NADIR AFONSO A Geometria como Universo Antรณnio Augusto Joel
2
NADIR AFONSO
A Geometria como Universo Geometry as Universe
5
Catálogo da Doação de Nadir Afonso ao Município de Chaves Catalogue of the Nadir Afonso Donation to Chaves Municipality
72
Síntese Cronológica Chronological Synthesis
91
Síntese Bibliográfica Bibliographical Synthesis
113
4
NADIR AFONSO
As quinze dádivas de Nadir Afonso Chaves, terra de criação do Mestre Nadir Afonso, nas dimensões antropológica, formativa e artística, permitiu forjar entre o território, a comunidade e o artista, uma relação de simbiose cultural que encontra o seu expoente máximo no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso. Quis o Mestre Nadir Afonso partilhar com os seus conterrâneos a propriedade de um fragmento do seu precioso pecúlio artístico, geometricamente moldado nos seus quinze quadros, motivado pela vontade incomensurável de enriquecer e fortalecer o património comunitário e o seu amor à partilha universal do conhecimento. Foram muitos os lavienses que puderam conhecer pessoalmente a ligação única entre o homem e o artista, aproveitando o privilégio ímpar de apreciar a sua genialidade na expressão do intangível, amiúde vertida nas formas geométricas que povoam muitos dos seus edifícios e das suas pinturas. Esta publicação, apesar de singela e despretensiosa nos propósitos e nas ambições, assume-se, ainda assim, como um ato de reconhecimento público ao benemérito Nadir Afonso, transformando-se num instrumento de difusão e airmação da obra deste excecional artista e pensador laviense, no ano que serve de prenúncio à comemoração do centenário do seu nascimento. Conhecer, ainda que tangencialmente, as quinze pinturas que constituem o mote deste catálogo, permitirão ao sujeito inquirir, numa interação hermenêutica, o processo e objeto criativo do artista, e quiçá despertar o desejo de se submergir no seu universo artístico, que se encontra, em muitos dos seus fragmentos, exposto no Museu de Arte Contemporânea por ele idealizado, na sua amada terra natal. Incito, pois, o leitor a descobrir o caminho que encerra cada uma das quinze pinturas que dão vida a este catálogo, numa relação íntima e próxima com o autor, que o conduzirá a imagens e sensações ímpares que perdurarão gravadas na memória para sempre. Chaves, 4 de dezembro de 2019. Presidente da Câmara Municipal de Chaves Nuno Vaz Ribeiro
A Geometria como Universo
5
As quinze dádivas de Nadir Afonso Chaves, terra de criação do Mestre Nadir Afonso, nas dimensões antropológica, formativa e artística, permitiu forjar entre o território, a comunidade e o artista, uma relação de simbiose cultural que encontra o seu expoente máximo no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso. Quis o Mestre Nadir Afonso partilhar com os seus conterrâneos a propriedade de um fragmento do seu precioso pecúlio artístico, geometricamente moldado nos seus quinze quadros, motivado pela vontade incomensurável de enriquecer e fortalecer o património comunitário e o seu amor à partilha universal do conhecimento. Foram muitos os lavienses que puderam conhecer pessoalmente a ligação única entre o homem e o artista, aproveitando o privilégio ímpar de apreciar a sua genialidade na expressão do intangível, amiúde vertida nas formas geométricas que povoam muitos dos seus edifícios e das suas pinturas. Esta publicação, apesar de singela e despretensiosa nos propósitos e nas ambições, assume-se, ainda assim, como um ato de reconhecimento público ao benemérito Nadir Afonso, transformando-se num instrumento de difusão e airmação da obra deste excecional artista e pensador laviense, no ano que serve de prenúncio à comemoração do centenário do seu nascimento. Conhecer, ainda que tangencialmente, as quinze pinturas que constituem o mote deste catálogo, permitirão ao sujeito inquirir, numa interação hermenêutica, o processo e objeto criativo do artista, e quiçá despertar o desejo de se submergir no seu universo artístico, que se encontra, em muitos dos seus fragmentos, exposto no Museu de Arte Contemporânea por ele idealizado, na sua amada terra natal. Incito, pois, o leitor a descobrir o caminho que encerra cada uma das quinze pinturas que dão vida a este catálogo, numa relação íntima e próxima com o autor, que o conduzirá a imagens e sensações ímpares que perdurarão gravadas na memória para sempre. Chaves, 4 de dezembro de 2019. Presidente da Câmara Municipal de Chaves Nuno Vaz Ribeiro
6
NADIR AFONSO
A Geometria como Universo
7
NADIR AFONSO A geometria como universo
O
abstraccionismo geométrico de Nadir Afonso, considerado numa perspectiva diacrónica, sugere uma demanda contínua para conseguir inscrever nas telas, ou noutros suportes pictóricos, uma harmonia intrínseca à ordem do universo, harmonia cujas leis o artista entende serem leis dos espaços matemáticos. 1 Isto é, o pintor assume-se como um demiurgo que procura ensaiar a organização do caos, recriando em cada obra uma tentativa cosmogónica de replicar essa harmonia intrínseca ao universo e estabelecer, assim, um regresso à ordem. 2
Geometry as universe
V
iewed from a diachronic perspective Nadir Afonso’s geometric abstractionism suggests a continuous quest to confer on his canvases, or indeed other pictorial supports, a harmony that is intrinsic to the order of the universe, a harmony whose laws the artist believes are the laws of mathematical spaces.1 That is, the painter is like a demiurge who attempts to organise chaos, in each work recreating a cosmogonic attempt to replicate that harmony that is intrinsic to the universe and so establish a return to order.2 This demiurgic hypothesis, implying something metaphysical, absolute and inexplicable, something that transcends what is human and consequently the physical limitations of the artist
8
NADIR AFONSO
