Eduardo Constantino 2008
www.obidos.pt CHROMA
EXPOSIÇÃO DE CERÂMICA
CHROMA
Eduardo Constantino GALERIA NOVAOGIVA - ÓBIDOS 3 OUTUBRO A 2 DE NOVEMBRO 2008
FICHA TÉCNICA coordenação: ana calçada | catarina machado | eduardo constantino | nadine constantino organização: óbidos patrimonium, e.m. textos: karine boutin | joão b. serra design gráfico: susana santos impressão e acabamento printmor impressores, lda. tiragem 750 exemplares data outubro 2008 agradecimentos carlos mota | elia mendonça | joão b. serra | karine boutin | orlando constantino
EDUARDO CONSTANTINO – A COR DA CERÂMICA Nesta Vila os caminhos da experimentação, investigação, qualidade e persistência são base de um trabalho que tem sido desenvolvido com as diversas formas de expressão cultural, na procura de criar um espaço de desenvolvimento e de futuro sustentado. A galeria novaOgiva tem integrado no seu programa de exposições diversas formas de expressão artística, bem como de olhares sobre o contemporâneo, numa perspectiva que promova a presença de artistas e os diferentes meios e modos de abordagem da arte. Temos com a exposição de Eduardo Constantino a oportunidade de reflectir sobre a importância da cerâmica como forma de expressão da arte contemporânea. A cerâmica como arte milenar tem sido objecto de muitas abordagens e de múltiplas reinterpretações, diversas teorias e múltiplas práticas, de entre escolas e autores, cujas raízes buscam práticas artesanais. Eduardo Constantino ao expor na galeria novaOgiva reforça a relação entre as Artes, despertando com a sua cor, técnica e forma o interesse de todos nós pela cerâmica, constituindo um privilégio receber nesta Vila a exposição “Chroma” que neste espaço fecha um circulo temático iniciado pelo artista.
Telmo Henrique Correia Daniel Faria Óbidos, Outubro de 2008
Eduardo Constantino Atelier de QuimperlÊ - França
CHROMA
Chroma (do grego khrôma = cor) completa um ciclo de exposições iniciadas em 2003. Enquanto que Variações em Vermelho (Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha) era inteiramente dedicada a uma cor mítica da história da cerâmica e Luz Branca (Galeria Municipal de Torres Vedras) privilegiava o tema da luminosidade e da vibração da cor, Chroma é a síntese e a concretização lógica das precedentes. Graças a um trabalho de sobreposição de vidrados e engobes, posso utilizar uma grande variedade de cores e texturas. Elas misturam-se,borbotam e fundem-se num grés de alta resistência que coze a 1300° em atmosfera redutora . A dificuldade da pintura sobre barro reside sobretudo no facto de que a intenção final deve ser bem controlada. Para os leigos em matéria cerâmica, é preciso sublinhar que só depois da cozedura é que as cores se revelam. Quando se sobrepõem vários vidrados, uma camada oculta a precedente. É então preciso dosear bem as espessuras para se obter o resultado desejado. Todavia, seja qual for a precisão requerida por essa técnica, ela não restringe em nada a minha liberdade de expressão artística. Bem pelo contrário, de repto em repto, ela obriga-me a uma evolução permanente. O fogo apenas petrifica a matéria! Eduardo Constantino
Vidrado verde em oxidação e o mesmo vidrado em redução (vermelho)
Atmosfera redutora: quando os materiais são privados duma parte do seu oxigénio, devido a uma combustão incompleta dos gases no forno, diz-se que são reduzidos, produzindo, assim, uma mudança das cores.
