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c. 1666) e os seus autores | Francisco Lameira e Vítor Serrão | pág. 33 à

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Foto 4 - interior da Capela Real - foto CM de Salvaterra de Magos

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O Retábulo proto-barroco da capela do antigo Paço Real de Salvaterra de Magos (c. 1666) e os seus autores

O retábulo da Capela palatina de Salvaterra: tipologia e formas.

Voltamos ao retábulo da Capela do antigo Paço Real de Salvaterra de Magos, obra maior de António Vaz de Castro, é um precioso interessante exemplar daquilo que aqui designamos por talha proto-barroca, isto é, da fase que coincide com os anos conturbados das guerras da Restauração (1640- 1668) e que antecede o aparecimento do chamado Barroco Nacional. Esta fase tão inovadora da arte da talha portuguesa — a chamada Talha Proto- barroca — é uma sub-fase muito mais interessante do que ate agora se supunha, e que se caracteriza em termos genéricos pela aceitação e pela experimentação de algumas inovações artísticas oriundas da Roma Barroca. Os primeiros sinais dessa fixação morfológica surgem na década de 1630 e até já na de 20 podem ser anunciadas propostas de viragem na monotonia do figurino tardo-maneirista vigente. É no entanto a partir da Restauração de 1640 que se acentua esta tendência inovadora. Ela expressa-se, em alguns casos, pela presença de elementos estruturais, nomeadamente na planta e na composição dos retábulos, na linguagem decorativa em médio relevo, designada na época ao moderno - como diz Germain Bazin, «l’ornement tend à se développer pour son compte sans être soumis à une ordonnance architecturale, sans non plus adapter son échelle à sa fonction monumentale»28 Vejamos no caso concreto do retábulo da Capela do antigo Paço de Salvaterra de Magos as inovações usadas. - A planta é em perspectiva côncava, de grande dinamismo. Lembremos que na talha maneirista as plantas eram sempre planas ou rectas. - Estruturalmente, apresenta um só tramo ladeado por três pares de colunas. Lembremos que na talha maneirista os retábulos mores tinham sempre três tramos. - O espaço central destinado à exposição da imagem do orago, neste caso do Senhor Crucificado, interrompe o entablamento e prolonga-se pelo remate. Na talha maneirista os espaços intercolúnios estão sempre subjugados à estrutura arquitectónica numa relação geométrica proporcionada pela relação corpo/tramo. - O remate com três arquivoltas plenas, concêntricas e com cinco aduelas. Estruturalmente esta solução é a opção mais usada no barroco nacional. - O predomínio de um vocabulário ornamental em médio relevo baseado na folhagem de acanto, nas cabeças de serafins, etc. , que se expande pelos espaços disponíveis, incluindo pelos fustes das colunas, que não são ainda em espiral. O aparecimento da coluna em espiral marca o início da fase brilhante do Barroco Nacional. A obra pioneira é o retábulo marmóreo, desaparecido no terramoto de 1755, da Igreja de Nossa Senhora do Loreto, em Lisboa, cuja traça data de 1668 e é da autoria do arquitecto régio João Nunes Tinoco. Ainda o retábulo de Nossa Senhora do Loreto não está concluído, pois as colunas só chegam de Génova em 1671 e já começam a surgir nos retábulos de madeira entalhada de Lisboa as colunas em espiral com o fuste decorado com parras, cachos de uvas, fénix, meninos, etc. O primeiro exemplar, de momento conhecido, apesar de já não existir, 46

28 Germain Bazin, Op. Cit, p. 11.

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foi ajustado em 1670, no dia 13 de Agosto, entre o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e um cotado mestre entalhador lisboeta, Pedro Álvares Pereira, com destino ao altar- mor da igreja da Conceição Velha.29 Para concluir, poder-se-ia levantar a questão de o retábulo palatino de Salvaterra de Magos ser já um exemplar precoce do Barroco Nacional, utilizando as colunas de fuste liso cobertas de brutescos como uma solução de tendência arcaizante, como acontece aliás noutras zonas periféricas do país em que surgem exemplares com um gosto estilístico e modelos nitidamente de viragem. Contudo, não nos parece consistente essa hipótese, se se atender ao facto de estarmos diante de uma obra erudita, promovida pela Corte e executada pelos profissionais mais actualizados do seu tempo, responsáveis pelo início das inovações artísticas. A consciência da modernidade nas obras de retabulística ensaiadas nesses anos da Restauração portuguesa comprova que se está perante uma fase de abertura de estilo e de superação morfológica, que é lícito apelidar de Estilo Proto-Barroco. O grande historiador de arte Germain Bazin disse, a propósito desta questão, que «l’antériorité de cet autel sur tons les autres du type roman à voussures est marquée par son décor. Les colonnes droites et les voussures sont recouvertes de rinceaux d’arabesques mais ces rinceaux commencent à prendre une forme vëgétale »30 .