Esta hipótese demiúrgica, que implica algo de metafísico, absoluto e inexplicável, algo que transcende o humano e, por conseguinte, as limitações físicas do próprio artista, parece afastar-se dos rigorosos princípios matemáticos e geométricos que Nadir sempre declarou seguir. De uma certa forma paradoxal, Nadir airma também que é através da intuição que chega à racionalização dessas leis da harmonia, que são leis da estética. 3 Neste contexto, estabelece um postulado onde airma que os estetas e os teóricos da estética não compreendem, nem podem compreender, a essência da arte porque lhes faltará a praxis artística que permite desenvolver tal compreensão. 4 Nadir sempre fez questão de airmar que a arte é “un spectacle d’exactitude.” 5 E essa exactidão corresponderá a uma harmonia máxima, que Nadir deiniu como sendo a morfometria absoluta, por oposição à amorfometria absoluta. 6 Apesar de tudo, ele próprio assume que o espectáculo de exactidão, decorrente de leis perceptíveis através da íntima ligação à génese da obra de arte, do longo contacto com essas obras, da relexão que elas suscitam, e da subsequente harmonia máxima assim atingida, infunde uma crença no metafísico imanente, pois esse espectáculo assentará em “leis próprias dos espaços, leis subjacentes”, leis que são “inexplicáveis”. 7 Nadir reclama para si, pois, não apenas um papel de demiurgo mas também o de um contínuo aprendiz, ensaiando uma constante demanda através de uma praxis nunca terminada. Tal atitude coaduna-se com a constante revisão, alteração e reconstituição das formas e da composição em muitas das suas obras, um processo de relexão que se prolongou frequentemente ao longo de vários anos, ou mesmo décadas. Atitude que, de forma aparentemente contraditória, se coaduna também com a sua decisão de, a determinado momento, transferir para inúmeros assistentes o acto de pintar, a im de concentrar a sua atenção na demanda prioritária, e intransmissível, da harmonia composicional e cromática. Particularmente a partir da década de 1970, e durante mais de 40 anos, Nadir menosprezou a praxis de autoria exclusivamen-
A Geometria como Universo
9
himself, seems to move away from the precise mathematical and geometrical principles that Nadir always claimed to follow. In a paradoxical way, Nadir also claims that it is through intuition that he rationalises the laws of harmony, which are the laws of aesthetics.3 In this context, he establishes a postulate in which he claims that aesthetes and the theoreticians of aesthetics do not and cannot comprehend the essence of art because they lack the artistic praxis enabling them to develop that comprehension.4 Indeed, Nadir always made a point of claiming that art is “un spectacle d’exactitude.”5 That exactitude corresponds to a maximum harmony that Nadir deined as being absolute morphometry as opposed to absolute amorphometry.6 Despite everything, he himself assumes that the spectacle of exactitude, arising from laws perceptible through the close link to the genesis of the work of art, from the lengthy contact with such works, from the relection they raise, and the subsequent maximum harmony thus attained, injects a belief in immanent metaphysics, for that spectacle will be grounded in “the speciic laws of spaces, underlying laws”, laws that are “inexplicable”.7 Nadir, then, not only claims the role of demiurge for himself but also that of a continuous apprentice, embarking on a constant quest for a praxis that never ends. This attitude conforms to the constant revision, alteration and reconstitution of the forms and the composition in many of his works, a process of relection that often extended over a period of years, decades even. In seemingly contradictory fashion, this attitude also conforms to the decision he made at one point to transfer to a number of assistants the act of painting, in order to focus his attention on the priority and nontransmissible quest for compositional and chromatic harmony. In particular from 1970s onwards and for more than 40 years Nadir disparaged the praxis of exclusively individual authorship in the execution of a work of art, bringing together a number of collaborators who proceeded to transpose, enlarge and paint the small compositional models that he himself had con-
10
NADIR AFONSO
A Geometria como Universo
11
te individual na execução da obra de arte, congregando vários colaboradores que procederam à transposição, ampliação e pintura dos pequenos modelos composicionais que primeiro concebia e depois haveriam de ser ampliados em papel, ou em tela, e coloridos a guache, acrílico ou óleo. 8 E é nesta decisão que Nadir não só antecipa aquilo que tem vindo a ser o trabalho conceptual e colaborativo característico de diversa arte contemporânea como, acima de tudo, se airma também enquanto artista clássico na mais clássica acepção do termo, ao fazer radicar a sua atitude de trabalho colaborativo na tradição das oicinas da Antiguidade Clássica e do Renascimento, em que o mestre, a determinado momento e por diversas razões, deixa de executar integralmente a maioria das obras e se assume, na essência, como magistral mentor do trabalho a ser executado. 9 É dessa herança clássica que inequivocamente Nadir se reclama, ao invocar a mónade platónica e ao evocar também, no ceived. These were then enlarged on paper or on canvas, and coloured in gouache, acrylic or oils.8 With this decision, Nadir not only anticipated what has become the conceptual and collaborative work that is characteristic of contemporary art today, but above all also asserted himself as a classical artist in the most classical meaning of the word, by rooting his attitude to collaborative work in the tradition of the workshops of Classical Antiquity and the Renaissance. A tradition where the master, for any number of reasons and at any given moment, ceases to paint the majority of his works and becomes, in essence, the masterly mentor of the work being executed.9 Nadir unequivocally lays claim to that classical legacy, when invoking the platonic monad and also when evoking geometry and geometric forms as preeminent cosmometric forms in his work. Nadir sees himself, therefore, in the demiurgic values of creation. It is in geometry and in geometric forms that he projects the es-
