Apontamentos Históricos 2016

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Apontamentos Histรณricos do concelho de

Salvaterra de Magos 1951-1976


Ficha tecnica: Título: Apontamentos Históricos do concelho de Salvaterra de Magos 1951-1976 Textos: Roberto Caneira Grafismo: Soraia Magriço Edição: Câmara Municipal de Salvaterra de Magos Execução Gráfica: Palmigráfica Artes Gráficas Lda Depósito Legal: Tiragem: 1000 exemplares

Setembro de 2016


Prefácio O Município de Salvaterra de Magos tem vindo a apostar nos últimos anos em atividades que estimulam o estudo e a divulgação da história local e a valorização do património cultural nas suas múltiplas vertentes. Em 2014 iniciou a publicação dos “Apontamentos históricos”, com dois números editados a cronologia abrangia as datas de 1863 a 1951, este ano publica-se o 3.º número com o hiato temporal de 1951 a 1976. A escolha da data de 1976, acontece precisamente no ano em que se celebram os 40 anos da constituição portuguesa, documento fundamental que nos colocou no caminho da democracia, e permitiu as eleições das presidenciais, legislativas e autárquicas, reforçando o poder local e a importância que as autarquias tem junto dos seus munícipes. A publicação dos números anteriores dos “Apontamentos históricos” e a edição deste número, perfazem um balanço temporal de 113 anos, que nos dão a conhecer a evolução social, económica e histórica do nosso concelho, procurou-se sempre uma abrangência territorial e descentralizada, de forma a englobar todas freguesias e os lugares do concelho, contribuindo para reforçar a nossa identidade e a memória coletiva das nossas gentes como um todo. Os “Apontamentos históricos” publicados são uma fonte de investigação para quem queira fazer pesquisa sobre o concelho, mas espero essencialmente que consigam aproximar a comunidade local da sua história e do seu património e que estabeleçam laços junto das gerações mais novas para que no futuro continuem a divulgar e preservar o legado cultural do concelho de Salvaterra de Magos.

O Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

Eng. Hélder Manuel Esménio


Índice - Portugal 1951 - 1976

Pag. 1 e 2

- Salvaterra de Magos: 1951 - 1976

1951 1952 1953 1954 1956 1959 1960 1962

Pag. 3

Instalação da RARET Rádio American Retransmission

Pag. 5 à 10

Destruição do concheiro Moita do Sebastião

Pag. 11 à 14

Classificação como Imóvel de Interesse Público a Capela Real e a Falcoaria

Pag. 15 à 20

Visita de Nossa Senhora de Fátima a Salvaterra de Mgos

Pag. 21 à 24

Nevão em Salvaterra de Magos

Pag. 25 à 28

Construção do Mercado Diário de Salvaterra de Magos

Pag. 29 à 34

Cinema Conde d’Arcos

Pag. 35 à 38

Construção do Edifício dos CTT

Pag. 39 à 44

Construção da Igreja dos Foros Morte do benemérito Gaspar Costa Ramalho

Pag. 45 à 48 Pag. 49 à 54


1963 1966

Inauguração da torre do relógio da igreja de Nossa Senhora da Glória Morte do primeiro soldado do concelho de Salvaterra demagos na guerra colonial

Festas dos toiros e do Fandango em Salvaterra de Magos Criação de Freguesia da Glória do Ribatejo

1967

Escola Industrial da RARET

1969

Ano de inaugurações de infraestruturas no concelho de Salvaterra de Magos: Pavilhões Desportivos da FNAT - Muge e Salvaterra de Magos, Casa do Povo da Glória do Ribatejo e edifício da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo

1975 1974/1976 - Bibliografia

Igreja de Marinhais A revolução de abril no concelho de Salvaterra de Magos e os tempos que se seguiram

Pag. 55 à 58

Pag. 59 à 62

Pag. 63 à 68

Pag. 69 à74

Pag. 75 à 80

Pag. 81 à 88

Pag. 89 à 92 Pag. 93 à 103

Pag. 104



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1 | Portugal 1951 - 1976 A segunda metade do século XX é um período caraterizado pela lenta recuperação da Europa que anos antes tinha sido devastada com a 2.ª guerra mundial. A década de 50 do século XX é fundamental para perceber a evolução da Europa nas décadas seguintes. O pós guerra dividiu a Europa, uma grande “cortina de ferro”, como lhe chamou Winston Churchill dividiu o velho continente, de um lado os países de leste subjugados pela União Soviética e do outro lado os países da Europa Ocidental influenciados politicamente pelos Estados Unidos da América. Este choque ideológico de um lado o socialismo defendido pela URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e do outro o capitalismo encabeçado pelos Estados Unidos da América, originou a guerra-fria e as ameaças nucleares assombraram o mundo nas décadas seguintes. Os anos 60 foram tempos conturbados e de mudança nos Estados Unidos e de certa forma influenciaram o mundo, surgiram movimentos de rebelião da juventude, os hippies abalaram a sociedade americana, o slogan “make love not war”, serviu de mote contra a guerra do Vietname. Ainda nesta década são assassinados dois figuras que influenciaram o século XX: John Kennedy e Martin Luther King e no plano tecnológico o Homem chega à lua. Na Europa, nomeadamente em França vive-se o Maio de 68 e um ano mais tarde dá-se a Primavera de Praga, quando a Checoslováquia tenta romper com a União Soviética, obrigando a intervenção de tanques soviéticos nas ruas de Praga. Na China, Mão Tse Tung protagoniza a sua revolução cultural. Estes acontecimentos surgidos nas décadas seguintes à II Guerra influenciaram o mundo ao nível social, político e económico. Portugal apesar de se manter orgulhosamente só neste recanto da Europa, também sofreu influências destes acontecimentos, que tiveram repercussões no concelho de Salvaterra de Magos. No plano político, Salazar apesar da idade mantém o poder, em 1958 ano das eleições Presidenciais, o aparecimento da figura do Humberto Delgado, que na sua companha recolhe um enorme apoio popular, profere a célebre frase “obviamente demito-o”, caso ganhasse as eleições demitia Salazar, contudo acaba por perder as eleições fraudulentas, mas agita o poder do Estado Novo e dá esperança à oposição. Com o fim da II guerra mundial, surgem nas décadas de 50 e 60 surgem movimentos que exigem o fim da escravatura e do colonialismo e a retirada das potências europeias de Africa. Estas pretensões originaram conflitos em diversas regiões de África. Portugal desde o século XVI que mantinha colónias em África, e em 1961 surgem os primeiros conflitos entre movimentos de guerrilha e os fazendeiros portugueses em Angola, estas revoltas foram o rastilho, que determinaram o envio de militares portugueses para a Angola, como afirmou Salazar: “ Para Angola e em força”. Desde 1961 até 1974, Portugal está em guerra, durante 13 anos, milhares de soldados portugueses vão para África, lutar numa guerra que dificilmente seria ganha. Salazar recusou sempre qualquer negociação com os movimentos independentistas das colónias: «o regime português fazia figura de peça de museu, parado na história, isolado no mundo e incapaz de respostas novas para contextos e desafios novos.» 1

1

Portugal de 1960 a 1973, In História do Século XX, vol. VII, Lisboa, Publicações Alfa, 1995, p. 156.


2 Ano após ano continua o envio de tropas, muitos regressam, outros voltam num “caixão de pinho” como dizia Zeca Afonso e vários regressam com graves problemas psíquicos que ainda hoje acompanha os antigos combatentes portugueses. Em 1968 uma queda da cadeira traça o destino do ditador não se sabe se foi descuido, desequilíbrio ou debilidade da cadeira, o certo é que Salazar bate violentamente com a cabeça no chão e nunca mais recuperou deste acidente. Passados dois anos morre, entretanto se sem aperceber do seu destino, já há muito que estava afastado do poder. Marcelo Caetano é o estadista que se segue, apesar de “piscar à esquerda, mas virava à direita”, ou seja manteve as mesmas políticas de governação, continuava o envio de tropas para África, para uma guerra que agonizava a sociedade portuguesa, a censura mantinha-se e Portugal enquanto nação definhava. Este isolamento português e a continuação da guerra contribuíram para a revolta dos militares, que vão derrubar o regime, terminando com uma ditadura que durou 48 anos: “Desencadeado o golpe militar na madruga do dia 25 de Abril de 1974, seguindo o plano de operações delineado por Otelo Saraiva Carvalho, as unidades de tropas e colunas de blindados saídas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, Mafra e Lisboa, dirigidas pelo Capitão Salgueiro Maia, ocuparam os órgãos de comunicação social e as instituições militares de Lisboa, exigindo a demissão do governo de Marcelo Caetano, bem como a destituição de Américo Tomás do cargo de Presidente da República.” 2 A revolta alcançou o êxito, os populares estão na rua com os militares e chega ao fim o Estado Novo, que de “novo” já tinha nada, estava caduco e isolado. As primeiras medidas do pós 25 de Abril, foram o fim da guerra colonial, o desmantelamento da PIDE, o restabelecimento da liberdade de expressão e o fim da censura. No 1.º de Maio, uma grandiosa concentração popular, comemoram o dia do trabalhador. Nos anos seguintes Portugal procura encontrar o caminho da democracia, pelo meio houve alguns percalços como foi o caso do 25 de Novembro de 1975, quando o pais esteve à beira de uma guerra civil, mas o bom senso e o poder negocial do General Ramalho colocam fim à insurreição militar e substitui o PREC – Processo Revolucionário pelo Processo Constitucional em Curso. Em 1975 há as primeiras eleições para a assembleia constituinte, estes deputados vão trabalhar no elaboração da Constituição Portuguesa, que é aprovada a 2 de Abril de 1976, o primeiro artigo define que: “Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na sua transformação numa sociedade sem classes.” 3 Em 1976 são convocadas eleições legislativas, presidências e autárquicas e Portugal entra definitivamente no Estado Democrático.

David Santos, Ateneu Artístico Vila-Franquense. Da Monarquia Constitucional à Adesão Europeia, s.l., Edições Colibri/ Museu Municipal/ Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, 2008, p. 231 3 Constituição da República Portuguesa, disponível em: http://www.parlamento.pt/parlamento/documents/crp1976.pdf [consultado a 9 de Maio de 2016] 2

Apontamentos Históricos do concelho de Salvaterra de Magos - 1951/1976


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2 | Salvaterra de Magos: 1951 - 1976 A década de 50 inicia-se com um grande melhoramento no concelho, o abastecimento de agia ao domicílio que ocorre a 24 de junho de 1951, sob a presidência do Dr. Roberto Ferreira da Fonseca. Neste mesmo ano é também inaugurado na Glória do Ribatejo, um complexo sistema de retransmissão de ondas de rádio – a RARET. A RARET foi um sistema de retransmissão da americana Rádio Free Europa, que tinha como principais objetivos enviar através das ondas de rádio, para os países de leste, propaganda que era proibida, nomeadamente conteúdos políticos, mas também contéudos do “american way of live”. Em 1950 começaram a chegar ao cais da Vala, as antenas que serviam de retransmissão, este material veio por via fluvial nos barcos varinos até Salvaterra de Magos, depois seguia para a Glória do Ribatejo em camionetas. A RARET é inaugurado a RARET, que foi uma “ilha” no conflito ideológico que marcou o século XX, de um lado a União Soviética e do outro os Estados Unidos da América e o perigo iminente da guerra-fria. Nas décadas seguintes, os executivos municipais desenvolvem os esforços necessários para dotar o concelho de infra-estruturas que melhorem a vida dos seus munícipes, assinala-se também a construção de um mercado municipal em 1956, que coloca fim ao mercado ao ar livre que durante séculos se realizou em frente à Câmara Municipal e também a inauguração do edifício do CTT no dia 4 de outubro de 1960, ou em 1969 dos edifícios da Junta de Freguesia e Casa do Povo da Glória do Ribatejo e Pavilhões da INATEL em Salvaterra de Magos e Muge. Para além das infra-estruturas criadas para a melhoria da população, o ano de 1966 corresponde ao início das Festas dos Toiros e do Fandango. Estes festejos e coincidem na mesma data com a realização da secular Feira de Maio. No decorrer destes festejos pretende-se divulgar a mecanização agrícola, com a exposição de diferentes tipos de máquinas, mas as principais Casas Agrícolas continuavam a expor animais, e destaca-se o cartaz lúdico da festa com largadas de touros, atuação de ranchos e a realização de uma corrida de touros. Os festejos dos Touros e do Fandango realizaram-se entre 1966 e 1969. No aspeto social a década de 60 marca pelas piores razões a sociedade portuguesa, o início da guerra colonial. Desde 1961 a 1974, Portugal está em guerra, todos anos milhares de soldados são enviados para Angola, Moçambique e Guiné. Em 1964 morre em Angola o militar João da Cunha Alves, natural de Marinhais, nos anos seguintes do concelho de Salvaterra de Magos morrem ainda os seguintes militares: - Manuel Travessa Carvalho Natural de Salvaterra de Magos - Faleceu em Moçambique a 19-02-1966 - João Nunes Augusto Natural de Glória do Ribatejo - Faleceu em Moçambique a 28-02-1967 - António da Silva Delgado Natural de Marinhais - Faleceu em Angola a 21-09-1967 - Henrique Nuno Rita Duarte de Assunção Natural de Salvaterra de Magos - Faleceu em Angola a 16-12-1967 - José Fino Feijão Natural de Glória do Ribatejo - Faleceu em Moçambique a 18-11-1969


4 - Victor Manuel Castela Parreira Natural de Marinhais - Faleceu em Moçambique a 15-10-1971 - Manuel João Roque Trindade Natural de Muge – Faleceu na Guiné a 12-03-1974 A 29 de agosto de 1966 é a data da criação da freguesia de Glória do Ribatejo, esta localidade consegue emancipar da freguesia de Muge, e obtém a sua autonomia como freguesia. A concretização da freguesia era uma luta há muito ambicionada pelos glorianos, contudo merece destaque a ação e o esforço de Catarino, que foi o primeiro Presidente da Junta de Freguesia, a sua memória ainda hoje ainda perdura na toponímia local com a atribuição do seu nome a uma rua desta localidade. Nos anos 70 verifica-se em Marinhais a construção da igreja nova de Marinhais, a antiga capela de S. Miguel Arcanjo torna-se pequena para acolher os fieis e graças à ação do Padre Daniel, conseguiu-se angariar as verbas necessárias para a construção de um novo templo em Marinhais. Com o 25 de abril de 1974, data histórica que nos devolveu a liberdade após 48 anos de ditadura, os ventos de mudança também atingem o nosso concelho, uma grande manifestação popular ocorre no 1.º de Maio e enche o Largo dos Combatentes. Em 1975 ocorrem as eleições para Assembleia Constituinte, é eleito pelo círculo de Santarém o deputado Rui Cordeiro, natural de Salvaterra de Magos. No ano seguinte ocorrem as eleições presidenciais, legislativas e por fim as autárquicas, Leonardo Ramalho Cardoso foi o primeiro Presidente da Câmara Municipal eleito democraticamente.

