Uma vila histórica no coração do Ribatejo

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SALVATERRA DE MAGOS VILA HISTÓRICA NO CORAÇÃO DO RIBATEJO

3ª EDIÇÃO (revista e aumentada)

http//:www.historiadesalvaterra.blogs.sapo.pt


Ficha técnica Título: Salvaterra de Magos. Vila histórica no coração do Ribatejo Autor: José Rodrigues Gameiro Edição: Câmara Municipal de Salvaterra de Magos Tiragem: 1000 exemplares Data: 2014 Execução Gráfica: Silvas artes gráficas – Ana Teresa da Costa Silva Marques Depósito Legal: 380650/14

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Prefácio José Rodrigues Gameiro celebra em 2014, cinquenta anos de histórias, crónicas e testemunhos escritos. A sua primeira incursão pelo universo da História remonta a 1964, quando escreveu o seu primeiro artigo no Jornal “Aurora do Ribatejo”, desde essa data até aos nossos dias tem vindo a recolher e a divulgar as raízes identitárias e culturais do Concelho de Salvaterra de Magos. Na sua infância teve contato com o Arquivo Histórico do Município, o que lhe despertou o interesse pela história local. Homem ligado ao associativismo, fez parte da Sociedade Columbófila Salvaterrense, da Fabrica da Igreja, participou na angariação de fundos para a construção do Parque Infantil, dos Bairros Sociais e do Centro de Dia, colaborou entusiasticamente no início das Festas dos Toiros, do Fandango e também nas Festas do Foral, desempenhou também funções como autarca, pois foi eleito membro da Assembleia Municipal e Presidente da Assembleia de Freguesia de Salvaterra de Magos. 3


A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, decide

homenagear

José

Rodrigues

Gameiro,

promovendo uma exposição biográfica e publicando esta 3.ª edição da sua monografia: “Salvaterra de Magos. Vila Histórica no coração do Ribatejo”. Obrigado amigo pelo teu contributo na divulgação e valorização da nossa história e do nosso património cultural, que o teu exemplo seja uma referência para os mais novos e que as tuas acções de filantropia perdurem no tempo.

Setembro, 2014

O Presidente da Câmara Municipal Hélder Manuel Esménio, Eng.º

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NOTA DO AUTOR

Foi no ano de 1985, que este livro viu pela primeira vez a luz do dia, a sua leitura teve grande procura. Estando esgotada a edição, sete anos depois solicitou-me o executivo da câmara municipal de Salvaterra de Magos, a anuência para uma segunda edição, o que veio a acontecer já revista e aumentada, em 1992. Nos dois trabalhos, saíram dois mil exemplares. O tempo passou, algumas alterações se verificaram no concelho, especialmente no campo da criação de novas freguesias. A área sociocultural, também, sofreu algumas fraturas, a economia do concelho continuando a ser predominante à base da exploração agrícola e agropecuária, a pequena indústria, comércio e serviços, passaram a ombrear na riqueza da vida económica das populações que preenchem as actuais 6 freguesias do concelho; Salvaterra de Magos, Muge, Marinhais, Glória do Ribatejo, Foros de Salvaterra e Granho. Constatando o autor, a continuada procura deste livro, “Salvaterra de Magos – vila histórica no coração do Ribatejo”, optou por fazer uma edição online e publicá-la no seu blogue: http//:www.historiadesalvaterra@sapo.pt, contudo o atual executivo municipal, decidiu em boa hora apoiar a publicação desta 3.ª edição. 5


Gostaria de agradecer à Câmara Municipal este apoio e uma palavra de agradecimento especial ao Sr. Presidente Eng. Hélder Esménio, pela colaboração e empenho demonstrado na 3.ª edição de Salvaterra de Magos. Vila histórica no coração do Ribatejo. Ano de: 2014 JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)

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INTRODUÇÃO A cerca de 50 Kms de Lisboa e de 30 de Santarém, situa-se harmoniosamente, entre-os-rios Tejo e Sorraia o concelho de Salvaterra de Magos, mesmo no coração da Província do Ribatejo, que dispõe das freguesias: Muge, Salvaterra de Magos, Marinhais, Glória do Ribatejo, Granho e Foros de Salvaterra.1 Salvaterra de Magos, sede do concelho aparece-nos ainda hoje fiel às suas tradições, mais genuínas, sem deixar de acompanhar o progresso. No campo cultural, cada povoação, tenta preservar o seu património, nos agrupamentos folclóricos. É precisamente no ritmo desta mentalização, que vamos encontrar as terras férteis da Lezíria Ribatejana, onde o turismo, ávido de originalidades, tem presente os festejos populares cheios de riqueza folclórica, onde as cantigas e músicas, são cheias de alegria, através dos viras e do fandango. Para isso, muito contribui a sua forma fidalga de receber os visitantes, as suas belezas naturais, onde sobressaem as verdejantes sombras dos salgueirais e areias do rio Tejo, que dão lugar à já famosa e concorrida “Praia Doce”, bem como a vasta zona do Pinhal do Escaroupim, com o seu Parque de 1

Com a nova reorganizaçãoadministrativa territorial (lei n.º 22/2012 de 30 de Maio), o concelho de Salvaterra de Magos ficou organizado da seguinte forma: União de Freguesias de Glória do Ribatejo e Granho, União de Freguesias de Salvaterra de Magos e Foros de Salvaterra, Freguesia de Muge e Freguesia de Marinhais.

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Campismo, um cartaz dos que procuram a frescura e o sossego da beira do rio. A pitoresca Aldeia dos Pescadores “Avieiros”, também é um local de grande procura. A “Barragem de Magos”, grande bacia de água, agora pertença da Freguesia dos Foros de Salvaterra, local privilegiado para o repouso, onde o visitante encontra a beleza de grandes manchas de pinhal. Longe vai o tempo, em que El-Rei D. Dinis, no ano de 1295, fez doação a Salvaterra de Magos do seu Foral, e que tinha os mesmos privilégios aos de Santarém. Daí em diante e durante séculos muitos acontecimentos aqui ocorridos, passaram a fazer parte da sua história. Os Campos deixaram de ter grandes manchas de gado, onde o campino era o garboso guardador e, que em dias de festa, mostrava o seu vestuário colorido, com barrete verde e orla vermelha, o colete com lindas ramagens nas costas, no peito vaidosamente ostentava o ferro da casa agrícola, onde trabalhava. Muito pouco resta dos seus Monumentos, uns desapareceram, devido às calamidades naturais, como os terramotos de 1755, 1858 e 1909, aos incêndios no palácio real, outros ainda devido à incúria dos seus filhos, que um dia tiveram nas mãos a grandeza de gerir os destinos municipais da vila de Salvaterra de Magos. José Gameiro


A VILA DE SALVATERRA DE MAGOS

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A Huma legoa ao Nordeste da Villa de Benavente, & dez ao Nascente de Lisboa, junto do celebrado Tejo, em vistoso plano sobre uma areia fina, nem de aluvião, nem de charneca, tem seu assento esta nobre vila, a qual mandou povoar El-Rei D. Dinis no ano de 1295, e no ano de 1296, se enobreceo com a Igreja Parochial da invocação de S. Paulo. Vigayraria, que o Bispo de Lisboa D. João Martins de Soalhães mandou levantar com licença Del-Rey, que lhe fez mercê della para seus sucessores. El-Rey D. Manuel lhe deu foral em Lisboa 20 de Agosto de 1517. Tem trezentos vizinhos, Casa da Misericórdia, Hospital & estas Ermidas; S. Sebastião, Santo António & a Capela Real do Bom Jesus com Hum Prior que apresentam os Condes da Atalaya, que forão antigamente senhores desta terra, pela qual lhe deo em troca o Infante D. Luís a Villa da Assenceyra & outros lugares. Para além de alguns olhos de água que brotam em várias partes da povoação, tem duas fontes grandes; a do Concelho, & a de S. António junto ao Paço, & huma grande coutada, aonde os Reys se vão divertir (estância deleytosa nos meses de Inverno) com sumptuoso Palácio, que fundou o dito Infante D. Luis, & acrescentou de novo com mais casas, & jardim ElRey D. Pedro, o segundo. 2

Corografia Portuguez * P. António Carvalho da Costa Tomo Terceyro – Pág. 191 – Cap. VIII

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Tem mais um grande paul, que chamão de Magos, de que se apelida a Villa, o acabou por abrir o Serenissimo Rey D. João, o quarto. O seu termo é abundante de pão, legumes, caça, gado e peyxe, & contém os montes seguintes, o Bilrete, o das Figueyras, o da Misericórdia, o Colmieyro, & o dos Coelhos. Há nesta Villa huma boa casa de campo, que mandou fazer Garcia de Mello, Monteyro-Mor do Reyno. ******** A água da chamada Fonte do Concelho, era aplicada com eficácia na queixa da obstrução, mas também fazia engordar as pessoas que vinham para Salvaterra. Em vários locais da vila, existiam nascentes de água. Fora da povoação; no Vale de Bunheiros, e junto ao Paul de Magos, existiam olhos de água que por ser tão leve, abria o apetite.