GRÉS GRÈS 1300º 56 x 30 x 9 cm
RIGOR E CRIATIVIDADE As exposições de Eduardo Constantino constituem sempre uma oportunidade maior de encontro com a cerâmica, as suas especificidades e as modalidades pelas quais se integrou na produção artística. A coexistência de uma cerâmica decorativa e artística, a par de uma cerâmica funcional e utilitária é uma prática milenar, que remonta às origens da produção. Mas o investimento pelas artes plásticas da disciplina cerâmica é um movimento internacional, com pouco mais de século e meio, que se tem aprofundado nas últimas décadas. O contributo do centro cerâmico das Caldas da Rainha, onde Eduardo Constantino tem as suas origens, para esse movimento foi, em diversos momentos, pioneiro e original, e, sempre, uma fonte de sólidos valores que o percurso da cerâmica contemporânea incorporou. Sucedeu assim com a adopção do naturalismo, o chamado neo-palissy, na segunda metade do século XIX, a modelização cerâmica a partir do desenho, que teve em Rafael Bordalo Pinheiro um expoente de primeira grandeza, as experiências do estúdio da fábrica Secla dirigido por Hansi Stäel (e pelo qual passaram nomes significativos da modernidade das artes plásticas dos anos 60), o advento do design. Eduardo Constantino nasceu e formou-se num meio onde se cruzam diversas tendências da cerâmica contemporânea, práticas e autores, e onde um saber artesanal centenário foi actualizado no século XX pelas escolas, pela indústria e pelo sistema de formação profissional. Radicado em França, há mais de três décadas, Eduardo Constantino desenvolveu uma produção cerâmica respondendo a desafios muito exigentes, tanto no plano técnico como no da exploração da expressão plástica. Ao longo deste período, enquanto conquistava uma projecção internacional, com menções nas revistas especializadas, presença em galerias e junto de coleccionadores privados e públicos, incluindo colecções museológicas, participou regularmente em exposições colectivas ou individuais em Portugal. A obra cerâmica de Eduardo Constantino dá corpo a projectos muito ambiciosos,
executados com grande rigor. O rigor cumpre-se na demarcação fina do campo de intervenção, na coerência das soluções adoptadas, no vigiado experimentalismo prosseguido com investigação dos materiais e processos, de que resulta um fio condutor, que unifica e define todo o seu trabalho. Partiu de uma tipologia de formas cerâmicas bem referenciada, onde sobressaem as formas tradicionais de contentores cerâmicos, sem todavia cortar o caminho a algumas formas inovadoras, nomeadamente as que resultam de deformações e reconformações. Assim, tem-se vindo a notar uma preferência crescente pelos objectos de superfícies planas, construídos a partir da justaposição de placas, em substituição das formas rodadas iniciais. Mas, em qualquer caso, o autor tem mantido o nexo com os cânones da cerâmica decorativa que privilegiava os objectos susceptíveis de receberem um uso corrente: uma jarra, um canudo, um pote, uma caixa. Constantino tem-se concentrado nos efeitos de cor, textura, vitrificação e brilho, obtidos através da aplicação de engobes e vidrados e dos métodos de cozedura e respectiva oxidação, com geral preferência pelas altas temperaturas, as do grés e porcelana. A cerâmica é basicamente um conjunto de procedimentos que visam controlar a qualidade de um artefacto de argila submetido a alterações através da cozedura. E, de facto, é este o ângulo pelo qual Eduardo Constantino aborda a cerâmica. Os ceramistas sabem que há uma dose de imprevisibilidade nesse conjunto de operações e procuram condicioná-la, sem a eliminar. Recorrem à pesquisa e à experimentação, à observação e à comparação dos resultados obtidos em diferentes centros cerâmicos, com recurso a tecnologias e técnicas diferentes ou diferentemente combinadas. Tem sido este o caminho do ceramista Eduardo Constantino. A linguagem plástica que exprime é realizada através do aprofundamento da disciplina cerâmica, e não de qualquer outra, como é o caso de aproximações à cerâmica com a marca da escultura, da pintura ou de ambas.
A esta unidade metodológica corresponde uma unidade problemática, o que reforça o rigor do trabalho do ceramista. Os jogos de cores e de texturas, de brilhos e de transparências constituem o essencial da procura plástica de Eduardo Constantino, em busca de novas combinações que possam surpreender sem dissolver os elementos de que compõem, de novos ritmos sem dissonâncias, de novos mistérios que não escondam pelo artifício a verdade da natureza que lhe subjaz. Se a natureza é matéria, a reconstrução a que o ceramista procede, tirando partido do que podemos antecipar para melhor preparar a explosão da metamorfose, é um exercício idêntico ao da poética. Estamos perante o que os gregos, para distinguir a mera reprodução do real da narração criativa chamaram transfiguração. A transfiguração torna possível um novo mundo. Este é talvez o conceito que melhor identifica a obra de Eduardo Constantino.