Apontamentos Históricos do concelho de Salvaterra de Magos - 1951/1976


Instalação da RARET Rádio American Retransmission

Entrada principal do complexo retransmissor

Ano de 1951


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4 de Junho - Instalação da RARET na Glória do Ribatejo

1951

Na década de 50 foi construído na Glória do Ribatejo um centro emissor em onda curta da Rádio Europa Livre, com o objectivo de transmitir para os países de leste subjugados ao comunismo conteúdos que eram proibidos por esses países mas também muita propaganda americana designada como o “american way of life”. A Glória do Ribatejo, era na altura uma pequena aldeia rural, fechada sobre si própria, mas possuía uma localização privilegiada. Situada apenas a 70 km de Lisboa, o local foi escolhido pelos americanos por ser discreto não chamava a atenção, dado que se tratava de um projecto secreto. A 4 de Junho de 1951, iniciou-se a primeira transmissão da Raret na Glória do Ribatejo, que foi feita a partir de um transmissor instalado num camião de seu nome “Bárbara”. Os conteúdos programáticos destas emissões eram notícias censuradas, leitura de obras proibidas pelos regimes comunistas e outro tipo de propaganda. No início as antenas estavam direccionadas para a Roménia, Checoslováquia, Polónia, Hungria, com o passar do tempo as emissões vão abranger outros países dominados pela URSS (União das Repúblicas Socialista Soviéticas), a chamada “cortina de ferro”. Do “lado de lá”, a URSS também usava o mesmo tipo de propaganda através das emissões da Rádio Moscovo, adaptado aos interesses soviéticos. A Glória do Ribatejo esteve presente num dos maiores conflitos ideológicos do século XX. A instalação da RARET e a chegada de americanos à localidade da Glória do Ribatejo, alteraram as práticas de uma comunidade rural, isolada com reminiscências quase medievais, falta de saneamento básico, elevado analfabetismo entre outros aspectos. Esta instituição para além de colaborar para romper com o isolamento da Glória do Ribatejo, também contribuiu para criar postos de trabalhos, a melhoria das comunicações rodoviárias, doações de terrenos para construção da Junta de Freguesia, Casa do Povo, entre outros, a assistência médica, (foram muitos os glorianos que nasceram no Posto Médico, inclusive o autor deste artigo) a Escola Industrial, são inúmeras as acções que a RARET prestou à Glória do Ribatejo.

Vista das antenas de retransmissão

Aspeto do centro emissor da RARET

Apontamentos Históricos do concelho de Salvaterra de Magos - 1951/1976


7 Ainda hoje nas instalações da RARET se encontra um pequeno obelisco de cooperação entre o governo de Portugal e dos Estados Unidos da América, que continha inscrições de um lado o escudo português, com dizeres assinados por Salazar, que depois do 25 de abril foram retirados, do outro o escudo dos americanos, dizeres que ainda hoje se mantém apesar de corroídos pelo tempo: “Terminamos esta resenha com uma referência ao pequeno monumento a que atrás nos referimos e que foi descerrado no dia 11 de Novembro de 1952 por Sua Excelência o Senhor Ministro das Comunicações. Trata-se de um pequeno obelisco que simboliza a colaboração luso-americana por duas colunas paralelas, cada uma com a sua inscrição. Nelas podem ler-se, por baixo do escudo dos Estados Unidos: Este elo vital da “Cadeia da Liberdade” da Rádio Free Europe Construído pelo National Committee for a Free Europe Devido à generosidade do Povo dos Estados Unidos da América Com o compreensivo apoio do Governo de Portugal È dedicado perante Deus ao Serviço da Verdade Assim prevaleça a Verdade” 11 de Novembro de 1952 E encimado pelo Escudo Nacional a seguinte frase de Salazar. “Grande número de países Europeus, ameaçados na sua vida e liberdade, contam desde agora com o auxílio dos outros para a defesa do seu património de civilização. Pareceu difícil, em tais circunstâncias, estarmos ausentes” SALAZAR Lisboa, 21/Junho/1965

Emissor Barbara

Antenas Instalação da RARET - Rádio American Retransmission


8 Em 1974 a revolução de abril, trouxe novos ventos de mudança ao País, com receio de algum extremismo, o MFA - Movimento das Forças Armadas, enviou alguns militares para garantir a defesa do centro retransmissor, e a RARET continuou com a sua missão de transmitir para os países de Leste. Há apenas a destacar duas tentativas de atentados, no primeiro caso foram colocados três petardos numa antena, apenas um engenho explodiu mas a antena aguentou o impacto, mais tarde na década de 80, foi encontrada uma bomba numa das entradas da RARET, e que se atribuiu o acto às FP - 25, mas este nunca foi verdadeiramente confirmado. No final da década de 80, princípios de 90 as transformações políticas começadas com a queda do Muro de Berlim, o colapso da URSS e a democratização dos países de Leste que anteriormente estavam sob o jugo soviético, contribuíram para o fim das retransmissões.

Vista das torres da RARET

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9 A RARET ainda funcionou até 1996, mas sem a função inicial de retransmissões e em 1999 encerra definitivamente. Os terrenos ficaram na posse do Estado Português - ICP (Instituto de Comunicações Portuguesas), sendo vendidos mais tarde a um particular com objectivo de transformar todo este complexo num empreendimento habitacional e turístico de grandes dimensões, que contemplaria 233 lotes de pequenas quintas, um bairro com 70 vivendas geminadas, alguns edifícios de pequena volumetria, bem como um hotel e uma academia de golfe. As grandes antenas que durante décadas iluminavam o céu da Glória do Ribatejo, e nos guiavam nas noites de breu foram todas desmanteladas, não ficou nenhuma antena nos terrenos da RARET que assinalasse as memórias das retransmissões da Guerra-fria, onde dois blocos: comunista e capitalista se rivalizavam. Perdeu-se a memória de um “monumento/objecto” que perpetuasse a história para as gerações futuras, que o destino mundial entre duas ideologias passou pela Glória do Ribatejo.

jornal Vida Ribatejana - 1951

Obelisco de cooperação Luso- Americana, com o escudo português Sino do obelisco da cooperação Luso-Americana

Obelisco de cooperação Luso- Americana, com as insígnias do brasão americano

Instalação da RARET - Rádio American Retransmission


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Posto mĂŠdico da RARET - fotografia de 2014

Uma das vistas do telhado da RARET - fotografia de 2014

Apontamentos HistĂłricos do concelho de Salvaterra de Magos - 1951/1976


Destruição do concheiro Moita do Sebastião

Esqueletos encontrados nas escavações do concheiro Moita do Sebastião

de 1952 26 deAno Janeiro de 1913


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Destruição do concheiro Moita do Sebastião

1952

Os concheiros de Muge foram descobertos em 1863 por Carlos Ribeiro, figura incontornável da pré-história em Portugal no século XIX. Os concheiros são sítios de habitat, que remontam ao período do mesolítico, a principal característica consiste numa concentração invulgar de conchas, originando pequenas colinas artificiais que se destacam na paisagem. No concelho de Salvaterra de Magos, foram identificados dois núcleos distintos de concheiros: Ribeira de Muge e Paúl de Magos, o que faz com que no nosso concelho esteja localizado o maior complexo mesolítico da Europa. Desde finais do século XIX até aos nossos dias, os concheiros foram estudados por diversos e reconhecidos investigadores e académicos nacionais e internacionais. O ano de 1952 fica assinalado na memória como a data da destruição do concheiro Moita do Sebastião. A Casa Cadaval proprietário do terreno decide instalar uma eira para descasque de arroz, e curiosamente dos milhares (sim milhares!) de hectares de terra em Muge que possui foi precisamente escolher o local onde se encontrava o concheiro para colocar esta eira: «em 1952 foi arrasado para a instalação de um complexo industrial de arroz.»1

Planta do concheiro Moita do Sebastião

Aspeto da escavação arqueológica

Olívia Figueiredo, As práticas funerárias nos concheiros mesolítico de Muge (dissertação para a obtenção do grau de mestre em Arqueologia), Faro, Universidade do Algarve – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, 2014, p. 54 1

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13 A destruição do concheiro implicou a realização de 3 campanhas de escavação dirigidas em 1952 por Jean Roché e Veiga Ferreira, depois de abril a junho de 1953 e de maio a junho de 1954 por Veiga Ferreira.2 No decorrer das campanhas identificaram-se vários esqueletos com vestígios de rituais funerários bem definidos, estruturas de habitat, lareiras, silos, postes para cabanas e vários materiais líticos.

Esqueleto escavado no concheiro Moita do Sebastião Cf João Luís Cardoso e José Manuel Rolão, Prospeção e escavação nos concheiros mesolíticos de Muge e Magos (Salvaterra de Magos): contribuição para a história dos trabalhos arqueológicos, In Estudos arqueológicos de Muge, Vol. I, s.l., Centro de Estudos de Arqueologia da Universidade Autónoma de Lisboa / Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, 2002/2003, p. 106-122 2

Destruição dos concheiros Moita do Sebastião


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A destruição do concheiro Moita do Sebastião provocou um sentimento de mágoa ao arqueólogo Veiga Ferreira que dirigia as escavações, no seu caderno de campo é visível o sentimento de revolta para com o Administrador da Casa Cadaval: «Os pilares do barracão destruíram-no [o concheiro] quasi por completo. É uma verdadeira monstruosidade o que fez o Administrador da Casa. Num país civilizado seria metido na cadeia. Paciência vivemos infelizmente bastante atrasados nestas coisas como português isto pesa-me.»3 Apesar da destruição do concheiro, a Casa Cadaval teve o bom senso de preservar as estruturas habitacionais que foram colocadas a descoberto quando se realizaram as escavações de emergência, para o efeito construiu-se uma casa que preserva estes vestígios. O concheiro Moita do Sebastião apesar de estar destruído foi classificado juntamento com os concheiros Cabeço da Amoreira e Cabeço da Arruda como Monumentos Nacionais com o decreto lei n.º 16/ 2011 de 25 de Maio de 2011.

Habitação que alberga as estruturas arqueológicas do concheiro

3

Vestígios arqueológicos salvaguardados

Idem, p. 119

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Classificação como Imóvel de Interesse Público a Capela Real e a Falcoaria

Capela Real

de 1953 26 deAno Janeiro de 1913


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Classificação como Imóvel de Interesse Público a Capela Real e a Falcoaria

1953

A consciencialização da necessidade de salvaguardar o património cultural enquanto elemento identitário é fruto da ideologia de homens com Alexandre Herculano, Almeida Garrett ou Ramalho Ortigão, que assumem uma posição pública em defesa, valorização e divulgação do património cultural. Em finais do século XIX denunciam as atrocidades praticadas aos monumentos nacionais, denunciam os “hunos modernos do camartelo”1 e escrevem muita literatura que ainda hoje se mantém atual. Com a implantação da República em Portugal, surgem os primeiros imóveis classificados como Monumentos Nacionais. Anos mais tarde em 1920 é criado a Administração Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (AGEMN), que depois em 19292 daria lugar à criação da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN).

Coro da Capela Real - fonte: monumentos nacionais 1 2

Capela Real - fonte: monumentos nacionais

Expressão usada por Alexandre Herculano nos seus opúsculos dedicados à defesa do património Decreto lei n. 16791 de 30 de abril 1929

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17 A DGEMN foi o organismo que durante décadas zelou pela defesa, recuperação e classificação dos monumentos em Portugal. Em Salvaterra de Magos graças à ação da DGEMN, foram classificados como imóveis de interesse público dois monumentos: Capela Real e a Falcoaria Real. O processo de classificação ocorreu a 17 de Abril de 1953 com a publicação em Diário da República destes imóveis, a primeira referência sobre a necessidade de classificar a Capela Real, remonta a 1943, ou seja 10 anos antes do despacho em Diário da República, o que evidencia foi longo e burocrático o caminho até chegar à classificação.

Interior da Capela Real - fonte: monumentos nacionais


18 Em 1943, a Direção Geral de Fazenda informa a DGEMN que existe em Salvaterra de Magos, «Uma capela com tradições históricas e religiosas que foi pertença do antigo Palácio Real, encontrando-se porém bastante necessitada de obras de conservação, entre as quais, a reparação da abóboda que ameaça ruir.»3 A Capela Real e a Falcoaria seriam classificados em 19534, contudo um facto curioso é que os monumentos encontravamse em lastimável estado de conservação, passado um ano da sua classificação em 1954, a Capela Real entra em obras de recuperação. As obras desenvolvidas para recuperar este imóvel, destruíram um elemento histórico que estava no interior da capela, o coro e a estrutura que o suportava, lastimavelmente foram destruídas, como evidenciam as fotos antes da recuperação. A falcoaria teve um caminho diferente, porque apesar de estar classificado, esteve durante décadas votada ao abandono, serviu de armazém, celeiro e alojamento, só mais tarde é que a Câmara Municipal consegue a sua recuperação e abre ao público em 2009.

Falcoaria Real de Salvaterra de Magos Classificação da Capela Real, disponível em http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPAArchives.aspx?id=092910cf-8eaa-4aa296d9-994cc361eaf1 (consultado a 24 de Maio 2016) 4 Decreto n.º 39 175, DG, 1.ª série, n.º 77 de 17 abril 1953 3

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Alçado da Capela Real - fonte: monumentos nacionais

Planta da Capela Real - fonte: monumentos nacionais

Altar da Capela Real - fonte: monumentos nacionais

Coro da Capela Real - fonte: monumentos nacionais Classificação como Imóvel de interesse Público a Capela Real e a Facoaria


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Pombal da Falcoara Real de Salvaterra de Magos

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Visita de Nossa Senhora de Fรกtima a Salvaterra de Magos

Imagem de Nossa Senhora de Fรกtima nas ruas de Salvaterra de Magos

de 1953 26 deAno Janeiro de 1913


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Visita de Nossa Senhora de Fátima a Salvaterra de Magos

1953

No início da década de 50, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima percorre várias localidades do Ribatejo. Em Salvaterra de Magos a imagem é acolhida com grandes manifestações de fé e devoção em dezembro de 1953. A imagem de Nossa Senhora de Fátima foi recebida apoteoticamente em Salvaterra de Magos por milhares de pessoas das freguesias do concelho e dos concelhos limítrofes. A presidir as cerimónias esteve o Cardeal Patriarca – D. Manuel Gonçalves Cerejeira. O acolhimento da imagem foi assunto de reunião de Câmara, que se congratulou com a vinda da imagem e do Sr. Cardeal Patriarca e não se poupou a esforços para receber condignamente a imagem: «A Câmara tendo em atenção que a vinda a este concelho da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima e visita de Sua Eminência o Senhor Cardeal Patriarca no próximo dia vinte de Dezembro coincidem com as Festas do Ano Mariano proclamado por Sua Santidade Pio Doze, são festas e acontecimentos de grande jubilo para a população do concelho, deliberou levar a efeito nesse dia Festejos populares com iluminação de ruas, concertos musicais e representou-se oficialmente na recepção a Sua Eminência condignamente. Igualmente delibera que seja solicitado ao Senhor Governador Civil e Delegado do Instituto Nacional do Trabalho no sentido de ser consentido a permanência da abertura de diversos estabelecimentos fora das horas regulamentares.»1

Aspeto da procissão 1

AHMSM - Acta da sessão ordinária da Câmara realizada a 26 Novembro 1953, Livro de Actas 8 Setembro 1953 a 4 Abril 1956, fl. 12v

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23 O Jornal “Vida Ribatejana”, dá um grande destaque a este acontecimento, referindo a receção do Senhor Cardeal em Salvaterra de Magos por parte do Presidente da Câmara, o Dr. Roberto Ferreira da Fonseca, enaltece a parada de campinos que recebeu a imagem e o aspeto devocional e festivo da vila neste dia: «O passado domingo foi o dia maior das festividades em honra da Virgem Imaculada e milhares de pessoas, vindas de todos os pontos do concelho e das terras vizinhas e até de outras muitas distantes, acorreram a Salvaterra para prestarem homenagem a Nossa Senhora. Em parte alguma se excederam ainda tão elevadas manifestações de amor à Virgem e de respeito pelo que Ela representa como Mãe de Jesus e padroeira da nossa querida Pátria! De manhã chegou a Salvaterra S.E.R. o Sr. Bispo de Eurêa que ali foi em visita pastoral, e foi recebido carinhosamente por enorme multidão, tendo-se realizado depois uma imponente procissão e uma missa campal, celebrada por aquele ilustre prelado no Largo do Palácio, onde se ergueu uma grande e formoso altar, em que se viam, ao fundo, bandeiras nacionais e as bandeiras da Casa do Povo e do Grémio da Lavoura de Salvaterra. O sr. Bispo da Eurêa foi acolitado em tão impressionante cerimónia, pelos rev. Padre holandês Gregório Verdonk e rev. Padre Prudêncio. À chegada do Sr. Bispo da Eurêa ao altar foram soltos centenas de pombos dos sócios do Clube Columbófilo Salvaterrense. O rev. Padre José Diogo, pároco de Salvaterra, foi incansável na preparação de tudo, e bem assim a comissão organizadora da recepção a Nossa Senhora de Fátima, à qual endereçamos sinceras felicitações pelo brilho e riqueza de que a mesma se revestiu.2 (…)