Foto 5 - Altar mor da Capela real - Foto CM de Salvaterra de Magos

29 Vítor Serrão, A Cripto-História de arte. Análise de Obras de Arte Inexistentes, Livros Horizonte, Lisboa, 2011, Cap.º5 30 Germain bazin, ob. Cit, p. 15

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O Retábulo proto-barroco da capela do antigo Paço Real de Salvaterra de Magos (c. 1666) e os seus autores

Foto 6 - Pormenor das pinturas do tecto da Capela Real - foto CM de Salvaterra de Magos

Foto 7 - Pormenor do Cristo crucificado da Capela Real - foto CM de Salvaterra de Magos 48

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O Esplendor da Corte na “Torre de Salvaterra”

Natália Correia Guedes

Presidente da Academia Nacional de Belas Artes

O Esplendor da Corte na “Torre de Salvaterra”

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O Esplendor da Corte na “Torre de Salvaterra”

A monografia que a Câmara Municipal de Salvaterra editou sobre “O Paço Real de Salvaterra de Magos. O Paço, a Opera e a Falcoaria”, tem 33 anos; foi uma iniciativa extremamente útil que produziu, entre outros, os seguintes frutos: . decorridos dois anos, o Museu Nacional dos Coches (tendo como guião os capítulos daquela monografia relativos à Falcoaria), organizou a primeira exposição no género no nosso país, “Falcoaria Real”, apresentada posteriormente nos Países Baixos, em Valkensward, vila de onde eram originários os Mestres Falcoeiros que trabalharam em Salvaterra. Na inauguração estiveram presentes o Embaixador de Portugal em Haia e as mais representativas entidades locais. A charamela real que, em parte, constou da referida exposição, veio a merecer, pela excelência e raridade dos instrumentos, uma gravação em estúdio, utilizando as trombetas originais, com interpretação de Sonatas de Carlos Seixas por Edward Karr e Irmtraud Kruger. (1) . sensibilizou a Câmara Municipal para organizar na Capela Real, em 1987, uma exposição intitulada “Salvaterra de Magos. Proposta de recuperação de uma vila com 7 séculos de História”, com a colaboração do Museu Nacional dos Coches; . conduziu à aquisição e recuperação do edifício da Falcoaria Real, adaptando-o a Centro de Interpretação, com espécies vivas, possibilitando uma considerável divulgação junto das escolas e do público. Estas iniciativas, por sua vez, justificaram a geminação de Salvaterra e Valkensward e a inclusão de Portugal no grupo de países que obteve a classificação da Falcoaria, como “Património Imaterial da Humanidade”, pela UNESCO. . aquele livro foi também um estímulo para a criação, em 1991, da Associação Portuguesa de Falcoaria (APF) que, a breve trecho, começou a promover a formação de jovens falcoeiros, proporcionando-lhes a prática em propriedades privadas, por ocasião de caçadas anuais; a eles se destinou o manual “Arte da Caça de Altaneria” de Diogo Fernandes Ferreira (1616), que a APF reeditou em 2006. Daquele grupo, um dos jovens que mais se destacou foi Carlos Crespo que viria a ser o representante da APF na International Association for Falconary and Conservation on Birds of Prey (IAF) e fundador da Falcoaria na Coudelaria de Alter (1996), em Alter do Chão, para onde foram projectadas instalações equipadas com a mais sofisticada aparelhagem, permitindo a criação de aves de rapina em cativeiro; funcionou em pleno até 2020. É autor de dois estudos de leitura obrigatória para a compreensão da iniciação à falcoaria, o adestramento, a caça (equipamentos e acessórios de voo), a reprodução e o bem-estar: “A Arte da Falcoaria” e “Falcoaria Arte Real”. (2)

. recentemente, em 2016, organizamos no Museu do Oriente a exposição “A Arte da Falcoaria. De Oriente a Ocidente”, já com um âmbito apreciável, atravessando 2000 anos e três continentes, do império do grande Khan à Europa contemporânea. Incluiu 172 objectos, em grande parte inéditos. O sucesso que obteve explica a proposta que nos foi dirigida pela “PARTNER Culture +Projects” (que considerou a exposição “the best exhibitions in this subject we have seen so far”), (3) para colaborar na organização de uma exposição itinerante que se intitularia “O nobre desporto da altanaria” a realizar em diversos países da Europa, com a 50