João B. Serra
GRÉS GRÈS 1300º 33 x 36 x 9 cm
A EXPLOSÃO DUMA PINTURA CERÂMICA Há já muito tempo que a pintura sobre tela ou papel deixou de interessar a Eduardo Constantino, no entanto, a sua cerâmica pertence ao domínio pictural. O seu material de eleição é o barro: faiança, grés ou porcelana, dos quais ele explora as facetas em função das suas intenções. Ele não faz qualquer distinção entre a arte da pintura e a da cerâmica «porque a partir do momento em que uma cerâmica é decorada, é pintura». A cor constitui uma dominante da sua busca. Interessa-se então pela criação duma paleta de cores e joga com as qualidades das matérias primas: translúcidas, opacas, mates ou brilhantes, cristalizadas… Começa por aplicar uma primeira camada a partir da qual tudo explode. «Coloco uma cor no centro da peça e depois trabalho à volta, tudo o resto aparece através do gesto ». É tudo uma questão de equilíbrio, de medida nos vidrados e de relação entre as cores. «Um centímetro quadrado duma cor» dizia Matisse, «não tem o mesmo peso que um centímetro quadrado duma outra cor». É exactamente o que transparece na obra de Eduardo Constantino. A procura duma forma de expressão plástica e pictural para além da complexidade técnica é uma das chaves para apreender a sua obra. Raramente um ceramista deu provas de tanta audácia mantendo ao mesmo tempo uma perfeita mestria. Eduardo Constantino não mostra fascínio por um qualquer tipo de motivo, ao contrário, ele dá uma importância primordial ao gesto espontâneo, ao « toque » deixado pelo pincel sobra a superfície do barro. Ao motivo ele prefere a repetição de linhas que criam um movimento. Dá mostras de uma grande liberdade no seu gesto, quer ele represente um círculo, uma mancha ou um traço, aproximando-se na sua busca dos pintores expressionistas. Há já bastante tempo que ele utiliza o ouro, embora não apareça sistematicamente nas suas peças. O efeito produzido é certamente gráfico, mas muitas vezes
ele realça uma composição ou traz luminosidade a uma peça mais sóbria. O ouro é escolhido pela sua cor amarelo metálico e não pelo seu aspecto precioso. O ouro é luz. De cada vez que o olhar se fixa sobre uma peça, são sensações de irisação, de vibração de cores e de matérias que acompanham a nossa experiência retiniana. Ao longo da obra de Eduardo Constantino, projecta-se um renovamento perpétuo. Na continuidade da sua investigação, a sua expressão artística afirma-se na segurança do seu gesto criador. De uma série a outra, o registo das formas evolui, a sua paleta de cores confirma-se, as matérias transformam-se para produzir cada vez mais efeitos subtilmente controlados. A busca da luz é uma constante que não cessa de nos emocionar. Fiel às suas intenções, Eduardo privilegia uma liberdade, a de criar, de acordo com as suas profundas convicções.