2

Jornal “Vida Ribatejana”, 19 de dezembro, 1953, p. 3

Jornal Vida Ribatejana: 19 dezembro 1953

Visita de Nossa Senhora de Fátima a Salvaterra de Magos


24 Depois da receção no salão nobre da Câmara Municipal, seguiu-se uma missa ao ar livre no largo do Palácio (Largo dos Combatentes), onde foi instalada para o efeito um grande altar, seguiu-se depois uma emotiva procissão com a imagem a passar por várias ruas da vila: «Milhares de pessoas se encontravam naquele vasto largo a presenciar tão solenes cerimónias em louvor e glória de Nossa Senhora de Fátima, todos ajoelhados nos momentos mais elevados e graves das solenidades e durante a bênção do Santíssimo Sacramento, depois do que S. Eminência dirigiu uma notável alocução ao povo, que a todos muito impressionou e comoveu principalmente quando o sr. D. Manuel Gonçalves Cerejeira se referiu ao aparecimento de Nossa Senhora aos pastorinhos da Cova da Iria. Durante a bênção, os clarins dos bombeiros salvaterrenses tocaram a sentido. Terminadas as cerimónias, que decorreram num ambiente de grande piedade e entusiasmo, a multidão aclamou demoradamente Sua Eminência, que se retirou para Lisboa. E as festividades em honra de Nossa Senhora de Fátima findaram com uma grandiosa e comovente procissão de milhares de velas, com mais de um quilómetro de comprimento. À frente do andor de Nossa Senhora ia o sr. Bispo de Eurêa. À passagem do andor de Nossa Senhora em frente do quartel dos bombeiros, as sirenes das viaturas tocaram em homenagem à Mãe de Jesus. Nas janelas coalhadas de pessoas, viam-se lindas colchas e também muitas velas acesas. As iluminações a luz elétrica nos Paços do Concelho e na igreja matriz, artisticamente executadas ofereciam surpreendente efeito. Outros edifícios também tinham as fachadas iluminadas a luz elétrica e toda a vila apresentava aspeto festivo, vendo-se durante o dia, muitas janelas com colgaduras e bandeiras. Recebendo assim tão digna e triunfalmente Nossa Senhora de Fátima, Salvaterra de Magos bem honrou as suas nobres tradições cristãs e acolhedoras.»3

Procissão com a imagem de Nossa Senhora da Fátima 3

Aspeto da procissão com a imagem de Nossa Senhora de Fátima

Idem

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21

NevĂŁo em Salvaterra de Magos

NevĂŁo no Largo dos Combatentes

de 1954 26 deAno Janeiro de 1913


26

Fevereiro de 1954 - Nevão em Salvaterra de Magos

1954

O inverno de 1954 fica na história, como um inverno extremamente rigoroso que assolou a Europa. Em fevereiro deste ano uma vaga de frio, interrompe a circulação terrestre e fluvial de vários países europeus. Portugal acorda na manhã de 1 de fevereiro de 1954 debaixo de um intenso e branco nevão que varreu Portugal de norte a sul, o jornal Diário de Lisboa, datado do dia 2 de fevereiro, destaca na primeira página esta vaga de frio e a queda de neve, fenómeno raro no nosso país: «Nevou hoje intensamente em Lisboa e os arredores cobriram-se de branco. O espectáculo é inédito e por isso, durante a manhã das 12 às 13horas, os lisboetas andam com o nariz no ar e exclamação na boca. - Neve! Está a nevar. O serviço meteorológico, forneceu-nos ao princípio da tarde, algumas informações curiosas sobre as temperaturas negativas que se registaram hoje em várias regiões do país. A percentagem de temperaturas negativas mostra a intensidade da vaga de frio que assola Portugal e que tem a sua mais espectaculosa expressão com a neve que caiu abundantemente também sobre a capital, a partir do meio dia.»1

Neve no Jardim da Praça da República

1

Aspeto do nevão

Diário de Lisboa, ano 33, n. 11.95, 2 fevereiro 1954

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27 Em Salvaterra de Magos, o nevão também se fez sentir com intensidade, a vila acorda com um impressionante manto branco de neve. A população incrédula com o nevão sai à rua para ver este espetáculo e os miúdos brincam alegremente com a neve, o cais da vala e as várias embarcações estão cobertas de neves, largos e ruas apresentam-se imaculadamente brancos pela neve, como evidenciam as fotos da época.

Nevão no Jardim da Praça da República


28

Neve no Rossio

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Construção do Mercado Diário de Salvaterra de Magos

Planta do projeto de Mercado Municipal (não construído)

de 1956 26 deAno Janeiro de 1913


30

Construção do Mercado Diário de Salvaterra de Magos

1956

O mercado diário de Salvaterra de Magos realizava-se no lugar mais central da localidade: a atual Praça da República. Durante séculos realizou-se neste espaço ao ar livre e serviu a população local de vários produtos até meados da década de 50 do século XX, altura em que foi desativado e construiu-se um mercado coberto. O mercado diário era regulamentado pela Câmara Municipal, no código de posturas municipais verifica-se um conjunto de critérios quer ao nível da higiene, quer nos pesos e medidas ou no horário e fecho da praça: Capitulo XV Disposição sobre praças diárias e feiras Artigo 171º A praça diária será feita na praça de Salvaterra, e nas outras povoações do concelho, nos logares que previamente forem designados pela Camara, começando ao nascer do sol e devendo terminar às 8 horas da manhã, nos mezes de maio a setembro e às 9 horas nos restantes mezes do anno. Artigo 172º É prohibida a venda ambulante pelas ruas da villa de Salvaterra de Magos, de peixe e outros géneros antes das horas fixadas no artigo antecedente, sob pena de 1$000 de multa. Artigo 173º Os vendedores de peixe que deixarem no local da venda resíduos do mesmo peixe, sal ou outras substâncias, incorrem na multa de 1$000 reis. Artigo 174º Nenhum vendedor poderá recusar a vender a retalho, a quem lho pedir ou qualquer outro género que estiver exposto à venda, embora allegue que já o tem vendido, sob pena de 1$000 reis de multa Artigo 175º É proibido açambarcar ou comprar para revender o peixe e mais géneros que concorrerem ao mercado ou praça diária sem que tenha passado a hora em que a praça está aberta, sob pena de 2$000 reis de multa.»1

1

Código de Posturas Municipaes do concelho de Salvaterra de Magos, Santarém, Tipografia Bernardino Soares, 1903, pp. 38 - 39

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31 Ainda na década de 30 do século passado, devido à constante procura por parte da população de produtos, a Câmara Municipal decide acrescentar mais mesas para venda das mercadorias. Por proposta do vogal Ferreira Estudante a Commissão resolveu mudar as mesas de pedra do mercado d’esta vila para o lado esquerdo da estrada do mesmo mercado em frente aos Paços do Concelho, mandar construir mais duas mesas de cimento para a venda de carnes e colocar no mesmo lugar esquerdo e mandar retirar do referido mercado o quiosque que ali se encontra, auctorizando a Camara que seja colocado nas mesmas condições na Praça da República no recanto do lado direito da fonte.»2

Fachada do Mercado Municipal

2

A.H.M.S.M. - Acta da Sessão ordinária do dia 16 outubro 1930 - Livro de Actas de 4 dezembro a 26 abril 1936, fl. 105

Construção do Mercado Diário de Salvaterra de Magos


32 Com o passar dos tempos este mercado diário tornou-se obsoleto e principalmente não respeitava as regras de higiene o que obriga a Câmara Municipal em construir um novo espaço coberto para se realizar o mercado diário e aproveitar uma remodelação urbanística no Jardim da República: «Pelo Senhor Presidente foram expostos os inconvenientes de ordem higiénica e estética que advém da realização do mercado diário no local actual e dos benefícios que se obteriam no ajardinamento do mesmo local conjuntamente com a transformação do jardim actual. Considerando a exposição do Senhor Presidente foi deliberado por unanimidade autorizar as diligências necessárias à transferência do mercado ainda que provisoriamente.» 3

Vendedoras em frente ao Mercado Municipal

3

A.H.M.S.M. - Acta da Sessão ordinária realizada a 16 Novembro 1955 - Livro de Actas 8 setembro 1953 a 4 abril 1956, fl. 82v

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33 A abertura do novo espaço ocorre em 1956, como ostenta ainda hoje a fachada do edifício e como nos relata a acta: Entrando-se propriamente na gerência de mil novecentos e cinquenta e seis, na independência do plano de actividades, entendeu a Câmara Municipal mandar construir um mercado coberto, o que constitui um inegável benefício para as condições de vida dos habitantes da vila de Salvaterra, não só pelos meios que foi dotado como reconhecida vantagem para o público, como ainda pela garantia que oferece sob o ponto de vista de higiene. Deve registar-se que tendo esta obra importado em cento e trinta mil setecentos e setenta e sete escudos, acusou em cerca de sete meses do seu funcionamento, um aumento de receitas de aproximadamente dez mil escudos em relação à cobrança efectuada, no antigo mercado, em igual período de tempo. No local onde se encontra o extinto mercado, procedeu-se à primeira fase do projeto porque sendo de prever a conclusão no próximo ano.» 4 O mercado manteve-se em funcionamento até 2006, nesse ano a 4 de novembro, abre o novo mercado diário de Salvaterra de Magos.

Antigo mercado ao ar livre na Praça da República

4

Antigo mercado ao ar livre na Praça da República

Planta da localização do projeto de Mercado Municipal (não construído)

A.H.M.S.M. - Acta da reunião extraordinária 12 Junho 1957 - Acta do Conselho Municipal 15 Março 1937 a 14 Setembro 1966, fl. 124 - 124v

Construção do Mercado Diário de Salvaterra de Magos


34

Venda de peixe na Praça da Républica

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Cinema Conde d’Arcos

Alçado principal do projeto de arquitetura para o cinema (não construído)

de 1959 26 deAno Janeiro de 1913


36

31 de Maio - Cinema Conde d’Arcos

1959

A história do cinema está associada aos irmãos Lumiére, que em 1895 inventaram o cinematógrafo e fizeram a exibição pública das primeiras imagens em movimento, é aceite que esta data determina historicamente o início do cinema. A partir desta projeção que teve lugar no salão Grand Café em Paris, o cinema expandiu-se e rapidamente cativou o público, tornando-se a 7.ª arte. Em Salvaterra de Magos, a primeira referência à instalação de um aparelho de projeção de imagens, ou seja, um animatógrafo remonta a 1912, quando José Maria Batista Júnior apresenta um requerimento para instalar um animatógrafo no Largo Cinco de Outubro, atual Largo dos Combatentes: Foi apresentado e deferido um requerimento de José Maria Batista Junior, pedindo licença para collocar numa barraca em terreno municipal, no Largo Cinco d’Outubro destinado a um motor eléctrico e cabine para o animatographo.» 1 Nas décadas seguintes o cinema em Salvaterra de Magos estava a cargo de vendedores ambulantes que traziam as máquinas de projetar e escolhiam os largos para cinema. José Gameiro nos seus estudos que tem dedicado à história de Salvaterra de Magos, identifica vários edifícios que serviram para projetar cinema, na década de 20 do século XX um celeiro, localizado na rua Machado dos Santos e que pertencia ao Sr. Gaspar Ramalho foi adotado para cinema, na rua João Gomes funcionou a “Esplanada do Cinema”, em terrenos da família Henriques Lino, um outro local de projeção foi o Canto da Ferrugenta.2 Em 1952 em reunião de Câmara é debatido a entrada de um ante projeto de um edifício de cinema a construir na vila de Salvaterra de Magos: «Por unanimidade foi deliberado aprovar o ante-projecto do edifício para o cinema a construir na vila de Salvaterra de Magos e rectificar o despacho do Senhor Presidente autorizando pagar os autores do projecto.» 3 Um ano mais tarde dá entrada na Câmara Municipal o projeto de construir o edifício do cinema, na memória descritiva do projeto destaca-se a monumentalidade do edifício, a capacidade para 500 pessoas e o futuro edifício ficaria localizada na Avenida, num terreno junto à Casa do Povo:

A.H.M.S.M. - Acta da sessão ordinária de 11 de abril 1912 - Livro de Actas 12 Fevereiro a 11 Dezembro 1917, fl.9 Cf. José Gameiro, Recordar também é reconstruir. Coleção de apontamentos n. 0 - 6. Salvaterra de Magos documentos para a História do século XIII - séc. XXI,, vol. I, pp. 147 - 159, disponível em: https://issuu.com/josegameiro/docs/i_volume_cadernos_0-6_, (consultado a 06-06-2016). 3 A.H.M.S.M. - Acta da sessão extraordinária 9 outubro 1952 - Livro de Actas 2 janeiro de 1951 a 8 setembro 1953, fl.63 1

2

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37

«Possui Salvaterra de Magos, uma das mais importantes vilas do Ribatejo, uma pequena sala de espectáculos, de dimensão acanhadas e sem as necessárias condições de higiene, conforto e principalmente de segurança, pelo péssimo estado de conservação em que se encontra o edifício. Resolveu a respectiva Câmara Municipal, constatando de à muito as deficiências acima apontadas e na certeza de interpretar os desejos da maior parte da população, mandar construir uma nova sala de espectáculos, destinada unicamente a cinema e variedades e assim mandou elaborar o presente projecto. Na execução deste, foi atendido em primeiro logar os recursos limitados da Camara, que tendo uma receita reduzida, não tem possibilidade de construir um edifício luxuoso e de grande lotação, tendo-se por este motivo projectado uma sala para 500 lugares, assim distribuídos:

Planta do interior do cinema (não construído)

Plateia ______________________________________________ 358 Balcão _______________________________________________ 136 Camarote _____________________________________________ 6 500 lugares Conforme se verifica no projecto, teve-se o máximo cuidado em atender às condições de segurança e comodidade dos espectadores, dando dimensão, mais do que é exigido pelo respectivo regulamento, na largura de corredores, escadas, coxias, distancia entre filas, etc e ainda verificar-se que as portas da saída, são em bastante número, permitindo uma rápida evacuação da sala em caso de sinistro.4

Planta de localização para o cinema (não construído) 4

AHMSM - Projecto para um cinema a construir em Salvaterra de Magos, março de 1953

31 de Maio - Cinema Conde d’Arcos


38 Infelizmente o projeto não saiu do papel, não chegou a ser construído. Os documentos em anexo, evidenciam que o edifício era uma grandiosidade que reunia todas as condições para projeção de cinema. A história do cinema em Salvaterra de Magos seria escrita de uma outra forma, graças ao empenho do empresário Manuel Vieira Lopes, avançou com a construção de um edifício para cinema. Em 31 de maio de 1959 é inaugurado solenemente o Cine-Esplanada Conde d’Arcos, com a exibição do filme “Os Miseráveis” de Jean-Paul Le Chanois. Com o passar dos tempos, foram exibidos na tela deste cinema, os grandes épicos e as grandes produções de Hollywood, sempre com casa cheia, o público procurava o cinema. Nos anos 80 com a concorrência da televisão, o cinema perde público, o Cine-Esplanada Conde d’Arcos ainda aguenta mais uma década, mas em 1991 é obrigado a fechar, o último filme projetado foi o “Pestinha”, uma comédia dirigida por Dennis Dugan. No interior do edifício ainda se encontra a máquina de projetar os filmes, as cadeiras e uma coleção de quadros com os atores e atrizes e várias memórias do cinema em Salvaterra de Magos.

