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Madri respira arte

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Dicas quentes

Dicas quentes

A capital espanhola respira arte há muitos anos, mas se reinventou e traz ainda mais possibilidades em suas novas galerias e espaços modernos. Sem contar sua oferta hoteleira, que é outra obra de arte aos olhos e aos sentidos

Por SHOICHI IWASHITA

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Se existe uma cidade do mundo que renasceu durante esses dois difíceis últimos anos, essa cidade é Madri. Se a aristocrática capital espanhola parecia estática, com uma hotelaria datada e três de seus grandes museus de arte estagnados, tudo mudou com a abertura de três belos hotéis de luxo em 2021 – o Mandarin Oriental Ritz, Madrid, o Rosewood Villa Magna e o Four Seasons, com incríveis experiências gastronômicas –, a inauguração da maior galeria de arte contemporânea da cidade e novos projetos curatoriais no Reina Sofía e no Thyssen-Bornemisza (o Prado segue igual, mas sua coleção é tão superlativa que nunca é demais voltar para ver as mesmas obras-primas com um olhar diferente).

E essa Madri “atualizada” vai muito além da ARCOmadrid, uma das mais importantes feiras de arte contemporânea do mundo, que acontece todo mês de fevereiro e movimenta a cidade com diversos eventos paralelos (JustMad, Urvanity Art, Drawing Room, e Flecha); e o festival de arte digital MMMAD, que acontece durante todo o mês de maio, em diversas locações da cidade, com arte multimídia, NFTs (non-fungible tokens) e experiências imersivas. Nos dois museus que, junto com o Prado, formam o panteão dos museus não só da Espanha como da Europa – e o Triângulo de Ouro da Arte em Madri –, a novidade são os projetos que propõem um diálogo entre as coleções centenárias e os temas da atualidade.

As mais de 1.600 pinturas que abrangem mais de 800 anos da história da arte europeia (até os anos 1980) do Thyssen-Bornemisza, museu fundado a partir da coleção particular do barão Thyssen e comprado pelo governo espanhol em 1993. E exposições de arte contemporânea estão sendo organizadas desde 2021 pela Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, a TBA21. Criada em 2002 por Francesca, filha do barão e quarta geração da família, a fundação TBA21 tem uma coleção formada por mais de 700 obras multimídia de alguns dos artistas contemporâneos mais importantes do mundo; muitas delas resultado da colaboração pessoal e de longa data entre Francesca e os artistas, respeitando algumas premissas como o compromisso com as “novas geografias”, ou seja, indo muito além da arte europeia e com questões sociopolíticas, ambientais e políticas identitárias.

Já o Reina Sofía — museu de arte moderna que abriga algumas das mais emblemáticas obras do século 20, Guernica, de Picasso, que ganhou em 2021 novo projeto luminotécnico — acaba de

O Reina Sofía e o ThyssenBornemisza ganharam novos projetos curatoriais

reorganizar sua coleção com a chegada de centenas de novas obras que convidam os amantes das artes a repensar toda a célebre coleção permanente do museu. Assim como o Thyssen, o objetivo é trazer novas narrativas e estimular a reflexão crítica sobre o passado recente e os desafios do presente momento do mundo.

Sempre é bom lembrar que, além dos dois edifícios ao lado da estação de trem Atocha, o Sabatini (histórico) e o projetado pelo célebre arquiteto francês Jean Nouvel em 2005, o museu que leva o nome da ex-rainha da Espanha possui dois palácios para exposições de arte contemporânea dentro do Parque del Retiro — o maior e mais belo parque de Madri —, sempre com exposições lindas e gratuitas: os imperdíveis Palacio de Cristal e o Palacio de Velazquez. E que, em volta do museu matriz, estão algumas das mais importantes galerias de arte contemporânea da cidade.

Na pequenina calle del Doctor Fourquet, no

Barrio de las Letras, bem atrás do Reina Sofía, importantes galerias de arte com suas paredes brancas e antissépticas, apesar de comerciais, dão uma boa amostra da produção contemporânea de artistas espanhóis e latino-americanos. São vizinhas as galerias Helga de Alvear, a Nogueras Blanchard, a Maisterravalbuena e a Nueva. Já entre os 700 metros que separam o Reina do Prado, está outra galeria madrileña mítica, a Ponce+Robles, que, há trinta anos, assume o papel de levar a arte produzida no país para o mundo.

Outra novidade é a maior galeria de arte contemporânea de Madri, a Veta, afastada do Triângulo de Ouro da Arte. Inaugurada em 2021 pelo jovem e bem relacionado galerista Fer Francés no bairro operário de Carabanchel (um dos bairros mais pobres de Madri), é impossível imaginar os

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