Karine Boutin
Extractos de la «Revue de la Céramique et du Verre». N° 158 Janeiro 2008 Tradução: Elia Mendonça e Eduardo Constantino
GRÉS GRÈS 1300º 40 x 35 x 7 cm
BLOCO DE GRÉS Pasta formulada e fabricada pelo artista BLOCS DE GRÈS Terre elaborée et fabriquée par l’artiste 1300º 30 x 13 x 8 cm
BLOCO DE GRÉS Pasta formulada e fabricada pelo artista BLOCS DE GRÈS Terre elaborée et fabriquée par l’artiste 1300º
GRÉS GRÈS 1300º 46 x 53 x 10 cm
GRÉS GRÈS 1300º 50 x 44 x 10 cm
GRÉS GRÈS 1300º
53 x 50 x 10 cm
GRÉS GRÈS 1300º
36 x 50 x 10 cm
GRÉS GRÈS 1300º
43 x 41 x 8 cm
(página seguinte)
EDUARDO CONSTANTINO Eduardo Constantino nasceu em 1948 em Caldas da Rainha. Foi aluno do mestre rodista Guilherme Barroso. Vive e trabalha na região da Bretagna, em França, desde 1976. Em 1991 instalou-se na cidade de Quimperlé. Exposições individuais (selecção) 1977 Atelier des 4A. Ploemeur. Franca. 1983 Galeria Ster Mael. Auray. França. 1985 e 1987 - Casa da Cultura. Caldas da Rainha. Portugal. 1988 Galeria Carré d’Art. Larmor Plage. França. 1988 Marinha Grande. Portugal. 1989 e 1990 - Caldas da Rainha. Portugal. 1990 Galeria Artialis. Rennes. França. 1994 Capela de São Sebastião. Caldas da Rainha. Portugal. 1995 Galeria Artialis. Rennes. França. 1998 Galeria Osiris. Caldas da Rainha. Portugal. 2000- Fundação D.Luis. Cascais. Portugal. 2003 «Variações em vermelho». Museu de Cerâmica. Caldas da Rainha. 2005 «Luz branca». Galeria Municipal de Torres Vedras. Portugal. 2006 Galeria YGrego. Lisboa. Portugal.
Exposições colectivas (selecção) 1978 1982 1983
Feira Nacional de Cerâmica. Caldas da Rainha. Portugal. Annaba. Argélia. Vigo. Espanha.
1984 Galeria du Salé. Quimper.França. Museu de Vannes. França. Castelo de la Roche- Jagu. França. 1985 Pulheim. Alemanha. 1986,1989 e 1994 - Bienal Internacional de Vallauris. França. 1987 Galeria du Salé. Quimper. França. 1988 Feira de Munique. Alemanha. 1989 Bienal Internacional de Cerâmica Artistica. Aveiro. Portugal. 1993 Bienal Internacional de Carouge. Suiça. 1995 Bienal de Cerâmica Contemporânea. Saintes. França. 1996 Galeria Terreiro das Gralhas. Caldas da Rainha. Portugal. 1998 Galeria le Lavoir. Clamart. França. 2001 Simposio Internacional de Cerâmica. Caldas da Rainha. Galeria Uffizi. Oslo. Noruega. 2005 «Les peintres de la terre». Giroussens. Franca. 2006 «Terre de feu». Museu de Brest. França. 2007 Galeria «Where I fell in love» Shipston-on-Stour. Inglaterra. 2008 Galeria Terra Viva. St Quentin la Poterie. França . 2008 «Talents from a European Journey» Rufford Craft Centre. Newark. Inglaterra. Eduardo Constantino está presente nas colecções publicas do FRAC Bretagne (França), do Museu de Cerâmica das Caldas da Rainha e do Museu do Azulejo de Lisboa (Portugal).
FRANÇAIS
EDUARDO CONSTANTINO - COULEUR CÉRAMIQUE. Dans notre ville, les chemins de l’expérimentation, de l’investigation, de la qualité et de la persévérance sont à la base d’un travail concernant toutes les formes d’expression culturelle, visant à développer durablement un lieu de création. La galerie novaOgiva a intégré dans son programme d’expositions autant de formes d’expression artistique que de regards sur l’art contemporain, dans une perspective de promotion des artistes, des différents moyens et des multiples façons d’aborder l’art actuel. L’exposition d’Eduardo Constantino nous donne l’occasion de réfléchir à l’importance de la céramique dans l’art contemporain. En tant qu’art millénaire, la céramique a été l’objet de nombreuses approches et ré-interprétations, de théories et pratiques diverses venant d’auteurs et d’écoles qui plongent leur racines dans les pratiques artisanales. Par cette exposition dans la galerie novaOgiva, Eduardo Constantino renforce le lien entre les arts et réveille, par son sens de la couleur, de la forme et de la technique, l’intérêt que nous portons tous à la céramique. C’est un privilège de recevoir dans notre ville l’exposition « Chroma » qui termine dans ce lieu une trilogie thématique de l’artiste. Telmo Henrique Correia Daniel Faria Obidos, Septembre 2008
CHROMA