Sr. Ezequiel junto da antiga máquina de projeção de filmes

Interior do cinema

Sr. António Augusto - vendedor de bilhetes e Sr. Ezequiel projetista de filmes

Aspeto da tela de projeção

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Construção do Edifício dos CTT

Edifício dos Correios em Salvaterra de Magos

de 1960 26 deAno Janeiro de 1913


40

4 de Outubro - Construção do Edifício dos CTT

1960

A história dos correios é quase tão antiga como a história da humanidade, a necessidade de trocar mensagens é milenar. Desde os egpcíos até aos romanos a entrega de correspondência era feita por mensageiros e viajantes que percorriam longas distâncias, enquanto na Idade Média este serviço era feito por peregrinos e cruzados. Com o desenvolvimento do comércio, acentua-se a troca de correspondência, e para o efeito criaram-se mecanismos e formas de chegar a correspondência mais veloz e segura, serviço feito através de embarcações , um complexo sistema de apoio à distribuição ficava localizado junto aos portos. Em Portugal a história dos correios está associada ao rei D. Manuel I, que em 1520 cria o ofício do Correio-Mor, era um serviço público em que qualquer cidadão o podia utilizar mediante o pagamento de uma quantia.1 Com o evoluir dos tempos, a necessidade de entregar de uma forma mais rápida e eficiente o correio, originou a criação do serviço da Malaposta, que era feito por carruagens atreladas a cavalos, que transportavam pessoas e o correio, o que obrigou à criação das estações de muda, onde eram trocados os cavalos, ainda hoje existem estas estações de muda, imóveis classificados de interesse histórico e patrimonial. Em meados do séculos XIX, no reinado de D. Maria II é emitido o primeiro selo em Portugal, que remonta ao ano de 1853, e desta forma a troca de correspondência começa a ser feita por carteiros que entregavam as cartas. Em Salvaterra de Magos a distribuição do correio era feito através de embarcações, tarefa desempenhada pelos marítimos, que durante as suas viagens pelo rio, para além da distribuição de mercadorias, distribuiam também o correio. Nas memórias paroquiais datadas de 1758, ficamos a saber que Salvaterra de Magos não possuia nesta data serviço de correios, e que este serviço era feito através do correio da vila de Benavente através de barcos: «Não tem esta terra correio porém servece com o correio de Benavente, cuja terra dista desta uma legoa de terra firme, este chega a esta terra ao Domingo em qual continua a sua jornada para Santarem, distando, Santarem desta terra quatro legoas, metendoce de permio em este espasso o rio Tejo, em o qual há uma barca para transportar a gente de uma parte à outra: costuma este correio chegar aqui de Santarém às segundas feiras, outras vezes às tercas.» 2 Em 1854 Salvaterra de Magos continuava a não ter serviço de correio, continuava a socorrer-se do serviço de correio dos concelhos vizinhos, e para tal o Administrador do Concelho, roga ao Governador Civil de Santarém a necessidade de se constituir em Salvaterra de Magos, um serviço de correio, dado que aumentou a classe empresarial que necessita urgentemente deste serviço, argumenta ainda que ao cais da Vala de Salvaterra de Magos aportam inúmeras embarcações que podiam fazer este serviço.

Cf. Catálogo da exposição “Vencer a distância. Cinco séculos dos correios em Portugal”, Museu das Comunicações, disponível em: http://www.fpc. pt/Portals/0/PDF%20Exposicoes/Percurso%20de%20Correios.pdf, [consultado a 02-06-2016] 2 Extrato das Memórias Paroquiais de Salvaterra de Magos 1758, Dicionário Geográfico de Portugal, vol. XXXIIII, In O Paço Real de Salvaterra de Magos. A corte, a ópera e a falcoaria, Lisboa, Livros Horizonte, 1989, pp. 94-95 1

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41 «Illustrissimo e Excellentissimo Senhor = Achando-se pelo artigo quarenta e oito, título quinto do Decreto de vinte e sete d’Outubro de mil oitocentos cincoenta e dois (lei postal) a cargo do Governo o estabelecimento de correios para todos os concelhos do Reino, pelo menos três vezes por semana, athe hoje este concelho não o uzufruio esta medida tão salutar, e a Camara que o representa, não cumpriria com os seus deveres se deixa-se por mais tempo de a solicitar de Vossa Excellencia. Tendo augmentdo em grande escala n’esta villa a classe comercial e concorrendo aqui a venda a maior parte de géneros cereaes produzidos na provincia do Ribatejo muito útil e necessário se torna aos negociantes que compõe a referida classe a pronta e diária correspondência com a Capital, primeiro mercado do Reino, motivo porque esta Camara não só julga do seo dever implorar de Vossas Excellencia para com este concelho d’execução do refferido artigo, mas também indicar a Vossa Excelencia o meio que julga mais adequado e económico para o conseguir. Há nesta vila uma carreira diária para a estação de vapores, ou valla d’Azambuja donde parte diariamente para a ponte d’Aceca e sendo muito os arraes que de Santarém vem a este porto entende esta Camara que por uma diminuta gratificação o Governo achará quem se encarregue de entregar e receber do arraes da gondola a mala ficando a cargo da Camara o manda-la receber e entregar ao mesmo arraes na referida vala d’Azambuja, e deste modo este povo receberá diariamente da Capital as suas correspondências, esta Camara as ordens de Vossa Excellencia.» 3

Edifício da Praça da Repúblico onde funcionou o posto de correio

3

Edifício da Praça da Repúblico onde funcionou o posto de correio

AHMSM - Registo de oficio n. 21 - 20 de novembro 1854 - Registo de ofícios de 11 janeiro 1854 a 10 julho de 1868, fl. 6 - 6v

4 de Outubro - Construção do Edifício dos CTT


42 Em 1871 há já um registo de um contrato de correio, que partia de Salvaterra de Magos para a Azambuja e o serviço era feito por marítimos: Ex.mo Senhor um officio d’Administrador Central do Correio de Lisboa n. 435 dattado de 1 de Julho último foi solicitado para bem do serviço público a proceder a ajuste particular para a conducção de malas do correio entre esta vila e Azambuja o que efectivamente contractando este serviço com dois marítimos convenientemente afiançados pela quantia de quinhentos reis e obrigando a chegar com as malas a esta villa meia hora depois do meio dia (…).» 4

Edifício dos Correios 5

Jornal “Vida Ribatejana”, 15 outubro 1960, p. 1

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43 Em data incerta, foi adotado para correio, o edifício localizado entre a Travessa do Secretário e a Praça da República, que aqui funcionou até 1960. Neste ano a 4 de outubro de 1960, foi inaugurado o novo edifício dos correios localizado na atual rua 25 de Abril, que ainda hoje mantém essas funções. O jornal “Vida Ribatejana” destaca esta inauguração deste edifício, da seguinte forma: «No dia 4 do corrente teve lugar nesta vila a inauguração da nova estação dos CTT, grande melhoramento que vem beneficiar a população, e que desde há muito se fazia sentir.(…) À hora marcada para a inauguração, 17,30h uma salva de morteiros anunciou a chegada do sr. Correio-Mor, que foi cumprimentado pelo chefe da Circunscrição de Exploração da Província do Ribatejo, sr. Luís Esperto, condutor civil, sr. Machado Ferreira e pelo chefe da estação local. Ao mesmo tempo a banda dos Bombeiros Voluntários locais executou alguns trechos. Momentos depois chegou o sr. Governador Civil do distrito de Santarém, brigadeiro Lino Valente, acompanhado do presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, sr. José Luís de Seabra Roquette, e das entidades concelhias que em continência, ouviu os acordes da guarda de honra, prestada pela corporação dos Bombeiros Voluntários, à qual passou revista. (…) Este novo edifício de traçado arquitectónico agradável, contém os requisitos prescritos pela comodidade e técnica actuais. No rés-do-chão estão instaladas a sala dos serviços e do público, uma sala para baterias e outra para arrecadação de material. No primeiro andar ficam a residência do chefe da estação e as instalações para o equipamento telefónico, melhoramento este que está previsto para o ano de 1961.» 5 Este edifício ainda hoje continua com as funções do correio e mantém a sua traça arquitetónica original.

5

Jornal Vida Ribatejana - 15 outubro 1960

Jornal “Vida Ribatejana”, 15 outubro 1960, p. 1

4 de Outubro - Construção do Edifício dos CTT


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Construção da igreja dos Foros

Construção da igreja dos Foros de Salvaterra

de 1962 26 deAno Janeiro de 1913


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14 de janeiro - Construção da igreja dos Foros Em meados do século XIX, iniciaram-se os aforamentos da Junta de Paróquia de Salvaterra de Magos, os terrenos que hoje fazem parte dos Foros de Salvaterra, no passado eram coutadas de caça que os nossos monarcas usavam para realizar as famosas caçadas reais. A extinção das coutadas e o início de um longo processo de enfiteuse permitiu a fixação de população nestes terrenos. Os primeiros colonos iniciaram o arroteamento de terras e a consequente exploração agrícola, fatores determinantes para a constituição do aglomerado urbano que mais tarde dará origem aos Foros de Salvaterra. Não havendo nenhum edifício religioso nos Foros de Salvaterra, a população era obrigada a deslocar-se a Salvaterra de Magos para assistir às missas e a realização de outras cerimónias religiosas caso dos batizados e casamentos. Os casamentos das gentes dos Foros tinham caraterísticas etnográficas interessantes, os convidados e os noivos deslocavam-se de carroça até à igreja matriz de Salvaterra de Magos, e depois voltavam aos Foros onde realizavam a festa do casamento: «Os noivos bem como os padrinhos e todos os convidados, são transportados a caminho da igreja em vistoso cortejo de carroças, numa das quais segue também um acordeonista contratado como elemento indispensável e que durante o trajecto, às vezes de dezenas de quilómetros, vai animando a festa com alegres corridinhos, marchas, etc, tocados quase sem cessar, misturando o som da concertina com a alegre vozearia do pessoal da comitiva e o estridente guizalhar dos animais que puxam as carroças num certeiro trote atentamente vigiado e regulado «a chicote». Noivos dos Foros de Salvaterra numa carroça

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1962


47 Após as cerimónias matrimoniais, os padrinhos compram amêndoas e cigarros enquanto a caravana vai fazendo os preparativos para o regresso que se efectua imediatamente a seguir à sua chegada, com grupos de rapazes correndo atrás das carroças na ânsia de conseguirem apanhar amêndoas que lhes são atiradas pelos padrinhos e pelos pais dos noivos. Os nubentes tomam lugar na última viatura, de costas para o respectivo condutor, acenando alegremente para a assistência que lhes deseja felicidades.» 1 Na década de 50, a população insiste na necessidade de ser ter um templo religioso nos Foros, e em 1953 adaptou-se uma casa particular com essa função que recebeu a imagem de Nossa Senhora da Conceição: «Nos Foros de Salvaterra, grande aglomerado populacional, foi há tempos, adaptada uma casa a templo religioso, em virtude da distância a que aquela população fica da sede de concelho. Todos os domingos ali é celebrada missa. No passado domingo, foi aquele improvisado templo enriquecido por uma linda imagem de Nossa Senhora da Conceição, oferecida pelo digno salvaterrense e nosso querido amigo Sr. Manuel Ferreira Estudante e por sua esposa D. Aurélia Gonçalves Ferreira Estudante. Recebeu a sagrada oferta, antes da missa, o rev. Padre José Diogo, pároca desta vila, a cargo de quem está o culto naqueles Foros.» 2

Igreja dos Foros de Salvaterra 1 2

Placas à entrada da igreja

Um casamento nos Foros de Salvaterra, In Aurora do Ribatejo, 1 de Novembro de 1969, p. 4 Jornal Vida Ribatejana, 25 de Abril de 1953

Construção da igreja dos Foros


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Construção da igreja dos Foros de Salvaterra

No final desta década (1959), numa reunião é apresentado o projeto construção de uma igreja nos Foros: «Tendo sido apreciado um projeto de uma igreja a construir nos Foros de Salvaterra, foi deliberado por unanimidade emitir o parecer que nada há a opor à nossa execução.»3 No dia 14 de janeiro de 1962, é inaugurada a igreja do Imaculado Coração de Maria, nos Foros de Salvaterra.

Placa de homenagem ao padre José Diogo

3

AHMSM - Acta da sessão extraordinária de 23 de Fevereiro de 1959 – Livro de Actas de 4 de abril a 13 de abril de 1959, fl. 97v

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Morte do benemĂŠrito Gaspar Costa Ramalho

Sr. Gaspar Costa Ramalho

de 1962 26 deAno Janeiro de 1913


50

13 de Junho - Morte do benemérito Gaspar Costa Ramalho

1962

Gaspar da Costa Ramalho, nasceu no dia 20 de outubro de 1868 e faleceu a 13 de junho de 1962. Foi um grande lavrador de Salvaterra de Magos, dono de imensas propriedades localizadas nos campos de Vila Franca de Xira, Azambuja, Benavente e Salvaterra de Magos. Foi o grande benemérito de Salvaterra de Magos, com um elevado espirito filantrópico que auxiliou os seus conterrâneos mais necessitados. É difícil biografar a sua generosidade em Salvaterra de Magos, dado que foram tantas as obras e o apoio, que o escasso espaço nestas páginas podem omitir a grandiosidade dos seus atos generosos. Alguns exemplos dos seus atos: - Apoio e construção de um poço para resolver o problema de abastecimento de água à vila: «O Vereador Gaspar Costa Ramalho declarou n’este acto que oferecia ao município d’este Concelho o pôço artisianno que as expensas suas mandou fazer junto à fonte da Praça d’esta villa, pôço que está actualmente abastecendo a villa de água. Ouvido esta declaração foi pela Camara aceite este oferecimento e por proposta do Senhor Presidente lançar-se na presente acta um voto de louvor ao Senhor Ramalho pela sua sympathia e generosa oferta.» 1 - Plantação de árvores no Rossio para embelezar esta zona da vila: «Conceder a Gaspar Costa Ramalho licença para fazer de sua conta plantação d’arvoredo no Rocio d’esta vila em frente da sua propriedade cuja licença foi apresentada verbalmente pelo Vereador Freire e considerada a Camara de grande vantagem para a povoação a referida plantação d’arvoredo, resolveu por proposta do Vice-Presidente que na acta fique consignado um voto de louvor ao mencionado cidadão Gaspar Costa Ramalho pelos melhoramentos que se propõe fazer em aditamento a esta deliberação o Vereador Vasconcellos propoz que a bem da salubridade publica, a Camara faça tambem plantação de arvoredo no resto do Rocio.» 2 - Auxílio aos desalojados do sismo de 1909 que afetou seriamente Salvaterra de Magos, fez parte de uma comissão destinada a criar condições para aqueles que perderam tudo neste sismo: «Seguidamente usaram da palavra os munícipes Gaspar Costa Ramalho e o prior Francisco Maria Fernandes de Castro, fazendo diversas considerações sobre o empréstimo, lembrando primeiro a vantagem de nomear uma comissão, para tractar directamente com os poderes públicos, dos interesses de Salvaterra e do segundo indica a necessidade de se tornada conhecida pela imprensa a catastrophe que assolou esta villa. Resolveu-se nomear a comissão referida pelo munícipe Ramalho (…).» 3

A.H.M.S.M. - Acta da sessão ordinária de 27 setembro 1899, Livro de Actas 7 janeiro de 1896 a 18 outubro 1904, fl. 97-97v A.H.M.S.M - Acta da sessão ordinária do dia 5 janeiro de 1905 - Livro de Actas 25 outubro 1904 a 15 fevereiro 1912, fl. 7v 3 A.H.M.S.M - Acta da sessão ordinária do dia 30 de abril 1909 - Livro de Actas 25 outubro 1904 a 15 fevereiro 1912, fl. 96v 1