12
NADIR AFONSO
seu trabalho, a geometria e as formas geométricas como formas cosmométricas por excelência. É, pois, nos valores demiúrgicos da criação que Nadir se revê, é na geometria, e nas formas geométricas, que projecta a essência do universo e é na simplicidade, na pureza e na exactidão da esfera, ou do círculo, que Nadir vê um símbolo do universo como algo sem princípio nem im, algo eterno. 10 Deste modo, para Nadir, a geometria integrará a essência do universo, pelo que será eterna, tal como o próprio universo. E, na geometria, o círculo será a forma primordial e essencial, assumindo assim um valor genesíaco, eterno e auto-suiciente, qual Ouroboros simbólico que irá pairar, invisível mas intuitivo e inegável, sobre a sua obra. 11
Contextualização Nacional Nadir Afonso nasceu em Chaves no ano de 1920. Chaves era então uma vila com tradições essencialmente militares, onde existiam seculares quartéis de cavalaria e infantaria, embora a convicta adesão de muita da sua população – na época, inferior a quarenta mil habitantes no concelho – aos princípios republicanos a viesse a projectar como bastião regional e símbolo nacional desse regime, particularmente depois das goradas incursões monárquicas de 1911 e 1912 e da efémera implantação da Monarquia do Norte, em 1919. 12 Centro urbano cuja dinâmica social, económica e política motivou a publicação de dezenas de títulos de imprensa periódica durante a I República, teve ainda, nesse período, um laviense, António Granjo (1881-1921), como primeiro-ministro, o qual acabaria assassinado no trágico episódio da noite sangrenta de 19 de Outubro de 1921. Quando Nadir nasceu, Chaves ainda não dispunha de uma estação ferroviária, pois a linha do Corgo, que havia chegado a Vidago em 1910, chegaria ao periférico bairro da Fonte Nova em 1921, sendo a estação terminal desta linha concluída e inaugurada apenas no ano seguinte.
A Geometria como Universo
13
14
NADIR AFONSO
A Geometria como Universo
15
sence of the universe, and it is in the simplicity, the purity and the exactitude of the sphere or circle that he sees a symbol of the universe as something without beginning or end, something eternal.10 For Nadir, then, geometry is part of the essence of the universe, hence eternal like the universe itself. In geometry the circle will be the primordial and essential form, assuming therefore a genesis-like, eternal and self-suficient value, like a symbolic ouroborus hovering, invisible but intuitive and undeniable, over his work.11
National Context Nadir Afonso was born in Chaves in 1920. Chaves was then mainly a military town, the headquarters of centuries-old cavalry and infantry barracks, although the fact that most of its population – at the time less than forty thousand inhabitants in the municipality – adhered irmly to republican principles projected it as a regional bastion and a national symbol of such a regime, particularly after the failed 1911 and 1912 monarchist incursions and the short-lived implantation of the Monarchy of the North in 1919.12 It was a town whose social, economic and political dynamic led to the publication of many periodicals during the I Republic. In that period, one of its natives, António Granjo (1881-1921), became prime minister and was assassinated in the tragic episode of the Bloody Night of 19 October 1921. At the time of Nadir’s birth Chaves had no railway station, for although the Corgo line had reached Vidago in 1910, it would only reach the peripheral neighbourhood of Fonte Nova in 1921, and the terminus of that line was only completed and inaugurated the following year. The town did have a secondary school, created in 1903, and a technical school, created in 1919. It did not have any great tradition in signature architecture (the irst signature building marking the city in the twentieth century was that of Banco Nacional Ultramarino, designed by Ernesto Korrodi, 1870-1944,
16
NADIR AFONSO
A vila estava já dotada de um liceu, criado em 1903, e de uma escola técnica, criada em 1919, embora não tivesse grandes tradições nem na arquitectura de autor – o primeiro edifício de autor a marcar a urbe no século XX terá sido o do Banco Nacional Ultramarino, projectado por Ernesto Korrodi (1870-1944) e concluído precisamente em 1920 – nem nas denominadas belas-artes, em geral. Até então, das várias personalidades lavienses, na pintura apenas se destacara o académico José Ferreira Chaves (1838-1899), que se notabilizou na pintura de retratos, naturezas-mortas e lores. Durante a infância de Nadir, deslocava-se com muita frequência a Chaves, bem como às aldeias de Samaiões e S. Pedro de Agostém, e a outras localidades circunvizinhas, o consagrado pintor Artur Alves Cardoso (1882-1930), que nas suas telas reproduziu várias iguras e paisagens da veiga de Chaves, e das montanhas envolventes, e não hesitou em destacar o valor plástico da loiça de barro preto, de Vilar de Nantes, em algumas das suas composições. 13 Depois de Nadir, nasceu no concelho de Chaves, em Vidago, o notável pintor João Vieira (1934-2009), membro do internacional e heterogéneo, mas notável, grupo KWY e pai do também artista plástico, e músico, Manuel João Vieira (n. 1962). 14 Nadir concluiu os estudos liceais em Chaves, em 1938, para depois, ainda nesse mesmo ano, prosseguir estudos superiores no Porto. Antes disso já se tinha distinguido na pintura, havendo executado diversas obras durante a adolescência e tendo sido galardoado com o segundo prémio de um concurso nacional realizado em 1937. 15 A sua intenção seria, obviamente, cursar pintura, mas, segundo um episódio quase anedótico que o próprio artista muito gostava de referir e envolvia aquela que foi a preponderante opinião de um funcionário da Escola de Belas-Artes, acabou por se inscrever em arquitectura. 16 Logo que chegou ao Porto, Nadir conviveu estreitamente com vários condiscípulos, e professores, que viriam a estar na génese do posteriormente designado como Grupo dos Independen-