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Fig. 1 – Fonte do Arneiro

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Neste último olho de água, e em algumas sesmarias, pertença de D. Pedro, tio de E-Rei D. José, nascia uma erva chamada de “Bruco” da qual as raízes e as folhas são diuréticas. Em Moinhos de Magos, brotava uma nascente, que tem no seu regato uma planta que o povo intitulava de “Divina”, pela virtude de curar a hidropisia. Também na Coutadinha Pequena, num pequeno olho de água, nascia uma erva, que os boticários consideram excitadora de vómitos. A erva-de-são-roberto, também era fértil nestes campos. A Fonte de Santo António, construída em forma de meia-lua, tem nas suas paredes, mármore de cor-rosa, recebe água de uma mãed’água, que vem de longe, um terreno da família Costa Freire, junto à rua do Calvário, atual Avenida Dr. Roberto Ferreira da Fonseca. 3 Quando da construção dos prédios da Caixa de 3

Nota do Autor: Ao longo dos tempos, especialmente desde o início do séc. XX, a população passou a transmitir o mito, que os subterrâneos que transportavam água para os fontanários, serviram para os reis fugiram de algum ataque ao palácio real

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Crédito Agrícola Mútuo, o autor esteve lá e fotografou a corrente de água, que alimentou a fonte de S. António.

Fig. 2 – Túneis que hoje se encontram debaixo do edifício da Caixa Agrícola

INFANTE D. LUIS O Infante nasceu em Abrantes, a 3 de Março de 1506, foi Duque de Beja, Condestável do Reino, Senhor de Serpa, Moura, Covilhã, Almada, Beja e Salvaterra de Magos. Administrador do Priorado do Crato, e discípulo de Pedro Nunes, deu provas de valor na conquista de 13


Tunes, contra Barbarroxa. Do seu amor ilícito, com Violante Gomes (a Pelicana), donzela humilde, mas de rara beleza, nasceu D. António, que viria ser Prior de Crato e mais tarde rei de Portugal, aclamado em Santarém. Não se sabe ao certo o ano em que foi mandado construir e reedificar o belo Paço Real de Salvaterra, pelo Infante D. Luís (4º filho de D. Manuel I), que gastou mais de 50 mil cruzados, sem ver as obras acabadas. Em 1542, o Infante D. Luís, mandou edificar um pequeno Convento, em terrenos junto ao Palácio da Falcoaria. A construção por estar em terrenos baixios era periodicamente invadida pelas águas das cheias. D. Luís, vivia pobremente num espaço exíguo, com uma ou duas divisões naquele convento, tinha com oração predilecta, a que manifestava à relíquia de S. Baco. Mais tarde, em 1626, foi substituído por um outro em terras altas, junto ao Casal de Jericó, ou Jenicó, entre Salvaterra e Benavente. Este espaço de recolhimento, foi novamente doado aos Frades Arrábidos, sendo o terceiro destes religiosos, no país. Em 27 de Novembro de 1555, morreu em Marvila, o Infante D. Luís, enfermo de uma “terçã”, com a idade de 49 anos e 9 meses.

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Fig. 3 – Largo dos Combatentes

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D. JOÃO MARTINS DE SOALHÃES Bispo de Lisboa (1294-13 13) Arcebispo de Braga (1313-1325) Por laços de sangue, descendia da família dos Portocarreiro, então poderosíssima em Portugal, sendo filho de Lourenço Martins e de D. Fruela Viegas, filha de D. Egas Henriques Portocarreiro, "o bravo" (1146 -?) e de D. Teresa Gonçalves de Curveira. Alçado ao governo da diocese em começos de 1294, fundava pouco depois o Convento de Santa Clara de Lisboa, em 1295, isentava o Mosteiro de Odivelas, como parte do padroado régio, da jurisdição da diocese de Lisboa. Por seu turno, conseguiu de D. Dinis diversos privilégios para a sua Sé, tendo acompanhado o monarca numa viagem que este realizou a Aragão em 1304. Nesse mesmo ano instituiu o morgado de Soalhães em favor de um filho ilegítimo que tivera, Vasco Anes de Soalhães (1450 -?) casado com Leonor Rodrigues Ribeiro, filha de Rodrigo Afonso Ribeiro e de Maria Pires de Tavares (1200 -?).

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TOPONÍMIA DA VILA DE SALVATERRA Descrição no séc. XVIII Situada sobre a areia, a dez léguas ao nascente de Lisboa, a vila contava de início com sete ruas principais, que partiam do norte para sul, excepto a última e, juntas umas às outras. Da parte nascente, ficava a rua de Santo António, que ia ter à capela real, onde na fachada um frontão, ostenta uma imagem em pedra do taumaturgo. A rua de S. Paulo, dá pelo lado direito daquela para a Igreja Matriz, a Rua Direita a qual parte de Norte para Sul à praça da vila. A outra via tivera um pinheiro, e por se chamou rua do Pinheiro. Seguia se a Rua d`Água, que assim se chamava, devido às muitas águas das chuvas que ali se depositavam. A Rua do Calvário, grande de extensão, ostenta no seu lado sul uma cruz de pedra, que serve de passo, quando dos festejos da paixão de Cristo e, por último, parte do Poente a Rua do Arneiro, assim chamada por desembocar em um arneiro, onde uma fonte tem lugar. De início existia no termo da vila, seis aldeias; Colmeeiro, com 9 vizinhos; Misericórdia, com 1; Coelhos, com 5; Cabides, com 2; Figueiras, com 6; Bilrete de Cima, com 9; e Escaroupim, com 1, o que perfaz um total de 33 vizinhos.

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O número de pessoas existentes na vila e nas aldeias, é o seguinte: maiores, 1399; e menores 173. Não são incluídos porém, aqueles menores aquém a Igreja ainda não obriga ao preceito, “por ser inumerável a sua multidão”. A vila é servida por dois grupos de correio: o que vem de Benavente chega a Salvaterra aos domingos e do de Santarém, às segundas-feiras e outras vezes às terças-feiras. Não existem rios, a não ser a chamada Sangria, ou vala real, com légua e meia de comprimento, que em tempos idos se fizera para dar vazão à grande quantidade de água que o sítio da Ameixoeira recolhia. Partindo do nascente para o poente, passa pelos terrenos de Magos, custeando a vila pela parte do norte, entrando no Tejo em terras do Campo dos Freires, defronte da Casa Branca, da povoação da Azambuja.