2

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Sr. Gaspar Costa Ramalho

Morte do benemĂŠrito Gaspar Costa Ramalho


52 - A construção do Hospital de Salvaterra de Magos deve-se à sua generosidade: «Por proposta do Presidente, a Camara deliberou por unanimidade agradecer a sua admissão como socio benemérito da Associação de Beneficência = Misericórdia de Salvaterra de Magos = consignar na presente acta um voto de louvor à Commissão Administrativa da Misericórdia, especialmente ao seu Presidente, o cidadão Gaspar Costa Ramalho, pela construção do magnífico edifício hospitalar, importante melhoramento com que acaba de dotar esta villa.» 4 - Em 1918 surgiu na Europa uma gripe mortífera, ficou designada como a pneumónica, em Portugal estima-se que terão falecido devido a esta epidemia entre 50 a 70 mil pessoa. O concelho de Salvaterra de Magos foi muito fustigado pela pneumónica, e Gaspar Ramalho ofereceu vários donativos à povoação de Marinhais e Glória para auxiliar os doentes e seus familiares: «O munícipe Gaspar Costa Ramalho presente a esta sessão ofereceu para Marinhais o donativo de cem escudos e para a Glória cincoenta escudos.» 5 - Fundador da Casa do Povo de Salvaterra de Magos, cujo ano de origem remonta a 1935:«Fundada no ano de 1935 pelo Sr. Gaspar Ramalho que tem sido o seu principal protector. Depois de organizada, foram eleitos os corpos gerentes pela forma seguinte: Assembleia Geral: Presidente Gaspar Ramalho, Vice-Presidente Francisco Ferreira Lino, Secretário Augusto Dias. Direcção: Presidente António Neto, Tesoureiro Caetano Ferreira Vasco, Secretário José da Silva Sardinha». 6 - Realização de obras na canalização da fonte do Largo da República: «Do Senhor Gaspar Costa Ramalho de Salvaterra de Magos ponderando a insuficiência e ineficácia das canalizações da água na Praça da República desta vila e oferecendo os seus préstimos à Câmara para o estudo, sem dispêndio para esta, de um projecto de obras para aliviar os inconvenientes que ultimamente se verificaram por ocasião de incêndio nesta vila. A Camara deliberou aceitar o oferecimento d’aquele senhor nos termos expostos, deliberando ainda que ficasse expresso na acta um visto de agradecimento.» 7 São muitos os exemplos da sua generosidade, um artigo publicado no Jornal “A Hora” sintetiza bem o seu espírito filantrópico: «Resta-nos dizer que o nome do sr. Gaspar Ramalho se encontra e há muito gravado na referida Galeria [de posteridade] e não somos nós que o afirmamos. Di-lo toda gente. Dizem-no os enfermos de Salvaterra e subúrbios que precisam de hospitalização, porque foi ele que fundou o Hospital. E hão de dizê-lo os enfermos de amanhã e os enfermos de sempre. Também toda a pobreza de Salvaterra o diz, porque jamais poderá esquecer que ele é o grande benemérito de Salvaterra que dia a dia, hora a hora tão generosamente a socorre.

A.H.M.S.M. - Acta da sessão ordinária de 20 fevereiro de 1913 - Livro Actas 12 fevereiro 1912 a 11 dezembro 1917, fl. 43v A.H.M.S.M. - Acta da sessão ordinária do dia 29 de outubro 1918 - Livro de Actas 2 janeiro 1918 a 28 novembro 1925, fl. 30 6 Vida Ribatejana - Numero comemorativo dos centenários da fundação de Portugal: 1140 - 1640 - 1940, ano XXIV, n. 919/23, Vila Franca de Xira, 1940, p. 78 7 A.H.M.S.M. - Acta da sessão ordinária do dia 22 outubro de 1938 - Livro de Actas 24 maio 1935 a 20 dezembro 1940, fl. 91v 4 5

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53 Trabalhadores rurais e não rurais, artistas e operários que ele tanto auxilia nas horas tristes do desemprego, não dirão o mesmo? Os associados da Casa do Povo de Salvaterra, que ele fundou poderão algum dia esquecer os benefícios que estão recebendo por intermédio de tão prestimosa instituição, que o Estado Novo criou e a solicitude dos homens bons acarinha e mantém? Na escola jamais os professores deixaram de invocar o seu nome quando ensinarem às criancinhas o que é preciso para se ter um bom coração que se compadeça dos infelizes que sofrem. No púlpito jamais o Sacerdote ao incutir na alma dos fiéis exemplos de virtudes deixará no olvido o nome de Costa Ramalho. E, sendo assim, porque assim é, quem poderá dizer que o nome de tão prestimoso salvaterriano, se não encontra já nos anais da História de Bem Fazer?» 8 Após a sua morte, a sua memória e os seus atos de generosidade foram esquecidos pelos seus conterrâneos, e décadas mais tarde, o executivo municipal o relembrou ao atribuir o seu nome a uma rua de Salvaterra de Magos.

Entrada do prédio do Sr. Gaspar Costa Ramalho

8

Jornal “A Hora”, tomo 5, abril 1939, p. 182

Morte do benemérito Gaspar Costa Ramalho


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PrĂŠdio do Sr. Gaspar Costa Ramalho

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Inauguração da torre do relógio da igreja de Nossa Senhora da Glória

Igreja da Glória com torre antiga

de 1963 26 deAno Janeiro de 1913


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8 setembro - Inauguração da torre do relógio da igreja de Nossa Senhora da Glória

A igreja de Nossa Senhora da Glória é o elo umbilical com a comunidade local, a origem da povoação surge precisamente devido à construção da igreja, que está associada a um milagre que envolveu o rei D. Pedro I e a aparição de Nossa Senhora da Glória. Conta-nos a lenda que o monarca que frequentava esta zona de charneca, por ser muito rica em caça, e numa dessa caçadas reais, o rei persegue um cervo, afasta-se da sua comitiva, e ao perseguir a presa de caça, acaba por cair numa pequena ravina, e sente aproximar um felino, vendo a sua vida em perigo clama por Nossa Senhora da Glória, que aparece ao monarca e afugenta o felino. O rei D. Pedro I impressionado com a aparição, decide edificar uma ermida em honra de Nossa Senhora da Glória, o referido templo foi construído em 1362. Desta época ainda hoje são visíveis a pedra da era como lhe chama o povo, trata-se de uma lápide medieval com a inscrição do ano da sua construção , o brasão de D. Pedro I e uma pequena escultura zoomórfica que o povo apelida do “bicho” e que a tradição popular diz que representa o felino que tentou atacar o monarca D. Pedro. Durante séculos a igreja manteve a sua fisionomia medieval sem grandes alterações arquitetónica, deve-se referenciar a existência do sino manuelino que foi colocado durante o reinado de D. Manuel, sendo visível a esfera armilar que carateriza o reinado deste monarca.

Lápide medieval

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1963


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Sino manuelino

Escultura zoomórfica medieval

No séc. XVIII a igreja sofre alterações, no reinado de D. Maria, uma lápide com a seguinte inscrição: A RAINHA N.S. A MANDOU FAZER 1783 A igreja talvez tinha sido afetada pelo sismo de 1755 e houve a necessidade de a reconstruir. Em 1963 uma grande alteração arquitetónica, altera a fachada secular desta igreja, é neste ano que é inaugurada a torre do relógio da igreja. Obra financiada pelo próprio povo da glória como consta na lápide que se encontra nesta torre: ESTA TORRE E ESTE RELÓGIO DEVE-SE À GENEROSIDADE DO POVO DESTE FREGUESIA. FORAM INAUGURADOS EM 8.9.1963, POR SUA EXCELÊNCIA O SR. PRESIDENTE DA CÂMARA. O relógio passa a balizar o quotidiano dos habitantes do lugar, uma espécie de horizonte sonoro, que marca as horas e chama os crentes para a missa. O relógio foi apelidado pela população local de “Almada”, pelo facto de a firma que o instalou era de Almada, como ainda hoje se pode ler no relógio . A obra da construção da torre do relógio esteve a cargo do Ti Chico do Manel Zé, um mestre pedreiro que ensinou muitas técnicas da construção civil a vários pedreiros glorianos. A nova torre do relógio veio alterar por completo a fisionomia arquitetónica da igreja, a torre é desproporcional em relação ao resta da nave do templo religioso, e com esta construção perde-se as reminiscências medievais que ainda se podiam encontrar na antiga ermida de Santa Maria da Glória.


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Construção da torre do relógio

Igreja com a torre finalizada

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Morte do primeiro soldado do concelho de Salvaterra de Magos na guerra colonial

Guerra Colonial

de 1963 26 deAno Janeiro de 1913


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Morte do primeiro soldado do concelho de Salvaterra de Magos na guerra colonial

1963

A guerra colonial foi uma chaga que marcou a sociedade portuguesa nas décadas de 60 e 70. Entre 1961 e 1974, Portugal esteve em guerra nas colónias de Angola, Moçambique e Guiné, foram 13 anos em que milhares de soldados foram mobilizados para este contexto de guerra. Portugal nunca aceitou os princípios de autodeterminação e independência dos movimentos de libertação das colónias, e quis manter a todo custo as colónias. Este conflito provocou fortes abalos nas finanças do estado, que continuava a gastar recursos em materiais bélicos, desgastou as forças armadas e colocou Portugal isolado no contexto político mundial, “orgulhosamente só”, como alguém escreveu sobre a atitude de Salazar. Neste conflito perderam a vida 8 valerosos soldados do nosso concelho: três de Marinhais, dois de Salvaterra de Magos, dois da Glória do Ribatejo e um de Muge. O primeiro soldado do concelho a tombar pela ditosa pátria foi João da Cunha Alves, que faleceu em Angola no dia 09 de janeiro de 1964. Até ao fim da guerra sucederam-se mais mortes de soldados no nosso concelho. Para que a sua morte não tenha sido em vão, e que a sua memória seja dignificada eis a listagem dos militares do nosso concelho, falecidos em combate: - João da Cunha Alves Natural de Marinhais - Faleceu em Angola a 09-01-1964 - Manuel Travessa Carvalho Natural de Salvaterra de Magos - Faleceu em Moçambique a 19-02-1966 - João Nunes Augusto Natural de Glória do Ribatejo - Faleceu em Moçambique a 28-02-1967 - António da Silva Delgado Natural de Marinhais - Faleceu em Angola a 21-09-1967 - Henrique Nuno Rita Duarte de Assunção Natural de Salvaterra de Magos - Faleceu em Angola a 16-12-1967 - José Fino Feijão Natural de Glória do Ribatejo - Faleceu em Moçambique a 18-11-1969 - Victor Manuel Castela Parreira Natural de Marinhais - Faleceu em Moçambique a 15-10-1971 - Manuel João Roque Trindade Natural de Muge - Faleceu na Guiné a 12-03-1974

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António da Silva Delgado

Joao Nunes Augusto

José Fino Feijão

Manuel João Roque Trindade

Manuel Travessa Carvalho

Nuno Assunção

Victor Manuel Castelo Parreira

João da Cunha Alves

Morte do primeiro soldado do concelho de Salvaterra de Magos na guerra colonial


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Guerra colonial

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Festas dos Toiros e do Fandango em Salvaterra de Magos

Entrada das festas de Salvaterra - ano de 1966

de 1966 26 deAno Janeiro de 1913


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Festas dos Toiros e do Fandango em Salvaterra de Magos Sob a presidência de José Matias Pinto de Figueiredo e graças ao apoio entusiástico de uma comissão, em 1966 organizaram-se as Festas dos Toiros e do Fandango. Estes festejos estavam agregados à secular Feira de Maio, que se realizavam num logradouro municipal, designado “Largo das Areias”, terreno localizado entre a Praça de Toiros e o local onde hoje se encontra o jardim de infância. Estas festas procuram divulgar a atividade agrícola local, com exposições de diferentes tipos de gado dos Lavradores de Salvaterra de Magos, mostra de maquinaria agrícola e atividades associadas à festa brava: desfile de campinos, largadas e uma corrida de touros, e de certa forma seguiam o modelo da Feira da Agricultura de Santarém. A apresentação dos festejos decorreu no Restaurante “O Ribatejano”, onde foram apresentados o programa e a comissão que organizou as primeiras festas dos Toiros e do Fandango: «Num restaurante de Salvaterra de Magos reuniu-se a comissão de iniciativa de melhoramentos desta terra, sob a presidência do sr. Presidente da Câmara, José Matias Pinto Figueiredo, tendo assistido os membros da comissão Eng. Romeu Fortes Pina, José Teodoro Amaro, Eugénio das Neves, António José da Silva, Armando Miranda, Joaquim Conceição Lopes, João Vicente da Fonseca, Manuel Valente, João Sabino de Assis, José Manuel Torrais, José António Amaro, Professor Armando Duarte Miranda e vários membros da comissão.» 1

Cartaz das Festas - Ano de 1967

1

Diário de Notícias, 1 de maio de 1966

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1966


65 As festas dos Toiros e do Fandango tiveram início a 8 de maio e prolongaram-se até ao dia 15. No dia de inauguração esteve presente o Governador Civil - Bernardo Mesquitela, uma parada de campinos e a Banda dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra aguardava os convidados, depois de abertura oficial que esteve a cargo do Governador Civil, que cortou simbolicamente uma fita, seguiu-se a visita ao recinto da feira. Após os festejos a Câmara Municipal exarou em ata um ato de louvor à comissão que organizou e promoveu estes festejos: «A Câmara Municipal deliberou por unanimidade agradecer à Comissão de iniciativas e melhoramentos desta vila de Salvaterra de Magos, a organização dos festejos que levou a efeito de oito a quinze do corrente mês e felicitá-lo pelo extraordinário êxito alcançado e ainda pela projecção que os mesmos tiveram no pais, mercê duma inteligente e profícua campanha publicitária.» 2

Aspeto da exposição de maquinaria agrícola nas festas

2

A.H.M.S.M. - Acta da reunião extraordinária de 23 de Maio de 1966 - Livro de Actas 6 de Junho de 1964 a 3 Novembro de 1966, fl. 155v

Festas dos Toiros e do Fandango em Salvaterra de Magos


66 Os festejos mantiveram-se até 1969, e foram uma marca do concelho que promovia as atividades associadas à agricultura e exaltava os valores da festa brava: os toiros e os campinos. Nesse ano vivia-se uma crise académica na cidade de Coimbra, e uma tuna desta universidade foi convidada para atuar nas festas, os estudantes descontentes com o que se passava em Coimbra, contestaram durante a sua atuação a carga policial aos estudantes, este episódio criou problemas à comissão de festas e de certa forma contribuiu para o fim destes festejos. Segue-se um longo período sem a realização das festas, até que em meados dos anos 80 (1983) são novamente retomadas, com o apoio da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e dos Escuteiros. Com a reorganização das festas, estas começam a fazer referência à génese histórica da vila de Salvaterra de Magos: a outorga do Foral, e passam a designar-se “Festas do Foral dos Toiros e do Fandango”. Estes festejos, tinham sempre o seu início a 1 de junho, data da outorga do Foral a Salvaterra de Magos, pelo rei D. Dinis.