Chroma (du grec khrôma = couleur) complète un cycle d’expositions initiées en 2003. Alors que Variations en rouge (Musée de Caldas da Rainha) était entièrement dédiée à une couleur mythique de l’histoire de la céramique et que Lumière blanche (Galerie municipale de Torres Vedras) privilégiait le thème de la luminosité et de la vibration de la couleur, cette nouvelle exposition est la synthèse et l’aboutissement logique des deux précédentes. Grâce à un travail de superposition d’émaux et d’engobes, je peux utiliser une grande variété de couleurs et de textures. Elles fusionnent, bouillonnent et se fondent dans un grès de haute résistance cuit à 1300° en atmosphère réductrice*. La difficulté de peindre sur terre vient surtout du fait qu’il faut avoir à l’esprit le résultat final et en garder le contrôle. Pour les non avertis, il convient sans doute de préciser que ce n’est qu’après la cuisson que les couleurs se révèlent. Lorsqu’on superpose des émaux, une couche masque la précédente et il faut savoir doser chaque épaisseur pour obtenir l’effet voulu. Toutefois, quelle que soit la précision requise par cette technique, elle ne restreint en rien ma liberté d’expression en tant que peintre. Bien au contraire, de défi en défi, elle me motive et m’oblige à une création en perpétuelle évolution. Le feu ne fige que la matière! Eduardo Constantino
Un émail vert en oxydation. Le même émail en réduction (rouge).
Atmosphère réductrice: Quand les matériaux sont privés d’une partie de leur oxygène en raison d’une combustion incomplète des gaz dans le four, on dit qu’ils sont réduits, ce qui provoque une modification des couleurs. *
RIGUEUR ET CRÉATIVITÉ Les expositions d’Eduardo Constantino sont une belle opportunité d’aller à la rencontre de la céramique, de ses particularités et des modalités qui lui ont permis de s’intégrer à la production artistique. La coexistence d’une céramique décorative et artistique et d’une céramique fonctionnelle et utilitaire est une pratique millénaire, qui remonte aux origines de la production. Cependant, l’investissement par les arts plastiques de la discipline céramique est un mouvement international d’un peu plus d’un siècle, qui s’est accéléré ces dernières décades. La contribution du centre céramique de Caldas da Rainha, d’où est originaire Eduardo Constantino, à ce mouvement fut, à plusieurs reprises, pionnier et original, et, toujours, une source de solides valeurs que la céramique contemporaine a intégrées dans son parcours. C’est ainsi que se sont succédé, avec l’adoption du Naturalisme, l’intégration du Néo- Palissy, dans la seconde moitié du XIXème siècle, la modélisation céramique à partir du dessin qui eut en Rafael Bordalo Pinheiro un exposant majeur, les expériences de l’atelier de l’usine Secla dirigé par Hans Staël (dans lequel se sont illustrés des noms significatifs de la modernité des arts plastiques des années 60), l’arrivée du Design. Eduardo Constantino est né et s’est formé dans un milieu où se croisent des tendances diverses de la céramique contemporaine, des pratiques et des auteurs , et où un savoir centenaire a été actualisé au XXème siècle par les écoles, l’industrie et le système de formation professionnel . Installé en France depuis une trentaine d’années, Eduardo Constantino a développé une production céramique qui répond à des défis de grande exigence, aussi bien sur le plan technique qu’en ce qui concerne l’exploration de l’expression artistique. Tout au long de cette période, alors qu’il conquérait une réputation internationale, avec des articles dans les revues spécialisées, une reconnaissance des galeries et des collectionneurs privés ou publics, y compris de collections muséologiques, il a régulièrement participé à des expositions collectives ou individuelles au Portugal . L’œuvre céramique d’Eduardo Constantino donne corps à des projets très ambitieux, d’une grande rigueur. Celle-ci s’observe dans la démarcation affinée du champ d’intervention, dans la cohérence des solutions adoptées, dans l’expérimentalisme vigilant qui investit les matériaux et les procédés, offrant au final un fil conducteur capable d’unifier et de définir son œuvre. Il est parti d’une typologie de formes céramiques bien référencées, d’où ressortent les formes traditionnelles des contenants en terre, sans toutefois s’interdire quelques formes innovantes, notamment celles qui naissent de déformations et de re-formations. On constate sa prédilection de plus en plus affirmée pour les objets aux surfaces planes, construits à partir de juxtapositions de plaques qui se substituent aux formes tournées initiales. Mais, en tout cas, l’auteur a toujours
maintenu le lien avec les canons de la céramique décorative qui privilégie les objets susceptibles d’un usage courant : une jarre, un cylindre, un pot, une boite.