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Fig. 4 – Mapa da vila de Salvaterra de Magos datado de 1788

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A VALA REAL EM 1758 O porto com a sangria, mesmo em frente à capela da Misericórdia local, foi iniciado a sua abertura por ordem de D. Dinis, e acabado no reinado de D. João IV. Tinha espaço para fundearem 60 barcos de vela latina, e nas suas águas pesca-se todo o ano à tarrafa e à cana. Ao longo da sua distância, tem duas pontes de cantaria, uma ao pé da vila e uma outra no Casal, ficando de permeio as portas, ou sarilhos. Houve em tempos, uma outra ponte de tijolo, em Paul de Magos, no sítio chamado do Governalho, até onde as águas eram navegáveis. Dois moinhos de água, tem trabalho todo o ano, num dos valados da sangria, estando um junto à ponte da vila. A MISERICÓRDIA Do arquivo da Irmandade da Misericórdia, não constam documentos que determinam a sua fundação, contudo sabemos que possuía títulos das rendas que cobrava, na importância de 37$450 réis, e seis moios e vinte alqueires de trigo por ano e dois moios e quarenta alqueires de milho grosso. Cobrava mais, de renda certa, doze alqueires de trigo, seis canadas de azeite, um porco e uma marra. 4 4

Subsídios para o Estudo da Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos- Dr. José Asseiceira Cardador

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ALBERGARIAS Tinha a povoação de Salvaterra de Magos, duas casas em sítios diferentes, com o nome de Albergaria. Uma ficava localizada na antiga rua do Hospital, atual rua Dr. Gregório Fernandes e a segunda junto da igreja da Misericórdia. A primeira encontrava-se em 1758 muito degradada enquanto que esta próxima da Misericórdia nesta data ainda ajudava pobres mendicantes. As paredes das fachadas, daquela última, passaram a ter uma aparência de muros. A da frente foi removida no início da década de 60, tendo o lavrador, João Oliveira e Sousa, mandado ajardinar o espaço, sendo o letreiro em pedra, que se encontrava colocado na parede da frente, sido colocado a encimar a porta, no muro, que foi bloqueada, com uma construção em ferro.

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Fig. 5 – Lápide junto da igreja da Misericórdia

A IGREJA MATRIZ A Igreja Matriz, com S. Paulo como orago, está situada no centro da vila, foi construída em 1296, segundo as memórias paroquiais este templo possuía 5 altares, 3 do lado direito dedicados a: S. Miguel, S. Ana e S. João Batista e 2 do lado esquerdo, de N. Senhora do Rosário e Nossa Senhora da Assunção. O senhor morto, está bem conservado numa pequena capela, no interior. Na Capela-mor, o altar de boa talha dourada, decorado com uma grande tela do séc. XVI, na boca da tribuna. O orago da paróquia, S. Paulo, está acompanhado de vários anjos, decorando o teto. Existem ainda, dois silhares de azulejos azuis e brancos da mesma centúria, com cenas decorrentes da bíblia. A pia baptismal, de traça vulgar é do séc. 22


XVI. Nos seus princípios, o vigário, apresentado pela Mitra, cobrava 63$200 réis de renda e mais um moio de trigo, que pagava o lavrador pela courela que pertencia à igreja. O edifício sofreu danos com o terramoto de 1755, e consta que três anos depois ainda não tinham sido reparados. Ao longo dos anos da sua existência a Igreja Matriz, recebeu obras de conservação. As mais referenciadas, são do séc. XIX. Em 1858, quando do sismo, a torre foi muito danificada, tendo na época sido coberta, por azulejos de cor azul. Mais tarde foi ali colocado um relógio mecânico, com três mostradores, obtido numa empresa de Almada. Com o terramoto de 1909, para receber obras esteve fechada ao culto, sendo as celebrações realizadas, na capela real. Por volta de 1958, o então padre, José Diogo, nas obras ali efectuadas, alterou o seu interior, reparando o teto, com nova pintura do S. Paulo e, o adro do lado norte, foi aproveitado para a construção de várias salas. Em 1875, o Padre, Agostinho de Sousa, orientou novas obras, no telhado e no interior. Na torre da igreja, o velho relógio com mostrador em numeração árabe, foi 23


substituído por um moderno. Um computador, programado faz agora os sinos tocarem os sons das várias cerimónias religiosas.

Fig. 6 – Torre da igreja matriz

CAPELA DA MISERICÓRDIA Construída num Botaréu, entre a Rua Direita e a antiga Rua de Santo António. O altar de talha dourada, suporta a imagem da virgem – Nossa 24


Senhora da Conceição. O seu teto forrado com riquíssimos retábulos, tinha imagens originais desenhadas em tela. As paredes estão forradas, de cenas de azulejos com motivos religiosos da vida de Cristo e da Virgem e datam do séc. XVIII. Um púlpito, bem decorado assenta numa das paredes, para além de um pequeno espaço à entrada da rua, acima do nível do chão, um pequeno andar em madeira serve para o coro. Era ali que a família real, rezava, antes e depois de qualquer viagem em Bergantim, de e para Lisboa. Sabe-se, que teve uma Albergaria, que foi destruída com o terramoto de 1909. Em Fevereiro, de 1979, um forte temporal, procedido de uma cheia que durava há vários dias, destruiu a parede do lado norte, e o telhado do edifício. As telas (retábulos), passados 30 anos, não mais foram reparados, nem é público, onde a Misericórdia de Salvaterra os tem guardado.

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Fig. 7 – Interior da Igreja da Misericórdia ainda com as telas no tecto

Fig. 8 – Exterior da igreja da Misericórdia

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CAPELA REAL Edifício maneirista, construído no séc. XVI estava incluído nas vastas construções que faziam parte do Paço Real de Salvaterra de Magos. O seu interior divide-se em duas partes distintas. Uma delas é constituída pelo corpo do templo de configuração quadrada, onde sobressaem três pequenas naves, de pequenas colunas clássicas adossadas às paredes. Na outra parte, pode-se admirar o altar-mor, com dois corredores laterais, cuja abóboda de berço surge de um entablamento longitudinal apoiado em colunas toscanas. A abóbada central e a cúpula, irrompem de fortes entablamentos, um pouco desfigurados pela saliência, que apresentam no apoio dos arcos-testas, possivelmente de um exerto posterior. Resistiu ao fogo de 1817, que destruiu o Paço, daquele tempo, restam apenas a Capela, o edifício da Falcoaria, algumas chaminés das cozinhas do palácio. A Imagem de Nossa Senhora da Piedade, beleza em lipocromia, tem resistido ao passar dos anos. 27


O seu terreno anexo, já foi Picadeiro Real (1755), cemitério e mais recentemente, ali foi construído um pequeno espaço de cultura, que infelizmente só foi usado no dia da sua inauguração. Com o terramoto de 1755, caiu o zimbório de estuque. Muitos estragos foram supridos por suas majestades reais, que tinham afectos a Salvaterra. Em Portugal, existem mais duas construções da mesma época; uma em Tomar e uma outra em Évora. As poucas instalações da Capela, que não caíram nas mãos de privados, com a venda da casa real, têm servido para uso de serviços administrativos municipais. No final do séc. XIX, com obras a decorrerem na Igreja Matriz, ali se realizaram actos religiosos. No interior da capela, periodicamente ali têm lugar, entre outras formas de divulgar a cultura, a realização de exposições.