Cartaz das Festas - Ano de 1968

Máquinas agrícolas em exposição

Aspeto da festa

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Cartaz das Festas - Ano de 1969

Pormenor de um campino e touro

Aspeto da festa


68

Aspeto da festa

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Criação de Freguesia da Glória do Ribatejo

Edifício da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo - década de 80

de 1966 26 deAno Janeiro de 1913


70

29 de agosto - Criação de Freguesia da Glória do Ribatejo O ano de 1966 representa uma data histórica para o Povo da Glória do Ribatejo, é o ano em que esta povoação se estabeleceu como freguesia e desanexou-se definitivamente de Muge. Durante séculos a Glória do Ribatejo, esteve ligada a Muge, que no passado chegou a ter autonomia administrativa, ou seja foi concelho até 1837, ano em que foi extinto o concelho de Muge e incorporado no concelho de Salvaterra de Magos. A luta da emancipação da Glória como freguesia foi longa e persistente, a primeira referência remonta a 1953, quando numa reunião de Câmara é inquerido o Pároco de Muge sobre a possibilidade da freguesia da Glória do Ribatejo: «Por unanimidade foi deliberado consultar o Reverendo Pároco da Freguesia de Muge sobre a possibilidade de criar a freguesia religiosa da Glória do Ribatejo.» 1

Comemorações da Glória do Ribatejo a freguesia

1

Primeira acta de executivo da Junta de Freguesia

A.H.M.S.M. - Acta da reunião ordinária realizada a 6 de agosto de 1953 – Livro de Actas 2 janeiro 1951 a 8 setembro 1953, fl. 33

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1966


71 Nos anos seguintes os glorianos desenvolveram os esforços necessários para alcançarem a revindicação da autonomia. Em 1965 é formada uma Comissão de Trabalho para a Criação da Freguesia da Glória, que convoca os glorianos para uma reunião, que teve lugar na cantina da escola, onde se pede aos chefes de família para assinarem o requerimento para a criação da freguesia da Glória do Ribatejo. Com estas assinaturas é formalizado o pedido ao Sr. Ministro do Interior, a qual é assinada por 600 chefes de família. Esta petição teve relevo na comunicação social, o jornal “Correio do Ribatejo” assinala esta ação: “Glória do Ribatejo vai ser Freguesia 2 A acarinhada aspiração de tornar freguesia a castiça Glória do Ribatejo, concretizou-se numa petição dirigida ao Sr. Ministro do Interior a qual foi assinada numa sessão efectuada naquela localidade, a que presidiu o Sr. José Pinto Figueiredo, Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e que assistiram os sr.s João Pereira Marques, Presidente da Comissão Concelhia da União Nacional; Manuel Teixeira Rocha e Armando Maymone Madeira, representantes das Juntas de Freguesia de Muge e Marinhais; Coronel Dr. Jorge Metelo; Inácio Pereira Caneira e outras pessoas de representação. Ali usaram da palavra sobre a petição dos glorianos os sr.s José Antunes Catarino, em nome da Comissão promotora da criação da Freguesia; Coronel Dr. Jorge Metelo, João Pereira Marques, José Pinto Figueiredo e Constantino Caneira, a qual procedeu à leitura do requerimento dirigido ao sr. Ministro do Interior, que seguidamente foi assinado por cerca de 600 chefes de família.”

Comitiva de convidados para as comemorações da elevação de Glória do Ribatejo a freguesia

2

Correio do Ribatejo, 24 de julho de 1965, p. 2

Criação de Freguesia da Glória do Ribatejo


72 Um ano mais tarde em 29 de agosto de 1966, o decreto lei n.º 47 170, determina a criação de Glória do Ribatejo como freguesia: “Atendendo ao que representou a maioria absoluta dos chefes de família eleitores com residência habitual nos lugares de Glória e Cocharro, pertencentes à freguesia de Muge, do Concelho de Salvaterra de Magos, no sentido de ser criada a freguesia de Glória do Ribatejo, com sede na primeira das citadas povoações. Considerando que a circunscrição a criar já possui escolas, igreja e cemitérios próprios; Considerando que a referida povoação da Glória dista da sede da Freguesia de Muge cerca de 14Km; Considerando que a autoridade eclesiástica pretende criar a correspondente paróquia religiosa, com os mesmos limites da nova freguesia; Considerando que se verifica todas as demais condições referidas no artigo 9.º do Código Administrativo e se cumpriram as formalidades exigidas pela mesma disposição legal; Considerando os pareceres favoráveis da Junta Distrital e do Governador Civil de Santarém, da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e das Juntas de Freguesia de Muge e Marinhais; Usando da faculdade conferida pela primeira parte do n. 2 do artigo 109.º da Constituição, o Governo decreta e eu promulgo, para valer como lei, o seguinte: Art. 1º - É criada, no concelho de Salvaterra de Magos, distrito de Santarém, a freguesia de Glória do Ribatejo, com sede na povoação de Glória § único. A freguesia de Glória do Ribatejo é classificada de 2.ª ordem Art. 2º - Os limites da nova freguesia são definidos por uma linha que, partindo da estrada nacional n.º 367, perpendicularmente ao quilómetro 5,557, segue para nordeste pela estrema das propriedades de Domingos Campos e José Carlos da Silva até à estrada do Forno, que acompanha num pequeno troço, inflectindo, depois, para nordeste e seguindo pela estrada das Vagens dos Burros até à estrada da Quebrada de Água, por onde prossegue para sudeste até alcançar a estrema das propriedades da Casa Cadaval com a de Herdeiros de Damião João Constâncio; segue por este estrema até à estrada de Muge, que percorre no sentido noroeste até à linha de água do Vale Judeu; segue por esta linha de água até à estrema das propriedades dos Herdeiros do Dr. Magalhães e dos Herdeiros de José Constâncio, por onde segue, até atingir novamente a estrade de Muge, pela qual avança, no sentido noroeste, até à estrada da Lamarosa, que percorre para sudeste até à estrada do Grou; prossegue por esta estrada para norte até atingir a estrada dos Casais, a qual acompanha no sentido sudeste, até ao carril de Joaquim Ventura, por onde prossegue em sentido norte, até alcançar o carril da Feteira, continua por este carril até à estrema das propriedades de António Fernandes e Jorge Antunes (que ficam do lado de Muge) com Herdeiros de João José Pereira Caneira, por onde inflecte, em sentido de nordeste até atingir o Vale do Lírio; daqui inflecte para a direita, prosseguindo em longa linha quebrada pelas estremas das propriedades contínuas da Casa Cadaval (que ficam do lado de Muge), denominadas “Arneiros de Semeia Cevada”; “Bica da Horta Velha”; “Vale dos Eucaliptais”; “Vale Cocharro”; “Vale Junco”; “Charneca do Vale Junco”; “Várzea da Gingada”; “Charneca da Fonte”; “Charneca da Retorta”; “Vale Junquinho”; “Várzea da Areia”; “Várzea da Mina”; “Vale de Figueira”; até ao Vale das Bicas, no limite do concelho inflectindo para sul, segue pelos limites do concelho, passando pelos marcos do Junco e das Esteveiras, Alto dos Corsos (onde atravessa a linha férrea, ao quilómetro 20,500) e cabeço do Marco, até à crista do Vale de Muge, onde deixa o limite do concelho de Coruche e inflecte para nordeste, seguindo pela linha limite da freguesia de Salvaterra de Magos (cota 68) até ao carril do Machado Leite; segue por este carril, e depois pelas estremas das propriedades do Valão, pelo Pessegueiro até à Quinta da Sardinha, situada

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73 na freguesia de Marinhais até alcançar a estrada de Magos, que segue, em sentido nordeste, até ao quilómetro 15,450 da via, a qual serve de limite até ao quilómetro 13,441: prossegue a partir deste ponto, no sentido leste, pela antiga estrada de Salvaterra de Magos até atingir a estrada da Mata; segue por esta estrada até à estrada nacional n.º 367 (quilómetro 5,406), continuando por esta última até ao quilómetro 5,557, ponto onde se iniciou a descrição Art. 3º - A eleição da Junta de Freguesia de Glória do Ribatejo realizar-se-á no dia que for designado pelo presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e serão eleitores os chefes de família da respectiva área inscritos no recenseamento eleitoral da freguesia de Muge. § 1.º A Junta eleita nos termos deste artigo servirá até ao final do quadriénio em curso § A competência atribuída pelo Código Administrativo ao Presidente da Junta, no que se refere a eleição e votação, será exercida pelo presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos Art. 4º - A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos procederá, no prazo de 60 dias, a contar da publicação do presente decreto-lei, à colocação de marcos, onde se tornem necessários, por forma que fiquem bem patentes os limites fixados no artigo 2.º. Publique-se e cumpra-se como nele se contém. Paços do Governo da República, 29 de Agosto de 1966, Américo Deus Rodrigues Thomaz, António de Oliveira Salazar, António Jorge Martins da Mota Veiga, Manuel Gomes Araújo; Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior, João de Matos Antunes Varela, Ulisses Cruz de Aguiar Cortês, Joaquim da Luz Cunha, Fernando Quintanilha Mendonça Dias, Alberto Marciano Gorjão Franco Nogueira; Eduardo de Arantes e Oliveira; Joaquim Moreira da Silva Cunha, Inocêncio Galvão Teles, José Gonçalo da Cunha Sottomayor Correia de Oliveira, Carlos Gomes da Silva Ribeiro, José João Gonçalves de Proença, Francisco Pereira Neto de Carvalho”. 3 Neste mesmo ano a 16 de outubro é constituído o executivo da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo: Presidente José Augusto Catarino; Secretário João António Palhas; Tesoureiro António Alexandre Pote e como vogais substitutos Inácio Pereira Caneira, Joaquim António da Fonseca e José Joaquim Magriço. José Augusto Catarino, foi o primeiro Presidente da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo, e foi uma figura fundamental na criação da freguesia, natural do Espigueiro, concelho de Coimbra, teve o contato com a Glória do Ribatejo, devido ao facto de trabalhar na RARET. A memória do seu nome perdura hoje na toponímia da povoação, uma das principais artérias da Glória tem o seu nome.

3

Jornal “O Século” - Ano 1966

Decreto-lei 47 179, de 29 de Agosto de 1966

Criação de Freguesia da Glória do Ribatejo


74

Edital da Comissão de Trabalho para a criação da Freguesia de Glória do Ribatejo

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Escola Industrial da RARET

Escola da RARET

de 1967 26 deAno Janeiro de 1913


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2 de outubro - Escola Industrial da RARET

1967

A RARET foi uma importante instituição que desempenhou um papel de elevado altruísmo para com a população da Glória do Ribatejo, para além da doação de terrenos onde foram construídos os edifícios da Junta de Freguesia e da Casa do Povo, do campo de futebol e mais tarde a sede desportiva deste clube e também o terreno onde hoje se encontra o Centro de Dia, também se destaca o papel que teve na educação, ao construir um edifício escolar – A escola industrial da RARET que foi inaugurada a 2 de outubro de 1967. Esta escola foi construída e suportada financeiramente pela administração da RARET, durante décadas foi uma escola modelo, umas das melhores da região do Ribatejo, vocacionada para o ensino industrial, com os cursos de eletrecista, serralheiro mecânico e radiotécnico, grande parte do corpo docente eram os próprios funcionários qualificados que trabalhavam na RARET.

Fachada principal da Escola Industrial da RARET

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77 A inauguração da escola mereceu destaque na imprensa local, o jornal “Aurora do Ribatejo” esteve presente e destaca na sua edição a presença de ilustres convidados como foi o caso de William P. Durke que ocupava o cargo de Vice-Presidente do Comité para a Europa Livre as edilidades locais e os vários funcionários da RARET. No artigo que ocupou a primeira página e as páginas centrais do jornal, menciona a qualidade da escola e a funcionalidade dos cursos ministrados nesta escola: «Esta escola criada dentro das normas e com a aprovação dos serviços competentes do Ministério da Educação Nacional, proporcionará os cursos de formação de montador radiotécnico, montador de electrecista e serralheiro mecânico; as habilitações necessárias para ingresso nela são o Ciclo Preparatório de uma Escola Técnica ou o curso unificado da Telescola. O ensino será ministrado gratuitamente à população escolar do concelho de Salvaterra de Magos. Com esta finalidade, a RARET planeou e construiu um edifício próprio com as salas de aula e serviços necessários constando de 2 pisos, com área total coberta de aproximadamente 1000 m2. Dispõe de 7 salas de aula, 1 sala de desenho, 1 laboratório de física e 1 laboratório de química, 1 sala de leitura e 1 ginásio, além das instalações de Secretaria e Directória. As salas são amplas e dispõem de janelas rasgadas, proporcionando adequada iluminação natural e arejamento, conforme prescrevem os regulamentos oficiais. Para a parte oficinal dos cursos, são utilizadas as instalações do Centro Emissor, a pequena distância e o seu equipamento. O corpo docente é na sua quase totalidade, formado por funcionários da Sociedade, que muito gostosamente acederam a colaborar nesta iniciativa, sendo de realçar o extraordinário entusiasmo que esta decisão da Administração da RARET despertou no pessoal da Companhia. O edifício da Escola, projecto do Departamento de Manutenção e Construções da Sociedade, foi construído pelo mesmo Departamento, iniciada a sua construção em 6 de Março do corrente ano, só graças ao excepcional interesse de todos foi possível concluí-lo a tempo de a Escola ser inaugurado no ano lectivo que entra. A criação de uma Escola constitui um projecto que tem naturalmente, dificuldades de vária ordem, a boa vontade e a dedicação de muitos permitiram que elas fossem removidas, mesmo os que nele não participaram directamente, contribuíram com o seu apoio e incentivo para confirmar a ideia de causa justa que criou ambiente propício a um redobrar de esforços.» 2

Pavilhão desportivo 2

Entrada da escola

Jornal Aurora do Ribatejo, 7 de Outubro de 1967, pp. 3- 4

Escola Industrial da RARET


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Jornal Aurora do Ribatejo - 7 de outubro de 1967

Jornal Aurora do Ribatejo - 7 de outubro de 1967

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79 A escola da RARET contribuiu para a educação dos glorianos em especial, apesar de muitos jovens de Marinhais e Salvaterra de Magos frequentarem a escola, a maioria era gloriana, e foram muitos os alunos que puderam estudar e tirar cursos superiores, e foi precisamente ao método do ensino rígido e preciso da escola da RARET que fez com que a Glória tivesse um elevado número de licenciados. A escola funcionou até meados da década de 90, notava-se já um decréscimo de alunos nesta fase final, e acaba por fechar. O edifício escolar ainda se mantém infelizmente sem qualquer recheio das salas de aula e a caminhar para a agonizante degradação.

sala de aula (abandonada)

Interior da escola

Jornal Aurora do Ribatejo 30 de setembro de 1967

Escola Industrial da RARET


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Escola da RARET

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Inaugurações de infraestruturas no concelho de Salvaterra de Magos: Pavilhões Desportivos da FNAT - Muge e Salvaterra de Magos, Casa do Povo da Glória do Ribatejo e edifício da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo

Jornal Aurora do Ribatejo 17 de Maio de 1969

de 1969 26 deAno Janeiro de 1913


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Ano de inaugurações de infraestruturas no concelho de Salvaterra de Magos: Pavilhões Desportivos da FNAT - Muge e Salvaterra de Magos, Casa do Povo da Glória do Ribatejo e edifício da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo

1967

O ano de 1969 é um ano histórico, nesta data o Homem chegou à lua, Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar solo lunar, Richard Nixon toma posse como Presidente dos Estados Unidos e realizou-se o festival Woodstock. Em França é realizado o primeiro voo com o avião Concorde. Em Portugal os estudantes de Coimbra estão em luta, uma grave crise estudantil que só foi serenada graças à intervenção policial que às bastonadas conseguiu pôr fim à crise estudantil de Coimbra, agudiza-se a guerra colonial, que ano após ano continua a mobilizar milhares de jovens portugueses para a guerra e um grande sismo que teve epicentro em Lisboa e repercussões no sul do país, provoca várias mortes. No concelho de Salvaterra de Magos, este ano corresponde a uma data de inaugurações de várias infraestruturas no concelho. Sob a presidência da Câmara de José Matias Pinto de Figueiredo, foram inaugurados na Glória do Ribatejo os edifícios da Junta de Freguesia e da Casa do Povo e em Salvaterra de Magos e Muge os pavilhões desportivos da FNAT - Federação Nacional de Alegria no Trabalho.