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participação de instituições de grande prestígio, das quais se destacava o Kunst Historiche Museum de Viena de Áustria. Uma vez assinado, em 2018, um “Acordo de Cooperação” entre as duas entidades portuguesas envolvidas (Câmara Municipal de Salvaterra e Fundação Oriente), estavam em curso os preparativos para a itinerância, quando a pandemia impossibilitou a sua concretização. A exposição do Museu do Oriente conduziu posteriormente à “descoberta”, no respectivo Centro de Documentação, de uma cópia manuscrita do “Trattato della preservatione da cancer che veni alli falconi il quale per comandamento dela S.R.M. del S. Re Don Fernando di Aragona Re italico composse Ynico Davalos”, obra rara, redigida no séc. XV, estando em curso a edição, pela autarquia de Salvaterra, sob a orientação do Doutor Filipe Themudo Barata, docente na Universidade de Évora. Constata-se que, decorridas aquelas quase três décadas e meia, foi diminuta a identificação de novos testemunhos, directa ou indirectamente relacionados com o Paço. No entanto os que se localizaram constituem referência para novas pistas de pesquiza e por esse motivo os refiro em seguida. Assim, por sequência cronológica, introduzo como primeiro elemento a destacar, pelo considerável valor iconográfico e simbólico, o tumulo da rainha D. Beatriz (Coimbra, 1373 - Toro, cª 1412) filha do rei D. Fernando e de D. Leonor Telles, cujo casamento com D. João I, rei de Castela, se realizou em Badajoz, após terem decorrido em Salvaterra difíceis negociações politicas de que resultaria o “Tratado de Salvaterra de Magos”, decisivo para o conflito dinástico que conduziria o Mestre de Avis ao trono; o tumulo, de grande qualidade estética, está no Mosteiro de Sancti Spiritus, em Toro (Espanha).

Túmulo de D. Beatriz de Portugal, filha do rei D. Fernando e de D. Leonor Teles, casada com D. João I de Castela. Mosteiro do Sanctu Spiritus, Toro (Zamora)

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Posteriormente ao domínio do “Senhor da vila”, o Infante D. Luís, estão documentados despachos e estadias no Paço, de todos os monarcas, incluindo Filipe I cujo cronista João Baptista Lavanha refere que em 1581 “Sahio Sua Majestade a montear, servindo neste exercício o Monteiro mor Francisco de Mello e os monteiros Portugueses; mataram alguns Porcos Montezes.” (4) Conhecemos igualmente a constituição das comitivas, os programas de festejos, os libretos de Operas, desenhos de cenários e descrições de caçadas. Recentemente, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a Doutora Aline Hall de Beuvink localizou o desenho da fachada Nascente do Paço, assinada pelo Arq.º Carlos Mardel que veio confirmar a atribuição que em tempo fizéramos. (5) Cremos que haverá a hipótese de se vir a identificar documentação inédita sobretudo em arquivos de Família cujos antepassados, de um modo geral nobilitados, exerceram cargos oficiais relacionados com Salvaterra, como Caçador-mor, Estribeiro-mor, Monteiro-mor, entre outros, área que aliás tentámos desbravar, logo de início, mas que por pressupor a organização dos referidos arquivos (o que não é comum, entre nós), tem inviabilizado diversas tentativas. A este propósito, anima-nos a generosidade de um sucessor esclarecido de dois Almoxarifes do Paço (José dos Santos Freire e António Eliseu da Costa Freire) que nos vem incentivando com “descobertas” de cantarias rusticas ou aparelhadas. Refiro-me ao Dr. Aníbal da Costa Freire Correia, em quem recai dupla responsabilidade pelo facto de ser também trineto do Mestre falcoeiro Jacob Francisco Verhouven; o seu interesse pela história da vila evoluiu para verdadeira paixão e raros são os anos em que não localiza mais cantarias do Paço encastradas em muros ou avulsas, em propriedades privadas. Merecem referência: a bacia de fonte, em mármore branco, decorada com quatro carrancas, datável de final do séc. XVI, actualmente colocada na Capela Real; duas colunas de pedra lioz com fustes e bases dóricas e capiteis jónicos, reaproveitados num pátio privado da vila; o fragmento de uma base elíptica, de pedra lioz (jardim da Casa Roquette da Rocha e Mello); a lápide encastrada numa parede lateral da Santa Casa “DA MIZª PARA RECOLHER OS POBRES PEREGRINOS”, o marco de pedra lioz branca, com a inscrição “S. JOANA”, que hoje serve de degrau à Casa do Guarda do “Couto da Ferradoura”. Este marco terá pertencido a um conjunto de 35 marcos limítrofes das propriedades do concelho de Salvaterra que pagavam dízimo ao Convento de S. Joana, de Lisboa, e à Comenda de S. Paulo de Salvaterra, cuja localização consta pormenorizadamente do “Tombo do Comenda de S. Paulo” (6). A inscrição identificando o reaproveitamento de cantaria do Paço (Raposeira).

Bacia de fonte, em mármore branco, tendo esculpidos no bordo quatro carrancas. Final do séc. XVI; está actualmente exposta na Capela Real. 52

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53 Colunas de fuste e base dóricas, com capiteis jónicos, em cantaria, provenientes do Paço Real, colocadas no pátio de uma casa privada, em Salvaterra Base elíptica, em lioz, proveniente do Paço Real. Col. part

Lápide encastrada no muro do terreiro da Igreja da Misericórdia.