A Geometria como Universo
17
and completed precisely in 1920) or indeed in the so-called ine arts in general. Up to that point, the only artist among the Chaves personalities to attract attention was the academic José Ferreira Chaves (18381899), who became known for his portraits, still lifes and lowers. During Nadir’s childhood, the famous painter Artur Alves Cardoso (1882-1930) travelled frequently to Chaves and to the villages of Samaiões and S. Pedro de Agostém as well as to neighbouring localities. In his pictures he depicted various igures and landscapes of the Chaves meadowland and the surrounding mountains, and did not hesitate to highlight the artistic value of the black clay ware of Vilar de Nantes in some of his compositions. 13 Sometime after Nadir, the well-known painter João Vieira (19342009) was also born in Chaves municipality, in Vidago. He was a member of the international, heterogeneous but memorable group KWY, and father of the painter and also musician, Manuel João Vieira (b. 1962).14 Nadir completed his secondary education in Chaves in 1938 and that same year went to university in Porto. Before that he had already made his mark in painting, having produced several works during his adolescence and been awarded the second prize in a national competition held in 1937.15 It was naturally his intention to study painting but according to an almost ridiculous episode that he was fond of recounting, involving the superior opinion of an employee at the school of Fine Arts, he ended by enrolling in architecture.16 As soon as he arrived in Porto, Nadir established close contacts with a number of fellow students and also with teachers, who were behind what was later called the Group of Independents. Originally limited to organising events within the restricted circle of the School of Fine Arts, this group later promoted a number of exhibitions between 1943 and 1950, not only in Porto but also in Braga, Coimbra, Leiria and Lisbon. Many architects, sculptors and painters belonged in this group and a number of artists of different generations took part in
20
NADIR AFONSO
tes. Este grupo, que de início se limitava a organizar eventos no restrito círculo da Escola de Belas Artes, promoveu depois, entre 1943 e 1950, outras exposições, não apenas no Porto mas também em Braga, Coimbra, Leiria e Lisboa. Inúmeros arquitectos, escultores e pintores integraram este grupo e diversos artistas, de diferentes gerações, participaram nestas exposições. Muitos dos membros deste movimento, e muitas das suas obras, caíram entretanto no esquecimento, mas alguns permanecem ainda hoje como iguras de referência na arte portuguesa da primeira metade do século XX, seja pelas inovadoras propostas artísticas seja pelo conservador contraponto geracional e artístico àquelas propostas, o que vem justiicar o seu epíteto de independentes – Abel Salazar (18891946), António Lino (1914-1996), Dórdio Gomes (1890-1976), Fernando Lanhas (1923-2012), Júlio Pomar (1926-2018), Júlio Resende (1917-2011), Nadir Afonso, Victor Palla (1922-2006). Numa década em que o Neo-Realismo se enraizava entre as tendências intelectuais e artísticas portuguesas, e numa época em que o Surrealismo, velho já de duas décadas, se implementava inalmente em Portugal, Fernando Lanhas, um dos grandes dinamizadores deste movimento de independentes a partir da sua terceira exposição, destacar-se-á também, em conjunto com Nadir, como grande impulsionador do abstraccionismo geométrico. Não é, pois, surpreendente constatar que a insígnia dos Independentes apresenta um “i” inserido num quadrado, sendo este sobrepujado por um segmento curvo coroado por um círculo. Todo o conjunto se encontra inscrito num rectângulo de ouro, evocando tanto a clássica proporção áurea, que Nadir frequentemente viria a referir e inscrever nas suas obras, como a inluência do movimento Section d’Or de início do século XX. O próprio “i” desta insígnia poderá ser entendido como uma implícita referência gráica quer ao π, cujo valor (3,14159…) se obtém quando se divide a circunferência de um círculo pelo seu diâmetro, quer ao φ, cujo valor (1,61833…) traduz a referida proporção áurea. 17
A Geometria como Universo
21
these exhibitions. Many of the members of this movement and many of their works have meanwhile been forgotten, although some are still references in Portuguese art of the irst half of the twentieth century, given either their innovative artistic proposals or the generational and artistic conservative counterpoint to such proposals, justifying their epithet as independents Abel Salazar (1889- 1946), António Lino (1914-1996), Dórdio Gomes (1890-1976), Fernando Lanhas (1923-2012), Júlio Pomar (1926-2018), Júlio Resende (1917-2011), Nadir Afonso, Victor Palla (1922-2006). In a decade when Neo-Realism was becoming rooted in Portuguese intellectual and artistic tendencies, at a time when Surrealism, by now twenty years old, was inally getting started in Portugal, Fernando Lanhas, one of the great movers behind this movement of independents as from their third exhibition, stands out, together with Nadir, as a major driver of geometric abstractionism. It is hardly surprising then to see that the insignia of the independents is the letter “i” inside a square, surmounted by a curved segment and crowned with a circle. The whole inside a golden rectangle evoking not only the classic golden ratio that Nadir would often mention and set down in his works, but also the inluence of the early twentieth century Section d’Or movement. The letter “i” itself might be seen as an implicit graphical reference to π, whose value (3,14159…) is obtained by dividing the circumference of a circle by its diameter, or to φ, whose value (1,61833…) translates the aforementioned golden ratio.17 During this Porto period, Nadir was not yet an exclusive and explicit practitioner of geometric abstractionism. However, his Auto-Retrato (1944), selected twenty years later to illustrate his painting at that time, although apparently igurative, clearly and obviously presents a suggestion of geometric forms – circles, squares, triangles, that he would later include explicitly, either in full or in fractions, or else implicitly, suggestively, in his canvases.18