Avenida Estados Unidos da América sendo visível o Edifício da Junta de Freguesia e a Casa do Povo

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83 Edifício da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo A 29 de Agosto de 1966, a Glória do Ribatejo é formalmente criado como freguesia, desanexando-se de Muge e obtém a sua autonomia enquanto freguesia. As primeiras reuniões do executivo da Junta de Freguesia decorreram na escola primária e no edifício provisório da Casa do Povo. A necessidade de se criar um edifício novo para desempenhar as funções de Junta de freguesia remonta a 1967, quando a RARET doa o terreno para o edifício escolar, e um ano mais tarde já a obra está em andamento: «A Junta tomando conhecimento do que o projecto de edifício para sua sede mereceu a aprovação da Câmara Municipal deliberou confirmar a construção do mesmo a processar-se por fases, e verificando-se que no caso se apresentam as condições expressas nos números terceiro e quinto do artigo n. 360.º do Código Administrativo, deliberou que essa construção se faça por administração directa aproveitando materiais seus ou oferecidos e utilizando mão-de-obra da Junta e dos particulares. Começar-se-á pelas dependências destinada a arrecadação de materiais orçada em oito mil escudos seguindo-se a primeira fase do edifício da sede até à quantia de dez mil escudos orçada para o corrente ano.» 1

Edifício da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo - década de 80 Acta da reunião de Junta de Freguesia de 8 de Maio de 1968, citada por Roberto Caneira, Glória do Ribatejo - 40 anos de freguesia: 1966 – 2006, Glória do Ribatejo, Junta de Freguesia de Glória do Ribatejo, 2006, p.52

1

Ano de inaugurações de infraestruturas no concelho de Salvaterra de Magos: Pavilhões Desportivos da FNAT - Muge e Salvaterra de Magos, Casa do Povo da Glória do Ribatejo e edifício da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo


84 A 11 de maio de 1969, o novo edifício da Junta de Freguesia é inaugurado com a presença do Governador Civil - Dr. Bernardo António da Costa de Sousa de Marcelo. Este assunto mereceu destaque na imprensa local: «Festa digna, de extrema emoção regionalista e sobretudo patriótica, foi a que viveu nesta localidade, durante algumas horas, no passado domingo, dia 11, a propósito da inauguração do edifício sede da Junta de Freguesia. O sr. Governador civil do distrito de Santarém, acompanhado da sua numerosa comitiva, chegou aos limites das freguesias acompanhado pelo sr. Presidente, por volta das 15 horas onde foi recebido pelos membros da Junta, autoridades e muitas individualidades mais representativas da freguesia, que, formando depois uma longa fila de automóveis o acompanharam em direcção ao Largo 29 de Agosto onde densa multidão o aguardava e lhe tributou as primeiras ovações de exaltado carinho e respeito por aquele ilustre representante do Governo da Nação. S. Exª dirigiu-se em seguida entre alas do povo que o vitoriaram para a nova sede da Junta. Cortada a fita simbólica pelo sr. Governador Civil, o pároco da freguesia, sr. Padre Daniel Coelho Henriques, lançou sobre o novo edifício a bênção do ritual. Após este acto litúrgico presenciado com silencioso respeito, o sr. Governador decorreu, no vestíbulo daquela Casa, uma lápide em que se lia: «Esta casa foi inaugurada solenemente em 11 de Maio de 1969 pelo Exº sr. Governador Civil Dr. Bernardo António da Costa de Sousa de Marcelo (Mesquitella)» Acto continuo o sr. Tomas Pinto Basto, administrador da Raret, em representação do respectivo conselho de Administração, descerrava outra lapide dizendo: «A Raret Entre muitos benefícios deve-se-lhe a doação do terreno destinado ás instalações da Junta de Freguesia e da Casa do Povo. Homenagem do Povo da Gloria do Ribatejo». 2

2

Jornal Aurora do Ribatejo 17 de Maio de 1969, Ano V, n.º 226, p. 3 e 5

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85 Edifício da Casa do Povo de Glória do Ribatejo e pavilhões desportivos da FNAT de Salvaterra de Magos e Muge As casas do povo foram criadas pelo decreto lei 23 051 de 23 de Setembro de 1933. Nascidas em pleno Estado Novo, eram um organismo de cooperação social, dotado de personalidade jurídica, destinando-se a colaborar no desenvolvimento económico-social e cultural das comunidades locais, bem como a assegurar a representação profissional e a defesa dos legítimos interesses dos trabalhadores agrícolas. As casas do povo assumiram, também, a função de realizar a previdência social de todos os residentes na sua área de atuação. As primeiras instalações da Casa do Povo de Glória do Ribatejo foram num imóvel que era pertença de Inácio Teixeira Rocha, depois mudaram de instalações para o atual Largo 29 de agosto, e mais tarde para o Cabeço da Escola Velha em terrenos de António Pote. Mais tarde e graças à vontade do povo gloriano que organizou vários eventos para reunir dinheiro, é que se conseguiu edificar a atual Casa do Povo, paga pela população local.

Pavilhão da INATEL de Muge

Ano de inaugurações de infraestruturas no concelho de Salvaterra de Magos: Pavilhões Desportivos da FNAT - Muge e Salvaterra de Magos, Casa do Povo da Glória do Ribatejo e edifício da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo


86 Os pavilhões da FNAT (depois conhecidos por INATEL), foram equipamentos desportivos que engrandeceram as freguesias de Salvaterra de Magos e Muge, e que foram inaugurados neste ano de 1969: «OS IMPORTANTES MELHORAMENTO COM QUE O NOSSO CONCELHO ACABA DE SER BENEFICIADO. Na Glória foi inaugurado a Casa do Povo e em Salvaterra e Muge dois pavilhões desportivos. Como estava previsto, e aqui previamente anunciámos, o Subsecretário do Trabalho e Previdência, sr. Dr. José Luís Nogueira de Brito, acompanhado pelo Governado Civil de Santarém, sr. Dr. Bernardo de Mesquitela, altos funcionários do Ministério das Corporações, Directores Gerais dos Desportos, Providência, Trabalho e Delegação do INR, visitou o nosso concelho a fim de proceder à inauguração de importantes melhoramentos. Recebido com as merecidas honras pelas autoridades locai pessoas de maior destaque no nosso meio social, e por muito povo, logo após a sua chegada, encaminhou-se Sua Excelência acompanhado para o novo Pavilhão Desportivo. Feita a bênção deste, pelo sr. Padre José Diogo, usou da palavra o atleta sr. Fernando Rita Assunção, para saudar o sr. Subsecretário do Trabalho e Providência, pondo simultaneamente em destaque a alta importância deste melhoramento para todas as classes desportivas desta vila. Falou depois o presidente da FNAT, a cujo organismo se fica devendo o Pavilhão Desportivo agora inaugurado, que salientou os objetivos que se propõe atingir: o desenvolvimento físico e a cultura e a educação do povo. Tomou por fim a palavra o sr. Subsecretário do Trabalho que principiou por agradecer as manifestações de que fora alvo, exultou os esforços feitos pela FNAT no apetrechamento do País para o desporto de todas as classes trabalhadoras e historiou a evolução da vida das Casas do Povo que ia ser inaugurada. Organizada seguidamente uma sessão solene, usou da palavra o presidente da Casa do Povo, para agradecer a presença do Ex.mo Sr. Subsecretário de Estado e a todas as altas individualidades que se incorporaram no seu séquito e historiou a maneira como foi possível a construção do belo edifício, onde agora se encontravam, e para que tão eficazmente contribuiu a Sociedade Anónima de Retransmissão (RARET). Falou depois o presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, o sr. José Matias Pinto de Figueiredo, que depois das saudações habituais, se referiu a propósito à acção que urge desenvolver para elevar o nível de vida do nosso povo, principalmente do trabalhador rural, e cujo objetivo tem sido alvo de muitas das suas preocupações e canseiras. As inaugurações feitas hoje no seu concelho – disse – custaram 1770 contos, mas isto é nada em relação aos investimentos em curso. Aqui na Glória – continuou – sentimo-nos duplamente satisfeitos e confiantes. Satisfeitos por assistirmos à inauguração da sua Casa do Povo; confiantes por melhor podermos avaliar dos benefícios que dela vão irradiar para todos os laboriosos filhos desta nova mas já evoluída freguesia. Depois de encerrar a referida sessão solene, acompanhado por toda a sua comitiva visitou o sr. Subsecretário do Trabalho e Previdência as grandiosas instalações da RARET, de modo especial as de caracter social e educacional: a Escola Comercial e Industrial e o seu Posto Clínico, dotado das mais modernas aparelhagens, bem como a piscina há muito inaugurada. Antes de retirar, o Subsecretário de Estado manifestou todo o seu agrado por tudo quanto acabara de visitar, enaltecer o espirito compreensivo e da colaboração dos dirigentes da RARET, que nunca se pouparam a esforços e alguns muito dispendiosos para elevar o nível de vida das centenas de famílias que há muito andam ligadas pelo trabalho às suas diferentes actividades.

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87 Depois desta visita seguiu a caravana de todas as autoridades presentes para Muge, onde o Sr. Subsecretário de Estado foi inaugurar o Pavilhão Desportivo, anexo à Casa do Povo, cuja instalação ocupa lugar de relevo entre todos os organismos congéneres que sempre lhe tem prestado a ilustre Casa Cadaval, que desde tempos imemoriais nunca deixou de aliar a sua verdadeira fidalguia ao trato caritativo para com todos mugenses e no seu actual administrador Sr. Lúcio Martins de Sousa tem encontrado o melhor intérprete dos seus nobres sentimentos. O acto de inauguração do Pavilhão Desportivo de Muge, decorreu também com muita solenidade, observando-se o mesmo protocolo das inaugurações precedentes, encerrando assim a tarefa do Subsecretário de Estado nesta memorável jornada de vitalidade e progresso para todo o concelho.» 3 Estas inaugurações decorreram durante a presidência de José Matias Pinto Figueiredo, os edifícios ainda continuam ao serviço das comunidades onde estão instalados.

Pavilhão de Muge

Lápide de inauguração do Pavilhão da INATEL de Salvaterra de Magos 3

Jornal Aurora do Ribatejo 17 de Maio de 1969

Jornal Aurora do Ribatejo 17 de Maio de 1969, Ano V, n.º 226, p. 3 e 5 Ano de inaugurações de infraestruturas no concelho de Salvaterra de Magos: Pavilhões Desportivos da FNAT - Muge e Salvaterra de Magos, Casa do Povo da Glória do Ribatejo e edifício da Junta de Freguesia da Glória do Ribatejo


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jogo de andebol - inauguração do pavilhão de Salvaterra de Magos

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Igreja de Marinhais

construção da igreja de Marinhais

de 1975 26 deAno Janeiro de 1913


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1975

Maio - Igreja de Marinhais

A Freguesia de Marinhais na década de 60, afirma-se como o lugar do concelho com o maior número de população, e devido a esta densidade populacional a pequena igreja de S. Miguel Arcanjo era diminuta para receber os fiéis e por isso a população de Marinhais ambicionou a construção de uma nova igreja. Em 1961 encontra-se a primeira referência à construção de uma nova igreja em Marinhais, este assunto está mencionado no cartaz das Festas em Honra de S. Miguel Arcanjo, que o produto destes festejos reverte a favor da construção da nova igreja. As festas neste ano realizaram-se entre 14 a 17 de outubro. Nos anos seguintes organizaram-se várias iniciativas para angariar fundos: teatro, cortejo de oferendas e uma parte da receita dos festejos anuais dedicados a S. Miguel Arcanjo destinavam-se a financiar a construção da igreja. A cerimónia da primeira pedra para a nova igreja de Marinhais, decorreu em março de 1969, e contou com a presença das edilidades locais e do Sr. Bispo de Santarém – D. António de Campos, o assunto foi mencionado no Diário do Ribatejo da seguinte forma: «No limite da freguesia foi aguardado por numerosas individualidades, entre as quais destacamos o sr. José Matias Pinto de Figueiredo, Presidente da Câmara Municipal; sr. António da Silva Correia, Presidente da Junta de Freguesia de Marinhais, assim como os dadores do terreno para a construção da nova igreja Paroquial, sr. António Pereira Antunes e Manuel Coelho da Silva Rosa, além de grande comitiva. A caravana seguiu directamente para a igreja, onde sua Reverendíssima celebrou missa, tendo administrado o sagrado sacramento do crismo a numerosos fiéis. Após esta cerimónia religiosa foi servido um almoço volante no Cine-Marinhais, onde D. António de Campos teve a oportunidade de contactar com perto de 200 pessoas de todas as categorias sociais, auscultando opiniões sociais, verificando boas vontades, tendo ocasião de testemunhar que as esperanças da breve construção da igreja nova, não eram palavras vãs.» 1

Teatro com o objetivo de angariar fundos para a construção da igreja de Marinhais - Ano: 1963 1

Cortejo de oferendas a favor da construção da igreja de Marinhais Ano 1963

Diário do Ribatejo, 19 de Abril 1969

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91 O projeto arquitetónico da igreja esteva a cargo do arquiteto Germano Venade. As obras decorrem nos anos seguintes, não com a celeridade que se pretendia, contudo após 6 anos do lançamento da primeira pedra, em maio de 1975 é inaugurada a igreja Nova de Marinhais.

Colocação da primeira pedra pelo Bispo D. António Campos

Cartaz das festas de 1961, com referência à construção da nova igreja de Marinhais

Construção da igreja de Marinhais

Construção da igreja de Marinhais

Igreja de Marinhais


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Aspeto da construção da igreja

Aspeto da construção da igreja

Comitiva para a cerimónia do lançamento da primeira pedra da igreja de Marinhais

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Inauguração do Parque Infantil de Salvaterra de Magos

Parque Infantil - Ano 1985

de 1975 26 deAno Janeiro de 1913


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20 de Julho - Inauguração do Parque Infantil de Salvaterra de Magos

1975

O terreno designado “Largo das Areias”, situado entre a Praça de Toiros e as traseiras do Hospital, foi lugar de vários acontecimentos, em tempos antigos foi campo de futebol e nas décadas de 60 aqui decorria a feira de Maio e entre 1966 a 1969, realizaram-se as festas dos Toiros e do Fandango. Era um espaço amplo e desocupado, que pertencia ao Município de Salvaterra de Magos e foi o sítio idealizado pela população local para se construir um parque infantil, infraestrutura que não existia. Após a revolução dos cravos de 25 de abril, o povo está na rua e organiza-se em comissões e associações, para resolver qualquer tipo de assunto. A ideia de dotar Salvaterra de Magos de um parque infantil parte precisamente de um grupo de cidadãos que constitui a comissão trabalhadora do Parque, que trabalharam de uma forma gratuita na construção do parque. O início da primeira pedra ocorreu no dia 25 de agosto de 1974, mas um acontecimento trágico marcou o acontecimento, um grave acidente ceifou a vida a 3 pessoas, uma cisterna de água que estava em cima de um reboque tombou e fez 3 vitimas mortais: «Cerca das 18 horas quando os trabalhos ainda prosseguiam, foi necessário um trator com cisterna abastecer-se de água para as obras em curso, deslocando-se ao edifício dos Bombeiros para ser cheio. No entanto e devido a não ter ficado devidamente atestado ao descrever uma curva na rua 25 de Abril para a Avenida Vicente Lucas de Aguiar, com as oscilações provocadas por estas circunstâncias, as cintas de fixação da cisterna ao estrado rebentaram provocando a deslocação da cisterna indo esmagar Manuel Luís Carvalho, de 12 anos de idade, Jorge Manuel Gomes Dias de 10 anos de idade e provocando ferimentos a irmão do primeiro, de nome António José de Carvalho, mais morreu esmagado, Jorge Fernando Lino Duarte, de 24 anos de idade, regressado há dias do serviço militar, mais se informa que todos se encontravam em cima do atrelado.» 1

Jardim de infancia década de 80 - Fotografia de José Gameiro 1

Inauguração do parque infantil: Ano 1975 - Fotografia de José Gameiro

Jornal “Diário do Ribatejo”, 28 de Agosto de 1974

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Inauguração do parque infantil: Ano 1975 - Fotografia de José Gameiro

Inauguração do parque infantil: Ano 1975 - Fotografia de José Gameiro

Iniciou de uma forma assombrosa a construção do parque, mas esta comissão não baixou os braços e continuou a trabalhar, a organizar espetáculos e outras formas de obter dinheiro para a conclusão do parque. Passado um ano do lançamento da primeira, esta quase concluído e é mencionado no jornal “Aurora do Ribatejo”: «Encontra-se já na fase final a construção do parque infantil desta vila de Salvaterra de Magos, melhoramento que vem preencher uma ambição da população salvaterrense. Este parque que fica constituído como um dos melhores senão o melhor, parque infantil do distrito, foi construído único e simplesmente com as dádivas e trabalho da população local, estando já gasto nele, não contando com o trabalho gratuito da população, cerca de duas centenas de contos. Aguarda-se para breve a sua inauguração, que fará a alegria das crianças, já patente nas visitas que diariamente lhe faze cheias de ansiedade e curiosidade. No seu conjunto o parque infantil contém um edifício destinado a balneários casas de banho, arrecadações e um bar para as crianças, umas piscinas, um ring de patinagem, zonas verdes e os indispensáveis baloiços e escorregas, etc. Embora não queiramos realçar nomes para não molestar outros que de algum modo tenham contribuído para esta obra, não podemos deixar de citar alguns elementos da Comissão Trabalho do Parque que têm centenas de horas de trabalho gratuito após as suas ocupações profissionais, feitas especialmente aos domingos e da Comissão de Angariação de Fundos que, quer através de peditórios quer através da realização de espectáculos especialmente de teatro, têm conseguido fundos necessários para a obra.» 2 A inauguração do parque infantil ocorre no dia 20 de julho de 1975.