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Marco de propriedade com a inscrição “S. JOANA”. Colocada actualmente como primeiro degrau de acesso à casa do guarda do “Couto da Ferradoura” Inscrição existente na Herdade da Raposeira (privada), referindo a proveniência de cantaria removida das ruínas do Paço Real

Exterior e interior da Herdade da Raposeira (privada) 54

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Segundo tradição de sua Família, o Marechal General Conde de Lippe ficou uma vez em casa do Almoxarife e ofereceu. como agradecimento pela hospitalidade, um par de pistolões com os respectivos coldres. Teria sido por ocasião de uma estadia de Sua Majestade no Paço Real, em Janeiro de 1763, a que se refere o Conde de Oeiras (então Secretario dos Negócios Estrangeiros), em carta dirigida a Miguel de Arriaga Brum da Silveira? Nessa carta o Conde (nomeado Marquês de Pombal seis anos depois), convida Brum da Silveira, Secretário Particular do Conde de Lippe, para ficar em sua casa “para ter alguma recreação com a Música, o Teatro e a Falcoaria”, garantindo-lhe que “tem casa prevenida onde pode estar com todo o cómodo e em toda a liberdade sem que a Corte lhe sirva de embaraço.” (Doc.1) Como as cheias eram uma preocupação constante nos invernos, dificultando ou mesmo impedindo a circulação, o Conde de Oeiras insiste, em novas cartas, nos dias seguintes, indicando os meios de transporte e as estradas aconselhadas. (Docs. 1 a 3)

Par de pistolões e respetivos coldres , oferecidos pelo Conde de Lippe ao almoxarife do Paço Real Planta e alçado da casa que, segundo a tradição, era utilizada pelo Conde de Oeiras nas suas estadias em Salvaterra, esquina do Largo da Vila com a Travessa

Fachada da casa do Conde de Oeiras

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Este ano, graças à inestimável colaboração de um grande conhecedor da história de Salvaterra, tive conhecimento de uma planta (de colecção privada), que reune um conjunto de sete pequenos esquissos, desenhados a lápis sobre papel “Whatman 1838”; embora sem autoria nem data, representam diversos edifícios de Salvaterra, como a planta e alçado da Falcoaria, a planta e alçado da casa onde se instalava o Conde de Oeiras, no Largo da Vila, assim como pormenores de localização de serviços do Paço Real. Estes apontamentos terão sido feitos por ocasião da cedência ao Estado dos “Bens pertencentes ao Almoxarifado de Salvaterra de Magos”, determinada pela Rainha D. Maria II, a 10 de Setembro de 1849, posteriormente vendidos. (7)

Planta e alçado da Falcoaria. Desenho a lápis, sobre papel, com marca de água “Whatman, 1838”. Sem autor, nem data. Col. part. Em 2019, um outro descendente do referido Mestre Falcoeiro Verhouven, o Eng. Pedro Brito Correia, localizou no Museum Schloss Fasanerie de Einchenzell (Alemanha) o retrato de Henrique Verhouven, desenho a carvão e sanguínea sobre papel, legendado “Hoffalconier meister Verhuefen”. Este é o único retrato que se conhece do grupo de Falcoeiros brabantinos que trabalharam na falcoaria de Salvaterra. Henrique (activo em Salvaterra entre 1752 e 1764) era filho de Jacobus Francisco Verhoeven e de Antónia Patronilha e irmão de João Guilherme Verhoeven; apenas se conhecia uma pintura que o representa de costas, a cavalo - a “Cena de caça de altanaria”, na propriedade do Duque de Waldeck-Pymont; em primeiro plano está representado o Duque com o seu convidado o Marquês Frederico II de Hessen-Kassel. (8).

Retrato de Henrique Verhouven. Desenho a lápis e sanguínea. Museu Scholss Fasanerie de Einchenzell (Alemanha) 56