Constantino s’est concentré sur les effets de couleur, de texture, de vitrification et de brillance, obtenus par l’application d’engobes et d’émaux ainsi que par des méthodes de cuisson en atmosphère réductrice ou oxydante, avec une préférence marquée pour les hautes températures, celles du grès et de la porcelaine. La céramique a pour fondement un ensemble de procédés qui visent à contrôler la qualité d’un artéfact en argile soumis aux altérations de la cuisson. C’est bien sous cet angle qu’Eduardo Constantino aborde la discipline. Les céramistes savent qu’il y a, dans ce processus, une dose d’imprévu qu’ils essaient de maîtriser, sans l’éliminer complètement. Ils ont recours à la recherche et à l’expérimentation, à l’observation et à la comparaison des résultats obtenus en divers centres céramiques, avec des technologies et des techniques différentes ou différemment combinées. C’est la voie choisie par Eduardo Constantino. Le langage plastique qu’il exprime s’est accompli dans l’approfondissement de la discipline céramique, et d’aucune autre, quand d’autres approches de la céramique se font par le biais de la sculpture, de la peinture, ou des deux à la fois. A cette unité méthodologique correspond une unité problématique, ce qui renforce la rigueur du travail de l’artiste. Les jeux de couleurs et de textures, de brillances et de transparences constituent l’essentiel de la quête plastique d’Eduardo Constantino, à la recherche de nouvelles combinaisons pouvant surprendre sans dissoudre les éléments qui les composent, de nouveaux rythmes sans dissonances, de nouveau mystères qui ne cachent pas, par l’artifice, la vérité de leur nature sousjacente. Si la nature est matière, la reconstruction à laquelle procède le céramiste, tirant parti de ce qu’il peut anticiper pour préparer au mieux l’explosion de la métamorphose, est un exercice identique à celui de la poétique. Nous sommes en présence de ce que les Grecs, pour distinguer la simple représentation du réel d’avec la narration créative, appelèrent la transfiguration. La transfiguration rend possible un nouveau monde. C’est sans doute le concept qui identifie au mieux l’œuvre d’Eduardo Constantino.
João Bonifacio Serra Traduction: Nadine Constantino
L’EXPLOSION D’UNE PEINTURE CÉRAMIQUE. Depuis longtemps peindre sur toile ou papier n’intéresse plus vraiment Eduardo Constantino, pourtant sa céramique appartient à l’ordre du pictural. Son support d’élection est la terre : faïence, grès ou porcelaine, dont il explore les facettes en fonction de ses intentions. Il ne fait plus de distinction entre l’art de la peinture et celui de la céramique «car à partir du moment où une céramique est décorée, c’est de la peinture.» La couleur constitue une dominante de sa recherche. Il se passionne pour l’invention d’une palette et joue avec les qualités des matières : translucidité, opacité, matité ou brillance, cristallisation… Il commence par poser un aplat à partir duquel tout explose. «Je place une couleur au centre de la pièce, puis je travaille autour, le reste apparaît ensuite, par le geste.» Tout est affaire d’équilibre, de mesure des émaux et des rapports colorés. «Un centimètre carré d’une couleur, disait Matisse, n’est pas de poids égal au centimètre carré d’une autre couleur. » C’est ce qui transparaît très justement dans l’œuvre d’Eduardo Constantino. La recherche d’une forme d’expression plastique et picturale au-delà de la complexité technique est une clef pour appréhender son œuvre. Rarement un céramiste a fait preuve de tant d’audace tout en gardant une parfaite maîtrise. Eduardo n’a pas de fascination pour un type de motif, au contraire, il donne une importance primordiale au geste spontané, à la touche