre a nutrição, a imunidade e a microbiota, que impactam diretamente na saúde intestinal e influencia o desempenho do animal.
Segundo a especialista, para que o animal consiga ser resiliente aos fatores estressores ele precisa ter uma microbiota fortalecida para formar uma barreira protetora e melhorar o desempenho. “Era comum pensarmos que toda a doença começa no intestino, porém, com a evolução dos estudos e técnicas de manejo percebemos, na verdade, que toda saúde começa no intestino; quando enxergamos materiais anormais nas excretas percebemos que algo está anormal
na relação nutrição e saúde animal”, explica Priscila.
Ou seja, há uma relação direta entre o desempenho animal e um intestino saudável. No entanto, não há uma definição clara que inclua todas as funções fisiológicas do intestino, que vão da digestão e absorção de nutrientes, esse ambiente precisa ser capaz de oferecer ao animal a capacidade de suportar estressores infecciosos e não infecciosos.
“Quando há uma alteração entre o equilíbrio entre nutrição, saúde intestinal e imunidade temos um problema de saúde intestinal. No momento em que se tem um distúrbio no ambiente o sistema se torna responsivo e começamos a aumentar as citosinas próinflamatórias que irão aumentar o sistema imune do animal”, detalha. Ferramentas nutricionais que
podem ser usadas para melhorar a saúde intestinal dos animais, como os prebióticos, probióticos e os fitogênicos, atuam modulando o perfil de bactérias, expressão gênica de interleucinas e proteínas da junção firme. Isso faz com que haja uma menor expressão gênica dessas interleucinas pró-inflamatórias.
Porém, os mecanismos de ação não estão totalmente elucidados, resultados contraditórios foram relatados em alguns casos, por ainda não existir modelos de desafios, idade da ave no desafio, local e forma de coleta, bem como grau de infecção.
“A disbiose não é um termo totalmente compreendido e ainda é, provavelmente, o maior desafio da avicultura. Hoje temos alta demanda por biomarcadores precoces, simples e confiáveis de saúde intestinal em aves. É preciso tratar de forma precoce, sabendo que a saúde
intestinal está intimamente ligada com o equilíbrio destes três fatores: microbiota, sistema imune e nutrição. Afinal, aves saudáveis têm um perfil microbiano totalmente diferente, não apenas uma espécie
ou gênero”, afirma.
Para a especialista é fundamental continuar a busca por biomarcadores que permitam nortear o setor avícola de forma prática. “A biotecnologia aplicada para a
compreensão / aplicação destes conceitos no campo vem crescendo e precisamos associar ferramentas nutricionais com diagnóstico eficaz”, finaliza.
Logística e suprimentos no agronegócio
Debatendo a importância do logística para o agronegócio, Paulo Menzel, presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, explicou ser necessário que se traga a logística para o centro das discussões, pois, infelizmente, ela ainda não está participando do novo modelo de negócios que o mundo exige. “Temos apenas 212 mil km asfaltados no Brasil, se temos um país continental e dependemos de 92% de tudo que se consome em rodas, isso significa que não somos competitivos, principalmente se olharmos para nosso maior concorrente que é os EUA. Atualmente, o custo logístico dos EUA é quatro vezes menor que o
nosso. Ou seja, precisamos urgentemente modernizar a matriz modal do Brasil”.
Segundo Menzel, o Brasil tem 58 anos de atraso logístico de infraestrutura e o mundo toma decisões hoje em cima da logística, não é mais sobre quem produz ou quem consome. “O mundo passa por um processo irreversível de unitização das cargas, não se produzem mais navios com porão, mas apenas de porta contêiner, toda e qualquer carga será posta dentro de contêiners de 20 e 40 pés (incluindo todos os grãos). Tudo será unitizado, o mundo está indo para dentro da
caixa, basta apenas prestar atenção nos movimentos mundiais”.
Ainda, para Menzel, o Brasil pode ser ainda mais competitivo, porém, em termos de logística o agro nacional não está bem-posicionado, uma vez que os portos ficam a leste e as explorações agrícolas estão cada vez mais em terras a oeste. “A logística não participa das grandes decisões do setor, por isso os custos logísticos crescem até 0,5% todos os anos. Se essa geração conseguir estabilizar o custo logístico teremos passado um legado as gerações futuras: De que é preciso estancar os custos logísticos”, finaliza.