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Todos estes contributos ajudam a reconstituir o que terá sido o “sumptuoso Palácio”, como o considerava, em 1706, António Carvalho da Costa; curiosamente este autor classificava apenas de “bom” o Palácio do Duque de Cadaval, imponente residência que se destaca na vila de Muge. (Doc.4) Numa perspectiva histórica, conhecemos agora a verdadeira dimensão social e cultural de Salvaterra, como estância de inverno onde nobreza e demais Corte assistiam a premières operáticas mundiais ou praticavam o desporto favorito, a caça, na modalidade de arma branca ou de fogo e de falcoaria. Não damos a pesquisa sobre este tema por encerrada; certamente continuarão a ser localizados outros testemunhos, no entanto julgo que estão reunidas condições para transmitir virtualmente ao público todo este espólio, sistematizando os núcleos de maior expressão. Em matéria patrimonial justifica-se que se conjugue a visita à Igreja Matriz, já de si enriquecedora pelo seu valor religioso e artístico, com a dimensão histórica relativa à comunidade, porque ela é verdadeiramente o Panteão da vila e como tal deve merecer um novo olhar. Ainda conserva uma laje sepulcral brasonada, colocada à entrada da Capela lateral do lado da Epistola, a Capela do Senhor Morto, identificada como sendo de Pedro Sanches e de sua mulher, sem data e, numa lápide encastrada na umbreira dessa parede: “ESTA CAPELA MANDARAO FAZER MANOEL PINTO E PEDRO SANCHES POR SUA DEVOÇÂO ANNO 1659.” Pela recente leitura a que procedi dos livros de Registos Paroquiais de Óbitos (Doc. 5), identifiquei membros da nobreza sepultados na Matriz (destacando-se o Monteiro Mor do Reino, Francisco de Mello),

Lápide da construção da capela lateral da Igreja matriz de Salvaterra de Magos, 1659

oficiais da Casa Real, Falcoeiros, Servidores no Paço ou na corte e três episódios incomuns, como o da recolha do corpo de um marinheiro irlandês, da guarnição de um brigue de guerra inglês, afogado no rio, as exéquias do Duque de Loulé, a sepultura de soldados de vários regimentos do país, mortos em combate nas lutas liberais. Neste levantamento tumular sumário, não podemos deixar de referir um pequeno cemitério que existiu junto à Capela Real onde, de duas dezenas de sepulturas, se destacava o jazigo de D. Joana Roquette da Silva e Brito, nascida em Salvaterra a 22.04.1818, casada com Francisco Ferreira Roquette (fal. 1834), irmão do 1º Barão de Salvaterra, que pelo casamento de sua filha, Rita da Assunção Ferreira Roquette,

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viriam a ser sogros do 1.º Conde de Mangualde, Dr. Francisco de Almeida Cardoso. Na Casa de Mateus (Vila Real) está exposta ao público a árvore genealógica desta ilustre Família, cujos costados maternos, documentados desde finais do séc. XVI, remontam a Salvaterra. Aquele cemitério foi deslocalizado totalmente nos anos 80 do século passado, para libertar o terreno onde se construiu um auditório. (9) Graças a estes novos contributos e uma vez na posse de plantas, documentos e objectos, podemos reler o passado, munidos de equipamentos sofisticados de que hoje dispomos e que nos permitem apresentar, numa exposição virtual bilingue, com minucia e rigor arqueológicos. É esta a proposta que aqui deixo à consideração e que consistirá em materializar (por processo 3D, modelos interactivos, sketchups, e outros que surjam entretanto), o edifício do antigo Paço e o contexto em que se inseria, dando a conhecer, com a amplitude possível, a memória invisível mas essencial para garantir solidez cultural á nova geração. Para o estudo dos conteúdos é de louvar o empenho da Câmara em editar, desde 2014, a Revista “Magos” com contributos apreciáveis, garantes da exequibilidade científica do projecto. O local e as condições apropriadas, a tipologia do público a que se destina, a sustentabilidade da iniciativa e tantas outras matérias, serão objecto de reflexão a apresentar à entidade vocacionada para assumir a execução - a autarquia. Como apresentar essa tão vasta quanto aliciante memória do Paço, da vila, do concelho e dos seus habitantes? Será um novo desafio para a Câmara, estando desde já garantido, à partida, igual sucesso ao que tem vindo a obter com a Falcoaria Real.

Jazigo de D. Maria Joana Roquette da Silva e Brito, no pequeno cemitério junto da Capela Real, destruído nos anos de 1980 para construção de um auditório.

O espaço não deve ser apenas um local didático, mas também um local emocional, onde a comunidade local e os turistas são convidados, numa participação activa, a imaginar o passado com o olhar virtual que lhe permitem hoje os mais sofisticados equipamentos de som e de imagem. Os conteúdos são apresentados em sucessivos estratos, ocupando os três primeiros pisos desse edifício, desde a pré-história (concheiros de Muge e povoamentos sucessivos) à actualidade, realçando a importância dos objectos expostos (originais ou cópias), suas funções e significados e disponibilizando informações sobre o contexto civilizacional. Merecerá especial destaque o período setecentista, de maior 58

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Quadro genealógico dos Condes de Mangualde, Senhores da Casa de Mateus (Vila Real) descendentes de D. Joana Roquette da Silva e Brito.

representatividade internacional: política e diplomática (assinatura de tratados, definição de estratégia militar, despacho corrente relativo ao governo do País), cultural e desportiva (opera, sociedade, dança de corte, caça, equitação, entre outros). Não pretende ser um Museu, mas um Centro de transmissão de conhecimento.