24
NADIR AFONSO
Neste período portuense, Nadir não praticava ainda, de forma exclusiva e explícita, o abstraccionismo geométrico. Mas o seu Auto-Retrato (1944), obra escolhida vinte anos depois para ilustrar a sua pintura desta época, embora com feição aparentemente igurativa, apresenta de maneira óbvia e clara a sugestão de formas geométricas – círculos, quadrados, triângulos, que mais tarde Nadir passaria a inscrever explicitamente, de forma integral ou fraccionada, ou implicitamente, de forma sugerida, nas suas telas. 18 Posteriormente, ainda no âmbito do abstraccionismo geométrico puro, Nadir haveria de desenvolver um universo característico, assente na morfometria, onde as “simples” proporções divinas se viriam a revelar insuicientes na sua demanda artística – “ (…) de tal forma que a nossa Arte já não é, hoje, aquela simples quadratura ou rectangulado de «proporções divinas», inscritas nos objectos, mas uma estrutura quântica de intrínsecas geometrias – a que chamamos morfometria – que de natureza multiforme, subsume, ao mínimo pormenor, todo o elemento da composição.” 19 Assim, Nadir passara de um princípio já postulado por Galileu (Galileo Galilei, 1564-1642) para uma aproximação caleidoscópica da pintura, que se expressava para além da primeira tentativa, digamos supericial, de leitura visual da sua constelação pictórica e compositiva. 20 Nadir participara ainda, em 1945, na IX Missão Estética de Férias, organizada em Évora pelo pintor Dórdio Gomes, que então elogiou a entrega de Nadir à pintura, embora considerasse que isso poderia signiicar o seu afastamento da arquitectura.21 Entre outros, integraram também essa IX Missão os pintores António Lino, Júlio Pomar, Júlio Resende e Vasco da Conceição (1914-1992). Nas décadas seguintes, não só Lanhas e Nadir aprofundaram a sua praxis no abstraccionismo geométrico como até mesmo Almada Negreiros (1893-1970) se concentrou no estudo das relações matemáticas e da geometria, que havia iniciado também na década de 1940, e na sua expressão através do abstraccionis-
A Geometria como Universo
25
Later, still within the scope of pure geometric abstractionism, Nadir developed a characteristic universe based on morphometry, where the “simple” divine ratios would seem to be insuficient in his artistic quest – “so much so that our art today is not that simple square or rectangle of ‘divine ratios’, included in objects, but a quantic structure of intrinsic geometries – that we call morphometry – which in a multiform nature subsumes the entire element of the composition down to the very last detail.”19 Thus, Nadir had moved on from a principle already postulated by Galileo (Galileo Galilei, 1564-1642) to a kaleidoscopic approach to painting, expressed following the, shall we say supericial, attempt at a visual reading of his pictorial and compositional constellation.20 In 1945, Nadir had also taken part in the IX Aesthetic Holiday Mission, organised in Évora by the painter Dórdio Gomes. At the time the latter praised Nadir’s commitment to painting, even though he thought this could mean he would forsake architecture.21 Also present in this IX Mission were the painters António Lino, Júlio Pomar, Júlio Resende and Vasco da Conceição (1914-1992). In the following decades, not only did Lanhas and Nadir deepen their praxis of geometric abstractionism, but even Almada Negreiros (1893-1970) focused on the study of mathematical and geometrical relations, which he had also initiated in the 1940s, and on its expression through abstractionism, a trajectory that culminated in his 1957 tetralogy, and essentially in the panel Começar (1968).22 This search for geometric harmony attracted other artists; even such an excellent, remarkable draughtsman and igurative painter as Lima de Freitas (1927-1988), who had dabbled with neo-realism and expressionism, evolved to symbolic igurativism based on those principles, developing critical analyses on geometric, mathematical and symbolic relations.23 In the ield of painting during the 1960s and 70s, geometric abstractionism drew closer to Minimalism and repetitive Minima-
26
NADIR AFONSO
mo, percurso que culminaria na sua tetralogia de 1957 e, essencialmente, no painel Começar (1968). 22 Esta procura da harmonia geométrica atraiu ainda outros artistas e até um exímio e notável desenhador e pintor igurativista – Lima de Freitas (1927-1998), que passara já pelo neo-realismo e pelo expressionismo, evoluiu para um igurativismo simbólico baseado naqueles princípios e desenvolveu textos de análise crítica sobre as relações geométricas, matemáticas e simbólicas. 23 Na pintura, durante as décadas de 1960 e 1970, o abstraccionismo geométrico veio a aproximar-se do minimalismo e do minimalismo repetitivo, e até da escultura, tendo cultores como Ângelo de Sousa (1938-2011), António Palolo (1946-2000), Armando Alves (n. 1935), Eduardo Nery (1938-2013) ou Jorge Pinheiro (n. 1931). Nessas mesmas décadas, na escultura, para além de Ângelo de Sousa, também Artur Rosa (n. 1926), João Machado (n. 1942), José Rodrigues (1936-2016) ou Zulmiro de Carvalho (n. 1940) exploraram consistentemente o abstraccionismo geométrico.