Muito se fala do agronegócio como pilar da economia brasileira, como a “salvação da lavoura”. Certo, mas onde está a indústria transformadora, aquela que gera renda, que transforma os grãos em produtos de valor agregado, em alimentos na mesa dos brasileiros, que gera impostos para o país e cria milhares de empregos aqui?
A Languiru está localizada em região identificada como o segundo maior minifúndio das Américas (Vale do Taquari/RS) e, mesmo assim, somos uma das maiores cooperativas do Estado, empregando 3,4 mil pessoas, com faturamento de R$ 2,9 bilhões e a geração de aproximadamente R$ 150 milhões em impostos nas esferas municipais, estadual e federal. Ao mesmo tempo, como Cooperativa, estamos enraizados na nossa região e no RS, garantindo que todos os recursos gerados sejam reaplicados localmente, movimentando toda economia, ao contrário de outros grandes players que recebem incentivos e vêm concorrer com as próprias cooperativas.
No entanto, as indústrias do agro nunca foram preocupação dos governos. Quando se fala em agronegócio, a referência é à produção de grãos, commodities que geram riquezas no exterior e, o pior de tudo, depois são importadas na forma de produtos industrializados.
Sim, as exportações são importantes, a própria Languiru também comercializa seus produtos para o mundo, mas há a necessidade de uma política que beneficie o setor da indústria e que tenhamos um estoque regulador de matéria-prima, principalmente de milho e de soja. Hoje, as estruturas de armazenagem, tão necessárias, não existem mais, e o RS é obrigado a comprar essa matéria-prima de outros Estados, visto que não é autossuficiente, o que onera o custo de produção.
Saudades do tempo em que o Governo trazia milho de outros Estados para atender seus pequenos produtores da agricultura familiar por meio das estruturas da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (CESA). Saudades também da época em que tínhamos recursos subsidiados a taxas mais módicas, o que possibilitou que os produtores rurais e as agroindústrias investissem muito naquela época, e hoje se perdeu, com taxas inacessíveis.
Também é desanimador a perda de competitividade da indústria gaúcha para Estados vizinhos, como Santa Catarina e
Um novo olhar: o Agro de Transformação
Paraná, que “invadem” o RS com seus produtos, principalmente a proteína animal. É necessário revermos questões tributárias.
As cadeias do frango e do suíno vêm sendo duramente castigadas pela falta de matéria-prima no território gaúcho. As últimas safras tiveram quebras por conta das repetidas secas, agravando ainda mais o déficit de milho no Rio Grande do Sul. O custo logístico de trazer milho de outros estados, como Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, reduz a competitividade dos frigoríficos gaúchos.
Além disso, no momento de seca, que afeta todas as cadeias do agronegócio, especialmente do leite, o governo retira incentivos fiscais, como créditos presumidos na ordem de 5% ao ano a partir de 2022.
Os segmentos da proteína animal atuam em um ambiente de muitas incertezas, onde o status sanitário é fator preponderante para manutenção das atividades. Desafios logísticos internacionais, defasagem de estrutura logística no Brasil, disponibilidade de mão de obra qualificada, variação de câmbio, insegurança jurídica e, neste momento, o disparo do custo das matérias-primas, milho e soja, são fatores com os quais os frigoríficos precisam lidar diariamente para conseguirem disponibilizar alimentos aos brasileiros e a tantos países do mundo.
Governos, imprensa, consumidores precisam ter o entendimento dessas questões. O cenário negativo afeta a todos nós. É de extrema importância que os novos gestores públicos entendam o cenário e tomem ações para que o agro brasileiro volte a ser competitivo e, principalmente, que sejam criados projetos para aumentar a industrialização no Brasil, com o intuito de agregar valor, gerar renda e riquezas no nosso país. Vamos ser o país do agro tecnológico e diferenciado, não somente um produtor de matéria-prima para o restante do mundo.
Somos uma Cooperativa extremamente diversificada, com plantas industriais automatizadas nos segmentos de aves, suínos, leite e bovinocultura de corte, além de contarmos com moderna fábrica de rações e ampla estrutura de varejo. Mas tudo isso não chama a atenção dos responsáveis pela condução das políticas do setor primário. Já não basta mais uma gestão eficiente, pois nos deparamos com problemas crônicos que requerem medidas urgentes para salvar empregos, gerar renda e impostos tão necessários para nós brasileiros.