Propomos para esse efeito que se projecte uma Torre, a construir no perímetro urbano da vila, numa zona verde, se possível junto da Vala Real, criando uma nova paisagem de grande qualidade, esteticamente autónoma, envolvente e socialmente convidativa, permitindo a mais ampla visibilidade, à semelhança das existentes de Norte a Sul do país, como a Torre de Quintela (Vila Real), a Torre das Águias (Brotas, Alentejo), a Torre de Coelheiros (perto de Évora), ou a Torre albarrã de Paderne (Algarve) que serviam para protecção de residentes e para observação do território envolvente. Em Salvaterra a Torre servirá de registo da Memória e de incentivo às jovens gerações, proporcionando-lhes a reflexão sobre os testemunhos de tão importante passado, de modo a que lhes sirvam de estimulo para a construção do futuro. Embora as torres históricas tenham planta quadrada, a que propomos teria planta circular, com cerca de 18 m de diâmetro, inspirando-se no majestoso pombal da Casa Branca (Almeirim), cuja utilização estava directamente ligada à caça. Com um máximo de 4 pisos (para não exceder a cércea existente em construções do centro histórico), tendo cerca de 20 metros de altura total.

Chamar-se-á Torre de Salvaterra. Arquitectura despojada, sem aparato, com luz natural, garantida a sustentabilidade energética, projectada por um profissional de renome para que, também por esse motivo, a Torre de Salvaterra, seja uma referência nacional.

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A Torre ocupará uma área de implantação de cerca de 100 m2. necessária à circulação de cerca de 30 pessoas em simultâneo, sem paredes divisórias, reservando apenas as áreas referentes a uma escada e a um elevador. Estes iniciam-se no piso -1 ou cave, com as respectivas máquinas, terminando no piso 4 (terraço) com protecção de rede, a fim de não interromper a visibilidade global. No dito piso 4 abre-se um terraço panorâmico coberto, totalmente envidraçado para permitir uma visão num raio de 360 graus, com uma extensão de cerca de 10 Klm, aproximando-se da amplitude de um “território” de ave de rapina. No muro interior do terraço, desenhar-se-á o perfil das coutadas, de aldeias e montes, com a respectiva identificação, coincidindo com a posição do observador, transformando-se num quadro total, em exposição permanente, enriquecido com as variações rítmicas de policromia que a Natureza lhe confere e a interferência compassada do esvoaçar de cegonhas, garças e íbis do Nilo. Para esse efeito o “Tombo da Comenda de S. Paulo” ajuda a identificar os concelhos limítrofes de Salvaterra (Benavente, Coruche e Muge), seguindo a colocação dos marcos desde o 1º, colocado na Boca da Goiva, até ao 35º, colocado no Escaroupim, passando pela Torre da Pichota, a ponte, a Falcoaria, as Gatinheiras, a Coutadinha del Rei, a Roseira Alta, a Feteira, a Sesmaria de Maria Helena, a Garrocheira, o Vale de Maria Negral, o Arneiro do Marco, o Vale de Pereiro, a Casa de António Nunes Gavião, o Monte do Bilrete, o Monte das Figueiras, o Monte da Misericórdia, o Monte do Colmeeiro, o Vale e o Monte do Colmeeirinho, a Cascalheira (na Serra da Galega), o Pego da Caldeira, o Moinho de Magos, o Arneiro do Marco, o Minhotinho, o Marco da Mulher, o Vale da Sardinha, a Estrada de Nossa Senhora da Glória, os Torjais da Sardinha e o Arneiro da Alfifeita.

Terá que se prever um terreiro em frente da Torre para poder vir a ser utilizado para concertos ao ar livre, à semelhança do programa estival que tem decorrido com grande afluência no Largo do Teatro de S. Carlos, em Lisboa, formalizando para o efeito, protocolos com entidades oficiais, como o Conservatório Nacional ou o Teatro de S. Carlos, recuperando a tradição de concertos e canto no Paço Real, cujos sons ainda permanecem no imaginário da população local. Na Vala, perto da Torre, estarão ancorados escaleres e faluas disponíveis para pequenos passeios até ao Tejo, reconstituindo o antigo acesso fluvial. Caso se justifique incluir-se-ia um restaurante de dimensão média, apenas com gastronomia regional. A Torre será também o ponto de partida do percurso turistico já instituído que inclui visitas à Igreja Matriz, à Igreja da Misericórdia, aos vestígios do Paço, à Capela Real e à Falcoaria Real, mencionando em cada “passo” os grandes objectivos que movem a actual geração e que, desde há séculos, se cumprem em Salvaterra - o respeito pelos valores humanísticos e culturais, a protecção da Natureza e das espécies autóctones, a criação e o ensino do cavalo lusitano e dos falcões. 60

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Esquissos do alçado, planta e terraço panorâmico da “Torre de Salvaterra”.