2

Jornal Aurora do Ribatejo, 14 de Junho de 1975, ano XI, n. 528, p. 4 20 de Julho - Inauguração do Parque Infantil de Salvaterra de Magos


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Construção das bancadas - Ano 1987

Inauguração do parque infantil: Ano 1975 - Fotografia de José Gameiro

Programa da inauguração do Parque infantil e Piscinas - Ano 1975

Piscinas - Ano 1985

Piscina pequena - Ano 1985

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A revolução de abril no concelho de Salvaterra de Magos e os tempos que se seguiram

Largo dos Combatentes - comemoração do 1.º de Maio de 1974

Anos de 1974 de - 1976 26 de Janeiro 1913


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A revolução de abril no concelho de Salvaterra de Magos e os tempos que se seguiram

1974/76

No inicio da madrugada do dia 25 de Abril, uma coluna militar com tanques, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, saiu da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e marchou para Lisboa. Na capital, tomou posições junto dos Ministérios e depois cercou o quartel da GNR do Carmo, onde se tinha refugiado Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar à frente da ditadura. Durante o dia, a população de Lisboa foi-se juntando aos militares para comemorar o fim da ditadura de 48 anos. No meio da multidão uma vendedora de flores distribuiu cravos, aos soldados em forma de agradecimento, dando origem ao nome “Revolução dos Cravos”. O Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos que ocupava o cargo nesta data era António Pombeiro, que foi eleito em 1973 tendo substituído o anterior Presidente José Matias Pinto Figueiredo. No dia 1 de Fevereiro de 1973 toma posse António Pombeiro, e o restante executivo era composto pelos Vereadores Manuel Militão Leal, Francisco Lopes Magalhães e Vital António da Costa Magriço. Na primeira acta da Câmara Municipal após o acontecimento do 25 de abril, que se realizou no dia 2 e Maio, não há uma única referência à mudança política provocada pelo fim da ditadura, o Presidente mantém-se no cargo e continua a tratar de assunto normais de uma autarquia: licenças, obras entre outros aspetos. No dia 16 de maio é que surgem as primeiras referências aos acontecimentos políticos, uma Comissão Concelhia de Movimento Democrático Português entrega uma petição com várias assinaturas para atribuir o nome de uma rua ao resistente anti fascista António Ramalho de Almeida e uma outra com o topónimo 25 de abril: «Presente a carta da Comissão Concelhia do Movimento Democrático Português, acompanhada de listas com várias assinaturas, em que solicitaram a mudança do topónimo Rua d’Água para Rua João Ramalho de Almeida, natural da vila, que foi vitima da acção criminosa da PIDE/DGS. A Câmara depois de apreciar o assunto deliberou por unanimidade que a actual Rua d’Água desta vila, passa a designar-se Rua António João Ramalho de Almeida. Foi também deliberada por unanimidade mudar o topónimo Rua Trinta e Um de Janeiro, desta vila para Rua Vinte e Cinco de Abril e designar por Rua Trinta e Um de Janeiro o arruamento que da Avenida Vicente Lucas de Aguiar se prolongue até à Rua da Betesga.» 1

Cartaz de evocação a António Almeida 1

Rui Cordeiro na Cabana dos Parodiantes, após o Comício com Mário Soares Ano 1974

A.H.M.S.M. - Acta da reunião ordinária do dia dezasseis de Maio de 1974 - Livro de Actas 16 de Novembro de 1972 a 19 Março de 1975, fls. 137 - 137v

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99 Nesta acta foi também deliberado que o Município aderisse ao Movimento das Forças Armadas: «A Câmara deliberou por unanimidade dar a sua inteira adesão ao Movimento das Forças Armadas e o seu incondicional apoio ao programa da Junta de Salvação Nacional.» 2 No dia 18 de julho de 1974 há novas alterações no executivo da Câmara Municipal, é eleita uma Comissão Administrativa, cuja presidência da Câmara é ocupada por Leonardo Ramalho Cardoso e os vogais são Joaquim Mario Cardoso da Silva Antão, Eugénio Tapada e Rui Manuel Mendonça Cordeiro. Até às eleições autárquicas que se realizaram em dezembro de 1976, o cargo de Presidente da Comissão foi também ocupado por Rui Manuel Mendonça Cordeiro e José Luís Serra Borrego. No dia 25 de abril de 1975, realizam-se as primeiras eleições livres para eleger os deputados da Assembleia Constituinte, que teve como principal objetivo a elaboração de uma nova Cxonstituição, que substitua a Constituição de 1933 do tempo do Estado Novo. Nestas eleições é eleito deputado constituinte pelo PS, Rui Manuel Mendonça Cardoso, natural de Salvaterra de Magos. Os deputados eleitos tinham um mandato único de um ano, e trabalharam afincadamente na elaboração da nova constituição. A 2 de Abril de 1976 é aprovado a lei que consagra a Constituição da República Portuguesa. Esta Constituição consagrou os direitos fundamentais aos seus cidadãos, estabeleceu os princípios basilares da democracia, com vista à construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.

Comemorações do 1.º de Maio de 1974

Comemorações do 1.º de Maio de 1974 2

Idem, fl. 137v A revolução de abril no concelho de Salvaterra de Magos e os tempos que se seguiram


100 Eleições Legislativas As eleições legislativas realizaram-se no dia 25 de abril de 1976. apresentaram-se ao sufrágio 14 partidos: PS, PPD, PCP,CDS, UDP, FSP, MRPP, MÊS, PDC, LCI, PCP (M-L), AOC e PRT. A nível nacional, ganhou o PS e o primeiro ministro foi o Dr. Mário Soares, a votação ficou ordenada a votação da seguinte forma:

Resultados Nacionais (fonte: CNE – Comissão Nacional de Eleições)

Na votação no concelho de Salvaterra de Magos, o PS ganhou as eleições, o resultado ficou ordenado da seguinte maneira:

Rui Cordeiro no Comício com Mário Soares, juntamente com Manuel Castelo e Fernando Santos - Ano 1974

Fonte: Aurora do Ribatejo, 30 de Abril de 1976

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101 Eleições Presidenciais A 27 de Junho de 1976, realizaram-se as primeiras eleições presidenciais. Os candidatos foram: António Ramalho Eanes, Otelo Saraiva de Carvalho, José Pinheiro de Azevedo e Octávio Pato. O General Ramalho Eanes foi o candidato mais votado. A nível nacional ficou ordenada a votação da seguinte forma:

(fonte: CNE – Comissão Nacional de Eleições)

Os Resultados no concelho de Salvaterra de Magos, seguiram a tendência dos resultados nacionais e consagraram o General Ramalho Eanes como o grande vencedor das Presidenciais no concelho de Salvaterra de Magos.

(fonte: Jornal Aurora do Ribatejo 3 de Julho 1976)

A revolução de abril no concelho de Salvaterra de Magos e os tempos que se seguiram


102 Eleições Autárquicas As eleições autárquicas realizaram-se a 12 de Dezembro, foram as primeiras eleições para eleger os órgão locais. Apresentaram-se às eleições no concelho de Salvaterra de Magos os seguintes partidos: PS, FEPU, PPD/PSD E LCI. Os resultados foram os seguintes:

(fonte: CNE – Comissão Nacional de Eleições)

Executivo da Câmara Municipal resultantes da autárquicas de 1976: - Leonardo Ramalho Cardoso (Presidente) - José Luís Serra Borrego - Rafael Pereira Júnior - Vital Brito Ferreira - António Manuel Gonçalves Lopes - Rui Manuel Mendonça Cordeiro - Jerónimo Duarte Fonseca

Executivo da Junta de Freguesia de Salvaterra de Magos - António da Silva Ferreira Moreira - Manuel Costa Carrasqueira - Graziela Coelho Ferreira da Silva - Carlos Duarte - João António Tomaz Coutinho - Evaristo Filipe Andrade - Francisco Rodrigues Pereira - António Filipe Maia do Rosário - Porfírio Bernardino Fernandes - João Almeida da Silva - Elvira Conceição Arroz Damásio

Apontamentos Históricos do concelho de Salvaterra de Magos - 1951/1976


103 Executivo da Junta de Freguesia de Glória do Ribatejo - Inácio Monteiro Nunes (Presidente) - Emídio Nunes Monteiro - José da Venda Abade - João Maria Madelino - Constantino Pereira Caneira - Cristóvão Filipe Abade - Francisco Caneira Monteiro - João Alexandre R. Abade - Armindo João Pirralha Caneira

Executivo de Marinhais - António Mendes Burgal (Presidente) - Joaquim Jesus dos Santos - João António Sousa Palhas - João Leal Bardo - João Mendes Felisberto - João Leal Martins - José Manuel Oliveira Caseiro - João Manuel Neves Coelho - Alberto Manuel da Silva Henriques

Executivo da Junta de Freguesia de Muge - João António Brito Faria (Presidente) - José da Silva - Joaquim Pedro Nunes - Manuel Augusto Jorge - José Maria Paulo de Jesus - Joaquim Trindade Patrício - Carlos Manuel Braz Pereira - Diamantino Pardal Ribeiro (Fonte: Jornal Aurora do Ribatejo: 25 de Dezembro 1976 e 5 janeiro de 1977)

Fonte: Jornal Aurora do Ribatejo: 25 de Dezembro 1976


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Bibliografia - CANEIRA, Roberto, Glória do Ribatejo - 40 anos de freguesia: 1966 - 2006, Glória do Ribatejo, Junta de Freguesia de Glória do Ribatejo, 2006 - CARDOSO, João Luís; ROLÃO, José Manuel, Prospeção e escavação nos concheiros mesolíticos de Muge e Magos (Salvaterra de Magos): contribuição para a história dos trabalhos arqueológicos, In Estudos arqueológicos de Muge, Vol. I, s.l., Centro de Estudos de Arqueologia da Universidade Autónoma de Lisboa / Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, 2002/2003 - Código de Posturas Municipaes do concelho de Salvaterra de Magos, Santarém, Tipografia Bernardino Soares, 1903 - FIGUEIREDO, Olívia, As práticas funerárias nos concheiros mesolítico de Muge (dissertação para a obtenção do grau de mestre em Arqueologia), Faro, Universidade do Algarve - Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, 2014 - História do Século XX, vol. VII, Lisboa, Publicações Alfa, 1995 - Memórias Paroquiais de Salvaterra de Magos 1758, Dicionário Geográfico de Portugal, vol. XXXIIII, In O Paço Real de Salvaterra de Magos. A corte, a ópera e a falcoaria, Lisboa, Livros Horizonte, 1989 - SANTOS, David, Ateneu Artístico Vila-Franquense. Da Monarquia Constitucional à Adesão Europeia, s.l., Edições Colibri/ Museu Municipal/ Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, 2008

Imprensa - Jornal “Aurora do Ribatejo” 22 de Outubro de 1966 - Jornal Aurora do Ribatejo, 7 de Outubro de 1967 - Jornal Aurora do Ribatejo 17 de Maio de 1969 - Jornal “Aurora do Ribatejo”, 1 de Novembro de 1969 - Jornal “Aurora do Ribatejo”, 14 de Junho de 1975 - Jornal “Aurora do Ribatejo”, 25 de Dezembro 1976 - Jornal “A Hora”, tomo 5, abril 1939 - Jornal “Correio do Ribatejo”, 24 de julho de 1965 - Jornal “Diário de Lisboa”, 2 fevereiro 1954 - Jornal “Diário de Notícias”, 1 de maio de 1966 - Jornal “Diário do Ribatejo”, 19 de Abril 1969 - Jornal “Vida Ribatejana”, 25 de Abril de 1953 - Jornal “Vida Ribatejana”, 19 de dezembro, 1953 - Jornal “Vida Ribatejana”, 15 outubro 1960 - Vida Ribatejana – Numero comemorativo dos centenários da fundação de Portugal: 1140 - 1640 - 1940, ano XXIV, n.919/23, Vila Franca de Xira, 1940

Apontamentos Históricos do concelho de Salvaterra de Magos - 1951/1976


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Arquivo Histórico Municipal AHMSM - Livro de Actas 7 janeiro de 1896 a 18 outubro 1904 AHMSM - Livro de Actas 25 outubro 1904 a 15 fevereiro 1912 AHMSMS - Livro de Actas 12 Fevereiro a 11 Dezembro 1917 AHMSM - Livro de Actas 2 janeiro 1918 a 28 novembro 1925 AHMSM - Livro de Actas 24 maio 1935 a 20 dezembro 1940 AHMSM - Livro de Actas 2 janeiro de 1951 a 8 setembro 1953 AHMSM - Livro de Actas 8 Setembro 1953 a 4 Abril 1956 AHMSM - Livro de Actas de 4 de abril 1956 a 13 de abril de 1959 AHMSM - Livro de Actas 6 de Junho de 1964 a 3 Novembro de 1966 AHMSM - Livro de Actas 16 de Novembro de 1972 a 19 Março de 1975 AHMSM - Acta do Conselho Municipal 15 Março 1937 a 14 Setembro 1966 AHMSM - Registo de ofícios de 11 janeiro 1854 a 10 julho de 1868 AHMSM - Registo de ofícios 12 abril 1871 a 25 de junho 1872 AHMSM - Projecto do cinema a construir em Salvaterra de Magos, março de 1953

Internet - Catálogo da exposição “Vencer a distância. Cinco séculos dos correios em Portugal”, Museu das Comunicações, disponível em: http://www.fpc.pt/Portals/0/PDF%20Exposicoes/Percurso%20de%20Correios.pdf, [consultado a 02-06-2016] - Classificação da Capela Real, disponível em http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPAArchives.aspx?id=092910cf-8eaa-4aa2-96d9-994cc361eaf1 (consultado a 24 de Maio 2016) - CNE – Comissão Nacional de Eleições - http://eleicoes.cne.pt/ - José Gameiro, Recordar também é reconstruir. Coleção de apontamentos n. 0 – 6. Salvaterra de Magos documentos para a História do século XIII – séc. XXI,, vol. I, pp. 147 – 159, disponível em: https://issuu.com/josegameiro/docs/i_volume_cadernos_0-6_, (consultado a 06-06-2016) - http://www.parlamento.pt/parlamento/documents/crp1976.pdf (consultado a 9 de Maio de 2016

Legislação Decreto lei n. 16791 de 30 de abril 1929 Decreto n.º 39 175, DG, 1.ª série, n.º 77 de 17 abril 1953 Decreto-lei 47 179, de 29 de Agosto de 1966


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