Contextualização Internacional Nadir Afonso chegou a Paris com 25 anos, em 1946, um período crítico na sociedade e nas artes, pejado de diiculdades inerentes aos reajustamentos do pós-guerra, mas repleto também de novos horizontes e novas oportunidades. Naquele ano, o Salon des Realités Nouvelles, realizado em Paris, surgiu como o primeiro salão internacional a formalizar e consagrar o abstraccionismo. Na sequência tardia, aliás, da primeira exposição internacional de arte abstracta que Michel Seuphor (Fernand Berckelaers, 1901-1999) e Torres García (1874-1949) haviam promovido, em 1930, na mesma cidade. Torres García havia já organizado também, em 1929, uma exposição semelhante, mas de menor dimensão, em Barcelona. 24 Juntamente com Torres García e Pierre Daura (1896-1976), Seuphor fundara, ainda no ano de 1929, o grupo Cercle et Carré, um movimento que pretendia contestar o Surrealismo e
A Geometria como Universo
27
74
NADIR AFONSO
CATÁLOGO CATALOGUE
A Geometria como Universo
DA DOAÇÃO DE NADIR AFONSO AO MUNICÍPIO DE CHAVES OF THE NADIR AFONSO DONATION TO CHAVES MUNICIPALITY
75
76
NADIR AFONSO
A Geometria como Universo
77
1 Composition (1950) Tinta gliceroftálica sobre platex. Glycerophthalic ink on platex board 68 x 89 cm. Notas Esta obra foi reproduzida em Nadir Afonso, The Mechanisms of Artistic Creation (Neuchâtel: Editions du Griffon, 1970), p. 10; em Da Vida à Obra de Nadir Afonso (Venda Nova: Bertrand Editora, 1990), p. 85; e em Nadir Afonso: Chaves para uma Obra (Chaves: Câmara Municipal de Chaves / Fundação Nadir Afonso, 2016), pp. 32 e 237. O site de Nadir Afonso regista esta obra, com uma largura distinta (85,5 cm.), e apresenta um estudo não datado nem assinado, um guache sobre cartão, com as dimensões 17 x 21,5 cm., ostentando a anotação, a lápis, “modiicações” (cf. https://www.nadirafonso. com/wp-content/gallery/periodo-barroco/PB2.jpg e https://www.nadirafonso.com/wp-content/gallery/ periodo-barroco/PB4.jpg; última consulta efectuada em 29 de Abril de 2019).
Notes This work was reproduced in Nadir Afonso, The Mechanisms of Artistic Creation (Neuchâtel: Editions du Griffon, 1970), p. 10; in Da Vida à Obra de Nadir Afonso (Venda Nova: Bertrand Editora, 1990), p. 85; and in Nadir Afonso: Chaves para uma Obra (Chaves: Câmara Municipal de Chaves / Fundação Nadir Afonso, 2016), pp. 32 and 237. The Nadir Afonso site records this work with a different width (85.5 cm), presenting an unsigned, undated study, gouache on cardboard, measuring 17 x 21.5 cm, bearing the pencilled comment “modiications” (cf. https://www.nadirafonso.com/wp-content/ gallery/periodo-barroco/PB2.jpg and https://www. nadirafonso.com/wp-content/gallery/periodo-barroco/PB4.jpg; last visit on 29 April 2019).
As dimensões indicam a altura seguida da largura, não incluindo a moldura.
Measurements indicate height followed by width, frame excluded
78
NADIR AFONSO
2 Spirale Bleue (1952-1954) Tinta gliceroftálica sobre platex Glycerophthalic ink on platex board 67,5 x 56 cm. Notas Esta obra foi reproduzida em Nadir Afonso, The Mechanisms of Artistic Creation (Neuchâtel: Editions du Griffon, 1970), p. 92; e em Nadir Afonso: Chaves para uma Obra (Chaves: Câmara Municipal de Chaves / Fundação Nadir Afonso, 2016), p. 229. O site de Nadir Afonso regista esta obra e um seu estudo não datado nem assinado, um guache sobre papel, com as dimensões 11,5 x 10 cm., apresentando as anotações, a lápis, “La spirale bleue” e “1” (cf. https://www.nadirafonso.com/wp-content/gallery/pre-geometrismo/PG9.jpg e https://www.nadirafonso. com/wp-content/gallery/pre-geometrismo/PG6.jpg; última consulta efectuada em 29 de Abril de 2019). Esta obra foi ainda reproduzida sob o título Spirale Blue [sic], sem indicação de técnica, dimensões ou suporte, no blog Espacillimité, de que Laura Afonso é titular, em 19 de Outubro de 2013 e, já com o título correcto, em 2 de Outubro de 2016 (cf. https://espacillimite.blogs.sapo.pt/304130.html e https://espacillimite.blogs.sapo.pt/spirale-bleue-406287; última consulta efectuada em 29 de Abril de 2019). Uma variante desta obra, manufacturada pela empresa Tapeçarias Ferreira de Sá, Espinho, integra o conjunto de tapeçarias, reproduzindo obras de Nadir Afonso, que ornamenta o Boticas Hotel ART & SPA, em Boticas.