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Notas

(1) “De Silver Trompeten von Lissabon und Lusitanische Orgelmusik.” Edição MD+GL - 3348. Trombetas executadas em prata dourada, datadas de 1761, com pendão de seda, com as armas da Casa Real portuguesa; n-º 138 do catálogo da exposição. (2) Ed. INAPA, Lisboa, 1999 e Ed. CTT, Lisboa, 2013. (3) Sofia Widmann, mensagem dirigida à Directora do Museu a 07.08.2017. (3) ROCHA, Ilídio - “Catálogo da Livraria do Convento da Arrábida”. Lisboa, Fundação Oriente, 1994. Miscelânea, 2506. (4) LAVANHA, João Baptista – “Viagem da Católica Real Majestade del Rey D. Filipe II N.S. ao Reino de Portugal”. Madrid, 1622, p.55. (5) BEUVINK, Aline Hall de - “A cenografia e a Opera em Portugal no século XVIII. Os teatros Régios 1750-1753”. Univ. Évora, 2012 (policopiado). Idem, “O Real Teatro de Salvaterra de Magos. A Reconstrução de uma Memória.” Lisboa, ed. Caleidoscópio, 2016, p.35 e 37. (6) “Paço Real de Salvaterra de Magos”, pg.103. (7) Legendas da planta: ”1 – Real Paço, 2 - Casa de Campo que foi do Conde de Atalaia, 3 e 4 - Habitação dos Senhores Ministros de Estado e dos Senhores Guarda-Joias, 5 – Secretarias de Estado, 6 – Falcoaria, 7 - Habitação do Almoxarife, 8 – S. Sebastião, 9 – Casa do Capitão Mor, 10 - Casa da Caldeirada, 11 – Quartel para Tropas, 12 – Quartel para cavalaria, 13 – De Egua… (?). “Planta Geral do Real Paço e Mais Edifícios de Salvaterra de Magos, 14 – Paço das Damas, 15 - Mantiaria, 16 – Cavalharia, 17 – Caza de Arreios, 18 - Enfermaria dos creados 19 – Theatro, 20 – Orta, 21 – Pombal.” Vd. “O Paço Real de Salvaterra de Magos, p. 138 a 148. (8) “Paço Real de Salvaterra de Magos”, p. 64. (9) Perderam-se as referências e desconhecesse o local para onde foram transferidos os restos mortais existentes naquele jazigo e nas restantes sepulturas; consta que seguiram uns para o leito do rio Tejo e as lápides para uma propriedade privada, na periferia da vila. Numa decisão irreflectida, apagaram-se de súbito e sem consulta prévia à comunidade, testemunhos materiais de antepassados, relacionados com a história da vila. 62

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Doc. 1 - “Depois de agradecer a vm com as/ expressões do mais vivo reconhecimento a parte/ que tomou no sentimento de que me penetrou/ a falta de minha May, lhe significo que se/ nelle posso ter algum allivio, he o que espero com/ o gosto de ver nesta Corte o Senhor Marechal/ General. Eu o acabo de convidar da parte de/ Sua Mag.de para vir ter aqui alguma/ recreação com a Muzica, e com o Teatro. A da/ Caça só lhe servirá sendo a dos Falcões, que diverte sem fatigar a quem não tem o génio cas/ sador. No caso em que Sua Ex.ca não te/nha impedimento para aceitar o convite de/ El Rey, espero que V.ª M o acompanhe nes/ta jornada. Tem Casa prevenida onde pode/ estar com todo o comodo, e com toda a liberdade,/ sem que a Corte lhe sirva de embaraço./ O caminho é a Estrada sabida por Extremoz, até/ às Vendas Novas. Dalli deve passar a Be-/navente se o tempo estiver tão enxuto, como ago-/ra está. Se porem houver chuvas que façam/ encher os Campos, deve passar à Villa de Sa-/mora onde achará os Escaleres Reaes para/ ser transportado para esta Corte com comodi-/dade, e decência. Em todo o cazo he precizo/ q. vm me avize do dia, e da hora em que o dito// o dito Senhor Marechal deve sair de Villa/ Viçosa, para lhe mandar previnir nas Ven-/das Novas quem o guie, ou em Samora os/ Escaleres para o transportarem. Escuzo di-/zer a vm. que este avizo deve vir logo em/ diligencia de Posta. E para o servir fico/ prompto com a mayor vontade./ Deos guarde a vªm. m.s anos/ Salvaterra de Magos a 22 de Janeiro/ de 1763/ M.to affectuozo S.dor de vm/o Conde de Oeyras/ S.or Dez.or Miguel de/ Arriaga Brum da Silveira.// “ Arquivo Histórico Militar, Div-1065215.