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Fig. 9 – Altar da Capela Real

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O REAL TEATRO DA ÓPERA Tendo Salvaterra Palácio Real, onde a família real passava longas temporadas, especialmente a seguir às festividades do Ano Novo. As viagens pelo rio Tejo eram feitas em Bergantim, e acompanhadas ao som de músicos, que assim entretinham a comitiva real. Havia épocas que o séquito real, se deslocava a cavalo até Salvaterra, pelos caminhos da margem sul de Lisboa, atravessando a campina de Alcochete. Para colmatar a falta de outros divertimentos em Salvaterra, pois a caça de montaria e falcoaria era uma sorte quase diária. Existindo em Lisboa, os teatros de Queluz e Ajuda, foi construída uma Casa da Ópera, nesta vila. O Real Teatro de Salvaterra de Magos, foi inaugurado em 21 de Janeiro de 1753, com a Ópera “Didone Abandonata” (composição de David Perez), sendo representada também, em época de Carnaval desse ano e talvez no mesmo dia, “Intermezzos”. Quanto à informação sobre a feitura do projecto, da sua lotação e arquitectura interior, socorremo-nos das págs.39 e 40, do livro “O Paço Real de Salvaterra de Magos”, da autoria de Joaquim Manuel S. Correia e Natália Brito Correia Guedes. 30


“A sala de espectáculos de Salvaterra tem uma lotação de 500 pessoas; tem três filas de camarotes de primeira (três camarotes de cada lado); ao fundo um anfiteatro com uma galaria que prolonga de cada lado os primeiros camarotes. Este anfiteatro está coberto com um reposteiro franjado, apoiado em pilares como uma tenda; neste se situa o lugar do Rei que se senta num cadeirão, ao meio, tendo à sua direita o Infante D. Pedro, seu irmão e seu genro e à sua esquerda a Rainha, a Princesa do Brasil e as três outras princesas e ao longo da galeria, à esquerda as damas de honor. O outro lado, à direita da galeria, fica vazio; há oito segundos e oito terceiros camarotes que são ocupados por portugueses aos quais se oferecem bilhetes. Os Ministros do Rei estão sentados na plateia com os fidalgos sem distinção de categoria. A orquestra tem cerca de 25 a 30 instrumentos. O teatro é bastante grande, ocupando todo o comprimento da sala; o espectáculo começa logo que o Rei entra……” O projecto para o teatro régio de Salvaterra, é atribuído a Giovani Carlo Bibiena, por Cirilo Volkmar Machado…”

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Em 1980, quando eu, pretendia encontrar o local onde poderia ter existido o Teatro Régio de Salvaterra, contatei 4 pessoas, que viveram em dois séculos, duas delas; Joaquina Mendes e Francisco Costa, informaram-se que as paredes, nos primeiros anos do séc. XX, foram “rebentadas a fogo”, sendo as suas pedras aproveitadas para outros fins, inclusive, na construção de uma grande adega que ocupou o seu espaço, pertença de António Jorge de Carvalho.

Fig. 10 – Estudo cenográfico para a Ópera “Didone Abandonata”, que foi estreada na inauguração da Casa da Ópera de Salvaterra de Magos

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Fig. 11 – Interior da Capela Real

Fig. 12 – Exterior da Capela Real

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A NORTE DA VALA REAL VIA-SE O ESCAROUPIM No descampado por toda a redondeza, se podia avistar a vila de Salvaterra de Magos. A uma légua de lonjura, estava o Escaroupim, com as recentes habitações construídas em madeira dos Pescadores Avieiros. Durante largos anos, estes “ciganos do rio”, assim lhes chamavam as gentes rurais, viviam e pescavam nos seus estreitos barcos, que mais pareciam aqueles varinos, usados lá para as bandas de Aveiro. No entanto, estes nómadas do Tejo, tinham origem de Vieira de Leiria. Também a norte, um pouco para lá dos mouchões do Tejo, via-se as Virtudes, Azambuja, Cartaxo e Valada, esta última estava a uma légua de distância. Uma passagem de barca, tinha lugar, num pequeno porto, na Palhota, dava passagem pelas águas do rio, para aquelas povoações.

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Fig. 13 – Pescador junto de uma casa avieira assente em pilares devido às cheias do Tejo

Fig. 14 – Pescador junto de uma bateira

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FALCOARIA REAL Salvaterra de Magos, teve Coutada Real. Esta ocupava todos os terrenos a sul da vila, indo até às margens do Sorraia, na zona de Bilrete, até às terras de Coruche e de Almeirim. A sua charneca, muito fértil em animais de pelo, também tinha no Vale do Grou, estas grandes aves, assim como patos e cisnes. O javali, a lebre e veados, tinham espaço próprio, mais para os lados do Paul de Magos. A Caça de altanaria, foi hobby da realeza, que na vila passava os meses de inverno, até aos dias de Carnaval. O edifício, muito destruído com o sismo de 1858, foi vendido em haste pública, quando da venda da casa real, tinha vários espaços anexos, onde vivam os Falcoeiros e suas famílias, muitos deles oriundos da Valkenswaard (Holanda), tendo até alguns deles vindo a casar com gente da terra. Um pombal, de construção redonda, tem no seu interior cerca de 310 nichos, espaço onde os pombos criavam, servindo para o treino e alimentação dos Falcões, Açores e até Águias, usados nesta forma de caçar. O edifício é o único exemplar existente na Península Ibérica. Com o declínio das visitas reais a Salvaterra, 36


com maior acuidade, quando da fuga da Família Real para o Brasil, a vila perdeu o seu esplendor de muitos séculos. O palácio da falcoaria, sobreviveu, foi largos anos propriedade privada, até que em 1980, o então presidente da câmara municipal; António Moreira da Silva, negociou a compra daquele espaço, com Jorge de Melo e Faro (Conde Monte Real). A Falcoaria, estava de volta a Salvaterra, um projecto, onde os autarcas; Joaquim Mário Antão e Gameiro dos Santos, já presidente da câmara, deram grande impulso à iniciativa. Contatos houve, e uma amizade se estabeleceu, com o povo de Valkenswaard. Os festejos realizados nas duas terras, selaram a cerimónia. Alguns anos foram precisos para que a Falcoaria, volta-se a funcionar em Salvaterra de Magos. O Edifício foi recuperado, servindo agora de divulgação e atração turista da vila.

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Fig. 15 – Falcoaria Real de Salvaterra de Magos

Fig. 16 e 17 – Ave da Falcoaria (peneireiro) e pombal

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Fig. 18 – Falcoeiro medieval patente na exposição da Falcoaria

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CONSTRUÇÕES PALACIANAS Em 1710, havia na vila uma boa casa de campo, que mandara construir Garcia de Melo, MonteiroMor do Reyno. Na vila, as melhores construções pertenciam à casa real, e outras eram de alguns abastados fidalgos, que vivendo à volta do rebuliço da corte, aqui tinham as suas explorações de campo. Vinham várias vezes por ano, a Salvaterra, especialmente quando a família real aqui se instalava nos meses de Janeiro e Fevereiro. Nos últimos anos do séc. XVIII, quando a rainha D. Maria I, concedeu regalias ao Conde de Almada, já muito se falava desta família, porque tinha aqui um vistoso palacete. Era nesse período, que os seus caseiros, prestavam-lhes contas da campanha agrícola, e dos negócios do gado, especialmente dos garranos e burros, que vendiam a ciganos de passagem. Muitos destes senhorios, pagavam as jornas aos seus “quinteiros”, em moios de trigo e milho, 40


que estes depois trocavam por farinha nos moinhos da vila. As pequenas criações de galináceos, coelhos e porcos eram transaccionados na feira que se realizava anualmente junto ao Convento. É também no séc. XVIII, que o MonteiroMor, Francisco de Melo, se instalou numa grande casa, no largo da Igreja de Santo Paulo.

Fig. 19 – Casa do Monteiro-Mor Francisco de Melo

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UMA CAÇADA DE ALTENARIA Séc. XVIII Manuel Carlos d`Andrade, descreveu uma caçada às lebres, na Coutada de Salvaterra de Magos. “

Modo por que Sua Majestade saía sempre à caça das lebres. Fazia o Senhor Rei D. José I, sempre esta função também com aparato verdadeiramente magnífico, e no domingo seguinte se fez esta caçada como passo a referir” Às oito horas da manhã e depois de ouvirem missa, entraram a concorrer para a Praça contigua ao Palácio muitos criados de Sua Majestade, donde se principiaram a por em ordem pela maneira seguinte; Saiu o Monteiro-Mor, do seu Palácio, a cavalo, acompanhado de muitos fidalgos e nobreza, do Juiz do Crime da Corte, e de trinta e sete couteiros, vinte e oito moços do Monte e dezanove emprazadores, com os quais marchou para o alto, ou lugar da caçada. Passada a ponte, chamada do campo, ao lado esquerdo, havia um magnifico degrau para Suas Majestades e Altezas se apearem dos cavalos da picaria e tornarem a montar nos cavalos de campo,