déposée par le pinceau sur la surface de la terre. Au motif, il préfère la répétition de lignes qui créent un mouvement. Il fait preuve d’une très grande liberté dans son geste, qu’il représente un cercle, une tache ou un trait, il rapproche sa démarche de celle des peintres expressionnistes. Depuis longtemps il utilise de l’or bien qu’il n’apparaisse pas systématiquement dans ses pièces. L’effet produit est certes graphique mais souvent il rehausse une composition ou apporte un rayonnement à une pièce sobre. Il est choisi pour sa teinte jaune métallique plus que son aspect précieux. L’or est lumière. A chaque fois que l’œil se pose sur une pièce, ce sont des sensations d’irisation, de vibration des couleurs et des matières qui accompagnent notre expérience rétinienne. Au fil de l’œuvre d’Eduardo Constantino se profile un renouvellement perpétuel. Dans la continuité de ses recherches, son expression s’affirme dans l’assurance se son geste créateur. D’une série à l’autre, le registre des formes évolue, sa palette de couleurs se confirme, les matières se transforment pour produire toujours plus d’effets subtilement maîtrisés. La quête de la lumière est une constante qui ne cesse de nous émouvoir. Fidèle à ses intentions, Eduardo privilégie une liberté, celle de créer en accord avec ses convictions profondes. Karine Boutin Extraits de la Revue de la Céramique et du Verre.N° 158 Janvier 2008
EDUARDO CONSTANTINO Né en 1948 à Caldas da Rainha au Portugal, Eduardo Constantino est l’élève du maître potier, Guilherme Barroso. Il vit et travaille en France depuis 1976 . En 1991 il a installé son atelier dans la ville de Quimperlé, en Bretagne. Expositions personnelles :( sélection) 1977
Atelier des 4A. Ploemeur. France.
1983
Galerie Ster Maël. Auray. France.
1985 et 1987-Maison de la culture. Caldas da Rainha. Portugal. 1988
Galerie le Carré d’art. Larmor Plage.France.
1988
Marinha Grande . Portugal.
1989 et 1990 – Caldas da Rainha. Portugal. 1990
Galerie Artialis. Rennes. France.
1994
Chapelle São sebastião. Caldas da Rainha. Portugal.
1995
Galerie Artialis. Rennes. France.
1998
Galerie Osiris. Caldas da Rainha. Portugal.
2000
Fondation Dom Luis. Cascais. Portugal.
2003
«Variations en rouge». Musée de la céramique. Caldas da Rainha. Portugal.
2005
«Lumière blanche». Torres Vedras. Portugal.
Galerie 18. Auray. France.
2006
Galerie YGrego . Lisbonne
Expositions collectives. ( sélection) 1978
Foire de la céramique. Caldas da Rainha. Portugal.
1982
Annaba. Algérie.
1983
Vigo. Espagne.
1984
Galerie du Salé. Quimper. France.
Musée de Vannes. France.
Château de la Roche- Jagu. France.
1985
Pulheim. Allemagne.
1986, 1989 et 1994 – Biennale internationale de Vallauris. France. 1987
Galerie du Salé. Quimper.
1988
Foire de Munich. Allemagne.
1989
Biennale internationale de céramique .Aveiro. Portugal.
1993
Biennale internationale de Carouge. Suisse.
1995
Biennale de céramique contemporaine. Saintes. France.
1996
Galerie Terreiro das Gralhas. Caldas da Rainha. Portugal.
1998
Galerie le Lavoir. Clamart.
2001
Symposium international de céramique. Caldas da Rainha. Portugal.
Galerie Uffizi. Oslo. Norvège.
2005
«Les peintres de la terre». Giroussens. France.
2006
«Terre de feu». Musée de Brest. France.
2007
Galerie « Where I fell in love ». Shipston-on Stour. Angleterre.
2007
«Porcelaines» Le Lavoir. Clamart.
2008
Galerie Terra Viva. St Quentin la Poterie. France
2008
«Talents from a European Journey» Rufford Craft Centre. Newark. Angleterre.
Eduardo Constantino est présent dans les collections publiques du FRAC de Bretagne, (France), du Musée de la Céramique de Caldas da Rainha et du Musée de l’Azulejo de Lisbonne. (Portugal).
Eduardo Constantino 2008
www.obidos.pt CHROMA