Doc. 2 - “ Acabo de receber a Carta de vm./da data de hontem, e a do Senhor Marechal/ General, às quaes não faço repostas (sic) pela certe/za em que fico da sua chegada a esta Corte/ no dia vinte e oito do Corrente Mês: E só ser/ve esta de dizer a vm. que logo se expediram/ as ordens necessárias para e porem Mudas/ das Vendas Novas, até Samora por ser Ca/minho mais próprio para a jornada, onde se/ achará hum Guia para a dirigir: Em Sa/mora estará o Escaller Real para conduzir a/ esta Corte o mesmo Senhor Marechal Gene/ral dous (sic) Escaleres mais para a sua Come/tiva ,sendo que os Cavalos devem vir por/ terra, e pelos Sítios que declarará o mesmo/ Guia/. Fico sempre para servir a vm./ com a mais prompta vontade./ Deos g.de a vm m. an. Sal/vaterra de Magos, a 25 de Janeiro de 1763/ Mto. Affectuozo Sdor. De vm./ Conde de Oeyras7 Sor. Miguel de Arriaga/ Brum da Silveira.// ” Arquivo Histórico Militar, Div. 1065216.

O Esplendor da Corte na “Torre de Salvaterra”

Magos

Doc. 3 - “Sem embargo de que hontem escrevi a vm. Por hum Expres/so, certificando-o de se achar tudo prompto para a milhor co/modidade da Viagem do Senhor Marechal General do Si/tio de Vendas Novas para esta Corte, torno a repetir a/ mesma dilligencia, para dizer a vm. que o Portador/ desta he o Guia que se acha nomeado para declarar e/ insinar a Estrada que deve seguir o mesmo Senhor Ma/rechal General para que tem toda a instrução necessária/ e fes repartir as Mudas pelos Lugares competentes, por/ cujo motivo he muito preciso que se siga inteiramen/te o que elle disser, ainda que haja quem queira per/suadir o contrario, porque pelo ditto Guia se acham fei/tos os cálculos necessários para a milhor viagem, e de/ sorte, que se não venham a encontrar Ribeiras que em/barassem a mesma Viagem./Deos g. a vm. m. ann. Salvaterra de/ Magos a 26 de Janeiro de 1763/ Conde de Oeyras/ Sr. Miguel de Arriaga/ Brum da Sylveira.//” Arquivo Historico Militar, Div. 1065217

Doc.4 -“Da Villa de Salvaterra de Magos Huma legoa ao Nordeste da Villa de Benavente e dez ao Nascente de Lisboa, junto do celebrado Tejo, em vistoso plano, tem seu assento esta nobre Villa, a qual mandou povoar El Rey D. Dinis no anno de 1295, e no de 1296. Se ennobreceo com a Igreja Parochial da invocação de S. Paulo, Vigayraria q. o Bispo de Lisboa D. João Martins de Soalhães mandou levantar com licença del Rey, que lhe fez mercê della para seus sucessores. El Rey D. Manuel lhe deo foral em Lisboa a 20 de Agosto de 1517. Tem trezentos vizinhos, Caza de Misericórdia, Hospital, e estas Ermidas, S. Sebastião, Santo António e a Capella Real do Bom Jesus com hum Prior que apresentão os Condes de Atalaya que forão antigamente Senhores desta terra, pela qual lhe deu em troca o Infante D. Luís a Valla da Asseiceyra e outros lugares. Tem duas fontes, a do Concelho e a de Santo António junto ao Paço e huma grande coutada, aonde os Reys se vão divertir (estancia deleytosa nos meses de Inverno) com sumptuoso Palácio, que fundou o dito Infante D. Luis e acrescentou de novo com mais casas e jardins El Rey D. Pedro o Segundo. Tem mais hum grande paul, que chamão de Magos, de que se apelida a Villa, o qual mandou abrir o Sereníssimo Rey D. João o Quarto. O seu termo é abundante de pão, legumes, caça, gado e peyxe e contem os montes seguintes, o Bilrete, o das Figueyras, o da Misericórdia, o Colmieyro, e o dos coelhos. Há nesta villa huma boa casa de campo, que mandou fazer Garcia de Mello, Monteyro mor do Reyno.” In COSTA, António Carvalho da - “Corografia Portuguesa, e descripçam topográfica do famoso reyno de Portugal: com as notícias das fundações das cidades, vilas e lugares, que contem, varões ilustres, genealogias das famílias nobres, fundações de conventos, catálogos dos bispos, antiguidades, maravilhas da natureza, edifícios, e outras curiosas observações”. Lisboa, 1706. Cap. VIII, Tratado VI, Livro II (Extremadura), p.171.

Doc. 5 - Relação de personalidades sepultadas na Igreja Matriz de Salvaterra de Magos entre 1751 e 1834, segundo os Livros de Registo de Óbitos da Freguesia de S. Paulo 64

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