Notes This work was reproduced in Nadir Afonso, The Mechanisms of Artistic Creation (Neuchâtel: Editions du Griffon, 1970), p. 92; and in Nadir Afonso: Chaves para uma Obra (Chaves: Câmara Municipal de Chaves / Fundação Nadir Afonso, 2016), p. 229. The Nadir Afonso site records this work and its unsigned, undated study, gouache on paper, measuring 11.5 x 10 cm, bearing the 2 comments in pencil: “La spirale bleue” and “1” (cf. https://www.nadirafonso. com/wp-content/gallery/pre-geometrismo/PG9.jpg and https://www.nadirafonso.com/wp-content/gallery/pre-geometrismo/PG6.jpg; last visit on 29 April 2019). This work was also reproduced with the title Spirale Blue [sic], with no indication of technique, measurements or support, in the Espacillimité blog, created by Laura Afonso, on 19 October 2013 and, with the correct title, on 2 October 2016 (cf. https://espacillimite.blogs.sapo.pt/304130.html and https://espacillimite.blogs.sapo.pt/spirale-bleue-406287; last visit on 29 April 2019). A variation on this work, made by Tapeçarias Ferreira de Sá, Espinho, is one of a group of tapestries reproducing works by Nadir Afonso, displayed at the Boticas Hotel ART & SPA in Boticas.
114
NADIR AFONSO
A Geometria como Universo
115
SÍNTESE BIBLIOGRÁFICA BIBLIOGRAPHICAL SYNTHESIS
116
NADIR AFONSO
A Geometria como Universo
117
ABBOTT, Edwin Abbott, Flatland, A Romance of Many Dimensions. London: Seeley & Co., 1884. AFONSO, Nadir – La Sensibilité Plastique. Paris: Presses du Temps Présent, 1958. — The Mechanisms of Artistic Creation. Neuchâtel: Editions du Griffon, 1970. — Le Sens de l’Art. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1983. — Nadir Afonso. Venda Nova: Bertrand Editora, 1986. — Da Vida à Obra de Nadir Afonso. Venda Nova: Bertrand Editora, 1990. — Sobre a Vida e sobre a Obra de Van Gogh. Lisboa: Chaves Ferreira - Publicações, SA, 2002. — Face a Face com Einstein. Lisboa: Chaves Ferreira - Publicações, SA, 2008. ALMEIDA, Bernardo Pinto de. O Modernismo II: O Surrealismo e Depois, volume 19 de Arte Portuguesa, Dalila Rodrigues (coord.). [V. N. de Gaia:] Fubu Editores, 2009. — Arte Portuguesa no Século XX: Uma História Crítica. Matosinhos: Cardume Editores / Coral Books, 2016. Anos 70: Atravessar Fronteiras, Catálogo de Exposição no CAMJAP/FCG, Raquel Henriques da Silva (cur.) et al. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2009. Antes y Después de la Revolución: Vanguardias del Arte Portugués de los Años 60 y 70 en la Colección de la Fundación de Serralves, Catálogo de Exposição na Fundación ICO, João Fernandes (com.) et al. Madrid: Fundación ICO, 1999. Arte Portuguesa Contemporânea, Catálogo de Exposição da Queima das Fitas. Coimbra: Comissão Central da Queima das Fitas, 1989. BARATA, Mário. Arte Portuguesa Contemporânea em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro. Revista Colóquio Artes, 2.ª série, número 34, Outubro de 1977, pp. 64-68. BINIMELIS, Maria Isabel. Uma Nova Maneira de Ver o Mundo: A Geometria Fractal. s. l.: RBA, 2011. BONO, Edward de. The Mechanism of Mind. Harmondsworth: Penguin Books, 1971. BRONZE, Francisco. Carta de Lisboa. Revista Colóquio Artes, 2.ª série, número 1, Fevereiro de 1971, pp. 43-45. CARMO, Fernando Infante do. Livro de Ouro da Arte Contemporânea em Portugal. s. l. / s. e., 2006. CEPEDA, João. Nadir Afonso: Arquitecto. Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2013. Cien obras de la colección en los espácios del Museo de Arte Contemporáneo de Caracas. Caracas: Museo de Arte Contemporáneo de Caracas, 1984. Colecção Mário Soares, Catálogo de Exposição no Museu do Chiado, Raquel Henriques da Silva (coord.) et al. Lisboa: Ministério da Cultura / Instituto Português de Museus, 1996. CORBALÁN, Fernando. A Proporção Áurea: A Linguagem Matemática da Beleza. s. l.: RBA, 2010. DIAS, Ana Maria Coelho, e DIAS, Rafael Coelho. Nadir Afonso: Obra Gravada. [s.l.]: ACD Editores, 1999. Dictionaire de La Peinture Moderne. Paris: Fernand Hazan, 1954. ELAM, Kimberly. La Geometría del Diseño: Estudios sobre la Proporción y la Composición. Barcelona / Naucalpan: Editorial Gustavo Gili, SL, 2015. Exposição-Diálogo sobre a Arte Contemporânea na Europa, Catálogo de Exposição no Centro de Arte Moderna / Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna, 1985. FERREIRA, António Quadros. Nadir Afonso: Arte, Estética e Teoria. Porto: Afrontamento, 2012. FRANÇA, José-Augusto. A Arte e a Sociedade Portuguesa no Século XX. Lisboa: Livros Horizonte, 1972. — A Arte em Portugal no Século XX: 1911-1961, 3.ª ed. Venda Nova: Bertrand Editora, 1991 (1.ª ed., 1974). — 100 Quadros Portugueses no Século XX, 3.ª ed. Lisboa: Quetzal Editores, 2005 (1.ª ed., 2001).