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ou corredores, como adiante se dirá. Neste sítio se achavam muitos homens a pé, além dos oitocentos batedores que costumavam servir no mato, aos quais o Monteiro-Mor, e D. Luís da Cunha, Ministro e Secretário de Estado, mandaram formar duas alas bem dispostas. A da direita, era comandada por D. Luís da Cunha, e a da esquerda pelo Monteiro-Mor. Pouco depois se formavam na Praça quatro coros de timbaleiros, a saber; seis clarins em cada coro, um timbaleiro e um clarim-mor, todos vestidos de veludo carmesim ricamente agaloados de ouro. Junto de cada par de timbales havia dois moços de cavalariça, que os conduziam a pé dali até ao campo. Pouco distante dos timbaleiros havia duas fileiras de falcoeiros vestidos de escarlate, agaloados de prata, montados a cavalo, e entre seis, uma de três gaiolas de falcões, em cada uma das quais iam seis açores presos com cadeias douradas e monteiras bordadas de ouro; as gaiolas eram de nove palmos de altura, com largura proporcionada, eram todas forradas de veludo carmesim agaloadas de ouro e também conduzidas por quatro moços de cavalariça cada uma. Este luzido aparato e os coros de clarins, tocando alternadamente, faziam assim ordenados, aos ouvidos e aos olhos, a mais deliciosa harmonia. Depois desta comitiva se por em marcha, junto ao Palácio montaram Suas Majestades, a cavalo, pela maneira seguinte….” “Descreve-nos agora o autor as personalidades que 43


ajudaram Suas Majestades a montarem nos seus corcéis, para seguidamente se alongar na descrição de todos aqueles que pelo seu nascimento e posição, obedecendo à etiqueta a que a corte obrigava, deveriam tomar lugar especial no cortejo e no decorrer da caçada” “Assim, organizado aquele, levando à frente o rei, rainha, altezas e pessoal da real privança, seguia-se uma considerável quantidade de marqueses, condes, viscondes, fidalgos e oficiais militares, como também alguns picadores e outros criados particulares de Suas Majestades, e após estas muitas pessoas que costumavam concorrer de várias partes a ver este belo espectáculo”. Seguiam-se ainda e a par, dezanove moços de estrebaria ricamente vestidos, levando alguns deles os cavalos de que Suas Majestades e Altezas se haviam de servir no campo. E, finalmente, mais sessenta moços de cavalaria com librés agaloados, conduzindo outros tantos cavalos destinados a todas as pessoas a quem el-rei quisesse obsequiar. Voltemos porém ao que nos diz Manuel d`Andrade: “Tendo caminhado com esta boa ordem até passarem a ponte do campo, chegando Suas Majestades ao degrau, se apearem dos cavalos de picaria e montarem nos cavalos corredores de campo e da mesma sorte os mais fidalgos e cavaleiros. A este tempo chegaram Suas Altezas ao campo. 44


Primeiramente em uma magnífica berlinda, tirada por 6 cavalos vinham quatro veadores ou braceiros de Suas Altezas; logo se seguia outra berlinda muito mais rica, em que vinham a Sereníssima Princesa do Brasil, hoje reinante, as Sereníssimas Senhoras Infantas D. Mariana, D. Bárbara e D. Maria Benedita. Após Suas Altezas, ia um belo coche do Estado e logo outro, em que se conduzia a camareira-mor, a quem seguiam dois coches com sete damas, quatro de Suas Altezas e três de Suas Majestades, e um de açafatas e outro de criadas, e muitas carruagens magníficas, tanto de Suas Majestades e Altezas, como de muitas personalidades que assistiram àquele acto. Suas Altezas, a camareira-mor, as damas do paço, as açafatas e criadas, na frente do lado direito, sem saírem das berlindas, assistiram a toda a função, a quem deu principio a Rainha pelo modo seguinte: Tendo montado a cavalo, o seu guia e um emprazador a conduziram, seguindo-a o Conde reinante de Lallipe, o senhor D. João da Bemposta e o Príncipe de Mequelemburgo, até que Sua Majestade, com um punção dourado, picou na cama a primeira lebre que saiu. Após isto, os moços das trelas soltaram quatro galgos que correram a lebre velozmente, mas como ela se ia adiantando muito, o Monteiro-Mor mandou aos falcoeiros lhe soltassem um açor, o qual estando já solto da prisão do pé, tanto que se tirou a monteira da 45


cabeça, saiu do braço do falcoeiro com uma velocidade indizível e depois de subir alto, desceu sobre a lebre como um relâmpago, dando-lhe duas pancadas, por cujo motivo os galgos a apanharam. Depois El-rei fez levantar outra, que da mesma sorte surpreendida; o mesmo que Sua Alteza, o senhor Infante D. Pedro, e tendo saído muitas lebres, Sua Majestade mandou correr outras por alguns picadores e cavaleiros, que faziam sobre a viçosa relva matizada de muitas flores um perspectiva a mais brilhante que eu vi em meus dias. Havia no campo, além da comitiva da casa real, uma grande quantidade de fidalgos e nobres cavaleiros a quem seguiam imensos criados seus, formando com as vistosas librés, bem ajaezados cavalos e grande cópia de carruagens um matiz delicioso. O estrondo dos timbales, o eco dos clarins, os relinchos dos cavalos, a variedade dos vestidos, a multidão das librés, a quantidade dos cavaleiros, o bem assentado da planície, fazia este belo anfiteatro plausível aos nacionais e estrangeiros. A isto se seguiu a vistosa briga de um milhafre com um açor, que durou largo tempo. Enquanto contenderam subia o açor a mais alta altura que o milhafre; este, enquanto o açor subia, fazia diligência por fugir, mas quando o açor descia sobre ele, o milhafre no ar se voltava com as farpantes unhas para cima e assim pugnavam: um por se defender e o outro pelo apresar, até que da quarta vez o açor caiu 46


com ele em terra, aonde o falcoeiro o apanhou e ao milhafre bem ferido. Por último se combateram os açores com alguns pombos, pegas, rolas, e outros voláteis com suma satisfação dos espectadores, até que Febo se alongou tanto daquele vistoso sitio, que parecia que além dos horizontes mergulhava os cavalos do seu carro nas cristalinas águas do deleitoso Tejo. Por outro lado a bela Anfitrite principiava a mostrar aos Delfins as brilhantes estrelas, de sorte que transpondo-se o luminoso planeta, por feito o seu giro, a todos parecia que havia sido este dia mais que os outros abreviados; e Suas Majestades e Altezas se recolheram aos Paços Reais de Salvaterra, com a mesma ordem com que haviam saído para o campo e cada um dos mais espectadores aos seus aposentos, em que se ouviram recontar com duplicado gosto os prazeres daquela tarde, da qual eu faço esta breve lembrança para mostrar o gosto que Suas Majestades, e os principais cavaleiros de Portugal, a seu exemplo, prezavam a Nobre Arte da Cavalaria, que sem dúvida floresceu no tempo do Senhor Rei D. José I, com muita vantagem a outras nações, porque Suas Majestades a protegiam e porque os portugueses são muito próprios para cavaleiros”