118
NADIR AFONSO
FRANÇA, José-Augusto, CHICÓ, Mário Tavares, SANTOS, Mário Vieira, org. Dicionário da Pintura Portuguesa, vol. III. do Dicionário da Pintura Universal. Lisboa: Estúdios Cor, 1973. GIEDION, Sigfried. Arquitectura e Comunidade. Lisboa: Livros do Brasil, s. d. GONÇALVES, Rui Mário. A Arte Portuguesa do Século XX. Lisboa: Temas e Debates, 1998. — Carta de Lisboa: Arte Abstracta em Portugal. Revista Colóquio Artes, 2.ª série, número 52, Março de 1982, pp. 60-61. — Lisboa e Porto. Revista Colóquio Artes, 2.ª série, número 14, Outubro de 1973, pp. 36-40. — Lisboa: Agitação e Desperdícios. Revista Colóquio Artes, 2.ª série, número 24, Outubro de 1975, pp. 32-39. GUEDES, Fernando. Vinte Anos Depois. Revista Colóquio, número 32, Fevereiro de 1965, pp. 18-25. Le XXème au Portugal. Catálogo de Exposição no Centre Albert Borschette - Bruxelles, José Sommer Ribeiro, Fernando Calhau (coord.). Lisboa: CAMJAP / FCG, 1986. MARTINI, Alberto, RUSSOLI, Franco, et al. Chefs-d’Oeuvre de l’Art, volume XII, L’ Epoque Contemporaine. Paris / Milano: Librairie Hachette / Fratelli Fabbri Editori, 1966. MELO, Alexandre. Artes Plásticas em Portugal: Dos Anos 70 aos Nossos Dias. Miralores: Difel, 1998. — Arte e Artistas em Portugal. Lisboa: Instituto Camões / Bertrand Editora, 2007. Mondrian et la Peinture Abstraite. Paris: CELIV, 1991. MOSZYNSKA, Anna. Abstract Art. London: Thames and Hudson, 1990. MULLER, Joseph-Emile. L’Art Moderne. Paris: Le Livre de Poche, 1971 [primeira edição, 1963]. Museu Berardo: An Itinerary. London: Thames & Hudson / Museu Colecção Berardo, 2007. Nadir Afonso: O Fascínio das Cidades, com textos de Juan Gomez Segade e Nadir Afonso. Cascais: Câmara Municipal de Cascais / Fundação D. Luís I, 2003. Nadir Afonso: Utopias Urbanas. Catálogo da exposição na Fundação D. Luís I, textos de António d’Orey Capucho, João Pinharanda, Nadir Afonso. Cascais: Fundação D. Luís I, 2010. Nadir Afonso: Chaves para uma Obra. Catálogo da exposição no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, Bernardo Pinto de Almeida (curador). Chaves: Câmara Municipal de Chaves / Fundação Nadir Afonso, 2016. Nadir Afonso: Arquitectura sobre Tela. Catálogo da exposição no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, António Choupina (curador). Chaves: Câmara Municipal de Chaves / Fundação Nadir Afonso, 2017. O Desejo do Desenho. Catálogo de exposição na Casa da Cerca / Centro de Arte Contemporânea, Rogério Ribeiro (coord. projecto) et al. Almada: Câmara Municipal de Almada / Casa da Cerca, 1995. Paisagens na Coleção Manuel de Brito. Catálogo de Exposição no CAMB, Maria Arlete Alves da Silva (coord. ed.), Samuel Rama (texto). Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras / Centro de Arte Manuel de Brito, 2017. PERNES, Fernando. Lisboa / Porto. Revista Colóquio Artes, 2.ª série, número 4, Outubro de 1971, pp. 38-45. — Lisboa / Porto. Revista Colóquio Artes, 2.ª série, número 9, Outubro de 1972, pp. 36-42. — Nadir Afonso. Revista Colóquio Artes, 2.ª série, número 41, Junho de 1979, pp. 5-13. PINHARANDA, João. O Modernismo I: Expressão, Estilização, Disciplina, volume 18 de Arte Portuguesa, Dalila Rodrigues (coord.). [V. N. de Gaia]: Fubu Editores, 2009. SANTOS, Agostinho, et al. Nadir Afonso: Itinerário (Com)Sentido. Porto: Afrontamento / Fundação Nadir Afonso, 2009. SCHÖFFER, Nicolas. Le Nouvel Esprit Artistique. Paris: Éditions Denoël, 1970.
AUTOR / AUTHOR António Augusto Joel TÍTULO / TITLE NADIR AFONSO A Geometria Como Universo EDIÇÃO / PUBLISHING Câmara Municipal de Chaves Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso / MACNA DESIGN DA CAPA E DA CAIXA / BOX & COVER DESIGN João Machado DESIGN GRÁFICO / GRAPHIC DESIGN João Machado Marta Machado FOTOGRAFIA / PHOTOGRAPHY Fernando DC Ribeiro IMPRESSÃO / PRINTING ORGAL Impressores TRADUÇÃO / TRANSLATION Alexandra Andresen Leitão ISBN 978-989-99937-5-4 DEPÓSITO LEGAL / LEGAL DEPOSIT (…) TIRAGEM / PRINT RUN 1000 EXEMPLARES / COPIES © Alexandra Andresen Leitão, Tradução / Translation © António Augusto Joel, Textos / Texts © Câmara Municipal de Chaves / MACNA 2019, Livro / Book © Fernando DC Ribeiro, Fotografia / Photography
CÂMARA MUNICIPAL DE CHAVES Praça de Camões, 1 5400-517 CHAVES Latitude 41º 74.007’N / longitude 7º 47.181’W mail: municipio@chaves.pt telefone / phone + 351 276 340 500 www.chaves.pt MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA NADIR AFONSO / MACNA Avenida 5 de Outubro, 10 5400-017 CHAVES Latitude 41° 44.516’N / longitude 7° 27.915’W mail: mac.nadirafonso@chaves.pt telefone / phone +351 276 340 501 (ext. 641) / +351 276 009 137 macna.chaves.pt