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SALVATERRENSES ILUSTRES Quanto a homens de valor, sobressai a razão de se enaltecer alguns salvaterrianos, tais como: *António da Costa Freire, desembargador, este ilustre, foi fidalgo da casa real, procurador e conselheiro de Fazenda, recebera o Grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo, em Maio de 1748 (consta folhas 75-v do livro n. 235 da Chancelaria daquela Ordem e da Genealogia de Queiroz, folhas 187, manuscritos da Torre do Tombo). * José Lopes Temudo, que deixando a sua pátria para tomar o cargo de comissário “do exército grande de cavalaria”, o que passou com Carlos III, à batalha da Catalunha, em que fez alarde do seu maior valor, obrando ali tão esforçadamente como em outras empresas que se lhe ofereceram, merecendo por isso a honra de Coronel de Cavalaria. * Manuel de S. Tomás, filho de Francisco Gomes e de Maria Tinouca, professou no Convento do Varatojo, no ano de 1661. Foi leitor jubilado, confessor das Maltesas de Estremoz e do Mosteiro da Madre de Deus, guardião do Convento de Xabregas e Ministro Provincial eleito em 1715, onde faleceu em a 11 48


de Janeiro de 1729. De idade muita proveta. Teve grande génio para a poesia latina e deixou duas composições manuscritas em latim. (deste autor salvaterrense, fala Frei Jerónimo de Belém, em Crónicas Seráfica, a pág. 263 da introdução, publicada em 1750). ∗ António Manuel Valadares, requereu a ElRei, em 22 de Abril de 1589, o lugar vago de tabelião e escrivão do Almoxarifado desta vila, alegando que havia servido Sua Majestade, em Itália, como soldado; e no ano transacto, na esquadra que fora a Inglaterra, ou seja na Armada Invencível, no Galeão de António Pereira, em que serviu de Sargento da Companhia do dito Pereira. *Vicente Roberto da Fonseca, filho de António Roberto da Fonseca e de Maria Gertrudes da Fonseca, nasceu em 1836 e faleceu em 1 de Junho de 1896 *Roberto da Fonseca, foi com seu irmão grandes e afamados nomes no mundo da tauromaquia. 5 ∗ Dr. Gregório Fernandes, nasceu no dia 4 de 5

No livro: Subsídios para a História das Tauromaquia em Salvaterra de Magos – séc. XIX, XX e XXI, são dedicadas algumas páginas a estas duas figuras da tauromaquia.

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Janeiro de 1849, tendo falecido na sua casa de Lisboa, em 24 de Junho de 1906. Licenciou-se em 1873, com 24 anos de idade, aluno estudioso e inteligente, mais tarde grande profissional na área da medicina. Apresentou trabalhos sobre “Patogenia da Febre Traumática”, “Glaucoma e Ressecção do Joelho” este último trabalho, relatando uma intervenção cirúrgica, que foi altamente apreciada, pois foi o primeiro cirurgião a realizá-la em Portugal. No entanto o seu maior êxito foi alcançado em 1862, com uma extração Útero-ovariana, que nunca até ali se tinha feito. Operação, que lhe valeu os maiores louvores, tanto dos colegas de Portugal, com do estrangeiro. Semelhante intervenções já se tinham efectuado em Viena, Paris e Londres, não lograram tão bons resultados. Este filho de Salvaterra, foi incontestavelmente um grande sábio e luminar da cirurgia portuguesa, dizia-se à época. Com espírito empreendedor, tomou conta da construção de um hospital, na Parede, zona de Lisboa, para a assistência às doenças dos ossos, satisfazendo um pedido de uma sua doente, que suportou os custos da obra. Quando nos seus dias de folga, das actividades hospitalares, vinha uma vez por mês a 50


Salvaterra, fazer gratuitamente consultas médicas a conterrâneos mais necessitados. *Gaspar da Costa Ramalho, nasceu a 20 de Outubro de 1868, lavrador e proprietário, homem de uma alma filantrópica, deu à sua terra, muito da sua fortuna. Ajudava, os mais carenciados, esteve na fundação da Casa do Povo, uma necessidade do povo rural. Construiu em 1939, um Edifício/Quartel moderno para a época, oferendo-o aos Bombeiros. Também construiu uma casa de cinema/ teatro, oferendo-a a esta corporação humanitária. Em 1913, Construiu, um edifício hospitalar, oferecendo-o à Santa Casa da Misericórdia. Esteve presente, com donativos na recuperação da Praça de Toiros, em 1942, depois dos grandes estragos causados pelo Ciclone. Quando do terramoto de 1909, marcou presença e teve trabalho meritório, na solução de graves situações causadas por este sismo. A Misericórdia local, sempre contou com ele, em tempos de grandes dificuldades financeiras, especialmente quando da realização de cortejos de ofendas, que realizavam anualmente, depois das colheitas. Além de por à disposição carros e 51


animais, comprava os produtos nos leilões e, depois voltava a oferecê-los para uma maior receita. Gaspar Ramalho, nunca esteve presente em atos cerimoniais, em que participava monetariamente, pois a sua modéstia, a isso o obrigava. Morreu aos 94 anos de idade. Anos depois, o autor destas linhas, verificando que este “Homem-Bom” estava, no esquecimento dos poderes instituídos, a nível oficial da terra, tomou em “mãos a luta por uma homenagem”. Uma rua com o seu nome seria a reparação de tal injustiça. Quer em locais de reunião municipal, quer através de textos, na imprensa local, insistiu que terra lhe devia uma prova de gratidão. Encontrou sempre, alheamento e indiferença. Um dia aconteceu, foi dado o seu nome a uma artéria, que vai até instalações “Centro de Dia/Lar – Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos”. Foi tarde, mas fez-se justiça!

* Henrique Xavier Baeta, nasceu em Salvaterra de Magos, em 22 de Fevereiro de 1776 – filho de: José Dias Baeta e Ana Rosa Joaquina. Frequentou a Faculdade de Filosofia de Lisboa, tendo concluído o 52


Bacharel em 1795. Em 10 de Julho de 1797, receoso da perseguição que se fazia sentir em Coimbra, aos estudantes, acusados de partilharem as doutrinas da Revolução Francesa, emigrou para Inglaterra, tendo-se doutorado em medicina pela Universidade de Edimburgo, em 1800. Nesse mesmo ano regressou a Lisboa onde exerceu a sua profissão. Na sessão de 12 de Outubro de 1821, foi apresentado como Deputado por Santarém, às Cortes Gerais e Constituintes, num grupo onde se encontrava também, Luiz Rebello da Silva (1821-1822). Contava entre os seus amigos, com; Francisco Xavier Monteiro de Barros, Cosmógrafo-Mor, da Comarca de Santarém, que lhe dedicou uma poesia “ Hino ao Sol ” Entre os seus trabalhos, registaram merecimento, em 1806, duas obras médicas sobre a sintomatologia e tratamento da febre, uma sobre medicina o “Resumo do Sistema de Medicina ”, e uma dedicada ao “Belo Sexo Português ”. Escreveu “Uma Memória”, sobre o desenvolvimento de uma Febre Contagiosa em Lisboa, que ocorreu entre o fim de 1810 e Agosto de 1811: indicou as razões para a combater – Pelágica. Por ser Liberal, foi preso em 1831 e solto em 1833, voltou a ser eleito Deputado às Cortes, em 1834, e nomeado “Recebedor da Fazenda Pública”, cargo que exercer até 1836. Faleceu em 21 de Novembro de 1854. 53


Fig. 19 – Ex-voto do milagre da Horta d’El Rei, datado de 1746

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PASSADO HISTÓRICO DE SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XIX Pequena Resenha: *1295 – 1 de Junho, D. Dinis concedeu a Salvaterra de Magos, Foral mandando-a povoar, ficando seus moradores obrigados a abrir um Paul, no sítio de Magos, dentro de 4 anos. (Este monarca, concedeu a vila, à Ordem de Santiago, e a sua Igreja Paroquial à Ordem do Hospital). *1296 – Ano da construção da Igreja Matriz, mandada construir pelo Bispo de Lisboa, D. João Martins de Soalhães, aquém D. Dinis fez doação. *133 1 – 4 de Janeiro, D. Afonso IV, encontrava-se em Salvaterra no “exercício” das caçadas. *1383 – 2 de Abril, no Paço real de Salvaterra, foi assinado o contrato de casamento da Infanta D. Brites, formosa filha de D. Fernando, com D. João I de Castela. * 1429 – 20 de Agosto, D. João I, doou a seu D. Fernando (o Infante Santo), a vila de Salvaterra de Magos. *1517 – 20 de Agosto, El-rei D. Manuel I, deu novo Foral a Salvaterra, com novos privilégios, e verificando-se que o Paul de Magos, ainda não tinha 55


sido totalmente aberto, conforme determinou o seu antecessor D. Dinis. * 1577 – Novembro, D. Sebastião, encontrava-se em Salvaterra a caçar em momento de lazer, preparava-se para a grande jornada bélica, que o levaria a ser derrotada, no norte de África. *1626 -18 de Junho, junto à Coutadinha da Rainha, se lançou a primeira pedra, por ordem de D. João IV, de um novo Convento, que albergaria 12 Frades 6. * 1660 – Neste ano, segundo documentos oficias existentes na Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, foi a data da sua fundação. * 1676 – 27 de Março, foi mandado refazer o letreiro esculpido na pedra: “Hospital e Albergaria para Pobres – é da Coroa”. A Albergaria e Capela anexa, na rua Direita da vila. Estes edifícios que vinham de tempos antes, tinham sido concedidos por D. Afonso V, a Aparício de Cordovelos, com carta e provisão. * 1679 – D. Pedro II, mandou fazer obras em muitos edifícios da vila. Uma inscrição esculpida ainda é visível num portal exterior da Igreja Matriz, lado norte. * 1685 – A princesa D. Isabel, de 16 anos, filha de 6

A festa do convento dos Arrábidos, realizava-se no dia 7 de Outubro, e nele se encontrava a cabeça do mártir S. Baco, que tendo sido soldado romano, e convertido à devoção cristã, sucumbiu aos açoites ordenados pelo feroz Imperador Maximiliano.

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D. Pedro II, numa caçada abateu a tiro um javali – tendo o caso sido muito comentado na corte. *1690 – O rei D. Pedro II, custeou a feitura de bonitos Jardins e a ampliação do palácio (ficando o velho e o novo interligados, ficando este conhecido pelo paço das damas. *1739 a 1768 - Nos livros da Paróquia, nestes anos consta a folhas 105, 110 e 116, que foram registados três casamentos, na Igreja Matriz, de três holandeses com mulheres portuguesas. (No primeiro consórcio, foram padrinhos o Conde de Óbidos e Monteiro-Mor do reino de D. Francisco de Melo; e, no segundo, também D. Francisco de Melo e João Pedro de Melo Teles). * 1745 – 24 de Junho, chegaram a Lisboa, Falcões com destino à Falcoaria de Salvaterra, vindos da Ilha de Malta. 10 anos depois, regista-se a chegada de mais 60 da Dinamarca; 2 brancos e 58 de cor parda. *1753 a 1792 – No Teatro da Ópera de Salvaterra, foram cantadas 35 óperas, incluindo a Artexeres, do maestro David Perez. (Este sumptuoso edifício foi inaugurado pelo D. José, não se sabendo a data certa). * 1759 – 13 de Janeiro, quando de a execução horrorosa da família dos Távora, que foi a um sábado, o rei D. José, encontrava-se em Salvaterra, a gozar as delícias do exercício da caça, pois tinha partido de Lisboa a 11, entre festejos, por ter escapado ao atentado em 1758. 57


*1761 – 28 de Fevereiro, foi em Salvaterra, que o rei D. José assinou a ordem de confiscar os bens dos Jesuítas. *1777 – Em Março, encontrava-se a gozar as delícias do ameno clima de Salvaterra, achando pior das chagas profundas, que lhe apoquentavam as pernas, ordenou a todos os médicos, se juntassem na sua presença, a fim de os ouvir sobre tão grave moléstia, e qual os remédios que teria de usar, não tendo ficado satisfeito com as opiniões ali proferidas. Em Fevereiro do ano seguinte morria. *1778 – 22 de Fevereiro, já elevada a rainha D. Maria I, esteve com toda a corte, em Salvaterra, numa jornada de caça. *1784 - Em 12 de Fevereiro, com o tempo de Primavera, D. Maria I, estava em Salvaterra, aqui assinou o alvará que providenciava de modo que as enjeitadas não fossem parar a casas suspeitas e desonestas e mandou que se prendessem os aliciadores dessas donzelas. *1788 – 29 de Janeiro, casaram na Capela do Paço Real de Salvaterra, o Duque de Lafões e D. Henriqueta de Menezes, filha do Marquês de Marialva. Celebrou o ato, o Cardeal Patriarca de Lisboa e foram seus padrinhos, a rainha D. Maria e o príncipe D. José, que viria falecer a 13 de Setembro desse ano. * 1800 – Agosto, a Câmara, a Nobreza e o Povo de Salvaterra de Magos, pediram a D. João, que 58


socorresse os habitantes da vila, que estavam atacados de febres intermitentes, que por ali grassava. O rei, por intermédio de Pina Manique, mandou que para Salvaterra, fossem médicos, remédios, alimentos e roupas. Num outro carregamento, foram remetidas 500 garrafas de água de Inglaterra, e uma arroba de quina, para os enfermos. *1817 – Na noite de 27 para 28 de Setembro, cerca das duas horas da madrugada, o povo de Salvaterra, acordou aos gritos de fogo! ... Fogo no Palácio!... Quase sufocada com o fumo, deu pelo sinistro uma pobre família que ocupava o quarto debaixo, correspondente à sala dos archeiros. Não obstante o pronto empenho das gentes da vila, apenas se pode salvar a Capela e a Casa da Ópera. * 1819 – 5 de Janeiro, João Santos, havia pedido licença para se retirar de Salvaterra, segundo ele, por ser sítio apoquentado por surtos de sezões devido às águas dos pauis e, rogava para Lisboa que se ordenase aquém devia de entregar as chaves de todo o edifício, e lembrava os nomes de Dr. Francisco Ricardo da Fonseca e, do seu irmão António Nunes da Fonseca, Capitão-mor, “muito capazes da boa conservação e respeito daquele Paço”. *1823 - No fim do ano, D. João VI e D. Miguel, estavam em Salvaterra. Dali, quis a rainha D. Carlota Joaquina que D. Miguel fosse incógnito a Lisboa para ser aclamado Co-Regente do Reino com 59


o filho7. * 1824 a 1831 – A Comenda de Salvaterra, esteve na posse da Condessa da Ribeira Grande, que a Administrava em nome de seu filho, o Conde do mesmo nome. Durante esse tempo, pagou 4$888 réis de contribuição por cada ano. Dos Príncipes mais amados do povo, depois de D. Sebastião, foi D. Miguel, tão popular que, encarnava o ribatejano destemido, toureiro e cavaleiro audaz. Este Infante, que frequentava o Paço real de Salvaterra, amiúdas vezes durante o ano, batendo a charneca caçando animais de pelo, como lebres, veados e javalis. Sua popularidade levou-o a que o seu tipo brincalhão, na cerimónia do beija-mão ao Rei D. João VI e à Rainha Carlota Joaquina, mandase soltar um touro no Paço, espalhando na sala a confusão e o terror, rindo D. Miguel e os outros jovens fidalgos a “bandeiras despregadas” com esta traquinice. * 1824 - Noite de 28 para 29 de Fevereiro, havendo um ensaio no Teatro do Paço de Salvaterra, o Marquês de Loulé, que assistiu e retirou-se mais cedo, apareceu morto, dizendo-se que a sua causa foi política, ou por amor, pois foi próximo das instalações dos quartos das Donzelas. Os adversários de D. Miguel propalaram que foi morte política, o que a família do Marquês não 7

Segundo João Batista Gouveia, em “Policia Secreta”, nos tempos de D, João VI.

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aceitou. Nesta zona existia, a Quinta da Murteira, com uma praça de touros, e nela tinha residência, D. Miguel. Com a guerra civil dos Liberais e Absolutistas (D. Miguel e seu irmão D. Pedro), daí a conotação da morte do Marquês de Loulé, que havia de entrar nela, como morte política. Tal agitação que sacudia o País, desde a revolução de 1820, também o declínio de Salvaterra de Magos, era um fato emergente, dado o apoio que a população sempre deu a D. Miguel. *1833 – 30 de Janeiro, o Almoxarife do Palácio participou ao Conde de Basto, que só faltavam os reparos dos telhados das enfermarias dos cavalos, e umas escadas no Quartel da Cavalaria, e algumas obras no Palácio da Falcoaria. Por fim, pedia o conserto dos telhados do Teatro da Ópera, que se achava em ruínas. A Galaria das Damas, era ligado ao Palácio por um corredor em arco; e as nove cozinhas, estavam reduzidas a algumas chaminés. * 1858 – 11 de Novembro, com o terramoto, desmoronou-se o paredão da fachada do Palácio, que caiu aos pedaços até meia altura. * 1862 – As ruínas foram arrematadas em haste pública. Demoliram-se então os grandes paredões e aproveitou-se a pedra e a caliça para as ruas e estradas do concelho. * 1897 - Estando em obras a Igreja Matriz, estava aberta ao culto a Capela Real. “Por nascer, dois meses depois de seu pai ter morrido – um menino, 61


muito debilitado de saúde, recebeu o nome daquele; João Lopes Rodrigues, sendo baptizado, naquela Capela, foi seu padrinho, o campino; Joaquim Ramalho, que ostentou as insígnias religiosas de Nossa Senhora da Piedade. O menino; em 1944, era avô materno do autor destas linhas – José Rodrigues Gameiro.

DATAS HISTÓRICAS DO SÉC. XX * 1909 – 23 de Abril, o terramoto aqui ocorrido, cujos maiores estragos se sentiram na vizinha, Benavente, tendo Samora Correia, também sofrido alguns danos, causado duas mortes. Muitas habitações, sofreram graves fracturas, tendo algumas delas de serem demolidas. Os prejuízos foram avaliados em 92. 647$000 réis. * 1912 – Sob a iniciativa do benemérito e lavrador; Gaspar da Costa Ramalho, foi inaugurado o edifício do Hospital da Misericórdia de Salvaterra de Magos. * 1912 – 15 de Junho, neste dia foi concedido o Alvará de Sindicato – Associação de Classe dos Trabalhadores Rurais de Salvaterra de Magos. * 1916 – 1 de Setembro, neste dia foi concedido o Alvará de Sindicato – Associação de Classe dos Marítimos de Salvaterra de Magos. * 1920 -1 de Agosto, é inaugurada a Praça de Toiros de Salvaterra de Magos (construída por uma 62


comissão de homens de boa vontade, que a ofereceram à Misericórdia local). * 1934 – Neste ano, ficou concluída a obra da Barragem de Magos “Obra de Melhoramento Hidroagrícola do Paul de Magos”, sendo a primeira do género do país. Tem uma altura de 15 metros e cujo desenvolvimento de crista é de 700 metros. * 1935 – 6 de Outubro, é criada a Casa do Povo de Salvaterra, sendo a sua primeira sede instalada na rua Cândido dos Reis (antiga rua S. António), numa casa cedida por Gaspar da Costa Ramalho, já em 1942, foi transferida para edifício próprio, construída em terreno cedido pelo município, na atual Av. Dr. Roberto Ferreira da Fonseca. * 1937 – 24 de Novembro, é fundada a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, tendo a sua primeira instalação na Av. José Luís Brito Seabra. *1938 – No dia de reis, foi fundado o Grémio Artístico Salvaterrense, teve a sua sede na Trav. do Forno de Vidro, e em 1947 deu origem ao atual Clube Desportivo Salvaterrense. * 1939 – No dia 29 de Outubro, ficou oficializada a existência da Banda de Música, nos Bombeiros Voluntários de Salvaterra. A sua origem vem na sequência de um grupo de rapazes, quatro anos antes, em Agosto, terem formado um conjunto, para saírem a tocar no 1º de Dezembro. * 1941 – Neste ano foi feita a reconstrução (devido 63


ao ciclone), da Praça de Toiros, pela família do Conde Monte Real (Jorge de Melo e Faro e sua esposa D. Tereza Castro Pereira Guimarães de Monte Real). Na corrida comemorativa do acontecimento, dignou-se assistir o Presidente da República, General Óscar Fragoso Carmona. * 1948 – No dia 28 de Novembro, foi inaugurada a rede de distribuição de luz eléctrica a Salvaterra de Magos. * 1951 – No dia 24 de Junho, é inaugurada a rede domiciliária de abastecimento de água, com estação elevatória, à vila de Salvaterra de Magos. * 1952 – No dia 9 de Outubro, é criada oficialmente a Sociedade Columbófila Salvaterrense, que deixou de pertencer, como Secção do Clube Desportivo Salvaterrense (10/12/1948), tendo este hobby por sua vez vindo da Delegação de Salvaterra, da Sociedade Columbófila do C. Centro de Portugal (Lisboa), em 13 de Maio de 1932. * 1956 – Em 1 de Junho, é inaugurado provisoriamente o edifício do Mercado Municipal, no local denominado “Canto da Ferrugenta”, o que existia era a céu aberto em frente aos Paços do Concelho, e já vinha do último quartel do séc. XIX. * 1960 – No dia 4 de Outubro, foi inaugurado a Estação dos C.T.T., nesta vila ( no local, existiam casas térreas, onde estava um oficina de ferrador). * 1975 – No dia 20 de Julho, é inaugurado o Parque Infantil, sendo a sua construção obra de um 64


grupo (homens e mulheres) de entusiastas, onde a população local aderiu, especialmente contribuído com donativos 8. *1978 – Em Julho, no dia 21 é inaugurado oficialmente a Chesal – (Cooperativa de Habitação Económica de Salvaterra de Magos- SCARL). * 1979 – No dia 12 de Fevereiro, uma forte ventania, com cerca de 100/kms hora, destruiu a parede lado norte, tendo caído o teto, da Capela da Misericórdia, nesse dia ainda persistia uma cheia, que durava há dias. Tempos depois, com as obras locais, foi levantada a cota da estrada, alindado o espaço, tendo parte do “Botaréu” desaparecido. * 1979 – Em 8 de Setembro, teve lugar a cerimónia da inauguração do Parque de Campismo do Escaroupim. *1980 –No dia 10 de Junho, inaugura-se o edifício, que viria a servir de Posto da Guarda Nacional Republicana – Salvaterra de Magos. * 1986 - No dia 20 de Julho, foi inaugurada a rua Profª Natércia Rita Assunção. *1991 - O dia 28 de Maio, foi escolhido para comemorar o centenário da “Farmácia Carvalho”. A família proprietária, celebrou o acontecimento com um almoço, onde estiveram, também empregados, e alguns amigos íntimos. * 1994 – É inaugurada a rua Cap. Salgueiro Maia 8

Apontamentos Nº 19 da Colecção “Recordar, Também é Reconstrui” - Autor

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(Urb. Pinhal da Vila), na cerimónia, esteve presente a viúva do homenageado. *2001 – No dia 7 de Abril, foram inauguradas as Piscinas Municipais, as obras custaram meio milhão de contos – mais do dobro do valor inicialmente previsto. *2006 - 4 de Novembro, foi inaugurado, um novo edifício, para “Mercado Diário” da vila.

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BIBLIOGRAFIA Livros e publicações consultadas para a presente brochura: *Anais de Salvaterra de Magos …………. 1959 (Transcrição) *Jornal Aurora do Ribatejo (Benavente) * Revista “Branco e Preto …………..…… 1897 * Boletim da Junta Geral do Distrito de Santarém, n. 48 …..………………….…... 1936 * Boletim da Junta de Província do Ribatejo……………...…………………… 1940 *Jornal Vida Ribatejana (Vila F. Xira) *Revista “A Hora”………………………... 1939 *Subsídios para o Estudo da Santa Casa da Misericórdia e Salvaterra de Magos .1970 *O Paço Real de Salvaterra de Magos (A Corte * A Ópera * A Falcoaria) ….. ....1989 *Subsídios para a História da Falcoaria em Portugal, da Separata do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, C.M. / Baeta Neves ……. ……………........ 1983 ∗ A Propósito de Caça: Dr. João Maria Bravo ∗ Textos, escritos pelo autor e publicados em diversas publicações como: Jornal Vale do Tejo *********************

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Fig. 20 – Edifício da Câmara Municipal

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